Parq 18

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Director

Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com Direcção de Arte

Alva — Valdemar Lamego www.alva-alva.com Publicidade

Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com

Cláudia Santos claudia@parqmag.com

PARQ

periocidade

TEXTOS

Número 18

Mensal

Ana Rita Sevilha André Muraças Carla carbone Davide Pinheiro Diana de Nóbrega Júlio Costa Júlio Dolbeth Luísa Ribas Margarida Brito Paes Maria São Miguel Nuno Adragna Pedro Lima Pedro Mota Rui Miguel Abreu

mar. 2010

Depósito legal 272758/08 Registo ERC 125392 Edição Conforto Moderno Uni, Lda. número de contribuinte: 508 399 289 PARQ Rua Quirino da Fonseca, 25 – 2ºesq. 1000-251 Lisboa 00351.218 473 379 Impressão BeProfit / SOGAPAL

FOTOS

Rua Mário Castelhano · Queluz de Baixo

Aloíso Brito Francisco de Almeida Luís de Barros Mário Ambrózio Pedro Janeiro

2730-120 Barcarena 20.000 exemplares distribuição Conforto Moderno Uni, Lda. A reprodução de todo o material é expressamente proibida sem a permissão da Parq.Todos os direitos reservados.

STYLING

Copyright © 2008 Parq.

Chiara Vecchio Conforto Moderno Margarida Brito Pães Chiara Vecchio

Assinatura anual 15€. www.parqmag.com capa ricardo pereira fotografado por luís de barros. Camisa e cardigan PRADA na

Ilustração

Fashion Clinic, corrente com chapas

Vanessa Teodoro

metálicas SALSA


04 real People

73 Parq Here

Ricardo Andrez

places

por Maria São Miguel

kolovrat store

06 Real People

74 Parq Here

paco peregrin

places

por Francisco Vaz Fernandes

vinodivino + moov

08 Real People

pedro castro

76 Parq Here

por Roger Winstanley

gourmet

10 Real People

Rui Brito por Roger Winstanley

jameson + adega mayor + hendrick's 78 Parq Here hot party

12 Shopping Still Life

reebok

por Mário Ambrózio 80 Parq Here

40 Viewpoint

Oleg Dou

16 You Must

hot party

louis vuitton + diesel 32 Shopping 82 Dia Positivo 34 Soundstation

mão morta por Davide Pinheiro 36 Soundstation

groove armada por Pedro Lima 38 Soundstation

Stones Throw por Rui Miguel Abreu 40 Viewpoint

oleg dou por Oleg Dou editorial: francisco Vaz Fernandes

Uma geração em fuga Nesta edição, por coincidência, dois dos convidados que abordamos na secção “real people” são portugueses com um trajecto profissional que começa em Espanha. Provavelmente, não será tão coincidência como à partida poderíamos crer, mas uma realidade anónima que, nos últimos tempos, vem subindo à tona. Com uma política cultural com estratégia que teria terminado no tempo do engenheiro Guterres, o certo é que a nossa massa criativa, assim como a massa do conhecimento tem, silenciosamente, como que envergonhada, procurado sair de um país que não os soube acolher. O futuro de um país faz-se pelo valor e grau de excelência dos seus quadros. Olhando para as qualificações dos políticos que nos governam, é certo que muito também não nos será exigido. Basta aliás ir a um aldeia do interior de Portugal e ver meia dúzia de velhos agarrados a um pedaço de terra para obtermos uma visão de um país inteiro dentro de 50 anos. É por isto que este povo de brandos costumes vai continuar a sair em silêncio. Não com a mala de cartão anterior aos anos 70, mas com um qualquer modelo hi-tech com rodinhas que o dinheiro insuflado pela Comunidade Europeia permitiu comprar. Pelo menos, torna-se uma fuga menos pesada.

44 Central Parq Grande Entrevista

Manuel Aires Mateus por Ana Rita Sevilha 48 Central Parq design

Mike Mak por Carla Carbone 50 Central Parq cinema publicitário

krypton por Francisco Vaz Fernandes 52 Central Parq cinema

a single man por André Murraças 54 Central Parq moda

berlin fashion week por Diana de Nóbrega 58 Moda

man urban look por Luís de Barros 64 Moda

donas de casa desesperadas por Pedro Janeiro

o pito da buraca por Cláudia Matos Silva ilustração Vanessa Teodoro


É um estreante nesta edição da Moda Lisboa, mas não é propriamente um novato, já que traz alguma rodagem de passagens em outras semanas da Moda em Espanha, nomeadamente em Madrid e Barcelona. Um início de uma carreira sui generis para um criador nascido no Porto, que desde 2006 desenvolve uma linha de roupa masculina e que, por iniciativa própria, encontrou mais portas abertas no país vizinho. Em 2008, viria mesmo a ser galardoado com o Prémio PasaFAD, galardão que reconhece o melhor talento emergente de Moda espanhola.

Como defines a colecção que vais apresentar? Forte/Energética/Cristalina/ Individual.

Como tem sido a recepção em Espanha? Não poderia ter sido melhor! Em Espanha, o mercado é maior, há abertura para novas linguagens.

Que razões te levaram a fazer desfilar as tuas colecções em Espanha? Tudo começou com a minha participação num concurso de Moda em Barcelona, no qual me foi atribuído o prémio de melhor colecção. Desde então que tem tudo acontecido como uma bola de neve e já tive a oportunidade de estar na Barcelona Fashion Week e, em Setembro último, na Cibeles Madrid Fashion Week.

texto Maria São Miguel  Foto Aloíso Brito

Ricardo Andrez www.ricardoandrez.blogspot.com

É a primeira vez que vais passar uma colecção na Moda Lisboa. Qual a sensação? A primeira sensação é de uma alegria imensa que o meu país de origem acredite e possibilite que apresente cá. Estou expectante!...

004 – Real People

Como idealizas o homem moderno? Livre, individual e a cheirar a emoções.

A música inspira‑te? Qual a banda sonora perfeita para as tuas colecções? Sem música nada fazia sentido. Não consigo eleger a banda sonora para as minhas colecções, cada uma se direcciona para sonoridades distintas.

O que te faz perder a paciência e o que te deixa muito feliz? A falta de educação faz-me perder a paciência facilmente e fico muito feliz entre os meus amigos e cúmplices.


O esperto teve uma boa ideia, e essa ideia foi louca.

SMART HAD ONE GOOD IDEA AND THAT IDEA WAS STUPID.

BE STUPID

Shop online at Diesel.com


Achas que esse excesso terá alguma coisa a ver com uma certa tradição espanhola de gosto pelo Barroco? Passei grande parte da minha vida em Sevilha, cidade onde o Barroco tem uma presença forte. Isto influenciou o meu ponto de vista quanto à luz, a composição, assim como uma certa forma de abordar o realismo conjugado com a afectação e o teatral. Ainda que sejam conceitos antagónicos, o Barroco e o Minimalismo, o movimento e o estático na sua disparidade são, para mim, estímulos no momento de criação.

A fotografia de Moda em Espanha conta já com alguns nomes importantes em termos internacionais. Entre eles Paco Peregrin, um dos mais jovens, começou a destacar-se pelo gosto por produções muito elaboradas com um certo grau de excesso.

Quais são as tuas grandes referências fotográficas? São muito variadas, desde os mestres como Irving Pen e Richard Avedon, passando pelos revolucionários Guy Bourdin e outros, até fotógrafos contemporâneos, como Steve Klein. A arte em geral é uma fonte de inspiração, desde a pintura flamenga até as esculturas de Jeff Koons. texto Francisco vaz fernandes Foto paco peregrin

As tuas fotografias são, em muitos aspectos, excessivas. Porquê essa atracção pelo lado artificial da Moda? Cheguei à conclusão que a naturalidade é a mais artificial das atitudes. Por outro lado, o que interessa na fotografia de moda não é a possibilidade de mostrar a realidade, mas uma realidade recriada, onde os nossos desejos são projectados e onde a visão que a nossa sociedade tem de si mesma é reproduzida.

006 – Real People

paco peregrin www.pacoperegrin.com

No início, tinhas paralelamente uma fotografia “artística”.Como tens desenvolvido este lado? Sempre consegui ter um trabalho pessoal a par da fotografia publicitária e de Moda, se bem que também possa dizer que tenha procurado que o meu trabalho comercial fosse contagiado pelo meu ponto de vista pessoal e criativo, utilizando referências próprias e conceitos em cada imagem que produzo. De forma natural fui integrando dentro dos meus trabalhos comerciais muitas das características que desenvolvia num trabalho de artista. Penso dedicar-me mais ao meu projecto artístico e, de facto, estou a preparar uma exposição individual para a Galeria de Arte Isabel Ignacio de Sevilha.

Como te parece a separação tão marcada entre os diferentes géneros fotográficos? Creio que, hoje em dia, existe uma maravilhosa contaminação entre todos os géneros. Há uma linha muito estreita entre o que pode separar uma fotografia de Moda e outra de Arte. O conceito de beleza é tão amplo que quem sabe se não será a fotografia de Moda a mais permeável, a que admite mais rapidamente a criatividade e um maior grau de liberdade pessoal. Por isso, cada vez mais artistas plásticos encontram na fotografia de Moda um outro meio para mostrar a sua criatividade.



Fora de Portugal, já que reside há cinco anos em Barcelona, encontrou na cidade catalã liberdade para desenvolver um trabalho radical que não se compadece com grandes explicações. Faz fotografia com referências à Pintura Clássica e a estilos canónicos de representação do corpo que abordam variantes de género e da sexualidade. texto Roger Winstanley Foto Pedro Castro

pedro castro

www.fotologue.jp/strangelfreak

O teu trabalho tem uma componente sexual e de libertinagem raras de se ver. De onde vem esse teu interesse? Obrigado (risos). Creio que começou nos meus anos de Universidade, em Viana do Castelo. É uma cidade conservadora em muitos sentidos, o que provocou em mim uma necessidade incontrolável de ser espontâneo, quer na forma de expressão como na de vestir ou de saborear as minhas preferências sexuais. Gosto que as pessoas se questionem sobre os seus preconceitos e reformulem a sua estrutura de pensamento para uma maior aceitação da diversidade religiosa/mental/sexual. Como organizas os trabalhos fotográficos que fazes. São muito espontâneos ou, pelo contrário, obriga a uma certa ordem e rigor? São bipolares, como eu. Em alguns casos, como as fotografias de performance post-porno, são totalmente espontâneos, visto que nunca sei o que vai acontecer. Limito-me a tentar transmitir um registo de actividades artísticas fora da cultura mainstream, de uma forma muito documental. Por outro lado, existe a fotografia de retrato, que resulta de várias sessões de brainstorming com as próprias pessoas que vão aparecer na imagem, estudos de luz e composição, selecção e tratamento digital intensivo. Tenho a sorte de todas as minhas fotos serem com amigos e não modelos. São eles que realmente me incentivam a transpor a intimidade para um universo público e são os primeiros a dizer “vamos tomar banho, queres vir fazer fotos?”

008 – Real People

Ricahrd Kern, em Nova York, ou Araki, em Tóquio, exploram muito a questão do Bondage. Como te relacionas com o trabalho desses artistas? São uma fonte de inspiração? Witkin, Mogutin, Labruce, Goldin estão mais presentes na minha fonte de inspiração: um olhar mais quotidiano e menos produzido. Apesar de Araki vencer aos pontos o Richard pela pureza das imagens, sem pretensiosismo ou capacidade de imposição comercial.

Como caracterizas as tuas imagens? Como uma representação queer contemporânea do corpo, de géneros e de identidades não heteronormativas, desmistificadoras de tabus e preconceitos. Por outras palavras, retratos de pessoas autênticas, nas mais diversas formas, ideologias e preferências, cujo fio condutor comum é o orgulho e o amor pela diversidade emocional e sexual. Apesar de serem altamente cruas e gráficas, são mais passíveis de suscitar polémica e discussão do que propriamente provocar uma erecção.

Acreditas em margens da sociedade que possam permanecer num clima underground? Completamente. Mas não lhes chamaria margens. Uma grande parte da actividade artística underground advém de uma necessidade de uma relação mais directa entre o indivíduo e a Arte, sem necessidade de uma mediação por parte de outros, seja ela de opinião (críticos de arte), monetária (investidores) ou logística (galerias). Considero que, na sociedade em que vivemos, existe uma ansiedade pela apreciação do lado humano, seja ele pessoal, musical ou artístico. Isso faz com que haja menos visibilidade, mas ao mesmo tempo uma maior autenticidade e interesse. Da mesma forma que existe a prostituição e é considerada marginal, apesar da maioria das pessoas que recorre a esses serviços ser de classe alta. São eles aliás os responsáveis pela marginalização. Existe uma ambiguidade entre os comportamentos moralmente aceitáveis e a realidade.

Barcelona é uma cidade particularmente underground. E outras cidades? Apesar de ser considerada uma referência artística, Barcelona esforça-se por passar uma imagem de boémia e tudo se tornou demasiado artificial e formal para se tratar de um reflexo cultural real. Isto significa que, com as novas leis cívicas que proíbem que se toque instrumentos na rua (necessitas de uma licença de artista atribuída pela Câmara Municipal, senão confiscamte os instrumentos) ou que se pintem ilustrações e grafitis como forma de embelezar espaços públicos (pagas multa), as mentes criativas viram-se forçadas a esconder-se ou simplesmente a mudar para um sítio onde se incentive a expressão individual. É o caso de Berlim ou Buenos Aires, que actualmente se convertem nas mecas artísticas de excelência. Ainda assim, existem alguns espaços de cultura livre que vale mesmo a pena conhecer.


Sagatex, Lda. | Tel. 225 089 160 | sagatex@net.novis.pt


A Bica deixa de ser um ponto obrigatório apenas nas noites de fim de semana de Lisboa. Agora, às terças-feiras há curtas-metragens seleccionadas por Rui de Brito. São as noites de «Shortcutz», um movimento que espera passar para outras capitais.

Achas que shortcutz está a contribui para uma aproximação entre profissionais do cinema e do vídeo? E que isso estimula a produção nacional? A ideia é aproximar todos os intervenientes do conceito geral a que se chama filme, tanto os seus criadores (profissionais, amadores, estudantes) como o público em geral. Esta é a experiência SHORTCUTZ. Em vez de se estar passivamente numa sala escura de cinema a ver uma curta-metragem, em silêncio, num ambiente reverencial para com a obra, nas sessões SHORTCUTZ estamos num ambiente informal, frente-a-frente e lado-a-lado com os autores, realizadores, actores, produtores, podendo interagir directamente com eles, mostrar o nosso agrado ou desagrado, colocar as nossas dúvidas, partilhar ideias ou uma simples troca de sorrisos. E o sucesso das sessões é a prova de que essa aproximação entre todos é possível e extremamente estimulante. Já quanto a incentivar a produção nacional, também sempre foi um dos nossos objectivos. Agora, existe em Portugal uma competição semanal de curtas-metragens.

