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Destaque da semana

Sobre o Rebanhão do Senhor, que voltou a ocorrer de forma presencial após a pandemia

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Por linhas tortas

Écomum na vida de grandes figuras encontrar fatos, aparentemente traumáticos e dolorosos, que determinaram o início de uma trajetória sui generis. Os próprios depoimentos dessas pessoas reconhecem que uma “desgraça” as encaminhou para novo caminho, obrigou-as a encontrar forças desconhecidas, a vasculhar no fundo do seu íntimo as capacidades adormecidas. O ditado “per aspera ad astra” revela o alto preço do combustível que abasteceu trajetórias extraordinárias.

Lendo a biografia de uma personalidade inspiradora, pouco conhecida no Ocidente, se se depara: A reprovação nos exames o eliminou de uma carreira sonhada por ele e sua família. Se tivesse sido alcançada, entretanto, sua meta e objetivo espiritual se teriam realizado apenas numa ambição intelectual ou acadêmica. Essa espécie de fracasso é frequentemente encontrada na biografia das pessoas incomuns. É um “acidente” que tenta impedir que o indivíduo venha a se desenvolver conforme as normas coletivas estabelecidas. Para ele, atingido, após examinar a falha, havia somente um caminho a seguir: o seu próprio, e não aquele traçado pelas conveniências comuns.

O fracasso determina uma bifurcação, uma revelação fatídica, de modo que a mudança de rota determina um inesperado caminho.

O chamado para uma nova vida ficou anunciado. Dele se desencadearam outras decisões e ações nunca então cogitadas, consideradas inoportunas. Ocorreu um desembaraço de obrigações, a derrota despertou capacidades desconhecidas, reações incomuns para encaminhar rumo ao “extraordinário”. A consciência pessoal, confrontada com a humilhação, deixou mais atento, mais resistente, mais corajoso.

Conheço uma pessoa que, se não tivesse sido surpreendentemente reprovada, teria continuado a viver na sombra da família conservadora e provavelmente já teria sucumbido às piores desgraças.

A derrota que o sacudiu e desorientou o fez mais crítico, reativo, inconformado. Ela o fez levantar os olhos para o horizonte, até encontrar novos objetivos, distante do ninho onde nasceu e teve amparo.

Como o próprio sujeito da biografia (Gopi Krishna) redimensionou os conceitos de família, de conveniência, de vida comum e partiu para encontrar sua missão e evolução.

A ciência não explica com fórmulas matemáticas esses fenômenos que contrariam a lógica. Teria que mergulhar no lado espiritual, que tanto incomoda e contraria o pensamento dos pais e de tudo aquilo que é ensinado aos jovens.

Contudo, a realidade que impera no mundo alcança por linhas tortas metas surpreendentes.

“Foi muito bom o retorno do evento, que é tradicional na cidade e voltado para reflexão e espiritualidade, para que todas as famílias tivessem momentos de fé e comunhão com Deus.”

YUbiratan Santana

Secretário de Arte e Cultura de Betim

“Fizemos um balanço positivo. Tivemos um público maior do que esperávamos e um número grande de jovens, o que, para nós, é importante. Recebemos muitos retornos positivos.”

Marcus Mello

Um dos coordenadores do Rebanhão do Senhor

Editorial

Exemplos do querer fazer diferente

Exemplos de disciplina, criatividade e voluntarismo estão por toda parte? Sim. Ainda bem. Mas, em Betim, felizmente, parece que eles são em número maior. E, nesta edição, mostramos um pouco dessa realidade. Nas próximas páginas, as histórias do ambulante Fernando Rodrigues, da jogadora de vôlei Laura Costa, de apenas 14 anos, e da publicitária Roberta Letícia nos inspiram e nos motivam a sair do lugar de conforto, a usar nosso imaginário para ajudar os outros e a nós mesmos também. E, às vezes, não é preciso pensar em nada mirabolante. É optar pelo simples mesmo que dá certo.

Fernando, do bairro Guanabara, fez isso ao, em vez de disputar a venda de bebidas com a maioria dos ambulantes no Carnaval de Belo Horizonte, optar por comercializar nada mais nada menos do que borrifadas de desodorante, absorventes e ainda pedaços de papel higiênico próximo aos banheiros químicos. Ficou no simples, mas saiu do comum e, com isso, conquistou os foliões e ainda faturou mais de R$ 1.600 em quatro dias de folia.

Roberta deixou sua rotina de trabalho em Betim para ser ativista social a milhares de quilômetros daqui, na Turquia, onde trabalha como tradutora e faz parte de vários pro- jetos sociais. Recentemente, doou-se para as vítimas dos terremotos, levando água, comida e acolhimento.

Por fim, falamos da menina Laura, do projeto Viva o Esporte/Ramacrisna, que, com apenas 14 anos, foi convocada para atuar na seleção mineira de vôlei sub-16. Nas palavras da própria adolescente, não lhe faltaram “ralação, disciplina e dedicação” para obter esse resultado.

Se, por um lado, temos histórias motivadoras, por outro, nos deparamos com fatos tristes e estarrecedores, como a do assunto de destaque desta edição: a morte de um homem de 34anos acometidopela meningitebacteriana – além do óbito, a cidade registra sete casos confirmados neste ano. Entenda, na página 3, a importância da vacinação do público-alvo – a aplicação das doses em Betim termina na próxima terça (28). Outra morte marcou a semana:a de uma mulherque teriasido espancada pelo companheiro. O caso está nas mãos de quem deve investigar, a Polícia Civil.

Falamos também de um golpe que teria feito dezenas de vítimas que buscam ser modelos. Uma“agência”prometeutrabalhosnaáreaepediuadiantamentosemdinheiro.Ostrabalhosaindanãoapareceram.Ea empresatambémnão.

Tempo bom para a queda dos crimes violentos durante o feriado de Carnaval. Segundo a Secretaria Adjunta de Segurança Pública de Betim, essa modalidade recuou aproximadamente 77% de 2017 até agora. Naquele ano, foram 74 registros e, neste, 17.

Tempo bom para o público que veio prestigiar a 36ª edição do Rebanhão do Senhor, que voltou a acontecer presencialmente após dois anos devido à pandemia da Covid. Um total de 25 mil fiéis, sendo grande parte deles formada por jovens, foi aos quatro dias de orações, pregações e shows católicos.

Tempo bom para o voluntarismo em tempos de catástrofes, guerras e doenças. Mostramos a história da betinense Roberta, que está na Turquia em apoio às vítimas dos terremotos que já provocaram quase 50 mil mortes.

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