Vida: Um foco de luz
LetĂcia Poltronieri Luchesi
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Vida: Um foco de luz LetĂcia Poltronieri Luchesi
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Sumรกrio
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Agradecimentos
É com alegria que apresento este livro-reportagem fotográfico após um trabalho árduo e bastante satisfatório realizado ao longo de um ano e meio. Agradeço a todos que puderam me ajudar de alguma forma nesse livro, principalmente minha mãe que esteve sempre ao meu lado me incentivando. Agradeço ao meu orientador Fabrício pela paciência, por suportar minhas ligações e mensagens nas madrugadas e também pela construção desse conhecimento. Um agradecimento ao meu avô materno, minhas tias e minhas primas. Ao meu pai, toda minha família paterna e também ao meu irmãozinho que sempre me ajudava quando saia correndo para os partos. Aos meus amigos Elder, Augusto, Henrique, Thierry, Luã, Jéssica e Rosicléia do curso de Jornalismo. E um especial agradecimento a todas as mamães que me deixaram acompanhá-las e me deixaram fotografar um momento tão único e perfeito. Letícia Poltronieri Luchesi
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Aline, Erik “Lorenzo”
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“O meu parto foi psicológico: eu falei que ia ter normal e tive normal.”
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Cecília, Elvis “Maria Eliza”
&
“Foi o meu dia, foi o meu momento. Do começo ao fim.”
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Ana Rita, Frederico “Francisco”
&
“Foi uma intercorrência que ninguém sabe o que aconteceu.”
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Gracielli, José “Bento”
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“O mais importante acontece: estava tudo bem comigo e com o Bento.”
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Ingrid, Daniel “Benício”
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“Ficamos curtindo o momento após o parto antes de eles levarem pros exames, foi do jeitinho que eu queria.”
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Gabriela, Fernando “Miguel”
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“Meu marido participou de tudo durante a gravidez e me ajudou muito no parto.”
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“O aperfeiçoamento da mente e a escolha do coração” Positivo! Parabéns, você está grávida. O bebê que começa a ser formar no seu útero estará em seus braços em até 42 semanas. Aquela pele macia e suave cheirando a leite sob seu peito, mãos pequenas e indefesas, pés que não se sustentam, mas que te fazem caminhar... consegue imaginar? Você fica sem reação durante um tempo, pensando como vai ser sua vida daquele momento da descoberta para frente, imaginando todas as situações que podem acontecer durante a gestação, e após ela, como um sorriso espontâneo daquela figurinha às duas da manhã depois de você fazer uma careta. Há mulheres que planejam ter filhos, outras não. As futuras mamães ficam emocionadas quando descobrem a gravidez e cada uma delas lida de uma forma diferente nesse momento. Algumas gestantes engravidam por falta de métodos contraceptivos e acabam tendo uma “grande” surpresa quando percebem que seu corpo está agindo de forma diferente do normal. Outras planejam há tempos e aquele sonho de ser mãe se torna realidade. Cada emoção, cada sorriso ou choro é incomparável. A gravidez, a gestação, o parto, tudo se torna único e passa a fazer parte da história daquela mulher. O parto, em alguns casos, é escolhido antes da gestante saber que vai ser mamãe. Em outros, é decidido quando o bebê já está a caminho. Existem mulheres que têm preparo para engravidar, com um planejamento feito por ela e pelo seu parceiro, estabelecendo como vai ser a gravidez e quando. Geralmente o planejamento é necessário para evitar problemas futuros, como a perda do trabalho, a interrupção dos estudos ou outros contratempos ainda maiores. E qual parto escolher? O que será mais seguro ou mais confortável para mãe e o bebê é uma das primeiras coisas que as mulheres traçam durante seus primeiros pensamentos. E outros virão: quais exercícios deve fazer ou não fazer para garantir a saúde do bebê? E o nascimento... já é hora de tomar decisões? Essas foram as primeiras preocupações das futuras mamães, Gracielli Prata Albuquerque, Ana Rita Altomani, Aline Merces da Silva, Gabriela Giatti, Ingrid Jaqueline Caetano Pereira Dias e Cecília Carolina Pinheiro da Silva. O que elas têm em comum? Elas moram na cidade de São Carlos, interior de São Paulo, e esperam pelo parto natural humanizado.
Gracielli, Ana Rita e Aline são mães de “primeira viagem” e pesquisaram sobre qual parto poderia ser mais apropriado para seus bebês. Ingrid já é mãe do Johnny e Cecília do Davi. A Gabriela já tem o Felipe e o Paulo. As seis escolheram que vão tentar o parto natural humanizado. O parto humanizado vem cada vez mais ganhando adeptos. Lembra daquele parto que ouviu sua avó ou bisavó contou, feito por parteiras, dentro da própria casa das gestantes, em que todos os familiares acompanhavam? Pois é, esses eram os conhecidos partos naturais, ainda não humanizados porque as gestantes não escolhiam os detalhes dos partos, sendo que geralmente a parteira é que controlava a situação. As futuras mamães apenas aceitavam as opiniões e as condições, pois acreditavam que elas eram especialistas no assunto e temiam, muitas vezes por desconhecimento, que algo ruim acontecesse. No parto humanizado, o comando da situação passa a ser da mulher gestante. Ela se prepara para a chegada do bebê desde que descobre que vai ser mamãe. As doulas são pessoas fundamentais durante todo o processo de gestação, o que inclui o pré-parto, o parto e o pós-parto. Assim, a humanização do parto é nada mais do que o respeito à escolha da mulher. As doulas podem ser comparadas às antigas parteiras, mas agora não só na hora do nascimento, mas durante todo o processo gestacional. Doula significa “mulher que serve”. É comum na hora do parto as atenções serem dirigidas para o bebê que está chegando e acabam esquecendo a pessoa mais importante no parto: a mãe. Nesse sentido, a doula ajuda a preencher esse espaço vazio que é deixado pelos especialistas. Caso a gestante não queira, a doula não participa do parto humanizado, porém ela prepara a mulher durante a gestação para lidar com as dificuldades e saber como tomar as decisões importantes na hora do nascimento do bebê.
Tipos de parto
O parto humanizado é uma técnica? Não. Esse tipo de parto diz respeito ao emocional da gestante, ou seja, ela toma a atitude que lhe convém. Foi por isso que Gracielli, Ana Rita, Aline, Ingrid e Cecília tanto pesquisaram e chegaram a tal conclusão: “Quero ter um parto natural humanizado!”
13 Já a Gabriela não pesquisou sobre nada e não se preparou para o parto, mas quer tentar o parto natural. É seu terceiro parto e os dois últimos deram certo, e esse também vai dar. E por que não o parto normal, parto natural comum ou a cesárea? O parto normal é um parto que sofre intervenções do começo ao fim, como soro para acelerar as contrações, exames ginecológicos constantes, utilização do fórceps1, dentre outras coisas que não são naturais e são propostas pelos médicos. Já o parto natural, como o próprio nome já diz, é deixar que tudo aconteça o mais natural possível. O bebê nasce sozinho, a natureza agindo, a mulher entra em trabalho de parto sozinha, deixando que as coisas aconteçam sem intervenções. Ambos os partos não são feitos através de cirurgia no abdômen, que é o caso da cesárea. A cesárea é indicada em casos de emergência, quando há risco para a mãe ou para o bebê. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)2, a porcentagem de cesáreas no Brasil deveria ser inferior a 10% do número total de partos, mas ultrapassou quase quatro vezes esse número no ano de 2015. As pessoas, quando ouvem uma palavra nova, correm à internet para descobrir o que significa, mas alguns temas, como esse, nem sempre são possíveis ter a ampla compreensão do que se tratam. É um bom começo, no entanto, a busca por informação não deve ser limitar a esse canal. Foi por isso que as quatro mamães tiveram acesso a informações sobre o parto humanizado de maneiras diferentes, sempre procurando uma segunda opção mais confiável, que é o profissional de saúde especializado. A mulher, futura mamãe, pode ir para o parto querendo que seja natural mas, caso deseje alguma analgesia ou intervenção, esse parto então passa a ser normal ou cesárea, dependendo dos possíveis riscos para ela ou para o bebê. Essas mudanças não fazem com que esses partos não sejam humanizados, porque são escolhas da mulher. A Lei Nº.15.7593, de 25 de março de 2015, assegura o direito do parto humanizado nos estabelecimentos públicos de saúde do Estado e dá providências. Essa lei apresenta um conjunto de normas que serão mencionadas neste livro, como o Artigo 2º, que garante que a gestante tem direito a optar pelos procedimentos que lhe trazem mais conforto e bem-estar, incluindo os procedimentos médicos para alívio da dor. Já o Artigo 3º diz que os procedimentos do parto humanizado devem ter a mínima interferência por parte do médico, a preferência pela utilização de
métodos naturais e menos invasivos e também que as informações dos procedimentos a serem realizados devem ser fornecidas à gestante e ao pai. E o Artigo 6º trata da presença do acompanhante durante o pré-parto, no parto e no pós-parto. O acompanhante pode permanecer durante todo o processo, inclusive nas consultas, e a gestante pode escolher métodos de alívios para dor, anestesia ou o modo de como serão monitorados os batimentos cardíacos do bebê.
