Director
Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com
editora
Cláudia Gavinho
claudia.gavinho@parqmag.com editora de moda
Ana Canadas
ana.canadas@parqmag.com Direcção de Arte
Valdemar Lamego @ Alva www.alva-alva.com Publicidade
Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com
PARQ Número 23 outubro 2010
periocidade Mensal Depósito legal 272758/08 Registo ERC 125392 Edição Conforto Moderno Uni, Lda. número de contribuinte: 508 399 289 PARQ Rua Quirino da Fonseca, 25 – 2ºesq. 1000-251 Lisboa 00351.218 473 379 Impressão BeProfit / SOGAPAL Rua Mário Castelhano · Queluz de Baixo 2730-120 Barcarena 20.000 exemplares
TEXTOS
Ana Canadas Ana Rita Sousa ana rita sevilha Anabela Oliveira Carla Carbone Cláudia Gavinho Claúdia Matos Silva Davide Pinheiro Diogo Torres Francisco Vaz Fernandes hélder faria José Reis Nuno Adragna Margarida Brito Paes Maria João Teixeira Maria São Miguel Miguel Carvalho Miguel Pedreira Pedro Lima Pedro Pinto Teixeira Roger Winstanley Rui Catalão Rui Miguel Abreu
distribuição Conforto Moderno Uni, Lda. A reprodução de todo o material é expressamente proibida sem a permissão da Parq.Todos os direitos reservados. Copyright © 2008 Parq. Assinatura anual 15€. www.parqmag.com capa inês magalhães (L'Agence Models) usa chapéu vintage na outra face da lua, alfinete valentim quaresma, casaco stephan schneider na Wrong Weather, vestido nuno baltazar, luvas Pedro Pedro. jouw (L'Agence Models) usa chapéu vintage na outra face da lua, casaco de cabedal com capuz diesel, casaco de malha stephan schneider na Wrong Weather, camisa de ganga lee, acessório de pérolas da produção, luvas pretas marlboro classics, calças pretas blaak na Wrong Weather.
FOTOS
andré brito javier domenech le-joy Manuel Sousa Marcos Sobral pedro pacheco Sérgio Santos
STYLING
Ana Canadas Conforto Moderno juliana lapa Margarida Brito Paes
ilustração
FOTO manuel sousa direcção e styling ana canadas hair + Make-up Ana Vahia Tiza para M&M Agency com produtos Dior ASS. FOTO alex holstein
bráulio amado
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06 real people
58 Moda
por Diogo Torres
por André Brito
08 real people
66 Moda
gunroses
jack teagle
por Júlio Dolbeth
colegial punk
wake up and smell the roses
por Sérgio Gomes 10 real people
gabriel abrantes
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por Maria João Teixeira 12 real people
soso limited
por Pedro Pinto Teixeira 14 you must shopping
por Manuel Sousa
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18 You Must ARte + cinema + música moda + gadgets + beleza
74 Parq Here vis-à-vis
34 Shopping Botas + óculos
75 Parq Here places
pedro e o lobo
bar heidi
36 Soundstation
chromeo
por Pedro Lima
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lisboa
por Davide Pinheiro
seu jorge
por Rui Miguel Abreu
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80 Parq Here storytailors
josé mateus
46 Central Parq cidades
storytailors Fall winter 10/11 collection
por José Reis
82 Dia Positivo
50 Central Parq bd
por Cláudia Matos Silva
asterios polyp
por João Pedro Rosa
mistérios de lisboa
Esta edição trazemos como destaque a Trienal de Arquitectura e uma entrevista com o seu principal responsável, o arquitecto José Mateus, que nos leva a uma reflexão básica sobre o problema da habitação no mundo, um tema tão lato e simples de entender que pode ser estendido a toda a população portuguesa. E é essa intenção que saudamos. A ideia de trazer temas abertos a toda a
população é uma directiva cada vez mais urgente para quem queira ver os seus projectos avançarem com sucesso. Populismo? Talvez. Mas, ainda assim, uma forma de pegar nos problemas pela base e de tentar ganhar consensos cada vez maiores. Num mundo em que, cada vez mais, são os números que contam, é bom que eles tenham um rosto múltiplo e implicado, para além da pura abstracção.
78 Parq Here gourmet - cocktails
por Ana Rita Sevilha
por Maria João Teixeira
francisco vaz fernandes
francesco muri + miss sixty
Gold + from russia with love
52 Central Parq Cinema
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77 Parq Here places
42 Central Parq Grande Entrevista
made in porto
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Muji
38 Soundstation
40 Soundstation
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76 Parq Here places
54 Central Parq moda
luís buchinho
por Margarida Brito Paes
i'm your sugar mummy
Sê louco. Comerás melhor.
YOU’LL EAT BETTER.
Shop online at Diesel.com
BE STUPID
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Gun Rose NUNO ROSA, um dos mais criativos Djs do nosso país, criou um novo projecto que promete fazer dançar muitos amantes de música electrónica. De nome GUNROSE, este novo alter‑ego apresenta-se como uma faceta mais perversa e com um som mais visceral que os anteriores DEZPERADOS e PINKBOY. Tendo já partilhado a cabine com BOYS NOIZE, 2 MANY DJS ou LES PETITS PILOUS, NUNO ROSA falou‑nos desta nova experiência, apresentando GUNROSE como “som sem panos quentes”. Como diferencias, em termos de som e inspiração, os teus vários alter-egos? DEZPERADOS é um projecto que vive da energia de duas pessoas e acho que essa é a grande mais‑valia e a maior diferença Quem é o GUNROSE em termos dos restantes projectos. PINKBOY de música e identidade? foi pensado inicialmente como É um projecto mais "duro" se um projecto mais virado para assim quiseres chamar. É o o lado pop da electrónica mas resultado de uma espécie de que acabou por ser devorado rebelião sónica sem medo de pela minha sede de diversidade. ferir sensibilidades e alguns Actualmente, PINKBOY é um ouvidos. alter‑ego muito versátil e consoante o local onde toco Onde vais buscar inspiração tento sempre surpreender e ser para a música que produzes diferente em termos musicais e tocas? e de postura. GUNROSE é o Um pouco por todo o lado mas, projecto mais rebelde, quase obviamente, na música e nos punk se quiseres. Acho que concertos que ouço, nos Djs que estamos a necessitar de um danço, nos filmes que vejo, nos grande abanão e se eu puder livros que leio, nas pessoas ajudar com rebeldia sónica, que conheço e por aí fora… óptimo! 006 – real People
És residente no Lux desde 1999. Qual o balanço relativamente ao teu trabalho neste espaço? É excelente. O Lux permitiu-me crescer muito e obriga-me a nunca estar parado. É de facto um privilégio trabalhar com aquelas pessoas e com aquelas condições e sempre com a possibilidade de me reinventar ao longo do tempo.
www.myspace.com/gunrosedj
Como se desenvolveu a tua carreira como Dj? Quando viva no Porto, onde nasci, ia muito a um bar chamado ANIKI BÓBÓ, onde o PEDRO MESQUITA era residente. Adorava as noites dele porque eram muito eclécticas. Um dia perdi a timidez, que sempre esteve presente em mim, e fui ter com ele e com o BECAS — o dono — e expliquei que gostava muito de experimentar pôr música e eles disseram que sim.
Qual a tua opinião em relação à música electrónica no nosso país? É excelente! Acho que nunca foi tão rica e variada. Esta década, com a portabilidade dos estúdios e a facilidade de trocar informação, veio ajudar todos os room projects a perderem a timidez e a saírem cá para fora.
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diogo torres
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sérgio santos
www.jackteagle.co.uk
JACK TEAGLE é um artista plástico e um ilustrador inglês que esteve recentemente no Porto para a inauguração da sua exposição Zona de Combate na galeria Dama Aflita (patente até dia 23 de Outubro). Numa conversa informal, ficámos a saber um pouco mais sobre si. Vives numa quinta, longe do burburinho da cidade. Isso influencia o teu trabalho ou, de alguma forma, ajuda a concentrar-te? Sim, impede que me distraia. Consigo trabalhar bastante porque é muito sossegado. Também acaba por trazer alguns temas às minhas obras como a alienação, o desprendimento e o isolamento. Consideras-te um artista ou um ilustrador? Achas que é importante definir uma fronteira entre os dois? Julgo que sou ambos, não conseguiria definir-me apenas de uma forma. Eu crio ilustrações para clientes e publicações mas também crio pinturas e outro tipo de obras. Não me parece que seja importante definir uma fronteira entre as duas práticas porque as ideias e as técnicas combinam-se entre 008 – real People
si. Tenho clientes que olham para os meus quadros e pedem-me para incorporar alguns desses elementos em ilustrações. Algumas das tuas personagens são da ordem do divino e o que tu fazes é colocá-las em situações do dia-a-dia. Pões Jesus a debater-se com uma máquina de lavar, por exemplo. Porquê? Gosto de pegar em lendas, mitos ou histórias conhecidas e retirar-lhes os elementos heróicos. O que eu pretendo é apenas dar-lhes um lado humano que nunca ninguém viu. Quem é que alguma vez descreveu Jesus a lavar as meias, por exemplo? E, no entanto, é uma coisa que todos nós fazemos, presumo. Quais são as tuas maiores influências? Definitivamente, a cultura pop. Eu cresci rodeado de toys,
filmes e comics que moldaram a minha personalidade. Sou fã do absurdo como o Kaiju japonês e o Luchadore Wrestling. Filmes como o Star Wars exerceram u ma grand e influ ência em mim e adoro super-heróis como o Batman e o Spiderman por causa das suas falhas. Existe alguma obra que tenha exercido um tal fascínio sobre ti ao ponto de começares a ilustrar? Ou mesmo que tenha funcionado como uma epifania? Não consigo lembrar-me de nenhuma em particular mas há vários artistas que me inspiraram. Os trabalhos de REG MOMBASSA e de JIM PHILIPS, que eram muito conhecidos quando era adolescente, e me ajudaram a perceber que não existe uma divisão clara entre design gráfico e belas-artes. Nessa altura, em que comecei a andar de skate, algumas bandas pediram-me para lhes desenhar os posters dos concertos e foi
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júlio dolbeth
assim que comecei a fazer o que realmente gostava: desenhar. A obra Combat Zone trata de um confronto entre o bem e o mal, o sagrado e o profano. Todos são lutadores. É uma metáfora da tua vida depois de acabares os estudos na Universidade? Sim, completamente, o wrestling é baseado na minha carreira! Às vezes não é fácil, a vida consegue ser um pouco cruel mas eu gosto de pensar que tudo o que precisas de fazer é manter‑te firme e continuar a lutar! Queres fazer uma lista das dez coisas que mais gostas? Claro! Realizador: David Lynch Chá: Hortelã Ilustrador: Fletcher Hanks Pintor: Henri Rousseau Poeta: Ivor Cutler Filme: Fargo Jogo de computador: Ico Toys: Teenage Mutant Ninja Turtles Banda: Joy Division Animal: Gato
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adriana oliveira
Histories of Mutual Respect Mostra dos filmes: A History of Mutual Respect Visionary Iraq Liberdade Olympia Até 26 de Dezembro Centro Cultural Vila Flor, Guimarães
Com vários trabalhos em vídeo expostos no Centro Cultural Vila Flor, GABRIEL ABRANTES recusa, ainda assim, a categorização de cineasta, definindo-se apenas como artista, independentemente do formato das suas obras. No entanto, as suas curtas-metragens têm-lhe proporcionado um crescente reconhecimento. Este ano ganhou o Leopardo de Ouro para Curta-Metragem no Festival de Locarno, na Secção Pardi di Domani, que premeia talentos em afirmação. GABRIEL ABRANTES é um espírito singular, cuja assinatura bem poderia ser do it yourself. Os poucos recursos levaram‑te a ser produtor ou actor dos teus próprios filmes e, ao mesmo tempo, tornaram‑se numa característica fundamental do teu trabalho. Exploraste a situação do Sou forçado pelas condições Iraque, tocas os imaginários eco n ó micas a e nco ntrar colonialistas… C o m o soluções novas e diferentes. determinas o ponto de partida O resultado disso são filmes para um trabalho? substancialmente distintos Até agora tenho vindo a dos que são financiados. O explorar a culpabilidade no ALAN VEGA quando começou os mundo ocidental e questões SUICIDE não sabia tocar nenhum relacionadas com o poder instrumento mas queria fazer dos Estados Unidos, a guerra música e decidiu fazer uma coisa no Iraq ue, o petróleo, simples. Essa postura dele, de o aquecimento global, a pensar alternativamente na inquisição, o colonialismo… maneira de produzir música, Mas o filme Liberdade, que é levou à criação de um género, filmado em Angola, é sobre as o techno. Fazer produções relações chinesas e angolanas alternativas acaba por ser uma e incorpora outras narrativas boa solução para os problemas de culpa. financeiros. 010 – real People
O facto de teres crescido nos Estados Unidos influenciou a tua perspectiva cinematográfica? Sim, bastante, o conteúdo dos meus filmes é muito influenciado por essa realidad e. No Visionary Iraq há dois miúdos que falam em inglês e é como se estivesses a ver uma realidade distorcida ou dobrada de um outro filme. No Too Many Dadies todos eles falam português e são, de facto, portugueses mas têm nomes ingleses. Vivemos numa época global e para mim é interessante opor a fragmentação da identidade nacional à identidade global.
O que vais fazer a seguir? Vais continuar a trabalhar em Portugal? Sim, mas também vou trabalhar noutros sítios. Vou acabar o filme que fiz para o Lux que se chama 2003 2004 2002, vou filmar no Haiti e continuar a escrever uma longa-metragem.
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maria joão teixeira
SOSOLIMITED é um atelier de arte e de tecnologia formado por ERIC GUNTHER, JUSTIN MAYOR e JOHN ROTHENBERG. Estes três graduados do MIT com experiência em áreas tão distintas como a física, as ciências computacionais, a arquitectura e a música, parecem apostados num esforço de tradução visual do discurso mediático. Os seus projectos reflectem a necessidade de desenvolver ferramentas de desconstrução da informação, revelando padrões linguísticos, expondo o conteúdo e as suas estruturas, e possibilitando novas formas de entendimento.
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O vosso trabalho desenvolve‑se na fronteira entre a experiência e a visualização. Porque é que a visualização de informação é uma parte tão importante daquilo que fazem? John: Gostamos de pensar no nosso trabalho como algo artístico que utiliza a linguagem do design para colocar questões ao espectador, deixando que ele próprio retire as suas conclusões. Parte daquilo que queremos fazer é questionar a autoridade da imagem e a autoridade da informação que nos chega formatada através dos media, nomeadamente da televisão. Justin: No cinema, em filmes de acção ou de espionagem, os ecrãs dos computadores aparecem repletos d e informação. Sempre me fascinou o associar destas “falsas” imagens a uma capacidade tecnológica avançada. Com o nosso trabalho, não procuramos um resultado final, procuramos um resultado emocional, que derive do confronto do espectador com a informação.
www.sosolimited.com
Em que direcção caminha o vosso trabalho? Jo h n: O trabalho artístico continuará a ser importante mas o trabalho comercial permite‑nos atingir um outro público. Estamos a tentar tirar os nossos projectos das galerias e dos museus e colocá‑los em sítios como bares ou restaurantes. Expores o teu trabalho num museu é como pregar o sermão ao padre. Eric: E muitas vezes nos museus o nosso trabalho não é sequer reconhecido como arte. No entanto, não consigo pensar no trabalho de alguém como o MATT PYKE sem sentir calafrios. Daqui a cinquenta anos as pessoas vão olhar para trás e chamar ao que ele faz arte.
