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EDGAR MARTINS JOANA SEIXAS NAOKI URASAWA CENTROS CRIATIVOS XANGAI REVISTA GRATUITA DE MODA E CULTURA URBANA. PARQ. NÚMERO 12. MAIO 2009. www.parqmag.com
Director Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com
editora Carla Isidoro carla@parqmag.com
Direcção de arte Valdemar Lamego valdemar@parqmag.com
Trendscout Mário Nascimento mario@parqmag.com
tradução Roger Winstanley roger@parqmag.com
publicidade Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com Cláudia Santos claudia@parqmag.com
PARQ Número 12 Maio 2009
PARQ. NÚMERO 12. MAIO 2009. REVISTA GRATUITA DE MODA E CULTURA URBANA.
periocidade
textos
Mensal
alexandra sumares bruno pires Carla Carbone Cláudia Matos Silva gustavo welcker mami pereira miguel joão ferreira miss jones paula melâneo ray monde Roger Winstanley Rui Miguel Abreu silvana ivaldi Sofia Saunders vasco vieira da silva
Depósito legal 272758/08 Registo ERC 125392
Edição 12
EDGAR MARTINS JOANA SEIXAS NAOKI URASAWA CENTROS CRIATIVOS XANGAI
Conforto Moderno Uni, Lda. número de contribuinte: 508 399 289
REVISTA GRATUITA DE MODA E CULTURA URBANA. PARQ. NÚMERO 12. MAIO 2009. www.parqmag.com
PARQ Rua Quirino da Fonseca, 25 – 2ºesq. 1000-251 Lisboa 00351.218 473 379
Impressão BeProfit / SOGAPAL Rua Mário Castelhano · Queluz de Baixo 2730-120 Barcarena 20.000 exemplares
fotos
Conforto Moderno Uni, Lda.
isabel pinto pedro janeiro pedro matos pedro pacheco sara gomes
A reprodução de todo o material é expressamente proibida sem a permissão da Parq.Todos os direitos reservados. Copyright © 2008 Parq.
styling
distribuição
Assinatura anual 15€. www.parqmag.com
carla cardoso Conforto Moderno dora dias gabriela santos
capa Joana Seixas fotografada por Pedro Pacheco www.pedro-pacheco.com styling: carla cardoso hair: Mimi mira com produtos Kiehl's make-up: Sónia pessoa com produtos Giorgio armani Joana Seixas veste écharpe com bolas e vestido de Fernanda Pereira Agradecimentos ao Jardim Botânico do Museu de História Natural.
ilustração carlos quitério vanessa teodoro
Real People
Moda
Manuel sá pessoa
she could be mine
06
por Carla Isidoro
08
Julius Wiedemann por Francisco Vaz Fernandes
10
Inês Pais
por Gustava Welcker
12
Martim Avillez Figueiredo
38
por Carla Isidoro
viewpoint
gil heitor cortesão
14
You must shopping You must news soundstation 32
editorial
65
Big Splash por Pedro MAtos
parq here 73
Grande Real Stª Eulália Hotel & Resort viagem
18
O Paraíso lá Longe
58
por Sara Gomes
the legendary tigerman
Na entrevista com Edgar Martins sublinhamos a observação que em Portugal apoiam-se os jovens muito mais tarde. Pelo menos mais tarde do que em Inglaterra, concluindo que esse facto reflecte a idade em que são dadas as oportunidades a um indivíduo adulto. Isso fez-me pensar numa certa ideia de insularidade que se vive em Portugal porque tudo o que caracterizou a sociedade de lazer na verdade nunca foi vivido na totalidade a não ser pela observação do aparecimento do turismo. Os jovens portugueses em geral tiveram menos oportunidades de sair e de verificarem as paridades culturais que nos unem aos outros europeus. A sociedade da abundância, mesmo no período socialista de Guterres, apesar de nos ter levado à euforia consumista não chegou para apagar a ideia de que o paraíso estava do outro lado. Mas mesmo assim, visto desde Maio de 2009, parece que era um verdadeiro paraíso, especialmente para os jovens de hoje que sentem insegurança no emprego. Nunca tinha havido tanto dinheiro para apoiar uma cultura emergente. Por isso fica a questão no ar: quem terá comido a maçã que nos levou todos a ser irremediavelmente expulsos? Difícil é apagar da memória os bons tempos, ou seja, o sabor da maçã. Cedo estaremos todos à procura de um novo paraíso que continua lá fora. Tal como já era antes, a fuga dos nossos melhores talentos deixa-nos ainda mais pobres. Talvez com mais auto-estradas, aeroportos e TGV, mas sempre iguais.
por Carla Isidoro
34
Old Jerusalem
por Miguel João Ferreira
36
Legends of benin
74
be yourself + Hora española places
75
kusmi tea detox + vinha da defesa + absolut vanilia alexander gourmet
76
strawberry fields party party
english version 78
Edgar martins
by Francisco Vaz Fernandes (english version by Roger Winstanley)
80
london fashion week
by Peter Breen (english version by Roger Winstanley)
por Rui Miguel Abreu
38
Viewpoint Gil Heitor Cortesão por Francisco Vaz Fernandes
central parq 42
edgar martins
por Francisco Vaz Fernandes
46
Joana Seixas por Carla Isidoro
50
jorge colombo por Carla Isidoro
52
Naoki Urasawa por Mário Freitas
por Francisco Vaz Fernandes
54
london fashion week por Peter Breen
56
Centros criativos de xangai por Paula Melâneo
4
82
dia positivo o verdadeiro artista Crónica de Cláudia Matos Silva ilustrado por Vanessa Teodoro
REal PEople
manuel sá pessoa texto: carla isidoro
é um actor português que gosta de se pôr à prova. Divide‑se entre televisão, teatro, cinema e publicidade, tira aulas de movimento e faz surf. Lá para trás ficou o curso de arquitectura, estatuto profissional que preferiu não aceitar. Vê a vida de frente e gosta de ser livre.
Fazes parte de uma nova geração de actores que vingam no teatro , cinema e Tv. Que mais-valias traz o sangue novo ao acting nacional? Traz sempre mais-valias em qualquer área, nas artes e não só. A única questão é o que é que os motiva! Todos cujos motivos são generosos, só podem dar bons frutos. Esta geração tem mais capacidades de resposta porque tem mais ferramentas ao seu alcance. Odeio rótulos, um bom actor faz tudo, teatro, dança, performance, televisão, cinema. E será bom aqui e em qualquer lugar no mundo. O que falta é política cultural, mais produção e descentralização. Estás prestes a entrar em palco no Teatro de Carnide. Vende o teu peixe. Porque é que devemos ir ver-te? Quem for ver «Falar Verdade a Mentir» de Almeida Garrett, não me vai ver só a mim, mas a um grupo de actores que trabalharam um texto deste dramaturgo romântico e grande impulsionador do teatro em Portugal. É dirigida por um jovem encenador, Ricardo Gageiro. É para todo o tipo de público, uma comédia romântica que faz parte do manual escolar dos alunos do 8ºano. Fica de 7 de Maio a 4 de Julho.
Tiveste aulas no Lee Strasberg Theatre Institute , em Nova Iorque. Não quiseste ficar por lá? Quem chega a Nova York com 20 anos não quer sair de lá. Especialmente se procura estudar representação. O ensino americano é de facto motivador, gera-se a favor e não contra o aluno. Estava no 3º ano de arquitectura onde os egos se comiam uns aos outros e o clássico "não vales nada até que me proves o contrário” era a máxima predilecta. Tinha encontrado o meu sítio, o meu lugar, mas tudo tem um preço. Tive que voltar. Também te vemos em spots publicitários. O ecrã apela-te mais que o palco? O palco é o lugar por excelência do actor. A tela e o ecrã são uma espécie de olho do espectador, é como se o mesmo palco mudasse de lugar, mas aqui o actor sabe onde é que esse "olho" está focado. No palco direcciona-se o olhar do espectador, na câmera faz-se zoom. Comecei a fazer publicidade desde os 9 anos e fiz bastantes. Como havia poucas crianças, e sabiam que comigo funcionava, chamavam-me directamente. Há ainda quem se lembre de mim dessa altura. Do que é que mais gostas em Lisboa? Luz, rio, colinas, lisboetas, mar, família, Alfama, peixe, Bairro-Alto, amoladores e Chiado.
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REal PEople
Julius Wiedemann texto: francisco vaz fernandes
www.taschen.com
Com um trajecto internacional singular que começou no Japão, Julius Wiedemann, um brasileiro do Rio, dirige hoje a área de novas novas tecnologias e design gráfico da editora Taschen. Com a saída do segundo volume de «Logo Design» aproveitámos para nos queixar da ausência de criadores portugueses nas edições da casa alemã.
Acabam de editar o segundo volume de «Logo Design». Durante os dois anos que a separam do primeiro , o que pensa ter mudado na cultura gráfica? A cultura gráfica ficou muito mais flexível, interagindo com muitos medium. O que tem acontecido também é que os designers de hoje estão a vender os seus próprios produtos, desde t-shirts a posters. Acredito também que a tecnologia digital está a libertando o poder criativo, ao contrário dos anos 90 que ainda oferecia muitas limitações. O logótipo continua a ser a imagem de uma empresa. Facto incontornável que nem as grandes mudanças alteram. Concorda? Acredito que sim. As empresas têm de ter um rosto. Mas não podemos confundir que aquilo que constrói o “logo” é o trabalho e os valores da empresa. Um “logo” não trabalha sozinho, nunca! As edições da Taschen têm uma vocação de compêndio que pressupõe um conhecimento generalizado do que está acontecer em áreas específicas. Como gere todo o conhecimento e quanto tempo tem para editar um livro com estas características? O tempo ideal para se editar um livro são 18 meses, mas pode aumentar consoante a complexidade do tema. Mantemos um diálogo constante com mais de 600 escritórios de design do mundo inteiro e isso permite uma visão apropriada do que se passa. Não basta olhar na internet e achar que entendemos do assunto. Temos de conversar com as pessoas, com os designers, com as empresas. Existe muito conteúdo por aí, mas a nossa preocupação principal é a relevância dessa informação.
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Os criativos portugueses têm sido arredados das colecções da Taschen , nomeadamente nas áreas que você dirige. Tem sido por falta de dinamismo dos nossos criativos , ou simplesmente dificuldade de captar informação de um país periférico? Estou sempre olhando para todos os lados. Agora mesmo estou colaborando muito com a designer Benedita Feijó, do Porto. Tem um trabalho maravilhoso, tanto ao nível do design como da ilustração. O que sempre acontece comigo também é que tenho de fazer um balanço entre o mundo inteiro. Mas estou sempre pronto para ver portfolios e adoraria ver mais. Acho que no final todos temos muita correria na vida e não acho que seja culpa de ninguém. Começou como designer gráfico no Brasil e depois no Japão. É uma prática que ainda revive enquanto criativo ou decidiu dedicar-se completamente à área teórica? Como diria um amigo meu, ainda tento manter a minha operacionalidade... mas quase não faço mais design. Só controlo. Tenho um assistente incrível, o Daniel Bretãs, que é o homem que cuida disso para mim. Tenho feito muitas palestras que hoje entram numa área mais teórica. Meu interesse em estudos está na fusão de tecnologia, cultura e comunicação. Para além do design e das áreas digitais , que outras paixões cultiva? Leio muito sobre tecnologia e os efeitos dela no nosso estilo de vida. Amo jogar ténis e estou sempre inventando algo novo para ocupar ainda mais o meu tempo. Reside há muitos anos fora do Brasil. Como tem sido , enquanto carioca , viver em Cambridge , Inglaterra? Eu adoro me mudar, é um facto. Já mudei de casa 20 vezes na minha vida. Mas com filhos acalmamos um pouco. No momento viajo muito, o que é sempre saudável para a qualidade do trabalho. Traz muitas referências. Hoje me sinto em casa onde quer que eu esteja, de verdade mesmo.
REal PEople
inês pais
texto: gustavo welcker fotografia: inês pais
www.myspace.com/ines_pais
Os teus novos trabalhos têm como tema a Pintura de Pele. A que é que te referes? Refiro-me a todas as formas intencionais de agir sobre a pele, através do corte, do decalque, da esfoliação, da hidratação, do depósito de pigmentos sobre a pele ou de cinzas no interior da pele… Tudo o que envolve intenção e acção sobre a pele. Quando penso em pintura de pele lembro-me sempre da Demi Moore nua e pintada , na capa da Vanity Fair. (risos) A pintura de pele é uma prática milenar, ancestral, tão antiga quanto o Homem. Por que recorres a materiais milenares mas também a tecnologias do século XXI? O objectivo é dar continuidade à tradição milenar da pintura corporal, nos nossos dias, na nossa sociedade ocidental, através de uma reflexão que tem por base o universo da arte contemporânea e a minha visão pessoal. Vês esse trabalho inserido num regresso ao natural, orgânico , verdadeiro , feito à mão , irrepetível, original? Tudo o que nos projecta numa existência mais serena, harmoniosa e plena é considerado valioso na sociedade actual. É uma resposta espontânea à incapacidade de suportar o estilo de vida contemporâneo em cidades hipertecnológicas, lotadas, cinzentas, cerebrais, tóxicas, alienantes, químicas e cancerígenas.
O enfoque numa sociedade cosmopolita parece ter ficado para trás. Verdade? Não me parece que este trabalho seja menos cosmopolita que o anterior, mas concordo que marca uma mudança. Já passou uma década desde a minha primeira exposição da The IP Foundation na Culturgest. Hoje vivemos uma realidade artística completamente diferente. A The IP Foundation era um trabalho mais dos anos 90, muito ligado à minha experiência de vida na Alemanha. Quando vivi em Nova Iorque ele foi completamente incompreendido. Já este novo trabalho considero-o muito “americano”… é after New York, como costumo dizer. É mais apurado, mais rigoroso e aparentemente mais simples. E toca em aspectos que os nova iorquinos adoram, como o corpo, a pintura, a performance, o Eu. Por que escolheste usar o teu rosto? Há uma familiaridade que tenho com o meu rosto que transparece na forma como o retrato e que faz como que não tenha de perder tempo com esse processo.
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Quem conhece os trabalhos de Inês Pais que questionavam e se imiscuíam nas estruturas da sociedade de consumo, ficará surpreso com as novas propostas. Algo mais primordial, como a Pintura de Pele. Talvez seja um prenúncio da falência da nossa sociedade. Aqui fica a antevisão da exposição na Sala do Veado do Museu de História Natural em Junho.
REal PEople
Martim Avillez Figueiredo texto: carla isidoro
www.inuminstantetudomuda.com
O país está enfiado numa crise, o desemprego aumenta, a juventude emigra mas a vida não pára. O jornal «i» vai ser lançado este mês e prova que durante as tempestades há quem semeie a bonança. O director deste novo diário explica-nos que trunfos tem na mão para lidar com o desafio. Martim , é inevitável perguntarmos isto: vai abrir um jornal diário num país que está enterrado numa crise económica e psicológica. Como e porquê? As crises são momentos extraordinários para lançar projectos que não repitam os erros que outros cometeram. Um dos erros é gastar mais dinheiro do que aquele que é realmente necessário. No i nascemos com uma estrutura de custos enxuta e preparada para a crise financeira que abala as economias mundiais. Não gastámos (nem gastamos) mais dinheiro do que aquele que deve ser gasto —e gastar bem, hoje, é um dos critérios de sucesso no negócio dos media. Se somarmos este facto a alguma sensação de que as coisas não estão bem psicologicamente, então uma nova marca de informação pode ser o gatilho que ajudará as pessoas a entender melhor o que se passa. E quem sabe o que se passa, percebe melhor. E quem percebe melhor, decide melhor. E quem decide melhor, quem faz mais, chega longe. Seremos parceiros dos portugueses na crise e seremos a mão que os ajudará a sair dela. O panorama do jornalismo em Portugal, e a sua qualidade , já tiveram mais motivos para receber elogios. Como é que o jornal se vai defender contra isto? Fazendo jornalismo de grande qualidade e rigor. Estas são quase palavras banais no mundo dos jornais, mas será exactamente aí que o i se distinguirá da concorrência: fará mais com menos. E mais não será quantidade, será qualidade. Não existirão notícias a mais. Apenas as que merecem o cuidado e a atenção da nossa excelente equipa de 74 jornalistas. Guiaremos os leitores através de informação relevante, descodificando-a, tornando-a clara. Essa é uma enorme diferença.
Porquê em papel? A tendência é passar os media para formato digital. O i terá uma versão em papel e uma poderosa versão online. Isto dito, que fique claro: os formatos digitais não são, ainda, sustentáveis do ponto de vista financeiro. Não há receitas que paguem salários de equipas que produzam informação de qualidade online. A diferença é a de um abismo: quem compra espaço no papel ainda gasta 40 vezes mais (a escala é esta) do quem compra espaço online. Há toda uma nova geração que prefere inteirar-se das notícias através da web e procura media internacionais com abordagens mais frescas e completas. Vai cativá-los? Eles são o seu público? É para eles que fazemos uma versão online que respeita todas as tendências actuais do mundo digital, onde as transformações são também enormes. São muito reveladores os números que saem do estudo da consultora ATKearney: em 2002, 46% de pessoas apontavam a leitura de notícias como a razão principal que as levava a entrar online. Hoje, esse número caiu para 16%. A razão que (agora) 52% de pessoas apontam como motivo para estar online são as redes sociais. Considerando o seu background profissional, é um optimista ou um pragmático? Sou um optimista, como optimistas são a generalidade dos portugueses. Nem podia ser de outra forma: Portugal está há tantos anos a divergir economicamente do resto da Europa, conforma-se há tantos anos com políticos de fraca qualidade, que só um extraordinário optimismo justifica que os portugueses continuem com um sorriso brilhante nas suas caras.