As mamães
Gracielli tem 30 anos, é professora de yoga e foi por meio da internet que começou suas primeiras pesquisas a respeito do parto humanizado. Ela se interessou mais quando percebeu que a yoga ajuda a se preparar para o trabalho de parto. Ana Rita, de 32 anos, é um caso diferente. Sua irmã é doula, residente em São Carlos, e é participante de um dos grupos de apoio ao parto natural, o que fez com que Ana Rita se sentisse segura na decisão escolhida. Aline tem 25 anos, mãe pela primeira vez. Ela sempre quis ter um bebê, mas era necessário que seu marido fizesse um tratamento, o que de fato nem foi preciso para realizar esse sonho. A futura mamãe descobriu o parto humanizado por meio de redes sociais e também pelo curso de gestante, que fez no seu trabalho. Ingrid já é mãe do Johnny, de um aninho, e tem apenas 23 anos. No início, só conhecia o parto normal e a cesárea, mas depois que entrou em grupos e em uma rede social foi conhecendo a fundo o tema. O Johnny nasceu de parto natural humanizado e a Ingrid vai repetir a dose. Cecília tem 32 anos, já é mãe do Davi e conheceu o parto humanizado por meio de uma amiga. O primogênito nasceu assim e a segunda gestação segue da mesma forma. Ela gostou tanto que quis um bis. Gabriela está em sua terceira gestação, já é mãe de dois meninos, o Felipe e o Paulo, e descobriu sobre o parto natural quando estava na maternidade, à espera do seu primeiro filho. Essa futura mamãe não sabe o conceito certo de parto humanizado, teve seus dois filhos de parto natural e espera que o próximo venha também. Tic tac, tic tac, tic tac... os ponteiros do relógio vão pulando de minuto a minuto, de hora em hora. O tempo não para e as emoções fluem. Sentiu vontade de sorrir depois do susto? Você vai entrar agora em quatro histórias diferentes, de como essas mamães descobriram a gravidez e qual o caminho decidiram seguir durante todo o processo gestacional. Tic tac, tic tac, está esperando o quê para virar a página?
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A surpresa... ou não! Tum, tum... tum, tum..tum tum.. Você consegue ouvir o coração do bebê ou apenas o acelerado coração de uma mãe quando descobre que está grávida? O coração disparado e o relógio batendo. Prepare o seu TUMTUM, porque você vai conhecer as histórias em instantes. Vamos começar pela mamãe que está grávida pela segunda vez e tem 23 anos. Já descobriu quem é? Ingrid, à espera do Benício.
INGRID A história da primeira gravidez da Ingrid foi complicada no começo. Ela descobriu que tinha endometriose quando teve o primeiro aborto espontâneo e, a partir daí, começou a mudar totalmente seu estilo de vida para engravidar, passando a ser preocupar da alimentação aos exercícios físicos. Ela começou com o tratamento e foi pesquisando sobre os tipos de partos. Quando engravidou do Jhonny, primogênito, parou de trabalhar e decidiu que ia apenas se dedicar à gestação. Ela começou a fazer yoga, hidroginástica, caminhada e exercícios dentro de casa. Sobre a alimentação: Ingrid não comia frutas, mas resolveu que deveria enfrentar esse grande desafio e deu adeus para o sal, tirou tudo. Agora sim Ingrid estava no caminho certo. Tomou uma decisão pouco comum em relação à família dela: decidiu que ia se afastar durante a gravidez! Essa foi uma decisão dela e do marido, porque queriam preservar toda a gestação, evitar que ela ficasse nervosa e, consequentemente, que isso fosse passado para o bebê. Após o 6° mês, sua médica sempre falava sobre o exame de toque, mas Ingrid acreditava ser desnecessário, após ter se inteirado e estudado sobre o assunto. Dizia não toda vez que a médica falava sobre o exame. Ela conta que seu parto foi bastante sossegado. Para se ter uma ideia, até as unhas ela fez durante o trabalho de parto. No hospital, a enfermeira queria induzir seu parto, mas ela dizia que não tinha necessidade e que iria esperar. Foi assim que o Jhonny nasceu, de parto natural humanizado. A sua segunda gravidez foi planejada, assim como a primeira. E foi planejada bem após o Jhonny nascer. Seu marido chegou de repente e disse: “Va-
mos ter mais um?”. Ingrid ficou assustada, pois o bebê tinha apenas 20 dias. Quatro meses se passaram e quando Ingrid decidiu que ia ter mais um bebê. Jhonny estava com cinco meses quando ela conseguiu engravidar de novo, mas aconteceu algo triste: ela sofreu outro aborto. Após o aborto, Ingrid passou por uma fase ruim. A esperança que ela tinha de que os bebês crescessem juntos estava ameaçada quando, então, ela começou a sentir inchaço e dores nos seios. Uma interrogação veio: “Será que estou grávida?”. Era meia noite quando ela e o marido foram à farmácia e compraram dois testes. Ao chegar em casa, Ingrid correu para o banheiro e dois riscos vermelhos indicaram a gravidez. . Preocupados e desconfiados, decidiram realizar a contraprova. Depois de três dias ela fez mais outro teste e, de novo, POSITIVO! Ingrid saiu correndo e deu um forte abraço no Daniel! Ela chorou, de alegria é claro, e ele deu o maior sorriso que tinha. Diferente do que aconteceu na gestação do seu primeiro filho, Ingrid, desta vez, encontrou um médico cujos procedimentos vinham ao encontro do que ela esperava.
GRACIELLI Gracielli tomava anticoncepcional desde os 15 anos de idade, pois tinha ovários micropolicísticos e essa era uma forma de tratamento. Depois de tanto tempo, decidiu interromper a medicação por questões de saúde, preocupada com as consequências futuras, e também porque queria ser mamãe. Depois de um curto namoro, Gracielle casou-se com José Hermínio. Em junho de 2015 ela foi para a Itália com a prima e, a partir daquele momento, decidiu tomar uma atitude. Chegando de viagem foi direto conversar com seu marido e nessa conversa disse que queria engravidar. Gracielli notou que José ficou receoso, justificando que não estava na hora, mas que um dia queria ter um bebê. Gracielli viu que o marido estava com medo, mas explicou que iria parar o remédio e que ele deveria se prevenir se não quisesse ter um bebê logo. Então jogou o remédio fora e pensou na possibilidade de que seus hormônios não iriam colaborar tão cedo por conta de tantos anos de medicação. O primeiro mês passou normal e rapidamente, mas chegou o dia de sua menstruação no segundo
15 mês. E cadê? Um dia, dois dias, três dias, quatro, cinco, seis dias.... Ei, tem algo errado ou isso tá normal? Gracielli começou a perceber que havia algo muito errado e... plim! plim! Caiu a ficha: “Estou grávida!”. Mesmo sem exames, sem qualquer prova, ela tinha certeza de que estava grávida. Gracielli contou ao marido, mas ele não acreditou porque era só um sexto sentido, nada estava comprovado ainda. Foi então que ela foi até a farmácia, comprou um teste de gravidez e o manteve escondido. No outro dia de manhãzinha, logo que seu marido saiu para trabalhar, Gracielli foi até o banheiro e não ficou surpresa quando enxergou os dois risquinhos vermelhos. Ela pulou de alegria e ficou curtindo seu momento sem contar para ninguém. Decidiu ir ao médico e teve sorte quando a secretária dele lhe disse que havia horário disponível para uma consulta no final da tarde. Ao entrar no consultório, já foi logo dizendo que estava grávida e a reação do médico foi de surpresa, afinal, como ela poderia ter tanta certeza?. Ele não pediu nenhum outro exame pra comprovar, só listou os exames de pré-natal que deveriam ser feitos durante o começo da gestação. A futura mamãe voltou pra casa e esperou o retorno do marido. Quando chegou, ela estava com medo da reação, mas, assim que contou, ele abriu um sorriso e os dois se abraçaram. No mesmo dia em que descobriu que estava grávida, Gracielli marcou uma consulta com seu ginecologista, mas percebeu que ele não gostou da ideia de optar pelo parto humanizado. Ela ficou em dúvida sobre a continuidade do acompanhamento com esse profissional. Frequentando o grupo de parto natural de São Carlos, em rodas de conversas, ficou sabendo de um médico residente que atuava na área. Assim, marcou uma consulta e quando entrou no consultório já percebeu que havia um tratamento diferenciado, como o esclarecimento de perguntas, sem exames desnecessários, por isso decidiu que continuaria com esse médico até a chegada do bebê.
Um dos primeiros sintomas de gravidez é o atraso da menstruação, mas no caso da Cecília estava tudo normal. O sinal veio de outra forma: ela começou a ficar bastante emotiva, começou a ter sentimentos estranhos e já logo imaginou: “Estou grávida”. Decidiu que não ia nem fazer o exame de farmácia, foi direto para os exames de laboratório, pois tinha certeza da gravidez. Cecília foi fazer o exame sozinha. Combinou com o marido de que a revelação da gravidez tinha de ser alternada, ou seja, cada exame era um deles quem abria e dava a notícia ao outro. E foi o que aconteceu! Foi Cecília quem abriu o exame de gravidez do Davi. Desta vez, Elvis foi buscar o exame no laboratório e a primeira reação do quando chegou em sua casa foi se jogar na piscina, e de roupa e tudo. Cecília descobriu no primeiro ultrassom que estava grávida de gêmeos, logo imaginou que fossem um casal! Mas dez semanas depois descobriu que tinha perdido um deles. Na hora ficou tranquila porque sabia que um deles estava bem, mas depois de um tempo ficou emotiva e precisou ter o acompanhamento de um psicólogo. Na primeira gestação Cecília falou para seu ginecologista que queria ter um parto humanizado. Ela achou que ele não ia respeitar sua decisão, mas o profissional a aconselhou a esperar o final da gravidez para ver se tudo iria correr bem. E, no dia do seu primeiro parto, ele a apoiou até o final. No segundo, disse que faria o mesmo.