Alguns dos vossos projectos apresentam uma forte componente política. Donde surge este interesse? Justin: Inicialmente escolhemos fazer uma performance a partir de um debate político porque os políticos são uma fonte inesgotável de palavras. Se quiseres construir uma central de produção de energia solar o melhor local será o deserto. Como queríamos construir um sistema de visualização de informação em tem po real escolhemos os debates presidenciais americanos. São 90 minutos sem publicidade, sem que a performance seja interrompida por maus anúncios da Toyota, o que é algo muito raro em televisão.
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Pedro Pinto Teixeira
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manuel sousa Styling
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ana canadas
Sapatos com atacadores castanhos Fly london / Sapatos com salto em madeira vermelhos Bernhard Wilhelm para a Camper / Botas pretas Neil Barrett no Espaço B / Ténis brancos com riscas castanhas K-Swiss / Botim preto com salto duplo El Caballo / Botins dois tons Melissa / Sapatos brancos Comme des Garçons no Espaço B. em baixo: Botas vermelhas Maria Blaisse para a Camper / Sapatos castanhos com atacadores El Caballo / Botas vermelhas e beije Diesel / Ténis pretos e brancos Reebok Basquiat / Sapatos cinzentos Jaime Hayon para a Camper / Sapatos castanhos Fly london / Botas brancas Hunter. página da direita Perfume Merry Me da Lanvin / Perfume Lola de Marc Jacobs edição limitada em veludo / Perfume Trésor da Lancôme / Batom vermelho Le Rouge nº1 Yves Saint Laurent / Mascara de pestanas Lash Queen nº1 Helena Rubinstein / Duo de verniz nº3 Manucure Couture Yves Saint Laurent / Champô e condicionador para cabelos enfraquecidos Shu Uemura / Compacto nº 808 Pink Design da Dior / Perfume Love da Chloé / Fond de Teint nº13 Rose Naturel da Guerlain / Verniz nº905 Black Sequins da Dior / Base de mascara de pestanas Dior / Caixas, jarras, cinzeiros, temporizador e árvores em madeira Area. página da esquerda Em cima:
015 – You Must shopping
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manuel sousa Styling
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ana canadas
Espelho “Box 1” no Espaço B / Óculos de sol televisões Linda Farrow para Jeremy Scott na André Ópticas / Óculos de sol verdes Eley Kishimoto na André Ópticas / Óculos forrados a veludo Itália Independent na André Ópticas / Óculos de sol com topo em tartaruga Ray Ban / Óculos de sol vermelhos e pretos Oliver Goldsmith na André Ópticas / Óculos brancos Persol / Óculos de sol bordeaux Persol / Óculos de sol roxos Mikita na André Ópticas / Individuais brancos Area . página da direita Coluna de som vermelha Geneva no Espaço B / Bracelete dourada com cristais Appartement À Louer no Espaço B / Boneco de cerâmica Tosca lab no Espaço B / Jarra verde Area / Abat-jour Lidija Kolovrat / Telefone vermelho Area / Lenço vermelho Lidija Kolovrat / Caixa cupcake Area / Individuais vermelhos Area / Colar preto Apartment À Louer no Espaço B / Cinzeiro verde Area / Jarra Dip preta e branca no Espaço B / Colar com 3 fileiras de cristais Appartement À Louer no Espaço B / Individuais vermelhos Area. página da esquerda
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Até 30 de outubro Palácio Galveias—Campo Pequeno, Lisboa De 3ª a 6ª : 10h—19h Sábado e Domingo: 14h—19h t
Integradas nas actividades paralelas do D oc L isboa — V I I I F estival Internacional de Cinema — e em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa, estão expostas até ao final de Outubro no Palácio Galveias, 85 fotografias de MALICK SIDIBÉ , actualmente o mais reputado fotógrafo africano. Nascido em 1936 em Soloba, uma aldeia do Mali, MALICK abre em 1962 o seu p róp rio est údio de fotografia na capital, Bamako, com o objectivo de desenvolver o seu próprio negócio. Grande parte do seu trabalho, hoje altamente aclamado, é co n st i t u íd o p o r retratos de estúdio individuais ou colec t ivos , em especial de famílias que se quiseram retratar, um gesto paralelo e recorrente na Europa desde o final do séc. XIX, até ao momento em que a câmara fotográfica se transformou num aparelho banal e acessível, sendo dispensável o recurso a um fotógrafo profissional. Até 1995, ano em que fez a primeira exposição na Europa, na Fondation Cartier, MALICK SIDIBÉ era um perfeito desconhecido no ocidente e no meio da arte contemporânea. A direcção da Fondation Cartier, que tinha na época uma orientação muito transversal da compreensão da arte, vinha na senda do percurso inaugurado por JEAN HUBERT MARTIN com a sua exposição Magiciens de la Terre no Centre George Pompidou (1989) onde, pela primeira vez, se colocaram obras de artistas ocidentais saídos de um contexto de
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francisco vaz fernandes
imposta pelo modernismo, permitindo assim olhar para o lado e para outras e x p r e s s õ e s artísticas que não obedeciam aos cânones padronizados pelo ocidente.
arte contemporânea lado a lado com artistas de outros continentes, nomeadamente o africano e asiático, que começavam a dar os primeiros
passos na modernidade. Esta consciência de diversos tempos e de ritmos diferentes vinha relativizar uma ideia de história linear de vanguardas
É neste contexto que o interesse pela fotografia de M A LI C K S I D I B É nasce, tendo actualmente a cu m u l a d o s vários prémios de prestígio pelo conjunto da sua carreira, nomeadamente, um Leão de Ouro na Bienal de Veneza (2007). A fotografia de MALICK SIDIBÉ apaixona por restituir a fotografia ao seu leu lugar primordial de veículo de memória, no qual toda uma humanidade se emprenha. Todas a s s u a s i m ag e n s est ã o carregada desta emoção de ser fotografado, dessa experiência quase mágica na qual se depositam muitas esperanças . Por isso os retratados estão vestidos com as sua melhores roupas e, muitas vezes, acompanhados de elementos materiais, como um frigorífico ou uma mota, símbolos de riqueza e de vaidade. Por essa razão, MALICK SIDIBÉ é apontado como o retratista de uma juventude orgulhosa recém‑liberta, nascida do pós‑colonialismo. Para além dos retratos de estúdio, MALICK também fotografa as suas actividades de lazer, nomeadamente, nos clubes nocturnos e na praia. E testemunha, no essencial, o processo de ocidentalização demonstrado pelas roupas e pelos hábitos que uma nova classe média e urbana adoptaram em Bamako.
i n va l iden Sérgio Belinchón, Rui Calçada Bastos, Paul Ekaitz, Antonio Mesones, Noé Sendas, Santiago Ydañez Até 30 de outubro Carlos Carvalho Arte Contemporânea www.carloscarvalho-ac.com De 2ª a 6ª : 10h—19h30 Sábado: 12h—19h30 t
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francisco vaz fernandes
INVALIDEN é uma galeria de Berlim que tem a curiosidade de ser gerida por artistas portugueses e espanhóis, daí que não seja completamente desconhecida do público português, tendo-se mesmo tornado num lugar obrigatório para quem se desloque à capital alemã. O fenómeno surgiu n u m co n tex to cultural muito p ró p rio d es t a cidade que, na última década, após a queda do muro de Berlim e com a promessa de vir a ser o novo centro cultural europeu, atraiu artistas de todos os lugares que se organizaram em pequenos grupos (mais ou menos formais) em torno dos espaços expositivos que geriam. Para isso, contribuiu ainda o facto de haver imensos espaços devolutos e das rendas serem baixas comparativamente ao resto das capitais europeias. INVALIDEN surge dentro deste contexto e até pode ser visto como o braço ibérico em Berlim, se bem que a sua programação seja internacional. Na sua f o r m a ç ã o e s t ã o j ove n s artistas que se conheceram no KUNSTLERHAUS BETHANIEN, um espaço de ateliers que tem programas de bolsas para estrangeiros. A realização de uma exposição em torno dos artistas que gerem o INVALIDEN
020 – You Must
comissariada por SABRINA VAN DER LEY vem, não só, frisar a importância estratégica que esta galeria teve no contexto cultural português e espanhol mas, acima de tudo, servir como testemunho do percurso de vários artistas que, independentemente da carreira ou do processo de internacionalização individual, mantiveram uma certa unidade e dinâmica que lhes permitiram serem hoje vistos como um grupo, levando-os a aceitarem este convite para uma exposição em que aparecem como colectivo. SABRINA VAN DER LEY escolheu todas as obras expostas em Lisboa e encontrou um fio condutor comum, um certo sentido de ausência explorado de d ive r s a s f o r m a s . N e s t a mostra podemos ver pintura, instalação, fotografia e vídeo, num conjunto tão variado quanto interessante. Dos muitos trabalhos é de referir a série de fotografias de SÉRGIO BELICHON sobre os estúdios de cinema criados em Espanha para fazer filmes
n u n o c e r a Até 30 de outubro Galeria Pedro Cera www.pedrocera.com t
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francisco vaz fernandes
cada um dos lugares, o que resta nestas imagens é uma linguagem comum e própria da construção e partilha do espaço. Num mundo globalizado as cidades são os centros cosmopolitas onde populações provenientes de lugares dispersos se encont ra m em t râ nsito, dando cada vez mais lugar a uma cultura de partilha única, obviamente, em estado de choque permanente. Mas nem por isso é esse registo que interessa ao fotógrafo. O seu olhar sobre as comunidades a transbordar faz-se sem qualquer juízo de valor, sem um alvo documental estratégico. Uma imagem apaga a outra, t a l co m o n u m z a p pi ng televisivo em que, passados uns segundos, esquecemo-nos do que vimos. É interessante que todo este processo de relativização encontre sintonia com o sentimento blasé, descrito no séc. XIX por ERNST SIMMEL, um sociólogo que assistiu ao impacto da revolução industrial nas cidades. Descrevia então que o indivíduo que conhecia
futureland #25 — Cidade do México, México 2009. 127.5 x 170cm. Impressão Jacto de Tinta
de SÉRGIO LEONE como Era uma vez na América e que agora se encontram abandonados. Nestas fotos reconstrói-se ainda artificialmente o ambiente do western americano, tal como tinha sido o seu propósito original. Também de frisar a obra de PAUL EKAITZ, que reconstruiu pequenas maquetas de apartamentos de amigos, apresentando-as empilhadas. Mais uma vez, a simulação e a construção da realidade aparecem em evidência neste trabalho, especialmente nas imagens fotográficas que acompanham a instalação realizadas a partir dos interiores das maquetas.
Numa visita desapaixonada a diferentes metrópoles do planeta — Los Angeles, Dubai, Istambul, México, Cairo, Xangai, Hong-Kong, Mumbai e Jacarta — NUNO CERA constrói um atlas visual fotográfico e videográfico do impacto do crescimento demográfico. É um registo marcante das transformações operadas tanto na paisagem co m o n a a r q u i t e c t u ra , assim como nas práticas vivenciais de um mundo eminentemente urbano e que aqui surgem como a imagem da nossa Futureland, título da exposição. Mais do que o pitoresco ou do que as singularidades de
a nova dimensão urbana e que era rodeado por uma massa humana não poderia estabelecer uma relação emocional com todos os outros seres com os quais se cruzasse, pelo que tinha de desenvolver uma certa frieza e desinteresse para se proteger. Obviamente, o fotógrafo não escapa a esse sentimento dentro desta Babilónia que o séc. XX e este início de século viriam a acentuar. Por isso, não é de estranhar que na sua fotografia o humano desapareça da paisagem. Na verdade, ele tornou-se cada vez mais invisível e impessoal, escondido e protegido entre as redes de comunicação.
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sign show
intercasa concept 2010 2—10 outubro FIL—Parque das Nações Preço Bilhete: Individual, 6¤. Estudante, Jovem, Sénior, 3¤€ t
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francisco vaz fernandes
Integrada no espaço da Intercasa Concept, na Feira Internacional de Lisboa, a LISBOA DESIGN
e, a partir daí, impulsionar a realização de projectos inovadores com vocação comercial. Este ano, TONI GRILO centrou o seu projecto numa exposição intitulada PERSPECTIVAS, para a qual convidou designers a criarem algumas atmosferas. Até então, este tipo de exposição em Portugal era confiada a decoradores que davam a conhecer perspectivas de um determinado designer. As criações expostas são, maioritariamente, portuguesas e em fase de comercialização. Ou seja, o objectivo não é tanto fazer uma exposição de projectos experimentais mas, pelo contrário, dar uma vertente comercial aos projectos dos criadores que se encontrarem expostos . Os de s ig ne r s convidados são ELDER MONTEIRO, NUNO FERNANDES, MARCELA BRUNKEN , BOCA DO
w e e v o l p
l a ortug www.100percentdesign.co.uk t— francisco vaz fernandes
Depois de terem levado uma delegação portuguesa, por dois anos consecutivos, à Tent London, considerado um dos espaços expositivos mais interessantes do London Design Festival onde se concentram grande parte dos jovens designers e delegações de países emergentes, a PORTUGAL
do design nacional. Além da participação nesta feira de Londres, uma das mais i m p o r t a n t e s , q u e a t ra i durante uma semana milhares de profissionais de todo o mundo, a representação portuguesa vai também marcar presença na próxima Feira de Milão.
Marco Sousa Santos
Muse: Munna
SHOW (LxD), dirigida pelo designer TONI GRILO, vem dar uma maior atenção ao design contemporâneo dentro das nossas casas. Este novo projecto vem no seguimento do LISBON ID, a iniciativa do ano anterior que também procurava dar uma visão mais contemporânea do design português. Neste caso, o objectivo era dar a conhecer j o v e n s d e s i g n e r s p o r t u g u es es à s empresas do sector
022 – You Must
LOBO, SAM BARON, PEDRO SOTTOMAYOR, Y VES DE VRESSE, JOÃO MARIM e TONI GRILO. Para além deste bloco expositivo haverá nesta edição um designer homenageado pelo seu percurso, MARCO SOUSA SANTOS, que terá uma exposição onde reúne a l g u n s dos seus projectos m a i s notáveis.
