PARQ Director Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com editor Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com coordenação editorial e moda Margarida Brito Paes margarida@parqmag.com Direcção de Arte Valdemar Lamego v@k-u-n-g.com
Publicidade Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com periocidade: Mensal Depósito legal: 272758/08 Registo ERC: 125392
Número 29 TEXTOS
editorial
Ágata C. de Pinho Ana Rita Sevilha Ana Rita Sousa Carla Carbone Cláudia Gavinho Cláudia Matos Silva Diana de Nóbrega Davide Pinheiro Eduarda Allen Eduardo Feteira Francisco V. Fernandes Ingrid Rodrigues Joana Guedes Margarida Brito Paes Maria João Teixeira Maria São Miguel Miguel Tojal Paula Melâneo Pedro Lima Pedro Pinto Teixeira Roger Winstanley Romeu Bastos Rui Miguel Abreu
Reaproveitamentos
FOTOS Edição Conforto Moderno Uni, Lda. NIF: 508 399 289 PARQ Rua Quirino da Fonseca, 25 – 2ºesq. 1000-251 Lisboa t. 00351.218 473 379 Impressão BeProfit / SOGAPAL 2730-120 Barcarena 20.000 exemplares distribuição Conforto Moderno Uni, Lda. A reprodução de todo o material é expressamente proibida sem a permissão da Parq. Todos os direitos reservados. Copyright © 2008—2011 PARQ.
setembro 2011
Bernardo L. Motta Carla Pires Hugo Silva Mar Mateu Manuel Sousa Nian Canard Patrícia Andrade Víctor Celdrán
STYLING Laia Gomez Margarida Brito Paes Marta Brito
Ilustração Bráulio Amado Salão Coboi
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Com as novas entradas, aproveitamos a grande retrospectiva de Vik Muniz, no Museu Colecção Berardo, em Lisboa, para o entrevistar e, a partir daí, explorar o tema do “reaproveitamento” (como ele bem gosta de frisar) e que está na base do seu trabalho. Felizmente, este tema (que no Brasil é uma condição, por razões evidentes), estendeuse a todo o planeta, cada vez mais consciente dos recursos limitados. É um assunto que aparece cada vez mais no discurso dos criadores, passando para a esfera da consciência pessoal. O interessante é ver como cada um de nós interpreta essas preocupações e as trata até como uma vantagem. Fomos ao 1300 Taberna e percebemos como a introdução da cozinha sustentável é uma reinterpretação deste tipo de conceitos. Estamos cada vez mais impotentes relativamente às macro‑estruturas que dominam o mundo e cada vez mais ligados às políticas locais, que começam na nossa casa e se estendem ao nosso ao bairro, à nossa cidade, à nossa região. Ou seja, iremos ser cada vez mais responsabilizados pelas políticas locais, o que faz muito sentido no nosso contexto europeu, a largos passos de um federalismo. Vamos apostar? por Francisco Vaz Fernandes
PARQ
Número 29
setembro 2011
Real people 06— Timba Smits 10— Erik Spiekermann 14— João Morgado
54—55 Active Child 56—57 You Can't Win Charlie Brown 58—59 Gaslamp Killer
70—71 Cinema Allen Ginsberg 72—73 Cinema Ouvir os filmes 74—77 Lifestyle Pogonotrofia 78—81 Design Jean Baptiste Fastrez
you must 16—19 You must Shopping 20 — 51 Arx Portugal Pedro Cabrita Reis Beatriz Milhazes Prouvé Raw Barber&Osgerby Mobiletes Rodrigo Areias Maria Imaginário Go Forth Shaun Samson Diesel + Adidas Sneakers, Shoes
Grande Entrevista 60—67 Vik Muniz Central Parq 68—69 Cinema Waste Land
Moda 82—89 Sweet Fall 90—97 Dial M for Murder 98—107 Wild at Heart Parq Here 108— Vis –à-Vis — 1300 Taberna — por Fanny & Fred 110— Places: Design Store BCT, Samedi House of Cool 112— Drinks: Vinhos 114— Dia Positivo
Soundstation 52—53 Anna Calvi
Jonathan Moròn fotografado por Nian Canard com styling de conforto moderno + margarida brito paes, make-up de lola carvalho, hair de olga hilário (Griffe Hairstyle) óculos ray-ban, cachecol Alexandra Moura e casaco de malha Diesel
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acerca do que determinados produtos ou serviços te podem oferecer, embora os produtos não existam realmente. Gosto muito desse aspecto do meu trabalho, de tentar fazer sorrir as pessoas que são confrontadas com ele. P Já trabalhaste como curador, ilustrador, tipógrafo, designer e editor. O que é que gostas mais de fazer? TM É difícil escolher apenas www.timbasmits.com
T — Pedro Pinto Teixeira
Timba Smits nasceu em Melbourne mas reside actualmente em Londres. É um artista, designer, ilustrador e editor independente, para além de aspirante a jogador olímpico de ping-pong, que nutre um amor por todas as coisas vintage.
P Há um carácter vintage que atravessa todo o teu trabalho. É correcto afirmar que é de algum modo reminiscente de uma era pré-computador? TM Sim, definitivamente. Na escola fui treinado para desenhar à mão, não existiam computadores, fazia o meu design à mão e ainda mantenho essa abordagem tradicional. Essa é a parte do meu trabalho que transcende a era digital. Ao longo dos anos fui integrando o computador no processo, o meu trabalho hoje combina o desenho à mão com as ferramentas digitais e acredito que foi isso que lhe conferiu algum destaque. Tem aquele estilo vintage mas é, ao mesmo tempo, digital. P O que é que destacarias como grandes influências ou fontes de inspiração? TM Coisas do passado. Filmes antigos, cartazes de filmes antigos, anúncios e publicidade dos anos 40, 50 e 60. Adoro anúncios e cartazes antigos de companhias aéreas porque de alguma maneira publicitam uma experiência. Tento fazer isso com o meu trabalho, recriar uma experiência através do design, publicitando uma ideia grandiosa
de que gosto realmente. Na tua opinião, um ilustrador deve ter um estilo muito pessoal ou deve ser capaz de adaptar-se ao cliente? TM Acho que é um pouco dos dois. É bom ter um estilo pessoal mas não deves restringilo apenas a um formato. Existe um estilo unificador em todo o meu trabalho mas varia entre ser desenhado à mão, criado digitalmente, até uma combinação dos dois. Posso desenhar bonequinhos muito fofos e ao mesmo tempo fazer estes desenhos incrivelmente detalhados, quase realistas, de raparigas. Mas, no final, existe uma matriz agregadora que os relaciona, de alguma maneira. P O que é que te faz feliz? TM Há dias em nem sequer me visto. Acordo e o meu estúdio está logo ali. Estou
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T im b a S m its uma coisa porque todas elas são diferentes e todas elas se relacionam com coisas de que gosto. Não existe uma que goste mais em detrimento de outra. Obviamente a minha revista teve um grande impacto na minha evolução enquanto designer. Se não a tivesse feito, não sei se gozaria da reputação que tenho hoje como tipógrafo, ilustrador ou designer, porque investi tudo o que tinha na sua criação. Mas é o que gosto mais? Não, porque gosto de tudo o que faço da mesma maneira. Nunca faço nada que não gosto e rejeito muitos clientes. Se a BMW me pedir para colaborar nalgum projecto e esse pedido vier através de uma agência de publicidade: recuso. Há bancos que me pedem para colaborar em projectos: desculpem não gosto de bancos! Só faço aquilo
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tão entusiasmado para acabar o que quer que fosse em que estivesse a trabalhar na noite anterior, que às vezes são duas da tarde e ainda não almocei ou tomei um banho. Estou ali sentado de boxers, ao telefone com clientes ou a responder a e-mails e eles não sabem que nem sequer estou vestido. P O que é que te deixa furioso? TM Nunca fico realmente furioso. Sou um tipo bastante feliz, penso que deriva do facto de ter a oportunidade de fazer o que gosto. Uma coisa que me deixa zangado é: acabei um trabalho para ti, paga-me agora! Não quero ter de esperar 90 dias para que me paguem. Acho que isto pode mudar com todos os designers a puxarem para o mesmo lado. Os designers têm que se levantar e dizer: paguem-nos agora!
www.havaianas.com
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www.spiekermann.com
T — Pedro Pinto Teixeira
E ri k
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Erik Spiekermann é um dos designers e tipógrafos mais reconhecidos no panorama internacional. Ao longo de mais de 40 anos trabalhou para algumas das maiores marcas mundiais como a Audi, a Volkswagen e a Nokia. É também presidente da ISTD (International Society of gostamos dele. De momento P Com é que definirias Typografic Designers) e aquilo que fazes? estamos a atravessar uma fase ES Sou um designer professor honorário cíclica, não existem diferenças de comunicação. substanciais, e por isso não é da Academy of P No passado comparaste algo realmente importante. a tipografia à música. Podes Arts em Bremen. P Depois de todos estes explicar essa analogia? ES Sim, muito facilmente. Eu não escrevo a pauta, se pensarmos que a pauta são as palavras. Há alguém que escreve as palavras e eu interpreto-as. Existe uma grande diferença entre interpretar uma melodia com um banjo, com uma grande orquestra ou cantá-la no banho. Eu faço este tipo de escolhas com as palavras, faço-as soar de maneira diferente. O que é constitui boa comunicação? ES Boa comunicação é aquela que cumpre o propósito, definido pelo cliente, seja ele qual for. Mas, para além de cumprir um propósito, a comunicação deve ser capaz de se constituir como uma experiência prazerosa. A função são 90% e o prazer 10%. As coisas não têm de ser feias para funcionarem. P Como é que relacionas design e acessibilidade? ES Acho que o design pode ser uma grande ajuda. Se algo é feio e inacessível a comunicação é mais difícil. Se pensarmos nos formulários governamentais, existe uma razão para serem feios, os governos não querem realmente comunicar, preferem manter as
pessoas a uma certa distância. A ideia é que respondamos às suas perguntas e voltemos para as nossas casas. Caso contrário, se demonstrarem abertura através de uma comunicação eficaz, correm o risco de iniciar um diálogo. Para que exista diálogo, são necessários dois intervenientes, e os órgãos oficiais do governo não gostam de dialogar porque podem ter de responder a perguntas a que não querem responder. Isto também se verifica nas grandes empresas. P Podes oferecer a tua visão sobre a evolução dos media no ecrã e a maneira como a tipografia tem acompanhado esta evolução? ES O ecrã é uma tecnologia de reprodução de conteúdos como outra qualquer, como a impressão ou a caligrafia manual. A tipografia para meios digitais vai ser como a tipografia para papel, muito brevemente. Existe um standard que fomos desenvolvendo durante mais de 500 anos e, queremos ter um standard porque é bom para nós, estamos habituados a utilizá‑lo,
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anos, existe algum trabalho de que te orgulhes particularmente? ES Gosto muito do trabalho que desenvolvi para o sector público. Desenhamos toda a sinalética para o sistema de transportes de Berlim (BVG). Todos os autocarros, eléctricos e metros são amarelos, destacam‑se na paisagem visual da cidade e as pessoas conseguem encontrá‑los muito facilmente. Outro projecto de que gosto bastante foi o trabalho que desenvolvemos para os caminhos‑de-ferro alemães (DB Bahn). Mudamos a cor dos comboios, que são agora brancos ou vermelhos, e redesenhamos todos os esquemas de cor e comunicação impressa. O sistema de caminhos-de-ferro é muito importante na Alemanha, nós andamos muito de combóio e, por ser algo tão presente e visível, se fossem feios, seria horrível. Agora, não são tão feios como costumavam ser, e tenho muito orgulho nisso porque é uma contribuição para a nossa cultura visual. Além disso, a comunicação é eficaz —as pessoas conseguem encontrar o combóio que pretendem com facilidade.
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T — Ana Rita Sevilha
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P Quando é que a fotografia, e mais especificamente a fotografia de arquitectura, entrou na tua vida? JM As primeiras fotografias de acompanhamento de obra, ainda durante a faculdade, despertaram-me a curiosidade. Ainda assim, só no fim do curso é que percebi que seria muito redutor ficar fechado dentro de um atelier confinado, a uma determinada linguagem arquitectónica. O gosto pela fotografia de arquitectura adensou-se no ateliê de Wiel Arets (em Maastricht, na Holanda), onde tive oportunidade
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P Sentes que o teu trabalho é criativo, em que medida?
JM Tento ser criativo
P Esta é um tipo de fotografia documental ou artística? JM É um estilo de fotografia que começa por ser documental, porque o seu propósito é o registo de determinada obra. Contudo, as perspectivas de
João Morgado é o exemplo de que a arquitectura não tem nem deve ficar confinada às paredes de um atelier. Pode e pede-se criatividade, imaginação, vontade e coragem de arriscar novas formas de se ser arquitecto. A Parq conversou com João Morgado, um arquitecto que se deixou levar pelo poder das imagens de fotografar os projectos mais recentes do gabinete. Enquanto fotógrafo de arquitectura tenho o privilégio de viajar e abrir horizontes com um sem número de linguagens, que estariam inacessíveis em apenas um gabinete. P Que características acha que um fotógrafo de arquitectura tem de ter? JM Deve ter um amplo conhecimento da história da arquitectura para distinguir diferentes linguagens; estar atento à actualidade para não deixar fugir oportunidades e ter uma insaciante curiosidade por novos projectos e autores, seja um T0 no Centro Histórico do Porto ou o complexo habitacional do Estoril Sol. Só quando se é perfeccionista se consegue colmatar as horas de espera por um determinado disparo.
quando ao fotografar um edifício que toda a gente conhece, consigo provocar admiração no espectador. Seja por conta do ângulo da obra fotografada, seja devido à luz. Por exemplo, mais importante do que se fotografar um edifício de grande impacto visual no seu todo, torna-se mais original dar-se a conhecer os seus pequenos pormenores. P Os teus trabalhos fotográficos já foram premiados em diversos concursos fotográficos em Portugal. Quais? O que representam estes prémios? JM Os prémios serviram de alavanca para apostar a sério na fotografia. Aliás, foi com alguns dos prémios monetários que consegui adquirir muito do material profissional de fotografia. Um dos galardões foi na categoria de “Arquitectura Indústrial” com uma fotografia da Seca do Bacalhau no Barreiro. Outro dos prémios foi atribuido pelo Clube de Fotografia de Setúbal com um trabalho do Museu do Farol de Santa Marta (Cascais)
Jo ã o Mo r g a do abordagem podem dotar‑lhe de uma visão artística. O processo nunca é inverso. P Uma imagem vale mais do que mil palavras? JM Vale de facto, porque no momento decisivo do disparo, consegue-se “roubar” a essência da obra um dia idealizada por determinado arquitecto, chegando a compor uma história, mesmo não sendo essa que originou o projecto. A Casa H, em Maastricht, de Wiel Arets ou a Reconversão do Palácio das Cardosas, no Porto, são disso exemplo.
