O Vale do Neiva - Edição 85 maio 2021

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Decoração

Religião

Na tranquilidade de um home office

Extratos da vida da Irmã Maria da Conceição Pinto Rocha

maio 2021 edição 85 Propriedade:

A MÓ • Associação do Vale do Neiva (Cultural, Património e Ambiente) Barroselas Mensal Gratuito Versão digital

Sabe reconhecer um AVC? pág. 21

Crónica

Caminho Central Português pág.

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índice edição 85 maio 2021

Opinião Setor Laboral: Dia do Trabalhador

Regulamentos dos serviços de transporte em Portugal

Mitos e lendas: Drácula, o rei da noite

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ficha técnica

redação:

editorial

edição:

Quem tem mãe tem tudo, quem não tem não tem nada

diretoria e administração:

Direção de “A Mó” José Miranda Manuel Pinheiro Estela Maria António Cruz 85 – maio 2021 colaboradores:

Alcino Pereira Américo Santos Ana Sofia Portela Daniela Maciel Domingos Costa Eliza Souza Fernando Fernandes Florbela Sampaio Francisco P. Ribeiro José Miranda Pedro Tilheiro Sónia Matos design gráfico:

Mário Pereira paginação:

Cristiano Maciel supervisor:

Pe. Manuel de Passos contacto da redação:

Avenida S. Paulo da Cruz, Edifício Brasília, 3, Fração F 4905-335 Barroselas e-mail:

redacaojornalvaledoneiva@gmail.com periodicidade:

Mensal

por José Maria Miranda Presidente da Direção d’A Mó

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m Portugal, o dia da mãe é comemorado no primeiro domingo de maio, seguindo a tradição da igreja católica que neste mês celebra Santa Maria, Mãe de Jesus, embora durante muitos anos tivesse sido comemorado no dia oito de dezembro, dia da Nossa Senhora da Conceição. É um dia muito especial para quem ainda tem a sua mãe. Mãe é uma palavra que traduz

amor, carinho e dedicação total pelos seus filhos. Quando a visitamos em sua casa, não saímos de mãos a abanar, porque Ela tem sempre qualquer coisa para nos dar. Está sempre em vigilância e para salvar seus filhos, é capaz de sacrificar a sua própria vida. Quando passa a avó, é ver a dedicação apaixonada pelos seus queridos netos. Trata-os com tal carinho ao ponto de não admitir que os façam chorar. Nos dias de hoje, são Elas quem criam os seus netos, para que os pais (seus filhos) possam trabalhar. É frequente dizer: “As avós estragam os seus netos com tanto mimo que lhe dão”. A mais antiga comemoração do dia das mães

é mitológica. Na Grécia antiga, a entrada da primavera era festejada em honra de Rhea, a Mãe dos Deuses. Reconhecida como idealizadora do Dia das Mães na sua forma atual é a filha de Ann Maria Reeves Jarvis, a metodista Anna Jarvis, que em 12 de maio de 1907, dois anos após a morte de sua mãe, criou um memorial à sua mãe e iniciou uma campanha para que o dia das Mães fosse um feriado reconhecido. Se ainda tem mãe, visite-a com frequência e lembre-se, quando Ela lhe faltar, sentir-se-á desprotegido e notará a falta dos seus braços carinhosos que tantas vezes o abraçaram. Viva o dia da Mãe.

formato:

Digital

distribuição:

Gratuita

Os artigos de opinião são da inteira responsabilidade dos seus autores, podendo ou não estar de acordo com as linhas editoriais desta publicação.

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Jornal Vale do Neiva uma referência na região do Vale do Neiva


Apontamentos Históricos Boletim Autárquico de Durrães página 5

Conto “A Alma Gémea” Sugestão ao leitor: O terrorismo no cinema

As sete leis espirituais do sucesso

Decoração: Na tranquilidade de um home office

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Espiritualidade A arte da compaixão página 16

o pulsar da sociedade Ser Criança

por Alcino Pereira alcinop@ipvc.pt

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er criança, é sem sombra de dúvidas, um desafio, com um otimismo no rosto, com o acinte de viver a vida na sua plenitude, usufruindo de todas as faculdades que a sociedade, no seu vernáculo ético e cultural, lhe coloca à disposição, para poder ser feliz, num hedonismo inocente, que lhe é característico e intrínseco, e que é crucial e necessário para o presente e o futuro, pois não há nada mais benéfico, que a criança ter uma infância frutuosa, reciproca de carinho, amor, fraternidade, com saúde, que lhe permite ter uma convivência salutar e profícua, com seus entes queridos e os seus amigos, que ao longo desse desafio constante, do pulsar da vida, vai arrecadando, amealhando e configurando. Ser criança, implica tacitamente uma preparação

paulatina e gradual, passo a passo, degrau a degrau, para a vida ativa, na renovação sintomática da sua cidadania, em consonância com os ditames da sociedade, ao pouco indo introduzindo a aprendizagem, as regras mais comuns, os valores, instituindo a congruência entre o brincar, os sentimentos, a descoberta, a irreverencia, o respeito, a responsabilidade, o caracter e o apogeu da sua fundamental resiliência, formando o seu valor cognitivo, para começar a ter perceção natural das coisas, dos assuntos, para dar a sua opinião, participar, criar, sempre com o ensejo de usufruir da sua intencionalidade e consolidação de ser criança. Ser criança, não significa taxativamente, que todas sejam implicitamente ou completamente felizes, que nem todas tenham as condições de vida sólidas e sadias, por vezes muitas crianças tem déficit de âmbito alimentar e económico, outras sofrem maus tratos, outras são crianças problemáticas e soturnas, devido a aspetos congénitos e genéticos, estimulados por uma deficiente e paupérrima educação, oriunda do meio envolvente, como também nem todas são saudáveis, quando tem que viver com o

espectro sevicio da doença. Apesar desta parafernália de contingências despicientes e pungentes, que ilustram que a vida não é perfeita para ninguém, tem que se fazer o possível para dotar a mesma de um mínimo exequível de humanidade, que atenue estes obstáculos assimétricos à sua felicidade, ao seu natural e revigorante crescimento, pois se de repente oferecerem um cabaz que contenha um pouco de amor, de pão, compaixão, companheirismo, entretenimento simples e singelo, e sobretudo um sopro de esperança, é suficiente e imprescindível, para a criança na sua pureza e puerilidade, sentir que pode ter um desenvolvimento harmonioso, fazendo face às eventuais contrariedades. Ser criança significa que

tem que forçosamente prevalecer as prerrogativas que pontificam a felicidade e a ténue utopia, que devem ser manifestamente superiores às incidências traumáticas e estigmatizantes, conduzindo os seus sonhos e aspirações, na consubstanciação elementar da transumância das gerações, com expectativas de uma vida feliz, proveitosa e útil à sociedade. Por isso em conformidade com os meus vaticínios, de maneira transversal e unânime, o Dia Mundial da Criança é celebrado e comemorado em todo mundo, com o dia 1 de junho de cada ano, a atingir em Portugal, o zénite merecido dessa homenagem, porque obviamente sem eles, não somos rigorosamente nada, não há futuro e o passado dissipa-se como o fumo.

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opinião » setor laboral

Dia do Trabalhador

por José Miranda jose.maria.chaves.miranda@gmail.com

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inda há muita coisa a fazer em relação às questões laborais. Existem algumas unidades fabris em que os seus diretores aplicam uma norma de produção aos seus colaboradores, sem se preocuparem com um estudo sério e responsável ao posto de trabalho. São ignorados os coeficientes de descanso, a boa iluminação e a ferramenta adequada para o cumprimento da norma estipulada com a qualida-

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de definida pelo Gabinete de Controlo de Qualidade. Também é sabido que existem patrões sem qualquer tipo de formação empresarial, mas, porque têm dinheiro, montam a sua empresa com um único objetivo: o lucro, pondo totalmente de parte o fator humano, considerando-o como se fossem máquinas. É sabido que o trabalhador tem que produzir para que entre dinheiro na empresa, mas, também, não é menos verdade, que os patrões devem motivar os seus funcionários, para que eles se sintam bem no desempenho das tarefas que lhe são confiadas. Quando os trabalhadores se sentem bem numa empresa, é sinal evidente que o seu empenho e dedicação são reconhecidos pelos seus superiores. Em Portugal, só a par-

tir de maio de 1974, após a Revolução dos Cravos, é que se voltou a comemorar livremente o Primeiro de Maio, que passou a ser feriado. Durante a ditadura do Estado Novo, a comemoração era reprimida pela polícia. O dia Mundial dos trabalhadores é comemorado em todo o país,

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com manifestações, comícios e festas de carácter reivindicativo, promovido pelas correntes sindicais. Os trabalhadores devem continuar a defender o seu dia (Dia do Trabalhador) e reivindicar as condições a que legalmente têm direito. Viva o dia do Trabalhador, viva a classe operária.