Toni Grillo
BRANDS e a ASSOCIATIVE DESIGN decidiram mudar de estratégia. Este ano, os coordenadores da representação portuguesa apostam na feira que se realiza durante o festival —a 100% Design, considerada justamente por muitos o motor de todo o evento. A representação portuguesa, congregada num único espaço expositivo sob o nome WE LOVE PORTUGAL, é a maior participação de sempre no festival, com as marcas BALTAZAR, BELASPEKTA, BOCA DO LOBO, CASTRO LIGHTING, CERNE, CRAVO BRANCO, CJC, DELIGHTFULL, MODULAR SYSTEM, MUNNA, M Y FAC E , P E D R O S O & OSÓRIO, PIURRA e RENOVA. Esta iniciativa continua a ser uma das mais válidas no contexto da exportação
Boca do Lobo: Pixel
Cada gaveta esconde uma hist贸ria, vem descobri-las em onitsukatiger.com
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francisco vaz fernandes
Durante anos, a CAMPER trabalhou para a construção de uma imagem baseada na qualidade do produto, associada a um imaginário que tinha como centro um estilo de vida espa n hol ou mediterrânico. Diríamos que era um produto pensado de uma forma regionalista para o mundo. Contudo, a crescente internacionalização da marca — actualmente presente em todos os continentes — tem levado a um esforço para associar as suas técnicas de produção, com raízes locais, a um design contemporâneo e intemporal. Por essa razão, a colecção T O G E T H E R cresce todos os anos com novas colaborações . Uma das mais antigas e celebradas faz-se com BERNHARD WILLHELM, considerado um enfant terrible da moda. Nesta sua quarta colaboração propõe um sneaker para homem, estilizado e com referências ao alpinismo e à escalada. Para mulher, propõe dois modelos: uns sapatos de salto alto bicolores e outros com diferentes peles enrugadas. No que
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Willhelm
mão em pele de bezerro com detalhes em borracha azul e ve r m e l h a . T a m b é m r e c é m ‑ -chegada a este grupo, MARIE BLAISE criou um dos modelos mais interessantes: uma bota construída com um cano circular em pele muito maleável que, calçada, cria um efeito de fole acompanhando a parte de trás da perna. Por fim, é ainda de referir JAIME HAYÓN, uma das estrelas do desig n d a a c t u a lid a d e e que joga em casa. E ste de s ig ne r espanhol, que se destacou por atribuir uma roupagem nova e contemporânea a o s m a t e ri a i s e às formas tradicionais do seu país, Marie está em Blaise perfeita simbiose com a CAMPER. As suas propostas de sapatos têm formas simples que vivem, no essencial, do efeito monocromático das cores fortes.
Romain Kremer
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camper Rua de Santa Justa, 85 Av. de Roma, 55 —Lisboa
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se refere à colaboração da belga VERONIQUE BRANQUINHO, co n h ecid a p ela s suas colecções minimais, é apresentada uma colecção de sapatos Jaime masculinos Hayon m u i t o elegantes que vivem de pequenos detalhes. Este ano junta-se ao leque de convidados ROMAIN KREMER, um novo talento da moda que ganhou uma edição do festival Hyères e trabalha para a CHRISTIAN DIOR HOMME. Este criador apresenta um conjunto de modelos unissexo que são uma visão d o c a lç a d o do futuro, feitos à Bernhard
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carla carbone
B E R B E R SOEPBOER d e s e n h a essencialmente ro u pa . Colou r in dress é o seu trabalho m ais con hecido, u m vestido com um padrão geométrico que pode ser pintado com as cores que quisermos. Quem determina o jogo de cor é o utilizador. O designer fornece apenas o padrão. Colour in dress partiu de uma inspiração pelos têxteis da famosa fábrica PLOEG. O designer BERBER SOEPBOER, em parceria com o designer gráfico MICHIEL SCHUURMAN, criaram quatro vestidos que, quando usados, resultarão únicos. Isto faz-nos lembrar uma obra de ECO, Ópera Aperta, e a convicção de que o leitor é que completa a obra, reforçando a ideia relativista e quântica, sobejamente conhecida, de que toda a obra de arte é por si aberta e que não pode ser
interpretada só de uma m a n e i r a . E stamos aq ui a falar de projectos que são criados para possibilitarem várias interpretações, projectos que permitem a ambiguidade e a inconstância no processo criativo. Não existe apenas um modelo do mundo, mas vários. Este trabalho é um exercício de desestruturação salutar. A peça Colour in dress e os vigorosos círculos concêntricos que se espalham no tecido pretendem ilustrar as habituais motivações e intenções do designer: “Procuro desenhar vestuário que possa ser usado de diferentes maneiras, por forma a que o utilizador faça as suas próprias escolhas. A vida baseia-se em expectativas, escolhas e desejos. Quando ainda alguma coisa é possível, o mundo torna-se num lugar incrível”.
t i n d e r ro ck s www.lojatrox.com t— cláudia gavinho
18 de novembro Pavilhão Atlântico, Lisboa t
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pedro lima
Os ARCADE FIRE, uma das bandas indie que mais marcou a última década , fazem finalmente a sua estreia ao vivo numa sala fechada. Depois dos memoráveis concertos no Festival Paredes de Coura (2005) e Super Bock Super Rock (2007), é a vez de assistir a uma grandiosa noite na maior sala portuguesa, o Pavilhão Atlântico, a dia 18 de Novembro. No palco, os protagonistas serão as músicas de THE SUBURBS , o terceiro álbum da banda ca n a dia n a in s pira do n a infância dos irmãos Butler nos subúrbios de Houston.
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Com sorte, ainda haverá espaço para ouvir alguns êxitos dos aclamados FUNERAL e NEON BIBLE . O colectivo de No Cars Go, liderado por WIN BUTLER, é conhecido pelas suas apresentações ao vivo que com bina m u m a ex ten sa orquestração de instrumentos co m o g u it a rra , bateria , baixo, piano, violino, viola, violoncelo, xilofone, teclados, acordeão e harpa. O concerto poderá não ser tocado numa igreja como no anterior NEON BIBLE mas será, certamente, um momento a não perder.
Para os que procuravam e não encontravam: a T-ROX é uma nova loja online que vende t- shirts , roupa e acessórios com referências mais ou menos óbvias ao universo da música. Além das clássicas t-shirts de bandas (sobretudo da linha AM P LI FI E D, u m a m a rca inglesa que gente famosa como DAVID BECKHAM gosta de usar e que faz t-shirts de músicos tão diferentes como ROLLING STONES, LADY GAGA , STONE ROSES e RUN DMC, entre outros) há peças alusivas a géneros (do rock ao hip hop, passando pelo disco, o reggae, a soul e o funk), com referências a editoras, a estéticas e a sensibilidades musicais. As compras são feitas através do site da T-ROX e os envios são gratuitos. Assim é mais fácil vestir-se o que se ouve.
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27 de outubro Coliseu do Porto 28 de outubro Coliseu de Lisboa t
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pedro lima
Os TINDERSTICKS vão voltar a fazer as delícias do público português em dois concertos imperdíveis. A banda de Nottingham, que se tornou um fenómeno de culto em Portugal desde o primeiro álbum homónimo (1993), vai agora apresentar o último registo de originais, FALLING DOWN A MOUNTAIN (2010), que contou com a colaboração da mítica MARY MARGARET O'HARA. Espera-se o habitual ambiente melancólico e delicado das canções do inconfu n dível STUART STAPLES e a sua voz capaz de transformar miséria em beleza arrepiante. Ao oitavo disco de originais o trio britânico leva o seu som para uma direcção mais jazzística. No entanto, a alma que apaixonou os portugueses continua lá, o carisma de STAPLES, a música de deitar na almofada e chorar pela noite dentro. Em Outubro, sobem ao palco dos coliseus para dois concertos que não vão deixar ninguém indiferente.
A CAT apresenta uma colecção excepcional para esta estação e o grande destaque são as novas botas. Pegando num dos seus maiores ícones, criaram para as mulheres a MOODY, um modelo mais leve, flexível e ergonómico do que o original. Para eles, a CAT não poderia deixar de relançar os modelos clássicos (como as COLOR ADO e as EVOLVE), também com novos detalhes, cores e acabamentos surpreendentes, em materiais como a camurça, a lona axadrezada, a lã e o pelo de carneiro. A grande aposta desta estação são as botas em pele com sola de borracha, combinando na perfeição com uns jeans justos para um estilo rocker, militar ou motoqueiro. www.catfootwear.com t— cláudia gavinho
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Os pássaros serviram de inspiração para a última colecção de um reputado chapeleiro que se tem imposto no panorama internacional. C H R I S TO P H E CO P P E N S não é propriamente um desconhecido, é o verdadeiro homem moderno cheio de aptidões e com actividades em várias frentes. Nasceu em 1969 e iniciou a sua actividade profissional como actor mas seria como figurinista no teatro que viria a desenvolver a sua criatividade, numa área onde praticamente podia fazer tudo, desde as roupas, aos adereços, passando pelo décor. O salto para o mundo da moda começa quando passa a desenhar chapéus para YOHJI YAMAMOTO e GUY LAROCHE. Hoje tem uma colecção própria e a família real belga conta-se entre os seus clientes. Para além dos chapéus, apresenta duas colecções por ano de homem e mulher.A colecção Birdwoman e Birdman inclui chapéus, caps, bonés, lenços e luvas.
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christophecoppens.com t— maria são miguel
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www.sisley.com — Margaria Brito Paes
A SISLEY lançou um desfio a 17 artistas propondo‑lhes a execução de pinturas sobre um casaco de cabedal típico de motard, um modelo criado para esta estação. A pintura sobre cabedal era um símbolo de rebeldia e uma prática recorrente entre as grandes estrelas de música rock, apreciada por ANDY WARHOL, que coleccionou blusões pintados durante toda a sua vida. Agora que o museu que guarda a totalidade do espólio deste artista pop comemora 15 anos, a SISLEY juntou-se às comemorações com esta iniciativa. Os casacos encontram-se actualmente no Andy Warhol Museum e, no início de Novembro, serão leiloados e os lucros doados ao museu.
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w w r g w . i t s w e b . o Qualquer jovem estudante de moda com mínimo de ambição gostaria de passar p e l o I N T E R N AT I O N A L TA LE NT S U P O R T (IT S), até como afirmação do seu talento pois estaria a concorrer, a nível mundial, com recém-graduados das mais prestigiadas escolas. Depois de se ter chegado a anunciar o fim do concurso, o ITS voltou a surpreender nesta nona edição e reuniu um júri de excelência composto por nomes como VIKTOR & ROLF, SARA MAINO (editora de moda da Vogue Itália) e
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NINA NITSCHE (da MAISON MARTIN MARGIELA), entre outros. O vencedor do prémio Fashion Collection of the Year seria TAKASHI NISHIYAMA, da Coconogacco (Japão) cabendo, no entanto, o Diesel Award (o prémio mais elevado, de 50 mil euros) ao alemão MICHAEL KAMPE, da Hogeschool Antwerpen. Para além do prémio, KAMPE terá a oportunidade de desenhar uma colecção cápsula difundida pelas principais lojas da Diesel.
Ao contrário dos outros anos, em que eram apenas apresentadas as colecções em concurso, esta edição teve uma vertente revisionista e recebeu alguns dos vencedores das edições a nteriores . Por tudo isso, esta edição foi marcada por um ambiente de balanço que antecede o espírito que, provavelmente, vai prevalecer para o ano quando o ITS cumprir uma década . Segundo dados recentes, disponibilizados pelo ITS, passaram por ali re p res e n t a çõ es d e 8 8 0 escolas , cerca de 7300
portfolios de mais de 80 países, mais de 340 finalistas apoiados ao longo das suas carreiras, 651 jornalistas de 35 países representando 624 revistas, mais de 1750 artigos produzidos e 43 transmissões televisivas em 65 países. O ITS apoia ainda oportunidades de trabalho p r ovi d a s p o r e m p r e s a s como JOH N GALLIANO, CHRISTIAN DIOR, ANTONIO MARRAS, ROBERTO CAVALLI, VIVIENNE WESTWOOD e ALEXANDER MCQUEEN.
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Foi no dia 16 de Setembro que Lisboa conheceu a loja exclusiva da FLY LONDON. Uma loja com muito mais para oferecer do que apenas calçado já que a marca, nascida em 1994 com vista aos mercados internacionais, aposta não apenas em sapatos mas também em roupa e
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acessórios. Mas as novidades não se ficam por aqui. A loja foi concebida de forma totalmente inovadora em colaboração com a Creative Systems, o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores do Porto, o Centro Tecnológico do Calçado de Portugal e a WOW. O resultado é um espaço absolutamente inovador, à frente do nosso tempo. Começamos pela montra, onde é exibida uma mosca esvoaçante (o logotipo da marca) que interage com o publico ao contar-lhe a história
n da FLY e da nova colecção. No interior, todos os artigos têm etiquetas RFID (Identificação por Rádio Frequência) nas quais é armazenada toda a informação sobre os mesmos. E se tudo isto já lhe parece impressionante, espere só até calçar um par de sapatos e caminhar sobre a passadeira amarela! O que acontece? Bem, o que acontece é que é transportado para as cidades mais fashion do mundo através de uma projecção na parede. A luz, bem como toda a decoração, foi pensada
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margarida brito paes
d especificamente para aquele espaço, sem que nenhum detalhe tenha sido deixado para trás pelo Atelier AFDF, responsável pelo projecto. É, sem dúvida, uma das flagships stores mais inovadoras da capital e por isso não pode mesmo deixar de a visitar. Don`t walk, fly… to the store!
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www.fredperry.com t— maria são miguel
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A FRED PERRY continua a propor-nos linhas que compõem um look formal e clássico inspirado nos anos 70 e nas suas contraculturas, em grande parte relacionadas com movimentos musicais. Neste Inverno predominam as linhas ajustadas e a atenção ao detalhe. Os colarinhos são mais curtos, as gravatas ainda mais estreitas e as calças justas são conjugadas com cardigans ou parkas.
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Relativamente aos polos, as edições especiais aparecem co m i m p r e s s õ e s (co m o pequenas bolas ou micro padrões). Outros acessórios necessários para um look total são os suspensórios com detalhes em couro e elásticos com tiras de cor, chapéus com abas curtas e sapatos de atacadores em camurça, com sola vulcanizada e rebordo baixo.
d www.levis.com t— ana canadas A procura de um par de jeans que assente na perfeição foi, para a maioria das mulheres, até hoje utópica. Largas na cintura quando assentam na anca, tecido a mais em locais indevidos, apertadas nas pernas, folgadas nos joelhos… Devido a estes factores e à necessidade que todas temos de um básico perfeito no nosso guarda-roupa, a LEVI’S criou o CURVE ID. Após uma análise exaustiva em 3D do corpo de 60 mil mulheres, foi possível determinar que nos encaixamos essencialmente em três fits: Slight Curve, para mulheres com poucas curvas que as acentuam dando ênfase à cintura; Demi Cur ve, para quem tem curvas mais definidas marcando a sua forma; e Bold Curve, para mulheres com curvas pronunciadas, adaptando-se às mesmas sem que exista excesso de tecido da anca para a cintura. Para saberem qual o vosso fit basta dirigirem-se a uma loja da LEVI’S e pedirem para serem medidas. São feitas três
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g medições para determinar em que fit se encaixam: cintura, parte superior da anca e a zona mais larga da anca. Depois é só escolher entre os diferentes cortes e lavagens que a marca apresenta, em 14 tons e três cortes (skinny, straight e bootcut). Para o lançamento desta campanha a LEVI’S contou com o apoio do fotógrafo PETER LINDBERGH e com as “embaixadoras” LYKKE LI, PIXIE GELDOF, VIOLET e MISS NINE.
