Habitação de Interesse Social no Plano Piloto de Brasília: a superquadra do século XXI

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Ficha técnica

Burle Marx e o movimento modernista

O processo de renovação da arquitetura e da arte brasileira reflete diretamente o novo jardim que será produzido no país (VAZ, 2012, p.12).

“O modernismo brasileiro tem entre suas particularidades a relação entre o internacionalismo e nacionalismo, estando esse embate presente na literatura e nas artes a partir dos anos vinte” (CARDOSO, 2012, p. 52). Apresentam uma renovação à realidade brasileira, permitindo a renovação estética a partir dos modelos europeus: cubismo, expressionismo, ideias futuristas, dadaísmo, construtivismo, surrealismo, resultando de inspirações para busca à criação da identidade artística brasileira. Consequência dessa busca pela identidade nacional, surge a primeira fase do movimento moderno (1992-1930) dando início a Semana de Arte Moderna de 22, que influenciaram diretamente no desenvolvimentos nos trabalhos de Roberto Burle Marx. (AMARAL, 1998 apud CARDOSO, 2012). Para melhor compreensão da linguagem adotada por Burle Marx para o desenvolvimento dos projetos paisagísticos, será realizado um panorama resumida das influências e características do estilo adotado por Burle Marx. A principal meio de influência consiste no ingresso na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro – aula ministrada por Lúcio Costa: estética moderna –, compreende os principais pensamentos estéticos e ideias propostos pelos modernista, sendo adquiridas como diretrizes fundamentais em suas obras. Evidenciar o ensino da arquitetura modernista neste período não é em vão uma vez que, apesar da formação em pintura, praticamente toda sua produção paisagística é vinculada ao desenvolvimento da nova arquitetura, ou seja, foi a partir do contato com os arquitetos modernistas que Burle Marx adquiriu a base para criar seus jardins: o edifício moderno (CARDOSO, 2012, p. 56).

Curiosidade sobre Semana da Arte Moderna realizado em São Paulo, entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1992, no Teatro Municipal da Cidade no qual se consolidou o início do movimento moderno no Brasil: artes plásticas, literatura, design com a linguagem da realizada nacionalista, estabelece então uma ruptura política, econômica e cultural dos movimentos anteriores (BOAVENTURA, 2015)

Sobre Roberto Burle Marx (São Paulo, Brasil, 1909 – Rio de Janeiro, Brasil, 1994): Nomeado um dos maiores paisagistas e fundamentador do paisagismo no brasil e no mundo. Paisagista, arquiteto, desenhista, pintor, gravador, litógrafo, escultor, tapeceiro, ceramista reunida a sensibilidade artística tem sido representada em todas suas obras paisagísticas. Sua vinda para Rio de Janeiro (1913), e entrada Escola Nacional de Belas Artes possibilitou conhecer Lúcio Costa, que mais tarde se tornaria representante do Movimento Modernista no Brasil e no Mundo

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Assim como a arquitetura se torna principal vínculo do paisagismo moderno no Brasil. na década de 50, se consolidou como processo de urbanização em que permitiria “reeducar os hábitos e percepções visual da população” (SANTIAGO, 2009, p. 84) . Nesse momento a produção de espaços urbanos públicos de lazer para população, como: parques e praças se tornam demanda nas cidades brasileiras.

Representando arquitetura moderna brasileira, atribuindo ao paisagismo a identidade, “caráter tropical aos jardins brasileiro”, sendo notável a composição plástica das formas e composição da paisagem em suas obras. “Desta maneira, percebe-se que uma característica marcante deste artista era seu método de criação. Ele elaborava seus projetos paisagísticos como pinturas sobre tela” (COSTA, 2011, p. 26-27; CARDOSO, 2012). A vegetação entra no procedimento compositivo como elemento que quando trabalhado em grupos ou maciços, tem suas características morfológicas reforçadas [...] Para Burle Marx o jardim não deveria apresentar apenas coerência quanto à forma, mas quanto às suas funções ecológicas [...] tinha crença de que, além da relação estética entre espécimes vegetais também, em um projeto paisagístico, é necessário considerar aspectos que envolvem a exigência das espécies (VAZ, 2009, p.17-18)

Segundo Vaz (2009), a composição dos jardins de Marx até o início da década de 1950 era predominante curvos, e que depois desse momento ocorre um ressignificado de novas formas (novas experimentações geométricas influenciada pela Bauhaus e Stijl) e relações espaciais, seriam responsáveis por espaços livres como: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM. A nova representação da forma dos jardins, em 1960, apresenta da utilização das formas puras, distribuídas sobre uma trama ortogonal (grid) como parte da composição sinuosas presentes em seus jardins anteriores, permitindo experimentação de combinações geométricas mantendo a essência expressa em suas obras iniciais. O mosaico português, amplamente utilizado nos pisos desde o início de sua carreira, possibilitou ao paisagista a elaboração de multiplicidade de grafismos no desenho de piso e delimitação das áreas de canteiros de seus projetos (VAZ, 2009, p.19-20)

Os estudos formais de linguagem e regras de composição desenvolvidos por Roberto Burle Marx contribuiu para o reconhecimento da identidade brasileira do movimento moderno e da própria cultura brasileira, marcadamente a preocupação com: as características físicas e climáticas do local e o conhecimento botânico como elemento de composição – entendimento da necessidade de cada espécie. Essas soluções serão incorporadas na nova capital e inclusive em algumas superquadras, sendo está a superquadra 306 sul e na


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