010 – Real People

Tens falado do Shortcutz em termos de movimento. Porquê? Porque as noites SHORTCUTZ não são um evento, não são noites esporádicas que acontecem de vez em quando na cidade. Estão sempre presentes, todas as semanas. Só desta forma se consegue criar o hábito, o movimento. Nós queremos que as sessões SHORTCUTZ passem a fazer parte, a um nível permanente, da forma de viver criativamente as nossas cidades.

Em termos de balanço, quais os aspectos mais positivos e os mais negativos? As sessões cheias há dois meses são a prova da importância que o SHORTCUTZ já tem na cidade. Muitas pessoas acharam que o projecto era ambicioso demais e que nunca iria funcionar em Lisboa. E esse é o nosso problema. É mais fácil não fazer nada e queixar-se da ‘conjuntura’ do que acreditar e tentar fazer. Os aspectos negativos são toda a inércia e passividade que sentimos por parte de algumas produtoras de cinema e vídeo. Queixam‑se de não existirem formas de distribuição e de divulgação de curtas-metragens em Portugal e depois, quando finalmente existe qualquer coisa nova, boa parte não faz nada para participar. Será que é por isto que Portugal se está a atrasar cada vez mais em relação a todos os países da Europa? Se calhar...

texto Roger Winstanley

rui brito de

A internacionalização é o próximo passo. Que teia de relações procuras entre os vários locais? Para o LABZ, uma das coisas mais importantes nos dias de hoje é a fácil circulação mundial de informação. Não há nada de mais estimulante e, ao mesmo tempo, inspirador a nível criativo, do que saber o que está a acontecer, neste exacto momento, no outro lado do Mundo. Assim, a internacionalização do projecto faz parte do conceito SHORTCUTZ desde o seu início, para criar uma network internacional, de forma a facilitar a circulação de jovens talentos urbanos e o seu trabalho pelo Mundo.

E em termos da tua própria produção, o Shortcutz tem-te estimulado ou apenas retirado tempo? Para quem não sabe, eu já deixei de ser realizador há algum tempo. O trabalho da SUBFILMES continua, melhor do que nunca, mas hoje em dia tenho a trabalhar comigo uma equipa extremamente competente e de confiança e eu sou apenas director criativo e coordenador de projectos, além de produtor executivo, que é o que sempre quis fazer. O SHORTCUTZ faz parte da minha vida nova, como todos os próximos projectos da plataforma LABZ que já estão na calha. O mais importante é realmente sentires que estás a fazer alguma coisa para mudar a tua cidade, novas formas de pensar e viver criativamente Lisboa. E, aos poucos, ires contribuindo para mudar o Mundo também. Claro que me tira tempo. Mas também é o que mais me estimula… como tudo o que se ama.



lime green Ténis ONITSUKA TIGER, saco MARLBORO CLASSICS, gravata DECENIO, sapato em pele, MISS SIXTY, garrafa em PVC e porta-moedas MARC BY MARC JACOBS, Clutch CAROLINA HERRERA, sapato em camurça MASSIMO DUTTI, óculos de sol VANS.

012 – Shopping

Foto mário ambrózio

www.marioambrozio.com  styling chiara vecchio


aubergine purple Saco em pele CAROLINA HERRERA, alpargatas HAVAIANAS, óculos MYKITA na André Opticas, saco em nylon MARC BY MARC JACOBS, ténis VANS, Polo HACKETT, Perfume Lola MARC JACOBS, sapato em pele COHIBAS, gravata GANT, Boné MARLBORO CLASSICS

013 – Shopping

Foto mário ambrózio

www.marioambrozio.com  styling chiara vecchio


banana yellow Saco FRED PERRY, Bandolete DECENIO, Sapato em camurça FLY LONDON, chapéu em palha TOMMY HILFIGER, sapato em pele STRIIPE, Porta-moedas ANDY WARHOL BY PEPE JEANS, cinto LACOSTE, chinelo HAVAIANAS, óculos de sol DIESEL, t-shirt EASTPAK

014 – Shopping

Foto mário ambrózio

www.marioambrozio.com  styling chiara vecchio


citric orange Saco HENRY COTTONS, óculos EMPORIO ARMANI, saco em nylon MARC BY MARC JACOBS, sapato em camurça SNIPE, cadernos em pele FINE&CANDY, lenço DIESEL, ténis PFFlYERS, calções de banho LACOSTE

015 – Shopping

Foto mário ambrózio

www.marioambrozio.com  styling chiara vecchio


1joana

texto: Francisco Vaz Fernandes

Joana Vasconcelos

Museu Colecção Berardo Arte Moderna e Contemporânea Praça do Império, Lisboa / tel.: 213612878 todos os dias, das 10h, às 19h. sáb. até às 22h

www.joanavasconcelos.com

Entre os artistas da sua geração, Joana Vasconcelos será certamente a mais popular. Basta saber que é frequentemente nomeada para prémios como os Globos de Ouro, promovidos pela revista Caras e o canal SIC, ao lado de artistas com carreiras muito mais longas como Júlio Pomar e Graça Morais. Este grau de popularidade nem sempre tem sido bem interpretado pelas almas mais puristas da Arte Contemporânea, que se têm dividido em opiniões díspares. Na verdade, o seu trabalho

016 – You Must

é facilmente populista porque, desde o início, convoca uma onda enfática em torno de todo labor artístico, tanto quanto aos processos de trabalho, desde o começo da carreira, até ao processo da génese de cada obra. Uma das obras que marca os primeiros anos vem dos tempos do fim do Curso da Arco. Um trabalho que não se encontra, no entanto, entre as 35 obras seleccionadas na exposição ontológica organizada para Museu Berardo. Constituída por uma estrutura metálica com recipientes plásticos embutidos de várias cores, nela estava já presente toda a gramática a que a artista recorre regularmente. Esta peça, que podia ser encarada como uma espécie de balcão, com recipientes cheios de aperitivos, apelava já a uma aproximação física e a uma ocupação no tempo muito maior do que os 30 segundos habituais para

a captação de uma obra. Há um apelo a uma ideia de escultura, mas ao mesmo tempo propõe-se uma apropriação, uma integração num quadro social envolvente e, em última analise, a formação de uma relação de comunidade instantânea. A maior parte dos trabalhos que se tornaram populares nos últimos anos, realizados em croché ou em malha, lavores tradicionalmente femininos e que envolvem uma imensa mão-deobra, convocam de outra forma essa mesma ideia de comunidade. São obras que mexem no tecido sócioeconómico, que chegam a ter uma vocação nacional, como é o caso da defesa da herança da Fábrica Bordalo Pinheiro. O mediatismo que esse sentido de comunidade envolve, os materiais populares, a escala das obras, o sentido público, conduzem necessariamente ao excesso do olhar, facilmente captável, facilmente simpático e que faz com

vasconcelos, Maryln

que Joana Vasconcelos se destaque e se tenha tornado uma das jovens artistas mais populares. Nesta exposição, que agora se pode ver, prevalece um sentido retrospectivo, com o enfoque em obras de grande escala, lado a lado com obras do início da carreira, em menor escala e onde o sentido da escultura ainda era uma das preocupações da artista, embora já com sinais de uma linguagem pop com que a artista reveste as suas criações. Se para muitos obras como Marylin , um par de sapatos feito a partir de tachos, será apenas a confirmação de uma experiência física de uma imagem familiar, as obras mais antigas poderão ser a grande surpresa e a peça do puzzle que faltava para melhor compreender a obra desta artista.



texto: pedro mota

Condesa DF www.condesadf.com

É a partir de uma fachada neoclássica de 1928 que o arquitecto Javier Sánchez e a designer de interiores India Mahdavi constroem o Condesa Df Hotel, num ambiente boémio onde exploram uma simplicidade criativa. A cidade do México ganha, assim, numa confluência de três ruas, um espaço que alberga além da antiga fachada francesa, uma original funcionalidade interior e que, ao mesmo tempo, incorpora elementos da cultura

018 – You Must

local, como mobílias produzidas propositadamente para o hotel e a tijoleira típica da região. A decoração de interiores é exemplar, funcionário como espécie de tradução local de um modernismo. Os móveis em madeira e pele fazem-nos lembrar esculturas abstractas dos primeiros modernistas europeus. Foram concebidos pela iraniana com nacionalidade francesa India Mahdavi que tem, no momento, uma legião de admiradores, que dela

fazem um dos nomes a ter em conta na Decoração de Interiores e Design de Produto. O resultado? Quartos voltados para um pátio interior, o centro de todo o espaço, onde “as pessoas podem ver e ser vistas”. Espaços em verde, creme e castanho, aprimorados com lâmpadas retro e contrastando suavemente com o branco, presente nos restaurantes e bares envolventes. O restaurante

El Patio, situado no pátio central, possibilita uma passagem constante entre o exterior e o interior. Um efeito que complementa o espírito modernamente fluido da sua mentora, num Design simples e funcional, bem ao estilo Mahdavi’s. A cidade do México acrescenta pontos a si mesma, com estes quarenta quartos e mais valias do Condesa Df Hotel, espaço eloquente de entrada na hip culture da cidade.


Cada gaveta esconde uma hist贸ria, vem descobri-las em onitsukatiger.com


123The Design Ethos of Dieter Rams 4Wallpepering de Robert Haslbeck

texto: francisco vaz fernandes

Robert Haslbeck www.roberthaslbeck.de

texto: Pedro Mota  foto: Luke Hayes

Dieter Rams

Less & More, The Design Ethos of Dieter Rams Design Museum London, Londres

www.designmuseum.org

O London Design Museum acolhe. desde Novembro e até ao mês de Março, a exposição “Dieter Rams: Less and More”. A apresentação faz uma retrospectiva de artigos criados por Rams para a Braun, ao longo dos 30 anos em que tem sido Director Criativo da marca, fazendo alusão à sua estética simples e elegante. “Menos Design é mais Design (Less is more)” é a máxima da filosofia de Dieter Rams. Partindo deste princípio, Rams fez emergir a Braun com uma imagem que une

020 – You Must

conceitos tecnológicos, Design de Produto e Design de Comunicação. E é nestes ideais funcionalistas que se baseia a evolução da Braun, ao longo destes 50 anos. Num meio que tem tanto de inovação como de inconstância, a marca conseguiu encontrar um caminho de sucesso contínuo, celebrando o seu meio século com uma série de iniciativas para assinalar a efeméride.

“Fifty Years of Design and Innovation”

é o nome do livro que eterniza a imagem da Braun enquanto marca e enquanto objecto de Design . Nele, Bernd Polster compõe 504 páginas que mostram como o Design de Produto e de Comunicação se tornou, ao longo do tempo, tão importante como a função do produto. O catálogo, com 560 imagens, encontra-se agora disponível no London Design Museum ou por encomenda na Amazon.

Foi uma das peças mais comentadas no concurso da IMM de Colónia, entre as 25 que foram a concurso. Não foi a peça premiada, mas ganhou um lugar honroso. Acima de tudo, as wallpepering de Robert Haslbeck remetem-nos para a funcionalidade do Design muitas vezes arredado deste tipo de concursos. Evocando uma estética da típica da ex-DDR, as mesas típicas de campanha estilizadas oferecem óbvias vantagens. São fáceis de carregar, oferecendo um amplo espaço de tampo, e arrumam-se no mínimo espaço. A simplicidade, aliada a resquícios de um classicismo modernista parecem ser a linha de trabalho deste prometedor jovem designer alemão.


texto: Maria São Miguel

yuki

www.yuki.pt

Quando em 2003 a marca Yuki, criada por Patrícia Sobral, apareceu no mercado, não passou despercebida. Estava no circuito nacional, acessível ao consumidor de Design. Além disso, os materiais que ela usava eram diferentes de toda a oferta que existia no momento. Para a criadora, a aplicação de tecidos usados em revestimentos dos estofos de carros foi o ponto de partida porque lhe oferecia uma dupla oportunidade. Por um lado, o aproveitamento de desperdícios,

021 – You Must

colocando-a na área da reciclagem, o que fazia sentido tanto para o público a que se dirigia como para a criação de uma filosofia de marca. Por outro lado, garantia uma imagem high-tech e de uma durabilidade obrigatória dessas matérias. No seu sexto ano, a Yuki prepara‑se para dar um novo salto. Passa agora a ser vendida a partir de uma loja online, podendo assim chegar a um público ainda mais vasto. Desta forma, vamos poder

encontrar algum dos seus modelos mais populares, concebidos para transportar laptops, como é caso do Combolap e Tonne e Protection ST8 .O primeiro com a vantagem de um separador específico que garante toda a segurança. Depois, há modelos mais casuais, de mala ou ombro ou a tiracolo, como é o caso do HDY e HDY L , ou então o Weekend que, como o próprio nome e volumetria indicam, é próprio para viagens maiores

A Yuki inspirou-se desde a sua origem no design japonês, daí que apresente formas simples, materiais resistentes e sobretudo leves. Por tudo isto, a opção por um nome japonês para identificar a marca – Yuki, que significa neve– não poderia ser mais acertado quando se tem em mãos uma destas malas.


1Heddy 3Sauve

Honigmann O amor natural 2The Matchfactory Girl aki kaurismaki qui peut la vie de jean‑luc godard

texto: maria são miguel

Wwwant www.wwwant.pt

texto: maria são miguel

Indie Lisboa www.indielisboa.com

De 22 Abril a 2 de Maio, o IndieLisboa volta abrir as suas portas com o melhor e mais recente cinema de todo o mundo. Longas e curtasmetragens de ficção, documentário e animação vão invadir quatro espaços emblemáticos da capital: o Cinema São Jorge, a Culturgest, o Cinema Londres e o Cinema City Classic Alvalade. Serão 11 dias repletos de filmes distribuídos por nove secções. Na sua oitava edição, o IndieLisboa vai contar com a

022 – You Must

presença da realizadora holandesa Heddy Honigmann, uma das maiores documentaristas no activo, que será homenageada com uma retrospectiva integral da sua obra, e de Christoph Terhechte, actual director da secção “Fórum” do Festival de Berlim, espaço que será homenageado com uma selecção de filmes que ali marcaram presença ao longo dos seus 40 anos de existência. O Amor Natural (1996), 2 Minutes , Si lenc e (1998), Cra zy (2000) e F o rever (2006 - vencedor do Prémio do Público do IndieLisboa 2007) são alguns dos filmes que marcam o percurso de Heddy Honigmann e que estarão presentes nesta retrospectiva inédita,

que dará a conhecer o conjunto da obra da cineasta, num total de 13 títulos (incluindo os seus primeiros filmes de ficção e três episódios de uma série televisiva). Sauve qui peut (la vie), de Jean-Luc Godard (1980), The Matchfactory Girl , de Aki Kaurismaki (1990), D’Est, de Chantal Akerman (1993) e Beau Travail , de Claire

Denis (1999) estão entre os 14 filmes seleccionados para homenagear o “Fórum de Novo Cinema” do Festival Internacional de Cinema de Berlim, revelando o carácter arrojado deste espaço dedicado a realizadores com visões inovadoras sobre o cinema e as suas fronteiras.