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www.uggaustralia.com t— margarida brito paes As míticas e autênticas UGG Austrália dão os primeiros passos no mercado português depois de terem conquistado o mundo e de terem entrado na catwalk pela mão de alguns criadores de moda. Apesar de todo este sucesso, as UGG tiveram um início modesto. Começaram por ser uns sapatos confortáveis feitos em pele de carneiro, inspirados em modelos tradicionais e adoptados pelos surfistas australianos mas que se
tornariam muito populares na Califórnia. A partir desta base, a marca UGG soube criar novas linhas mais sofisticadas e chegar a outros públicos, tendo hoje a uma colecção muito extensa. A marca continua a respeitar ainda as suas origens e faz questão de produzir o seu calçado com produtos naturais, sempre pensado para proporcionar conforto e, ainda assim, ser trendy.
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www.melissa.com t— maria são miguel ALEXANDRE HERCHCOVITCH é, incontestavelmente, o g ra n d e d e s i g n e r d e moda brasileiro que maior ressonância tem fora das suas fronteiras. Foi também um dos primeiros criadores a estabelecer uma parceria com a MELISSA quando esta se lançou na aventura de encetar colaborações com designers de renome como VIVIENNE WESTWOOD, JEAN PAUL GAULTIER ou KARIM R ASHID. Nesta estação, HERCHCOVITCH apresenta três propostas. A primeira é a MELISSA TROUPE , um modelo completamente novo que mistura o universo masculino e feminino, propondo um clássico Oxford com salto alto em cunha. Trouxe também novas cores e texturas ao já conhecido modelo JOY, com uma releitura feminina de um sapato masculino Oxford. E criou ainda uma n ova rou pag em pa ra o MELISSA ULTRAGIRL , que aparece com um padrão de tapete persa e nuances psicadélicas típicas da nossa cultura digital. Três modelos díspares que calçaram todas as modelos no último desfile de Herchcovitch.
w a l e x i andr e n g www.hacket.co.uk t— maria são miguel Em termos de acessórios para homem, umas das tendências mais fortes desta estação são as malas de mão para um jovem amadurecido cansado de andar com sacos às costas. A HACKETT LONDON faz algumas das propostas mais interessantes, especialmente no que se refere aos modelos com bolsos laterais a recriar as pastas de um profissional dos anos cinquenta.
www.converse.com t— maria são miguel D e p o i s d o s u ce s s o d a primeira colaboração entre a CONVERSE e a MISSONI na Primavera passada (em que a casa italiana apresentou duas versões do icónico modelo CHUCK HI, revisitado com os padrões espinhados, característicos da marca), a parceria repete-se nesta estação e ainda com maior sucesso. Desta vez, o traçado de linhas coloridas dá lugar aos cinzentos e aos pretos avivados, com aplicações de couro alaranjado.
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www.prada.com t— maria são miguel A acompanhar o mood das colecções da estação, a PRADA lançou uns novos óculos, com linhas simples, i n s pi ra d os n os a n os cinquenta. Mais uma vez, MIUCCIA PRADA volta a fazer pontes entre diferentes universos. Por um lado, faz referência ao jazz r e f e ri n d o ‑ s e a o swing (o balançar das notas dos instrumentistas faz lem bra r as formas onduladas d e s t e s ó cu l o s) e, por outro, procura associar este universo ao da era do ouro dos comics americanos. Para frisar este aspecto, foi lançado um concurso para banda desenhada no qual é pedido que a heroína apareça em algum momento com uns óculos de sol PRADA SWING . Para captar todo esse universo lânguido e intemporal, não podia faltar a luz terna da fotografia de STEVEN MEISEL, que assina a campanha publicitária.
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www.breitling.com t— maria são miguel A BREITLING propõe uma série limitada de 1000 exemplares do seu novo instrumento para pilotos, o CHRONOSPACE , dedicado à Breitling Jet Team , a única patrulha civil do mundo a voar em jactos. O mostrador prateado contém o novo logotipo da patrulha e um avião que representa um dos sete jactos L-39 Albatros que a compõem. O n ovo CH RON OS PACE vem com um cronógrafo de 1/100 de segundo com tempos intermédios, alarme d e s p e r t a d o r, co n t a g e m decrescente, um segundo fuso horário com alarme independente e hora universal UTC. É accionado pelo movimento Breitling SuperQuartz™, um cronómetro certificado dez vezes mais preciso que o quartzo normal. A bracelete em aço acetinado trançado reforça o carácter inédito deste robusto, eficaz e preciso instrumento de pulso.
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www.swatch.pt — maria são miguel
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A conhecida marca suíça de relógios e de bijuteria SWATCH acaba de lançar a NEW GENT, uma colecção composta por dez relógios em cores discretas para o Inverno. Inspirados no modelo original GENT, vêm com o mostrador ligeiramente maior para atingir igualmente o público masculino, um calendário e uma bracelete em silicone de acabamento mate. Os novos modelos estão disponíveis em dez cores diferentes, para um estilo audaz e desportivo.
y x a l a ta b g www.galaxytab.samsungmobile .com t— margarida brito paes
O SAMSUNG GALAXY TAB chega ao mercado português este mês e é um sério candidato a competir com o iPad da APPLE. O tablet da SAMSUNG suporta Flash, permite fazer vídeo ‑ chamadas e inclui aplicações de realidade aumentada, ao contrário do iPad . O Galaxy Tab tem um processador de 1 Ghz, ecrã táctil de 7 polegadas, vem equipado com o sistema
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operativo Android 2.2 , pesa apenas 380 gramas, suporta WiFi e Bluetooth 3.0, tem uma câmara frontal para vídeo‑chamadas e outra na parte traseira para captar imagens que, posteriormente, podem ser editadas no tablet. Este multifunções da SAMSUNG inclui ainda o Readers Hub, aplicação que dá acesso a 2 milhões de ebooks. PVP ¤300
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www.nokia.com t— HF O NOKIA C7 promete não passar despercebido. É um telemóvel bonito e elegante com apenas um centímetro de espessura, ecrã amoled de 3.5 polegadas e 8GB de memória interna, com a possibilidade de ser aumentada através de um cartão micro SD. O sistema operativo é o Symbian 3 . O novo telemóvel da NOKIA traz uma câmara de 8 megapixels com focagem fixa, duplo flash LED e consegue gravar vídeos em alta definição. É uma máquina completa e cheia de soluções de conectividade como a ligação Bluetooth 3.0 com A2DP, ligação 3G HSDPA, Wi-Fi e ligação micro USB para ligar ao computador. Chega ao mercado antes do final do ano, muito a tempo de fazer parte das listas de pedidos ao Pai Natal.
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O novo perfume LOVE da CHLOÉ é uma celebração da elegância e do bom gosto. O bouquet composto por flor de laranjeira, pimenta rosa, lírio, lilás, jacinto, glicínia, heliotropina e almíscares empoados entrelaçam-se num tributo à beleza e à feminilidade. O resultado é um aroma leve e poético que cai na pele como um pó de talco ou um pó de arroz. Por fora, o frasco de vidro embutido em metal e a delicada corrente dourada que fecha a tampa deixam antever o requinte da criação desta casa francesa.
CAROLINA HERRERA acaba de lançar uma outra versão de 212 . A nova fragrância i n s p i ra ‑ s e n o s c í r c u l o s sociais restritos de Nova Iorque e frases como “Está na lista?” ou “Esta é uma festa privada” fazem parte da campanha publicitária, enfatizando a exclusividade do perfume. O frasco dourado é uma verdadeira peça de luxo que guarda a criação de Alberto Morillas, o conceituado perfumista que antes trabalhou com Carolina Herrera noutras fragrâncias.
Chloé Love
Carolina Herrera 212 VIP
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Eau poudrée, 50ml.
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Eau de parfum, 50ml. €65,40
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cláudia gavinho
KENZO criou a sua primeira fragrância há vinte anos. O perfume que representava um bambu azul foi uma autêntica revolução olfactiva. Este ano, o clássico KENZO HOMME surge com um novo aroma amadeirado, uma composição exaltada pela menta fresca e folhas de manjericão, pelo espírito vibrante da pimenta preta de Madagáscar e do alecrim da Tunísia e, na base, pelas essências amadeiradas do cedro e do vetiver, a quinta‑essência da masculinidade. O novo bambu tem agora a cor da madeira e folhas gravadas no frasco.
Um dos mais influentes e carismáticos criadores da sua geração, MARC JACOBS, acaba de lançar a sua mais recente fragrância e a sua primeira fragrância masculina em quase uma década. BANG permite todo o tipo de interpretações. As notas são apimentadas, amadeiradas e vigorosas . O espírito irreverente e ousado está presente tanto na composição do perfume como nas formas do frasco, em prata e negro, desenhado por HARRY ALLEN em conjunto com o criador para representar a força de um impacto.
Kenzo Homme Amadeirado
Marc Jacobs Bang
Eau de toilette, 50ml. €48,90
Eau de toilette vaporisateur, 50ml. €61,00
Camper
Ray-Ban
Miu Miu
Balenciaga
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Gianfranco Ferrer
Cohibas
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Armani
Lacoste
Repetto
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Ray-Ban
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John Richmond
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El Caballo
D&G Madonna
Missioni
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Mango
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Patrizia Pepe
Malena Birger
Geox
Merrell
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Business Casual marcou o regresso da dupla judaico/ árabe com mais sucesso desde o início da Humanidade. O álbum sucessor de She’s in Control (2004) e Fancy Fo ot wo r k (2 0 07 ) vo l t a a apostar na sonoridade saturada de soul cafona e electro-funk descontraído de DAV E 1 ( DAV I D MACKLOVITCH) e P-THUGG (PATRICK GEMAYEL). Um divertido híbrido entre RICK JAMES e HALL & OATES que assinala o jogo de ancas único da banda. Há, no entanto, algo que distingue este álbum dos anteriores. Misturado por PHILLIPE ZDAR, responsável pelo aclamado álbum de estreia dos franceses PHOENIX, este registo dá um passo em frente no percurso do duo, que explora agora num território mais profundo e reflexivo com uma produção sofisticada. M as volta ndo ao a mor. Estes rapazes adoram estar apaixonados. E isso vê-se na forma como cantam sobre paixões arrebatadoras e lamentos de relações que deram para o torto, sobre romance e desentendimentos, mulheres, sexo e todo esse jazz. E fazem-no melhor que nunca com o seu toque retro -futurista sensual, numa combinação explosiva de ritmos 80’s, disco, R&B e power-pop habitado por texturas de synths musculados, teclados aracnídeos que nos trepam pelas pernas e solos de guitarra que transpiram testosterona. Os primeiros vislumbres de Business Casual chegaram sob a forma do electro-groove de guitarra feroz em Night by Night , onde DAVE 1 propõe sexo como a derradeira solução para resolver os problemas conjugais, e o actual single Don’t Turn The Lights On , tema emotivo cantado em voz de crooner sedutor e uma cadência funk capaz de provocar o suspiro. Mas há muitas mais razões para celebrar este álbum: o tempestivo dueto electro-boogie Hot Mess ; o disco reluzente When The Night Falls , com SOLANGE KNOWLES, a irmã de BEYONCÉ, a emprestar a voz a um refrão orelhudo que convida a acompanhar. Há ainda a essência delicodoce de Don’t Walk Away, um desesperado lamento que ganha dimensão através de uma orquestra de violinos sonhadores; You Make It Rough , ca nção
037 – chromeo
As canções de amor já não são o que eram. Claro que irá sempre haver espaço para Serge Gainsbourg ou J acques Brel mas hoje, muito graças aos Chromeo, o amor passou a cantar‑se em rimas funk e baladas electrónicas . Os CHROMEO são romeus e são robôs . Business Casual é a sua serenata para 2020.
electro‑confiante que cruza teclados vintage, badalos, buzinas de carros e vocoders ao longo de 7 minutos de pura extravagância instrumental; e a favorita da dupla, J’ai Claqué La Porte , em bom estilo de chanson française, ou não fossem estes dois uns românticos inveterados. Aos que comprarem o disco digital, existe ainda um bónus extra: um magnífico dueto com EZRA KOENIG, vocalista dos VAMPIRE WEEKEND, na canção I Could Be Wrong que vale bem a pena. No geral, Business Casual comprova que os CHROMEO não se esgotaram em r ev i v a l i s m o s b a f i e n t o s , não aborrecem e ainda são capazes de fazer dançar muita gente, dos putos indie aos fãs de dance music, nesta cruzada electro-funk. A banda prepara-se para iniciar a tour europeia em Novembro. Resta-nos esperar que passem por cá. Até lá, vamos continuar a ensaiar os nossos passos de dança com os CHROMEO no volume máximo do iPod.
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t pedro lima {www.stereobeatbox.com}
038 – Soundstation
Recentemente, Lisboa foi considerada uma cidade melhor para viver do que Nova Iorque. Impensável até há uns anos mas não em 2010, ano em que ANDREW BIRD decide adoptar a capital portuguesa como a sua casa durante um mês. Ou em que PANDA BEAR, natural de Baltimore e morador no Bairro Alto, dedica uma canção ao seu adorado Benfica, apesar de vir de um país em que o futebol é tão significativo para o desporto quanto o baseball em Portugal. Ou, mais importante ainda, o ano em que os THE WALKMEN decidem homenagear uma cidade, onde apenas estiveram duas vezes, com o título de um álbum, entretanto editado. E isto é mais significativo do que os habituais elogios feitos pelos músicos em palco às cidades em que se encontram. Quantas vezes um «este foi o melhor concerto da digressão» não soou circunstancial e oportunista? Mais do que os nomes , importa reflectir sobre uma Lisboa que, longe de ser uma grande metrópole, oferece hoje uma diversidade cultural incomparável com a de há uma década. Se recuarmos dez anos, precisamente, encontramos um tributo muito semelhante protagonizado pelos THIEVERY CORPORATION que, a propósito das suas milhentas visitas a Lisboa no tempo em que a electrónica downtempo ainda dominava o mapa auditivo cool, escreveram uma canção chamada Barrio Alto. Assim mesmo, com um erro ortográfico. Nada que se compare ao panorama do hoje e agora em que um artista com a importância de um ANDREW BIRD decide residir em Lisboa por algumas semanas, tendo como ponto de partida um concerto na Aula Magna. E a atracção exercida por Lisboa nem sequer está na luz —costuma ser o motivo da paixão de muitos cineastas— ou no encadeamento formado por gastronomia , noite, álcool e sexo. Conforme o próprio revelou, o convite para que a passagem por Lisboa se prolongasse além de um concerto partiu do eurodeputado do B loco de Esquerda e amigo, RUI TAVAR ES . A s conversas mantidas entre ANDREW BIRD e alguns fãs, após as suas anteriores passagens, juntaram a fome à vontade de comer.
