Parq 09.2010

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Director

Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com

editora

Cláudia Gavinho

claudia.gavinho@parqmag.com editora de moda

Ana Canadas

ana.canadas@parqmag.com Direcção de Arte

Valdemar Lamego @ Alva www.alva-alva.com Publicidade

Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com

PARQ Número 22 setembro 2010

periocidade Mensal Depósito legal 272758/08 Registo ERC 125392 Edição Conforto Moderno Uni, Lda. número de contribuinte: 508 399 289 PARQ Rua Quirino da Fonseca, 25 – 2ºesq. 1000-251 Lisboa 00351.218 473 379 Impressão BeProfit / SOGAPAL Rua Mário Castelhano · Queluz de Baixo 2730-120 Barcarena 20.000 exemplares distribuição Conforto Moderno Uni, Lda. A reprodução de todo o material é expressamente proibida sem a permissão da Parq.Todos os direitos reservados. Copyright © 2008 Parq. Assinatura anual 15€. www.parqmag.com capa ana filipa (L'Agence Models) veste casaco azul Storytailors, vestido de malha Pedro Pedro, óculos de ver Cutler&Gross na André Ópticas, cinto e luvas Mango, chapéu e brincos vintage da produção. FOTO sérgio santos direcção e styling ana canadas hair + Make-up Ana Vahia Tiza para M&M Agency com produtos Dior

TEXTOS

Ana Canadas Ana Rita Sousa Anabela Oliveira Carla Carbone Cláudia Gavinho Claúdia Matos Silva Davide Pinheiro Diogo Torres Francisco Vaz Fernandes José Reis Nuno Adragna Margarida Brito Paes Maria João Teixeira Maria São Miguel Miguel Carvalho Miguel Pedreira Miss Jones Pedro Lima Pedro Mota Pedro Pinto Teixeira Ray Monde Roger Winstanley Rui Catalão Rui Miguel Abreu

FOTOS

Andoni Beristain Francisco de Almeida Manuel Sousa Marcos Sobral Sérgio Santos

STYLING

Ana Canadas Conforto Moderno Margarida Brito Paes

ilustração

bráulio amado


06 real people

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maria joão sopa

por Cláudia Gavinho

56 Central Parq arte digital

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por Pedro Pinto Teixeira 08 real people

António Jorge gonçalves

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por Anabela Oliveira

58 Central Parq design

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por Francisco Vaz Fernandes 10 real people

Ana Rita Clara

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por José Reis

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por Sérgio Santos 12 real people

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por Roger Winstanley

70 Moda

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por Manuel Sousa 14 you must shopping

por Manuel Sousa

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18 You Must 34 Shopping 36 Soundstation

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por Pedro Lima 38 Soundstation

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por Rui Miguel Abreu 40 Soundstation

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42 Central Parq Grande Entrevista

80 Parq Here gourmet - cocktails

luis venegas

por Francisco Vaz Fernandes

50 Central Parq surf

ocean spirit

por Miguel Pedreira 52 Central Parq Cinema

francisco vaz fernandes

Fazer uma revista tendo por base uma pequena estrutura é sempre uma aventura. Por isso, não deixámos escapar a passagem de Luís Venegas pelo Fashion Art Festival do Estoril e recolher o seu testemunho único. O seu último projecto, Candy, é fruto do seu optimismo e das vantagens que um mundo moderno e globalizado permite, a partir de um pequeno escritório no centro de Madrid. Independentemente do lugar onde estejamos, este projecto faznos acreditar que as nossas ideias podem alcançar uma repercussão planetária desde que sejam únicas e possam ecoar mais forte entre as outras. Candy é uma revista de moda com uma estrutura clássica mas que é feita a partir do ponto vista dos travestis, transexuais e andróginos, o que permite um deslocamento do ponto de vista, dando perspectivas novas do mundo. A partir daí, nem Madrid, nem Lisboa são lugares periféricos ou, pelo menos, não

sam taylor-wood

por Maria João Teixeira

mais do que Nova Iorque possa ser. Por isso, o que importa é fazer as coisas, acreditar nelas e ser autêntico connosco mesmos como, de resto, a PARQ procura ser. Seguindo os ensinamentos de Venegas, é preciso esperar porque: Nothing is Impossible.

O tempo continua brilhante, convida para umas hora de leitura da PARQ num espaço verde. Na passagem de cada folha olhe para o céu e descomprima. Isto é terapia urbana.

cocktail parq

82 Dia Positivo

inked

78 Parq Here places

clube ferroviário + empire + restart

por Cláudia Gavinho

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espaço b + pizza pezzi

por Davide Pinheiro

46 Central Parq tatuagens

impossible

76 Parq Here places

singularidades de um querido mês de agosto

por Cláudia Matos Silva


Alexa Chung with Jon K and Gaspard M www.pepejeans.com



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Designer de jóias e relações públicas, o seu percurso está intimamente ligado ao de JOSÉ ANTÓNIO TENENTE e ao de MANUEL REIS. Elegante e dona de um estilo único, MARIA JOÃO SOPA conhece o lado glamouroso da noite lisboeta como ninguém. Já fizeste várias coisas... Sim, é verdade. Estudei design de moda no IADE e design gráfico no Ar.Co e fiz o que muitos da minha geração fizeram: participei nas Manobras de Maio. Eu e um colega meu assinávamos uma linha de roupa com o nome Sopa Côrte-Real. Trabalhei como stylist de bandas portuguesas, fiz guarda-roupa para dança e cinema...

006 – real People

E tens acompanhado os vários projectos de Manuel Reis... Comecei a trabalhar no Frágil tinha vinte e poucos anos. Estava na porta com o Ricardo Vasconcelos, numa fase pós-Margarida Martins e Anamar. Depois resolvi ir para Barcelona. Quando regressei, comecei a trabalhar como RP no Lux. Mais tarde fui para a Loja da Atalaia e, actualmente, estou no restaurante Bica do Sapato. E continuo a dar apoio como relações públicas na Moda Lisboa. Como foi trabalhar com o José António Tenente? Muito bom! Trabalhei sete anos com ele, desde o primeiro dia em que abriu a loja no Chiado. Nessa altura tinha uma energia compulsiva, fazia imensa coisa... De manhã tinha as aulas no Ar.Co, à tarde estava na loja e à noite na porta do Frágil. Era energia pura!

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Como começaste a desenhar jóias? As jóias chegaram mais tarde, em 2002. A primeira colecção foi lançada na loja de design da Moda Lisboa, no Terreiro do Paço. Sempre gostei de desenhar acessórios, mais ainda do que roupa. No início tinha uma linha de acessórios com lenços, écharpes, malas e chapéus mas resolvi dedicar-me apenas às jóias. A tua linha chama-se LA PRINCESA Y LA LECHUGA. Donde vem este nome? Eu tenho uma formação espanhola, estudei no Instituto Español de Algés e vivi alguns anos em Barcelona. O nome é uma brincadeira com o conto A Princesa e a Ervilha de Hans Christian Andersen. Que materiais costumas usar? Pedras semi-preciosas como o ónix, o jade, a turquesa e o coral, misturados com prata ou prata indiana. Uso muito o vidro e

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metais dourados. Gosto de juntar cores e materiais, não sou nada minimalista. Onde podemos encontrar as tuas jóias? Em Lisboa estão à venda na LOJA DAS MEIAS e, em Barcelona, em duas lojas do bairro BORN. Como caracterizas o teu estilo? É uma pergunta difícil... depende dos dias. Tanto posso vestir‑me de uma forma mais punk como mais coquette (risos). Tem a ver com o meu humor, com a minha disposição naquele dia, com o tempo, não sei... Há uma coisa engraçada: quando tenho situações de protocolo, gosto de estar diferente. Isso é premeditado, já sou eu a querer contrariar o estereótipo que se espera encontrar nessas situações. É o meu lado rebelde a vir ao de cima!

cláudia gavinho M-u

f marcos sobral ricardo cardita com produtos Dior



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www. parqmag. com/ blog

ANTÓNIO JORGE GONÇALVES, 46 anos, homem dos sete ofícios: ilustrador, autor de banda desenhada, caricaturista, cenógrafo, designer gráfico e professor. Já trabalhou com os argumentistas NUNO ARTUR SILVA e RUI ZINK. A PARQ falou com ele no fim de ter assinado os seus livros na ASSÍRIO & ALVIM, em plena Penha de França, num daqueles dias de calor abafado que vivemos em Agosto. Subway Life, o seu mais recente trabalho, integra uma colecção de desenhos de passageiros do metro em 10 cidades do mundo: Lisboa, Atenas, Estocolmo, Berlim, Moscovo, São Paulo, Nova Iorque, Tóquio e Cairo. O livro chega às livrarias no dia 15 de Setembro.

008 – real People

O que te levou a ter este fascínio pelo mundo do metropolitano? Quando fui viver para LONDRES aquilo que me interessava, para além de ir estudar, era renovar a minha perspectiva do que desenhava, a minha maneira de olhar para as coisas. Criei uma série de pequenos jogos porque me interessavam muito os mecanismos do acaso, do aleatório, que introduzem uma forma diferente de fazermos escolhas. Um desenhador quando olha, olha muito para as coisas que lhe interessam pela bizarria, pela beleza ou pela familiaridade mas, na verdade, nós somos muito selectivos naquilo que desenhamos.

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Seleccionaste 10 cidades. Que critérios seguiste? Achei que o número dos dedos das mãos era um número razoável mas quis sobretudo escolher metros nos 5 continentes. Só tenho pena de não ter feito o de PARIS mas, fazendo o de LISBOA, LONDRES e BERLIM, tentei disseminar as escolhas. Por uma questão de diversidade cultural… E não só. Quis escolher cidades onde nunca tivesse estado. Não me interessava ir para as cidades com uma ideia préconcebida. Geralmente o destino são as grandes metrópoles, onde há maior densidade de pessoas, onde a rede é maior. Por exemplo, o metro de ATENAS tem uma dimensão muito semelhante ao de LISBOA mas interessou-me bastante pelo facto de estar a paredes meias com o Médio Oriente.

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anabela oliveira

Passaste três a quatro semanas em cada cidade. Como era a tua rotina? Tinha uma rotina de duas sessões diárias que podiam ser à tarde e de manhã, ou à tarde e à noite. Procurei fazer os desenhos em horas diferentes, cobrindo todo o horário de funcionamento. No caso de NOVA IORQUE, que é de 24 horas por dia e é o único metropolitano do mundo que não fecha, levantava-me às 6 horas da manhã para apanhar as pessoas que estavam a ir para o trabalho. Era um trabalho de escritório, no fundo (risos).

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ANA RITA CLARA é um dos rostos mais bonitos da televisão portuguesa. Com 31 anos, enfrenta hoje um novo desafio na sua carreira: guiar-nos pelas melhores cidades europeias e mostrar-nos os roteiros desconhecidos dos turistas em geral. Boarding Pass é a última chamada. Quem quer entrar a bordo? Tens um novo programa de viagens, o Boarding Pass, na Sic Mulher. O que podemos ver neste teu novo desafio profissional? O Boarding Pass é um programa de viagens que se dedica a revelar cidades incríveis da Europa e do mundo. É um formato original, que pretende mostrar os locais do momento, os mais procurados, os mais alternativos e interessantes de cada destino. Visita as cidades mas foge dos roteiros turísticos comuns.

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São 12 emissões em que dás a conhecer roteiros e ideias para férias ou fins-de-semana prolongados. O que podemos esperar desta série de programas? No programa encontras roteiros únicos, que fogem dos percursos habituais. A imagem de cada visita é quase cinematográfica e os espaços são incríveis... Desde o Seven Dials District, para as melhores compras vintage em LONDRES, passando pelas belíssimas chocolaterias e galerias de PARIS, aos prédios ocupados por artistas urbanos em BERLIM ou, ainda, descobrir um passeio de barco no Lago Léman, em GENEBRA. Podem esperar as melhores sugestões e propostas para uma viagem inesquecível. Das cidades que visitaste, qual é aquela com que mais te identificas? Todas são diferentes e marcantes. A elegância de PARIS,

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a irreverência de BERLIM ou a magnitude histórica de ROMA não deixam ninguém indiferente. São destinos inspiradores e aos quais pretendo regressar. Costumas viajar com muita frequência? Que viagem te marcou mais? Viajo sempre que é possível, até porque é de facto algo que me apaixona há muito tempo. Quando estive em MACAU, na altura ainda território português, e em HONG KONG, fiquei fascinada pelas diferenças culturais e pelos estilos de vida. Mas recentemente, o regresso a LONDRES deixou-me muito feliz...

Gostas mais de destinos de calor ou destinos com climas frios? Ambos. Depende do estado de espírito que acompanha a viagem... Por exemplo, PRAGA é uma das mais belas cidades, que se torna ainda mais charmosa se acompanhada de baixas temperaturas. Bonita, inteligente, um estilo de vida urbano e descomprometido... Parece ser esta a ideia que temos de ti. Mas és realmente assim? Quem é, afinal, a ANA RITA CLARA fora dos ecrãs? Fora dos ecrãs, a Ana Rita é uma jovem mulher normal. Que ama música, cinema, artes e viagens. E que quer continuar a viver a vida com muita intensidade...

As viagens sempre fizeram parte da tua vida? Sim, fiz a minha primeira viagem de avião com 12 anos, sozinha. E curiosamente em pequena queria viajar e contar histórias sobre aquilo que ia vivendo.

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josé reis M-u

f marcos sobral ricardo cardita com produtos Dior



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Até 18 de Setembro Carpe Diem Arte e Pesquisa Rua do Século, 79 Lisboa

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De passagem por Lisboa a convite da Carpe Diem Arte e Pesquisa, RODRIGO SAAD, mais conhecido por CABELO, arrebatou-nos no dia da inauguração com a sua performance que misturou budas de louça, fogo e música hip hop. Para lá de qualquer lógica ou expectativa, este artista brasileiro constrói uma obra sob a ordem do impulso, do improviso e do instante, o que lhe permitiu entrar na DOCUMENTA X de KASSEL em 1997, tornando-o um dos nomes mais importantes da arte contemporânea do seu país. Quando nos conhecemos ontem depois da tua performance, o que permaneceu na minha memória da nossa pequena conversa, foi essa ideia de improviso total que parece estar sempre presente no teu trabalho... O meu trabalho é um reflexo das minhas vivências e da forma como fui criado no Brasil, onde tudo pode ser relativizado: as obrigações, os problemas… A vida em si é tão rica que está sempre

012 – real People

a sobrepor-se a todo o resto. Por isso o meu processo criativo está ligado à forma como vivo a vida e, naturalmente, nada é estático. O sítio e o momento onde me encontro interferem no próprio processo de desenvolvimento. Não posso deixar de ser permeável aos acontecimentos do dia, tanto nos aspectos afectivos como nos aspectos políticos. O meu trabalho está preso ao meu corpo e a arte tem a ver com essa liberdade de expressão. Não quero estar constrangido. Para mim, a arte pode manifesta-se quando desenho, escrevo ou componho, sem qualquer diferença. Pode manifestar-se também nesta nossa conversa.

tudo mudou, tudo isso se deu ao acaso. É lógico que tudo isto está relacionado com uma estrutura de pensamento, com uma postura na vida, mas temos que estar dispostos a desfrutar. O que é interessante no meu trabalho, e é aí que tiro maior prazer, é ser fluido e não se vergar à rigidez. A forma não exige uma precisão absoluta e disso resulta um desprendimento e uma liberdade que me levam a aceitar a adversidade e o imediato. Estes budas, que coloquei sobre uma espécie de skates, surgiram quando cheguei a Lisboa e tomei conhecimento da quantidade de lojas chinesas que existiam.

Mas, então, é como se vivesses em plena performance... Há momentos em que tenho o trabalho exposto. Há uma coisa de transe em todo o processo. Este trabalho que desenvolvi para a CARPE DIEM ARTE E PESQUISA foi completamente improvisado, eu não tinha nada planeado. Vinha para ocupar uma sala e, de repente,

Durante o período em que vivi no Rio de Janeiro sentia, na conversa com conhecidos, uma forte presença da questão mística e do sincretismo religioso. Mas aqui, na presença dos budas sobre estas pranchas de skate, que parecem altares ambulantes, não sinto esse lado místico...