A pensar no consumidor nacional que aspira a dezenas de marcas fabulosas que não existem no mercado português ou que, no mínimo, são difíceis de encontrar, a WWWANT propõe uma loja online que procura colmatar estas falhas, disponibilizando alguns produtos de culto. No arranque, em Março, nada melhor como as míticas Dr. Martens, actualmente com colaborações de Raf Simmons ou John Galliano, não apenas nas cores básicas, mas em todas as outras que a marca tem actualmente. Haverá ainda modelos com estampagens que são raros de encontrar. Uma pluralidade de oferta que será mais um elemento a ter em conta, considerando a habitual reticência à diferença colocada pelo mercado tradicional português. Nesta loja esperam-se muitas outras marcas de moda e de acessórios, assim como peças de criadores nacionais que vão encontrar aqui a sua maior plataforma de divulgação. A entrada no site será como um luxuoso hall de hotel com portas que se abrem para produtos de sonho.



texto: Sofia Saunders

Bruno Rosendo Wrong Weather Av. da Boavista, 754 Porto

www.wrongweather.net

texto: Margarida Brito Pães

Puma

www.puma.com

Com o objectivo de unir África, a Puma juntou-se a Kehinde Wiley para criar um terceiro e único equipamento para as equipas que a marca patrocina naquele continente. Além de vestirem da mesma cor estrelas como Samuel Eto, John Mensah e Emmanuel Eboué, faz chegar os retratos de Wiley a todo o Mundo, através de exposições que chegam à África do Sul na abertura do Campeonato do Mundo de Futebol.

024 – You Must

Ainda numa parceria com o artista, a Puma lançou a colecção Puma Áf rica , que estará disponível ao público com padrões criados por um dos grandes artistas dos nossos tempos. Kehinde Wiley é um pintor que se tem dedicado a criar retratos contemporâneos de figuras proeminentes da Black Culture, tendo como referência estilo os retratos dos grandes príncipes renascentistas. Concebe quadros muito elaborados onde o Streetwear se mistura com a exuberância dos típicos fundos decorativos, banhados a ouro que caracterizam os séculos XV e XVI.

Paulo Gomes convida Bojana Tatarsk a , uma fotógrafa búlgara sediada em Paris, para olhar um homem vestido de mulher algumas vezes, despido outras, sem nada na maioria das vezes. Bruno Rosendo, um dos mais requisitados manequins portugueses, emprestou o corpo ao olhar voyeur dos dois. Criaram imagens de Moda onde o conceito deixa a roupa valer pelo que ela se revela na sua essência maior: o que não é dito. São nove fotografias de Moda, concebidas para uma revista de Moda, mas que não cabem no papel e, como tal, são vistas no espaço de exposição da Loja Wrong Weather noPorto.

Segunda a dupla que as concebeu, “são imagens grandes demais, faltando-lhes o texto para serem Moda, uma Moda que, nos nossos dias, não quer palavras difíceis. Pouco havia para dizer sem os olhares de quem as vai ver. O que é a Moda senão isso mesmo? Um olhar em aberto. Um corpo bonito. Dois olhares. Uma promessa do que vai ser. Do que há-de vir.” Este é o segundo projecto promovido pela Wrong Weather no seu espaço expositivo, no interior da loja.


1asics procourt AR 2asics Aaron 3asics 4asics Gel 5vivienne westwood para melissa gaultier para melissa

texto: Margarida Brito Pães

kaeli mt paul

7jean

texto: Maria São Miguel

benetton it's my tyme

ASICS Sportstyle

www.benetton.com

www.asics.pt

www.melissa.com

Depois de anúncios com modelos de diferentes raças, línguas e países, a Benetton decidiu levar a palavra “globalidade”, que tão bem a caracteriza, ainda mais longe, abrindo um casting para todos na Internet. “It’s My T ime” tem como grande objectivo encontrar as caras da nova campanha, baseando-se não apenas na sua imagem, mas também no seu estilo e visão do futuro.

A empresa japonesa Asics sempre assumiu que a sua vocação técnica era o desporto, deixando toda a área de moda para um dos seus ramos, a Tiger Onitsuka. No entanto, nos últimos anos, o sucesso da marca no atletismo gerou tanto interesse que alguns dos seus modelos de competição saltaram para as ruas, nomeadamente os Gel e Ultra Gel , adaptados a um consumidor de estilo trendy. Esta entrada no campo da moda tem sido tímida, mas o apelo de um potencial mercado fez com que a marca nipónica tenha, neste momento, uma linha Sportstyle mais desenvolvida, onde o cuidado estético e as qualidades técnicas se cruzam em perfeita comunhão. A colecção de SS10 da Asics apresenta o modelo Aaron em lona e o Procourt, agora muito mais colorido, em diversos materiais e com um cano alto a acompanhar a tendência basquetebol. Já o modelo Kaeli , dirigido ao público feminino, acompanha o revivalismo dos anos 80, aparecendo nesta estação com cores néon.

A Melissa soma em colaborações desta vez Jean Paul Gaultier, que criou umas sandálias de plástico exclusivas com um salto cinzelado de 10cm, 100% recicláveis. Devido ao seu design intrincado, que compreende plástico opaco e transparente em tiras de largura diferente e saltos de metal em forma de cigarro, novos avanços na tecnologia de produção tiveram que ser implementados para satisfazer as exigências deste modelo, que se encontrará à venda em Portugal a partir de Junho de 2010. Para os que preferem a assinatura de grandes designers a Melissa destaca ainda as cobiçadas criações da designer inglesa Vivienne Westwood volta a juntar-se à marca de sapatos Melissa para criar um novo e divertido calçado de borracha. A irreverência e ousadia da criadora e o conforto e originalidade da marca provam ser os ingredientes perfeitos duma receita de sucesso que conquista admiradores em todo o mundo.

Os vinte finalistas terão a oportunidade de viajar até Nova Iorque para serem fotografados por Josh Olins. Os finalistas serão conhecidos dia 18 de Março, talvez o nome da portuguesa Catarina Silva esteja na lista, já que agora ocupa o segundo lugar com 1839 votos. Toca a votar na Catarina.

025 – You Must

texto: Margarida Brito Pães

melissa


1Fred

Perry x Stussy Black Tshirt 2Fred Perry x Stussy Tennis bomber 3Desfile de Gareth Pugh vencedor da edição de 2008 dos ANDAM 4Fred Perry x Stussy B&W check polo 5Fred Perry x Stussy B&W check shirt

texto: Margarida Brito Pães

Andam Fashion Awards www.andam.fr

Fundado em 1989 por Nathalie Dufour, ANDAM Fashion Awards é hoje em dia um dos mais prestigiados concursos no mundo da Moda. Este ano, vão atribuir um prémio de 220 mil Euros, superior ao dos CFDA/ Vogue US awards, dos BFA/ Vogue UK e ao dos Swiss Textils Awards, reafirmando assim o seu estatuto como instituição de reconhecimento e apoio a jovens talentos. A mesa de jurados de 2010 conta com a presença de Carine Roitfeld, figura incontornável da Moda e Editora-chefe da Vogue Paris , que diz estar “feliz e orgulhosa por contribuir com experiência para a selecção de futuros talentos.” Também a Directora e fundadora dos ANDAM se mostra satisfeita com a nova jurada, afirmando que “a participação da Vogue Paris irá dar aos candidatos e vencedores a visibilidade que merecem.” O painel do júri conta também com outros nomes de peso como Abert Elbaz, Director criativo da Lanvin , Gene Krell, Director criativo da Vogue Japão e Hilary Alexander, Directora do Departamento de Moda do Daily Telegraph , entre outros. O prémio está ao alcance de designers de todo o mundo, desde que tenham idade inferior a 40 anos e que queiram ficar a trabalhar em França. Os cinco finalistas serão anunciados em Maio e o vencedor (ou vencedores) no mês de Junho. O talento escolhido pelo júri terá o apoio de dois patrocinadores, um para a parte criativa, outro para a parte de desenvolvimento da marca. Sendo a lista de patrocinadores tão impressionante como o comité de avaliação, com instituições como The Gucci Group e Only the Brave Group, esta é sem dúvida uma oportunidade a não perder para quem quer vingar num mundo tão selecto como o da Moda.

026 – You Must

texto: Maria São Miguel

Fred Perry X Stussy Deluxe www.fredperry.com

texto: Maria São Miguel

fly london www.flylondon.com

A Fly London apresenta a linha Fitzroy, sapatos masculinos de atacadores criados em couro natural em diferentes cores. Apresentam vários acabamentos com desgastes na ponteira, prespontos e um característico s a lto p o u c o c o nve n c i o n a l . Clássicos, renovados com aspecto vintage, que podem ser usados tanto numa situação mais formal com fato como informal com jeans.

A Fred Perry apresenta a sua nova parceria com a lendária marca de roupa urbana norteamericana Stussy. A colecção é um híbrido perfeito de duas das mais importantes e originais marcas de roupa urbana da história da indústria. A ligação histórica entre as duas marcas vem de há décadas. O pólo Fred Perry foi uma parte importante da indumentária da cena Surf/Punk/Ska na costa oeste dos Estados Unidos, no final dos anos 70 —algumas das mesmas comunidades que influenciaram as raízes da marca de Shawn Stussy, nos anos 80, e fizeram avançar o desenvolvimento da tribo global Stussy. A linha é composta por seis estilos. Peças chave incluem o pólo justo clássico Fred Perry, feito no xadrez clássico Stussy, um casaco tipo bombardeiro redesenhado, um heritage justo, camisas com colarinho abotoado e um casaco Varsity de couro e xadrez com acabamentos no colarinho e punhos. Todas as peças são bordadas com a coroa de louro da Fred Perry e a etiqueta Stussy Deluxe.


1235diesel aw2010 bread&butter 4sebastien denz x carhartt fotografia 3d 6two mulher salsa jeans 7two homem salsa jeans

texto: Diana de Nóbrega

BREAD & BUTTER BERLIN 2010

texto: Maria São Miguel

salsa

www.breadandbutter.com

www.salsa.com

Inserida na Berlin Fashion Week Outono/Inverno 2010, o primeiro evento de Inverno do Bread & Butter regressou à capital alemã, ao histórico aeroporto BerlinTempelhof, entre 20 e 22 de Janeiro, tendo como ponto de partida a exaltação do motto “The Original”.

A Salsa Jeans acaba de lançar uns jeans absolutamente reversíveis: o modelo T WO. Depois de três meses de investigação exaustiva, de dezenas de amostras e desenhos, a Salsa Jeans consegue com os TWO oferecer dois looks diferentes numa mesma peça. De um lado, são uns jeans básicos e escuros, do outro lado são uns jeans casuais e desgastados. Um produto 2 em 1, com características distintas, obtidas graças a um estudo aprofundado dos materiais e do posicionamento dos bolsos, das costuras, dos fechos e dos botões. O processo de inovação culminou com a aplicação de uma lavagem completamente diferente em cada um dos lados.

E a originalidade esteve presente em cada detalhe do evento, desde a forma como a feira conseguiu captar da atenção da indústria, Media e público internacional, até ao facto de o histórico e imponente aeroporto de Tempelhof se ter revelado como o local perfeito para feira. O público era recebido como se fosse fazer uma verdadeira viagem. No check‑in eram entregues os bilhetes que davam acesso ao evento. Embora a cidade estivesse coberta de neve, o ânimo dos visitantes não arrefeceu e, no primeiro dia, as entradas ficaram bloqueadas tal foi a afluência de visitantes que se acotovelava para ver as colecções Outono/Inverno das principais marcas de sportswear do mundo.

texto: Maria São Miguel

sebastien denz & carhartt www.denz.cc www.carhartt.com

O Sin Sallon, concebido como um autêntico Salloon , saído dos tradicionais filmes de cowboys de Hollywood, concentrou com todo o glamour as melhores empresas de catering da capital alemã para acolher, da forma mais original possível, aqueles que estiveram presentes neste mundo à parte. A já mítica mistura de fun & profit, entretenimento, lifestyle & business acolheu cerca de 600 marcas e designers, intercalados com fashion shows, como foi o caso da Diesel e da G-Star.

027 – You Must

E s tudante de A rquite c tura , Sebastien Denz conseguiu, através de um sistema de fotografia 3D que ele próprio construiu com um amigo, juntar o melhor dos dois mundos: o skate e o espaço. O projecto começou em 2005 e contou com o patrocínio da Carhartt, permitindo a Denz dar uma volta ao mundo com uma equipa de skaters. O improviso reinou durante todo o programa, dado que o fotógrafo procurava o lado imprevisível. Os habituais parques de skate foram por isso automaticamente rejeitados, seleccionando locais que à partida não seriam os mais apropriados. Com esta atitude, quis ressuscitar um espírito de aventura que esteve nas raízes do skate, antes de se ter tornado uma prática circunscrita a certos espaços da cidade. Daí que apareçam fotografias no meio da floresta. O resultado deste trabalho único e inovador foi compilado num livro que saiu em Novembro. Para o apreciar é necessário ter uns óculos apropriados para ver 3D. Procurem já os vossos para tirar o máximo efeito das imagens que reproduzimos!


texto: Maria São Miguel

texto: Margarida Brito Pães

cohibas

sex sells diesel

www.evereste.pt

www.diesel.com

A Cohibas continua a crescer no mercado nacional e internacional com colecções cada vez mais completas dirigidas a um homem urbano e cosmopolita. Esta estação, apresenta um calçado desportivo e casual, que percorre desde a inspiração mais clássica até modelos de moda italiana, de cores arrojadas, desde o lilás, ao bege, azul e fúcsia. Em alguns modelos, a biqueira mais escura sobressai, mais escura, de forma quase provocadora quando combinada com jeans justos, por exemplo. Modelos que revelam as tendências de moda das capitais mundiais e uma visão futurista do Design, privilegiando os acabamentos manuais, a utilização de matérias‑primas de alta qualidade e a personalização de pormenores.

