Derrubando Muros, Construindo Pontes Histórias da Mediação de Leitura
Derrubando Muros, Construindo Pontes Histórias da Mediação de Leitura
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DO RIO DE JANEIRO SECRETÁRIO Wagner Granja Victer SUBSECRETÁRIA DE GESTÃO DE ENSINO Ana Valéria Dantas SUBSECRETÁRIA DE GESTÃO DE PESSOAS Cláudia Mattos Raybolt ASSESSORIA DE PLANEJAMENTO E GESTÃO Adriano Carneiro Giglio SUBSECRETÁRIO EXECUTIVO Mário de Carvalho Rocha SUBSECRETÁRIA DE INFRAESTRUTURA Júlia Figueiredo Goytacaz Sant‘Anna EQUIPE TÉCNICA SUPED SUPERINTENDENTE PEDAGÓGICA Carla Bertânia Conceição de Souza DIRETORA DE ENSINO Fernanda Lima Sant’Anna da Motta COORDENADORA DE ÁREAS DO CONHECIMENTO Cirlene da Silva Fernandes Assistente Técnico ASSISTENTE DO LIVRO E LEITURA Rogério Soares de Moura REGIONAIS E COORDENADORES DE ENSINO BAIXADAS LITORÂNEAS - Valéria de Souza Kubis CENTRO SUL - Gilberto Cytryn DIESP - Valéria Evangelista Nascimento MÉDIO PARAÍBA - Adriana de Souza Vidal METROPOLITANA I - Lilian Aparecida Almeida Garrit dos Santos METROPOLITANA II - Francisca Deise Camargo METROPOLITANA III - Teresinha Maria Marques Ramos METROPOLITANA IV - Simone Alves Pieroni METROPOLITANA V - Maria Angelica Soares Silva METROPOLITANA VI - Lela Pinto METROPOLITANA VII - Vanderlea Barreto do Amaral NOROESTE FLUMINENSE - Giovana Figueiredo de Oliveira NORTE FLUMINENSE - Renata Rangel Arrigoni Pena SERRANA I - Ellen dos Santos Procopio Salles SERRANA II - Vivian Rodrigues Araujo
AUTORES (Mediadores de Leitura) Alessandra Rodrigues da Silva Aline Junger Bezerra Aline Machado Collares Ana Carolina de Carvalho Ferreira Lima de Souza Ana Lúcia da Silva Coutinho Ana Lúcia Machado Hernandes Correa Andreia Ferreira Farias Bruna de Oliveira Santos Pinto Carmen Lúcia Mello Cláudia Pereira Christovão Dafini Martins da Câmara de Melo Débora Resende Rodrigues Edson Chianca de Souto Elisangela Andrade do Nascimento Heloisa Maria da Silva Alves Sales Janai Encarnação Jorginete do Espírito Santo Senna Jorgineth Maria Oliveira Josely da Silva Rocha Kátia da Costa Pereira Ronze
Leandro Augusto da Cunha Azevedo Leila Rossi de Siqueira Campos Lien Ribeiro Borges Liene de Mattos Wermelinger Lúcia Rodrigues dos Santos Balestro Luciana Nogueira de Oliveira Márcia de Oliveira Lima Fitaroni Márcia Guimarães da Silva Rocha Marcos Coutinho Ladislau Maristela Vascondelos do Amaral Carias Michelle Maria Antônio Barros Mônica de Queiroz Valente da Silva Monique Ferreira Gadioli Normet Galdino Viana da Silva Roberta de Lima Portela Simone Araújo dos Santos Solanilda Nascimento Costa Vanda Fasolo da Cunha Verônica de Fátima de Souza Caetano Vivian Aparecida da Silva
INSTITUTO AYRTON SENNA PRESIDENTE Viviane Senna DIRETORA DA ÁREA DE EDUCAÇÃO Ana Maia GERENTE EXECUTIVA Simone André GERENTES DE PROJETO Cynthia Sanches Helena Faro Maria Cláudia Leme Lopes da Silva Mônica Pellegrini Rita Carmona Moreira Leite ANALISTA DE PROJETOS Gustavo Mendonça
AGENTES TÉCNICOS Ionilma Andrade Ferreira Renata Lazzarini Monaco LEITURA CRÍTICA: Carla de Meira Leite Cirlene da Silva Fernandes Ionilma Andrade Ferreira Renata Lazzarini Monaco Rogério Soares de Moura REVISÃO Ieda Lebensztayn EDITORAÇÃO Amí Comunicação & Design
CAPÍTULO 1 CAPÍTULO 2
A vida é feita de histórias | Débora Resende Rodrigues
pág. 16
Vivência na Mediação | Michelle Maria Antonio Barros
pág. 23
Autobiografia de Janai Encarnação | Janai Encarnação
pág. 28
Em busca da palavra plena | Solanilda Nascimento Costa
pág. 32
Mediadora sim, supervisora, não! | Josely da Silva Rocha
pág. 42
Ciranda | Alessandra Rodrigues da Silva
pág. 46
Mediação de Leitura: quem sou? | Monique Ferreira Gadioli
pág. 52
Os heróis da Leitura | Leandro Augusto da Cunha Azevedo
pág. 58
Como me tornei mediadora de leitura | Jorginete do Espirito Santo Senna
pág. 64
Recordo-me com satisfação | Elisangela A. do Nascimento
pág. 69
Diário de uma Mediadora | Simone Araujo dos Santos
pág. 74
Um Projeto de Leitura para “Além das Grades” | Edson Chianca de Souto
pág. 82
Autobiografia 2016 | Lucia Rodrigues dos Santos Balestro
pág. 91
Uma caminhada para não enferrujar | Monica De Queiroz Valente da Silva
pág. 98
Desafios e Conquistas | Ana Lucia Machado Hernandes Correa
pág. 112
Um novo olhar sobre a leitura na educação | Andreia Ferreira Farias
pág. 120
Uma vida à leitura | Dafini M. Da Camara de Melo
pág. 130
Minha história com a leitura e da minha relação com a literatura | Ana Lucia Coutinho
pág. 141
Percorrendo novos caminhos | Marcia Guimaraes da Silva Rocha
pág. 145
Aprendendo com a Mediação | Luciana Nogueira de Oliveira
pág. 150
Caminhos percorridos por uma mediadora | Jorgineth Maria Oliveira
pág. 156
CAPÍTULO 3 CAPÍTULO 4
Mediador de Leitura: compartilhar experiências e multiplicar soluções | Lien Ribeiro Borges
pág. 166
Educação, vida, história: a mediação como reflexão | Bruna de Oliveira Santos Pinto sobre o fazer do agente de leitura
pág. 177
Mediação de Leitura: um caminho de sucesso | Leila Rossi de Siqueira Campos
pág. 180
Mediação de Leitura: Lembranças que não se apagarão | Liene de Mattos Wermelinger
pág. 187
A Menina, a Professora e a Mediadora | Aline Junger Bezerra
pág. 205
Um “NORTE” protagonista! | Marcos Coutinho Ladislau
pág. 209
Tantas coisas pra contar... | Verônica de Fátima de Souza Caetano
pág. 216
O que foi? O que será? | Normet Galdino Viana da Silva
pág. 223
Venci obstáculos, conquistei! | Katia da Costa Pereira Ronze
pág. 227
E assim me tornei mediadora de leitura | Marcia de Oliveira Lima Fitaroni
pág. 233
E a vida me ensinou | Heloísa Maria da Silva Alves Sales
pág. 240
Mediação: verso, rima e amor | Maristela Vascondelos do Amaral Carias
pág. 250
Transformação | Claudia Pereira Chirstovao
pág. 258
Pelos meios da Mediação de Leitura | Vivian Aparecida da Silva
pág. 265
Minha ação protagonista | Roberta da Lima Portela
pág. 274
Caminhos e escolhas: da sala de aula à sala de leitura | Ana Carolina Souza
pág. 281
O projeto dos projetos: Sim, eu fui mediadora de leitura | Aline Machado Collares
pág. 286
Minha história na Mediação de Leitura | Vanda Fasolo da Cunha
pág. 294
Uma história que não acaba aqui | Carmen Lúcia Mello
pág. 301
Apresentação
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Registrar o percurso do programa de leitura escolar da rede estadual do Rio de Janeiro, desde seu início em 2013, é muito mais do que contextualizar sua idealização e do que apresentar ações e dados da sua implementação. Valorizamos, sobretudo, seu impacto nas vidas envolvidas. Todo trabalho se resumiria a uma fria estatística, se não vislumbrássemos, por trás de números e gráficos, o universo de sentimentos, saberes e experiências que se abrem a quem se rende ao prazer de ler. Assim, não são apenas 900 Agentes de Leitura formados em 2014, 988 em 2015 e 711 em 2016. São profissionais transformadores das bibliotecas e salas de leituras escolares capacitados para, através da mediação da leitura, darem vida a personagens, lugares, romances, tragédias e aventuras, formando leitores de livros, da vida e do mundo, em 85% dos municípios do Estado do Rio de Janeiro. Da mesma forma, o sucesso da implementação do programa de leitura escolar em cerca de 90% das escolas da rede traduz muito pouco do singular e indescritível processo de descoberta e desenvolvimento de relações afetivas de um aluno com a leitura. Esses cuidados estiveram presentes em todos os momentos que compuseram a parceria Seeduc/Instituto Ayrton Senna no decorrer desses três anos, norteando planejamentos e ações. Mérito, responsabilidade e conquista dos muitos atores envolvidos: diretores e coordenadores de ensino, agentes e assistentes técnicos, mediadores de leitura, agentes de leitura, diretores escolares, coordenadores pedagógicos e professores. Parte importante dessa história está resumida neste E-book. Nele são apresentadas as autobiografias dos mediadores de leitura, em um esforço não apenas de valorização da vivência desses atores, mas como garantia da preservação da memória de um trabalho inovador, que poderá orientar profissionais da área de educação, agora e no futuro. Cirlene Fernandes e Rogério Soares Coordenação de Áreas do Conhecimento, SUPED Secretaria de Estado de Educação
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Introdução As páginas desse livro começaram a ser escritas em um longínquo 2013. Longínquo? Sim! Afinal, foram tantas as experiências vividas que, hoje, o ano de 2013 parece nos remeter ao início de uma grande jornada. Nos anos seguintes, 2014 e 2015, essa história continuou a ser escrita. Ela cresceu, ganhou corpo. Em seus diversos capítulos, tivemos de tudo um pouco: descobertas, surpresas, desafios, medos, aprendizados, suor, parcerias, conquistas, gargalhadas, lágrimas... mas a maior protagonista sempre foi a leitura! Hoje, em 2016, queremos contar essa história, que foi escrita por muitas mãos: alunos, agentes de leitura, professores, familiares, equipes escolares, equipes regionais, equipes centrais e equipes de apoio. E os contadores dessa história serão personagens-autores muito importantes dessa narrativa: os mediadores de leitura! Ao permitir que acessemos suas memórias e vislumbremos seus corações através de suas autobiografias, os mediadores de leitura oferecem a todos nós, leitores, a oportunidade de adentrar nessa jornada, testemunhando todo um processo de construção coletiva de conhecimentos, transferência de aprendizados, a semeadura das sementes, a colheita dos frutos, o cuidado em tratá-los e mantêlos... E, além disso, permitem-nos acessar seus sentimentos, ideias, histórias de vida, resultando numa rica narrativa, com uma bela diversidade de nuances gerada pelos olhares individuais de cada um de nossos autores. Esperamos, por fim, que essa história possa ser soprada pelos ventos para todas as direções. E que os olhos que a admiraram jamais se fechem. Que os ouvidos que apreciaram a sua sonoridade jamais se ensurdeçam. E que os corações que a amaram jamais se endureçam. E quem quiser que a conte outra vez! Rita Carmona, Renata L. Monaco e Ionilma Andrade Ferreira Equipe do Instituto Ayrton Senna Programa Jovens Leitores em Ação
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Participantes 1
Alessandra Rodrigues da Silva
23 Lien Ribeiro Borges
2
Aline Junger Bezerra
24 Liene de Mattos Wermelinger
3
Aline Machado Collares
25 Lúcia Rodrigues dos Santos Balestro
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Ana Carolina Souza
26 Luciana Nogueira de Oliveira
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Ana Lúcia Coutinho
27 Márcia de Oliveira Lima Fitaroni
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Ana Lúcia Machado Hernandes Correa
28 Márcia Guimarães da Silva Rocha
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Andreia Ferreira Farias
29 Marcos Coutinho Ladislau
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Bruna de Oliveira Santo Spinto
30 Maristela Vasconcelos do Amaral Carias
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Carmen Lúcia Mello
31 Michelle Maria Antônio Barros
10 Cláudia Pereira Christovão
32 Mônica de Queiroz Valente da Silva
11 Dafini M. da Camara de Melo
33 Monique Ferreira Gadioli
12 Débora Resende Rodrigues
34 Normet Galdino Viana da Silva
13 Edson Chianca de Souto
35 Roberta de Lima Portela
14 Elisangela A. do Nascimento
36 Simone Araújo dos Santos
15 Heloísa Maria da Silva Alves Sales
37 Solanilda Nascimento Costa
16 Janai Encarnação
38 Vanda Fasolo da Cunha
17 Jorginete do Espírito Santo Senna
39 Verônica de Fátima de Souza Caetano
18 Jorgineth Maria Oliveira
40 Vivian Aparecida da Silva
19 Josely da Silva Rocha 20 Katia da Costa Pereira Ronze 21 Leandro Augusto da Cunha Azevedo 22 Leila Rossi de Siqueira Campos
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METROPOLITANA I
METROPOLITANA V
NOVA IGUAÇU
DUQUE DE CAXIAS
JAPERÍ
QUEIMADOS MESQUITA
NILÓPOLIS
BELFORD ROXO S. J. MERITI
SÃO GONÇALO METROPOLITANA VII
METROPOLITANA II
Capítulo 1 Metro I, II, V e VII
Nosso universo de mediadores é bem amplo! Neste capítulo temos um biólogo que se apaixonou pela mediação e uma mediadora que foi pioneira de ações de incentivo à leitura em sua cidade há quase 30 anos! Muitos deles tiveram a influência da família para ingressar no universo dos livros, uma das nossas autoras lembra, com carinho, dos clássicos infantis e confessa sua admiração pela Chapeuzinho vermelho, mas vai logo avisando: gostava mais do Lobo mau! Percebemos nas autobiografias que muitos dos nossos mediadores cortejam a literatura desde sempre. É gente que frequenta saraus e rodas de leitura, lá em Valença, é menina de dez anos que amanhece e anoitece agarrada aos enigmas de Agatha Christie. Como se isso já não bastasse para querermos ler tudinho, ainda tem espaço para muita emoção. Heróis anônimos como a avó analfabeta que fez de tudo para dar educação a nossa mediadora e histórias de superação e ressignificação da docência, das relações com os outros e consigo. Você não vai querer perder essas histórias. Boa leitura!
Aqui, entre maciços e vales verdes, muita gente entrou nessa de onda de ler. Quer conhecer? Vire a página. Você vai se surpreender!
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A vida é feita de histórias Débora Resende Rodrigues
Filha de professora, neta de agricultor! Essas duas definições deram início à minha trajetória leitora. A leitura tão presente na casa da minha mãe e os momentos na casa do meu avô (do vozinho, como o chamava) despertaram a minha vontade de ler. Minha mãe tinha muitos livros, que ilustravam o seu ofício e o seu prazer. Já na casa do meu avô, com as minhas primas, escutava os clássicos da Literatura Infantil, admirava a Chapeuzinho Vermelho, porém gostava mais do Lobo Mau. Sua astúcia me encantava. Até hoje tenho dificuldade para gostar dos mocinhos. Enfim, não sou fã deles! Ainda procuro uma personagem que mude a minha opinião. Voltando ao meu avô... mas para voltar a ele, preciso falar da minha mãe. Toda autobiografia vem acompanhada de biografias, não tem jeito! Minha mãe saiu do Ceará aos 23 anos. Veio para o Rio de Janeiro, e eu nasci aqui. Então, visitar os meus avós era uma tarefa anual. Por isso, tive “momentos” com o meu avô. Eram muitos afazeres: divertir-me,
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brincar (e brigar) com os primos, passear... evitava os adultos. Gostava da minha liberdade de criança. Mas de um momento ninguém escapava. Era o momento do estudo bíblico. Confesso: achava chato! Meu avô era exigente e fazia perguntas interpretativas cabulosas, e eu quase sempre errava as respostas. Torcia para que os meus primos errassem também, mas eles tinham mais prática e estavam bem espertinhos! Sentávamos em roda, cada um com uma Bíblia ou revista bíblica. Todos caladinhos, esperando o meu avô começar. Minha avó também participava, mas eu tinha mais medo do meu vozinho. Homem grande, forte e bonitão! Nessa época, comecei a perceber a mágica da leitura. Gostando ou não, estávamos reunidos, concentrados e aprendendo. Também passei a perceber o valor de quem a oportuniza, a postura de quem propõe uma leitura e seus objetivos tão claros. Quando acertava um feito de Ruth, ficava toda serelepe (para quem não sabe, Ruth foi uma mulher nota 10, segundo as narrativas bíblicas). De fato, sentia-me uma verdadeira conhecedora das histórias bíblicas. Meu avô me elogiava e eu quicava de alegria (só por dentro, é claro). O estudo era coisa séria. Mais uma vez, percebi outro ponto importante que surge na leitura: o incentivo. As rodas de leitura eram modestas, sem ensaio, começavam e se desenvolviam naturalmente, contudo eram muito ricas. O mais valioso era a interação que tínhamos. Mesmo diante do controle tão bem imposto pelo meu avô, ele dinamizava diálogos, reflexões, correlacionando as histórias que líamos às nossas vidas. Era um momento nosso. Sentia-me tão acolhida! Meu vozinho sempre soube como nos fazer sentir protegidos. Seu José Resende (o vozinho) era muito inteligente. Tinha habilidades de arquiteto, engenheiro, professor. Contudo, não tinha estudado, não conseguiu! Alfabetizou-se sozinho através de uma janela. Sim, uma janela!
AUTOBIOGRAFIAS
DÉBORA RESENDE RODRIGUES
A janela de uma escola que havia no caminho para a sua labuta na roça. Ele parava um pouquinho e absorvia o máximo que podia. Ai! Agora as lágrimas caíram. Sempre me emociono com essa história. Meu avô sempre me emocionou! Aqueles momentos com o meu avô foram tão marcantes que sinto o cheirinho dele, da Bíblia, lembro-me dos meus primos, do jeito que tínhamos, dos nossos cabelos arrepiados e as roupinhas hilárias que usávamos. Naquela época da minha infância, nem pensava nas teorias que envolviam o ato de ler, mas sentia os benefícios dele. A leitura nos envolve, marca, fortalece ações que ficam na memória. Na vida cotidiana, aqui no Rio, minha mãe era a minha professora. Ao pé da letra, mesmo! Ela foi a minha alfabetizadora e a minha professora de história até o 9º ano do Ensino Fundamental! Confesso, ainda sou sua aluna. Ainda aprendo muito com ela! Minha mãe tem muito do meu avô: além da lindeza, é uma mulher forte, professora de mão-cheia, idolatrada pelos seus alunos e ex-alunos. É bem¬-humorada, exigente, responsável. Suas aulas de história mudavam a vida de qualquer um. Com ela, aprendi a fazer fichamentos, resumos. Suas propostas de leitura eram prazerosas e sempre dialogadas. Tudo o que era lido era interpretado! A casa da minha mãe sempre foi lotada de livros. Hoje, a minha casa também é assim! Alguns deles ainda não li. Muitos, eu devorei e os coloquei na minha história. Não consigo separar a minha trajetória de vida do ato de ler, da leitura das coisas, das pessoas. Sempre li o mundo! Diante disso, percorri o caminho do magistério. Acho que sempre fui professora, nasci professora! Ensinava aos meus amigos, ao meu irmão. Adorava quando eles escreviam algo errado. Era a minha oportunidade de atuar.
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Mas não era boa aluna em todas as aulas. Era mediana e bem levada em algumas! Se a aula fosse produtiva, prazerosa, cheia de diálogo... eu adorava e me entregava! Caso contrário, o tédio me consumia e qualquer coisa me distraía! Poucos foram os professores que me cativaram ao longo da vida. Mas carrego um amor verdadeiro por aqueles que invadiram o meu mundo e viajaram comigo. Por causa deles me tornei professora. Minha labuta profissional começou cedo, aos dezesseis anos de idade. Iniciei o Curso Normal aos treze anos, aos dezesseis já era professora. Dividia o meu tempo entre dar aulas para o 1º segmento do Ensino Fundamental em uma escola particular e ser auxiliar de secretaria em outra escola. Ganhava pouco, mas sentia-me rica! Nunca conheci outra forma de ganhar dinheiro a não ser através do trabalho. E ainda estudava à noite, cursava Letras! Assim caminhei por uns anos. Aos vinte anos, concluí a graduação, saí dos trabalhos e comecei a me preparar para prestar concurso. Nesse ínterim, vendi bolos, muitos bolos! Não sei se eram tão gostosos! Creio que não. Mas sempre vendia tudo. Logo, fui chamada para um concurso que tinha feito. Quando recebi o telefonema, pulei e chorei de alegria. Minha primeira convocação! Enfim, servidora pública, professora! Professora da Prefeitura de Queimados, na qual estou até hoje, aos 31 anos! Uns três anos depois de ingressar em Queimados, fui convocada para o Governo do Estado do Rio de Janeiro, no qual também atuo. Mais uma alegria! Daqueles tempos para cá tanta coisa aconteceu, tanta coisa mudou! O magistério é uma das poucas profissões que permitem transições. Cada ano é um ano diferente! Alunos diferentes, turmas diferentes, colegas, equipe! No fundo, gosto da sensação de não saber o que vem pela frente! De enfrentar desafios! E nesse contexto, surgiu a oportunidade de atuar como Mediadora de Leitura.
AUTOBIOGRAFIAS
DÉBORA RESENDE RODRIGUES
Melhor dizendo: de ser Mediadora de Leitura. Assim como sempre serei professora, serei mediadora, pois o encanto que essa função despertou em mim não acabará. Entranhou no meu peito, no meu agir, na minha prática! Lembro-me de todos os detalhes de quando iniciei na Mediação de Leitura. O e-mail que o meu Diretor me mostrou, a seletiva na Regional, as pessoas, a dinâmica do dia! Fui de coração aberto e disposta, entregue a tudo que viria, ao desconhecido! De 2013 ao presente ano, tive muitas alegrias na caminhada da Mediação. Aprendi muito! Levei aprendizado. Fiz amigos, contribuí para a formação de leitores, para a construção de uma sociedade mais justa. Vi bibliotecas ressurgindo, florescendo, agentes de leitura e alunos encantados, espalhando a mágica da leitura. Vi olhos brilharem de uma maneira que não consigo descrever. Chorei emocionada ao presenciar tanta coisa boa, tanta gente boa, tanta luz, beleza, compromisso e vontade! Vi e ainda vejo o poder de mudança oportunizado por um projeto tão rico. Quantas vidas mudaram. A minha também mudou! Hoje sou uma leitora melhor, uma professora melhor, uma pessoa melhor! Não há exagero em minhas palavras, há comoção e verdade! Saio um pouco da minha autobiografia, para saudar a leitura e seus feitos tão bem representados pela Mediação de Leitura. A mediação que ocorre do Mediador para o Agente de Leitura, do Agente de Leitura para os alunos e professores, dos alunos para seus pais, amigos, amores. Essa multiplicação frenética do saber, que nos envolve e nos faz acreditar uns nos outros. Sou grata a Deus por todo o caminho que já percorri e desejo outros. Desejo que a vontade, o compromisso, o prazer e a esperança de dias melhores estejam presentes na minha vida e na minha profissão. Desejo muito brilho no olhar, emoção e garra. Desejo uma Educação melhor,
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uma sociedade melhor, pessoas melhores. Desejo vidas repletas de histórias bonitas, de livros que libertem e que preencham os vazios com o conhecimento. Minha autobiografia acaba apenas aqui. Ainda tenho muito pela frente, e, assim como comecei, vou sem medo, vou com fé e determinação, levando comigo tudo e todos que compuseram e compõem a minha história!
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Vivência na Mediação Michelle Maria Antonio Barros
A palavra que é escrita talvez seja a que mais fala, traduz o que o peito grita sempre que a boca se cala. Miriam P. Carvalho
Ao cair das folhas de abril, mais especificamente em abril de 1982, nasci numa pequena cidade do interior fluminense: Valença. Logo vim morar na capital, porém muitas vezes retornei a essa saudosa cidade que muito me inspirou a seguir o caminho das Letras. Suas ruas pequenas e alegres exalavam arte através de artistas locais, nos finais de semana, nas praças, sempre havia roda de leitura e sarau ... isso já me fascinava! Fui crescendo neste meio.
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Dividida entre a cidade grande, com seus agitos, e a pequena, com seus encantos artísticos, fui crescendo, vendo meus pais, leitores frequentes, mas que tinham formação um pouco diferenciada da que eu viria a seguir. Meu pai aeroviário e minha mãe professora de exatas (Matemática e Física), mas os dois sempre nos cercavam de livros. Em 2001, ingressei na Universidade Federal do Rio de Janeiro para cursar Filosofia, porém no decorrer de alguns meses desisti do curso. No ano seguinte, ingressei dessa vez em Letras, curso em que realmente me encontrei. Durante o período em que estive na Universidade tive a possiblidade de ‘viajar’ em diversos mundos literários da natureza acadêmica, o que me possibilitou escolher ao final do curso a área mais específica que continuaria a estudar. Após a conclusão da graduação, iniciei a Pós em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, área pela qual tenho grande fascínio. Durante a pós-graduação trabalhei em algumas instituições privadas, até que em 2008 fui convocada para assumir a 1ª matrícula na Secretaria Estadual de Educação. Foram seis anos de dedicação ao Ensino Médio noturno, no qual tive muitos desafios e aprendizados. Durante esse tempo fui convocada para assumir a 2ª matrícula, esta em um município da baixada, Duque de Caxias, então ministrei aula para alunos do ensino fundamental II no 5º Distrito. Lecionei em duas realidades completamente distintas durante dois anos, mas sempre percebi que meus alunos desejavam mais a leitura (nas suas mais diversas maneiras) e, sempre que podia, oportunizava a eles esses momentos. Até que em 2012 mudei de Unidade Escolar e comecei a lecionar no centro de Duque de Caxias na Metropolitana V e no Ensino Médio diurno na Metropolitana III.
AUTOBIOGRAFIAS
MICHELLE MARIA ANTONIO BARROS
No ano de 2013 participei de uma seleção na Regional Metropolitana V para Mediadores de Leitura e desde então estou atuando na Mediação. Lembro-me das primeiras reuniões, onde ainda era tudo muito novo, não sabíamos ao certo como trilhar a mediação, mas tínhamos certeza de que daria ótimos frutos. Logo após a seleção tivemos uma reunião regional de apresentação da equipe e alinhamento, quando conheci outras duas mediadoras que acompanhariam as 83 Unidades Escolares da Regional Metropolitana V comigo. Depois ocorreu a primeira reunião na Escola Seeduc, quando tive a dimensão do projeto, quantas pessoas envolvidas, a parceria com o Instituto Ayrton Senna e também alguns percalços que teríamos. Logo no início, para mim, o primeiro desafio foi conhecer as Escolas, saber onde estavam e ir até cada uma delas, pois atuo como mediadora em um município e resido em outro. Antes de cada visita, fiz contato com os diretores (ainda faço, é uma prática recorrente) para agendarmos. Muitas vezes fui bem recebida, outras cordialmente, mas com aquele olhar um pouco apreensivo do tipo “Mais um projeto para nossa escola? Mais uma pessoa para nos supervisionar?”. Afinal era um projeto novo, no qual tanto os mediadores quanto os agentes estavam repletos de dúvidas e anseios, porém desde as primeiras formações fomos instruídos a trabalhar com a formação em serviço. Em cada reunião partilhamos as experiências e também as frustrações, o que ajudou muito na minha formação, pois assim observava que a resistência ao novo era comum a muitas regionais e não apenas à minha, embora não fosse tão novo, pois muitas unidades já realizavam algumas das ações de leitura elencadas no Desafio, mas com nomenclaturas diferentes. Alguns Agentes de Leitura de início foram muito resistentes à mudança, pois estavam acostumados à prática do simples empréstimo de livros,
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outros nem na Sala de Leitura atuavam, porque estavam desviados da função. Enfim, a chegada da Mediação de Leitura nas escolas fez uma grande transformação. Alguns Agentes de Leitura até pediram mudança de função, pois perceberam que não se encaixariam nessa perspectiva e nas atribuições dos agentes, o que resultou em algumas escolas sem agentes no início; mas os que permaneceram ficaram tão entusiasmados e encantados com o Programa JLA (Jovens Leitores em Ação) e com o PLE (Projeto de Leitura Escolar), que passou a vigorar uma nova roupagem em nossas salas de Leitura e com o passar dos meses recebemos outros agentes. É claro que ainda não temos todas as Unidades com Agentes de Leitura, mas, na ausência destes, a coordenação pedagógica tem abraçado o projeto efetivamente. Ao longo da mediação adquiri diversos conhecimentos, além de conhecer pessoas incríveis, vivenciar mundos e realidades diferentes em cada escola visitada, cada reunião com mediadores, também aprimorei muito meus conhecimentos com a EaD oportunizada pelo Instituto Ayrton Senna, que nos proporcionou muitos debates através dos fóruns, o conhecimento de novas ferramentas (nuvem de palavras, tabulação de dados etc.) e a realização do Caderno de nossa Regional em 2015. Foi e está sendo uma caminhada muito importante, de crescimento tanto profissional quanto pessoal. Na Mediação de Leitura vivenciei diversos momentos tocantes, fica até difícil elencar alguns. Um momento macro foi em 29 de agosto de 2014, quando realizamos, com apoio da coordenação pedagógica da Regional Metropolitana V, o 1º Concurso Aluno Escritor – Metro V. Foi um evento realizado no auditório do Colégio Pedro II que contou com a presença de Membros Regionais, Diretores, Agentes de Leitura e Alunos; fizemos a premiação das melhores produções textuais por gênero, apresentação de coral, contação de histórias, apresentação teatral; enfim, foi um dia memorável.
AUTOBIOGRAFIAS
MICHELLE MARIA ANTONIO BARROS
Vivenciei outro momento um pouco menor, porém não menos importante, na Unidade Escolar C E Vinícius de Moraes. Fui convidada pela Agente de Leitura para um Chá Literário com alunos, professores e responsáveis; além de lindas apresentações, ouvi um belo depoimento de uma mãe dizendo que as duas filhas se transformaram depois que começaram a ficar à tarde na escola com a “tia da leitura”. E o melhor ainda estava por vir: a mãe completou dizendo que a mudança das meninas foi tão grande, que o pai (iletrado) começou a se interessar e, todas as vezes em que as meninas levavam algum livro para casa, a mãe tinha que ler para o marido também. Com certeza vivenciei muitos momentos bons e emocionantes que eu ficaria relatando por horas a fio, mas os dois já retratam a recompensa de ver que o trabalho está alcançando os mais diversos espaços, que vai muito além dos muros da escola. Enfim, durante todo o tempo da mediação trabalhei em parceria com os Agentes de Leitura, sempre estabelecendo relação de confiança e ajuda; percebi que ao longo desses quatro anos muitos mudaram a postura diante de sua função, muitos ganharam a visibilidade e o espaço que, até então, não tinham dentro da Unidade Escolar. Não foi fácil, essa inclusão foi construída aos poucos, a cada dia um novo recomeço. Durante esse período, tive o apoio de responsáveis pelo Programa de Leitura da rede, Coordenadora de Ensino, da Assistente técnica do IAS, e de outros mediadores que muito colaboraram para minha caminhada na Mediação de Leitura. Decerto que a Mediação deixará saudades, não somente em mim, mas nas Agentes de Leitura, nos Mediadores, enfim em todos nós que participamos desse processo de formação; porém, é preciso transpor outros desafios e torcer para que nossas Agentes de Leitura não desistam deste lindo e frutuoso projeto!
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Autobiografia Janai Encarnação Janai Encarnação
No final do primeiro semestre de 2015 aceitei o desafio de atuar na função de Mediadora de Leitura, que consiste em acompanhar, junto às escolas estaduais da Regional Metropolitana ll, o Projeto de Leitura Escolar (PLE) e o Programa Jovens Leitores em Ação (JLA). O Projeto de Leitura Escolar (PLE), parte do Programa Estadual de Leitura (PEL), consiste em um conjunto de propostas e orientações que visam a garantir o acesso e a permanência de diferentes práticas leitoras, fundamentais para o desenvolvimento cognitivo, cultural e social dos alunos, visto que a leitura é essencial na contextualização dos conteúdos, em todas as disciplinas das áreas de conhecimento. O PLE prevê a realização de ao menos 4 (quatro) ações de incentivo à leitura e 2 (dois) eventos escolares, ao longo do ano, além do Circuito do Livro. E o programa Jovens Leitores em Ação é uma parceria do Instituto Ayrton Senna com a Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro que tem como objetivo a transformação da biblioteca/sala de leitura em um espaço educativo que fortaleça a aprendizagem escolar e permita que os estudantes desenvolvam competências para o século XXI.
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O Programa Jovens Leitores em Ação é composto por duas propostas pedagógicas: O Desafio de Leitura e as 9 Atitudes que Impactam a Sala de Leitura. O objetivo em publicar esse material é orientar, valorizar, apoiar e fomentar os profissionais na área da educação que estejam interessados em trabalhar a leitura e a produção textual junto ao nosso alunado. A Metropolitana ll conta com 75 escolas, e sou responsável por acompanhar 25 escolas. Apesar de iniciar o trabalho em junho de 2015, era a primeira visita das escolas, pois a antiga mediadora não realizou nenhuma visita. A minha preocupação no início era ter uma visão geral das escolas sob minha responsabilidade. Eu tinha muitas dúvidas e inseguranças, pois ainda não havia participado da Formação dada pelo Instituto Ayrton Senna, e um dos objetivos dessa nova função é formar e acompanhar as agentes de leitura nas bibliotecas/salas de Leitura nas escolas, muitas já eram formadas e participavam do projeto desde 2013, quando iniciou a proposta. Como formar, se eu não era formada? Os desafios foram muitos no início. Já na minha primeira capacitação em agosto, quando eu seria apresentada para o grupo de mediadores, a minha equipe, Metro ll, tinha que fazer uma capacitação para os Mediadores de Leitura. Aos poucos, com bastante estudo do material do Projeto JLA e troca de experiências com meus parceiros de equipe, o trabalho tornou-se mais fácil, pois ser um mediador de leitura demanda muita dedicação e comprometimento, porém muito gratificante. Apesar do desafio, o trabalho com JLA representou um crescimento profissional e pessoal. O cenário encontrado era variado: 1. Escolas que não desenvolviam o JLA, apenas as ações de incentivo à leitura do PLE; 2. Escolas que estavam com o projeto JLA estagnado; 3. Escolas que efetivamente desenvolviam o JLA.
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JANAI ENCARNAÇÃO
Diante do quadro acima, algumas medidas estratégicas foram tomadas com o intuito de melhorar a questão dos projetos de leitura, tais como: Formações; Formações em serviço (Visitas); e-mails; Whatsapp para dar o suporte que as agentes necessitavam. Com isso, foi possível melhorar consideravelmente este quadro. Porém, certas escolas e agentes de leitura são muito resistentes a mudanças e aceitar certos projetos, apesar de terem ciência dos benefícios fundamentais para o desenvolvimento cognitivo, cultural e social, que a leitura proporciona ao nosso alunado. Visto que a leitura é essencial na contextualização dos conteúdos, em todas as disciplinas das áreas de conhecimento. Durante todo esse tempo acompanhando o projeto, uma coisa ficou muito clara pra mim: se quisermos que o projeto seja bem-sucedido e exitoso, é de suma importância que a agente de leitura seja apta a desenvolver uma função pedagógica, que seja comprometida, formada e acompanhada em serviço. Nem precisa mencionar que o apoio e suporte da equipe gestora são importantíssimos; caso a agente não tenha as características citadas acima, o projeto pode ficar comprometido. Ao longo desse período trabalhando com a mediação de leitura pude observar a transformação acontecer nas SLs/Bibliotecas. Um espaço que estava esquecido e em desuso na escola, para um lugar onde os alunos tenham prazer em frequentar e realizar as atividades propostas, uma biblioteca viva e alegre. O JLA este ano foi muito prejudicado por diversas razões, como crise financeira no Estado, greve de professores e ocupações nas escolas. Porém, nas escolas onde as agentes abraçaram o projeto, eram dedicadas e comprometidas, o projeto continuou sendo desenvolvido apesar de todas as dificuldades.
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Em busca da palavra plena Solanilda Nascimento Costa
E eu não sabia que minha história era mais bonita que a de Robinson Crusoé. Carlos Drummond de Andrade
Comecei minha carreira no magistério enfrentando os desafios da leitura, e hoje, quase quarenta anos depois, trabalhando como mediadora de leitura do PLE e do JLA, tenho a sensação de uma volta ao começo. Em 1988, fui convidada para coordenar a sala de leitura de uma escola pública de São Gonçalo, no Grande Rio. Peguei toda a minha experiência de mais de dez anos de magistério e coloquei no papel. O fato é que sempre trabalhei com crianças carentes: a vivência delas era bastante rica, mas não cabia dentro da escola. Mergulhei de cabeça no meu trabalho.
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Falava muito em “amarrar ideias” e uma amiga me deu um rolo de barbante de presente. Era uma piada bondosa, mas que apontava também para o quanto era vã a minha tentativa de fazer da sala de leitura um trabalho que mobilizasse toda a escola. Afinal, havia coisas mais importantes a serem feitas. Aceitei o desafio e dei ao meu trabalho o nome de Projeto Barbante (PB), para amarrar ideias, pois ideias soltas o vento leva. O PB nasceu de uma convicção minha de que o conhecimento não é neutro, nem apenas técnico, e que eu posso ensinar mais e melhor se souber dos sonhos, ideias e limites do meu aluno. Quanto melhor eu conhecer o meu aluno, melhor será o aprendizado dele e a minha atuação: é muito mais fácil ensinar quando conhecemos os limites dos alunos, e os nossos. Esse conhecimento deve ser mútuo: o professor também deve se deixar conhecer. Eu acreditava, e continuo acreditando, que um aluno motivado é capaz de aprender qualquer coisa que lhe interesse. Ele será capaz de correr atrás, batalhar, de se empenhar para alcançar aquilo que foge ou ultrapassa os seus limites. Tudo isso usando literatura como instrumento fundamental para essa revelação. O PB tem história, e é um dos momentos mais intensos da minha vida profissional. Foi implantado na rede municipal de São Gonçalo de 1991 a 1994, tendo como apoteose da primeira fase a “Minibienal de São Gonçalo – Um encontro com o mundo da leitura”. Nas suas quatro edições participaram escritores como Marina Colasanti, Ana Maria Machado, Ruth Rocha, Sylvia Orthof, Laura Sandroni, Roseana Murray, Rose Marie Muraro, Joel Rufino dos Santos, entre outros; os diretores teatrais Amir Haddad e Augusto Boal etc. Os debates eram realizados no Salão Nobre do Clube Mauá e a feira de livros na quadra. Cada versão do evento, de acordo com os jornais da época, reuniu cerca de 10 mil pessoas.
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SOLANILDA NASCIMENTO COSTA
Ler na apresentação do Projeto de Leitura Escolar (PLE) que “a leitura estabelece redes cognitivas que ultrapassam a tarefa imediata de extrair significados de um texto” e que “com o passar do tempo, o acúmulo dessas redes tem implicações profundas para o desenvolvimento de capacidades intelectuais mais avançadas, tais como inferir, antecipar, comparar, concluir e concordar/discordar, uma vez que a leitura, como o andar, só pode ser denominada depois de um longo processo de crescimento e aprendizado”, ler tudo isso foi como voltar no tempo. E ler no Caderno do Agente de Leitura que um dos objetivos do Jovens Leitores em Ação (JLA) é “promover oportunidades para os jovens atuarem como protagonistas praticando leitura, produção textual e análise crítica na perspectiva dos multiletramentos, mobilizando a comunidade escolar para ler mais e melhor e desenvolvendo competências cognitivas e socioemocionais”, isso também foi uma forma de reviver minha experiência de vida inteira com o Desafio da Leitura. Muita coisa mudou. Estamos vivendo em um tempo bastante conturbado e as dificuldades se refletem dentro das escolas e na prática pedagógica. O aluno já não lê gibi escondido, como há muitos anos atrás, mas usa o celular como uma extensão do próprio corpo, da própria mente. Nesse sentido, o celular pode ser uma ferramenta poderosa e que deve ser incluída, com cuidado e moderação, no cotidiano da relação professoraluno. Mas a importância da leitura continua a mesma. Acredito até que ela é mais importante e mais necessária do que nunca. Todos os trabalhos que acompanhei nas escolas como mediadora me comoveram de uma forma ou de outra. É impossível citar todos com detalhes específicos. Cito aqui o trabalho realizado pelas agentes de leitura Sandra Regina Pereira de Azevedo e Célia Regina Maia, do Colégio Estadual Lauro Corrêa.
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Sandra lembra que neste ano elas trabalharam contos de Machado de Assis, com mural, cardápio de leitura e dramatização, contando com a participação de alunos e professores. Ainda neste ano, elas escolheram O Pequeno Príncipe – obra do escritor, ilustrador e aviador francês Antoine de Saint-Exupéry publicada em 1943 nos Estados Unidos e um dos clássicos da literatura infanto-juvenil – e desenvolveram um trabalho de multiletramento total. Elas sensibilizaram os professores a trabalharem o livro com os alunos e, a partir daí, os alunos escreveram um livro, montaram um coral, assistiram a filmes (literatura no telão), participaram de rodas de leitura e cardápios de livros, enfim, realizaram um trabalho completamente integrado seguindo as propostas básicas do PLE e do JLA. “Todos se envolveram: a direção, os professores, os alunos, a cozinheira, a porteira, a comunidade”, conta Sandra. Cada sala tinha uma frase, e frase boa é o que não falta no livro: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”; “As pessoas são solitárias porque constroem muros ao invés de pontes”; “É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros”; “Todas as pessoas grandes foram um dia crianças – mas poucas se lembram disso”; “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”. Para Sandra, “um livro fechado é um livro morto” e “a leitura pode levar o aluno à conquista de um mundo paralelo, onde ele pode tudo, pode aproximar um colega do outro, é um momento mágico”. Trabalhar Machado de Assis e Saint-Exupéry não deixa de ser uma boa magia. Para Maria do Rosário, do Colégio Estadual Luiza Honória do Prado, “trabalhar como agente de leitura foi um presente para mim, pois amo esse universo de livros”. Para ela, “o JLA veio inovar, dar uma cara nova à biblioteca e possibilitar a participação mais ativa dos nossos jovens, despertando-os. Através desse projeto, a biblioteca passou a ser um espaço mais dinâmico onde os alunos, leitores ou não, gostam de ficar. É interessante ouvi-los dizer que detestam ler, mas muitos pegam livros emprestados depois de me ouvir falar sobre algumas histórias. Os meus
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SOLANILDA NASCIMENTO COSTA
protagonistas do JLA, que não são tão leitores assim, acabaram sendo despertados para a leitura”. Através de uma paródia da cantora Anitta, Maria do Rosário e suas alunas-leitoras cantaram a importância do ato de ler. Josete de Melo, agente de leitura do Colégio Estadual Abigail Cardoso, pintou a sala de leitura com as suas próprias mãos e com seu próprio bolso. Para ela, “as propostas do JLA ajudaram a desenvolver as ações do PLE”, que tiveram como tema geral “Trabalho e Consumo”, e como subtemas “Educação Ambiental e Consumo Consciente”, no primeiro semestre, e “Consumo Responsável e Publicidade”, no segundo semestre. De acordo com a agente, “as ações de incentivo à leitura, como Literatura no Telão, Mesa de Cardápio de Títulos, Carrinho de Livros, entre outras, contribuíram para a melhor compreensão dos temas trabalhados e, graças ao JLA, os alunos passaram a ser protagonistas do seu próprio conhecimento”. No Colégio Estadual Ismael Branco, o tema do PLE 2016 foi “Ética” e envolveu murais, feira interdisciplinar, festa julina, uma dramatização de O Pequeno Príncipe, a apresentação de um Ballet de Cadeirantes etc. O JLA movimentou a escola com ações relâmpagos, ataques poéticos, intervenção com minicontos e contos populares, entre outros. Estão programados um Jornal do Ismael, um Sarau Literário e um evento sobre Consciência Negra. De acordo com as agentes de leitura Cláudia Barcelos dos Santos e Kátia Helena Inácio, “as atividades desenvolvidas com a comunidade escolar contribuíram para o bom desempenho dos projetos e a formação de novos saberes”. Michelle Saramago é agente de leitura do Colégio Estadual Vital Brasil. Ela escreve: “Pelos caminhos do JLA, como Agente, agora tenho ainda mais certeza de que ‘Eu só existo porque nós existimos’, que ‘Eu sou porque nós somos’ (UBUNTU). Estarmos sempre juntos (alunos, agentes, mediadores,
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comunidade escolar...) torna este caminhar possível e cheio de surpresas e lindezas. A riqueza dessa interação traz o empoderamento necessário para que nossos Jovens se tornem, de fato, Leitores desse mundo e que suas Ações sejam nutridas pela importância de serem Protagonistas de suas Vidas!”. E Michelle continua: “A Sala de Leitura nos permite diferentes tempos e linguagens, é preciso entender isso. Porque isso faz dela um espaço único! De fato, é nela que nos enchemos de disposição, abrimos nossas mentes, praticamos a leitura, enfrentamos desafios e dificuldades. Penso e repenso ‘este lugar aqui’ através dos olhos e palavras de quem o faz, de verdade. Que felicidade escutar o que os desafios vividos aqui trouxeram para a Erica Regina: ‘Experiência que me ajuda a vencer, cada vez mais, a timidez e ser EU! #maisfeliz’. Que orgulho estar junto com a Andressa Oliveira, leitora e aluna do time Protagonistamente, onde, a partir do seu texto ‘Sendo um Protagonista do bem’, podemos enxergar e nos emocionar com o nascer de uma escritora e aplaudir a clareza de suas ideias, além de testemunhar como os desafios vivenciados neste espaço impactam sua vida e lhe trazem uma apropriação do que ela é e a certeza daquilo que ela ainda será! Lindo de ver e viver”. No seu texto “Sendo um Protagonista do bem”, escrito em 20 de outubro de 2016, Andressa Oliveira, 13 anos, 8º ano, afirma: “Ser protagonista é ser o personagem principal de uma trama, teatro, novela... O Protagonista é o personagem em que, ao seu redor, gira uma trama ou história, mas na nossa vida nós somos os protagonistas. Contudo, a ‘trama’ (a vida) não gira somente em torno de nós, devemos estar cientes que nós, com nossas atitudes e ações nos tornamos autores da nossa história, porém há uma necessidade: que o enredo dessa história não apenas favoreça a nós, os protagonistas, mas os outros em nossa volta. Um protagonista deve ser um personagem (pessoa) exemplar, com disposição,
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atitudes corretas, que tenha solidariedade, que faça a diferença e não pense apenas em si, no seu próprio bem, mas nas pessoas e no bem delas”. E Andressa conclui: “Seja você um herói ou heroína, que luta por uma sociedade e um mundo melhor, mas antes de mudar o mundo ou a sociedade, comece por você, faça a diferença no meio em que você vive, e você será um protagonista que luta por uma sociedade sadia, e não permita que nada e nem ninguém o impeça disso! Seja um herói ou heroína que faz a diferença!”. Como mediadora, sinto essas realizações como se fossem minhas. Acredito que esse sentimento nasce da consciência de um trabalho de equipe. Já entrei numa escola e encontrei as agentes desmotivadas: estavam sem ritmo, os primeiros meses tinham sido perdidos por causa da greve, não havia mais tempo para fazer nada etc. Então nos sentamos e conversamos sobre a possibilidade de se fazer pelo menos uma atividade. Saí da escola e, alguns dias depois, já estava recebendo mensagens sobre um evento, convites para outros. Quando isso acontece, e às vezes isso acontece, eu me sinto protagonista de uma boa história, feliz por participar de um time vencedor. O fato é que meu tempo na mediação de leitura não chega a um ano, mas já é possível arriscar algumas observações. A primeira delas é quanto ao critério de seleção dos agentes de leitura. É preciso entrega, fôlego, vontade de mudança. É preciso acreditar na leitura como uma ferramenta de formação, de transformação. E isso só é possível com muita energia, com muito gás, com muita dedicação, com muita atitude. A segunda observação é que a leitura deve ser colocada no mesmo nível das disciplinas consideradas nobres como Português, Matemática, Ciências,
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História, Geografia etc., e não como atividade recreativa, complementar: se der tempo faz, se não der, deixa pra depois. Ler é saber, saber ler é saber mais. Sem esse domínio todas as outras disciplinas estarão prejudicadas. Uma terceira observação: o agente de leitura deve ser visto como um protagonista pela escola. Como alguém pode dar protagonismo ao outro se ele próprio não é valorizado? Uma quarta observação: o agente de leitura deve abrir espaço para o verdadeiro protagonismo do aluno. Muita gente diz dar voz e vez ao aluno, mas fica sempre com a palavra 40
Apresentação do coral do Colégio Estadual Lauro Correa com a música “Cativar”, sob a batuta da agente de leitura Sandra Regina Pereira de Azevedo: um belo trabalho de multimídia a partir de O Pequeno Príncipe
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SOLANILDA NASCIMENTO COSTA
final. Como se pode ler no Caderno do Agente de Leitura do JLA, deve-se buscar “o aprimoramento de competências como a comunicação, a colaboração e a liderança compartilhada, fundamentais para o desenvolvimento pessoal dos estudantes e para seus engajamentos na vida cidadã”. Para finalizar, acredito que o ser humano inteiro é o mais importante dos livros. Nesse sentido, o PLE, o JLA e os agentes de leitura são fundamentais para que os jovens aprendam a ler os livros, o mundo e a si mesmos.