De facto, esse valor religioso é relativizado, a presença icónica também. São uma presença amiga e, por isso, quis dessacralizá‑los e colocá-los nuns skates que criei com materiais encontrados no espaço da Carpe Diem. Andar de skate faz parte da minha história, desde criança. Queria que a cultura urbana se reflectisse na minha obra. Já viste esta edição recente da Wallpaper sobre o Brasil? O que te pareceu? Acho sempre que a visão de um europeu sobre o Brasil é tão diferente da de um brasileiro... Fica um pouco exótico, aquilo não é verdade. Eu nunca tinha aberto uma Wallpaper mas comprei porque me disseram que tinha um trabalho meu fotografado, uma instalação... Achei a edição curiosa, mesmo que não passe, mais uma vez, do mesmo postal ilustrado de sempre. Não pega muito o dia-a-dia, as garotas da lage*... (risos) * raparigas do morro que vivem nas lages, em edifícios inacabados

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Roger Winstanley

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marcos sobral



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Mala “Weekender” DUNHILL sapatos pretos ERMENEGILDO ZEGNA mesa “Norge” AREA Mala metálica botões de Punho Shark e flask tudo DUNHILL cinto cinza, ténis preto e camel LACOSTE caderno FINNE&CANDY shaker AREA caixa com lápis e caderno FINNE&CANDY óculos CUTLER&GROSS na ANDRÉ ÓPTICAS caixas castanhas AREA perfume PRADA Isqueiro DUNHILL creme de barbear ACH BRITO na VIDA PORTUGUESA Boxers DIESEL Caneca, pincel de Barbear VIDA PORTUGUESA Carteira DIESEL Fólio de cabedal com nervuras DUNHILL tabuleiros AREA camisola malha verde ERMENEGILDO ZEGNA casaco malha preto e branco H&M óculos de sol RAY BAN creme hidratante DIOR HOMME ténis bota NIKE SPORTSWEAR gravata preta, gravata cinza, cachecol verde tudo GANT relógio ARMANI luvas MARLBORO CLASSICS cachecol LOUIS VUITTON óculos de Sol CUTLER&GROSS na ANDRÉ ÓPTICAS caneta DUNHILL copos cocktail AREA perfume One Million PACO RABANNE prato AREA cápsulas de café NESPRESSO calças ganga DIESEL Relógio PHILLIPE STARCK colarinho DINO ALVES sweat às riscas LACOSTE camisola malha cinza H&M t-shirt LACOSTE Earphone em Prata ANA CANADAS bolsa para talheres AREA

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014 – You Must shopping

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Mala Branca ANA CANADAS vela aromática ACH BRITO na VIDA PORTUGUESA óculos ANDY WOLF na ANDRÉ ÓPTICAS bases para quentes em madeira AREA ténis NIKE SPORTSWEAR caixas brancas AREA mala preta MALENE BIRGER calças estampadas H&M óculos de sol RAY BAN vernizes YSL, shampô, amaciador, máscara SHU UEMURA relógio branco ARMANI chapéu preto H&M jarras AREA cinto roxo HOSS água de colónia ACH BRITO na VIDA PORTUGUESA calças pretas com pele PATRIZIA PEPE lenço estampado H&M óculos de sol verdes BURBERRY tabuleiro branco AREA creme hidratante e perfume “Marquise” DIOR perfume JEAN-PAUL GAULTIER touche éclat YSL sapatos Roxos REPETTO elásticos LOUIS VUITTON óculos de sol CUTLER&GROSS na ANDRÉ ÓPTICAS vestido H&M chapéu MANGO óculos de sol transparentes PRADA gloss YSL pulseira MANGO clutch em pele HOSS baton CHANEL caderno na htVIDA PORTUGUESA colar VALENTIM QUARESMA vestido MADAMA À PARIS casaco com aplicações nos ombros MALENE BIRGER

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015 – You Must shopping

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Mala Azul da produção botas HOSS jarras em vidro e lanterna branca AREA com óculos PRADA pendurados sabonete alfazema e eau de toilette COnFIANÇA na VIDA PORTUGUESA perfume KENZO óleo de nutrição para Cabelos SHU EUMURA óleo para corpo CHRISTIAN DIOR hidratante de rosto GUERLAIN banco “Escher” AREA creme mãos BEMAMOR na VIDA PORTUGUESA ténis prateados e ténis dourados NIKE SPORTSWEAR andorinhas cerâmica na VIDA PORTUGUESA casaco malha H&M tapa orelhas MANGO sombras, blush, base, gloss FRED FARRUGIA na SEPHORA, dentro de forma de pudim na VIDA PORTUGUESA calções MANGO taças em madeira AREA, com relógio branco DIESEL luvas PATRIZIA PEPE óculos PERSOL sobre macacão em ganga LEVIS girafas AREA casaco floral MADAME À PARIS base YSL corrector GUERLAIN óculos de sol DOLCE&GABBANA sobre calções cinzentos MALENE BIRGER sobre manta AREA chinelos HAVAIANAS cinto H&M écharpe AMERICAN VINTAGE calções cinzentos MALENE BIRGER óculos PRADA colete com pêlo de coelho HOSS

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016 – You Must shopping

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Mala cinzenta ERMENEGILDO ZEGNA ténis pretos NIKE troncos vela AREA, chapéu aviador MARLBORO CLASSICS camisa LEVIS grelhador, azeite saloio, pasta de dentes, ardósia, sabão de seda CASULO, tudo na VIDA PORTUGUESA manta AREA ténis castanhos COMVERSE sérum anti-queda de cabelo BIOTHERM máscara esfoliante ARMANI creme hidratante age impact ARMANI óculos de sol PERSOL copos e jarras AREA casaco cinzento NIKE SPORTSWEAR caderno lenha corda de saltar e baralho de cartas na VIDA PORTUGUESA saco weekender LOUIS VUITTON chapéu preto, suspensórios, cachecol MARLBORO CLASSICS forma de alumínio na VIDA PORTUGUESA relógios DIESEL óculos de sol CUTLER&GROSS na ANDRÈ ÓPTICAS ténis castanhos 2 tons COMVERSE Ténis bordeau com sola azul NIKE SPORTSWEAR luvas MARLBORO CLASSICS chá JELLY na VIDA PORTUGUESA calças verdes DIESEL

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017 – You Must shopping

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A W T A relação de ANDY WARHOL com a televisão não é de segunda importância no conjunto das suas actividades, como vem provar esta excelente exposição no MUSEU BERARDO, em Lisboa. A televisão ofereceu-lhe a oportunidade de retratar o mundo tal como ele é, a um nível de veracidade que outros meios de reprodução mecânica que usou (como a fotografia e a serigrafia), não conseguiam. Quando se olha para a obra deste artista pop, considerado um dos mais importantes do sec XX, temos a sensação que, antes de tudo, ele quis ser um coleccionador. E foi um coleccionador, conhecese a sua mania de classificar tudo de forma sistemática. O problema era que coleccionava tudo: desde selos a recortes de imagens. Tudo merecia ser arquivado em depósitos que raramente seriam visitados. Curioso, escondia o anseio de possuir o mundo até aos seus ínfimos detalhes. Agia como se fosse uma peneira de crivo largo onde 018 – You Must

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francisco vaz fernandes

deixava passar tudo sem qualquer juízo de valor. Valorizar, opinar, não eram o seu ponto de maior interesse. É sintomática a quantidade de registos de entrevistas feitas a Andy Warhol em que ele pede ao entrevistador para que lhe dê a resposta que ele pretende que seja dada. Grande parte do seu trabalho foi seleccionar imagens que depois reproduzia em séries de serigrafias como é o caso da lista de criminosos mais procurados dos E.U.A, de acidentes aparatosos ou de episódios dramáticos que chocaram os Estados Unidos. Entre eles, o mais sensacionalista seria o aparatoso assassinato de John Kennedy que a América assistiu em directo através da TV. O impacto teria sido comparável ao 11 de Setembro, o dia em que a realidade ultrapassou a ficção. Warhol teria então comentado que a televisão é melhor que o cinema porque acreditamos nela. A televisão propunha guiões mais próximos da realidade que Hollywood e Warhol já era o

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grande paladino da verdade nua e crua. Daí a tentação de ter um programa de televisão foi grande e, depois de algumas experiências com a edição de revistas e a produção de filmes experimentais, cria efectivamente vários programas para a TV. As primeiras experiências aparecem em 1979 com o programa Fashion , de Vincent Fremont, que introduziu toda a entourage do artista. Em 1980, esse mesmo programa passa a chamar‑se Andy Warhol’s TV. Depois de uma aparição regular no Saturday Night Live que o populariza junto do grande público, o ponto culminante do seu trabalho em televisão foi o Andy Warhol’s Fifteen Minutes . Foram transmitidos cinco séries na MTV, entre 1985 e 1987. O artista parece cada vez mais confortável no ecrã e os convidados interagiam com o painel dos entrevistados. A coisa mais impressionante é a maneira como o artista consegue extrair talentos. No episódio 2, em 1987, Marc Jacobs,

um designer de moda de 24 anos de cabelo comprido, é entrevistado num escadote. E no episódio 3 de Andy Warhol’s TV uma jovem artista de 29 anos chamada Cindy Sherman é entrevistada. Como se Warhol tivesse um sistema de radar para detectar pessoas talentosas.

Museu Colecção Ber ardo Arte Moderna e Contemporânea Até 14 de Novembro

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www museuberardo com



Bjork,Poisson Nageur,2000

Untitled Head 1, 2008

Anastasia, 1994

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Para celebrar 25 anos de trabalho em conjunto, o casal de fotógrafos holandês INEZ VAN LAMSWEERDE e VINOODH MATADIN apresentam uma retrospectiva no FOAM, em Amesterdão. O casal é uma referência no mundo da fotografia de moda mas diversas influências colocam-nos num patamar transversal entre a arte, a fotografia e a moda. Se formos à procura do glamour e da beleza geralmente relacionadas com as produções de moda, sairemos surpreendidos desta 020 – You Must

Ana Rita Sousa

exposição porque as imagens são, por norma, críticas e dúbias, abordando temas como a identidade, o género e a sexualidade. O bizarro é ingrediente recorrente. De facto, o reconhecimento internacional dá-se quando Inez van Lamsweerde aparece no panorama artístico com manipulações digitais que reconstruíam o corpo ideal, deixando para trás o corpo natural. Respondia desta forma a um conjunto de teorias que se desenvolviam na época em torno do pós-humano e que

discutia as possibilidades infinitas de transformação dos nossos corpos, em busca de formas ideias, conseguidas tanto pelos avanços da cirurgia plástica como pelo aparecimento da fotografia digital. A exposição surpreende também pela forma como está organizada, visto não haver um sentido cronológico ou qualquer hierarquia entre imagens exibidas. É notória uma certa intemporalidade que confunde. O que parece ser saído dos anos 80 foi, na verdade, capturado actualmente

e vice-versa. entre os modelos várias figuras do mundos da moda, do cinema e da música como Kate Moss, Alexander McQueen, Vivianne Westwood, Bjork, Antony Hegarty, Xavier Barden e Tilda Swinton.

Foam Até 15 de Setembro Keizersgracht, 609 — Amesterdão


©2010 modalisboa Photo: rui aguiar make up: antóniA rosa hair: miguel viana Model: jani design: ricardo mealha

UMA INICIATIVA CONJUNTA

PARCERIA

PARCEIROS DE MEDIA

www.modalisboa.pt

PATROCÍNIOS

APOIO

TV OFICIAL

hotel oficial

TV INTERNACIONAL

COLABORAÇÕES


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Mineur e Niklaus Troxler são, até agora, alguns dos anunciados. Em complemento às conferências está previsto, no dia seguinte, um workshop na Casa da Música com a coordenação do atelier (Daniela Haufe e Detlef Fiedler), Étienne Mineur, Javier Mariscal e Niklaus Troxler. No dia 13 de Outubro o AGI OPEN 2010 estende‑se ao Palacete Pinto Leite inaugura a exposição M apping the P roc ess mostra os projectos de 150 designers da AGI, os seus processos de trabalho, influências e referências. Está também previsto o prolongamento da exposição pelas ruas do Porto e de Lisboa por alguns outdoors das duas cidades, dando a conhecer os melhores trabalhos desenvolvidos pelos membros da associação.

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A Casa da Música acolhe, nos dias 11 e 12 de Outubro, a AGI OPEN 2010, um programa de conferências e workshops da ALLIANCE GRAPHIQUE INTERNATIONALE (AGI), uma associação de profissionais de design gráfico criada em 1950 com o objectivo de promover o design e a literacia visual. Actualmente, a AGI conta com cerca de 350 designers de elite, oriundos de 27 países. Nomes como Charles e Ray Eames, Saul Bass e Paul Rand foram membros desta prestigiada associação. Este ano o encontro anual é organizado pelo atelier do Porto R2 liderado por Lizá Ramalho e Artur Rebelo, membros da AGI desde 2007 e está aberto a todos os profissionais e estudantes que queiram participar. O ciclo de conferências abre com a actual presidente Paula Scher que irá expor o tema Process is the Project, seguindo-se o parecer de inúmeros designers de topo, todos eles membros da AGI. Abbott Miller, Ahn Sang-Soo, Bruno Monguzzi, Javier Mariscal, Marian Bantjes, Michael Bierut, Peter Knapp, Pierre Bernard, Sara Fanelli, Cyan, Stefan Sagmeister, Étienne 022 – You Must

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francisco vaz fernandes

casa da música Conferência: 11 Outubro Workshops: 12 outubro palacete pinto leite (antigo Conservatório de Música) Exposição: de 13 Outubro a 14 de Novembro

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www agiopen2010 com

francisco vaz fernandes

MIGUEL VIEIRA BAPTISTA, um dos designers portugueses mais destacados, apresenta na GALERIA APPLETON SQUARE um conjunto de peças sobre o equilíbrio entre forma e funcionalidade. A função aparece nos objectos como residual, servindo de referência para evocar alguns objectos familiares na vida profissional de um designer. A partir daí, Vieira Baptista aproxima-se de experiências minimais introduzidas por DONALD JUDD, artista conceptual norte-americano, marcado pelo universo da produção em massa que procurou introduzir objectividade no processo de produção artística (preterindo a subjectividade que marcava a tradição artística europeias). Também aqui Vieira Batista procura explorar a materialidade dos elementos com que trabalha, optando pelos arquétipos dos objectos do quotidiano que evoca. Nesse sentido, todas as formas apresentadas são familiares à maior parte dos visitantes, contudo, o designer procura que ganhem também uma dimensão escultural, tal como os objectos de Judd. Assim, os objectos pensados a partir da sua própria materialidade ganham volumetrias que lhes permitem ter uma solidez diferente.

Entre as suas propostas aquela onde é por demais evidente essa preocupação será uma mesa em betão. Feita em cimento, em forma de I, assemelha‑se a uma viga cortada e tem inscrito 47 kg, o seu peso real, que torna mais presente o material em que é construído. processo de transferência —em que a beleza da realidade prevalece— estas formas simultaneamente escultóricas e objectuais, decorativas e utilitárias, ganham opacidade, ambiguidade e um estado de dúvida que, em geral, se afasta do exercício do Design, abrindo a este promissor autor fronteiras para um universo maior.

Appleton Square

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Até 8 de Setembro

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Está farto de festas sem imaginação? Então esqueça os locais habituais e marque presença numa das criativas noites do bar LIVERPOOL, no Cais do Sodré. Organizadas por AVIVA OBST, PAULO LISBOA e DIANA POLICARPO contam-se, até hoje, apenas três os eventos mas aponte já na agenda os que aí vêm. Actualmente assistente na MARZ GALERIA, Aviva chegou à conclusão, juntamente com mais dois parceiros das artes visuais, que a noite em Lisboa estagnara. “Começou tudo com o facto de acharmos que faltavam festas com boa música e com temas que levassem à reflexão e à discussão”. O bar LIVERPOOL foi o local escolhido. “Ficámos maravilhados com o espaço, com a mesa de mistura e com a genuinidade cais do sodrense. A música misturada por Paulo e Diana provém de uma mesa de som antiga e sem recurso a computadores. O estilo tocado é bem ecléctico, desde o póspunk ao electro. As festas têm, como particularidade, a escolha de temas à volta dos quais se organiza a música e o vídeo apresentados para “pôr as pessoas a pensar e ouvir o que lhes vai na cabeça”. A primeira recebeu o nome de Hit the Road, Pope, funcionando 023 – You Must

como uma despedida ao papa. No último dia 16 de Julho realizouse a terceira, Há Mar e Mar, Há Ir e Voltar, com uma curiosa descrição: “uma festa para marcar o início das famosas, anuais e tradicionais férias de Verão que levam milhares de portugueses para as estradas rumo ao Sul, ao Norte, ou em sentido contrário. Ao mar, à barragem ou contra uma rocha. Sóbrios, bêbados ou simplesmente cansados”. Esta série de celebrações criativas tem um longo futuro pela frente e promete divertir os lisboetas, fugindo de um registo mais mainstream, ao qual estamos habituados e revitalizando uma das zonas mais emblemáticas da cidade.

bar liverpool Rua Nova do Carvalho, Cais do Sodré

francisco vaz fernandes

Comparar a THE BRANDERY com a BREAD & BUTTER é uma tentação justificável, uma vez que o actual salão de moda urbana que se realiza em Barcelona veio ocupar o vazio deixado por uma grande feira que decidiu regressar para Berlim, o seu ponto de origem. O governo da Catalunha sempre considerou que BARCELONA tinha todas as condições para acolher ou criar de raiz uma grande feira de moda. Contudo, a terceira edição de The Brandery que se realizou entre os dias 28 e 30 de Junho em MONTJUIC, apenas ocupava um terço da área da Bread & Butter e está longe de atrair em massa as grandes empresas de denim e de sportswear estavam na base do sucesso da Bread&Butter. Nesse sentido, ainda há muito caminho para percorrer até chegar ao nível pretendido. No entanto, como explicam os responsáveis, a feira está no início e pode ganhar especificidades que a tornem diferentes do modelo anterior. Na verdade, a feira tem procurado posicionar-se para ser a referência no Sul da Europa e um dos seus próximos desafios, talvez um dos mais importantes, é conseguir atrair os fabricantes portugueses de têxtil e de calçado. Se conseguir ser, antes de tudo, uma grande feira ibérica, provavelmente ganharia uma especificidade que

justificaria a existência da The Brandery no calendário das feiras obrigatórias. Este ano a presença nacional ainda foi tímida – estiveram presentes poucas marcas – mas é já de destacar a presença da SALSA, da BUS URBAN WEAR e da DKODE. Em termos de espaços sociais e de lazer, a imagem está bem conseguida. A organização criou várias noites temáticas e alguns debates que trouxeram bastante público jovem e trendy recinto, propiciando encontros informais entre diferentes profissionais. Ou seja, se olharmos ao nivel do ambiente gerado, eficácia promocional e organização, a The Brandery já é uma grande feira. Falta, no entanto, justificar a necessidade da sua existencia no Sul da Europa e isso só a evolução dos mercados permitirá responder.