Nesta Primavera/Verão 2010, os jeans da Diesel chegam às lojas com acabamentos únicos. Inspirada na alquimia entre o fogo e a água, a marca aplicou tratamentos e lavagens inovadores nas suas calças de ganga.

texto: pedro mota

gant by michael bastian www.gant.com

Michael Bastian, um dos jovens designers do mais recente grupo de talentos norte-americanos, é o novo parceiro da Gant. Um casamento perfeito entre uma das marcas mais conceituadas do sportswear, marcado pelo imaginário americano, e aquele que tem vindo a destacar‑se na reinvenção do mesmo estilo. Em conjunto, lançam em Agosto uma colecção inspirada num dos desportos mais conceituados dos EUA, o Lacrosse. Uma colecção que define um novo homem Gant, ao estilo de Bastian, que o constrói como “um irmão mais novo, mais casual, e um pouco mais atlético, com um instinto moderno que é ao mesmo tempo acessível e sofisticado”.

028 – You Must

O denim de fogo evoca os jeans queimados, tendo um efeito seco, carbonizado e tostado, como umas calças de super herói acabadas de sair das chamas. A água evoca o lado mais cool dos jeans , sendo a linha Blue eyecons extremamente trabalhada, com acabamentos artesanais. Para além dos acabamentos, a marca investiu nas cores, tendo jeans azul celeste, rosa, laranja e verde. A ganga muito leve também se junta à nova colecção em calças de cintura muito descida, quase pijamas e em jeans turcos. Mais uma vez, calças de ganga para todos os gostos são apresentadas numa campanha tão irreverente e atrevida como a Diesel.


texto: Margarida Brito Pães

ray-ban

texto: Maria São Miguel

monocromático

www.rayban.com

A marca de óculos mais conhecida do mundo abandona, nesta nova colecção, as armações leves e lentes verdes por que ficou conhecida para dar destaque aos aros coloridos de massa que sem têm vindo a transformar num ícone de moda. Rare prints é nome da colecção Primavera/Verão 2010, em que salta à vista a cor, tanto no exterior como interior das armações. A par da linha principal, vão ser lançadas duas edições limitadas, Flores e Metropolitano, onde os padrões reinventam os clássicos Ray-Ban.

029 – You Must

Relógios com pulseiras em borracha colorida têm sido uma das tendências dos últimos anos, quando se trata de dar uma imagem nova a um produto clássico. Contudo, este ano a tendência acentua-se e inspira‑se em modelos típicos dos anos 80, monocromáticos e com cores fortes. Os saudosos Timex e os Casio GShock que foram reis da época ainda podem ser encontrados no mercado vintage e contam com novas edições. Na corrida à popularidade, há que contar com os modelos da Adidas, fortemente inspirados no padrão de referência. E depois há a Nixon, com variadíssimas propostas. Já a Swatch apresenta uma das suas silhuetas mais marcantes dos anos 80, também em opções monocromáticas.


texto: Maria São Miguel

taiga by louis vuitton www.louisvuitton.com

Novas formas, novas tonalidades, novos traços. A colecção de homem Louis Vuitton para a Primavera/ Verão 2010 traz consigo a renovação da pele Taiga, assim como de modelos rejuvenescidos. É o caso desta mochila que tanto pode ser adaptada a saco de viagem como a mala de negócios para homens menos formais. Além das cores cinzento e pardo, habituais das linhas masculinas, esta estação há produtos em azul cobalto escuro e profundo e num bege natural autêntico. Uma paleta mais ampla, com espaço para a auto-expressão.

texto: júlio costa

texto: júlio costa

www.canon.com

www.sonyericsson.com

A Canon EOS 550D coloca nas mãos do utilizador comum a melhor tecnologia da marca, através de características encontradas em câmaras semi-profissionais. Surge assim dotada de uma maior e mais facilitada precisão e controlo de imagem, graças a um redesign que teve em conta o input dos consumidores. O processador DIGIC 4 com sensor de 18MP contribuiu para a melhoria da tecnologia de redução de ruído, aumentando a performance em condições de luz fraca. Pode gravar-se vídeo em Full HD, a uma resolução de 1920x1080p, sendo possível definir a prioridade de tonalidade para captação de vídeo, sem mudar as definições de imagem para fotografia. A função Movie Crop permite uma ampliação de sete vezes, nas situações em que o sujeito está muito longe, permitindo uma capacidade de captação de imagens que, de outra forma, estariam demasiado distantes. O LCD Clear View, com cobertura anti-reflexo, permite ver as imagens captadas nas situações mais adversas. A entrada HDMI integrada permite visualizar as imagens em televisor HD-ready. A função “Eye-Fi Connected” permite transferências wireless do conteúdo da câmara. A EOS 550 D é compatível com quase todas as objectivas e flashes da Canon, bem como com o novo Controlo Remoto RC-6.

De seu nome Xperia Pureness, o novo telemóvel da Sony Ericsson surge associado a uma imagem de glamour . Apostando forte na exclusividade, o mais recente membro da gama Xperia não se encontra à venda nos habituais espaços comerciais, estando apenas disponível em algumas galerias, lojas de decoração, estilistas ou outros locais adequados a um conceito de prestígio. Com um design atraente —um visor completamente transparente— promete ser o parceiro ideal para quem tem uma vida social agitada. Oferece um serviço Concierge que uma vez activado faz todas as reservas e programações de calendário por si, sejam viagens, marcações em restaurantes, discotecas, ginásios, eventos e outros, esteja em Portugal ou em qualquer outra parte do mundo. Tanta exclusividade não significa que tenha sido descurado o lado mais prático. Tem sincronização com o e-mail de forma automática, navegação Internet a velocidade acima da média, assegurando assim que está sempre contactável, em estilo.

canon eos 550d xperia pureness

030 – You Must


texto: júlio costa

grace, the e-bike www.grace.de

031 – You Must

Atendendo ao facto dos transportes individuais, nas principais áreas urbanas europeias, transportarem apenas 1 ou 2 pessoas, a empresa alemã Grace traçou como objectivo a concepção de uma alternativa que fosse mais sustentável e ecológica. Assim nasceu esta linha de bicicletas. A concepção, a cargo de Michael Hecken, contou com a colaboração de conceituados fabricantes do

sector, com provas dadas no ciclismo de competição, sendo a produção totalmente artesanal, garantindo a construção de um veículo fiável e duradouro. Como características apresenta um motor eléctrico de 1.300 watts na roda traseira, capaz de atingir velocidades de 45km/h em estrada e 60 Km/h em pista. As baterias, de iões de lítio, carregamse em uma hora, garantindo uma

autonomia de 40 Km. As manetes da bicicleta permitem controlar a iluminação, gestão da bateria e ainda o sistema anti-roubo. Está disponível em 3 modelos diferentes, estando já em comercialização, através do site do fabricante.


032 – Shopping

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she loves shoes

she loves bags

01 MELISSA

20 eastpack

02 hermès

22 pepe jeans

03 H&M

23 marc by marc jacobs

05 louis vuitton

25 patrizia pepe

09 BERNHARD WILLHELM para CAMPER

28 fly london

14 lacoste

29 miss sixty

15 killa

30 H&M

16 miss sixty

31 volcon

17 made in

32 furla

18 fornarina

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19 diesel

34 havaianas 35 Emilio pucci na loja das meias

he loves shoes 04 CAT

he loves bags

06 CAT

21 le coq sportif

07 LOUIS VUITTON

24 replay

08 DIESEL

26 diesel

10 onitsuka tiger

27 hackett london

11 fly london 12 JErEMY SCOTT para ADIDAS 13 COHIBAS

033 – Shopping


Os Mão Morta comemoram 25 anos de carreira, de olhos postos no futuro, sem esquecer o passado. Dia 29 de Abril, há romaria ao Coliseu dos Recreios.

As razões que hoje sustentam aquela que é uma das poucas bandas de culto em Portugal são as mesmas que lhes valeram o reconhecimento de figuras como João Peste (Pop Dell'Arte), então activo em três frentes: músico, editor da Ama Romanta e professor de Filosofia. Foi ele que acreditou nos Mão Morta e lhes permitiu gravar o álbum (homónimo) de estreia, em 1988. Esse e o trio de discos posteriores (e aqui pode mesmo falar-se em discos, porque todos conheceram edição em vinil) são agora reeditados numa caixa que junta “Mão Morta” (1988), “Corações Felpudos" (1990), “O.D. Rainha do Rock & Crawl” (1991) e “Mutantes S. 21” (1992). Cada um, à sua maneira, foi capaz de definir uma personalidade forte e uma identidade única no panorama nacional. E ao contrário do que “Budapeste” pode sugerir, o percurso dos Mão Morta não foi sempre a “rock'n'rollar”.

O futuro não termina aqui. A primeira apresentação está marcada para uma das salas mais míticas deste país: o Coliseu dos Recreios onde os Mão Morta foram felizes há onze anos atrás, no tempo em que se dedicavam a cantar os situacionistas. Era o tempo de “Há Já Muito Tempo Que Nesta Latrina o Ar Se Tornou Irrespirável”, uma das obras que definiu uma trave-mestra essencial em alguns momentos do seu processo criativo: o conceptualismo. Essa romaria à rua das Portas de Santo Antão está marcada para 29 de Abril. Depois, seguese uma digressão por capitais de distrito e, com sorte, poderemos ter direito a um presente de Natal: a saber, um DVD biográfico de uma carreira que Adolfo Luxúria Canibal já descreveu como uma transposição do livro “Narradores da Decadência”, de Vitor Junqueira, para vídeo.

texto davide pinheiro  foto josé pedro santa-barbara

mão morta destroços na primavera

Quando há vinte e cinco anos atrás, três jovens imberbes formaram uma banda e acreditaram no sonho de tocar em Berlim, dificilmente poderiam esperar que no novo Século ainda por cá andassem. Quando o baixista dos Swans, Harry Crosby, disse a Joaquim Pinto que o bracarense tinha cara de baixista, aquilo que hoje se conhece como Música portuguesa (uma indústria que compreende editoras, salas, promotores ou imprensa) era apenas um projecto de algumas mentes mais imaginativas. Posto este contexto, uma banda como os Mão Morta teria necessariamente dificuldades em impor-se, não só devido à violência da sua música, mas sobretudo pelo contexto muito adverso.

034 – Soundstation

Apesar de parte da agenda dos Mão Morta remeter para o passado, nomeadamente as reedições, não há como constituir uma acusação de anacronismo. É que estes veteranos foram os primeiros a ter algo que é muito comum em mercados mais pujantes: uma aplicação para iPhone, arquitectada por um fã e que consiste na possibilidade de manipular sons retirados de uma das novas canções e juntá-los ao gosto do autor. Por isso, o futuro vai continuar a passar por aqui. Só falta mesmo tocar em Berlim.

Agora, estamos em 2010 e a vitalidade da banda manifesta‑se no “modus operandi” das comemorações do 25º aniversário. Nem digressões nostálgicas nem antologias de revisão da matéria dada; os Mão Morta começaram por recuperar álbuns descatalogados, mas essa é apenas a ponta do “iceberg”. Em Abril, nasce um novo filho desta família bracarense com tentáculos em Coimbra, Lisboa e Almada. “Pesadelo em Peluche” pode remeter para um imaginário infantil, mas só à superfície. Se nos lembrarmos que o ponto de partida é o universo do escritor de ficção científica J.G. Ballard e que o vocalista dos Moonspell, Fernando Ribeiro, é convidado, então o melhor é não contar esta história a crianças.

www.mao-morta.org


035 – Mão Morta


Os Groove Armada acabam de lançar Black Light, um disco que nos leva por uma experiência emocional, numa viagem ao lado mais negro da banda. Uma colecção de temas que se entregam sem receios ao rock, ao revivalismo pós-punk e disco-noir dos anos 80. Onze anos depois do seu aparecimento, a banda voltou atrás no tempo. E nós fomos com eles.

Black Light marca uma nova direcção no som dos Groove Armada. A única ligação com os álbuns anteriores é a base electro que marca a cadência música após música. Sem a reconhecida atmosfera festiva e saltitante, a sonoridade deste disco relembra Roxy Music, New Order ou Bowie, onde a banda usa e abusa das guitarras e baterias pronunciadas, sintetizadores vintage, atmosferas sensuais que serpenteiam entre vocais e refrões que se prendem ao ouvido e arrepiam o pescoço. Como é habitual, o duo contou com algumas colaborações que enriqueceram as suas batidas bélicas, como a voz inconfundível e dramática de Nick Littlemore (PNAU e Empire of the Sun), as vozes quentes e libidinosas de SaintSaviour (RGBs) e Jess Larrabee (She Keeps Bees), Ben (Fenech-Soler), Bryan Ferry (como ele próprio) e Will Young.

texto pedro lima  foto tom bunning

groove armada a armada volta a atacar Os Groove Armada têm o dom de se transfigurarem de disco para disco e de se forçarem a sair da sua zona de conforto para produzir algo único. Ao sexto álbum de originais, Black Light, Andy Cato e Tom Findlay despedem-se do big beat, do funk, do chillout ou do trip-hop que os tornaram conhecidos. Neste trabalho trocam a percussão computadorizada por instrumentos vivos e um som nostálgico com orquestras em crescendo, salpicadas de elementos disco e synthpop que não deixam arrefecer o ritmo de dança.

036 – Soundstation

Look Me In The Eye Sister abre a

longa duração em registo rock de baixa rotação, pela voz esfumaçada de Jess Larrabee, e explode num crescendo que combina baterias carregadas, guitarras e sintetizadores espaciais em pano de fundo. Segue-se o delicado Fall Silent, balada etérea melosa ao género de Bowie, que introduz a incrível voz de Littlemore a entoar refrões pegajosos, que convidam a um acompanhamento da música em velocidade cruzeiro. Just for Tonight (uma versão de one night stand no feminino) faz regressar Larrabee ao microfone, numa melodia reminiscente da

era de Stevie Nicks, marcada por uma orquestra de violinos reconfortantes. A onda delicodoce do álbum desaparece com Not Forgotten, tema ao velho estilo Groove Armada, bomba energética para agitar as hostes com sessões rítmicas eufóricas de bateria e synths a suportar os vocais fantasmagóricos de Littlemore. O ritmo continua apontado à pista de dança com I Won’t Kneel, o primeiro single divulgado, com a voz cristalina de SaintSaviour, belíssima mistura entre Kate Bush e Alison Goldfrapp, num tema largamente tingido de batidas electro dos anos 80, purpurina e bolas de espelhos. Em Cards to Your Heart, uma das faixas mais fortes do álbum, a voz de Littlemore ganha protagonismo e cresce num ritmo de dança lento mas desafiador, pontuado por teclados inspirados, percussão distorcida e um refrão saturado de emoção. Para o segundo single do disco, Paper Romance, SaintSaviour divide o microfone com o vocalista dos Fenech‑Soler, num dueto punk‑funk supremo que está entre os nossos favoritos. Warsaw prossegue com Littlemore a cerrar os dentes feroz, numa batida electrorock que dá vontade de cantar em plenos pulmões, dominada pelo baixo sujo, guitarras e bateria. O lendário Bryan Ferry ilumina Shameless com uma voz sexy em grande forma, numa faixa romanticamente intensa (ou não tivesse sido Love is a Drug dos Roxy Music a música mais ouvida durante a gravação deste disco). Quase a terminar, Time & Space volta com Saviour e Larrabee em cadência electro acelerada, combinando o groove funky do baixo com sintetizadores roucos e um refrão para dançar sem descanço. A jornada termina com novas vibrações discofunk em History, a marcar a estreia do novato Will Young, vencedor do Pop Idol.