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da dupla Aires Mateus.
P E quais as mais-valias
e retornos desta profissão? JM Quando se fotografa arquitectura não se pensa no retorno imediato desse trabalho. Fotografa-se porque se gosta. O retorno, esse, aparece fruto de muito trabalho e requer sabedoria e engenho na escolha de determinado projecto ou obra. A grande mais valia é poder‑se viajar a fazer aquilo que mais se gosta, recebendo como contrapartida o retorno dos media e dos próprios arquitectos que me escolhem.
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styling — Margarida Brito Paes
foto — Bernardo Lourenço Motta
l o s t i n t h e w o o d s
Camisa PEPE JEANS Andy Warhol, sapatos bicolor FRED PERRY, sapatos azuis KEDS, mala PLATADEPALO, casaco GANT, luvas CAMEL, cinto PEPE JEANS, ténis ADIDAS, relógios NIXON, gorro BILLABONG, jarra de madeira WHITE & KAKI, velas de madeira AREA, gaiola de madeira AREA, caixa de madeira AREA
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Botins bicolor SPERRY, botins CAT, cinto HENRY COTTON`S, bolsa para ipad LUIS ONOFRE, camisola de gola alta MANGO, cachecol tijolo MANGO, cinto de crocodilo PLATADEPALO, carteira FURLA, luvas PEPE JEANS, cinto MANGO, pulseiras
ass. foto — Pedro Melo
ass. styling — Inese Soncika MANGO, cachecol de pêlo BENCH, cachecol cinzento MANGO, luvas MANGO, cinto vermelho PEPE JEANS, colar dourado MANGO, pulseiras em pele PLATADEPALO, chapéu PEPE JEANS, gaiola de madeira AREA, velas de madeira AREA.
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styling — Margarida Brito Paes
foto — Bernardo Lourenço Motta
Gorro GANT, botas bicolor CLAE, botas castanhas PALLADIUM, casacos cinzento e preto NIKE sportswear, casaco verde de bolsos DIESEL, mochila GANT, ténis NIKE Hyperfuse,
relógios NIXON, relógios CAMEL Active, casco impermeável ADIDAS, mala PEPE JEANS, velas de madeira AREA, suportes de madeira AREA, jarra de madeira WHITE & KAKI
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Casaco de lã PEPE JEANS, luvas compridas LACOSTE, cinto vermelho GANT, botas rasas bicolor FLY, botas vermelhas GOLDMUD, carteira DIESEL, mochila FRED PERRY, botas com
ass. foto — Pedro Melo
ass. styling — Inese Soncika pêlo HUNTER, botas castanhas MERRELL, cintos com tachas DIESEL, casaco bege PEPE JEANS, calças verdes INSIGHT, leggings cinzentas DIESEL, gorro com pêlo PEPE JEANS, suportes de metal AREA, velas de madeira AREA, jarra de madeira WHITE & KAKI
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Esta vivenda junto ao rio Sado, concebida por Nuno Mateus e José Mateus dos ARX Portugal em colaboração com Stefano Riva, nasce de uma estreita relação com os donos da obra que queriam usufruir de um espaço de férias contemporâneo
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de manter uma certa frescura. A cobertura que mimetiza os telhados de uma água é um dos elementos mais inovadores do projecto e mais interessante esteticamente. Revestida a reboco branco, a superfície lisa é animada por aberturas que
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que muitas vezes se sente numa casa alentejana é completamente mantida e, por tudo isso, esta obra —que domina a atenção mediática— é um exemplo de excelência da arquitectura portuguesa.
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www.arx.pt
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F — Fernando Guerra
Casa do Possanco, ARX Portugal
mas, ao mesmo tempo, que mantivesse a tipologia das casas locais. Com este programa preciso, a dupla de arquitectos recriou a tipologia de uma casa alentejana mantendo as paredes brancas, o telhado de uma água e pátios que filtram a luz indirecta, com o objectivo
T — Francisco Vaz Fernandes
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trazem iluminação ao interior da casa. Os mesmos jogos de luz que se criam a partir dessas aberturas repetem-se nos pátios ou nas reentrâncias de formas pouco convencionais, que ajudam a criar perspectivas diferentes da casa dependendo dos ângulos. O sentimento de clausura
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O Museu Berardo junta grande parte da colecção de Pedro Cabrita Reis, propondo a mais extensa retrospectiva alguma vez realizada sobre o artista. A mostra partiu de um núcleo central de peças seleccionadas para o Kunsthalle de Hamburgo (Alemanha) que transitou para o Carré d'Art de Nîmes (França) e para o M de Lovaina (Bélgica)
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portugueses no contexto da Europália em Bruxelas que, pela mão do mesmo curador, Jan Hoet, o levaria à Documenta de Kassel, a plataforma mais importante para qualquer artista. Essencialmente escultóricas, as suas primeiras obras trazem uma poética que convoca elementos regionalistas e identitários, numa época moldada por discursos pós-modernistas. Por isso não
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os media, mesmo os mais tradicionais, para o terreno da instalação com grande pendor cénico. O que se manteve foi um discurso de base que o liga a uma ideologia do trabalho e da cultura material como elementos essencias da vida humana. Em muitas obras, a homenagem ao trabalho e a ideia de construção são evidentes, especialmente no que se refere aos materiais aplicados. Nas suas instalações surgem repetidamente luzes florescentes, caixilhos de alumínio, janelas, portas, vidro, ladrilhos, cabos eléctricos, etc. Ou seja, todos aqueles materiais que se podem encontrar dentro de um estaleiro, sejam novos ou desperdícios. Neste ultimo aspecto, é até de referir que os materiais são, em geral, convocados como elementos para a construção de uma memória colectiva, o que tem grande relevância em grande parte dos seus trabalhos. O próprio processo de execução das obras foi sendo enfatizado e, a título de exemplo, a última exposição do Centro de Arte de Moderna propunha ao espectador conviver com
T — Francisco Vaz Fernandes
Cabinet d'Amateur, 2007
View the grid, 2006 mas que, chegada a Lisboa e dada a grandeza do espaço, foi ampliada para se ter uma visão mais completa. São 300 obras, algumas dos anos 80 (do inicio da sua carreira, quando o artista já se evidenciava entre a sua geração) e propõem uma renovação dos media. A possibilidade de uma carreira internacional seria confirmada a partir de uma mostra de artistas contemporâneos
I dreamt your house was a line, 2003
faltou quem visse no trabalho de Pedro Cabrita Reis um certo modernismo tardio (a par de Siza Vieira, por exemplo) ou o retomar da Arte Povera que, em última análise, representava a essência da escultura europeia, contrapondo‑se as propostas objectuais ou pop vindas da América. A obra de Cabrita Reis ganharia, a partir daí, outra dimensão, convocando todos
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o universo do trabalho em execução. Por tudo isso, diria que a obra de Pedro Cabrita Reis tem ganho uma dimensão dramática, no fundo, a vida de qualquer um de nós, visto em retrospectiva. até 02.10.2011 museu berardo praça do império lisboa
Para os atletas "after-hours"
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Um conjunto de obras da artista brasileira Beatriz Milhazes, constituído por telas de grandes dimensões, um mobile e várias gravuras, vão circular em vários espaços institucionais europeus entre eles, a Fundação Gulbenkian. São as últimas obras da artista e serão apresentadas, pela primeira vez, na Galerie Max Hetzer, de Berlim. Dada
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ínfimas partes que se sobrepõem até construir a imagem total. O seu trabalho pode ser visto de diferentes prismas. Remete-nos para o universo popular e feminino. Alguns dos seus críticos têm referido as influências das artes decorativas, dando como exemplo os padrões típicos da chita, o trabalho intrincado dos bordados.
interpretado pelo sentimento tropicalista, tendo Tarsila do Amaral como referência. No entanto, grande parte do seu sucesso internacional explica-se de forma mais simples. O lado elaborado das formas, a presença de cores fortes e os efeitos psicadélicos fazem sempre lembrar o êxtase dos sentidos que encontramos
T — Francisco Vaz Fernandes
B e a t r i z M i l h a z e s Four Seasons, 2010
10.09—05.11.11 Galerie Max Hetzler berlim, alemanha
Spring Love, 2010 a reduzida produção anual e o elevado nível de procura, a artista tem tido a opção de fazer circular o maior tempo possível as obras realizadas. A morosidade de cada quadro depende da técnica sui generis de Beatriz Milhazes. Começa por pintar com tinta acrílica sobre folhas de plástico que depois usa como transfer. A imagem nasce de um decalque feito por
Summer Love, 2010 Contudo, o seu trabalho também é formado por referências eruditas, nomeadamente, as que se referem ao paisagista Roberto Burle Marx, que deixou uma marca profunda na paisagem e na arquitectura do Rio de Janeiro com a qual convive diariamente. Ainda nesta perspectiva, a sua pintura pode ser vista como o seguimento do mesmo impulso modernista
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na Arte Barroca, assim como no Carnaval, e que vão ao encontro da expectativa de um estrangeiro sobre o Brasil. Talvez isso, por si, explique que, a 15 de Maio de 2008, uma pintura de Beatriz Milhazes datada de 2001, tenha sido vendida na Sotheby’s, em Nova Iorque, por um valor recorde acima de um milhão de dólares.
SAGATEX, LDA – Tel: +351 22 5089160 – sagatex@net.novis.pt
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Pr o u vé
Esta iniciativa da G-Star integra-se dentro do programa Raw Crossover que tem como objectivo levar a marca para além das suas fronteiras naturais e abraçar projectos com os quais sente afinidades. O espírito objectivo e prático de Prouvé foi sempre apreciado pela equipa de criativos da G-Star, que costumava ter no seu atelier várias cadeiras originais deste arquitecto. As nove edições especiais (reinterpretações que introduzem os valores criativos da G-Star) estarão disponiveis nas lojas Vitra.
R a w T — Maria São Miguel
Tamborete Solvay, 1951
www.vitra.com
Sofá, 1939
Jean Prouvé
Cadeirão cité , 1930
A G-Star, em colaboração com a Vitra, recriou vários modelos de mobiliário propostos por Jean Prouvé (1901-1984), arquitecto modernista francés cujo legado tem sido reavaliado e merecido diversas retrospectivas nos últimos anos. Jean Prouvé trouxe para a arquitectura soluções pré‑fabricadas, tendo a funcionalidade como principal critério. Alguns dos seus melhores projectos foram concebidos para África, onde equacionou o programa modernista à realidade de um clima tropical, criando soluções interessantes.
vista geral da exposição durante a Art Basel, 2011
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Ba r ber & Osg erby
propeno e 100% reciclável. Este material vem identificado no verso do objecto com um símbolo triangular ostentando o número cinco no seu centro e duas letras “PP” na sua base. A cadeira, produzida num único molde, dispensa o uso de componentes mecânicos, tornando-a por isso mais durável. No plano ergonómico, a cadeira Tip Ton desenvolve a actividade muscular no abdómen e nas costas, fornece ainda oxigénio para o corpo e promove a concentração.
T — Carla Carbone Quando começarem as comemorações dos Jogos Olímpicos de Londres, a tocha que acompanhará os eventos da abertura deambulará pelas ruas desta cidade cosmopolita passará por várias mãos. A dupla de designers Edward Barber e Jay Osgerby foi encarregue de criar esta tocha que será exibida nas próximas olimpíadas. A forma triangular da tocha é perfurada, na superfície dourada, por cerca de 8000 orifícios circulares representando os 8000 caminhantes que a transportam. Barber e Osgerby, mais do que captarem a nossa atenção por terem criado a futura tocha olímpica, despertam também a nossa curiosidade por terem
criado, recentemente, a cadeira Tip Ton para a emblemática Vitra. A Tip Ton serve para sentar em dois ângulos e lembra muito uma cadeira de baloiço, mas numa versão um pouco radical. Esta cadeira existe em diversas cores fornecidas pela Vitra e é feita em polipropileno, um polímero derivado do
www.pedrita.net
www.barberosgerby.com
Tip Ton, (Vitra, 2011) Tocha Olímpica
M ob i l e t e s F — Inês Honrado T — Maria São Miguel
Mobiletes são as últimas criações do estúdio Pedrita, apresentadas pela primeira vez na galeria Show Me, de Braga, no início do ano. A série, construída por cinco modelos em madeira, apresenta perfis muito semelhantes, variando apenas segundo o potencial de uso. Não são declaradamente definidos em termos de função,
Mobiletes, no Palácio Quintela Farrobo (EXD2011). na verdade, como os próprios informam, os mobiletes estão no limiar entre o acessório e mobiliário e, como tal, à procura
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de um lugar próprio que apenas estará completo com a sua integração no espaço e de acordo com a funcionalidade adoptada.
presented by
06 07 08 09 OUTUBRO 2011 Terreiro do Paço/Pátio da Galé Verão/Summer 2012 www.modalisboa.pt
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B e gin n er s T — Maria João Teixeira
Já nos cinemas, "Assim é o Amor" —Beginners no original, cujo titulo português não faz justiça— é o filme indie de Mike Mills, perfeito para a reentrée cinematográfica. Com Ewan McGregor no papel principal, maravilhosamente acompanhado por Chistopher Plummer e Mélanie Laurent, o filme acompanha a crise existencial de um ilustrador, marcado pela morte da mãe que sobre as confissões e recordações do pai, reconstroí a sua existência implodida Depois do sucesso de Thumbsucker, Mike Mills não
teve problemas em revisitar as dores do crescimento e escrever um argumento biográfico com uma encenação sob a forma de pop lírico, segundo as palavras do próprio. Vindo do mundo da publicidade e da música, Mills conseguiu cruzar referências e construir uma linguagem única, talvez comparáveis a uma Sofia Coppola cheia de
vontade de rir. Ou seja, ficamos com uma história acessível e esperançosa sobre os cépticos modernos, perfeita para curar a ressaca das famosas loucuras de Verão e desgostos diversos. Um feelgood movie disfarçado de feelbad movie. E não, não é uma comédia romântica. É qualquer coisa de novo. Cinema etéreo sem mais nem menos.