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O avião do Pequeno Príncipe no Colégio Estadual Lauro Correa: decolou e cativou corações e mentes protagonistas
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Mediadora sim, supervisora, não! Josely da Silva Rocha
Então chegou abril de 2016. Estava eu quietinha com a minha turma quando a Metro II me chamou, e o convite surgiu. – Quê? Supervisora? – Não. Mediadora. – Mediadora de quê? Com quem? – Mediadora do Projeto de Leitura Escolar (PLE), nas escolas estaduais, com os agentes de leitura, equipes escolares, estudantes e comunidades. – Mediadora, sim. Supervisora, não! – São 25 escolas dentre as 75 do município de São Gonçalo. – Vou endoidar! “Mas se leitura é muito mais que decifrar palavras, quem parar pra ver vai até se surpreender!?” De uma enxurrada de conceitos me apropriei: caderno de agente, do estudante e caderno de mediador também. Um material encantador e bem estimulante. – Me apaixonei! Aceitei, desafiei, comecei. Visitar, acompanhar, apoiar, ou seja, disseminar a leitura, dando uma cara nova às bibliotecas e salas de leitura. Fui em frente!
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Até ações de encontros passei a realizar para envolver a comunidade na adesão aos Jovens Leitores Em Ação (JLA). Acreditei, incentivei. Dificuldades, sim. Encontrei. Apoios, quase nunca. Estímulos dali, mas desestímulos de lá! Estava acostumada. Era hora de batalhar. Dificuldades mil. A mil, a todo vapor. O projeto de leitura precisava se impor. E como fazer para atender a todas as agentes. Colaborar e participar? Então o SAP foi a fada madrinha que encontrei. Sem falar no curso EaD, onde muito apoio eu encontrei e aprendi que sempre serei uma estudante, hoje virtual e atuante. Foi bom! Muito bom! Acompanhar escolas acontecendo, vivenciando o PLE e acompanhar o JLA. Tudo foi feito em equipe. “Um mais um é sempre mais que dois”: agentes, coordenadores, diretores e professores. Mesmo diante de tantos obstáculos, fomos em frente! Arregaçando as mangas e tornando a escola viva – alunos felizes e atuantes: protagonismo juvenil em ação! Chegar a cada escola e com conversas, ideias, incentivos. Esbarrandome com conflitos e problemas e poder fazer acreditar que juntos conseguiremos, eu confesso: foi empolgante! Mediadora, sim. Supervisora, não! Porque mediar é ajudar, acompanhar e viver o acontecer. Já supervisionar é somente constatar se está acontecendo, aconteceu ou não. Em muitas escolas quando eu chegava, era assim, como supervisora que me enxergavam. E aí era gostoso conversar, empolgar e mudar essa visão. Fazia entender que o PLE estava no dia a dia das escolas, dos educadores e estudantes e não podia deixar de pulsar na veia do que vem a ser aprender e ensinar. Eu insisto: Mediadora sim, supervisora não! Vivenciamos saraus, apresentações culturais, cafés literários, palestras, composições mil. Alunos conhecendo e aprendendo a fazer: lendo, recitando, escrevendo, “mandando ver”. Lindos espetáculos de se ver!
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JOSELY DA SILVA ROCHA
Esses foram alguns exemplos do quanto a parceria e o protagonismo juvenil tornam a escola viva, mostrando que se pode sim chegar lá, pois a leitura é sobretudo um despertar. Hoje sei que estou plantando a semente do amanhã. Quando ele vai chegar, eu não sei, mas tenho a certeza de que esse trabalho vai germinar. Bom sim! Foi muito bom! Com meu jeitinho ainda romântico e sonhador não deixei cair a peteca, por isso mesmo deixei marcas e fui marcada por notáveis profissionais criativos e inovadores. Educadores que junto aos nossos meninos, “luz das escolas”, fizeram mesmo acontecer. Como dizia Cecília Meireles: “A vida só é possível reinventada”. Como a leitura nos faz viajar, já ia me esquecendo. Sou a professora Josely da Silva Rocha, desde pequenina adoro brincar de escolinha, lá em Nova Friburgo, cidade em que nasci. Porém me criei em Niterói, onde estudei e me formei, continuando essa brincadeira séria de ser Professora sim e Mediadora também. Hoje, com cinquenta anos de vida e trinta de magistério, quero deixar bem claro: estou Mediadora, Supervisora não. Agora não vou negar, realmente enlouqueci por esse Projeto de educar. A leitura descortina o olhar. Eu não vou negar que estou louca para continuar. Por favor, não podemos deixar essa proposta se acabar!
Desafio de leitura JLA – 1º Encontro de Poesias e Paródias – CIEP 041 Vital Brasil São Gonçalo.
Culminância do PLE 2016 CIEP 410 PAGU em São Gonçalo.
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Ciranda Alessandra Rodrigues da Silva
Quem sou eu? Uma menina-mulher, negra, mãe, esposa, professora e, agora, Mediadora de Leitura. Muito bem-vindos às memórias de uma das fases mais movimentadas e compromissadas da minha vida pessoal e profissional! Para facilitar, divido em começo, meio e... continuidade esta atividade que tanto mexeu com meus ideais, sonhos e conquistas. O começo foi como qualquer outro começo: começou despretensioso, sem eu saber o que realmente queria ou se realmente queria estar ali. Mas, como uma boa otimista, sou curiosa o suficiente para permanecer e ver até onde tudo ia dar. Inscrevi-me no processo seletivo após a insistência de uma diretora (querida Gisele Silveira do CE São Judas Tadeu), não levei fé que iria ser selecionada, já que acreditava que minha experiência era pouca para “habitar” uma Regional Metropolitana. Pois bem, fui selecionada... acho que a entrevistadora foi com a minha cara (Lilian Garrit, te amo!) e a partir dali fui, com jeitinho, conquistando as pessoas, a função e a motivação necessária para pôr em prática um projeto chamado “Projeto de Leitura Escolar”. Muito estudiosa (modéstia à parte), fui ler sobre o assunto, pesquisar, interrogar as
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pessoas que de direito tinham que me passar alguma informação, mas nesse movimento fui agregando profunda simpatia, respeito, admiração, amizade, irmandade por duas pessoas, que depois aprendi a chamar de “meus pares” (coisa do “Olimpo”, depois explico...). Esses dois são a Ana Paula Silva e o Leandro Azevedo, amigos e companheiros para qualquer situação fora ou dentro do trabalho. Nós nos unimos tanto que, após sermos “batizados” (esse batismo foi uma bronca daquelas que a Neide Braga nos deu) na Regional, fizemos um pacto de que nunca mais passaríamos por situações ruins ou seríamos diminuídos na função que exercíamos e, assim, aconteceu. Sempre nos ajudávamos, sempre visávamos ao crescimento do trio, sempre estávamos juntos, sempre nos defendíamos (né, Leandro?!), sempre tomávamos decisões em conjunto, sempre dividíamos despesas, elogios, e muitas, muitas, muitas gargalhadas. Com isso, a Mediação de Leitura foi ganhando massa, crescendo, destacando-se dentro da Regional e extrapolando os seus muros, chegando às Escolas com outros olhares. Fomos conquistando pessoas para estarem a nosso favor e fazer entender a importância do nosso trabalho. Posso afirmar que eu e meus pares, pares não, amigos, nos afirmamos na função e mostramos às pessoas ao redor como era mais fácil e prazeroso estar na função motivados, com olhar ideológico e prontos para conquistar o mundo, e digo mundo porque não nos limitávamos ao “mundo da leitura”! Histórias engraçadas desse período? Nossa, tenho muitas, tristes também, mas nesse momento do percurso o que importava não eram as histórias engraçadas ou tristes, mas, sim, as CONQUISTAS! Porém, nem tudo são conquistas... manter essas conquistas dá trabalho, a partir do momento em que percebem que você já domina algo te instigam a dar mais um passo, e foi nesse momento que conhecemos o “Olimpo”, sim o “Olimpo”, a junção Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC) e Instituto Ayrton Senna (IAS) e mais um Programa – Jovens
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ALESSANDRA RODRIGUES DA SILVA
Leitores em Ação (JLA), com a proposta do Desafio de Leitura. Nossa, a princípio fiquei me sentindo superimportante por fazer parte de um grupo que tinha contato direto com pessoas que habitavam o “Olimpo”, uma professora alfabetizadora, recém-concursada da SEEDUC, já fazer parte de um grupo que aprenderia a gerenciar um projeto para 105 Unidades Escolares (só na minha Regional), recebendo capacitação de um Instituto super-renomado e admirado pelos investimentos para a Educação, era uma coisa que eu nem imaginava. Mas, graças a uma reunião geral entre todos os envolvidos pelo projeto “Olimpo”, nós Mediadores e Agentes de Leitura, percebi que a realidade era outra e que nos haviam recrutado para dar conta de pessoas que estavam ociosas, esquecidas e desmotivadas; o resultado não poderia ser outro: “tiro, porrada e bomba” e Mediadores apavorados com o que os esperava pela frente... três anos de projeto! “Loucura, loucura, loucura” – lembrei-me do Luciano Hulk. Mas, como bem disse, conquistas dão trabalho, dar um passo firme de cada vez foi a solução encontrada por mim para fixar a importância da Mediação de Leitura e para auxiliar na valorização do profissional, Agente de Leitura, que acabou sendo proativo, essencial e motivador a partir do meu jeitinho otimista, brincalhão, estudioso, questionador e acima de tudo companheiro. Passei por dificuldades e “saias justas” de montão para dar atenção e motivação para todo o meu grupo de Agentes e auxiliar meus amigos com os seus grupos e vice-versa. Desse período, o que mais me marcou foi o afastamento da Ana Paula da função... foi difícil demais não tê-la para me dar apoio e dividir comigo e com o Leandro as dificuldades, os entraves e até as conquistas, e foi aqui, nesse período, que precisei ser motivada para permanecer produzindo e contribuindo positivamente com o trio (dupla agora) e grupo de Mediadores. Renata Mônaco, uma das integrantes do “Olimpo”, com seu olhar apurado, captou esse declínio e, com todo o seu jeitinho e em outras palavras (palavras muito sábias que não sou capaz de reproduzir aqui),
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disse em “baixo e bom tom”: “– Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima!”. Obedeci, claro!!! Ou melhor, obedecemos! Eu e Leandro demos uma sacudida nas nossas atitudes e fortalecemos os laços com as nossas queridas companheiras (cúmplices, por que não?) Lilian Garrit – Coordenadora de Ensino – e Neide Braga – Diretora Regional Pedagógica da Metro I. E foi assim que mais uma curva dessa ciranda foi desenhada. O tempo passa... pessoas novas se agregam às antigas, e foi assim que a dupla ganhou, com grande sutileza, com muita amizade, com extrema competência, com um imensurável respeito, a terceira integrante: Monique. Em pouco, pouquíssimo tempo, já éramos um trio (e que trio!); quem de “fora” via nem desconfiava que Monique havia acabado de chegar... Obrigada, Nega! Você não remendou um trio, você o transformou! E o tempo, ele de novo... muitas vezes é nosso inimigo, nos prega peça, nos faz sentir saudades, nos faz repensar o já vivido, me faz ver que nem tudo foi fortemente concretizado, me faz ter a certeza de que a motivação é uma constante e que eu sou feita de carne e osso como muitos, mas movida por um ideal que não me deixa ficar imune às coisas que me acontecem... A continuidade da motivação, da conquista, do comprometimento foi plantada no coração de cada Agente que esteve comigo durante todos esses três anos de Projeto de Leitura e Programa Jovens Leitores em Ação (Desafio de Leitura), muitas deixaram florescer esses ideais, e as atitudes positivas foram e serão perpetuadas por Alunos, Agentes, Mediadores e o “Olimpo”. Tenho grandes histórias para contar e gostaria muito de poder revivê-las, tenho aprendizados que só como professora não teria conquistado, percebi coisas que me fizeram amadurecer como pessoa inserida num coletivo, entendi que a junção SEEDUC + IAS não é o Olimpo (intocado e formado por deuses), mas instituições formadas por pessoas como eu que
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ALESSANDRA RODRIGUES DA SILVA
acreditam num ideal e prontas, na medida do possível, a compartilharem, com quem tiver interesse e paciência em escutar, coisas pertinentes à formação educacional de um cidadão. Tudo na vida é uma ciranda, não há início aparente, meio demarcado ou fim presente, a Mediação de Leitura, os Mediadores, os Agentes de Leitura, a Equipe SEEDUC, o IAS, Lilian Garrit, Neide Braga, Leandro Azevedo e Monique Gadiolli serão parte dessa Ciranda que me move, me instiga, me motiva, me faz viver!
Da esquerda para a direita: Eu (Alessandra Rodrigues), Monique Gadiolli, Leandro Azevedo, Neide Braga - DRP e Lilian Garrit - CE.
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Mediação de Leitura: quem sou? Monique Ferreira Gadioli
Muito do que sou hoje tem suas raízes no passado, portanto não há como falar do presente sem voltar a ele, ou seja, onde tudo começou. Nasci no dia 20 de setembro de 1981. Sou filha mais velha de uma família negra, de poucas posses, de poucos sonhos. Minha avó, uma mulher trabalhadora, analfabeta (já falecida), sempre investiu o quanto pôde em minha educação. Fui a única de cinco filhos a completar a educação básica e a única da família a concluir o nível superior. Estudar tornou-se para mim o modo de ver a vida por uma perspectiva que me apontasse possibilidades de que minhas origens não definiriam meu destino. Cursei toda a Educação Básica na escola pública, fato que me enche de orgulho. Acredito numa Educação Pública de Qualidade! Ao longo de minha trajetória venho construindo minhas identidades e rascunhando minhas escrevivências1. ¹ Conceito cunhado por Conceição de Evaristo, que consiste na escrita de si baseado em experiências vividas e pensadas.
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De acordo com os postulados de Stuart Hall2, entende-se que o sujeito é composto não de uma, mas de várias identidades: gênero, classe, raça, nacionalidade, origem étnica, religião, dentre outras, todas móveis. Neste trabalho, abordarei a identidade na vertente pós-moderna, pois entendo que o indivíduo é composto por variadas identidades, que são construídas ao longo da vida, mas focarei na minha identidade de Mediadora de Leitura, identidade essa que não exclui as demais. Meu contato com a Mediação de Leitura começou um ano antes de fazer parte deste desafiador projeto. Desde que soube da existência da Mediação de Leitura, ou seja, de profissionais especiais para acompanhar o desafiador Projeto de Leitura Escolar (PLE), e do Programa Jovens Leitores em Ação (JLA)3, criado com a finalidade de formar leitores críticos e ressignificar os espaços de leitura (Sala de Leitura e Bibliotecas), passei a acompanhar esses projetos à espera de um dia poder participar desta frente de trabalho. Não é que a espera valeu a pena! Em 2015 participei da seleção, e aqui estou eu finalizando esse ciclo. Confesso que de início, dada a seriedade do programa, pensei que não daria conta, que não seria capaz. Mesmo com medo, mergulhei de cabeça e aqui estou eu novamente.
Dos desafios, veio a surpresa mais linda: Alessandra, Leandro e Lilian Participantes da Regional Metropolitana I.
² Teórico cultural e sociólogo jamaicano. ³ O Projeto Jovens Leitores em Ação é uma parceria do Instituto Ayrton Senna com a Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro
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MONIQUE FERREIRA GADIOLI
Iniciei a mediação em um grupo que já tinha raízes; logo, o desafio foi maior. Os questionamentos foram muitos: Como ter espaço em um grupo já consolidado? Como me fazer ouvir? Como escrever meu nome numa história que já tinha começado a ser escrita? Desafios e mais desafios! Aos poucos, fui percebendo que o grupo, na verdade, era um time, ou seria uma família? Neste time cada qual tinha voz e vez; assim, minha vez chegou e minha voz foi ouvida sempre com ética e seriedade. Descreverei o trabalho na e pela Mediação em três momentos, cada um com suas especificidades e seus desafios, cada um com suas conquistas e seu legado, cada um com seu toque especial. Meu primeiro momento na Mediação foi marcado por muitos aprendizados, aquisição de conhecimento, muita base conceitual, muito Bernardo. Não há como não lembrar este momento de apropriação dos conceitos sem pensar em Bernardo, nosso Agente Técnico do Instituto Ayrton Senna (IAS). Figura dócil e fomentadora de aprendizagens. Como tecemos saberes! Carolina Maria de Jesus4 que o diga. Esse momento inicial me possibilitou plantar e colher sementes junto à Regional, a Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro (SeeducRJ), o IAS e principalmente entre as Agentes de Leitura. Neste processo, agentes e mediadora construímos laços que permanecem firmes até hoje. O início foi marcado por dúvidas, desconfianças, que aos poucos foram substituídas por companheirismo, cumplicidade e respeito. Aos poucos, as Agentes de Leitura perceberam que a figura do Mediador de Leitura era muito mais do que apenas cobranças, e a partir deste momento nasceu a parceria e, com ela, começaram a surgir os frutos. 4
Autora do livro que lemos e apresentamos no Clube do Livro – Quarto de despejo: diário de uma favelada.
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Os frutos são o marco do segundo momento da minha história na mediação. Assim, por meio dos Jovens Leitores em Ação e do Programa de Leitura Escolar, vimos nosso trabalho se materializar: Bibliotecas/ Salas de Leitura vivas, Agentes de Leitura motivados e formados, alunos protagonistas, times formados, desafios avançados nível após nível, mural preenchido, formações, aumento significativo do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), enfim, muitas conquistas, algumas derrotas, mas tudo por uma Educação emancipadora. Chego ao terceiro e talvez último momento com a sensação de dever cumprido, pois, apesar de todos os entraves que surgiram nessa reta final da mediação (ano atípico e o fim da função), o segundo momento me mostra que valeu a pena, como valeu! Na verdade, penso que me equivoquei em minha escrita, pois três momentos não representam a Mediação de Leitura, não comportam tudo o que fizemos. Creio que mais momentos virão; portanto, não irei escrever a última cena. E mesmo que essa história linda chamada Mediação de Leitura não seja mais escrita por mim (nós), acredito sinceramente no final feliz.
(Mediadores de Leitura- SEEDUC/RJ)
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MONIQUE FERREIRA GADIOLI
Neste turbilhão de sentimentos, o que prevalece é gratidão. Aos amigos Mediadores de Leitura que bravamente lutaram e acreditaram na Leitura como ferramenta de transformação social, fica minha profunda admiração e respeito. Aos profissionais da SEEDUC/IAS, prefiro não citar nomes para não esquecer ninguém, que dignamente geriram esse projeto tão empoderador, fica meu “muito obrigada”. Que fique registrado que, de forma direta ou indireta, todos vocês contribuíram na construção desta nova identidade: MEDIADORA DE LEITURA.
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Os Heróis da Leitura Leandro Augusto da Cunha Azevedo
Quando fui convidado a escrever minha autobiografia, pensei: Como farei isso? Afinal, tenho 39 anos, muitas coisas já aconteceram, não vai ser nada fácil fazer um resumo do meu eu. Mas, enquanto pensava no convite, meu subconsciente já refletia sobre mim e logo muita coisa veio à tona. Ah, como é bom reviver o passado, lembrar-me da infância, da adolescência, dos amigos, dos momentos engraçados, das descobertas etc. etc. etc. Esse lembrar me traz uma certa saudade, não a ponto de querer voltar a ser adolescente, mas de reviver alguns momentos, os bons, é claro. E foi nesse remoer, do fundo do baú, que percebi que seria mais fácil do que eu pensava. E aí vai... Sou Leandro Azevedo, biólogo, professor e pesquisador. Passo os dias a trabalhar e sempre que estou em casa dedico algumas horas para ler e estudar. Manter-se atualizado requer um pouco desse compromisso.
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Penso que ser biólogo é um privilégio, pois a todo instante vivo a essência da vida, o quão ela é especial e frágil. Muitas vezes, quando estou lecionando, explicando o complexo e perfeito mecanismo biológico dos seres vivos, sinto meu corpo arrepiar. É como se eu sentisse a coisa acontecendo em mim naquele momento. Muito aprendi no ensino fundamental, lembro como se fosse hoje uma professora muito querida, que me ensinou a ler e a escrever. O nome dela é Tereza, Tereza não, Tia Terezinha. Era assim que nos dirigíamos a ela, sempre com carinho e respeito. Mas é claro que Tia Terezinha, às vezes, quando necessário, para manter a disciplina, nos punha de joelhos no milho e de frente para a parede. Esses momentos são inesquecíveis. Hoje, ainda tenho contato com ela e sou feliz por tê-la tido como minha professora. Sempre que podemos nos encontramos, e ela, já idosa, cheia de mimos quando me vê, se enche de orgulho e faz questão de relembrar alguns momentos vividos na sua carreira de professora e sempre se emociona. Quando mudei de escola, já na quinta série, percebi que tudo seria diferente, lá não havia a Tia Terezinha, só professor e professora e os colegas de classe não perdoavam, mas a figura do professor e os colegas de classe não eram os coleguinhas de antes, eles eram terríveis, bastava se distrair e já faziam bullying. Nessa escola não tinha milho para pôr de joelhos, mas, sim, outros desafios, e durante algum tempo eu me senti como um peixe fora d’água. Mas é claro que me adaptei. Já dizia Charles Darwin: “Não são as espécies mais fortes que sobrevivem, nem as mais inteligentes, e sim as mais suscetíveis a mudanças”. E de onde veio a ideia de ser professor? Sempre achei as aulas de biologia muito interessantes, mesmo aquelas que eu não entendia muito bem. Mas, honestamente, acredito que o
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LEANDRO AUGUSTO DA CUNHA AZEVEDO
problema estava mais na didática do professor do que em mim, pois os conteúdos eram dados de forma isolada e tudo tinha que ser decorado. Não me sentia atraído e envolvido com os assuntos. Imagine você, aluno do ensino médio, tendo que decorar vários ciclos biológicos de parasitas. E para quê? Foi então que percebi que biologia na verdade era legal, e a abordagem não. Quando concluí o ensino médio fui para a universidade estudar Ciências Biológicas e, a cada aula a que assistia, um novo conhecimento era adquirido, mas isso não era suficiente, pois precisava garantir que, depois de formado, seria capaz de fazer os alunos aprenderem e gostarem das aulas. Quando dei por mim, já estava no sexto período, lecionando em um curso pré-vestibular que garantiu o aprimoramento de meus conhecimentos e a prática didática. No final da graduação eu já estava aprovado em concurso para professor de Biologia do Estado do Rio de Janeiro. Enquanto atuava como professor, tive a oportunidade, em 2013, de conhecer o Programa de Leitura Escolar que estava sendo implantado em toda a rede estadual. Além de achar o programa interessante e importante, resolvi participar do processo seletivo, pois eu precisava fazer parte dessa mudança. Depois de aprovado, tornei-me, além de professor, mediador de leitura. Inicialmente, não foi fácil ser mediador, vários eram os desafios, não bastava conhecimento técnico, era preciso habilidade para formar uma relação de confiança entre todos os envolvidos, principalmente os agentes de leitura, peça-chave no funcionamento do programa.
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Ah, não posso deixar de mencionar a equipe diretiva das escolas, que via o mediador como fiscalizador. Imagine, fiscalizador?! Não mesmo, longe disso. Com certeza estavam muito enganados. Com o tempo, a relação de confiança que foi sendo desenvolvida com os diretores garantiu, aos poucos, uma relação bem mais confortável, mesmo que ainda houvesse um ou outro com o pezinho atrás (rs). Mas com certeza, nos dias de hoje, a realidade é outra. É fato que todo esse sucesso não se atribui apenas a mim, pessoas maravilhosas como Alessandra Rodrigues e Monique Ferreira contribuíram e contribuem muito para isso. Elas merecem todo o meu respeito, pois são exemplo de dedicação e extremo profissionalismo. O que falar de minha coordenadora de ensino Lilian Garrit? A você tenho muito a agradecer, pois sempre confiou em nós. Deu-nos liberdade e autonomia para a execução de nossas tarefas e com isso você garantiu o aperfeiçoamento da gestão do nosso trabalho. Ufa, não é nada fácil relembrar esses momentos e não se emocionar. Nós nos tornamos grandes amigos, respeitamos um ao outro com grande admiração. Para finalizar, trago duas situações que julgo serem muito importantes: • As agentes de leitura que achavam que não conseguiriam realizar seu trabalho, seja devido às limitações tecnológicas ou por estarem muito desacreditadas com a educação, hoje são exemplos. A elas, todo o meu respeito. Já dizia William Shakespeare: “Bem pago está quem por satisfeito se dá”. • Meu pai, que despertou o interesse pela leitura após conhecer o
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LEANDRO AUGUSTO DA CUNHA AZEVEDO
material do Instituto Ayrton Senna. Sempre o via focado no material e um dia o vi rindo com os minicontos, foi quando percebeu que aquela leitura era muito prazerosa. Só este ano ele já leu treze livros. É ou não para ficar feliz? Afinal, um senhor de 71 anos que troca a televisão pelos livros… é para me encher de orgulho. Não é à toa que minha autobiografia se intitula “Os heróis da leitura”. Cada ator mencionado neste pequeno texto tem semelhança com os personagens super-heróis da Liga da Justiça. Faz-me lembrar dos personagens do desenho de super-heróis Liga da Justiça. Muito, muito bom. Agradeço a todos. Forte abraço.
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Como me tornei mediadora de leitura Jorginete do Espírito Santo Senna
Eu, Jorginete Senna, nasci na Baixada Fluminense, estudei no CE Presidente Kennedy da série B até o Curso Normal. A minha turma foi a primeira a se formar no nono ano naquela unidade de ensino e também a primeira a se formar no Curso Normal. Como o colégio não virou faculdade, tive que cursar Letras em outro local. Após a formatura do Curso Normal, em 1982, continuei trabalhando em casa de família, em 1985 prestei concurso para o Estado, passei, fui chamada e cá estou eu, trinta anos depois. Inicialmente fui trabalhar no CIEP Vinícius de Moraes, em Belford Roxo. Após o fechamento da unidade devido a roubos, me transferi para o CE São Bernardo e lá estou. Um dia, a Coordenadora de Ensino foi visitar o colégio e me convidou para ler uns projetos de leitura. Perguntei: “Ler projetos, só isso?”. “Sim. E a gratificação é boa”, ela disse. Pensei bastante e resolvi aceitar. “Compareça na Regional amanhã para conversarmos”. Fui.
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Chegando lá, encontrei mais duas pessoas que iriam desenvolver o mesmo trabalho. Pensei: “Três pessoas para ficar lendo projetos de leituras?”. A coisa começou a ficar estranha quando pediram para dividir 105 escolas entre as três e fazer horário. Tínhamos que trabalhar, três vezes na semana, oito horas por dia. Eu: lendo projetos de leitura. Pensei: “Qual o tamanho desses projetos?”. No dia seguinte, haveria uma reunião na escola SEEDUC para os leitores de projetos. Pensei, novamente: “Reunião para ler projetos? Não estou entendendo nada”. Mas fui para a tal reunião. Cheguei e me senti um peixe fora d’água. Eu não sabia nada de nada, nem os meus pares. Falavam em material, documentos enviados e que deviam ter sido lidos; nosso grupo não tinha o material nem tinha ouvido falar sobre eles. Fiquei desesperada! Como assim formar pessoas, fazer visitas às escolas, mediar leitura, formar grupos de agentes de leitura? Tomei coragem e falei para a professora (acho que seu nome era Mariana) que eu não sabia nada de nada e não tinha material algum. “O material foi enviado para a sua Regional!” Pedi com muito jeito, e ela aceitou passar o material para o meu pen drive. Graças a Deus eu tinha levado um! Fui para casa e comecei a ler o material... Chegou um e-mail avisando que haveria nova reunião, falei com a coordenadora, pois no dia em questão estaria em sala de aula, e ela disse: “Não, a reunião não é para vocês, somente para os Agentes de Leitura”. Bom, não fomos. Mas era para termos ido e interagido com nossas agentes. No penúltimo dia de encontros a coordenadora me ligou e pediu para comparecer, pois era para irmos, ela havia se enganado. As outras não
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JORGINETE SENNA
podiam e fui sozinha. Fiz a formação junto com o pessoal da regional Serrana. Interagi com os agentes da Serrana, mas não me recordo se I ou II. Após a formação comecei a visitar as escolas, ia com a maior vergonha, falava baixinho. Era bem tratada em umas, maltratada em outras, mas não desisti, pois quem me vendeu o peixe vendeu muito bem! Acreditei no Projeto. Sempre gostei de ler e concordava que a leitura pode modificar os alunos, as escolas e o entorno. Então decidi dar o melhor de mim. Buscar meios para que o Projeto alavancasse na Metro VII. Não foi fácil. Encontrei muitas pedras no caminho. Pessoas que já tinham perdido a esperança na educação. Agentes com problemas de saúde. Agentes que não podiam ser agentes. Eu me vi, além de Mediadora de Leitura, mãe, amiga, irmã e psicóloga de Agentes de Leitura. Quando chegava às escolas que tinham Agentes (a maioria das minhas não tem), me sentia o muro das lamentações, pois na primeira hora de visita ouvia as queixas das agentes. Com muita calma, depois de todas as lamentações é que conseguia falar dos projetos, conversar sobre o Programa Jovens Leitores em Ação (JLA), Projeto de Leitura Escolar (PLE) e estudar o material com as agentes. Das minhas agentes iniciais, restam apenas cinco. As outras se aposentaram ou desistiram da função. Quando não eram as agentes se lamentando, eram as diretoras tentando me fazer desistir de visitar as escolas devido ao fato de muitas estarem em área de risco. Em uma, cheguei a ficar presa junto com a agente técnica Andressa, do Instituto Ayrton Senna (IAS), esperando o tiroteio acabar. Todo ano no início do Projeto era um verdadeiro stress, tinha que voltar ao começo de tudo, pois as agentes eram outras. Com dúvidas, receios e lamentações…
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Nos meados de 2014, a mediadora Elisangela veio reforçar o time das mediadoras da regional Metro VII e o Projeto começou a tomar forma. No início de 2015, nova aquisição para o time das mediadoras. Simone veio para fortalecer e somar no grupo. 2015 foi o ano das maravilhas, tudo saiu como planejado, as Agentes trabalharam com afinco, vários projetos e ações maravilhosas acontecendo nas escolas, eu superfeliz por fazer parte daquilo. Mas veio 2016 e O SONHO ACABOU!
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Recordo-me com satisfação Elisangela Andrade do Nascimento
Eu, Elisangela Andrade do Nascimento, nascida no Rio de Janeiro. Filha de Dimar Macieira do Nascimento, gráfico, e Arlete Andrade do Nascimento, costureira. Os mesmos falecidos. Ele na minha adolescência e ela na infância; devido a isso, fui criada por minha tia Dinorá, professora/diretora, que me direcionou a seguir a sua profissão. Formei-me aos dezessete anos no Colégio Estadual Carmela Dutra e aos dezoito anos já estava lecionando na rede particular. Fiz faculdade no curso de Letras (Português/ Literatura) na Universidade Castelo Branco, em 2005. Ingressei na rede estadual em 2011. Em 2014, fui convidada pela assistente técnica de livros Cirlene Fernandes, que foi minha dinamizadora no Projeto de Reforço Escolar em 2013, para participar do Projeto de Leitura. Fui à primeira formação em junho e me senti um peixe fora d’ água. Lá conheci a Jorginete Senna e José Luís, que compunham o grupo de mediadores da Metropolitana VII – Baixada Fluminense. A Metropolitana VII é composta por 105 unidades escolares. Nessa formação fiquei sabendo que seria responsável por apresentar o Projeto de Leitura a 35 bibliotecas
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das unidades escolares, meus polos eram de São João de Meriti e quatro unidades escolares em Belford Roxo, os do mediador José Luís os polos de Nilópolis, Mesquita e algumas unidades de São João de Meriti, e a mediadora Jorginete Senna ficou com o polo de Belford Roxo. No início, estava totalmente perdida, recorria toda hora à mediadora Jorginete e à agente técnica do Instituto Ayrton Senna, Andressa Abraão, que me passavam orientações; assim, consegui me apropriar um pouco sobre o Projeto de Leitura. Na formação presencial que tive, fui apresentada às representantes Renata Monaco e Rita Carmona, do Instituto Ayrton Senna (IAS), que faz parceria com a Secretaria de Estado de Educação (SEEDUC), para o desenvolvimento do Projeto de Leitura (PLE) e do Programa Jovens Leitores em Ação (JLA), no Rio de Janeiro. Apresentaram a Plataforma on-line para a EaD, por meio da qual faríamos atividades, de acordo com as solicitações. Na primeira formação que fiz com os agentes de leitura, eu me restringi a só apresentar-me e distribuir o material Caderno do Agente de Leitura e Caderno do Estudante, mas a partir das formações presenciais, da leitura do material, tive mais apropriação e passei a ter mais confiança quando ia formar os agentes de leitura. Conforme ia realizando as formações em serviço, vi a realidade de cada unidade escolar, se o Projeto estava ou não sendo desenvolvido. Esses registros feitos no relatório geraram dados que eram postados na plataforma, através de links de acesso a instrumentais: de visitas, mural das agentes sobre a sala de leitura e perfil leitor do aluno, postado por eles, de acordo com a data estabelecida. Nas formações presenciais, a Renata e a Rita apresentavam em gráficos os dados postados e faziam a análise dos resultados, por regional. Em 2014, o que me marcou foi a presença da professora da PUC de São Paulo Jacqueline Barbosa, esclarecendo-nos sobre multiletramentos e protagonismo juvenil. Outro fato que me marcou foi o encontro que tivemos
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ELISANGELA ANDRADE DO NASCIMENTO
com o secretário de educação Wilson Risolia Rodrigues, em que ouvimos o depoimento de alguns alunos dizendo o quanto a leitura é importante, vi verdadeiros cidadãos ali, sabendo o que querem quando forem adultos. No final desse ano, recebemos um Caderno do Panorama da Rede Estadual – Programas de Leitura: Projeto de Leitura Escolar (PLE) / Programa Jovens Leitores em Ação (JLA) – 2014/2015. Em 2015, tivemos mudanças na Regional: a coordenadora de ensino Vanderlea Barreto passou a nos auxiliar e a mediadora de leitura Simone Araujo integrou a equipe no lugar do mediador José Luís. Com isso, fizemos um remanejamento: eu fiquei com os polos do mediador José Luís e ela com os meus. Na nossa primeira formação presencial desse ano, ficamos sabendo dos novos materiais para os agentes e alunos e das modificações que haveria na Plataforma EaD através de atividades por módulos, que haveria um clube do livro a cada encontro e debateríamos sobre o que lemos, o que mais gostei foi Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus. Na primeira formação que realizamos com os agentes de leitura, contei com a presença da representante da SEEDUC Cirlene Fernandes no auditório do CE Vila Bela em Mesquita, que explicou sobre o PLE, e na outra formação tivemos a colaboração das agentes técnicas do IAS, Andressa Abraão e Ionilma Andrade, no CIEP 100, sede da Regional em Mesquita. Nesse dia, entregamos os novos cadernos, formamos as agentes mostrando como era a implementação do JLA, falamos sobre protagonismo juvenil, elas colocaram a mão na massa realizando o nível1 (Desafio de Leitura – Caderno do Estudante), criando uma paródia. Comecei as formações em serviço e pude perceber o desenvolvimento do PLE e do JLA, nas unidades escolares, pelos agentes de leitura. Este ano fizemos formações continuadas, repescagem para os agentes que estavam entrando e não conheciam o projeto, convocamos as agentes tecnológicas para uma formação no NTE, já que os agentes nos apontavam
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dificuldades em realizar as atividades on-line. Orientei as unidades escolares sobre sobras de livros didáticos e seu remanejamento. Além disso, havia a Plataforma da EaD, onde fiz gráficos, nuvens de palavras, relatos, respondi fóruns, planilhas. Com a formação em serviço, tive a grata surpresa de ir à Sala Zen do CE Marechal Zenóbio da Costa em Nilópolis, com a agente de leitura Débora Rebouças, que conseguiu montar o time “Universo da leitura” do JLA. Eu me emocionei bastante ao ver a atuação dos alunos na sala de leitura; nesse dia a agente técnica do IAS, Ionilma, me acompanhou. Outra ótima surpresa foi a agente de leitura Cleideana Lopes do CE Pedro Álvares Cabral em São João de Meriti, que participou da formação de repescagem e conseguiu com a diretora Tina Pacheco apoio e a reinauguração da biblioteca / sala de leitura, além de montar o time “Leitura em movimento” e pôr o PLE e o JLA em prática. Meu primo Luciano Bernardo deu uma palestra sobre a importância da leitura, já que estava lançando um livro de poesias no CE Antônio Figueira de Almeida para o time formado pelo agente de leitura Leopoldo. No final do ano fomos convidadas a construir um caderno que relatava o Programa Estadual de Leitura: Um panorama da Metropolitana VII / 2015. O objetivo era fazer um apanhado do que foi feito pelos alunos, agentes de leitura e pelos mediadores de leitura. Havia registrado no caderno o panorama da Regional através do mapa, formação dos agentes de leitura (macroação de formação, formações continuadas na Regional Metro VII e formações em serviço), implantações (status do agente de leitura, escolas formadas, agentes formados, ações do PLE executadas, desenvolvimento do JLA, alunos parceiros das 9 atitudes, times de jovens formados, níveis do desafio vivenciados) através de gráficos, lista das fanpages das salas de leitura, relatos dos agentes, fotos, culminância dos projetos PLE e JLA (Circuito de Juventude – desafio 1: “Selfie de responsa” / desafio 2: “Video tags”).
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ELISANGELA ANDRADE DO NASCIMENTO
Em 2016, tive nossa primeira formação presencial, nela fiquei sabendo que Cirlene Fernandes passaria a ser Coordenadora de áreas do conhecimento, e o assistente técnico Rogério Moura da SUPED (Superintendência Pedagógica), antes mediador de leitura. Além disso, que ficaria na função de mediadora de leitura até o final do ano. Porém, quando ia dar continuidade ao trabalho, os professores entraram em greve no dia 03 de março e só retornaram no dia 27 de julho, o caos formou-se, escolas ocupadas por alunos, professores e agentes de leitura em greve. O projeto não acontecia. Conseguimos, um pouco antes de acabar a greve, realizar uma formação com as agentes de leitura que não estavam em greve e pedimos que começassem a mobilização do projeto com os alunos. Hoje o cenário é outro, os agentes de leitura têm dificuldades em formar times, pela reposição de aulas que os professores estão fazendo. Apesar de toda a dificuldade deste ano, ainda encontro a agente de leitura Luci Rosana do CE Ana Néri em Mesquita, que está conseguindo desenvolver o projeto PLE e formou o time do JLA. Na minha visita à escola para formação em serviço, ela estava trabalhando no pátio com o ensino médio sobre Machado de Assis e à tarde trabalharia com o ensino fundamental o autor Ziraldo. Este projeto vai ficar marcado em minha vida, não só pelas coisas que aprendi, que nem eu acredito que consegui fazer, mas pelo crescimento profissional, pelo resgate do gosto pela leitura, por conhecer mediadores de leitura de outras regionais. Quero agradecer a Cirlene, Renata, Rita, Silvia, Rogério, agentes técnicos e mediadores de leitura de outras regionais, que me ajudaram a expandir o Projeto de Leitura e acima de tudo a formar agentes de leitura que foram capazes de transformar alunos em jovens leitores!
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Diário de uma Mediadora Simone Araújo dos Santos
1986. Sentada no portão de casa, leio Agatha Christie. “Meu Deus, não é normal uma menina nova assim gostar desse tipo de leitura.” – diziam os familiares e amigos. Acho que não era mesmo. Eu tinha apenas dez anos. Naquele mesmo ano escolhi minha profissão. Seria professora de Língua Portuguesa. Passava a maior parte do meu tempo lendo. Uma paixão, um prazer incomparável a qualquer outra atividade. Quanta coisa aconteceu desde então. Estudei muito, mas não considerava isso um sacrifício. Para mim era misto de oportunidade e descoberta. Comecei a lecionar ajudando meus colegas menos apaixonados pelos estudos, trabalhei um ano com os pequenos da Educação Infantil enquanto terminava o Curso Normal e, após concluir o curso, tornei-me professora de uma escola privada. 1994. Quarta série. Língua Portuguesa. Essa foi minha primeira turma com minha disciplina predileta. Ano de início do Curso Superior: Língua Portuguesa e Língua Italiana e suas respectivas literaturas na UERJ. Muita coisa ainda viria, mas o caminho escolhido estava sendo traçado como eu havia planejado e sonhado.
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Os anos seguintes concretizaram o sonho e me estabilizaram financeiramente, mas isso não era o suficiente. A falta de tempo disponível e sala de aula haviam, de certa forma, me afastado um pouco da leitura e da escrita pessoal e literária. O tempo sumia entre provas, trabalhos, testes, notas e diários. Quanta incoerência. Eu queria estar mais perto dos livros e não conseguia. Eu queria algo novo, que na verdade se havia perdido na loucura do currículo. 2015. Ano de transformações, de procurar novos desafios. Foi com esse pensamento que iniciei o ano de 2015. Profissionalmente, sentia a necessidade de novos desafios, por isso resolvi seguir o conselho de um amigo. Como amo a literatura e todas as artes, pensei em aliar todo o conhecimento acadêmico adquirido na minha formação como professora em prol da melhoria dos leitores. Esses planos inundaram a minha mente de tal forma que sorri diante da notícia dada (acompanhada de tanto incentivo pelo colega de trabalho). “Mediação de leitura? Como assim? Do que se trata? É possível conciliar o trabalho em sala de aula com essa atividade?” – perguntei, curiosa. “Claro que sim, Simone!” – respondeu-me o professor. “Por que não tenta? O trabalho tem a sua cara.” E um mar de possibilidades se abriu. Resolvi mergulhar nele. Em alguns momentos me pego pensando que foi uma bela trajetória. Lamento somente o fato de que ela está chegando ao fim, mas ainda tenho tempo de aproveitar um pouco mais este universo. Relembrar o caminho feito é uma oportunidade de refazê-lo, de retomar sensações e ao mesmo repensá-las e reavaliá-las. No início o desafio maior era a constatação de que muitos colegas se encontravam desmotivados e, muitas vezes, despreocupados com o trabalho a ser desenvolvido visando à formação de alunos leitores.
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SIMONE ARAÚJO DOS SANTOS
Sabemos que a dificuldade é muito grande. Agradeci por não reconhecer essas atitudes em mim. Nunca me senti assim, completamente alheia às tentativas de mudança de um quadro desagradável de se ver. Contagiá-los com a minha empolgação se fazia necessário. Acreditei nessa estratégia, investi nela e fui bem-sucedida. Mobilizar os Agentes de Leitura para uma nova postura diante da Sala de Leitura, dos alunos e de toda a comunidade escolar, portanto, era um trabalho iminente. Mas como incentivá-los a uma nova conduta? Isso constituía um desafio. Não era esse o meu desejo para o novo ano? Desejo atendido. Primeiro passo: acreditar no que falo. Debrucei-me sobre a metodologia do Programa Jovens Leitores em Ação (JLA), orientada pelo Instituto Ayrton Senna. Li as orientações metodológicas do Projeto de Leitura Escolar (PLE). Apliquei a teoria nas minhas práticas em sala de aula e constatei que estava bem próxima do que as escolas já desenvolviam. Faltava fazer com que as Agentes também percebessem isso e desenvolvessem seu potencial. A primeira formação foi muito importante nesse processo, mas as formações em serviço abriram um leque de possibilidades de aproximação com as escolas. Procurei estabelecer o máximo de contato possível. E-mails, telefonemas, WhatsApp tornaram-se ferramentas essenciais na Mediação junto às escolas. Cada novo desafio neste processo de apropriação das metodologias por parte das Agentes foi se tornando um degrau e, subindo cada um deles, conquistei e promovi experiências. As conquistas foram aumentando e ganhando vida no cenário escolar. As boas práticas precisavam ser compartilhadas com outros profissionais. Veio o novo desafio: apresentar os resultados conquistados durante todo o ano.
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Quando a proposta de elaboração de um Caderno com os resultados da Regional chegou foi um susto, logo atenuado pela possibilidade de valorização dos esforços de um ano de trabalho. Mais que um desafio, considerei a proposta uma oportunidade. Nova mobilização das Agentes, prontamente atendida. Como é satisfatório perceber que formamos um time. Ainda que a adesão não seja total, os avanços tornaram-se notórios. As Unidades Escolares apresentaram, no final de 2015, um panorama favorável ao aumento do número de alunos leitores. Atividades criativas aliadas ao protagonismo juvenil e à presença pedagógica revolucionaram muitas Salas de Leitura. Resultados positivos, parceria, JLA e PLE alinhados. 2015 chega ao fim. Motivados para o início do trabalho, 2016 se apresenta. Nas primeiras reuniões uma notícia não nos agradou: a Mediação de leitura tem prazo para chegar ao fim. Compreendi que formar gestores para o Programa Estadual de Leitura era a nossa tarefa. E isso requer um prazo. Mas outros desafios viriam. Greve, cenário adverso ao desenvolvimento dos projetos. Novo desafio. Novas formações, intensificar a gestão. Vencemos esses obstáculos. Tornei-me formadora e assim pude rever minha prática como docente. Sou, hoje, uma “formadora-docente” (termo próprio). Aprendi a ouvir mais, a elogiar mais, a incentivar mais do que criticar. A valorizar os pequenos avanços e a comemorar cada conquista. A Mediação de leitura me fez perceber que podemos melhorar sempre e que teoria e prática podem, sim, caminhar lado a lado. Hoje, sei que muito ainda precisa ser feito; mas, se não tivesse persistido, certamente não teria vencido tantos desafios. Acredito, ainda mais, que o de que você gosta pode se tornar um prazer alheio, coletivo, comunitário. Ler continua sendo a minha paixão. Agradeço ter contribuído para que ela se tornasse a paixão de outros.
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DIESP BELFORD ROXO
NILÓPOLIS
RIO DE JANEIRO
METROPOLITANAS III, IV E VI
S. J. MERITI
Capítulo 2 DIESP, Metro III, IV e VI
Se tivéssemos que propor uma trilha sonora para esse capítulo começaríamos com Milton Nascimento, contando sobre essa estranha mania de ter fé na vida. E, falando em música, tem mediadora que fez “um musical” da autobiografia. Além disso, você vai reconhecer, em um dos relatos, a representação da história daqueles brasileiros que deixaram o Nordeste na esperança de proporcionar uma vida melhor aos seus. No caso do nosso autor/personagem a profecia se concretizou, ele venceu. E quando surgiu o desafio da mediação, ora, claro que ele encarou. Mas nem todo mundo começou na função com tanta confiança, ela foi surgindo aos poucos, durante o processo, e o prêmio pela coragem, como diz uma das nossas mediadoras, foi uma compreensão ampliada do mundo e de nós. Cante essa “canção” conosco, boa leitura!
Como diria o poeta: o Rio de Janeiro continua lindo.... e lendo!
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Um Projeto de Leitura para “Além das Grades” Edson Chianca de Souto
A prisão não são as grades, e a liberdade não é a rua; existem homens presos na rua e livres na prisão. É uma questão de consciência. Mahatma Gandhi
Nasci numa família humilde, que veio do Nordeste do Brasil, assim como muitas outras, em busca de uma vida melhor nos grandes centros urbanos. Nasci no Rio de Janeiro, aos catorze anos fiquei órfão de pai, minha mãe lutou muito para criar e educar os seus quatro filhos. Sempre estudei em escolas públicas e concluí o Ensino Médio (na época
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científico), no ano de 1988. Decidi fazer Educação Física, porém não tinha como estudar em uma universidade pública, por ter que trabalhar e ajudar na complementação da renda familiar. Então, resolvi tentar uma faculdade particular e no ano de 1989 comecei o meu curso de Educação Física na, hoje, Universidade Castelo Branco. Dois anos mais tarde, por não ter condições de pagar as mensalidades, eu me transferi, através de transferência externa, para a Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, onde me formei em Licenciatura em Educação Física, área em que trabalho até hoje. Hoje sou Mestre em Ciência da Educação pela Universidade Politécnica e Artística do Paraguai. Prestei vários concursos, porém somente em 2005 fui convocado pela Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro, para lecionar na rede estadual de educação, no município de Magé, onde iniciei minha carreira como Professor Estatutário. Até hoje trabalhei em três escolas, como professor do estado, e desenvolvi várias funções, inclusive como Diretor Adjunto. No ano de 2010 saí da direção e transferi minha matrícula para a Diretoria Regional de Unidades Escolares Prisionais e Socioeducativa (DIESP), onde estou até hoje. Na DIESP comecei, junto com o professor Ronaldo Melo, montando uma escola no Complexo Penitenciário de Japeri, onde iríamos formar a equipe gestora da unidade escolar, porém por burocracias das instituições o processo demorou e fui lecionar na unidade escolar no complexo de Bangu. Em agosto de 2013 fui convidado pela diretoria da DIESP para assumir a Mediação de Leitura, função que a Secretaria de Estado de Educação estava criando para implantação do Projeto de Leitura Estadual. Fiquei meio apreensivo, pois não me sentia apto para tal função, mas resolvi aceitar o desafio, pois gosto de desafio novo.