autarquia » apontamentos históricos

Durrães na vanguarda autárquica: parte III

Boletim Autárquico de Durrães

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

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m continuidade do artigo anterior, apresento um precioso esclarecimento sobre as competências da Assembleia de Freguesia e Junta de Freguesia. O Sr. Secretário da Assembleia de Freguesia, Luciano Maciel de Castro, esclarece toda a população relativamente à diferença entre Assembleia de Freguesia e a Junta de Freguesia. Faz reparo que são dois órgãos autárquicos distintos, todavia, complementam-se. Sublinha que o habitual rumor do povo – erradamente – identifica a Assembleia de Freguesia como órgão opositor à Junta de Freguesia. Ao ser – como diz o Sr. Secretário da Assembleia – errado esse juízo, a Junta de Freguesia ao ser órgão

executivo, é-lhe atribuída a função dos estudos, a gestão de obras e os atos administrativos. Lembra ainda que da Assembleia de Freguesia nasce a Junta de Freguesia. No decorrer do mandato, a Assembleia de Freguesia “sem interferir (…) ou prejudicar de algum modo o seu exercício, acompanha e fiscaliza a Junta de Freguesia”: “Aprova ou reprova as contas anuais”, como também “o Plano de Atividades e Orçamento”, recolhe da população “as opiniões, pareceres e pedidos”, encaminhando-os para a Junta de Freguesia. “As diferenças apresentadas são apenas das relações entre eles”, todavia as “funções gerais são como sabemos mais alargados”. Juntas de Freguesia e suas origens O Sr. Presidente da Assembleia de Freguesia, António Luís Pinheiro, apresentou uma reveladora investigação das origens das Juntas de Freguesias. Título do tema: “Apontamentos Históricos: Juntas de Freguesia – Suas Origens”

Inicia por dizer que as juntas de freguesias de hoje, tratam apenas da parte política e civil, enquanto que as que antecederam tinham ainda a componente religiosa. A partir da instalação da República as juntas deixaram de se chamar “juntas de paróquias”, para passar a chamar-se “juntas de freguesia”. Por exemplo a Junta de Freguesia de Carvoeiro entre 15/02/1914 e 31/12/1916 era identificada como Junta de Paróquia Civil. Só a 14/01/1917, é que definitivamente passou a chamar-se Junta de Freguesia. É destacada pelo Sr. António Luís Pinheiro uma afirmação do Rerº Cónego Martins Cepa: “…as Juntas de Paróquia tiveram como predecessora a Confraria do Subsino ou Santíssimo Nome de Deus”1. “A Confraria do Subsino acabou em 1834. O Liberalismo atacando simultaneamente as duas organizações da paróquia – Subsino e Fábrica – passou a maior parte das suas funções para as Juntas de Paróquias, deixando a Confraria de dirigir e orien-

tar a vida comum das paróquias”2. É referido que a “organização paroquial teve a maior importância, desde a ajuda na consolidação da nacionalidade, até aos nossos dias”, como nos diz Luís Pinheiro: “…uma Instituição, porém tem sido quase esquecida, apesar de ser, através das lutas da Independência e de toda a sequência da vida nacional, a célula-base sobre a qual assentou sempre toda a segurança interna e, à roda da qual sempre se girou tudo quanto de assistência social de educação cívica e religiosa foi dado usufruir às populações rurais: a paróquia”. Espero ter agradado ao leitor com estas recordações, no próximo jornal continuarei.

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Carta a Luís Pinheiro – 16/7/1958 Monografia de Alvarães – Cónego Martins Cepa

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história » caminhos de ferro

Curiosidades disseminadas

Regulamentos dos serviços de transportes em Portugal

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

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nicio por divulgar que foi contratada a construção do caminho de ferro de Lisboa ao Porto com Sir. Samuel Morton Peto, o referido contrato foi autorizado pela carta de lei de 4 de junho de 1857 e aprovado por decreto de 22 agosto, prosseguindo a fiscalização a regular-se pelas referidas instruções. Este contrato foi anulado por decreto de 6 de junho de 1859, e em 9 de julho foi de novo aberto concurso para construir e explorar um caminho de ferro de Lisboa à Fronteira junto de Badajoz e Porto. Foi de seguida celebrado contrato definitivo a 14 de setembro de 1859, com Dom José de Salamanca para construir e explorar a linha de norte e leste, baseado na carta de lei de 5 de maio de 1860. Por outro lado, a 5 de dezembro de 1860 foi aprovado novo regulamento para o serviço de fiscalização técnica das vias férreas. De novo, contrato adicional a 20 de dezembro de 1860 no ministério das obras públicas comercio e indústria e gabinete do Ilustríssimo e Ex.mo Sr. Tiago Au-

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gusto Veloso de Horta, do conselho de Sua Majestade, ministro e secretário de estado, com a companhia real dos caminhos de ferro portugueses, em cumprimento do disposto na carta de lei de 5 de maio de 1860, que aprovou o contrato de 11 de setembro de 1859, feito com D. José de Salamanca para a construção dos caminhos de ferro do norte e leste. Neste momento a circulação de comboios, está ao serviço entre Lisboa e Ponte D’Asseca, e em janeiro de 1861 foi aberto à circulação pública uma parte do caminho de ferro do sul e sueste entre o Barreiro e Vendas Novas, e do Pinhal Novo a Setúbal, linha construída pela companhia real dos caminhos de ferro ao sul do Tejo. A constituição desta companhia foi aprovada,

baseada no decreto de 6 de fevereiro de 1855 e a quem tinha sido trespassado o contrato de adjudicação a 6 de dezembro de 1854, concebido a favor de Thomaz da Costa Ramos e outros sócios, em resultado de concurso público aberto a 26 de agosto no sentido de construir a linha férrea do Barreiro a Vendas Novas com um ramal para Setúbal. No fim do ano de 1864, estavam em circulação pública a linha de leste até Badajoz e a linha do Norte até Vila Nova de Gaia. A linha de sul e sueste, pertencentes à companhia do caminho de ferro do Sul e Sueste estava em exploração até Beja e até Évora. Será oportuno fazer nota que a linha do Barreiro a Vendas Novas e o ramal de Setúbal foram adquiridos pelo Estado atra-

vés de contrato a 6 de agosto de 1861, contrato aprovado pela “…carta de lei de 10 de setembro do mesmo ano, foram por contrato, aprovado por carta de lei de 23 de maio de 1864, concedidos à companhia do caminho de ferro do Sueste, a favor da qual tinha sido aprovado por decreto de 6 de fevereiro de 1863 o trespasse do contrato para a construção do caminho de ferro de Vendas Novas a Évora e Beja, feito, em virtude do concurso, a favor de John Sutherland Valentine, em 3 de janeiro de 1860, aprovado por carta de lei de 29 de maio do mesmo ano”.

in “Revista de Obras Públicas e Minas de 1888”, pág. 76 a 88 in “Livro de Disposições Regulamentares – Legislação de 1844 a 1883”, pág. 98 e 119


história » caminhos de ferro

Governo convida engenheiro Francês Mr. Waltier (continuação do texto da edição anterior)

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

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m sequência do artigo anterior, transmito que o engenheiro Mr. Waltier considera que o melhor traçado para Espanha não é o que teria início nas proximidades do Barreiro em frente à cidade de Lisboa, mas sim, com saída da linha férrea dentro do percurso até Santarém. Diz reconhecer uma construção menos dispendiosa – nos 60km – entre Barreiro e Vendas Novas, porém identifica nas imediações de Montemor o Novo, bem como entre Redondo e Jerumenha de acrescidas dificuldades, ocasionando consideráveis despesas, tornando-a mais dispendiosa de qualquer outra diretriz.