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A capital portuguesa está na moda e não são apenas os guias de cidades a reconhecê‑lo. Andrew Bird, T H E WA L K M E N e PANDA BEAR prestam também um tributo , cada um à sua maneira, à cidade.
Quando os THE WALKMEN se estrearem no Coliseu dos Recreios, a 14 de Novembro, é muito provável que a paixão assumida por Lisboa, retratada no título do novo álbum Lisbon , sofra um reforço. Ainda antes de o disco ter saído, o que aconteceu em Setembro, o vocalista HA M I LTO N LE ITHAU S E R explicou ao NPR Music as razões deste amor: «Estivemos duas vezes em Lisboa durante o tempo em que este disco foi escrito», começou por dizer. «Nunca lá tínhamos estado e ficámos impressionados com a cidade». De Lisboa, o músico recorda a «arquitectura e a topografia». Ao contrário da grande maioria dos turistas que escolhe Portugal com o clima em mente, LEITHAUSER lembrou também dias intermináveis de chuva para concluir que «foi uma viagem que valeu por muitas outras». Por todas estas razões , Lisboa é uma «espécie de agradecimento, um pequeno tributo». Ligeiramente diferente é o caso de PANDA BEAR, casado com uma portuguesa e morador no Bairro Alto, apesar do tempo passado fora de Portugal em digressão com os ANIMAL COLLECTIVE. A relação com o Benfica remonta a 2004, ano em que se mudou para Lisboa vindo de Baltimore. A vitória da equipa da Luz sobre um Porto então treinado por Mourinho, numa final da Taça de Portugal, foi suficiente para tornar NOAH LENNOX num adepto invulgar. A canção homónima do clube faz parte do novo álbum, Tomboy, com apresentação marcada para o Barreiro a 9 de Outubro, no âmbito da programação do Out.Fest.
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Davide Pinheiro
040 – Soundstation
Numa era de gestos essencialmente calculados em que se gravam álbuns para encaixar em esquemas de digressão global, em que os singles têm que ter carimbo de aprovação do produtor do momento para não se afundarem no mar do iTunes, gestos como o que SEU JORGE protagoniza agora com o projecto ALMAZ são profundamente refrescantes. Por serem contrários à norma mas, e sobretudo, por serem sintomas de um espírito celebratório que centra na música —e não em todo o resto que gira à sua volta— o seu impulso primário. Aviso rápido a quem lê estas linhas: apesar de já ter garantido lugar na minha lista de discos do ano, o álbum Seu Jorge And Almaz não é nenhuma obra-prima, nem poderia ser. É, isso sim, disco de uma qualidade rara nos dias que correm, nascido de genuíno entusiasmo e n ão d e p rem edita d a gestão de carreira. SEU JORGE e ANTÓNIO PINTO (compositor que trabalhou na banda sonora de Cidade de Deus , por exemplo) mais PUPILO e LÚCIO MAIA (respectivamente, baterista e guitarrista da lendária NAÇÃO ZUMBI) juntaram-se de forma descontraída em estúdio para gravarem um tema para um filme de WALTER SALLES, o cineasta brasileiro que assinou The Motorcycle Diaries e que estreará uma adaptação do clássico da literatura beat On the Road em 2011. É interessante pensar que terá sido para trabalhar num tema de ilustração da viagem imaginada por JACK KEROUAC que SEU JORGE e os ALMAZ se juntaram. É que há muito do sentido de descoberta explorado por KEROUAC na música que estes brasileiros agora editam através da excelente editora de EGON, a californiana Now Again (afiliada da Stones Throw), cada vez mais incontornável. A sessão original despoletada pelo convite de SALLES deve ter gerado uma energia especial porque JORGE, PUPILO, MAIA e PINTO não quiseram deixar de explorar o filão então descoberto, avançando sem grande planeamento para mais umas rápidas sessões sob a orientação do grande MÁRIO CALDATO, o homem que definiu o som dos BEASTIE BOYS no período que se seguiu aos DUST BROTHERS (basicamente produzindo‑lhes a discografia dos anos 90, de Check Your Head a Hello Nasty) e que, na última década, regressou ao seu Brasil natal
041 – seu jorge
SEU JORGE continua a surpreender : depois de BOWIE em português, eis KRAFTWERK, ROY AYERS e MICHAEL JACKSON passados pelo tradutor universal do groove de voca ç ão psicadélica .
(é nativo de São Paulo) onde tem produzido em quantidade e qualidade (trabalhou, por exemplo, com MARCELO D2). MARIO “C”, como também é conhecido, procurou para o álbum de SEU JORGE e ALMAZ um som directo, cru, mais interessado em capturar a energia em estado puro que se soltou das sessões do que propriamente em embelezar as interpretações de acordo com os cânones actuais das FMs. Como nos tempos do be bop (que é, aliás, o som que percorre as páginas originais de On The Road) SEU JORGE e os ALMAZ usaram co m p os içõ es exi ste n tes como base de comunicação. Neste caso, o que o vocalista e os músicos têm a dizer lê‑se essencialmente na forma como abordam JORGE BEN, TIM MAIA, KRAFTWERK, CAIN AND ABLE, ROY AYERS e MICHAEL JACKSON — percorrendo um longo caminho entre o Brasil, a América e a Europa— e não em palavras e melodias próprias. Porque o real valor de Seu Jorge and Almaz , o álbum, está no tal imediatismo mas, também, na fuga para a frente (ou para a retaguarda) em termos de som. Em entrevista ao site Mondomix, SEU JORGE declarava que o Brasil o vê como um cantor de samba e que este novo contexto lhe permite explorar «um som mais negro e psicadélico». Na mesma entrevista, o cantor refere que começar este projecto com covers é o mais acertado, porque a interpretação lhe permite uma maior liberdade, o que até pode parecer paradoxal, mas não deixa de fazer sentido. SEU JORGE, garante-se na página da Now Again, canta a verdade. E mesmo com a verdade alheia, é a sua voz que sobressai, cantor de corpo inteiro que é, capaz de inventar o seu próprio tempo rítmico, capaz de carregar na sua interpretação não apenas o código genético da composição original mas, também, a sua própria e funda marca. E assim é certo que SEU JORGE tem JORGE BEN e TIM MAIA na garganta, mas também MICHAEL JACKSON, a aura groovy de ROY AYERS ou o exotismo maquinal dos KRAFTWERK. E tudo isso torna-se presente numa música que vive de uma guitarra tropicalista de baile e numa secção rítmica que sabe os segredos que unem o funk às cadências particulares do Brasil. Se quero ver isto ao vivo? Pois claro… A 29 de Outubro, no Coliseu dos Recreios de Lisboa.
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Uma reflexão profunda sobre um tema universal
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Em vésperas de início de mais uma TRIENAL DE ARQUITECTURA , a PARQ esteve à conversa com J O S É M AT E U S , D irector Executivo do evento. A “festa da arquitectura” arranca a 14 de Outubro sob o tema: Falemos de C asas .
043 – josé mateus
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Javier Domenech
Que mais-valias traz a Trienal para Lisboa e que mais-valias podem dar os lisboetas à Trienal? A mais-valia que a Trienal traz é o facto de organizar uma reflexão séria, profunda e diversa sobre um tema fundamental para todos: as nossas casas. E, nesse sentido, trazemos projectos de elevadíssima qualidade, vindos de todo o mundo e que as pessoas vão ter oportunidade de conhecer. A mais-valia que os lisboetas podem dar à Trienal — e a si próprios — é irem às exposições, às conferências, lerem os nossos livros e participarem. A Trienal é uma “festa da arquitectura” dirigida a quem? A todos, sobretudo a um público genérico, mas com a profundidade necessária exigida por especialistas. Teremos serviços educativos destinados a todas as idades. Como esperam chegar ao público não-arquitecto? O tema da Trienal, Falemos de Casas, foi pensado também com esse objectivo porque todas as pessoas gostam de ver casas, de as visitar, de ter uma opinião sobre como deveriam ser. O concurso sobre uma casa‑tipo para famílias pobres de Luanda ou o concurso dirigido a estudantes universitários sobre a reabilitação da Cova da Moura são temas que suscitam um interesse natural. Mas é evidente que procuramos ser persuasivos no modo como as exposições estão pensadas. E, como referi antes, os serviços educativos vão desempenhar um papel importante a esse nível. De que forma vai ser abordado e discutido o tema do evento? Atr av é s de c o n c u r s o s, exposições, conferências, publicações e obras de arte concebidas para a Trienal. Posso dizer que temos uma exposição baseada nos concursos que já organizámos, que estará patente do Museu da Electricidade, e uma grande exposição no Museu Colecção Berardo. Além disso, teremos os catálogos da Trienal, cujos conteúdos vão bastante para lá do material das exposições. Numa perspectiva mais local, de referir a exposição que temos em parceria com a Câmara Municipal de Cascais, que estará patente no Centro Cultural de Cascais. E teremos aquilo a que chamamos “projectos associados”, eleitos entre aqueles que se candidataram a integrar a programação da Trienal.
A conferência internacional [in] ]out[ é um dos grandes chamarizes da Trienal. Porque não a deveríamos perder? Porque vão estar presentes alguns dos maiores pensadores do mundo que, de uma forma acutilante e inspiradora, vão produzir intervenções sobre os vários temas a debate. Tão cedo, não será fácil encontrar num evento em Portugal um conjunto tão alargado de pessoas capazes
Cartaz institucional da Trienal de Arquitectura de Lisboa
de mudar paradigmas e de transformar mentalidades. Na minha opinião, quem participar nesta conferência, se não estiver com os ouvidos ou a mente tapados, vai sair de lá uma outra pessoa. É isso que conto que aconteça comigo.
Arch de Triomphe For Personal Use, de Jimmie Durham, na exposição When Art Speaks Architecture, no Museu Nacional de Arte Contemporânea
Q u a l a i m p o r t â n ci a d a habitação e do habitar na história da arquitectura e no panorama da arquitectura contemporânea? A habitação esteve, não só, na origem do conceito de arquitectura — basta lem brarmo‑nos da cabana primitiva — como, também, ao longo da história e de forma muito clara no século XX. Foi a partir da concepção da casa que surgiram alguns dos ensaios mais extraordinários da arquitectura mundial. Há casos conhecidíssimos como a Falling Water de FRANK LLOYD WRIGHT, a Farnsworth de MIES VAN DER ROHE, a Villa Savoye ou as Unités d’Habitation de LE CORBUSIER. São projectos que, para além do carácter novo e
044 – Central Parq | Grande Entrevista
singular em termos objectuais, propõem novas possibilidades de habitar. Um exemplo mais recente e bastante radical é a casa em Bordéus de REM KOOLHAAS, desenhada para um cliente paraplégico. Com as novas possibilidades de aquisição de casa, sobretudo da população urbana, os projectos da primeira habitação ou da casa de férias são, em Portugal, os territórios mais acessíveis de trabalho e de investigação para os arquitectos. Um óptimo reflexo disso mesmo é a exposição que comissariámos para a Bienal de Veneza, No Place Like. Mas o habitar não se circunscreve naturalmente ao espaço doméstico. As pessoas vivem a maior parte do tempo na rua ou nos espaços de trabalho e isso também é habitar, o que estende a compreensão do termo às relações gregárias, aos espaços comunitários, às cidades. As pessoas habitam o mundo e a arquitectura reflecte essa enorme diversidade cultural. O concurso Projecto Cova da Moura lançou um repto aos estudantes de arquitectura e de arquitectura paisagista, questionando-os sobre como pode esta disciplina contribuir para melhorar as condições de vida daquele bairro. Para si, de que forma a arquitectura pode ter um papel social? A arquitectura tem por natureza um papel social porque é feita para as pessoas e, de preferência, com elas. A razão de ser da arquitectura é criar os espaços onde a vida se manifesta, seja numa perspectiva comunitária ou privada. As casas, os edifícios públicos, as ruas ou os parques são arquitectura. A arquitectura pode revelar possibilidades que respondam às formas mais diversas de exclusão social,
derivada da falta de recursos financeiros, de saúde, ou de outros fenómenos de exclusão. Seja através de intervenções c i r ú r g icas em b ai rr o s degradados ou históricos, seja através da concepção de casas fabricadas com meios ao alcance de todos. Foi isso que pedimos no concurso A House in Luanda: Pátio and Pavillion. Mas há outra forma de intervenção social que não é menos importante: a qualificação da arquitectura produzida. Qualificar pode elevar, não só, a paisagem das cidades mas, também, as referências culturais da população e o seu grau de exigência. A arquitectura pode transformar a percepção das pessoas sobre a realidade que as rodeia. Receberam 77 propostas. Que balanço retira das mesmas? O primeiro é que, contrariamente ao que muitas vezes ouço, a forma mais adequada de intervir neste bairro não passa por uma operação sistemática de demolições. Há muitas maneiras interessantíssimas — e adequadas do ponto de vista sociológico — de trabalhar a partir de e sobre o que está lá. Trata-se de uma realidade sócio-cultural que, para nós europeus, não é imediatamente compreensível. É u m bairro construíd o sobretudo por africanos, pelo que é necessária uma avaliação pluridisciplinar que vai muito para além da arquitectura em sentido estrito. Na essência, não se trata apenas de um trabalho sobre as casas ou as ruas daquelas pessoas mas de um trabalho sobre aquela comunidade, os seus hábitos, as suas relações, a sua cultura, o seu afecto pelo bairro que construíram. E sendo um trabalho muitíssimo complexo para estudantes, eles vieram provar a grande qualidade do ensino da arquitectura em Portugal. Parece-me que avançámos no que toca à avaliação destas questões e que a solução não passa pela simplista tabula rasa... A Trienal tem como objectivo intervir e melhorar a cidade? Um d os o bj e ctiv o s é, seguramente, ajudar as pessoas a compreenderem como se pode intervir e melhorar a cidade num contexto de diversidade ideológica. Aliás, esse foi um assunto central da Trienal em 2007, com o tema Vazios Urbanos.