ANA RITA
A Ana Rita não estava pretendendo ficar grávida. Ela trabalha em um armazém que fica às margens da rodovia Washington Luiz, em São Carlos, e conheceu Frederico, seu marido, quando ele passava pelo armazém em suas viagens. Desde pequena era muito ansiosa e descobriu em uma consulta que tinha TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada). Sua médica receitou um medicamento ansiolítico e disse que Ana Rita havia parado por conta própria com o uso do anticoncepcional, CECÍLIA pois passava mal com o remédio e tinha enxaquecas. Dessa forma, controlava os dias férteis com uma tabeA Cecília - mãe do Davi - é casada com Elvis linha que fazia com o marido há cerca de um ano. O desde 2009 e ambos decidiram que queriam mais um pensamento dela foi: “Estou expert nessa tabelinha”. bebê na família. O Davi não foi planejado, mas a MaMas não foi bem assim, porque saindo da conria Eliza sim. sulta uma dúvida veio. Quando Ana foi comprar o A futura mamãe disse que quando decidiram en- remédio para ansiedade também comprou um teste gravidar do Davi demoraram alguns meses, então ela de gravidez para desencargo de consciência. Chegou estava certa de que com a Maria Eliza as coisas seguir- em casa e fez o teste, toda confiante de que não estava iam o mesmo ritmo. Mas não foi o que aconteceu. grávida, mas quando aquelas duas listras vermelhas
16 apareceram ela quase desmaiou. Sua primeira reação foi ligar pra sua mãe, aos prantos. A mãe da Ana, ao ouvir a notícia, ficou muito contente, mas da Ana só escorriam lágrimas. Já era noite e ela decidiu que não ia contar para o marido até o outro dia. Quando ligou no outro dia não disse que estava grávida, mas que havia uma possibilidade por conta do atraso da menstruação, o que não era verdade. Ana só estava tentando contar a notícia devagarzinho. Frederico pediu que Ana fizesse um exame de laboratório para confirmar se a suspeita era verdadeira. Após a confirmação da gravidez, ela ficou três dias em prantos. Seu marido mora atualmente em São Paulo, portanto, cerca de 250 km de distância. Quando soube da gravidez, ficou assustado porque sabia que isso também significaria uma mudança de rotina. Mesmo assim, Frederico reagiu melhor do que Ana com a notícia. Os dias foram passando e Ana foi aceitando a gravidez. Parte da aceitação começou com os presentinhos que ganhava da família, que estava muito contente. Ana já tinha um médico em mente desde antes da gravidez. Ele já era seu ginecologista e a escolha também foi influenciada por ele ser o único médico a incentivar o parto humanizado na cidade.
GABRIELA Gabriela conheceu Fernando na cidade de Araraquara, onde ela morava com seus dois filhos. Se conheceram por meio de uma amiga e, em uma semana, já estavam morando juntos. Fernando ajudava a cuidar dos meninos para Gabriela trabalhar. Os dois queriam ter um bebê e, depois de algum tempo morando juntos, mudaram para São Carlos e decidiram que iram tentar. A decisão foi rápida, porque o Fernando ainda não era pai e sonhava com isso. A futura mamãe passou aproximadamente um ano tentando ficar grávida, mas não conseguiu. Até um aplicativo Gabriela baixou para ver seus dias férteis, mas desistiu quando viu que o método não estava dando certo. Pensou que não era a hora e que não iria ter mais um bebê. Foi quando, em um dia inesperado, algo aconteceu. Ela estava trabalhando normalmente em uma loja no centro de São Carlos e sua menstruação estava atrasada, mas ela não tinha esperanças já que há um ano tentava engravidar e não conseguia. Nesse dia, no horário de almoço, resolveu faz-
er um teste de gravidez, pois seu trabalho na loja era pesado e ela ficou preocupada, uma que, se estivesse grávida, não queria afetar a saúde do bebê. Gabriela o comprou teste e o fez no banheiro de um grande mercado no centro na cidade. Quando apareceram as duas listras vermelhas, ela não sabia se ria ou se chorava de medo, pois já tinha dois meninos. Sentiu ao mesmo tempo um misto de medo e alegria. Resolveu ligar para seu marido na hora que saiu do banheiro e a reação dele foi de felicidade. Na ligação, Gabriela pediu que seu marido a esperasse no ponto de ônibus quando fosse o horário de retornar para casa, mas quando ela chegou, adivinha? Fernando estava jogando futebol com os meninos e esqueceu completamente dela. A futura mamãe ficou muito nervosa e nem quis conversar com ele nesse dia, mas depois eles se entenderam e contaram para as crianças sobre a gravidez quando Gabriela já estava com dois meses de gestação. Decidiram esperar para ter certeza. E as crianças? Amaram a ideia de ter um novo irmãozinho.
ALINE Aline conheceu o marido no trabalho, namoraram sete anos e moravam juntos há três quando aconteceu a gravidez. O bebê estava sendo esperado, mas não planejado. Essa gestação foi uma surpresa porque, segundo recomendação médica, o marido de Aline precisaria fazer um tratamento médico de fertilidade. Era necessário tomar medicamentos, no entanto, o marido de Aline, em outro relacionamento, acabou tentando alguns outros métodos, o que teria provocado alguma melhora, mas não o suficiente. Desanimado, ele desistiu. Mesmo assim, percebendo que sua mulher estava indisposta, sem comer, ele desconfiou de uma gravidez. Como já havia acontecido isso uma vez, e o teste tinha dado negativo, eles não tinham esperanças. Em um domingo, o marido da Aline decidiu ir à farmácia, à noite, comprar um teste de gravidez. Aline esperou a segunda-feira para fazer o teste bem cedo e sozinha. Quando foi levar o café da manhã para seu esposo, ele logo quis saber a resposta. A futura mamãe não esperançosa disse que tinha feito o teste errado, porque tinha dado positivo e que esperaria sua folga, na quinta-feira, para fazer o exame de sangue. O marido, todo preocupado disse, que eles iriam, no mesmo momento, fazer o teste e que depois ele a levaria no trabalho. Ele estava com receio, pois a última vez que isso aconteceu a futura mamãe ficou
17 frustrada. Fizeram o exame na manhã e às 15 horas foram buscar o resultado. Os dois juntos abriram aquele envelope e havia uma palavra em negrito na qual eles fixaram o olhar por alguns segundos: POSITIVO. Começaram a escorrer lágrimas dos olhos dos futuros papais e não eram lágrimas de tristeza e, sim, de uma alegria enorme! Os dois ficaram abraçados
por alguns instantes chorando. Aline tinha um ginecologista que a acompanhava, mas em virtude de não haver horário disponível com tanto imediatismo, acabou sendo orientada pela cunhada a procurar outro médico da cidade, que apoiava o parto natural humanizado. E foi esse que a futura mamãe escolheu, especialmente pelo atendimento.
Opinião dos médicos Os partos normais e naturais acontecem via vaginal e se diferenciam pelos métodos que são realizados durante eles. O parto normal sofre intervenções, que podem ser desde a indução feita pela oxitocina até corte ou costura do períneo. Já o natural não sofre intervenção nenhuma. A cesárea, por sua vez, é um procedimento cirúrgico que deveria ser feito somente em casos de risco de vida para a mãe ou para o bebê, como no caso de redução dos batimentos cardíacos, pressão arterial alta da mamãe, dentre outros. O parto humanizado, como já citado anterior-
mente, não é uma técnica como o normal ou o natural, mas pode ser aplicado em qualquer um dos partos acima. Algumas futuras mamães se preparam durante as 42 semanas para ter esse tipo de parto. As preparações são mais emocionais do que físicas. “Quem nasceu antes não era humano?”, disse a ginecologista Margarida Maria Munia Tavares Botta. Margarida, ginecologista residente na cidade de São Carlos, explica que sempre procura fazer seus partos sem riscos e de maneira mais saudável. Antigamente era diferente, muita coisa mudou e quando estava na faculdade seus professores não a deixavam fazer cesáreas.
Margarida, ginecologista
18 “No caso da obstetrícia, o parto humanizado é aquele que você põe como principal a mãe e o bebê e deixa o foco dos profissionais”, conta Rogério Gonçalves Lima, médico ginecologista. Lima, também residente em São Carlos, fala sobre a humanização, no que diz respeito a parte do atendimento médico, ou seja, o tratamento de profissionais da saúde para com os pacientes. Para Margarida, o parto humanizado seria aquele não traumático, ou seja, menos invasivo. Se-
ria um modo no qual a gestante saísse da maternidade sem nenhum trauma, sem que ocorra nenhum risco para ela ou para o bebe e também que a criança nasça bem. Para Rogério, a humanização do parto passou por uma avaliação científica de todas as condutas médicas até o final do século XX, quando tudo foi questionado e estudado. Foi verificado que alguns procedimentos, antes de rotina, eram desnecessários, como o corte na vagina.