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T o u c h a R e d B ut t o n M a n
T — Indrid Rodrigues
O primeiro encontro entre os Interpol e o Sr. David Lynch faz lembrar uma das 11 curtas do Coffee and Cigarettes do Jim Jarmusch. Não sabemos se falaram sobre a ressurreição de Elvis, famílias disfuncionais ou sobre o Rock ou o Pop ou sobre o uso da nicotina como insecticida. Mas falaram sobre café e do café orgânico produzido pela empresa do cineasta (David Lynch Signature Cup Coffee), de cenas do Fire Walk With Me, com Chris Isaak e
Kiefer Sutherland and some memorable quotes. E dessa conversa solta e sem agenda resultou um compromisso, um esboço para uma colaboração de David Lynch no espectáculo dos Interpol a realizar-se em Indio, na Califórnia. O Coachella Valley Music and Arts Festival, mais conhecido como Coachella Fest ou simplesmente Coachella, evento anual de música e arte. Nos seus concertos, os Interpol sempre que tocavam a música Lights faziam-no envoltos em
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luzes vermelhas. E, coincidências das improváveis mas que vinha mesmo a calhar, David Lynch achou que talvez eles achassem curiosa uma pequena personagem de animação que ele tinha criado, I Touch A Red Button Man. Desta conversa o Elvis pode não ter ressuscitado, mas o tema Lights com a animação de David Lynch, erguer-se-á das cinzas com toda a certeza. O single sairá a 3 de Setembro.
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R o d r i g o A r e i a s Com a casa esgotada, na abertura oficial do 19º Festival de Curtas de Vila do Conde, Rodrigo Areias passeava calmo entre quem aguardava expectante a apresentação do seu filme Estrada de Palha. “Está atrasado”, terá dito mais ou menos 500 vezes. É um velho conhecido deste festival, premiado em 2008 com a sua curta Corrente e desde então não mais tem faltado.
travará algumas cruzadas morais. Desistir? Lutar? Resignar? Recusando uma leitura simples da metáfora sobre Portugal, o que domina neste filme de Areias é uma reflexão política e filosófica intemporal, sobre o estado versus cidadão, cuja actualidade é incontornável. Portugalidade á parte, é certo que será uma obra apreciada e compreendida nos quatro cantos do planeta, perante a grandeza
T — Maria João Teixeira
Ricardo Areias e Victor Correia em cena de rodagem de Estrada de Palha . Com música de Rita Red Shoes e Legendary Tigerman, Estrada de Palha, a sua longa em formato western, apresentar‑se‑ia nesta noite como filme concerto, musicado ao vivo. Feito com o orçamento de uma curta, tem por base os escritos de Desobediência Civil de Thoreau que questiona o respeitado um estado que não se dá ao respeito. Ainda sem data de estreia prevista, este fileme centra-se na acção de um português, cidadão do mundo que regressa para vingar a morte do irmão, enquanto traduz Thoreau. Encontra um país em convulsão social e política num período pós regicídio. Domina a lei do mais forte, e
do seu tema, simplicidade da sua câmara e estética narrativa que muitas vezes faz lembrar Homem Morto, de Jim Jarmusch. Com 32 anos Rodrigo Areiras que reside em Guimarães de onde grita a necessidade de descentralização e descreve de forma caricatural as viagens a Lisboa resolveu sediar na sua cidade a Bando á Parte, um aglomerado criativo sob forma de produtora, onde se juntam muitos dos nomes que nos fazem encarar o futuro do cinema Português com um brilho nos olhos. Gente que não tem medo da analogia ao cinema de Godard e que sabe trabalhar numa lógica de guerrilha, fazendo filmes em
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contínuo, com baixíssimos orçamentos e enormes sacrifícios pessoais. Formam um núcleo coeso e bastante á parte. Mas se vive no ambiente do cinema, Rodrigo também nunca se afastou de uma outra paixão, a música. Realiza vídeos e é cúmplice audiovisual permanente de Paulo Furtado, Legendary Tigerman. Um verdadeiro cineasta rock n´roll, que também é músico quando tem tempo. Tempo, coisa que por estes dias é o que mais precisa depois de aceitar coordenar todo o cinema da Guimarães Capital da Cultura.
Despomar Lda, 261860 900 nixonnow.com
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M a r ia I m a g i ná rio T — Margarida Brito Paes “A Maria Imaginário é a Edna, tem 25 anos, estudou Ilustração e BD na Arco, não sabe bem se é ilustradora ou pintora mas sabe que é apaixonada pelo que faz.” É assim que se descreve a artista que descobriu o seu lugar no desenho, apesar de ter sonhado ser Maria Bailarina, astronauta, nadadora-salvadora e agricultora. Os gelados coloridos que pintou
merda” inspirado no “cliché do coração partido e do desamor, que é um tema que já bateu à porta de quase todos nós e com o qual nos podemos identificar.” Tem recebido muitos convites para participar em exposições, sendo os últimos uma intervenção num camião do lixo ou, no âmbito Wine Talks & Arts, um conjunto de
Af ter The Utopia
www.flickr.com/photos/maria_imaginario/
Quando o vinho entra o juízo sai, 3m x 3m. Wine Talks & Arts. nas paredes velhas da cidade de Lisboa, são hoje uma das suas principais referências. No entanto a maior parte do seu trabalho encontra-se em papel e telas, sendo a street art apenas “uma extensão do meu trabalho, mas por estar à vista de todos ganha mais projecção”. Outro projecto que teve uma grande aceitação foi o “coraçãozinho de
Ler entrevista completa em www.parqmag.com
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desenhos e instalação em torno do tema do vinho. De momento está a aprender a fazer croché, depois quer aprender a arte da cerâmica e ter mais bases de escultura, a fim de tornar o seu trabalho ainda mais completo e continuar a derreter os corações mais endurecidos com os seus desenhos de menina.
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Go Fo r t h
making-of em www.parqmag.com
T — Margarida Brito Paes
www.goforth.levi.com/
Joe Hatchiban, por VHILS, na Chausseestr. 36, Berlin Mitte.
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A Levis lançou-se nas ruas de Berlim para celebrar o espírito Go Forth, a nova plataforma da marca que vem unir moda e arte, como formas de lembrar e reafirmar os valores sociais. Berlim foi a primeira de quatro
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da Parq) compôs uma série de retratos, com a técnica que lhe é particular, de 4 moradores de Berlim que no seu dia‑a‑dia representam os ideais da Go Forth. Joe Hatchiban é fundador do Karaoke Bearpit
Fadi Saad dedica-se, através do associativismo, à integração dos imigrantes adolescentes na sociedade alemã. E por fim, o artista por detrás de Various & Gould, dedica-se à street art. Os workshops, que se repetem
Fadi Sa ad, por VHILS, na Revalerstrasse 99, Berlin Friedrichshain. cidades onde se desenvolveram actividades para celebrar a nova plataforma, tendo-se
de Berlim, um projecto que junta centenas de pessoas para uma tarde de karaoke ao
Sven Marquardt, por VHILS, na Potsdamer Str. 151, Berlin Schoeneberg.
Various & Gould, por VHILS, na Schillingsbruecke, junto a Ostbahnhof. realizado vários workshops para além de um conjunto de murais criados por Alexandre Farto, mais conhecido como “Vhils”. O artista português (entrevistado na última edição
ar livre. Sven Marquardt é uma figura carismática da cidade que tem documentado, através das suas fotografias a preto e branco, as subculturas que a cidade tem desenvolvido.
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ainda em São Francisco, Nova Ioque e Londres, contemplam a serigrafia, pretendendo homenagear o handmade e interiorizar os princípios da arte e inovação.
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A Louis Vuitton convidou o artista François Cadière para fazer as imagens da nova colecção de lenços da marca. O fotógrafo, conhecido pelas suas influências surrealistas e pela mistura de ilustração com fotografia, criou oito postais que mostram diferentes maneiras originais de usar os lenços de seda da Louis Vuitton. Para esta estação, Marc Jacobs não se limitou a reeditar os tradicionais lenços, já que para além dos clássicos criou ainda outros modelos com
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franjas, berloques e laços. Os padrões por sua vez inspiraramse na mítica cidade de Berlim e misturam vários dos temas já
oi s ser, o monograma da marca. Uma colecção rica em padrões e estilos, que se adapta a um público mais jovem, respondendo com prontidão à tendência crescente de transformar os lenços em peças-chave no guarda-roupa feminino.
www.louisvuitton.com
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explorados pela marca francesa como por exemplo os mapas, os corações, padrões leopardo e, como não podia deixar de
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T — Margarida Brito Paes
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de Rothko. Se a esse nome juntarmos a evocação de Kurt Cobain teríamos que colocar Shaun Samson ao lado de uma espiritualidade americana. Colecção de Shaun Samson
T — Francisco Vaz Fernandes
www.itsweb.org imagem vibrante e futurista marcada por silhuetas fluídas e tendo por base o XL. Até ao joelho com campos em xadrez e cores sobrepostas, estas criações surgem-nos como telas e fazem-nos pensar na pintura
F a ça C hu v a www.havaianas.com T — Maria São Miguel
Shaun Samson ganhou o prémio do International Talent Support, mais conhecido por ITS. Na sua 10ª edição, este prémio apoiado pela Diesel continua a ser um dos mais importantes, reunindo um jurí notável constituído por Viktor & Rolf, Hilary Alexander, Antonio Berardi, Renzo Rosso e Mandi Lennard. Finalista da Central Saint Martin of Art de Londres, o jovem criador americano apresentou uma colecção de homem onde se propõem transpor todos os códigos tipificados de um look grunge, propondo uma
“Faça chuva, faça sol” parece ser o novo lema da empresa Havianas. Para além do chinelo de dedo mais conhecido do mundo, a marca vem agora propor umas galochas para os dias de chuva. Aproveitam a qualidade da borracha como
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matéria-prima base para as galochas e tudo o resto é alma tropical. Por isso, há muitas cores inesperadas e impressões divertidas. A partir de agora, um dia de chuva deixa de ser sinónimo de um dia cinzento.
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T — Margarida Brito Paes
Depois do sucesso da primeira colaboração com a Adidas, a Diesel volta repetir a parceria, propondo uma linha de ténis que “é a colisão de dois mundos, de duas atitudes similares perante a vida e a criatividade”. Ainda assim esta “tem mais ADN Diesel que a primeira colaboração, já que foi buscar muita da inspiração ao mundo Diesel, tanto ao vestuário de trabalho e aos tratamentos dos materiais como a elementos típicos das colecções da Diesel.” Mas o que têm estes ténis de diferente dos já antes fabricados pela marca? Segundo Stefano
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Forum Mid Leather Jacket Assim estes ténis pretendem ser “objectos de desejo para fãs e coleccionadores de ambas as marcas”. Envolvido em todos os processos da parceria, Stefano Rosso assume a sua paixão por ténis e confessa que adora “comprar todas as edições
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Mas não foi apenas este fascínio pela marca desportiva que motivou o projecto. “Depois da fantástica colaboração de denim, onde o conhecimento da Diesel se juntou ao espírito da Adidas, nós decidimos fazer o contrário para começar um novo capitulo nesta parceria: a herança das duas marcas juntam-se aplicando a nossa essência nos clássicos ténis Adidas!” Uma parceria que promete ser um sucesso e virar a cabeça de todos os amantes de ténis. Stefano Rosso já escolheu os seus preferidos: os Centennial. Resta esperar pela colecção e escolheres os teus!
+ especiais de ténis que encontra, quando está a viajar”, talvez por isso tenha sido ele o escolhido para dar a cara pela parceria! Quando questionado sobre as motivações que levaram a Adidas e a Diesel a juntarem‑se novamente, Stefano assume a sua responsabilidade. “Eu sou um grande fã da Adidas, e essa marca fez parte do meu imaginário enquanto crescia.”
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Rosso esta é uma colecção “especial e exclusiva. Não queríamos criar em grande quantidade, porque esta não é uma operação comercial”.
Stan Smith Mid
E no nt re w c o Ro vi m s s w .p pl so ta ar e t e de qm a co e ag m le c çã .c om o
Centennial Mid
ZX 700
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Esta estação, a tecnologia hyperfuse é a grande novidade da Nike no que se refere ao calçado. Esta tecnologia permite que as placas que compõem o sneaker sejam prensadas, pondo de parte todas as costuras. Testada em primeiro lugar no calçado
deixam a nu a tal sobreposição e placagem de camadas a partir da tecnologia hyperfuse. Até agora, a nova estética desportiva aplicouse às silhuetas do Air Force One, Air Max One e Air Max 90. Cada um desses modelos icónicos mantém-se livre de superfícies
Nike Force One Hyperfuse
Air Max 90 Hyperfuse
para basquetebol, só agora é aplicada na linha de moda Nike Sportswear, procurando explorar outros efeitos estéticos e trazendo uma nova alma aos clássicos da Nike. Esta tecnologia
permitem. Cortes e colagens laser foram os primeiros sinais. Agora temos hyperfuse, cujo fabrico aerodinâmico e aspecto minimalista irá ainda passar pelo clássico casaco Windrunner.
Air Max 90 Hyperfuse
acidentadas, tal como é exigido actualmente a um sapato de alta competição. Nesse aspecto, hyperfuse é mais um passo na orientação da marca em direcção ao avanço tecnológico,
H yp er f u s e T — Francisco Vaz Fernandes trabalha com materiais mais leves e menos espessos, alguns deles transparentes sobre outros fluorescentes. Em contraste,
ao serviço do desporto e à sua aplicação no campo da moda, explorando novos efeitos visuais que as recentes tecnologias
Nike Hyperfuse Dunk High
Nike Air Max One Hyperfuse Windrunner Hyperfuse
www.nikesportswear.com
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criaram trajes muito próprios e tradicionais na década de 50. E é este o espírito vintage que a Fred Perry recupera para o próximo inverno, com cores neutras e padrões axadrezados. No que diz respeito aos tecidos são as malhas e os algodões que predominam, tanto na colecção de homem como na de mulher. A última referida também foi buscar a sua essência ao passado, remetendo-nos para o espírito de libertação e emancipação da mulher. Assim
www.fredperry.com
T — Margarida Brito Paes
The Pick District é o primeiro parque nacional britânico e a grande fonte de inspiração para a colecção masculina da Fred Perry. Inaugurado em 1951, o parque incentivou toda uma geração à prática do desporto. As caminhadas e os grandes passeios a cavalo
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a roupa desportiva do meio do século XX, revela‑se uma forte influência para o próximo Inverno, onde as peças-chave do guardaroupa feminino são os pólos, as parkas e os vestidos camiseiro. Duas colecções que nos levam para o espírito das caminhadas e do contacto com natureza.