A Armada voltou a atacar e deixou-nos knock-out com este álbum impressionante e altamente recomendável. Um disco de contrastes entre o nostálgico e o moderno, que ou se ama ou se odeia, mas que, seja como for, se destaca como luz negra.

www.groovearmada.com


037 – Groove Armada


Hoje, a Stones Throw já não é apenas uma editora de hip hop com ataques de identidade esporádicos. Transformou-se num eclético catálogo que abraça diferentes sensibilidades da cultura nascida no Bronx (os lançamentos recentes dos Strong Arm Steady, Edan, Madlib e Oh No são claramente hip hop, mas muito distintos), funk e psicadelismos variados (o catálogo subsidiário da Now Again especializa-se nesta área e é responsável, entre outras coisas, pelo excelente novo álbum dos Whitefield Brothers), jazz (o devaneio mais recente de Madlib leva o título de The

Em Portugal, foram recentemente disponibilizados os discos de Dam-Funk (já por aqui merecedor de destaque); a mais recente proposta de James Pants –«Seven Seals» é uma espécie de disco de library music, inspirado na leitura de livros sobre o oculto; o primeiro volume da odisseia Medicine Show de Madlib –que levanta o véu sobre o clash OJ Simpson que ‘Lib está a preparar com o rapper Guilty Simpson; o resultado da mais recente «sampling spree» de Oh No– a hiper-actividade do irmão mais novo de Madlib levou-o agora a investigar a colecção de discos etíopes de Egon, o homem do leme da Now Again; e ainda o mais recente álbum dos Strong Arm Steady –dupla hardcore e underground que neste excelente álbum produzido por Madlib (que não deve dormir, como já parece óbvio) conta com a colaboração de algumas super-estrelas indie, como Talib Kweli ou Phonte dos Little Brother.

Last Electro-Acoustic Space Jazz & Percussion Ensemble …), boogie-funk

de inspiração electro (álbum de Dam-Funk), new wave electrónica dos anos 80 (compilação Minimal Wave a recuperar, para o presente, maravilhas perdidas da era dourada dos sintetizadores) ou afro-beat (há caixa de dez polegadas que explora o legado de Fela Kuti para editar em breve…).

texto rui miguel abreu

A editora Stones Throw é uma das mais entusiasmantes da actualidade: depósito fundo de propostas diversas, assume‑se como um labirinto cuja exploração é obrigatória.

Só em 2010, a Stones Throw já contabiliza mais de duas dezenas de entradas no seu catálogo. Nem todas são de discos, no entanto –há pelo menos cinco t-shirts diferentes que merecem o seu próprio número de identificação. E há música impressa em todos os formatos –CD e vinil de pelo menos três tamanhos– ou pronta a distribuir através da Internet em confortáveis e imateriais ficheiros. A Stones Throw, conclui-se, não pára. Este é o décimo quarto ano de actividade da editora que Peanut Butter Wolf criou como uma entidade de hip hop indie, mas que cresceu muito para lá das fronteiras que mesmo os mais generosos mapas do género poderiam delimitar.

038 – Soundstation

stones throw fasquia alta Esta dispersão aparente, no entanto, não é fruto do acaso. A Stones Throw é uma daquelas raras editoras em que os responsáveis podem exercitar os seus mais extravagantes desejos e criar lançamentos que para começar encaixam na perfeição nas suas próprias colecções. Dessa “estratégia” nasceu um colectivo de artistas que não se rege pelas convenções do mainstream, nomeadamente em relação ao espaçamento de edições. Madlib, por exemplo, anunciou para este ano a intenção de lançar um álbum por mês, promessa que está para já a cumprir (Volume 1 do seu Medicine Show com Guilty Simpson e Volume 2 com uma mixtape de material angariado em expedições de diggin’

ao Brasil…) e até a ultrapassar (graças a lançamentos paralelos, como o já citado álbum do “projecto” The Last Electro-Acoustic Space jazz & Percussion Ensemble). Não se pode, desta forma, esperar uma obra‑prima de cada nova referência acrescentada ao cada vez mais dilatado catálogo da Stones Throw e restantes estações orbitais (à Now Again ainda acrescentam a Soul-Cal, também especializada em funk). Mas essa também não é a intenção –ao dar dimensão física a toda esta música, a Stones Throw está a documentar a progressão dos seus artistas, por um lado, e a desafiar as regras –talvez a inventar algumas…– deste negócio.

Se é certo que nem todos estes discos são merecedores de nota máxima nas páginas de crítica com vistas suficientemente largas para os irem acolhendo, também não é menos verdade que a qualidade é sistematicamente elevada. Estes lançamentos assumem-se como peças de um puzzle cada vez mais complexo e em permanente expansão. Algumas são mais importantes do que outras na composição da “bigger picture”, mas cada uma cumpre um papel específico. O único atentado da Stones Throw é mesmo à carteira dos seus mais devotos fãs…!

www.stonesthrow.com


1james

pants by jakegreen

039 – Stones throw


Oleg Dou Bambi, fotografia, 2008

040 – Viewpoint

www.douart.ru


Oleg Dou Pinocchio, fotografia, 2008

041 – Oleg Dou


Oleg Dou batman, fotografia, 2008

042 – Viewpoint


Oleg Dou Mickey, fotografia, 2008

043 – Oleg Dou


044 – Central Parq | Grande Entrevista


É o rosto por detrás do projecto que vai reabilitar a zona do Parque Mayer. Um nome de peso na Arquitectura nacional e um amante da cidade de Lisboa. Manuel Aires Mateus mantém com a Arquitectura uma relação de amor/ódio e diz que no dia em que se levar a sério “estará morto”!

Ganhou o Concurso de Ideias para a reabilitação do Parque Mayer com uma propos ta que pretende criar um pedaço de cidade pedonal. O que se vai passar? Há vários níveis de respostas que podem ser dadas. Do ponto de vista da aspiração urbana, daquilo que tem a ver com o projecto em si, o que estamos a fazer é a utilizar a possibilidade que se abriu com este concurso e que consiste em pensar o Parque Mayer não como um problema, mas como uma oportunidade de dignificar uma área que é maior do que a do próprio Parque Mayer, que está agarrada ao Jardim Botânico, que faz parte de um dos maiores quarteirões da cidade e que não tem qualquer tipo de envolvente pedonal. No fundo, vamos desenhar o Parque Mayer, num primeiro momento para poder criar novas ligações entre a parte baixa e a parte alta da cidade. Ligar a praça da Alegria, a rua da Alegria, a rua do Salitre, o Príncipe Real e o Rato. Com isto, consegue-se criar espaço urbano num lugar que está relativamente morto, sendo que este espaço, que neste caso será pedonal, é o centro do projecto que, por sua vez, foi sempre desenhado em função do vazio, do espaço de domínio público e não do construído. E como é que se vencem as cotas entre a parte baixa e a parte alta? Todas as cotas são vencidas pelo mínimo número de meios mecânicos e o número máximo de pendentes praticadas por qualquer pessoa. 045 – Manuel Aires Mateus

Em termos programáticos, que tipo de serviços vai compreender? Para além do Capitólio, que será recuperado, estão pensados mais dois pequenos teatros: um que tem mais a ver com a memória da revista e um maior que vai permitir uma série de espectáculos diferentes. Serão estas as actividades âncora, uma vez que a coroa exterior à área de intervenção já compreende habitação. O interesse não é criar mais, mas complementar. Está, contudo, equacionada uma unidade hoteleira e depois, há serviços. O ideal era uma zona com muito comércio térreo e alguns serviços nos pisos superiores. Há ainda um novo parceiro, em termos programáticos, para esta área, uma ideia que está a ganhar cada vez mais forma e que consiste em recuperar o edifício que ardeu do Hot e associar o Hot, a escola do Hot e o Museu do Jazz nesta área. E com isto garantir também alunos, uma parte museográfica e o retorno do clube ao seu ponto de origem.

De que forma a opinião do público pode influenciar um conceito? Eu acho que as opiniões e os contributos são muito importantes e, neste caso, é evidente que houve coisas que fomos ajustando e fomos aprendendo com o processo. No entanto, acho que nós não temos muitos hábitos de participação cívica e os que temos são pela crítica pouco informada e generalista. As pessoas não estudam os problemas para os criticar. É evidente que há excepções. Mas, normalmente, as pessoas têm uma crítica fácil, um pouco por falta de hábito. Acredito que seja uma fase e que, com o tempo, as pessoas passarão a ter uma crítica e uma participação cívica mais consistente, o que é importante, porque as cidades fazem-se com a participação de todos. Nesta ideia de participação, estamos no princípio e num princípio reactivo, no sentido em que, como há uma ideia de um silêncio muito prolongado, as pessoas tendem a reagir não

texto Ana Rita Sevilha  foto Francisco de Almeida

manuel aires mateus Na possibilidade de transformação dos lugares Foram tidas em conta as expectativas dos habitantes de Lisboa e do público de uma forma geral? Este é um processo que eu diria que foi e está a ser conduzido pela Câmara Municipal de Lisboa de uma forma exemplar. Começa com um Concurso de Ideias, parte para um Concurso de Projecto, é um concurso referendado em duas voltas. Depois, entre as duas fases, teve uma Consulta Pública. Voltará a ter uma Consulta Pública. Entregámos agora uma fase preliminar do plano e vamos entregar a fase final que, novamente, irá ter uma Consulta Pública. E as sessões de esclarecimento, principalmente entre fases, foram muito participadas e com muita gente. Eu diria que, de alguma maneira, esse sentido da participação está muito bem acautelado e tem sido feito com muita transparência e visibilidade em todos os sentidos.

para discutir mas para tomar uma posição, o que não é importante. Participam muito com o “gosto/ não gosto”, como se fosse um Benfica-Sporting. Mas acho que é um estado e chegaremos a um estado participativo, em que vai ser possível estabelecer diálogo. Somos uma jovem sociedade aberta. Quais são os seus lugares predilectos em Lisboa? A todos os meus amigos de fora, faço um roteiro muito fácil da cidade de Lisboa. Acho que devem começar pela Baixa, como se fosse uma espécie de espinha dorsal, devem fazer a encosta do Castelo e a encosta do Chiado e Bairro Alto. No fundo, fazer estas duas colinas e a cidade iluminista, que é uma peça única em termos urbanos. Depois, aconselho sempre, por ser revelador da Arquitectura portuguesa, os Jerónimos. Que é, de facto, um monumento notável. E, com isto, de alguma maneira, cosem a cidade histórica. Se me pedissem um roteiro para fazer Lisboa num dia seria assim. Depois, acho que é importante visitar a Gulbenkian, um edifício notável da nossa Arquitectura moderna e, como exemplo da Arquitectura recente, o Pavilhão de Portugal do Siza e o Museu da Ciência Viva do Carrilho da Graça. Mas Lisboa é isto e tudo o resto, é o fervilhar da cidade. Uma coisa que me agrada é que Lisboa está a ganhar um lado claramente cosmopolita e tem uma coisa muito boa: um turismo diversificado, de gente interessante, gente nova e diferente, que é uma coisa bonita, um turismo com cultura. Gosto da ideia de termos um rio que as pessoas chamam de mar e não um riacho. Gosto deste porto que não está transformado em bares e que tem contentores, que tem zonas perigosas. Gosto que ainda não se tenha aberto de uma forma mole e piedosa o rio todo à cidade.


Nestes sítios, onde e como gostava de intervir? Vou dizer uma coisa um bocado insólita. Os sítios não ficam iguais dependendo daquilo que nos perguntam. Eu não olho da mesma maneira para um lugar seja para fazer dele uma pequena casa ou um hospital. A Arquitectura não trabalha bem com os lugares, trabalha com a possibilidade de transformação dos lugares. Eu diria que os lugares para mim podem transformar-se em extraordinários, dependendo do que se perguntar sobre eles. Destes que lhe disse, gostava de intervir em todos, para fazer o que me deixassem. O que faria na Baixa, por exemplo? A Baixa está lá! Agora, precisa de ser diversificada e precisa de tempo. A Baixa está resolvida por si. Quanto mais se recuperar e menos se intervir melhor. Quanto mais se recuperar a ideia de espaço público com que ela partiu, no Século XVII, melhor ficará. A Baixa precisa de gente! E tem uma grande hipótese de ter uma população interessante a habitar. Qual é a sensação de caminhar por uma cidade e deparar-se com projectos da sua autoria? Mudava tudo e mudava sempre. Tenho sempre a certeza de que podia ter feito melhor. A Arquitectura é um encontro muito violento com a realidade. Eu gosto muito de ir aos lugares que fiz, mas não é uma coisa que procure. Nos edifícios confrontamo-nos com o que conseguimos e com o que não conseguimos. Ao contrário das outras artes, não conseguimos evitá-los, porque são grandes e vão lá ficar por muito tempo. Acha que tem uma linguagem própria, que existem características que se repetem nos seus projectos? Eu acho que ninguém tem uma linguagem própria, no sentido em que todos nós pertencemos a um único mundo, muito complexo, que tem um lado bom e um lado

mau. Todos fazemos parte do mundo, mas temos de perceber muito bem o que somos nesse mundo. Nesse sentido, eu sei que para fazer parte desse mundo tenho claramente de me posicionar partindo daqui, das minhas possibilidades, estando onde estou, ser muito um arquitecto local. Partimos para cada projecto com tudo em aberto, um estudo de um projecto é fundamentalmente um trabalho sobre uma pergunta. Depois, há temas que nos percorrem e que nos unem no nosso trabalho. Eu diria que há coisas que nos são queridas e que nos tendem a influenciar. Acho que os projectos partem da sua possibilidade de uso, partem dos espaços, não partem das formas. A ideia mais abrangente é esta: o que nos preocupa é encontrar em cada pergunta especificidades que nos permitam fazer projectos muito diferentes uns dos outros. É difícil projectar uma casa? Há quem considere um programa complicado. Para mim, é o mais agradável de todos. Acho que é o programa em que as pessoas tendem a envolver-se mais e da forma correcta. Os níveis de discussão ou de aproximação a esta ideia da vivência tornam-se muito profundos e tornam os programas mais interessantes. O pior que pode haver num projecto é a falta de limites. Se me disserem que é no deserto, não tenho programa nem limites de custos, não há casa! Começo por onde? Nós trabalhamos com os limites.