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Logo foi marcada a primeira reunião, em que nos explicaram qual era a nossa função e nossas atribuições. Fiquei mais assustado ainda, pois tinha muita coisa a fazer e não sabia se daria conta de tudo. Porém, com o incentivo da equipe da Superintendência Pedagógica (SUPED) e da equipe do Instituto Ayrton Senna (IAS), resolvi encarar para ver como era. Estava na época muito assustado, porque não sabia se ia dar conta das dezoito escolas que estavam sob minha responsabilidade, afinal eu era o único mediador de leitura da regional, as outras tinham mais de um, eu me sentia sozinho. Logo depois, a SUPED marcou uma reunião com todos os agentes de leitura da rede, aí foi que eu não só me assustei, mas me apavorei, pois foi uma guerra. Os agentes de leitura achavam que o Projeto de Leitura era muito complexo para eles desenvolverem nas escolas e que eles não recebiam nada para isso; além do mais, vários deles eram considerados inaptos para trabalhar com alunos (readaptados). Eu e todos os mediadores de leitura ficamos em pânico: como iríamos conseguir vencer essa resistência nas escolas? Fomos mais uma vez motivados pela equipe da SUPED e do IAS e através das formações fui me sentindo cada vez mais capacitado a realizar o meu trabalho. Comecei o trabalho na DIESP; para o meu desespero, descobri que não havia agentes de leitura em nossas escolas. Pensei: como vou realizar o trabalho? Quem vou procurar nas escolas? Foi aí que resolvi ler o Manual das Orientações Metodológicas do Projeto de Leitura Escolar e percebi que a direção tinha que resolver o problema para a realização do Projeto na sua unidade. Foi então que solicitei a primeira reunião com os diretores das unidades escolares. Já estávamos no mês de outubro de 2013. Nessa reunião descobri que as escolas realizavam atividades de leitura, porém
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não tinham nenhum projeto por escrito. Então, expliquei como era a estrutura do PLE e solicitei que me fizessem um projeto para o final do ano letivo de 2013 e que no próximo ano faríamos o projeto para o ano todo. Algumas escolas me enviaram os projetos, outras simplesmente ignoraram. Foi quando comecei a realizar as visitas às unidades escolares e propor ajuda para realização do projeto. Nesses momentos as equipes das escolas foram me conhecendo e se interessando pelo trabalho. Foi um ano difícil, pois eu estava ainda com muitas dúvidas e não conseguia responder algumas indagações dos diretores e professores, pois era mais um trabalho para eles, entre tantos que já tinham. No início das minhas visitas procurei saber como estavam as bibliotecas, os livros, o que eles nas escolas estavam fazendo com os livros que chegavam etc. Fui ganhando a confiança de todos. Nesse ano, 2013, aconteceu o Salão do Livro, e eu como mediador de leitura tinha que incentivar todos a participarem na escolha dos livros da escola. Foi outra loucura, pois a maioria estava acostumada a chegar ao Salão e comprar os livros aleatoriamente. Então, antes da ida ao Salão, participei de uma reunião com os gestores das unidades escolares e expliquei que seria importante que os livros adquiridos no Salão tivessem relação com o PLE do próximo ano, para tanto seria importante que fosse realizada uma reunião na escola para a escolha dos livros. Alguns assim fizeram, escolheram o tema do PLE do próximo ano e foram para o Salão com o tema na cabeça para comprar os livros adequados. No final desse mesmo ano (2013) assisti a algumas culminâncias de atividades do PLE e percebi que algumas escolas não estavam realizando atividade nenhuma, ou seja, estavam relutando para fazer. Como o trabalho havia começado no segundo semestre e muitos já estavam programados, relevei.
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Em 2014 iniciei com a formação para os mediadores, porém ficava sempre muito aborrecido quando chegava lá e não encontrava o nome da DIESP nem na pauta de presença. Foi quando comecei meu trabalho para que a sede reconhecesse a DIESP como uma das integrantes daquele processo, pois senti que havia algum tipo de discriminação em relação às nossas escolas. Fui chato, cobrei uma, duas, três, enfim, várias vezes até que começaram a nos ver como parte do time. Nas formações me apropriava das informações e levava para as escolas e, no ano de 2014, realizei a formação junto com a Metropolitana IV; somente uns três agentes de leitura participaram, mas com o envio de e-mail e participação nas reuniões de diretores consegui que quase 60% das escolas encaminhassem o PLE e desenvolvessem atividades. Visitei muitas escolas e percebia que o trabalho estava rendendo frutos, pois o que estavam apresentando já era cada vez melhor. Eu me emocionava a cada visita com as apresentações culturais, as exposições e o empenho de professores e alunos com o trabalho. Mas ainda faltava alguma coisa, pois nem todas as escolas estavam participando. Foi então que decidi visitar mais escolas e dar uma injeção de ânimo às equipes e mostrar para eles que eles eram capazes e que eu estava ali para ajudá-los. Consegui que em setembro desse ano (2014) as escolas realizassem o Circuito do Livro. Comecei participando de uma reunião com os diretores e coordenadores e expliquei o que era o circuito do livro e qual o objetivo, escolher o tema do PLE para o próximo ano, e assim eles poderiam adquirir os livros no Salão do Livro. E antes do dia do Salão do Livro eu já tinha quase todos os temas do PLE do ano seguinte. A compra nesse ano foi um sucesso, pois a maioria das escolas já sabia o que ia comprar, então pensei: meu trabalho está dando certo, eu estou conseguindo! No final de 2014 avaliei as atividades e percebi que havia tido uma evolução considerável. A coordenadora de
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Ensino da DIESP me disse que estava muito satisfeita com o progresso, pois as atividades de leitura nas escolas estavam virando um marco. Eu fiquei muito empolgado. No ano de 2015 começamos o processo com uma reunião com representantes das escolas pelo PLE. Nesse momento eu havia conseguido que os diretores indicassem um professor para ficar responsável pelo PLE e assim eles fizeram. Marquei a minha reunião com essa equipe e foi quando percebi que ia dar certo. É claro que o número de escolas da DIESP estava aumentando, já eram aproximadamente 22 escolas e meu trabalho aumentando, mas vamos lá. Marquei para que os projetos fossem entregues em março do ano letivo, porém consegui que aproximadamente 75% das escolas encaminhassem os projetos; continuei o trabalho solicitando às escolas, contudo ao final do ano ainda havia escolas que não tinham entregado o projeto finalizado. Ou seja, todas enviaram a primeira vez, receberam uma devolutiva e não me devolveram mais. Senti-me frustrado, porém quando comecei a visitar as escolas meu entusiasmo se renovou, pois percebi que as atividades estavam ganhando uma proporção muito boa. As atividades de leitura estavam dominando as escolas, o entusiasmo pelas atividades, havia recepção para o mediador de leitura, nossa!, fiquei maravilhado e me renovei novamente. Percebi o quanto era importante eu estar presente nas atividades que eles desenvolviam, pois eles (professores e alunos, principalmente) se sentiam prestigiados com a minha presença, porque eu não cobrava somente, eu participava com eles também; foi então que decidi me dedicar às visitas nas atividades de culminâncias e sempre mandar uma mensagem de apoio para as escolas em que eu não podia estar presente. Nesse momento percebi também que tinha conquistado o meu espaço. Eu estava muito feliz. No final desse ano (2015) fomos convocados pela SUPED e pelo IAS a produzir o Caderno da
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Regional, e fiz o Caderno da DIESP – Panorama 2015. Pedi aos professores que escrevessem relatos sobre o PLE, que os alunos também fizessem esses relatos e tirassem fotos para ilustrar nosso caderno. Ficou lindo! Até o Secretário de Educação ficou com um exemplar! Todas as escolas queriam um, mas infelizmente não conseguimos. O ano de 2016, apesar de todas as dificuldades do início do ano, começou bem para mim. Eu já tinha na DIESP 26 escolas, oito a mais de quando iniciei a mediação, porém eu já estava com o tema do PLE – 2016 das 26 escolas, isso era incrível! Marquei minha primeira formação para março, com os responsáveis pelo PLE das escolas, nessa formação apareceram quase quarenta pessoas, entre professores, coordenadores, diretores e a equipe da DIESP, lembrando que estávamos em pleno processo de greve. Nossa, fiquei emocionado. Nesse ano (2016) a DIESP já contava com mais alguns agentes de leitura e eu continuei solicitando aos diretores que as escolas que não tinham agente de leitura indicassem algum professor e ou coordenador para representar a escola. A formação foi um sucesso! Todos falaram muito bem, disseram que haviam gostado e que tinha sido muito esclarecedor. Claro, fiquei de novo muito emocionado e satisfeito com o meu trabalho. Marcamos a entrega do PLE para o prazo de vinte dias após a formação e, no mês de junho, eu já tinha 100% dos PLEs prontos em minhas mãos. Um marco! Fiquei tão feliz que resolvi editá-los e fazer um livrão com todos os projetos da DIESP, levei para a formação de mediadores e todos elogiaram muito. Eu estava muito feliz com o sucesso do meu trabalho. Mostrei à Coordenadora de Ensino da DIESP e à Diretora Pedagógica, essa imediatamente pediu que eu fizesse um orçamento a fim de imprimir para todas as escolas da DIESP e para entregar a alguns órgãos da SEEDUC. Nossa, que máximo! Preparei o orçamento, ela autorizou e mandei imprimir. Entreguei a todas as escolas, que elogiaram
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muito o trabalho e disseram que seria muito útil para eles. Fiquei de novo emocionado, pois estava dando tudo muito certo. As atividades do ano de 2016 já estavam acontecendo, mesmo com todas as dificuldades econômicas do país, greve dos professores, enfim tinha tudo para dar errado, mas conseguimos mais uma vez, os PLEs estavam em plena atividade nas escolas. No mês de outubro marquei mais uma formação para avaliarmos as atividades do 1º semestre e analisarmos o que podíamos fazer no segundo semestre. A formação foi de novo um sucesso, com a participação de quase todas as escolas convidadas, alguns coordenadores e a equipe da coordenação de ensino da DIESP. Todos elogiaram muito o trabalho, o meu entusiasmo com o PLE, e me disseram que isso contagia a todos eles. Fiquei muito feliz porque eu estava conseguindo o meu objetivo. Hoje, fico a pensar como pode um professor de Educação Física, que teve uma vida difícil, hoje desenvolvendo dentro de escolas prisionais e socioeducativas um projeto de natureza tão importante como o Projeto de Leitura Escolar e, melhor ainda, com sucesso? Agradeço a Deus, a minha mãe, a DIESP, enfim a todos que confiaram no meu trabalho e me oportunizaram desenvolver o que eu sei fazer de melhor: Ser Educador.
Autobiografia 2016 Lúcia Rodrigues dos Santos Balestro
No dia 04 de agosto de 1967 vim ao mundo para alegrar minha família e aumentar ainda mais a luta pela sobrevivência da mesma. Nasci na maternidade Pró-Matre localizada no Centro do Rio de Janeiro. Sou a quarta dos sete filhos da família Rodrigues dos Santos. Carrego somente o nome do meu pai, pergunto até hoje o porquê, mas confesso que até o momento minha mãe não sabe me dar uma resposta. Meu pai me apelidou de Dinga, mas também não sei o porquê do apelido. Assim como toda a minha família, sou “louca” por músicas. Gosto de ouvir diversos ritmos e adoro dançar. Costumo associar músicas a algumas etapas da minha vida. Passei minha infância estudando muito e ajudando meus pais no sustento da família. Fazia as tarefas de casa desde muito nova; aos oito anos já era “mãe” da minha irmã mais nova, pois minha mãe precisava trabalhar e eu era a responsável pelas mamadeiras e sopinhas da caçula da família. De origem muito pobre, sempre fui motivo de chacota das outras garotas, pois usava roupas feitas pela minha mãe e algumas reaproveitadas de outras pessoas, tinha um cabelo bem diferente do atual, era muito “duro” mesmo,
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rsrsrsrs. O único presente de Natal que ganhava era dado pela empresa em que meu pai trabalhava. Minha mãe era manicure e lavava roupas para fora, e meu pai, guardador de carros na antiga Coderte, embora trabalhasse de carteira assinada, o dinheiro era pouco para o sustento de uma família de dez pessoas. “Ainda se tiver noites traiçoeiras, se a cruz pesada for, Jesus estará contigo, o mundo pode até fazer você chorar, mas Deus te quer sorrindo...” Comecei a dar aulas em casa aos onze anos de idade. Sempre fui fascinada por livros, cadernos, quadros, enfim, a educação sempre foi minha paixão. Ficava encantada com o ato de ensinar. Meus primeiros alunos foram Flávia e Adonay, dois irmãos que eram meus vizinhos e tinham respectivamente seis e sete anos de idade. Minha adolescência foi marcada por muito estudo e trabalho. Sempre estudei em colégio público e nem por isso fiquei revoltada ou me senti inferior a ninguém. Estudava muito para tirar boas notas, gostava de ser boa aluna, embora fosse sempre muito tímida e não gostasse de ser elogiada em público. Passei toda minha adolescência trabalhando como camelô. Aos dezoito anos, consegui meu primeiro emprego de carteira assinada como caixa e em pouco tempo já era auxiliar de crédito. Também fui balconista, vendedora de cachorro-quente, vendedora de sacolé, mas, paralelamente a tudo isso, sempre dando minhas aulinhas como explicadora por fora. Nunca consegui deixar de lecionar. É muito bom poder compartilhar aquilo que sabemos! “Viver e não ter a vergonha de ser feliz. Cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz. Eu sei que a vida devia ser bem melhor, e será. Mas isso não impede que eu repita: é bonita, é bonita e é bonita!” Na fase adulta, já casada, sofri muito, mas prefiro pular essa parte e partir para a fase atual. Atualmente, sou uma mulher muito bem resolvida
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e firme nos meus propósitos, apesar dos traumas e feridas do passado. Posso dizer, com toda a certeza, que não foram poucos. Hoje, estou realizada e feliz com o segundo casamento, pois me casei com um homem maravilhoso que estava à minha espera há mais de vinte anos. Acredito que a felicidade existe de fato e que depois da tempestade pode mesmo vir a bonança. Aprendi a acreditar no amor verdadeiro, amando e sendo amada. Descobri que a felicidade pode estar nas coisas mais simples do cotidiano, como ir ao mercado com a família ou até mesmo abrir a janela do quarto e deixar o sol entrar. Tive apenas um filho, Felipe César, que é a minha grande paixão, o Amor da Minha Vida! Embora com tantas adversidades, consegui formar um homem de bem, um trabalhador. Apesar de ser idealista e sonhador, vive a vida do jeito que ela é. Ele foi o principal responsável por eu ter conseguido “fugir” de casa e abandonar a “vidinha” medíocre e infeliz que eu levava. “Eu tenho tanto pra te falar, mas com palavras não sei dizer, como é grande o meu amor por você, mas como é grande o meu amor por você...” Sou servidora estadual há quase nove anos e me realizo completamente na sala de aula. Meus alunos são meus “filhos” emprestados que preciso devolver no final do ano letivo aos seus verdadeiros pais, mas procuro sempre mostrar-lhes a realidade da vida com uma lição diferente das que encontramos nos livros didáticos. Gosto da ideia de falar sobre sexo, drogas, violência, política, desemprego, estágios, primeiro emprego, enfim, falar de tudo com meus alunos. Gosto dessa relação de troca, digo troca porque ensino e aprendo, falo e escuto. Construo com eles uma relação de carinho, amor, amizade e parceria, pois parto do princípio de que o trabalho é a nossa segunda casa; então, procuro sempre tratá-los com carinho e atenção, como se fossem realmente meus filhos. Sou graduada e
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pós-graduada em Letras pela Universidade Augusto Motta – UNISUAM; fiz Curso Normal no CE Heitor Lira. “Você não sabe o quanto eu caminhei, pra chegar até aqui, percorri milhas e trilhas antes de ...” A Mediadora de Leitura Lúcia Balestro
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Em janeiro de 2015, quando ainda em férias, acessei o site da SEEDUC e li sobre o processo seletivo para Mediadores de Leitura. Fiquei encantada com o Programa, pois minhas monografias, tanto a da graduação quanto a da pós, abordavam o tema Leitura. Procurei me aprofundar mais no assunto e participei do processo. Consegui a vaga e comecei a fazer o que sempre gostei, ou seja, desvendar o mistério da leitura. Sempre soube que os mistérios que envolvem a leitura eram muito difíceis de serem desvendados, mas quis arriscar assim mesmo, e mergulhei nesse oceano maravilhoso que infelizmente acabará em dezembro de 2016 – A Mediação de Leitura. Certifiquei-me, com a Mediação, de que a apropriação da leitura não é fácil realmente, mas o processo fica ainda mais difícil quando os “atores envolvidos” não são “conquistados” como deveriam. Trabalhando, pela primeira vez, com os Agentes de Leitura, consegui enxergar a leitura com um outro olhar, uma nova dimensão. Apropriar-se da leitura é algo fantástico, que precisa de empenho de todas as partes. Minha função como Mediadora de Leitura foi estabelecer um elo entre os alunos e os Agentes de Leitura para que o Programa de Leitura da Rede, que engloba o Projeto de Leitura Escolar – PLE e o Programa Jovens Leitores em Ação – JLA, este em parceria com o Instituto Ayrton Senna, alcançasse o mesmo êxito que teve no ano anterior – 2014. Os agentes
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de leitura precisavam incentivar e desenvolver as competências leitoras e a escrita dos alunos nas escolas atendidas de modo satisfatório, visando a melhorar a qualidade do processo de ensino e aprendizagem, de modo geral, no Estado. Além disso, a função do(a) Mediador(a) de Leitura trouxe grandes desafios de interlocução entre os diferentes sujeitos envolvidos nos diferenciados níveis hierárquicos, fosse na DRPM III ou no interior das escolas, o que enriqueceu e ampliou a percepção acerca da necessidade de se estabelecerem novas parcerias e resgatar outras, como, por exemplo, com os Agentes de Leitura dessas unidades escolares e de seus demais profissionais, além de contar com os alunos como parceiros primordiais na nova proposta que se apresentou gratificante. Nesse novo desafio, sempre tive a orientação e acompanhamento da Coordenação de Ensino – articulada com as demais áreas e com o apoio da Direção Pedagógica. Esse apoio teve fundamental importância para propor, gerir e avaliar as principais estratégias utilizadas durante todo o processo de implantação dos programas de leitura e também para o desenvolvimento do meu trabalho. “Os sonhos mais lindos sonhei. De quimeras mil, um castelo ergui...”
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Vencendo desafios e superando obstáculos
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A enorme crise financeira do Estado trouxe uma mudança drástica na Educação em 2016. Mas, apesar de todas as dificuldades encontradas, tivemos, sim, conquistas consideradas importantes para o crescimento intelectual do nosso alunado através dos Projetos de Leitura. Dentre elas, a valorização do trabalho do Agente de Leitura e seu futuro “protagonismo”, a presença em grande número dos Gestores e Coordenadores Pedagógicos na reunião realizada na Regional para apropriação dos Projetos de Leitura, a entrega e desenvolvimento do PLE por quase 100% das Unidades Escolares, a adesão e interesse dos Agentes de Leitura iniciantes ao Programa Jovens Leitores em Ação – JLA, a parceria firmada em 2015 e concretizada em 2016 entre Agentes de Leitura e os Mediadores de Leitura. A maior delas talvez seja a notória sensibilização das Unidades Escolares no sentido de participarem dos diversos projetos propostos pela SEEDUC, com a intervenção pedagógica da DRPM III, ao longo do ano e que necessitavam do engajamento efetivo dessas escolas, a fim de alcançarem êxito. Tal reconhecimento trouxe outra contribuição importante da DRPM III à rede: a melhor e mais qualificada atuação dos profissionais envolvidos, através do (re)conhecimento de suas atribuições específicas. Nesse sentido, procurou-se aprimorar o fluxo de comunicação das escolas com a Regional, através de diferentes relatórios que foram produzidos ao longo do ano e que visaram, por fim, a atender, de maneira geral, às orientações do Plano de Educação do Estado, manifestadas em diferenciados projetos propostos à Rede. Ao longo desse trabalho, por exemplo, foi apresentada a experiência vivenciada com um desses projetos, o Projeto de Leitura Escolar (PLE), iniciado em 2013 por toda a rede.
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Infelizmente, em 2016, tivemos muitos fatores adversos que impossibilitaram um sucesso ainda maior nos programas de leitura da rede. Greve longa de professores, salários atrasados, escolas “ocupadas”, reposição de aulas, além de uma crise imensa nos cofres públicos do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Com isso tudo, a adesão aos Programas de Leitura foi menor do que nos anos anteriores, mas, mesmo assim, conseguimos atingir algumas metas consideráveis. Tínhamos como meta principal fazer com que todas as Escolas Diurnas aderissem ao Programa Jovens Leitores em Ação – JLA e, assim, levar a leitura de forma enriquecedora aos nossos alunos; porém, infelizmente, com tantos fatores adversos, não conseguimos! Embora tenhamos conseguido mobilizar um grande número de Agentes de Leitura, a realidade que nos “assombrava” era forte demais. A desmotivação veio também por parte dos Mediadores de Leitura no exato momento em que ficamos sabendo do fim do Programa JLA na Rede Estadual. “Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima...” A mobilização continuou, mesmo sabendo da extinção do Programa. Procuramos envolver os Agentes de Leitura, proporcionando-lhes sempre em nossos encontros momentos agradáveis. Além disso, procurávamos ser cordiais e valorizar tudo aquilo que o profissional havia conquistado; enfim, com muita responsabilidade, pontualidade, clareza, objetividade, a Mediação de Leitura foi muito bem representada por mim na Regional Metropolitana III. Foi uma experiência inesquecível e enriquecedora demais! Jamais será esquecida! “Ergue essa cabeça e mete o pé e vai na fé, manda essa tristeza embora...”
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Uma caminhada para não enferrujar Mônica de Queiroz Valente Da Silva
A Mediação de Leitura surgiu em 2013. E eu iniciei minha história junto a ela em meados daquele ano, exatamente em final de julho, quando o time de mediadoras da Diretoria Regional Pedagógica Metropolitana III já estava formado. A partir da desistência de uma das componentes originais, soube do trabalho através de uma das diretoras da escola onde leciono. A partir do meu interesse, contatei a Coordenadora de Ensino dessa regional, passei por uma entrevista e, a partir da apropriação da proposta, efetivei minha adesão àquele novo time de trabalho. Como se tratava de uma proposta nova tanto para a nossa Regional como para nós, todas professoras regentes de turma em pleno exercício em nossas salas de aula, o primeiro desafio encontrado foi o de procurar compreender melhor as atribuições dessa nova função e de que maneira nossa contribuição seria importante para consolidar, futuramente, o que à ocasião já percebíamos como uma tarefa das mais árduas, mas não menos sedutora, já que todo pioneirismo demanda uma dedicação que, além de direta ou indiretamente vir a corresponder às expectativas gestadas na tarefa, alimenta a nossa alma com duas substâncias essenciais para se cumprirem desafios: fé e amor.
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Antes de esclarecer como a fé e o amor se articularam no exercício da Mediação de Leitura para mim, quero falar um pouco mais sobre ser “pioneira” em alguma coisa. Ao buscar as definições dadas pelo dicionário a essa palavra, a fim de construir este texto, deparei-me com algumas acepções que podem ser resumidas a esta, retirada do Dicionário de Caldas Aulete, da qual me aproprio aqui em especial, por entender que ela traduz na essência o percurso-desafio que passei a experimentar à frente da Mediação de Leitura: “[Aquele] Que anuncia ou acrescenta algo novo, inovador ou transformador em qualquer campo de atividade ou área”. Acrescentar algo novo, inovar ou transformar algo em alguma área, como já se sabe, não é, comprovadamente, uma ação humana das mais fáceis. Aliás, a História nos apresenta diversificados exemplos de como a proposição de novas ideias é algo especialmente custoso para a humanidade. Afinal, uma vez que somos todos nós – seres humanos – que consolidamos os paradigmas que viemos a vivenciar, a partir das práticas, crenças e pensamentos que compartilhamos, torna-se compreensível verificar que os transformar não se constitui uma tarefa consensual e imediata para todos. Por isso, são necessários muita fé e muito amor. A fé, enquanto convicção, faculta-nos a possibilidade de antever os resultados daquilo sobre o qual lançamos nosso compromisso de busca e nossa esperança. Não se trata de uma fé dogmática, fechada no caminho das certezas, reclusa em si mesmo, não dialogal, indisponível para avançar, conquistar e crescer. O amor, por sua vez, tido como um sentimento de plena devoção por algo ou alguém, impulsiona o ser humano para conquistas grandiosas, uma vez que o impele a melhor cuidar do seu objeto de devoção, dele zelando e a ele se dedicando. (Talvez eu tenha exagerado na metáfora da experiência com a Mediação de Leitura. Tudo bem. Podemos resolver isso se pensarmos em “licença poética”! Que seja uma “licença poética” sentir essa experiência dessa forma e tentar falar dela assim, pelo
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viés de dois aspectos que terminam por representar o transbordamento subjetivo do humano: fé e amor.) Não obstante, o binômio fé/amor parece recorrente ainda hoje no discurso dos professores e professoras, quando são instigados a falarem do exercício de sua profissão. Discussões à parte – sobre considerar ou não o magistério como vocação –, o fato é que professores e professoras, capazes de entrar e sair das suas salas de aula levando e trazendo sorrisos, vivenciam essa “licença poética” cotidianamente e justificam suas vidas profissionais – e pessoais – por ela. Não foi uma surpresa para mim, portanto, perceber que um tanto de fé e um tanto de amor seriam fundamentais para que eu me apropriasse dos conhecimentos que batiam à porta de minha nova experiência profissional. À frente da Mediação de Leitura, precisei articular aspectos de gestão pessoal em níveis que eu ainda desconhecia. Um deles refere-se ao trabalho em equipe. Pode parecer estranho eu mencionar isso, mas a verdade é que é muito comum que o trabalho docente seja realizado, o mais das vezes, de forma solitária. Inclusive, vale lembrar, o sentimento de solidão no exercício docente tem sido alvo de pesquisas. Logo, a possibilidade de não continuar insulada na realização de uma atividade de natureza pedagógicodidática tornou-se especialmente sedutora. O trabalho em equipe, portanto, me fez aprender ainda mais sobre a dimensão do cuidado, refletido em ações de respeito mútuo e de construção de parcerias. Isto porque, durante a construção da identidade da Mediação de Leitura, no decorrer do primeiro ano, diferentes estratégias nos eram propostas, a fim de que nos aproximássemos efetivamente de outros parceiros fundamentais ao trabalho que desenvolvíamos, como os Agentes de Leitura. Assim, foi necessário que eu revisitasse partes da minha própria história profissional, a fim de me preparar de maneira a estar melhor e mais qualificada para auxiliá-los no que fosse preciso.
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Além disso, a Mediação de Leitura ensinou-me a estabelecer metas comigo mesma para superação de objetivos pessoais, transpondo obstáculos aos quais me ative – por desânimo e descrença – e me fez resgatar alguns projetos, como os relacionados à continuidade dos estudos. O que surgiu, sem dúvidas, pelo prazer despertado nas vivências dos Encontros Formativos da Mediação de Leitura, já que a abordagem pedagógica utilizada nesses encontros, sobretudo no ano inicial da Mediação de Leitura, promoveu em mim o desejo por saber mais a respeito de como eu mesma poderia ensinar melhor aos meus alunos, já que a regência de turma sempre foi uma condição necessária para desenvolver a função de Mediadora de Leitura. Muitos foram os momentos vivenciados à frente da Mediação de Leitura, portanto, em que, aliando a fé e o amor que julgava necessários para compor a minha trajetória, compartilhei com outros protagonistas dessa história muitas das mesmas incertezas, dos mesmos receios, dos mesmos desejos. Especialmente, num primeiro momento dessa trajetória, foi com os Agentes de Leitura que aqueles momentos se revelaram mais emocionantes, porque estávamos todos envolvidos por uma ideia pioneira para toda a rede estadual pública, no que concernia à implementação de um Programa de Leitura, que efetivamente apontasse para a promoção de práticas leitoras diferenciadas nas escolas em que esses profissionais atuavam e tendo em vista a acepção das suas atribuições, conforme o que a Resolução 4798/12 – que dispõe sobre as atribuições de pessoal e a estrutura escolar – orientava. Os acompanhamentos presenciais nas escolas me devolveram aquela busca pelo não insulamento que a regência de turma, ao longo desses anos como Professora Docente I na SEEDUC, acabou trazendo. Estar ao lado de outros professores (Agentes de Leitura readaptados, em função extraclasse) nessas visitas técnicas que eu realizava era especialmente
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estimulante, pois me apresentou a dimensão da gestão escolar em seus múltiplos aspectos. E aquele com o qual mais me identifico, que é o da formação. Formar, portanto, os Agentes de Leitura para se apropriarem e se empoderarem em sua função, conforme as novas atribuições e partindo de um Programa de Leitura em escala, era extremamente excitante! Isso porque um novo lugar de fala me foi apresentado, a partir da voz dos Agentes de Leitura, que era pautada pelas suas experiências singulares, mas de certa forma tão homogêneas no que se relacionava aos sentimentos e emoções que expressavam sobre suas inquietudes profissionais. Pude perceber que, de certo modo, nos assemelhávamos quanto ao que sentíamos a respeito desse estar nesse mundo que era o espaço escolar, um lócus nem sempre tão ameno, mas nem sempre só hostil. Logo percebi que eu poderia contribuir, sendo uma formadora, oferecendo uma proposta de trabalho que os fizesse, como já estava acontecendo comigo mesma, modificar a situação em que se encontravam profissionalmente e – por que não? – pessoalmente. Em um dos acompanhamentos, por exemplo, percebi que precisava trabalhar com uma Agente de Leitura na sua dimensão emocional, para além da abordagem técnica. Isso porque ela havia sofrido um AVC que a manteve limitada fisicamente. Recentemente de volta às atividades profissionais, emotiva e agora na sala de leitura/biblioteca em função desse ocorrido, resgatar a sua autoestima era uma tarefa muito cara para mim. Talvez porque eu mesma, num nível diferenciado, buscasse também desenvolver a minha própria autoestima pelos meus esforços próprios e, assim como ela, redescobrir meu potencial através de um novo espaço de atuação profissional, renovado. E como essa Agente de Leitura em especial, os outros e outras naquele momento muito difícil de construção dos sentidos da Mediação de Leitura, que foi o primeiro ano, em 2013, me trouxeram a certeza de que “ninguém
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caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho caminhando, refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs a caminhar”, como nos diz Paulo Freire. Assim, o sonho de ressignificar meu trabalho como professora regente de turma – e de ensino de Língua Portuguesa! – encontrou, nas sensibilidades desses e dessas Agentes de Leitura, nas suas percepções agora redimensionadas por um novo desafio, um lugar de onde falar e em que eu também pudesse estar sendo representada: o da conquista da leitura e do aprendizado da Literatura. Ou seja, o do encantamento pela palavra escrita e de seu poder de transformação, pelo empoderamento que suscita. Nessa caminhada, foi muito significativo empreender um “ritmo e um rumo” constantes, como não se cansavam de dizer Renata Monaco, Francis, Rita Carmona, Andressa, Bernardo, Nilma... em todas as reuniões formativas das quais eu participava. E me apropriar de elementos que pudessem me orientar na caminhada foi algo complicado no início. Sobretudo, pelo fato de que eu precisava compreender muito bem a nova proposta, de maneira a alimentar a caminhada dos meus parceiros – Agentes de Leitura, equipe diretiva das escolas, os docentes e alunos –, com os quais fui me achegando durante todo o Programa. Os estudos de formação, como já mencionei anteriormente – tendo no Caderno do Mediador de Leitura um produto palpável e organizador dos princípios do trabalho a ser desenvolvido –, foram especialmente importantes por oportunizarem uma abordagem que eu não havia tido a oportunidade de experimentar. A partir deles, a apropriação dos novos conceitos (como o do Multiletramentos e do Protagonismo Juvenil) levou-me a me posicionar de forma mais objetiva diante das dificuldades percebidas durante os acompanhamentos realizados. Isso, sem dúvida, trouxe para mim a consciência de que a dimensão gestora das atividades que terminamos por empreender, em qualquer área de nossas vidas, precisa
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ser melhor explorada. E dessa dimensão gestora, como regente de turma, eu ainda não tinha domínio. Partindo da constatação de que o “ritmo e o rumo” de meu trabalho na Mediação de Leitura precisariam contemplar essencialmente a gestão de pessoas, no sentido de conciliar muitas expectativas, anseios, temores e incertezas, na caminhada aprendi que “caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo” e que “o essencial faz a vida valer a pena”, como diz o grande educador Rubem Alves. Logo, pensar estratégias para articular as ações que o Programa Jovens Leitores requisitava, de braços dados com o Projeto de Leitura Escolar, foi um aspecto crucial na dimensão gestora da qual eu me apropriava e que imprimiu qualidade ao meu trabalho. Como venho dizendo, fé e amor foram elementos indissociáveis na minha caminhada pela Mediação de Leitura. Retomando Rubem Alves, “desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo”. Ter fé e honestidade me parece algo importantíssimo para que desempenhemos tudo na vida! Quando pensamos no círculo profissional, sabemos que há muitas coisas que podem tentar interferir para nos afastar de nosso código de conduta. Mas, se não perseguirmos um ideal, as coisas todas se perdem numa mediocridade da qual não conseguiremos nos livrar. A divagação que fiz acima serve para sublinhar o fato de que na caminhada proposta as obstruções postas nos diferentes caminhos foram muitas! Afinal, quebrar certos paradigmas requer muito esforço de nós. E, não obstante, a paga é, muitas vezes, a indiferença, de um lado, e a obstinada recusa, de outro. Estávamos, como Mediadores de Leitura, de certa forma, propondo uma ruptura de comportamentos, comportamentos esses que significavam a manutenção de alguns lugares de fala que pretendiam continuar nos dizendo que não valia a pena mudar; que aquilo tudo era mais uma coisa que não iria durar muito, um modismo a mais da “Secretaria”; uma
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invenção de trabalho de quem não tinha o que fazer para quem não queria o que fazer, pois não havia mesmo mais nada a ser feito etc. Diante desse cenário, através de uma ação dialógica e dialogal com parcerias às quais fui me afinando (a começar pela Regional até chegar lá no tal “chão da escola”), consegui visualizar um “ritmo” e um “rumo” possíveis, não utópicos, mas reais e concretos, como aqueles que a rotina das visitas técnicas me trouxe: a troca compartilhada tanto das informações mais objetivas, como das muitas angústias por não compreendermos, nós, os protagonistas envolvidos, se superaríamos tudo de maneira positiva; a transparência na consolidação e compartilhamento de todos os resultados de inúmeras ações (gerais e pontuais); o estabelecimento de combinados e o resgate deles na reconstrução dos planos de ação para o trabalho, tanto com as escolas – em seus ambientes muito diversificados e, por isso, bastante específicos e que precisavam ser contemplados –, como para comigo mesma, no meu crescimento profissional e pessoal desejado, dentre tantas outras estratégias que procurei articular, à frente da Mediação de Leitura. Muitas foram as experiências pelas quais passei nessa caminhada. Sou sincera ao dizer que não colecionei aquelas histórias que podem fazer chorar ou provocar grandes gargalhadas. Mas são histórias que me engrandeceram naquilo a que me propus ao iniciar a trajetória a que visava. Cada momento em que precisei me colocar no lugar de cada colega professor/-a, readaptado/-a em sua função extraclasse, muitos saudosos/-as daquilo que eu não estava mais quase valorizando por conta da condição de me sentir “ilha”, trouxe uma consciência diferente, que passou a dialogar com a minha fome de novidade e de pertencimento a algo que me possibilitava crer que valia a pena estar fazendo parte de alguma coisa nova, diferente. Algo que fosse meu, sendo de todos; algo que fosse de todos, mas, em essência, meu também! De tudo o que vivi, por isso, posso dizer que o mais significativo,
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sem dúvida, foi ouvir. E, ouvindo, aprendi de outras “ilhas” que ainda é possível sonhar e caminhar, para não se enferrujar. Contudo, há um preço a ser pago! Como tudo na vida, isso é certo. Muitas vezes, como Mediadora de Leitura, sentia-me como uma mediadora de conflitos numa guerra. E aprendi, como os demais Mediadores de Leitura, que esse sentimento era real e paradoxalmente desejável, já que nosso papel – como percebemos imediatamente! – era “desarmar” as muitas bombas espalhadas pelos caminhos e expressas em discursos prontos de indiferença, desconfiança, desânimo e até mesmo velado rancor. Caminhada dura, essa de recolher artefatos de guerra, sobretudo quando as pessoas se mantêm tão beligerantes! Levar flor, ao invés da espada, não é tarefa das mais fáceis, mas hoje continuo compreendendo que seja a mais corajosa! E me orgulho disso. Ter participado de um momento de construção de um olhar diferenciado para a recepção e desenvolvimento de um outro paradigma na rede de ensino público estadual, como foi o da criação da Mediação de Leitura, significou avançar de um momento de estagnação para um novo, de movimento. Sair da inércia pressupõe acelerar, não resistir – no sentido de se manter paralisada –, mudar. E as mudanças não são totalmente agradáveis já que, em dado momento, é imprescindível a mobilização: rever e reconsiderar, de fato, o nosso replanejamento de tempo e de prioridades. Assim ocorreu quando precisei compreender a necessidade de trilhar alguns percursos que eram necessários na minha formação como Mediadora de Leitura, como, por exemplo, o desafio do estudo on-line. A experiência da EaD não era novidade para mim. Já havia sido tutora de um curso à distância de pós-graduação, numa universidade pública federal no estado do Rio de Janeiro. De maneira que nem a plataforma me assustou, nem a sua dinâmica de atividades. Contudo, como na experiência que tive anteriormente naquela tutoria, eu percebi que essa modalidade
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de ensino não me provocava o desejo de maior participação. Acredito que a EaD, de maneira geral, pode ser utilizada eficazmente, desde que seja, antes de tudo, de interesse do educando. No que se refere ao ensino na modalidade da EaD, defendo que deva haver uma identificação do educando com essa modalidade, gerando seu desejo de dela fazer uso, para os fins a que se destine. Ser um estudante virtual deve ser, antes de tudo, uma opção do educando às inúmeras e diversificadas situações que se apresentam para ele (a partir dele!), como obstáculos à sua educação formal, seja pela dificuldade de acesso físico aos locais de formação, seja por uma restrição de tempo qualquer que afete a concretude dos estudos. Como não foi uma opção pessoal participar de uma formação pela EaD, mesmo sabendo que ela integrava o processo formativo do Mediador de Leitura, infelizmente reconheço não ter apresentado uma participação mais efetiva nesse quesito, embora isso não significasse nem signifique ausência de um domínio técnico sobre a questão. Algumas situações específicas e pessoais definiram, de maneira pouco satisfatória, segundo minha autoavaliação, minha participação nessa parte de todo o processo formativo para os Mediadores de Leitura.
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Contudo, preciso ressaltar que essa vivência foi significativa para outros colegas, uma vez que lhes oportunizou uma experiência diferenciada, com a qual muitos não haviam tido contato. O que pedagogicamente me parece importante, uma vez que permitiu que fossem revisitados e ampliados, pela dinâmica das atividades, alguns conceitos e o domínio de determinados recursos de natureza técnica que precisaram ser contemplados pelos Mediadores de Leitura, no intuito de dominarem determinados conteúdos que serviram para o planejamento e avaliação de nossas atividades e desempenho na função. São muitos os caminhos que se projetam à nossa frente, numa caminhada como essa que percorri pela Mediação de Leitura e por mim mesma, o que deu um sabor especial a cada momento experimentado. Houve um lapso em torno de cinco meses, no ano de 2015, em que me afastei da função, a meu próprio pedido, acreditando que não me seria possível conciliar o trabalho da Mediação de Leitura com os novos desafios que decidi abraçar naquele ano, como a continuidade dos estudos, através de um curso de mestrado profissional. Foi uma decisão difícil, uma vez que uma escolha realizada pode determinar toda uma trajetória de vida. E eu somente percebia que aquela tomada de decisão era a mais viável naquele momento. Pareceu-me mais honesto abrir mão da continuidade daquele trabalho, uma vez que não era possível garantir junto aos responsáveis pela execução do Programa, naquele momento, uma participação efetivamente satisfatória. Somente decorrido aquele tempo de cinco meses, assentei meus compromissos para aquele ano. Coincidentemente, tive o prazer de poder aceitar o convite para retornar às atividades na Mediação de Leitura, feito pela Diretora Regional Pedagógica e pela Coordenadora de Ensino da DRP III, o que me fez retornar ao Programa ainda em 2015. Essa experiência de retorno à função, em especial, foi também muito significativa, porque minha própria equipe da Mediação de Leitura havia
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mudado, contando com novos membros, dos quais procurei rapidamente me aproximar e continuar a contribuir, plenamente consciente de que, se eu era “veterana”, isso não significava detentora de toda a verdade absoluta dessa experiência anterior. Por isso, procurei indagar em que e como eu poderia ajudar, especialmente na concepção da Coordenação de Ensino, estabelecendo com ela um plano de ação que cumpri ao longo daquele ano, visando ao fortalecimento da participação de nossa regional no Programa. Por tudo isso, por muito tempo foi gratificante me aperceber como um elemento agregador para construir um novo lugar de fala na Regional física e na que eu levava durante as visitas, por exemplo, em que a marca do acolhimento fosse singularmente importante. Esse lugar novo muitas vezes foi pontilhado pelas conversas informais e risonhas que também aconteciam durante os plantões e pontos de controle semanais na Regional física, onde eu realizava o atendimento às escolas e dava continuidade às muitas demandas da minha atribuição enquanto Mediadora de Leitura. Contudo, também foram possíveis naquela Regional que eu representava, nos acompanhamentos presenciais. O que sempre trouxe mais leveza e humanidade aos encontros. O estímulo permanente uns aos outros e criação de um ambiente em que o profissionalismo fosse marcado pelo diálogo e pela transparência eram especialmente buscados por mim, em favor desse espaço novo, em que também os afetos fossem considerados. Por isso, acredito que há muitas lembranças boas as quais farei questão de trazer à memória, em tempos futuros, pois me ensinaram mais de mim mesma do que dos outros, certamente! Sobretudo, aquelas memórias que se relacionam aos afetos que construí durante toda essa caminhada, seja na Regional, seja nas escolas por onde passei, essas se manterão acima das experiências ruins – que decerto existiram! –, pois são as que alegram o coração e o fazem desejar caminhar, caminhar, caminhar...!
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De uma forma ou de outra, cada um desses três anos à frente da Mediação de Leitura me abraçou e me recebeu de maneira generosa, e procurei ser grata a cada um deles com uma postura da qual eu não me envergonho nem me acuso: foram as minhas escolhas possíveis e é a minha história! Se me perguntarem se valeu a pena, não responderei com Fernando Pessoa, porque já aprendi que sempre vale a pena. Resgato, contudo, um outro pensamento, de Madre Teresa de Calcutá, que faz muito – aliás, todo o! – sentido: “Não deixe que enferruje o ferro que existe em você”. Para isso, servem as utopias, também já diz Eduardo Galeano: para que não deixemos de caminhar. Somos humanos e feitos dessa matéria cada dia mais essencial para a nossa existência, que é o sonho. Cada dia mais vital. O sonho que se sonha só é só um sonho, mas aquele que sonhamos juntos é realidade, já nos ensinou Raul Seixas. Por isso, se ainda me perguntarem se foi só um sonho... Deixo esse texto para que acessem a minha memória e, quem sabe, consigam também vislumbrar o meu coração. Talvez, nessa forma de ser e estar com a qual hoje me apresento, atravessada por tantas palavras, consigam obter a resposta que insistam em perguntar.
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Desafios e Conquistas Ana Lúcia Machado Hernandes Correa
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Leitura é a chave para ter um universo de ideias e uma tempestade de palavras. Autor desconhecido
Meu nome é Ana Lúcia Machado Hernandez Corrêa. Tenho 45 anos, dos quais 27 atuo como professora. Tenho duas matrículas: uma no estado do Rio de Janeiro, desde 1990 e outra no município do Rio de Janeiro, com a minha admissão em 1995. Sou professora de Língua Portuguesa. A leitura sempre fez parte de minha vida. Influenciada por meu avô materno, um amante dos livros, e por minha mãe, uma leitora voraz. Em toda minha infância e adolescência me vi envolvida por histórias, suspense, romances, poesias.
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No ano de 2012, comecei a trabalhar na Sala de Leitura da Escola Municipal. Deparei-me com um novo desafio. Pude iniciar um trabalho em que acredito: a transformação através da leitura. Nada fácil. A leitura ter seu espaço no meio de uma geração tão tecnológica. Mas através de ações de incentivo à leitura, devagar, houve uma conquista gradativa de mais e mais alunos leitores, que logo também se tornaram produtores de seus textos. Participamos de concursos de redação e vimos alguns textos serem selecionados. Essas conquistas trouxeram brilho nos olhos dos alunos, reconhecimento de seus potenciais. Em março de 2015, um novo desafio: tornei-me Mediadora de Leitura no estado do Rio de Janeiro. Entrei sem um conhecimento profundo da função. Meu primeiro contato com a Mediação foi na Formação para os Agentes de Leitura em março de 2015. Foram dois dias de formação: o primeiro no Instituto de Educação Júlia Kubitschek e o segundo na escola SEEDUC, com a apresentação do Jovens Leitores em Ação (JLA) em parceria com o Instituto Ayrton Senna. Comecei a perceber todo o potencial do projeto através do relato das experiências exitosas de 2014. Os dias iniciais foram de apropriação do material, de seu conteúdo e das atribuições do Mediador de Leitura e Agente de Leitura. No mês de abril, fizemos a formação com todos os agentes das escolas noturnas e diurnas. Iniciei um processo de conquista de parcerias. Começamos também as visitas com o foco no acompanhamento da distribuição dos livros didáticos e seu armazenamento nas escolas. A Regional também pediu o nosso apoio na aplicação do Saerjinho e no acompanhamento dos Conselhos de classe. Um lado mais burocrático da função. O lado menos agradável, mas necessário para o alcance das metas propostas pela Metropolitana III. Mais desafios, pois, ao chegar à escola para acompanhamento do COC (conselho de classe), por exemplo, você é visto
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como alguém que está ali para cobrá-los. Com muito cuidado, mostreime como alguém que tinha o mesmo objetivo de toda a comunidade escolar: o crescimento da escola, a conquista de resultados positivos. Próximo passo: repescagem dos agentes que não participaram das formações. Primeiros embates. Primeiras falas de insatisfação dos agentes. Queixas por melhores condições de trabalho, por valorização. Luta. Como melhorar essa realidade? Muito trabalho. Muitas conquistas. Apropriei-me da proposta da Mediação de Leitura. Formamos e incentivamos agentes de leitura, que ainda se mostravam inseguros. Perceberam que tinham voz e ganharam força nova. Presenciei, nas visitas, lindos trabalhos de incentivo à leitura. Vi, com satisfação, que havia possibilidade de mudança na educação e essa mudança poderia acontecer a partir da leitura. Construí grandes parcerias com agentes de leitura e gestores. Chegamos ao meio do ano de 2015. Em julho, os mediadores de leitura são convidados para uma reunião com o secretário de educação Antônio Neto. Reconhecimento de um trabalho iniciado em 2013 que veio se consolidando ao longo dos anos. Emoção. Quando voltamos do recesso, houve uma alteração na equipe de mediadores da Metropolitana III. A Mediadora de Leitura Soraya saiu do grupo e retornou a Mediadora Mônica Valente. Mudanças. Novas adaptações. Tivemos de alterar a maneira de trabalho, adequarmonos a uma nova forma de trabalho, a uma nova integrante da equipe. Perdas e ganhos. Saídas e entradas. Acima de tudo: aprendizagens. Continuamos com o acompanhamento das ações do Projeto de Leitura Escolar (PLE) e JLA, através de visitas, e-mails, mensagens via WhatsApp. Também permanecemos realizando reuniões
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formativas e informativas. Dessa forma, fomos conquistando cada vez mais parcerias. Nesse momento, também presenciamos escolas empenhadas em desenvolver ações para incentivar a leitura e trazer transformação ao seu aluno. Estive presente em culminâncias do Projeto de Leitura em escolas diurnas e noturnas. Em todas elas, porém, havia a vontade de ter um momento vivo e participativo de toda a comunidade escolar. Estruturas diferentes. Algumas com mais espaço, com mais alunos; outras em espaço compartilhado com a Prefeitura, sem Sala de Leitura ou Agente de leitura, mas com empenho de fazer o seu melhor. Durante todo o ano de 2015, realizamos atividades na Plataforma de Curso à Distância. Cada proposta de atividade era um desafio, muitas eram as novidades para nós. Gráficos, Nuvem de Palavras, entre outras atividades, que nos foram úteis para desvendar e compreender um pouquinho do desenvolvimento do PLE e JLA nas escolas. No final do ano, a proposta de atividade era a produção de um Caderno da Regional, com o registro das ações desenvolvidas durante o ano. Mais desafios. Muita dificuldade para ajustar pessoas com jeito, estilo e propostas diferentes. Escrever com pouco tempo. Foi difícil. Chegamos à versão final, não sei se a melhor versão, contudo aquela que retrata as dificuldades e conquistas da Mediação de Leitura da Metropolitana III. Fim de 2015. Evento de encerramento. Apresentação dos Cadernos das Regionais, trocas de experiências, boas práticas. Certificação dos Mediadores de Leitura. Uma festa. Cansaço. Sensação de dever cumprido. Lançado o desafio, continuação no ano de 2016. Iniciamos o ano de 2016. Primeira formação do ano. Fomos
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comunicados de que a Mediação irá terminar em dezembro de 2016. Mostra-se toda a trajetória da Mediação e o fim deste ciclo. Expectativa. Como será este término? Será que o trabalho dos agentes e das escolas continuará agora de uma maneira autônoma? Proposta da formação, reunião com os gestores em março. Apresentação do PLE e JLA. Envolvimento da equipe gestora no Programa de Leitura e a indicação dos agentes de leitura que participarão da formação. Ainda em março inicia a greve dos professores da rede estadual. A greve continua durante vários meses, com o seu término só em julho de 2016. As formações dos agentes de leitura são adiadas. As atividades nas escolas quase param. Adesão de muitos professores da rede estadual. Escolas paradas. Escolas ocupadas. Na nossa regional, tivemos uma grande quantidade de escolas diurnas ocupadas. Como lidar com essa nova situação? O aluno também exige mudanças. Mudança na gestão da escola, na estrutura, o aluno quer ser ouvido. Ocupação na DRPM III. Ocupação na SEEDUC. Como lidar com essa nova situação? As escolas começam a ser desocupadas. Somos designadas para acompanhar as desocupações. Incentivamos a atuação dos agentes de leitura no retorno das atividades das escolas. Observamos as Salas de Leituras e a distribuição dos livros didáticos. Presenciamos alguns momentos tensos, de brigas entre alunos e professores. Uma realidade a ser encarada. Tentativa de chegar a um ponto de equilíbrio. As reuniões com os agentes de leitura, finalmente, são marcadas. No dia 20 de julho, a dos agentes atuantes no IE Carmela Dutra. A reunião flui de forma produtiva. Há a presença, além dos agentes de
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leitura, dos Mediadores pedagógicos e Coordenadora de Ensino. Fazemos a reunião em horário parcial e com certa pressa, pois há uma orientação para a unidade escolar ser fechada ao meio-dia, devido à violência nas comunidades em seu entorno. Apesar dessa apreensão, há uma boa troca de experiências entre os agentes. É uma reunião proveitosa. Reconhecemos parcerias entre as agentes e confiança no nosso trabalho. A reunião com os agentes novos foi marcada para o dia 29 de julho, no CE Chico Anysio, em conjunto com a Metropolitana VI, durante todo o dia. Houve presença de agentes das escolas diurnas e noturnas da Metro VI, com isso, o número de participantes na parte da manhã foi muito grande. Essa reunião aconteceu dois dias após o término da greve. Foi uma reunião tensa e muito confusa. Os agentes tinham necessidade de mostrar suas frustrações e angústias. Foi uma reunião muito difícil, porém mais um aprendizado para nós. Recesso. Nosso retorno. Mudanças na estrutura da Secretaria de Educação. Incertezas. Tentativa de recuperação de um ano nesses poucos meses que faltam para o fim do ano. Apesar de tantas situações difíceis neste ano, vimos um grupo guerreiro, sonhador, que acredita em seu trabalho e vê na leitura uma possibilidade de transformação do mundo. Entende que ler é um processo de expansão de si mesmo, a abertura para infinitas possibilidades, o caminho para o despertar de seu potencial pleno.