Em face do referido e da fraca situação geográfica em relação ao rio, assim como da profundidade do mesmo para receber grandes navios na estação do Barreiro, deduz que os inconvenientes o levam a opor-se ao referido troço de via. Disse ainda, quando a construção da via férrea chega à Vila de Santarém, pode seguir entrando no interior – no belo e fértil interior, assim como no rio Tejo e – do País, passando por Tomar e Abrantes. Beneficiando desta forma, o Distrito de Portalegre e de Castelo Branco. Todavia, após uma apreciação mais atenta sobre a economia, foi pragmático ao dizer que os caminhos de ferro em Portugal vão ficar muito caros, com a agravante de uma fraca produção no imediato e médio prazo. Disse depois, que os caminhos-de-ferro, serão muito úteis no desenvolvimento da riqueza, porque se não os houvesse ficaria estéril. Faz

nota dos principais traçados a estudar entre Lisboa e Badajoz, particularmente da linha férrea com menos quilómetros. O primeiro traçado serve melhor o Alentejo, porque o divide em duas partes iguais, como também serve melhor Elvas, Estremoz e Évora, sendo estas as três povoações mais importantes a sul do rio Tejo. Contudo, esta linha férrea não serve – mesmo sendo a mais curta – porque não sai de Lisboa e é mais cara. O segundo traçado mais curto, sai de Lisboa, no Carregado atravessa o rio Tejo, segue o rio Sorraia, passa no meio do Alentejo, a pequena distancia de Évora, serve ainda Estremoz e Elvas. O terceiro traçado ainda mais curto que os anteriores, permitia a possibilidade de comunica-la com Estremoz e Elvas. O quarto traçado tem a vantagem de servir Portalegre, a localidade manufatureira, como já referido a mais importante da

província, com 6.000 a 7.000 habitantes, servindo Abrantes. Porém, este traçado, é o mais comprido. Finalizo, com um pouco de literatura inspirada de novo no caminho de ferro de João de Lemos, extraída do livro “Cem Anos dos Caminhos de Ferro na Literatura Portuguesa”: Transpõe tudo, o vale e a vargem! Se chega de um rio à margem, logo o rio deixa atrás; alta montanha na frente, de um lado o vês, de repente de outro lado o verás; casas, bosques, monumentos, ‘té, ao longe, o próprio mar, com rapidez de momentos, passam, somem-se no ar!

in “Compilação de Diversos Documentos relativos à Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses de 1915”, pág. 44-121

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crónica » literatura

Conto

“A Alma Gémea”

por Daniela Maciel dani18maciel@hotmail.com

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primeira coisa que fez ao acordar foi olhar para o telemóvel. 14 de fevereiro, disse, em voz alta, para ninguém. Suspirou, resignada. Atirou o telemóvel para o lado vazio da cama e fitou o teto. Aquele era só o 26º Dia dos Namorados da sua vida em que acordava sozinha, sem um companheiro a seu lado. Não ia receber nenhuma das prendas lamechas que, por esses dias, inundavam as montras das lojas. Algo de realmente preo-

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cupante se passava com ela. Como é que era possível que nunca tivesse tido um namorado? Que nunca se tivesse apaixonado? Seria assim tão difícil encontrar a sua alma gémea? O tal que lhe provocaria as tão almejadas borboletas na barriga? Existe uma alma gémea para cada um de nós. Esta era a frase que a sua youtuber favorita dizia todos os dias. Tornara-se famosa por dar conselhos amorosos nos seus vídeos e publicou, mais tarde, o Manual para iniciar relacionamentos, um livro para todos aqueles que procuram a sua alma gémea. Contudo, nem os conselhos desta especialista funcionavam consigo. E acreditem, já tentara de tudo. Atirou com os cobertores para trás e levantou-se. Não tencionava ficar nem

mais um segundo na cama a lamentar-se da sua falta de sorte no amor. Afinal, todos os dias eram bons para encontrar a nossa alma gémea. Enquanto se vestia, ouviu o som de uma notificação no seu telemóvel. Agarrou nele. Era um lembrete para visitar a nova loja que abria nesse dia no centro da cidade. Entusiasmada, acabou de se preparar, agarrou numa peça de fruta para comer pelo caminho e saiu de casa. Queria ser a primeira a chegar. Pelo caminho, sorriu a todas as pessoas com quem se cruzou. Sentia no ar uma sensação de bom augúrio. Não foi a primeira a chegar à loja, mas isso acabou por não ter importância. No momento em que se aproximou da montra para

espreitar para o interior, todos os fracassos da sua vida desapareceram. A sua barriga deu um salto. Sentiu um arrepio percorrê-la. Só podiam ser as tais borboletas. Encontrara-o. O tal. Tinha a certeza, apesar de ainda não o conhecer. Aproximou-se da porta, sem nunca desviar os olhos dele, e deu o primeiro passo. Assim que entrou, ele fitou-a. Oh meu Deus, ele tinha o nariz mais amoroso que vira em toda a sua vida! E os olhos, tão vivos que pareciam sorrir! Ok, era um bocado peludo e talvez um pouco magro demais, mas o amor não se importa com o aspeto físico. O amor sente-se. Acabara de encontrar a sua alma gémea. Sorriu, maravilhada. Ia adotar aquele cãozinho.


conhecimento » mitos e lendas

O rei da noite

por Fernando Fernandes fjfernandes1975@gmail.com

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resumo que não exista quase ninguém que, em pesadelos ou numa qualquer situação em que sonhamos acordados, não tenha ficado aterrorizado ao ver a criatura com os seus longos caninos salientes e ensanguentados, avançar de forma imponente para nós com o simples objetivo de morder o nosso pescoço e, consequentemente, fazer com que assumamos a sua sinistra forma. Falamos, claro está, de uma das mais icónicas figuras de sempre: Conde Drácula. É óbvio que nem toda a gente teve pesadelos ou sonhos com o vampiro, mas a forma como “aterroriza” a sociedade ao longo dos tempos, é claramente notória. A sua imortalidade vincou-se com a escrita da obra do irlandês Bram Stoker intitulada de Drácula. Contudo, a possível origem de tão misteriosa criatura remonta à Europa do século XIII, geograficamente falando, na zona onde se situa atualmente a Roménia. Vlad Tepes foi um príncipe que, além de governar, ficou sobejamente conhecido pela barbaridade com que tratava os seus inimigos. O pai de Vlad era membro da sociedade Cristã do Dragão, recebendo a alcunha de Dracul. Como tal, o seu filho seria apelidado de Draculae que significa

Dracula (representado por Christopher Lee) em O Horror de Drácula (1958)

Filho do Dragão. As atrocidades cometidas contra os seus inimigos e, por vezes, contra o seu próprio povo, sobretudo aqueles mais supersticiosos, levam a crer que esta seja a principal causa para a inspiração de Bram Stoker. Mas, todos nós sabemos que Drácula é um morto vivo que vagueia pela noite e se esconde num caixão durante o dia para evitar a luz do sol. Segundo reza a lenda, Vlad, numa das suas inúmeras batalhas foi golpeado violentamente na cabeça, facto que o deixou em coma. Vendo o seu líder tombado, o seu exército bateu em retirada levando o corpo consigo a fim de evitar que fosse capturado pelas forças inimigas. Pouco depois, Vlad acordou como se nada fosse e liderou os seus homens a uma estrondosa vitória, nascendo daí a crença de que voltou dos mortos.

A lenda verdadeiramente dita surge com o primeiro filme em 1931 interpretado pelo húngaro Bela Lugosi, mas ganhando a sua fama mundial quando, em 1958, o primeiro filme a cores é magistralmente interpretado por Christopher Lee. Outras metragens foram realizadas, mas sem alcançarem o almejado sucesso das séries originais

e talvez do realizado por Francis Ford Coppola em 1992. A mediatização dos vampiros é enorme nos dias que correm, com inúmeras referências literárias e cinematográficas, mas Conde Drácula há apenas um. Por isso fechem bem as janelas, tenham alho pendurado ou um simples crucifixo de prata à mão, não vá o morcego fazer-nos uma visita.

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cinema » sugestão ao leitor

O terrorismo no cinema

por Alcino Pereira alcinop@ipvc.pt

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ão existe qualquer réstia de dúvidas, que o cinema descreve de maneira irrepreensível as manifestações de âmbito terrorista, designadamente as suas motivações e ramificações, o seu lastro ominoso, os efeitos colaterais lutuosos, como também a investigação pressurosa e cocuruta de âmbito policial, ao qual em grande parte dos casos até se superioriza à cobertura e reportagem jornalística, na sua amostragem impactante e severa. Essa constatação começou a patentear se com a prossecução de narrativas cinematográficas, na desinência do século XX, que comutativamente acompanhavam a incidência e a proeminência de grupos hostis à sociedade em geral, que por razões distintas enveredavam por ações insidiosas, que de forma pérfida e premeditada, aniquilavam sem contemplações alvos concretos ou pessoas aleatórias. Os primeiros fenómenos terroristas a serem ilustrados no cinema, foram devidos à efervescência obstinada de cariz político, ao qual nos finais dos anos 70 e 80, surgiram em alguns países da Europa, milícias radicais extremistas, frequentados por reacionários e delinquentes, que com o seu tropismo revolucionário

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Daniel Day-Lewis e Emma Thompson em Em Nome do Pai (1993)