046 – Central Parq | Grande Entrevista

Uma coisa que me agrada é que Lisboa está a ganhar um lado claramente cosmopolita, e tem uma coisa muito boa: um turismo diversificado de gente interessante, gente nova e diferente, que é uma coisa bonita, um turismo com cultura.

Entre inúmeros prémios, conta com uma nomeação para o Mies van der Rohe. Que importância têm esses prémios? São alavancas para mais encomendas? Talvez… Mas há uma coisa muito mais importante. Os prémios responsabilizam e esse lado parece-me o mais interessante. É evidente que ser finalista do Prémio Mies, que é o semelhante aos Óscares, tem um lado mediático, de prazer pelo reconhecimento, obviamente. Mas acho que temos de ser pragmáticos. Para mim, os prémios mais importantes foram os que ganhei no princípio de carreira, porque responsabilizaram muito. Mas é claro que, como precisamos de clientes, necessitamos desse lado mediático.

Acha que a Arquitectura e os arquitectos aprenderam a usar a Comunicação Social como forma de promoção pessoal? E acha que isso pode ser uma “relação perigosamente íntima”? A Arquitectura é uma actividade de silêncio. Pratica-se, em grande parte, na solidão. Nós trabalhamos com equipas muito grandes. No meu caso, tenho sempre o meu irmão por perto, todos os arquitectos com quem colaboro e os arquitectos que estão aqui no atelier. Mas, mesmo assim, não deixa de ser um acto que se faz recolhido e acho que é perigoso este círculo mediático da Arquitectura. É uma coisa que ainda não tem muita expressão em Portugal, mas é uma tendência que não se vai inverter. É muito perigosa porque acho que destrói os arquitectos, mas não vai mudar... Até porque é necessária? Até porque é assim, porque a vida hoje tem este mediatismo. Mas não vejo grande interesse nisso. É uma coisa de que é difícil fugir e que exerce grande pressão sobre os arquitectos. Mas também tem o lado positivo, o de contaminar a Arquitectura para depois se transformar numa espécie de circo. Como se todas as cidades tivessem que ter um Calatrava ou uma Zaha Hadid. É um inferno! Nós queremos ver nas cidades o que é específico de cada cidade. Por outro lado, o grau de respeito e de exigência para com a Arquitectura é muito maior, o que é muito positivo. A presença de grandes arquitectos em Lisboa ajudou a que a Arquitectura se desbloqueasse e é evidente que nós temos grandes arquitectos para exportar, como o Siza, que nos ajudou a abrir portas. Mas acho que os arquitectos têm de resistir à solicitação, um arquitecto só pode fazer o volume de trabalho que controla. Há limites que os arquitectos devem perceber. Se não resistirem, podem perder‑se como criadores.


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de los cuentos João Simões

E com que olhos vê as encomendas feitas às “estrelas” da Arquitectura internacional? Penso que é necessário tê-las e que é necessário perceber quais são os limites. É muito raro uma encomenda a uma grande estrela “acertar na mouche”. Em Portugal, temos uma: a Casa da Música, no Porto. Na minha opinião, é provavelmente a melhor obra do Rem Koolhaas. É um tiro muito certeiro, há um momento de fortuna, para além do lado de trabalho de acompanhamento do projecto que permitiu que assim fosse. Mas são tiros muito raros. Os espanhóis têm o Guggenheim. De resto, em Madrid, a maior parte das encomendas feitas a grandes arquitectos tem resultados desastrosos, não constituem nenhuma mais valia. Isso é o banal. Agora, esta presença dos grandes arquitectos é necessária, abre portas e caminhos, franqueia possibilidades e é interessante. Mas, por outro lado, há o produto estereotipado, que não tem interesse nenhum. Se viermos a ter um Gehry que é igual a todos os Gehry’s do mundo não tem interesse...

Mas, na maioria dos casos, quando se compra um Gehry é porque se quer um Guggenheim... Esse é o problema da Arquitectura. É a tal ideia dos arquitectos que se perdem quando passam a ter uma imagem de marca. Esse é o perigo. Os arquitectos perdem-se e as cidades não ganham nada com isso. Não há grandes arquitectos, há grandes obras de Arquitectura. Um arquitecto muito conhecido não é garantia de uma grande obra, mas significa a possibilidade de a ter. Uma vez, por acaso, tive num jantar em que estava o Richard Meier e ele dizia: “o meu grande problema é que hoje, quando me encomendam um projecto, ele tem que parecer um Meier e por causa disso, perdi toda a liberdade”. Eu achei aquilo muito interessante. De facto, aquilo pelo que temos de lutar é por essa liberdade, essa possibilidade de errar, pela possibilidade de investigar e pela possibilidade de surpreender. No dia em que sejamos previsíveis, acho que deixamos de ter interesse. A grande lição do Siza é que ele faz sempre ao contrário do que se está à espera. É isso que o transforma em único.

Essa mediatização foi também uma alavanca para que hoje existam mais de 16 mil arquitectos em Portugal. Que conselho daria a quem está a começar agora? O conselho que se pode dar a um jovem arquitecto é uma constatação. Nós aprendemos –de forma completamente errada– que um arquitecto é o arquitecto‑autor. É um erro trágico. É tão digno o trabalho do arquitecto-autor como o do arquitecto de uma Câmara, Instituto Público, do programador, como o do que ensina, que investiga, que fiscaliza, que se liga à História. A Universidade gera uma ambição do arquitecto-autor e isso é dramático. A grande lição que se tem de introduzir hoje é que não há, no campo da Arquitectura, saídas de primeira e de segunda. A saída é tão boa quanto a qualidade que se tiver, seja para fazer o que for.

o facto de as cidades terem todas de ter um Calatrava ou uma Zaha Hadid, é um inferno! Nós queremos ver nas cidades o que é específico de cada cidade.

047 – Manuel Aires Mateus

Se não fosse arquitecto o que seria? Quando era miúdo queria ser juiz! Mas também muito cedo pensei em ser arquitecto. Na verdade, eu vivo esta profissão com muita intensidade, sempre com uma relação amor/ódio, não tenho nada uma paixão por isto. Não sei se era capaz de ser outra coisa. Não uma profissão que metesse fazer coisas com as mãos. Tenho uma falta de jeito enorme, sou um desastre com as mãos. E já sobrevivi a fazer maquetes! Se tivesse continuado, viveria bastante mal. O que acha que ainda lhe falta fazer? Tudo. Tenho sempre a sensação que estou no princípio de tudo e espero manter essa sensação, porque no dia em que me levar a sério, estou morto. Eu vivo sempre em pânico com os projectos todos, que não vou conseguir, que não está a sair, que está péssimo. E acho que isso é pesado, porque me faz dormir mal, mas é saudável. Tem um sonho, enquanto arquitecto, de um programa que gostasse muito de fazer? Existe um programa que me fascina. Gostava imenso de fazer um aeroporto. Provavelmente nunca me tocará...


Mak trabalhou no estúdio de Danny Fang. Talvez por isso tenha desenvolvido a ideia do relógio Eye Clock. Mak queria fazer um relógio que não fosse assim tão exacto a dar as horas. Que, de alguma maneira, se distinguisse dos relógios que conhecemos, que dão as horas ao máximo detalhe. Desejava uma máquina que nos desse a nós a possibilidade de interpretar o nosso tempo, sem imposições milimétricas. Lembra a forma como, em diversas culturas, o tempo é vivenciado. A uma dada altura, o relógio, com os seus dois olhos, parece tornar‑se uma paródia da forma como, tão detalhadamente, queremos controlar o tempo e as coisas que nos rodeiam. Se olharmos muito, podemos distorcer os olhos. O relógio entorta os olhos quando atinge uma certa hora do dia. O pensamento falado. Eram as palavras de Breton, quando se referia ao acto surrealista e ao automatismo psíquico puro. A orelha de Van Gogh, de Mike Mak, conduz-nos ao acto criativo/ditado (directamente) do pensamento, na ausência de qualquer controlo exercido pela razão ou pelo preconceito. Na verdade, o surrealismo era um movimento que procurava libertar-se de quaisquer constrangimentos que fossem, como a Moral ou a Estética. A orelha de Van Gogh liberta-se das amarras de um racionalismo absoluto que teima em projectar‑se sobre a produção material. Porque é que tudo se explica? Afinal, a industrialização não permitiu ainda abandonar na totalidade a prisão das convicções que dependem apenas da experiência sensorial para existirem e serem verosímeis. Mike Mak é um designer que não impede que do seu pensamento jorrem ideias e que estas sejam, sem medos, traduzidas para a matéria eleita. Quem já não associou uma pega de uma chávena à forma de uma orelha humana? São associações livres. E há exemplos em outros designers. Porém, Mak é aquele que assume a associação de forma mais directa e com mais veemência. Mak conta‑nos como, por vezes, sente que todos lhe puxam as orelhas, sobretudo no trabalho. Di-lo rindo. Por esse motivo, decidiu traduzi-lo para uma caneca onde pelo menos a mesma não sentirá tanto a dor.

048 – Central Parq | Design

texto Carla Carbone

mike mak pura liberdade

Pode não haver possibilidade de associar uma coisa a outra, mas na realidade Mak trabalhou no estúdio de Fang que, por sua vez, trabalhou no atelier de Marcel Wanders. Um designer experiente nestas coisas do humor e do riso. Quem não se lembra das Snotty Vases? Cujo resultado rico e formal surge da ampliação microscópica dos micróbios da gripe? Para Mak, na sua actividade, o humor é extremamente importante. É o que permite que o designer crie objectos que estimulem a interacção com as pessoas.

www.mikemak.com


049 – Mike Joostmak van Bleiswijk


Numa fase de novos passos, a Parq falou com João Vilela. Uma conversa em que Director da Krypton anuncia a sua futura escola, associada de Cinema publicitário, ao mesmo tempo que percorremos todo um trajecto pessoal que se mistura com a história de uma produtora.

“Quis ser actor”, diz-me enquanto se senta numa cadeira vintage dinamarquesa, numa área do escritório, reservada para visitas. Da sala com uma parede de vidro, alcança uma visão de grande parte do estúdio da Krypton, que dirige. Percebemos que para alguém que começou por ser polivalente na área da produção foi um estatuto conseguido com o tempo e à força de provas dadas. No final de contas, o treino de anos de palco em companhias sem grandes meios, onde era preciso fazer de tudo, habilitou-o às responsabilidades de uma posição estratégica num empresa que começou em 1988 a fazer Cinema publicitário. A Krypton, relembra, apontando para dois retratos de dimensões discretas que se encontram lado a lado pousadas no chão junto ao rodápe, foi fundada por Carlos Sarmento de Matos e José Cruz. O primeiro faleceu ainda jovem e foi, na sua opinião, uma perda traumática para a jovem produtora, então muito apoiada nas ideias arrojadas do ex‑Director. Quando apareceram, havia duas ou três produtoras que dominavam todo o mercado publicitário. Algumas chegavam a rodar vários filmes por dia. Quase nem era necessário mudar de cenografia. João Vilela recorda com um grande sorriso esse tempo naïf quando comparado com os meios sofisticados que hoje envolvem uma campanha. Como recorda também com saudade o esforço humano e a imaginação que eram necessários para concretizar determinados filmes nessa época.

Mas foi em guerra contra as grandes produtoras da época que a Krypton, pela mão de Carlos Sarmento de Matos, se impôs a partir de uma visão mais artística do ofício e capacidade de Produção. E a conversa acaba por se focar nas qualidades humanas e profissionais do fundador que, na sua opinião, era um excelente realizador, muito conhecedor do que se fazia quer em termos de Cinema como dos filmes publicitários. Conhecimentos que o levaram a incutir na equipa critérios de qualidade que considera que ainda hoje norteiam a empresa. Essa é a explicação para que a produtora estivesse sempre em crescimento, resistindo à perda trágica do seu mentor. “A qualidade compensa sempre”, remata, não deixando de referir que os melhores profissionais procuram estar entre os melhores, daí que praticamente todos os grandes realizadores do mercado português tenham passado pela Krypton. É uma empresa suficientemente atractiva para garantir que os jovens mais ambiciosos continuem a ir ali bater à porta, à procura de um estágio. E volta ao mesmo assunto: “É esse mesmo espírito de família que herdámos de Carlos que se mantém na actual equipa de 15 pessoas fixas”.

Mas esta é apenas uma das muitas histórias que poderia contar sobre as produções da Krypton que chega a fazer vários filmes por mês. Basicamente, todos os grandes clientes publicitários portugueses já lhes tocaram à porta, diz com modéstia, até porque não se considera um homem vaidoso. Ainda recentemente fizeram vários filmes para o BES em que o protagonista era Cristiano Ronaldo. Ousaram explorar alguns dos boatos que circulam pelas ruas de Madrid sobre o futebolista. Ainda aproveitámos a deixa para passar dos mitos aos episódios com a estrela Ronaldo, mas o máximo que obtivemos foi uma categórica explicação dos dilemas de produção que existem quando se tem que filmar uma figura mediática num espaço público.

texto francisco vaz fernandes

krypton joão vilela Quando questionado sobre o filme de referência da Krypton não hesita nem um momento em referir a “Baleia”, como viria a ser conhecido um dos primeiro trabalhos, realizados para a Optimus, e que ganhou vários prémios. No centro do filme estava uma baleia de 14 metros de comprimento, três metros e meio de altura e com cerca de três toneladas. A baleia foi construída em Madrid pela Dream Factory, um atelier que já tinha no curriculum a produção de mockup’s para filmes como Batman e Allien. O processo de produção envolveu 20 pessoas, durante oito semanas, tornando possível que, nas águas de Algarve, o monstro mecânico deitasse água e mexesse a barbatana, como se fosse uma baleia de verdade. “É um filme emocionante, porque tem uma mensagem fabulosa, em torno de pessoas unidas numa manobra de salvação”.