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Casual, descontraída mas sempre confortável, mesmo quando trazem modelos de salto alto, assim se define a colecção da Camper para esta nova estação. Focando a atenção apenas nas edições de sapatos rasos, uma das maiores surpresas vem da linha Together, em colaboração com Bernhard Willhelm, um
aspecto rústico e homemade, uma das linhas mais bem conseguidadas é a Industrial Raiguer Winter, uma espécie de mocassins primordiais, tanto para homem como para mulher. Apesar do aspecto artesanal (que melhora com o uso), é um sapato sofisticado, com uma gáspea em pele, uma palmilha anatómica
Peu Pista
Together by Bernhard Willhelm
dos principais enfant terribles da moda actual. O designer criou um modelo de botas em cabedal preto, com aplicações metálicas
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PU para maior amortecimento e sola de borracha. Ainda dentro deste tipo de design, destaque para os modelos da série
am p e r
Pista é um dos mais completos. Apresenta uma construção de costuras seladas que oferece protecção contra a água e o frio, ao passo que a sua palmilha 87 PU (com 87 esferas) garante um amortecimento suave.
Industrial Boite
F Ver colecção completa em www.parqmag.com
T — Maria São Miguel em forma de caveira. Sem dúvida, um mergulhar num universo gótico que o criador berlinense tão bem conhece. Outra das tendências que a Camper sabe explorar muito bem é o carácter manufacturado que se faz sentir
Industrial Raiguer no ADN da marca através das mãos de verdadeiros artesãos que, há mais de um século, se dedicam a fazer sapatos. Neste
TWS (Twins) que, em tempos, foi uma das grandes marcas de identidade da Camper, propondo, tal como hoje, uma espécie de mal-casados, dadas as óbvias diferenças dos pares. Ainda captando esse
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espírito, mas com materiais mais urbanos e tecnológicos e respondendo às necessidades de um waterproof, o modelo Peu
www.camper.com
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Al l A Converse trouxe para esta estação alguns modelos de inspiração outdoor que têm raízes no seu próprio passado. Durante a Segunda Guerra Mundial, a Converse modificou a sua produção de calçado para assim contribuir para os esforços de guerra, fabricando as botas para todo o Exército dos Estados Unidos. Dentro desta categoria, as Classic Boot Hi seguem a tendência outdoor e montanha e vêm com os típicos atacadores.
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nota-se um investimento em várias combinações de xadrez inspiradas no movimento grunge americano. Alguns deles trazem um revestimento de
All Star x Marimekko
Converse Lady All Star
Converse All Star Hi Dashing Tweed
Relativamente ao modelo Chuck All Star, um modelo que esteve sempre na preferência dos jovens de várias gerações ligadas a movimentos de contra‑cultura,
pelo por dentro, especialmente dirigido ao público feminino. Para este mesmo público, e dado o sucesso que foi a primeira colaboração com a
Marimekko, a linha premium da Converse volta a ter modelos de All Star com padrões e cores vibrantes, entre os quais o da papoila, que continua
Converse Star Player Classic Trainer Suede a ser o ex-libris da marca de tecidos finlandesa. Ainda na linha premium, destaque para os revestimentos nobres em tweed, um dos grandes símbolos ingleses do country gentleman que resulta numa fusão irreverente e irónica. Outra mistura bem conseguida é a aplicação de tecidos mackintosh em modelos da Jack Purcell, o topo de gama da Converse. Totalmente impermeável, este tecido de lã ganha uma textura e perfeição raras.
Converse Chuck Taylor All Star Boot Hi
Converse by John Varvatos
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T — Maria São Miguel
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O criador americano Mark McNairy, actualmente considerado um dos maiores designers de calçado masculino, iniciou uma colaboração
com a Keds propondo, para esta estação, um modelo desenvolvido pela marca nos anos 50. No arquivo da Keds, o modelo tinha o nome de Booster e o trabalho de McNairy foi actualizá-lo e dirigi-lo a um público urbano. São três edições exclusivas, disponíveis em três cores distintas: bege, azul-marinho e branco natural, a contrastar com
solas grossas de borracha. Tal como as criações de McNairy para a sua própria marca, New Amesterdan, estes sapatos são elegantes e com uma execução milimetricamente perfeita.
T — Maria São Miguel
M a r k K e ds x M c N a i ry
N e x x T — Maria São Miguel
Num país onde se fala constantemente da necessidade de inovação e empreendorismo, registamos um bom exemplo iniciado por 4 promotores com experiência no mercado das motas. Estes aproveitaram um segmento carenciado para proporem um produto diferenciado dirigido essencialmente aos skooters. O pontapé de saída foi um capacete aberto muito redondo revestido a Denim (2006), o primeiro do
género, despertando por isso a atenção mundial a partir de blogs, sites e revistas e que ainda hoje representa o espírito criativo da Nexx. Depois o X60 foi tendo desenvolvimentos optando por design retro, alguns deles com revestimentos em pele ou com elementos fluor que lhes permitiu concorrer com as marcas mais conhecidas. A qualidade do produto já é reconhecido, estando hoje a desenvolver capacetes para a Hugo Boss.
G — S h oc k dos relógios faziam viver em poucos centímetros quadrados uma espécie de futurismo. Ficam aqui alguns dos modelos reeditados que estão no mercado português. T — Maria São Miguel
Como todos os produtos típicos dos anos 80, também a G-Shock faz parte desse leque de revivalismos que o mercado urbano consome. A marca G‑Shock nasceu dentro da Casio em 1983, com o propósito de fazer um relógio ultra resistente para um mercado juvenil que consumia na época muita ficção científica. A verdade, é que os relógios de origem japonesa pareciam‑se com naves espaciais e os momentos que se perdiam com as imensas funcionalidades
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Are you on the list? Depois de 212 VIP Carolina Herrera, um perfume inspirado no estilo de vida agitado de Nova Iorque, surge agora a versão masculina da fragrância, 212 VIP CH for Men. 212 VIP CH, eau de parfum, 50 ml, 57.40€ 212 VIP CH Men, eau de toilette, 50 ml, 67.44€
F a h r enh eit
T — Cláudia Gavinho
Aqua Fahrenheit, Dior, eau de toilette spray, 75 ml, 62.60€
B. R i gh t O maior lancamento da Benefit para este ano é a sua primeira linha de cuidados faciais. B. Right Radiant Skincare é composta por 8 produtos, em embalagens encantadoramente vintage: Triple Performing Facial Emulsion
(hidratante com FPS 15), Total Moisture Facial Cream (creme nutritivo), It’s Potent! Eye Cream (creme de olhos), Foamingly Clean Facial Wash (espuma de limpeza), Moisture Prep (tónico facial), Ultra radiance (bruma),
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Refined Finish Facial Polish (esfoliante) e Remove It Makeup Remover (desmaquilhante). Benefit, à venda em exclusivo na Sephora
T — Cláudia Gavinho
A nova água de colónia da conhecida fragrância para homem surge com uma base poderosa amadeirada fresca e conserva a assinatura característica original da violeta e do couro.
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Pessoal e transmissível A cronologia de Anna Calvi tem dois momentos decisivos: a edição de um primeiro álbum no início do ano, que confirmou a atenção prestada por figuras com o cartel de Brian Eno ou Nick Cave. E um concerto no Optimus Alive que marcou
T — Davide Pinheiro
Anna Calvi foi tão bem sucedida na estreia em palcos portugueses no Optimus Alive que se impôs um regresso em nome próprio. A 13 de Setembro vamos poder vê‑la novamente mas agora a solo no Lux. 12.09.2011 HARD CLUB Porto
13.09.2011 LUX Lisboa
a estreia em palcos portugueses. Foi nos bastidores do palco Super Bock, que de secundário muito pouco tem, que encontrámos uma artista de tez pálida e lábios flamejantes, um pouco como a sua música: aparentemente frágil, ganha uma pujança ao vivo que a transforma numa mulher poderosa e dominadora da arma que tem em mãos, a guitarra.
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A dezena de metros entre os camarins e o palco não permitiam adivinhar a distância que existe entre a artista tímida que conversa a um volume mínimo e o animal de palco que veste uma jaqueta de cavaleira e pega o touro pelos cornos. "Sou tímida mas adoro estar em palco. Não tenho medo nenhum de tocar para muita gente. Pelo contrário, é muito agradável a sensação de levar a minha música a mais gente", contou algumas horas antes de se deparar com o público português. Quando Anna Calvi voltar a aterrar no Aeroporto da Portela —antes, no dia 12 de Setembro toca no Hard Club portuense—, estará a dar as primeiras voltas de uma digressão por salas, depois de uma temporada de festivais em que percorreu os principais palcos europeus. Uma etapa que percorreu com o sorriso de quem se está a divertir, conforme confessou. "Estar em digressão é divertido. É um desafio tocar para pessoas de países tão diferentes. Nunca é igual apesar de as reacções serem geralmente boas", defende. O que acabou por acontecer num concerto muito celebrado no Optimus Alive em que Anna Calvi acabou por ser numa das revelações de um festival menos generoso que em outros anos para com apetites melómanos.
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restrito de novo talento que 2011 revelou. Mas Anna Calvi não se deixa impressionar por essa torrente de elogios que levou Brian Eno a considerá-la o acontecimento musical mais importante desde que Patti Smith surgiu. "É muito importante ouvir essas palavras, sobretudo vindas de quem vem mas procuro não me deixar contagiar. Procuro abstrair-me do hype e concentrar-me naquilo que procuro". E que passa por "encontrar o meu espaço enquanto compositora, escrever canções ainda melhor e tocar vidas de mais pessoas". Já os constantes paralelos com PJ Harvey, teimam em não a abandonar —há semelhanças evidentes assim como diferenças claras— mas o que mais incomoda Anna Calvi é a frequência com que esse fantasma assoma. "Eu gosto da PJ Harvey mas só mergulhei no universo dela depois de me terem comparado tantas vezes a ela. Não é que me importe mas simplesmente acho que é uma leitura preguiçosa", retorquiu uma Anna Calvi que consultava as notícias no computador portátil antes de se entregar à entrevista. Mas é bom recordar que o disco foi produzido por Rob Ellis, colaborador de... PJ Harvey.
No festival, Anna Calvi esteve ladeada por uma secção rítmica e um percussionista que também toca harmonium. Uma dezena de minutos depois de se ter deparado com um público ainda a recompor-se do embate com a poderosa intimidade de James Blake, uma artista de saltos altos fez strip à alma e tirou tudo o que tinha sem precisar de fingir um reality show'. São essas emoções que aguardamos que Quando o ano terminar, aquela que foi com- se repitam em doses reforçadas no conparada a PJ Harvey estará entre o clube certo do Lux.
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Act i ve C h il d T — Pedro Lima www.stereobeatbox.com
Todos os anos há um álbum que marca a mudança de estação. Em 2011, cabe a Active Child antecipar a entrada do Outono com a magistral estreia em formato longa-duração, You Are All I See. Fomos descobrir o seu gospel de linhas electrónicas e deixámo-nos evangelizar por este ex-menino de coro.
www.activechildmusic.com
Gospel Electrónico Active Child é o novo projecto do menino de coro tornado músico indie pop, Pat Grossi. O cantor estreou-se em 2010 com o pouco divulgado EP Curtis Lane, que expôs pela primeira vez o seu folktronic assistido por laptop feito a partir de casa,
ecoado, expansivo e texturado por várias layers sobrepostas de vocais celestiais. A sua sonoridade é, aliás, tão vasta que levou o músico a acompanhar digressões de artistas com géneros tão distintos como o pós-dubstep de James Blake, o synth-pop sonhador dos School of Seven Bells ou o indie-rock dos White Lies. As canções de Active Child são um intrigante estudo de contrastes. Os elementos
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orgânicos do falsetto angélico e invulgarmente reconfortante de Grossi (uma mistura de Fleet Foxes, Bon Iver e Antony Hegarty), e o delicado dedilhar da harpa lançam uma luz sobre a negritude assombrada, criada por percussão cavernosa e sintetizadores de infusão 80’s. Paisagens sonoras de sofrimento flutuante que não destoariam no interior de um claustro de igreja. Apesar de já me ter rendido à música de Active Child, nada me preparou para o salto do artista no muito antecipado álbum de estreia You Are All I See, editado a 23 de Agosto pela Vagrant Records. O cantor expandiu as suas ambições sónicas e transformou o estúdio num instrumento para um disco que soa simultaneamente gigantesco e intimista.
You Are All I See, título por si só gratificante, é um álbum de difícil digestão, denso e saturado, com canções forjadas em temas como as alegrias e desgostos das relações amorosas, o amor perdido e redescoberto, duelos pela monogamia ou identidade. A colecção de 10 canções com que nos presenteia, demonstra o alcance grandioso e cinematográfico da visão artística de Grossi e a sua tentativa de submergir o ouvinte em ambientes espectrais, de poder hipnótico e despojado de excessos. Neste lugar as emoções fluem tal como afloram à pele, sem filtros ou receios.
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Com sintetizadores triunfantes e reluzentes, linhas de harpa em contraponto, temas como Hanging On relembram Motion Picture Soundtrack dos Radiohead, melhorada com camada após camada de vocais cristalinos e acutilantes. High Priestess e See Thru Eyes são magníficas incursões aos territórios da electrónica, pontuadas por samples, drum machines e teclados que impulsionam as canções para a frente, mantendo-as ao mesmo tempo leves e suspensas no ar. É nesta tensão entre a aspereza dos ritmos digitais e a solenidade das orquestrações que You Are All I See vive e respira tão majestosamente. Este álbum deve, sem dúvida, muito à década dourada dos anos 80, das baterias e sintetizadores dos New Orders ou Joy Division às batidas de hip hop mais dançáveis, polvilhadas com melodias R&B com a dose certa de melodrama. Exemplo máximo deste génio criativo é o primeiro single do álbum Playing House (que a publicação Pitchfork definiu como “à frente do seu tempo”), em que Grossi juntou forças a Tom Krell, crooner experimentalista de canções R&B mais conhecido por How To Dress Well, para moldar uma faixa perfeita de contos de fadas frágil e sedutora, que se enterra lentamente muito além da epiderme. Não é difícil prever que Active Child está destinado para grandes feitos, com o sol da Califórnia preso na voz e a capacidade de nos desarmar com palavras de sinceridade desconcertante.
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T — Eduardo Feteira
F — Pedro Gaspar & Nuno Sousa Dias
Y ou C a n't W in C ha rl i e B r o w n O que mais há a dizer de uma banda, depois de ser internacionalmente reconhecida e classificada como “brilhante”? Bem, para além de agora se dedicarem palavras ao mais recente albúm que lançaram, muitas mais há a descobrir sobre o seu percurso, a sua posição face aos louvores da imprensa e do público e acerca do seu futuro. Quem as revela é Salvador Menezes e Tomás Sousa, dois membros dos You Can’t Win Charlie Brown, uma banda que afinal acumula victórias.