“Em Nome do Pai” de Jim Sheridan 1993

ou revanchista, protagonizavam atentados à bomba e incêndios em bancos e viaturas, assassinatos à queima roupa, que visavam atingir empresários, ativistas e políticos, estamos a falar por exemplo do movimento Brigadas Vermelhas, em Itália. Praticamente em simultâneo, foram efetuados filmes, com um êxito assinalável, que descreviam a intencionalidade atroz de grupos separatistas e independentistas, com destaque especial para os propalados grupos terroristas Basco ETA e o Exército Irlandês denomi-

nado “IRA”, que para fazerem singrar os seus objetivos, aplicaram atentados transversais e devastadores à população civil, recorrendo a explosões e emboscadas com armas de fogo. Com o horripilante ataque às torres gémeas em Nova Iorque em 2001, perpetuada pela vulgata fanática da organização terrorista Al-Qaeda, proporcionou uma mudança de paradigma nas artes cénicas, nomeadamente na perceção holística incutida nas narrativas, sobre o terrorismo global. Para as histórias de ficção ou baseadas em fatos verídicos, não conta só, os fundamentos ideológicos e belicosos, que concretiza esses ataques hediondos, mas igualmente se realça as matizes traumáticas, no pesar físico e mental inerente às vítimas, como também dá-se importância aos meios sofisticados e intrusivos utilizados pelos serviços secretos e de informação transnacionais, no seu apoio preponderante à

investigação criminal, para de maneira profilática e ágil, evitarem a consumação sine die das atrocidades terroristas. Não obstante os filmes que recomendo compaginarem situações diversas, sobre o pânico e a inquietude concretizado pela sanha terrorista, todos convergem num axioma, que até ao presente momento nunca conseguiram obstruir os nossos modos de vida ocidentais, como do mesmo modo, nunca lograram destituir nenhum poder político legalmente eleito. Em Nome do Pai (1993) é um filme Irlandês/Britânico, de género dramático, baseado em acontecimentos reais, que realça a idiossincrasia contumaz e acossada da função policial, fruto da volatilidade inominável do terrorismo, demonstrando claramente a pressão que está sujeita, e a necessidade pirrónica de arranjar um culpado a qualquer custo,


cinema » sugestão ao leitor

Annette Bening, Denzel Washington e Tony Shalhoub em Estado de Sítio (1998)

“Estado de Sítio” de Edward Zwick 1998

fazendo com que a polícia ao investigar o crime, tente fechar o caso, por vezes acusando inocentes, sem provas tangíveis, somente por um feeling de índole estereotipado e preconceituoso. A narrativa remonta ao ano de 1974, ao qual é notório o desaguisado entre a Organização terrorista do IRA da Irlanda do Norte e os Britânicos, que estava ao rubro, enxameado por um malsão ambiente, num vulgo explosivo praticamente diário, pois no âmago desta história, está um atentado patenteado pelo putativo “IRA”,

que mata cinco pessoas num pub de Guildford, em Londres. Apanhados neste pesadelo, o jovem irreverente e azougado Irlandês Gerry Colon e seu amigo Paul Hill, que estavam momentaneamente em Londres, nas redondezas onde decorreu o atentado, hospedados numa residência que abrigava vários jovens Irlandeses, dados ao hedonismo eloquente, num semântica tipo hippie, após o incidente mortal, a desenvoltura frenética da policia, faz estes indagar num erro colossal, detendo ostensivamente aquele grupo de Irlandeses, que estavam à mão de semear, por uma impressão palpitante e porque tinham a aparência de bodes expiatórios. Presos para averiguações, Gerry Colon, Paul Hill e mais dois elementos, são alvos de um interrogatório com sevicias e torturas inconcebíveis, e não aguentando mais a pungente violência, assinam a confissão de um crime que não cometeram, que não se restando por aqui, os inspetores chamam ao cotejo

sicofanta a tia de Gerry e o seu Pai Giuseppe Colon, acabando todos condenados, quase todos com prisão perpétua. Juntos na prisão, Pai e Filho, tentam sobreviver unidos, à despiciente conduta dos detidos Ingleses, conversando habitualmente sobre as desavenças e virtudes do passado, por vezes mostrando se desanimados, mas as coisas começam a melhorar gradualmente, quando um novo prisioneiro contumaz militante do IRA, confessa se autor do atentado de Guildford, e uma intrépida advogada Gareth Pierce, decide reabrir o caso em favor dos Colon, para desmontar a grotesca acusação e a inadmissível sentença. Estado de Sítio (1998) é um filme Estadunidense, que nas entrelinhas, parecia estar a procrastinar a monstruosidade que ocorreu no 11 de Setembro de 2001, no bastião económico e financeiro de Nova Iorque, “World Trade Center”, que culminou numa tragédia

monumental sem precedentes, de umas maiores atrocidades que há memoria. Pois no caso concreto deste filme, a cidade Nova Iorque está irremediavelmente exposta a ataques exiciais por células islamistas, devido à detenção periclitante de um líder religioso islâmico, orquestrada pelo general do exército americano o pertinaz e algoz William Devereaux. Como retaliação à prisão do prócere muçulmano, começam a chegar ameaças, com um tom grave, endereçado às autoridades americanas, sendo o FBI e a CIA incumbidas com carater de urgência, com o intuito de nocautear um vesúvio de consequências terríveis para a população, sendo indicados para esse intento os especialistas na matéria, Anthony Hubbard e Elise Kraft. Com a súbita explosão de um autocarro repleto de gente, na cidade de Brooklyn, cometido por um hipérbole suicida, o choque e a intensidade do atentado, deixa claramente atónito e histriónico o Agente do FBI jornal

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cinema » sugestão ao leitor

Hubbard, que nesse ínterim descobre que a agente do CIA Elise, mantem um oculto affair com Samir um individuo iraquiano treinado por Elise no Iraque, em missões da CIA, que pode ser o elo nevrálgico destas redes terroristas. Não conseguindo descortinar nada de substantivo, no interrogatório a Samir numa primeira fase, os ataques terroristas em Nova Iorque, sucedem se em catadupa, com imensas vítimas, gerando o bulício na opinião publica, com o Presidente dos Estados Unidos a decretar Estado de Sítio, em Nova Iorque, dando plenos poderes na gestão da crise ao general Devereaux. Este sem qualquer rebuço, manda aprisionar em centros esquálidos ao ar livre, todos os autóctones de origem muçulmana, particularmente os mais novos, pensado com esta solução maniqueísta e inexorável, pode travar a escalada de terror, para retorquir esta decisão inconcebível, Hubbard e Elise, tem que seguir todas as hipotéticas pistas, até conseguir deter todas as trupes de cariz terrorista. Conspiração Terrorista (2017) é um filme Estadunidense de género policial e de ação, que indicia de maneira latente o funcionamento preventivo e vigilante, dos Serviços Secretos de Inteligência, que se infiltram através de agentes camuflados, em outros países, ou fazem parcerias na área da Segurança com Serviços similares noutras nações, para de forma cirúrgica e supina, evitar a prossecução de atos terroristas, munindo se de um pendor dissecador e diligente, na observância de eventuais suspeitos. É neste tipo de semântica, que a ex agente da CIA, Alice Raci-

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ne, a laboral nos Serviços de Imigrações em Londres, é inopinadamente requisitada, para interrogar um individuo suspicaz, portador de uma missiva, mandatada pelo imã muçulmano de Londres Izad Khaleel, dirigido a David Mercer um homem muito rico, convertido ao islão, que pode significar um atentado sue generis e sórdido, usando para esse fim, uma portentosa arma química e biológica, com efeitos iníquos desmedidos. Estando Alice relutante em regressar temporariamente ao antigo ofício, devido a traumas acirrados do passado, acerca de um Amandeep Singh e Manoj Mehra em Hotel Mumbai (2018)

Orlando Bloom e Noomi Rapace em Conspiração Terrorista (2017)

atentado de Paris em 2012, que apesar dos seus esforços não conseguiu evitar atempadamente o diluvio terrorista, acaba por aceitar o repto, fazendo o respetivo interrogatório ao suspeito, após uma delegação em Londres, ter apanhado o detido, numa perseguição automóvel. Atendendo à sua habilidade nata, na inquirição, consegue informação pertinente, mas num súbito telefonema que recebe da

CIA dos EUA, descobre insolitamente que a delegação que contactou em Londres, não é fidedigna, e tem intenções perniciosas, nomeadamente assassina la após a conclusão do interrogatório, deixando a impressão que a aquele grupo de indivíduos tem um interesse sombrio e sinistro, relacionado com a possibilidade ambígua da realização do atentado. Desenvencilhando se com destreza e bravura atlética,

“Conspiração Terrorista” de Michael Apted 2017


cinema » sugestão ao leitor

instruções do Imã sejam conspurcadas, por uma anátema conspirativa envolta em mistério.