Rogério, ginecologista
A médica tenta amenizar qualquer tipo de angústia, de dor ou mal-estar. Muitas vezes, no parto normal ou natural, não é feito epsiotomia, porém é preciso costurar o períneo depois do parto. As pacientes podem não pedir o exame de toque, mas não sabem se o parto está evoluindo. Rogério fala que os procedimentos estavam causando malefícios para as futuras mamães e a ideia de humanização é não deixar que nada de mal aconteça. Nas consultas, o papel do médico é esclarecer todas as dúvidas, conduzir o acompanhamento tanto na gestação quanto no parto para melhor resultado possível. Para Margarida as mamães que são fãs de parto normal deixam a cesárea em último caso. “Onde é o último? Quando não tem mais jeito?”, questiona a
médica. Na cesárea, você tem todas as condutas médicas de como fazer uma cirurgia e corre o risco de contrair uma infecção hospitalar, então você tem regras que não podem ser quebradas. Se o médico, durante a cesárea, encostasse o bebê na mãe, ele teria que trocar suas roupas e se higienizar novamente. Por isso, alguns médicos não concordam com a humanização da cesárea, porque é difícil atender às vontades da mãe, já que no parto normal ou natural o médico não separa a mãe do bebê, não corta o cordão antes de parar de pulsar. Já na cesárea há regras que não podem ser quebradas, pois poderiam poderia causar danos tanto para a mãe quanto para o bebê. Tornar a cesárea humanizada dependeria do atendimento dos profissionais de saúde, como mostrar
19 o bebê para a mãe após o nascimento, deixar que o marido permaneça em todos os procedimentos e colocar a criança no colo logo após o pediatra examinar, conta Rogério. “No parto humanizado você tem duas alternativas: ou o bebê nasce de via cirúrgica (cesárea) ou nasce de via natural. O parto humanizado não é um tipo de parto e sim uma visão dos profissionais”, comenta o médico. Para ele, o parto normal é aquele que sai via vaginal, como feito antigamente, ou que ainda é feito hoje por profissionais que continuam realizando as condutas não recomendáveis. A preparação na humanização é fazer um pré-natal, esclarecendo dúvidas para a paciente, e prepará-la para o parto natural. A gestante participar de grupos de apoio ao parto natural é uma das opções.
Fazer um pré-natal voltado ao esclarecimento de dúvidas à paciente e prepará-la para o parto natural são recomendações do Rogério. O fato de as gestantes participarem de grupos de apoio ao parto, discutindo todas as dúvidas, e terem uma preparação fisioterápica para o períneo não rasgar faz com que não tenham lesões na hora do parto. Ele ainda explica que preparar a paciente para o parto não diz respeito somente à parte física, mas também a emocional, para que ela compreenda caso necessite fazer uma cesárea. Obrigatoriamente toda gestante tem de passar com um anestesista no pré-natal. Agora que você já conheceu as histórias das seis protagonistas deste livro, vamos conhecer o dia a dia dessas futuras mamães. Isso inclui os exercícios realizados durante a gestação e também sua rotina de casa e/ ou trabalho.
A preparação Você já conheceu as futuras mamães e as histórias de como cada uma descobriu sua gravidez. Mas como se prepararam? Como era o dia a dia dessas futuras mamães? Você saberá agora um
pouco do que elas passaram durante os nove meses de gestação. Vamos começar pelas mamães de primeira viagem: Aline, Gracielli e Ana Rita.
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Aline Aline teve sua gravidez tranquila, não teve enjoos e nenhuma restrição médica, inclusive ela trabalhou a gravidez toda. Aline é de Ibaté, que fica a aproximadamente 15km de São Carlos, onde trabalha. Ela levantava todo dia as 5h40, se aprontava e ia para o ponto pegar o ônibus. A futura mamãe não gosta de tomar café pela manhã e também quase nunca se despedia de seu esposo, pois ele trabalhava na mesma cidade em que moravam e saia bem mais tarde do que ela. Aline sempre saía na correria e pegava três ônibus para chegar até seu trabalho. No começo da gestação, se ela passasse mais de trinta minutos no ônibus, seu estômago embrulhava, mas depois essa sensação passou. Ela trabalhava em um Call Center e passava o dia todo sentada. Só levantava pra ir ao banheiro e almoçar. Ela comia lá mesmo, pois só chegava em sua casa às 16h e seu marido ainda estava trabalhando. Quando ele chegava ao final da tarde eles colocavam o papo em dia, sentavam na sala e jantavam juntos, conversando sobre as novidades do dia. O marido de Aline mandava mensagens todo dia para saber como ela estava, sempre perguntava sobre o bebê, se ela estava sentindo-se bem e se ele tinha se mexido. Aos finais de semana eles quase sempre saiam da cidade e iam passear. Aline não fez nenhum tipo de exercício físico e também não teve acompanhamento da doula. Os nove meses de gestação foram tranquilos para ela, que trabalhou até quinze dias antes do parto.
A mamãe está quase explodindo
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Gracielli Gracielli teve sua história diferente da Aline. Ela trabalhou apenas os três primeiros meses da gestação e resolveu pedir afastamento, pois trabalhava na Fundação Casa diretamente com os detentos. Por isso foi a uma psicóloga e conseguiu afastamento durante a gestação, devido aos riscos de depressão.
A futura mamãe, no começo, trabalhava o dia todo na Fundação Casa. Levantava às 7h, tomava café e ia para o trabalho. Durante a noite, a partir das 18h30, dava aulas de yoga. Ela parou com o trabalho durante o dia, mas continuou com a yoga a noite.
Mamãe professora de yoga
O marido da Gracielli ficava a semana toda viajando a trabalho. Havia algumas semanas que ele ia na quarta visitá-la, mas na maioria das vezes só passava o final de semana junto dela. Gracielli passou quase a gravidez toda sozinha. Quando ainda trabalhava nos dois lugares, chegava de um dos serviços e ia direto para o chuveiro tomar um banho quente e, após isso, tomava café da tarde. Mas após a licença sentiu-se mais a disposta e feliz para continuar as
aulas noturnas. Gracielli nunca teve medo de trabalhar naquele lugar, mas ao engravidar ficou mais emotiva e não se sentia segura. Toda vez que chegava em sua casa chorava e ficava pensando em tudo que aconteceu durante aquele dia. Durante a gestação, a futura mamãe fez exercícios de yoga e também no final da gestação teve acompanhamento com a doula, em sessões de acupuntura e fortalecimento do períneo.
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Acupuntura para relaxar a mamĂŁe
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Gracielli
A doula explicando sobre o parto e o sorriso da mamĂŁe
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Ana Rita
Ana Rita trabalhou todos os dias da gestação. No começo assim como as outras futuras mamães, teve enjoos. Ela acordava por volta das 6h30 todos os dias da semana para ir ao trabalho. Antes de ficar grávida ela comia no café da manhã ovos fritos, mas depois que engravidou não conseguia comer cedo, ou seja, passou a deixar uma refeição para trás. Ela trabalhava a manhã toda e, no almoço, ia para sua casa e almoçava com sua funcionária. Depois voltava para o trabalho e saia às 18h. Ainda no comecinho da gestação Ana foi ao nutricionista, pois queria ter uma alimentação saudável, e a profissional lhe receitou que comesse legumes, verduras e também ácido fólico. A futura mamãe também tomava bastante iorgute, pois não lhe dava azia.
No trabalho da mamãe
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Ana Rita
Exercícios para o parto
À noite Ana ficava sozinha em casa. Não necessariamente sozinha, porque Penélope fazia companhia para ela. Quem é Penélope? Quem passou mais momentos juntos com a Ana em sua gravidez: a cachorrinha de estimação.
Ana fazia yoga duas vezes por semana no período da manhã, de terça e quinta-feira. E a cada quinze dias ia em um dos grupos de apoio ao parto natural, no qual sua irmã é doula. Ela também fez drenagem linfática durante a gravidez.
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A mamãe e a yoga
Como havia comentado no capítulo anterior, o marido da Ana é de São Paulo e só vinha aos finais de semana. Quando ele chegava, na sexta-feira à noite, mudava um pouco da rotina dessa futura mamãe. Eles saiam aos finais de semana para comer em algum restaurante, tomar sorvete e também para pas-
sear na praça com a Penélope, é claro. Ana Rita trabalhou até o dia do parto e não praticou exercícios físicos, como caminhada ou outros, apenas a yoga. E no seu trabalho ela ficava bastante tempo em pé, mas não teve problemas de inchaço, nem nada parecido.
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Ana Rita
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Ingrid Agora vamos conhecer o dia a dia dessas mamães que já passaram por uma ou duas gravidezes antes. Ingrid já tinha o Johnny, de poucos meses ainda, quando engravidou. Durante a gravidez ela quis manter a rotina, fazia as coisas no mesmo horário quase todos os dias da semana. Alguns dias ela acordava por volta das 6h30, outros às 9h30 para tomar café com Johnny e seu marido, Daniel, que saia às sete e pouco da manhã. Nos dias em que Daniel ia trabalhar mais tarde, eles acordavam juntos, iam até a cama de Johnny, o pegavam e o levavam para dormir com eles. E o Johnny? Ele abria o maior maior que tinha quando via que os dois tinham ido juntos buscar ele. Quando isso acontecia, Daniel ficava para o almoço e, enquanto ambos faziam a comida juntos, ele a ajudava com o Johnny. A família, então, almoçava junta, os três. Mas tinham dias que Daniel ia trabalhar logo cedo e Ingrid pegava Johnny, o colocava na cama com ela e ia dormir mais um pouco, até às 9h. Então eles levantavam, iam para a sogra dela e quando ela voltava para casa aproveitava para fazer alguns exercícios de agachamento. Quase todo dia ela fazia caminhada pelo bairro, colocava Johnny no carrinho e dava pelo menos duas voltas no quarteirão. Quando ela fazia a caminhada, não fazia o agachamento e vice-versa. No final da tarde, a futura mamãe normalmente brincava com Johnny, quando Daniel chegava do trabalho, por volta das 17h. Assim que ele chegava, levava o menino para tomar banho, porque ele chorava quando a Ingrid dava banho nele e sempre pedia o papai. Então ela esperava o marido chegar e enquanto eles estavam no banheiro ela preparava o jantar, ou então descansava.
