Ottica Art Magazine! • Edição Especial • Instituto José Resende

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OTTICA AUDIOVISUAL





Esta é a mostra inaugural do Instituto José Resende, situado no município de São José do Barreiro, no Estado de São Paulo. O Instituto se destina a cumprir duas tarefas básicas: expor as esculturas do artista de maneira íntegra, atendendo à sua lógica poética intrínseca, e atuar como polo emissor da obra no mundo. Em se tratando de trabalho em aberto, em pleno andamento, seria contraditório apresentá-lo em formato definitivo. Assim como novas peças se sucedem, também as curadorias vão armar situações diversas, segundo a visão de seus autores. O conceito de instituto, porém, não comparece aqui à toa: ele firma o compromisso de sedimentar o processo escultórico de José Resende em nosso campo simbólico. A sua razão de ser prescinde de maiores justificativas – a premissa, simples, é que esse processo teria algo a revelar a todos nós. Toda escultura contemporânea, pelo menos aquelas que operam em regime autônomo, vive à procura de seu lugar. A começar por sua escala, costuma sofrer no relativo confinamento de museus e galerias. E sofre ainda mais em contextos expositivos frívolos, demasiado promíscuos, que afinal a desnaturam. Em suma: esse gênero de arte reivindica espaço propício de atuação. No caso particular da obra de José Resende, com seu espírito francamente urbano e industrial, o isolamento bucólico da sede do instituto parece, a princípio, incongruente. É inegável, ela agora dispõe de uma área inédita, generosa, para liberar suas manobras desenvoltas. Mas talvez ficassem deslocadas à beira de uma estrada vicinal, quase no meio do mato. No entanto, ao contrário, acabam por tirar partido do contraste. De imediato se destacam, saltam aos olhos, inconfundíveis com o ao redor. Sobretudo, eis o fator preponderante, podem finamente concentrar e propagar a força quântica de seu conjunto. Conjunto tudo menos uniforme – o que o distingue é a variedade imaginativa de procedimentos, a heterogeneidade dos materiais, a fisionomia peculiar (muitas vezes esdrúxula) das peças aqui reunidas. Dispensando bases, saem diretamente do solo, da parede ou do teto, enfim, vêm ao mundo sem pedir licença, dispostas quem sabe a provar que Forma é sinônimo de transformação. Tanto dobram o aço e outros metais pesados, a torná-los flexíveis, quase aéreos, como empregam cera, couro e parafina para criar sólidos instáveis, em estágio indefinido de formação. A rigor, inexiste aspecto final. Dependendo da localização, a posição no espaço, cada uma dessas esculturas diz a sua verdade inequívoca de modo diferente. Resultam, só podem resultar de uma intuição certeira, um ímpeto irreprimível – senão, como e por quê viriam a ser?

Ronaldo Brito

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INSTITUTO JOSE RESENDE Rodovia Dos Tropeiros Km 260 – Vila Santana Município São Jose do Barreiro • São Paulo institutojoseresende.com

instagram.com/institutojoseresende facebook.com/institutojoseresende

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This is the inaugural exhibition of Instituto José Resende, located in the municipality of São José do Barreiro, state of São Paulo. The two main tasks of the Institute are: exhibiting the sculptures of José Resende in an impartial manner, taking into account their intrinsic poetic logic, and acting as a centre to divulge his work around the world. In the case of works in progress, it would be contradictory to present them in definitive format. In the same way that new sculptures follow each other, the curators will propose different situations according to their vision. The concept of the institute, however, is not mentioned here fortuitously: it is committed to sedimenting the sculptural process of José Resende within our symbolic field. The institute's raison d'être dispenses with greater justifications – the simple premise is that this process might have something to reveal to all of us. Every contemporary sculpture, at least those that operate autonomously, is always looking for a place. Due to their dimensions, they often suffer within the relative confinement of museums and galleries. And they suffer even more in frivolous and overly indiscriminate exhibition contexts, which ultimately make them lose their original nature. In short: this art genre demands a propitious space of action. In the particular case of José Resende's work, with its frankly urban and industrial spirit, the bucolic isolation of the institute's headquarters may seem at first incongruous. It is undeniable that the sculptures now have an unprecedented and generous area to freely perform their agile movements. But they may feel out of place on a side road almost in the woods. However, they ultimately benefit from the contrast, immediately and unmistakably standing out from their surroundings. They can, above all, finally concentrate and propagate the quantum force of their set. A non-uniform set distinguished through an imaginative variety of procedures and heterogeneity of materials, and the peculiar (and often odd) shapes of the sculptures displayed here. Without bases, they sprout right out of the ground, wall or ceiling; they come into the world without asking permission, perhaps willing to prove that Form is synonymous with transformation. José Resende uses folded iron and other heavy metals to the point of turning the works into flexible, almost aerial objects, as well as felt, leather and paraffin to create unstable solids, at an indefinite state of formation. Strictly speaking, there is no final appearance. Depending on their location and position in space, each of these sculptures tell their unequivocal truth in a different way. They can only be the result of an accurate intuition, an irrefutable impetus. How would they come into existence if it were otherwise?