“Hotel Mumbai” de Anthony Maras 2018

desses facínoras, Alice consegue fugir refugiando se na casa do seu antigo chefe da CIA em Londres Eric Lasch, mesmo assim a soturna organização, invade a casa de Eric para tentar por termo à vida de Alice, supostamente matando Eric e Alice a ser obrigada a escapar novamente desse tormento. Não obstante Alice sentir se num estado de permanente embondo e perigo constante, com a sua natural persistência e heroísmo, alcança um encontro providencial com o imã Izad Khaleel, verificando que afinal este queria transmitir uma mensagem de contenção a David Mercer, para não perpetuar nenhuma ação cruel, diante disso Alice com a ajuda da organização MI5, tentam ambos montar uma estratégia para impedir que as

Hotel Mumbai (2018) é um filme produzido pelo trio Austrália/EUA/India, que indaga as reminiscências dantescas de um ataque terrorista bárbaro e cruel, ocorrido em 26 de Novembro de 2008, na cidade cosmopolita de Bombaim, na India, designadamente com a execução de 10 ataques à mão armada, em locais chaves diversificados com grande incidência populacional, imprimindo autênticos fuzilamentos indiscriminados, consignados por frondistas patológicos, imbuídos numa espécie de bulimia sanguinária, que gerou cerca de 200 mortos e outros tantos feridos graves. No cerne deste filme, é levado em conta um dos ataques mais efusivos, consubstanciado a este inóspito acontecimento, que foi um dos alvos preferenciais da horda maquiavélica, estamos a falar do Taj Mahal Palace & Tower, vulgarmente conhecido por Hotel Mumbai, ao qual vai se desenrolar toda a adrenalina perversa e angustiante, numa dicotomia distópica, concerne a um gladiar, entre quem mata por uma convicção ressabiada, alucinada e manipulada, numa frieza descomunal, como estivessem a jogar um jogo de guerra virtual na PlayStation, e na barricada oposta estão os clientes e funcionários do hotel, completamente siderados a tentarem sobreviver com um improviso instintivo, no dia mais assustador e periclitante, das suas vidas. Mas nesta invasão mortífera ao Hotel Mumbai, existe outra dicotomia distópica a reter, considerada vital para o suces-

por Américo Manuel Santos americosantos1927@gmail.com

POEMA MAIO

Se eu fosse como tu és... Se eu fosse como tu és Talvez fosse mais feliz tivesse o mundo a meus pés Talvez tivesse o que sempre quis Se eu fosse como és tu Eu não tinha o meu sentir Talvez não me sentisse tão nu Talvez conseguisse mentir E se não tivesse este sentir E não desejasse o que tu tens Talvez eu estivesse a mentir Eu teria vindo de onde vens Mas não consigo ser assim Por muito que possa tentar Ser assim não é para mim Ter a consciência a pesar

so cinematográfico, desta história verídica, que são as lideranças, de um lado está o mentor do grupo islâmico Lashkar-e-Taiba, que acompanha passo a passo a evolução destes tiroteios e explosões medonhas, que com uma conceção tenebrosa e rancorosa, incentiva os seus subordinados com uma lavagem ao cérebro delirante, exibindo uma litania asquerosa e uma retórica absurda, para que este ato terrorista, fomente um acervo expo-

nencial de vitimas mortais, para que tenha repercussão a nível mundial, pelo outro lado estão os empregados do hotel, especialmente o garçom Arjun e o seu chefe de cozinha Hemant Oberoi, que por força das circunstancias, assumem um papel crucial ajudando com afinco, coragem e hombridade, a salvar os seus clientes, percorrendo os locais mais recônditos do ostentoso hotel, para tentar proteger essas vidas, da animosidade terrorista. jornal

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crónica » caminho central português

Caminho Central Português

por Francisco P. Ribeiro fportoribeiro@hotmail.com

N

a senda dos artigos de opinião anteriores, considerando o histórico de alguns dos caminhos de Santiago realizados, a atual versão conta a vivência durante o Caminho Central, a começar em Ponte de Lima. E que se pode dizer? Magnífico e que recomendo, mesmo. A região de Ponte de Lima exerce sobre nós um fascínio fabuloso. É lindíssima, as pessoas são excelentes e o caminho de uma beleza sem paralelo. Mas, como tudo na vida, temos o lado bom e o menos bom, ambos completam a vida. Então, estamos a falar de 129 km (uma média de 6 a 7 horas por dia), com uma paisagem lindíssima, fabulosa mesmo, que se transforma em dias divertidos. O caminho foi feito em 2018 e teve início no albergue de peregrinos de Ponte de Lima, junto à Ponte Velha (fica aqui a nota que, quem chega aos albergues sem ser a caminhar, como foi o caso porque seria o início de lá, seremos os últimos a ser atendidos). Éramos um grupo simpático (não fiz o caminho sozinho) composto por dois casais e a organização foi o modelo já referido antes: quando se chega aos sítios, acomodamos e caminha-se para conhecer o locais, na procura da saída do seguinte e conhecer a zona. E assim foi.

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O primeiro dia foi até ao albergue de Rubiães (23 km). Confesso que quase não se sente o caminho, tal é a excitação e a novidade. Tudo é diferente, nomeadamente, os cheiros, a humidade e o estímulo, sempre acompanhado pelas fotografias, que eram mais que muitas. E a aldeia de Rubiães é pequena, mas muito mimosa. Detentora de uma igreja romana, a visitar, e café local onde se come lindamente (com botas de peregrinos a fazer de vasos de flores). O dia seguinte foi até Valença do Minho (18 km), o que permitiu pensar em avançar até ao albergue de Tuy (no centro da cidade, com vista para o rio Minho). Há um misto de sensações ao passar a ponte antiga que liga Portugal a Espanha. Já em Tuy, começam as “conquistas” de pe-

regrinos. Juntou-se ao grupo uma mãe e filha, de país de leste, meio perdidas e que nos acompanharam no dia seguinte. O troço do terceiro dia é difícil, até Porriño é doloroso, mas é um reflexo na nossa vida, uns dias bonitos e outros menos, uns dias planos e outros com subidas, enfim. Porríño é uma zona industrial (se bem que fomos pelas montanhas) e decidimos ficar em Redondela (ao todo, 32 km), uma aldeia (Pueblo) com vários albergues municipais e privados. No quarto dia, continuamos a subir, sempre envoltos em nevoeiro místico, até Armenteira (mais 32 km). Durante o caminho, aproveito sempre a hora de abertura das padarias com pão quente para o pequeno almoço (já faltava incluir comida no caminho) e experimentar as iguarias

locais como a marmelada, o mel, as bolachas, a fruta, a água da serra, enfim, um outro mundo, mesmo, para quem vem da cidade poluída. Passámos por Pontevedra, com o tradicional, na senda dos carimbos e das claritas numa esplanada, seguindo até à bifurcação para o caminho espiritual (já relatado) e seguindo até Caldas dos Reis (recomendo mesmo guardar uns minutos aqui). Calda dos Reis é uma zona termal onde a nobreza espanhola e família real faziam tratamentos de pele e pulmões. Tem várias fontes, mas uma está no caminho, com uma boca de água quente (vulcânica) e outra de água fria. Aproveitar para descansar aí os pés, e as pernas, é como ir ao céu e regressar. Vale todos os minutos perdidos. Feito o relax, numa região lindíssima,


crónica » caminho central português

continuamos o caminho até ao albergue municipal de Padrón. Aqui, e mais uma vez, deixo algumas recomendações, em função da época em que se caminha, tendo em conta as melgas (à noite) e as carraças no campo (sacudir as calças e as botas). Acresce que há locais onde se apanham algumas pulgas, considerando que nem todos os peregrinos são tão higiénicos como os ibéricos. Nesse ano, fui atacado por pulgas, o estranho é que mais ninguém ao meu lado o foi. Algo se passou, enfim. Em Padrón, e mais uma vez, recomendo a visita à igreja matriz, junto ao albergue, e ir conhecer a igreja velha onde se encontra o padrão onde encostou o barco do pere-

grino. Aí, num momento de calma e serenidade, breve, pois logo em frente encontra-se o bar do Dom Pépe, um homem divertidíssimo com fotografias nas paredes dos peregrinos e recordações que lhe enviam. Só por ele, vale a pena este caminho. Dom Pépe ajuda a esquecer que o caminho está a terminar e serve o pequeno almoço muito cedo. No dia seguinte, o caminho é feito em silêncio, pois não queremos terminar, o sentimento é geral, confesso. A chegada a Santiago é saudada do alto, vendo a mesma num vale. Ao chegar, apercebemos a confusão artística de rua, com gaita de foles, e temos as idas à Xunta fazer o certificado, dar a volta dos peregrinos e, para mim, ir à

igreja de São Francisco. Mais um caminho concluído, mas permanecemos no vazio interior. E agora, como vai ser? O que muda? Fica a partilha, terminando com algumas recomendações e notas para albergues, antes do COVID. Os caminhos futuros, alguns já abertos, serão todos diferentes, mas isso, até os nossos dias. As sugestões são apenas isso, sugestão. Bom caminho.