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Dê-nos 5 figuras (nacionais e internacionais) que considere importantes para a História e Progresso dos próximos 10 anos. Não existem cinco. Não é conversa politicamente correcta: é mesmo assim. Olhar figuras providenciais (ou esperar que surjam) nunca trouxe nada de bom à história nem à humanidade. Nem Jesus Cristo. Um cristão, como eu, olha sempre para a figura de Jesus como o derradeiro exemplo —para nós não existe maior progresso para a humanidade do que olhar os outros como prioridade. Mas a história está inundada de sangue porque muita gente quis impor figuras salvadoras. Isso não: se cada um acreditar que pode fazer muito, tudo avança. Uma marca de informação serve para isso —dar a cada um as ferramentas de que precisa para fazer o melhor que sabe e pode.
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you must
Cai Guo-Qiang
1.
Guggenheim Bilbao texto: francisco vaz fernandes
www.guggenheim-bilbao.es www.caiguoqiang.com
Depois da retrospectiva de Cai Guo-Qiang no Guggenheim em Nova Iorque é a vez de Bilbao receber o artista chinês que esteve à frente do projecto Olímpico para Pequim e é hoje um dos artistas mais influentes. No País Basco vão estar expostas as grandes instalações que muito deram que falar em Nova Iorque, ou seja, as 99 réplicas de lobos que compõem a obra I Want to Believe, e os 8 carros suspensos no ar trespassados por dezenas de hastes de luz eléctrica que simulam fogos de artifício. De todos os artistas chineses que chegaram ao ocidente e entraram na cena contemporânea, Cai Guo-Qiang foi o que teve um percurso mais atípico e o primeiro a ganhar relevância no mundo ocidental. Ao contrário de muitos dos seus conterrâneos que se fixaram em Paris aparecendo em colectivas de artistas chineses sem conseguirem uma verdadeira autonomia, Cai Guo-Quiang começou a sua carreira no Japão. Esse facto singular terá contribuído para uma certa autonomia e uma capacidade de se demarcar dos artistas chineses do momento. Os seus primeiros trabalhos no Japão apelavam a um certo sentido de performance tendo como ponto de partida conhecimentos milenares chineses como a pirotecnia. A série "Explosion Events" foi iniciada em 1989 e entre os seus eventos mais famosos conta-se «The Earth Has
2.
Its Black Hole Too: Project for Extraterrestrials nº 16»
realizado no parque central de Hiroshima em 1994, próximo à região atingida pela bomba atómica. O fascínio pelo fogo de artifício permanece e esteve evidente no dia da abertura dos jogos olímpicos, um projecto que coordenou. O artista foi Leão de Ouro da Bienal de Veneza.
Museu Guggenheim de Bilbao 6 de Setembro de 2009
1. nopportune: Stage One Guggenheim Museum Bilbao, Spain - 2009 2. Head On Guggenheim Museum Bilbao, Spain - 2009
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you must
a
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william basinski © Charlotte Corday
mona lisa show @Ana Pereira
fitei
festival intern. de teatro de Expressão ibérica texto: alexandra sumares
out.fest texto: alexandra sumares
o bando temporada texto: alexandra sumares
www.fitei.com
www.outfest.pt.vu
www.obando.pt
A edição 2009 do FITEI é marcada pelo regresso de várias companhias de teatro espanholas, nomeadamente os Fura Dels Baus e a companhia andaluza Atalaya, recentemente galardoada com o Prémio Nacional do Teatro, entregue pelo Ministério da Cultura de Espanha. Destaca-se «Deve Haver Algum Sentido Em Mim Que Baste» (2004)da Companhia Teatro Autónomo do Rio de Janeiro, a apresentação do monólogo da encenadora luso-francesa Elsa Pereira «Dormir Accompagné», baseado no «Livro de Crónicas» de António Lobo Antunes e o espectáculo de máscaras «Teatro Delusio» da companhia
Intitulado pela organização como “Festival Internacional de Música Exploratória” a 6ª edição do Out. Fest tem em cartaz concertos de William Basinski (Califórnia, EUA), músico melancólico e compositor experimental; Whitehouse, projecto de música industrial formado por William Bennett em 1980, especialista em “electrónica extremista”; os Spectrum, novo projecto indie-psicadélico de Pete “Sonic Boom” dos Spacemen 3; Sei Miguel, Gala Drop, Loosers e Ducktails.
Em actividade há mais de 30 anos, o grupo de teatro O Bando tem-se distinguido pela qualidade do seu reportório. Com mais de 60 espectáculos, alguns deles com visibilidade para milhões de espectadores (como foi o caso da Expo 98), são um caso raro de longevidade num país cada vez menos dado à cultura. O Bando vai apresentar até 21 de Junho diferentes adaptações de peças de Gonçalo M. Tavares e Almada Negreiros e de textos de Natália Correia. João Brites, director do Teatro “O Bando”, é o encenador.
Familie Floz de Berlim.
De Portugal sobressai «Onde Vamos Morar», última parte de uma trilogia que aborda o conflito geracional e familiar, com Sérgio Godinho no papel principal. Há ainda a estreia «Traições» de Harold Pinter. Para além das peças nas salas poderemos também assistir a espectáculos de rua na Torre dos Clérigos e nas ruas de Matosinhos.
26 de Maio a 10 de Junho Porto e Matosinhos
Esta edição inclui ainda exposições, instalações e cinema. Destacam-se documentários sobre artistas como Patti Smith, Sonic Youth e o “Musical Brotherhoods From The Trans Saharan Highway” sobre músicos de rua das cidades de Marrakesh e Essaouira. O Out. Fest resulta de uma parceria entre a Out.Ra e a Filho Único.
Até 3 de Maio: Jerusalém, com texto de Gonçalo M. Tavares De 7 a 10: Os Henriques, a partir de “O Senhor Henri” de Gonçalo M. Tavares De 14 a 17: A Cotovia”, a partir do “Auto da Feiticeira Cotovia” de Natália Correia De 21 a 24: Amanhã, a partir de “Antes de Começar”de Almada Negreiros De 28 de Maio a 21 Junho: Crucificado, a partir de “A Memória de Uma Tia Tonta” de Natália Correia, é encenado por Miguel Moreira e João Brites.
Vale dos Barris - Palmela
16 – 29 Maio Barreiro
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you must
cristal candy
jaime hayon texto: sofia saunders
www.hayonstudio.com
Depois de ter criado estranhas criaturas em cerâmica, Jaime Hayon passa ao cristal a partir de uma encomenda da centenária Baccarat. O jovem catalão, um dos nomes mais importantes do design, criou 9 peças inspiradas em frutas. O trabalho partiu de uma pesquisa de todas as potencialidades técnicas adjacentes à criação e decoração do cristal e aplicou-as de forma lúdica. O resultado é impressionante pelas combinações inesperadas. As peças foram vistas pela primeira vez na Maison & Object mas voltaram a ser expostas na Rossana Orlandi em Milão durante o Salone del Mobili, constituindo uma das principais atracções do certame.
22
you must
portugal brands
1.
salone internazionale del mobile
texto: francisco vaz fernandes
www.portugalbrands.pt/
2.
Estar no Salone Internazionale del Mobile é crucial para o design português. É por excelência o maior palco para profissionais do meio. Depois de várias presenças mal conseguidas promovidas por organismos do Estado, coube à iniciativa privada - a Menina Design e agência de comunicação Presskit - organizar a representação portuguesa sob o conceito global de Portugal Brands. A ideia do grupo é de reunir algumas das empresas e designers portugueses a operar de forma profissional e organizada que possam competir com as suas congéneres. A Portugal Brands já tinha sido testada na última edição da 100% Design de Londres estando na Tent London, o enquadramento ideal já que Old Truman Brewery é o edifício que atrai o maior número de jovens criadores no festival londrino.
3.
Em Milão a Portugal Brands escolheu a zona Tortona, um antigo bairro industrial com grandes armazéns desafectos e que nos últimos anos tornou-se uma espécie de salone off. Nessa área cruzam-se não só os projectos de maiores dimensões, de prestígio e menos comerciais das empresas de design mais importantes, mas também todos os jovens talentos. Uma vez mais a situação ideal para quem se está a mostrar pela primeira vez procurando criar alguma surpresa. O objectivo deste colectivo é colocar as marcas portuguesas num circuito internacional de design onde obviamente será necessário percorrer um calendário de eventos significativos para que os resultados se produzam. Dentro deste grupo destacam-se o atelier Boca do Lobo, uma dupla cada vez mais surpreendente, a TemaHome, que traz para a feira colaborações com designers portugueses, a estreante Mambo.
4.
1. mambo 2. temahome 3. puf, corque_pouff 4. delightfull 5. boca do lobo, mesa bonsai
5. Marcas em exposição: Boca do Lobo, Corque, Glamm Fire, Delightfull, Designerspad, Jetclass, Mambo, Mytto, Munna, Mood, Tm Collection, Pedroso & Osório, temahome, Viriato Hotel Concept, BoaBoca gourmet, Revista Attitude – Interior Design, Graça Viterbo Interior Design
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you must
subtropical texto: sofia saunders
www.tommyhilfiger.com www.gant.com
Piscinas, Miami, Califórnia, David Hockney são elementos de um cocktail explosivo para este Verão. Várias marcas não deixaram de se seduzir pelo elemento água e pelas longas exposições solares propondo roupas muito coloridas. É o caso da Gant que para além das cores primárias ligadas ao imaginário da vela propõe uma paleta de cores pastéis, do rosa ao alaranjado, algumas em degradé. Este é já um princípio das transformações pelas quais a Gant vai passar em termos de imagem. Outra marca que se fixou seduzir pelo imaginário aquático subtropical foi a Tommy Hilfiger, dando aqui destaque aos contrastes entre o azul forte e o branco, um clássico renovado com mestria por esta marca.
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you must
1.
men trends
texto: bruno pires
Neste Verão assistimos a uma autêntica explosão de cor nas passarelas. Tivemos propostas de fatos e blasers a comporem ambientes integrais, em cores inesperadas como o amarelo, o laranja, o rosa e o azul eléctrico, onde Salvatore Ferragamo foi exemplo disso, já que abrangeu todas estas tonalidades na sua colecção. De todas elas o azul foi o tom dominante, com a linha Z da Zegna, a apresentar blasers e coletes pintados à mão, e a aplicar o xadrez como ninguém numas calças baggy e num blaser, tudo na cor do céu. O micro padrão saltou das tradicionais gravatas para ser usado em todo tipo de peças por diversos criadores, tornando-se numa das referências da temporada. A Moschino foi uma das que o fez com mestria.
2.
A Índia é uma das grandes influências, de tal forma que tivemos modelos, no desfile de Giorgio Armani, caracterizados com tilak, marca vermelha na testa, característica da cultura Hindu. Esta influência trouxe-nos túnicas, faixas, bordados, tudo em tecidos muito leves e de qualidade, como a seda e o linho. A Etro foi um dos expoentes máximos desta tendência. O smoking inspirou muitos coordenados e blasers, que surgiram com lapelas em cetim e com um único botão, pormenores característicos deste tradicional traje de gala. Os decotes em V, calças extremamente largas com cortes a fazerem lembrar pijamas, surgiram a compor uma silhueta de contraste entre blasers muito cintados e calças largas e soltas. Bottega Veneta apresentou as propostas mais interessantes neste campo. O branco também está em grande neste Verão, em ambientes integrais, uns mais clássicos e minimalistas como os de Calvin Klein, e outros mais desportivos, como o fantástico jump suit de Ferragamo. 3.
1. salvatore ferragamo 2. salvatore ferragamo 3. moschino 4. z de zegna 4.
you must
artists series
para a cidade
www.carhartt.com
www.cat.com
www.onitsukatiger.com
O gigante do streetwear, Carhartt, está cada vez mais envolvido no apoio à cultura visual. Esta aproximação aos artistas, que já se podem dizer serem da casa, tem contribuído para que todos os anos a marca apresente colecções com um maior número de prints dando maior atenção aos seus básicos. Este Verão contam com as participações de Eric Elms, Play Area, Will Kemp, Zeek & Destroy, Func88 e CPT73, todos sobejamente conhecidos. Cada um tem um estilo, o que permite abordagens muito diversificadas.
A Cat tem crescido nos últimos anos na área de acessórios de viagem, tendo actualmente 15 linhas de malas e mochilas pensadas para vários públicos. Em polyester, lona ou pele, os produtos mantém o espírito de origem e são entendidos como uma ferramenta de trabalho, prática e quotidiana que se destaca pela resistência. Distinguem-se ainda pelos detalhes. São vários os modelos com compartimento para CD, laptop e com costas fortalecidas. Destacamos os pequenos trollers de cor preta com fundos reforçados e detalhes almofadados. Perfeitos para as crescentes necessidade de mobilidade.
Quando um indivíduo japonês faz “Kanreki”, 60 anos, é um marco importante. Celebra várias cerimónias que representam um regresso à juventude. Exaltando essa tradição, a Onitsuka Tiger não quis deixar de celebrar os seus 60 anos com uma edição especial evocativa do KANREKI: «Kan» que significa ciclo, e «Reki» calendário. Nesse sentido uma parte da colecção foi centrada em elementos do Zodíaco Japonês. Vamos encontrar nos modelos mais icónicos da Tiger alguns dos doze animais e dos cinco elementos (madeira, fogo, terra, metal e água), o que lhes dá um carácter especial e simbólico.
texto: sofia saunders
texto: sofia saunders
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kanreki tiger
texto: sofia saunders
you must
summer love stories
texto: sofia saunders
www.womensecret.com
Verão! Tempo de perder a noção do tempo. As emoções levam a melhor e estão prestes a começar mil e uma histórias de amor. A Women’s Secret propõe 6 colecções de banho para nos deixarmos levar pelo coração e pelas curvas. A linha Bandana tem muitas gangas, vermelhos e azuis, contas e adereços feitos à mão; Multicolor são peças de cores básicas, lisas ou com riscas largas; Floral permite compor o nosso bikini com estampados étnicos; Navy faz-nos sonhar com marinheiros perdidos entre estampados de azul, branco ou laranja; Petunia é plena de flores rosa choque, azul e amarelo; e New Ethnic prefere os tons de terra e motivos africanos. Para cair em tentação.
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you must
my watch
bling bling
www.diesel.com
www.tous.com
Uma das grandes tendências em matéria de look de relógios tem sido o regresso a um certo classicismo. Em alguns casos traduz-se num estilo retro e futurista. Este ano a Diesel lançou relógios com mostradores com diversas funções que fazem lembrar o início da era tecnológica onde os equipamentos eram verdadeiramente grandes. As formas geométricas, círculos ou quadrados com cantos arredondados —uma das principais tendências— por vezes associados a vidro ou mostrador colorido. Quanto às pulseiras, ficaram mais estreitas ou mais largas como se se tratassem de punhos. Na verdade o relógio tem ganho cada vez mais a dimensão de acessório e no caso feminino ganha a expressão de uma jóia sem secundarizar o lado funcional.
Quem gosta de Bling certamente vai adorar esta colecção de Verão. A Tous destaca peças realizadas em vermeil, uma técnica antiga que se caracteriza pelo uso de banho a ouro sobre um metal menos nobre, em geral prata. Essa aplicação permite que um público mais vasto possa chegar a um produto com um preço mais acessível mantendo no entanto todo o labor artesanal único, que garante a categoria de jóia. A Tous foi criada em 1920 tendo por base uma antiga casa de joalharia de Barcelona. Em 1965 começou a entrar no mercado internacional trazendo como símbolo de toda a renovação o famoso urso criado por Rosa Oriol de Tous. Graças ao seu esforço e persistência, a marca conseguiu transformar a joalharia em algo quotidiano. Conta com quase 90 anos e um novo conceito de joalharia, baseado num design fresco e informal.
texto: sofia saunders
texto: silvana ivaldi
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you must
angel jackson
sunny italia
www.angeljackson.com
www.persol.com
A marca inglesa Angel Jackson tem conquistado o meio da moda a olhos vistos. Criada por duas irmãs com preocupações éticas em relação aos recursos humanos e produção, esta marca de malas, clutches e adereços prima por colecções glamurosas, chiques e plenas de materiais nobres. Montaram uma pequena fábrica em Bali e cuidam que a mão‑de‑obra seja devidamente paga pelo trabalho minucioso e de alta qualidade que faz. As semanas de moda de Londres reconheceram-nas como inovadoras e originais, e as peças são vistas nas mãos de actrizes e figuras públicas internacionais.