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www thebrandery com


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j e l l KJELL RYLANDER (1964) é um artista sueco que vive e trabalha em Estocolmo e em Bergen, na Noruega. Investigador na Academia Nacional de Artes de Bergen, no departamento de Cerâmica Artística, encontra-se ligado ao projecto Creating Artistic Value/Norwegian Research Council desde 2009. O artista interessa-se por design. E não são raras as vezes em que é interpelado pelos jornalistas que lhe perguntam se sente algum comprometimento com esta disciplina. RYLANDER responde afirmativamente e com grande entusiasmo. Segundo o próprio, um dos seus trabalhos mais interessantes é a peça The Resistance 2001, um conjunto intrigante de pratos sem base. Ao perguntarmos as razões para a sua escolha, responde: «Esse trabalho pertence ao projecto MFA Rundgang (que significa feedback acústico) e surgiu de uma reflexão que fiz em tempos sobre os motivos porque mudei a minha ocupação profissional. Depois de três anos a trabalhar como construtor e marceneiro, mudei de direcção e comecei a trabalhar como artesão e artista».

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RYLANDER é um artista de poucas falas e estende-se pouco nas palavras. Falam as suas peças por si: chávenas rodeadas de anéis e pratos dispostos nas paredes como um mural, igualmente intrigantes. Perguntamos quais as suas influências, as suas referências e de onde surgem todas aquelas ideias. O artista é peremptório e económico nas palavras: «Não consigo lembrar‑me de como as coisas surgiram, simplesmente acontecem». Esta frase simples revela que o artista não reprime as ideias que afloram e despontam da sua mente durante o processo de construção das peças. Deixa-as fluir sem restrições. RYLANDER também revela que, geralmente, as suas referências e influências provêm única e exclusivamente de uma matéria: o barro.

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No âmbito do 1º concurso de moda

Podes Fugir M a s Não Te Podes Esconder dirigido a jovens criadores,

foi pedido aos 10 finalistas apurados que custumizassem uma das peças icónicas da NIKE, um hoodie conhecido por AW77. Este casaco com capuz e zip foi criado em 1977 como agasalho ideal para antes ou depois de qualquer treino. Com o passar do tempo transformou‑se num popular básico de rua, adoptado por jovens que procuravam roupa prática e confortável para o dia-a-dia. A etiqueta Nikesportwear da NIKE nasceu precisamente da constatação de que alguns dos seus modelos 026 – You Must

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pertenciam a uma silhueta urbana e, a partir daí, dedicou-se a produzir linhas de roupa baseadas nos seus modelos mais clássicos, introduzindo as tecnologias de ponta que vão sendo desenvolvidas no desporto de alta competição. A customização dos hoodies é um fenómeno espontâneo que se verifica regularmente nas ruas e surge da necessidade de personalizar e adaptar as mensagens que cada um procura transmitir aos outros. Foi nesse contexto que os 10 concorrentes do concurso de moda Podes Fugir Mas Não Te Podes Esconder fizeram as suas adaptações, integrando o AW77 como

marcos sobral

mais uma peça sua de desfile. Destaque para o trabalho de MARA ÍNDIO (23 anos), a vencedora do concurso, que frequenta a licenciatura de Artes Plásticas da Universidade do Porto e possui o curso técnico de estilismo da Cenatexe. A sua proposta foi um hoodie coberto com uma espécie de folhagem feita com o mesmo material de algodão do casaco. O volume provocado pelas folhas torna a peça visualmente pesada e vibrante. Já INÊS OLIVEIRA (21 anos) da FAUTL, remeteu a sua peça para a tecnologia, usando fios neons que brilham à noite. FILIPE QUARESMA (22 anos) da Escola de Moda de Lisboa

prestou homenagem ao falecido artista Felix Gonzalez-Torres, fazendo uma composição de contrastes com fitas suaves acetinadas e com correntes pesadas metálicas. A proposta de MICAELA GUERREIRO (21 anos) também da Escola de Moda de Lisboa, introduz pequenos elementos em feltro que nos remetem de imediato para uma cultura de toys e do handmade, dando um aspecto jovem e divertido.

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Marta: AW77 Hoodie da NIKE SPORTSWEAR customizado por FILIPE QUARESMA. Saia e lenço ANDY WARHOL by PEPE JEANS. Tank top NIKE SPORTSWEAR. Cintos MANGO.

João: AW77 Hoodie da NIKE SPORTSWEAR customizado por INÊS OLIVEIRA. Jeans G.STAR RAW. Chapéu e lenço PEPE JEANS. Tank top NIKE SPORTSWEAR. Pulseira e óculos MANGO/HE.

David: AW77 Hoodie da NIKE SPORTSWEAR customizado por MICAELA GUERREIRO. Jeans G.STAR RAW. Ténis NIKE SPORTSWEAR. Pulseira MANGO/HE. Relógio CASIO. Marcel NIKE SPORTSWEAR. Chapéu REPLAY. Óculos LOUIS VUITTON

Janine: AW77 Hoodie da NIKE SPORTSWEAR customizado por MARA ÍNDIO. Tutu REPETTO. Marcel NIKE SPORTSWEAR. Pulseira e luvas MANGO. Bangle ANDY WARHOL by PEPE JEANS. Óculos da PARTY GLASSES. Botas e boina PEPE JEANS

027 – You Must

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lea magui louro para AR Atelier

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marta gatinho + joão + david + janine


francisco vaz fernandes

KARLOTA LASPALAS é a grande descoberta da 080, a jovem FASHION BARCELONA, cidade onde reside desde que começou a sua formação em Design na Escuela Superior de Diseño y Moda Felicidad Duce. No ano em que se graduou, 2008, obteve o prémio de melhor colecção e, desde aí, não tem parado de somar prémios pelas suas criações dirigidas a um homem urbano e romântico. As propostas partem de uma interpretação de peças clássicas e de peças-chave no guarda-fato de um homem que vive em plena viagem. As colecções têm um sentido prático e pouco formal, optando por tecidos com um apelo ao natural. A sua última colecção —SS11— apresentada na 080, trazia aplicações em cabedal e tecidos em cor natural com uma paleta de tons terra em diferentes escalas de castanhos, beges e caqui.

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Esse degradé foi inspirado na imagem de papéis queimados que surgiu no início do processo de criação e depois foi transposta para a conjugação das cores e dos matizados que aparecem nas extremidades das calças, das mangas e dos colarinhos. Karlota diz‑se asfixiada em Barcelona e afirma que a natureza, nomeadamente a floresta, é um ponto de fuga que a influencia constantemente. Esperamos, no futuro, mais criações para um novo homem pagão numa comunhão forte com a natureza.

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www karlotalaspalas com

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ana canadas

Não existe melhor altura para identificar uma mente criativa do que em tempo de crise e de recessão. SARAH BAGNER possui o tipo de imaginação que a levou a criar o SUPERMARKET SARAH, um projecto que teve início numa parede de sua casa. O conceito consiste em juntar uma série de peças vintage ou de novos designers e tornar esta parede disponível online para que qualquer pessoa possa comprar os itens apresentados. Variadas paredes já passaram pelo site com colaborações de diversas marcas e artistas como TATTY DEVINE, SELFRIDGES, FRED BUTLER, WOOD e DONNA WILSON. Existe também a possibilidade de submeter peças ao projecto e esperar que sejam parte integrante de uma das próximas edições.

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www supermarketsarah com


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cláudia gavinho

De uma parceria entre a DIESEL e a produtora de denim ISKO nasceu esta colecção de jeans que se ajusta aos movimentos corporais e se adapta ao estilo de vida de cada indivíduo. Como uma segunda pele, a tecnologia TURBOTECH faz com que o denim assuma a forma de uma carteira, de umas chaves ou de uns óculos… Na verdade, de qualquer coisa que se leve nos bolsos das calças. Além disso, o tipo de tecido, o tingimento e a lavagem fazem com que rapidamente adquiram um look vintage, que se adapta e transforma em velocidade turbo. O lançamento mundial aconteceu em Julho, na feira de tendências Bread & Butter, em Berlim. A colecção está agora disponível em todas as lojas DIESEL.

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www diesel com

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cláudia gavinho

Tudo começou com um pedido especial de um general da Força Aérea americana. Seria possível criar uns óculos que protegessem os pilotos da luz do sol em grandes altitudes? Foi assim que, no início dos anos 30, nasceram os primeiros óculos com armação de metal e lentes verdes antireflexo, os Aviator, os mais clássicos e conhecidos da RAY-BAN. Os “óculos à aviador” conquistaram o seu espaço ao longo de várias gerações e são hoje apreciados tanto por homens como por mulheres. O modelo conta, actualmente, com várias e significativas actualizações. Existem os CRAFT (com a barra superior e as ponteiras das hastes revestidas em couro macio costurado à mão), os ROAD SPIRIT (o modelo clássico revisitado de forma mais jovem e desportiva), os TITANIUM (feitos inteiramente em titânio polido, garantindo solidez, flexibilidade e conforto, com lentes gradientes polarizadas), os TECH (com fibra de carbono, extremamente leves, resistentes e duráveis) e os ULTRA GOLD, de edição limitada, com um design enriquecido com detalhes de primeira linha —titânio, beta-titânio e ouro puro.

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www ray-ban com


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www longchamp com

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Reza a história que quando KATE MOSS apareceu envolvida num escândalo de consumo de cocaína e se especulava sobre o fim da sua carreira, a direcção da LONGCHAMP enviou um convite à modelo para fazer uma campanha. Seria o primeiro sinal positivo de uma poderosa indústria, cinicamente conservadora, que não só a perdoou como até estava disposta a transformá‑la em mártir e em ícone de uma certa juventude rebelde. Desde então, de estação em estação, Kate Moss tem sido a cara da Longchamp em todas as campanhas publicitárias. Uma relação estreita que tem trazido os seus frutos. No ano passado a marca lançou uma linha de malas desenhada por Kate inspirada no rock'n'roll. Este ano repete a experiência e, em Setembro, sai a NEO PURE, a primeira linha das três previstas para as próximas temporadas. A Neo Pure caracteriza-se pelas formas extraordinariamente simples e pelas alças de metal envelhecido. As malas estão disponíveis em três tons profundos, inspirados em pedras preciosas —esmeralda, rubi e safira— e em quatro estilos diferentes para todas as ocasiões: uma mala XL, uma carteira e uma pequena bolsa quadrada que tanto se adapta a um look para o dia como para a noite.

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cláudia gavinho

A REEBOK conseguiu juntar o útil ao agradável e criou uma linha de calçado funcional que, além de garantir benefícios a nível muscular, fica bem nos pés. Pensada para vários tipos de desporto, proporciona resultados mais rápidos do que os ténis comuns, sem comprometer a componente estética do exercício. Os EASYTONE, que usam a tecnologia “bolas” (ou casulos) de equilíbrio, a mesma usada na técnica Pilates, tonificam as pernas a cada passo. Os RUNTONE adequados para corrida, proporcionam uma maior activação e tonificação dos músculos nos tornozelos, nas coxas e nos glúteos, ao mesmo tempo que reduzem o stress total do corpo. Os ZIGENERGY, também de corrida, têm uma sola em ziguezague que amortece e absorve o impacto do calcanhar e impulsiona a energia para a frente, reduzindo o atrito e o desgaste. O modelo TEMPO FLEX, com o seu design único, exclusivo para mulher, oferece leveza, flexibilidade e extra-conforto.

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www reebok com

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cláudia gavinho

A EASTPAK tem vindo a colaborar com designers de renome no sentido de desenvolver produtos para um público interessado em acompanhar as tendências da moda. O resultado destas colaborações é a linha EASTPAK AUTHENTIC, que está longe de ser destinada a estudantes. Para este Outono/Inverno, o designer convidado foi o inglês Christopher Shannon, que criou três estéticas diferentes: militar, acolchoado e metálico. No estilo militar, os camuflados, os verdes e os pretos são misturados com riscas e padrões geométricos. O efeito acolchoado surge numa interpretação futurista, com pormenores e materiais absolutamente surpreendentes. O nosso destaque vai para a linha metálico. Os tecidos brilhantes e as cores (roxo, preto e azul) transformam as malas e as mochilas em acessórios trendy, podendo ser usados em várias circunstâncias.

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www eastpak com

cláudia gavinho

Com estreia para Setembro, T he Good Wife é a nova série dramática

da FOX LIFE. O enredo gira em torno de um escândalo político e sexual envolvendo Peter, um governador de Nova Iorque que se demite do cargo depois de ser acusado de corrupção e de ser divulgado o seu caso com uma prostituta. A grande protagonista é Alicia Florrick, que assume a responsabilidade pela família quando o marido é preso. Inspirada em factos reais e remetendo para o caso Spitzer, The Good Wife acompanha as tentativas de Alicia para recuperar a carreira como advogada. Produzida por Ridley e Tony Scott, a série conta com vários prémios, entre eles um Golden Globe para Melhor Actriz, um Screen Actors Guild e nove nomeações para os Emmy Awards. As expectativas são altas: The Good Wife conquistou o público norte‑americano, mantendo‑se nos primeiros lugares de audiência desde a sua estreia. Veremos como será recebida por cá. A confirmar, a partir de 14 de Setembro no canal FOX Life.


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ana canadas

Durante toda a Primavera os tons terra e camelo dominaram e foram substituindo o preto como as cores da estação. O mesmo será aplicável neste Inverno. O desfile da LACOSTE começou inspirado pelos anos 30, remetendo para a herança histórica da marca, e deu a conhecer uma paleta de tons neutros muito sofisticada aplicada a leggings, jerseys e peças com um corte largo. À medida que o desfile avançava os anos 30 davam lugar aos anos 80, numa forte combinação de cores primárias aplicadas em blocos sólidos, tanto para homem como para mulher, abrindo caminho para uma festa de cor e de optimismo. A atenção especial deve ser dada aos casacos de tons ricos, as peças-chave da colecção para este Inverno.

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www lacoste com

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cláudia gavinho

Com o lançamento do seu novo website, a PEPE JEANS reinventa a apresentação dos seus produtos-chave. A nova galeria de denim online apresenta vários vídeos protagonizados por bailarinos do BALLET NACIONAL DE ESPANHA que nos mostram todos os detalhes e pormenores das calças através das suas bonitas coreografias. Além de ver os jeans em pormenor e de apreciar a elegância dos movimentos, também pode partilhar os vídeos via Facebook, Twitter ou YouTube ou aceder directamente à loja online da Pepe Jeans. Vale a pena ver as prestações elegantes destes rapazes e destas raparigas.