One Man House IV, de Thomas Schütte, na exposição When Art Speaks Architecture, no Museu Nacional de Arte Contemporânea
Que outras zonas de Lisboa ou do país mereciam ser levadas a um concurso deste género? Felizmente por um lado, infelizmente por outro, há muitas. Há enormes problemas em todo o território nacional e tudo pode ser melhorado. Faz muita falta uma reflexão
sobre a rede de museus de Lisboa — já para não referir a rede nacional — que avalie os projectos museológicos, a qualidade dos acervos, os edifícios, as instalações e as possibilidades de fusão, extinção ou re-localização. Fala-se nisso há muitos anos e nenhum governo decide avançar com essa proposta. Por que razão, não sei. Seria uma forma de detectar os imensos
Brasil, projecto exposto em Let's Talk About Houses: Between North and South, no Museu Colecção Berardo
equívocos e desperdícios que existem e de colocar essa rede a funcionar com inteligência, tanto em espaços privados como públicos. Ao mesmo tempo, ajudaria a compreender as estratégias de gestão dos
Portugal, projecto exposto em Let's Talk About Houses: Between North and South, no Museu Colecção Berardo
museus, cuja realidade actual se caracteriza por uma escassez extrema de meios financeiros. Começo a pensar se será alguma entidade privada como a Trienal a avançar com um trabalho destes, eventualmente com a componente de concurso, o que não deixa de ser estranho... A baixa pombalina seria um programa de concurso demasiado complexo? Até hoje não vi nenhum concurso ou tema de arquitectura demasiado complexo. Seria, seguramente, muito estimulante e, admitindo a existência de razões para o organizar, se fosse internacional e bem divulgado, surgiriam mais de mil concorrentes de todo o mundo. Se levarmos em consideração que a Trienal, sendo uma estrutura pequena, organizou o concurso para a casa em Luanda — que era apenas um concurso de ideias — e recebeu 599 propostas admitidas a concurso, vindas dos cinco 045 – josé mateus
continentes, somos levados a crer que essa avalanche de concorrentes estaria garantida. E, com isso, teríamos uma grande diversidade e boas hipóteses de intervenção. Isso faz falta a Lisboa. Lembro-me de participar no concurso internacional para o plano de reformulação da área do parlamento alemão em Berlim — o Spreebogen — e de serem entregues mais de 700 projectos, sendo alguns de qualidade extraordinária. O que é que Lisboa, enquanto cidade e espaço urbano, tem de fascinante? O seu carácter si m ulta n ea m e nte planeado, medieval e caótico, cruzado com uma topografia ex pr essiva d as colinas e de um espelho de água fortíssimo. É uma cidade decadente e, ao mesmo tempo, em regeneração. É marcada pela sobreposição de imaginários de diferentes épocas e por acontecimentos dramáticos como guerras, revoluções, terramotos, reconstruções e pelo período dos descobrimentos. E n q u a n t o arquitecto como olha para Lisboa? Olho necessariamente de uma forma muito afectiva pois é a minha cidade, uma das mais belas do mundo. Mas é uma beleza que surge, como já referi, das suas próprias contradições e dos seus problemas. É uma cidade — costumo dizê-lo a amigos estrangeiros — perfeita para se viver, suficientemente cosmopolita e relativamente amável mesmo para quem, como eu, vai tendo trabalho fora do país. Houve uma altura da minha vida em que conseguia comer o pequeno-almoço e o jantar em casa e, pelo meio, dar uma aula
Suíça, projecto exposto em Let's Talk About Houses: Between North and South, no Museu Colecção Berardo
de quatro horas em Barcelona! Gostava que se solucionassem os problemas crónicos de a p r o p r ia çã o da f r e nte ribeirinha, da coroa interior,
e que se implementasse, à semelhança do que existe em países do norte da Europa, uma rede cruzada de eléctricos e metropolitano. Seria importante que os promotores imobiliários e os investidores privados fossem muito mais exigentes no momento de escolherem os arquitectos que lhes desenham os edifícios. Também seria desejável que a CML tivesse finalmente a coragem de avaliar
Países Nórdicos, projecto exposto em Let's Talk About Houses: Between North and South, no Museu Colecção Berardo
projectos numa perspectiva menos burocrática. Continua a prevalecer a aprovação do projecto medíocre mas que cumpre os regulamentos, dando origem a que projectos de valor cultural — e conheço diversos
www. trienaldelisboa. com Portugal, projecto exposto em Let's Talk About Houses: Between North and South, no Museu Colecção Berardo
casos — sejam chumbados porque põem em causa alguns regulamentos que considero obsoletos ou de validade questionável. O resultado desta cultura da burocracia está à vista de todos e, sobretudo, é lam entável a perda de inúmeras hipóteses de valoriza çã o d a cidade. Edifícios que dantes só víamos nos su b úr bios agora povoam a cidade, como é o caso do edifício do Monumental, que considero um crime cultural.
Exposições Let’s Talk About Houses: Between North and South Museu Colecção Berardo, Centro Cultural de Belém 14.OUT — 16.JAN Todos os dias das 10h — 19h Sáb: 10h — 22h
When Art Speaks Architecture Museu Nacional de Arte Contemporânea Rua Serpa Pinto, 4 15.OUT — 21.NOV 3ª — Dom: 10h — 18h
Concurso Cova da Moura Concurso Casa em Luanda: Pátio e Pavilhão Museu da Electricidade Edifício Central Tejo, Av. de Brasília 16.OUT — 16.JAN 3 — Dom: 10h — 18h
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«...possibilidade»
«...à sua maneira, excêntrico» Porque, afinal, tudo é perto, «existe t ranquilidade e beleza nos edifícios» e é uma cidade «misteriosa». São as características que MÓNICA FERRAZ reconhece na cidade do Porto — e, a partir deste momento, não precisamos de nenhum guia turístico para nos aventurarmos pela Invicta, está garantido. MÓNICA FERRAZ, 30 anos, música, vocalista dos MESA prestes a lançar Start Stop (o álbum de estreia em nome próprio, a sair em Outubro), sempre viveu no Porto e não trocaria a cidade por qualquer outra, Lisboa incluída. «Ao contrário de muitas outras, é tranquila e segura». Coisa que, por exemplo, «Barcelona não é», adverte. E é, ao mesmo tempo, uma cidade cheia de pontos de referência. «Se eu estiver sentada junto ao rio dá-me vontade de criar alguma coisa, de escrever uma letra. Ou até de conhecer as vidas das pessoas que estão à volta», diz, entre risos. É uma curiosidade nortenha que nunca é levada a extremos (ou, pelo menos, quase nunca).
«...esperança» RUI MAIA mudou-se para o centro da cidade há cerca de um ano. Antes, vivia na Maia e era, então, «o Rui Maia da Maia». Hoje, Maia só no nome até porque já «é possível ter uma boa qualidade de vida no centro da cidade, posso deslocar-me para todo o lado de transportes públicos», refere. RUI MAIA, 30 anos, elemento dos X-WIFE apostado em internacionalizar o seu nome enquanto produtor de música de dança, diz que o seu trabalho pode ser feito em qualquer cidade já que é «um trabalho muito solitário, feito por partes, quase como num laboratório». Mas, neste momento, o Porto é a cidade ideal para criar e «só um motivo muito forte me levaria a sair de cá», atira. Por enquanto, a cidade continuará a contar com ele, homem das pistas de dança, com novidades lançadas até final do ano. «Uma a ser lançada na Gomma Records e outra na Hands of Time, a editora do SOCIAL DISCO CLUB de HUMBERTO MATIAS. Há um grupo de pessoas interessantes a lançar música de dança por esta editora», revela.
047 – made in (o)porto
Quem vive no Porto durante um tempo (por mais pequeno que seja esse período) nunca mais esquece a cidade. E este parece ser o sentimento de LUÍS ARAÚJO, 27 anos, actor regular nas peças do Teatro Nacional São João (e nunca esqueceremos FERNANDO PESSOA à la LUÍS ARAÚJO) já que, admite, «tenho vindo a r e a p a ixo n a r - m e p e l a cidade. Quanto mais tempo passo cá menos me apetece sair. De há dois anos para cá a cidade tem ganho uma vida brutal». Culturalmente. Criativamente. «Esta é uma cidade com imensa margem de progressão. Antigamente os meus amigos tinham que sair, muitas vezes para Lisboa. Hoje vejo as pessoas a fixarem-se cá», esclarece. Luís começou no teatro em 2000 quando entrou na Academia «para fugir à matemática» — e ninguém podia imaginar que a matemática fosse a responsável por um dos melhores actores da sua (ainda jovem) geração. Hoje, dez anos depois, é um dos actores de A Gaivota, de TCHÉKOV, que chega a Lisboa no final de Outubro. Recusa fazer televisão porque pode. Arrisca a encenação em breve, numa peça para o actor/ encenador NUNO CARDOSO. E gostamos que ele goste do Porto. Gostamos que ele goste de não sair do Porto.
«...contraste» Normal é vermos um fluxo de pessoas do Porto para Lisboa (que tem vindo a decrescer a olhos vistos). De vez em quando há quem troque Lisboa pelo Porto (coisa rara, mas ainda possível). Mais estranho é ver alguém trocar o Algarve pelo Porto. Mas foi o que aconteceu com ANA LUENA, figurinista/encenadora de 36 anos, que trocou aos 18 anos o Algarve pelo Porto. Palavra a Luena: «Fiquei fascinada com a cidade quando a conheci. Mudou muito ao longo dos anos. Na altura tinha algumas dúvidas. Hoje, acho que o Porto tem imenso potencial humano que se reflecte numa grande criatividade e numa linguagem artística muito própria». No entanto, esbarra, muitas vezes, na falta de projecção. O Teatro Bruto é a sua face mais visível, «uma companhia que surgiu em 1995», com um trabalho coerente ao longo dos anos. Em breve encenará um concerto baseado em Frankenstein, Still Frank, que estará cena em Dezembro no Teatro Carlos Alberto.
Eles não cedem a uma troca de cidade com a facilidade de quem compra um produto em qualquer supermercado. Não olham para a capital como o único local onde vão conseguir encontrar o que querem. Olham para o Porto com vontade de viver a cidade. De criar na cidade. De colocar a cidade no mapa. R eunimos seis criadores que, a partir do Porto, formam objectos que os mostram ao mundo. Sem virar costas ao Porto. Até porque, para eles, «o Porto é...
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pág. 46: Mónica Ferraz (vocalista dos Mesa) e Rui Maia (membro dos X-Wife e produtor de música)
«...identidade» Já o confundiram e pensaram que não era do Porto — mesmo sem saberem da sua ascedência espanhola. Não raras vezes se sente desconfortável com a cidade, «principalmente no dia seguinte à chegada de uma qualquer viagem». Mas para RICARDO ANDREZ, designer de moda, 30 anos, o Porto é mais uma do que cidade. É «um abrigo». Uma cidade estimulante onde as suas ideias se inspiram e ganham forma através das roupas assexuadas que faz. Quando pensa numa colecção não se fixa numa pessoa, num público-alvo ou num sexo porque, admite,
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pág.48: Benedita Feijó (designer gráfica) e Ricardo Andrez (designer de moda)
o limita e «condiciona na execução da mesma». Está prestes a apresentar a nova colecção na nova edição da ModaLisboa, uma colecção inspirada «nos gurus das seitas religiosa», olhadas «muito pelo lado sexual». Uma colecção sportswear com um «lado luxuoso muito marcado». Moda para pessoas. Porque as pessoas são a marca das suas ideias.
«...fantástico» BENEDITA FEIJÓ é um dos nomes mais internacionais do design gráfico, da ilustração e do design de produto. Do Porto para o mundo. Com 32 anos, tem a Interact Creative (com
pág.49: Ana Luena (encenadora) e Luís Araújo (actor)
MICHAEL ANDERSON), uma marca importante no sector que tem feito campanhas para «a Absolut, a Compal, a Soares da Costa e a Nike». Apostada em dinamizar o design de produto nacional arrisca agora em produtos cem por cento portugueses, «produtos inovadores que lançaremos no mercado em breve». O gosto por estas artes surgiu cedo, quando esta temática estava ainda «pouco desenvolvida e explicada em Portugal». Hoje, sente que o design tem «outra visibilidade» e, para isso, acrescentamos nós, muito contribuiu o seu trabalho ao longo dos anos. Se um dia destes vir material Ambar com um design arrojado, não
se assuste: a Interact Creative está a trabalhar uma linha nova para esta marca. Para todos ficarem ainda mais bonitos, numa cidade que está cheia de «pessoas genuínas», revela. Afinal, o Porto ainda consegue ser original, confiamos nós.