Ronaldo Brito

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São José do Barreiro • São Paulo • Brasil

A Ottica Art Magazine! mostrou na quarta edição da revista, a trajetória de José Resende, um dos maiores escultores brasileiros. Além da sua edição normal, a Ottica Art apresenta um novo formato de edições especiais dirigidas as Instituições de arte, museus, institutos, centros culturais, e galerias. Nesta primeira edição especial, fomos conhecer o “Instituto José Resende” em São José do Barreiro, cidadezinha simpática vizinha da Serra da Bocaina, com belas cachoeiras, natureza exuberante, hotéis fazenda, com uma gastronomia deliciosa, rica em compotas, queijos, doces caseiros, peixes, e delícias do local. A Princípio a Ottica Art Magazine! pensou que seria um espaço destinado a expor trabalhos de grandes formatos, porém a razão de ser do Instituto é bem mais ambiciosa. O Instituto José Resende surgiu da evolução natural da firma Passante Produções Culturais, em sociedade há 30 anos com Paulo Fernandes, que vem cuidando da veiculação das obras do artista. O Instituto vem cumprir a necessidade de que o trabalho seja visto de uma forma correta, para que de fato exista como foi pensado, e que não se limite àquelas das mostras em museus e galerias. O Instituto ainda terá a função além de expor, conservar e armazenar corretamente as obras para que elas possam existir na sua plenitude. 8


Uma primeira curadoria das obras no Instituto José Resende, foi feita por Ronaldo Brito, cujo texto de sua autoria abre a revista. José Resende me esclareceu que não se trata de um espaço, mas de uma ideia, cuja primeira ação prática foi construir o que hoje existe na charmosa cidade São José do Barreiro. O projeto é que se façam parcerias com diversos pensadores de diversas áreas do conhecimento, para que através da sua relação específica com o trabalho, ocupem os espaços que o Instituto dispõe, para que, organizando ou agindo com trabalhos, exponham suas ideias a seu respeito. A bailarina Maria Noujaim, foi a primeira a aceitar esse convite, criando coreografias que dialogam com as esculturas que estão na parte externa do instituto. Em um local onde a paisagem bucólica é exuberante, o Instituto ocupa uma área, na qual em sua parte externa consegue receber um número significativo de obras de grande porte, dispostas de uma forma que o caráter mais urbano do trabalho se sobressai. Há também um galpão coberto que permite a exposição de obras de menor porte. O que fica garantido de qualquer forma, é que um recorte significativo da obra de José Resende pode ali ser visto. Para mais informações sobre visita ao local entrar em contato pelo site:

institutojoseresende.com




Coluna - 2011 Aรงo, cobre e madeira 4.00 x 1.68 x 6.23


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Restauração - 2015 Cobre 5.00 x 6.00 x 6.00


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PolitÊcnica - 2015 Aço, ferro e granito 2.25 x 4.50 x 3.70

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Covo - 2011 Aรงo e cobre 5.00 x 4.20 x 4.20



Fred Astaire - 1988 Ferro 2.20 x 0.70 x 0.25

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Sem tĂ­tulo - 2002 Ferro 1.10 x 3.00 x 4.00


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Negona - 1991 Aรงo SAC 300 6,00 x 3,00 x 3,00


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Senzala - 2011 Aรงo, cobre e ferro 1.65 x 4.00 x 12.00


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Este é o galpão do Instituto José Resende, área interna destinada a exposição do acervo de obras de pequenos formatos.