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www pepejeans com/en/denim-gallery html

maria são miguel

As actividades ao ar livre e o que elas acrescentam às nossas vidas continuam a ser a grande proposta da MerrellL. Neste estação, a marca trouxe uma colecção de modelos para a cidade inspirados nos desportos de montanha, umas das mais fortes tendências em termos de calçado para este Inverno. Os modelos apresentam detalhes de botas clássicas de montanha mas adaptados a novos materiais tecnológicos que lhes conferem um aspecto mais desportivo. Os típicos atacadores de montanha grossos e redondos, com passadores metálicos, são uma das principais características, sejam os sapatos mais fiéis aos clássicos, mais técnicos ou, simplesmente, híbridos e adaptados ao uso quotidiano. Todos se destacam pelo conforto interior, pela impermeabilidade e pelo isolamento térmico exigido nos desportos de neve.


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Criada em 2006 por Morten Linde e Jorn Werdelin, a LINDE WERDELIN procura unir o melhor da relojoaria suíça ao inovador design dinamarquês. O propósito desta casa é criar relógios de luxo com materiais nobres apelando, no entanto, ao universo dos desportos de lazer e às actividades ao ar livre, valores que estão mais perto do ideal de um jovem homem citadino. Por tudo isso a comunicação tem sido exemplar, absolutamente diferente de tudo o que já foi feito, e cada novo modelo tem aparecido acompanhado de imagens de BD ligada a histórias de aventura. Se tudo isso não bastasse, os relógios em si são excelentes peças de design que tem despertado muita atenção, permitindo que uma casa com poucos anos pudesse emergir entre casas seculares.

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www lindewerdelin com

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cláudia gavinho

cláudia gavinho

A grande novidade da linha de acessórios CALVIN KLEIN para este Outono/Inverno é a colecção de relógios Ck Delight . Mais do que um relógio, é um acessório, uma pulseira indispensável para qualquer mulher que busca traduzir sua personalidade através de peças singulares, fazendo a diferença em qualquer visual. O pulso é elegantemente envolvido em dois arcos de aço inoxidável polido com formas delicadas e sinuosas. Uma verdadeira jóia contemporânea. Disponíveis em três versões: preto, espelhado e dourado.

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www calvinklein com

A colecção ACTIVE CRYSTALS da SWAROVSKI tem a virtude de nos transportar para um universo cheio de cor, com os seus delicados objectos para o dia-a-dia. Cada um destes pequenos cristais são aplicados à mão, com a técnica Pointiage®. As pens USB em forma de animais e os pingentes em forma de flor, para colocar nas malas ou nos telemóveis, vêm com uma lanterna adicionada, para ocasiões menos precavidas. Os cabos para auscultadores são autênticas jóias em cristal facetado. Ao transformar o que é funcional em luxuoso, estes pequenos e úteis objectos levam brilho e glamour aos acessórios mais quotidianos.


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“As mulheres Dior não são tímidas, são modernas e ousadas” diz John Galliano. A nova coleção DIOR presta homenagem a esta ideia de feminilidade atrevida com novos tons de lilás, roxo, carvão e cinza esfumado. Os olhos são o ponto forte do look: pestanas definidas, curvas e alongadas. Nos lábios, ganham destaque os tons de rosa pálido, malva, coral e carmim. 033 – You Must

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Dê volume ao cabelo com o champô de hortelã e abacate, mime-se com o amaciador de trufa branca ou faça um tratamento de hidratação intensivo com o óleo rejuvenescedor de nozes e flores. PHILIP B é um profissional de cabelos que trabalha em Los Angeles com algumas das personalidades mais famosas do mundo e que, nas suas viagens pelo mundo à procura de ingredientes únicos e naturais, desenvolveu uma gama completa de champôs, amaciadores, máscaras e produtos de styling à base de extractos vegetais, combinados com aminoácidos e proteínas. À venda em exclusivo na Perfumes & Companhia.

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A nova colecção de maquilhagem Rock et Baroque da YVES SAINT LAURENT traz de volta a técnica da manicure francesa mas com um twist. Os vernizes vêm em duo, para serem usados em conjunto. A proposta é substituir as cores tradicionais e o risco branco por um espectro de cores bem menos convencional. As duplas são Rive Gauche (rosa e laranja), Belle de Jour (roxo e turquesa) e Belle de Nuit (ameixa e dourado).

cláudia gavinho

Mais intenso do que nunca, a Musc Collection de NARCISO RODRIGUEZ presta uma derradeira homenagem ao almíscar. O perfume For Him é composto por um coração de almíscar (o aroma favorito do designer) e uma combinação de pulsações florais ambarinadas e amadeiradas. Uma fragrância elegante, com um toque natural mas também forte e sexy, que captura a essência do que é intemporal.


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Love Harder

Em época de festivais, mergulhos e férias de Verão, pode ter passado despercebido a muita gente um álbum que merece ser ouvido com toda a atenção. Chama‑se Love Harder e é o novo projecto do artista obcecado pelo revivalismo synth‑pop da década de 80. Um disco que só peca por ter chegado tarde demais.

ALISTAIR MCLOVAN, mais conhecido por ALI LOVE, já aparece nos radares da música electrónica há alguns anos. O artista britânico saiu do anonimato ao emprestar a voz ao hit colossal Do It Again, do álbum We Are the Night (2007) dos THE CHEMICAL BROTHERS, e por alguns singles a solo como o turbulento K-Hole ou Secret Sunday Love, retirados do álbum de estreia Love Music, que nunca chegou a ser publicado devido a complicações com a editora Columbia.

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No início de 2010, o artista irrompeu finalmente das cinzas ao lançar três singles incendiários que rapidamente conquistaram seguidores em todos os quadrantes. primeira faixa, Diminishing Returns, é um clássico borbulhante de inspiração italo-disco, habitado por teclados retro-ondulantes que insistem em não abandonar o corpo. Seguiu-se Love Harder, uma malha electro pop de contornos negros, sensuais e luxuriantes, e Smoke and Mirrors, single que combina a electrónica moderna dos DAFT PUNK com vocais altamente reminiscentes de PRINCE, num manto de synths musculados teletransportados directamente dos anos 80.

Love Harder é um conjunto de

dez faixas que soa mais a uma colectânea de hits do que a um disco de estreia. O produtor criou um set de canções com alto poder aditivo, inspiradas nos ambientes synth-pop luminosos da década de 80, com referências gritantes ao som dos THE HUMAN LEAGUE, TOM TOM CLUB ou GIORGIO MORODER, pecando apenas por ter chegado demasiado tarde. Num momento em que o revivalismo dos anos 80 ameaça tornar-se ainda mais longo que a dita época, e depois do estilo ter sido impecavelmente dominado por nomes como CUT COPY ou CHROMEO, Love Harder pode ser visto como uma colagem saturada de apontamentos empoeirados. No entanto, é justo dizer que, em grande parte das faixas, LOVE soube redescobrir as paisagens sonoras da época com frescura onde, mesmo os loops repetitivos e clichés de algumas letras, deslizam (quase) sem causar estranheza.

O álbum, que conta com participações especiais de LOU HAYER dos NEW YOUNG PONY CLUB em Done The Dirty e SAMANTHA LIM dos TEENAGERINTOKYO em The Night, é um emaranhado de momentos que vagueiam entre memórias vagas de SAM SPARRO e PRINCE a piscar o olho a DONNA SUMMER ou BONEY M. Momentos que se insinuam entre o romance e a luxúria hesitante, os grooves robóticos lascivos e transpirados, as serenadas delicodoces e a atmosfera eufórica, influenciada em partes iguais pelos ritmos house italianos e melodias vocais psicadélicas, teclados e drum machines vintage de produção cuidada, perfeitos para nos porem na disposição ideal para uma noite na cidade.

t pedro lima {www.stereobeatbox.com}


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b—boys no grande ecrã

Turn it Loose, o filme de Alaistair Siddons, estreou em França frente a uma plateia com os melhores b-boys do mundo. É um hino i n c r í v e l à m a i s u n i v e r sa l das v e rt e n t e s da c u lt u ra H i p H o p.

Algures nos anos 70, no bairro do Bronx, em Nova Iorque, KOOL HERC descobriu que as montanhas de colunas que tinha aprendido a empilhar em Kingston, na Jamaica, só faziam realmente vibrar o público que tinha à sua frente quando os temas que tocava —sobretudo o funk da escola superior de JAMES BROWN— se reduziam ao essencial rítmico: o pulsar de um baixo, um «yeah» do vocalista, um chicken scratch da guitarra e, sobretudo, aquele malhar repetitivo no bombo, na tarola e nos pratos. Muitas das vezes, aliás, a bateria era mesmo o único elemento necessário para, durante 8, 12 ou 20 segundos, provocar uma pequena revolução nas pistas de dança. Durante esse break, os boys davam o melhor de si em acrobáticos movimentos que traduziam na pele, nos músculos, ossos e no colorido das roupas o mais vasto movimento cultural que então se desenhava. Entretanto, o MC aprendia a dominar o microfone e a descrever o mundo em rimas, o Writer escrevia as suas crónicas em letras cada vez mais complexas expostas nas paredes ou nos comboios, o DJ descobria que duas cópias do mesmo disco podiam prolongar o break para lá dos limitados segundos originais até ao infinito e o Break Boy —ou

038 – Soundstation

simplesmente B-Boy— traduzia tudo isto em movimento sincopado num quadrado de cartão colado no chão. O B-boying, entretanto, tornou-se numa linguagem global partilhada por milhares de pessoas em todo o mundo. Uma linguagem que atravessa gerações, que é falada pelos dois sexos, que une culturas, religiões, geografias e classes diversas. É, das chamadas quatro vertentes da cultura Hip Hop, talvez a mais universal de todas: no djing, graffiti ou rap as culturas locais são mais facilmente vincadas, através da língua, dos sons, das marcas de identidade gráfica. Mas no centro de uma pista, quando o DJ larga um dos hinos —seja Dance To The Drummer’s Beat de HERMAN KELLY, Scorpio de DENNIS COFFEY, Apache da INCREDIBLE BONGO BAND ou The Mexican dos BABE RUTH— não há línguas, sons ou grafias diferenciadas: um jovem árabe pode “dialogar” com um sul‑coreano mesmo se nenhum dos dois fale a língua do outro e se ambos não se conseguem sequer fazer entender mutuamente por não haver uma terceira língua comum. Os gestos, a energia, os movimentos e as poses dizem tudo o que há para ser dito. E em nenhum outro momento filmado isso é tão claro

como em Turn It Loose, o filme que subtrai o título a um clássico de JAMES BROWN para se assumir como um verdadeiro hino ao B-boying. Em 2007, antes do Mundial de Futebol ter tornado a África do Sul no centro do mundo durante um mês, uma central energética abandonada, no coração do Soweto, serviu de palco a uma incrível edição do RED BULL BC ONE, a mais exclusiva batalha de B-boys do mundo, onde os melhores representantes de todos os continentes são escolhidos e sorteados para, perante um júri rigoroso, se entregarem em batalhas one on one, de onde emerge um campeão. Esta edição de 2007 foi filmada e usada num filme onde se observa o caminho trilhado por 16 B-boys até uma emocionante final na África do Sul que, em 2007, foi conquistada por RONNIE. Turn It Loose, no entanto, não se concentra exclusivamente nas incríveis batalhas em que os B-boys desafiam as leis da física e encontram novas maneiras de evoluir no espaço. As histórias, anseios e dramas pessoais são igualmente importantes. Na estreia promovida em Paris pela RED BULL BC ONE houve tempo para workshops com os melhores do mundo, para uma after party com a

lenda do djing CASH MONEY e para conversar directamente com cada um dos B-boys. LILOU, com uma t-shirt onde exibe o seu apoio à causa da Palestina, responde a todas as solicitações de fotos com um sorriso largo e só consegue encontrar o silêncio para descrever o que significa ser campeão do RED BULL BC ONE (conquistou a edição de 2009) e ROXRITE, dos Estados Unidos, encaixa a honra de ser o protagonista do cartaz de Turn It Loose com uma modéstia genuína. É verdade que no “ringue” se batalha para se ascender à condição de melhor do mundo, mas o que o filme mostra claramente é que esta é uma comunidade unida, com um profundo respeito por cada um dos seus membros, com uma devoção inquestionável à sua causa e cultura e com um orgulho sem limites na sua forma de expressão. «B-boying?», pergunta ROXRITE quando o questionamos sobre o que significa para ele essa arte, «it’s like flying!».

Turn it Loose está neste momento no circuito de festivais e em breve poderá estar amplamente disponível em DVD.

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www turnitloosemovie com

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rui miguel abreu


039 – turn it loose


d j c u l u r e

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last night a dj saved my life

A música electrónica está por toda a pop. Há DJs que assumem o estatuto de rockstars. Estaremos a assistir a uma mudança de paradigma?

Algés. 9 de Julho. Pelo menos dez mil pessoas com idade para ainda poderem obter Cartão Jovem concentram-se em frente ao palco secundário do OPTIMUS ALIVE para ver o DJ STEVE AOKI. Há stage diving e headbangin como manda a tradição do rock mais virulento. Dezenas de vídeos a rolar no YouTube. Contas feitas, AOKI foi o happening do festival. Zambujeira do Mar. 8 de Agosto. A noite já vai longa e os corpos estão a ceder ao cansaço de cinco dias de SUDOESTE e outros tantos de campismo. A dispersão é uma característica deste festival mas só um homem consegue pôr cobro ao desinteresse generalizado pela música. Chama-se DAVID GUETTA e, mesmo longe de produzir música estimulante, é aquele que todos querem ver. Isso mesmo. Um DJ capaz de transformar o recinto numa discoteca. A grande questão é perceber se estamos a assistir a uma mudança de paradigma. Ao longo do último século, o conceito de DJ foi evoluindo. O termo começou por se referir a radialistas com estatuto para poder revelar música nova e, consequentemente, educar os ouvintes. Só em 1943 se realizou aquela que é tida como a primeira

040 – Soundstation

festa DJ de sempre, com o jazz como tema. E quatro anos mais tarde, abriu um pequeno clube, em Paris, cidade que ainda hoje é o berço de alguns dos mais importantes produtores de música electrónica de dança. Na Jamaica, chamavam DJs aos toasters, à boleia das múltiplas festas de rua onde se ouvia reggae e respectivos subgéneros.

uma dimensão pop? Há questões artísticas e estruturais que ajudam a explicar. Os DJs tocam a música que o ouvido deseja. E, além disso, estruturalmente são independentes. Os promotores gastam menos em despesas (hotéis e passagens) e os artistas não estão dependentes de uma banda. Simples, não é?

O que hoje se passa não é novidade mas não pode deixar de ser interpretado como um sinal dos tempos. Por um lado, a pop está contaminada pela electrónica europeia (vide o caso dos BLACK EYED PEAS que escolheram trabalhar com duas figuras que representam faces diferentes da mesma moeda, BOYS NOIZE e DAVID GUETTA). Por outro, os putos andam a ouvir maximal (género que nasce por oposição ao minimal) e, por muito que se trate, na aparência, de uma moda sazonal —como todas as outras, aliás— a grandeza do fenómeno é impressionante. Dentro do contexto da electrónica “esclarecida”, o maximal é o género que está a dar que falar. Quem ouve nomes como JUSTICE, MR. OIZO ou MSTRKRFT defende que se trata de uma maior aproximação das máquinas ao rock. Mas não nos desviemos. O que se passa, para a cena DJ de repente adquirir

Não necessariamente. DAVID GUETTA já foi um produtor e DJ respeitado. Ao DAILY STAR, o francês disse estar cansado da pressão das editoras. «Há 20 anos que luto para provar que os DJs podem ser artistas verdadeiros. Agora que tenho sucesso não vou deixar de ser DJ para me transformar numa estrela pop», explicou GUETTA antes de dizer que espera que o seu sucesso «abra portas» a outros DJs. DAVID GUETTA cedeu para se tornar numa estrela pop planetária. «Ainda carrego a minha mala de DJ para onde quer que vá. Está tudo igual, apenas ganho mais dinheiro», reconheceu. Apesar de todas as distâncias estéticas, DJ SHADOW é, sensivelmente, da mesma opinião. «Num festival, as pessoas olham para o alinhamento, vêem os nomes dos DJs e escolhem. A grande maioria vai apenas à procura de dançar. Isso foi algo que eu aprendi ao longo dos anos.

Se vais tocar num festival, tens que tocar música para as pessoas se mexerem. Não sou um artista de dança mas estou consciente dessa necessidade do público e adapto-me». fundo, o que está a acontecer em relação aos DJs não é muito diferente da transformação sofrida pela indústria. O conceito de álbum deixou de interessar. Consomem‑se faixas. Os nomes deixaram de interessar. Por isso, não admira que todos os dias surjam novas aplicações tecnológicas para que cada um possa também ser DJ. Mesmo que virtual.