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ma r o f o a art e assume um a nova
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p o l y p 050 – Central Parq | bd
ASTERIOS POLYP tem sido alvo de diversas análises pelos, relativamente poucos, leitores que tiveram o privilégio de o ler antes de esgotar. É certo que está aqui uma obra de grande complexidade que pode suscitar as mais variadas interpretações quer a nível do argumento, quer a nível da arte, mas é também quase certo que independentemente da existência dessas variáveis, estamos perante uma das maiores produções da década a nível da nona arte. O enredo é algo pomposo e audaz, o que poderá levar a que ASTERIOS ainda demore a ganhar o seu lugar no topo da história da banda desenhada. ASTERIOS POLYP é narrado de forma não linear, cruzando constantemente o passado e o presente. Os dois interligam‑se e constituem uma certa relação de simbiose, normalmente sendo um o reflexo do outro. A estória é quase sempre narrada por IGNAZIO, o irmão gémeo da personagem principal, que nunca chegou a nascer. Isto leva à criação de cenários absurdos , hipotéticos e sobretudo obscuros. Tu d o co m e ç a n u m d i a chuvoso, quando ASTERIOS foi atingido por um raio que incendeia o prédio onde mora . Pegando em três coisas que simbolizam as suas memórias mais ardentes, decide abandonar a sua vida e partir para o desconhecido. É a partir daqui que se dá uma viragem na sua personalidade. ASTERIOS via o mundo a preto e branco. Na sua mente não havia mais do que duas variáveis, uma abordagem que, segundo ele, simplificava a vida e a sua visão do mundo. Mas tal noção da existência co n d e n o u - o à s o l i d ã o . Isto devia-se em grande parte ao rumo que a sua profissão tomou. ASTERIOS é um arquitecto, mas nunca construiu um edifício. Os seus alunos não o satisfazem intelectualmente e é a sua mulher HANA que acaba por completá-lo espiritualmente (escondendo a sua faceta mais dilacerante). Apostado em mudar, segue rumo para uma pequena cidade percorrendo assim um longo caminho para alcançar a sua redenção. Uma análise a esta obra pede um nível de comparação com outras obras norte-americanas que ficaram celebrizadas e que representaram pontos de viragem, sendo o exemplo mais prático WATCHMEN . Na altura foi sentido como uma chapada no mercado, frisando todo o mal-estar que pairava e apelando a uma urgente
051 – asterios polyp
ASTERIOS é um herói de BD criado pelo americano David Mazzucchelli que tem dividido opiniões. Diferente de qualquer herói clássico, surge‑nos como um indivíduo cheio de complexos e ideias pré‑concebidas, que procura viver uma vida normal inserido na banalidade da sociedade que tanto o tenta entender. Insatisfeito, certo dia, decide deixar tudo para trás e seguir um novo rumo, dando início a uma complexa história cheia de elipses. Durante toda a leitura vai‑se mantendo a interrogação se esta seria a melhor decisão, apagar o seu longo e errado passado e viver uma nova e curta existência? mudança que tinha de ser feita. Foi uma obra que ganhou com os anos o seu merecido destaque e podemos dizer que envelheceu bem, sendo ainda hoje uma das colectâneas mais lidas. Nem toda a gente gostou da obra de ALAN MOORE nem, provavelmente, será necessário alcançar um consenso total no que toca à sua qualidade. Os puristas não largam armas e ainda é possível ler afirmações de que este clássico não passa de uma amálgama de clichés detestáveis. O reconhecimento unânime ainda está longe de ser possível para ASTERIOS POLYP. Numa rápida consulta entre blogues da especialidade, percebe‑se que houve bastante gente incomodada com a esperteza das personagens , a sua arrogância e costumes algo irritantes, para além do tal ar pomposo. Até se compreende que o personagem principal, ASTERIOS , possa de facto parecer um tipo chato. Contudo, não deixa se ser realista visto que o mundo está cheio de gente assim, ansiosa
por demonstrar conhecimento e achando - se donas da razão e de conhecimento absoluto. Mas as situações que se geram à volta desta premissa e a metamorfose da sua personalidade que encontramos ao longo das páginas tornam a leitura b a s t a n t e v i v a . DAV I D MAZZUCCHELLI não expõe aqui apenas um homem cujo destino foi amaldiçoado pelas suas escolhas erradas. Estão aqui espelhadas lições de vida que nos fazem ver quão traiçoeiras podem ser as consequências dos nossos actos, que costumam ferir principalmente aqueles que nos são mais próximos. Tudo isto através de uma arte esclarecida que dispensa legendas. ASTERIOS POLYP representa o triunfo da imagem em virtude das palavras. Tudo se complementa, mas MAZZUCCHELLI mostra e define realmente o que a arte pode transmitir através de um olhar, de um cenário, da sua linguagem própria que dispensa palavras. De certa forma, algumas passagens deste livro fizeram lembrar o Retrato de Dorian Gray de OSCAR WILDE, um livro vincado pelas constantes apreciações das suas personagens em relação ao mundo, o que o tornou muito provavelmente no livro mais citado de sempre. Isto revela alguma coragem de MAZZUCCHELLI, tornando-se ele próprio um protótipo da personagem de ASTERIOS que julga ser um iluminado do conhecimento. Quando vemos ASTERIOS a apreciar a estética de um sapato, a avaliar os projectos dos seus alunos, a relatar os seus conhecimentos sobre a natureza humana, é tudo representado de uma forma apaixonante e ao mesmo tempo intrigante. Nenhum tema é poupado no conhecimento enciclopédico de ASTERIOS que passa pela política, religião, arte, eventos hipotéticos, estética e sobretudo a mitologia grega (não fosse a personagem de origem também ela grega). A l g u n s a co n t e c i m e n t o s ficam ao critério do leitor sendo também evidentes as explorações a nível da intervenção divina e do destino que nos permitem tirar algumas ilações sobre as consequências dos nossos actos. Por isso fica a dúvida; Terá aquele raio atingido ASTERIOS por mero acaso ou terá sido algo mais, algo superior que indicia uma viragem na sua vida de extremíssima importância?
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João Pedro Rosa
Raúl R uíz
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mistérios
li s b oa 052 – Central Parq | cinema
Com presenças notadas nos festivais de cinema de Toronto e de San Sebastián, Mistérios de Lisboa de Raúl Ruiz, terá a sua estrei a nas salas portuguesas a 21 de Outubro. A crítica internacional não tem sido modesta e não é raro aplicar o termo obra‑prima para caracterizar o filme. Adaptado do romance de CAMILO CASTELO BRANCO com o mesmo nome, Mistérios de Lisboa é como um labirinto no qual nos deparamos com surpresas e caminhos desconhecidos a todo o m o m ento. Co m o qualquer bom folhetim de CAMILO, o filme co n d u z- n os a u m a história envolvente que nos levará ao encont ro d as m ais básicas emoções humanas: vingança, ira, inveja, paixão, dor e arrependimento. Numa lógica novelesca, vamos e n co n t r a r e s t ó r i a s dentro de estórias, cruzamentos no tempo e no espaço e viajaremos por Portugal, França, Itália e Brasil, onde nos serão reveladas intrigas, mistérios e pecados. O ponto de partida é PEDRO (mais tarde DA SILVA), órfão educado num colégio de padres, representado por AFONSO PIMENTEL . A existência de PEDRO é repleta de enigmas e rodeiamno figuras também elas enigmáticas. Percorrendo o seu caminho seremos apresentados a personagens únicas e com m uito pa ra desvendar: um padre justiceiro, um pistoleiro enriquecido, uma mulher em busca de vingança. O filme transportanos para séc. XIX, com d éco rs e fig u rin os a co n d i z e r, m a s a p es a r d e pa rece r ter sido feito com um orçamento milionário (dado o número de viagens, a mudança d e a m b i e n tes e a deslocação de equipas que, naturalmente, encarecem a produção), o valor foi até reduzido. Onde não se poupou foi nas horas de projecção. O filme tem quatro horas e vinte seis minutos. Para quem não conseguir vê-lo em cinema está prevista a adaptação em série para televisão,
participação especial. Segundo a produção, foi uma oportunidade ímpar para estes actores que, de outra forma, teriam poucas oportunidades de participar em produções desta qualidade. Aos nacionais juntam-se outros bem conhecidos do publico francês (e também nacional) como CLOTHILDE HESMÉ , LÉA SEIDOUX e MELVIN POUPAUD, actor que mais tem trabalhado com RUIZ.
em seis episódios de uma hora cada, a passar na RTP, ARTE (França), RAI (Itália), TSR (Suíça) e ERT (Grécia). O elenco nacional é de notáveis: RICARDO PEREIRA é ALBERTO DE MAGALHÃES e MARIA JOÃO BASTOS encarna a personagem
053 – Os nowhere mistérios de lisboa
ÂNGELA DE LIMA. ADRIANO LUZ te m u m pa p e l d e destaque enquanto padre justiceiro. resto do elenco também é de luxo: ALBANO JERÓNIMO, CARLOTO COTTA, MARGARIDA VILA‑NOVA , RUI MORRISON e SOFIA APARÍCIO, que faz uma
Ao fala rm os d este filme temos de dar igualmente destaque ao realizador, RAÚL RUIZ, que reencontra PAULO BRANCO na p r o d u ç ã o . Ve l h o s conhecidos, parecem entender-se muito b e m . R e co n h e c i d o como um dos cineastas mais produtivos de que há registo, RUIZ é co n s i d e ra d o u m “descomprometido”, mais preocupado com a experimentação e quebra de barreiras artísticas do que com modelos ou fórmulas. Alguns entendem-no como um guerrilheiro a r t í s t i co , a n a l o g i a curiosa pois poderá ser considerado um exilado político já que teve de sair do Chile em 1973, logo após o golpe fascista, por apoiar o governo de Allende. Os seus feitos cinematográficos são inumeráveis mas, em particular, destacamos o seu interesse por adaptações de romances complexos, como foi o caso de Em busca do tempo perdido de PROUST. encontrase actualmente a morar em Lisboa, talvez preso pelos seus mistérios. Na conferência de imprensa em Toronto, após uma exibição de êxito estrondoso, PAULO BR ANCO afirmou que o filme é sobre Portugal e os portugueses. Esta é uma boa oportunidade para nos conhecermos um pouco melhor.
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Maria João Teixeira
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Vinte anos a marcar a moda portuguesa.
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Desde 1989, ano em que acabou o seu curso no CITEX, passaram-se vinte anos, um trajecto que LUÍS descreve como «bastante forte e precioso em termos de informação global e de moda, que passou várias formas de ser, várias tendências e várias épocas». Neste período, foram muitas as peças que desenhou e muitas as que nem chegaram a ser concretizadas, ficando apenas no papel, mas todas têm o seu valor. «Se eu olhar para uma imagem de 1990, obviamente já não me identifico muito com ela, mas consigo perceber exactamente o que era, qual o meu género na altura e o que queria transmitir com aquela peça». Talvez por isso o designer não consiga eleger uma preferida: «Não consigo escolher uma peça isolada porque acho que o todo é que conta. Também não consigo eleger a colecção que foi mais importante no meu percurso. Acho que todas tiveram o seu discurso pertinente, no seu tempo». O tempo tudo faz evoluir e leva as pessoas a ver o mundo de uma outra forma e a ansiar por outras coisas, especialmente quando estamos a falar de moda. Esta evolução afecta o trabalho de todos os artistas que têm que encont rar respostas permanentes para um público exigente. E, sem dúvida, a imagem da mulher de LUÍS BUCHINHO sofreu algumas alterações ao longo do tempo. Hoje considera que trabalha para «uma mulher segura, dinâmica, plena de confiança e de optimismo». É numa mulher forte que encontra a inspiração para se reinventar a cada estação, dando a resposta certa em cada momento. Os tons pastel do início da carreira foram trocados por tons mais carregados, porque «o preto é o melhor amigo de um designer de moda». Apesar de ser o Porto a cidade que escolheu para abrir o seu atelier, não hesita em afirmar que foi a cidade de Lisboa que marcou o momento mais importante do seu percurso. «A primeira vez que participei na ModaLisboa foi uma alavanca importante até porque, há vinte anos, já tinha uma projecção do meu futuro, com a criação da minha própria marca, com os desfiles individuais e a comercialização das colecções». Foi esta determinação que o fez vingar num mundo tantas vezes injusto como pode ser o da moda. «Sem muito trabalho e uma boa dose de obsessão, não se faz nada». Foi uma lição
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Foi numa tarde quente que nos encontr á mos com o criador portugu ê s a propósito dos seus vinte anos de carreira. O Museu de Arte Contemporânea, no Chiado, foi o local escolhido para a nossa conversa , acompanhada por uma sessão fotogr á fica onde, em todas as etiquetas, se lia um único nome: LUÍS BUCHINHO, escrito em letras elegantes empurradas pelo vento .
que aprendeu com o passar dos anos, aliando a isto «muita persistência, muita força de vontade, muita paciência» e, sobretudo «muito amor à c a u s a », co n s e g u i n d o colocar o seu trabalho num lugar de destaque na moda portuguesa. E se a moda por tug uesa tem grande qualidade e merece que tenhamos orgulho nela, LUÍS BUCHINHO é, provavelmente, o melhor exemplo dessa realidade. Re f e r e n ci a d o co m o u m nome a seguir pela impressa internacional, a sua última colecção mereceu um destaque de página inteira n a p r e s t i g i a d a r ev i s t a World Fashion Magazine , com imagens do seu desfile em Paris, cidade onde tem marcado presença graças ao apoio do Portugal Fashion. Mas não deixa de lamentar que a sua presença em Paris tenha sofrido várias interrupções e que, quando regressa depois de anos de interregno, tenha obviamente de recomeçar do zero, o que lhe dificulta chegar a um outro patamar onde, no seu entender, já devia estar. Por todos estes motivos, talvez seja ele o melhor representante de uma moda muito nossa, que merece um lugar ao sol fora das portas do nosso Portugal pequenino. E quando falamos do que se faz lá fora é de «ANN DEMEULEMEESTER e, de um modo geral, a escola belga» que o criador gosta de mencionar, pois são as suas grandes referências num percurso que já vai longo e cheio de conquistas. Quando lhe perguntamos sobre o que lhe falta fazer a resposta é bem clara: «uma colecção de homem». Nós ficamos à espera…
Filme comemorativo do 20 anos da carreira de Luís Buchinho no site da PARQ em www.parqmag.com
www.luisbuchinho.pt Fotografia Pedro Pacheco Styling Ana Canadas Make-Up Anne Sophie Cabelos Pini para Griffe Hair Style
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Margarida Brito Paes
F o t o A n d r é B r i t o / a s s. p o r H é l d e r B e n t o (w w w.a n d r e b r i t o.c o m) S t y l i n g J u l i a n a L a p a / a s s. p o r S a r a S i lv a Coelho ( w w w .j u l i a n a l a p a . c o m ) / M a k e ‑ u p T i n o c a / H a i r R u i R o ch a / M o d e l o R h a y e n n e P o l s t e r ( L' A g e n c e ) Th a n k s t o : M y G o d , L o g g i a B o u t i q u e s .