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“Acho que as escolas só terão realizado a sua missão se forem capazes de desenvolver nos alunos o prazer da leitura. O prazer da leitura é o pressuposto de tudo o mais. Quem gosta de ler tem nas mãos as chaves do mundo.” Rubens Alves
Estes dois anos na mediação me fizeram crescer como profissional e perceber que a leitura nos leva a uma compreensão ampliada do mundo, de nós mesmos e da nossa relação com o mundo.
“A leitura da palavra é sempre precedida da leitura do mundo.” Paulo Freire
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Um novo olhar sobre a leitura na educação Andreia Ferreira Farias
Nasci no Rio de Janeiro, numa família de classe baixa, de dois irmãos, em que o pai era o principal provedor da casa. Minha mãe, profissional do lar, que exercia a função com maestria, dedicava-se aos afazeres de casa e à criação dos filhos. Tenho em meus pais a referência de esforço e dedicação que levo para a vida. Num cenário como esses, fui criada para ser o espelho da minha mãe e me dedicar à casa e à família. Não que essa escolha seja errada, mas acho que nem todos se encaixam, afinal somos tão diferentes... Nasci para quebrar algumas regras. Sentia que meu propósito seria bem maior. Contrariando as expectativas, já no ensino médio, idealizava minha faculdade. O que fazer? Que profissão seguir? Em meio a tantas dúvidas que perpassavam a minha mente, sempre tive o apoio de meu namorado da época (meu atual marido) que via em mim algumas habilidades, que eu não enxergava, no ato de ensinar. Sempre fui muito insegura. A insegurança te maltrata, te diminui, te limita... me sentia incapaz de realizar alguns sonhos... tinha vontade de fazer Fisioterapia, mas como não me sentia capaz de passar no
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vestibular, desisti de tentar. Quando me aproximava do final do ano letivo, preocupada com o que faria, me veio à mente a indicação que tive. Por que não a Educação? E assim foi: escolhi Letras e, em dezembro de 2005, me formei na Fundação Educacional Unificada Campograndense (FEUC), onde no ano de 2007 iniciei minha pós-graduação. Com vinte anos, eu me vi então envolvida de uma forma bastante apaixonante com a educação. Como é complexa e envolvente essa profissão! Será que seria capaz? A insegurança ainda estava ali... mas aos poucos fui deixando em segundo plano. Fui me tornando aos poucos a protagonista da história. Mais justo, não? De mãos dadas comigo estava, então, meu noivo, que não me deixava largar a “peteca”. Que mostrava o quanto eu era capaz. Não tenho dúvidas de que foi isso que me deixou assumir o protagonismo da minha história. Prestei vários concursos, mas somente em 2010 fui convocada pela Secretaria do Estado de Educação do Rio de Janeiro. Comecei a lecionar no Colégio Estadual Presidente Rodrigues Alves, em Paracambi, onde fiquei até 2013. Nesse ano, mudei para o Colégio Estadual Presidente Dutra, que ficava em Seropédica. A mediação de leitura Em agosto de 2013, fui convidada para assumir a Mediação de Leitura, função que a Secretaria de Estado de Educação estava criando para a implantação do Projeto de Leitura Estadual. Fiquei assustada. Uma certa companheira resolveu aparecer, a tal insegurança. Mas resolvi encarar, a insegurança descartar. Seria mais um desafio que teria de superar. Por que não?
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Marcaram uma reunião com todos os Mediadores da Rede Estadual, para nos explicar quais seriam nossas atribuições dentro do projeto. E lá fui eu, cheia de questionamentos, sem saber ao certo o que iria fazer. Depois o friozinho na barriga só aumentava, sentia que não seria fácil e, mais uma vez, contei com o apoio de um personagem já citado anteriormente, aquele que primeiro me incentivou e me ajudou a chegar aqui, meu esposo. Em meio a tantas informações novas, encontrei muito apoio na minha coordenadora de ensino Simone Pierone e na equipe do Instituto Ayrton Senna (IAS). Esse apoio foi essencial, e posso falar que juntos construímos uma história muito bonita. Dentro da minha regional, junteime a outras duas mediadoras para assim acompanharmos 108 escolas. Lembro-me do dia em que foi marcada uma reunião com os agentes de leitura da Rede. Inicialmente, os agentes foram separados, de acordo com suas regionais. Foi tudo muito tranquilo, todos passando pela formação, recebendo, meio que sem acreditar, as novas informações, de maneira bem suave, pela assistente técnica do IAS Ana. Num segundo momento, O MOMENTO, todos os agentes de leitura se encontraram no auditório do Colégio Estadual Chico Anísio (CECA). Recordo-me bem da sensação desesperadora de ver o auditório “pegando fogo”. Muitos agentes se alteraram, discordando de vários pontos que estavam sendo relatados na reunião. Após essa reunião, pude ter a real noção do desafio que estava em minhas mãos. E quem não gosta de desafios? Confesso que, mesmo com medo, fiquei supermotivada. Ter a oportunidade de trabalhar com um projeto tão inovador, de alcançar e transformar a vida de tantos alunos através do meu trabalho – tudo isso realmente me impulsionou.
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Minha função incluía a visita às unidades escolares, que eram oito mensais. A partir delas, pude identificar as necessidades das escolas, cada qual com seu perfil e suas dificuldades. Falando em dificuldade, nossa regional possui escolas em locais perigosos, o que dava uma adrenalina a mais na hora da visitação, mas nós, mediadoras, não desistimos fácil, seguíamos em frente e procurávamos sempre ligar antes para saber se era seguro visitar a unidade naquele dia. Fazendo uma reflexão a respeito da realidade encontrada, posso citar fatores negativos que se destacaram no início desse processo: agentes de leitura desmotivados e desviados da função, falta de apoio da direção escolar, falta de espaço da sala de leitura. A partir dessa reflexão, pude ver a necessidade que tínhamos de apresentar o Projeto de Leitura para os diretores. Falar o que era, seu desenvolvimento e o mais importante naquele momento: a valorização do agente de leitura dentro da escola. Essa era a peça-chave para que conseguíssemos alcançar o sucesso desejado. Dentro da mesma regional, encontrava UEs muito distintas. Escolas diurnas, noturnas compartilhadas, unidades com toda a equipe pedagógica, outras com apenas o diretor geral. Com realidades tão diferentes, um modelo de Projeto engessado seria inviável, e meu foco inicial foi mostrar de que forma poderia ser implementado, mesmo numa escola com tantas dificuldades, por exemplo, sem sala de leitura e/ou agente de leitura. Já nas escolas diurnas com agentes de leitura, o foco foi ainda mais profundo: juntamente com o Projeto de Leitura iniciamos o Programa Jovens Leitores em Ação (JLA); e, como todo jovem, deu um trabalho até amadurecer. Foram tantas formações e fui junto com os agentes entendendo a importância da parceria, organização, liberdade, acolhimento, criatividade, mobilização, convívio, divulgação, avaliação. As nove atitudes que foram implementadas, colocando em pauta o
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protagonismo juvenil, conseguiram também pôr em destaque um personagem pouco conhecido até então, o agente de leitura. Dois mil e catorze – Mãos à obra! Costumo dizer que o ano de 2014 foi efetivamente um ano de implementação. Nesse momento, comecei a me sentir mais segura para desenvolver, junto aos meus agentes, a proposta do JLA. No ano anterior, foi dada a largada, foi tudo muito novo. Muitos conceitos estavam sendo criados, e precisei de um tempo, para estudar e me apropriar da proposta. Agora sim, mãos à obra! Nosso lema, em nossa regional, sempre foi trabalhar em time: não importava a escola que acompanhávamos, sempre procurávamos solucionar os problemas juntas. Nessa época, eu estava acompanhada das mediadoras Shirlei e Daniela, que em julho desse ano assumiu outros projetos e saiu da mediação. Então, eu me lembrei da professora Dafini, que trabalhava na mesma unidade escolar em que eu e demonstrava grande amor pela profissão. Indiquei-a para o cargo e felizmente ela ficou. Preciso dedicar-lhe um parágrafo, pois, sem dúvida, ela foi um presente que a mediação me trouxe. Acertei em cheio. Pessoa dedicada, esforçada, que foi conquistando seu espaço. E hoje tenho como uma grande amiga, parceira. Nesse ano, fizemos uma formação sobre o Jovens Leitores em Ação, com nossos agentes de leitura. Dessa vez, não mais no CECA e sim numa escola polo em Campo Grande. Dessa vez, o processo foi fluindo de uma forma mais leve e percebíamos que a aceitabilidade dos agentes estava aumentando.
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Conseguimos alcançar uma maior parceria e já víamos o fruto de nosso trabalho. As escolas mais organizadas em seus projetos (que efetivamente eram desenvolvidos), agentes de leitura se apropriando de suas funções e a direção escolar começando a mudar o seu olhar em relação à sala de leitura. Ainda faltava um caminho a ser percorrido, mas chegaríamos lá. O ano se encerrava e resolvemos fazer uma reunião para mostrar um pouco do que tinha acontecido nesse período. Víamos a necessidade de mostrar para os agentes o quanto eles tinham crescido e os resultados de seus trabalhos. Então, juntamos todas as fotos de registros de culminâncias e preparamos um vídeo pra lá de emocionante, que por sinal repetimos várias vezes na reunião. Ele foi tão simples, tivemos que aprender a fazer, afinal os multiletramentos estão aí... mas era o resultado do trabalho e dedicação deles. Foi emocionante ver o quanto eles cresceram. E, sem dúvida, o quanto eu cresci. Encerrei esse ano de alma lavada. Sensação de dever cumprido, mas com a incerteza se a função de mediação de leitura continuaria. Um novo ano... Iniciei o ano de 2015 com muitas mudanças. Fiquei um pouco apreensiva quando soube que passaria pelo processo de mobilidade interna. Passei pela entrevista e pude falar um pouco de meus objetivos. Como resultado, fui aprovada e continuei juntamente com minha parceira Dafini. Mas, nesse processo, a Shirlei foi substituída pela mediadora Letícia, que veio somar seu esforço e dedicação ao nosso time. Como estou falando de novidades, iniciei também um curso a distância pelo IAS, que no início me assustou, pela pouca experiência
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que tinha com essa ferramenta, mas que depois veio a agregar muito ao meu aprendizado. Além desse momento na EaD (plataforma do curso a distância), tínhamos um ponto de controle, onde nosso time de Mediadoras da Metro IV se encontrava semanalmente, nele nos organizávamos e planejávamos nosso trabalho. Tínhamos também um encontro mensal, em que nos reuníamos com todos os mediadores da rede e a equipe do Instituto para trocar experiências e analisar como estava o desenvolvimento de nosso trabalho. Fizemos uma formação, já no início do ano. Reservamos um momento para cada grupo de escolas, aquelas que não implementavam o JLA e aquelas com a implementação do mesmo. Isso era de fato importante, para que cada um entendesse de que forma poderia implementar os projetos. Conforme disse anteriormente, temos em nossa regional realidades muito distintas. Eu me esqueci de falar, mas éramos acompanhadas pela Andressa, agente técnica do IAS, que veio somar ao nosso trabalho, sempre nos direcionando e nos formando durante todo o processo. Nesse ano, tivemos um avanço notório nos Projetos de Leitura. Nossos agentes de leitura foram, quase em sua totalidade, formados. Víamos como resultado agentes mais seguros para desenvolverem seu trabalho. Junto com os Projetos de Leitura, ainda foram desenvolvidos o Projeto Contando com o TCE do Tribunal de Contas do Estado (TCE); as atividades da Festa Literária das Periferias (FLUPP), como Flupp Pensa; Flupp Quiz; Flupp Culminância. Todos eles foram dando mais visibilidade aos alunos, aos agentes de leitura e às salas de leitura. Essa já não era mais um lugar parado onde nada acontecia, estava sempre acontecendo algo novo. Como proposta de encerramento do trabalho da EaD, preparamos, com muito carinho, o Caderno da nossa regional, que teve como proposta
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mostrar todo o trabalho desenvolvido durante o ano. Foi trabalhoso, mas valeu muito a pena: nada melhor que ver o resultado de tanto esforço.
Ainda me emociono em ver o nosso Caderno, que está disponível no link: http://www.youblisher.com/ p/1272339-PANORAMA-REGIONALMETROPOLITANA-IV/
Mudanças nem sempre são necessárias 128
Iniciei o ano de 2016 em outros caminhos. Aceitei o convite para assumir uma nova função, deixando assim a mediação de leitura. Não precisei esperar muito para ver que minha escolha não tinha sido a melhor. Acabei abrindo mão da função em que estava. Não estava feliz. E realmente me arrependi de ter saído da mediação. Nessa fase, Dafini estava na função com mais outras duas mediadoras, Saba e Ana. Após aproximadamente um mês, recebi o feliz convite para retornar à mediação. As pessoas mais próximas sabem a falta que senti e o quanto fiquei feliz em retornar. Voltei com força total. E como meu grupo de escolas era diferente do ano anterior, retomei minhas visitações de forma mais intensa. Consegui construir com meus agentes a relação de confiança e parceria que sempre buscamos criar. Infelizmente, em meio a toda a crise financeira que estamos vivendo, a Educação vem sofrendo duras perdas. Nesse cenário, os professores iniciaram uma greve no mês de março, e a mesma só acabou no dia 27 de julho.
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Professores desmotivados, escolas ocupadas e salários atrasados. Infelizmente a situação não era nada atrativa para o desenvolvimento dos nossos projetos. Tantas parcerias conquistadas foram perdidas nesse processo. Minha sensação do momento é de retrocesso. Algumas escolas conseguiram desenvolver seu trabalho, mas foram poucas. A maioria perdeu espaço para aulas de reposição, ficando sem o tempo vago que tinha com o aluno. Sabíamos desde o início do ano que nossa função iria acabar. Afinal, o projeto já estava se solidificando. Mas sinto que perderemos muito: o projeto de que com tanto amor cuidamos, que divulgamos, poderá acabar. É triste. Tenho certeza de que muitos estão capacitados para continuar esse trabalho com seus alunos, e é nisso que tenho focado meus pensamentos positivos. Não poderia deixar de falar da felicidade que sinto em ver o quanto os agentes de leitura cresceram como profissionais. Aqueles mesmos que se rebelaram, conforme apontei no início deste relato, aqueles que não sabiam de suas próprias funções dentro da escola, que não tinham voz dentro da UE, agora, fazem um belo trabalho. Tomaram posse de suas funções, indo além do seu papel pedagógico. Criam vínculos, tornando seus trabalhos reconhecidos. Passamos por um processo de formação continuada durante todos esses anos, e chego à conclusão de que ainda foi pouco. Queria mais, mais de tudo isso, desse frio na barriga, de enfrentar os desafios acreditando que somos capazes, sim, de mudar o mundo. Como aprendi e me descobri com a equipe do IAS e Seeduc – Cirlene, Peterson, Renata, Rita, Andressa, Nilma, Ana. Todos foram peças fundamentais para o meu desabrochar. Cresci tanto... como pessoa, educadora, profissional. Obrigada por essa oportunidade ímpar.
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Uma vida à leitura Dafini M. Da Camara De Melo
FORMAÇÃO PROFISSIONAL No ano de 2006, consegui me formar, finalmente, após quatro anos cursando a graduação em Letras. Foi muita felicidade, não só para mim, como para as pessoas que me querem bem. Desde então, minha carreira profissional teve um novo “olhar”! Após minha formatura, estava animada com os desafios a serem enfrentados e que tanto foram comentados pelos meus queridos professores. Tentativas frustradas de conseguir lecionar foram o que mais encontrei. Desanimei. Cheguei ao ponto de dizer, a mim mesma, que não conseguiria, pois pensamentos pessimistas tomaram conta de mim. Deixei o tempo passar e passei a enxergar a vida com mais calma e clareza, isso se deve ao fato, sem dúvidas, de tanta leitura, afinal de contas é por isso que estou relatando aqui, querido leitor, minhas pequenas memórias.
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Quando completei dezoito anos de idade, comecei a trabalhar para ajudar nos custos da casa e em meus estudos, de graduação. O comércio foi, nesse momento, a única opção. Não tenho o que reclamar, pois foi com esse ganho que conquistei a posição onde estou. Mesmo formada, como mencionado anteriormente, a dificuldade para a iniciação profissional demorou um pouco. Lembro-me do dia em que estava trabalhando e resolvi procurar por concursos públicos relacionados ao magistério. Encontrei, em minha busca, uma inscrição para “cadastro de reserva – professor Doc I”, e o fiz. Realizei a avaliação, na data e horário estipulados, sem nenhuma esperança, não pela dificuldade encontrada nas questões, nas quais estava sendo avaliada, mas por questões sentimentais: eu não me via mais com todo aquele entusiasmo de quando era estudante. Passei, não acompanhei mais o processo, esqueci, apaguei de minha memória, não criei nenhum vínculo sentimental quanto ao ocorrido. Em 2010, recebi um telegrama. Ah, época boa, em que nossa comunicação tinha valor emocional! Guardo esse pequeno papel com carinho, pois mudou minha vida. Nele encontrei um endereço e solicitação de comparecimento, com data específica. Fui, atendi ao chamado. Chegando ao local de destino, percebi que minha vida não seria, jamais, a mesma. Tornei-me uma educadora, professora como me chamavam, mas, acima de tudo, me comprometi em fazer a diferença. Iniciei o ano letivo com várias expectativas e, como sempre, não estavam sendo supridas. O sistema educacional é muito complicado! Colegas de profissão que deveriam ter o mesmo pensamento e objetivo que o meu, simplesmente, divergem em vários aspectos, mas é de grande importância o propósito a que nos propusemos. Vidas estavam
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sendo formadas a partir daquilo que falávamos, é muita responsabilidade. Entrei em depressão. Alunos indisciplinados, acostumados a uma rotina, com a qual não concordava. Colegas, professores, doentes e estressados. Foi quando me vi questionando o motivo de estar ali, afinal de contas não entendia aquela realidade na qual me encontrava. O tempo passou e com ele veio a chamada “Rotina”. Aprendi a lidar com algumas situações e percebi que, independente do que diziam, eu poderia ser o tipo de profissional que quisesse. Foi aí que decidi dar o melhor de mim. Poderia ser pouco para alguns, mas era o suficiente para mim, isso importava. Foi assim que tive o prazer de conhecer uma professora, que lecionava na mesma escola em que eu e que era mediadora de leitura. Andreia, mediadora de leitura da Metropolitana IV, foi trabalhar comigo, como professora, em 2013. Ao longo desse contato, surgiu o convite, da parte dela, para eu me somar à equipe de mediadores de leitura da rede estadual na metade de 2014. Quando ela comentou que existia o Projeto de Leitura da rede estadual de ensino, fiquei encantada e motivada, pois iria me comprometer com algo em que acreditava, de que gostava e me identificava. Senti que, de alguma forma, me havia destacado como profissional; afinal de contas, ela me escolheu. CONVITE A MEDIAÇÃO Incrível como algumas coisas acontecem! Após minha aceitação ao convite para mediação, fui até a “Metro IV” e procurei por Simone, coordenadora de ensino. Ao conversarmos, senti uma esperança tamanha em meu coração. Gentileza, educação e respeito foram identificados, por
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mim, naquela pessoa e recinto. Foi nesse momento que percebi que o sistema não era como eu pensava. Passamos aos projetos de leitura da rede. Conheci-os e fiquei encantada com a proposta, o material, e percebi que essas informações não chegavam aos professores que estão em sala de aula. Daí, entendi o porquê dessa função. Em minha primeira semana, eu e Andreia, minha companheira, fomos visitar uma escola junto com a Andressa, do Instituto Ayrton Senna (IAS). Foi magnífico, pois pude ver de perto tudo o que estava no papel, o planejamento, se realizando. Times, eventos, ações, tudo o que eu havia lido estava ali na minha frente se concretizando. Isso porque Andreia nos levou ao encontro de agentes competentes, direção atuante e alunado receptivo aos projetos de leitura. Após a felicidade de ter ido, junto com minha equipe, a uma visita, me senti preparada para ir às minhas escolas, as do meu polo (assim chamávamos o grupo de escolas, das quais ficávamos responsáveis). Lembro-me como se fosse hoje! A escola fica em Bangu e, antes de partir, dei uma ligadinha para saber dos dias e horários, nos quais as agentes se encontravam. Chegando lá, encontrei com as três que trabalhavam na unidade. Nesse dia, achei que fosse conseguir fazer meu trabalho, mas percebi que uma delas não estava a favor dos projetos e que não deixava as outras atuarem, influenciava-as negativamente. Tentando, por horas, sem exagero, entender o motivo de tanta raiva, rancor e mau humor, comecei a mostrar o ganho que teriam caso mobilizassem e atuassem dentro do ambiente em que trabalhavam inclusive os alunos, porque sabia que elas tinham muito a dar, eram competentes. De repente, a minha querida “negativa” disse que preferia outra mediadora, pois eu não era indicada para tal função. Deu-me
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vontade de chorar, mas não permiti me expor àquela situação absurda e deselegante da parte dela, embora tenha ficado abaladíssima. Retornei a minha casa, fiquei pensativa e decidi não desistir, precisava continuar o que eu havia me proposto a fazer. Após esse episódio, não deixei de entrar em contato com essas agentes, mesmo porque meu objetivo era que iniciassem o trabalho e foi o que consegui. A agente de leitura que influenciava as outras, negativamente, havia entrado de licença. Foi o momento em que investi e deu certo, pois até hoje fazem um excelente trabalho. E assim foi nas demais unidades. Fazia em média oito visitas por mês. O período dessas visitas foi compreendido entre agosto de 2014 e dezembro do mesmo ano, sempre lançado no drive do IAS e SEEDUC. Consegui fazer trinta e duas visitas, das trinta e seis escolas do meu polo. Desse modo, fechamos o ano e trabalhei quatro meses intensos de aprendizagens e conquistas. Nesse período, trabalhávamos como mediadoras de leitura eu, Andreia e Shirlei. Fizemos, nesse tempo, duas formações, nas quais participei como formadora desses professores. UM NOVO ANO SE INICIA Passaram recesso, Natal e Ano novo, entramos em 2015, as férias, e tivemos a notícia de que, para continuarmos na função, teríamos que passar por uma mobilidade interna, seleção. Diante dos fatos, fizemos entrevistas, fomos questionadas quanto ao trabalho e nossos objetivos individuais e como equipe. Conseguimos eu e Andreia. Shirlei, infelizmente, foi substituída por outra professora, muito competente, frisando: Letícia. Um novo ano letivo se iniciava e com ele muitas mudanças!
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Ah! O que esqueci de comentar é que em todos os meses passávamos por formações na Escola SEEDUC. Eram momentos de trocas e formação para atuação. Esses encontros me ajudaram muito a crescer profissionalmente, pois aprendi com meus professores e colegas estratégias, organização, avaliação e comprometimento com os resultados. Além das visitas, encontros semanais na regional e nossas formações presenciais, mencionadas acima, desde o início das atividades, também tínhamos as formações à distância – EaD –, plataforma do Instituto Ayrton Senna (IAS). Aprendemos várias atividades relacionadas à elaboração de gráficos, nuvens de palavras, resultados do nosso trabalho e participações em fóruns, momentos de grande aprendizado. Após a primeira formação, a anual, dos mediadores, e à qual não pude ir, pois estava doente, iniciamos as visitas e planejamos a primeira formação dos agentes de leitura. Convidamos uma palestrante e foi um dia muito proveitoso, porque pude conhecer, de fato, todas as agentes da Metro IV, incluindo as novas, e apresentar o PLE de 2015. Aquele tempo, por sinal, foi um ano com grandes avanços no projeto de leitura. Noventa por cento das escolas tiveram suas agentes formadas e implementaram o JLA e PLE. E além desses projetos da rede, tivemos o projeto “Contando com o TCE”, do Tribunal de Contas do Estado (TCE), a Feira Literária das Periferias (FLUPP – incluindo eventos como: Flupp Pensa, Flupp Quizz e Flupp Culminância), todos relacionados à leitura e com o intuito de criar oportunidades para os alunos da rede, levando-os a momentos prazerosos quanto à leitura como: produções textuais, mesas de debates com autores, doações de livros, batalhas de poesias etc. Todas essas informações e trabalho resultaram num material espetacular que é o Caderno da Regional com todos os momentos únicos, ímpares, e que foi proposta de atividade final do ano.
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O link para acesso é: http://www.youblisher.com/p/1272339PANORAMA-REGIONAL-METROPOLITANA-IV/.
DOIS MIL E DEZESSEIS É muito complicado sintetizar todos os momentos e emoções ao longo dessa jornada. Estou tentando contar um pouco da experiência única da minha vida profissional sem muitos detalhes, para que não fique cansativo ao leitor. Porém, minhas sinceras emoções estão um pouco contidas, pois a seleção dos fatos é necessária, compreendo. Portanto, passemos ao último ano dessa jornada, que é este ano em que nos encontramos, 2016. O ano começou turbulento para mim. Letícia já não fazia mais parte da equipe e Andreia havia resolvido dar chance a uma nova profissão. Fiquei apreensiva com todas as mudanças, mas confiante, sabia que conseguiria manter o mesmo ritmo e comprometimento. Entraram na mediação Ana Lúcia e Saba. Consegui em pouco tempo formá-las e logo iniciaram suas visitas. Entretanto, no início do ano letivo, iniciou uma greve dos profissionais da rede e, pelo menos, aqui na Metro IV, muitos professores aderiram, incluindo agentes de leitura. Segundo a Coordenadoria Regional de Gestão de Pessoas (CRGP), tivemos noventa por cento desses profissionais fora de suas funções. Esse período durou do início de março
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a final de julho, resultando no atraso do início da entrega dos projetos de leitura. Temos resquícios desse momento, até os dias atuais. Muitos professores retornaram para a sala de aula, repondo horários e projetos, impossibilitando o aluno de frequentar a sala de leitura por falta de tempo, e até a formação do agente de leitura foi dada em julho; ou seja, houve atraso em todo o calendário escolar. Durante essa “turbulência” pedagógica, Saba – nova mediadora – resolveu sair da função, deixando-nos preocupadas com o futuro de algumas escolas. Porém, apesar da perda, uma surpresa boa surgiu: Andreia resolveu voltar! A política educacional no estado é assim, pessoas vão e vêm, umas acrescentam, outras passam despercebidas. No início é complicado lidar com essa verdade, embora depois de um tempo a gente aprenda. E continuando nessa “filosofia”, desde o início deste ano, sabíamos que, quando chegasse o final do ano letivo, a mediação de leitura deixaria de existir, o que é uma pena! Parece que todo o trabalho que tivemos para construir uma conscientização, parceria, abertura, reconhecimento quanto aos nossos colegas de trabalho, deixará de existir. É por isso, leitor, que estamos aqui relatando todos esses aspectos, acontecimentos e conquistas profissionais. Não há como deixar de mencionar meu sincero desalento. Fico triste, pois toda uma história se esvairá, sabe-se disso! Um aspecto que deixei de comentar é que, apesar de o ano letivo estar sendo atípico, conseguimos colocar muitas escolas para implementarem os projetos, mesmo com as dificuldades. Chegando à reta final, concluo meu trabalho com o seguinte quadro: muitas profissionais se encontram confiantes e autônomas para decidirem
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se continuam ou não um lindo trabalho realizado junto aos alunos da nossa rede. E estando aqui, aproveito para deixar meu sincero agradecimento, pela oportunidade de vivenciar algo único em minha profissão!
Trecho de um depoimento meu, atividade realizada na EaD – Instituto Ayrton Senna, em 2015:
“Aceitei o convite para trabalhar como mediadora de leitura por acreditar que, de alguma forma, contribuiria na mudança da mentalidade, de que “brasileiro não gosta de ler”. [...] Lógico que, ao iniciar na função, tive uma surpresa, pois nunca havia imaginado que a rede tivesse projetos para o incentivo da prática leitora. E fazer parte dessa equipe tem acrescentado muito em mim, profissional e pessoalmente, por me incentivar a procurar maneiras de me superar. Nesta caminhada, curta, mas intensa, me deparo com situações que exigem posicionamentos morais, profissionais e fraternais, nas quais nosso apoio passa a ser fundamental para a concretização dos projetos.” v Mediadora de Leitura Dafini Melo – Metro IV
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Poema declamado, em forma de ataque, pelas coordenadoras de ensino, em um encontro no CECA-2015.
Ser Mediador de leitura É algo sensacional Com muita desenvoltura Fazem do sonho o real Tecem com lã bem macia Uma trama leve e envolvente Unindo alunos e livros Semeando belas sementes
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Orientam, acompanham, avaliam Fazem um rabalho inovador E buscam a cada dia Que a educação tenha um futuro promissor Trabalham sempre em equipe Gestores, alunos, agentes Relatórios e gráficos são seus guias Amigos leais e confidentes Buscam sempre o melhor Somam, multiplicam e dividem Diminuem nossas dúvidas Potencializam nossos limites Fazem de belos projetos Momentos únicos a relembrar E de cada um de nós Aquilo que de bom se tem pra dar O mediador de leitura Vai além do que se espera ser Pois para eles não xistem limites Para quem quer fazer acontecer.
Rio, 23/10/2015 Tuca e Simone - Equipe Metro IV
Minha história com a leitura e da minha relação com a literatura Ana Lúcia Coutinho
Nasci no Rio de Janeiro, em 28 de fevereiro de 1971, filha de Hélio Azevedo Coutinho e Leda da Silva. Sou de uma família, como a maioria dos brasileiros, humilde, minha convivência se deu numa casa com cinco irmãos. Meus pais, com pouca formação escolar, cursaram naquela época até a 4ª série primária, mas minha mãe, uma mulher com sabedoria autodidata, nos ensinou, apesar de todas as dificuldades enfrentadas, as trilhas para alcançarmos nossos sonhos com honestidade, trabalho e ética. O meu primeiro contato com a leitura foi dado de forma intuitiva ainda no ventre da minha mãe. Mesmo sendo uma mulher com pouco conhecimento acadêmico, como disse acima, mas muito sábia, pôde me proporcionar momentos de conversa numa relação intrauterina estreitando laços afetivos e preparando minha chegada ao mundo com os mais variados significados. Toda essa relação contribuiu para o momento do meu nascimento no momento em que tive contato com outra atmosfera, dando através do meu choro o sinal da minha existência, nesse novo ambiente apresentado a mim. A partir desse choro, meu pulmão se abriu
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renovando uma entrada de ar, naquele momento começou meu primeiro contato com um ambiente cheio de significados abstratos e figurativos. Tive toda uma experiência na minha infância com as diversas leituras de mundo, pois acredito que a mediação de leitura é muito mais abrangente e não cabe a responsabilidade só aos profissionais da educação. A mídia é um exemplo mais próximo e muito mais presente na vida das pessoas. A leitura, segundo Paulo Freire, é um direito e uma forma de inclusão social, pois forma um sujeito crítico capaz de ver e ler a realidade do mundo de múltiplas formas. Ninguém nasce leitor, aprendemos a falar, andar e a nos comunicar enquanto bebês por gestos e sensações. Eu me tornei uma leitora, é claro, com a ajuda dos meus pais, que indireta ou diretamente contribuíram para a bagagem do meu conhecimento, acreditando e, o mais importante, me apoiando nos meus sonhos e objetivos. Como já relatei, tenho cinco irmãos, eu fui a única que sempre demonstrei desde criança a minha dedicação para ser professora. Calçando as sandálias da minha mãe e sempre acompanhada de uma bolsa no ombro, saía dizendo pelo quintal “Vou dá aula”, já naquela época demonstrava o meu interesse pela leitura e dramaturgia. Adorava encenar como se estivesse realmente à frente de uma turma. Com o passar dos anos, fiz formação de professores e comecei a colocar meu sonho em prática, trabalhando com o mundo fascinante e mágico que é a Alfabetização. Logo depois, dei continuidade a minha formação acadêmica, pois a leitura de mundo vista por diversas “lentes” me encantava tanto, que fui cursar na UERJ a disciplina de História da Arte, e depois de alguns anos uma graduação na disciplina de História. Ao longo dos anos, tive várias oportunidades na educação para aprimorar minha bagagem como educadora. Então, recebi um convite para ser mediadora de leitura, junto a Dafini e Andréia. Da minha experiência
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ANA LUCIA COUTINHO
como mediadora fica a certeza de que é possível a construção de um país de leitores, uma vez que a mediação de leitura tem um aspecto amplo, que pode significar o simples papel do ledor (deficientes visuais que não dominam o Braille) ou o indivíduo não alfabetizado, mas também abrange a interpretação do texto escrito, em que o meu papel enquanto mediadora é ser um canal, um fio condutor de acesso à informação e à fantasia. Assim, volto a afirmar que proporcionar o acesso à leitura não é responsabilidade só do professor, muitas pessoas podem ser referência de mediação, como os pais, orientadores, bibliotecários, um amigo, entre outros voluntários. A função de Mediadora de Leitura já era algo que me acompanhava desde a infância, quando dentro de mim nasceu a vontade de alfabetizar para proporcionar ao indivíduo o acesso à leitura de mundo. Daí desempenhar a função à risca foi uma oportunidade fascinante, posso dizer que foi uma verdadeira “Viagem de Trem”: a cada vagão percorrido neste trem, conheci pessoas maravilhosas, como alunos, agentes de leitura, coordenadores e outros profissionais envolvidos no ofício de educar. Nesta viagem trocamos experiências de vida e constatei o quanto a vida é um cenário de aprendizado, em que todos nós, professores, alunos etc., somos as peças fundamentais para o processo educacional. Agora está chegando o momento de descer desse trem, com uma bagagem que adquiri nesta viagem. O mais importante é que só estou mudando de estação e com certeza pegarei outro trem, para continuar a minha viagem no mundo da leitura.
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Dedico toda essa oportunidade que me foi dada e confiada no decorrer da minha vida em primeiro lugar a Deus, por ter saúde para trilhar os mais diversos caminhos na educação. A toda a equipe pedagógica da Metro IV, nomeando é claro a Diretora Regional Cláudia Saad e a Coordenadora de Ensino Simone Pieroni, às minhas companheiras da mediação Dafini e Andreia e a toda a equipe que no decorrer da mediação nos capacitou com todo o carinho e dedicação.
Percorrendo novos caminhos Marcia Guimarães da Silva Rocha
Quando criança, meu passatempo predileto era frequentar a biblioteca do bairro. Lá se vão muitos anos, mas lembro-me nitidamente daquele lugar. Eram dois andares. No primeiro ficava uma senhora que fazia o empréstimo dos livros. No segundo podíamos ficar lendo livros. Interessante que o chão era de tábuas e quando andávamos não podíamos fazer barulho, então andávamos pé ante pé. Nessa época, não sabia que um dia poderia ser Mediadora de Leitura, porém o caminho que percorri foi sempre voltado para a leitura, pois sempre gostei de ler. Decidi fazer o Curso Normal, hoje Formação de Professores. Em seguida cursei a Faculdade de Letras e concluí o curso na Universidade Federal Fluminense. Após formada, comecei a lecionar. Completei vinte e cinco anos na rede pública. Aposentei-me e prossegui dando aula em outra matrícula. Mas eis que surge uma oportunidade. Ser Mediadora de Leitura.
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Então, começa o segundo capítulo da minha história. Porém, uma fala de minha filha me fez refletir sobre o que sempre fui. Disse ela “que eu saía da sala de aula, mas a sala de aula não saía de mim”. Isso porque falava um pouco mais alto, como se estivesse dando aula e por ter algumas atitudes de mãe/professora. Mas quero chegar à mudança que ocorreu em todo esse contexto profissional. Surgiu a oportunidade de ser Mediadora de Leitura. E o que fazer? Como atuar nessa nova função? Vieram-me algumas indagações. As respostas surgiram quando comecei a atuar como mediadora. Seguindo as orientações das mediadoras experientes, Jorgineth e Luciana, e com o apoio da Coordenadora de Ensino, Lela, pude iniciar o trabalho. Foi um grande desafio. Desafio porque, como disse antes, sempre atuei como professora e agora seria gestora. Desafio porque mudou toda a minha rotina de chegar ao trabalho, pois a escola é bem perto de casa, no entanto passei a pegar ônibus, trem e BRT, deslocando-me para vários lugares que não conhecia a fim de visitar escolas. Minhas filhas ficaram admiradas com tamanha mudança, mas entenderam que aceitei o desafio e estava dando o melhor de mim. Percebi que estava fazendo o caminho inverso, pois, quando pensei que tudo ia se acalmar, iniciei uma nova jornada. Jornada essa que tem enriquecido bastante a minha vida profissional. Sendo assim, iniciei como mediadora no dia 3 de julho de 2015. A primeira formação de que participei foi realizada na Metropolitana VI. Nesse dia fiquei um pouco indecisa, mas resolvi seguir em frente e foi a melhor decisão que tomei. Comecei lendo o material que foi orientado. Jorgineth, sempre pronta a me ajudar, passou-me vários links. Fui me apropriando de todo o material, como o Caderno de Mediadora, Caderno do Desafio de Leitura, Caderno do Estudante e tirando minhas dúvidas com as amigas mediadoras. Então comecei a visitar as escolas. Foi uma experiência nova. Percebia que, ao chegar, era recebida pelo agente
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MARCIA GUIMARÃES DA SILVA ROCHA
com certa desconfiança, mas no final da visita tudo mudava, pois dialogávamos bastante e conseguia passar para o agente que estava ali para orientar, acompanhar e ajudar no que fosse possível no seu trabalho na Sala de Leitura. Logo no início enfrentei algumas dificuldades, pois temos escolas da nossa Metro que são compartilhadas, isto é, nos turnos da manhã e da tarde são frequentadas por alunos da rede municipal do Rio de Janeiro, e à noite os alunos são da rede estadual. Assim sendo, rede municipal e rede estadual compartilham a mesma escola, mas, infelizmente, a Sala de Leitura na maioria das escolas não é compartilhada. O agente de leitura ficava sem saber como desenvolver o seu trabalho. Algumas ideias surgiram, por exemplo: usar armários para guardar livros e oportunamente os alunos se interessavam em lê-los. Com isso, o agente agregava um grupo de alunos para executar as atividades do projeto. E quando retornava à escola o cenário era outro, as ações do Projeto estavam se desenvolvendo. Lembrei-me de um amigo de infância, que não tinha livros em casa. Quando saía da escola, passava lá em casa e ficava lendo os livros que tínhamos. Então pensei: como é importante a escola proporcionar meios de leitura para os jovens, principalmente para os que não têm recursos. Aprendi que os agentes precisam ser ouvidos. Em algumas escolas que visitava, percebia a necessidade de o agente falar dos problemas que enfrentava, então, procurávamos sempre pensar juntos a solução para resolvê-los. No segundo mês em que estava na função, fizemos uma reunião com os Agentes de Leitura. Foi uma experiência bem marcante para mim. Houve o relato de uma agente que estava com dificuldade para organizar a Sala de Leitura em sua escola. O espaço que seria possível estava sendo usado para outros fins. Ao final da reunião pude conversar com
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essa agente e orientei que dialogasse com a diretora da escola sobre a importância de aproveitar esse espaço, organizando a Sala de Leitura. Tive uma surpresa muito agradável, quando fui visitar essa escola e fui recebida com muita alegria pelas agentes. O galpão foi esvaziado e deu lugar a um ambiente com livros, pufs, almofadas, que os alunos passaram a frequentar e eles se envolveram com as atividades ali realizadas. Nas reuniões que fazíamos, os agentes trocavam muitas experiências e, a partir dessa troca, muitos encontravam soluções para algum problema que estavam vivenciando. Os Projetos Jovens Leitores em Ação (JLA) e Projeto de Leitura Escolar (PLE) são importantíssimos para a comunidade escolar. Pude acompanhar a evolução de alunos que participaram do JLA. Por estar trabalhando em sala de aula, pois, mesmo sendo mediadora de leitura, continuava como professora regente, observei alunos, que a princípio estavam com dificuldades em algumas disciplinas, conseguirem um melhor aproveitamento a partir do envolvimento com as atividades desenvolvidas no Projeto. É interessante ver alunos da terceira série, que estão se formando, lamentarem porque sairão da escola e não participarão mais do JLA. Não posso deixar de relatar que este ano algumas escolas não fizeram o projeto com os jovens devido à greve. Numa segunda reunião com os agentes, muito foi falado sobre os percalços encontrados neste ano letivo. Porém, foi muito bom ouvir uma agente que conseguiu chegar ao nível 7 do JLA. As escolas diurnas desenvolvem o Projeto Jovens Leitores em Ação (JLA), projeto este que tem como proposta pedagógica o Desafio de Leitura, com encontros semanais e atividades de prática leitora e produção textual. Com a mediação da Agente de Leitura, os jovens participam de um conjunto de atividades (que vão do nível 1 ao 10). Essa agente conseguiu formar
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times com os alunos que estavam sem aula em algum momento, e avançou com as tarefas incentivando-os a irem para a sala de leitura. Tenho aprendido que sempre existe alguém para passar experiências boas. E quando essa agente pôde dar o seu depoimento, os que ali estavam puderam enxergar que muitas ações são simples, basta querer fazer e acreditar que é possível. Durante esse tempo em que estou atuando como Mediadora de Leitura, muito pude aprender. Pensava que seria sempre professora; no entanto, pude ser Mediadora de Leitura, realizando algo diferente, que jamais tinha pensado, mas que me deu tanto prazer. Portanto, aprendi que para mudar temos que tentar. Consegui me relacionar bem com todos os agentes, sempre incentivei o trabalho de cada um. No final de cada visita percebia o quanto o encontro foi proveitoso, pelas palavras proferidas por eles. Foi muito bom conhecer novas pessoas. Um grupo de professores, exercendo a função de Mediadores de Leitura em busca de um mesmo ideal. Todos empenhados em mostrar a importância da Leitura na formação de cada estudante. As formações que tivemos foram ótimas, aprendi muito. Sei que os agentes caminharão a partir do próximo ano sem contar com a mediação de leitura, mas sei também que a semente foi plantada. E os frutos já estão sendo colhidos. Estou feliz por essa página que se acrescentou na minha vida profissional!
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Aprendendo com a Mediação Luciana Nogueira de Oliveira
Sou Luciana Nogueira de Oliveira, nasci em 24 de maio de 1977 no Estado do Rio de Janeiro. Venho de uma família humilde: meu pai, José Roberto de Oliveira, mineiro, veio para cá tentar uma vida melhor aos dezoito anos de idade; e minha mãe, Ana Lúcia Nogueira de Oliveira, é cearense e filha caçula de uma família de oito irmãos. Meus pais se conheceram numa lanchonete no bairro de Copacabana, na qual ambos trabalhavam no anseio de melhorar e construir uma família. Meu pai talvez seja o homem mais honesto e íntegro que já conheci nesses meus 39 anos de vida. Criou-me e me educou como motorista de táxi, profissão a qual exerce até hoje, mesmo aposentado. O sr. José nunca usou da força bruta para educar-me, sempre teve o dom do diálogo e a paciência de um monge. Minha mãe, uma cearense “retada”, mulher de fibra e personalidade forte, menos paciente que meu pai, porém a ela devo minha formação profissional e crescimento pessoal. Mulher de fé, muito católica e sempre em oração.
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Não podia deixar de relatar que em casa tenho um pai evangélico e uma mãe católica, porém nunca houve qualquer divergência ou intolerância religiosa. Num ambiente de paz e união foi construída a família que Deus me concedeu. O gosto pela leitura veio pela educação que recebi desde a infância. Sempre estudei em colégios em que a leitura fazia parte do ano letivo. Minha formação básica foi em um colégio católico e o Ensino Médio também. Lembro que minha mãe lia livrinhos de contos nos fins de semana para mim e sempre que podia me levava a teatros e cinemas. Na adolescência me encantei por línguas estrangeiras. Inglês era minha paixão, depois veio a Língua Espanhola, a qual foi minha formação na Graduação, juntamente com a Língua Portuguesa. Cursei Letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Fiz licenciatura na Faculdade de Educação na Praia Vermelha. Lembro que nos anos da minha formação, lia muitos livros no trajeto para a Universidade, devido a passar longas horas na condução. Aliás, meus romances preferidos foram quase todos lidos nas idas e vindas da faculdade. Orgulho tenho em dizer que a única profissão que exerci foi lecionar. Nunca fiz outra atividade (meu pai não me permitia estudar tão distante de casa e ainda trabalhar). Terminei meu curso de Letras e já iniciei em sala de aula lecionando Língua Portuguesa para Jovens e Adultos. Após doze anos fui aprovada no concurso para o Estado do Rio de Janeiro e me deparei com uma realidade diferente do ensino privado. Lecionar no Estado me fez estar diante de uma realidade distinta, e ao mesmo tempo me tornei responsável pela educação de alunos que necessitam de um olhar cuidadoso e de maior dedicação e compromisso.
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LUCIANA NOGUEIRA DE OLIVEIRA
Iniciei na Mediação de Leitura em 2015, com uma equipe maravilhosa, que me deixou muito à vontade. A princípio com muitas dúvidas e incertezas de que realmente eu poderia fazer a diferença dentro da Formação dos nossos jovens leitores. Nesses dois anos pude contar com minhas amigas mediadoras Jorgineth e Márcia, juntamente com uma equipe do Pedagógico excelente. Fizemos inúmeras visitas junto com nossa Coordenadora de Ensino e os Articuladores (em 2015). Observamos muitos casos de desvio de função dentro das Unidades Escolares e fizemos um trabalho de conscientização também. Nas visitas de formação em serviço, pude levar um pouco da minha experiência para os agentes de leitura, que não eram da área de Língua Portuguesa, no intuito de se aprimorarem na leitura, nos prazeres e conhecimento que ela nos traz. Pude observar a grande capacidade de mobilização e formação dos Times para o JLA, mesmo diante das dificuldades de um ano atípico como este que vivenciamos. Sabemos que a função do Ensino Médio é preparar o aluno para ser um profissional, e ingressar na universidade, então deve considerar a importância da leitura nesse processo e transformar o aluno leitor passivo em leitor sujeito, pois só através dessa ação ele se tornará capaz de construir sua própria leitura e analisar sua visão de mundo. Além disso, a inserção da leitura, no contexto escolar, deve ser de forma dinâmica e agradável, que pode ser dado às estratégias de leitura. Dessa forma, enquanto o aluno “aprende a ler”, estará, ao mesmo tempo, desenvolvendo a sociabilidade e a integração. O gosto de ler, portanto, será adquirido gradativamente, através da prática e de exercícios constantes, e o JLA proporcionou ao aluno isso através dos níveis
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abrangendo cada tipo de gênero textual e capacidades de conhecimento. No nosso caso, o professor e o agente de leitura, sendo o principal agente no processo de melhoria da qualidade do ensino, podem realizar uma série de atividades que favoreçam a aproximação do educando com a leitura, pois ela é a condição essencial para o bom desempenho da linguagem oral e escrita, e até comportamental. Quero aqui agradecer, em especial, aos agentes de Leitura do Colégio Estadual Pedro Álvares Cabral, do Colégio Estadual Brigadeiro Schorcht e do Colégio Estadual Vicente Jannuzzi, dentre outros, com os quais pude estabelecer uma parceria de confiança e profissionalismo. Ser Mediadora de Leitura me fez acreditar que a leitura, diante de tantos avanços tecnológicos, ainda é a base para uma sociedade mais consciente e com visão crítica. A cada time de JLA formado nos Colégios por que passei, era tamanha minha satisfação em ver que o jovem pode se apaixonar pela leitura assim como eu. Jovem que lê e analisa sua leitura terá grandes oportunidades de melhorar seu futuro e até do nosso país.
Tivemos oportunidades de apreciar diversas e maravilhosas ações do PLE nesses dois anos. Agentes de leitura empenhadas nas salas de leitura e alunos comprometidos com as atividades nas suas Unidades Escolares. Foram imensos minha satisfação e, sem dúvida, meu crescimento profissional, que jamais imaginei que teria numa educação pública. Aprendi que quem faz a Escola somos nós! Aprendi que no Colégio Público há grandes escritores, pintores, cantores e principalmente gente que gosta e tem prazer e ânsia por conhecimento! Aprendi que podemos mudar a história e a direção dos nossos alunos através, primeiramente, do amor, da dedicação e doação de cada um de nós, a fim de que possamos ser cidadãos de bem. Só tenho a agradecer pela oportunidade dada, e triste em saber que a Mediação irá acabar, porém nosso “legado” não será esquecido, tenho certeza!
Dedico esta autobiografia a minha querida Coordenadora Kátia Lisboa (CE Infante Dom Henrique), a minha Coordenadora de Ensino Lela (Regional VI), a minhas queridas amigas Mediadoras de leitura Márcia e Jorgineth (Regional VI), a Cirlene, Nilma e Rogério (pela dedicação, paciência e carinho em suas formações conosco), e aos alunos que contribuíram no Projeto Jovens Leitores em Ação!