Recomendações: Associação dos Amigos do Caminho de Santiago de Viana do Castelo: veja aqui • Lista de Albergues no Caminho Português: veja aqui •

Violência doméstica

por Américo Manuel Santos americosantos1927@gmail.com

S

e você é vítima de violência doméstica (ou poderá vir a ser) saiba como acontecem as coisas. Ele/ela bateu-lhe uma primeira vez e vai dizer-lhe que perdeu a calma e não volta a acontecer. Na segunda vez provavelmente irá dizer-lhe que anda nervoso/a e que está com algum problema. Na terceira vez, quando você já está a ficar farta/o provavelmente ele/a jurará

pela saúde dos filhos que nunca mais voltará a acontecer. Depois acontecem outras vezes e quando você dá por si já estará presa/o a um casamento/relação com violência doméstica. Ele/ela lhe dirá que é a última vez ou que irá mudar, mas isso nunca irá acontecer. O ciclo de violência é o seguinte: aconteceu uma agressão (física ou psicológica), o/a agressor/a pede desculpa (ou perdão) e dirá que não volta a acontecer e as coisas voltam ao normal, onde o/a agressor/a será muito meigo/a e carinhoso/a (os especialistas chamam-lhe a fase “lua de mel”). Mas passado uns tempos ele/a volta a agredir, fechando assim o ciclo de violência.

Não se torne uma vítima, à primeira agressão acabe a relação/casamento antes que seja tarde, verá que quanto mais tempo passar mais difícil será sair. E acredite, ele/ela não vai mudar. Ninguém é seu dono, você é uma pessoa livre. Pense que existem países onde as mulheres nem direitos têm, onde a violência sobre os homens é vista como uma vergonha. Saia enquanto é tempo e não se deixe inferiorizar por ninguém. Não se sinta culpado/a, a culpa não é sua, independentemente de quem lhe diga o contrário. Agora no fim seria aquela parte em que eu lhe diria para denunciar a violência

e apresentar queixa na polícia, mas infelizmente não o vou fazer. Infelizmente na grande maioria dos casos pouco acontece. Apenas 15% das denúncias chega a tribunal. Em Portugal as condenações por violência doméstica são muito poucas e geralmente acaba em pena suspensa para o agressor e as casas-abrigo não produzem o resultado esperado pelas vítimas. No caso dos homens então, a situação é muito mais difícil pois ele não será levado a sério pois um homem que não se sabe defender “não é homem “ (e mais ainda, um homem apresenta queixa à agressora basta-lhe dizer que apenas respondeu a outra agressão e todos acreditam. jornal

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vida » bem-estar

A espiritualidade: uma fonte inesgotável de energia

A arte da compaixão

por Florbela Sampaio flsampaio@sapo.pt Prof. Escola Sup. Saúde IPVC

O

sofrimento humano é uma realidade complexa e simultaneamente única para cada indivíduo que a experimenta. Em António Barbosa e Galriça Neto o sofrimento é definido como: um estado complexo (corporal, afectivo, cognitivo, espiritual) negativo de mal-estar, caracterizado pela sensação experimentada pela pessoa (como um todo) de se sentir ameaçada/destruída na integridade e ou continuidade da sua existência, pelo sentimento de impotência para fazer frente a uma ameaça e pelo esgotamento dos recursos pessoais. Esta realidade que perpassa e reveste a vida humana de formas mais ou menos intensas e diversas exige um tempo de reflexão e análise sobre a forma como vivemos uns com os outros num espaço socialmente interactivo, dinâmico e em constante mutação. A mudança exigida muitas vezes pelas vicissitudes da vida será, com certeza, uma das grandes fontes de sofrimento porque carece de adaptação a algo novo que parece contrariar as expectativas e os planos das pessoas. O período que a humanidade atravessa é exactamente caracterizado

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por esta condição, a vida mudou os planos e um novo mundo parece estar em gestação e clama por cuidados. Perante o quadro actual urge lançarmos um olhar atento sobre a compaixão essa virtude/sentimento, talvez nem sempre bem assimilada no que ela tem verdadeiramente de caminho para a dignificação do homem. Porque ter compaixão é muito mais do que colocar-se no lugar do outro e de forma genuína querer compreendê-lo, é ir ainda mais além, é querer ajudá-lo. A compaixão envolve a necessidade de uma percepção diferente de como percebemos os outros. É da pedagogia que para percebermos algo temos que ter atenção e a atenção que oferecemos ao outro não é nada a mais senão um dever de humanidade para com ele e para nós. Sem atenção e escuta a liberdade cai por terra. Jesus Cristo, expressão humana do divino e considerado o mestre da compaixão, deixou-nos um maravilhoso legado experiencial que o homem traduziu por escrito em textos bíblicos de enorme beleza e que reflectem exactamente essa proposta de treinarmos a nossa “visão” para vermos a jóia preciosa que está por trás do barro em cada um de nós. A arte da compaixão reside fundamentalmente no respeito pela liberdade do outro. Não deve ser sentida como um serviço que prestamos ao outro que está numa posição inferior a nós. Quando nos colocamos sob esta perspectiva não há

transcendência na relação. A proposta crística é exactamente a de ajudar o outro a restituir-se à sua humanidade doente, algo que só conseguirá se perceber os recursos que tem dentro de si. O mestre da compaixão curava o corpo e a alma, mas não dizia eu curei-te dizia sim “a tua fé te curou”. Se observarmos o mundo à nossa volta, numa perspectiva optimista, depressa nos apercebemos da multiplicidade de actos de verdadeira compaixão ao lado de outros que podem revestir-se de motivações questionáveis. Os primeiros servem-nos de inspiração, aos segundos damos o benefício da dúvida… podem ser alvo da nossa visão distorcida.

A arte da compaixão, como todas as artes, exige para além do talento natural, treino permanente da nossa capacidade de atenção e de integração da experiência do outro, num verdadeiro contexto de escuta que precede a acção; só assim estaremos em condições de respeitar o espaço de liberdade do outro. É muito frequente ouvirmos relatos de superação de sofrimento em que quer pela riqueza de recursos da própria pessoa quer pelo encontro com profissionais, familiares ou amigos, favorecedores dessa superação porque verdadeiramente compassivos, foi possível recriar a própria vida e reformular objectivos.


religião » biografia

Extratos da vida da Irmã Maria da Conceição Pinto Rocha

por Domingos Costa domingosdacunhacosta@gmail.com

A

obra de Maria da Conceição, é baseada no árduo labor evangélico e está exposta à paixão. Consequentemente, invoca uma – rigorosa – partilha, sempre com a palavra dentro da oração, na harmonia e felicidade conjugal, na missão doutrinal, na fé e na esperança da conversão, conjugando em jeito afetuoso a narrativa de Deus. Nos seus bem-aventurados diálogos escritos, de abundantes palavras com o carimbo e interação de Deus, facultou a evangelização de Maria da Conceição, dos presentes e vindouros mensageiros. Também, será importante considerar, que os seus repensados projetos, traduzem

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uma considerável melhoria na qualidade de vida a nível espiritual. De igual modo, na saúde corporal. Todos esses potenciais projetos com ações e multiplicados conceitos, enche os corações sedentos, diligenciando uma expressiva felicidade devido às múltiplas irradiações, e, seguidamente, com presumidos propósitos para seguir Jesus. Direi de seguida, que Maria da Conceição a “Serva de Deus” dentro do seu “Eu” social, estava em perfeita sintonia o seu “Eu” Espiritual. Comportava um só “Eu”. Era e é, um “Eu” interior vocacionado inteiramente ao serviço dos outros. Indiscutivelmente é, um dom, com uma ação social especial, sem conhecer os recebedores. Assim é, a moralidade genuína de Maria da Conceição. Neste contexto, sensatamente acrescento que a sincera e desprendida doadora, tornou-se uma convicta – permanente – atenta das carências, digamos, em jeito acessível e humilde, bem como de coração aberto

promovia surpresas a nível espiritual, porque, havia um acrescido sentido comprometedor com Deus e humanidade. Dever-se-á então dizer, que a sua rigorosa melancolia, basicamente consistia na impossibilidade da sua mensagem doada por Deus, não ser correspondida na plenitude no seio humano. Mesmo sendo Jesus Cristo, seu Anjo da Guarda. Creio que o suprarreferido, não é de propósitos dúbios. O tema não é banal, nem tampouco pretendo convencer, é sim esclarecer o presado leitor dos superiores valores da “Serva de Deus” Maria da Conceição. Portanto, será importante dizer, que Deus, ao conhecer o nosso íntimo, inequivocamente sabe o quão importante é para a humanidade a humilde Maria da Conceição. Também sabe, que sabia cativar o humano, como também era um exemplo de vida, sabendo-se ainda – porque é previsível – que essa distinção perdurará no tempo. De manifesta segurança,

sinto-me confortável dizer: Maria da Conceição, promovia, além da constituinte Espiritual, partidas missionárias em simultâneo com destino pré-definido, por consequência, transportava algo social, preferencial/imprescindível. Termino a minha mensagem com uma das mensagens da “Serva de Deus” Maria da Conceição: “A nossa alegria é sermos pobres por amor d’Aquele que Se fez pobre, dando tudo a todos e dando-nos a nós próprias, por uma vida perfeita, à imitação da vida de Belém desconhecida e ignorada”.