Persol faz-nos sempre pensar em Itália, na “dolce vita” e em Mostroianni. Ainda hoje o Made in Italy continua a ser a frase-chave dos óculos Persol. A marca caracteriza-se pela associação de uma qualidade de criação artesanal combinada com a mais avançada tecnologia e design. Um topo de gama associado aos grandes eventos de design. As suas colecções apresentam várias opções cromáticas e gráficas (desde o clássico tartaruga até ao moderno bordeaux) e um harmonioso jogo de espessuras e silhuetas transformam estes óculos num objecto de carácter. Revivalista, a Persol continua a ser um símbolo de elegância e glamour.
texto: sofia saunders
Pensaram em malas que elas próprias quisessem usar e que apesar da qualidade dos materiais saissem para o mercado a preços acessíveis considerando ainda as condições de trabalho dos contractados.
texto: silvana ivaldi
De perder a cabeça.
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you must
deslizar em mp3
Não é difícil perceber que há por aí muita gente com vontade de comprar uma scooter, especialmente nas grandes cidades, mas também é verdade que muitos desses aspirantes a motociclistas nem sempre vêem a vida facilitada. Seja porque não têm carta de condução de motos ou têm medo de cair, muitos desistem facilmente da ideia das scooters. Pois foi para arrasar com desculpas dessas que a Piaggio criou a MP3.
piaggio texto: vasco vieira da silva
Um dos grandes trunfos para conduzir esta scooter de três rodas é que, pura e simplesmente, não é preciso ter carta de moto. Basta ter carta de condução de automóvel (B). A segurança é outro trunfo de peso. Qualquer scooter de duas rodas é significativamente menos segura que a MP3. Tudo o que seja piso molhado, escorregadio, carris de eléctrico ou outras armadilhas são quase inofensivas perante a segurança e conforto desta scooter. Três rodas são bastante mais seguras que duas.
www.piaggio.pt
A capacidade de arrumação é tanta como a de qualquer Maxi-Scooter e os consumos de combustível semelhantes. Se é adepto do “ver para crer”, passe num concessionário Piaggio e marque um test-drive. Pode começar por espreitar as versões 250cc ou 400cc no site oficial e ver qual lhe serve melhor.
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you must
regenic hair
2 clean to be true
finest fragrances
www.biotherm.com
www.parfumsgivenchy.com
www.linari.com
A queda de cabelo é um problema que toca a muitos homens, mesmo os mais jovens. Entre os 20 e os 30 anos, um em cada três sente esta questão. A pensar nesses casos a Biotherm Homme criou um produto de prevenção. É um sérum com extracto puro de plancton termal que reforça as defesas naturais e traz equilíbrio ao couro cabeludo. Este produto não só previne a queda do cabelo como o fortifica, reparando a fibra pilosa. O extracto plancton termal nasce e vive nas fontes termais sulfurosas das montanhas e é rico em minerais. Tem sido investigado há mais de 20 anos pela Biotherm pela sua perfeita afinidade com a pele. O tratamento aconselhado faz-se durante 1 mês com aplicação de duas vezes por semana.
Depois de várias propostas de maquilhagem intensa da Givenchy, na base da maquilhagem dos desfiles como a máscara Phenomen Eyes e os pigmentos carbon black, o seu director criativo Nicolas Degenes veio propor um desmaquilhante de grande acção lançado com outros dois produtos, um esfoliante e um hidratante. O desmaquilhante “2 Clean to be true” é —pela sua acção e dose de humor— o que tem despertado mais atenção. Segundo Degenes, foi criado da necessidade de ter um produto novo que respondesse às concentrações cada vez maiores de pigmentos das novas maquilhagens.
A perfumaria “couture”, como não poderia deixar de ser, tem-se desenvolvido a par da massificação do perfume enquanto produto acessível a uma vasta população. A Linari responde às necessidades de um público que procura exclusividade, um perfume mais concentrado, com gamas de cheiros menos banalizados e combinações improváveis. As suas fragrâncias são criadas pelos perfumistas internacionais Mark Buxton e Egon Oelkers, nomes que têm merecido uma grande reconhecimento nos últimos anos.
texto: sofia saunders
texto: sofia saunders
Apresenta uma fórmula bifásica que permite um equilíbrio ideal entre eficácia e conforto. É um produto com grande capacidade de limpeza e ao mesmo tempo hidratante para manter as pestanas sedosas.
texto: sofia saunders
Os frascos acompanham o produto e são igualmente invulgares e curiosos. Ao contrário de muitas marcas de luxo em que as embalagens são básicas dando apenas destaque ao conteúdo, como acontecia nos tradicionais boticários, Linari avança para um frasco emblemático, facilmente reconhecível e com materiais de grande qualidade. À venda em exclusivo no Epicurista.
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soundstation
Enquanto apanha aviões, faz e desfaz as malas e ganha olheiras de cansaço, Paulo Furtado responde às nossas questões por email. Poucas semanas antes do lançamento do novo disco, «Femina», The Legendary Tigerman apresenta‑se em palcos internacionais que o acolhem como se estivesse em casa, seja ela Coimbra —sua terra natal— ou Lisboa, para onde se mudou recentemente. Escreve que, tanto do ponto de vista profissional como pessoal, este novo trabalho veio confirmar uma coisa: “não há que ter medo de ser confundido ou mal compreendido (…), fazer as coisas pelas razões certas é, sem dúvida, o mais importante.” Fala especificamente da produção fotográfica assinada por Jean-Baptiste Mondino, referência mundial com quem já tinha trabalhado previamente. Mondino e Furtado lançaram-se numa sessão de fotos onde o cantor se maquilha e apropria de adornos conotados com o universo feminino. Não está interessado em ser confundido com uma mulher, não quer brincar aos travestis nem levantar suspeitas sobre a sua sexualidade. Inspirou-se numa foto antiga de Serge Gainsbour e quis seguir esse ambiente provocatório e dúbio, que Mondino conhece e capta sem deixar nódoa. “Não sinto qualquer desejo de ser mulher. Sinto, sim, um enorme fascínio pelo universo feminino, por compreender todo o seu funcionamento. Acho que depois deste disco sou um homem mais esclarecido.”
Tigerman convidou Asia Argento, Rita Redshoes, Cláudia Efe, Maria de Medeiros, Peaches, Becky Lee, Cais do Sodré Cabaret, Lika Kekaula, Phoebe Killdeer e Mafalda Nascimento para participarem em «Femina». Parcerias que quebram uma rotina profissional de anos. Confessa que tocar sozinho em palco nem sempre é reconfortante. Apresenta-se, desde sempre, agarrado à sua guitarra eléctrica, bateria e kazoo. São os seus parceiros de performance. “É muito doloroso, por vezes. Mas faz parte…” diz-nos quando perguntamos se os convites que fez para o disco partiram da prolongada solidão no palco.
aceitar ou que fosse ela a tratar do myspace. Aliás, poucos meses depois desinteressou‑se completamente por esse meio. Mas não sei, secretamente e com alguma inocência imaginava que fosse gostar das minhas coisas… É engraçado como os discos vão por esse mundo fora parar às mãos das pessoas. No meu caso isso aconteceu muito, felizmente. Os meus discos podem não ter vendido milhões a nível mundial, mas foram parar a alguns milhares de mãos bastante interessantes. A situação da Asia foi de certo modo perceber que isto era possível. Que podia chegar a qualquer pessoa e dizer ‘Hey, quero trabalhar contigo, filmar-te e gravar a tua voz.’ Isso foi óptimo.”
Furtado andou cerca de dois anos a planear este disco. Demorou um ano e meio a gravá-lo com as convidadas, um processo divertido e com episódios surpreendentes. Um deles, contou-nos, passou-se com a italiana Asia Argento. Não a conhecia pessoalmente mas admirava-a à distância. Entrou no myspace dela, apresentou-se e convidou-a para trabalharem juntos. Ela respondeu de imediato dizendo que naquele momento estava a ouvir uma música dele, no aeroporto, que alguém lhe tinha apresentado. Curiosamente, na mesma semana em que respondeu às perguntas da PARQ, aconteceu mais um não-acaso deste género: abrimos o The Guardian online e aparece Jarvis Cocker, ex‑Pulp, a dizer que inclui Tigerman na sua playlist pessoal. Não é coincidência que Asia Argento e Jarvis Cocker o oiçam. Há dez anos que Tigerman anda a conquistar palcos do mundo e seguidores em culturas tão distintas como a japonesa ou norte‑americana. Explica‑nos o que sentiu: “ Não tinha certeza que ela fosse
O disco começa com a participação da própria Asia Argento. Canta «Life ain’t enough for you» e repete a participação na faixa 8 com «My stomach is the most violent of all of Italy», um tema mais duro que o primeiro, ainda que igualmente sedutor. A voz rouca foi seguramente um dos elementos que Tiger quis no disco. Em alguns temas canta em dueto, noutros está sozinho e noutros ainda entrega as letras às mulheres intervindo somente nos arranjos. E explica porquê: “Bem, eu não decidi grande coisa neste disco. Fui sempre seguindo a maré. No caso de «Lonesome Town», com a Rita, não achei que a minha voz fosse melhorar a música. No caso da Becky, bem, a canção fala de miúdas modernas que se apaixonam por homens antiquados…não era para falar mesmo. A Lisa Kekaula também canta sozinha porque a música não precisava de mais. Sigo sempre o que cada canção me pede.”
the legendary tigerman
Femina
texto: carla isidoro ilustração: carlos quitério [www.kodap.com]
Por debaixo da maquilhagem está ele, Paulo Furtado. No novo disco, «Femina», não havia o intuito de travestir‑se e fazer‑se passar por mulher. Somente exprimir um desejo: conhecer melhor o universo feminino. Tentámos perceber porquê. www.legendarytigerman.com
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O processo de gravação em estúdio foi uma aventura, não fossem as convidadas diferentes umas das outras como a água do vinho. “O método foi muito diferente com toda a gente. Com a Peaches foi uma luta de galos. Com a Asia foi compreensão e reconhecimento mútuo. Com a Cláudia foi paródia. Foi maravilhoso trabalhar com estas mulheres extremamente talentosas.” A cumplicidade sente-se nas parcerias com Argento, Cláudia Efe e Phoebe Killdeer. Em Peaches sente-se alguma distância, parecia revoltada em estúdio, como quem quer e não quer lá estar. De qualquer forma, Peaches é um dos pontos altos do disco, assim como Lisa Kekaula e Phoebe Killdeer. «Femina» não representa um ponto de viragem na carreira de Tigerman, mas sim um momento de abertura. É um disco bem característico do one‑man‑show, com temas fortes, guitarras cortantes e letras provocadoras. Se bem que, desta vez, as convidadas estão em primeiro plano. Aguardamos pelas apresentações de «Femina» ao vivo, com Tigerman acompanhado por estas senhoras. Mas para já não adianta muito. Quando lhe perguntamos que planos tem na manga, pisca o olho e responde “Tenho mangas grandes e conto arregaçá-las em breve”. Ficamos à espera. Braços tatuados e surpresas é connosco.
soundstation
Francisco Silva é do Porto e nasceu a 13 de Abril de 1977. Acabou de perfazer 32 anos. É economista de profissão e é também Old Jerusalem. «Two Birds Blessing», o disco recente, foi editado pela mão da Rastilho, mantendo a produção de Paulo Miranda. Em 2008, dando alento ao seu desejo de poder talvez um dia compor para um filme, foi convidado a escrever a letra do tema «The Raven King» de Bernardo Sassetti e a interpretá-lo para a banda sonora de «Second Life» de Nicolau Breyner. Old Jerusalém não é uma banda comum. Dito por si, “é o produto musical de uma vontade de criar objectos musicais. Como em qualquer acto criativo, a essa vontade alia-se a matéria concreta de que são feitos objectos como a vida, o que observamos dela, o que pensamos a partir dessas observações. Não é uma banda no sentido tradicional do termo. Onde mais se aproximará desse conceito é no contexto das apresentações ao vivo, em que cada músico tem mais espaço para tornar os temas “menos meus”. Há efectivamente qualquer coisa que define a sonoridade de Old Jerusalem, mas apenas estou consciente dessa marca de forma vaga e inarticulada, não saberia precisá‑la. A relação com o que faço continua sujeita a muitas flutuações mas é decididamente muito menos problemática do que já foi.”
Que o seu estilo é (se classificável) tendencialmente alternative country/folk, que as suas referências musicais são por exemplo Smog, Bright Eyes, Will Oldham, Bon Iver, Nick Drake e Simon & Garfunkel, e que Old Jerusalem (o nome) vem do tema homónimo de Will Oldham (no período The Palace) do álbum «Viva Last Blues» de 1995 (já com 14 anos!) não constitui, nesta altura, novidade de maior. Ao quarto álbum Old Jerusalem não é revelação, nem confirmação, mas a afirmação de um caminho. A força que têm as suas músicas frágeis supera já estas introduções. Quanto ao nome do disco, diz-nos Francisco Silva que a chave “está no verso da canção «Two Birds Blessing»: ‘You’ll grow to see two birds when you ask for one’. É um verso esperançoso. Podemos sentir que não precisaríamos de mais nada do que ver um pássaro para sentir que as coisas fariam mais sentido. A vida em alguns desses momentos dá-nos a ver não apenas um, mas dois desses pássaros que pedimos. É essa a “bênção dos dois pássaros” que imaginei para o disco.” Ainda que (como o próprio indica) não haja, de forma clara e intencionalmente unificadora, uma temática subjacente ao álbum, definilo “como um conjunto de ‘redemption songs’ pode não estar longe da verdade.”
Entre todas as dicotomias alegorizadas que começam a revelar-se marca da sua escrita, como amor e desamor, gravatas e guitarras, fins e princípios, ficção e realidade, quotidiano e desejos (base circular das emoções de cada um de nós), uma sobressai: a relação conflituosa (mas não incompatível) entre a culpa e a esperança. Ainda que atravessem de forma mais ou menos evidente todo o álbum, cada uma delas tem uma canção em que mais se evidencia. Para a primeira, «The Guilt Albatross», Francisco conta‑nos que teve a intenção de criar uma nova alegoria da culpa, referenciando o poema de Coleridge «Rimes of The Ancient Mariner». A representar a esperança surge, como se viu, «Two Birds Blessing». Essa benção não exclui a responsabilização (com implícito apelo à acção) que perpassa em «The News Bit», um dos temas mais representativos do álbum. Como ele mesmo diz,. “a ideia de Old Jerusalem vs New Jerusalem que de alguma forma sugiro na canção «The News Bit» é mais uma dicotomia. Se por um lado pode dizer-se que há aí uma certa apetência pela destruição de um mundo para dar lugar ao novo que o redimirá, por outro lado queria expressar alguma nostalgia pelo fim da Jerusalém velha. Acredito que na vontade de manter a nossa vitalidade procuramos deliberadamente destruir de alguma forma o que fomos e somos, na ânsia de nos renovar, de experimentar novidade, rejuvenescimento. É a culpa que sentimos quando a consciência desses actos deliberados nos assola que tento plasmar no tema «The Guilt Albatross», no «The News Bit», em “Two Birds Blessing”, «You, You & Me, Me», «Restless Choose Leaving»… enfim, em vários momentos do disco.”
old jerusalem E ao quarto álbum... ainda
A sua música é, afinal, uma metáfora da vida, resumida em «Seventh Day, Dawn», que corre desde o nascimento, “day one”, ao “seventh day” que será o seu termo. Mas o fim de Old Jerusalem está ainda longe. Continuaremos por isso a ouvi-lo até à alvorada do seu sétimo dia.