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Caminhos percorridos por uma mediadora Jorgineth Maria Oliveira
Narrar a minha história, a minha trajetória, formando, tecendo e colorindo as memórias das vivências profissionais e acadêmicas é um grande treino, pela construção reflexiva a que se propõe a autobiografia, tão relevante, na proporção em que provoca uma reflexão e significação a quem recorda. Tenho o desejo de passear pelo passado, visitá-lo, para que eu possa dar outra dimensão ao mundo, reinventando-me nele. Recordar a minha história é reconstruir as experimentações de antigamente, partindo dessa ligação passado e presente, com olho no futuro, que ora exponho nesta autobiografia. Gênero dinâmico que permite às pessoas construírem suas identidades, redigindo suas emoções, experiências, fracassos e sucessos que deixaram marcas em seu caminho, a autobiografia tem a função de registrar existências, a trajetória de uma prática, elaborada por um estudante ou um profissional, tecendo reflexões acerca de diferentes situações e momentos vivenciados por eles e de suas próprias ações.
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Esta autobiografia tenciona informar sobre a minha formação educacional inicial e acadêmica. Com o apoio de relatos da vida pessoal e profissional, desejo mostrar também as dificuldades encontradas durante a realização das atividades do período em que estou como Mediadora de Leitura. Pretendo também avaliar as transformações ocorridas ao longo do período trabalhado na Regional, e os resultados obtidos dessas mudanças. Nasci às vinte e duas horas do sétimo dia de junho de 1963. Moradora da comunidade do morro do Salgueiro, estudei na Fundação Leão XIII. Adorava frequentar as aulas. Como gostava de passar adiante tudo o que aprendia, meu pai comprou um quadro negro para que eu ensinasse às crianças da comunidade. Já demonstrava inclinação para a área educacional. Minha mãe dizia que tínhamos que ter uma vida melhor. Por conta disso, ela matriculou-me numa escola da “rua”, pois a do morro não era boa. Deu o endereço da patroa e assim conseguiu inscrever-me. Segundo ela, meu irmão e eu tínhamos que estudar numa boa escola para que pudéssemos ter um futuro melhor. O sonho da minha mãe realizou-se quando completei oito anos. Saímos da favela para morarmos no Engenho Novo. Bairro pequeno, com pouco comércio. Fiz o ginásio na escola municipal Jornalista Assis Chateaubriand. Tinha uma professora de Língua Portuguesa e outra de Redação. Ambas eram muito exigentes com a turma. Havia um caderno para redação, outro para verbos e outro para gramática e sintaxe. Líamos muitos clássicos para posteriormente fazermos a prova. Todo bimestre havia prova oral. Passei a gostar de ler e escrever graças a essas professoras.
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JORGINETH MARIA OLIVEIRA
A HISTÓRIA DE MINHA FORMAÇÃO Em 1979, minha mãe fez um pedido para que eu entrasse no Instituto de Educação, pois na época, como escola tradicional, o ingresso de uma menina pobre era bem difícil. O pedido foi aceito. Fiz o Curso Normal, que me habilitou lecionar da 1ª à 4ª série. Em 1981 obtive o diploma de Habilitação de Magistério para o 1º grau. Comecei a trabalhar. Ao final desse ano, passei no vestibular da UFF – Universidade Federal Fluminense – para cursar Letras. Tranquei a matrícula por um ano para fazer o Curso Estudos Adicionais, que habilitava o aluno a atuar no Ensino Infantil. Como já lecionava numa escola particular, a diretora pediu que fizesse tal curso para trabalhar com a Pré-escola. Depois, retornei à faculdade. Estudava no período da manhã, à tarde lecionava e havia uma disciplina que eu fazia à noite. Não tinha dinheiro para comprar livros, então precisava frequentar constantemente a biblioteca da faculdade para poder estudar. Nem sempre podia tirar cópia dos livros. Tive excelentes professores que contribuíram para a minha formação. Graduei-me em Português e Literaturas. Como já havia estudado inglês por longos anos no curso (havia conseguido uma bolsa), retornei ao banco de estudos, pois desejava obter uma nova graduação. Foi um grande desafio, pois já tinha dois filhos e trabalhava em três colégios. Graduei-me em Língua Inglesa na Faculdade Estácio de Sá. Posteriormente fiz o Curso de Pós-Graduação em Língua Portuguesa.
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PANORAMA PROFISSIONAL
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Trabalhei desde os dezoito anos em diversos colégios particulares, ora lecionando língua portuguesa, ora língua inglesa. Queria estabilidade no emprego, então, participei de alguns concursos públicos. Passei em muitos, porém fui convocada em poucos. Atualmente tenho duas matrículas na Rede Estadual de Ensino e sou Coordenadora do Projeto Escola Aberta / em Movimento do Ciep Frei Agostinho Fíncias. Adorava participar dos concursos de Redação, orientava os alunos e levava seus trabalhos à Regional. Em junho de 2014, fui convidada a trabalhar como Mediadora de Leitura na Metro VI. Nossa, era muita informação, muito conteúdo para aprender e muitas escolas para visitar. Só quarenta. Fiquei apreensiva. Minha parceira Rosane passou-me o material e as tarefas. Caramba, ela não descansava! Ora ligava para as escolas marcando visitas, ora fazia Formação em serviço, ora passava e-mails, ora cobrava dos diretores o PLE (Projeto de Leitura Escolar). Ufa! Que fôlego! Pensei: como eu daria conta de tudo também? Aceitei o desafio. “Jorgineth, por favor, analise o PLE enviado pela escola X ”, assim solicitava o Coordenador de Ensino na época, Carlos Soares. Nossa, quantas devolutivas, quantos e-mails para repassar aos Agentes de Leitura. Cirlene, nossa Assistente Técnica, enviava-nos vários materiais para que pudéssemos nos apropriar dos referenciais teóricometodológicos e colocar em prática a proposta de acompanhamento e formação dos Agentes de Leitura. Era tão exigente! Nosso Coordenador abraçou uma nova atividade e em seu lugar assumiu Lela, que se apropriou rapidamente dos inúmeros projetos da Metro. Apoiou-me intensamente no início de 2015, quando eu estava sozinha como Mediadora de Leitura. Havia pouca demanda para a função: só oitenta escolas para mediar. Nilma, nossa Agente Técnica, preocupada com o avanço das atividades, fez algumas Formações em Serviço na nossa Regional.
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Em março de 2015 chegou reforço: Luciana, nova Mediadora de Leitura. Passei-lhe os materiais de formação (Cadernos do Mediador de Leitura, do Agente de Leitura e do Estudante), as tarefas da EaD etc. Encaramos inúmeras adversidades, objeções dos Agentes de Leitura. Porém, com o auxílio dos Mediadores Tecnológicos e Articuladores Pedagógicos tivemos algumas conquistas. Em junho de 2015, conseguimos completar a tríade da Mediação, com a chegada de Márcia. Realizamos, na Regional, uma Formação em Serviço para que ela se apropriasse dos materiais. Unidas e empenhadas, formamos um time. Novos desafios, muitas resistências enfrentamos por parte dos Agentes de Leitura, cuja maioria não sabia sequer sua função, seus direitos e deveres na escola. Readaptados, alguns estavam na iminência de se aposentar e recusavam-se a realizar quaisquer atividades. Outros estavam sempre em licença médica. Havia aqueles que reclamavam da falta de apoio da equipe diretiva. A maioria queixava-se da inadequada infraestrutura do colégio, o que dificultava a elaboração e implementação dos projetos de leitura: PLE – Projeto de Leitura Escolar – e JLA – Jovens Leitores em Ação. Das setenta e nove unidades escolares que mediávamos, apenas vinte e cinco escolas poderiam implementar o JLA, programa desenvolvido pelo Instituto Ayrton Senna em parceria com a Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro. Como a maioria das escolas eram noturnas, portanto compartilhadas, novos problemas surgiram. Entretanto, tivemos muitas conquistas, questões foram resolvidas, problemas solucionados. Vivenciei momentos emocionantes como mediadora de leitura ao contribuir para a instauração e a restauração de salas de leitura, principalmente em escolas compartilhadas, que guardavam livros em
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armários, pois não havia espaço físico para guardá-los; na mobilização de todo o corpo docente e discente em prol de eventos elaborados pelos times do JLA; ao presenciar as ações do protagonismo juvenil nas culminâncias do PLE; agentes que a princípio relutavam em implementar os projetos de leitura na escola, posteriormente, conseguiram realizá-los entusiasticamente; a elaboração do Caderno da Regional, que passou a ser como um documento de identidade da Metro... Os encontros formativos dos Mediadores de Leitura objetivavam orientar-nos para que fizéssemos o acompanhamento e formássemos de forma continuada e em serviço os agentes. Assim, éramos levados a nos colocar como gestores dos Programas de Leitura em nossas regionais, sempre incentivados a fazer o levantamento de diagnósticos, realizar a leitura de dados e elaborar os planos de ação para futuras intervenções nos colégios. Nossa, como aprendi! Todo esse processo formativo proporcionou-me um grande crescimento profissional e auxiliou-me no desenvolvimento de meu trabalho como Mediadora, Professora e Educadora. Por meio de ações que fazem parte desse Programa de Leitura, pudemos observar o grande avanço da leitura nas escolas, o progresso da habilidade leitora, o desenvolvimento sociocultural e percebemos que os jovens têm aprendido, cada vez mais, a serem protagonistas mais competentes para seu desenvolvimento pessoal e social. Foi gratificante participar da Mediação de Leitura e partilhar com minha querida equipe da Regional VI as nossas emocionantes experiências, nossos saberes e fazeres.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS As autobiografias são importantes, pois, tornando-se públicas, mostram o que os educadores e futuros educadores sentem, refletem, divulgando saberes produzidos em seu dia a dia. Espera-se que tais textos sejam reconhecidos no âmbito educacional e que possam figurar ao lado dos textos do curso de formação. Para finalizar este pensamento, remeto-me à autora Clarice Lispector: “É que, ao escrever, eu me dou as mais inesperadas surpresas. É na hora de escrever que muitas vezes fico consciente de coisas, das quais, sendo inconsciente, eu antes não sabia que sabia”. Fonte: Jornal do Brasil (1969). Essa citação vai ao encontro do que foi dito anteriormente. Nós, como profissionais da educação, devemos escrever, pois só assim estaremos conscientes do quanto nós sabemos, embora não saibamos que sabemos. E, se porventura não sabemos, poderemos aprender.
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NOROESTE FLUMINENSE
NATIVIDADE
LAJE DO MURIAÉ
ITAPERUNA
SÃO JOSÉ DO UBÁ
MIRACEMA
SÃO FRANCISCO DE ITAPOANA
ITALVA CAMBUCI CARDOSO MOREIRA
STO. ANTÔNIO DE PÁDUA APERIBÉ
CAMBUCI ITAOCARA CANTAGALO
CARMO
DUAS BARRAS
SERRANA II
CAMPOS DOS GOYTACAZES SÃO JOÃO DA BARRA
SANTA MARIA MADALENA
MACUCO CORDEIRO
BOM JARDIM
TRAJANO DE MORAES
QUISSAMÃ
CARAPEBUS NOVA FRIBURGO MACAÉ
CACHOEIRAS DE MACACU
CASIMORO DE ABREU
SILVA JARDIM
RIO DAS OSTRAS
CABO FRIO RIO BONITO
NITERÓI
MARICA
SAQUAREMA
ARARUAMA
S. PEDRO DA ALDEIA
ARRAIAL DO CABO
BAIXADAS LITORÂNEAS
ARMAÇÃO DE BUZIOS
NORTE FLUMINENSE
Capítulo 3
Baixadas Litorâneas, Serrana II, Norte e Noroeste Fluminense
A gente começa a achar que para ser mediador tem que ser artista. Tem poema, autobiografia com Gonzaguinha e até mediadora que ganhou concurso de poesia, mas justo essa escreveu em prosa! Aliás, o que não falta aqui é gente teimosa. Uma que fez de tudo para não ser professora, fez até faculdade de fisioterapia, mas acabou trocando os músculos pelas letras mesmo. Mas também tem gente que parece que nasceu professora! Conta a história direitinho, fala da regional, do material, dos agentes, de protagonismo, de homologia de processos, é uma aula! Se esse ecletismo for muito “pra sua cabeça”, não se preocupe, tem mediadora psicóloga também. Boa leitura.
Um pé na serra e outro pé no mar: livro aberto e belas histórias para contar!
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Mediador de Leitura: compartilhar experiências e multiplicar soluções Lien Ribeiro Borges
Um pouco da minha história de vida profissional Ingressei no magistério em 1988 como professora do Primeiro Segmento do Ensino Fundamental. Em minha vida profissional tive a oportunidade de atuar em todos os segmentos da Educação Básica. Atuei na Educação Infantil, passei pela classe de alfabetização, lecionei em diferentes turmas de primeira a quarta séries (primeiro ao quinto ano, pela nomenclatura atual) e, devido à formação em Letras, passei a atuar em turmas do Segundo Segmento do Ensino Fundamental e, posteriormente, do Ensino Médio. No período de 1998 a 2004 estive no cargo de Diretora Geral do Instituto de Educação Professor Ismael Coutinho (IEPIC) em NiteróiRJ. Nessa época, o IEPIC atendia aos segmentos da Educação Infantil, Primeiro e Segundo Segmentos do Ensino Fundamental, Educação
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de Jovens e Adultos e o Ensino Médio voltado para a formação de professores – Curso Normal. Durante o período em que dirigi essa instituição, promovi a construção e o desenvolvimento do Projeto Político-Pedagógico e do Regimento Interno da unidade escolar. Também desenvolvi atividades de formação continuada para os professores e alunos do IEPIC tais como: jornadas pedagógicas, oficinas e seminários. Durante a minha gestão, ainda foram desenvolvidos projetos voltados para a educação especial. No ano de 2004 retornei para a sala de aula, na mesma instituição, ministrando a disciplina de Língua Portuguesa para turmas do Segundo Segmento do Ensino Fundamental e turmas do Ensino Médio – Curso Normal, atendendo a alunos surdos incluídos nas classes regulares. De 2004 até a presente data venho desenvolvendo projetos de ensino de Língua Portuguesa para surdos, em que busco o aprimoramento da língua portuguesa escrita do aluno surdo a partir da utilização da linguagem não verbal e da utilização de parâmetros com a Língua Brasileira de Sinais. A partir de 2010, também passei a ministrar aulas de LIBRAS, uma vez que a Língua de Sinais passou a fazer parte da grade curricular do Curso Normal. Em 2013, iniciou a minha atuação como Mediadora de Leitura. A função de Mediador de Leitura foi criada pela Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro para apoiar as equipes escolares na disseminação da leitura entre os estudantes. Nessa época, estudos apontavam que existiam livros nas bibliotecas das unidades escolares do estado, porém poucos alunos estavam aproveitando desse diversificado acervo. A partir de dados, como os revelados pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes de 2006 (PISA-2006), e da média de desempenho dos alunos da rede pública estadual do Rio de Janeiro nas
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avaliações de Língua Portuguesa do Sistema de Avaliação Bimestral Saerjinho, além de diferentes pesquisas, que apontavam um déficit no quesito letramento em leitura, algumas ações foram implementadas pela Secretaria de Educação, como a proposta do Projeto de Leitura Escolar e a criação das funções de Agente de Leitura e Mediador de Leitura. O que vem a ser: Projeto de Leitura Escolar, Agente de Leitura, Mediador de Leitura? Como parte do Programa de Leitura da Rede Pública Estadual de Ensino do Rio de Janeiro, estipulado a partir da Lei N.º 4077, de 07 de janeiro de 2003, que dispõe sobre a criação da política estadual do livro, e tendo em vista que a leitura é essencial na contextualização dos conteúdos, em todas as disciplinas das áreas do conhecimento, em 2013 a Secretaria de Educação cria o Projeto de Leitura Escolar (PLE), que consiste em um conjunto de propostas e orientações que visam a garantir o acesso e a permanência de diferentes práticas leitoras, fundamentais para o desenvolvimento cognitivo, cultural e social do aluno da rede. O PLE traz em sua fundamentação orientações metodológicas visando a auxiliar as Unidades Escolares nas ações de planejamento, implementação e acompanhamento de seu Projeto de Leitura, tendo como base os livros que compõem o acervo escolar. Nestas orientações, o Agente de Leitura, função criada a partir da Resolução SEEDUC Nº 4778 de 20/03/2012 para o gerenciamento das ações nas bibliotecas escolares, assume papel de extrema relevância, pois será responsável por coordenar a elaboração, execução, acompanhamento e avaliação do PLE, juntamente com a Direção da Unidade Escolar (U.E.).
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Para auxiliar o Agente de Leitura, cada Diretoria Regional Pedagógica passa a contar com uma equipe de professores para atuarem como Mediadores de Leitura. Cabe ao Mediador de Leitura auxiliar o Agente de Leitura na implementação do Projeto de Leitura Escolar, promovendo ações de acompanhamento das escolas e de formação continuada do Agente de Leitura. Um olhar sobre a Mediação de Leitura
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A mediação de leitura iniciou em 2013. Em julho desse ano foi realizada uma reunião para apresentar aos mediadores de leitura as Orientações Metodológicas para o Projeto de Leitura Escolar (PLE). Essas orientações constam em documento da Superintendência Pedagógica da Secretaria de Estado de Educação. A primeira reunião sobre a função de Mediador de Leitura e sobre o PLE foi permeada de dúvidas, era tudo muito novo e grandioso. Os agentes de leitura das escolas também participaram dessa reunião e levantaram muitos questionamentos, pois, pela primeira vez, as escolas estaduais iriam desenvolver Projetos de Leitura tendo como espaço principal as bibliotecas. A proposta era encantadora, os agentes de leitura realizariam ações de incentivo à leitura na biblioteca escolar e os mediadores iriam acompanhar e orientar essas ações. Como forma de incentivar os agentes a realizarem as ações do PLE, as escolas com os melhores projetos ganharam destaque no Salão do Livro de 2013. O Salão do Livro era uma ação da Secretaria de Educação em que o Poder Executivo Estadual consignava, anualmente, em seu orçamento verbas destinadas às bibliotecas públicas estaduais para a aquisição de livros, que eram previamente selecionados numa lista
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com indicações feitas pelas próprias bibliotecas em uma ação do PLE denominada Circuito do Livro. O Salão do Livro acontecia no final do ano letivo e era um grande estímulo para as ações do PLE. E, em 2013, uma escola da abrangência da Regional das Baixadas Litorâneas apresentou ações desenvolvidas pelo PLE no Salão do Livro. Em agosto de 2013 iniciou uma parceria que viria a impactar o trabalho com o PLE nas escolas. Surge o Projeto Jovens Leitores em Ação, através da parceria da Secretaria de Educação com o Instituto Ayrton Senna. A princípio, setecentas escolas da Rede Estadual participariam do projeto. O Jovens Leitores em Ação (JLA) reúne duas propostas pedagógicas: As nove atitudes que impactam a sala de leitura e o Desafio de leitura. As nove atitudes que impactam a sala de leitura têm como objetivo promover atitudes de parceria entre os agentes de leitura e os alunos para praticarem ações voltadas para o acolhimento, a criatividade, o convívio, a organização, a liberdade, a mobilização, a divulgação e a avaliação. Já o desafio de leitura objetiva promover oportunidades para os jovens atuarem como protagonistas, praticando a leitura, produção textual e análise crítica. Ambas as propostas que compõem o JLA visam a mobilizar a comunidade escolar para a leitura e o desenvolvimento de competências socioemocionais. A partir dessa parceria, os mediadores de leitura também iriam atuar na implementação da proposta do JLA nas escolas. E o primeiro passo foi participar de uma formação para apresentar a proposta e sua metodologia aos mediadores e agentes de leitura. Essa formação foi realizada por um formador do Instituto Ayrton Senna que mostrou o passo a passo da proposta e sua metodologia. A princípio, o JLA pareceu um outro projeto que não se interligava com o PLE já existente, e tive dificuldade de entender como as propostas se relacionavam.
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Para auxiliar na implementação do JLA nas escolas e nos apropriarmos melhor das metodologias e materiais do projeto, sugeri aos agentes das escolas que foram incluídas na proposta a realização de encontros semanais, cada encontro seria em uma escola parceira diferente. Iniciamos os encontros em outubro. Na primeira reunião participaram três agentes e, durante o encontro, estudávamos o material que iria ser utilizado na semana seguinte pelo agente, tirávamos as dúvidas sobre as propostas e trocávamos experiências. Nas reuniões seguintes, os agentes contavam como foi a implementação do nível do Desafio de Leitura (itinerário organizado em dez níveis) na semana anterior, seus sucessos e desafios, e voltávamos ao estudo do nível seguinte, sempre buscando suprimir as dúvidas e promovendo momentos de debates sobre o material. As reuniões eram bem proveitosas e prazerosas, tanto que, a partir da segunda reunião, a participação já era de cinco escolas. As ações de mobilização para o JLA nessas escolas cresceram, e nas reuniões de dezembro os alunos dos times de duas escolas também participaram, contando suas experiências com o Desafio de leitura e fazendo sugestões para o trabalho de outros agentes. O ano de 2013 terminou com um saldo positivo na implementação do Projeto de Leitura Escolas e Jovens Leitores em Ação. Ao final do ano, os agentes da maioria das escolas já se tinham apropriado das ações dos projetos e estavam desenvolvendo grandes e lindas ações de incentivo à leitura. A participação dos alunos cresceu com a implementação da metodologia do JLA. E eles fizeram projetos tornarem-se realidade e consolidarem-se nas escolas. O 7º Salão do Livro de 2013 fechou o ano com chave de ouro, foi um evento muito bonito. Pela primeira vez os alunos estiveram presentes e as escolas participaram mostrando suas ações. Infelizmente, devido a
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problemas financeiros do estado do Rio de Janeiro, o Salão do Livro não ocorreu nos anos seguintes. O ano de 2014 iniciou com uma promessa de efetivação do Projeto de Leitura nas escolas. Uma vez que a função do mediador de leitura estava consolidada, os mediadores, assim como os agentes, dominavam melhor a metodologia do JLA e as ações do PLE, o ano seria de grandes conquistas no desenvolvimento da leitura. Foi possível perceber uma mudança da imagem e autoestima do agente de leitura, mais visto e mais valorizado em sua função. O espaço da biblioteca também foi modificado, tornando-se mais ativo, passando a se integrar com as propostas pedagógicas da escola de forma coerente, além de ter seu acervo dinamizado. Mas nem tudo são flores e livros românticos, alguns desafios permaneceram e se intensificaram. O primeiro e principal deles era o perfil do agente de leitura. Muitos agentes não entraram na função de forma espontânea, mas foram levados a ela devido à extinção de seu cargo de professor das séries iniciais, outros readaptados por problemas de saúde e ainda havia os que aguardavam a aposentadoria na sala de leitura. A esses agentes cabia a implementação das propostas do PLE e JLA, com uma grande responsabilidade que muitos não queriam assumir. E, para intensificar o desafio, a SEEDUC e o Instituto Ayrton Senna ampliaram a parceria, levando o JLA para 1200 escolas da rede. Para enfrentarmos esse desafio, surgiram as propostas de formação inicial e continuada dos agentes, coordenadores e gestores escolares. A formação inicial foi realizada pelos agentes técnicos do Instituto Ayrton Senna com os agentes e mediadores de leitura. Posteriormente, ocorreria a mobilização dos coordenadores e gestores nas regionais de ensino da rede estadual, sob responsabilidade do mediador de leitura.
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Nas formações iniciais os mediadores e agentes tiveram contato com a base conceitual que fundamenta o JLA: o multiletramento, o protagonismo juvenil, a aprendizagem colaborativa e o desenvolvimento de competências socioemocionais. Nas formações complementares e durante as visitas, o mediador reforçava essa base conceitual e as ações do PLE. O JLA também passou a se integrar mais com o PLE, trazendo ações previstas nas orientações metodológicas do projeto de leitura. O trabalho da mediação de leitura também se efetivou a partir das formações continuadas com o IAS. Através das formações com os mediadores, que inicialmente eram mensais, a atividade de visitas às escolas foi aprimorada, sistematizando as formações dos agentes em serviço, e passou-se a utilizar a apropriação dos resultados para, a partir deles, planejar novas ações. Em 2014 a adesão ao PLE era quase total, e pouquíssimas escolas deixaram de realizar atividades de incentivo à leitura. A promoção da leitura no contexto de uma política pública se tornou uma realidade. Sintetizo a mediação em 2015 em uma frase: “Compartilhar experiências e multiplicar soluções”. A função de mediador estava consolidada, destacando suas ações de: formação continuada dos agentes; capacitação em serviço; visitas às escolas, como parceiro para auxiliar e sugerir propostas, com acesso aos diferentes setores e funcionários da escola, além dos alunos; e, por último, mas não menos importante, a gentileza com o envolvimento de todos, discentes e docentes, na colaboração e execução das ações de incentivo à leitura propostas no PLE. Em 2015 o Desafio de Leitura ganha nova formatação, com cadernos coloridos mais atrativos para os alunos e agentes. Além da nova roupagem o JLA engloba ainda mais as ações do PLE, superando as dificuldades iniciais de unificar as propostas. Nesse ano, inicia para os mediadores a formação a distância (EaD) através do portal do Instituto Ayrton Senna, e surgem os links de
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acompanhamento para os mediadores e agentes, objetivando sistematizar ainda mais a coleta de informações relacionadas ao JLA. Surge, também, o Clube de Leitura, que permitiu conhecer novos textos a partir das leituras dos colegas mediadores. Pela EaD foi possível entrar em contato com uma formação para o uso de novas tecnologias aplicáveis no acompanhamento e formação em serviço. Os links agilizaram a apropriação de resultados, permitindo um planejamento mais aprimorado das ações da mediação. O legado de 2015 foi uma maior participação de alunos no PLE/ JLA, realizando ações com protagonismo. Já era possível perceber a implementação da metodologia do JLA nas ações do PLE. A partir das ações de formação e encontros, as direções e coordenações estavam mais inteiradas dos projetos, o que possibilitou um apoio maior aos agentes de leitura. O ano letivo de 2016 se iniciou com uma grande greve da educação estadual. A greve retardou o início das formações com os agentes para julho, e as ações do PLE/JLA nas escolas não se efetivaram no primeiro semestre. Apenas a partir de setembro as escolas iniciaram ações do PLE/ JLA, mas com dificuldades oriundas da greve, como a falta de horário livre dos alunos devido às reposições de aulas. Além disso, em algumas escolas a sala de leitura/biblioteca estava sendo utilizada como sala de aula para as reposições de carga horária e conteúdo das disciplinas. Diante desse novo desafio, a mediação de leitura se traduz, ainda mais, em “multiplicar soluções”. Cada escola realizou seu calendário escolar e de reposição, buscando soluções possíveis para cumprir a carga horária de duzentos dias letivos e a carga horária e currículo mínimo de cada disciplina. Diante dessa situação era preciso estudar cada situação nas diferentes unidades escolares para propor soluções e não interromper as ações de incentivo à leitura propostas pelo PLE e JLA.
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A partir das formações em polos, das ações de acompanhamento a distância e das visitas presenciais, foi possível, mesmo com um cenário de dificuldades, perceber boas ações do PLE sendo implementadas pelas escolas e a utilização das metodologias do JLA pelos agentes. A função de mediador de leitura termina ao final do ano, mas as ações de incentivo à leitura, certamente, permanecerão, pois foram solidificadas, através do PLE e das metodologias do JLA, pelo trabalho do mediador de leitura. Considerações finais 176
Buscando sintetizar o trabalho com a mediação de leitura, posso ressaltar o envolvimento do mediador nas capacitações e formações em serviço dos agentes, coordenadores e gestores, sempre pautado no respeito, afetividade e nas técnicas de aprendizagem colaborativa e participativa, envolvidas em cada ação formativa. Nas visitas às escolas, ressalto o trabalho colaborativo do mediador, visando a estar “de mãos dadas” com os agentes e a equipe técnicopedagógica das escolas para criar um novo ambiente de aprendizagem para os alunos na biblioteca escolar. Destaco, ainda, os diversos olhares e escuta atenta que o mediador deve ter, aliada a uma competência socioemocional e cognitiva, buscando uma intervenção cuidadosa na solução de problemas e resolução de conflitos. O trabalho como mediador de leitura foi enriquecedor, não apenas na questão funcional, como professora de língua portuguesa, que precisa desenvolver as habilidades de leitura e escrita dos alunos, mas também na questão de aprimoramento pessoal, pautada, principalmente, nas relações interpessoais de gestão de projetos, interesses e soluções.
Educação, vida, história: a mediação como reflexão sobre o fazer do agente de leitura Bruna de Oliveira Santos Pinto
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Toda história de vida é a história de um grupo social, de um tempo, de um momento da humanidade. Podemos pensar que as histórias de vida são uma mistura de escolhas individuais, atravessadas por questões históricas, sociais, políticas e econômicas dos grupos em que nos inserimos. Pensar na experiência de ser mediadora de leitura é considerar o conjunto do que eu era quando vivi esta aventura. Então é preciso descrever um pouco a minha trajetória. Minha formação primeira é em Psicologia. Depois cursei Letras. Sempre fui uma apaixonada por leitura. As duas faculdades se complementaram. Como psicóloga, percorri um caminho ligado a uma técnica de pesquisa chamada “História de vida”. Ela consiste em recolher os relatos de vida dos indivíduos, pensando o impacto do momento político, econômico, histórico na vida destes. Mais precisamente, estudo como as instituições impactam a trajetória de
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vida dos sujeitos, suas escolhas e até mesmo sua psiché. Nessa linha, vivi uma pluralidade de experiências: conselho tutelar, hospital, com história de vida indígena no Amazonas e no judiciário. Dou aulas no estado e participo voluntariamente de pesquisas na universidade, nessa perspectiva. O que é mais interessante neste caminho é perceber que sou convocada ao lugar de pesquisadora mesmo quando a intenção não é esta. Talvez porque os nossos desejos sempre encontrem os nossos lugares no mundo antes mesmo da nossa consciência. Em 2014 eu voltava de uma experiência rica e tensa de mudança de vida, em que precisei me adaptar a muitas coisas. A pesquisa em que trabalhava naquele momento se deu em outro país, e precisei migrar. Retornar à minha cidade era uma alegria imensa e queria viver esta paz que trazemos no coração ao nos sentir em casa. Foi no início de 2015 que participei da seleção para o grupo de mediadores de leitura do estado do Rio de Janeiro. O diretor da escola em que sou lotada conhece esta minha vertente aventureira e leitora, mostrou-me o processo seletivo e insistiu que eu participasse. Inscrevi-me sem muito entusiasmo e, após a entrevista, com menos esperança ainda, pois pensei que era muito serviço para pouca estrutura. Estava ainda curtindo o momento de paz e não queria quebrar isso. E é aí que a vida, malandra, nos dá uma rasteira e nos captura, nos coloca de encontro com as nossas paixões secretas. Foi então que fui convocada para entrar no cargo. Não esperava que, entre a aprovação e minha convocação, existisse uma coordenadora de ensino muito sedutora, que me convenceu de que ia gostar da coisa, sem mesmo me conhecer. Ao conversar com ela, resolvi
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topar a experiência (ela foi bastante persuasiva). Eu já havia participado de outros projetos, como o Reforço Escolar e o Projeto Autonomia, então seria mais uma vivência que poderia enriquecer minha trajetória na SEEDUC. Pensei nisso e acabei ponderando que visitar salas de leitura não seria grande sacrifício. O início foi atípico. Notava certa resistência dos agentes de leitura quando eu chegava. As pessoas esperavam por alguém que fosse cobrar de maneira incisiva. Houve inclusive uma agente de leitura que se recusava a ficar sozinha comigo em qualquer espaço. Nas minhas vivências anteriores de projeto, mesmo como supervisora, nunca havia acontecido essa resistência tão marcada. Foi aí que entendi que precisava recorrer a experiências anteriores para entender melhor a questão e resolvi que, naquele momento, o ouvido ia funcionar mais que o pulso (aliás, é sempre assim, rs). Comecei a chegar às salas de leitura colocando as minhas dificuldades para entender os projetos. Dificuldades estas que às vezes eu inventava. Dessa forma, eu invertia o jogo da resistência: não estaria ali para cobrar, mas sim para entender. Essa atitude muda o lugar daquele que te recebe e, de repente, abre-se um espaço rico de escuta e intervenção. Eu questionava sobre tudo com interesse, sem me preocupar com formulários (embora os preenchesse todos): perguntava sobre o entorno da escola, a história dos alunos, sobre o nome da biblioteca, sobre as dificuldades em ser um agente de leitura. Questionava até chegar à escuta sobre suas trajetórias de vida. E posso dizer hoje que a riqueza que levo deste trabalho veio exatamente deste ponto. As agentes de leitura são ricas em histórias e vivências. Por serem readaptadas ou professores 40 horas, guardam muitas memórias sobre a
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educação e suas mudanças ao longo do tempo. Percorrer a história desta função é quase como uma aula sobre a educação no Rio de Janeiro: seus desafios, percalços, dores e delícias. Elas passavam muito tempo falando de suas perspectivas de vida, do que pensavam dos projetos, como as salas de leitura eram importantes para elas e seus desalentos e das transformações institucionais que vivenciavam. Percebam a grande rasteira do destino: eu estava diante de várias coisas que achava interessantes. História de vida, educação, instituição, psicologia... Somos ou não movidos pelos nossos desejos? Alguns relatos ouvidos e eu entendi que esta função era marcada pela invisibilidade e por desmandos que por anos se acumulavam. As pessoas tinham uma história complexa com a instituição, que passava pelo medo de situações vividas anteriormente e pela falta de fé no novo. Relatavam muitas situações do trabalho que afetavam sua vida particular e viceversa. E como a falta da regularidade institucional e de valorização profissional as deixava sem nenhum entusiasmo, ao contrário do trabalho com os meninos. Percebi que os projetos, por isso, eram recebidos de forma ambígua: ao mesmo tempo que traziam luz a esse lugar, entravam como uma cobrança de padrões inalcançáveis. Faltava valorização do trabalho “possível”, que era muitas vezes negligenciado porque a perspectiva colocada era a do trabalho “ideal”. Seguia com esses relatos na cabeça e pensava muito sobre eles. Levava algumas reflexões para a universidade e para meus colegas de regional, e estes em especial foram e são muito importantes. Naquele momento, éramos uma equipe maravilhosa: conversávamos muito sobre nossas experiências e vivências. Passamos muitas tardes de cafés
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e divagações sobre como víamos os cenários, como entendíamos as dinâmicas. Foram muitos bons momentos. Comecei a trabalhar com a ideia de desconstruir este lugar inquisidor que a mediação de leitura tinha para aquele grupo, para pensar em um lugar de parceria. Criei, junto com meus colegas da regional, mecanismos simples de valorização do trabalho: grupos de Whatsapp, página dos agentes. Este percurso foi encantador. Descobri muitos trabalhos bacanas, muita gente engajada. Para coroar este momento, pedi para as agentes encenarem um ataque poético em uma reunião da regional. Era um trabalho belíssimo de uma agente de Saquarema e, para executá-lo, solicitei que uma agente de cada escola do município compusesse a apresentação para o grupo. Era um desafio e foi uma apresentação primorosa: todos se emocionaram. Aquele dia foi muito importante para meu trabalho; eu precisava mostrar para as pessoas da regional que a valorização do trabalho poderia ressignificar a própria relação das pessoas com aquilo que faziam e que isso poderia acontecer através de ações simples. Era a primavera do meu trabalho de mediação. Interessante foi ver que o projeto de leitura deu uma alavancada nesse período. Os ataques poéticos se tornavam populares e viraram até veículo de protesto nos grupos de diretores: quando queriam reivindicar algo nas reuniões, um diretor em especial transformava as questões do grupo em ataques poéticos politizados, que traziam sorrisos e reflexões para as reuniões. Estava bastante feliz com a convivência com as agentes. Pensava em ideias para propagar seus trabalhos, tinha um diálogo muito bom com a equipe regional. Tudo estava ótimo até dezembro de 2015, quando
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o 13º salário não apareceu na conta dos servidores e o pagamento foi parcelado. Era o outono da minha vivência neste cargo. De repente, todo o cenário mudou em 2016 e o ano já começou difícil. Houve trocas na equipe regional, greves e posteriores ocupações. O ambiente de trabalho se tornou quase insuportável: brigas e brigas entre grevistas e não grevistas e muitos momentos de tensão. Houve um dia em que não consegui sair da cama, olhando para o teto e pensando como tudo isso iria acabar. No que tange às agentes de leitura, havia confrontos de ideias, mas nunca desrespeito ou desarmonia. Os grupos de trabalho ficavam mais tempo silenciados, mas também ofereciam um espaço de discussão do que estava acontecendo. Éramos um grupo de reflexão, não de imposição. Após o período mais conturbado, visitei as escolas ocupadas e pude ouvir, mais uma vez, muitos relatos sobre como o programa de leitura contribuiu para o crescimento dos alunos. Ao mesmo tempo, percebi que as agentes de leitura e os estudantes que frequentavam as salas de leitura auxiliaram na reconstrução das relações entre os diversos grupos que se formaram nas unidades durante o período da greve. Interessante foi poder perceber que aquilo que as agentes de leitura revelaram no início da minha inserção era uma análise real da instituição SEEDUC e de suas particularidades. Vivi a estabilidade plena e a rápida desestruturação em que, de repente, nada mais era garantido, nem o mínimo. E quem poderia pensar nisso, um ano antes, nas diversas reuniões que tínhamos? O que posso dizer hoje é que minha vivência nesta função foi muito rica e trouxe relatos em que pensarei por muito tempo. Cada agente de leitura carrega em sua história individual a marca do coletivo da educação do Rio de Janeiro, da instituição SEEDUC e dos alunos que
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com elas crescem. Os projetos de leitura iluminaram o fazer dessas profissionais e são um sopro de vida nas unidades escolares. Como profissional, amadureci profundamente o olhar gestor: de como administrar tanta informação e pensar os diferentes contextos. E ainda, foi uma pós-graduação em mediação de conflitos. No campo de pesquisa, a minha experiência como mediadora será mais um artigo. Já como humano, posso afirmar que foi uma vivência singular e enriquecedora, que marca a minha história. Voltamos ao ponto que iniciou esta conversa: toda trajetória individual carrega um pouco a história de um grupo, de momentos históricos, políticos, econômicos vividos. Posso dizer que, na minha, esta experiência está impressa à flor da pele.
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Mediação de Leitura: um caminho de sucesso Leila Rossi de Siqueira Campos
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Meu nome é Leila Rossi de Siqueira Campos. Sou “carioca da gema”. Adoro o Rio de Janeiro e aproveitei muito as delícias de minha cidade, numa época em que se andava por todo lado sem grandes preocupações. Fiz todos os meus estudos em escola pública, terminando com o curso de Letras na UERJ, tempo muito feliz. Sempre tive certeza de que seria professora. Trabalhei na rede pública e em colégios particulares durante muito tempo; o último foi o Colégio Andrews, referência de modernidade no ensino. Escolhi vir para Friburgo em 1994, no entanto, em busca de qualidade de vida para meus filhos. E aí comecei tudo de novo. Sou professora de Língua Portuguesa da Rede Estadual de Ensino desde 1996 e professora aposentada pelo município. Gosto muito do que faço e procuro estar sempre atenta às novas estratégias que possam dinamizar a aula e facilitar a aprendizagem.
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A leitura é paixão antiga, e falar de livros, o melhor dos “papos”. E assim, mostrando os livros, falando sobre eles, despertando a curiosidade é que pontuo toda aula de Português em qualquer série. Por isso tudo, quando recebi em junho de 2013 uma proposta da Coordenadora de Ensino Luciana Vaz, da Regional Serrana II, que envolvia Salas de Leitura (eu nem sabia que tinha esse nome), não titubeei. Respondi sim na mesma hora e fiquei curiosa em saber como seria o trabalho. Conheci os outros mediadores, ficamos logo bons amigos e, sem muita informação ainda, começamos a receber e-mail informando, pouco a pouco, o grande projeto que seria posto em prática, pois, teoricamente ele já estava rascunhado. Começamos, eu, Roberth e Deucimere, a estudar o material que nos chegava pelas mãos da Coordenadora de Ensino (CE) e depois, em 17 de junho, através da formação com o professor Peterson Soares da Silva, Assistente Técnico de Livro e Leitura da Secretaria de Estado de Educação (SEEDUC). Ao mesmo tempo, já enviávamos para as escolas o pedido de confecção do Projeto de Leitura Escolar (PLE), conforme modelo sugerido pela SEEDUC. Sinalizamos para as escolas o primeiro curso de formação para os Agentes de Leitura – dias 3 e 4 de julho. Era uma convocação, mas a reunião no Rio dificultou a ida dos agentes de nossa região. Muitas dúvidas, muitos questionamentos! E nós, recém-empossados mediadores de leitura, ficamos divididos entre a empolgação com o trabalho que vislumbrávamos e o medo do novo; um novo com muitas atribuições, que geravam mais dúvidas do que as que os agentes apresentavam naquele momento. Adriana Lessa, Jorzeia e Trícia são nomes presentes nesse primeiro momento. Professor Peterson
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foi sabatinado pela plateia, e surgia a todo momento a questão da gratificação para os agentes. Ele, entretanto, conduziu aquela reunião com uma atitude tão positiva, respondendo a tudo e a todos com tanta confiança, que contagiou todos os presentes e acho ter sido fundamental para os mediadores. Em agosto, Deucimere comunicou sua saída por motivos particulares e Alexandre Soares compôs o time da Serrana II. A essa altura, já recebíamos PLE de várias escolas e, com as Orientações Metodológicas como apoio, analisávamos e enviávamos as devolutivas. Cada mediador planejou a primeira reunião com seu time de agentes e foi um momento muito produtivo. Desenhou-se claramente o perfil dos agentes, naquele momento: muitos desviados de função, outros querendo ser algo mais do que “aquele que fica lá na biblioteca”, e outra parte esperando a Licença Especial (LE) para se aposentar. O quadro confirmou-se com as visitas às escolas. Ao chegar a cada unidade e me apresentar, causava logo a impressão de “fiscal” da Sala de Leitura (SL) e ouvia, então, um desfiar de desculpas porque a sala estava fechada, porque os horários não eram cumpridos, porque a agente não estava ali, porque essas caixas de livros estão ainda fechadas, e afinal: “o que é esse PLE, que tenho que fazer?”. Por outro lado, tive gratas surpresas com agentes que abraçaram todas as ideias e colocaram a mão na massa para produzir o trabalho de qualidade para o qual foram orientados. Vi, em algumas unidades, o projeto “Desafio de Leitura”, que, através de um percurso formativo de dez níveis, visava a promover oportunidades para a
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prática de leitura e produção textual acontecer, embora ainda muito timidamente. Ter os alunos como parceiros, planejando, executando e avaliando ações da Sala de Leitura, voltadas para o acolhimento, a criatividade, o convívio, a organização, a liberdade, a mobilização, a divulgação e a avaliação, que chamamos de “9 atitudes”, foi mais facilmente implantado, mas não estava totalmente apoiado nas bases conceituais do Jovem Leitor em Ação (JLA). Teria que ser melhor orientado, com estudo mais aprofundado do material, mostrando bem as seis etapas da Metodologia da Educação por Projetos. Paralelamente a todas essas ações, tínhamos o acompanhamento do Instituto Ayrton Senna (IAS) feito pela Agente Técnica Sandra Reis e também do professor Peterson, que atuava como gestor do Projeto de Leitura pela SEEDUC, monitorando o tempo todo o trabalho, através de e-mails com pedidos de resultados parciais de nossas atividades. Íamos ao Rio para formação mensal e era a hora de aprender também com os outros mediadores. Foi muito importante essa troca. Desenhou-se um semestre intenso, com desafios a toda hora: como me portar nas visitas (muito amiga ou mais distante...), como organizar o trabalho de devolutivas (ficava procurando no mar de e-mails algumas que tinham se perdido), estudar muito todo o material para adquirir confiança, a toda hora consultar nossa CE sobre possibilidade de atender demandas das escolas, pois não tínhamos esse conhecimento; enfim, foi árduo, mas muito produtivo. Cheguei ao final do ano com a entrega de 90% dos PLEs. Os agentes de leitura começaram a mudar suas práticas atendendo à nova imagem que estávamos implantando. Então chegou o Salão do Livro. Oportunidade dada às escolas
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de aquisição de títulos para atualização do acervo das Salas de Leitura, levando em conta pedidos dos alunos e escolhas pedagógicas dos professores. Era uma maratona de compras, muito cansativa. Participante de todas as edições anteriores como representante de minha escola, fiquei maravilhada com o novo formato. O tema de 2014, escolhido por professores e alunos tendo por base um cardápio com os Temas Transversais, através de uma votação, no evento escolar chamado de “Circuito do Livro”, norteava parte da compra no Salão. Assim, ligava-se ao PLE o acervo a ser adquirido. Havia a compra livre que atendia às sugestões dos alunos. As agentes de leitura foram convidadas e tratadas como estrelas durante o evento. Durante os três dias de Salão, programaram-se apresentações dos trabalhos das regionais em vários pontos da feira e até tarde de autógrafos com compra de livros de autores de cada região. Times de alunos do projeto “Desafio de Leitura” mostravam paródias, leituras de poesias e minicontos, apresentando-se também. A escolha de melhor PLE colocou em evidência o trabalho da escola. Foi um show de talentos e uma injeção de incentivo para todos que lá estavam. Vi então que a mediação já se havia instalado numa trajetória de “leitura que vai adiante”. Constatei, também, o meu esforço para entender as tecnologias (um grande desafio) e usufruir dos seus benefícios, perceber a ligação existente entre PLE, JLA, o trabalho da Sala de Leitura e dos agentes e os benefícios que esse “link” trazia para a comunidade escolar. Aprendi, nesse início, a importância de se documentarem, de se registrarem as ações feitas e propostas.
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Em 2014, muitas mudanças: na nossa região havia um novo Diretor Regional Pedagógico e também um Coordenador de Ensino. O professor Peterson nos deixou, e Fernanda, Vanessa Souza e Cirlene entraram em cena para nos orientar e o Assistente Técnico Bernardo Arraes ficou responsável pelo time da Serrana II. Comigo, em particular, criou-se logo um vínculo com o novo assistente quando tomei conhecimento da história de leitor dele: estavam presentes referências cariocas que faziam parte da minha vida e de meus filhos ainda pequenos como a Casa de Rui Barbosa e a autora Maria Mazzetti. Foi grande a empatia do time com Bernardo que tornou-se um “fio condutor” de nossas ações. Nossas reuniões de formação se realizariam de 2 em 2 meses; recebemos, em forma de um caderno, as orientações organizadas para conduzir o trabalho nas escolas e fomos aprendendo com o IAS a avaliar sempre e a sistematizar os dados que coletávamos, preenchendo os instrumentais. Sim, agora, tínhamos um documento que atestava nossas visitas às escolas, uniformizando a coleta de informações e com a assinatura da gestão; era a prática do que aprendíamos em teoria. Outro fato que permeou todas as formações durante o ano e que muito me agradava era a recomendação de leituras (livros e artigos), acompanhada pela fala de nossa Coordenadora do IAS, Renata Lazzarini Monaco: “Vocês vão gostar! Foi um ano de crescimento: novas ideias aperfeiçoando o trabalho inicial, estreitando relacionamentos com as AL, envolvendo outros atores através do convencimento. Estudamos muito o Caderno do Estudante e do Agente de Leitura: era preciso realizar os passos dos projetos, prever situações que poderiam ocorrer nas escolas e saber observar nas visitas as bases conceituais sendo utilizadas.
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E veio o trabalho final do Desafio de Leitura: “fazer um Pecha Kucha!”. Foi muito tenso o primeiro momento dessa notícia. Estudo novamente, convencimento, apoio aos AL, e... não é que fomos muito bem representados por duas unidades!!! Esse momento de apresentação do trabalho da minha escola tornou-se um rio de lágrimas contagiantes de alegria. Ver o envolvimento dos alunos, falando do Desafio e o quanto cresceram e aprenderam foi a chave de ouro desse ano. E o melhor: colhemos muitos frutos, depois disso. Começamos 2015 com uma nova formação de time, o que nos obrigou a rever todo o material didático para traçarmos estratégias em comum ao longo do ano, tendo por objetivo o PLE em alguns municípios que ainda não tinham incorporado esse fazer real em sua prática e incentivar o JLA, expandindo principalmente o Desafio de Leitura. Pensamos em time o tempo todo e constatamos como esse “formato” contribuía para a melhoria do trabalho. Muitas outras questões estavam presentes no dia a dia, nas escolas: enfrentar os problemas técnicos que dificultavam colocar em prática o Multiletramento; ensinar a cuidar do livro didático, fazendo remanejamentos constantes; orientar registro e revitalização do acervo; formar em serviço novas agentes e outras que estavam ainda reticentes quanto ao programa; enfim, só aprendizado. Enfrentamos novo desafio: a EaD, que, dividida em módulos com propostas que atendiam demandas do trabalho, acrescentou ferramentas valiosas para nos auxiliar no caminho da mediação – entre nós da Serrana II, entre as agentes e em relação ao grupo todo de mediadores.
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Durante as formações, Cirlene instituiu o “Clube do Livro”, e alguns títulos foram lidos e comentados às vezes com amor (Ciranda de pedra e Quarto de despejo), às vezes com “ódio” (A biblioteca do imperador). Também apostamos muito, e aí com o aval de nosso DRP e da CE, na parceria com o gestor para fazer acontecer as ações da SL. O nível 10 do Desafio de Leitura – Circuito de Juventude – foi duplamente emocionante: alunos motivadíssimos para homenagear os professores queridos, e os mestres que se sentiram aplaudidos pelo trabalho realizado; isso feito por meio de cartazes e de postagem na página do colégio. Por outro lado, construímos um Caderno do Programa Estadual de Leitura da Serrana II, evidenciando a trajetória da Regional em relação à Mediação de Leitura, com o registro e a sistematização das práticas desenvolvidas e os resultados atingidos. Novidade que muito nos fez crescer: escrever e reescrever, retificar e ratificar com a CE, resumir, coletar fotos, enfim... ficou pronto e surpreendeu a todos ver como avançamos nessa mediação. Constatamos que o ganho maior foi mudar o perfil da Sala de Leitura e do Agente, resgatando pessoas que se achavam em “fim de linha”, fora de contexto, tornadas invisíveis e, de repente, se viram empoderadas de uma nova função, importante e crucial para dar andamento à leitura na escola, de forma prazerosa, real e envolvente. Ouvimos de nossa CE em reunião final o relato: “...quando outros membros de equipe da Regional cobram ações da SL, a agente diz com a maior propriedade que a sua mediadora já explicou isso e está orientando-a...”. Com essa fala ficou muito forte o sentimento de pertencer a um time que estava dando certo.