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Davide Pinheiro


st ev e ao ki

041 – dj culture


n o t h i n g is impossible

042 – Central Parq | Grande Entrevista


Até há pouco tempo, Luis Venegas era um editor independente espanhol, conhecido dentro de um pequeno círculo do já circunscrito mundo da moda. Até ao dia em que publicou Candy, uma revista que trazia na capa o modelo Luke Worral com uma maquilhagem feminina e uma pergunta: “Who is that girl?”

Esta revista, que se apresenta como tranversal, procura abordar temas de moda a partir do universo de travestis e transexuais e conta com colaborações de luxo como BRUCE WEBER, TERRY RICHARDSON e DAVID ARMSTRONG. Apesar de se terem feito poucas cópias e de muito poucos a folhearam, a revista teve um impacto enorme, incendiando a blogosfera. O lado sensacionalista que pode

043 – luis venegas

ser explorado ajudou a que a capa de tons rosa corresse o mundo, despertando uma enorme curiosidade sobre este editor madrileno que começou a sua actividade há cerca de quatro anos com outros projectos destinados a coleccionadores como a Fanzine 137 e a EY! Magateen. Falámos com este editor em Cascais, após a inauguração da sua exposição retrospectiva Luis

Venegas Greatest Hits, realizada

no âmbito do ESTORIL FASHION ART FESTIVAL. Considera-se um criador essencialmente realista, que acredita na criatividade e nas infinitas possibilidades de realizar projectos difíceis desde que se tenha a vontade de querer. O seu próprio percurso é a prova disso mesmo porque, de um escritório montado em sua casa, consegue fazer milagres

praticamente sozinho. Por isso não seria de estranhar que no início da exposição tenha feito questão de colocar uma citação de BARBRA STREISAND —“Nothing is Impossible”— que mereceu um espaço de culto com objectos evocativos da diva retirados da própria colecção de Venegas.

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francisco vaz fernandes


É provável que não te recordes mas conheci a Electric Youth (EY! Magateen) nas tuas próprias mãos, no dia em que saiu o primeiro número e entraste na loja do Diez Diez para a mostrar. Verdade? Si m. O proje c to pa re ceu-me interessante, mas perdi o teu percurso até te encontrar hoje em Cascais, com esta exposição retrospectiva enquanto editor de revistas e fotógrafo. Por isso iniciava por perguntar-te em que momento começou o teu interesse por revistas? Começou desde criança, com 12 anos. Coleccionava e era um comprador compulsivo de revistas. Com o tempo, percebi que o que me interessava realmente era criar a minha própria revista. Contudo, numa tinha estudado jornalismo, artes gráficas, edição ou direcção de arte e por isso parecia-me impossível. Mesmo assim, quando não sabes o que estás a fazer mas tens um grande entusiasmo e uma grande vontade de concretizar os teus projectos, tens hipótese de ser bem sucedido. Foi o que me aconteceu. Achei que ia conseguir, telefonei a uma gráfica, pedi um orçamento e tornei o meu sonho possível. A EY! foi o teu primeiro projecto? O primeiro projecto foi o Fanzine 137. Mas não era exactamente uma revista, era um objecto em forma de envelope, com páginas no interior. Não queria fazer uma revista que estivesse em todos os quiosques. Queria fazer uma revista que tivesse uma edição limitada. São 1137 exemplares que se vendem em poucas lojas de todo o mundo. Sempre procurei que os colaboradores fossem de todo o mundo e nunca quis circunscrever-me aos meus contactos mais próximos em Espanha. Com colaboradores de diferentes partes, queria que as revistas se vendessem a uma escala mundial. No teu primeiro projecto já tinhas essa ideia tão clara? Sim, porque eu não consultava muito a imprensa espanhola. Comprava muitas revistas estrangeiras. Interesso-me pelo mundo em geral e tenho amigos em diferentes países por isso, desde o início, os meus projectos foram pensados para o mundo. Eu também dirijo uma revista e sei como a parte económica pesa e condiciona as nossas melhores ideias. No teu caso, como tens resolvido essa parte para conseguir levar avante as tuas ideias? Adapto-me, provavelmente como tu, às minhas possibilidades. Não quero fazer uma revista como a Vogue, com produções caríssimas e com muitos exemplares em todo o mundo. Queria fazer algo mais simples, que eu pudesse controlar, que fosse financiado com o meu próprio dinheiro ou

vindo da publicidade. Na maior parte das vezes, continua a ser apenas o meu dinheiro. Enfim, algo controlado e dentro das minhas possibilidades. Estava a olhar para a ultima edição da EY! e parecia-me que não tinha publicidade mas havia produções só com ténis da NIKE. Tens apoio das marcas, nesse caso? Não é publicidade. Aparecem alguns ténis específicos da NIKE porque gosto desses modelos, não se trata de uma colaboração a pedido de uma marca. Nessa revista, apenas existe uma publicidade na contracapa da AMERICAN APPAREL porque foi feito um fato-de-banho especial para homem para sair com a edição. Quer dizer que pagas a revista só com as vendas? Sim, no essencial com as vendas, apesar de às vezes perder dinheiro, o que pode parecer estranho para a sobrevivência dos meus projectos. Contudo, as revistas ajudam-me a conhecer mais pessoas que me têm convidado a realizar outros projectos pagos. De certa forma, as revistas surgem como se fossem o meu cartão profissional, o meu book. Porque tu trabalhas como fotógrafo… Não propriamente. Gosto de fazer fotografias e faço muita fotografia. Já me pediram para fazer editoriais ou retratos em outras revistas mas nunca ganhei dinheiro com a fotografia. Nunca me encarregaram de fazer uma campanha de publicidade onde realmente se pode ganhar dinheiro. Também nunca expus as minhas fotografias no circuito de arte, numa galeria. O que eu faço são as minhas revistas e o que está exposto é o meu trabalho enquanto editor. Tem sido isso que tem levado algumas marcas a chamarem-me para colaborações.

044 – Central Parq | Grande Entrevista

Pensam que eu posso dar alguma coisa à marca. Trabalho com muita frequência para a PUIG, uma casa de perfumes de Barcelona, especialmente no desenvolvimento de produtos CAROLINA HERRERA. E é como digo, se me chamam é porque conhecem as minhas revistas e acham que eu posso trazer algo para as marcas. Caso contrário, nem saberiam quem eu era. Num mercado em crise, achas que há mercado para revistas alternativas? Creio que sim, há espaço para todo o tipo de revistas. Claro que isto é como ires a um supermercado onde há muita oferta, vais trazer o que te parece melhor e deixar o que te parece pior. Muitas revistas vão desaparecer, especialmente os produtos maus. Acho que há muito mercado porque as pessoas não deixaram de se interessar pelas revistas, apesar de haver muita oferta na internet. Há que captar no essencial a atenção dos jovens porque, geracionalmente, são aqueles que não estão habituados a sair de casa para ir comprar uma revista. No meu caso, tenho as coisas facilitadas porque apenas faço mil exemplares. Quem as compra tem consciência disso, que são objectos de colecção, não especialmente baratos. Quanto custa a EY!? Depende. A última saiu a 30 euros. Ou seja não é uma revista de 5 euros. Se gastas 30 provavelmente vais pensar em guardar esse exemplar. Fizeste uma revista chamada Candy que tem sido muito comentada. À primeira vista parece ser dirigida a travestis. Não exactamente a travestis. Na realidade, é uma revista de moda e de estilo que aborda estes temas através de tudo o que tenha a ver com transexualidade, androginia e travestismo. É um mundo muito

rico em termos culturais e em termos de referências, sobretudo porque faz sonhar. Penso que a moda e a roupa serão tão importantes para tanta gente como para um travesti ou para um transsexual. Porque a roupa é um dos instrumentos fundamentais para se transformarem na pessoa que desejam ser. Nós vestimo‑nos para estarmos “giros”. Um travesti veste-se para ser ele mesmo e isso é importante e interessante. Queria falar disso tudo e, na verdade, estou muito contente porque o mundo da moda recebeu a Candy muito bem. É verdade que é um projecto inesperado, até porque um público de travestis poderia ser muito reduzido e demasiado marginal. É dirigido a travestis, mas não só. Eu não gosto de restringir os públicos, é uma revista para toda a gente. Odeio quando fazem a pergunta qual o teu target. Eu não sei qual é o meu target. Na realidade, eu sempre fiz estas revistas para mim e acontece que há pessoas que gostam do mesmo que eu, porque não sou especial. Quer dizer, gosto do mesmo que muita gente, por isso há sempre alguém que vai querer ter essa revista tal como eu as quero. De facto, é um projecto especial porque, até agora, na história do mundo editorial não se tinha feito nada de parecido com a Candy. Ao fim de contas é uma ideia muito simples mas que teve grande repercussão na imprensa, atingiu a imprensa sensacionalista e, por isso, a repercussão acabou por ser massiva. Isso foi bom para mim. Mas como surgiu a ideia de fazeres a Candy? Na verdade não sei. Um dia disseram-me que o vice-presidente da L'Oréal, JOSEF DAVID, era um travesti e que agora é um transsexual. Ou seja, é uma


vai‑se cozinhando o aspecto final que tem de ser, obviamente, novo e contemporâneo. Gosto de coisas retro porque gosto de fazer homenagens. Contudo, procuro que não sejam homenagens literais. Procuro que uma coisa antiga e retro se transforme em algo novo, não a cópia do que já foi.

mulher que antes era um homem. O facto de um transsexual chegar a uma posição cimeira tocou‑me bastante. É um sinal de que as coisas estão a mudar muito. Estamos no século XXI e verifico que há muitas mulheres que fazem operações plásticas e que ficam com o aspecto de transexuais. A maquilhagem e as cirurgias assumem um papel importante numa ideia que, aparentemente, nos agrada a todos que é transformar. Por isso achei que se tinha de falar de tudo isso de uma forma glamourosa e elegante. Penso que essa foi a minha primeira ideia quando estava a idealizar a Candy. Depois foi tendo outros desenvolvimentos... Candy juntou grandes ilustradores, fotógrafos, profissionais que não estávamos à espera para um primeiro número de uma revista pequena. Penso que ganhei alguma credibilidade com os projectos anteriores e, por isso, podia juntar nessa edição nomes como BRUCE WEBER, TERRY RICHARDSON e DAVID ARMSTRONG. Todos eles já tinham publicado na Fanzine 137. Gostaram muito da ideia, foi algo novo que até então nunca lhes tinha sido proposto. São artistas, por isso gostam de ser desafiados em coisas que lhes permitam ir mais longe. Estás a preparar um novo número da Candy? Sim, está previsto sair um novo número em Setembro. Acabo de fechar uma nova edição da EY! que puderam ver nas paredes da exposição Greatest Hits em Cascais, assim como um nova edição do Fanzine 137. Quando falas de todos os teus projectos editoriais imagino que tenhas uma empresa grande. A minha empresa sou eu, o meu computador e o meu telefone.

045 – luis venegas

Não tenho estagiários que me venham ajudar. Inclusivamente na distribuição, sou eu que coloco as revistas nos caixotes e as levo aos correios para depois seguirem para diversas partes do mundo. Como fazes para coordenar tudo isso? Só durmo 5 horas por dia. É claro que apenas faço uma Candy por ano e não uma por mês, caso contrário enlouqueceria! Fazendo uma edição por ano dá-me muito mais tempo para trabalhar com os colaboradores, especialmente porque não tenho muito dinheiro para atribuir às produções. Daí que haja muito trabalho — para não dizer imaginação— de forma a ser possível executar os projectos com o pequeno orçamento disponível. É preciso concentrar muita da minha energia para que as coisas possam acontecer. Penso que por essa razão, felizmente, as coisas que desejo que aconteçam acabam por acontecer. Quantas publicações fazes por ano? Quatro por ano. Uma Candy, uma Fanzine 137 e duas Electric Youth. Fazes uma edição e depois começas outra? Não, faço tudo ao mesmo tempo, nunca paro. Não estou mais concentrado numa publicação num determinado tempo para depois passar à outra... Tudo vai acontecendo ao mesmo tempo. E isso tudo a partir de Madrid? Sim tudo a partir de Madrid, apesar da maior parte das coisas puderem estar a ser executadas em Paris, Londres ou Nova Iorque. A internet facilita muita coisa e obriga-te a organizar grande parte do trabalho. Felizmente, sou muito organizado.

Esta foi a primeira exposição dedicada ao teu trabalho? Não, já tinha tido uma exposição em Milão mas apenas dedicada ao Fanzine 137, há cerca de 3 anos. Nunca tinha tido uma exposição tão alargada a propósito das minhas publicações. Esta também foi a primeira vez que mostro as minhas fotografias porque nunca quis publicá-las nas minhas revistas. Nunca quis que surgisse a ideia de que faço uma revista para me auto-promover. Sempre pensei publicar imagens de outros fotógrafos porque acho que fazem um trabalho muito mais impressionante do que o meu. Eu quero que nas minhas revistas esteja apenas o melhor que se faz e por isso as minhas fotografias não cabem nas minhas publicações. Consideras que a parte visual é o mais importante para uma revista? As imagens participam no primeiro impacto de uma revista mas o texto é importantíssimo. É ele que define o tom. Uma frase, um título, pode dar um certo sentido de humor ao contexto da imagem ou dar-lhe um sentido irónico. Por isso o texto é fundamental, assim como todo o arranjo gráfico. Em geral, nas tuas revistas, vejo a exploração de uma estética retro, às vezes um pouco kinky. Achas? Creio que não. Gosto de mudar muito, gosto de experimentar coisas novas. Trabalhas sempre com o mesmo designer? Trabalho com um director de arte que se chama SERGIO IBAÑEZ, que tem um estúdio chamado Setenta. Entendemo-nos perfeitamente, mesmo que às vezes possa parecer um pouco chato com os meus pedidos porque venho sempre com as minhas referências. Trago tipografias ou detalhes de outras revistas que gosto muito. Com todas as referências que vou trazendo

Por falar em homenagens, porque trouxeste a BARBRA STREISAND para a exposição? Gosto de BARBRA STREISAND porque, seguramente, tinha tudo contra ela para triunfar. Vinha de Brooklyn, de um meio pobre, era feia e judia. Para quem vinha desse quadro nos anos 50, o melhor que se poderia desejar era ser secretária ou estar atrás de um balcão de uma loja mas ela estava convencida de que era uma estrela, converteu-se numa e, consequentemente, numa mulher super-poderosa. Isso faz‑nos realmente pensar que quando tens entusiasmo e vontade de fazer coisas nada é impossível. É necessário fazer tudo o que possas para tornar os teus sonhos realidade. Tu acreditas que nada é impossível? Sim, seguramente. É claro que há coisas fisicamente impossíveis. Por mais que gostasse de sair daqui a voar, seria-me impossível. Mas não gosto de ouvir pessoas dizer que gostariam de ser cantores, mas que é tão difícil, sem sequer tentarem concretizar essa possibilidade. Se tentarem estão no caminho de tornar isso realidade. Nada é impossível.


tatuadores e coleccionadores Os melhores tatuadores do mundo viajam e estão em constante movimento. Mas não é preciso sair de Portugal para fazer uma boa tatuagem. Temos excelentes tatuadores no nosso país, cujo trabalho é reconhecido e admirado internacionalmente. Trabalham como convidados em alguns dos melhores estúdios e mantêm-se actualizados nas convenções internacionais, onde também aproveitam para fazer contactos. Para quem está disposto a isso, é fácil seguir o rasto e fazer a tatuagem com “aquele” artista numa das muitas convenções ou guest spots a acontecer em Nova Iorque, São Paulo, Londres, Amesterdão, Milão, Valência ou Lisboa. Todas as semanas há convenções internacionais de tatuagens que reúnem profissionais de todo o mundo. Há mesmo tatuadores que vivem on the road, numa mistura de negócios e prazer.

E há cada vez mais tatuadores portugueses a serem procurados por coleccionadores que querem ficar com os seus desenhos gravados. Estes colecionadores, que encaram o corpo como uma galeria de arte, costumam tomar conhecimento do trabalho dos tatuadores através de portfolios na internet ou pela reputação que passa de boca‑em‑boca. O procedimento é mais ou menos este: fazem a marcação, ficam na lista de

046 – Central Parq | tatuagens

espera (pode ser de 2 semanas a 2 anos, dependendo da agenda do tatuador), juntam dinheiro (alguns tatuadores são pagos à hora, outros à peça, mas é sempre preciso juntar uma boa soma) e esperam pelo grande dia. Portugal começa agora a entrar no circuito das convenções e dos guest spots em lojas de tatuagens. O TATTOO & ROCK FESTIVAL, que vai na 6ª edição, realiza-se

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cláudia gavinho

este mês entre os dias 17 e 19 no Pavilhão Atlântico, na Sala Tejo, e reúne uma mão cheia de tatuadores, doutra forma, difíceis de 'apanhar'. Depois há as lojas. O meio tornou-se mais competitivo mas, também, mais profissional. O comportamento das pessoas que chegam para serem tatuadas está a mudar. Que o digam FONTINHA, CHICO, PEDRO e MARCO. Todos procurados pelos seus estilos diferentes.