camisola Red Valentino boné Paul & Joe Sister, na My God casaco Custo Premium
t-shirt Paul & Joe Sister, calção Nolita casaco Love Moschino, cachecois Nolita carteira Red Valentino luvas Scotch & Soda, tudo na My God meias Calzedonia, botas Merrell
blusa Liu.Jo, saia Paul & Joe Sister, tudo na My God casaco Gil Santucci, na Loggia meia Calzedonia, sapato MNG, gorro Loggia
vestido Madame a Paris casaco Colete e Bolero Liu.Jeans, na My God gorro Loggia, luvas Be Code
saia Red Valentino, t-shirt Liu.Jeans, tudo na My God casaco Rossodisera, cachecol Karl Marc John, tudo na Loggia meias Calzedonia, gorro Loggia, sapatos Repetto
saia Red Valentino, t-shirt Liu.Jo camisa Paul & Joe Sister, tudo na My God kispo Ana Salazar, meias Calzedonia
F o t o s é r g i o s a n t o s / d i r.S t y l i n g a n a c a n a d a s / M a k e‑u p & H a i r l ol a p é r o n / M o d e l o s c a r l o s f e rr a , r i c a r d o ( L'A g e n c e)
Carlos: camisa branca Diesel Ricardo: camisa de ganga Levi’s Special Edition , laço de acrílico Tatty Devine, óculos Ray Ban, casaco de malha Hannes Roether no Espaço B, cinto Diesel
Carlos: t-shirt Fred Perry no Espaço B, casaco de malha Lacoste, casaco Miguel Vieira, leggings riscas Os Burgueses, tÊnis Diesel
Ricardo: t-shirt riscas Os Burgueses, casaco em camurça Mango, gabardina Gant, cinto Gant, calças e ténis Reebok, pasta Steve Mono no Espaço B, óculos Ray Ban
Carlos: camisa รกs bolinhas Dino Alves, casaco de malha Pepe Jeans, suspensรณrios H&M, calรงas Pepe Jeans, botas Miguel Vieira Ricardo: camisa de ganga Lee, casaco Diesel, cintos Pepe Jeans e Lacoste, calรงas Diesel, botas Ermenegildo Zegna , รณculos de ver Ray Ban
Carlos: camisa preta Os Burgueses, casaco branco e preto Miguel Vieira, cinto Diesel, gravata DecÊnio, calças Ermenegildo Zegna
Carlos: รณculos Ray Ban, camisa Ermenegildo Zegna , casaco e calรงas Dries Van Noten na Wrong Weather, gravata em malha Ermenegildo Zegna , cintos Gant e Ermenegildo Zegna Ricardo: รณculos Ray Ban, camisola de malha Lacoste, casaco e calรงas Messagerie no Espaรงo B, cintos Tommy Hilfiger e Ermenegildo Zegna
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Era uma noite quente e passar as portas de ferro deste novo restaurante não nos trouxe grande surpresa, antes pelo contrário, uma grande familiaridade. Aquela esquina da Rua do Salitre com a Rua Nova de São Mamede era por nós muito frequentada quando o espaço albergava a criatividade de LIDIJA KOLOVRAT. Daí a primeira impressão ter sido um exercício comparativo entre o que é agora e o que era dantes. Em termos da lógica do espaço não houve grandes alterações, antes uma remodelação. O arquitecto LUÍS BAPTISTA , um dos sócios (com JOSÉ MARIA e os dois chefes do restaurante), c ri o u u m a m o l d u ra d e painéis em ripas de madeira escura que formam ritmos diferentes e filtram a luz que emana por detrás. Este é o elemento que estrutura todo o espaço. O tecto preto e o chão em cimento polido dão ênfase ao ambiente clássico da decoração. Enquanto falávamos sobre o génio do espaço, encostámo-nos ao bar circular do hall de entrada em amena troca de impressões com a agradável Relações Públicas do restaurante, PAT R Í C I A B A P T I S TA , saboreando umas margaritas de maracujá. A carta de cocktails é extensa, elaborada p o r A N D R É A L M E I DA , barman que teve formação com DAVID PALETHORPE (dono do Cinco Lounge e uma autoridade nesta área). PATRÍCIA referia‑se ao facto de, cada vez mais, esta entrada funcionar como um bar autónomo e um ponto de passagem entre o ambiente yuppie da Avenida e a noite artística do Príncipe Real. Falávamos de como Lisboa se está a tornar, cada vez mais, numa cidade comparável às grandes capitais europeias, tanto a nível gastronómico como da criação de ambientes, e que poderia chegar a um nível ainda mais alto não fossem, lamentavelmente, as incertezas desta vida. E foi sem parar de debater todas as perspectivas deste tema que iniciámos com um polvo assado, creme de edamame e chouriço
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de bolota, que viríamos a considerar o melhor de toda a refeição. Provámos ainda uma segunda entrada: terrina campestre, que apresentava uma textura suave. Tudo isto acompanhado por um Quinta do Pinto (2008) de Alenquer, um branco seco, aromático e persistente, suficientemente fresco para esta época de transição outonal, que mantivemos até ao final do repasto. Aproveitámos uma pausa para comentar em detalhe a decoração sóbria do restaurante. Gostámos do candeeiro da entrada, do mobiliário dos anos 50 de inspiração nórdica e do belíssimo desenho a carvão pendurado na parede. Mas eis que as nossas divagações são interrompidas pela chegada dos pratos. Um robalo do mar com feijão branco, espuma de miso, ostra de Setúbal e salicórnia, que surpreendeu pela frescura e pelo cheiro a maresia, transportando-nos para os últimos dias de férias. E um naco de novilho com royal de fungos, batata confitada e chalotas caramelizadas, perfeito. Será, talvez, o prato mais convencional da carta e o mais indicado para quem não quer arriscar muito. O naco, montado numa lousa preta, demonstra a importância da apresentação na cozinha de DIOGO NORONHA e NUNO BERGONSE, chefes viajados (ambos trabalharam no Moo, o conhecido restaurante dos irmãos ROCA em Barcelona) e experientes, apesar de ainda estarem na casa dos vinte. Para sobremesa pedimos um bolo de polenta, creme de baunilha (com consistência de chantilly) e gelado de pêra (maravilhoso, de sabor natural a perdurar na boca). E uma tarte tatin com gelado de iogur te grego (feliz combinação a acidez do iogurte com o caramelizado da tarte), que surpreendeu pela apresentação, muito diferente da tradicional. Que todas as incertezas desta vida fossem tão agradáveis como esta primeira vez no PEDRO E O LOBO.
e o l o r ob d e o p Rua do Salitre, 169 — lisboa T. 211 933 719
Seg — sex: 13h — 15h + 20h — 03h Sáb: 20h — 03h
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fred&fanny
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i id rua da barroca, 129 —lisboa seg — qui: 18h — 02h + sex—sáb: 18h — 02h45 + dom: 21h — 02h45 t
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maria são miguel
MARC LUPIEN é canadiano, mas diz-se "meio suíço". SINDI WAHLEN é completamente suíço, como a pequena HEIDI dos desenhos animados. E é, de resto, a menina mais famosa dos Alpes que empresta o nome ao bar destes estrangeiros radicados em Lisboa . Tal como o nome, também a decoração é vincadamente kitsch, a remeter para um chalé suíço — ou, pelo menos para os chalés suíços que Hollywood nos vai mostrando — o que faz com este bar se destaque dos restantes do Bairro Alto. E falando em espaços acolhedores, muitos dos móveis que adornam a sala foram feitos, ou pelo menos
personalizados, pelo próprio MARC . O u t ros objec tos decorativos foram adquiridos em feiras da ladra suíças e ainda há um pequeno sino que durante anos esteve na quinta da família de SINDI e hoje adorna o bar. Igualmente suíços são alguns dos petiscos (como os queijos, as carnes para picar e outras iguarias locais) e as bebidas, como o vinho quente e o Appenzeller, um aperitivo suíço feito a partir de 42 ervas diferentes. Em Lisboa, só se bebe no Bar Heidi.
m u j i
rua do carmo, 63-75 chiado — lisboa www.muji.com t
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maria são miguel
A empresa de origem japonesa MUJI chega em grande a Portugal, com um espaço de 300 m2 distribuídos por dois pisos na Rua do Carmo, em Lisboa. A loja acolhe uma ampla gama de produtos conhecidos em todo mundo pelo estilo funcional e pelo preço justo. Para a MUJI (há 30 anos no mercado e com mais de 400 pontos de venda em vários países), o importante é o produto e não a marca, daí esta não ser visível em nenhum dos produtos. Nas lojas é possível encontrar todo o tipo de objectos: mobiliário, acessórios para a casa, utensílios de cozinha, produtos de beleza, materiais de escritório, artigos de viagem, roupa, acessórios e gadgets.
m u r i c.c.acqua roma, loja 12 Av. roma — lisboa t
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maria são miguel
D u ra n t e a n o s , a M U R I FR ANCESCO foi uma referência em roupa masculina e uma das principais lojas portuguesas a introduzir marcas italianas. As seis lojas do grupo (agora também com roupa feminina) sempre foram marcadas pelo gosto italiano, onde predominam as cores e os padrões alegres e uma imagem de moda muito ligada às marcas VERSACE, DOLCE & GABANNA e MOSCHINO. No entanto, a nova loja que abriu no Centro Comercial Acqua Roma foi pensada para um homem mais jovem e menos formal que, mesmo assim, precisa de manter uma imagem sóbria e profissional. E, nesse sentido, marca uma viragem. A área reservada a fatos é mais pequena e há uma oferta mais ampla de urban wear, onde predominam os tons neutros com pretos, cinzentos e azuis-escuros a dominar. Os preços também são mais convidativos. Cada peça tem pequenos detalhes que as diferenciam para não caírem na banalidade. ANTONY MOR ATO, uma marca em ascensão, está bem representada ao lado de outras grandes como DOUBLE BLACK e RARE. Em termos de acessórios, a selecção de sapatilhas da MOSCHINO é excelente, assim como os sacos em pele de MARGIT BRANDT.
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xt y i s ore t s rua nova do almada, 83 chiado — lisboa t
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maria são miguel
As marcas italianas estão a chegar em força ao mercado português e, prova disso, é a abertura da nova loja SIXTY STORE no Chiado, que reúne peças da MISS SIXTY e da ENERGIE, já bem conhecidas de todos nós. Além dos jeans, com cortes e lavagens sempre impecáveis, estão disponíveis colecções de roupa, sapatos e acessórios das duas marcas. A concepção do espaço, desenvolvido pelo grupo Sixty SPA, assenta em novas formas de interacção com o consumidor, reflectindo ideais de qualidade, estilo, elegância e design. Situada numa das zonas mais emblemáticas de Lisboa e rodeada por outras lojas internacionais, a nova SIXTY STORE está destinada a um público exigente e cosmopolita.
f r o m russia w t
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nuno adragna
Já se conhece o gosto de DOMENICO DOLCE e STEFANO GABBANA pelo bling que caracteriza o GOLD, o seu próprio clube e restaurante no centro de Milão. As imagens das paredes de bambu em metal dourado correram o mundo e, desde aí, tudo o que tocam parece transformar-se em ouro. Para não fugir à regra, criaram uma edição limitada da MARTINI completamente dourada. O próprio conteúdo é alourado e, não sendo um bianco nem um extra dry como seria de esperar, é um novíssimo vermute que celebra os sabores do
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Mediterrâneo. Este GOLD tem o aroma doce da bergamota, misturado com a fragrância do limão e o sabor da laranja, acentuado pelo açafrão e a frescura de gengibre. Das novas receitas criadas para a bebida, destaque-se desde já o Dry Martini com recurso a ingredientes de cor preta, como a amora ou a azeitona, por ganhar melhor recorte dentro do dourado.
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nuno adragna
A STOLICHNAYA, uma das vodkas premium do mercado, lançou uma nova campanha baseada no espírito de aventura e dirigida a um consumidor jovem e urbano. A nova imagem tem como ingredientes a intriga, a opulência, e o vale tudo que se vive actualmente na Rússia e nas grandes metrópoles do Oriente. A campanha representa um mundo de fantasia onde se pode experimentar tudo, independentemente do lugar onde se esteja. Para os adeptos de cocktails deixamos uma receita muito simples mas perfeita para a estação. Num copo long drink adicione todos os ingredientes e preencha com gasosa ao gosto. Red & Gold
Martini Gold on Rock — 1 dose de MARTINI GOLD — 4 a 5 cubos de gelo — 1 tira de gengibre fresco e amoras pretas para decorar
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1 dose e 1/2 de Stolichnaya 2 doses de frutos silvestres 2 fatias de lima 1 pouco de gasosa Cubos de gelo
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Storytailors Gentle-women Colecção Fall 10/11, apresentada na Semana da Moda de Paris na Chambre des Huissiers, Paris www.storytailors.pt
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— i — a de c — o — m — p — r — a — s A VIDA PORTUGUESA Rua Anchieta, 11 — Lisboa T. 213 465 073
ENERGIE – SIXTY PORTUGAL T. 223 770 230
ADIDAS T. 214 424 400 www.adidas.com/pt
FABRICO INFINITO Rua D. Pedro V, 74 – Lisboa
AFOREST DESIGN T.966 892 965 www.aforest-design.com ANA SALAZAR Rua Do Carmo, 87 — Lisboa T. 213 472 289 ANDRÉ ÓPTICAS Av. Da Liberdade, 136 A Lisboa Telf. 213 261 500 AREA Amoreiras Shopping Center, Loja 2159 T. 213 715 350
ESPAÇO B Rua D. Pedro V, 120 Lisboa
LOUIS VUITTON Av.Da Liberdade, 190 – Lisboa T. 213 584 320
REEBOK T. 219 381 759 www.rbk.com/pt
FASHION CLINIC Tivoli Forum Av. Da Liberdade, 180, Lj 2 E Lj 5
LUIS BUCHINHO Rua José Falcão 122 – Porto T. 222 012 776
REPETTO COOL DE SAC Rua D. Pedro V, 56 Lisboa
FILIPE FAÍSCA Calçada Do Combro, 95 – Lisboa
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FIRETRAP – BUSCAVISUAL, LDA T. 917 449 778
MARLBORO CLASSICS GAIA SHOPPING, FORUM COIMBRA E C.C. VASCO DA GAMA
REPLAY T. 213 961 64 www.replay.it
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FRED PERRY – SAGATEX T. 255 089 153
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FURLA, BRODHEIM LDA T. 213 193 130
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GANT RICCON COMERCIAL LOJAS Av. Da Liberdade, 38 – Lisboa Av. Da Boavista 2300/2304, - Porto T. 252 418 254
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LIDIJA KOLOVRAT Rua Do Salitre, 169 T. 213 874 536
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Diapositivo u m a c r ó n i c a d e c l áu d i a m at o s s i lva
i ' m yo u r sugar mummy Uma mulher que chegue solteira à casa dos quarenta precisa impreterivelmente de um guia espiritual. Iuri, à parte de me pôr a queimar velinhas multicolores, é um tipo às direitas. Se eu não desconfiasse do lencinho que usa ao pescoço (estilo marialva), dos fatos brancos i m p e c av el m e n t e vincados ou mesmo do cachucho de strass, diria-o bom candidato a levar-me ao altar. Educado, atencioso, compreensivo e com uma espiritualidade fora de série, porém gay. A última vez que consultei as cartas de Iuri, disse-me: — Vejo romance. E co m o se algu é m lh e soprasse ao ouvido direito, estremecia a cabeça e cobria o lóbulo esquerdo para melhor compreender o que parecia um sussuro. É claro que me entusiasmei com a revelação, afinal, há um ano atrás Iuri vaticinou que o amor seria o meu calcanhar de Aquiles. — Romance? Com quem? – perguntei exasperada. — Um colega de trabalho... — O quê??????!!!! Exclamei em pânico. Rodeada na generalidade por homens com graves problemas capilares ou de dentição e… sim, fartas bigodaças e grandes barrigas de cerveja... O que se avistava, co m o diria u m céle bre jornalista da nossa praça, era “a tragédia, o horror”. Isso queria dizer que, tal como as outras mulheres, me daria por vencida, aceitando de bom grado o primeiro barrasco que me mostrasse os dentes, neste caso e tendo em conta as circunstâncias, metaforicamente falando, é claro.
— Bom, vejo romance. E assim terminou, evitando mais perguntas da minha parte. Saí da sala de consulta espiritual a tresandar a incensos e com um travo amargo na boca. Semanas mais tarde e tal como Iuri prevera, o meu carro avariou, esbanjei dinheiro em compras superficais e até emagreci. E o romance, perguntarão?! Bem – ou deverei dizer bom – avistou-se um jovem rapaz de vinte e poucos anos. Instalou-se na minha vida e, sem dar por ela, senti-me uma Eva Peron, ela a rainha dos “descamisados” e eu a musa daquele rapazinho que ficava lindamente sem camisola. Dedicava-se a mim como nenhum outro homem e deixava o seu destino nas minhas mãos. Mesmo que tivesse o talento de Iuri para ler as cartas, não queria saber onde me levaria aquela relação. Certo é que o meu rapaz, lindo de morrer, não tinha efectivamente onde cair morto. Não trabalhava mas era impossivel esquecer que lavava o meu SLK, passeava o chiuaua e como se não bastasse, eu disfrutava — várias vezes ao dia — do melhor sexo que alguma vez almejei.
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No fim, cabia-me pagar a conta da mercearia, do restaurante ou do hotel. Haveria algo de errado em subverter a velha tradição americana de Sugar Daddy para Sugar Mummy? Não há quem escape à inevitabilidade de pagar uma conta, sejam os sapos que se engolem ou os euros que se dispensam por momentos bem passados.
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cláudia matos silva
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bráulio amado
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