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No apagar das luzes de 2015 um fato perturbou esse caminhar: a notícia de que a Agente de Leitura não tinha direito à regência de turma. Perdi duas excelentes parceiras, por conta da demora em retificar essa situação. Chegou fevereiro de 2016 e logo na primeira reunião, de novo com o time desfalcado, pois Claudia se desligara em dezembro por causa do mestrado, decidimos as ações que julgamos prioritárias para iniciar o trabalho e como iríamos suprir a falta da terceira mediadora; isso enquanto esperávamos a formação no Rio, já marcada. Novo desenho do quadro de nossa chefia: Carla Berthânia assumiu a SUPED, Fernanda Lima a DIART e Cirlene contou com o assistente técnico Rogério Soares (ex-mediador). O IAS estaria representado por Nilma, já conhecida por todos os mediadores. Com o trabalho muito mais sistematizado, o objetivo maior desse ano era fomentar a autonomia dos agentes de leitura em relação ao PLE e JLA. Na Serrana ll, investiríamos em mais capacitação para nossos parceiros com o intuito de fazer acontecer o JLA em mais unidades. Também teríamos a EaD com um produto final que explicaria a trajetória da Mediação de Leitura no Estado. E começamos a tarefa dada com muita garra e otimismo, visitando os colégios e querendo fazer o melhor, por ser nosso último ano nessa função. O ator em quem colocaríamos peso maior de nossas ações era o Coordenador Pedagógico, convidado para uma reunião logo no começo do ano juntamente com o gestor, para que explicássemos novamente o PLE e o JLA. Apoio total do Diretor Regional Pedagógico e da Coordenadora de Ensino nessa ação. E em março começou a greve de professores...
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Foi um período longo e muito difícil para todos da Educação. A motivação inicial dos agentes deu lugar a um sentimento de revolta e de impotência, com a autoestima em baixa. A formação marcando o início dos trabalhos, como era de praxe, foi várias vezes adiada, devido à situação que vivíamos e isso dispersou muito o foco de ação dos agentes de leitura. Sem a parceria dos professores, várias atividades já planejadas no PLE foram suspensas, esperando o término da greve; alguns agentes aderiram ao movimento grevista e o JLA estava perdendo participantes. Usamos, nesse momento, uma estratégia que se tornou uma boa prática: começamos a realizar visitas em time, uma ajudando a outra, e algumas vezes com a presença da Coordenadora de Ensino e de outros membros da equipe, o que nos fortificava como time e validava ainda mais o trabalho. Aconteceu finalmente a formação para agentes novos e agentes atuantes, e ficamos contentes com o número de participantes, levando em consideração o momento por que passávamos. E a greve acabou... e o problema maior eram as aulas de reposição: não tínhamos mais os alunos presentes para realizar os níveis do Desafio ou outras atividades da SL, porque estavam com o tempo todo tomado e assoberbados de tarefas. Pensei que seria um semestre com apenas o básico sendo cumprido, e redobrei os esforços para fazer logo a segunda visita, a fim de conversar com o agente e fazer um trabalho de convencimento e estímulo, para ver se conseguia mudar o quadro. E era um quadro desanimador...
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Contudo, mais uma vez nos surpreendemos: à medida que os professores iam retornando, os agentes iam também voltando às atividades planejadas e conseguindo algumas adesões para realizar o PLE. Vimos em visita e através dos grupos de WhatsApp muitas ações de incentivo à leitura acontecendo e estamos participando de várias culminâncias; o projeto #identidadedaminhaescola, escolhido como atividade final da SL, e que objetiva a composição de um material pesquisado e produzido pelos alunos para explicar o porquê do nome do colégio, foi muito bem aceito pelos nossos parceiros e está em andamento na maioria das unidades. Acredito, com base em tudo que vivenciei, que construímos um fazer pedagógico inédito e que contagiou muitos atores envolvidos realmente com Educação; que demos voz, através do nosso incentivo, a professores e alunos “dormentes”; que fomos proativos e aperfeiçoamos os instrumentos que nos deram para o trabalho, adequando-os a cada situação surgida e que fomos além do que vislumbrávamos no início do Programa. A parceria com o IAS permitiu que tudo isso acontecesse de uma forma que muito me encantou: transformar as observações das visitas e ações em dados, analisá-los, concluir onde estavam as falhas e refletir sobre os caminhos que precisavam ser feitos para sanar as deficiências e melhorar cada vez mais; e para não ficar só na constatação, transformar essas informações em um plano de ação. Comemorar todas as vitórias conseguidas e compartilhar sempre. E esse acompanhamento do trabalho foi o tempo todo revestido de sentimentos de confiança, respeito, sinceridade e muito companheirismo. Sabendo ouvir e nos ensinando essa escuta tão atenta.
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Agradeço muito a essa equipe deveras eficiente, liderada por Renata (que me encantou mais ainda) e a Cirlene, que esteve ao nosso lado sempre, muito parceira em todas as situações. Essa aura de amizade que permeou toda a trajetória da Mediação e que foi se expandindo ao englobar os diversos grupos que se transformaram em parte da minha condição de Mediadora me fortaleceu e me tornou uma profissional com o olhar muito mais acurado e, com certeza, me fez crescer como pessoa. Transcrevo, para encerrar, versos de Alê Barbosa, que evidenciam a importância da leitura, motivo de todo esse percurso: 196
“Queriam que ela fosse do lar mas ela era do ler, com essa liberdade ela era de onde quisesse ser.”
Mediação de Leitura: Lembranças que não se apagarão Liene de Mattos Wermelinger
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Meu nome é Liene de Mattos Wermelinger. Sou a terceira filha de sete de uma família de trabalhadores da zona rural da cidade de Duas Barras, interior do estado do Rio de Janeiro. Do lado materno, a referência era a determinação e garra da jovem senhora que substituiu o tempo de aprender as primeiras letras pelo trabalho nos cafezais de seu pai. Do lado paterno, era a persistência, resistência, seriedade e humildade do homem que, sem nenhum conhecimento das letras, cultivava e valorizava o folclore do nosso povo. Aprenderam a ler, escrever e fazer contas com a escola da vida. Ter nascido dessa união tem um significado muito especial, que não pode ser traduzido por qualquer tentativa de explicação sobre a minha história de vida. Com uma infância marcada por limitações de todas as ordens, mas com uma alegria muito grande de conviver com pessoas de diferentes raças, credos e idades, pude desenvolver o gosto por sonhar, produzindo novos sentidos para a vida, indo além do que as condições de existência naquela
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época favoreciam. Não foi fácil a época da escola, pois, apesar de ter apenas sete anos, já ajudava nas tarefas. Frequentar as aulas foi algo tão marcante que ainda me lembro. Frequentava a escola em dias alternados com minhas outras irmãs. Era muito interessante que, mesmo sem ir às aulas diariamente, as brincadeiras prediletas passaram a ser a imitação do que ocorria em sala de aula. Diante da iminência de deixar a escola da zona rural, ao final do Ensino Fundamental, acreditava que deveria ingressar numa escola da zona urbana, que me proporcionasse uma boa educação com o Ensino Médio. O problema era que o descrédito, na época, que pesava sobre as escolas de zona rural era demasiado. Isso fez com que eu me agarrasse ao que parecia uma alternativa única: estudar, estudar e estudar... A escolha estava centrada na ideia de amenizar o descrédito e ter acesso a um ensino de mais qualidade do que em algum tipo de definição acerca dos rumos a serem tomados para a vida profissional. No momento em que foi necessário optar por um dos cursos oferecidos pela escola, a opção pelo curso de Formação de Professores estaria ligada a um sonho que estava por trás dessa profissão. Funcionária pública da Secretaria de Estado de Educação, iniciei meu trabalho após concurso público em 1985 e 1989. Trabalhei em escolas isoladas da zona rural do município como professora e gestora. Em 2001, aceitei o convite de ir para o colégio estadual da zona urbana da cidade e fazer parte da equipe de direção. Vitórias, derrotas, erros, acertos, e fui crescendo como pessoa e profissional. Sempre aceitando e enfrentando desafios. Após vinte anos de trabalho como professora/gestora e a formação de uma linda e maravilhosa família, retornei aos bancos escolares,
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LIENE DE MATTOS WERMELINGER
agora, da Universidade. A graduação em Pedagogia foi uma opção que implicou resistência na minha família e em amigos de trabalho, dadas as expectativas suscitadas em torno do ingresso na Universidade. O curso ofereceu um conjunto de conhecimentos que me fascinou. Terminado o curso, a especialização em psicopedagoga não tardou. Depois, Ciências Biológicas, Gestão, Gestão e Empreendedorismo. Em 2015, depois de sair da gestão, navegando na internet, um item me chamou a atenção: mobilidade interna para mediadores de leitura. Sempre gostei de desafios e livros. Informei-me dos procedimentos necessários para tal inscrição. Inscrevi-me, participei da seleção e fui chamada a iniciar o trabalho. Formação no Rio de Janeiro. Time excelente. Apresentação do trabalho. Troca de conhecimentos e práticas, novos amigos. Um time de mediadores de leitura composto por Leila Rossi, Claudia Silva e Liene Mattos. Acompanhamento de Bernardo Arraes – agente técnico do Instituto Ayrton Senna. Um contador de histórias nato. Que espetáculo! Voltei fascinada! A didática de apresentação de todo o trabalho me contagiou para continuar melhorando minha prática. Estudei o material, Caderno do Agente de Leitura e do Estudante: era preciso realizar os passos dos projetos, prever situações que poderiam ocorrer nas escolas e saber observar nas visitas as bases conceituais sendo utilizadas, descobri novos horizontes, trabalhei com motivação! Cada colégio uma realidade, times diferentes, locais bem diferentes. Distribuição geográfica muito diferenciada. Tudo muito novo. Iniciei o trabalho apropriando-me do material. Que material rico! Cada vez que lia, mais aprendizado, mais conquistas. Até usei alguns textos em sala de aula.
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Agendei as primeiras visitas, parte do trabalho que deveria ser realizado pela mediação de leitura é enfrentar os problemas técnicos que dificultavam colocar em prática o Multiletramento; ensinar a cuidar do livro didático, fazendo remanejamentos constantes; orientar registro e revitalização do acervo; formar em serviço novas agentes e outras que estavam ainda reticentes quanto ao programa; enfim, só aprendizado. Por ser um grupo de gestores com que já havia trabalhado, foi fácil estabelecer o primeiro contato. Pude perceber os diferentes atores que compõem o cenário educacional da Serrana II e o comprometimento de cada um desses atores. Vivi experiências lindas, que me emocionaram. Conhecer os colégios, os agentes, os gestores, os trabalhos diferenciados me fez repensar a minha prática de vinte e quatro anos como gestora em minha trajetória. O Projeto de Leitura Escolar (PLE) e Programa Jovens Leitores em Ação (JLA) me encantaram. Com o desenvolvimento e acompanhamento dos projetos, pude perceber nos alunos que se envolveram com o PLE e fizeram parte do JLA os benefícios imediatos. Como professora de sala de aula, pude constatar e ouvir depoimentos de colegas sobre a melhora na escrita e na fala dos alunos que participavam do JLA. Que lástima que nem todas as Unidades aderiram! Durante o ano de 2015, fiz visitas sozinhas e em times às escolas, com Leila, Claudia e o agente técnico Bernardo Arraes. Uma troca muito pertinente e gratificante de experiências e conhecimentos. Na época, pude conhecer diversas realidades diferentes das que já tinha presenciado e tomar consciência de entraves e conquistas já realizados. Compartilhei experiências boas, frustrantes, tristes, alegres. Assim foi nosso ponto de controle: reuníamos na Regional, todas as quartas feiras, mediadores de leitura e coordenadora de ensino. Algumas vezes, o diretor
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regional pedagógico participava também. No encontro traçávamos metas, desenvolvíamos atividades de EaD, tirávamos dúvidas, trocávamos práticas exitosas, fazíamos ligações para os colégios e traçava nosso plano de ação semanal. Muitas aprendizagens: Leila, com tudo anotado. Leitora voraz, parceira, companheira, amiga sempre disposta a esclarecer dúvidas e ajudar. Claudia, autêntica, amiga e também aberta ao novo. Encontros inesquecíveis, devido ao aprendizado sobre os programas e projetos. Continuamente buscando soluções e conquistas. Como trocávamos conhecimentos! Vivian, nossa coordenadora de ensino, nos apoiava em tudo, acreditava no trabalho realizado e não media esforços para nos ajudar com experiências de toda e qualquer ordem. Primeira formação com agentes de leitura: muitas perguntas, questionamentos, algumas reclamações. Nova apresentação do material. As formações eram sempre empolgantes, embora observasse que durante as visitas nem todos haviam dado início aos trabalhos. Já em outras formações, presenciei muitas práticas exitosas, depoimentos de alunos, agentes, e assim fomos trabalhando. O depoimento da aluna Micaela da Silva da 3ª série do Colégio Estadual Almirante Protógenes:
Depois que eu passei a fazer parte dos Jovens Leitores em Ação, melhorei muito na escrita, como disse a professora de Português Adriana. Agora participo da aula, leio e converso com outras pessoas. Esse projeto mudou a minha vida.
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Ouvir esse depoimento e alguns outros me deixava cada vez mais feliz com a mediação de leitura. Chegar aos colégios e encontrar alunos informados, politizados, engajados em suas Unidades de Ensino é muito prazeroso de ver. Saber que esses projetos estavam mudando a rotina, o fazer das escolas, é uma experiência única. Partilhar sucessos e vitórias se tornou comum. A metodologia do Instituto Ayrton Senna (IAS) me fascinou, transformando as observações e nosso trabalho em dados, analisandoos, mostrando onde estavam as falhas e refletindo sobre os caminhos que precisavam ser feitos para minimizar as deficiências e melhorar cada vez mais; transformando essas informações em um plano de ação, buscando vencer desafios de uma forma prazerosa. E esse acompanhamento foi o tempo todo revestido de sentimentos de confiança, respeito, carinho e muita amizade, deixando-me cada vez mais atenta e querendo buscar melhorias. O acompanhamento de Cirlene Fernandes (Seeduc) foi um estímulo e incentivo para o desenvolvimento das atividades. Sempre apoiando e com palavras doces, demonstrava confiança e apreço pelo que faz. E com a instituição do “Clube do Livro” por ela nas formações, pude conhecer várias obras, que até então desconhecia. Encantada e agradecida por fazer parte de um time tão especial e competente! O final do ano se aproximava e as atividades de EaD, como um produto final do nosso trabalho que explicaria a trajetória da mediação de leitura no nosso Estado, ficaram mais intensas. Hora de fazer o Caderno da Regional. Que momento especial! Relatei junto com meu time, Leila e Claudia, toda a consolidação do trabalho realizado. Outro momento de aprendizagem e relatos especiais que marcaram minha trajetória profissional para sempre. Registramos no documento tudo o que
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aprendemos do Projeto de Leitura Escolar e dos Jovens Leitores em Ação, deixando registrados através de textos, fotos, gráficos e depoimentos nossas conquistas e caminhos percorridos daquele ano, como mediadoras. Trabalho apoiado pela Coordenadora de Ensino Vivian. O trabalho do final do ano foi muito gratificante: “Circuito de Juventude” foi uma mega-ação de mobilização realizada no encerramento do ano letivo. Uma etapa que propôs a apropriação dos resultados do trabalho realizado ao longo do ano letivo para toda a comunidade escolar. Nesse trabalho foram desenvolvidas competências cognitivas e socioemocionais, desenvolvendo o protagonismo juvenil. Professores e alunos empolgados com a tarefa. Noventa por cento dos colégios realizaram o circuito. Mediar esse trabalho foi lindo e emocionante. Cartazes criativos e belos postados e enviados. Quanto aprendizado! No ano de 2016 iniciamos nosso time sem Claudia. Tínhamos que pensar e desenvolver as atividades em dupla, mas a motivação continuava. Formação no Rio e continuação dos trabalhos. Com o trabalho mais sistematizado e a previsão do término da mediação, eu precisava estimular a autonomia dos Agentes de Leitura para o desenvolvimento do PLE e JLA. Chegou para compor nosso time a mediadora Aline. Parceira, carinhosa, disposta a aprender e interessada. Contamos com o apoio do Diretor Regional Pedagógico e da Coordenadora de Ensino. A formação foi marcada, a expectativa é grande. Muda o dia... Imprevistos... Greve... Que expectativa! Realizamos a formação. Muitas perguntas, questionamentos, comentários. Muitas faltas. Greve, insatisfação, desânimo. As visitas continuavam, agora em time, uma ajudando a outra e com a presença da Coordenadora de Ensino, principalmente nas Unidades onde houve falta na formação de agentes de leitura. Formação em serviço.
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Chegar às escolas e presenciar Romeu e Julieta em Cordel, com café literário, apresentações teatrais e tantas outras apresentações me deixavam cada vez mais realizada com a mediação de leitura e o trabalho desenvolvido. O fechamento deste ano com o #identidadedeminhaescola está sendo desenvolvido em 95% das escolas. Os agentes e gestores aceitaram muito bem a proposta e já estamos colhendo muitos frutos. Depois de tudo que presenciei e vivenciei, acredito num fazer pedagógico inédito e que muitos atores envolvidos realmente se comprometeram com uma educação melhor. E que deixamos marcas como mediadoras de leitura através do incentivo e motivação diante dos desafios encontrados, sendo acompanhadas por um time competente e comprometido como este: Seeduc/IAS. Obrigada a esse time eficiente e que jamais será esquecido por ter contribuído para meu crescimento profissional e pessoal.
A Menina, a Professora e a Mediadora Aline Junger Bezerra
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Impressionante como muitas vezes a vida passa do lado de fora e não nos damos conta. Durante muito tempo tive dificuldade de entender meu medo da solidão. Nunca soube ao certo quando isso começou, mas sei quando terminou. Quando mais jovem sonhei em viajar pelo mundo. Estava sempre à procura de uma moldura para minha existência. Queria compreender os mistérios dos sonhos que tinha todas as noites com navios, portos e oceanos. Naquele dia, acordei com a sombra da noite, senti um cheiro forte de café pela casa. Ouvi o barulho de talheres e xícaras na cozinha. Era Rodrigo preparando o desjejum da manhã. Espiei por trás da frestinha da porta o seu bom humor matinal. Eu sou tão aborrecida pela manhã... Mas naquele dia havia algo diferente no ar. Percebo que faltavam menos de trinta minutos para chegar ao trabalho. O âncora do jornal lembra-me a todo instante repetindo as horas. Troco de roupa às pressas, tomo o café, dou um afago nas minhas três meninas caninas, um beijo demorado e apaixonado em Rodrigo e me encaminho ao Colégio Estadual Júlio Salusse.
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O trânsito nunca ajuda... O sol vai embora. Bem que Fachel falou que o tempo iria mudar... Coisas que só acontecem em Friburgo. O sol e logo depois a sombra. Nunca tem vaga perto da escola... O sono e o cansaço do dia anterior ainda estão no meu rosto. Carrego comigo bolsas e pastas, e pastas e bolsas... Tudo tão pesado! A chuva me pega no meio do caminho e um vento frio quase carrega tudo. Avisto a escola no final da rodovia. As escolas são sempre tão cinzas e eu gosto tanto de cores... Na entrada estão jovens já cansados da vida e colegas enfraquecidos. Tanto esforço, tanto sacrifício, tantas noites sem dormir, finais de semana e feriados tomados por correções e apostilas. Fecho os olhos por um minuto e peço aos Céus que me ajudem. De repente passa um menino estabanado correndo, esbarra em mim e tudo voa pelos ares. Ai, ai, ai! Ele tenta me ajudar, pede desculpas, mas tudo já está espalhado. Junto minhas folhas, pastas, apostilas, bolsas e no meio de tudo encontro algo há muito tempo esquecido: um cartão. Subitamente vem-me uma lembrança dessas que se parecem com um sonho acordado: um aniversário. Meu aniversário de nove anos... E tudo começa a passar pelos meus olhos novamente. Eu havia pedido uma boneca da Estrela de presente, daquelas que falavam e andavam. Caríssima para os padrões da minha família. Uma festinha estava sendo organizada com cachorro-quente, bolo de chocolate, brigadeiro, balas e enfeites. Acordei cedo naquele dia porque mal podia esperar para abraçá-la. A boneca mais linda seria minha! Que festa! Cantei, brinquei e me diverti demais. Eu tinha acabado de ganhar um irmãozinho lindo e aquele seria o primeiro aniversário em que eu teria companhia para abrir meus presentes. Eu estava ansiosa e minha tia não ia embora...
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ALINE JUNGER BEZERRA
Mas minha mãe, Judite, tão bondosa, como sempre deu logo um jeitinho em tudo. Eu e Wendell fomos abrindo os presentes. Entretanto, nada de minha boneca. Mais um e nada, outro e nada. Só havia mais um. Era o último... e nada... Então, chorei! Meu padrasto Alencar havia escondido para me fazer uma surpresa e gentilmente trouxe um grande embrulho. Só podia ser minha boneca, afinal! Abri o embrulho apressadamente e deparei com minha boneca abraçada a um livro. Bonecas não sabem ler... Não precisam saber ler... Percebi que havia um cartão dentro do livro e nele dizia:
“Querida filha, Você é nossa boneca. A mais linda de todas! Quando se sentir sozinha embarque no maravilhoso mundo dos livros, viaje no oceano das palavras, aporte nos portos desconhecidos do conhecimento, viva cada dia intensamente, sonhe sempre e nunca deixe a vida do lado de fora... Nós te amamos! Seu pai, sua mãe e seu padrasto.”
Meu pai, Múcio, carinhosamente, havia enviado um livro e pedido a minha mãe que entregasse junto com o presente dela e do meu padrasto o cartão em nome dos três. Pais sábios e maravilhosos... Pai, mãe e padrasto. Ouço uma voz ao fundo. Acordo como de um sonho. É o menino me chamando. Professora!!! Uma lágrima cai dos meus olhos. Não é de tristeza! Afinal de contas, eu tinha sido uma menina apaixonada por livros.
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Uma navegante das estantes das bibliotecas públicas, uma peregrina de histórias. Ah! Agora eu posso entrar naquela turma. E antes que tudo se perca, conto a minha turma uma história que havia lido num dos muitos livros que naveguei. A história de uma baleia e um homem. Uma história de autoconhecimento. Acho que às vezes todos precisam de um cartão de aniversário para lembrar os sonhos de criança. E foi nesse dia que compreendi meus sonhos e que encontrei uma bela moldura. Sou Aline, Mediadora de Leitura. E que maravilhas eu vejo! Quantos mundos conheço agora. Quantos bons amigos eu tenho: Leila, Liene e Vivian. Minhas companheiras de navegação. Navegamos juntas pelos sete mares. Construímos nossa embarcação com grandes pedaços de amor e muitos fragmentos de sabedoria. Eu vejo tanta coisa... Eu vejo meninos e meninas sonhadores, os Jovens Leitores, navegando nas prateleiras das Salas de Leitura das escolas conhecendo o mundo das histórias; vejo adultos sonhadores, os Agentes de Leitura, com Desafios de Leitura mobilizando a todos. Vejo colegas envelhecidos da profissão rejuvenescendo com os Projetos de Leitura; vejo pais abraçarem orgulhosos seus filhos leitores e poetas. Eu vejo a tripulação crescendo. Sinto a felicidade de todos após cada tempestade e cada oceano navegado. Vejo um navio unir-se a outro e mais outro formando uma grande frota. Vejo mais parceiros embarcando nesta jornada a cada dia. Mil atitudes de amor e fraternidade por todos os confins do mundo. Vejo os livros saindo das prateleiras e despertando os sonhos há muito esquecidos, “multiletrando” a todos os sonhadores. Vejo as escolas se colorindo de verde, amarelo, azul e branco... E hoje passo minha vida do lado de dentro da vida e nunca... nunca mais tive medo da solidão.
Um “Norte” protagonista! Marcos Coutinho Ladislau
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Marcos Coutinho Ladislau, nascido a 26 de dezembro de 1973 em Campos dos Goytacazes-RJ, cidade com quase 600 mil habitantes que tem como principais fontes de renda comércio, pesca, agricultura e exploração de petróleo, e, com o advento do sub-sal, fortalece essas aptidões. Sou professor doc.1 com duas matrículas no governo do estado, de nove e sete anos, mas troquei de secretaria; após onze anos na segurança, resolvi mudar para educação por questões pessoais e que envolviam uma adaptação ao modo de vida com família, sociedade e objetivos. Tenho 42 anos, casado, com três filhos, a Rebeca (dez anos), Miguel (sete anos) e Rafael (cinco anos), formado em Educação Física em 2004 pela UNESA. Comecei na mediação de leitura em 16 de maio de 2015, onde encontrei os mediadores Fabiano e Jorge; no mês seguinte chegou Normet e, mais recentemente, em 2016, houve a saída do Fabiano e a entrada de Verônica. Estamos até esta data com uma equipe unida que trabalha muito em prol da leitura com o Projeto de Leitura Escolar (PLE) e o Programa Jovens Leitores em Ação (JLA).
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Tudo começa com o exemplo que sempre tive em casa, de mãe professora, de ensino fundamental I, que sempre esteve ao meu lado, desde a infância, lendo, relendo e tendo-a como maior exemplo, enquanto eterno aluno. Mesmo só, tendo que trabalhar para dar o mínimo de educação a três filhos, ela venceu todas as dificuldades, todas as limitações e me lembro de quantas horas e dias estava do meu lado a estudar com cadernos, livros, anotações... a ponto de eu gabaritar uma prova de concurso em português. A faculdade junto ao emprego de policial foi uma etapa bem difícil, estudar horas à noite, de madrugada. Aprendi com ela a seguir objetivos, mesmo com cansaço, mesmo com sono muitas vezes; e, antes do fim da graduação (dezembro de 2004), já havia passado no concurso para educação e via cada vez mais perto a idealização de mudar de secretaria, o que só se concretizou ao conseguir a segunda matrícula, em 2009, na qual escolhi ser professor, ser educador, tarefa que exige muito, mas tenho orgulho, tenho objetivos educacionais e literários. Bem, cheguei à mediação em uma situação de muita desconfiança e que exigiu e exige muito de mim, mas sempre tive a certeza de que daria conta, aos poucos, com muitas dúvidas e com aquele “monte” de informações que em pouco tempo foram se encaixando... Lembrome como a cada mês ia fazendo as visitas, com foco no pedagógico, na observação, no olhar que precisa ter um mediador, e a responsabilidade enorme em apoiar e diagnosticar todo o processo e saber agir, orientar, não foi fácil! Mas não estava sozinho: desde a coordenadora de ensino, o diretor regional que me orientou sobre o processo pedagógico e toda uma percepção que eu venho construindo com a parceria de outros mediadores, agentes e alunos em suas atribuições, como desenvolver as competências do PLE e JLA, me fizeram crescer.
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No começo, as visitas foram o maior desafio, pois a Regional Norte Fluminense (RNF) conta com uma extensão territorial grande: para chegar às unidades como CE Waldemiro Pitta, você despende um tempo médio de três horas de ida e volta, em meio a estradas sem pavimentação; sendo assim muitas vezes a possibilidade era fazer uma visita/dia! Com o passar das semanas e meses fui conhecendo os Programas de Leitura, desenvolvendo as habilidades de como conversar com gestor, agentes de leitura e coordenadores pedagógicos no sentido de promover e estimular a leitura, as práticas culturais e confirmar uma manutenção a ponto de influenciar toda a comunidade escolar. Apoiei os agentes para construírem uma estrutura escolar que fortalecesse a leitura tanto nas salas de leitura quanto fora do ambiente escolar, agindo com as ações do PLE, como a agente Ana Paula do CE Oscar Batista, que convidava os responsáveis de alunos a conhecerem e emprestarem livros, sempre motivando a leitura em diferentes esferas sociais e envolvendo alunos e seus familiares! Lembro-me bem da agente de leitura Mônica, do CIEP 461 Clóvis Tavares, localizado no bairro Parque Nova Brasília, que com sua doçura e atenção notável aos seus protagonistas desenvolveu um trabalho de amor e, ao apoiar as ações e implementar de acordo com as necessidades, proporcionou um ambiente organizado e de muito aprendizado! Seus relatos sempre vinham acompanhados de emoção verdadeira, ao ver o resultado com os alunos que evoluíam nos argumentos, leitura e escrita. Com as experiências adquiridas durante as visitas, foi muito necessário ouvir agentes, muitas vezes desmotivados ou com objetivos bem diferentes da proposta do PLE e JLA. Vejo como um caminho a ser seguido, quando há o envolvimento do agente e alunos, professores junto a uma
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gestão cuidadosa que sabe e motiva todo o processo, nunca esquecendo que a família deve sempre ser inserida na leitura, convidada a participar ativamente da vida escolar acompanhando os resultados e, mais que isso, desenvolvendo laços afetivos com a comunidade. Esse caminho gera sucesso ao final do ano letivo, quando vemos o encaminhamento “natural” dos alunos ao ensino profissionalizante e superior, pois é certo notar a motivação nos olhos de quem fala, numa direção que tem propósitos direcionados e fixos no menino, na menina que lê e canta, dança e constrói seu conhecimento, em certos casos, com pequenos passos, mas é gratificante ver, sentir e saber que temos o futuro da sociedade, no que fazemos agora! Querer mais, este é o caminho que segue um aluno no JLA ao fazer um conto, cantar uma paródia, escrever um poema... desvendar segredos que abrem o “olhar”, ao que vê muito além, pois o vocabulário, os textos começam a fazer seu “papel” de libertador, de fazer uma sociedade mais justa e conhecedora de seus direitos, e – por que não? – de suas capacidades, agora aumentadas. Então, parabéns às agentes Mônica (CIEP 461), Ana Paula (CE Oscar Batista), Vanderléa e Valdelina (CE de São Fidélis), entre outras, que sobressaíram em seus trabalhos, em sua aplicabilidade, e me motivaram a continuar a “luta” para me fazer entender, surpreender nas visitas com argumentos muitas vezes de modo que o agente que se encontrava desestimulado, sem querer realizar o trabalho na sala de leitura, pudesse rever sua prática. Como aconteceu em junho de 2016, com a agente de leitura Regina de Jesus do CE César Tinoco, que se declarou desmotivada, e ao agendar uma visita à escola do interior de Campos dos Goytacazes, no distrito de Santa Cruz, combinamos de “agitar” o PLE com um filme sobre bullying – O escocês voador – uma história dramática e real. Já que o tema era esse e ela marcou com alunos
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de duas turmas, arrumou a sala, o projetor multimídia, a pipoca e suco. Foi sucesso total! Nenhum aluno faltou e começou o trabalho, ela motivou os alunos e ainda começou o JLA com alguns que estavam presentes na sessão de “cinema na escola”! Não posso me esquecer de que em junho de 2015, o professor de Português, José Luiz, do CE Nilo Fernandes Pereira, no distrito de Dores de Macabu, fez o JLA, mesmo não tendo na unidade um agente. Ele entendeu a importância do Programa de Leitura, e para começar me fiz presente nos primeiros encontros e foi fluindo de maneira que, a cada vez que iam chegando os registros por fotos dos encontros e os níveis do Desafio de Leitura (JLA) iam sendo conquistados pelos protagonistas, era possível observar que sua vontade foi aumentando, envolvendo-se no desempenho de uma função que não era sua. Isso me comoveu, foi exemplo e me fez seguir radiante em busca de novos adeptos e novos modos de fazer ler e entender o mundo! Mas nem tudo são flores, quantas vezes encontrei indisponibilidade, palavras de desânimo e sobretudo falta de trabalho de equipe nas unidades ou desconfiança de ser somente mais um a entrar no recinto escolar para fiscalizar. Mas com muita troca de informações, como no CE Notivall Pedro Moll, em outubro de 2015, no distrito de Rio Preto, onde a gestora principal, Joucelain Pereira, se reuniu comigo mais uma agente no sentido de motivar as práticas de leitura com PLE, principalmente. Ao explicar como podíamos desenvolver de acordo com o tema e o manual, foi entendido e prosperou o desejo de fazer de acordo com as possibilidades e o cardápio de leitura desenvolvido, uma arrumação na sala de leitura que se encontrava desestruturada começou a ter vida, sucesso finalmente!! Ainda em setembro de 2016, no CE Dr. João Murilo Carneiro de Oliveira, a coordenadora pedagógica Izabelle Henriques deparou com a ausência
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de agente de leitura, com uma estrutura debilitada na sala de leitura, devido a rachaduras em três paredes por conta de uma enorme raiz de árvore (que teve que ser cortada a fim de evitar maiores estragos), e com a biblioteca interditada. Então, marcamos uma visita em que consegui entrar na biblioteca junto com o pessoal de apoio e retirar 30% dos livros paradidáticos de excelente qualidade e fazer um “cantinho da leitura” na sala de artes, com objetivo de levar potenciais alunos à leitura, sempre com temas como adolescência, bullying, violência e gravidez indesejada, ou seja, livros de acordo com o público daquela unidade. Ao final, ela também se dispôs a fazer o #identidadedaminhaescolarj, com entrevistas de antigos alunos e moradores locais que pudessem colaborar com o desenvolvimento do mesmo. E ainda, algumas escolas, desde maio de 2015, se encontram com número avantajado de agentes de leitura em seu quadro de horário, sendo que nenhum desempenha sua função como prescreve o manual do agente de leitura, fato triste e que aos poucos, junto ao gestor, começamos a mudar, com troca de funções e aumentando a valorização das funções do agente de leitura – fator fundamental para alcançar o aluno que já lê pouco ou nada. Para frente é que se deve andar!! Obrigado ao IAS, à SEEDUC e à RNF pela oportunidade de conhecer, desenvolver e corroborar de maneira tão incisiva este projeto!
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Visita ao Jovens Leitores em Ação, CE Nilo Fernandes Pereira, novembro/2015, finalizando o nível 5
Time do CE Benta Pereira reunido para mais uma reunião semanal do Jovens Leitores em Ação. A agente de leitura Sueli e a professora de produção textual Cíntia
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Tantas coisas pra contar... Verônica de Fátima de Souza Caetano
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Aos 39 anos de idade e vinte de profissão como docente, venho compartilhar um pouco da experiência que vivi na Mediação de Leitura. Entrei para o grupo de Mediadores de Leitura da Regional Norte Fluminense, em 06 de abril de 2016, a convite do Diretor Regional Pedagógico, Fábio Junior Moura, e da Coordenadora de Ensino, Renata Rangel Arrigoni Pena, para integrar o grupo de mediadores que já era composto por três colegas: Jorge Luís Rodrigues dos Santos, Normet Galdino Viana da Silva e Marcos Coutinho Ladislau. Pessoas que me acolheram muito bem e com quem tive um imenso prazer em trabalhar. Em nossa primeira reunião, os colegas que já atuavam na função passaram-me um panorama completo do Programa Estadual de Leitura, mais particularmente sobre o Projeto de Leitura Escolar (PLE) e o Programa Jovens Leitores em Ação (JLA). Lembro-me bem de que ouvia tudo com muita atenção e anotava para não perder nenhum detalhe.
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O contexto em que se encontrava nossa regional, em relação às outras, não era muito favorável, tínhamos que ajustar alguns pontos para melhorar nossos números e alcançar metas. Confesso que me senti desafiada, mas isso era bom, gosto de desafios, impulsionam-me a mostrar a que vim, e era notório que, naquele momento, compunha um grupo altamente capaz e que levava a sério seu trabalho. Como é extremamente normal, saí da reunião um pouco assustada e apreensiva com tanta informação e trabalho pela frente. Mas também muito otimista, pois percebi logo que se tratava de um trabalho exigente e acompanhado de perto pela Regional, pela SEEDUC e pelo IAS (Instituto Ayrton Senna), e que podia contar com eles para nos auxiliarem. Isso era bom! Ah, outra coisa que me fez ficar pensativa foi o grande número de escolas para cada mediador, sendo, assim, um número reduzido de visitas nas mesmas, duas por ano. Eu mesma fiquei com trinta escolas. Recordome que questionava: “Como acompanhar o desenvolvimento dos projetos tão distante?”. Falo isto porque vinha do Programa Autonomia, que depois passou a se chamar Correção de Fluxo; desde 2009 atuei primeiramente como professora, depois como componente da equipe multidisciplinar, depois supervisora e, por fim, formadora e mediadora. Nesse programa, cada mediador tinha seis escolas para visitar, semanalmente. Era mais fácil acompanhar tudo. Mas na Mediação de Leitura não era assim. Ah, sem falar que continuava em sala de aula sem nenhuma redução de carga horária, função acumulativa. Cabe aqui dizer que me apropriei dos aprendizados e experiências vivenciadas no Programa Autonomia para me auxiliar nesta nova caminhada. Ao chegar a casa, tratei logo de imprimir vários materiais do PLE, comecei a lê-los e também os cadernos do JLA. Precisava me apropriar logo dos conteúdos para começar a marcar minhas visitas. Fiquei encantada com tanta motivação e sugestão para estimular o deleite pela leitura. Contudo, estávamos
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num momento tão delicado na educação: professores em greve, servidores desestimulados, falta de verbas, salários atrasados, enfim, tanta coisa para ir de encontro a nossa proposta... Sem desanimar, marquei minhas primeiras visitas, precisava olhar de perto minha clientela e estava ansiosa. Planejei começar minhas visitas com o critério de diagnosticar a realidade de cada Unidade Escolar, conhecer meus Agentes de Leitura, Equipe Gestora e Coordenação Pedagógica, para depois chegar com uma proposta de trabalho, uma vez que a formação de 2016 dos agentes de leitura ainda não tinha data prevista. Muito engraçado, eu também não tinha participado de nenhuma formação para mediadores, e, muitas vezes, me via fazendo formação em serviço nas visitas. Tinha receio de dar alguma informação equivocada, mesmo com tanta leitura que fazia, mas sabia que podia contar com meus parceiros da mediação, que sempre me ajudavam a esclarecer algo sobre o qual eu me sentia insegura. Sempre tive muito cuidado com essas coisas. Não somos obrigados a saber tudo, mas temos a obrigação de sermos éticos e profissionais, e isso quer dizer ser humilde e dizer que não sabe e que vai procurar se informar para poder ajudar. Era evidente que formávamos uma equipe unida em prol do bem maior – fazer do nosso trabalho uma ferramenta de auxílio eficaz para os agentes de leitura. Contribuir com a função dos agentes como um “porto seguro”, passando-lhes autoconfiança, entusiasmo e credibilidade no trabalho deles. Isso iria refletir mais adiante na vida literária dos nossos alunos. Um fato que chamou muito minha atenção foi que em determinado momento me vi PROTAGONISTA da mediação, para fazer protagonista o meu agente e este, o aluno. Fantástico!!! Como já partilhei, cada mediador tinha muitas escolas para visitar, o que nos limita a estar, presencial e frequentemente nas mesmas. Para
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acompanhar o desenvolvimento dos programas JLA e PLE criei, com meus agentes, um grupo no WhatsApp para trocas, partilhas de experiências e recados da mediação. Abençoado grupo!!! Os agentes interagiam entre si, trocavam sugestões e, muitas vezes, os mais experientes esclareciam dúvidas dos mais novos na função. Era uma alegria para mim quando via um elogiando o trabalho do outro, perguntando sobre algum material, sites, como fazia para conseguir visitar tal lugar, e o outro mostrando os caminhos, até intercâmbio entre times do JLA eles fizeram. Enfim, um grupo de amigos zelando um pelo trabalho do outro. Até aqueles mais tímidos, quando viam as fotos dos trabalhos que eram realizados numa determinada escola, sentiam-se “incomodados” e não demoravam muito para postarem algo que também tinham feito. Um motivava o outro. E eu ali, com meu celular cheio de fotos e vídeos e explodindo de orgulho porque as coisas iam acontecendo, tinha um grupo de grandes parceiros. Sempre elogiava e os apoiava em tudo que estivesse ao meu alcance. As coisas também estavam indo bem com os meus colegas mediadores da Norte Fluminense. Não poderia dar outra. Na próxima formação para mediadores, no início de julho de 2016, os números da nossa regional mudaram para melhor, metas estavam sendo cumpridas, o nosso trabalho estava acontecendo e era real, trabalhávamos muito mesmo. Não posso negar que o reconhecimento é algo gratificante, mas isso não nos trouxe vaidade; pelo contrário, a responsabilidade aumentou: tínhamos que manter e melhorar cada vez mais. Uma coisa que nós, mediadores, combinamos foi repassar os números para os nossos agentes, parabenizá-los e mostrar que tudo foi possível porque eles acreditaram em nós e que nada aconteceria se não fosse por eles que estão na ponta, desempenhando com louvor os Programas de Leitura.
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Outro momento marcante foi a Formação dos Agentes, no final do mês de julho de 2016. Para nossa surpresa, pela primeira vez, quem daria a formação éramos nós, mediadores, e não os profissionais do IAS. Contamos com o acompanhamento bem de perto da agente técnica Nilma Andrade, do Instituto Ayrton Senna, que nos auxiliou e orientou como deveria ser a formação e os objetivos de cada momento. A formação foi um encontro de almas. Almas sedentas em propagar a leitura e em compartilhar vivências, práticas, sucessos, insucessos, dividir angústias e... Nossa! Foi lindo demais ver nossos agentes entusiasmados e entusiasmando, participaram de oficinas, declamaram, encenaram ataques poéticos, emocionaram e se emocionaram. Aqueles que, por um motivo ou outro, estavam desanimados saíram com um brilho novo no olhar, e, nós, mediadores, com a alma cheia de luz para continuarmos acreditando na educação. Haja fôlego! Em tão pouco tempo na mediação de leitura, pude experimentar de tudo, ver tudo, ouvir tudo. Houve momentos em que fui mediadora de conflitos, professora, psicóloga e até orientadora espiritual. Enxuguei muitas lágrimas de tristeza, de frustração e de alegrias. Foram tantas culminâncias do PLE, ações protagonistas com os times do JLA, concurso de paródias, depoimentos de alunos que viram suas vidas transformadas pela leitura. E agora, eu, como mera espectadora desse espetáculo, coloco em minha bagagem um legado de possibilidades de aprendizados por meio da leitura. Trago no meu peito um sentimento de gratidão por ter podido fazer parte da história de tanta gente, de ter sido agraciada em participar desse trabalho e aprender tanto com ele.
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Saúdo meus colegas mediadores de todas as Regionais do Estado do Rio de Janeiro, a equipe da SEEDUC na pessoa da Cirlene Fernandes e do Rogério Soares de Moura e o Instituto Ayrton Senna na pessoa da Renata Lazzarini Monaco e da Nilma Andrade. O meu muito obrigada! Fico por aqui com gostinho de quero mais, mas na certeza de não parar, de seguir em frente e buscar novas experiências.
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O que foi? O que será? Normet Galdino Viana da Silva
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Paródia sobre a minha trajetória na Mediação de Leitura tendo como base a música O QUE É?O QUE É? de Gonzaguinha.
O QUE FOI? O QUE SERÁ? Eu fico com a leitura que garante a competência É o livro, o tesouro da sapiência. Entrei na Mediação da Leitura em 2015. Conheci, visitei, interagi com agentes de leituras de muitas escolas. Vi renascer lindos trabalhos com times de diversos níveis, Nossa Regional virou o jogo e mostrou que é possível vencer em equipe.
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Nas escolas, despertei autoestima de muitas agentes. Recebi muitas vezes um olhar diferente, me dizendo que PLE e JLA eram só ilusão, hê-hô! Persistindo, fiz aliança de agentes com coordenadoras, criando assim uma nova corrente e os times formados aconteceram.
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Houve até apresentações culturais e gincanas literárias Fantasias nos ataques poéticos que impactaram escolas. A Equipe gestora rendeu-se ao ardor literário. E a leitura desafiou toda a comunidade escolar. PLE contagiou a todos! JLA descobriu talentos! As formações na SEEDUC abasteceram nosso vigor nessa mediação. E agora que a parceria com o IAS está terminando, Acredito que essa semente ficará sempre a germinar. A SEEDUC promete lutar, As escolas têm que se empenhar. O barco está em alto mar e agora não dá mais para voltar. A leitura contagiou o coração de muitas escolas. E eu me sinto atuante na história, na evolução da leitura que jorra Sempre renovada, por alunos propagada. Ninguém quer o fim desse trabalho assim. Eu fico com a lembrança da mediação em minha vida, foi bonita e não será jamais esquecida!!!
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NORMET GALDINO VIANA DA SILVA
Essa paródia retrata minha realização, minhas conquistas, meus anseios, meus temores e minhas expectativas em relação à Mediação de Leitura, da qual participei com muita satisfação. Confesso que inicialmente senti muita insegurança ao entrar nesse trabalho com a leitura já em andamento, e também diante da amplitude e do desafio do programa. Mas a acolhida do grupo nas formações e a dinâmica desenvolvida pela equipe da Regional Norte Fluminense me envolveram de um modo, que o ardor e empenho com a equipe me estimularam e venci bloqueios que me deixaram mais segura para participar das formações na Escola SEEDUC e realizar as visitas nas escolas. Houve um somatório desse envolvimento com os integrantes da mediação com o desejo que sempre tive de atuar no contexto da leitura de forma significativa, contagiando as pessoas para descortinarem o mundo com a diversidade de olhares proporcionada pela leitura de mundo, de vida, de ser. Isso ficou bem ao meu alcance quando comecei a me aproximar dos agentes de leitura e ter a oportunidade de escutar, de sentir e dialogar sobre as frustrações, os sonhos, as queixas que muitos apresentavam. Nesse momento, senti-me desafiada a conquistar os agentes de leitura, a elevar a autoestima de cada um, a ser parceira deles, a levá-los a descobrirem a verdadeira missão na sala de leitura. E junto com uma grande maioria de agentes, num curto período, fortalecemos vínculos de amizade, e trabalhos significativos começaram a ser desenvolvidos com a comunidade escolar em que estavam inseridos. O principal quesito para que isso acontecesse foi ajudar os agentes de leitura a acreditarem no seu potencial e se sentirem encorajados a também conquistar a equipe gestora e os alunos. A eficácia e o apoio da Coordenadora de Ensino da Regional Norte Fluminense, Renata Arrigoni, foram decisivos para a interação das ações dos agentes de leitura com a equipe gestora, que
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na maioria das vezes caminhavam em direções opostas e em alguns casos nem caminhavam, ficavam apáticos à leitura. Preponderante também foi a parceria entre os colegas mediadores de leitura da nossa regional que complementaram as ações por nós todos realizadas e com muito companheirismo. Hoje não os considero colegas mediadores, mas sim parceiros de desafios que envolveram partilha de momentos de dor, de frustrações, de sobrevivência e de muita, muita alegria e realizações com Jorges, Fabianos, Marcos, Verônicas que jamais serão esquecidos na minha vida pessoal e profissional. Tenho um grande legado da Mediação de Leitura em minha vida: 226
SER ATUANTE DE FORMA SIGNIFICATIVA NA MUDANÇA DE VIDA DE MUITAS PESSOAS ATRAVÉS DO INCENTIVO À LEITURA.
Venci obstáculos, conquistei! Katia da Costa Pereira Ronze
Sou Kátia da Costa Pereira Ronze, mãe de Lanna, esposa de Ezequiel, filha caçula da professora Maria José e do funcionário da CEDAE Moacyr (Ciça). Nasci em Santo Antônio de Pádua nos anos 1980, cresci criada pelos meus irmãos mais velhos, Cláudia Regina e Cláudio Henrique, também professores, enquanto minha mãe se doava à educação e à escola. Sendo filha de professora e ex-diretora, vivia na escola e me envolvia em tudo que era feito na mesma. Me lembro de cada cantinho da escola em que minha mãe trabalhou, eu estudei e hoje trabalho, o Colégio Estadual Temístocles de Almeida. Minha primeira memória de leitura gira em torno dessa escola e da minha professora do antigo C. A (Classe de Alfabetização), Tia Dalva. Professora meiga, carinhosa, muito empenhada a me ensinar o “bê-á-bá” e sem esquecer a minha festa do livro, quando ganhei minha primeira coleção de livros, a qual continha histórias infantis, Branca de Neve, Cinderela, Cachinhos Dourados… livros lindos que me levavam a viajar nas letras recém-aprendidas.
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Estudei no Colégio Estadual Temístocles de Almeida até a 8ª série (9º ano atualmente) e em meu ensino médio optei por fazer Formação Geral, como falávamos antigamente, numa escola privada, Colégio de Pádua. Nessa época eu “gritava em alto e bom som” que não queria ser professora. Santa ignorância! Ao término do ensino médio passei no vestibular e fui cursar fisioterapia, curso que estava na moda. Em meio ao curso, vi que não amava aquilo e decidi pensar no que eu realmente gostava e queria fazer. E acabei me dando conta de que o que eu me negava a ser era realmente o que eu queria fazer. Parti então para o curso de Educação Física e, a cada aula, me via apaixonada pelo curso e pelo desejo de ser professora. A primeira vez em que me chamaram de professora foi quando fui pegar minha licença do CREF, a qual me habilita a exercer a profissão de educadora física, fiquei tão orgulhosa, rsrsrs... E daí em diante é isso que sou, professora, ou melhor, mediadora. Comecei a trabalhar em um colégio particular, CEADEP, em 2007, dando aula para a educação infantil e o ensino fundamental; no mesmo ano fiz o concurso do estado e passei, porém só assumi meu cargo em 2011. De 2007 a 2015 só me envolvi com a Educação Física, mas sempre fui leitora, lia romances, clássicos, autoajuda, literatura religiosa, livros acadêmicos… enfim, não me afastei dos livros. Em abril de 2015, fui convidada a participar da equipe de mediação de leitura da Regional Noroeste Fluminense. Lembro-me exatamente desse dia, 14 de abril de 2015, quando cheguei à regional, onde conheci a minha companheira de trabalho Heloísa Maria, a melhor mediadora de leitura do estado do Rio de Janeiro, foi isso que ouvi da Coordenadora de Ensino e da Diretora Regional Pedagógica.