No reportório contam com a participação dos Novos Talentos Fnac 2009, com que se iniciaram na carreira musical como grupo, e um EP homónimo lançado em 2010. Mas é com Chromatic, assim nomearam o seu primeiro trabalho de longa duração, que os You Can't Win Charlie Brown se afirmam como uma banda de albúm completo. Para agora, a banda apresenta ao público um experimentalismo sonoro mais trabalhado. Realizado em estúdio, deixando um pouco de parte a melancolia que caracterizou o EP. “Tivemos imenso tempo de estúdio e pudemos experimentar de tudo um pouco”, diz Tomás Sousa, “e o resultado foi nascendo”. Mas nunca afastados de um naturalismo e uma característica quase artesanal de fazer música, esta continua a surgir sem qualquer tipo de “agenda” e a reflectir um pouco de todos os membros da banda. “Algumas [músicas] já existiam à mais tempo que o lançamento do EP e foram trabalhadas, mas nunca com um conceito específico”, explica Tomás Sousa. “Cada bocado da música foi pensado pelas seis pessoas para que cada um ficasse feliz pelo resultado final”, termina Afonso Menezes. Ao ouvir o seu trabalho é difícil não identificar a banda portuguesa com outras já na estratosfera musical como Grizzly Bear, Surfjan Stevens, Fleet Foxes e Animal Collective. Mas se seria de esperar que estas comparações pudessem,
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de certa forma, constrangir a banda, os dois membros desta desmentem-no. “Nós adoramos a comparação, gostamos que vejam as nossas influências nas músicas e, pelo que dizem, vemos que estamos a fazer um bom trabalho se nos comparam a essas pessoas”, explica Tomás Sousa, “eles são os nossos ídolos”.
da banda, o mediatismo que vivem apenas se traduz numa coisa. “Para nós é uma honra e alguma responsabilidade sermos vistos dessa maneira”, continua Tomás Sousa, “Mas não vemos isso como um «agora temos de fazer uma coisa excepcional», fomos vistos assim e temos de continuar a fazer o que temos andado a fazer”. Já Salvador Menezes complementa que “se tentarmos forçar alguma coisa pode não funcionar, e o que queremos é que as coisas corram bem e que as pessoas gostem”.
E nem mesmo depois da critica da Les Inrockuptibles, que os catapultou para uma maior visibilidade internacional, os You Can’t Win Charlie Brown se acanham. “Posso falar por mim, eu ainda nem percebi muito bem o que se passa e não sinto qualquer pressão”, afirma Salvador Menezes. Assim, para os dois elementos
Com presença no Festival Paredes de Coura e ainda a marcar lugar em Setembro no Lux, novos projectos vislumbram-se no futuro dos You Can’t Win Charlie Brown, que poderão incluir outras colaborações. Contudo, não podendo a banda pronunciar-se sobre isso, resta ao público degustar o Chromatic e aguardar notícias.
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T h e Gaslamp K i ll er
San Diego, de onde é natural, por «matar» todas as pistas de dança. E não no melhor dos sentidos que o hip-hop por vezes dá a esse sinónimo de «arrasar»: «Em San Diego, onde cresci, esta minha mania de misturar tudo não era muito bem aceite no início. Tinha amigos que me chamavam para os clubes, mas as pessoas não estavam nada interessadas em ouvir-me pôr música», conta-nos Gaslamp Killer nos bastidores do Neopop, sobre uma frequência grave constante proveniente do palco principal onde a curadoria da Red Bull Music Academy colocou vários artistas a tocar. No momento em que decorre a conversa, DJ Ride e Stereossauro actuam enquanto Beatbombers, inundando o camarim de Gaslamp Killer de um rumble de graves que bem pode servir de aperitivo para o que se há-de seguir, saído das mãos do homem de Death Gate. Este low end é território familiar para Gaslamp Killer: «estas vibrações são a fundação, é o ruído da agulha no vinil, o som da terra, das cavernas, do lado mais obscuro», ironiza.
T — Rui Miguel Abreu F — Hugo Silva / Red Bull Music Academy
Produtor de Gonjasufi, membro da tribo Brainfeeder de Flying Lotus, dj extraordinário: Gaslamp Killer é tudo isso e muito mais, como a sua passagem pelo palco Red Bull Music Academy no festival Neopop de Viana do Castelo deixou claro. Primeiro o nome: The Gaslamp Killer, na sua forma abreviada ou The Motherfucking Gaslamp Killer em toda a sua gloriosa extensão. A tradução pode indiciar uma personalidade com um pendor surrealista ou absurdista —O Assassino dos Candeeiros a Gás. Mas a realidade é bem mais simples: William Benjamim Bensussen, tal como consta na carta de condução, ganhou o seu nome de guerra no Gaslamp District de
Na verdade, a famosa noite das quartas-feiras em Los Angeles onde The Gaslamp Killer é residente tem por nome The Low End Theory. Uma designação subtraída ao imaginário hip-hop (A Tribe Called Quest), mas também uma autêntica declaração de intenções: «vale tudo», exclama Gaslamp Killer. «No Low End Theory não há barreiras. É um sítio em que me sinto em casa, onde posso recarregar baterias espirituais, onde me inspiro, onde me cruzo com os meus amigos: J Rocc está lá, Peanut Butter Wold e Madlib estão lá, a minha família da Brainfeeder, Daedelus, toda a gente está lá e a música é incrível. Inspiramo-nos uns aos outros». E
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essa inspiração tem rendido uma produção intensa: os skills de digger de Gaslamp Killer —«tenho mais de 12 mil discos actualmente!»— têm-lhe permitido fazer uma série de aclamadas mixtapes onde o rock psicadélico é nota dominante: It’s a Rocky Road, I Spit on Your Grave ou Hell and the Lake of Fire Are Waiting For You são algumas das mixtapes, que se juntam aos eps My Troubled Mind e Death Gate. «Estou a preparar um novo ep para muito breve», revela-nos, oferecendo apenas um «more of that crazy shit» quando nos pedimos que revele o conteúdo . Mas o trabalho que deu mais notoriedade a Gaslamp Killer foi a produção que assinou em boa parte do álbum A Sufi and a Killer de Gonjasufi. «Estou neste momento a colocar os retoques finais em “A Sufi and a Killer part 2”. Não será esse o título, mas é disso que se trata. Foi feito ao mesmo tempo que a primeira parte», revela Gaslamp Killer, adiantando pormenores sobre o disco que irá suceder ao aclamado registo que marcou a estreia de Gonjasufi na Warp. «Estes temas são todas de um período de 3 ou quatro anos, têm a mesma vibe, mas é um disco um pouco mais agressivo, mais obscuro, com letras mais intensas. São histórias pessoais, sentimentos íntimos, mas algo de muito complexo e profundo». Basta ver uma foto de Gonjasufi para acreditar. Gaslamp Killer explica que tem um método simples de trabalho: pega em discos que acha que têm a cara de Gonjasufi —o que poderá querer dizer flamenco rock espanhol dos anos 70— «volto a samplar Las Grecas no novo álbum» —ou jazz etíope dos anos 60 ou rock turco da mesma década— e cria reedits que depois servem
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para Gonjasufi se inspirar e fazer a sua parte. «Depois misturamos, acrescenta‑mos efeitos e essas coisas. É um processo muito orgânico, mesmo comigo em LA e com ele em Las Vegas». Uma forma muito particular de viajar no tempo e no espaço. «Trata-se de tornar certos discos relevantes de novo», explica, revelando que os detentores originais dos direitos destas canções estão a ser recompensados —«e penso que percebem o que estamos a fazer», sublinha. É simples: trata-se de transformar o presente numa dimensão psicadélica alternativa.
Gaslamp Killer estreou-se a norte, com um incrível e inspirador set que deixou muita gente abismada e cheia de vontade de deitar mãos ao trabalho. Houve tempo e espaço para o mais abrasivo dubstep, para as mais inclassificáveis descidas aos abismos dos sub-graves, mas também para Beatles ou Black Sabbath, para Dr Dre e para um conjunto enorme de outras coisas cujo único propósito era fazer o corpo mexer. E o próprio Gaslamp Killer não parou em palco, possuído pela própria energia que emanava dos pratos. Podemos certamente apostar que não há-de tardar a regressar!
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V i k Recorrendo a matérias estranhas como chocolate líquido, açúcar, lixo, caviar ou diamantes, Vik Muniz desenha imagens icónicas e banalizadas que posteriormente fotografa e amplia. Uma Mona Lisa em chocolate ou uma Brigitte Bardot em diamantes são, a título de exemplo, dois trabalhos de grande impacto que contribuíram para o sucesso de uma carreira internacional a partir
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de Nova Iorque. Este processo de criação começou a ganhar relevância em 1988, quando expôs a série The Best of Life, um conjunto de imagens que recriava de memória algumas das mais célebres fotografias da revista Life. Simplificadas, testam a memória do espectador que, facilmente, as reconhece. No conjunto do seu trabalho subsiste a ideia de que num mundo saturado de imagens, pouco mais há para fotografar porque cada um de nós já contém todas as imagens do universo e, como tal, cada uma subsiste na nossa memória como um fantasma e um ícone. Vistas de longe, as suas fotografias apelam a um reconhecimento 60
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O mundo em memória
Museu Berardo a partir de 21.09.2011
imediato mas, ao perto, desvendam as particularidades dos materiais e das texturas até à desmaterialização completa da imagem, que subsiste apenas na nossa memória como um todo. Visto ao contrário, o processo fotográfico permite que todos os materiais orgânicos e perecíveis que entram na composição de cada uma das suas imagens seja cristalizado. A fotografia
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dissipa o pormenor em detrimento da imagem geral que os nossos elementos cognitivos reconhecem de imediato. São essas memórias e ícones que Vik Muniz nos convida a reencontrar em Lisboa, no Museu Colecção Berardo, a partir de 21 de Setembro. É a sua maior exposição retrospectiva de sempre centrada exclusivamente no seu trabalho fotográfico. T — Francisco Vaz Fernandes
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P O seu trabalho está bastante mediatizado
e parte do público português conhece as suas séries. Com a exposição retrospectiva que o Museu Colecção Berardo lhe dedica, teve alguma preocupação em trazer trabalhos novos ou peças específicas para mostrar em Portugal? Vik A exposição é composta por trabalhos que vão dos anos 80 até hoje e, em geral, são obras pelas quais me tomei conhecido. Contudo, penso que ainda há espaço para a descoberta. Estão incluídos trabalhos iniciais com uma natureza puramente fotográfica, como era o caso das nuvens, e ainda obras muito recentes que nunca foram expostas. Aliás, esta mostra que viajou para Nova Iorque, Chicago e outras três cidades americanas, chegou ao Brasil e foi reformada. Chamava-se Reflex e agora chama-se simplesmente Vik. Quis fazer uma coisa diferente, redesenhá-la para um público maior. Ou seja,
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imagens que na verdade são pequenas e, depois de fotografadas, ficam grandes. É um regresso à questão das transposições de escalas. Estas obras vão ser apresentadas em simultâneo numa exposição individual em Nova Iorque.
P Grande parte do seu trabalho
reporta-se à fotografia. Como começou o seu interesse por este meio? Acompanhou sempre esta arte no seu processo criativo? Vik Os meus primeiros trabalhos eram essencialmente tridimensionais. Na verdade, eram objectos, peças conceptuais ligadas à percepção de objectos colocados noutros contextos. Eu não queria mexer com a fotografia porque o meu background já era a imagem. Vinha da área da publicidade e acreditava, na altura, que quanto mais distante desse universo estivesse, mais possibilidades teria de chegar a uma suposta “pureza” do exercício da arte, que viria a descobrir mais tarde que não existia. No entanto, foi precisamente essa abordagem tridimensional sobre o significados desses objectos que me aproximou da imagem. Por questões práticas, ao fotografá‑los para imagens de arquivo ou de divulgação, comecei necessariamente a confrontar‑me com imagens que eram para mim muito mais apelativas do que os objectos em si. Foi assim que começei a fazer coisas só para serem fotografadas.
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Liz Taylor para a familia, para adultos e crianças, para quem entende arte ou é um mero curioso. A exposição viajou por cinco cidades brasileiras e agora vem a Lisboa, a primeira paragem na Europa. E o que poderão ver é uma exposição actualizada, até por questões de adaptação ao espaço. Não vai ser exactamente igual à que esteve no Rio de Janeiro e tem algumas obras novas, trabalhos que entretanto criei e que nunca foram expostos.
P Sendo assim, as obras inéditas
são trabalhos novos que estão em desenvolvimento. Pode descrevê-los? Vik Vou mostrar uma série nova que é feita a partir de recortes de revistas e de jornais que se chama Mountains, resultante de composições de
Podemos dizer, então, que agora mais consciente da fotografia e da bidimensionalidade do desenho, o seu processo de trabalho passou a ser uma recomposição de imagens antes de as fixar numa fotografia? Vik O que é mais interessante para mim é esse espaço de negociação que se gera entre a origem e o documento. Entre o que é tridimensional e o que é bidimensional. Quando um indivíduo está à frente de uma das minhas fotografias, tem que negociar a sua maneira de ler. Essa minha deslocação do objecto para imagem tem a ver um pouco com isso. Por outro lado, eu nunca deixei completamente o lado tridimensional. O meu trabalho passou a ser um questionamento do tridimensional e do bidimensional, o que se vê em termos de perspectiva, dimensão, volume. É uma representação de como e porquê se vê. Este ano, por exemplo, fiz duas exposições e nenhuma delas era de fotografia. Uma delas, que está agora em Brasília, explorou precisamente todas essas ideias que abordava nos anos 80 a partir de objectos e algumas dessas obras foram refeitas. A exposição chama-se Relicário. Também fiz recentemente uma exposição em Nova Iorque que também não incluía fotografia. Mas esta de Lisboa é apenas sobre fotografia e ficaram de fora todos esses objectos que fiz nos anos 80 e outros que estou a fazer neste momento.
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P Mas sendo esta uma exposição retrospectiva, qual a razão de deixar essa faceta do seu trabalho de fora? Vik Seria redundante e a exposição já tem uma dimensão considerável.
pessoas questionarem se eram diamantes e, na verdade, era apenas uma foto. Nesse caso, diria como Godard: "C’est pas du sang c’est du rouge" (não é sangue é vermelho.)