Ingrid, Johnny e Benício
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Ingrid
Papais brincando com o seu primeiro filho
Tinha dias que a futura mamãe estava com muita dor, então seu marido limpava a casa e fazia o jantar. Quando foi chegando a 35 semanas de gestação, Ingrid começou a usar a uma bola para fazer exercícios. A gravidez de Ingrid foi toda cronometrada, tanto os dias da semana quanto os finais de semana. Ela fez isso para que não bagunçasse muito os horários do
seu primeiro filho, por isso tudo tinha horário. “Foi uma rotina pra não bagunçar a dele (Johnny)”. A Ingrid não trabalhou durante a gestação, ela parou de trabalhar quando ainda estava grávida do seu primeiro filho e resolveu dedicar-se aos dois bebês e não trabalhar até eles terem pelo menos cinco anos de idade.
Ainda não era a hora.
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Cecília Cecília terminou o doutorado e pediu uma bolsa para o pós-doutorado, que foi negada na primeira vez por ela ter repetido seu orientador. Cecília fez a troca de orientação, mas deixou para pedir a bolsa de pós-doutorado mais para frente, para que não coincidisse com a chegada da bebê. A rotina de Cecília não era exata todos os dias. De segunda e quinta-feira ela acordava às 5h40; de terça às 5h30; quarta às 6h e sexta às 4h30. E por que isso? Elvis, seu marido, é professor e saia para trabalhar cedo todos os dias e não tinha tempo para almoçar em casa, por isso Cecília fazia sua marmita de acordo com os horários do marido, todos os dias. Ela gostava que a comida fosse feita no dia e, quando terminava, voltava a dormir mais um pouco. De segunda e quarta eram os dias que levava Davi na natação. Na terça, Davi e ela iam para a casa dos pais da futura mamãe e de sexta eles passavam o dia todo lá também, porque Elvis só chegava bem tarde do trabalho. Alguns dias da semana Elvis estava presente para eles jantarem juntos, outros ela jantava sozinha, ou com o Davi, ou com sua cunhada. Mas quando ele estava presente perguntava como tinha sido seu dia e como estava a gravidez. Em alguns casos, ele passava a mão na barriga dela e conversava com a bebê, mas em outros não, pois Davi ficava enciumado e queria atenção
No começo da gestação
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Cecília
Aprendendo a contrair a musculatura
Cecília fez exercícios em uma universidade federal de São Carlos. Lá as estudantes fazem um programa chamado “Programa de preparo para o parto” e la Cecília realizava exercícios para a musculatura, para o períneo, fazia fortalecimento das pernas e também utilizava a bola de pilates. Ela ia duas ou três vezes por semana, com exercícios complementares que deveriam ser feitos em casa, mas toda vez que ela deitava com Davi para fazer, dormia. Além disso, a Cecília também fazia Pilates.
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Gabriela Gabriela, no começo da gravidez, trabalhava em uma loja de calçados no centro de São Carlos. Acordava cedo, pegava o ônibus, chegava às 8h30 no trabalho e só saia às 18h. Final de ano e as coisas apertaram, o que fez com que ela ficasse até às 22h abaixando e levantando o tempo todo. Foi nessa época que decidiu se afastar do trabalho. Ela foi ao INSS e pediu afastamento, pois teve uma inflamação no nervo da coluna. Ainda no começo da gestação, a futura mamãe só tinha enjoos, mas não vomitava. O que para ela era pior, porque a sensação era ainda mais desagradável. Ela não dormia bem à noite e sempre acordava no mesmo horário de madrugada, por causa dessas sensações. Quando estava completando quatro meses de gestação ela começou a se sentir mal no lugar onde morava. Toda vez que entrava no apartamento tinha vontade de sair, não gostava de lá, tinha um pressentimento ruim. Tiveram que mudar de apartamento. O marido sempre levava os dois filhos de Gabriela na escola quando eles ainda estudavam longe. Com a mudança de apartamento, eles passaram a ir sozinhos pois a escola é perto e ela não precisa se preocupar com isso. Ela levantava todo dia, fazia almoço e todos almoçavam juntos. O marido de Gabriela, Fernando, ajudou bastante na gestação. Ele
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O parto As mulheres, quando descobrem que estão grávidas, ficam imaginando como será a gravidez, como o bebê vai se chamar, se ela vai continuar trabalhando, qual médico vai ser escolhido e qual o tipo de parto que ela vai ter. As seis mamães escolheram ter um parto natural humanizado e você vai saber como foram os seis partos e tudo que passaram durante essa experiência. Todas tiveram a “hora do desisto”. Isso, a hora do desisto, mais conhecida como a fase final do parto, é o momento que o bebê já está a caminho ou então a hora que a futura mamãe se cansa e pede arrego. Nenhum parto foi igual ao outro, cada um teve sua essência, cada mãe teve uma dor diferente, uma sensação diferente e um parto diferente. E você irá saber agora...
Gabriela Gabriela deu entrada na maternidade às 18h30 com contrações normais. Logo que chegou e fez a internação, Gabriela pediu para fazer um exame de toque e foi constatado que estava com 3cm de dilatação apenas. Às 23h ela começou a sentir contrações mais fortes, que estavam ficando a ritmadas, de cinco em cinco minutos. As enfermeiras deram uma bola de pilates para ela e Gabriela começou os exercícios. Quando vinha uma contração ela parava e deitava seu rosto sobre seus braços na cama. Como ela estava no SUS, apenas
um acompanhante podia estar com ela. Meia-noite e vinte, as dores começaram a piorar. Fernando então a levou para o chuveiro, como ela havia pedido. Dizem que a água relaxa e que alivia as dores. Gabriela ficou por pelo menos uma hora debaixo do chuveiro, deixando com que as gotas caíssem sobre sua barriga. Após isso ela quis voltar para a bola de pilates. As contrações começaram a ficar mais ritmadas, de quatro em quatro minutos. Não aguentando mais as dores, Gabriela pediu um analgésico. Uma das enfermeiras veio e conversou com ela, perguntou se ela conseguia ficar mais um pouco sem o remédio e fez massagem. Passou um tempo e uma contração veio muito forte. Nesse momento Fernando, que estava bem do lado dela, fez uma piadinha e acabou levando um soco no braço. A contração passou e Gabriela pediu desculpas, disse que as dores estavam muito fortes. Às 2h, as contrações estavam de três em três minutos e ela pediu para a enfermeira fazer outro exame de toque, mas a profissional disse que isso só iria machucá-la e falou que a situação estava evoluindo. Foi após isso que Gabriela começou a sua “hora do desisto”. Ela começou a gemer um pouco mais alto do que o normal, disse que as contrações estavam muito doloridas e que em nenhum de seus outros dois partos tinha sofrido tanto. A enfermeira veio e a mamãe disse que estava desistindo, que era para ela ligar para o médico e pedir pra ele fazer uma cesárea. A enfermeira tentou acalmá-la dizendo que o bebê já estava chegando, mas Gabriela não ouviu nenhuma palavra que saia da boca da profissional, apenas dizia: “Chame o médico, eu quero fazer cesárea”.
34 Então a enfermeira colocou o analgésico e pediu para que ela esperasse, pois iria chamar o médico. Quando ele chegou disse que o bebê ia nascer em poucos minutos. Gabriela quis ficar na posição que estava, quis ter na sala pré-parto. A bolsa ainda não tinha estourado quando Gabriela sentiu uma contração forte,
fez força e dela saia Miguel. Ele foi direto para os braços de Gabriela. Esperaram o cordão umbilical parar de pulsar e Fernando o cortou. Levaram o bebê para pesar e o pai foi junto. Depois, o pequeno Miguel foi trazido de volta para os braços da mamãe, que o amamentou.
O papai e a mamãe admirando o Miguel
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ALINE Aline não sentiu nenhuma dor, nem contração. Ela estava na sua cidade quando falou para seu marido que queria ir até a maternidade naquele domingo, porque como estava de 40 semanas queria ver se estava tudo normal e se tinha começado a dilatar. Pediu para seu marido colocar no carro a mochila do bebê. Não achou que tinha dilatado nem nada, apenas por precaução. Pegaram o carro e foram, então, para a maternidade de São Carlos. Aline até pensou em ir ao médico, mas achou desnecessário e achou que ele não iria querer fazer o exame de toque sem ela ter dor nenhuma. Chegando na maternidade, Aline deu entrada e realizou o exame de toque. Adivinha? Ela já estava com 7cm de dilatação. Foi uma surpresa. Sua irmã foi para o hospital fazer companhia para ela e para o Erik.
Aline passou a maior parte do tempo na bola de pilates, rebolava, rebolava e nada. As horas foram passando, ela caminhava pela maternidade, ficava no celular, rebolava de novo na bola, mas nada. Pediu outro exame de toque, estava com 8cm. Foi quando o médico foi examiná-la e perguntou se queria que aplicassem a oxitocina, porque ela estava tendo dilatação, mas não tinha as contrações, que eram necessárias para o bebê nascer.