não descansou... texto: miguel joão ferreira
Gosta de regularidade nas edições e de artistas com discografias longas. Old Jerusalem acaba de lançar um novo disco onde expõe conflitos interiores. A intenção não é partilhar algo de pessoal, mas tornar pública a expressão musical e lírica dessas experiências. www.myspace.com/oldj
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Independente do regime colonialista francês desde o início dos anos 60, Dahomey conheceu década e meia de turbulência étnica até à subida ao poder do marxista Mathieu Kérékou, responsável pela mudança do nome do país para República Popular do Benin, em 1975. Embora a transição para uma economia de mercado só tenha acontecido em finais dos anos 80, tal facto não impediu este país de gerar uma rica produção musical orientada com os mais enérgicos postulados do groove. A República Popular do Benin era comunista, mas também era funky. E a mais recente prova de tão invulgar situação pode encontrar-se na mais recente compilação editada pela fundamental Analog Africa de Samy Ben Redjeb: «Legends Of Benin», apresentada como uma “colecção de obras-primas super raras e altamente dançáveis gravadas entre 1969 e 1981 por quatro lendários compositores do Benin: Antoine Dougbé, El Rego, Honoré Avolonto e Gnonnas Pedro. O alemão Ben Redjeb —a par do britânico Miles Cleret, homem do leme da Soundway— fez da Analog Africa uma etiqueta obrigatória para todos os que tenham o mais leve interesse por essa outra África que a indústria da World Music não revelou. De certa forma, pode considerar‑se que a etiqueta “world” serve para mostrar como uma produção local olha para os mercados exteriores, mas a música contida em «Legends of Benin» (como nas outras edições da Analog
Africa) nasce precisamente do movimento contrário, com músicos locais a interpretarem para consumo interno as influências exteriores. «African Scream Contest» (compilação de vários artistas do Benin e do Togo) e a antologia dedicada à Orchestre Poly-Rythmo de Cotonou (também alvo de uma das preciosas edições da Soundway) são dois incríveis documentos, obsessivamente anotados pelo próprio Samy que assim coroa as suas expedições de descoberta. Estes álbuns não nascem de uma pesquisa confortável num qualquer catálogo de licenciamentos, mas sim de atribuladas viagens que rendem incríveis histórias relatadas nos booklets destes profusamente ilustrados lançamentos. Como Frank Gossner, do blog Voodoo Funk (de que já falámos por aqui), Ben também adopta uma postura quase arqueológica na procura das originais rodelas de vinil com que depois vai refazendo a imagem deste passado até agora desconhecido fora das fronteiras do Benin. O trabalho é tão minucioso como o de um arqueólogo que lentamente vai removendo camadas de poeira depositada pelo tempo até revelar mais um mosaico de uma civilização remota. Há outro dado importante para se compreender a acção destas editoras e muito em concreto da Analog Africa: todo este trabalho é fruto de uma paixão que poderia até argumentar‑se chegar perto da obsessão, característica comum dos coleccionadores mais dedicados. No blog da
Analog Africa (sim, blog, porque não há dinheiro para mais) Samy dirige‑se directamente aos seus consumidores para explicar atrasos na edição de vinil de «Vodoun Effect», a antolodia da Orchestre Poly-Rythmo, e deixar claro que é rigoroso na escolha da fábrica (masters com pobre qualidade sonora obrigaram a atrasos e a mudança de fornecedor) e que para poupar 20 cêntimos dobra ele próprio os posters que acompanharão essa desejada edição. Esta atitude “hands on” é fruto de um trabalho secreto, ainda distante da prática mais “profissional” das grandes editoras, mas que ainda assim garante resultados que não se poderiam alcançar de outra forma. A música contida em «Legends of Benin» é uma vibrante mistura informada pelo funk, pelo jazz e pelo rock que chegava do mundo até Porto‑Novo (a capital foi baptizada pelos portugueses envolvidos no comércio de escravos neste porto até 1885!) e Cotonou (a mais populosa cidade do Benin) e depois transformada por um caldo de tradições, sonoridades e técnicas declaradamente singulares e locais. Esta música não poderia ter surgido em mais lugar algum do mundo. Depois de décadas esquecida sob as areias do tempo (e a imagem pode ser entendida até de forma literal —o vinil tem pouco valor numa África em que até o clima parece funcionar contra esse suporte) volta a fazer-se ouvir, agora perante uma plateia mais global do que nunca.
legends of benin texto: rui miguel abreu
Na década de todas as revoluções, um pequeno país como o Benin —até 1975 conhecido como Dahomey— celebrava a sua identidade com música carregada de groove que encontrou um lugar no presente graças ao esforço de etiquetas como a Analog Africa. analogafrica.blogspot.com/
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soundstation
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1. Gnonnas Pedro 2. el rego et ses commandos 3. legends of benin: afro-funk, cavacha, agbadja, afro-beat
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viewpoint
Pintar sobre vidro ou acrílico transparente foi uma opção que surgiu quase no início da carreira de Gil Heitor Cortesão permitindo um jogo entre o verso e o reverso da superfície. O que supostamente seria a superfície transforma-se em reverso. As potencialidades que em geral são permitidas numa pintura comum ficam anuladas porque apenas nos é dado a ver as primeiras camadas que o vidro deixa transparecer. Nesse sentido o trabalho do artista passa por um controlo difícil das duas faces com o objectivo de construir uma composição e manchas. Escorrimentos acabam por surgir no processo das representações que Cortesão copia de diversos registos fotográficos. Estas “anomalias” permitidas e incorporadas desacertam mas também densificam a imagem. Emprestam às representações idealizadas um carácter fantasmagórico e de falência. Nesta nova série de
pinturas “Por Baixo do Vulcão” que expõe na galeria Pedro Cera, o artista aproveita um decor modernista tipificado para criar janelas como se fossem quadros dentro de um quadro. São pinturas-dentro-da-pintura, quadros-dentro-do-quadro com o ponto de partida de antigas de representações do Vesúvio incandescente. Esta nova série tem ainda a curiosidade de ser realizada em duas camadas de vidro, pintadas dos dois lados. Leva a um jogo de perspectivas como se a realidade se apresentasse por camadas que se sobrepõem. Algumas delas criam incongruências espaciais mas no final de contas esta falta de lógica e uma certa dimensão onírica são algumas das vantagens ancestrais da pintura que o artista sabe tão bem explorar e que transformam o seu mundo num universo mágico.
gil heitor cortesão texto: francisco vaz fernandes
www.pedrocera.com
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grande entrevista
Auto retrato de costas: Sem título, da série The Boy who Set the Fires, 2005 Prova por revelação cromogénea, colada sobre alumínio 98 x 127 cm Edição de 5
a performance do mundo em tempo lento Edgar martins texto: francisco vaz fernandes Fotografia: edgar martins
Vencedor da 5ª edição do BES Photo, Edgar Martins é um português criado em Macau e formado em Londres. Vê no reconhecimento do seu trabalho uma possibilidade de maior aproximação a Portugal. Este é apenas mais um dos prémios que consolida a sua fulgurante carreira internacional, quatro anos depois de ter sido capa da «Aperture», a mais importante revista de fotografia. Ao telefone fomos ao seu encontro e captámos um discurso muito articulado onde parece não haver dúvidas. www.edgarmartins.com
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grande entrevista
Como te sentiste ao receberes o prémio BES Photo já que o teu trabalho foi primeiramente reconhecido lá fora e só posteriormente entrou , timidamente , em Portugal? Fiquei verdadeiramente surpreso. E não é por falsa modéstia ou falta de convicção no meu trabalho. Desde que fui nomeado que deixei de pensar no prémio como uma competição. Foi um processo e um mês tão exaustivo que encarei tudo hora a hora, dia a dia. É excelente receber a confirmação de que há um reconhecimento nacional e internacional da minha obra. Tinhas noção de que já havia um certo reconhecimento do teu trabalho em Portugal? Sim. Eu tenho vindo ao encontro de Portugal nos últimos anos. É óbvio que a minha obra já era conhecida mas este prémio fará com que o meu trabalho chegue a um leque de pessoais ainda maior. E digamos que o impacto foi imediato. Mas este não foi o teu primeiro prémio? O meu trabalho já foi galardoado com vários prémios, nomeadamente o Jerwood Photography Award em 2003 e o New York Photography Award, que me foi atribuído o ano passado. E este ano fui também galardoado com o Terry O’Neil Award e o SONY World Photography Award.. Para ser sincero fiquei algo surpreso com a atribuição do prémio SONY. É um prémio um pouco mais conservador no género de fotografia que fomenta. Mas confesso que o BES Photo foi especial. Sobretudo, nunca tendo vivido em Portugal (pelo menos durante a vida adulta). Ganhar prémios é importante numa carreira de fotógrafo? Os prémios ajudam. No fundo são coisas muito subjectivas. Desde que se tenha consciência de que a atribuição ou não atribuição de um prémio não reflecte a qualidade do trabalho nomeado, então penso só pode ser uma experiência positiva. Que bases aconselhas a um aspirante a artista e fotógrafo? Penso que ajuda apostar numa boa formação académica. Optei pelo Royal College of Art porque era uma escola com grande reconhecimento na área da fotografia. A exposição de final curso abriu algumas portas. Esta seria a primeira etapa, depois há outras, como várias bolsas e residências artísticas. Mas acima de tudo é necessário muito trabalho, muita persistência e alguma metodologia na forma como encaramos a nossa prática artística. Reconheces que o facto de estudares no Royal College foi determinante para teres sucesso? Não diria determinante. Essencialmente abre portas. É interessante, eu antes de ir para o mestrado não tinha uma linguagem individual marcante. Ainda andava à procura de uma linguagem que se adaptasse à minha maneira de ser. No primeiro ano do mestrado andei à deriva. Cometi um erro crasso, passei do bacharelato para o mestrado. Se posso dar um conselho a jovens estudantes, é criar tempo para amadurecerem o trabalho. E jamais tirem um mestrado logo após a licenciatura. Penso que no meu primeiro ano de mestrado não consegui aproveitar todos os recursos que estavam ao meu dispor. Só a partir do segundo, em virtude de toda a pesquisa que entretanto comecei a desenvolver, consegui concentrarme num projecto mais pessoal.
Por curiosidade , quais eram as tuas referências fotográficas antes do mestrado? Qual era o curso das tuas pesquisas? As minhas referências nunca vieram propriamente do restrito campo da fotografia. Vieram talvez da literatura ou das artes plásticas. Eu sempre gostei de artistas cujo trabalho incita em mim um confronto comigo próprio, onde sou colocado perante seu ímpeto dialéctico. Lembro-me de artistas como o Patrick Tosani, cujo trabalho é bastante auto-referente, o caso do John Stezaker, que acabou por ser meu professor de Humanidades no RCA, o do Olivier Richon que também foi meu professor, entre outros. Aliás um dos motivos pelos quais decidi ir para o Royal College foi porque o director de curso era o Olivier Richon, um artista conceptual que lida com questões da psicanálise. Mas ao referir nomes pessoais sinto que não estou a fazer justiça à pergunta. Tal como referi estes três poderia referir mais uns cinco ou seis, dez, vinte nomes.
Em Inglaterra um artista jovem é uma pessoa com 20 anos e em Portugal é com trinta e poucos. Reflecte a altura em que são dadas oportunidades às pessoas.
Pelo facto de teres uma carreira internacional e de nunca teres vivido em Portugal não deixa de ser curioso que grande parte das tuas imagens são realizadas em Portugal. Isso produz algum apelo de exotismo nas tuas imagens? O tipo de imagem tipificada pelo fotojornalismo, do fotógrafo pioneiro que vai por dois ou três dias a um lugar, sempre em situações muito controladas e depois regressa e diz ‘isto é a Palestina’ ou ‘o Iraque’. Não é nem um sítio nem outro, é uma visão muito fragmentada de uma pessoa que conhece muito mal o contexto. O meu trabalho ao fim ao cabo lida com oposto. Reinterpreta e interioriza o espaço que está à minha volta mas de uma maneira responsável. Eu visito os mesmos espaços ano após ano e os meus trabalhos têm um período de gestação muito longo, de dois ou três anos. Nesse sentido, todos os locais que fotografei em Portugal já os conhecia. Apesar de nunca ter vivido vou muito frequentemente a Portugal, até por questões familiares. Depois porque sabia que tinha um acesso facilitado a esses locais, o que é importante. Por exemplo, há todo um tempo de pesquisa que antecede e seria incomportável em Inglaterra com todo o processo burocrático que teria que enfrentar.
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Como tem sido para ti viver em Londres e ter uma carreira a partir de Inglaterra? Agora vivo um pouco mais a norte de Londres. Em Inglaterra eu tive oportunidades que talvez não teria tido em Portugal ou pelo menos tão cedo. Não obstante o facto de ser um artista português no estrangeiro também me beneficiou em termos de apoios tanto portugueses como vindos do oriente. É curioso que lendo um regulamento da Fundação Calouste Gulbenkian para atribuição de bolsas era notório o favorecimento a artistas portugueses que estavam a estudar fora. Isso a priori dá a entender que no estrangeiro há coisas que são mais valorizadas do que em Portugal. Os cursos no estrangeiro são certamente mais dinâmicos dos que os cursos de belas artes em Portugal. Por isso para estudar tive logo consciência que o melhor sítio era Inglaterra. Quando estava a estudar também me apercebi que as pessoas entram no mercado de trabalho mais cedo. E aliás, fazia um parêntese para definir o conceito de jovem artista que varia de país para país. Por exemplo em Inglaterra um artista jovem é uma pessoa com os seus 20 anos e em Portugal com os seus trinta e poucos. E isso reflecte um pouco a altura em que são dadas oportunidades às pessoas para entrarem no mercado de trabalho. Em Inglaterra há uma grande aposta no arrojo da juventude. Mas não estou a criticar Portugal, pois cada vez mais vão havendo mais oportunidades para jovens artistas. Gostaria das inserir as tuas fotografias no tema da paisagem mas o carácter pictórico implícito nesse tipo de representações aparece ultimamente mais esvaziada. Porque procuras estas situações? Quando terminei o meu curso apresentei uma série chamada “Buracos Negros e outras Inconsciências” onde explorava a ideia de buraco negro na paisagem como uma metáfora para a razão ao ponto da exaustão. Por exemplo, uma mina, uma pedreira ou um pano no chão. Quer dizer, enfatizava uma pluralidade entre o mundo natural e o mundo artificial. E o buraco negro na paisagem acabava por lidar com o facto de já na sermos capazes de identificar a linguagem da cidade contemporânea de já não sermos capazes de relacionarmo-nos com esse mundo à nossa volta numa permanente mutação. O vazio acaba por ser uma espécie de plataforma de reflexão em que o público se confronta não só com as ideias reflectidas no trabalho que por norma são bastante subtis, mas também consigo próprio, com a sua interpretação do trabalho, com as suas memórias, as suas experiências, etc. O meu trabalho lida com questões bastante simples. A primeira é a incapacidade da fotografia ou da imagem singular registar ou representar o tempo. Para além disso os meus trabalhos fazem alusão a três outros conceitos que me interessam. O primeiro, usar o vazio e comunicar por ausência. O segundo é o tal desaceleramento do tempo para que possamos de facto interiorizar as coisas de outra forma, e o terceiro está intrinsecamente relacionado com a minha linguagem visual. Eu comunico através de uma linguagem visual aparentemente precisa, gráfica e algo formal mas que advêm de um processo quase caótico. Esse dualismo interessa-me.
grande entrevista
Num dos textos que escrevias sobre a tua série “The accidental theorist” falavas do silêncio das tuas imagens. Essa é uma das tuas preocupações? Enquanto no início do século XX havia uma sacralização da paisagem na arte e fotografia, na minha obra há uma subversão da função e representação da paisagem. Á primeira vista podia-se dizer que o meu trabalho lida com o impacto do Modernismo no meio ambiente e a fotografia enquanto processo de representação. Independentemente disso gostava de pensar que o meu leque de interesses é um pouco mais abrangente que isso. Estou interessado em teatro e em performance, mas não no sentido tradicional da palavra. O que costumo dizer às pessoas é que estou interessado em captar a performance do mundo, enquanto si próprio mas como um conjunto de processos e factos. A meu ver a única forma de captar isso é abrandando o tempo, razão por que uso longas exposições e porque uso a minha câmara fotográfica como se fosse uma câmara de filmar. Sempre gostei da ideia que cada e qualquer espaço sofre um processo de mutação instigado pela pessoa que o observa e sempre que o observa. O que estou realmente a dizer com as imagens é que se pudermos abrandar o tempo o suficiente talvez possamos captar isso. Para responder mais directamente à tua pergunta, não vejo nem os espaços nem os objectos representados nas imagens como tal, sobretudo esta série que referes, como tal, mas sim como eventos. Eles representam um tempo suspenso antes ou depois de um evento, a memória de um evento que se calhar não existe, e uma dimensão temporal mais alargada que não pode se definida nem negada. Nesta última série de fotografias que fizeste sobre pistas do aeroporto dos Açores , onde apenas aparecem marcas no solo , a quietude e estranheza ainda ganham maior dimensão. O meu trabalho lida com a incapacidade da fotografia representar o tempo. As fotografias que estiveram na exposição do Bes Photo são aquelas que tiveram maior tempo de exposição. Cerca de três horas. Muitas daquelas marcas que à primeira vista fazem parte de uma linguagem aeroportuária, na verdade nem sequer fazem sentido nesse ponto de vista. Foi um aeroporto utilizado na primeira e na segunda grande guerra e diria que só vinte por cento está em funcionamento hoje em dia. E à medida que determinadas áreas deixam de estar em funcionamento, outras ganham nova vida. A passagem do tempo, nesta série, está representada por essas marcas e pela sua sobreposição. Em algumas das minhas obras recentes, designadamente nas imagens de aeroportos, tenho-me debruçado sobre um tipo de paisagem peculiarmente contemporânea – a cada vez mais genérica fronteira urbana, suburbana, ex-urbana. Trata-se de um fenómeno global cada vez mais familiar: lugares sem história, sem identidade e sem um domínio público para além das estradas e dos aeroportos – os ‘terrain vagues’ da contemporaneidade referidos por Koolhas.
Percebo agora o teu interesse por Marc Augé e Rem Koolhas na orientação do teu trabalho. Gostava de perguntar então se quando partes para um projecto já tens um discurso consolidado ou se este se estrutura no processo? As duas coisas andam lado a lado. A teoria até pode anteceder a um trabalho mas não domina a realização. Não crio um conceito e depois vou tentá-lo ilustrar. Nunca funciona assim. Aliás a fotografia sempre se definiu por um grande controlo e o meu objectivo é abdicar de uma parte desse controlo. Trabalhando da forma como trabalho é impossível quantificar determinadas coisas. Na maior parte das vezes sou apanhado de surpresa quando produzo uma imagem, não sei como vai sair e nesse sentido há uma grande espontaneidade. Nesse sentido a produção das imagens também vai alimentando a pesquisa.