P O seu trabalho tem,
também, muito a ver com a reciclagem Quando realiza os e esse é um tema seus trabalhos pensa caro ao Brasil, onde primeiro na matéria que encontramos outros lhe sugere a composição artistas com o mesmo de uma imagem tipo de preocupações, Mona Lisa de Geléia de Uva e Mona Lisa ou, pelo contrário, entre eles os irmãos de Manteiga de Amendoim, 1999. pensa numa série de Campana. imagens e na matéria Vik O Fernando que melhor se adapta à execução? Ou as e o Humberto provêm do mesmo background que duas coisas surgem ao mesmo tempo? eu. Temos a mesma idade, fomos para o mesmo Vik É uma situação natural que tem esse tipo de escola num subúrbio de São Paulo e temos dois lados. Por vezes, existe uma imagem muitas outras coisas em comum. Reciclagem que gostaria de tratar e procuro um material não era para nós um tema tal como é abordado adequado. Contudo, na execução também se agora porque o reaproveitamento não era uma questiona o contrário e posso chegar à conclusão opção, era uma condição. Quando se nasce numa que esse material ficaria bem numa imagem casa de pobre, o reaproveitamento está sempre com características diferentes. Nessa pesquisa, presente. Não se vai a uma loja de brinquedos. nesse vai-e-vem, depressa concluí que esses Eu lembro-me que, quando encontrava um caixa dois lados da equação estão sempre muito de papelão, fazia um carro ou uma casinha. Esse presentes. No entanto, tenho reparado que tipo de treino advém de não se ter muita coisa e quando escolho as imagens e depois vou atrás obriga a uma posição de reaproveitamento do que de um material, a tendência é que essas séries está à nossa volta, criando um universo inteiro sejam menores. Quando tenho um material e com coisas imediatas e próximas. Não se lida com materiais inovadores. É, até, uma atitude ando à procura da adaptação de uma imagem, em geral, as séries tornam-se mais experimentais e geram maior número de trabalhos.
P Uma curiosidade.
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Já agora, a título de exemplo, no caso da série Divas e Monstros, umas das suas mais conhecidas, como foi o processo de criação? Vik Muitas vezes estamos à procura do material, outras é o material que nos encontra. Nunca tinha pensado em procurar um monte de diamantes mas, um dia, um coleccionador que tem vários trabalhos meus, perguntou-me se podia desenhar com diamantes e colocou-me um punhado na mão. Apontou uma luz e mostrou como eram bonitos os brilhos que produziam. Como eram muito pequenos, à medida que ia avançando na experiência, ia pedindo mais até concluir a primeira imagem. Inicialmente, imaginei imagens de assalto ou de alguém a ser agredido, coisas horríveis de se fazer com diamantes… Depois fiz um exercício, pensando o óbvio: afinal, para que servem os diamantes? E foi um sucesso incrível porque, para algumas pessoas que compraram alguns desses trabalhos, era como se estivessem a adquirir também monte de diamantes de 20 quilates. Na verdade, o material de base eram brilhantes mínimos que, ampliados, pareciam ter 20, 30 ou 40 quilates cada. Não era raro as
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Saturn devouring one of his Sons, af ter Francisco de Goya y Lucientes
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pós‑moderna diferente, porque ainda é utópica, ainda é positivista, contém uma atitude quase mágica relativa ao novo. O novo tem sempre a ver com algo que está próximo mas não se vê. Tanto no meu trabalho como no dos Campana celebrase o potencial de transformação que ainda existe, mostrando a beleza do dia-a-dia. A vida prática e as rotinas levam a que os nossos sentidos tenham tendência a ficar entorpecidos e dificultam o olhar para a singularidades das coisas em nosso redor. Tanto eu como os Campana viemos de escolas públicas durante a ditadura. Nessa época, as aulas de arte pareciam aulas de terapia ocupacional para presidiários. Sempre que me encontro com eles, morremos a rir disso. Queira ou não, fui formado por esse tipo de atitude de reaproveitamentos. E, quando não temos meios, temos que nos virar e fazer o que podemos. Isso cria perspectivas do mundo muito diferentes. Onde alguém via uma mangueira, os Campana já viam o potencial para fazer uma cadeira. Onde alguém vê um monte de lixo, eu vejo o potencial para fazer um desenho.
Refere-se ao mundo geral ou, particularmente, aos países que vivem numa fase de capitalismo acelerado? Vik Acho que isso é geral, vem dos últimos 15 anos, acelerado por uma tecnologia gigantesca com um poder de disseminação da informação muito forte. Se for a África descobre que, em qualquer lugarzinho, também existem satélites e que vêem o mesmo que nós. Obviamente, nos centros urbanos, somos mais vitimizados e por isso o meu trabalho é, ao contrário do que muitos pensam, um exercício de subtracção. Parece que estou a montar mas, na verdade, estou a tirar, a limpar.
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Penso que foi um dos primeiros artistas da sua geração a instalar-se em Nova Iorque. Em que medida esse passo foi decisivo na sua carreira? Vik Nova Iorque tem um aspecto prático porque continua a ser um grande centro cultural e económico. A cidade foi, para mim, uma revelação.
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Hoje parece que vivemos numa cultura de excessos. Tanto na Europa como na América Latina, este tema tornou-se obrigatório na agenda política. Vik Eu vivo entre Nova Iorque e o Rio de Janeiro, duas culturas muito diferentes, e o que um americano produz de excesso, ou aquilo que desperdiça, é incomparavelmente maior do que um brasileiro. O excesso tem a ver com o potencial de escolha. Quando se compra muita comida, The Floor temos mais opções no momento da concepção de um prato. Podemos ser mais criativos. Quando não se tem muita liberdade económica, o que é um conceito também, somos condicionados a menos escolhas e a usar ao máximo o que temos ao nosso dispor, o que é interessante. Isso também tem um paralelo nas imagens. Quando se tem mais liberdade de escolha, isso vai gerar um número de representações maior, tendo o auxílio de uma tecnologia poderosa. É um tipo de sociedade que vive inundada de sinais de mensagens. Nós vivemos num lixo total. Se fizermos uma analogia entre o lixo material e o lixo intelectual, chegaremos à conclusão que estamos completamente imersos num lixo gigantesco.
Scrapers, af ter Gustave Caillebotte Através do convívio que fui estabelecendo, percebi como tudo aquilo que me interessava estava ali, com a possibilidade de me transformar num artista plástico. Se eu tivesse ido para outra cidade, talvez tivesse seguido outro rumo, fosse um cozinheiro ou um professor. Mas, na altura, o ambiente de Nova Iorque em torno das manifestações de arte contemporânea era, sem dúvida, muito forte, o que quase me empurrou a permanecer nesse meio e a ambicionar ser um artista plástico. Lembro‑me de, nos anos 80, visitar a primeira galeria que abriu em West Village, a zona onde morava. Era bem pequena mas depressa apareceram outras, igualmente pequenas, e que hoje são enormes. Eu cresci com essa geração e com a super-valorização
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da arte contemporânea. Sou parte desse processo porque comecei a ver trabalhos que tinham tudo a ver comigo, com as minhas preocupações e com a minha filosofia. Ou seja, eram as questões da minha geração e eu podia ser parte desse mundo. Nova Iorque é ainda um lugar muito emblemático da possibilidade de fazer o que se quiser. Quando estou em Nova Iorque, tenho a sensação de estar a recarregar essa energia vital. Ultimamente, tenho passado muito tempo no Rio de Janeiro, num ping-pong complementar. A cidade é muito bonita e muito inspiradora também. Existe natureza e gente muito diferente, de diversas partes do mundo e de várias classes sociais. Oferece essa diversidade rica de contacto humano que, em Nova Iorque, é mais difícil porque a segregação social é muito maior.
P Segundo que consigo perceber, está
sempre interessado numa cultura de massas. É uma atitude que vem directamente da Cindy Sherman e do Jeff Koons.
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Agora fala-se muito no ressurgimento do Brasil. Passando agora mais tempo no Rio de Janeiro, tem em mãos projectos de responsabilidade social enquanto cidadão e artista? Vik Aqui, serei sempre o rapaz pobre que regressa relativamente bem-sucedido. Desde que comecei a regressar mais continuamente ao Brasil para expor, consegui, paralelamente, desenvolver actividades sociais. Fizemos o Centro Cultural Vik Muniz no Cais do Porto, no Rio de Janeiro. Temos uma escola de fotografia, com o patrocínio da Louis Vuitton, e ainda uma OMG que se P Estava a falar da geração de artistas chama Arte em Trânsito e que cuida de políticas de dos anos 80 em Nova Iorque. Identificava-se interacção entre educação e arte pública, criando com o ressurgimento do figurativismo? projectos para a perfeitura. É uma questão tão séria que dava até assunto para outra entrevista. A produção artística continua a ser vista por um segmento muito pequeno da população e a razão por que as pessoas não vão a galerias e aos museus é porque nunca viram arte. Isso não está no curriculum das escolas, não está na ruas, o que acaba por criar fronteiras entre dois mundos. O mundo da arte contemporânea circunscreve o universo dos privilegiados, dos ricos e com boa formação, que se sentem à vontade num museu. A maior parte da população e, no caso do Brasil seria à volta de 96%, nunca entraram num museu, WheatField, af ter Van-Gogh nem mesmo numa excursão escolar. Acho Vik O figurativismo, no início dos anos 80, que é responsabilidade do artista suscitava-me um interesse muito marginal. Eu conseguir contornar esse fosso e levar nunca me senti integrado num movimento ou num mais público aos museus e às galerias. grupo como, por exemplo, a Picture Generation, na qual incluo Cindy Sherman, Jeff Koons P Gostaria de fazer projectos de Arte Pública? e Richard Prince. Eu sou um artista de nicho. Vik Nunca fiz e também nunca tive muita O meu trabalho não critica a sociedade de oportunidade para pensar nisso. Os projectos consumo, não se cruza com os estudos sociais, que poderia considerar de Arte Pública eram, como acontecia com muitos artistas da época. na verdade, mais happenings e performances Eu mantenho-me mais pragmático e procuro do que algo permanente, como quando envolvi não ser tão objectivista como esses artistas a Brooklyn Museum Academy com uma que, naquela época, trabalhavam as questões fotografia minha, enquanto o edifício estava a da imagem. Eu relacionava-me marginalmente ser reabilitado. Entre esses projectos, o mais com alguns artistas americanos como, por conhecido são as nuvens que desenhei no céu exemplo, Charles Ray ou Tim Hawkinson. mas, como disse, foi algo muito efémero.
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Marat (Sebasti達o)
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Mother and Children Suellen
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W a st e L a n d Vidas de Luxo —Uma questão de perspectiva
O melhor tipo de arte contém em si uma poética que eleva o ser humano, ultrapassa os limites do sensorial e contradiz lógicas. Esse tipo de arte contém ainda o poder de transformar. Altera padrões de pensamento, eleva a auto-estima, redimensiona a profundidade com que analisamos o que nos rodeia, tornando o que é aparentemente pequeno, grande. Esse é o caso do documentário Waste Land, ou Lixo Extraordinário, filmado durante três anos na maior lixeira do mundo, o Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro.
T — Diana de Nóbrega
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Inesperadamente, o projecto levado a cabo por Vik Muniz, artista plástico, ganhou vida própria e tornou-se num poderoso veículo de transformação pessoal e social, tanto para os envolvidos no projecto como para aqueles a quem amplificou a voz —os catadores de materiais recicláveis, pessoas que vivem as suas vidas no lixo. A ideia inicial de Vik Muniz e da realizadora Lucy Walker era documentar uma
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viagem a partir de Brooklyn, até ao Rio de Janeiro, cidades entre as quais reside, onde se pretendia homenagear pessoas que consideram especiais, cuja vida baseia-se no último dos tabus. Curiosamente, a lixeira é o único local no Rio onde os extremos sociais se misturam. Os dejectos da zona sul, endinheirada, não são em nada diferentes dos restos produzidos pelas favelas. O aumento da quantidade de lixo é uma das fracções mais negativas da cultura de consumo onde vivemos mergulhados. Representa tudo o que ninguém deseja, mas quando desaparece da visão (em mais uma ilusão criada pela cultura corrente) não desaparece, de facto. É real, está no Jardim Gramacho ou na lixeira da nossa cidade. No Rio, existem pessoas cuja vida é separar os materiais passíveis de reciclar por várias pilhas que representam riqueza —em que nunca irão tocar. Mas o que mais surpreende aqueles que contactam com o documentário, é a paz e o bom humor com que a maioria destas pessoas vive o seu quotidiano tão paralelo à sociedade. E a sua honestidade. "Eles não tocam nas pilhas de lixo uns dos outros", escreve a realizadora, Lucy Walker, no seu blogue. A maioria dos catadores não teve escolha: entre prostituição, tráfico de droga ou lixo, estas pessoas escolheram o último —onde a única pessoa que afectam é a eles próprios. E o orgulho que sentem é palpável em toda a fita— mesmo apesar de metade dos catadores dormirem no lixo, correndo o risco de serem atropelados por camiões, e a outra metade na pior favela da cidade. A aura positiva da comunidade de catadores acaba por afectar a realizadora que a certo momento escreve no blog —"À noite voltávamos para a zona sul e dirijo-me para um jantar delicioso num carro á prova de balas. Preferia estar com os catadores do que com bilionários que se queixam constantemente do preço da arte contemporânea". São esses os compradores das obras de arte que Vik produz.
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Os outros "estão no limite da cultura de consumo", afirma Vik Muniz, que "esperava encontrar pessoas pobres e rendidas. Mas encontrei sobreviventes". A equipa de Waste Land rapidamente criou laços com os catadores e colaborou com alguns deles como modelos e compositores na produção de retratos em grande escala. Tiao, catador desde os 11 anos e jovem presidente da ACAMJG, a Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Jardim Gramacho, grupo em que ninguém acreditava, realizou muitos sonhos. Irma, a cozinheira que alimenta os catadores na lixeira, é uma mulher forte, que assume que gosta de estar no lixo e que agradece e orgulha‑se das refeições que elabora a partir do que encontra. Zumbi, intelectual assumido, procura livros rejeitados para expandir o seu sonho —uma biblioteca que criou para a comunidade das favelas. Magna não hesitou em tornar-se catadora quando o seu marido perdeu o trabalho —orgulha-se do trabalho honesto. Suelem trabalha como catadora desde os sete anos, conta dezoito, tem dois filhos e um terceiro vem a caminho. Isis não gosta do trabalho que faz, mas acaba por revelar as razões que a levam a estar em Jardim Gamacho. Valter, o catador sénior e guru da reciclagem, espanta com um espírito brilhante e palavras sábias. Com eles, quatro quilos de lixo alugado e um armazém, Vik Muniz desenha com lixo os percursos que reproduzem as fotografias dos catadores. De seguida, a partir de um plano superior, a 22 metros do chão, todos discutem as obras e Vik cria fotografias a partir de desta nova visão. Os retratos das pessoas são feitos de nada, delineados pelo espaço deixado entre os materiais. A imitar a arte, na realidade acontece exactamente a mesma transformação. É patente não só a metamorfose do lixo em arte, mas também a transformação do objecto de arte, os catadores,
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por ela mesma. Quando saíram do seu espaço diário, o Jardim Gamacho, e foram obrigados a olhar para si próprios pelo óculo do exterior, assim como para o material que constitui as suas vidas, os catadores mudaram. A vida e a percepção destas pessoas foram redimensionadas com o mesmo material que a vida lhes deu para sobreviverem. Questões sobre o que é a arte, o que é a riqueza e o que faz o ser humano completo estão subjacentes a esta experimentação única, cujos prémios e reconhecimentos já não cabem num papel A4: nomeado na categoria de Documentário na última edição dos Óscares, Melhor Documentário e Pare Lorentz Award IDA 2010, Prémio de Melhor Documentário pelo Público no Sundance Film Festival 2010, Pémio de Filme da Amnistia Internacional (Berlinale) 2010, Melhor Documentário pelo Público (Berlinale) 2010, entre outros. Os catadores foram reconhecidos dentro e fora do seu país. Muniz recolheu 64,097 dólares num leilão Phillipe de Pury em Londres, com a venda de um dos retratos. 100% dos lucros foram revertidos a favor da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Jardim Gramacho. Este vai ser fechado em breve. Quando perguntámos aos catadores o que eles queriam fazer com o dinheiro dos fundos, eles disseram que não tinham a certeza", assinalou a realizadora no seu registo digital. "O seu primeiro pensamento é que não precisam realmente de nada. Eles sentem que têm tudo o que precisam. As pessoas ricas são geralmente muito mais rápidas a dizer para o que precisam de dinheiro. Penso que os catadores sabem exactamente onde vão parar a maioria das coisas em que as pessoas gastam dinheiro", afirma. Co-produzido por Fernando Meirelles e com música de Moby, Waste Land, ou Lixo extraordinário, é um documentário a não perder.