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francisco de almeida


chico atomic, Praça da Alegria Style: Hot Rod, realismo «Aqui no estúdio, que eu saiba, só ainda não vieram freiras e padres. Há cada vez mais pessoas a fazer tatuagens. Quando eu comecei, a maior parte vinha do meio underground. Agora é uma coisa mais banal». CHICO tinha acabado de fazer a António Arroio e estava para entrar em Belas-Artes quando pensou, seriamente, em ser tatuador. Decidiu

047 – tatuadores

dar esse passo depois de ter feito uma tatuagem de um desenho da sua autoria com um tatuador brasileiro, acabado de chegar a Lisboa. «Ele gostou dos desenhos e perguntou-me se eu, alguma vez, tinha pensado em tatuar. Em 1992, esse amigo abriu a ATOMIC, na Rua Conceição da Glória. Mais tarde, quando ele resolveu sair de Lisboa, fiquei com o estúdio e mantive o nome». A loja, agora na Praça da Alegria, é uma das mais conceituadas. As suas influências vêm de uma estética

retro, da música, do estilo hot rod dos carros e das motas antigas. «Sempre fui fascinado por este estilo, desde que tive consciência de mim próprio. Quando era miúdo, só desenhava motas. Eu tenho uma atitude muito pragmática em relação às tatuagens e à vida em geral: gosto de tudo o que me dê alguma liberdade. Se há algo em comum a todos os tatuadores da minha geração é que não são especialistas num só estilo, sabem fazer de tudo um pouco e o que me dá mais

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prazer tatuar são desenhos meus». Com o CHICO, trabalham o JOÃO e o BETO. «As pessoas tatuam-se por motivos estéticos e de auto-estima. Algumas querem ser conotadas com determinadas referências políticas ou musicais. Muitas vezes, os desenhos que trazem não são os mais adequados e eu procuro encontrar uma base de entendimento. Mas se acho que não vou fazer um bom trabalho, simplesmente não faço. Tatuar é como tocar um instrumento musical: é preciso praticar».


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Fontinha Bad Bones, Bairro Alto Style: Rockabilly, cartoon Era designer gráfico quando decidiu mudar e viver apenas das tatuagens. Começou a tatuar há cerca de 20 anos, em Campo de Ourique. Está no Bairro Alto há 12 anos e é um dos pioneiros em Portugal. «Foi a minha mulher NATASHA que me deu força e acreditou que era possível abrir uma loja de tatuagens». O cliente mais velho tem 86 anos, muitas tatuagens e «uma loucura saudável». Hoje, há tantas mulheres como homens a fazer tatuagens. «Chegam todo o tipo de pessoas, de todas as idades. Músicos, modelos, jogadores de futebol... Todos os dias são diferentes, não há monotonia possível. Há muitos estrangeiros que vêm por referência de outros tatuadores amigos. Sempre que atraca um navio americano de marines vêm cá alguns para serem tatuados. Na altura da Guerra do Iraque, muitos tatuaram nomes de amigos que morreram». O seu estilo é old school misturado com influências cartoon. «Gosto particularmente de motivos inspirados em cartoons mas um tatuador deve ser versátil. As minhas referências são os anos 40 e 50, filmes de série B, carros antigos, motivos asiáticos, a minha música, os meus livros de terror... Como tudo, as tatuagens também passam por modas. Dantes pediam-se muitas

tatuagens de inspiração tribal e celta, hoje pede-se mais o neotradicional americano e asiático. Faço muitos trabalhos a preto e branco, retratismo, lettering de nomes e de frases. Os trabalhos que dão mais trabalho, como os de costas inteiras são, também, os que dão mais gozo». Apesar do estilo clássico, FONTINHA é dos que se mantém mais actualizado. «A maior parte das pessoas não tem noção disto mas, os tatuadores portugueses viajam muito para convenções lá fora. Eu costumo ir a Milão, Hamburgo, Estocolmo, Nova Iorque, Londres, Dinamarca... É uma forma de me manter em contacto com outros profissionais». Tem o corpo coberto por tatuagens e um apreço especial por uns gatafunhos no joelho desenhados pelo filho quando este tinha 5 anos.

048 – Central Parq | tatuagens

Pedro Mascarenhas Queen of Hearts, Bairro Alto Style: Tradicional americano e oriental, hipster Estudou Filosofia, foi técnico de som, músico e designer antes de ser tatuador. «Sempre desenhei bastante ao ponto de os meus amigos acharem que devia começar a tatuar. Ainda hoje perco bastante tempo a fazer estudos em aguarela». Algumas dessas obras estão penduradas nas paredes do estúdio, decorado de forma sóbria com fotografias de trabalhos e vitrines com prémios e diplomas. Começou a acreditar quando colocou o trabalho na internet e foi contactado por estúdios estrangeiros como guest artist. «É tudo uma questão de portfolio. É um circuito de coleccionismo onde interessa ter tatuagens de artistas diferentes. Tenho muita sorte porque tenho trabalhado sempre dentro do meu estilo mas faço um pouco de tudo. Neste momento, temos uma lista de espera de um mês». Além do PEDRO, trabalham no estúdio o DANIEL e o IGOR. O GURU é convidado regular, vem uma vez por mês para fazer retratos e reproduções. O estilo que melhor caracteriza o trabalho de PEDRO é o tradicional japonês e o tradicional americano, com um traço próprio. «O neo tradicional (new school) nasceu nos anos 90, pegou em elementos tradicionais como as âncoras, os

corações, as caveiras e as rosas e tratou-os com uma linguagem mais moderna, com transacções de cores. O tradicional (old school) é feito a preto e branco ou com cores de alto contraste, sem degradés, e envelhece melhor na pele». Muitos dos que o procuram são coleccionadores. A sua base é Lisboa mas trabalha como convidado em vários estúdios: na CLEAN SOLID em Amesterdão, LA MAIN BLEUE na Bélgica, SHANGRI‑LA em Londres, PUROS TATUAJES em Valência e SALVATION TATTOO em Estocolmo. «Quando viajo pedem mais a minha especialidade. Em Portugal há menos pessoas a fazer coleccionismo mas já começam a aparecer».


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marco sério Praia do Tamariz, Estoril Style: Tradicional americano e oriental É o newcomer. MARCO nasceu em Oeiras mas viveu 25 anos da sua vida em Nova Iorque. Fala um português correcto, com um leve accent, de forma pausada e educada. Quando era miúdo, tinha amigos que faziam tatuagens com o motor dos Walkman, como se fazia nas prisões. Mudou-se em Agosto para o Estoril, onde abriu um estúdio mesmo em frente à praia. E chegou para ficar. Tinha 13 anos quando encontrou um livro de ED HARDY na

049 – tatuadores

biblioteca e ficou fascinado com as tatuagens de corpo inteiro. A primeira tatuagem fê-la aos 14 anos. O primeiro emprego foi num estúdio de tatuagens no West Village, na 6ª Avenida, em Manhattan. Esteve lá 2 anos. «Qualquer pessoa que queira aprender a tatuar em Nova Iorque tenta arranjar trabalho nesta rua». Dali foi para o INKSTOP, no East Village, onde permaneceu 2 anos e conheceu dois dos seus melhores amigos: REGINO GONZALEZ, «a minha maior referência», e KIKU, japonês, «uma figura verdadeiramente inspiradora». Seguiu-se o estúdio INVISIBLE

NYC, pertencente a TROY DENNING, um dos guest stars da convenção lisboeta deste ano, no Pavilhão Atlântico. Aqui ficou cinco anos como residente, até agora. Foi neste estúdio que trabalhou com CHRIS GARVER, o mais talentoso tatuador da série de televisão MIAMI INK. «Conheci-o quando ele ainda estava a assinar os papéis do contrato. Na altura, ele estava um bocado apreensivo em relação à série, nunca pensou que ia ter tanto sucesso». Assíduo de várias convenções (Londres, Milão, Long Beach, Estocolmo, Montréal e São Paulo, para nomear apenas algumas), o estilo que

melhor o caracteriza é o japonês tradicional e o old school americano. «Por enquanto vou trabalhar sozinho. A ideia é manter um intercâmbio com alguns colegas de Nova Iorque e ter convidados de vários países para virem cá tatuar». Agosto esteve quase todo preenchido, a maior parte com clientes europeus. Além da praia, dois outros motivos pesaram na escolha desta zona para abrir o seu espaço: «No Estoril não há muitos estúdios. E quis respeitar aquela regra de ouro de não abrir um estúdio nas imediações de outros pertencentes a tatuadores que admiro». Seja bem-vindo!


A quarta edição do Festival Santa Cruz Ocean Spirit que se realizou entre 30 de Julho e 8 de Agosto na praia de Santa Cruz, em Torres Vedras, lembrou ao país que ainda temos bem presente entre nós o verdadeiro e s p í r i to d o s m a r e s .

050 – Central Parq | surf

Foram dez dias e dez noites de ondas, sol e música, onde se celebraram praticamente todos os desportos existentes de mar, num festival que se assume cada vez mais como o maior do género na Europa. Cerca de 500 atletas de 12 nacionalidades encheram o recinto na PRAIA DO NAVIO e protagonizaram momentos inesquecíveis de competição, lazer e partilha de conhecimentos, tornando o fabuloso recinto do festival num dos maiores pólos de aprendizagem deste Verão nestas áreas. Além das concorridíssimas aulas e do muito frequentado P R O J ECTO SOCI A L , pudemos assistir a competições nacionais

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miguel pedreira

e internacionais em condições muito boas. Um dos atletas que mais chamou a atenção foi o basco EDU ETXEBERRIA, campeão mundial de Kayaksurf em 2007 e vencedor da Taça do Mundo em 2008. ETXEBERRIA entrou (e venceu) nas três disciplinas em prova do Open Internacional desta modalidade: Kayaksurf HP, Kayaksurf IC e Waveski. Não satisfeito, venceu também o Waterman Chalenge, uma espécie de triatlo onde os atletas acumulam pontos em três modalidades à sua escolha, mostrando ser de facto um “homem do mar”.

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João Maya

— André

Resende


Mathieu Jonneaux

antoine auriol

e MANUEL CONSTANTINO na quarta. A etapa da Liga ProSurf viu a vitória a sorrir ao ex‑campeão europeu ERIC REBIERE, franco‑brasileiro que entrou nesta prova como convidado da Associação Nacional de Surfistas e acabou por levar o primeiro lugar para casa, em Caminha. Eric derrotou na final outro ex-campeão europeu, JUSTIN MUJICA, deixando os juniores FILIPE JERVIS e NICOLAU VON RUPP em terceiro e quarto lugar, respectivamente. Por falar neles, o português BRUNO MELO foi outro dos destaques este ano. Membro da organização e um dos mentores do conceito OCEAN SPIRIT, Bruno arranjou forças para organizar e, ainda competir, conseguindo o segundo lugar no Waterman Chalenge, o terceiro na etapa do Mundial de Kitesurf e a vitória no Nacional de Waveski, bem como no Open Internacional de Kayaksurf, na categoria de Masters. Destaque ainda para as performances de MIGUEL CARVALHO e de ANDRÉ PINTO no Kayaksurf, que conseguirem excelentes resultados no Nacional e no Internacional, com Miguel a conquistar dois títulos.

051 – ocean spirit

Nas etapas do Mundial de Kitesurf e do Internacional de Skimboard as vitórias também foram portuguesas, com os campeões nacionais NUNO “STRU” FIGUEIREDO e HUGO SANTOS a sobreporem-se ao francês ANTOINE AURIOL e ao norte-americano BRAD DOMKE. O surf, como modalidade rainha dos desportos de ondas, não poderia deixar de estar presente e durante o CRUZ OCEAN SPIRIT realizaram-se a terceira etapa da Liga ProSurf, a segunda do Rip Curl GromSearch e a primeira do Campeonato Nacional de Longboard, vencida por um emotivo JOÃO BROGUEIRA, que deixou JOÃO FERREIRA na segunda posição, a surpresa JOÃO CARVALHO na terceira

Nas senhoras, vitória para a júnior CARINA DUARTE, com ANA SARMENTO no segundo lugar, FILIPA PRUDÊNCIO no terceiro e MARIA ABECASSIS no quarto posto. Carina aproveitou a embalagem para vencer ainda a segunda e última etapa do Rip Curl GromSearch tendo ao seu lado, no primeiro lugar do pódio, JOÃO MOREIRA, GUILHERME FONSECA e TOMÁS FERNANDES, vencedores das categorias sub-12, sub‑14 e sub‑16, respectivamente. Realizou-se ainda o primeiro campeonato nacional de Stand Up Paddle Board, com mais de 20 competidores inscritos, o que é um verdadeiro sucesso, atendendo

a que esta é uma modalidade que está a dar os seus primeiros passos no nosso país. O destaque vai para a equipa Paddle Club de São Lourenço (Ericeira), vencedora da prova de race, ou estafeta, e segunda classificada na prova de ondas, cujo vencedor incontestado foi o Guincho SUP Club. De uma forma geral, todas as equipas mostraram que esta é uma modalidade em grande expansão no nosso país, com adeptos vindos dos mais variados desportos e já com um nível bastante aceitável. E o CRUZ OCEAN SPIRIT também se fez de festas nocturnas que, como não podia deixar de ser, serviram de complemento aos dias, com muitos visitantes durante as dez noites do festival. Reggae, DJ’s, rock, pop... houve de tudo no palco do festival que promete voltar para o ano, com um quinto aniversário digno de uma verdadeira comemoração. Se ainda não foi a este festival, completamente alternativo em relação às rotas festivaleiras habituais no Verão nacional, não deixe de o fazer em 2011. É que vale mesmo a pena!


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Maria João Teixeira


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Em tempos de crise, de desequilíbrios d e b a l a n ça s c o m e r c i a i s e d e d e sva lo r i zação da s e co n o m i a s europeias, a Inglaterra contraataca e volta a investir nos seus activos mais fiáveis, valorizados e exportáveis. E desta vez em dose dupla: Jonh Lennon e Sam Taylor—Wood.

Nowhere Boy,

filme sobre a adolescência de LENNON realizado por SAM TAYLOR-WOOD, abriu o Festival de Curtas de Vila do Conde deste ano e terá estreia entre nós até ao final do ano. Sobre JOHN LENNON pouco haverá a acrescentar mas TAYLOR‑WOOD carecerá ainda de alguma apresentação. Fotógrafa? Artista conceptual? Socialite? Embora novata nas lides das longas-metragens é, desde algum tempo, residente oficial no panteão artístico britânico, factor que não será estranho à sua escolha para a realização do filme. TAYLOR-WOOD nasceu em 1967, em Croydon, filha de um instrutor de Yoga e de uma astróloga, terá passado a sua infância numa comunidade de inspiração budista. Começou a dar nas vistas enquanto fotógrafa e, talvez não por coincidência, um dos seus primeiros trabalhos foi a recriação da célebre foto tirada por ANNIE LEIBOVITZ, horas antes da morte de LENNON, que foi capa da ROLLING STONE. Nu, JOHN aninha-se sobre uma YOKO complemente vestida. Seria a série de fotografias panorâmicas Five Revolutionary Seconds, a partir de um eixo central onde cria uma sequência de quatro ângulos do mesmo espaço (um casal em actividade sexual ao lado de um grupo de velhos a jogar cartas, por exemplo), a granjearlhe efectivo reconhecimento. Nos anos 90, numa época de mudança de valores, a crítica não deixou de querer ver nestas imagens, e noutros trabalhos que se seguiram, a mesma candura que se sente nos primeiros filmes de GODARD, despidos de qualquer ideia de culpa e de consequência. SAM TAYLOR-WOOD é uma artista da simplicidade. Sempre trabalhou com a matéria-prima do visível, do compreensível, com uma leitura desconstrutivista, estética e conceptualmente rica. O seu flirt com o cinema não é recente, nem a realização de um filme surpreendente. Parte substancial do seu trabalho são instalações de vídeo, realizou curtas‑metragens e fez séries temáticas de retratos de estrelas de cinema. Afirmou que o seu processo de

055 – nowhere

construção artística era similar à produção de um filme. Não é estranha ao star system, sempre foi dele frequentadora assídua. Nowhere Boy é dedicado a ANTHONY MINGHELLA, em muitos momentos da sua carreira, seu mentor e principal apoiante. Com um argumento simples, até um pouco previsível, a realizadora confere à narrativa um olhar sensível e estimulante, criando momentos interessantes para o espectador. Desengane-se quem espera uma biografia escandalosa de LENNON, um retrato de um jovem artista martirizado ou sem consciência do seu talento. «Is nowhere full of geniuses, sir? Because I probably do belong there», nos logo a personagem, no início do filme. Sempre quis voar alto. A exposição de segredos, a catarse familiar, o processo de construção do novo JOHN transformado, agora sim, em JOHN LENNON, a salvação pela música, a sua união a MCCARTNEY e a sua relação com os óculos... Nowhere Boy é um retrato inocente de um jovem em vias de perder a sua inocência. A representar LENNON temos um relativo desconhecido AARON JOHNSON que se tornou, assim, na última sensação britânica. KRISTIN SCOTT THOMAS e DAVID MORRISEY também por lá andam. Foi considerado um relativo fracasso em termos comerciais, não teve a adesão prevista do público e, nos BAFTAS, perdeu para Moonde DUNCAN JONES, outro membro da “realeza” britânica, filho de DAVID BOWIE. É um filme que provavelmente ficará. Tem bons momentos. Não podemos deixar de sorrir quando vemos um adolescente levar um sermão, porque se porta mal na escola, e ouvimos: «Não te atrevas a mentir-me John Lennon!».