A única forma de captar a performance do mundo é abrandando o tempo, por isso uso longas exposições e a minha câmara fotográfica como se fosse uma câmara de filmar
O processo de trabalho é sempre uma questão que me intriga. Muitos fotógrafos trabalham a partir de uma ideia de série. As tuas fotografias também aparecem identificadas por séries , algumas delas até partem de encomendas. Quando decides fotografar? Hoje em dia é difícil de estabelecer um ponto de partida para um projecto, mesmo naqueles em que estou a trabalhar porque todos estão relacionados com projectos anteriores. Ou seja, as coisas podem acontecer de mil e uma formas. A primeira seria eu estar a trabalhar num projecto específico e deparome com uma paisagem algo singular que me interessa e me inspira. Nesse caso volto a esse espaço e isso vai dar azo a um tipo de pesquisa. A minha forma de trabalhar é muito orgânica, não consigo premeditar nada do que faço e nesse sentido acaba por ser sempre uma resposta muito individual ao espaço em que estou. O mais interessante hoje em dia é que já não há pontos de partida, já está tudo tão inter-relacionado e o mais interessante é que umas coisas vão dando azo a outras.
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Quando comparo estes trabalhos com o que me recordo do teu primeiro catálogo onde havia uma presença generosa de elementos naturais com uma luminescência estranha que parecia vir por detrás , há um longo caminho de depuração. Tudo parece mais afinado. Não sei se estão mais afinados. A redução não é sinónima de controlo ou aperfeiçoamento. O que há é um amadurecimento da minha linguagem visual. E sobretudo nestes últimos dois anos tenho-me debruçado muito sobre a ideia do que falámos há pouco: comunicar com uma linguagem visual aparentemente precisa mas que nasce de um processo inquantificável, caótico. Talvez esta seja apenas uma tendência passageira. Vou colocar a pergunta de outra forma. Ao fim de contas , um autor também vai sendo confrontado com o seu próprio trabalho e respondendo cada vez mais à imagem que tem de si. Não sei se concordas no teu caso. A resposta é simples: concordo totalmente. Na minha obra o processo é tudo. As imagens fazem alusão ao processo. É através deste que vou decifrando a minha relação com a fotografia, a minha relação com o mundo, a minha relação comigo mesmo. Voltando àquilo que disse há pouco, à minha crítica ao fotojornalismo: aquilo que a maioria do fotojornalismo é incapaz de fazer é alusão ao processo. Falam-se das vítimas da guerra, do herói, mas nunca do processo da guerra. Não é uma tarefa fácil, representar o processo da guerra, mas seria uma abordagem mais válida.
edgar martins
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1,2,3. Série praias nocturnas:
4,5. Série pistas de aeroportos:
Sem título, da série The Accidental Theorist, 2006-2007 Prova por revelação cromogénea, colada sobre alumínio 98 x 127 cm
Sem título, da série When Light Casts no Shadow, 2008 Prova por revelação cromogénea, colada sobre alumínio 98 x 254 cm
Edição de 3
Edição de 5
central parq: joana seixas
Enquanto é penteada e maquilhada numa estufa do Jardim Botânico, no bairro do Príncipe Real, confirma-nos o seu genuíno interesse pelas questões ecológicas. Esta actriz de 32 anos cuida da saúde, tenta manter um ritmo de vida equilibrado, dá primazia a actividades ao ar livre, escolhe a dedo os alimentos que mete em casa e constrói um mundo mais razoável para o filho. Conhecemo-la de telenovelas, cinema e teatro. É neste último ambiente que se sente mais feliz. “No teatro é onde podemos elevar a nossa expressão como actores ao máximo. Tem um espaço de experimentação que no cinema e televisão é muito comprimido por pressões de tempo. No teatro podemos experimentar tudo com o mesmo texto durante um mês ou dois e isso dá um inegável prazer.” Talvez seja este ritmo alongado e este processo de trabalho minucioso que nos ajudam a perceber a sua identidade. Joana Seixas não é uma pessoa de pressas. Gosta de viver um dia de cada vez, saborear os momentos e contribuir para que o mundo feito à sua medida seja uma realidade cada vez maior. Aos 25 anos foi mãe. Perguntámos se passou a compreender melhor os homens depois de ter tido um filho rapaz: “Nunca tinha pensado nisso, mas quando engravidei tinha a certeza que ia ter um filho rapaz. Cresci numa família rodeada de raparigas e acho que para mim era importante ter mais contacto com rapazes. Está a ser uma total aprendizagem e um desafio diário.” Um dos desafios que tem encabeçado de forma a garantir ao filho uma educação afastada dos
parâmetros standard das escolas comuns foi criar uma escola baseada na pedagogia de Waldorf em parceria com outros pais interessados num estilo educacional alternativo. Chama-se Casa Verdes Anos, funciona no Palácio Marquês de Fronteira e assegura que as crianças brinquem dentro dos jardins e contactem com a natureza diária e longamente. É um dos principais pressupostos. A alimentação na escola é vegetariana, mas em casa Joana não restringe a alimentação: come-se de tudo, desde que os produtores e marcas sejam de confiança. “Quero fazer algo por este planeta. Acho que estamos a despertar lentamente para uma consciência ecológica. Seria muito importante que nos envolvêssemos com a causa ecológica para que as futuras gerações possam viver num planeta melhor.” Faz pilates e natação para manter-se saudável e paralelamente à carreira de actriz tem cantado jazz e bossa nova. Encontramo-la de vez em quando a cantar em público. “É um dos meus sonhos. Oiço com regularidade Nina Simone, Anita O’Day, Elis Regina entre muitos outros.” Este mês vemos Joana Seixas ao lado de Gonçalo Waddington no recém estreado «Águas Mil» de Ivo Ferreira e no elenco de «O Deus da Matança» em cena no Teatro Aberto.
efeitos na estufa
Fotografia: pedro pacheco [www.pedro-pacheco.com] Styling:carla cardoso make-up: sónia pessoa [www.soniapessoa.com], com produto Giorgio Armani hair: mimi mira [www.iqons.com/Mimi+Mira] com produtos Kiehl's assistente de fotografia: francisco almeida assistente de styling: gabriela santos Agradecimentos ao jardim botânico do museu de história natural
texto: carla isidoro Fotografia: pedro pacheco [www.pedro-pacheco.com]
Joana Seixas é fascinada por campo, ar puro e natureza. Convidámo-la para uma sessão de fotografias no meio das plantas e do verde, ainda que em plena cidade de Lisboa. Ao longe ouviam-se os carros, mas ao nosso lado voavam patos e borboletas. 46
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central parq: arte
O iPhone tem uma ferramenta chamada Brushes que permite fazer desenhos directamente no ecrã do telefone. Podem assumir aspectos variados e ter o efeito de uma xilogravura ou de um desenho a carvão, entre outros, mas nas mãos de Jorge Colombo parecem-se com aguarelas ou pinturas feitas a pastel. Colombo, ilustrador e fotógrafo radicado em Nova Iorque há vários anos, pegou no Brushes e começou a desenhar com ele situações e ambientes da cidade onde vive. Os iSketches tornaram-se mediáticos e captaram a atenção dos jornais e televisões norte-americanas. Já lhe chamam de “the iPhone artist”.
O processo de composição é simples, mas o resultado infinitamente grande. Colombo passeia-se por Nova Iorque e inspira-se em cenários do quotidiano. Esquinas recortadas, táxis e transeuntes, cafés e lavandarias, edifícios que demarcam o céu, apeadeiros do metro. Pára, pega no seu iPhone, abre o Brushes e começa lentamente a desenhar com o dedo indicador cada pormenor daquilo que vê. Compõe os edifícios, desenha os carros, constrói cada janela, preenche os desenhos de cor, luz, sombreados e movimento. Ganham vida no pequeno rectângulo do seu telefone. O primeiro esboço que lhe saiu bem foi um desenho rápido da sua mulher e posteriormente ficou satisfeito com outros que fez numa viagem, dentro de um carro, às escuras. Aquilo que mais o cativa é a luz do próprio telemóvel: “A luz! Com tanto da nossa interacção —desde o email aos espectáculos ou às finanças— efectuada em ecrãs, faz sentido apreciar desenhos feitos de raiz numa máquina. Os ecrãs são as nossas bolas de cristal, neles navegamos pelo passado, pelo presente, pelo futuro. Fazemos-lhes perguntas e imensas vozes respondem. Além disso, o Brushes é um programa irrepreensível que não tenta fazer demasiado. Faz poucas coisas, mas fá-las bem.” Um dos projectos que tem na manga nasce daquele potencial: “Quero fazer um filme inteiramente iluminado por telemóveis. Imaginem, num clube, aquelas caras todas no escuro com uma luz na bochecha. Podemos passar anos sem a luz duma lareira ou luar sem candeeiros à mistura, mas por outro lado as engenhocas da nossa vida encheram-nos de luzinhas novas a brilhar na escuridão.”
a luz do vidrinho
jorge colombo
Há uma imediatez nos iSketches que faz deles registos fugazes. Em paralelo assemelham-se a aguarelas e pinturas impressionistas que os tornam eternos. Para Colombo a beleza do resultado final dos iSketches está, afinal, na sua identidade enquanto criador: “Continuo fiel a mim mesmo. A composição das imagens, a paleta, a gestão dos pormenores, tudo ecoa no que faço por outros processos, desenho ou fotografia. Toco a mesma música com diferentes instrumentos.” Gosta de usar ferramentas digitais mas a sua preferência está, ainda, na produção orgânica e humana. Ilustra, pinta, fotografa, usa câmaras, mas diz que a magia reside afinal no corpo. Em relação aos iSketches, eles têm algo que já não encontra na fotografia e no desenho: “Não me impressiono muito com ferramentas. Pincéis e instrumentos e câmaras têm o seu papel, mas adoro mais ainda coisas que saem directamente do corpo, como um poema ou uma dança ou um canto, sem acessórios. Por alguma razão fotografo com máquinas pequeninas em vez de artilharia pesada. E gosto de resumir o processo de desenho a um dedo nu que se esfrega num vidrinho e faz... iSketches, por exemplo. Tem algo de magia!” Perguntámos que motivos gostaria de desenhar se vagueasse por Lisboa de iPhone na mão. Elegeu os recém inaugurados quiosques de refrescos. Colombo pouco vem a Lisboa. A terra em si não lhe dá saudades mas mantém-se atento a novidades, tendências e ao meio criativo. “No dia-a-dia de Nova Iorque falo, escrevo e penso em inglês, mas se estou com portugueses volto à pátria por inteiro. Em Lisboa abasteço-me de livros e discos e Dvd’s de portugueses. Do território em si não sinto tanto a falta, mas com a cultura tento manter contacto o mais possível. As novas gerações marcam a diferença. Excelentes, a sério. Muito melhores em geral que no meu tempo.” É um homem urbano. Gosta de ruído, movimento e densidade. Não se imagina a viver no campo. “A natureza não me interessa visualmente e chateia-me. O barulho dos grilos é-me de longe mais irritante que o dos carros da polícia.” Os cenários citadinos são bastante ricos para os iSketches. Encontramos estes cenários na 20x200, galeria virtual que contraria o modelo de galeria tradicional. Colombo diz que quem lhe compra os iSketches não são os compradores das galerias standard, mas sim coleccionadores do século XXI. Nesta loja há dezenas de bons artistas a vender as suas obras a um preço acessível que respondem ao interesse de inúmeros compradores espalhados pelo mundo. Há trabalhos marcados a partir de 20 dólares e os mais caros custam 2 mil. A arte é para todos.
texto: francisco vaz fernandes Fotografia: edgar martins
O milagre nas tecnologias acontece quando elas se humanizam e vão além de meras ferramentas de trabalho. Os iSketches de Jorge Colombo são desenhos digitais que nos deixam um brilho nos olhos. Vê-los acontecer é tão mágico como uma aguarela acontecer numa tela. Remetem o digital para o conforto do toque humano. www.jorgecolombo.com www.20x200.com
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jorge colombo
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central parq: bd
monstro do século xxi naoki urasawa texto: mário freitas
O que faz de nós verdadeiramente humanos? Será a nossa capacidade para raciocínios elaborados ou antes para emoções extremas? A capacidade para amar, sofrer, e, sobretudo, odiar? É esta questão primordial que Naoki Urasawa, o mais premiado autor japonês de BD dos últimos 20 anos, coloca no seu mais recente épico, «Pluto». 52
naoki urasawa
Num futuro indeterminado, humanos e robôs coexistem pacificamente num plano de aparente igualdade, graças a legislação criada ao longo dos anos que confere aos robôs direitos e garantias comparáveis às de qualquer cidadão. É então que os robôs mais sofisticados e poderosos do planeta, assim como activistas humanos dos direitos dos robôs, começam a ser misteriosamente eliminados e o Agente Gesicht, da Europol, ele próprio um desses robôs, é encarregado da investigação desses crimes. Numa visão simplista, “Pluto” (Plutão, o deus romano da morte), é um remake e a simplicidade aparente da trama é herdada da história original de Osamu Tezuka, o pai do manga (BD japonesa), que criou na década de 60 "O Maior Robô na Terra", aquela que se viria a tornar a aventura mais popular de sempre de Astro Boy (Tetsuwan Atom). Mas onde Tezuka dirigia Astro Boy objectivamente para um público infantil —não é por acaso que foi alcunhado de “Walt Disney do Japão—, a abordagem de Urasawa é adulta e de uma complexidade fascinante, tecendo uma teia de intriga social, política e até geoestratégica, com paralelismos evidentes em acontecimentos reais. No “Pluto” de Urasawa, os robôs a abater (onde se inclui o próprio Tetsuwan Atom) fizeram parte da força de manutenção de paz que interveio na 39ª Guerra Centro-Asiática, um conflito iniciado pelos Estados Unidos da Trácia —liderados pelo Presidente Alexander, o mero testa de ferro de uma força sinistra—, sob pretexto da existência de robôs de destruição maciça na Pérsia do Rei Dário XIV; e os humanos visados formavam a equipa de observadores internacionais que procurou, sem sucesso, a existência dessas armas. Mas em “Pluto”, como na realidade, a guerra é inevitável haja ou não pretexto para ela, e as forças de paz acabam sempre elas próprias por se tornar nas armas de destruição maciça que se destinavam a combater. A analogia às invasões americanas do Afeganistão e, sobretudo, do Iraque, é clara, mas Urasawa não cai no cliché e na crítica fácil à administração Bush, antes usando a premissa para narrar um conto sublime sobre a humanidade e a natureza do que é ser-se “humano”, seja esse “humano” feito de carne e osso ou portador de uma inteligência artificial avançada. Aliás, a impossibilidade de distinguir a olho nu um humano “normal” de um robô avançado fica bem marcada no nome do protagonista, o polícia-robô Gesicht (cara, rosto, em alemão), um agente de fato e gravata aparentemente comum. Toda a polémica em torno da legislação sobre robôs e a própria vivência quotidiana destes servem igualmente de alegoria às minorias raciais e sociais, e Urasawa não foge a questões como a adopção de crianças-robôs, a utilização destes como “carne para canhão” para fins militares ou, até, as condições de encarceramento de robôs criminosos, personificados no frio Brau 1589, o (aparentemente) único robô que alguma vez matou um humano, contrariando a sua programação elementar. Isso é habilmente usado por Urasawa como forma de reforçar a convicção que outro dos traços realmente humanos é a nossa capacidade de autodeterminação e livre arbítrio e de nos libertarmos de condicionamentos psíquicos e sociais.
Outro tema recorrente na obra de Urasawa é a forma como os acontecimentos na infância moldam o carácter e definem a personalidade futura; acontecimentos que definem a formação de heróis e definem, sobretudo, a formação de monstros. O próprio vilão aparente de “Pluto” é como uma criança influenciável, moldada por actos que a ultrapassam e cuja abrangência não compreende. “Pluto”, aliás, é todo um jogo de manipulações cruzadas em que o mestre bonecreiro se vê muitas vezes reduzido ao estatuto de um mero fantoche. Em “20th Century Boys”, recentemente adaptado ao cinema, toda a narrativa gira em torno de um símbolo criado por um grupo de crianças durante uma brincadeira comum. Já em “Monster”, a saga em 18 volumes que Naoki Urasawa criou durante a década de 90, a personalidade do “monstro”, Johann Liebert, é, aparentemente, formatada pelos seus mentores no orfanato na antiga R.D.A. onde é criado e educado para se transformar na simbiose perfeita entre os super-atletas fabricados por essa antiga potência do bloco soviético e o übermensch, o ariano perfeito, idealizado por Nietzche e sonhado por Adolf Hitler. Porém, em mais um traço narrativo marcante do autor japonês —a ligação quase umbilical entre os antagonistas— , o destino de Johann nunca se cumpriria em adulto, não fosse a intervenção do brilhante cirurgião Dr.Kenzo Tenma, que o opera e salva, em criança, de uma bala alojada no cérebro. O mesmo Dr.Tenma que dedicará a sua vida futura à perseguição incessante do tal “monstro” em que Johann se virá a tornar. Dr.Tenma, o protagonista de Monster, é, aliás, outra homenagem a Osamu Tezuka, usando o nome do cientista criador de Astro Boy (que tentou recriar um robô igual ao seu falecido filho Tobio), e cruzando-o com “Black Jack”, outra criação de Tezuka, precisamente sobre as deambulações e dilemas éticos de um cirurgião super dotado. A grande riqueza das personagens de Urasawa está precisamente nesses dilemas éticos com que se deparam e na forma como todas encerram dentro de si uma grande capacidade para o bem ou para o mal. E aquilo que separa um homem (ou um robô) comum de um monstro cruel é muitas vezes apenas a capacidade de controlar as emoções extremas. E é notável a perafernália de personagens secundárias que Urasawa vai introduzindo ao longo da narrativa e que se tornam elas próprias no motor dessa narrativa, ao ponto dos protagonistas das histórias serem dispensados durante vários capítulos, sem haver a sensação de desconexão da trama principal. E o certo é que essa desconexão, de facto, não existe: cada capítulo, cada personagem aparentemente menos relevante que surge e desaparece logo a seguir, são peças imprescindíveis de um puzzle imenso que se vai formando na mente do leitor e que constrói, quando terminado, um edifício estruturado de solidez narrativa ímpar.