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Sem Título (cavalo) - 1989 Cobre, chumbo, cabo de aço 2,04x2,37x1,80

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Sem Título - 2015 Tubo de Latão, cabo de aço 3,00 x 1,00 x 0,60


Covo - 2011 Aรงo inox, cobre 1,10 x 0,80 ร

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Giacometti Sentado - 1989 AlumĂ­nio fundido, feno 3,20 x 2,60 x 1,20


Sem Título - 1988 Latão 2,10 x 1,44 x 0,79

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Sem Título – 1995 Ferro 2,83 x 0,43 x 0,63


Sem Título – 1995 Cobre 2,50 x 0,05 x 1,00

Sem Título - 1980 Borracha, cobre 0,50 x 2,40 x 2,40


Sem Título – 2010 Couro, parafina, tecido, cabo de aço 2,30 x 0,75 x 0,15


Sem Título - 2010 Couro, parafina, tecido, cabo de aço 1,30 x 1,22 x 0,15

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Sem Título - 2016 Mola, Cobre, cabo de aço, pedra seixo 1,90 x 0,18 x 0,66


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1-Sem Título - 2010 Parafina, feltro, cobre, cabo de aço, tecido 0,13 x 1,18 x 0,70

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2-Dobras - 2015 Aço 0,40 x 0,86 x 1,32


Sem Título - 2010 Parafina, feltro, tecido, cabo de aço 1,76 x 0,22 x 0,11


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1-Sem Título – 2014 Vidro, couro, parafina, cobre, cabo de aço 2,30 x 0,30 x 0,15

2-Sem Título – 2010 Parafina, couro, cabo de aço 2,07x0,16 Ø

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Sem Título - 2015 Cobre, cabo de aço 0,45 x 0,25 x 0,12


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Sem TĂ­tulo - 1988 Chumbo, cobre 0,70 x 0,25 x 0,25


Sem TĂ­tulo - 1988 Chumbo, cobre Sem TĂ­tulo - 1988 0,22 x 0,20 x 0,16 Chumbo, cobre 0,70 x 0,25 x 0,25

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Passante - 1995 Cobre 0,60 x 0,05 x 0,22


Sem Título - 2002 Cobre 0,12 x 0,34 x 0,26

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Sem Título - 1974 Ferro, cobre 0,30 x 0,30Ø


Dobras – 2015 Aço Inox 0,18 x 0,40 x 0,44

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Acasalamentos 2007 Bronze 0,18 x 0,25 x 0,40

Acasalamentos 2007 Bronze 0,18 x 0,16 x 0,27

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Sem Título - 2011 Cobre, cabo de aço, tela de aço 0,22 x 0,22 x 1,30

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Maria Martins - 2005 Aço inox 00,47 x 0,26 x 0,67

Sorriso - 2015 Cobre, latĂŁo, parafina 0,46 x 0,41 x 0,64

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Sem Título – 2011 Bronze, espelho, parafina, vidro, tecido 0,30 x 1,10 x 1,10

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Duas Vênus Deitadas - 2015 Aço, chumbo e cobre 1.90 x 6.90 x 4.50 Coleção do artista

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Parte da sequência coreográfica realizada pela bailarina Maria Noujaim, na obra Duas Vênus Deitadas.

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Instrumento de medição 2015 Aço e ferro 1.00 x 12.00 x 1.00 cada Coleção do artista




Sorriso 2015 Aço e cobre 6.00 x 12.00 x 6.00 Coleção do artista

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INSTITUTO JOSE RESENDE Rodovia Dos Tropeiros Km 260 – Vila Santana Município São Jose do Barreiro • São Paulo institutojoseresende.com


Direção, Criação Editorial, Projeto Gráfico, Diagramação, Textos e Produção:

Fernando Rozzo Regina de Barros Publicação: Ottica AudioVisual

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Agradecimentos: - José Resende - Paulo Fernandes - Ronaldo Brito (texto inicial) - Instituto José Resende institutojoseresende.com

Fotografias: - Fernandso Rozzo – (Foto da Capa – págs.: 6 à 7 • 10 à 28 • 30 à 49 • 52 à 57 • 60 à 64 • 66 à 69 • 71•84 à 105 • 107 à 111 ) - Regina de Barros (págs.: 59 •65 • 72 • 74 • 76 • 79 • 83 ) - Ricardo Lancellotti - ( Fotos aéreas– págs.: 2 – 4 • 8 – 9 )

Vídeo Capturas (vídeo print): - Frames extraídos do vídeo produzido por Ottica AudioVisual, para o Instituto José Resende. fotografia do vídeo: Jarbas Viana – (págs.: 50 • 51 • 58 • 75 • 77 à 78 • 80 • 81 • 82 • 96 • 97) • Imagem aérea Ricardo Lancellotti pág. 29

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