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Maria João Teixeira


n o g s l i t a a

O OFFF – FESTIVAL FOR A POST DIGITAL CULTURE – celebra todos os anos, durante três dias, a cultura visual contemporânea. No ano em que comemorou o seu décimo aniversário, depois de duas bem sucedidas edições em Portugal (a de 2008, em Lisboa e a de 2009, em Oeiras), o OFFF rumou a Paris.

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pa st future 056 – Central Parq | ARTE DIGITAL


Dia 1 O OFFF é uma mistura entre conferência sobre design, feira de multimédia e festival de arte digital. Todos os anos, o trabalho aqui apresentado situa‑se no limite da criatividade, apontando os caminhos do futuro. O evento destaca-se também pela importância que atribui à ligação entre arte, indústria e pesquisa científica, um aspecto que se tornou particularmente relevante no decurso dos últimos cinquenta anos desde que, em 1966, os engenheiros BILLY KLUVER e FRED WALDHAUER e os artistas ROBERT RAUSCHENBERG e ROBERT WHITMAN fundaram a organização Experiments in Art and Technology (E.A.T). Uma boa parte do trabalho apresentado no OFFF deriva desta matriz essencial. Ao chegarmos à La Grande Halle de La Villette, em Paris, espaço que acolheu o OFFF este ano, sentimos que este não é um evento qualquer. O OFFF atrai uma raça muito especial de pessoas. Poucos aqui usam sapatos ou camisa e uma boa parte compra as t-shirts e as sapatilhas no eBay. Além disso, o barril de cerveja na área reservada à imprensa e aos artistas acabava antes da hora do almoço. Apesar de ser um encontro festivo, mesmo com o devido desconto, é um facto significativo. STEVEN HELLER, colaborador de longa data do New York Times, é a primeira grande figura a ocupar o palco da sala de conferências. Com o seu semblante pesado marca o tom para os próximos três dias e introduz o tema da edição deste ano: Nostalgia For a Past Future. «olharmos para o passado, o futuro era sempre melhor, mas isso mudou», concluiu HELLER. E agora? Bem, o futuro não parece promissor mas, para a arte, e é sobretudo de arte que falamos quando falamos do OFFF, isto pode não constituir um problema. Historicamente, a arte sempre encontrou o seu caminho por entre o entulho, quando a esperança se encontrava em níveis mínimos. Com mais ou menos segurança esta ideia acabou por prevalecer durante o grande número de apresentações que se seguiriam. Em apresentações sucedâneas, em que a transdisciplinaridade foi sempre um vector essencial ao trabalho apresentado, ficamos a conhecer ainda durante a manhã do primeiro dia a direcção de arte dos franceses HELLO KIMORI e a tipografia de CRAIG WARD. O conceito central do trabalho do tipógrafo britânico é: words are pictures. Na sua apresentação conduziu-nos pelas suas primeiras explorações tipográficas com recurso à impressão manual (algumas composições denotam claramente a influência de PAULA SCHER), passando depois para trabalhos mais recentes com uma

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abordagem primeiro mimeticamente orgânica e, agora, muito ligada às afectividades da tipografia com o tempo e o espaço. KEITH SCHOFIELD, um dos nomes mais aguardados pelo auditório, acabou por ser a grande desilusão porque cancelou em cima da hora, sendo substituído pelo colectivo BAZOOKA GROUP, uma referência seminal do design gráfico punk. NEVILLE BRODY, um admirador confesso do trabalho dos franceses, conduziu uma excelente conversa com os dois fundadores do colectivo, CHRISTIAN CHAPIRON (aka KIKI) e JEAN-LOUIS DUPRÉ (aka LOULOU PICASSO) perante uma sala a meio gás. Os BAZOOKA GROUP, constituídos por vários elementos da École Nationale des Beaux-Arts de Paris, tiveram um impacto enorme em 1977, quando tiveram a oportunidade de dirigir o departamento gráfico do jornal Libération, onde fizeram experiências gráficas impossíveis de serem vistas num jornal de grande circulação. Imbuídos ainda de um espírito de Maio de 68, foram acusados de uma acção de guerrilha no interior do jornal porque conseguiam traficar as suas experiências gráficas minutos antes do jornal ir para a impressão, fugindo ao controlo dos directores. Admiradores do Suprematismo, do Construtivismo e da linguagem de propaganda totalitária, feriam as ideias dos intelectuais de esquerda e veteranos de guerra que constituíam grande parte dos leitores do Libération. da aventura ter durado apenas seis meses, KIKI e LOULOU PICASSO continuaram a ser uma referência de um design retro-futurista com espírito subversivo herdado do movimento punk. Esse espírito subversivo é o que encontramos muitas vezes na street art, pela sua tenacidade e tom crítico. Nesse aspecto, a passagem e os testemunhos de MARC e SARA SCHILER, fundadores do site WOOSTER COLLECTIVE, foi exemplar já que o seu projecto tem feito um enorme trabalho na divulgação da street art à escala planetária. A última apresentação do dia coube a HILLMAN CURTIS, em tempos apelidado o “Grandmaster Flash”, entretanto, se reinventou como cineasta e fotógrafo. Ao som de Burning Down the House de DAVID BYRNE, em jeito de aperitivo para o documentário que CURTIS está a realizar sobre o músico, terminava o primeiro dia do OFFF.

Dia 2 No dia seguinte, às dez da manhã, depois de uma sexta-feira à noite em Paris, nada melhor para acompanhar um croissant uma ligeira ressaca do que uma palestra sobre produtividade e programação. HOSS GIFFORD partilhou com a auditório algumas das coisas que aprendeu ao longo da vida. O formato

escolhido não é propriamente novo, o que tornou a apresentação menos interessante. Seguiu-se uma apresentação do atelier de design e tecnologia FIRSTBORN que destacou a capacidade de desenvolver soluções de comunicação inteligentes mas, sobretudo, o desenvolvimento de ferramentas destinadas a optimizar o processo criativo, aumentando a versatilidade das soluções encontradas e a facilidade com que estas podem ser adaptadas a novos contextos. O dia começa a aquecer com a apresentação do filme Coalition of The Willing de SIMON ROBSON, aka KNIFE PARTY, que mereceu a atenção do público e prolongados comentários. ROBSON convidou duas dezenas de criativos para colaborarem na concepção deste filme de animação. As abordagens assumidas pelos diferentes intervenientes emprestam à obra uma pluralidade de texturas que acentuam o carácter multifacetado da sua criação. O filme explica como a internet pode ser utilizada enquanto mecanismo de alerta e plataforma mobilizadora para a batalha contra as alterações climáticas provocadas pelo aquecimento global. Com um público já aquecido, MATT PYKE foi recebido com veneração. PYKE é actualmente um dos criativos mais influentes e respeitados a trabalhar nas indústrias digitais. A sua empresa, Universal Everything, acabou recentemente a renovação da imagem gráfica dos canais MTV, projecto que ocupou boa parte da sua apresentação. Poderíamos dizer muita coisa sobre a Universal Everything mas, em suma, basta apenas dizer que são bons, muito bons. Se quiserem perceber para onde caminha a indústria, convém acompanhar de perto o trabalho destes senhores. É ainda de referir neste segundo dia a passagem de uma agência de peso que, no fundo, consolida a influência do OFFF neste mundo da cultura digital: a californiana GOODBY, SILVERSTEIN & PARTNERS, uma das mais premiadas agências de comunicação do mundo. Com mais de 500 colaboradores e uma carteira de clientes invejável, tem liderado o processo de adaptação das agências americanas aos novos desafios do mercado, nomeadamente naquilo que às plataformas digitais diz respeito. Estes “art serving capitalists” defendem que a arte pode ser uma ferramenta ao serviço dos negócios e, se alguém tem alguma dúvida acerca desta premissa, eles deixam, como qualquer bom americano, que os números falem por si. Há ainda a referir os alemães ART+COM, um grupo de artistas, designers e programadores que desde 1988 se tem constituído como uma das referências da área. Foi a sua primeira vez no OFFF e estiveram representados por um dos

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Pedro Pinto Teixeira

fundadores, JOACHIM SAUTER. Além do trabalho desenvolvido pelo atelier ao longo das diferentes fases que caracterizaram a sua evolução, SAUTER apresentou também trabalhos dos seus alunos da Universidade de Artes de Berlim.

Dia 3 Ao terceiro dia de intensas conferências há muito para descobrir e absorver, assim como a possibilidade de estabelecer contactos com os melhores profissionais do meio. O primeiro momento de atenção do dia foi para KJELL EKHORN e JON FORSS, a dupla criativa NON-FORMAT. A apresentação de EKHORN, uma das mais aclamadas, teve como fio condutor a Wheel of Stylecriada por LORRAINE WILD, um diagrama que ilustra o ciclo de vida do design gráfico. Nesse mesmo dia teríamos uma das surpresas deste festival pautado por nomes sobejamente conhecidos: JULIEN VALLÉE, um jovem designer canadiano apostado na utilização de ferramentas e processos que pareciam ter caído no esquecimento com a ascensão do computador. VALLÉE, além de ser um dos oradores deste último dia foi, também, convidado para realizar um vídeo de apresentação dos patrocinadores do evento. O resultado final ilustra claramente como um filme promocional pode não só contribuir para a projecção de uma determinada marca mas, também, constituir-se como uma obra artística de pleno direito. Para além de algumas dificuldades logísticas, como as longas filas para a aquisição de bilhetes no primeiro dia, o reduzido número de caixotes do lixo ou as dificuldades de acesso à internet, talvez o aspecto menos positivo desta edição do OFFF tenha sido a pouca ligação do trabalho apresentado ao tema proposto. Para além de STEVEN HELLER, foram poucos ou nenhuns os oradores que fizeram do tema parte central da sua apresentação. Comparando com as edições anteriores a qualidade dos oradores continua elevada mas, a capacidade das apresentações para gerarem matéria de discussão e reflexão, diminuiu. Para o ano há mais e, até lá, “we'll always have Paris”.

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Andoni Beristain


portfolio d a y s

Dos três dias em que decorreu o concurso PortfolioDays, organizado pela INTERFORMA no seu espaço de Alfragide, resulta agora uma exposição itinerante dos trabalhos e um estágio profissional na sede da Hülsta que coube a João Gonçalves, o vencedor do concurso. Foram três dias de enorme discussão sobre a pertinência das escolas de design portuguesas se implicarem no processo de introdução dos alunos no mercado de trabalho.

058 – Central Parq |design


jobs

wante d 059 – portofoliodays

Um dos problemas que reconhecemos em diversas áreas do ensino é a adaptação do estudante ao mundo profissional. Esta dificuldade coloca-se com maior gravidade nas áreas criativas para aqueles que querem começar uma carreira como trabalhadores independentes. Reconhecendo este drama, o concurso PORTFOLIODAYS promovido pela INTERFORMA Make it Real, criou um programa que propunha aos concorrentes a simulação de uma entrevista de trabalho conduzida por um júri de designers internacionais. Esta primeira fase serviu para atestar a boa ou má preparação dos candidatos recém-licenciados face a uma entrevista de emprego. Consequentemente, dos 30 candidatos seleccionados submetidos a esta apreciação, apenas oito passaram à fase seguinte, quando era previsto um limite de 17. Para justificar esta tomada de decisão, o júri frisou que não estava em causa a validade criativa dos projectos dos concorrentes mas, essencialmente, a organização, apresentação e eficácia do portfólio enquanto instrumento de trabalho. E seria essa oportunidade de reflexão, feita com profissionais, caso a caso, que os concorrentes frisaram como tendo sido o aspecto mais positivo dos três dias de trabalho. Numa área que não conhece fronteiras e onde as oportunidades de estágios internacionais são concorridas, a submissão do portfólio é de facto uma alavanca essencial para o começo de uma carreira. Esta constatação, aparentemente prática e simples (que, no momento certo, este projecto põe a nú), ainda não merece a atenção das políticas escolares de ensino, que não fazem ligações com o pós-escolar. Enquanto isso, vemos escolas estrangeiras a organizar exposições dos alunos finalistas nos principais palcos mundiais de design, integrando essas acções no marketing agressivo de que dependem para se tornarem mundialmente conhecidas. Os projectos desenvolvidos no âmbito escolar e a colocação de alunos em posições e em empresas relevantes fazem parte da sua própria promoção.

país. A inauguração, a 3 de Julho no espaço de Alfragide, foi acompanhada por diversas conferências abertas ao público. Contudo, o momento mais esperado seria, sem dúvida, o anúncio do 1º prémio que coube a JOÃO GONÇALVES da ESAD das Caldas da Rainha, considerado pelo júri o melhor portfólio. Com esta atribuição, o vencedor vai poder estagiar durante de três meses na Hülsta. Sediada na Alemanha, é uma das principais empresas europeias de produção de mobiliário de design. De frisar ainda um segundo prémio para RITA TRINDADE da Escola de Belas Artes de Lisboa (ESBAL), a quem coube um estágio de uma semana na alemã ROLF BENZ. Curiosamente, os dois distinguidos não apresentaram o portfólio mais criativo (condição que era estimulada no regulamento no concurso), tendo prevalecido a maturidade e a qualidade dos trabalhos que melhor se adaptavam às empresas que acolhiam o estágio. Se o factor originalidade, só por si, fosse preponderante, SÉRGIO FARIA, da ESBAL, seria provavelmente um dos candidatos a uma distinção. Apresentou um portfólio impresso em peças de roupa que trazia vestido para a entrevista, obrigando-o a fazer uma performance já que tinha que se ir despindo para colocar os projectos sobre a mesa. Também RICARDO LADEIRA, igualmente da ESBAL, teve uma apresentação original, recorrendo a pacotes de açúcar. Na exposição final foi um dos concorrentes a obter uma proposta com melhor efeito visual, aliada a uma mensagem rápida e fácil de apreender, prevalecendo aqui uma boa estratégia de marketing. Ainda a referir, DUARTE LIMA, da ESBAL, que se evidenciou pela qualidade e rigor dos projectos de design desenvolvidos durante o seu período escolar. Ao todo, concorreram 70 candidatos de todas as escolas do país ao PORTFOLIODAYS destacando-se, na pré-selecção, candidatos da ESBAL e da ESAD das Caldas da Rainha.