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E falar de edifício estruturado na obra de Urasawa assume outra particular significância: a riqueza arquitectónica dos cenários que desenha, desde a Neo Tokyo City futurista de “Pluto” ao classicismo marcante do traço de cidades europeias como Praga ou Düsseldorf, palcos privilegiados de “Monster” cujas ruas e gentes Urasawa retrata de forma verosímil, revelando bem a mentalidade de um autor culto e viajado que rejeita a aversão ao exterior muito típica dos autores japoneses. O próprio traço artístico de Urasawa demarca‑se claramente do mangá mais estilizado, associado a olhos e bocas grandes e a expressões exageradas, e é de uma elegância e de uma falsa simplicidade notável. A solidez da caneta de aparo, marcada aqui e ali por toques de pincel e de aguarela, confere à arte uma clareza e um toque polido que servem na perfeição os intuitos narrativos e a fluidez da história. Urasawa exibe a marca ímpar do autor completo e isso é bem visível no ritmo, na cadência perfeita, implacável, da composição das suas páginas, livres de confusões visuais ou artefactos estilísticos supérfluos. Cimentada a sua carreira e o seu prestígio no Japão, durante a última década do século XX, Naoki Urasawa já não é apenas um dos mais premiados e conceituados autores japoneses da actualidade. Aos 49 anos, o argumentista, ilustrador e músico nascido em Tokyo está se a tornar igualmente um nome incontornável na Europa e nos Estados Unidos e é hoje, indiscutivelmente, um dos grandes “monstros” da BD mundial neste início do século XXI.
central parq: moda
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1. peaches geldof 2. anna piaggi 3. Romina karamanea 4. peter jensen 5. the house of blueeyes 6. Judy Blame 7. vivienne westwood 8. richard nicoll 9. pam hog
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champanhe champanhe! london fashion week texto: Peter Breen Fotografia: Miguel Domingos
Abria a London Fashion Week e eu ainda estava na de Nova Iorque. Os dois eventos sobrepõem-se, como se não fosse suficientemente complicado acompanhar só um. Perdi a festa do Double Club da Miuccia Prada e a oportunidade de ver Chloé Sevigny dançar com todos os rapazes mais giros da Central Saint Martins. 54
london fashion week
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I O regresso da rainha Vivienne É sábado, é o segundo dia da London Fashion Week e só se falava do regresso de Vivienne Westwood aos desfiles de Londres. Marquei encontro com Miguel Domingos nas tendas da Natural History Museum em Kensinghton para ver Jenny Packham. A roupa não tinha qualquer interesse e também não havia celebridades a assistir. Não foi propriamente um bom começo mas tínhamos de seguida Peter Jensen, que seria mais prometedor. Pelo menos tinha champanhe, o que já era um bom sinal. Este desfile estava dividido em duas partes, tendo a meio um falso final. Depois de mostrar o look colorido e festivo e de ter aparecido para receber aplausos, houve uma mudança de luzes e tudo começou de novo, só que desta vez dominava uma atmosfera obscura com muita renda e caras zombie muito brancas. Talvez Jensen seja um visionário e esteja a adivinhar tempos mais difíceis. De seguida fomos ver a indiscutível, a glória da moda inglesa, Vivienne Westwood que apresentava a sua linha Red Label. Chegamos ao estádio olímpico de Londres e fomos recebidos por uma fila enorme que se estendia por um quarteirão inteiro. O tamanho do evento deixou-nos um pouco inibidos. Era de facto um regresso apoteótico da rainha que tinha quase honras de Estado. Tudo o que era importante fez questão de estar presente. No meio de tanta gente não me saía da cabeça se Naomi estaria por lá e se iria cair de novo. Talvez seja a vez da Tyra? Ignorando a hostilidade dos que faziam a fila, avançámos com os nossos passes de imprensa. Não é fácil entrar dentro desse círculo fortemente britânico e é com alívio que encontramos Philip Salon, esse sim um punk original com grande sentido de estilo. Estava a espera de mais opulência e excitação mas infelizmente nem o excêntrico casting de modelos conseguiu salvar o desfile. Parecia que estávamos a ver uma retrospectiva vendável das últimas colecções da Westwood. Contudo, o final, como não podia deixar de ser, foi triunfante e Vivienne entrava na passadeira incarnando a imagem de estrela rock. O dia estava quase a terminar mas não quisemos deixar de passar pela exposição do extravagante chapeleiro J Smith no Museu da Ciência. Infelizmente só tinha chá e bolachas e fugimos para a abertura da nova loja da Browns na Brook Street, onde nos esperavam cocktails de vodka Belvedere. Exaustos, falámos do nosso tema favorito, sapatos.
II Richard Nicoll, a promessa No terceiro dia da London Fashion Week o primeiro desfile do dia era Betty Jackson, às 9h15. Nunca iríamos conseguir estar a essa hora e por isso marcamos encontro no desfile de Nicole Farhi às 11h15. Infelizmente tive um ataque de pânico em frente do guarda-roupa e acabámos por marcar encontro no desfile de Christopher Kane patrocinado pela Topshop no Westminster University. Corria o rumor que haveria champanhe antes do desfile mas nem este incentivo de peso nos permitiu chegar à hora marcada. Uma enchente de fotógrafos concentrava-se à saída tentando conseguir a melhor foto da aristocracia da moda. Anna Piaggi da Vogue Itália, Suzy Menkez da International Herald Tribune e a super modelo dos anos 60, Twiggy, estavam entre as mais desejadas. Depois de estar uma hora muito sóbrio ao frio entrámos então no nosso primeiro desfile do dia, Richard Nicol, e tomamos champanhe para descongelar. Falamos da loucura que envolve toda a Fashion Week com Hillary Alexander do The Telegraph e Richard Mortimer, empresário e mentor do famoso club nocturno BoomBox. A colecção de Nicol era sublime, pelo que pude ver do fundo da sala estonteado pela bebida. Apresentou vários trench coats com camadas de organza, cortes exagerados e fechos semelhantes ao das meias de liga. Foi tudo realizado dentro de uma tradição de roupa íntima feminina predominando os tons pastel e de pó de arroz. Fora do desfile encontramos com Judy Blame, um estilista e consultor de imagem que trabalhou com Neneh Cherry, Björk e Boy George nos anos 80. Ultimamente Blame tornou-se merecidamente conhecido pela criação das suas jóias, que podem ser vistas nos desfiles de Gareth Pugh. Para terminar o dia restava-nos ir ao restaurante/bar do momento, o Beach Blanket Babylon Shoreditch, em East End, para ver a criadora emergente Romina Karamanea. O desfile com referências arquitectónicas foi muito interessante. As silhuetas eram fortes com ombros em forma de armaduras com cortes que deixavam antever a pele. O final foi muito aplaudido e festejado no bar de baixo, conforme o público descia.
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III Pam Hog, dez anos depois O último dia começou com Pam Hogg, um dos desfiles que despertava mais curiosidade porque a rebelde dos anos 70 e 80 não aparecia numa passerelle há dez anos. A sala estava cheia de pessoas famosas dos clubs de Londres. Na primeira fila dois elementos das Sugarbabes sorriam constantemente para os fotógrafos. Peaches Geldof no seu estilo grunge também esperava o começo assim como a Princess Julia, uma das figuras mais queridas da vida nocturna de Londres. Ao lado de Gareth Pugh estava a convidada de honra, Siouxsie Sioux, figura lendária que trazia ambiente punk e rock à passerelle. A modelo do momento, Daisy Lowe, abriu o desfile com um casaco de pele em patchwork colorido e leggings do estilo arlequim. De seguida entraram as animals party, Alice Dellal e Jamie Winstone, com cabelos frisados e plataformas de Terry de Havilland. Pareciam vir do espaço com uma atitude super cool, prontas a soltar toda a sua histeria num palco. Mais tarde fomos ao backstage de Louise Goldin onde estavam ocupados a criar franjas que caiam sobre os olhos das modelos. Apesar de pobre em celebridades, o desfile era fantástico. Um exército de mulheres cibernéticas invadiu o espaço munidas de vestidos-armadura, leggings e saias desconstruídas em camadas. O tricô rectilíneo ganhou recortes de couro sintético, fios metalizados, e fez parceria com a lã fria e o veludo alemão. O preto reinou em absoluto e só cedeu espaço para outras nuances escuras, como o azul petróleo e o cinza chumbo. Para nós, esta edição da moda londrina estava terminada e só por curiosidade demos um salto ao The House of Blueeyes, uma colectividade que congrega um grupo de designers e artistas que fazem moda e performance. Entrámos pelos fundos e foi o caos, como já era de esperar. Muitas lantejoulas, penas e rapazes magros nus e dragqueens. Fomos para baixo à procura de cocktails e esperámos que o circo começasse. A abertura do show tinha strippers e fechou com uma modelo nua. Perguntei-me se estavam a tentar vender alguma coisa, mas foi um show inesquecível. Para ambos era suficiente. Fugimos, estávamos exaustos, precisando de descansar. Ainda tínhamos Milão e Paris para nos animar.
central parq: arquitectura
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reabilitar espaços
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centros criativos de xangai texto + fotografia: paula MeLâneo
Em Xangai existem actualmente mais de setenta Centros Criativos aprovados pelo Departamento Económico da cidade e mais do dobro esperam aprovação. Estes espaços são considerados um bom investimento por parte do governo e investidores. O melhor exemplo de um espaço deste tipo, em Portugal, é a Lx Factory em Lisboa. 56
centros criativos de xangai
Xangai é uma cidade onde as reformas políticas da China contemporânea levam a que a transformação do seu skyline urbano se faça a um ritmo diário. Ao deslumbre e efusividade construtiva que se verificaram desde os anos 90, com a radical transformação da zona de Pudong, sucederam-se preocupações urbanísticas e culturais sobre a preservação do património arquitectónico da cidade. A demolição em grande escala de bairros em degradação e zonas industriais desactivadas em prol de modernas urbanizações e novas infra-estruturas, tem fomentado interessantes propostas para manter esse legado histórico de carácter industrial ou habitacional, através da ocupação dos espaços pelo sector criativo (arte, moda, design, multimédia, arquitectura, etc). Dois terços destes projectos de constituição de Centros Criativos formalizam-se em antigos armazéns e pólos industriais desactivados. Contabilizam dezenas de milhões de metros quadrados de espaços amplos que são, na sua maioria, propriedade governamental, sendo negociada a cedência para a ocupação temporária do espaço. A exploração destes espaços é considerada um bom investimento devido às baixas verbas envolvidas na sua reabilitação e aos benefícios fiscais concedidos, o que também permite rendas de menor custo. Além de alugueres de longa duração, as características dos Centros Criativos proporcionam também outros modos de rentabilização, tal como o aluguer dos espaços para ocupações pontuais de diversos eventos, como lançamentos de produtos, festas, eventos empresariais, produções fotográficas e de moda, etc. Alguns destes núcleos são reabilitados com apoios económicos substanciais e assemelham-se a modernos centros comerciais. Outros, com verbas mais baixas, acabam muitas vezes por resultar em ocupações mais interessantes.
SHANGHAI CREATIVE (2218 Yangshupu Lu, Yangpu District)
BRIDJE 8 (8 Jianguo Lu, Luwan District)
Do ponto de vista da intervenção arquitectónica este é um dos espaços mais interessantes. Tem lugar a nordeste da cidade, junto à ponte de Yangpu. Idealizado pelo arquitecto taiwanês Teng Kunyen este Centro Criativo ocupa parte do antigo conjunto industrial da General Electrics, datado dos anos 20. O espaço desenvolve-se numa interpretação contemporânea dos elementos que constituem um jardim oriental, em que os edifícios fabris recuperados funcionam como pavilhões. Aqui encontramos galerias de exposição, ateliers, um restaurante e uma livraria, que reflectem com objectividade as intervenções sofridas. As transformações espaciais e arquitectónicas são evolutivas e acontecem quase diariamente. A efemeridade é uma constante, preconizando a filosofia e cultura tradicionais chinesas. Shanghai Creative funciona desde 2004. Neste jardim podemos encontrar os ateliers de arquitectura de Teng Kunyen e Horizon Design e também a FYR Gallery Italian Art, inaugurada em Dezembro de 2008.
Numa antiga fábrica de automóveis com mais de 50 anos, este projecto de reabilitação esteve a cargo do atelier japonês HMA Architects & Designers e revela um maior investimento financeiro inicial. A intervenção é marcada pelo edifício em ponte que se ergue sobre a rua Jianguo ligando dois dos blocos do complexo. Diversos pavilhões foram recuperados e as suas fachadas revestidas com o tradicional tijolo cinzento, em geometrias de interessante efeito plástico. Este complexo tem uma situação privilegiada na zona central da cidade, junto à concessão francesa e, por isso, alberga importantes ateliers de arquitectura, como o dos americanos SOM (Skidmore, Owings & Merrill, autores da icónica torre Jinmao), os britânicos ALSOP e também David Chiperfield aqui ocupou o seu espaço. Além dos escritórios de inúmeras empresas criativas, podem encontrar-se lojas, cafés, restaurantes, bares, salas de concertos, livrarias, etc.
M50 - MOGANSHAN LU (50 Moganshan Lu, Putuo District) É um dos mais antigos e vasto espaço "criativo", a norte da cidade, junto ao Canal Suzhou. Originalmente funcionou como complexo fabril da indústria textil, cujos edifícios mais antigos foram erguidos nos anos 30. Desde a sua desactivação em 1999, os interiores das fábricas têm vindo a ser reabilitados segundo as necessidades de ocupação, numa evolução orgânica. Aglomera hoje cerca de 120 galerias de Arte de várias nacionalidades, numa filosofia que se assemelha ao famoso espaço de Dashanzi 798 em Pequim. Se no início as rendas eram baixas e a maioria dos espaços eram estúdios de artistas, hoje existem também escritórios/ateliers, lojas/estúdios, mas são essencialmente as galerias comerciais de arte que conseguem suportar a subida dos alugueres. Este é o local ideal para tomar contacto com a arte contemporânea chinesa, em galerias como a ShangArt, a BizArt ou a Art Scene Warehouse, ou na livraria Timezone8 Editions. Também Island 6 (centro experimental de artes) se encontra agora no complexo M50, após abandonar o antigo moinho da zona adjacente a este espaço. Este moinho faz parte de um pequeno conjunto de edifícios de arquitectura de estilo inglês que pode ser visitado pelo exterior. São imagens marcantes de pequenas ilhas isoladas na imensidão de um vazio urbano. Embora qualificados pelo governo, teme-se a sua demolição. Entretanto a sua visita será a não perder.
1. Bridge 8 2. shangai creative
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TIANZIFANG - TAIKANG LU (210 Taikang Lu, Luwan District) Também na zona da concessão francesa, este é um antigo e típico bairro xangainês – Longtang – de estilo shikumen (pórtico de pedra). Um quarteirão composto por ruelas intrincadas e pedonais, desenhadas por prédios construídos nos anos 20, em tijolo vermelho, com 2 ou 3 pisos e por alguns armazéns e pequenas fábricas dos anos 40. Nasceu enquanto parque criativo há cerca de 10 anos e tem vindo a ter uma ocupação expontânea. Apenas em 2004 este quarteirão teve a garantia do governo de que não seria demolido em favor dos novos planos de desenvolvimento do comércio. A sua recuperação é feita de modo lento e controlado. Aí se foram juntando estúdios de design, galerias e pequenas lojas que levaram a que outros interessantes espaços também aí abrissem as suas portas. Os habitantes locais começaram a ocupar apenas os pisos elevados, mas sentindo que no bairro o modo de vida tomava outro rumo, muitos abandonaram o lugar e alugam hoje as suas casas a jovens artistas. É muitas vezes apelidado de o novo Soho de Shanghai e aí se concentram alguns estúdios e galerias de fotografia. Podes também encontrar-se a loja ShirtFlag, projecto do designer Jiji, algumas lojas de joalharia e de objectos de design inspirados na tradição chinesa, como a Nest.
Outros Centros Criativos: Xintiandi, Tonglefang, Shanghai Sculpture Space, 1933 Old Millfun, Highstreet Loft.