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A ll en G in s b e r g T — Ingrid Rodrigues
Visões e Profecias
Howl de Rob Epstein e Jeffrey Friedman com James Franco como protagonista; actor que tem andado pelas bocas do Mundo desde a apresentação irónica e ‘psicotrópica’ nos Óscares mas que, assim mesmo, ganhou um Óscar pela prestação como o alpinista Aron Ralston em 127 Hours. Este aparece agora barbudo e de lentes grossas, sem medo de escancarar devaneios sexuais e com leituras inflamadas, entranhando‑se na vida de Allen Ginsberg e dando folgo ao poeta e poema que fizeram nascer a contra-cultura Beat.
Estreia a 22 de Setembro através da Midas Filmes.
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Bem ao novo modo do fervoroso mundo do beletrismo contraditório e alternativo. Howl
actos (contendo sequências de animação criadas por Eric Drooker, ilustrador que já tinha
Houvesse hoje uma atribuição de culpas e Allen Ginsberg seria, certamente, um dos acusados pela origem da expressiva literatura Beat. Poemas como Howl ou Kaddish são prova empírica dos primeiros passos para o desmoronamento do método exasperante e inibidor do abstraccionismo do formalismo que habitava a escrita e criação poética dos meandros académicos nos anos 50. Aos poucos mas a preceito, finalmente podia-se respirar fundo e em pleno pulmão
é poema com corpo e alma, longo e profético, que lançado no Outono de 1956, originou a Allen Ginsberg uma detenção com intenção de censura do poema sob pena de ser uma obra carregada de imoralidades
exaltar um discurso directo sem subterfúgios e metaforismos pouco exactos, e deixar para trás o recorrente sufoco da estrutura, do método ou métrica de outrora, restabelecendo assim, a intenção da poesia na relação com a vida.
e afrontas. Escrutinado num tumultuoso julgamento mas liberado pela Suprema Corte, Howl podia finalmente chegar a todos comprovando, somente, que todos os contratempos só lhe tinham conferido mais lucidez.
trabalhado com o poeta no seu livro Illuminated Poems publicado em 1996), que se vão sobrepondo e explicando. Um em que Allen Ginsberg, interpretado por James Franco, recria uma entrevista do poeta a explicar o interior da sua poesia, influências e a sua visão do meio cultural em que vive. Das suas escolhas sexuais e da sua necessidade em uivar sob as estrelas — hábito esse, que viria a servir de analogia ao título da obra— para subitamente sermos levados num flashback ao bar, à noite em que pela primeira vez o poema era dito ao público, que em ricochete respondia com onomatopeias de choque e espanto, e que em paralelo a toda essa comoção e agitação, são nos apresentadas imagens do julgamento, enquanto o carácter do poema e do seu escritor são colocados em causa por testemunhos contra o nascimento da nova contra cultura que transformava poesia em prosa incendiária.
Howl é um poema de palavras nuas e cruas e que, escrito de peito escancarado, em pleno alvoroço, confere às palavras um dedo indicador perturbador.
O filme de Rob Epstein e Jeffrey Friedman de título homónimo ao poema, está longe de ser uma cinebiografia. É antes um filme em vários
Há quem garanta que o entendimento entre o modernismo americano e a vanguarda do surrealismo francês tenha chegado pela mão de Allen Ginsberg. Romântico indisciplinado e poeta agitador, explorou géneros e temas intemporais e estimulou a revolução na linguagem da escrita dissecando a clareza e limites da palavra obscenidade e da liberdade de expressão.
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Howl não é só um filme sobre um poeta mas essencialmente sobre a sua densa poesia. Um filme que mostra como se retrata um poema difícil de forma corajosa e lírica.
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Spielberg disse certa vez que sem música, os seus filmes não existiam. O trabalho de David Lynch —Twin Peaks: Fire Walk With Me (1992), com banda sonora de Angelo Badalamenti, sem esquecer Blue Velvet— e Wes Anderson —com Rushmore e The Royal Tenenbaums, com música de Mark Mothersbaugh— floresce tanto pelo impacto visual como sonoro. A ideia de que o som é o parente pobre da imagem já está para trás das costas das cadeiras de cinema há muito tempo, mas será sempre um exercício interessante permitir à audição ser o sentido privilegiado. Fica entregue à nossa imaginação
O que é que Curtis Mayfield, Tom Waits, Miles Davis e The Chemical Brothers têm em comum? Todos eles assinam bandas sonoras originais de filmes que ficaram na história do cinema —para ver, rever e ouvir. Mas que música é essa, que anda de mãos dadas com a sétima arte?
T — Ágata Carvalho de Pinho
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um novo cut do filme, com mais atenção nesse departamento. As bandas sonoras são música e podem ser ouvidas como tal, no entanto, a sua natureza, pela relação que estabelecem com a imagem cinematográfica, é mais complexa e torna-as um instrumento precioso para os cineastas, que merece verdadeiro investimento no caso português. Com maior ou menor subtileza, a música sedimenta a relação do espectador com o filme e garante que os efeitos pretendidos pelo realizador e pelo compositor são obtidos. Mas que funções cumpre a música para cinema? Richard Davis, professor na Berklee College of Music, apresentou uma conferência a 28 de Março
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de 2008, no Novo México (alguns excertos podem ser consultados em youtube), onde relembrou que, num filme, a música também está a contar uma história. Ela pode desempenhar diferentes papéis —pode sublinhar determinados aspectos, acrescentar informações que não encontramos na imagem ou mesmo contradizer e colidir com o que é mostrado. Ela também cumpre funções narrativas e constrói/potencia a relação emocional do espectador com o filme. Em E.T., por exemplo, o tema principal, que ouvimos logo no início, é repetido ao longo de todo o filme e, na cena final, esse trecho está investido
de tanto e tem tal peso para o espectador, que é como se toda a tensão e tudo o que ele foi coleccionando ao longo do filme convergissem para aquele momento. O compositor andou a prepará-lo para isso, a colocá-lo numa determinada posição, através da música. Os grandes compositores, sublinha Davis, planeiam a banda sonora de um filme antes de escreverem sequer uma nota. Nem todos os realizadores podem contratar uma orquestra ou um compositor como John Williams —responsável pela maior parte das bandas sonoras de Spielberg, bem como pela OST da série Star Wars e Indiana Jones de George Lucas—, mas a importância da escolha da música está lá na mesma, seja
ela a melancolia tecida pelo piano de Bernardo Sassetti para Alice de Marco Martins ou um tema artesanal que um amigo compõe para a curta metragem
de pequeno orçamento de um estudante de cinema. A música certa pode potenciar uma cena, pode coroá-la com a beleza que evoca ou realçar o quão terrível é aquilo que nela se prepara. Se fizéssemos uma lista, por onde começaríamos? 2001: Uma Odisseia no Espaço, o casamento perfeito entre a música do século XIX e a imagética do século XXI no clássico de ficção científica assinado por Stanley Kubrick? A doçura triste das melodias de Curtis Mayfield, que prevalece no meio da violência típica do subgénero blaxploitation de que é um bom exemplo Super Fly (1972)? De improviso, Miles Davis compôs, numa noite, a banda sonora de Ascenseur pour l'échafaud (1958)
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de Louis Malle. A propósito de Psycho (1960), Bernard Herrmann, que assina também Cape Fear e Taxi Driver (1976) de Martin Scorsese, lembra que as instruções de Alfred Hitchcock foram simples: Herrmann poderia fazer o que quisesse, mas não devia compôr nada para a cena do homicídio no chuveiro. Essa parte não deveria ter música. Todos sabemos como é que esta história acabou. Duke Ellington assina a banda sonora de Anatomy of a Murder (1959), mantendo um traço sonoro distinto, que se funde na perfeição com as necessidades de cada cena. E quem pode esquecer A Hard Day's Night (1964) de Richard Lester, com os Beatles e a inesquecível Can't Buy Me Love? Ou The Sound of Silence de Simon & Garfunkel, em The Graduate (1967) de Mike Nichols? A astúcia de Henry Mancini em The Pink Panther (1964) também merece o seu lugar de destaque. A lista continua. Apocalypse Now (1979), de Francis Ford Coppola, One From the Heart (1982), do mesmo realizador, com música de Tom Waits, Paris, Texas (1985), por Ry Cooder, Memento (2001), com banda sonora de David Julyan, ou The Virgin Suicides (2000) de Sofia Coppola, com banda sonora original pela dupla francesa AIR. Num exemplo mais recente, ainda para ver nos cinemas, Hanna de Joe Wright dança ao ritmo dos The Chemical Brothers. O filme conta a história de uma rapariga que luta pela sobrevivência num cenário onde a sua preparação parece exagerada, mas não é. A escolha desta dupla de música electrónica para compôr a banda sonora e o contraste que daí resulta é, no mínimo, digno de alguma curiosidade. A lista continua, mas poderia começar por aqui.
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P o go n o tr o f i a Uma questão de pêlo
T — Eduardo Feteira pela ambigua ideia de ser mais “macho”. Mas o resultado é o mesmo. E quem o afirma é o site Beards (bem óbvio para facilitar a pesquisa), o site mais antigo da internet dedicado à bela arte de crescer uma barba. Mas a ideia mais importante neste site, que o leva a persistir nas suas actualizaçôes barbudas, e que a Parq quer agora igualmente defender nas próximas páginas é simples: ter barba não é coisa de homem! É coisa de corajoso.
Catálogo de estilos em www.parqmag.com
I — Salão Coboi
www.pixelspread.com
www.beards.org
Os leitores de barba rala que nos desculpem. E também as leitoras femininas, para que não pensem que o seguinte artigo é uma ode chauvinista a uma prática masculina. Mas agora falar-se-à de Pogonotrofia. Ou melhor, da ciência por detrás da barba e do crescimento desta. Quem o escreve é um pogonotrófico convicto, de barba densa e de cor indefinida. Seja por pretensões de um aspecto mais “experiente”, mais informal ou talvez mais atraente mesmo, a realidade é que a barba veio para afincar pé!... ou raiz! Pode mesmo ser por desleixo, por falta de vontade de enfrentar a lâmina pela manhã, ou até
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Claro que não dizemos isto de ânimo leve ou sem qualquer apoio factual. E a coragem não se limita ao periodo de crescimento de barba ou aos intensivos cuidados que esta requer, para as quais iremos sugerir algumas dicas. Esta explica-se pelo estatuto social que acumulou durante centenas de anos. Desde actos de punição pública através do corte da barba na sociedade indiana, à conotação feminina de uma cara barbeada que os espartanos ridicularizavam enquanto rapavam os pêlos faciais dos seus inimigos, a barba desde sempre caracterizou a sabedoria, honra e virilidade de um homem.
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E mesmo alguns estudos científicos avançaram já com a teoria de que esta pode ser denominada como uma característica sexual secundária masculina. Ou seja, apesar de (felizmente) não ser necessário andarmos a pavonear a barba em frente daquela pessoa que mais amamos, a barba funciona como um “mostrar de penas” da espécie humana quando toca a escolher um parceiro.
É claro que as razões para não usar barba são compreensíveis e muitas vezes exteriores a uma convicção pessoal. Apesar do gigantesco número de fãs que o Chewbacca — sim, referênciamos a mítica personagem do Star Wars— tenha, uma barba capaz de colocar em questão a identidade de uma pessoa não é muito agradável. Principalmente quando encontramos essa pessoa a servir-nos um almoço. Mas a ideia de cabelo curto e barba rala ser ideal para um homem, que surgiu nas décadas de 20 e 30 e se perpétuou em campanhas públicitárias da gillete no periodo pósguerra foi posto finalmente onde deve ficar: na história.
A Pogonotrofia vive agora um periodo áureo onde não só representa algum mistério e sexappeal, mas é também mensurável em grau de confiança, tal como avança Matt McInerney da Pixelspread. A colocar o bigode à Hitler e o aspecto de lobisomem no extremo “desastroso” do seu gráfico, barbas completas ou ao estilo de filósofo alcançam o grau máximo de confiança. E se as celebridades de agora já o aceitam, como o genial Joaquim Phoenix com a sua barba de filosofo gonne wild ou os míticos Fleet Foxes e o seu folk tão natural quanto as suas barbas, há ainda grupos cuja unica existência dedica-se à barba. Desde Tumblrs como o Beard Babes, cujo único requesito para apresentar fotos e gifs é ser barbudo, como o Concurso Mundial de Barbas e Bigodes, um entre os muitos a nível mundial. Mas como foi dito, crescer uma barba não é para os fracos de espírito. Apesar de uma barba curta de três dias ser já considerada ideal para a maioria dos homens, vários são também os estilos que a podem tornar mais interessante e dar-lhe a personalidade que cada homem procura quando deixa crescer a barba. Claro que, adaptando-a à cara de cada um, há dicas importantes a não esquecer.