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KATIA DA COSTA PEREIRA RONZE
Heloísa foi um amor, me passou todo o trabalho, ensinou-me tudo que sei a respeito do Programa de Leitura e sua paixão pela mediação, contagiou-me desde o primeiro dia, e no fim do dia brindamos nossa parceria com um pote de sorvete, rsrsrsrs... Nossos encontros eram às terças no ponto de controle, e a cada encontro, uma nova descoberta, um trabalho a fazer, um novo olhar…. Ainda em abril participei do meu primeiro encontro de formação no Rio. Em parceria com a Heloísa e o Agente Técnico do IAS Bernardo realizamos em 12 de maio de 2015 a repescagem de formação com os agentes de leitura da Noroeste. Para mim essa formação foi essencial, pois, mesmo sendo mediadora, era como se fosse uma das agentes inexperientes. A formação veio preencher as lacunas e esclarecer as dúvidas que eu ainda tinha a respeito dos Programas PLE (Programa de Leitura Escolar) e JLA (Jovens Leitores em Ação). Nessa formação tive o prazer de conhecer mais um pouco do Agente Técnico do IAS Bernardo, agente esse que foi extremamente útil no meu trabalho de mediação. Bernardo desde o início me instruiu e me ajudou a desenvolver a “Kátia” como gestora e mediadora dos agentes de leitura. Não posso deixar de dizer que o Bernardo me assustava, pois a cada e-mail, recado no whatsapp e visita, ele sempre achava algo a mais para ser feito no nosso trabalho, sempre exigia mais um pouquinho de nós, ficava sempre pensando o que dessa vez vamos ter que melhorar, ou ter um novo olhar. Sem contar que o nosso trabalho era sempre elogiado por ele, e mesmo assim ele queria mais, rsrsrsrs… Ele queria sempre que tirássemos leite de pedra, e o melhor, ele conseguia. Em meio a isso, veio a terceira mediadora a compor nossa equipe, a Leda Coutinho, que chegou crua como eu, porém eu já podia auxiliá-la com tudo que tinha sugado de Heloísa e Bernardo. Enfim, a equipe de
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mediadores de leitura da Noroeste Fluminense estava completa. Heloísa já trabalhava desde 2013 e tinha uma bagagem imensa para dividir conosco, e agradeço a ela, pois, sempre muito dedicada, apaixonada e sábia, nos ajudava a trilhar nosso caminho. E assim nossa equipe trabalhava. Não posso dizer que o início da mediação foi fácil para mim, comecei timidamente na função, com medo de não saber o que fazer, e muito menos como fazer. E sem contar que sempre tive uma certa dificuldade em lidar com pessoas em posição superior à minha, eu me sentia constrangida ao me relacionar, e em certo ponto inferior. E, estando na mediação, foi a primeira coisa com que esbarrei: lidar com os meus superiores; ao visitar uma escola, tive de me relacionar com diretores, coordenadores, orientadores… Esse foi meu primeiro obstáculo a vencer, encarar meu complexo de inferioridade. Lembro-me da minha primeira visita: nossa, que medo senti, medo de não saber responder à agente alguma questão, medo de lidar com a equipe gestora…. Fui bem recebida e falei a verdade, estou começando, ainda aprendendo, mas estou aqui para ajudar e somar. Pois o meu sucesso se dá devido ao sucesso da sua escola. E assim fui caminhando e vencendo meus obstáculos. Aprendi tanta coisa nessa caminhada, competências cognitivas, socioemocionais, formações, protagonismo juvenil, agentes, plataforma EAD, PLE, times, storify, JLA, audacity, 9 atitudes, Instituto Ayrton Senna, multiletramentos, circuito da juventude, tag, hastag, bases conceituais, perfil leitor, mural virtual… e tudo isso na aprendizagem colaborativa. Tornei-me formadora de agentes de leitura, quanta responsabilidade! Transmitir conceitos, trocar experiências, desconstruir conceitos que estavam arraigados em educadores que em sua maioria trabalham há mais tempo que eu em educação. Que desafio! E por falar em desafio,
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KATIA DA COSTA PEREIRA RONZE
lembro-me em especial de um dia, em uma determinada Unidade Escolar que não desenvolvia o JLA, muito menos o PLE, devido a seus agentes de leitura que faziam tudo na escola menos se envolver com sua sala de leitura. Tive que me encontrar com equipe diretiva, equipe pedagógica, agentes de leitura, bibliotecária e auxiliar de biblioteca para uma reunião extraordinária, em que eu deveria garantir as atribuições do agente de leitura e a adesão da proposta do JLA e do PLE. Usei das metodologias do próprio conteúdo do JLA para envolver esses atores no programa. Através das competências para o século 21, da aprendizagem colaborativa, das 9 atitudes que impactam a sala de leitura, para levá-los a assumir o papel que era proposto. Sem contar que até meu olhar como educadora foi e está sendo ampliado a cada dia. Tenho me surpreendido muito, comigo mesma, superados os limites que eu estipulava para minha vida. Estou crescendo profissionalmente e absorvendo tudo aquilo que me faz melhorar como pessoa, gestora, profissional. Minha caminhada tem sido devagar, mas intensa. Ainda em 2015 tivemos a saída de mediadora Leda Coutinho e a chegada da mediadora Márcia Fitaroni, nossa equipe precisou alinharse novamente. Cada mediadora contribuía com seu trabalho, com sua experiência, e assim chegávamos ao fim de 2015, quando confeccionamos o Caderno Panorama da Regional Noroeste Fluminense. Caderno esse que mostrou o fruto do nosso trabalho. Ele teve um pedaço de cada uma de nós, minha contribuição foi a confecção dos gráficos e suas respectivas análises, a confecção das nuvens do perfil leitor dos agentes e dos alunos, coleta de depoimentos dos agentes, times, mediadores tecnológicos… Nossa! Aprendi muito nos encontros de formação no Rio, na EaD e nas visitas, pois o caderno exalou nossas experiências, resultados, conquistas e até derrotas. Findei 2015 muito feliz com o retorno que tivemos sobre
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o caderno de mediador que confeccionamos, e pelo que alcancei ao longo do ano trabalhado. Os encontros de formação no Rio e a visita técnica do Bernardo me ajudavam a olhar com mais cuidado o acompanhamento dos agentes e o meu lado gestor. Não esquecendo o estudo do material didático do JLA, que esclarecia as dúvidas do programa de leitura e norteava o trabalho de acompanhamento dos agentes. Era o meu manual de instruções! Eis que chegamos a 2016, iniciamos o ano sabendo que a mediação chegaria ao fim neste ano. A tristeza porque acabaria a mediação me fez refletir, e me trouxe a certeza de que muitos foram os frutos desse trabalho realizado e que poderia terminar feliz pois já colhia os frutos do trabalho. Vendo agentes felizes com seu trabalho, com brilho nos olhos e sorriso nos lábios, coordenadores pedagógicos dizendo que os alunos do JLA melhoravam seu desempenho em todos os sentidos, diretores orgulhosos dos projetos de leitura realizados em suas escolas, alunos pedindo “por favor, não desistam de nós”. Percebo que valeu a pena… Muitos planos de ação, formações em polos, subpolos, visitas foram realizadas, construí e desconstruí conceitos, parcerias feitas, amizades e relacionamentos estabelecidos, trocas de experiências com mediadores, agentes, coordenadora de ensino, outros funcionários, enfim a mediação trouxe muita coisa não só pra mim, mas para muita gente. E finalizo como terminei meu depoimento no caderno que confeccionamos no fim de 2015… Espero que essa história que estou contando não termine aqui, e sim evolua gerando mediadores, agentes e alunos protagonistas.
E assim me tornei mediadora de leitura Márcia de Oliveira Lima Fitaroni
Meu nome é Márcia de Oliveira Lima Fitaroni, tenho 28 anos de magistério público e um ano de experiência na Mediação de Leitura. Antes de iniciar a minha história, como Mediadora de Leitura, gostaria de falar um pouco sobre a minha história de leitora, de onde vem a minha paixão pela leitura. Sou filha de um caminhoneiro e uma dona de casa, que até ficar viúva, aos 33 anos e com três crianças, nunca tinha trabalhado fora. Meu primeiro contato com as histórias maravilhosas foi através de minha mãe, que, mesmo sem livro para nos mostrar as gravuras, nos reunia à noite, eu e meus dois irmãos menores, para nos contar histórias. Ainda bem que não tínhamos o livro, pois assim nossa imaginação voava. Quando minha mãe falava de uma onça e um queijo verde, eu imaginava um queijo de cor verde, ainda não tinha conceitos formados a respeito de muitas palavras que surgiam nas belas histórias. Ela ainda deixava um clima de suspense no ar, não contava o final da história no mesmo dia. Era como se estivesse narrando uma novela. Nem preciso dizer que televisão fui conhecer muito tempo depois.
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E assim, de história em história, fui me apaixonando por aqueles personagens, pelas palavras que não entendia e quis, a todo custo, aprender a ler. Gostava tanto de estudar que estudava no Jardim da Infância, de manhã, e à noite eu frequentava uma sala do MOBRAL, que funcionava perto da minha casa. Adorava folhear os livros e eu já estava aprendendo a ler na escola. E assim fui crescendo, apaixonada por livros, e rapidamente aprendi a ler, aos cinco anos para ser exata. Era o orgulho da família. O gosto pela leitura foi crescendo e consequentemente o gosto pela escrita também. Na adolescência iniciei minha carreira de ‘poetisa’. Como escrevi! Até concurso de poesia venci. Engajada em Movimento de Igreja, lia muito para organizar as palestras que fazia nos encontros de adolescentes. Essa prática também me ajudou muito a ser a professora apaixonada que sou hoje. Sempre alimentando minha paixão pelos livros, eu me tornei professora de educação infantil e, mais tarde, alfabetizadora. Não cursei Letras, mas fiz Pedagogia, sempre às voltas com Língua Portuguesa e Produção Textual. Como pedagoga, os livros nunca me abandonaram, muita leitura e participação em grupos de estudo. Antes de terminar Pedagogia, já dava aula para o Curso Normal, depois Curso de Administração pósmédio, Filosofia na rede particular, sempre incentivando a leitura e partilhando minhas leituras com meus alunos. Na minha escola eu participava do Salão do livro antes mesmo de fazer parte da Sala de Leitura. Sempre que havia um projeto de leitura, eu estava no meio. O livro me atraía até pelo cheiro. Tive o prazer de participar do Projeto Fórmula da Vitória, foi um momento de muita produção. Apaixonei-me pela proposta. Meus alunos também. O resultado foi incrível. Conheci o trabalho do Instituto Ayrton Senna. Minha supervisora na época do programa foi quem me apresentou a Mediação de Leitura, e eu que não fujo a um desafio aceitei ser mediadora.
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MARCIA DE OLIVEIRA LIMA FITARONI
Confesso que no início fiquei apavorada. Era muita informação, muitas escolas e eu ainda não tinha tido formação. Tive a felicidade de contar com o apoio das minhas colegas mediadoras, do Agente Técnico do IAS e da Coordenadora de Ensino, fato que foi imprescindível para minha permanência na função. Como levo muito a sério tudo que faço, empenheime bastante, procurei conhecer o material, material este muito bem elaborado, estudei e fui me apropriando aos poucos das bases conceituais, das atitudes que impactam a sala de leitura, do método protagonista, fui me apaixonando pela aprendizagem colaborativa e entendendo um pouco mais o desenvolvimento das competências para o século XXI. Mas não era só isso. Era preciso, além de apropriar-me do material, colocá-lo em prática junto às agentes de leitura, usando para tal as visitas e a formação em serviço. Fizemos algumas formações em polos, mas as visitas às salas de leitura foram mais proveitosas. Os agentes se sentiam mais à vontade para mostrar o trabalho efetuado e tirar possíveis dúvidas, aguardando também confirmação do que estava sendo desenvolvido. Infelizmente não consegui a adesão de todos, mas a maioria dos agentes se esmera em colocar em prática as ações do Projeto de Leitura Escolar e Jovens Leitores em Ação, mesmo não tendo se apropriado totalmente das bases conceituais. Aprendi muito nesse período e ainda estou aprendendo, pois acredito que aprendizagem é um processo contínuo. As formações para Mediadores de Leitura, oferecidas pela SEEDUC em parceria com o IAS, foram de grande valia para a análise e o fortalecimento da minha prática. O Clube do Livro, prática excelente de disseminação de leitura. Respaldar a prática é também se tornar produtor de conhecimento. Construir o Caderno do Mediador de Leitura trouxe um novo significado a minha prática gestora. Reunir dados, construir gráficos, analisar perfil
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leitor do agente e do aluno, coletar relatos de experiências foram experiências muito significativas e valorosas. Conhecer os dados de nossa regional, ver o trabalho das agentes quantificado nos deram um panorama das conquistas e dos pontos em que ainda precisávamos avançar. Foi uma produção em conjunto, muitas horas de trabalho e análise, mas o resultado se mostrou gratificante. Comemoramos muito a nossa produção. De posse dos gráficos elaborados através da coleta de dados, foi possível não somente refletir sobre o trabalho realizado, mas também mostrar para as agentes o resultado e a importância do trabalho delas. Era o protagonismo se personificando. E de posse desse rico material, novas ações foram pensadas e efetivadas em nossas visitas. Muitos obstáculos foram enfrentados neste ano letivo, tais como mudanças no calendário devido às Olimpíadas, a greve, problemas com transporte escolar, dentre outros. Os encontros com os times a fim de desenvolver os Desafios do JLA em muitas escolas ficaram cada vez mais escassos. Diante do cenário vivenciado ainda foi possível um trabalho significativo em muitas escolas parceiras, contando com o incentivo e o empenho de agentes de leitura que acreditaram na grandeza dessa proposta e não desanimaram diante das dificuldades encontradas. Durante as visitas pude constatar outro entrave bastante significativo, o fato de muitas Salas de Leitura não possuírem computador, o que mascara um pouco a quantificação de dados, tanto do desenvolvimento dos desafios do JLA, quanto das ações do PLE, pois o agente deixa de preencher dados importantes para dar visibilidade ao seu trabalho, tais como o Perfil leitor do Agente e do Aluno, Mural da Sala de Leitura, entre outros, deixa de alimentar a fanpage e perde a oportunidade de compartilhar seu trabalho nas redes sociais.
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MARCIA DE OLIVEIRA LIMA FITARONI
Uma grande conquista durante a formação em serviço foi fomentar em alguns agentes o interesse pela leitura de textos para o embasamento teórico de sua prática, momentos riquíssimos de troca e construção de conhecimentos. As ações do PLE, mesmo perante as adversidades, não deixaram de acontecer e foi possível perceber quanta criatividade e protagonismo estiveram presentes nessas ações. O acompanhamento sistemático do Mediador de Leitura se faz necessário, principalmente fornecendo subsídios para a resolução de problemas, oferecendo material de leitura, incentivando boas práticas, mas quem deve protagonizar esse momento é o(a) agente de leitura, pois o sucesso do trabalho só se consegue com seu aval. Um momento marcante em minha trajetória como mediadora foi presenciar a culminância de um projeto de leitura numa das minhas escolas. Senti o envolvimento de toda a comunidade escolar. A ação de incentivo à leitura foi a seguinte: distribuição de bolsas confeccionadas pela escola contendo alguns livros e revistas para serem levados para casa e lidos com a família. As crianças assistiram a um vídeo sobre a importância da leitura. Houve cerimônia de entrega das bolsas, da qual toda a equipe gestora participou, inclusive eu, que também fiz entrega de bolsas. O que me chamou a atenção foi a iniciativa da agente em plantar a semente da leitura logo no início, no sexto ano, e, principalmente, contando com o apoio da família. Ver a curiosidade nos olhos daquelas crianças foi muito gratificante. A minha persistência e a mania de acreditar no potencial das pessoas nunca me deixaram desistir diante de desafios. Sou uma pessoa determinada, muito humilde e com uma capacidade imensa de exercer a empatia. Muito compreensiva também. Faço cobranças, mas valorizo o trabalho dos outros e procuro entender suas dúvidas, seus medos e inseguranças. Sempre tive uma palavra de incentivo e motivação para meus agentes em minhas visitas,
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além do reconhecimento e elogio às conquistas realizadas. Acredito que conquistei a confiança e firmei parceria com a maioria deles. Outra grande vitória, que gostaria de registrar aqui, foi em relação à angústia de uma agente que não conseguia formar um time. Investimos nos parceiros da Sala de Leitura que eram alunos do sétimo ano em 2015. Este ano, qual não foi minha alegria, quando pude presenciar um encontro do time formado e ainda no contraturno. Time este que participou até do desfile de 7 de Setembro, que na minha cidade é um momento esperado o ano inteiro. Valeu insistir e incentivar a agente! Levando-se em conta que a capacitação em serviço objetiva o desenvolvimento de competências profissionais, e que para sua efetivação se faz necessário associar teoria e prática, utilizando o estudo para aprimorar e melhorar resultados e fomentar a construção de novos conhecimentos a partir do processo de observação-reflexão-ação, aproveito o momento para partilhar minha experiência como formadora. Nossas formações sempre foram feitas em time. O nosso “time” funciona em sintonia. Esta é a experiência que gostaria de relatar: nós, as três Mediadoras de Leitura da Noroeste Fluminense, valorizamos muito o trabalho em time e a aprendizagem colaborativa. Nas primeiras formações ocorridas no mês de julho deste ano, não obtivemos cem por cento de frequência. Nossa ação para a resolução desse problema foi oferecer para os agentes, que não participaram em julho, novos dias de formação. Precisávamos atingir o maior número possível de agentes, visto que tínhamos várias agentes novas na função ou que, mesmo atuantes, ainda não haviam passado por formação. Acredito ter conseguido alcançar meu objetivo: das dezoito escolas que estão sob minha responsabilidade, apenas uma não se fez representar.
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MARCIA DE OLIVEIRA LIMA FITARONI
Mesmo para quem já se familiarizou com os programas JLA e PLE, é necessário aprimorar os estudos e relembrar os pontos fundamentais. Porém, o mais significativo que pude constatar nas formações é o momento de troca de experiências entre os agentes. Eles publicam nas redes sociais o trabalho que realizam, mas nada é mais prazeroso que relatar pessoalmente o resultado de uma ação que deu certo. É o momento também de compartilhar não somente as conquistas, mas também discutir as incertezas, os obstáculos, os anseios, os medos. Outra prática constante em nossas formações é dar visibilidade à ação dos times. Os times envolvidos aceitam o desafio e sentem a importância de seu trabalho, e os outros que ainda não desenvolvem o JLA presenciam ações passíveis de serem realizadas. Ou seja, é a prática confirmando a teoria. É o protagonismo juvenil sendo exercido e realçado. Protagonismo do agente também, que aceita dividir sua boa prática com os colegas. A jornada se encerra por aqui, mas a certeza de ter lançado a semente proporciona a consciência do dever cumprido. Muito ainda precisa ser feito, o caminho é árduo. Agora é continuar caminhando, desviando dos obstáculos, construindo novas estradas, mas sabendo aonde se quer chegar. A leitura tem o poder de transformar, de nos levar a qualquer lugar. Então é seguir, dar asas à imaginação, mas sem tirar os pés do chão. Uma das maiores conquistas na mediação de leitura foi fazer parte deste time de profissionais tão competentes! Obrigada!
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E a vida me ensinou Heloísa Maria da Silva Alves Sales
“Como se fora brincadeira de roda, memória [...] Renascer da própria força, própria luz e fé, memória Entender que tudo é nosso, sempre esteve em nós, história Somos a semente, ato, mente e voz, magia.” Gonzaguinha
Lembranças, histórias... sentimentos, registros das memórias da educadora com 43 anos de vida, filha mais velha, das três que agraciaram o casal Aluísio e Júlia. Mãe de João Alberto há nove anos, seu pequeno grande leitor, e educadora há 25 anos.
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Fui criada num ambiente familiar, onde havia muito respeito e amizade. Desde pequena, aprendi o que é responsabilidade, palavra que meus pais sempre fizeram questão de ensinar. Eles permitiram que eu e minhas irmãs fôssemos crianças. Brincamos quando deveríamos ter brincado, fomos instigadas a usar a imaginação. Até hoje me recordo dos momentos de alegria e trocas que passamos juntos aos domingos em família. De tempos em tempos com a visita de minha avó Conceição em nossa casa, ouvíamos os causos. “Causos” esses tão marcantes que até hoje me lembro de vários deles, da entonação da sua voz ao narrá-los e da alegria com que o fazia. Em meio à emoção, recordo-me de meu pai: amante da leitura (esta era religiosamente vivida com os jornais, os livros de bolso, enfim tudo a que pudesse ter acesso) e de uma boa música; e ainda do desejo de minha mãe que, quando criança, não pôde concluir os estudos e em nós, filhas, se realizava a cada oportunidade que entendia ser importante para nossa vida. Desde muito pequenina gostava de ouvir histórias e assim aprendi a criar minhas histórias, a usar minha imaginação. O tempo passou e fui convidada a escrever minha história na escola, pois para meus pais essa era a maior porta de entrada para novos horizontes. Escola/Professores: espelhos que o tempo não apaga das memórias. Algumas foram especiais nas relações afetivas, na autoestima, no carinho; outras, ainda que de forma negativa, instigaram em mim o desejo de superar. Em meio a tudo isso, relembro o processo de tornar-me professora, coordenadora pedagógica e mediadora de leitura. Nessa retrospectiva revi rostos de queridos mestres que me fizeram entender que meu conhecimento podia se ampliar e que novos mundos
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HELOISA M DA S A SALES
poderiam se abrir conforme meus pais acreditavam. Assim como em minha infância fui respeitada e tive tempo de ser criança, em meu meio acadêmico por muitos fui levada a sério. Como diz a música: “Renascer da própria força, própria luz e fé, memória”. Fui a primeira professora da família. Tão logo encerrei a formação de professores, fui convidada por uma de minhas mestras a trabalhar em sua escola. Ela tinha um projeto com uma amiga e algumas de suas educandas foram convidadas a fazer parte desse desafio. A princípio fui auxiliar de uma professora alfabetizadora e auxiliar de secretaria. No ano seguinte assumi minha primeira turma. Nossa! Até bem pouco tempo entendia ter sido um fracasso com essa turma; qual não foi minha surpresa ao encontrar-me com uma ex-aluna – hoje psicóloga – e esta me revela ter sido eu um presente em seu momento de aprendizagem. Bem, cada época impõe desafios diante dos quais nos sentimos, muitas vezes, despreparados. Já havia concluído minha faculdade de Letras. Fui convidada pela mesma instituição a ser coordenadora pedagógica da primeira turma da antiga 5ª série. Minha sala de aula tornava-se ainda maior, pois a ação do coordenador, tal qual a do professor, traz um saber ser e fazer pautados numa mediação que promove transformação. O Centro Educacional Caminhar, instituição à qual me referi, apresentou-me essa vertente. “Cada desafio traz em si o germe da mudança.” (Vera M. N. de Souza Placco). Formações continuadas, seminários, congressos, reuniões, busca pela amplitude do olhar. Na minha prática docente, busquei a pós-graduação em psicopedagogia respeitando minhas vivências como criança observadora e creditada, como aluna e como professora. Enquanto coordenadora eu era apenas um dos atores que compunham o coletivo da escola. “Entender que tudo é nosso, sempre esteve em nós, história...” (Gonzaguinha).
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Vinte e dois anos de história profissional e deparo-me com a possibilidade de ressignificar ainda mais minha condição de agente de transformação da escola e na escola. Peço licença a Madalena Freire para aqui citá-la, pois, em meio a meus pensamentos, muitas vozes me constituem: “Estar vivo é estar em conflito permanente, produzindo dúvidas, certezas sempre questionáveis. Estar vivo é assumir a educação do sonho cotidiano. Para permanecer vivo, educando a paixão, desejos de vida e de morte, é preciso educar o medo e a coragem. Medo e coragem em ousar. Medo e coragem em assumir a solidão de ser diferente. Medo e coragem em romper com o velho. Medo e coragem em construir o novo”. Desde agosto de 2013 atuo como Mediadora de Leitura. No início meu fazer era bem técnico, não passava pelo crivo da reflexão e construção de identidades. Tive medo de não conseguir me adaptar a algo tão distante do que vivera, mas o nome Mediação me atraía. Vivemos de um tudo enquanto desafios: contraturno como entrave, diferentes idades, diferentes tempos de serviço do agente de leitura, desvio de função, não experiência com Jovens Leitores em Ação e Projeto de Leitura Escolar, unidades escolares muito distantes (geograficamente), a função de agente de leitura não tinha aparentemente um significado. Iniciamos em 2014 um encontro reapresentando-nos e, em seguida, Cirlene (Assistente de Livro e Leitura) destacou os primeiros objetivos do encontro: alinhar o discurso/ traçar o perfil do Mediador. Que convite! Presente maior foi quando deparei com um plano para a formação dos Mediadores mediante observações feitas pelo grupo do Instituto Ayrton Senna (IAS) e solicitações que nós (Mediadores) havíamos apresentado no ano anterior e foram acolhidas.
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HELOISA M DA S A SALES
E por falar em acolhida... Bernardo (nosso Agente Técnico em 2014 e 2015) foi uma pílula de leitura, um presente de fato reflexivo. Sua ética, resiliência, disponibilidade, abertura para apoiar colaborativamente e clareza de aonde queria chegar fizeram com que, de fato, desenvolvêssemos nosso fazer numa perspectiva de trabalho em time, na nossa Regional Noroeste Fluminense. Firmada a parceria com o IAS, a proposta do Programa de Leitura foi aprimorada para que o cenário em questão (sala de leitura) pudesse de fato possibilitar saberes. Nossa! Quantos saberes e sabores!!!!... Não via a hora de encontrar-me com Jacqueline Barbosa. Cada encontro promovido acolhi como uma oportunidade de naquele momento perceber-me melhor (revirava minhas gavetas). Dois mil e catorze foi um ano em que, ao findá-lo, pude reafirmar que o conhecimento envolve vínculos, e assim fui lida e homenageada por Cirlene: “Helô, viver é um rasgar-se e remendar-se” (Guimarães Rosa). Como não somos seres fragmentados, posso dizer que, em meio a desafios pessoais, fui salva também pela mediação de leitura. Ela me auxiliou na travessia. Nosso olhar era convidado a ser cada vez mais sensível nas ações de acompanhamento e encaminhamentos. Levar educadores à conscientização da necessidade de uma nova postura, acreditar na possibilidade de transformar a realidade de um espaço onde o convite era promover o pensar, a autonomia tornava-se meu novo legado. Recordo-me do posicionamento de Renata Monaco em nosso primeiro encontro em 2015, o qual iniciei sem a parceria das Mediadoras de Leitura em nossa Regional, e na oportunidade retomou a fala do professor Antônio Carlos: “O protagonismo não é o aluno fazer o que quer, mas o aluno
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querer o que faz”. Essa afirmativa passei a entender: aplica-se a todos os atores do cenário escolar. Confirmada em cada visita, a cada encontro de formação, em cada gráfico, em cada intervenção realizada. Uma das dificuldades do trabalho coletivo estava no confronto de expectativas e desejos dos sujeitos envolvidos, e um dos recursos determinantes para a superação dessas dificuldades foi a apropriação dos conteúdos presentes no Caderno do Agente de Leitura e Caderno do Estudante – Desafio de Leitura para realizar o acompanhamento das equipes escolares. Multiletramentos, aprendizagem colaborativa, protagonismo juvenil e competências para o século 21 não faziam parte de uma mera reflexão; tiveram um lugar significativo tendo em vista a importância de uma presença pedagógica (tanto para o Mediador de Leitura quanto para o Agente de Leitura). Planos de ação, visitas e formações presenciais permitiram a criação de vínculos consistentes e, ao longo do tempo através de encontros por polos e subpolos, foi construída uma relação entre o formador e os participantes e entre estes e seus pares. Procurava valorizar a escuta como estratégia que possibilitasse a aprendizagem, a troca e a construção do conhecimento. Dar voz ao outro, num clima de respeito e acolhimento, gerava confiança, aumentava a autoestima e permitia o retrato ampliado de um espaço em que todos se sentissem à vontade para expor dúvidas, discutir ideias e problemas e buscar, coletivamente, soluções. Percebo que meu papel enquanto mediadora ampliou cada dia mais a possibilidade de fomentar uma construção e desconstrução de todos os envolvidos no processo da prática leitora.
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HELOISA M DA S A SALES
Hoje, com muita emoção, avalio que, ainda que seja um trabalho a longo prazo, pois mudança demanda tempo, temos colhido bons frutos. A mobilização foi uma constante! O registrar e o compartilhar foram ações fundamentais para o andamento do trabalho. “Mire veja: o mais importante e bonito do mundo é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso me alegra de montão.” (João Guimarães Rosa).
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CENTRO-SUL
COM LEVY GASPARIAN RIO DAS FLORES
VALENÇA
PARAÍBA DO SUL
SAPUCAIA TRÊS RIOS AREAL
QUATIS PORTO REAL
ITATIAIA RESENDE
BARRA MANSA
VOLTA REDONDA
PINHEIRAL
ENG. PAULO DE FRONTINI
PARACAMBU
RIO CLARO
ANGRA DOS REIS
PATY DO ALFERES PETRÓPOLIS
MENDES
PIRAÍ
MÉDIO PARAÍBA
VASSOURAS
BARRA DO PIRAÍ
SEROPÉDICA
ITAGUAI
S. J. DO VALE DO RIO PRETO
TERESÓPOLIS
MIGUEL PEREIRA
MAGÊ
ITABORAÍ TANGUÁ
MANGARATIBA
SERRANA I PARATI
Capítulo 4
Centro Sul, Médio Paraíba e Serrana I
A palavra que representa este capítulo é ciclo. Dizem que quando uma criança nasce, nasce também uma mãe. Em um dos relatos autobiográficos você vai ver o nascimento de “trigêmeos”: mãe, criança e mediadora. São histórias de infância, de caixas mágicas de livros, de brincar de professora. Mas são também histórias de adultos que se redescobrem depois de muitos anos de docência, que querem fazer o registro para que nada se perca, sem deixar de questionar se o papel é capaz de materializar uma vivência tão profunda. Eu respondo: não, não é. A neurociência diz que memória é sinapse, neste capítulo você vai aprender que é coração. Boa leitura!
Olhando para o mapa, quanta diversidade! Imagine quantas histórias diferentes sobre leitura há nessas cidades!
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Mediação: Verso, Rima E Amor Maristela Vasconcelos do Amaral Cari
Sou Maristela, uma simples professora Hoje de Português e Literatura No passado, a professorinha Que trabalhava numa prefeitura. Comecei com os pequeninos No Educar, Projeto do Mobral Educação Infantil Na escolinha municipal. Só tinha 15 anos Não sabia o que queria Ainda fazia mil planos Era adolescente, que alegria!
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Estava no primeiro ano E assim fui levada ao magistério Não foi um engano Levei a minha escolha a sério! Logo que terminei o curso normal Fiz o concurso para o Estado Conhecimentos e experiências Tudo certo, foi bom o resultado.
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Comecei a trabalhar Na escola em que estudei Nossa! Quanto orgulho! Era tudo que sonhei! Naquela escola amada Lecionei por muito tempo Sempre com muita emoção Era a escola do coração! No ano 2000, entrei para a faculdade Fiz o vestibular e tive a recompensa Um pouco tarde, é verdade Fiz Letras, na FAA, em Valença. Com licenciatura em Português e Literatura Brasileira e portuguesa Prestei mais um concurso E fui muito bem, com certeza!
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MARISTELA VASCONDELOS DO AMARAL CARIAS
Professor II e professor I Agora o sonho realizado Muito trabalho, porque isso é comum Muita paixão e aprendizado. A leitura sempre me encantou Desde a mais tenra infância A família me mostrou Toda sua importância. Nas aulas de literatura, do curso superior Eu viajava nas histórias e versos Eu amava cada professor E todo aquele universo! Cada clássico que eu estudava Universais ou brasileiros Resumia em verso e cantava Para ajudar meus companheiros. Confesso, sem problemática Que adoro a leitura, a linguística Sou meio avessa à Gramática Gosto de poesia, sou mais artística! Com meus alunos, nas aulas de Português Tento mostrar como é bom ler Mostro um pouco de cada vez Que quem lê vai sempre crescer.
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Crescer em conhecimento Crescer em sabedoria A leitura muda o pensamento A leitura é ótima companhia! Quis o destino, quem diria Que a leitura me levasse Por caminhos de muita harmonia E que a muitos eu ajudasse.
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Fiquei sabendo da mediação de leitura Na minha escola, pela direção Um desafio pra quem procura Contribuir para a educação! Lá fui eu para Vassouras Com documentos e coração nas mãos Conheci muitos professores Fiz muitos amigos, ganhei irmãos; Sabia que era grande o desafio Que precisaria de muita ajuda Mas a vida é mesmo um rio As águas passam e tudo muda! No início tudo era novo, complicado Mas a vontade era maior Tive apoio, carinho e cuidado De pessoas que sabiam tudo de cor.
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MARISTELA VASCONDELOS DO AMARAL CARIAS
O Instituto Ayrton Senna Trouxe pra mim Renata, Nilma e Andressa Conhecê-las valeu muito a pena Ensinaram- me com delicadeza. Era um mundo novo, nova função Um pouco de medo, de insegurança Muito estudo, apropriação Material e esperança. Aprendia Aprendia Aprendia Aprendia
nas nas nas nas
formações em serviço trocas com mediadoras visitas, que bom isso! reuniões formadoras!
O que mais me encanta na mediação É estar com os alunos leitores e agentes Nas escolas leitura é sedução Que movimenta corações e mentes. Tantos eventos maravilhosos Culminâncias e apresentações Escola, pais, todos orgulhosos De seus alunos e suas ações!
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A cada escola visitada Uma nova descoberta A leitura é abençoada Disso agora estou mais certa. “É um trabalho de formiguinha” Eu sempre ouço falar Que linda função a minha: A leitura valorizar!
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São dois projetos: PLE e JLA A SEEDUC sempre motiva e faz acontecer Índices felizes, profissionais motivados Tudo em prol do aprender. Todos na escola são envolvidos Alunos, agentes, professores e gestor Ninguém pode ser esquecido Nesta lição que é de amor. Todos sabemos que a leitura melhora A aprendizagem, o desenvolvimento Leitura é bom toda hora Leitura é vida, conhecimento.
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MARISTELA VASCONDELOS DO AMARAL CARIAS
Temos problemas como tudo na vida tem Mas somos perseverantes Somos guerreiros na luta do bem. Somos formadores de seres pensantes. Os times do JLA formam no aluno um perfil Mobilizam, motivam, ensinam O protagonismo A ação juvenil. A função do mediador É encorajar e acompanhar Demonstrando atenção, dando valor À bela missão de ensinar. No PLE a escola tem um norte Que faz a leitura e a participação Tornar seus atores mais fortes Sempre aprendendo uma nova lição. Pessoalmente sinto-me honrada Com minha humilde contribuição Nessa linda caminhada Que fiz pela mediação!
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Transformação Cláudia Pereira Christovão
Eu sou a Cláudia Christovão, Mediadora de Leitura da Regional Centro Sul. Fui desafiada a escrever uma autobiografia sobre meu trabalho na mediação. Escrever, confesso, não é minha praia, sou uma boa leitora e não tão boa escritora, mas vou tentar... A mediação surgiu em minha vida quase como uma tábua de salvação, num momento em que parecia que tudo estava tumultuado e me sentia completamente perdida e desestimulada. Estava sem gás para entrar na sala de aula, parecia que o prazo de validade do meu amor pela educação estava vencendo. Desesperei-me!!!! Foi nesse momento que surgiu a oportunidade que me pareceu a solução mágica para meu problema! Fiquei sabendo, através de uma conversa com uma colega de trabalho, sobre essa função, que precisavam de um professor de Língua Portuguesa regente para exercê-la. Liguei para a Regional e me ofereci. Demorou uns dias para eu receber o comunicado de que deveria comparecer à regional para maiores esclarecimentos, e
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nesse dia fui informada de que teria de estar, no Rio de Janeiro, no dia seguinte, para uma reunião. Na primeira reunião, eu me apavorei! Achei que não daria conta da demanda de trabalho, quase desisti. Mas alguma coisa dentro de mim dizia que eu deveria tentar... ainda bem que escutei meu coração. Conheci na formação as minhas companheiras de trabalho e logo percebi que nosso sucesso dependeria da nossa parceria. Voltei para casa com a cabeça fervilhando, muita informação, mas a vontade de fazer e fazer benfeito ia aumentando dentro do meu peito. Isso era um bom sinal! Bom, a primeira semana de trabalho foi bem confusa. Uma das maiores dificuldades no início do trabalho foi organizar a agenda de visita. Meu Deus! Como chegar a essas escolas? Como eu chego a Paty de Alferes, gente? Não faço ideia: Onde fica isso? Quais escolas devo visitar no mesmo dia? Como organizar essa logística? Tantas perguntas... E nenhuma resposta!! O melhor mesmo é entrar em contato com as escolas e me apresentar primeiro e depois, sim, obter as respostas que precisava para me organizar e preparar a agenda de visitas. Cheguei à conclusão de que a primeira visita deveria ser na Unidade em que leciono, seria mais fácil treinar com colegas que conviviam comigo, e assim fiz. Agendei o encontro para o contraturno e nos reunimos, eu e as duas agentes. Conversamos sobre o trabalho delas na sala de leitura, suas atribuições, elas me mostraram o Projeto de Leitura Escolar que já estava pronto e havia sido enviado para a Regional. Coloquei minhas impressões, falamos sobre o Jovens Leitores em Ação, as meninas relataram as dificuldades encontradas por elas para implementá-lo. Nesse momento não soube bem o que dizer, muito menos
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CLÁUDIA PEREIRA CHRISTOVÃO
qual orientação dar, afinal estava começando na função naquela semana. Ainda não tinha bagagem para resolver essa questão, nem mesmo de orientar ou dar uma sugestão. Então, achei melhor anotar as dificuldades e levar para meu grupo de trabalho e pedir uma ajuda, pois as meninas da mediação já estavam atuando fazia mais tempo que eu. Com certeza, teriam a solução para o problema ou pelo menos alguma ideia para que eu pudesse ajudar minhas agentes. Assim fiz. Relatei às minhas parceiras as dificuldades encontradas pelas agentes, e elas prontamente me ajudaram a criar um plano de ação para solucioná-las. Comecei as visitas às unidades e minha primeira viagem para Paty de Alferes foi muito complicada. Primeiro, porque não estava acostumada a dirigir em estrada; segundo, porque não conhecia o caminho; e, para ficar mais complicado ainda, eu havia escolhido, claro que sem saber, a escola mais longe que acompanharia. Lá onde Judas perdeu a meia, porque a bota foi um pouquinho antes. Meu Deus! Onde fui amarrar minha égua?! Depois de muito custo consegui chegar... Ufa!! Até que enfim, já estava ficando nervosa. Fui muito bem recebida na Unidade, principalmente pela agente Vânia. Começamos uma conversa informal para nos conhecermos, e não é que seu irmão mora na minha cidade e eu o conheço! Esse mundo é mesmo pequeno. A visita foi ótima, fluiu bem, e consegui passar meu recado com certa facilidade. Claro que não sou boba nem nada, eu me debrucei sobre o material oferecido pelo Instituto Ayrton Senna e a SEEDUC: Caderno da agente, do aluno e as orientações metodológicas. Já estava, a essa altura, completamente envolvida com as metodologias, com as respostas, para as perguntas que seriam feitas, na ponta da língua.
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Algum tempo depois, recebi o convite da querida Andressa, nossa companheira de trabalho do IAS, para fazer uma formação de repescagem com algumas agentes que não puderam participar da Macroformação. Outro desafio se colocava diante dos meus olhos. Fiquei confusa. Pensei que não conseguiria falar para outras pessoas; aliás, falar não, formar outras PROFESSORAS; achei que não conseguiria. Mais uma vez, eu me enganei comigo mesma... Peguei meu material de trabalho e todos os outros fornecidos pela minha querida Andressa e estudei como uma louca. Fui para a formação e dei um show! As agentes saíram de lá agradecidas e preparadas para atuarem em suas unidades. Hoje, consigo perceber como meu trabalho na mediação contribuiu muito para o desempenho das agentes que acompanho. Essas meninas que formei na repescagem são completamente atuantes e protagonistas. Desenvolvem um trabalho maravilhoso na escola. Tive oportunidade de presenciar uma reunião do time do JLA numa visita que fiz, algum tempo depois da formação. E me emocionei com tudo que vi lá. Alunos protagonistas! Tivemos uma conversa muito produtiva e, todo tempo e em todas as falas, pude perceber como a parceria que criamos fez a diferença na vida daqueles meninos, na vida das agentes e na minha vida. Que sensação incrível! Em outro momento, a agente técnica Andressa também me acompanhou em uma visita a uma das minhas escolas. Nessa visita, encontramos os alunos do time JLA ensaiando um teatro que apresentariam numa comemoração da escola. Após o ensaio, apresentaram as paródias que produziram sobre o jovem. Uma delícia ouvi-los. Não preciso dizer, mas vou dizer mesmo assim, o orgulho que senti em ver mais uma vez que nosso trabalho em parceria estava dando frutos
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CLÁUDIA PEREIRA CHRISTOVÃO
lindos. Meninos e meninas comprometidos com a leitura, desenvolvendo um senso crítico e uma habilidade incrível em falar em público, argumentar, defender seus pontos de vista, trabalhar em equipe. Tudo caminhando dentro da proposta, agentes parceiras e comprometidas. Mais do que isso: encantadas com o trabalho, motivadas a criar uma sala de leitura viva. Um ambiente saudável e inspirador. Não mais um espaço apenas para empréstimo de livros. Vejam bem: não estou querendo vender a imagem de perfeição! Pois perfeição não existe, principalmente num trabalho que envolve uma série de fatores e muitas pessoas com pensamentos e ideias diferentes. Claro que, em muitas visitas, também me senti frustrada, cansada, desanimada e muitas vezes tive vontade de sentar e chorar. Mas aí, entrava novamente a PARCERIA! Pois no nosso ponto de controle, na Regional, quando nós, mediadoras de leitura, nos reuníamos, colocávamos nossas frustrações e nossas conquistas para as amigas e parceiras, e nesse momento uma dava apoio para a outra, tentávamos resolver os problemas, procurávamos soluções sempre juntas, e isso ia nos fortalecendo muito e nos dava confiança e vontade de voltar ao problema e resolvê-lo. Nossos encontros eram sempre regados de bom humor e lanchinhos deliciosos! Hummm!... Aquele bolo de laranja da Mari!!! Um manjar dos deuses. Um belo dia... Uma notícia bombástica! Nossa função iria terminar no final do ano. Senti um aperto no coração, sinto que ainda tenho tanto por fazer, tanto para aprender com minhas parceiras e amigas e com as agentes, então, que passaram a ter um papel tão importante na minha vida. Numa das postagens do nosso grupo de Mediação, uma de nossas orientadoras disse que era incrível a relação de confiança e parceria que tínhamos conseguido estabelecer com nossas agentes. E realmente
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é incrível! Essa relação foi construída aos poucos, através do respeito, da dedicação e vontade, principalmente da vontade de fazer a diferença dentro da educação, no nosso espaço de atuação. Todos nós acreditamos no nosso trabalho, acreditamos na capacidade transformadora da leitura. Mas não é momento para tristezas... E sim de tomar consciência de que durante essa pequena trajetória, com meu trabalho, pude plantar sementes que darão belos frutos. Deixei minha marca em todas as Salas de Leitura que visitei. E de que mais importante de tudo foi quanto aprendi com esse trabalho e com todas as pessoas com quem convivi ao longo desse período mágico e tão tenso em alguns momentos. Mas que, acima de tudo, me ensinou a ser uma profissional muito mais completa do que era quando comecei na Mediação de Leitura. No início desta autobiografia, confidenciei que não sou uma boa escritora. Sou uma boa leitora, mas agora que terminei de relatar minha história fiz uma autoavaliação e percebi que não sou tão ruim assim para escrever. Ao reler meu texto me emocionei e consegui reviver momentos de grande emoção em minha vida profissional. Acho que acabei de descobrir mais um ponto positivo dessa função que exerci com tanta dedicação e carinho. Transformei-me numa boa escritora. Concordam comigo? (Espero que sim!!!)
Pelos meios da Mediação de Leitura Vivian Aparecida da Silva
Meu nome é Vívian Aparecida da Silva. Sou filha de pessoas simples e honestas, que sempre reconheceram o valor do estudo. Minha mãe, Myrian Aparecida Porto da Silva, foi professora, chegou a formar-se no Ensino Superior em Estudos Sociais, mas, por circunstâncias da vida, optou pelo matrimônio e abriu mão de sua carreira. Meu pai, Carlos Izaias da Silva, homem muito simples, filho mais velho de dez irmãos, carregou bolsa na feira e teve uma infância muito humilde, mas viu nos estudos a oportunidade de uma vida melhor. E, por pensar assim, eu e meu irmão estudamos na rede privada por todo o ensino fundamental. Tive a oportunidade de conhecer várias redes de ensino, de acordo com a nomenclatura vigente da época, estudei na rede municipal no primeiro, segundo e terceiro períodos, na rede privada do C.A (classe de alfabetização) à 8ª série. Concluí três segundos graus, pois assim se falava: Técnico em Contabilidade na rede CNEC (Colégio Cenecista Professor José Costa), ao mesmo tempo cursava a Formação Geral, agora Ensino Médio, na rede estadual, no CENP (Colégio Estadual Nilo Peçanha),
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onde minha mãe estudara, e logo depois cursei Formação de Professores e hoje é uma das escolas que visito como mediadora de leitura. Que ciclo bonito, agora me dou conta. Lembro neste momento que meu irmão também lá cursara o Ensino Médio e uma tia lecionara em nível de contrato, à noite, no curso de Edificações. Sim, meu último terceiro grau culminou na minha carreira. Minha brincadeira preferida era de aulinha; dei aula particular para crianças quase da minha idade, fui monitora no Ensino Médio num projeto financiado pelo Estado. Porém, ouvia muito se dizer sobre a profissão e, por sempre ouvir que professor ganhava mal, optei por outros cursos já citados. Depois de um ano sem conseguir emprego na área da contabilidade, resolvi apostar no que eu tanto gostava, mas de que fugira, digamos, por imaturidade. Então no curso Normal, começou de fato o link com a atividade que me fez chegar à mediação de leitura. Antes de chegar a esse caminho, gostaria de descrever a minha relação com os livros. Tenho para mim que meu interesse pela leitura é inato, lembro sim da exigência dos meus pais, do comprometimento escolar, mas a leitura desde sempre me despertou interesse de forma autônoma. E escrever também. Sempre fui muito desinibida e, apesar de estudar numa escola para “brancos”, e representar minoria dentro daquele espaço, sempre participava de tudo na escola. Lembro-me com encantamento dos meus primeiros livros, era um sonho, uma caixa de uma coleção de livros de capa dura, que custavam muito caro, mas de tanto falar nesses livros, meu avô paterno me presenteou com uma caixa. Que alegria, que euforia, que satisfação, a embalagem era uma caixa com alça, carregava minha caixa como quem carregaria uma caixa de ouro. Queria mostrar para os amigos,
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VIVIAN APARECIDA DA SILVA
mas manipulá-los seria um problema, tinha medo que algo de ruim acontecesse a qualquer um dos meus amados e caros livros. Eu lia e relia cada um deles várias vezes; também me lembro de que minha vizinha teve filhos gêmeos e a vizinhança mais próxima se revezava em paparicos e ajuda, e eu lia várias vezes para o menino do casal de gêmeos O Rei Leão, ele adorava e chorava quando terminava a história, ele era ainda só bebê quando isso tudo acontecia. Anos depois, comecei a lecionar na rede Municipal e tive muito incentivo, muitos estudos sobre a importância dos livros para as crianças, contar histórias todos os dias era uma das propostas da rede, mas para mim, era um compromisso prazeroso no qual de fato eu acreditava. No primeiro ano de faculdade a matéria de que mais gostava era Literatura Infantil; além do encantamento que eu já tinha, minha professora, Regina Petrilo, era linda e elegante e nos contava as histórias de uma maneira que me sentia como criança ouvindo as leituras dela. Com o ingresso na rede estadual como professora, eu estava na minha rotina de sala de aula, quando tive oportunidade de ingressar na mediação de leitura; não por falta de ambição, mas nunca quis nenhum cargo dentro da rede, além de professora; aspirava a evoluir na carreira acadêmica, apenas. Logo de início tive medo, o convite me foi feito por uma amiga que ocupava interinamente o cargo de Coordenadora de Ensino na Regional Centro Sul e estava formando sua equipe de trabalho. A princípio, a questão tecnológica me foi um entrave, no computador só utilizava basicamente o editor de textos para preparar aulas e montar avaliações, mas incentivada por essa colega ingressei na função. Assim que iniciei, ocorreria uma visita na unidade escolar em que trabalhava como professora, eu conhecia essa professora de matemática de outra escola, de outro município em que trabalhei, Ana Paula
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Cavaliere, e pedi a ela permissão para assistir à visita e “aprender” o que fazer. Ana consentiu, parava para perguntar o que me causava dúvida e tive minha primeira lição. Minha primeira visita foi no município de Valença, a agente retornava de licença, e eu teria que explicar tudo a ela; cheguei muito nervosa, porém durante a visita fui ficando menos nervosa, mas não tranquila; tive dúvidas, liguei para a coordenadora de ensino. E assim fui construindo minha história com a mediação. Conversar com o diretor da escola era a pior parte da atividade, sentia insegurança, medo, mas tentava não passar nada disso, muitas das escolas pelas quais eu passava nunca receberam a visita do mediador de leitura. Então era começar do começo, com o perdão do pleonasmo, a cada visita. Com o tempo fui me apropriando dos materiais e minha mudança foi percebida nas formações, com isso passei a me empenhar cada vez mais. Enfrentei muitos desafios e destaco entre eles: a dificuldade com novas mídias, a saída de duas mediadoras da regional, a troca da coordenadora de ensino; EaD, confeccionar o Caderno da Regional ao final de 2015, o perfil do agente de leitura, visitas às unidades distantes, a visita desafiadora. A dificuldade com a tecnologia foi, de cara, um grande desafio para meu ingresso na função; e foi comprovada! Desconfigurei dados na planilha, comuniquei imediatamente para minha agente técnica na época, Andressa, que tomou as providências devidas, e a equipe do Instituto Ayrton Senna (IAS) “recompôs” a planilha. Desde então, tive mais medo, mas reconheço, com certeza, o quanto esse contato com novas mídias ampliou o meu olhar para outro mundo e a importância de estar em constante atualização. A saída de duas mediadoras, Ana Paula e Ana Cláudia, em momentos diferentes, assim esclareço, causou sim frio na barriga; nós nos acostumamos com os parceiros, e o novo, quem virá? Causou o famoso frio
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VIVIAN APARECIDA DA SILVA
na barriga, mas me adaptei completamente às novas companheiras, assim me refiro a elas, falarei mais sobre isso à frente! Mas é claro que a saudade das que passaram existe ainda hoje. Falando em mudança, a troca do coordenador também gerou ansiedade, pois o novo é o novo, e a pergunta “o que será que vem por aí?” é latente nesses momentos. Levou um tempinho para o alinhamento, mas deu tudo certo, a mediação de leitura foi muito articulada nessa gestão e galgamos conquistas. O início da EaD foi, sim, um desafio: eu sofria com medo de não dar certo, de não saber fazer, de perder a data. Mas foi uma delícia criar a nuvem de palavras, foi um dos momentos mais bacanas, senti uma coisa tipo: “Ah, aprendi a fazer isso que eu vi por aí, não é tão difícil”. Eu sofria mesmo, mas sempre tinha um “ufa, vencemos mais essa”. O apoio de umas às outras e da regional foi muito importante. Opa, era hora de criar o caderno para a conclusão de 2015, teremos muito trabalho; está bem: coloquei minha casa à disposição, na época eram três mediadoras. As “meninas” foram à minha casa, preparei um lanchinho e convoquei uma forcinha à parte, uma grande mão, a Isabella – sabe aquele casal de gêmeos que citei acima? Pois é: Isabella, a mocinha do casal, que carreguei no colo, sempre me ajudou com as tecnologias, me salvou de alguns apuros tecnológicos; claro, ela estava lá e realizou todas as tarefas que nos exigiam maior habilidade, como o trabalho com fotos. Nós tínhamos as ideias e ela gentilmente executava, e por ser perfeccionista ainda passou uns dias ajeitando um detalhe ou outro (rs), nem eu aguentava mais tanto detalhe para terminar o trabalho. Ao final a regional providenciou a formatação com as cores da regional, e nosso caderno ficou lindo, valeu a pena cada esforço.