Aline concordou e as enfermeiras colocaram a indução. As dores começaram a vir fortes e as contrações ritmadas. Passou algumas horas e as contrações começaram a vir com menos intervalos. Ela foi para o chuveiro aliviar a dor, depois foi para a banheira. Aline começou a ficar cansada e adivinha o que aconteceu? É, a hora do desisto. Ela entrou na banheira e começou a falar que queria sair, que não aguentava mais, pedia ajuda, enquanto lágrimas escorreram dos olhos de sua irmã, que estava ao seu lado e não sabia que atitude tomar. E o bebê estava quase chegando. A futura mamãe
36 quis sair da banheira, porque não achava uma posição que lhe agradasse e não tinha forças lá. Sentou na banqueta e as enfermeiras ligaram para os médicos (pediatra e ginecologista). Os dois chegaram depressa, porque sabiam que o bebê já estava para nascer. Erik sentou atrás de Aline na banqueta para segurá-la. As contrações vinham fortes e nada da bol-
bolsa estourou e Lorenzo nasceu, às 20h25. E o mais engraçado de tudo: era aniversário de Erik e ele estava contando os segundos para que o filho nascesse no mesmo dia, o que aconteceu. A felicidade de Erik transbordou pelos olhos assim que Lorenzo nasceu e foi para o colo da mãe. E quansa estourar. Aline fazia força, queria desistir, pediu do o cordão parou de pulsar, Erik cortou com uma pra desistir quando sua irmã falou: “Eu estou vendo alegria que não cabia dentro dele. Depois que o bebê a cabeça dele Aline”. Ela se encorajou, fez o máximo foi pesado e limpo, ele foi entregue para a mamãe de força que podia naquele momento. Foi assim que a amamentar.
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O bebê foi entregue direto pra mamãe
ANA RITA No dia que estava completando quarenta semanas e três dias, Ana Rita não acordou bem, sintia-se mal. Ela estava muito irritada e com dor de cabeça. Na hora já pensou que o bebê podia nascer naquela semana, porque as contrações haviam mudado. Nesse dia Ana Rita deitou após o almoço e resolveu que ia trabalhar mesmo assim, porque não queria ficar em casa sem nada para fazer. Estava tudo tranquilo, mas quando o relógio se aproximou das 15h30 ela levantou para pegar um produto na loja e sentiu escorrer um líquido pela perna. Pensou que poderia ser a bolsa. Então correu para o banheiro e viu que havia escorrido bastante de um líquido claro, com cheiro característico. Sua bolsa de fato havia rompido. Ana ligou na hora para sua irmã, que é doula, e esta pediu para ela ter calma, pois o parto podia demorar pouco, mas também havia a possibilidade de o bebê nascer apenas no outro dia. Como a mãe de Ana é médica, a futura mamãe pediu que a nova vovó fizesse uma escuta no coração do bebê para ver se tudo estava correndo bem. Ana ligou para uma enfermeira obstetra e às 19h ela foi até sua casa. Após medir os batimentos, constataram que o coração do bebê estava muito acelerado,
em torno de 170 batimentos por segundo. A enfermeira pediu então que Ana esperasse duas horas para medir novamente, porque achou que era porque ela havia acabado de comer. Às 21h a enfermeira voltou e quando mediu os batimentos, ficou preocupada, pois eles estavam baixos, em torno de 100 por segundo. Ela aconselhou a futura mamãe a ir até a maternidade, pois não achava seguro ficar em casa. Ao chegar na maternidade, a enfermeira que trabalha na Santa Casa fez um cardeotoque e realmente os batimentos do bebê estavam diminuindo. Na hora ligaram para o médico de Ana, que chegou na maternidade em menos de cinco minutos, já começando a arrumar as coisas para a cesárea. A futura mamãe começou a ficar desesperada e tinha como único desejo que seu bebê nascesse bem. Passaram milhares de coisas na cabeça dessa mamãe e, na hora que o médico chegou, seu coração ficou mais calmo. Às 23h20 Francisco nasceu. Após mostra-lo para Ana, o médico levou o bebê para que o pediatra o examinasse melhor. Havia a preocupação com saúde de Francisco e quiseram avaliá-lo primeiro. Ele foi para a incubadora e só foi entregue para a mamãe quando ela estava na sala de recuperação. “Não teve aquela coisa de ‘veio pro peito, cortou
38 3 cm. Por volta das 21h, não foi Gracielli quem quis fazer o exame de toque e sim o seu esposo, mas ela acabou cedendo. Nesse tempo houve pouca evolução, sinal de que o bebê ainda não estava a caminho. As contrações continuaram fortes e às 23h nada tinha mudado. Gracielli, em algum momento, ouviu a doula conversar com a enfermeira que seu útero estava inchado e que ela estava tendo um sangramento. Após isso, e também sem forças, ela pediu arrego.
Foto: Janaina Rossi
o cordão quando parou de pulsar’, zero humanização”. O marido de Ana ainda estava em São Paulo quando tudo isso aconteceu, já que o nascimento de Francisco foi inesperado. Ele chegou no outro dia de manhã. O médico disse o problema no parto de Franscisco poderia ser consequência da diminuição do líquido da bolsa, que pode ter feito com que o cordão umbilical fosse pressionado contra a parede do útero, ou então o próprio bebê pode ter apertado o cordão com a mão. “Hoje eu dou graças a Deus de ter essa oportunidade de feito uma cesárea, eu não sei o que teria acontecido se eu estivesse esperado a noite inteira”.
Após a amamentação
GRACIELLI Por volta das 5h Gracielli começou a sentir algumas contrações mais fortes e ligou para a doula, que foi imediatamente para a casa dela. As contrações começaram a ficar ritmadas, a doula fez os exames e deduziu que a Gracielli já estava em um estágio avançado do parto então, duas horas depois, foram para a maternidade. Chegando lá, fizeram o cardeotoque e Gracielli já estava com os níveis de contrações altos, 95 de 100. Ela logo começou sua hora do desisto, disse que não iria conseguir, que as dores estavam muito fortes e que não iria aguentar. “Já estou chegando no meu limite, estou com medo de desmaiar”. A doula a incentivou e disse que ela estava quase para ganhar o bebê, então o coraçãozinho da mamãe se acalmou. Porém, quando fizeram o exame de toque, foi constatado que Gracielli estava com apenas 1cm de dilatação, o que a deixou em desespero, é claro. Voltaram para o apartamento da futura mamãe, a doula sempre fazendo massagens nela para que ela relaxasse um pouco. Gracielli sempre conversava com o bebê e seu marido não saía de perto dela em momento algum. Novamente foram para maternidade, já que Gracielli estava começando a dilatar. Às 16h30, estava com
Um alívio: a banheira
As enfermeiras ligaram para o médico e pediram para que Gracielli escolhesse o pediatra. Ela apontou uma lista de pediatras que concordavam com a humanização do parto, mas nenhum pôde atendê-la naquele momento. Dessa forma Gracielli foi para a cesárea, com o pediatra que estava de plantão na maternidade. A cesárea foi tranquila e normal. Repentinamento ouviu-se um choro, era Bento nascendo. O médico de Gracielli mostrou o bebê para ela, mas o pediatra surgiu, tomando pelas mãos Bento e o levando para longe. “Ele não ter ficado comigo foi a maior frustação, chorei depois”. O marido de Gracielli foi atrás do pediatra, onde ficou com Bento até realizarem todos os procedimentos. Depois disso o bebê foi levado para a mamãe ver,
39 mas ele nem chegou a ficar pertinho dela. A mamãe sem poder se mexer só suspirou: “Chegue mais perto”. Mas o pediatra já o tirou de perto dela novamente. Quando tudo passou, o médico de Gracielli pediu para que o marido entrasse na sala, porque o bebê ainda nem tinha visto a mamãe direito. As enfermeiras não queriam, deixar pois ela estava na sala de recuperação, mas o médico insistiu e lá foram eles ver como Gracielli estava. “Não teve esse primeiro contato, foi tudo muito esquisito”. Gracielli não conseguiu amamentar direito na primeira vez. No dia seguinte, ela teve febre e calafrios. Foi preciso chamar o médico. Depois de medicada, ela conseguiu amamentar Bento e essa foi sua felicidade.
CECÍLIA
dade às 7h40 para iniciar a indução com ocitocina. Às 10h as enfermeiras colocaram o soro com ocitocina. Cecília ficou bem emotiva porque não queria ter feito a indução, porém concordou com seu médico de que era necessário e de ela havia esperado tempo suficiente. Maria Eliza estava pronta para nascer. O intuito era de que a bebê nascesse naturalmente, assim como as outras futuras mamães gostariam, porém isso não aconteceu. Por volta das 14h30 as contrações começaram pelo efeito do soro e tornaram-se ritmadas, em alguns momentos vinham de 2 em 2 minutos, mas duravam pouco, cerca de 40s. Às 16h a futura mamãe pediu que fizessem o exame de toque e, quando a enfermeira acabou e disse como estava, o rosto da Cecília mudou de expressão. Ela estava com apenas 4cm ainda. Mas estava dilatando, ou seja, o soro estava sendo eficaz.