050 – Central Parq | Cinema publicitário

Krypton school Quanto ao futuro, um dos projectos que anima João Vilela é a Krypton School que vai arrancar em Setembro de 2010. Franze o sobrolho, faz uma pausa e enfatiza que será um projecto diferente dos habituais programas de estágio, já que oferece contacto directo e intensivo com as diferentes fases de produção de um filme. Será uma formação paga. As expectativas são muitas. Nota‑se no tom de voz que se torna mais viva, contrastando com as paredes do escritório, sem nada de particularmente emocionante. Esclarece então que a ideia de escola não surgiu do nada. Na verdade, nos últimos anos, verificou que a formação que davam a estagiários facilitavam a sua colocação no mercado de trabalho. “Daí que fizesse todo o sentido alargar o âmbito dos estágios, colmatando as várias lacunas que identificámos na formação dos futuros profissionais desta área. Abrangendo as diferentes áreas técnico/artísticas da Produção cinematográfica: pré-produção, filmagens e pósprodução, a formação terá uma forte componente prática”. Levanta-se para mostrar todo o planeamento já previsto. Para quem cresceu na área a partir da prática, faz muito sentido reforçar que a sua experiência tem-lhe comprovado que só “estando no terreno é possível adquirir o verdadeiro conhecimento da arte de produzir e realizar um filme”. Entre muitos outros filmes, com Ronaldo ou sem Ronaldo, o certo é que o empenho da Krypton é fazer com que cada estudante seja capaz de produzir, realizar e editar o seu próprio projecto. Com eles, certamente a Krypton também terá possibilidade de crescer.

www.kryptonproduction.com


123a baleia, 456filme com

2005 realizado para a Optimus Cristiano Ronaldo para o BES

051 – krypton


ISHERWOOD /FORD

O CHOQUE. Quando se anunciou que o criador de moda Tom Ford –dono da sua própria marca e responsável por levantar da bancarrota a casa Gucci– iria realizar um filme, a má vontade de terceiros não se fez esperar para ver. Perguntava-se: pode um criador de moda fora do mundo do cinema realizar um filme?

A ligação entre o escritor Christopher Isherwood e o agora realizador Tom Ford é, ela sim, singular. O escritor cresceu maravilhado com o cinema –são dele as histórias I Am a Camera, que deram origem ao filme musical Cabaret, de Bob Fosse. Já Tom Ford sempre gostou de mulheres e de homens bem vestidos, sobretudo no cinema –é fã de Hitchcock e portanto aquele cartaz gigante com os olhos de Janet Leigh em Psycho que encontramos no filme não é por acaso. Isherwood publicou o romance originalmente em 1964, apanhando as revoluções cubana e sexual. Tom Ford realiza o filme numa altura em que o casamento gay é alvo de grandes transformações nos EUA. A liberdade que Isherwood e tantos outros ingleses encontraram na costa norte-americana há décadas atrás, Ford também a procura agora, num aspecto pessoal, social e artístico. O abafamento familiar e a falta de interesse na aprendizagem que o professor, desempenhado por Colin Firth, vê nas suas aulas ao tentar ensinar os “medos” do mundo moderno, são os de sempre. E isso vai para além de qualquer formato artístico.

A VISÃO DE FORD Há vários casos, sobretudo de artistas plásticos que se meteram no universo cinematográfico: Hunger, de Steve McQueen, o épico Cremaster, de Matthew Barney, os vários filmes de Julian Schnabel e até o recente de Sam TaylorWood sobre o jovem John Lennon só para mencionar alguns. A outra grande questão foi se este seria um filme cheio de estilo, em detrimento da história. Mas não. A Single Man, actualmente em exibição com o torcido título de Um Homem Singular, não é uma produção de moda tirada de uma revista e atirada para o ecrã. É um filme fora das passerelles, que quer ser cinema e sem ser pretensioso. O projecto foi financiado pelo próprio Tom Ford, que também o realizou e adaptou a partir do romance de Christopher Isherwood. A história centra-se num dia na vida de um professor que perde o seu companheiro num acidente, ao fim de mais de 16 anos de vida conjunta. Obviamente, não poderia ficar-se por algo exclusivamente visual.

Numa entrevista, Tom Ford dizia que a moda muda depressa e dura pouco. A novidade é efémera. No cinema, isso não existe. Diz ele –e nós sabemos– que os filmes são para sempre. Ao cinema, pelo menos ao seu, Tom Ford, o criador de moda, aqui realizador, aplicou um formalismo sério, mas com rasgos na contenção da personagem de Colin Firth. A questão da cor também é importante. O trabalho de fotografia acentua-a através das aberturas à saturação, aquando do toque humano, e ao seu fecho, quando se volta à dor da perda do amor. Dentro daquela tristeza, tudo é bonito de se ver e sentir, num sentido poético. Romântico talvez, como

052 – Central Parq | Cinema

diz uma das personagens. Há um equilíbrio entre o visualmente sofisticado do criador de moda e uma visão muito elegante do realizador. Pode até incluir‑se este trabalho num conjunto de filmes onde a direcção artística, que é como quem

texto ANDRÉ MURRAÇAS

a single man by tom ford um filme fora de modas

diz a imagem do filme através dos seus cenários, decoração e guarda-roupa, tem grande peso. Lembram‑se de The Talented Mr. Ripley, qualquer Hitchcock, Velvet Goldmine, Marie Antoinette, Gattaca, Moulin Rouge ou Dogville? Em A Single Man há um fato impecável para Colin e um vestido de noite para Julianne. Reinam o eyeliner e o nó de gravata ao estilo Windsor. Todos os alunos daquela escola estão irrepreensíveis, sejam eles rebeldes mods ou filhos de classes altas. Também é verdade que no filme não há uma mulher despenteada (da senhora do banco à aluna, sem esquecer Julianne Moore) e que a casa de vidro de George Falconer (Colin) não tem um objecto desadequado. Isso acontece porque Tom Ford chamou

www.asingleman-movie.com


os responsáveis pelo visual da série Mad Men, mas também porque ele não se esqueceu das suas origens. Se isto não é por si só capaz de convencer, Tom Ford consegue transformar um momento de privacidade numa casa de banho em algo decorado com madeira escura corrida e toalhas rigorosamente dobradas em prateleiras, mesmo ao lado dos toalhetes perfumados e acompanhado por um livro de capa dura. Percebe-se todo esse cuidado. Naquilo que é visto, mas também no que é dito. Os diálogos são inteligentes e com o tom suficiente para revelarem várias camadas. O resultado é um filme que não é demasiado moda nem demasiado cinema. E que, sobretudo, permite ao

053 – a single man

espectador ter tempo. Tempo para contemplar momentos íntimos de preparação matinal, gestos do quotidiano, pormenores de guarda-roupa, os vizinhos do lado e olhares que se trocam. Tempo para os vários medos daquele homem sozinho. Medos que são guardados, lidos, escritos, ouvidos e até confessados. Medos que, com ou sem estilo, fazem da visão de Tom Ford algo muito singular. E isso, na moda ou no cinema, por vezes, é raro de se ver.


A Semana de Moda de Berlim é, antes de mais, uma fonte de inspiração. Após cinco temporadas, impôs-se como uma das capitais de Moda do mundo e um importante ponto de encontro para a indústria. É aqui que brilham os novos talentos. Vale a pena estar atento!

Unicidade na Berlin Fashion Week Todos ficaram surpreendidos quando Carine Roitfeld – Directora da Vogue Paris e uma espécie de deusa de saltos altos da indústria– afirmou numa entrevista: “Não sigam a moda, criem o vosso próprio estilo!”. Isto foi há cerca de dois anos. Na altura, era comum transferir, automaticamente e da cabeça aos pés, as composições dos desfiles para a vida real. Como deusa que se preze, Carine estava certa. Hoje em dia, até os mais incautos reconhecem a importância de uma identificação de um estilo próprio, antes de pegar nas inspirações dos criadores e das tendências correntes e escolher o que mais gostamos e mais se adequa à nossa personalidade.

Nomes F rescos

texto Diana de Nóbrega foto DAN + CORINA LECCA

berlim fashion week fall10/11 BERLIN DON’T FOLLOW FASHION

Em apenas cinco temporadas, a Fashion Week Berlin tornou-se no evento de Moda mais importante da Alemanha. Duas vezes por ano, profissionais, jornalistas e apreciadores de Moda de todo o mundo rumam à capital germânica para conhecer as colecções de criadores impecáveis e de designers emergentes. A mais recente Semana da Moda de Berlim decorreu entre 20 e 24 de Janeiro. Embora seja considerada a número cinco das capitais da Moda do mundo, consegue reunir uma série de aspectos únicos. Distingue-se por ser capaz de combinar os desfiles de criadores consagrados e de novos talentos com eventos de marcas como a mítica Bread & Butter e a Premium, a par com inúmeras tertúlias, apresentações, prémios, cocktails e... as famosas festas berlinenses.

Se procurarmos o contributo de cada uma das mais importantes Semanas de Moda do mundo, descobrimos que a particularidade de Berlim é o seu maior trunfo. Foi esta cidade que pavimentou o percurso de tendências que exaltam o estilo próprio, o vintage e o quase negligente, pouco limpo e em segunda-mão. Nem sempre foi bem aceite, é certo, como aconteceu com o punk, nos anos 80, ou com o “heroin chic”, nos anos 90, nascidos nesta cidade. A verdade é que deixaram marcas irrefutáveis na História da Moda.

Outros eventos, como a 5 elements Berlin, Boudoir, Spirit of Fashion, e plataformas como o Showfloor Berlin, a par com diversos showrooms, juntaram mais de 120 mil visitantes e mais de 1600 profissionais na capital alemã.

054 – Central Parq | moda

Os bairros familiares de Berlim têm vindo a ser considerados, desde há algum tempo, autênticos “melting pots” para mentes criativas de todo o mundo. E é aqui, precisamente, que os estilos nascem. Observamos que, neste evento de Moda, as marcas têm muito menos importância do que em qualquer outro. Aqui, o valor é dado ao look, ao estilo próprio das colecções. Na Semana de Berlim, a Moda tem um objectivo muito singular: expressar a personalidade única de cada criador, comprador ou utilizador quotidiano, espelhando o que se encontra nas ruas que a cercam. Em Berlim, não se usa uma peça porque esta representa a marca XY, mas antes porque se gosta dela, seja de luxo ou do “flea market”. E este fenómeno já é, hoje em dia, tido em consideração um pouco por todo o mundo. Graças a eventos como a Berlin Fashion Week e a blogues de Moda que glorificam a “real people”, como é o caso do “the sartorialist” ou do “ilikemystyle”, somos encorajados a usar o nosso estilo próprio em 2010. A Moda torna-se, novamente, mais individual.

A falta de nomes de peso em Berlim não é vista de uma forma negativa. “Os estilistas decidem qual é a cidade mais apropriada para suas colecções. Se conseguem atingir um público melhor noutro lugar, claro que farão uma exibição nessa Semana de Moda”, afirmou o porta-voz do evento, Daniel Aubke. Mas os nomes de novos talentos, que brilharam na Semana de Berlim, já ecoam pela indústria. É o caso de Frida Weyer e de Sam Frenzel –vencedor da última edição do prémio “Designer for Tomorrow”. É justamente por dar visibilidade aos novos estilistas que o evento de Berlim é considerado mais criativo do que as semanas de Moda de Milão ou de Paris. Sa m Frenzel concentrou atenções no primeiro dia de desfiles. “Queria uma colecção de silhuetas clássicas, esteticamente harmoniosas, mas inovadoras”, afirmou o designer antes do evento. Dito e feito. Sam Frenzel terminou o curso na Universidade de Ciências Aplicadas de Berlim e teve as primeiras experiências de trabalho nos ateliers de Chloe, Galliano e Lacroix. No seu segundo desfile na Bebel Platz, depois da primeira apresentação em Julho, o designer Michael Sontag foi especialmente aclamado pelo público e pela crítica. É um designer berlinense que faz as coisas à sua maneira: cortes originais, combinações inteligentes de seda, caxemira e lã e modelos inovadores. As suas criações nunca são desenhadas, ganham vida em manequins a partir de uma técnica de drapeados. Um novo talento na Moda alemã.

www.fashion-week-berlin.com


12stine goya 3Ic! berlin 4patrick mohr

Stine Goya levou as suas colecções elegantes e neo‑clássicas ao penúltimo dia da Fashion Week berlinense. Com uma paleta de cores fortes, com padrões únicos, camiseiros largos, jardineiras e vestidos de cores vivas, a designer dinamarquesa é considerada um dos novos nomes marcantes da Moda nórdica Em paralelo com os desfiles principais, ouvem-se nomes de marcas como Kaviar Gauche, Michalsky, Lala Berlin, aos quais vale a pena prestar atenção.

Pela primeira vez e exaltadas por eventos como a Semana de Moda de Berlim, as marcas de luxo começam a seguir o “look of the streets”. Porque é das ruas que a moda vem e onde pertence.

As marcas de luxo, essas, já estão a reagir à exaltação da “vida real” que distingue a cidade de Berlim. Marc Jacobs direccionou a sua mais recente colecção para a Louis Vuitton para a “Facebook generation”. Com “Art of the Trench”, a Burberrys criou um fórum onde pessoas comuns, de todo o mundo, se fotografam em “trench coats” para serem julgadas e votadas por outros leitores. E até a Hermés publicou uma revista para os seus clientes, onde pessoas jovens e de ar trendy pretendem ser a prova de como a marca de luxo se pode adaptar a um estilo casual.

055 – Berlin Fashion Week Outono Fall10/11


15patrick mohr 2FRIEDA MEYER 3HAUSACH 4PERRETSCHAAD 67MONGRELS IN COMMON 8chaya

056 – Central Parq | moda


14STINE GOYA 23FRenzel 5michael sontag 6PERRETSCHAAD

057 – Berlin Fashion Week Outono Fall10/11



foto luís de barros

man urban look

O actor Ricardo Pereira prestou-se a transformação da sua imagem, onde foi explorado a partir dos micro padrões e padrões gráficos misturados com um universo militar, uma proposta de um novo look urbano para o homem Parq. ................... Ass. de fotografia ....... Filipe Serralheiro Pós-Produção ....... Álvaro Teixeira Styling ....... conforto moderno Make-Up ....... joão pombeiro ................... Agradecimentos Carpe Diem, EPCI (rodagem de vídeo)

Blusão em pele perfurada Z de ZEGNA, camisa HILFIGER DENIM, camisa á cintura LEVIS, calças GSTAR, botas MANGO/HE, corrente com anéis de couro DINO ALVES


Blaser e camisa DINO ALVES, chapĂŠu REPLAY, corrente SALSA


Blaser em tecido impermeรกvel HENRY COTTONS, camisa e cardigan PRADA na Fashion Clinic, calรงas com pregas e cinto DIESEL, botas CAT


Blaser e boné GSTAR, camisa ANDY WAHROL by PEPE JEANS, calções HILFIGER DENIM, echarpe SALSA, botas CAT


Blusรฃo impermeรกvel LEVIS ENGINEERED, camisa LEVIS e cup DSQUARED na Fashion Clinic


Da esquerda para a direita: [ Joana] top de rendas PEPE JEANS, saia STORYTAILORS, sapatos MELISSA, corrente LOJA DAS MEIAS [matilde] vestido MANGO, cinto PEPE JEANS, brincos e colar PEDRA DURA [larissa] body LA PERLA, calções AMERICAN VINTAGE, sapatos CAMPER, colar MANGO sapatos CAMPER


foto pedro Janeiro

donas de casa desesperadas Parq para Fox Live ...................