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She Could Be Mine A fabulosa dualidade entre o recolhimento e o fulgor da intimida interpretado pelo cruzamento dos tons pasteis com as cores ĂĄcidas fotografada por Sara Gomes
Sara gomes assistida por: Carla cardoso
styling: Carla cardoso assistida por: sara gomes make-up: maria joĂŁo marques
modelo: Irina Mileva, DXL Models
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big Splash Quando Ricardo Guedes conheceu a explosiva Nadiya Sabelkina junto a uma piscina do Estoril fotografado por Pedro Matos . Roupa e cocktail para estar com estilo.
Pedro Matos
styling: Conforto moderno & Gabriela Santos make-up: Colombina para AR Hair: Elena Jordan
modelo: Nadiya Sabelkina & ricardo guedes, Central models
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parq here: hotel
Grande Real Sta Eulália Hotel&Resort texto: francisco vaz fernandes
Praticamente à chegada do Algarve, no final da auto-estrada que liga Lisboa ao sul, fica Santa Eulália, pequeno paraíso entalado entre Albufeira e os Olhos de Água, dois grandes pólos turísticos. Nesta zona mais arborizada e sem prédios da costa, surge, quase camuflado na paisagem, o Grande Real Sta Eulália Hotel Resort, um extenso parque que faz com que o hotel tenha uma vista marítima de 180 graus. A possibilidade de estar num ambiente recatado deitado numa chaise long junto à piscina e sentir o cheiro da maresia e ouvir o rebentar das ondas é logo à partida um dos seus trunfos. Tem acesso privado à praia, o que permite aos hóspedes descerem até a rebentação do mar. Neste aspecto, a zona do hotel, com os seus terraços e piscinas aproximase dos grandes hotéis clássicos de costa como o Grand Hotel des Bains no Lido, em Veneza, ou o Hotel du Palais em Biarritz. Para além dessa relação com o mar, o Grande Real tem uma zona de resort com vastos campos relvados entrecortados por pinheiros e plantas do mediterrâneo como o rosmaninho, a lavanda e a sálvia, com uma fragrância que convida à permanência e apela ao recolhimento. Nesse sentido, a relação entre o edificado térreo e os relvados tornam um local perfeito para famílias com crianças que tenham de ser vigiadas.
Não foi por acaso o grande número de casais jovens presentes no período da Páscoa, quando visitámos o Grande Real. Praticamente não é necessário sair, existem 5 restaurantes com diferentes orientações, tendo maior destaque o Pérgula com uma cozinha de autor que se tornou numa referência no Algarve. Podem-se praticar várias actividades ligadas ao desporto e tratamentos spa. Para os que gostam de sair à noite integrados no hotel, existe o club Luna, antiga locomotiva com excelente terraço com vista para ao mar, ou, a poucos minutos de carro ou mesmo a pé fica tudo o que a Oura e Albufeira têm para oferecer à noite. Ao conhecer o moderno Spa considerado a jóia do Grande Real provavelmente vai ter argumentos para nunca sair do resort. Com uma área de mil metros quadrados, é composto por piscina interactiva thalasso, uma piscina exterior de água salgada aquecida que permite estimular e eliminar as toxinas, remineralizando a pele. Uma carta à entrada do spa anuncia um extenso programa de tratamentos como hidromassagem, aerobanho, thalaxion, tratamento chromotherm, duche vichy ou duche escocês. Argumentos não faltam para satisfazer as mais diversas necessidades dos que buscam bemestar e relaxamento profundo, um equilíbrio entre corpo e alma na tranquilidade de um destino de praia, num centro turístico.
Grande Real Sta Eulália Hotel&Resort Praia de Sta Eulália, Albufeira Telf +351 289 598 000
www.realhotelsgroup.com
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parq here: places
be yourself
Virgul dos Da Weasel abriu a sua própria loja de roupa. Com a ideia de descentralizar e investir em street wear fora da capital, o Mc montou o seu espaço numa das principais artérias da Costa de Caparica. A Be Yourself representa marcas como a LRG, Reebok, DC, Insight, Pull In, Shmack, Azzure, Vestal e Sabre, e vem dar resposta a um público interessado em street fashion que também aprecia a relação do músico com o seu próprio estilo. Na margem sul o hip-hop tem uma expressão forte e a procura por roupa e calçado street é uma garantia. Desejamos sucesso à Be Yourself.
texto: sofia saunders
Av, 1º de Maio, 44 D – Costa da Caparica
www.beyourself.com.pt
La Hora Española
O casal luso-espanhol Ana Carmo e Francisco Carvajal abriu uma casa de petiscos com a melhor selecção de iguarias espanholas. A decoração aplicada na arquitectura de um edifício de 1850 é feita de posteres de flamenco, cartazes de touradas com Joselito, retratos de Camarón de la Isla e fotografias de boxe, desporto que Francisco praticou e admira. A grande foto de boxe dependurada numa das paredes é, sem dúvida, um dos pontos que mais nos chama a atenção. Pela surpresa de estar numa tasca espanhola e pela beleza que encerra.
texto: carla isidoro
O balcão predispõe a um copo de Rioja, ao preço médio de 2 euros, e um prato de tortilha de batata à boa maneira espanhola. O casal optou por produtos ibéricos de denominação de origem e Francisco frisa que escolheram aquilo que gostam de comer na sua própria casa. Privilegia-se a autenticidade e há um pouco de tudo: o gaspacho feito à espanhola, presunto de bolota com 30 anos de cura que vão buscar à Estremadura, chouriço do lombo, queijo da Mancha, a mojama de lombo de atum e vinhos provenientes da Rioja, na sua maioria. Ouve-se Paço de Lúcia em fundo, pica-se o queijo e imaginam-se os espectáculos de sábado à noite. Em breve vão abrir ali dentro uma mercearia de especialidades e ainda vender vestidos de flamenco, mantones sevilhanos, chapéus e jaquetas feitas à mão. LA Hora Española é um ponto de encontro do Festival de Flamenco, que decorre até Junho, não fosse Francisco Carvajal o seu director artístico. Olé! 3ª a Sáb. 12h – 15h30 / 19h30 – 02h Calçada Marquês de Abrantes, 58/60 – Lisboa Tel: 213 971 290
lahoraespanola@blogspot.com
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parq here:gourmet
Absolut Vanilia Alexander
texto: sofia saunders
Uma garrafa de Absolut Vanilia é sempre uma arma preciosa para quem gosta de cocktails, mesmo que não esteja muito à vontade com um shaker na mão. O sabor doce e aromatizado é só por si a combinação perfeita para um copo com duas pedras de gelo. Misturado num shaker com a polpa de um fruto e um sumo que tenha no frigorífico, desde que doseado em partes iguais, equilibradas em sabor, álcool e açúcar, terá provavelmente inventado por si um excelente cocktail. Não tem nada que enganar, o sabor da Absolut Vanilia está lá para ajudá-lo a conseguir um resultado surpreendente. Mas para quem não gosta de se meter em aventuras ou seja purista, aqui deixamos a receita de um grande clássico russo, o Alexander. Este cocktail atribuído à corte do czar Alexander III era uma mistura de vodka, licor de cacau e vermute. Distinguia-se de todos os outros pela coloração branca do licor de cacau que segundo a tradição aludia ao carácter divino do império russo. Deixamos uma versão modernizada em que se juntam natas em vez de vermute para suavizar o álcool, intensificar a cor e dar textura. 1 parte de Absolut Vanilia 1 parte de licor de cacau 1 parte de natas Chocolate Misturar num shaker com 1/4 de gelo todos os ingredientes durante um minuto. Verter de preferência para um copo de pé aberto e decorar com raspas de chocolate escuro.
vinha da defesa
kusmi tea detox
Temos uma boa notícia para os amantes da boa vida Hemingway style.
A Kusmi é uma marca de chás russa com 140 anos de tradição. Voou de S.Petersburgo para Londres, passou por Berlim e Paris, e chegou à sua chávena.
texto: mami pereira
A marca Vinha da Defesa, mais ousado vinho do grupo Esporão, tem uma nova imagem. Idealizada pelo designer Eduardo Aires, a garrafa ganhou vida com novas linhas, reflectindo um estilo de vida mais urbano e contemporâneo. Prove o novo branco, com um sabor fresco, rico e elegante, perfumado de limas e frutos tropicais, e vai sentir-se de férias. É a companhia ideal ao pôr-do-sol na praia, numa descontraída saída com amigos ou num restaurante mais avant-garde, acompanhando sushi, raclettes, fondues, risottos ou pastas.
texto: mami pereira
O Kusmi Detox combina as propriedades diuréticas e antioxidantes do chá verde e erva‑mate (que tonifica sem os efeitos secundários da cafeína), resultando na companhia ideal para as dietas de emagrecimento e desintoxicantes. Com sabor a limão, este chá pode ser tomado simples ou com açúcar, e promete uma pele resplandecente. Pode encontrá-lo em lojas gourmet ou encomendar a partir do site, em latinhas de variadas quantidades ou saquetas.
Vá conhecê-lo até 6 de Maio no evento Chiado After Work. www.esporao.com
www.kusmitea.com
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strawberry fields party 1º aniversário parq — 04/04/09 76
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English version
How did you feel upon receiving the BES Photo prize, especially as your work was recognised firstly abroad and only later began to gain recognition in Portugal? I was genuinely surprised when I received this prize, and it isn’t because of any false modesty or lack of conviction in my work. Ever since I was nominated, I stopped thinking of the prize as a competition. It was a particularly exhausting month and process and I simply dealt with it hour by hour, day by day. It is wonderful though, to have confirmation that my work is nationally and internationally recognised. Were you aware that there was a certain recognition of your work in Portugal? Yes. I’ve been getting closer again to Portugal over the last few years. Of course, my work was recognised there but this prize means that my work will reach a wider audience, and let us say that the effect was pretty much immediate. This wasn’t your first prize, was it? I had already been awarded the Jerwood Photography Award in 2003 and the New York Photography Award last year: This year I received the Terry O’Neil Award and the SONY World Photography Award. To be honest, I was surprised to receive the SONY award as it is an award with leanings towards the more conservative, in terms of photography. I have to admit though, the BES Photo award was special, above all, as I have never lived in Portugal during my adult life. Is winning prizes important for a career in photography? Prizes help. At heart, though, they are very subjective. As long as you don’t think that the awarding or not awarding of a prize is a reflection of the quality of the nominated work, then I think it can be a positive experience. What else is now essential to consolidate your career? More exhibitions in national and international museums. The exhibition at PS1 MoMA in New York was a very important step for me . This year, I am going to exhibit at FOAM (Amesterdam) and at the Cultural Centre of the Calouste Gulbenkian Foundation (Paris). In general what basis do you recommend for an aspiring artist and photographer? I think it is helpful to invest
Out of curiosity, what were your references in photography before beginning your Masters? What did you study? My references were never restricted only to photography. They also came from fine art and literature. I always liked artists whose work made me have to confront myself. Artists like Patrick Tosani, whose work is particularly self-referential, John Strezaker who ended up being my humanities teacher at the RCA. Also Oliver Richon who was also my teacher. In fact, one of the reasons I wanted to go to the RCA was because the course director was Oliver Richon, a conceptual artist who explores issues of psychoanalysis. Listing personal names like this, I’m probably not doing full justice to the question. I could just as easily name these three names as I could five, six or even twenty names. The fact that you have an international career and that you have never really lived in Portugal makes me curious, as a large proportion of your images are actually from Portugal. I find myself wondering whether there is a certain exotic appeal to these images. I question the type of image typified by photojournalism, the pioneering photographer who goes for two or three days to certain place under controlled conditions and then after returning says he has been to “Palestine” or “Iraq”. It is neither one place nor another, it is the fragmented vision of someone who hardly knows the context. My work, at the other end of the spectrum, deals with the opposite of this. I reinterpret and interiorise the space surrounding me but in a responsible way. I visit the same places year after year, and my work has a long gestation period of maybe two or three years. Thus I know all the places I photograph in Portugal very well, in spite of never having lived in Portugal for family reasons. Also because I had easier access to these places, which is important too. For example, there is a thorough prior research process which would be impossible in England with all the bureaucracy I’d have to deal with. What’s it like living in London and having a career based in the UK? Now I live to the north of London. In England I had opportunities which I might not have had in Portugal. At least not quite so soon perhaps. Plus the fact that being a Portuguese artist abroad has helped me in terms of support both from Portugal and the Orient. It was interesting to read a regulation for the scholarships awarded by the Gulbenkian Foundation, which favoured Portuguese artists living abroad, and makes me realise that there are things which are much more appreciated abroad than in Portugal. Courses abroad are certainly more dynamic than the Fine Art courses in Portugal. I soon sensed that England would be the best place for me to be. Afterwards, when studying, I saw that people entered the market at an earlier age. I would add here that what constitutes a “young artist” varies from one country to another. For example, in England, a young artist would be in their twenties, while in Portugal they would be thirty-something. This reflects the time at which opportunities are given for artists to enter the marketplace. In England there is a lot of support for the young artist. I am not criticising Portugal, as there are more and more opportunities for young artists. I would like to think your photography fits into the theme of “landscapes” but the pictorial aspect implicit in this type of representation is bleaker? Why do you seek out these situations? When I finished my course I showed a series called “Black Holes and other Unconsciousnesses”
in academic training. In my case, I opted for the Royal College of Art as it was a school with a good photography department. The graduation show opened a number of doors for me. This would be the first step. Afterwards, I would say there are scholarships and artist residencies, but above all, a lot of work, persistence and a certain methodology in the way you practise your art. Up to a point, do you recognise the fact that studying at the Royal College of Art was a determining factor in the success of your work? I wouldn’t say a determining factor. Essentially, it opened doors. It is interesting to note that before I did my Masters I didn’t have a particularly strong and individual voice in my work. I was still looking for a way of expressing myself which reflected my particular way of being. For the first year of my Masters, I was a bit aimless. I also made a bit of a crass mistake by going from Bachelor’s degree straight into a Masters, and because of this, I would advise students to take time out in order to mature their work. Never do a Masters straight after a Bachelor’s degree. I feel that I couldn’t get the best out of all the resources in my first year. Only in the second, did I begin to focus on a more personal project after having first explored and researched more fully
in which I explored the idea of the black hole in landscapes. For example, a mine, a quarry or a cloth on the floor. In other words, I emphasised the plurality between the natural world and the artificial world. They are a metaphor for “reason to the point of exhaustion.” The black hole in the landscape ended up being a way of dealing with the fact that we are no longer capable of identifying the language of the contemporary city and are unable to relate to the world around us in a permanent state of mutation. My work explores simple questions. Mainly, the inability of photography/ the image to register or represent time. Apart from this, my work alludes to three other concepts which fascinate me. The first is the use of emptiness and communication via absence. The second is the deceleration of time so that we can interiorise things in a different way, and the third is intrinsically related to my own visual language. I communicate through the language of an apparently precise, graphic, formal image but via a near-chaotic process. This dualism interests me. In one of your texts which you wrote about the series “accidental theorist,” you wrote of the silence of your images. Is this one of your concerns? In the beginning of the twentieth century there was a move towards the
The World in Slow Motion Performance: Edgar Martins p. 42
We spoke on the phone to the winner of the 5th BES Photo, Portuguese photographer Edgar Martins, who was brought up in Macau and studied in London. He sees in his work a way to get closer again to Portugal. This is yet another prize to help consolidate his burgeoning international career, four years after having been on the cover of “Aperture” the most important photography magazine.
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sacred in landscape painting and photography. In my work there is a subversion of the function and representation of landscape. At first sight you could say that my work deals with the impact of Modernism on the environment and of photography as a process of representation. Regardless of this, I would like to think that my range of interests is wider than this. I am interested in theatre and performance, but not in the traditional sense of the word. What I tend to say to people is that I am interested in capturing the performance of the World, not just by itself, but as a bringing together of facts and processes. In my view, the only way to capture this is opening up time, which is why I use long exposures and why I use my camera as if it were a video camera. I have always loved the idea that each and every space mutates because of the people who observe it and will always do so. What I am saying with my images is that if we would open up time enough, maybe we would be able to capture this. To answer your question more directly, I don’t see spaces and objects as represented in images as such (especially in the series you refer to) but as events happening. They represent time suspended before or after an event, and the memory of an event which might not even have existed. They represent also a wider time dimension which you cannot define or deny. The images from this series are less a group of images than a series of moments in which spaces, signs and happenings in the landscape become independent of the cause and function. They are meetings of time touched by eternity In this most recent series of photographs which you took of the runway at Azores airport, with tyre-marks on the tarmac, the quietness and oddness makes it even more marked, would you agree? As I just said, my work deals with the incapacity of photography to represent time. The photos exhibited at the BES photo show are those which had the most exposure. Round about three hours. A lot of those marks on the runway which, at first sight, seem to be a part of airport language don’t even make sense from this point of view. As it was an airport which was used during the First and Second World War, only twenty percent is in use today, and while some parts have ceased to be used, others are used more frequently, so new lines appear, a new language. What happens is that in certain situations, these marks get superimposed onto others. It is a much more minimalist and reductive than the series prior to this called “Approximations” as I chose more characterless settings. In some of my more recent work, particularly the ones featuring airports, I have been drawn towards more contemporary landscapes, and increasingly towards urban, suburban, ex-urban borders. It is a global phenomena; places without history, without identity and with no public dominion, apart from highways and airports, the “terrain vagues” of contemporary life. Reflecting on the complexity of negotiating between imagined lives and worlds without territory, Koolhas questions whether the generic city is synonymous with the modern airport, a space for the rootless, the wandering. It is from this context of the airport landscape that the series “When Light Casts no Shadow” was born.