Diferente do Davi, seu primeiro filho, que nasceu com 40 semanas, na 41ª semana de gestação de Maria Eliza, Cecília tinha apenas 2cm de dilatação. O combinado com o seu ginecologista, numa segunda-feira (40s5d) foi que, se até o final daquela semana Maria Eliza não nascesse, então eles iriam induzir, considerando que quanto mais se aproxima das 42 semanas, maior o risco de o bebe ter complicações. Chegou sexta-feira (41s2d), nenhum avanço na dilatação e nada de Maria Eliza nascer. Sendo assim, o combinado foi colocado em prática: Cecília internou-se na materni-
Eles se abraçaram após uma contração
40 Cecilia estava chateada pela indução. Entao, às 18h, quando seu médico passou para vê-la, ela mostrou seu descontentamento. O médico lhe fez um toque e disse que estava com 6cm. Perguntou se ela gostaria de tirar o soro e ver como as coisas iriam seguir. Cecília, feliz, aceitou que o soro fosse retirado. As contrações foram diminuindo aos poucos. Cecília preferiu passar a noite na maternidade, mas dispensou a doula e pediu que seu marido fosse para casa um pouco. Às 21h as contrações voltaram. Eram fortes, mas vinham a cada 30 minutos. Amanheceu o dia e as contrações na mesma. O médico e a doula chegaram. Cecília queria saber como estava: “Sou uma pessoa da área de exatas, ou dilatou ou não dilatou”, disse. Exames foram feitos e havia 8cm de dilatação, tudo favorável. Embora as notícias fossem boas, Cecília achava que a bebê estava sofrendo e, nesse momento, quase desistiu e pediu a cesárea. Cecília resolveu esperar. Por volta das 16h, no entanto, ela entrou no momento do desisto novamente, disse que achava que não estava dilatando, que a bebê
estava “entalada” e que não estava aguentando mais. Nesse momento a doula teve papel fundamental. Fez um exame e disse que estava quase com dilatação completa. Pediu para Cecília conversar com a bebê, falar que já estava na hora, que a mamãe estava cansada, que já tinha dado o tempo dela na barriga, que o mundo era lindo do lado de fora.
Nessa conversa Elvis, seu marido, foi comprar suco de laranja. Dali uns minutos, durante a conversa entre mamãe e bebê veio outra contração e, de repente, sua bolsa estourou! Maria Eliza ouviu a mamãe! Assim que estourou a bolsa, a contração ficou tão intensa que Cecília sentiu a necessidade de segurar em algum lugar. O que estava mais próximo dela naquele instante? O bumbum da sua doula!!! Cecília nem pensou, deu um agarrão tão forte no bumbum da doula e gritava que não conseguia soltar. Nesse instante, Elvis voltou para o quarto, viu a cena, ficou assustado e caiu na gargalhada. O trabalho de parto tinha oficialmente começado. A doula perguntou várias vezes se Cecília queria ir para a banheira e ela dizia que não, porque não estava escutando nada do que ninguém falava. Somente quando a doula perguntou pela terceira vez que Cecilia ouviu e foi para a banheira. A futura mamãe correu, deu um pulo na banheira e ficou de costas para todos. Tinha achado sua posição ideal e confortável. As enfermeiras tentaram colocar um espelho, porém ele caiu no fundo da banheira. Então tiveram a ideia de Elvis entrar na banheira para ajudar e recepcionar sua filha. Ele pulou na banheira e tentou fazer com que sua esposa virasse um pouco, de modo que as enfermeiras pudessem ajudar. Deu certo. Passados alguns minutos, a enfermeira conseguiu alcançar a cabeça da bebê. Quando Maria Eliza começou a sair, os dois, Elvis e Cecília, colocaram a mão para sentir sua filha. Quando saiu o corpo de Maria Eliza, a enfermeira a pegou bem rápido e a entregou para a mamãe. O papai Elvis ficou aliviado pelo auxilio da enfermeira, pois não tinha certeza de que ia conseguir recepcionar sua filha. Após Elvis cortar o cordão, depois de parar de pulsar, a futura mamãe foi amamentar.
O beijo do Davi em sua irmãzinha
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INGRID
o trabalho de parto. Com 37 semanas e 5 dias as contrações O trabalho de parto de Ingrid foi um pouco mais começaram a ritmar e Ingrid ficou com receio de ficar demorado do que o das outras mamães. Ele começou em casa às 23h. Então pediu para que uma enfermeira com 37 semanas, na fase chamada pródromos, quan- obstetra viesse em sua casa e ver sua dilatação, que era do acontecem as contrações mas ainda não há de fato de apenas 2 cm.
“Eu fiquei parada na parede e segurei firme para sentir a contração. Por isso fechei os olhos”.
Alguns dias depois ela voltou à maternidade para ver o quanto estava dilatada, mas também não era hora. “Na minha mente ia demorar muito”. Com 38 e 3 dias o tampão saiu e continuaram as contrações. Foi em uma quinta-feira que as contrações começaram a ficar mais doloridas. Para se distrair, Ingrid foi ao supermercado com as irmãs. A cada contração ela parava, respirava e segurava no carrinho até que passasse.
Quando chegou do mercado, Ingrid quis ir para casa, porque não estava bem. Quando chegou em casa, Daniel, seu marido, fez Johnny, seu filho mais novo, dormir. Ingrid fez alguns exercícios na bola e decidiu deitar. Ao se deitar sentiu que algo diferente estava acontecendo, um líquido começou a escorrer sobre suas pernas: era a bolsa. Ela imediatamente mandou mensagem para doula avisando que a bolsa tinha estourado, e esta pe-
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Papai contando a contração no celular
diu para ir na maternidade para ver como estava. Ao chegar na maternidade fez o exame de toque e constatou que Ingrid estava com 3cm. O relógio batia doze vezes. Um médico veio atendê-la. Fez o exame para verificar se a bolsa tinha estourado, mas a bolsa ainda estava lá. Ele dispensou Ingrid para voltar para casa, mas quando ela levantou para ir ao banheiro, a bolsa terminou de estourar. Uma hora da manhã, a doula chegou trazendo um óleo e fazendo massagens para a futura mamãe relaxar. Ingrid quis ir para o chuveiro e passou pelo menos uma hora e meia embaixo d’água, mas nada aliviava as contrações. Quando a doula saiu do banheiro, ela se tocou e sentiu a cabeça do bebê. Decidiu que iria sair do banheiro, sentou mais um pouco na bola e depois deitou na cama de lado. Às 3h ainda permanecia deitada, quando abriu a perna e sentiu a cabeça. O neném estava nascendo e Daniel foi chamar as enfermeiras correndo. Ela pediu para o marido mudar de posição, mas queria continuar em cima da cama. Ficou de joelhos e abraçou Daniel. Na segunda vez que fez força, Benício nasceu. A enfermeira passou ele por debaixo das pernas e entregou o bebê para a mamãe. Ela e Daniel conversaram com o bebê e depois disso Daniel cortou o cordão. Como ela havia tido hemorragia no primeiro parto, as enfermeiras deram oxitocina nas coxas para ela não ter novamente, por precaução. Depois que Benício voltou dos procedimentos pós-patro, ela o amamentou.
Uma contração
A água, o alivio e a contração
Silvia Felicio Tozo, desde o começo, esperava pelo parto natural humanizado, porém a pressão dela não colaborou com isso. O médico deu duas opções: ou a indução ou a cesárea. E Lavínia nasceu de cesárea. Nara Regina passou por uma situação diferente
a emoção foi tanta ao ver a Lavínia que até escorreu uma lágrima da mamãe
de todas: estava com 42 semanas completas e esperava pelo parto natural humanizado, mas precisou induzir e mesmo assim não tinha contrações e nem dilatação necessária. Ficou o dia todo com a oxitocina e mesmo assim nada aconteceu. João Felipe, então, nasceu de cesárea. Já Thaís já era mamãe de segunda viagem e, mes-
O primeiro encontro entre pai e filho
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A primeira amamentação é só felicidade
mo a bolsa tendo estourado, teve que ir para a cesárea. Ela não tinha dilatação nem contrações e como seu filho tem apenas três anos, a primeira opção era essa. Assim, Caio nasceu de cesariana.
O primeiro choro do Caio
Questões do parto Retomando tudo: as seis mamães escolheram ter um parto natural humanizado, porém isso não aconteceu em todos os casos. Aline não se preparou em sua gestação, não frequentou nenhum tipo de grupo para se informar mais sobre os partos naturais, nem nada parecido. Apenas decidiu que iria tentar o parto natural humanizado, escolheu um médico residente que proporcionou um entendimento melhor sobre o assunto, esclarecendo dúvidas sobre como era o parto e o que poderia acontecer. Aline, como todas as outras mamães, passou pela hora do desisto, mas conseguiu aguentar as dores fortíssimas e teve seu bebê de forma natural. Já Gracielli era professora de yoga, fazia alguns exercícios e tinha o acompanhamento da doula. Ela frequentou alguns grupos de parto, o que ajudou no esclarecimento de algumas dúvidas, assim como seu médico, o mesmo da Aline, que ajudou nessa escolha. Gracielli ficou em trabalho de parto por muito tempo com dores fortíssimas e pouca dilatação. A desistência de Gracielli foi necessária, pois seu trabalho de parto durou quase o dia todo e ela já não tinha mais forças para aguentar. Por isso seu bebê nasceu de cesariana. Ana Rita tinha acesso mais fácil a informações
sobre o parto natural humanizado, por causa da irmã que é doula. Ela frequentou o grupo de apoio ao parto natural durante toda a gestação, fez yoga, porém não praticou nenhum outro exercício. Tudo estava correndo bem durante a gestação, mas quando a bolsa estourou, algo de errado aconteceu, que os médicos não souberam explicar ao certo, mas os batimentos do coração do bebê começaram a diminuir e, por isso, foi necessário o procedimento cirúrgico, deixando a mamãe sem opções. Ingrid teve seu primeiro filho de parto natural humanizado e na sua segunda gestação não fez nenhum tipo de exercício físico, apenas caminhava alguns dias na semana e fazia agachamentos em sua casa. Ela entrou em trabalho de parto muito cedo e teve contrações fortíssimas, mas aguentou firme e conseguiu ter seu bebê de parto natural. Cecília também teve seu primeiro filho de parto natural e se esforçou bastante para ter o segundo do mesmo modo. Ela fez exercícios físicos em um programa da universidade e também pilates. Sua bebê nasceu de parto natural após 24 horas de trabalho de parto. Gabriela foi diferente das demais, por que? Ela
44 foi a única que não sabia o que era um parto natural humanizado. Teve seus dois primeiros filhos de partos naturais, que possivelmente foram humanizados, porém ela não sabia disso. Seu terceiro filho veio após cerca de 6 horas de trabalho de parto e também nasceu via natural. O que elas têm em comum? Elas tentaram o parto natural humanizado. A questão é: até que ponto vai a humanização? A humanização do parto diz respeito à escolha da mulher, que ela não sofra violência obstétrica, que ela não saia traumatizada do parto e não queira nunca mais ter filho. Diz respeito a presença de uma acompanhante e que os procedimentos médicos desnecessários não sejam realizados. No caso da Gracielli, ela teve a opção de continuar em trabalho de parto mais algumas horas, porém era um risco já que estava fraca, com muitas dores e cansada. Já Ana Rita não teve opções, no caso dela foi necessário que aquele procedimento fosse realizado naquele momento.