Mary Alice Young ....... Alexandra N [elite] Lynette Scavi ....... linda [elite] Bree Van de Kamp ....... matilde [best] Susan Mayer ....... joana castro [best] Gabrielle Solis ....... larissa [best] ................... Agradecimentos Domo Design, Lg dos Santos, 1,Lisboa www.domo.pt

[alexandra] top STORYTAILORS sobre body MALENE BIRGER, calรงas em seda DIESEL, colar LOJA DAS MEIAS [linda] top IRO sobre top de renda LA PERLA, calรงas STELLA MCCARTNEY na Loja das Meias, anel PEDRA DURA, sandรกlias de salto alto DIESEL


[matilde] pólo LACOSTE, calções ADIDAS by STELLA MCCARTNEY, meias H&M, cinto e mala HOSS, brincos e colar PEDRA DURA. Prato Fornasetti sob aparador na Domo Design.


[alexandra] corpete e saia STORYTAILORS, pulseiras e anel MANGO. Banco Fornasetti, no fundo aparador Antoine+Manuel Paris na Domo Design.


[linda] casaco transparente TWENTY2TWELVE, top em renda MALENE BIRGER, calรงas PEDRO PEDRO, colares de missangas LOJA DAS MEIAS, sapatos CAMPER.


[ joana] top PEDRO PEDRO, soutien LA PERLA, jeans LACOSTE, colar e brincos LOJA DAS MEIAS.


[linda] vestido de renda DECENIO, rel贸gio CALVIN KLEIN, colar e brincos LOJA DAS MEIAS, cinto. [ joana] top de renda MANGO, cal莽玫es em cabedal TWIN-SET, rel贸gio CALVIN KLEIN, correntes PEDRA DURA.


[larissa] casaco ADIDAS by STELLA MCCARTNEY, jeans DIESEL, pulseira com contas DIESEL, pulseira metálica PEDRA DURA, sapatos MANGO. Cadeira Front e jarras cerâmicas azul e branca Jaime Hayon na Domo Design.



texto: francisco vaz fernandes

Kolovrat Store KOLOVRAT De 2ª a Sábado da 11.00 às 20.00 Rua Dom Pedro V, nº 79, Príncipe Real, Lisboa

Os que admiram o espaço único de Lidija Kolovrat, na rua do Salitre, não vai provavelmente ficar desiludido com a nova loja que abriu recentemente na rua D. Pedro V, em pleno Príncipe Real. Esta mudança dá-lhe a possibilidade de estar numa das ruas com maior charme, com maior visibilidade e acesso a vários públicos, deixando de ser um pequeno segredo só para os fãs. Nesse sentido, no que parece ser um largo e extenso corredor com um andar superior muito mais amplo, é afinal o caminho das habituais colecções femininas e masculinas da criadora. Mas há mais: outros produtos que vão desde jóias de autor, linhas de

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acessórios, perfumes, objectos para a casa, assim como produtos em segunda mão. Tudo dentro do espírito Kolovrat Store, distinto, único e belo. Lidija Kolovrat habituou-nos, na Moda Lisboa, a colecções marcadas pelo elemento inconformista e imprevisível, de uma beleza e razão raras, tornando-se na maior parte das vezes numa espécie de balão de oxigénio no comedido cinzentismo vigente no panorama nacional. Por essa razão, a criadora, de origem bósnia, não gostava de expor o seu novo espaço como algo definitivo, preferindo falar em zona de experimentação onde se podem cruzar outras áreas. Por isso mesmo, a zona superior, para além de atelier,

vai contemplar uma área para acções, workshops, eventos e exposições, tudo o que fizer sentido programar para alimentar dinâmica do espaço. A parte térrea, dominada por um branco cálido e onde sobressaem as paredes cobertas de espelhos reciclados e os móveis antigos a servir de suporte para exposição dos produtos, será contudo a montra de acesso imediato ao público, em que se nota o cuidado pelos pormenores. Uma loja a respirar.


texto: Nuno Adragna

Vinodivino

texto: maria são miguel

moov

vinodivino Rua Dom Luís I, 2, Lisboa Telf 211 923 420

MOOV Calçada do Combro, 56, Lisboa Telf 211 911 789 · 2ª a Sáb das 12h às 19h30

www.vinodivino.eu.com

Num ano em que Lisboa viu abrir ao público várias garrafeiras, descobrimos mais uma que se distingue desde logo pela dimensão, mas também pela sua especialização. A e n o te c a V i n o d i v i n o apresenta uma vasta selecção de vinhos e produtos destilados de origem italiana. Propriedade de La Fattoria, importador de vinhos e destilados italianos, em Portugal desde Setembro de 2008, esta loja foi pensada como um passo para a sua implementação no mercado. Consegue ter um produto para várias bolsas, desde os 6€ aos 200€. Para além dos produtos italianos, é possível encontrar vários vinhos portugueses que servem de complemento.

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A organização procura que o espaço seja dinamizado com os mais variados eventos, sejam provas de vinho, em formato mais casual ou mais formal, como seminários, workshops, reuniões profissionais, etc. Actualmente, são várias as iniciativas gratuitas que têm lugar na enoteca VINOdiVINO. Todas as quintas‑feiras, às 19h, é possível participar numa prova de vinhos conduzida pelo sommelier Giuseppe Mancino. Uma vez por mês, é ainda apresentado um produtor italiano, sendo possível contactar directamente com proprietários, produtores e responsáveis das adegas italianas.

É uma nova loja de acessórios muito inspirada em projectos de sucesso vindos do Oriente onde se pode encontrar verdadeiros fãs e coleccionadores de gadgets e brinquedos vintage. Logo como cartão de visita a Moov tem uma vitrine repleta de relógios dos anos 80: Timex, CASIO RETRO DEADSTOCK coloridos que voltam a ter uma grande procura mas que, apesar de apetecíveis, são praticamente impossíveis de encontrar. Tratam-se de produtos originais que vêm de sobras de stocks. Além disso, a loja oferece duas linhas relógios actuais, a Void Watches e a Wise&Ope, inspiradas em modelos retro dos anos 80, mas que

primam por ter um design original. A filosofia da Moov é precisamente esta: ter um produto vintage ou exclusivo, dirigido a um público urbano, party e trendy. Para quem entra na loja, outro foco de atenção é a colecção de headfones. A oferta vai do minimalista dinamarquês AIAIAI a uma das referências na área, os Áudio Technica, entre outros. No entanto, neste tipo de lojas, até se tivermos em conta a reprodução do modelo oriental, o universo de telemóveis domina e é mesmo a base de toda a oferta. Embora não caia nos exageros dos orientais, que conseguem mudar de capa de telemóvel todos os meses, a Moov também não desilude e não lhe falta, por isso, uma grande selecção de acessórios para “kitar” os mais variados modelos. O universo é grande e convida-nos a ir até as ultimas consequências.



texto: Nuno Adragna

Hendrick’s www.hendricksgin.com

Hendrick’ s é um gin relativamente novo no mercado português, mas que rapidamente conseguiu muitos fãs. Demarca‑se de outros gins , propondo ao consumidor fazer parte de um universo insólito e boémio de uma Inglaterra insular e excêntrica. É um produto premium , destilado em pequenas quantidades. Com infusões de pétalas de rosa e de pepino, tem um sabor muito suave e perfumado. texto: Nuno Adragna

adega mayor

Aliás, o gin, na sua forma simples com água tonic , aconselha-se acompanhado de uma rodela de pepino para garantir frescura e manter o perfume. O seu sabor delicado não se compadece com o sabor intenso e cítrico da rodela de limão, mais habitual num gin tonic. Para os que quiserem penetrar no universo Hendrick’s, aconselhamos um livro de receitas de cocktails disponível on-line . Coordenado por X avier Padovani, a compilação apresenta propostas de 38 especialistas de todo o mundo, entre as quais uma de Adelino Figueira, do O’ Cocktail, na Madeira, o único barman português presente nesta selecção. Enquanto o tempo quente ainda não convida a mais, fica a sugestão de Adelino Figueira, tanto para iniciantes como para os que querem embarcar numa experiência total de Hendrick’s.

www.adegamayor.com

O grupo Delta entrou na produção de vinhos em 2005, ao adquirir um conjunto de propriedades no Alentejo e mandar construir uma adega concebida por Siza Vieira (2007). Procurando entrar numa área de prestígio e a pensar na exportação, lançou no ano passado uma série limitada que se tornou o seu produto primium. Se o “7” foi o lançamento, este ano traz um vinho engarrafado em 2008 que, consequentemente, passou a ser conhecido como 8. E foi a pensar em toda esta simbologia, em torno do 8 e de 2008, ano dos Jogos Olímpicos, que a Ivity concebeu uma luxuosa embalagem para duas garrafas, a lembrar o “Ninho”, como ficou conhecido o simbólico estádio de Pequim. São 8008 garrafas, numeradas, a envolver um néctar proveniente de cachos vindimados manualmente e submetidos a uma escolha na vinha e na adega. A fermentação deu-se em barricas novas de carvalho francês, seguida de um estágio de 10 meses. Apenas as melhores barricas integraram o lote final, que estagiou em garrafa 15 meses até atingir a harmonia desejada. ”De cor granada intensa, revela notas aromáticas de frutos silvestres, especiarias, tosta e fumados. O conjunto surge macio no palato, com uma excelente acidez, taninos consistentes mas muito aveludados e elegantes, com um final longo, irreverente e muito desafiante.

76 – Parq Here | gourmet

texto: Nuno Adragna

Jameson Rarest Vintage www.jameson.com

O Jameson Rarest Vintage Reserve foi eleito “Melhor Whiskey Irlandês” do ano pela Malt Advocate Whiskey Awards 2009, naquele que é o concurso mais antigo e prestigiado do género, já na 16ª edição. No Jameson Rarest Vintage Reserve descobrem-se sabores extremamente bem equilibrados, combinados com frutas maduras, banana caramelizada, nougat, pão de nozes fresco, tangerina cristalizada e xarope de ácer, salpicado com canela, baunilha e noz-moscada. Um final firme, seco e resinoso equilibra a doçura. Regista-se ainda um forte carácter a barricas e uma exuberância que lhe vem do envelhecimento em pipas de vinho do Porto. Desde o lançamento, em 2007,o Jameson

Hendrick’s Garden Ingredientes:

45ml de gin Hendrick’s

Rarest Vintage Reserve tem recebido inúmeros prémios e distinções internacionais, incluindo o de Whiskey Irlandês do Ano no altamente aclamado Whiskey Bible 2009, o “Double Gold” no prestigiado Concurso Mundial de Bebidas Espirituosas de São Francisco, além de ter sido premiado com uma medalha de Ouro no International Spirit Challenge 2009.

15 ml de vinho da Madeira meio seco 15 ml de xarope de Lima 15 ml de sumo de Cramberry ou Blackberry

Num misturador de cocktails agite todos os ingredientes com duas pedras de gelo durante um minuto e despeje o conteúdo num copo de cocktail com uma rodela de pepino.



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78 – Parq Here | party


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PARQUE DAS NAÇÕES

79 – Parq Here


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80 – Parq Here | party English Version


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81 – Parq Here | English Version


Crónica de Claúdia Matos Silva ilustração de vanessa teodoro [www.thesupervan.com]

o pito da buraca — Girl You Know It's True! Willie Vannilli concluía em jeito de canção duvidosa dos 80's. O frango arrefecia no meu prato, enquanto ele continuava a cirandar pelo tasco com um avental cor-de-laranja e um pano da loiça pendurado ora num ombro, ora noutro mas efectivamente era sobre os meus ombros que pesava a dura realidade. Intrigada, falei-lhe de bissexualidade - na esperança de reconverter um gay e único homem que despertara o meu interesse - nos últimos tempos do mais intenso Ramadão. Willie Vanilli foi perentório: — Isso não existe. São todas umas “mariconas” com receio de se assumir! Declarou, enquanto mudava o pano da loiça de um ombro para o outro. O sotaque hispânico na palavra "mariconas" ecoava como uma sentença - os únicos homens interessantes são gays e não há nada a fazer - vaticinava o Colombiano, cujo destino o trouxera ao cú da Europa. Impulsivo, correu atrás de um grande amor, António traficante de droga há mais de 20 anos, com quem construiu um ninho na Buraca. Tal como um Fado de Amália - de quem era fã devoto - aquele era um "amor de mel, amor de fel"! Durante a minha hora do almoço, cliente habitual, fiquei a conhecer a história desafortunada de Willie Vanilli, que para além de trazer consigo o estatuto de emigrante ilegal, tinha ainda como herança colombiana as sedosas tranças, que ao fim do dia escorriam sebo até mais não. Willie Vanilli, a sua alcunha, assentava que nem uma luva, pelas semelhanças com os Milli Vanilli. E tal e qual este grupo que acabou na mais profunda miséria - ao descobrir-se que eram um projecto fabricado e que nunca cantaram( nem sequer no chuveiro) - também Willie Vanilli tinha um segredo que não queria deixar a descoberto no bairro. Receava que ao saber-se da sua relação com António, o estabelecimento "O Pito da Buraca" fosse prejudicado, e que nem mesmo o molho de que era tão gabado, servisse de salvação aos seus frangos....não fosse o vírus espalhar-se! Willie Vanilli revelava-se fracassado em relação à família, espalhada pelas maiores cidades mundiais, lutava pelo sonho americano. No entanto, a mãe Marina - a única que continuava firme na turbulenta Bogotá orientava-se com o seu negócio de pirâmide , uma fraude que lhe permitia levar a vida de uma autêntica Dona Branca. Willie Vanilli sentou-se à minha mesa, enquanto me reconfortava com um peito de frango e um monumental prato de batatas fritas, falou-me do seu coração partido. A história era simples, António, viajou mais uma vez a fim de se abastecer da mais pura branquinha e regressou ao burgo trazendo pelo braço um negrinho equatoriano. — Os homens não valem nada! Que tal tentares uma mulher? Expressando repugnância às minhas palavras, revelou-me que a única vez que tentou só de olhar para uma vagina, ficou mal disposto, vomitou e até teve febre. Por ironia, passaria o resto da sua vida a “melar” os pitos da Buraca! Fui até à caixa a fim de pagar pela minha refeição, e caso ele mudasse de ideias, terminei a conversa em jeito de canção duvidosa dos 80s: — Baby, Don't Forget My Number!

82 – Parq Here


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