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jornal

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opinião » espiritualidade

Sete leis espirituais do sucesso

por Francisco P. Ribeiro fportoribeiro@hotmail.com

A

proposta de artigo de hoje, escrita no fim de semana da Páscoa, no meio de guloseimas e a preparar para o desconfinamento, no momento em que procuramos regressar ao novo normal. Como será agora? Neste momento, com mudança de vida, arrumações na casa nova, acabo por encontrar livros já lidos e que muito estimo. Esta proposta de artigo é exactamente o regresso a Deepak Chopra (médico e cientista nos EUA) e ao seu livro, ou DVD, de 1994 e intitulado “As Sete Leis Espirituais do Sucesso”. Acaba por ser um pensar algo que partilho aqui. Segundo Deepak, é necessária a consciência individual para que o sucesso das ações, atitudes e decisões, consista numa viagem, não no destino (p.12). Muito semelhante aos Caminhos (já referido antes). Para tal suporta-se em sete leis espirituais e a primeira é a Lei da Potencialidade Pura (p.19), suportada no facto de sermos, no nosso estado essencial, seres de consciência pura, na procura constante de aprovação dos outros. Fazemos disso um modus operandi com o pensamento e comportamento a agirem em função de uma resposta, que se ba-

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Segundo Deepak, é necessária a consciência individual para que o sucesso das ações, atitudes e decisões, consista numa viagem, não no destino. seiam no medo pela rejeição (p.20). Temos necessidade de aprovação, de controlar o que nos rodeia e de poder externo, sempre baseado no medo. O autor destaca que o poder baseado no ego é de curta duração, resultando apenas enquanto a situação estiver a acontecer, sendo muito efémero pois uma vez o título, o trabalho, o dinheiro desaparecerem, também o poder desaparece (p.22). Em oposição, encontra-se o autopoder, ou poder baseado no Eu, um poder que atrai as pessoas e as coisas que desejamos. Tem uma atração magnetizante, que apoia os nossos desejos. Para o adquirir sugere a prática diária

do silêncio, da meditação e do não julgamento. Por via da prática do silêncio, reserva-se tempo para o Eu. Por via da meditação, consolida-se essa moldura de consciência. Transcreve (p.26) da Bíblia onde refere que «adquire serenidade e reconhece-me como Deus» é apenas possível com meditação. Quanto ao não julgamento, é um exercício que cria silêncio no espírito. Refere Frank Kafka (filósofo e poeta austríaco) quando este diz: «Fique sentado à sua mesa e escute. (…) Aprenda a tornar-se tranquilo, sereno e solitário». A segunda é a Lei da Dádiva (dar e receber), uma vez que o universo processa-se através de trocas dinâmicas, onde nada é estático (p.37). Considera que o que tem valor na vida multiplica-se quando se dá com intenção. Quando tal não acontece, é porque não merece ser dado nem recebido. Se no acto de oferecer sentir perda, o gesto não foi feito com sinceridade e não se multiplica, uma vez que

conta a intenção por detrás do acto de dar e receber. O acto de partilhar não implica algo físico, material, e segundo autor este pode ser uma flor, um cumprimento, um sorriso ou uma oração. Na verdade, o carinho, a atenção, o afecto, o apreço e o amor constituem algumas das mais preciosas dádivas, a custo zero – boa educação, a humildade e sermos socialmente correctos. Na medida que der, receberá (p.42). Este acto conduz-nos à terceira lei, a do Karma (ação e consequência) onde “Toda a ação gera uma força de energia que nos é devolvida na mesma espécie… aquilo que semeamos é aquilo que colhemos” (p.47). Devemos perceber que o sistema contabilístico do universo é perfeito e todas as coisas constituem uma troca de energia «para lá e para cá». Transformando o karma numa experiência melhor e devemos perguntar: «o que posso aprender com esta experiência?» ou «que mensagem o universo transmite?».


opinião » espiritualidade

Deepak Chopra, médico indiano baseado nos EUA

“As Sete Leis Espirituais do Sucesso” Deepak Chopra 1994

A quarta é a Lei do Menor Esforço, suportado no facto de a natureza funcionar com o mínimo de esforço, nem fricção e com espontaneidade (p.64). A atenção dirigida ao ego consome muita energia e a proposta é «faça menos e realize mais» (p.66). Devemos aceitar as coisas como são, não como gostaríamos que fossem. Mas também implica responsabilidade, sem culpas pela situação, revelando capacidade cria-

tiva na resposta à situação, como esta se apresenta. Ainda na Lei do Menor Esforço é importante o distanciamento, renunciando à necessidade de persuadir os outros para os seus pontos de vista. Quando sentir a delicada combinação da aceitação, responsabilidade e distanciamento, sentirá o fluir da vida. A quinta Lei da Intenção e do Desejo baseia-se no facto de a energia e a informação existirem em toda a parte na natureza (p.77), uma vez que o nosso corpo não se encontra separado do universo e no plano quântico, não existem fronteiras definidas. Chama-se a atenção para a intenção, que constitui o verdadeiro poder por trás do desejo. Aceitar o presente como é e deixar que o futuro se revele através dos desejos e intenções mais profundos e queridos (p.89). A sexta lei consiste na Lei do Desprendimento

(p.63) que nos diz que para adquirirmos qualquer coisa no universo físico temos de renunciar à nossa ligação a ela e desistir da ligação ao resultado, uma vez que a ligação ao resultado baseia-se no medo e na insegurança. Refere Mundaka Upanishad (p.93) quando diz que “Como dois pássaros (…) na mesma árvore, o Ego e o Eu habitam o mesmo corpo. O primeiro come os frutos doces e amargos da Vida, enquanto o último observa com desprendimento”. Por fim, defende que todas as pessoas possuem uma finalidade na vida, uma dádiva singular ou um talento especial para oferecer aos outros (p.103). A sétima lei espiritual consiste no Dharma («finalidade da vida» e que nos manifestamos sob a forma física para cumprir uma finalidade (p.105). considera que devemos associar esse componente com a vontade de servir a Humanidade – ser-

vir os outros seres e perguntar «Como posso eu ajudar aqueles que me rodeiam?». Em resumo, Deepak Ckopra considera que a Lei da Potencialidade Pura se pratica com recurso ao silêncio e à meditação, fazendo uso da habilidade de não-julgamento e da comunhão com a natureza sendo, dessa forma, activada por meio da Lei da Dádiva. Neste princípio surge a competência em aprender a partilhar o que deseja para si e, desse modo, activamos a Lei da Potencialidade Pura. Considerando que se deseja prosperidade, propõe-se que ajude os outros a serem prósperos; por outro lado se procura dinheiro, dê dinheiro aos outros (é o retorno das nossas acções); se procura amor, apreço e afecto, temos que aprender a dar aos outros o mesmo. Através das suas acções, e aplicando a Lei da Dádiva, accionamos a Lei do Karma (consequência das nossas acções). Assim, ao criar um bom Karma, tornamos a vida mais fácil e não despendemos grandes esforços, conduzindo-nos assim à Lei do Menor Esforço. Quando tudo parece surgir com facilidade e sem esforço começará, então, a perceber a Lei da Intenção e do Desejo. A realização dos seus desejos, com um mínimo de esforço, torna natural a prática da Lei do Desprendimento. Por fim, apercebe-se de todas as leis anteriores e foca-se na verdadeira finalidade na sua vida, chegando à Lei do Dharma, ou seja, a nossa finalidade na vida. Fica a proposta de reflexão e sugestão de leitura. jornal

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decoração » escritório em casa

Na tranquilidade de um home office

por Eliza Souza elizafssouza@gmail.com Publicitária e Empresária

T

rabalhar em casa para algumas pessoas é um sonho. Deixar de pegar trânsito todos os dias, perder tempo indo e voltando do local de trabalho, ter uma alimentação mais saudável, estar mais perto da família. Tudo isso é possível e se resume em um nome: home office ou escritório em casa. Cada vez mais comum essa alternativa surge para os profissionais com maior frequência e é uma tendência mundial, agora em meio a pandemia mais ainda. Seja