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O perfil de agente foi um obstáculo a ser vencido constantemente, difícil romper com a mentalidade de que o agente de leitura servia apenas para emprestar livro. A conquista e a mobilização foram uma constante, e valeu a pena, colhemos grandes frutos. Porém, inevitavelmente, não atingimos todos. Tive dificuldades em relação às distâncias, eu comecei numa área, depois mudei para uma região mais próxima. As idas ao Rio também foram desafiadoras, eu não conheço o lugar, tenho medo do que se vê nos noticiários e esse medo nunca passou, mas enfrentei ir com uma das meninas, era menos angustiante. Algumas vezes, precisei ir sozinha, em pânico, mas fui e não me deixei dominar. As visitas em geral eram desafiadoras, mas uma em específico causou muito embate, as agentes não me receberam bem, foram, eu diria, até agressivas. A escola não desenvolvia absolutamente nada na sala de leitura, mesmo após a formação de uma das agentes. Foi muito ruim, mal conseguia falar, tudo que eu falava elas distorciam... O caso parou na regional de ensino e depois a coordenadora pedagógica realizou uma visita à unidade comigo. Foi muito difícil continuar acompanhando a unidade, principalmente depois que soube, por acaso, que a referida agente perdeu o cargo de diretora adjunta. Era realmente difícil retornar à unidade, tive medo, tive vontade de desistir, mas não o fiz. Ainda bem: graças a Deus, após algum tempo, as agentes passaram a desenvolver o projeto da sala de leitura, mesmo que timidamente; mas ainda assim vejo muito que comemorar, qualquer avanço é preferível a se estar estacionado. Foi essencial a postura delas para que pudéssemos continuar trabalhando. Mas com certeza as conquistas foram muito mais expressivas e valeu a pena superar cada desafio, dou destaque a: visitas; formações, trabalho
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em equipe, parceria, amizades, confecção e apresentação do caderno, EaD, adaptação da proposta em sala, oportunidade de atuar como mediadora de leitura e todo o viço que ela trouxe à minha vida profissional. Visitar as escolas foi sim um desafio, mas ver de perto cada conquista foi sensacional. No caminho da mediação, deparei com gente muito parceira e interessada, com vontade de trabalhar e que me deixou boquiaberta com a forma com que conduzia sua sala de leitura. Houve unidades para as quais dava vontade de voltar sempre, mesmo com outras a serem visitadas. Ser convidada para os eventos, receber um presentinho, ver um lanche montado para sua visita, ver a escola compreendendo de fato a proposta do Programa de Leitura Escolar (PLE) e vê-lo sendo desenhado nas paredes das unidades, ah quanta coisa boa presenciei nas visitas! Nas visitas tive a oportunidade de conhecer os jovens do Programa Jovens Leitores em Ação (JLA), era como a concretização ao vivo da proposta e a certeza de que ela estaria acontecendo e chegando às mãos de quem deveria realizá-la de fato. Nas formações com a equipe SEEDUC / IAS eu ganhava mais suporte para prosseguir, era sempre um dia de muita expectativa, aprendizado, troca, cobranças, leitura dos resultados; aliás, essa questão de sistematizar para analisar os resultados foi um dos grandes aprendizados para mim. Nas formações oferecidas aos agentes de leitura, sem dúvida o formato de formação para os agentes novos e os atuantes foi o mais interessante, e a que as atuantes disseram terem mais gostado. A princípio foi um desafio montar a formação dos agentes atuantes, mas no momento em que sentamos para desenhar a formação, as ideias fluíram com abundância. Houve muita interação entre elas, troca,
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motivação, acredito que gostaram muito, porque em vários momentos trouxemos relatos de outras agentes e se reconheceram. Num ano atípico devido à greve, a ideia seria mesmo fazer um encontro muito motivador; oferecemos lanchinhos temáticos (festa junina), lembrancinhas e sorteio de livros. Foi maravilhoso, superamos a expectativa e o nervosismo. Trabalhar em equipe é muito difícil. Sem desmerecer as outras mediadoras, mas, durante a gestão da coordenadora de Ensino Ivy, formamos a melhor equipe, nós quatro da formação atual. Formamos uma excelente equipe de trabalho: nós nos apoiamos, dividimos tarefas, somamos nossas características de uma maneira que sempre uma supre o que falta para a outra, e assim nossos encontros nos pontos de controle passaram a ser também um momento de diversão, de estar não só com as mediadoras da regional Centro Sul, mas também com as amigas. Assim também pude fazer amigos com mediadores de outras regionais. No nosso amigo oculto ao final de 2015, fui sorteada por um amigo que eu admiro muito, e sempre deixei isso claro nas formações. Ele atua como mediador no sistema prisional e trabalha com tanto empenho que me tornei sua admiradora mesmo. Foi um momento muito feliz e fiz um cordel para a minha amiga oculta, também passei a criar uma relação de mais carinho com ela, pois pesquisei a vida dela um pouco para poder presenteá-la com o cordel. Foi um momento de emoção, fora isso tenho afinidades com outras mediadoras também. A criação do Caderno da regional relaciono a desafio, mas foi lindo vê-lo pronto: nós nos deparamos com tantas conquistas que foi difícil escolher o que colocaríamos para fazer parte do caderno, e ver o filho criado foi um orgulho. E como não citar a apresentação? Preparamos presentinhos para Cirlene e Andressa, para os mediadores, e terminamos nossa apresentação com a música tema do Ayrton Senna numa clara
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VIVIAN APARECIDA DA SILVA
homenagem à parceria entre IAS e SEEDUC. Com a EaD passei muita dificuldade, mas ampliei muito minha visão sobre tecnologia, achava necessário: na EaD comecei a ver esse domínio como parceiro para a realização de um trabalho melhor elaborado, não como um fim em si mesmo como eu via. Ver meus alunos no time do JLA foi um orgulho e uma satisfação. De certa forma serviu como escola para mim, pois, por estar em constante contato com esses alunos, tinha a visão deles sobre o projeto e das agentes de leitura também. Usei o projeto com uma turma com a qual tinha muita dificuldade de relacionamento, apliquei a proposta do JLA com os alunos e consegui fazer o ano letivo fluir. A turma apresentava muita apatia e por isso minha dificuldade de relacionamento. Eu a dividi em times, eles escolheram um nome, e o restante foi por minha conta, sempre com a proposta clara do protagonismo juvenil, lema que incorporei com os jovens no trabalho em sala de aula. Enfim, vivenciei muitas coisas com a mediação e leitura: com certeza, esse período em que atuei nessa função fez toda a diferença na minha vida; passei a me dedicar cada vez mais, cresci com cada dificuldade, com cada formação, com cada elogio da Cirlene ou da Renata, com o acompanhamento da Andressa. Isso foi muito importante, é claro, mas de forma geral agradeço a todos os formadores que me acompanharam, ao Bernardo, primeiro agente técnico que me acompanhou com suas deliciosas pílulas de leitura nas formações. Reconheço de fato quanto esse trabalho é importante para as unidades escolares, e claro para cada jovem a quem a proposta consegue chegar. É claro que fica o “poderia ter feito mais”, mas juntamente carrego a certeza de que trabalhei com empenho, amor e compromisso.
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Minha ação protagonista Roberta de Lima Portela
E de repente vem um desejo de falar, escrever, narrar, contar... sei lá! Uma vontade de registrar parte de minha vida profissional que começou faz tempo... Ô se faz... Penso que o ponto de partida deve ser uma breve apresentação. Afinal, como contar uma trajetória sem dizer, ao menos, quem sou eu: Roberta Portela, professora de Português, apaixonada pelo que faz... pelo que fez em toda a vida profissional, “a sala de aula”. São vinte e seis anos de muita dedicação, muitas conquistas e, claro, também algumas decepções, mas sobre essas últimas nem lembranças eu tenho para registrar; afinal, quando se faz o que gosta, o que fica são boas lembranças... e eu tenho, sim, maravilhosas recordações guardadas em minha memória. Só que, depois de tantos anos em sala e um ritmo frenético, é chegada a hora de desacelerar.
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Primeiro, com menos um vínculo, por conta de uma aposentadoria por tempo de serviço; segundo, porque outras prioridades vão surgindo, e vida que segue... E nesse estágio da vida, momento em que tudo está tranquilo – a família, os amigos passam a ter exclusividade –, um novo desafio surge... Bom, antes do desafio... o convite! Sim!!! Recebi de uma grande amiga, dessa trajetória que fiz ao longo do tempo na vida e na profissão, um convite para me tornar Mediadora de Leitura da Regional Centro Sul: Mirela Miranda, Diretora Regional Pedagógica, vai à minha casa e me seduz. Essa é a palavra ideal a ser usada para retratar tal momento: SEDUÇÃO!!! Foi uma conversa que girou em torno, primeiro, do meu perfil, que, dito por ela, era ideal para a função, e, depois, por me detalhar como tudo funcionava: foi paixão à primeira vista. Ao me deparar com o material, então, ah!!! o estado de graça se abateu sobre mim. E logo foi dado o “sim”, tão esperado por Mirela. Precisava, a partir de então, me apropriar do material, conhecer a equipe de Mediadores da Centro Sul, saber as escolas de abrangência e, como era agosto de 2015, formações já haviam acontecido e por isso um esforço maior eu teria que fazer. Apropriar-me de tudo, em tão pouco tempo, confesso, causou-me preocupação. E, aí, a primeira reunião com a equipe. Na época, a coordenadora de ensino Ivy Moura estava licenciada, meu contato inicial foi com Mirela e as outras três mediadoras, as quais me acolheram. Precisei “correr atrás” para, então, ir a campo e assim fiz: fui à casa da Ivy, nossa coordenadora, várias vezes. Nesses encontros mais informações eu obtinha através do apoio e atenção que a mesma dispensava a mim; foram, também, várias idas à Regional para maior apropriação. Agora, pronta para as visitas, recebo da DRP Mirela o convite para acompanhá-la em algumas visitas que a mesma faria em escolas do município de Itaguaí. Engraçado, chegar às Unidades e sentir-se em “casa”, um
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ROBERTA DE LIMA PORTELA
ambiente tão familiar! Foi ali que cheguei à conclusão de que não faria nada diferente, não escolheria jamais outra profissão... Meu lugar é a escola, é nesse espaço que me sinto realizada e com a certeza de que tenho muito a oferecer e, assim, quem sabe, contribuir para mudar uma realidade. Hora de agendar as primeiras visitas, momento de enviar e-mails me apresentando aos diretores das Unidades de Paracambi, Seropédica e Itaguaí, para então conhecer e acompanhar o trabalho desenvolvido nas bibliotecas/Salas de Leitura. Já havia recebido a informação sobre o mito de que muitos, ou a maioria dos Agentes, eram professores que, por conta da aposentadoria, de problemas de saúde, enfim... eram readaptados a essa função sem terem a noção da importância ou mesmo merecerem, por parte dos Diretores, a valorização que a função realmente tem. E as primeiras visitas aconteceram... o primeiro desafio era ter um discurso que valorizasse o trabalho desses profissionais, que eu acompanharia: a apresentação de uma Mediadora que, num primeiro contato, estabelecesse com o Agente um relacionamento pautado, não só na valorização, mas também na confiança. Lembro-me, como se fosse hoje, da primeira visita – um dia de culminância – ao CIEP 152, em Paracambi... lindas apresentações do Projeto de Leitura Escolar (PLE), com o envolvimento de toda a comunidade escolar e uma belíssima Sala de Leitura. Rapidamente, conversei com a Agente e senti o envolvimento nas ações do Programa Jovens Leitores em Ação (JLA), a parceria estabelecida com os jovens. Saí dali muito feliz e assim fui conhecendo outras realidades. Umas que me marcaram pelo sucesso do trabalho realizado; outras, que necessitavam de um olhar diferenciado, atento, um acompanhamento constante. Fui, assim, estabelecendo com todos os agentes um contato diário, através de um grupo no whatsapp, incentivando os trabalhos, ali
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apresentados, e estimulando a todos a possibilidade do “fazer”. Fatos marcantes aconteceram: um deles foi meu segundo contato com o CIEP 152, esse citado como a primeira visita que realizei; recebi a notícia de que o trabalho havia sido interrompido devido ao afastamento da agente, que apresentava problemas de saúde: uma pena!!! Mas, em contrapartida, escolhi a escola Waldemar Raythe para uma visita acompanhada pela agente técnica do IAS, Andressa. Fomos contempladas com a presença de jovens do JLA desenvolvendo um dos níveis de forma brilhante, deixando clara a ação protagonista. A agente Rita, hoje aposentada, mediava a ação daqueles “meninos” que conduziam as atividades com plena autonomia, causando-nos emoção. Lançamos perguntas, respostas imediatas eram dadas e vivenciamos, ali, naquele momento, a realização de um projeto com excelência. Visitas e mais visitas foram realizadas, comecei a perceber que minha atuação como mediadora representava um diferencial para aqueles profissionais, que meu acompanhamento era importante para eles, fazendo-me acreditar que poderíamos, sim, mudar uma realidade. E, em meio a tudo isso, havia particularidades, momentos em que eu precisava alinhar, junto a certos agentes, as ações que deveriam ser realizadas. Como exemplo, tenho na memória o dia em que cheguei a uma escola em que a agente apresentava total rejeição ao JLA. Ao me falar como conduzia o trabalho com um time que havia formado com duas alunas, para mim, duas “guerreiras”, respirei fundo para, então, tentar reverter tal comportamento, tal ação. Assumir a função de mediadora no mês de agosto foi difícil por não ter participado da Formação inicial, ter que me “situar no tempo e no espaço”, me apropriar de tudo que envolvia essas diferentes e discrepantes realidades. Foi “O GRANDE DESAFIO”, mas fui superando as
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dificuldades, dando o meu melhor e, claro, tendo o apoio de uma equipe que muito me fortalecia – minha coordenadora Ivy, amigas/parceiras da Mediação, e toda a equipe da SEEDUC e IAS. Muito contribuíram, também, para meu trabalho, as Formações na Sede e, principalmente, a participação na EaD, suporte on-line com informações, tarefas, fóruns, serviram como apoio para todo o processo. Chegando ao final de 2015, um Caderno por Regional deveria ser apresentado como conclusão de um ano de trabalho e aí mais um desafio... Momentos de muitas trocas e total envolvimento, comprometimento: registrar ações de um ano inteiro e depois apresentálas para um público. Assim, fiz... representei a Regional Centro Sul nesse momento tão marcante em que as evidências de uma trajetória foram, ali, relatadas. Hora de descanso, férias!!! E, finalmente, 2016, um novo ano, novas perspectivas que foram impactadas com o cenário da greve. Uma formação que só aconteceu no mês de julho; PLEs, JLA, em meio a todo esse momento de turbulência, ocorriam ou não, dependendo da forma como cada escola reagia a essa realidade. Não foi fácil. Mas, como já citado, aconteceu, sim, a Formação e, esta, dividida em dois momentos, dá novas perspectivas para um primeiro semestre atípico. Agentes saem das Formações felizes com a receptividade, com o olhar que nós, mediadoras, tivemos ao formatar os encontros de acordo com as práticas; enfim, percebemos que esses profissionais, em meio a tantos problemas, criaram, ali, esperanças, reconhecendo a importância desse trabalho, independente das circunstâncias. No mês de outubro, ofereço aos agentes do município da Seropédica uma Formação em Serviço por conta da “chegada” de novos agentes. Propus, assim, o encontro em que os já formados participariam também
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e, mais uma vez, tenho a prova de que minha função/atuação pode e faz a diferença para a realização do trabalho desses profissionais. Foi um momento maravilhoso, em que teoria e trocas aconteceram e a interação se fez a todo instante. Para finalizar, ainda tive a declaração do Diretor da Unidade afirmando a importância desse trabalho e ressaltando a minha contribuição. Hoje, escrevendo, aqui, o que vem a todo instante em meu pensamento é o desejo de continuar e a tristeza de saber que esse trabalho e essa parceria terão fim. Sinto-me gratificada enquanto profissional, realizada e muito agradecida por ter tido o privilégio de participar de um projeto que muito contribuiu para minha vida, não só profissional, mas também pessoal. Sou, hoje, uma PROFESSORA PROTAGONISTA. Tudo que aprendi levo para minhas ações em sala de aula, lugar onde tudo começou.
Visita técnica à UE Clodomiro Vasconcelos, outubro de 2016.
Caminhos e escolhas: da sala de aula à sala de leitura Ana Carolina Souza
Eu me chamo Ana Carolina, graduada em Língua Portuguesa/ Literatura. Sempre achei muito difícil falar sobre mim, mas aceitei o desafio. Então, vamos lá! Lembro-me de quando eu estava no Fundamental II, eu chegava em casa e passava as atividades que eu tinha feito em aula num quadronegro que eu tinha em casa e brincava de ser professora. Meus alunos? Os filhos dos vizinhos. O tempo foi passando e os meus alunos se tornaram os meus colegas que tinham algumas dificuldades na escola, que iam lá em casa para que eu pudesse ajudá-los e tirar suas dúvidas. Quando terminei o ensino fundamental, começaram a surgir os primeiros conflitos por causa da minha futura profissão. Eu queria fazer Letras e os meus pais preferiam que eu cursasse o técnico em informática.
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O que fiz? Cursei o técnico em informática... rs. Mas, algo faltava. Foi assim que, ao concluir meu ensino médio, prestei vestibular para Letras. Passei! E mesmo sabendo que ser professora não era uma tarefa fácil, a felicidade preenchia os meus dias. Quatro anos depois, a formatura, o concurso para a Rede Estadual de Educação. Um ano após o concurso, veio a convocação. Lá estava eu, em sala. Eu era PROFESSORA. Mal podia acreditar... Quantas histórias vividas, e eu mal sabia o que estava por vir. Numa tarde de segunda, toca meu celular. Era uma mensagem. Um convite. Minha amiga Jamille Antas me convidando para assumir a Mediação de Leitura. Mais um desafio. Recusar? Imagina! Vamos em frente! Depois de algumas questões burocráticas, assumi a função. Iria representar a minha Regional Serrana I como Mediadora de Leitura. Sob a minha responsabilidade estavam todas as Unidades Escolares de Itaboraí e Tanguá. Peguei todo o meu conceito teórico de leitura e escrita, coloquei na bolsa e fui rumo às visitas técnicas. Quanta ingenuidade... Estávamos em maio de 2016, auge da maior paralisação de professores e alunos da história da Rede Estadual do Rio de Janeiro. Como a única coisa que eu tinha até aquele momento era meu conceito teórico, lembrei-me de um trecho escrito por Paulo Freire que dizia: “Aprender a ler, a escrever, alfabetizar-se é, antes de tudo, aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto, não pela manipulação mecânica de palavras, mas numa relação dinâmica que vincula linguagem e realidade”.
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E a realidade era tão dura. Escolas paralisadas, salas de leitura vazias, alunos ausentes, agentes de leitura desmotivados. Precisávamos correr contra o tempo para não deixarmos morrer todo o trabalho que havia sido realizado nos dois anos anteriores. 2015 tinha sido o ano do Projeto de Leitura Escolar e do Jovens Leitores em Ação. Era chegada a hora de a menina que fez de tudo para ser professora mostrar serviço. O medo bateu. Nessa hora pensei em desistir. Mas, como desistir, se cada escola em que eu entrava, cada agente que eu conhecia passavam a fazer parte de mim? A realidade diária me mostrava que ser mediador não é só ser a ponte, o intermediário que aproxima ou que liga o leitor ao livro; ser mediador é saber mediar conflitos, é ter um olhar apaixonado pela escola, pelo aluno, é saber se doar para o outro. É dar ideias, é trabalhar junto. E trabalho foi o que não faltou. Eu só tinha alguns meses para visitar 22 escolas, formar agentes, retomar os conceitos dos projetos de leitura e dos jovens leitores. Estimular toda essa galera e fazer as atividades acontecerem. E elas começaram a acontecer. Havia uma luz no fim do túnel, nada estava perdido. Julho chegou e, com ele, o final da greve. A esperança no sucesso das atividades só crescia. Em agosto as escolas passaram quase que despercebidas. Era recesso escolar. No Rio de Janeiro acontecia o maior evento esportivo do mundo: As Olimpíadas. Setembro chegou. Agora tínhamos escolas funcionando a todo vapor. Os alunos estavam lá. E mesmo com toda aquela confusão de reposição de aulas, alunos de turnos diferentes circulando pelo mesmo espaço, era hora de arregaçarmos as mangas e colocarmos em prática tudo que havíamos aprendido/ensinado nas visitas e nas formações. E colocamos! As salas de leitura estavam cheias novamente. Os alunos tornavam-se
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protagonistas de suas histórias. Agentes e professores trabalhavam suas autonomias e desenvolturas para criarem e adaptarem suas atividades levando em conta os conhecimentos prévios de seus alunos e, juntos, refletiam sobre o processo de aprendizagem através da leitura, da escrita e da cidadania. Como mediadora me sinto realizada pela relação que estabeleci com as escolas, agentes e alunos. Sei que ainda temos muito trabalho pela frente. A leitura ainda é vista a partir da dimensão do ócio, do não trabalho. Continua sendo um desafio para nós, mediadores, mudar esse quadro ou forma de pensar. Mas sei que estamos no caminho certo para criarmos uma consciência maior, juntamente com pais, alunos, agentes e a escola.
Corredor literário – CIEP 426 Julho / 2016
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Concurso de desenho e contação de histórias – CIEP 252 Setembro / 2016
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O projeto dos projetos: Sim, eu fui mediadora de leitura Aline Machado Collares Pereira
Sou Aline Collares, professora de Língua Portuguesa e Literaturas e leciono na Rede Estadual desde 2008. Já trabalhei com Ensino Fundamental, com o Programa Autonomia (aceleração de estudos) e hoje possuo apenas turmas de Ensino Médio. Em 2013 fui convidada para trabalhar em um projeto piloto da Secretaria de Educação como Mediadora de Leitura. Após o convite, eu e uma grande amiga fomos conhecer melhor a proposta. No começo estava tudo muito confuso para todos, mas logo de cara gostamos da ideia e decidimos aceitar a proposta, pois se tratava de um projeto muito bom, de incentivo à leitura, em um formato predefinido, com sugestões de ações e um grande investimento nas Salas de Leitura, tanto na parte de infraestrutura quanto na aquisição de títulos. Tínhamos então um grande desafio pela frente: apresentar um projeto de leitura para as escolas e principalmente às Agentes de Leitura, com o intuito de promover a prática leitora e modificar aquela visão arcaica da Biblioteca como mero espaço de empréstimo de livros.
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Ficamos responsáveis por 64 escolas, distribuídas em sete municípios. Iniciamos então nossa jornada de visitas. Essa foi, sem dúvida, a fase mais trabalhosa e delicada do projeto, pois, depois de apresentarmos o PLE e sua estrutura, precisávamos fazer com que as escolas nos vissem como colaboradores do processo e não como mais um agente fiscalizador. No início, éramos muitas vezes recebidas com desconfiança e descrédito na proposta, visto que muitos projetos são iniciados e cobrados, mas acabam sempre se perdendo pelo caminho junto com toda a ideologia que os cerca. Lembro-me bem de uma de nossas formações em Magé (um dos municípios que acompanhávamos). Ficamos mais de uma hora ouvindo reclamações sobre problemas burocráticos e, mesmo depois de explicarmos que nosso papel era pedagógico, a discussão custou a findar. A impressão que tivemos era a de que no final sairíamos linchadas. Como citado anteriormente, era tudo muito novo, mas aos poucos fomos conquistando a confiança dos diretores das Unidades e dos Agentes de Leitura, sempre enfatizando a importância da leitura e de como esse projeto sustenta e apoia essa prática. Foi então que, ao final de 2013, nos foi apresentada uma nova proposta: o JLA (Jovens Leitores em Ação). Um projeto pensado e elaborado em parceria com o Instituto Ayrton Senna com o propósito de transformar a Sala de Leitura em um ambiente vivo e motivador, buscando trabalhar inúmeras habilidades em nossos alunos, tão importantes para sua vida, tendo o protagonismo juvenil como base para todas as ações. Mesmo com tantos atrativos, a apresentação deste projeto não teve uma aceitação positiva, pois, em menos de seis meses, uma função que na maioria das vezes se resumia em catalogar e emprestar livros tinha em mãos dois novos projetos e teria que executá-los. Mas, novamente, aos
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ALINE MACHADO COLLARES
poucos as coisas foram se ajeitando e conseguimos alinhar as ações do PLE e JLA, associando-os, tornando um o apoio do outro. No final de 2013, a continuidade do projeto, ou melhor, de nossa atuação no projeto era incerta, pois no princípio a proposta era apenas apresentarmos o PLE nos seis últimos meses do ano, mas os resultados foram tão significativos que decidiram manter a estrutura e aumentar o número de mediadores para três por Regional. Nesse período, início de 2014, mudamos de coordenador e, com a saída de Peterson Soares, Cirlene Fernandes seguiu liderando esta equipe que se tornava cada vez mais coesa e uníssona. E assim, 2014 ficou composto por três mediadoras: eu, Camila Mattoso e Ana Salvadora, tornando a extensão de nossa Regional um pouco mais acessível às visitas. Foi também um ano de muito trabalho e dedicação. Presenciamos muita coisa boa. Escolas que não tinham o histórico de participarem nem produzirem muito estavam planejando projetos grandiosos para sua realidade. Foi também nesse ano que recebi o maior presente que alguém pode ganhar da vida: em 06 de novembro nasceu meu primeiro filho, Pedro Henrique, que me faz refletir a todo instante sobre o mundo que desejo para ele; e fatalmente com esse questionamento, minhas práticas tanto em sala de aula quanto com os projetos ganharam um colorido especial e se intensificaram ainda mais. Iniciei, nesse lindo 06 de novembro de 2014, minha licença-maternidade. Para finalizar esse brilhante ano, foi solicitado que cada Regional escolhesse uma escola para apresentar uma produção chamada Petcha Kutcha no evento de encerramento das atividades, e antes de sair de licença escolhi uma escola muito engajada com a missão, o CE Irmã Cecília Jardim em Petrópolis, dando as instruções para que brilhassem no evento. Não pude estar presente devido à distância entre Rio e
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Petrópolis e à minha linda e nova condição de mamãe, mas emocioneime ao ver o vídeo que minha amiga Camila Mattoso gravou da festa. Ao falar de todos os mediadores, passando selfies de cada um deles, ali estávamos nós, eu e meu príncipe, ainda em fase de adaptação, e nossa querida coordenadora Cirlene Fernandes citou o fato que ocorreu no dia do nascimento dele. Contou que recebeu uma mensagem minha com uma foto, e, ao abrir, viu a foto de Pedro Henrique com a legenda: “Nasceu meu príncipe!”. Foi então que me felicitou e perguntou: “– Quando ele nasceu, Aline?”. E para sua surpresa respondi: “– Acabou de nascer!”. Senti naquele momento que ela e meus colegas mediadores (enviei para nosso grupo também) sentiram-se lisonjeados por estarem de alguma forma participando daquele momento mágico, mas mal sabem eles que a maior lisonja é minha por fazer parte de um projeto e uma equipe tão brilhantes. Em meu período de licença acompanhei o projeto a distância, pois, como já citei anteriormente, minha grande amiga Camila Mattoso permaneceu por alguns meses no projeto no ano de 2015 e em suas visitas ao Pedrinho eu ficava por dentro dos acontecimentos. Quando retornei ao projeto, em 05 de setembro de 2015, muita coisa tinha mudado. Camila já havia deixado o projeto em março para exercer outra função dentro da Secretaria, duas novas mediadoras, Juliana Conceição e Jamille Antas, assumiram o acompanhamento dos municípios de Magé, Guapimirim, Tanguá e Itaboraí, e retornei ficando responsável pelos municípios de Teresópolis, Petrópolis e São José do Vale do Rio Preto. Iniciei mais uma vez minha rotina de visitas e agora com mais novidades. Tínhamos uma plataforma EAD (educação a distância) para que pudéssemos acessar vários materiais do projeto, registros das
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formações e fóruns para compartilharmos ações e dúvidas em geral e ainda atividades para que pudéssemos nos aperfeiçoar cada vez mais. Logo que retornei, foi-nos proposta uma produção que marcasse a mediação de leitura e os projetos, registrando toda sua trajetória. Essa produção recebeu o nome de Caderno da Regional. Ele foi produzido por nós mediadoras, em conjunto com nossa Coordenadora de Ensino, Elles Salles. Como já era de costume, foi feito um evento de encerramento na Sede da Secretaria de Educação com vários convidados, para que finalizássemos o ano de 2015 e apresentássemos o Caderno da Regional deixando um legado para 2016. E mais um ano se inicia, 2016, e já em nossa primeira reunião tivemos a informação de que ao final dele nossa missão também findaria. No momento não sabia exatamente o que pensar e lembrei lá de 2013, quando me deparei com professores desmotivados e descrentes nas propostas e projetos, pois já era de costume que, por mais valorosos que fossem, eram sempre deixados para trás. Pensei em todo o caminho percorrido por todos nós mediadores, coordenadores, coordenadores de ensino... Enfim, não sabia o que pensar, mas uma coisa era certa: ainda havia muito trabalho pela frente e, se é para finalizar, finalizemos com chave de ouro. Arregaçamos as mangas e começamos a planejar nossas formações para as Agentes de Leitura a fim de aprimorarmos cada vez mais suas práticas e formar aqueles que entraram há pouco na função. Foi então que tivemos dois problemas, e um deles não estava em nossas mãos resolvê-lo. O primeiro foi apenas em nossa Regional. Perdemos duas mediadoras, ambas precisaram deixar o projeto para assumir outras funções: Juliana foi para outro projeto, e Jamille foi exercer o melhor papel do mundo, o de mãe, e em seu lugar recebemos o apoio de Ana Carolina. E como se não bastasse esse desfalque, em março foi deflagrada
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uma greve nunca antes vista em nosso estado, tumultuando todo o andamento das escolas bem como dos projetos desenvolvidos por elas. Com isso tivemos que replanejar tudo, para que em nosso ano decisivo não deixássemos que os projetos ficassem em segundo plano. Mudamos o nosso foco, o nosso olhar nas visitas e nos adaptamos ao real. Em julho de 2016 terminou a greve e começamos a correr contra o tempo para que o primeiro semestre não fosse perdido. Fizemos várias formações com nossos Agentes de Leitura novos e atuantes, e eu, particularmente, percebi muita força de vontade em fazer acontecer, mas também receio do que ainda está por vir. Retornando do recesso e com o fim da greve, pensei que não haveria mais pedras em nosso caminho. Engano meu! Como em todo o Estado, as reposições de aulas por conta da greve tomaram quase todo o tempo livre dos nossos alunos, dificultando ainda mais os encontros e planejamento de atividades. Tivemos mais uma vez que nos adaptar à nova realidade e adequar as ações; e aos poucos os projetos estão tomando corpo, mesmo que ao final do ano, e se preparando para o fecho de ouro que citei anteriormente. Sinto um misto de saudade e tristeza, pois, além de não termos conseguido o tão sonhado fecho de ouro, devido ao ano ATÍPICO (grafei em maiúsculas, porque certamente foi a palavra mais usada neste ano), saímos do projeto com a incerteza de sua continuidade. É como se, após uma longa caminhada em busca do mundo dos sonhos, percebêssemos que todo o trajeto percorrido pode ter sido em vão.
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Equipe Serrana I: Ellen Salles (Coordenadora de Ensino), Aline Collares (Mediadora de Leitura) e Ana Carolina (Mediadora de Leitura).
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Visita ao Colégio Estadual Irmã Cecília Jardim com a Presença do Agente Técnico do IAS Bernardo Arraes.
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Minha história na Mediação de Leitura Vanda Fasolo da Cunha
Para que nada se perca no tempo e na poeira do caminho vou contar a minha história na mediação de leitura. Inicialmente, vou descrever os dois projetos em que a Mediação esteve envolvida: PLE (Projeto de Leitura Escolar), em que cada unidade planeja juntamente com seus professores diversas aulas diferenciadas que se baseiam no currículo mínimo e o tema gerador é sempre escolhido de forma democrática dentro da unidade escolar. Ocorre, então, no primeiro e no segundo semestre, a culminância do Projeto com sua exposição e ações de incentivo à leitura, entre outros detalhes que constam do Caderno de Orientações que recebemos. E o JLA (Programa Jovens Leitores em Ação), desenvolvido na Sala de Leitura pelo Agente de Leitura que forma um time com até dez alunos e utiliza nas reuniões o Caderno do Aluno, de onde baseia suas ações e retira orientações. O JLA é um programa, que atua em consonância com o Programa de Leitura Escolar (PLE).
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Agora, permitam-me me apresentar. Sou professora, esta é a minha principal característica e é assim que gosto de ser identificada. Como às vezes na rua e em vários ambientes de minha cidade sou interpelada. “Como vai, professora?” Muitos ex-alunos não se lembram de meu nome, mas se lembram da professora, isso é o mais importante. Já lecionei na Educação Infantil, Educação Ambiental, EJA (Educação de Jovens e Adultos), Educação no Campo, Alfabetização, Língua Portuguesa e Literatura e na LPT (Leitura e Produção de Texto). Muitas experiências com alunos de 03 a 70 anos de idade. Além de professora, agora me denominam Mediadora. Mediadora de quê? Mediadora de Leitura da Regional Médio Paraíba. E agora vou contar quando tudo começou... Fiquei sabendo por uma colega de trabalho que havia uma vaga na Regional Médio Paraíba no ano de 2013, para trabalhar num projeto de leitura. Isso muito me interessou! Aproveitei que iria participar de uma formação onde encontraria a Coordenadora de Ensino da Regional Médio Paraíba e, terminada a Formação, fui até a Adriana, a Coordenadora de Ensino, me apresentei e logo me ofereci para a vaga, argumentando que gostava de trabalhar com projetos e recentemente havia trabalhado em um Projeto de Educação Ambiental. Ela me olhou com suspeita (acho que fui muito direta, não fiz rodeios), anotou meu nome e dados em sua agenda e no dia seguinte já me chamaram para informar a carga horária que deveria cumprir e as formações que deveria fazer na cidade do Rio de Janeiro. Nasce, então, a mediadora de leitura Vanda Fasolo da Cunha. Não sabia exatamente onde estava me metendo, mas sabia que poderia ser muito interessante.
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VANDA FASOLO DA CUNHA
Comecei a trabalhar com a Mediação no Polo de Resende, que abrange as dezesseis Unidades Escolares distribuídas nesta cidade, em Porto Real, Quatis, Engenheiro Passos e Itatiaia. Nossa primeira incumbência era reunir a coordenação e os representantes das Unidades e passar informações e prazos para o início do PLE nas Unidades escolares. Lembro-me dessa reunião, foi no auditório do C.E. Dr. João Maia. O projeto era novidade e todos acharam o prazo difícil de cumprir, mas se esforçaram. Recordo-me da Gestora da E. E. Antônio Quirino, localizada numa área turística de Visconde de Mauá (já havia trabalhado lá), que apresentou um esboço do PLE já nessa primeira reunião; então percebi que estava diante de pessoas bem comprometidas, porém, ainda com dúvidas e inseguranças. Nascia ali o PLE/13. Na data determinada a maioria enviou o PLE e começava o período de análise e devolutivas. Juntamente com minha colega Greyciane, do Polo de Volta Redonda, construímos critérios, modelos de fichas de visitas e de telefonemas para facilitar as Unidades na elaboração do seu PLE. Ressalto que aqui já percebi o papel importantíssimo de se estabelecerem parcerias para o bom desenvolvimento da Mediação e do registro para sistematização, padronização e organização do trabalho. A formação entre Mediadoras e Agentes de Leitura para dar início ao JLA (Programa Jovens Leitores em Ação) ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, na Escola da SEEDUC e no Colégio Estadual Chico Anysio. Tivemos que nos hospedar na cidade, porque a formação foi em dois dias. Essa reunião foi um marco para o início da trajetória do JLA na Rede Estadual. As Agentes de Leitura não eram a mão de obra ideal para alavancar o projeto, consistiam na maioria de professoras readaptadas que em muitas unidades não exerciam a função de Agentes, estavam
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desviadas para outras funções e em outras estavam “mofando” junto com livros na Sala de Leitura. Foram, assim, convidadas pelo JLA a saírem da zona de conforto e, podem acreditar, isso criou confusão e muita insatisfação. Passado o impacto do início, o Programa precisava começar e essa era a maior dificuldade que encontrava no momento. As agentes levaram o material (Caderno das Agentes e do Aluno) mais as informações da formação, estudaram o material e, umas mais soltas e outras mais tímidas, começaram a estudar e a conversar comigo sobre as dúvidas e pareciam paralisadas pelo medo do novo. Pacientemente as encorajei a começarem e a confiarem em seus potenciais. Mensalmente, enviava relatórios sobre o Programa para o IAS (Instituto Ayrton Senna). No ano seguinte utilizamos um Caderno para o acompanhamento do Programa que muito nos auxiliou nessa missão. De 2013 até 2014 percebi um amadurecimento do JLA e PLE nas Unidades, e acreditava que no ano de 2015 esse amadurecimento seria traduzido em um ano de excelência, pois todos nós havíamos amadurecido e como mediadora estava mais apta a perceber e sanar dificuldades. A metodologia do instituto já havia sido incorporada ao meu trabalho e da maioria das agentes. Construímos o Caderno da Regional de 2015 e foi possível ver e avaliar como havíamos avançado. Foi uma experiência de coautoria entre as mediadoras, Carmen e eu, com o apoio da nossa coordenadora de ensino. A mediadora Carmen entrou para mediação em 2014 substituindo a Greicyane e inauguramos uma parceria de sucesso. Destaco o encontro realizado em 19 de novembro de 2015, quando agentes e jovens se reuniram no Salão do C. E. Olavo Bilac para assistirem aos vídeos produzidos por eles para contarem sua trajetória
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VANDA FASOLO DA CUNHA
no JLA, salientando o que vivenciaram e conquistaram durante os encontros. Era a energia da juventude a serviço da transformação que o mundo necessita por meio desse Programa. O que não contávamos é que este ano de 2016 seria tão desafiador, com um cenário que contribuía para a improdutividade dos Programas. Entretanto, as agentes nos surpreenderam e ainda surpreendem: apesar das situações adversas como a greve nas escolas e as ocupações forçadas, o PLE e o JLA sobreviveram e mantêm a vida pedagógica pulsando nas Unidades. Tudo isso é fruto do acompanhamento feito bem de perto nas visitas às unidades. A Mediação será rememorada nessas poucas linhas que escrevo aqui e por muito tempo pelas Agentes de Leitura e por cada jovem que foi desperto e transformado pelos Programas e os que ainda serão com a continuidade deles. Lembro-me das Agentes temerosas no início, mas que agora se arriscam com as ferramentas tecnológicas (eram suas maiores dificuldades), confiantes em si e em sua função. Vejo que o JLA tem um caráter terapêutico, transforma a vida para melhor.
Formação Agentes de Leitura - Polo Resende - 20/07/2015
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O ato de ler ĂŠ capaz de transformar um simples ser em um ser pensante e atuante de forma consciente.
Encontro de Agentes e Times - Polo Resende - 19/11/2015
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Uma história que não acaba aqui Carmen Lúcia Mello
Trabalhar como Mediadora de Leitura foi mais que defender um projeto de incentivo à leitura desenhado por um governo, foi trabalhar com aquilo em que realmente se acredita: não é possível Educação de qualidade, que promova o protagonismo de nossos estudantes e cidadãos, sem leitura. Muitos desafios surgiram nessa trajetória, desde professores e gestores que não alcançaram a dimensão e importância do projeto e por isso não formaram parcerias, até agentes de leitura sem perfil, pessoas com quem trabalharíamos diretamente na execução do projeto, sendo que muitas delas chegaram a essa função por não se adequarem a nenhuma outra em nossas unidades escolares. Nem por isso desistimos. O trabalho de muitos mediadores começou em 2013 no Estado do Rio de Janeiro. O meu começou em 2014 quando conheci pessoalmente nossa Coordenadora de Ensino da Regional Médio Paraíba Adriana de Souza e ela me convidou para estudar a proposta de ser mediadora, após minha prática exitosa como Professora do Projeto Reforço Escolar.
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Dois meses depois desse encontro, estava eu participando da 1ª Formação Anual para Mediadores de Leitura de 2014 na Escola de Formação da SEEDUC-RJ, promovida pela SEEDUC-RJ em parceria com o IAS – Instituto Ayrton Senna. Tudo era muito novo para mim. O projeto me conquistou desde o início, pois sempre fui uma boa leitora e sempre dei crédito à capacidade de elocução e desenvolvimento de raciocínio à leitura. Trabalhar metodicamente para despertar o leitor que há em cada um de nós, em especial em nossos alunos, seria um sonho bom! Voltávamos de cada Encontro de Formação – eu e a mediadora do polo Resende, minha parceira de ideias e formação – com ideias fervilhando nossas cabeças! Primeira meta: disseminar o aprendizado adquirido em reuniões em nossos polos na Regional, para que fosse adaptado à realidade local e desenvolvido por nossos Agentes de Leitura. Agentes de Leitura? Sim, aqueles mesmos, muitas vezes sem perfil, que chegavam aos nossos encontros nervosos porque esperavam se aposentar em uma função onde deveriam apenas anotar empréstimos e se esconder entre a poeira e o silêncio de nossos depósitos de livros paradidáticos – como pareciam muitas salas de leitura antes de o projeto vingar. Também não desistimos aí. Foi necessário um trabalho inicial de autoconhecimento – nosso e de cada Agente. De entender onde estava o Professor escondido em cada um desses profissionais. Muitos já não acreditavam na Educação como agente transformador de uma sociedade. Muitos foram readaptados porque suas vozes não eram mais ouvidas nas salas de aula e nas escolas e suas gargantas, às vezes as mentes, adoeceram. “Validar conquistas e traçar novas metas!” Foram as palavras de ordem aprendidas nas formações com o Instituto Ayrton Senna mais usadas
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CARMEN LÚCIA MELLO
nesse momento. Por que nos tornamos professores? Qual o papel social dessa profissão? Em que momento de nosso percurso deixou de valer a pena? Antes de se reconhecerem como agentes e leitores – nível 1 do Desafio de Leitura –, precisavam se reconhecer como educadores. Esse foi um dos maiores desafios de toda a Mediação de Leitura. Ao validar as conquistas dos primeiros agentes em visitas às Unidades Escolares, percebi que esse procedimento era fundamental para estreitar laços e abrir espaços para juntos traçarmos novas metas. Muitos desses profissionais estavam vazios de elogios e de reconhecimento profissional. Como a simples validação do serviço executado por eles fez tanta diferença! Percebi ali que todos nós somos movidos por estímulos e reconhecimento de nossas vitórias e como nossos professores estão esquecidos em suas salas de aula, com toda a diversidade possível de problemas e pessoas, sem momento para troca de experiências além de desabafos, sem apoio especializado, sofrendo apenas cobranças. Isso pode parecer que é assunto para outro texto, mas esses professores que queriam desistir viraram... agentes de leitura! Precisava fazer mais por esses que estavam sob minha mediação! Começamos a trabalhar com os gráficos coletados sob orientação do IAS. Escola visitada era escola que se comprometia com o Projeto! Como atingir então mais de cinquenta escolas? Neste meu primeiro ano de Mediação, traçamos como meta oferecer um encontro de agentes com a Mediação, sempre que voltássemos das formações promovidas pela SEEDUC-RJ/IAS. Afinal, se não era possível conciliar efetivamente as visitas necessárias com nove planos de aula diferentes (naquele momento eu estava com nove séries diferentes, em sala de aula, além da Mediação de Leitura), os encontros minimizariam a falta de visitas tão necessárias naquele momento. Ainda não resolveu... muitos agentes só reclamavam e não seguiam as metas traçadas em encontros
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anteriores. Aí surgiu a febre do WHATSAPP, salvador da pátria. Com o aplicativo parecia que estávamos diariamente com os agentes. A troca de experiências por meio do aplicativo também impulsionou muitos deles a produzirem e a acreditarem que eram capazes. Depois dessa fase inicial extremamente conflituosa, aproximadamente cinco meses depois do início do Projeto, começamos a colher os frutos de nosso trabalho. Os agentes foram aos poucos passando do patamar de dependentes para colaboradores. Muitos chegaram a traçar metas aos desafios internos encontrados nas Unidades Escolares e perceberam que eles também poderiam ser protagonistas desse processo! De todo esse momento inicial tão difícil, um grande fruto foi colhido: a professora Luciana Horta, então agente de Leitura do CE Rio Grande do Sul, comprou a metodologia do projeto de tal forma que reviu sua prática pedagógica e no ano seguinte concorreu à vaga e assumiu como diretora adjunta de uma grande escola estadual em minha cidade, CE Rio de Janeiro. Vi seu renascer profissional e prazerosamente creio que nosso trabalho contribuiu para essa mudança. Terminamos o ano de 2014 sentindo-nos vitoriosos! Grande desafio vencido: vitória contra si mesmos, reconhecimento de suas capacidades como professos e Agentes de Leitura!!! E o desafio continua... Começando o ano de 2015, pensei a princípio que teríamos como ponto de partida o estágio em que paramos em 2014. Logo notei que não. De olho nos gráficos, percebemos que as escolas não visitadas não andavam como as outras e pior: foi um suplício receber o PLE – Projeto de Leitura Escolar, de muitas delas.
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CARMEN LÚCIA MELLO
Hora de diagnosticar por nós as possíveis falhas e traçar agora para a mediação novas metas. Por que tanta dificuldade em cumprir prazos? Em encontrar gestores e professores parceiros? Aí percebemos que muitos acreditavam ser esse mais um projeto, com data para terminar... Foi aí que percebemos que era necessário sondar: Firmamos parcerias nas escolas? Quais gestores eram parceiros? Mais que apropriação da proposta, precisávamos sentir por que algumas escolas seguiam a metodologia e outras simplesmente fingiam. Um novo desafio foi diagnosticado: difícil acesso à internet em nossas unidades escolares e profissionais que dependiam de terceiros para executarem os registros dos Projetos de Leitura. Mais uma vez tivemos o apoio crucial de nossa Coordenadora de Ensino. Em reuniões com os gestores e coordenadores pedagógicos, ela prontamente defendeu a importância dos projetos relacionados à leitura, apresentou metas de entrega e responsabilizou-os também por tais cumprimentos. Também promoveu formações no nosso antigo NTE (Núcleo Tecnológico de Educação) para os agentes, minimizando assim suas dificuldades tecnológicas. Passamos de escolas em que o agente de leitura muitas vezes precisava convencer os próprios gestores da importância do trabalho, para escolas onde os gestores cavavam tempo em reuniões para os agentes conversarem com seus professores. O projeto começou a ser de nossas unidades, na essência e não apenas no papel! Assim, nossos agentes tiveram um ano de calmaria em 2015: muitos times do Desafio de Leitura, produções literárias pululando e nossas escolas cheiravam a protagonismo juvenil! As intervenções protagonistas também ajudaram a fazer a diferença! Muitas escolas realizaram suas intervenções na sala dos gestores ou dos professores, diagnosticando um novo desafio que precisava ser enfrentado...
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Como foi bom perceber que os desafios são vencidos com a sondagem dos problemas e metas. Que a Educação em nosso país pode ser bem melhor do que até então vinha sendo! Nossa vitória agora foi desenvolver o sentimento de pertencimento em nossas escolas: professores, gestores e alunos abraçando os projetos de leitura, os grêmios, as associações escolares. Vimos uma nova escola nascer! Que venha 2016!!!
306 Eu e César Mello – in memoriam – meu grande incentivador como leitora e como ser ético
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