O workshop com a orientadora BETINA HERMANN, directora de produto da ROLF BENZ, contribuiu bastante para a prestação dos oito finalistas, que aprofundaram outras maneiras de melhorar e dar maior consistência aos seus portfólios. Numa fase seguinte, foi-lhes pedido que desenvolvessem conteúdos e suportes para a exposição que iria percorrer todos os espaços da INTERFORMA espalhados pelo

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Francisco Vaz Fernandes

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Pedro Duarte Jorge


Ashley: casaco Prada, estola H&M, saia Malene Birger, meias Prada, brincos vintage Dior e chapéu da produção

Ana: vestido H&M, brincos vintage Valentino da produção


t e f o t o s é r g i o s a n t o s a s s. foto joel bessa st yling e direcção de arte a n a c a n adas a s s.s t y l i n g i n ê s d o c r u z e i r o e m a r g a r i d a b r i t o p a e s m a k e - u p m i g u e l m o l e n a ( p a r a M & M A g e n c y c o m p r o d u t o s DIOR ) car acterização miguel molena (para M&M Agency com produtos Ben Nye) hair marco pinheiro (para M&M Agency com prod utos Sch war zkopf) m odelo a n a f il ipa e a s h l e y s h e r r i l l ( L'A g e n c e M o d e l s )

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Ana: vestido Prada, cinto verniz Prada, óculos de ver l.a. Eyeworks na André Ópticas, luvas Marlboro Classics, collants f lorais H&M, sapatos Tabitha Simmons na Stivali


Ashley: cigarros cor‑de‑rosa de morango na Casa Havaneza, prato Area, pulseiras vintage Yves Saint Laurent da produção, verniz Yves Saint Laurent


Ana: camisola H&M, casaco Nuno Baltazar, leggings Storytailors, mala Prada , luvas Playlife, sapatos Vivienne Westwood para Melissa


Ashley: vestido Madame À Paris, casaco Dino Alves, meias Prada , sapatos Prada , luvas Playlife, chapéu da produção


Ana: camisola Dino Alves, luvas Marlboro Classics, saia Storytailors, meias H&M, sapatos Repetto, mala vintage e brincos vintage Dior da produção, loiça de cozinha Area


Ana: casaco Benetton, camisola Sonia by Sonia Rykiel, calças Playlife, óculos Claire Goldsmith na André Ópticas, brincos vintage da produção

Ashley: vestido Hoss, casaco Lacoste, óculos Dita na André Ópticas, boina vintage da produção



Ashley: camisola Sonia By Sonia Rykiel, casaco malha bordado Madame ร Paris, calรงas Ricardo Preto, sapatos Yves Saint Laurent na Stivali, copos Area


bruno: casaco Pepe Jeans, top em gravatas Dino Alves, leggings H&M, ténis Asics, tapa-orelhas Mango bernardo: casaco Ermenegildo Zegna, cachecol e luvas Fred Perry, top em pele tons de verde Dino Alves, camisa Fred Perry, gorro em pele com pêlo Energie, calças H&M, sapatos e saco Ermenegildo Zegna , óculos de sol Mikita na André Ópticas


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s foto manuel sousa a s s.f o t o a l e x h o l s t e i n st yling e direcção de arte a n a c a n adas m a k e - u p a n n e s o p h i e (c o m p r o d u t o s m a c ) m odelo ber n a r d o silva e br u n o p i e d a d e ( L'A g e n c e M o d e l s )

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bernardo: casaco e lenรงo Dries Van Noten na Wrong Weather, calรงas com suspensรณrios Energie, mala Fred Perry, gorro com pelo H&M bruno: estrutura de ombros em pele Ana Canadas, cachecol Dries Van Noten na Wrong Weather, casaco Ermenegildo Zegna , calรงas Dries Van Noten na Wrong Weather, luvas Henry Cotton's



bernardo: camisa Dries Van Noten na Wrong Weather, laço Gant, cardigan Fred Perry, luvas Mango, calças de ganga Diesel, ténis Diesel, óculos l.a. Eyeworks na André Ópticas bruno: camisa Dries Van Noten na Wrong Weather, cinto como gravata Dries Van Noten na Wrong Weather, cardigan Fred Perry, calças Lacoste, pasta Fred Perry, luvas Gant, sapatos Sperry Topsider, óculos Andy Wolf na André Ópticas


bruno: camisa Dino Alves, camisola bolas H&M, colar balas Valentim Quaresma , calças Levi’s, ténis Reebok, mochila e cachecol H&M


Pizza a Pezzi t

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Já muito se escreveu sobre as concept stores que abrem em Lisboa. Na verdade, são lojas de qualquer coisa onde se acrescenta um apontamento diverso para dar um pouco de cor e alcançar o almejado rótulo. O ESPAÇO B (que abriu este Verão) é, de todas as experiências que tenho visto em Lisboa, aquela que teria mais vocação pelo facto dos seus proprietários –Leonar Barata e José Luís Barbosa –terem um interesse e um conhecimento genuínos das diferentes áreas do lifestyle adquirido ao longo de vários anos de gestão da EMPORIO CASA. Esta nova loja situa-se em pleno Príncipe Real, que continua a ser a área de eleição dos mentores, e distingue-se por um minimalismo elegante que faz sobrelevar as peças expostas. No início 076 – Parq Here | places

maria são miguel

de um percurso articulado em forma de U temos uma sala com perfumes, livros, cds, gadgets, acessórios e outros objectos que seguem o hip do momento, estendidos por entre mesas e vitrines. Destacamos a colecção de relógios da Timex de diferentes cores pop, uma colecção de óculos de Linda Farrow, uma linha completa de perfumes Comme des Garçons e uma interessante colecção de jóias da marca francesa Appartement a Louer. Segue-se um corredor e uma sala com uma selecção de roupa para homem, um dos maiores trunfos deste espaço porque não havia, até hoje, um espaço com uma selecção de roupa masculina clean, descontraída e urbana para todas as ocasiões. Entre as marcas aqui representadas destacamos

as colecções da linha Laurel da Fred Perry, Hannes Roether, Marc Jacobs e Kris Van Assche. Por fim, na sala maior, com duas vitrines para a rua, encontrase a secção de roupa e acessórios para mulher onde prevalecem cortes amplos, tecidos naturais, atenção ao detalhe e um qb de étnico minimal. São opções muito pessoais mas, o que poderá ser uma concept store, independentemente da soma dos objectos, se não uma visão de uma forma de estar na vida?

Espaço B

maria são miguel

Uma noite vindo do Bairro Alto a pé, esbarro-me com uma nova pizzaria - Pizza a Pezzi - com características únicas. O conceito é mesmo esse, pedir uma pizza ao peso em questões de minutos, o que vinha mesmo a calhar, aquela hora da noite. Conversa puxa conversa e fui informando que era o seu segundo dia que estavam abertos e que era um projecto de Maria Paola Porru, a italina que veio para Lisboa fazer cinema mas que hoje é essencialmente conhecida desde o final dos anos 80 com o Casa Nostra, por introduzir em Portugal os verdadeiros sabores Italianos. Para quem acompanhou o seguinte passo, a pizaria Casanova, ao provar estas novas pizzas do Príncipe Real vai sentir uma diferença. Antes de mais são produzidos em tabuleiros grandes para depois serem cortadas aos pedaços e a massa não é igual. É feita com uma outra farinha que garante uma base fina e firme, não se vergando às oscilação de quem a leva pela mão à boca descontrídamente mordiscando pelo caminho. A variedade de pizzas é grande, semelhante à da Casa Nova e os preços oscilam entre10 e 20 euros Euros dependendo do número de ingredientes. Pedi uma Funghi (tomate e Cogumelos), uma porção decente e custou-me dois euros. Depois por curiosidade cedi à experiencia que me propunham de comer uma Patate (batata e alecrim), que não decepcionou. Está aberta de manhã, a partir das 11h permitindo começar o dia com uma Pizza com Nutella com um café com leite. Depois mantém-se aberta até às 2horas da manhã altura tardia em que as pizzas passam a ser entregues a partir de um postigo tal como uma farmácia de serviço para as urgências de última hora. De todas as formas o espaço interior concebido pelo arq Graça Dias é pequeno e funcional, não convidando a prolongada permanência.

R. D. Pedro V, 120, Lisboa Tel: 21 346 1210

Pizza a Pezzi

De 2ªa Sáb., das 10h30 às 19h30

Rua D. Pedro V, 84 Lisboa


TEMPORÁRIA espaços disponíveis adequados às suas realizações temporárias venha ter connosco

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Distrito de Arte 789, Pequim (Foto: Charlie fong)

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clube ferroviário t

maria são miguel

As noites quentes de Verão pedem novidades e, este ano em Lisboa, o Clube Ferroviário foi a maior. O seu enorme terraço com uma vista ampla a poucos metros do rio, só por si, justificavam uma visita. Contudo, o Clube Ferroviário é mais do que isso. Tem uma atmosfera muito própria inspirada no imaginário das colectividades que, em tempos, foram o pólo de cultura e de lazer de muitos bairros e grupos profissionais de Lisboa. Para além dos matraquilhos que não poderiam faltar, a programação promete ser ampla em termos musicais, podendo ir desde o folclore até concertos rock, para não falar das noites animadas de Djs da sala TGV até altas horas de noite. Ainda há espaço para grupos de teatro, cinema ao ar livre e jantares temáticos, tudo num horário bastante alargado. Pretende-se que o público possa acorrer durante a tarde para ver uma exposição e fique para um aperitivo no final do dia ou, ainda, para jantar. Neste sentido, o espaço é muito ecléctico e transfigura-se conforme as horas e as necessidades. A nova gerência do espaço soube manter a decoração que era própria dessas colectividades: Mikas (proprietário do Bicaense), João Nuno Pinto, Nuno Pinheiro de Melo e Ricardo Sena Lopes, todos ligados ao mundo da publicidade, quiserem preservar o espaço de orgulho da colectividade, ou seja, as vitrinas repletas de troféus e as fotografias dos momentos mais importantes. Mas porque nem tudo pode ser passado, é de apontar alguns laivos de modernidade e por lá se encontram os antigos assentos dos primeiros comboios Intercidades (umas poltronas cor de tijolo, como todos nos devemos bem lembrar). Agora espalhadas pelo terraço, fazemme sentir bem refastelada, melhor do que na minha memória das viagens intermináveis Lisboa-Porto. Um detalhe curioso, para os desatentos: a parte detrás do assento mantém ainda o tabuleiro articulado que, descido, serve de excelente pouso para os copos enquanto a conversa se prolonga. clube ferroviário Rua de Santa Apolónia, 59, Lisboa De 4ª a 6ª, das 17h às 06h Fins-de-semana, das 12h às 06h

078 – Parq Here | Places

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limitado de alunos, que se prolongam durante um mês ou mais, dependendo da área em questão. Um dos passos mais importantes da RESTART foi a mudança de instalações, transformando a escola num verdadeiro laboratório de experimentação. E porque a criação de um ambiente criativo é fundamental, há uma política de apoio ao desenvolvimento de programação cultural dentro da escola que passa por exposições, ciclos de filmes, concertos, conferências e debates. restart

empire

Rua da Quinta do Almargem, 10 — Belém

Rua das Chagas, 17

Tel: 213 609 450

1200- 195 Lisboa

www restart pt

Tel: 213 476 434

maria são miguel

Ao contrário da maioria das escolas, que apenas oferecem cursos prolongados, a RESTART tem cursos prolongadoe e outros de curta-duração com uma vertente mais prática, que respondem às necessidades imediatas do mercado. Especializada na área dos media (tudo o que esteja relacionado com audiovisuais, imagem, eventos, música, som, new media e comunicação), a escola oferece cursos que se destinam a pessoas que estão agora a começar a sua formação mas, também, a profissionais integrados no mercado de trabalho que procuram, essencialmente, actualização. Geralmente estas formações específicas são desenvolvidas na forma de workshops, com um número

cláudia gavinho

AURÉLIO RAMOS e SANDRO MORELLO são os sócios deste novo cabeleireiro situado no Camões, em Lisboa. AURÉLIO RAMOS, natural de São Paulo, começou o seu percurso no Rio de Janeiro e é hoje um dos mais premiados cabeleireiros a viver em Portugal. A trabalhar regularmente em Londres, Paris, Milão e no Mónaco (é o cabeleireiro da companhia de BALLET DE MONTE CARLO), é detentor de vários prémios. Ganhou a TAÇA SOHO GRAND PRIX (um dos grandes eventos de moda de São Paulo), foi o vencedor, em 2006, do INTERNATIONAL TREND VISION AWARDS, em Milão (depois de ter ficado três anos consecutivos em 2º lugar), ganhou o 1º lugar do CAMPEONATO DO MUNDO DE CABELEIREIROS, em 2007, e foi o cabeleireiro do ano no HAIR FASHION PORTUGAL AWARDS, em 2008. No EMPIRE desenvolve um projecto pioneiro de ensinar invisuais a cortar cabelo. Por enquanto, tem duas alunas a quem ensina técnicas de lavar, massajar, cortar e pentear mas o objectivo é alargar o curso a mais pessoas, especialmente jovens. SANDRO MORELLO, cabeleireiro e maquilhador, faz editoriais de moda e de publicidade um pouco por todo o mundo. Trabalhou em Nova Iorque com ORIBE (cabeleireiro de OPRAH WINFREY e de tantas outras celebridades), em Milão com o famoso ALDO COPPOLA, e em Barcelona. Agora, que abriram o seu primeiro espaço em Portugal, é uma oportunidade única – e exclusiva – de colocar o seu cabelo ao cuidado de dois dos mais conceituados profissionais da área.

restart t

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079 – Parq Here | Places


cocktail parq O Rum é uma bebida que tem conquistado muitos admiradores em Portugal. Até há pouco tempo a nossa relação com o rum fazia-se especialmente nas idas a Espanha onde a “Cuba Livre” é omnipresente. Para além desta mistura clássica de rum com Coca Cala e limão, existem outras possibilidades de cocktails em que o Rum é presente . Experimentamos várias receitas com Pampero, um rum de origem venezuelana com características especiais já que apresenta uma cor dourada devido a um processo de envelhecimento em cascos de carvalho que acrescentam sabor.. Nuno Adragna

Mojito

Daiqui de Morango

Island Sunset

Ingredientes • 4cl de Pampero • 1cl xarope açúcar • Água gaseificada • 1 colher de Angostura Bitter • 1 ramo ou folhas de hortelã

Ingredientes • 2cl de Pampero • 2cl de licor de morango • 1cl sumo de limão natural • 1cl xarope de açúcar * • 1 morango • 3 pedras de gelo

Ingredientes • 2cl de Pampero • 1 maracujá • 1 lima • Gotas de Dash Grenadine (licor frutos vermelhos)

Preparação Colocar num copo longo a hortelã, o açúcar e o sumo de limão atural. Com um pilão esmagar os ingredientes. Colocar o gelo, água gaseificada e mexer suavemente

Preparação Colocar numa misturadora com gelo todos os ingredientes. Ligue durante dois minutos para que tudo fique triturado e sirva para uma taça de cocktail

Preparação Num shaker cheio de gelo sacuda todos os ingredientes durante algum tempo e despeje todo o conteúdo num copo long drink, introduzindo ainda umas cascas de lima.

80 ––Parq 080 ParqHere Here||English places Version

* diluir previamente agua com açúcar de forma a evitar os grãos de açúcar


81 – Parq Here | English Version


Diapositivo u m a c r ó n i c a d e c l áu d i a m at o s s i lva

S i n g u l ari dad e s de Um Querido M ê s d e Ag osto A Candosa é passagem obrigatória sempre que vou a Vila Nova do Ceira, concelho de Gois. Reconheço os cantos e os recantos pelas fotografias de casamento dos meus pais. É incrível como em mais de 30 anos pouca coisa mudou naquele pedaço de céu. A Susana (amiga de adolescência), foi a primeira pessoa a quem dei a conhecer as belezas da vila, aventurando-se comigo numa viagem de autocarro. Partimos de Lisboa num verdadeiro alvoroço entre malas e marmitas e uma garagem atestada de fumo. O nosso espírito era de pura aventura e nem as náuseas dos restantes passageiros - e alguns chegaram mesmo a “deitar a carga ao mar” - nos desarmou. Em Coimbra aguardaríamos por uma carripana velha para nos levar precisamente à Várzea Grande. Como faltava mais uma hora de viagem - por caminhos tortuosos - resolvemos aliviar a bexiga. O que se apresentava diante dos nossos olhos era uma velha latrina, das que aparecem nos filmes (de terror). Não queria dar parte fraca mas quase me apeteceu perguntar à senhora que estava sentada à porta da casa de banho a fazer renda (e a cobrar pelas entradas) se havia algum guia prático de utilização daquele

buraco?! Um artista circense por certo que daria conta do recado equilibrando-se majestosamente – alinhar, flectir, equilibrar e manter. Se não constituísse uma preocupação para mim encontrar a arte e o engenho para tal dilema, diria que entrar na latrina foi um momento Kodak. É que consta que certa vez, a minha mãe ainda criança, entrou à pressa na casa de banho da escola e meteu literalmente “o pé na fossa”. Quanto mais se queria libertar mais enterrava o pé nos excrementos. Gritava e tentava abrir a porta pedindo ajuda mas era um momento imperdível para aquelas crianças sem direito ao humor dos desenhos

isso o episódio deleitava-as como se estivessem no circo a ver os palhaços. Depois de um enorme suplício a funcionária de serviço veio em socorro da minha mãe ajudando-a a tirar o pé, mas o estado das duas era nada menos do que uma verdadeira lástima. Consigo, por fim, compreender a razão da expressão “antes borrar um pé todo até ao pescoço”.

único e inesquecível, uma boa história para contar aos filhos e mais tarde, quem sabe, aos netos.

“Caquinhas” à parte, só espero que tenha disfrutado do seu Agosto, aceitando com um sorriso nos lábios, todas as singularidades que tornam cada momento da n o s s a v i d a

animados na televisão. Os tempos não eram para risotas p o r

082 – Parq Here | diapositivo

t

cláudia matos silva

I

bráulio amado




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