Você pode se perguntar por que algumas mamães se preparam tanto e não conseguem e por que algumas não se preparam e atingem esse objetivo. Se existem dicas para ter um parto natural, se a escolha do médico influencia, se manter-se informada ou então fazer exercícios durante a gestação possa te proporcionar um parto natural. Tudo isso não importa, cada mamãe é diferente da outra, a rotina delas foram diferentes, fazer ou não fazer exercícios, parar ou não de trabalhar. Cada uma viveu sua gestação de um jeito, fez o que pôde e também o que não pôde para conseguir o parto natural. E, no final disso, todos os bebês nasceram saudáveis. Não é porque você não teve seu bebê de via natural, normal ou então não pôde amamentar, que você não é mãe. Mãe é aquela cuida, mãe é aquela que está presente, mãe ás vezes não é nem a pessoa que te deu à luz, mas aquela que faria o impossível para você viver e ser feliz.
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Anexo: A OMS4 relaciona as condutas que são claramente úteis e que deveriam ser encorajadas: - Plano individual determinando onde e por quem o parto será realizado, feito em conjunto com a mulher durante a gestação, e comunicado a seu marido/ companheiro e, se aplicável, a sua família. - Avaliar os fatores de risco da gravidez durante o cuidado pré-natal, reavaliado a cada contato com o sistema de saúde e no momento do primeiro contato com o prestador de serviços durante o trabalho de parto e parto. - Monitorar o bem-estar físico e emocional da mulher ao longo do trabalho de parto e parto, assim como ao término do processo do nascimento. - Oferecer líquidos por via oral durante o trabalho de parto e parto. - Respeitar a escolha da mãe sobre o local do parto, após ter recebido informações. - Fornecimento de assistência obstétrica no nível mais periférico onde o parto for viável e seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante. - Respeito ao direito da mulher à privacidade no local do parto. - Apoio empático pelos prestadores de serviço durante o trabalho de parto e parto. - Respeitar a escolha da mulher quanto ao acompanhante durante o trabalho de parto e parto. - Oferecer às mulheres todas as informações e explicações que desejarem. - Não utilizar métodos invasivos nem métodos farmacológicos para alívio da dor durante o trabalho de parto e parto e sim métodos como massagem e técnicas de relaxamento. - Fazer monitorização fetal com ausculta intermitente. - Usar materiais descartáveis ou realizar desinfecção apropriada de materiais reutilizáveis ao longo do trabalho de parto e parto. - Usar luvas no exame vaginal, durante o nascimento do bebê e na dequitação (expulsão) da placenta. - Liberdade de posição e movimento durante o trabalho do parto. - Estímulo a posições não supinas (deitadas) durante o trabalho de parto e parto. - Monitorar cuidadosamente o progresso do trabalho do parto, por exemplo pelo uso do partograma da OMS. - Utilizar ocitocina (hormônio que provoca as contrações do útero) profilática na terceira fase do trabalho de parto em mulheres com um risco de hem-
orragia pós-parto, ou que correm perigo em consequência de uma pequena perda de sangue. - Esterilizar adequadamente o corte do cordão. - Prevenir hipotermia (baixa temperatura) do bebê. - Realizar precocemente contato pele a pele, entre mãe e filho, dando apoio ao início da amamentação na primeira hora do pós-parto, conforme diretrizes da OMS sobre o aleitamento materno. - Examinar rotineiramente a placenta e as membranas. Condutas claramente prejudiciais ou ineficazes e que deveriam ser eliminadas - Uso rotineiro de enema (lavagem intestinal). - Uso rotineiro de raspagem dos pelos púbicos. - Infusão intravenosa rotineira em trabalho de parto. - Inserção profilática rotineira de cânula intravenosa. - Uso rotineiro da posição supina (deitada) durante o trabalho de parto. - Exame retal. - Uso de pelvimetria radiográfica (radiografia da pelve). - Administração de ocitócicos (ocitocina ou derivados) a qualquer hora antes do parto de tal modo que o efeito delas não possa ser controlado. - Uso rotineiro da posição de litotomia (posição ginecológica, deitada com as pernas elevadas por apoios) com ou sem estribos durante o trabalho de parto e parto. - Esforços de puxo prolongados e dirigidos (manobra de Valsalva) durante o período expulsivo. - Massagens ou distensão do períneo durante o parto. - Uso de tabletes orais de ergometrina (medicamento que provoca a contração do útero) na dequitação para prevenir ou controlar hemorragias. - Uso rotineiro de ergometrina parenteral na dequitação (expulsão da placenta). - Lavagem rotineira do útero depois do parto. - Revisão rotineira (exploração manual) do útero depois do parto. Condutas frequentemente utilizadas de forma inapropriadas - Método não farmacológico de alívio da dor durante o trabalho de parto, como ervas, imersão em água e estimulação nervosa. - Uso rotineiro de amniotomia precoce (romper a bolsa d’água) durante o início do trabalho de parto. - Pressão no fundo uterino durante o trabalho de parto e parto.
46 - Manobras relacionadas à proteção ao períneo e ao manejo do polo cefálico no momento do parto. - Manipulação ativa do feto no momento de nascimento. - Utilização de ocitocina rotineira, tração controlada do cordão ou combinação de ambas durante a dequitação. - Clampeamento (uso de grampo para interromper o fluxo sanguíneo) precoce do cordão umbilical. - Estimulação do mamilo para aumentar contrações uterinas durante a dequitação. Condutas frequentemente utilizadas de modo inadequado - Restrição de comida e líquidos durante o trabalho de parto. - Controle da dor por agentes sistêmicos. - Controle da dor através de analgesia (anestesia) peridural. - Monitoramento eletrônico fetal - Utilização de máscaras e aventais estéreis du-
rante o atendimento ao parto. - Exames vaginais frequentes e repetidos especialmente por mais de um prestador de serviços. - Correção da dinâmica com a utilização de ocitocina. - Transferência rotineira da parturiente para outra sala no início do segundo estágio do trabalho de parto. - Cateterização (introdução de sonda) da bexiga. - Estímulo para o puxo quando se diagnostica dilatação cervical completa ou quase completa, antes que a própria mulher sinta o puxo involuntário. - Adesão rígida a uma duração estipulada do segundo estágio do trabalho de parto, como por exemplo uma hora, se as condições maternas e do feto forem boas e se houver progresso do trabalho de parto. - Parto operatório (cesariana). - Uso liberal ou rotineiro de episiotomia (corte na região vaginal). - Exploração manual do útero depois do parto.
Referência bibliográfica: Instrumento cirúrgico usado para retirar o bebê do útero em casos excepcionais. OMS: Disponível em:<http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2015/07/novas-regraspara-reduzircesareas-nos-planosde-saude-entram-em-vigor.html> Acesso em: 14 de agosto de 201 3 Lei retirada: http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/2015/lei-15759-25.03.2015.html 4 Segundo a EBC: Disponível em: < http://www.ebc.com.br/infantil/para-pais/2014/09/voceconhece-as-recomendacoes-da-oms-para-o-parto-normal#.VCrVPVPU5zY.facebook> 1 2
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Não há dúvidas de que o nascimento de uma criança é um dos momentos (ou melhor, muitos diriam) mais emocionantes de uma pessoa. O nascimento de uma criança envolve muito mais que ver aquele rostinho pela primeira vez. Tem mais: o desejo do casal em ter um filho ou filha, os preparativos, o parto. Isso, o parto. Nossas mães contam que nossas avós tiveram os filhos em casa. É claro que de lá pra cá, muita coisa mudou. Outras não. Parece que voltar a ter o parto em casa passou a fazer parte do desejo de muitas mulheres. “Decidir” como deve ser o parto, também entrou na lista de “exigências” de muitas delas. Estamos falando do parto humanizado, um termo que vem ganhando força e adeptos a cada dia. Este livro mergulhou no universo das mães e contou a história de personagens que desejaram o parto humanizado. São lindas histórias recheadas com fotos envolventes que falam por si só. Se você é mamãe, sugiro mergulhar nesta leitura e nestas imagens. O convite está aberto a todos e temos certeza que você, mamãe ou não, vai se emocionar!