3 ABRil > 30 AGosTo 2009
O Museu de Ciência
mostra as suas colecções
The collecTions of The MuseuM of science
mostra dedicada a
Fernando Bragança Gil (1927-2009)
Museus da Politécnica Rua da Escola Politécnica 56-58 1269-102 Lisboa
DESIGN: tvmdesigners.pt
Terça a Sexta: 10h–17h Sábado e Domingo: 11h–18h
guia de compras: Adidas: telf. 214 424 400 www.adidas.com/pt Adidas Eyewear, Brodheim lda: telf. 213 193 130 AFOREST DESIGN: telf. 966 892 965 www.aforest-design.com Bing Punch: R. do Norte, 73 — Bairro Alto — Lisboa telf. 213 423 987 Carhartt Shop: R. do Norte, 64 — Bairro Alto — Lisboa www.carhartt-streetwear.com Carolina Herrera: Av. da Liberdade, 150 — Lisboa Cat Bedivar: telf. 219 946 810 Chloé: Fátima Mendes e Gatsby (Porto) Loja das Meias e Stivali (Lisboa) Cheyenne: ACQUA Roma – Av de Roma — Lisboa Colcci: Rua Ivens, 59-61 — Lisboa Converse Proged: telf. 214 412 705 www.converse.pt Decode: Tivoli Forum – Av da Liberdade, 180 Lj 3B — Lisboa Diesel Store: Prç Luís de Camões, 28 — Lisboa telf 213 421 974 Dior Joalharia: David Rosas – Av. da Liberdade — Lisboa Machado Joalharia – Av. Boavista — Porto Eastpak – Morais&Gonçalves, lda: telf. 219 174 211 Emergildo Zenha: Av. da Liberdade, 151 telf. 213 433 710 Energie – Sixty Portugal: telf. 223 770 230 Epicurista: Rua do Instituto Industrial, nº 7H — Lisboa telf. 223 770 230 Fabrico infinito: Rua D. Pedro V, 74 — Lisboa Fashion Clinic: Tivoli Forum – Av. da Liberdade, 180, lj 2 e lj 5 — Lisboa C.C. Amoreiras Lj 2663/4 — Lisboa R. Pedro Homem de Melo, 125/127 — Porto Fátima Mendes: Av. Londres, B1 1º Piso — Guimarães R. 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English version London Fashion Week A/W 09 p.54 London fashion week begins and I’m still in New York! As if the schedule isn’t gruelling enough they go and overlap, leaving you wondering how any fashionista can possibly be sipping champagne in two places at once? So while I’m on my BA flight over the Atlantic, slipping off my now rather tired Paul Smith dip dyed mint leather brogues, I miss the first day of London shows. I would have liked to see the Ashish show, in all his garish, signature sequined to death glory and kaleidoscope palette! And I’m presuming Jodie harsh sat front row! And I would have like to be inspired by the future of fashion, the Central Saint Martins MA show Resided over by Professor Louise Wilson, previous graduates include Jonathan Saunders, Christopher Kane and Danielle Scutt. But instead, I arrive back dragging my LV luggage sighing with the weight of NY parties and too many looks to recall, too jet lagged to attend the opening party at the Double Club created by Miuccia Prada and artist Carsten Hölle where, I heard Chloë Sevigny was dancing with Roland Mouret, Pat McGrath and Katy England, plus all the cool kids from Central Saint Martins. First day. I awoke (a bit late I must admit) in my own home –a warehouse in the east-end of London and had the thrill of dressing in anything of my choice from my yawning closet consisting of a choice few pieces from S/S 09 and a plethora of brilliant vintage finds it has been my life’s work to accumulate. It’s Saturday and the second day of London fashion week. I rush to get ready and leave my place by 3:00pm. In a huge hurry and trying to speed things up I run to catch the tube at Liverpool Street. It is at this point I quite literally bump into one of my most fabulous friends and most brilliant fashion photographers, Miguel Domingos! He is also in a rush to catch the London vibe at fashion week. So we travel together and join creative forces on this report. After being welcomed by the lovely people at the British fashion council we headed for our first show at the tents at the Natural History Museums grounds in Knightsbridge, Jenny Packham. The celebrity count was low and the gowns displayed were a W.A.G’s dream but not really my cup of tea! Not a good start! Next on the list was Peter Jensen where we sipped our first glasses of champagne and had our first sighting of Kanye West, who it turns out, went to nearly every single show and arrived as if by magic straight to the front row! Also on the front row was fashion legend Diane Pernet whose blog ashadedviewonfashion.com is checked daily by everyone in the industry. Jensen’s show was split in two with a fake ending after he showed his folkloric, handcrafted, cosy layered-up colourful looks –which were individually very sellable, especially the white leather boots with cross-stitch detailing. He pretended it was over – even came out for a bow - and then it started all over again, though this time the mood was darker, dream catcher detailing, grandma lace, zombie eyes and white faces. Maybe Jensen is foreseeing fashion in A/W 2009/10’s financial crisis as being all doom and gloom? So off we went to what is indisputably the crowning glory of modern British fashion Vivienne Westwood Red Label. We arrive at London Olympia Stadium to see a huge queue going right down the block and suddenly feel humbled at the enormity of this event! The Queen has returned in unimaginable style and everyone who is anyone is stood in the freezing cold waiting to be astonished? Will Naomi be there – Will she fall again? Maybe Tyra this time? Ignoring the obvious hostility from the well-heeled crowed, myself and Domingos marched to the front, flashed our passes and were ushered inside the whales carcass which was to be the venue for the jewel in the crown of this fashion week. Immediately following behind us was Erin O’Connor, who was a true show pony posing for the international press with her enigmatic style and long limbs swaying. We fought to get deep inside the ring of this very British circus only to find one of Westwood’s contemporaries –Philip Salon “Original Punk and Stylist Extraordinaire” who seemed to not only have stood the test of time but to have been somewhat tipped off as to the theme of the coming collection! The next prominent member of Westwood’s court was from the internationally successful British girl band ‘Girls Aloud” Nicola Roberts wearing a draped green silk V W Red Label gown contrasting with her pale skin and naturally red hair. Fighting through the crowds of celebrities and teams of
reporters we found Leigh Wood 5 months pregnant and waiting for her beautiful 53 year old mothers debut on the catwalk! I was hoping for the opulence and excitement to fill out to the catwalk presentation but unfortunately even with accounting for Westwood’s less than conventional casting of models, the collection seemed to be more of a retrospective of commercially sellable department store fillers. The finale was triumphant as Queen Vivienne herself glided down the catwalk like a rock star! The day was not quite over as we headed over to The Science Museum for an exhibition of J Smith Esq.’s exquisite millenary creations. Unfortunately the only refreshments on offer were tea and biscuits so Domingos and myself hotfooted it to the opening of the new Brown’s shoe store on Brook Street. After being dragged through the impossibly crowded entrance by a kind PR, we sipped on Belvedere vodka cocktails surrounded by exhausted fashionistas talking about their favourite subject –SHOES!! Second day. Sunday 22nd February, day 3 of London Fashion Week. The first show of the day, Betty Jackson at 09:15am. We were never going to make this, and so made an agreement to meet at the Nicole Farhi show at 11:15. Unfortunately I was having a fashion crisis and Domingos was having a lie-in so we planned to meet at Christopher Kane which was being held at Westminster University, being sponsored by Topshop, and rumour had it, there was a champagne reception before every show, so I figured we could have breakfast there and kill two birds with one stone! We arrived in a Black Cab fashionably late, I was all in black, slashed tight jeans and a reversed vintage rabbit fur coat, and Domingos was juggling all of his photography equipment. The scene was unbelievable, Photographers on top of each other all trying to get a great shot of the fashion royalty leaving the show! Anna Piaggi from Italian Vogue, Suzy Menkez from the International Herald Tribune and 60’s super model and British Fashion Icon Twiggy! It was at this point we realised we had missed the show altogether!! Fortunately the next show was at the same venue so we just had an hour to kill before we got in to see our first show of the day Richard Nicol at 2:30pm. After a very sober hour in the cold, Domingos mingling with the crowd taking pictures, and me, stood aside from the crowd having my picture taken for magazines, websites and blogs such as styleclicker.net whose street style photographer, Gunnar Hämmerle scouts internationally for Condé Nast publications. We were allowed to enter the venue and treated to champagne and little cakes, which seemed to come from a bottomless supply! As we defrosted in the VIP area, which was just aside form the cavernous hall that the catwalk was set in, we chatted about the Fashion week madness with the very knowledgeable Hillary Alexander from the Telegraph and Richard Mortimer, London’s nightlife entrepreneur and the brain behind the infamous London Club night ‘BoomBox’. Really quite merry now I was aware Domingos had gone to claim his ground at the photographers’ pit at the end of the runway, but failed to notice the show starting so had to watch it from behind the back row with the waiters, which was handy for drinks but not the best view. I could see the front row however and there centre stage, were Diane huge hair and black signature look including her ever present sunglasses and Kanye with shaven headed girlfriend draped all over him. The collection was however sublime! Trench coats with exaggerated storm flaps, finished off with garter belt fastenings, sheer layers of organza, liquid metallics, everything had an old school sense of corsetry, which was set off in a muted palette of creams, flesh and powder pink. Eley Kishimoto was the next show we saw and it seems they had given up on the idea of fashion all together and instead, in these times of financial decline had decided to go on a flight of fantasy by designing what looked like the costumes for an imagined ‘Pam Ann The Movie’ with models decked out head to toe in retro air stewardess uniforms. Complete with bonkers, headgear and aeroplane jewellery. Outside the show we bumped in to Judy Blame British stylist since the 1980’s, image-consultant for Neneh Cherry, Björk and Boy George. In his latest reincarnation, Blame is a show stopping jewellery designer. Collaborating with Gareth Pugh since his very famed beginnings. It was off to Bar/Restaurant of the moment ‘Beach Blanket Babylon Shoreditch’ in the east end of London for Domingos to get a peek with his camera of the backstage preparations of young, emerging Greek fashion designer Romina Karamanea. In the unusually calm atmosphere we found her quietly dressing models in her futuristic suede creations, transforming each one in to strong, robot-esque women. The skin was made luminescent and there hair intricately woven and moulded into organically inspired sculptures. We were seated for the show and were treated to a very modern show with delicate architectural references made of suede piping that snaked all over each look.
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And killer silhouettes accentuated with armour-like shoulders, and ingeniously placed cut-outs, revealing the sensual female flesh below. The show received a standing ovation and the celebrations continued down to the bar below. We decided against following the Fashion crowd to the west end to catch the Twenty8Twelve show – the actress, Sienna Miller’s label she co-designers with her older sister Savannah. And instead enjoyed Mojitos with Karamanea and her lovely team and ended up going very late at night to the only Vietnamese restaurant to be seen at “Viet-Grill”, refuelling and discussing the days events well in to the night! Third day. Our final day at this season started with the hot ticket and show to be seen at! Former 70’s and 80’s fashion rebel Pam Hogg was having her first show in 10 years and everyone on the who’s who of London’s club scene was there to witness! Two very primly dressed Sugababes were smiling for the cameras, a grungy looking Peaches Geldof was sat front row along side darling of London’s nightlife DJ and Music journalist Princess Julia.Seated next to British enfant terrible Gareth Pugh was Irish singer-songwriter and music producer, Roisin Murphy, wearing one of Hogg’s second-skin outfits in black, silver and white stretch. And waiting patiently within a circle of photographers, was guest of honour, whose presence was quite literally bringing authentic punk and rock ‘n’ roll back onto the London catwalk, was British rock legend and Hogg’s long time muse Siouxsie Sioux. London ‘It’ girl, Daisy Lowe, opened the show in a multicoloured, patchwork fur jacket and harlequin leggings, in geometric, slices of Lycra and leather. Followed by fellow party animals, Alice Dellal and Jamie Winstone, the hair uniformly hair sprayed and backcombed to death into high quiffs and the girls were towering in Terry De Havilland platforms. Hogg’s army of space-age Goths menacingly paraded with über-cool attitude in a collection to inspire any of us to get on a stage and shout lyrics hysterically at an audience of rioting teens –as long as you have hips forgiving enough to get zipped in to a Lycra cat suit! We left the show on a high and all spilled onto the Kensington streets as if we had just left an after-hours club dressed up to the nines and squinting in the daylight! It was decided that we should go and get some lunch! (There was no way we were going to make it to the next few shows!). Later on that afternoon we found ourselves backstage at Louise Goldin, whose models were all having blunt fringes applied to there hair styles and space-age blue eye makeup to create a uniform look. The celebrity count was low but the clothes were a triumph! Goldin continued to experiment with her signature knits, which were toughened up with leather belts and panels that gave a futuristic, armour-like quality to the looks. Again the palette was dark. I really liked the mini-dresses made from layered folds of green, black and purple Lurex and the robotic black panelled leather dresses. Our own season finale took place at a fashion happening, rather than a show, it was by The House of Blueeyes, which is a creative team of designers and artists collaborating on Fashion Collections, films and live performances. We snuck in backstage to get a glimpse of what was absolute mayhem, as to be expected! Glitter and feathers, naked waify boys and enormous drag queens and what I’m sure was blood flying everywhere!! We left them to it and went for a cocktail downstairs to wait for the circus to begin! The crowd waiting for the show/performance were almost more colourful than the collection waiting to be shown upstairs. We chatted to drag queen of the moment Jodie Harsh –who later crashed the runway! The show opened with strippers and closed with a naked model which did make me wonder what exactly they were planning to sell. But a show to remember it was! The crowd imploded and mayhem ruled –I’m sure it was just what Mr Blueyees had wanted! But for Domingos and myself, enough was enough. We escaped into the night. Tired and exhausted and in need of rest, as of course there was Milan next and then Paris to look forward to!
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PARQUE DAS NAÇÕES
o verdadeiro artista
Crónica de Cláudia Matos Silva Ilustração Vanessa teodoro
…é o que assina como tal nos recibos verdes. Tó Mané é forçado a preencher a papelada como António Manuel, mas na “rádio chafarica” onde brilha diariamente com um programa de Fado, é simplesmente o Tó Mané. Pelo estatuto de super estrela na “rádio chafarica” e pelos muitos beijinhos e abraços que gosta de enviar “on air” para os amigos, raras vezes precisa de puxar pela carteira e pagar as despesas. Nos tascos das redondezas é recebido de braços abertos e se tiver cumprido a promessa de passar as músicas do consagrado Ti Zé, ainda leva dois quilos de camarão. -Ó Tó Mané…essa é por minha conta! E assim prossegue a excursão pelos vários estabelecimentos comerciais onde é tratado como o verdadeiro artista que é. A simpatia popular enche-lhe o bucho de jolas e vinho a martelo - fundamentais para mergulhar no espírito do programa - recriando um ambiente familiar. No Verão a sua imaginação leva-o a cenários onde nem sequer falta o fogareiro com as sardinhas a assar. No Inverno, com o frio, diz que está quentinho com o “calorifo” apontado aos pés, quando na verdade está cheio de frio recorrendo ao casaco e cachecol. Gosta de ter o ar condicionado no frio, disfarçando desse modo o cheiro das “jardas” que borrifam o ar ao longo das 3 horas de programa. Tó Mané e o seu monumental bigode têm quase 60 anos! Recebe correspondência amorosa como se fosse um adolescente: as cartas são cheirosas, coloridas, adornadas com gatinhos,
ursinhos e redigidas com uma caligrafia impecável. As pretendentes enviam-lhe fotos exibindo permanentes que infelizmente se mantêm permanentes desde os anos 80. Ao colar a sua imagem numa garrafa de néctar de Baco, a ouvinte Clarinda sabe que estará presente na memória do verdadeiro artista. Já inebriado, nem nota que uma flashada bastou para eternizar um “bad hair day” da sua fã invasiva! Mesmo com o grave problema de coluna, imobilizando-lhe o pescoço, mantém-se o galanteador de sempre, a personificação do ditado popular “enquanto houver língua e dedo não há mulher que meta medo.” E confirma-se, ao olhar de soslaio as mulheres que passam, não se coíbe de pôr a língua em acção com comentários de pura brejeirice, apontando como galdérias as que não se rendem aos seus encantos de Zé Gato da “rádio chafarica”. Preso no tempo do disco, da cassete e da rádio pirata, Tó Mané vê-se vencido por uma máquina infernal, vulgo computador, com o qual trava diariamente lutas titânicas. Desorientado, esquece o microfone ligado e no total silêncio lança um suspiro de enfado seguido de “Porra pra esta merda!”. É esta a estranha forma de vida de Tó Mané que, tal como cantaria Carlos do Carmo, “nasceu assim, cresceu assim”… Nós acrescentamos numa interpretação livre: chama-se o verdadeiro artista!
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