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como um espaço em que se desenvolve uma atividade em tempo parcial ou em tempo integral o local onde são realizadas as atividades profissionais segue algumas regras para que o ambiente doméstico não interfira no ambiente profissional. A preocupação com ergonomia deve ser constante. Luminosidade ideal, circulação de ar, cores certas e espaço suficiente para se sentir bem são itens de destaque para quem quer trabalhar em casa com eficiência e conforto. Quando uma pessoa entra em uma loja para comprar os móveis que irão compor seu home office a primeira coisa que tem na cabeça é ter um espaço bonito e confortável. O cliente quer ter suas necessidades atendidas, mas quer em primeiro lugar a beleza e o conforto das peças que irão

compor o ambiente. Geralmente escolhe móveis com um design mais formal em cores escuras e neutras para dar equilíbrio ao espaço. Para alguns profissionais do setor, raramente o cliente tem noção da sua real necessidade. Altura ideal da mesa de trabalho, tipo de cadeira, peças que podem auxiliar o trabalho deixando-o mais prático, como, por exemplo, gaveteiros com rodízios, são questões levantadas pelos por estes e que vão orientando o cliente sem esquecer do seu gosto pessoal. São vários os fatores que determinam o sucesso e a funcionalidade de um home office. Conforto térmico e acústico do espaço são pontos fundamentais. Contar com uma janela ampla e estratégica é de grande importância, economiza energia fazendo

com que a luz natural seja aproveitada durante o dia e propicia a circulação do ar. É importante observar que a instalação de monitores de computador não deve ser feita contra a luz. Abrigar o escritório do barulho da rua e da própria residência é um outro ponto fundamental. Estar rodeado dos objetos e peças que mais gosta, como quadros, esculturas, souvenires, ter sempre um cantinho para receber visitas ou até para tomar um café com os amigos, faz com que o escritório ganhe vida e energia positiva para desenvolver atividades se tornando cada vez mais prazeroso estar nele. A necessidade de usar esse espaço para outros fins, como uma sala de TV, ou um espaço para diversas atividades como reunião de trabalho ou amigos, também tem que ser considerado.


saúde » questões sobre AVC

Sabe reconhecer um AVC?

por Ana Sofia Portela enf.anasofia@gmail.com Enfermeira especialista em Enfermagem Comunitária USF Aqueduto – ACES Vila do Conde/Póvoa do Varzim

O

Acidente Vascular Cerebral, também conhecido como AVC ou “trombose”, é a principal causa de morte e incapacidade permanente em Portugal. Estima-se que 1 em cada 6 pessoas irá desenvolver um AVC ao longo da vida. O AVC resulta do bloqueio ou rompimento de uma artéria cerebral com consequente lesão das células do cérebro por ausência de nutrição e oxigenação. As lesões cerebrais resultantes do AVC e, consequentemente as sequelas, podem ser atenuadas se o doente chegar rapidamente ao hospital e for tratado adequadamente. Uma vez que estamos a falar da principal causa de morte em Portugal, é fundamental reconhecer precocemente os sinais desta patologia. Como reconhecer? As manifestações do AVC vão variar conforme a área do cérebro que for atingida. No entanto, de uma forma geral, podemos pensar na Regra dos 3 F´s: ●● Face: ocorre desvio de um dos lados da face, ficando assimétrica e diferente do seu aspeto habitual; ●● Fala: a fala torna-se di-

ferente do habitual, podendo ficar arrastada, incompreensível, sem sentido ou ser mesmo impossível falar; o doente pode também não compreender o que se lhe diz; ●● Força: perda súbita da força num dos braços e/ ou perna, bem como alterações do equilíbrio. Outros sinais que são igualmente importantes reconhecer são a falta de visão súbita, num ou em ambos ou olhos, a visão dupla e uma dor de cabeça súbita e muito intensa. Todos estes sintomas podem ocorrer isolados ou em simultâneo.

rápido for tratado, menor o risco de sequelas. É possível reduzir o risco de desenvolver um AVC? Sim. Os principais fatores de risco para o acidente vascular cerebral são a idade mais avançada, o género masculino, a genética, o tabagismo, a hipertensão arterial, a diabetes, o co-

lesterol elevado, a obesidade, o consumo de álcool, o sedentarismo e algumas arritmias cardíacas. Ao controlarmos estes fatores, estamos, por isso, a reduzir o risco de desenvolver uma “trombose” cerebral. A adoção de estilos de vida saudáveis é fundamental. Assim, ao primeiro sinal, não perca tempo e ligue 112.

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O que fazer? Na presença de qualquer um destes sintomas, deve contactar imediatamente a linha 112 e explicar o que está a acontecer. Lembre-se que quanto mais jornal

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pub » medicamentos inovadores

Biojam alarga portfólio de medicamentos inovadores com introdução de uma solução oral constituída por Tintura de Ópio

Sobre a BioJam Holding Group | www.biojam.pt A Biojam é uma empresa farmacêutica de referência na Península Ibérica que aposta em medicamentos diferenciados, com uma componente de inovação muito forte. A empresa destaca-se na inovação nas áreas de Anestesiologia, Hematologia Oncológica Pediátrica, Farmácia Hospitalar, Enfermagem Perioperatória, Nutrição Parentérica e Medicina Física e de Reabilitação.

●● Medicamento confere maior qualidade de vida de pessoas em cuidados paliativos e doentes oncológicos. ●● Comercializado numa primeira fase pela Biojam em Portugal e em breve também em Espanha, Dropizale® é um medicamento natural de prescrição restrita com indicação para controlo de diarreias graves.

por Sónia Matos soniamatos@multicom.co.pt Multicom, Comunicação

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om uma clara aposta naquilo que são os mais inovadores e diferenciados medicamentos, a Biojam disponibiliza no mercado Português uma solução única à base de Tintura de Ópio. Trata-se de um produto único na Europa, estando aprovado e registado no Infarmed. Dropizale® é indicado para o tratamento sintomático de diarreia grave em adultos, quando a utilização de outros tratamentos

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antidiarreicos não proporciona efeito suficiente. Muito utilizado desde a antiguidade, a morfina, assim como outros componentes da Tintura de Ópio possuem características únicas que atrasam o tempo do trânsito gastrointestinal, aumentando a sua absorção. Atendendo à reconhecida e comprovada eficácia são muitos os especialistas que têm vindo a recorrer a este tipo de tratamento, como forma de travar a diarreia grave. Tratamentos oncológicos baseados em radioterapia ou quimioterapia, pessoas com doença de Crohn

ou pessoas em cuidados paliativos são algumas das condições que poderão estar na origem de alguns casos de diarreia grave não controlada. Como explica Augusto Santos Costa, Diretor Técnico Farmacêutico da Biojam “a diarreia grave é uma condição que acarreta um forte impacto negativo na qualidade de vida dos doentes, além das consequências que pode ter nos tratamentos oncológicos que, face a um quadro de diarreia não controlada, podem ter de ser reduzidos ou até suspensos. A perda de líquidos, gerada pela diarreia grave que muitas vezes chega a verificar-se com uma regularidade de sete vezes ao dia, pode resultar em situações de desidratação significativas, lesão renal aguda e complicações cardíacas que, em casos extremos, pode ser fatal”.

De venda restrita (Medicamento Sujeito a Receita Médica Restrita), Dropizale® apresenta-se sob a forma de solução em gotas orais, sendo que o tratamento deve ser iniciado e supervisionado, sempre que possível, por um especialista da área de oncologia ou gastroenterologia. Criado pelo prestigiado laboratório Dinamarquês Atnahs Pharma Nordics, Dropizale é a mais recente aposta da farmacêutica Biojam para quem o mais importante é “garantir o acesso a cuidados de saúde a todos os doentes, recorrendo sempre às mais inovadoras soluções e ferramentas. O único propósito é proporcionar qualidade de vida a todos os intervenientes, desde os prestadores de cuidados de saúde até aos doentes”, acrescenta Carlos Monteiro, CEO da Biojam.


necrologia

Agência Funerária

Tilheiro

Tel: 258 971 259 Tlm: 962 903 471 www.funerariatilheiro.com Barroselas

82 anos

81 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

José António Martins de Oliveira

Porfírio de Oliveira Correia Juncal

Subportela – Viana do Castelo

Barroselas – Viana do Castelo

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

A Família

A Família

75 anos

76 anos

50 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Benedito da Costa Pereira

José Maria Vieira Martins

Marinha Fernanda Rodrigues Quintas Barros

Alvarães – Viana do Castelo

Palme – Barcelos

Fragoso – Barcelos

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

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A Família

A Família

A Família

58 anos

89 anos

95 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

António Augusto da Silva Faria

Olívia Gonçalves da Cunha

Emília Pereira da Silva

Vila de Punhe – Viana do Castelo

Barroselas – Viana do Castelo

Subportela – Viana do Castelo

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Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

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A Família

A Família

A Família

jornal

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Parque Ecológico Urbano

Theatro Gil Vicente

Viana do Castelo

Barcelos

sáb 05/06

sex 11/06 • 22h00

Abertura do Parque Ecológico Urbano de Viana do Castelo

João Pedro Brandão

org. Câmara Municipal de Viana do Castelo

org. Câmara Municipal de Barcelos

Teatro Municipal Sá de Miranda

Igreja Paroquial Senhora da Vinha

Rua Sá de Miranda

Areosa

qui 17/06 • 19h00

dom 18/07 • 18h30

A Margem do Tempo

Contraponto Sons do Caminho

org. Teatro do Noroeste - CDV

org. Câmara Municipal de Viana do Castelo


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