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Pormenores como o tamanho do nariz, do lábio superior ou a forma da cara limitam as opções, expecto para caras ovais que podem basicamente usar qualquer formato. Para os menos sortudos aqui vão os avisos: os narizes grandes ou proeminentes exigem bigodes maiores; lábios carnudos deverão usar bigodes separados a meio e mais estilizados; ou então, para as caras mais redondas ou quadradas uma barba ligeiramente mais longa no queixo e curta na linha do maxilar são preferíveis. E para terminar num aspecto mais profissional, uma linha de limite de barba definida e um pouco mais abaixo no pescoço consegue dar‑lhe aquele ar capaz de mudar opiniões em relação à pogonotrofia.
Com isto em conta, só falta escolher o estilo e usar a barba com orgulho. Entre os 42 estilos registados até agora, tipologias de barba como o Van Dyke — que une a pêra ao bigode—, o Zappa —que consiste num bigode extenso até fora dos cantos da boca e completo com uma mosca debaixo do lábio inferior— ou o Old Dutch —uma barba sem bigode, com patilhas e cujos cantos junto do queixo são maiores e em direcção exterior ao queixo— tornam-se uma possibilidade para os mais aventureiros e que esperamos ver ou cruzar pela rua. Apelamos assim aos leitores: atrevam-se a experimentar estes e outros estilos que complementamos no site, olhem para o espelho de outra forma e sejam mais que homens. Sejam corajosos!
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Prototyping
T — Carla Carbone
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www.jeanbaptistefastrez.com
Jean Baptiste Fastrez criou recentemente umas intrigantes e coloridas chaleiras que dão pelo nome de Variations autour d'une bouilloire électrique. Partiu do princípio inspirador: se os objectos industriais beneficiam da eficiência da produção em massa, simultaneamente também são parcos em alma. São estandardizados: “Em oposição ao ideal industrial, um objecto para todos, é uma produção mais humanizada e sustentável: qualquer coisa para todos”, como nos diz. O designer partiu da chaleira eléctrica como teste para esse princípio. Uma proposta de introdução de variações numa peça inteiramente industrial, coexistindo a produção em massa com a produção artesanal.
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De uma mera ferramenta de trabalho anónima na cozinha, a chaleira passa a ter um estatuto de objecto estético, sem esquecer as complexidades e exigências próprias da
mestres do vidro e da cerâmica: “Estas variações de chaleiras eléctricas conduzem à criação de objectos híbridos que se situam algures entre a produção em massa e a produção artesanal,
de formas que os mesmos artesãos terão que seguir. As peças são realizadas totalmente por meios artesanais mas poderiam ser produzidas integralmente por meio do
construção e segurança de um electrodoméstico, nomeadamente a legislação de segurança e as condições de aquecimento do aparelho. Os componentes das chaleiras de Fastrez, sobreduto o “invólucro” colorido e diverso, é depois desenvolvido por vários artesãos, sob orientação do designer. Artesãos esses,
e entre a estética técnica e as formas orgânicas”. O designer, para conseguir as múltiplas formas e as bonitas cores de chaleiras, encontra‑se regularmente com os seus artesãos e analisa aspectos vários e acertos técnicos obrigatórios (com uma tolerância de 2mm), bem como lhes fornece um guia de famílias
processo rapid prototyping. “O processo de rapid prototyping permite criar formas plásticas sem o recurso a moldes, pelo que se podem fazer modelos diferentes. Decidi testar estas possibilidades com uma forma muito expressiva e ornamental. Esta forma é impossível de ser produzida em plástico injectado”.
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fotografia Mar Mateu & Víctor Celdrán www.gingerstudiobcn.com
styling Laia Gómez
S w eet Fal l Ass. styling Cris Montenegro Make-up&Hair Inma Cifré Ass. fotografia Derek Pedrós Modelo Anna Castro (Francina Models)
vestido SCEE BY TWIN SET gancho em forma de flor TARA JARMON cinto LEVIS
blusa TARA JARMON
lenรงo ODD MOLLY underwear MAGENTO AMARILLA
camisa ARMAND BASI cinto HOSS INTROPIA underwear FERRYS vintage
casaco de malha TWIN SET lingerie MAGENTO AMARILLA medias CALZEDONIA botas CAMPER
diadema MAGENTO AMARILLA cardigan IMMA VALLVERDE underwear LA PERLA botas BRUNO PREMI
vestido TARA JARMON colar DELIRIUM
fotografia Manuel sousa
styling Margarida brito paes
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d u a r t e camisa FRED PERRY calças FRED PERRY, colete MANGO lenço TOMMY HILFIGER casaco ZEGNA, chapéu CAMEL mala CARAMELO
m a e g a n vestido HOSS casaco PATRIZIA PEPE gola HOSS, luvas TOMMY HILFIGER chapéu CARAMELO carteira HOSS
make-up Alex me
hair Marcos Pinheiro
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d u a r t e camisa MARLBORO calças FRED PERRY casaco CARAMELO
modelos Maegan e Duarte (Best Models)
ass. styling Inese Soncika
d u a r t e fato CARAMELO m a e g a n vestido comprido NUNO BALTAZAR brincos e colar da produção
d u a r t e camisa MANGO calรงas TOMMY HILFIGER casaco FRED PERRY
m a e g a n blusa MALENE BIRGER cinto TOMMY HILFIGER casaco REPLAY, gola HOSS carteira MANGO, brincos MANGO anel ALENTUS
m a e g a n vestido MANGO pulseira MANGO brincos da produção
d u a r t e m a e g a n camisa MANGO camisa HOSS, saia TOMMY HILFIGER calรงas TOMMY HILFIGER colete Comprido NUNO BALTAZAR casaco FRED PERRY colete DECENIO, clutch HOSS brincos ALENTUS, colar MISS SIXTY sapatos REPETTO
fotografia — Carla Pires
modelos — Diogo Guerra (Glam)
Joana Alegria (Best)
styling — Marta brito
Agradecimentos a Marco Reis e Luís por todas as facilidades concedidas.
j o a n a casaco Levi's polo Amy Winehouse for Fred Perry calções Diesel sapatos Geox
make-up — Mané hair — Eric Ribeiro
W H il e d a a r t t
ass. fotografia — Pedro Antunes
d i o g o boné, camisa Levi's bandana da produção calcas Diesel ténis Puma
d i o g o chapéu e lenço H&M t-shirt Fred Perry
j o a n a camisola Fred Perry
j o a n a camisola Zara Men calçþes Element meias Androm sapatos Urban Outfiters
j o a n a camisa Fred Perry soutien H&M.
j o a n a camiseiro Fred Perry gorro e camisole Element botas Goldmud
d u a r t e chapéu Fred Perry. camisa Lacoste calções e botas Fly London
d u a r t e camisa com capuz Diesel t-shirt Hooters calções H&M ténis All Star Converse
j o a n a Impermeável com capuz Fred Perry vestido White Tent botas Fly London
j o a n a cardigan lacoste 贸culos ray-ban, t-shirt fred perry
d u a r t e casaco fred perry t-shirt mez
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1 3 00 T a ber n a F — Patrícia Andrade
T — Fred
Muito por acaso, numa noite que o fez travar instintivamente perante o brilho de um edifício industrial, Fred, motivado pela curiosidade, instalou-se na pequena esplanada para melhor ajuizar. Esteve o tempo suficiente para uma chamada curta a Fanny, que depressa se juntou a ele para uma visita ao novo restaurante de Lisboa, na LX Factory. Logo após o reencontro, brindavam já com duas taças de espumante francês Charles Pelletier Grand Reserve Brut (3,75 euros), num ritual de boas vindas que trazia expectativas elevadas. Fanny e Fred sentiram-se confortáveis, quase em casa, entre mesas, cadeiras e outras curiosos reciclados que preenchem o espaço, dominado por uma enorme nave industrial apoiada em colunas de ferro. Fred comentou o renascimento das tabernas, como espaço de experimentação, e a reciclagem de ideias e de materiais, enquanto olhava distraidamente para a singular folha de papel pardo impressa dos dois lados com o menu. Foi, de facto, uma experiência, concluiria mais tarde Fanny, que tinha pedido como entrada uma Sopa de Tomate, Ovo Perfeito e Tosta de Chouriço (4,5 euros), deixando-a durante muito tempo a pensar na técnica de execução. Ao centro, impunha-se uma bola panada crocante, com um ovo escalfado no interior, oferecendo vários níveis de texturas. Já Fred, pouco dado a essas perplexidades, desfazia o gaspacho sólido que acompanhavam os seus três rissóis de cavala, camarão e choco com uma salada de batata (12 euros). Aconselharia os de cavala se fosse chamado a escolher.
se apresentou como um jovem que produz oito vinhos, de várias regiões, a partir de uvas compradas. Fanny e Fred interrogavam-se se seria sempre assim, encontros com os próprios produtores, mas ao mesmo tempo & Fanny não estranhavam que projectos estimulantes acabassem por congregar vontades e entusiasmos que se contagiam, tornando os intervenientes mais participativos, uma inspiração que se nota nos restantes funcionários e que fez com que essa noite corresse a um ritmo profissional, descontraído e sem arrogância, seguros de estarem a oferecer um produto de excelência. Tudo apontava para um desfecho positivo, ainda abrilhantado por uma costoletinha de vitela barrosã, batata confitada e grelos salteados (18 euros), que acompanhou um copo de Tinto Monte Cascas Reserva 2008 (Alentejo), composto maioritariamente por alicante bouchet e cabernet sauvignon (4 euros). A carne era de uma maciez ímpar e Fred ainda conjunturou sobre os truques para obter esse resultado que, no final, seria desmistificado pelo chefe Nuno Barros, um dos proprietários e responsável pela carta. Em segundos explicou que o objectivo da 1300 Taberna é ter uma prática de cozinha sustentável, o que implica ir ao encontro de produtores nacionais que ofereçam uma qualidade superior e com eles manter uma relação de fidelidade. As carnes e peixes estão garantidos, faltam apenas alguns toques no que se refere aos legumes, que serão naturalmente biológicos. Sugestionados pela cozinha sustentável, Fanny e Fred entraram no carro a justificar a intensidade de sabor da sopa de morango com mousse de iogurte grego e frutos vermelhos (4,5 euros) que compartilharam e que, por si, seria um bom pretexto para voltarem, não houvesse outros.
De seguida, Fanny e Fred partilharam um filete de pargo com arroz malandrinho de tomate (16 euros) que trazia um enigmático sabor a maresia e que acompanhou na perfeição uma taça de branco Monte Cascas Reserva 2009, do Douro (4 euros), sugerido por Rodolfo Tristão, escanção que elaborou a carta de vinhos e que procura trazer o hábito do vinho a copo, ideia que pareceu excelente a Fred, porque permite pensar no vinho certo para cada prato. Já rejubilante, não pediu mais, nem sequer a possibilidade de trocar impressões com o próprio produtor do Monte Cascas, que
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Lx Factory — Lisboa seg: 09h30—18h30 ter. & qui: 9h30—00h sex: 9h30—02h sáb: 19h30—02h T— 213 649 170 www.1300taberna.com
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Ho us e o f C o ol Lisboa, que vibra com novos conceitos, pode ficar ainda mais preenchida com uma nova loja que abriu na Rua Augusta, uma das artérias mais animadas da baixa lisboeta. Samadi House of Cool é um local onde o surf, o skate e a moda se misturam com a arte e onde é possível relaxar e comer qualquer coisa ou beber apenas um copo, enquanto se assiste à actuação de Djs em live act. A loja tem dois pisos. No rés‑do‑chão, encontramos uma secção dedicada às pranchas e a todo o tipo de acessórios como chapéus, atacadores, piercings, ténis, sandálias, cintos, toalhas de praia, biquinis, calções de banho, bolsas, mochilas e relógios de marcas como a Quicksilver, DC, Reef, Nixon, Converse, Element, Carhart, Von Zipper, Adidas, Chocolat, Volcom ou Billabong. No primeiro piso, encontra-se a pizzaria bar, a zona chill out com free wi-fi, exposições de arte e live Djs. Para complementar, há também uma esplanada em frente à loja e um pequeno bar aberto directamente para a rua.
Samedi House of Cool Rua Augusta, 205/207 Lisboa T — Joana Guedes
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De s i g n S to r e B C
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Em todo o processo de renovação do comércio do Príncipe Real fazia falta uma grande loja de design que complementasse
de decoração de marcas como Kvadrat, Maharam e Fanny Aronsen. O novo espaço nasceu de uma vontade de compromisso entre as necessidades de um showroom, satisfazendo profissionais, e a curiosidade de um público entusiasta de boas peças de design. Nesse sentido, a loja é dominada por um Citroën dois cavalos e apresenta muitas marcas para todo o tipo de preços. Relativamente à criação portuguesa, é possível encontrar vários modelos de cadeiras e sofás, como o Layers, de Marco Sousa Santos (Branca), cadeiras da Zero 2, aparadores da Eggo e tapetes do Piódão, estando ainda previsto para breve o lançamento de projectos de Filipe Alarcão. Além desta representação nacional, a BCT conta com iluminação da
o espaço ocupado por outras mais pequenas, já existentes. A proposta foi feita por Rui Marques, que tem quatro anos de experiência no sector, desde que começou com tecidos
inglesa Innermost, mobiliário e acessórios da italiana Skitsch e das nórdicas Muuto e Mater. A marca alemã Holili oferece mobiliário de exteriores e a Steelcase de escritórios.
T — Maria São Miguel
design store bct Prç do Príncipe Real, 20-21 Lisboa T— 211 928 020 www.bct.pt
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R i ba t ejo T — Romeu Bastos Proveniente de uma região vinícola por muitos negligenciada, o Ribatejo, o Quinta da Alorna –Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon, Reserva 2008, é um forte candidato ao "prémio" melhor relação preço/qualidade. É um vinho muito perfumado, surgindo no nariz notas de fruta vermelha madura, especiarias, e um toque de chocolate. Esta relação de aromas é o resultado da combinação entre as duas castas que dão origem a este vinho: touriga nacional,
casta rainha em Portugal, e carbernet sauvignon, uma das mais plantadas castas a nível mundial. Na prova, mostra um vinho equilibrado, bem estruturado, taninos aveludados e extremamente bem conjugados com os doze meses de estágio em barricas de carvalho francês, com um final de boca teimosamente persistente. Quinta da Alorna – Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon, Reserva 2008, 5€
D o u r o T — Romeu Bastos outro exemplar provado, Lua Nova em Vinhas Velhas de 2009, é um vinho elaborado com mais de vinte tipos de castas provenientes de vinhas velhas, que fazem com que tenha um carácter tão particular. Com uma cor rubi muito intensa, no nariz tem aromas de fruta vermelha, ameixa e especiarias. Na boca é um vinho fresco, bem estruturado, com taninos redondos que conferem uma elegância muito atractiva no seu final de boca persistente.
Com o aproximar das primeiras vindimas do ano, começo a pensar em tintos novamente. E embora as vindimas comecem, tendenciosamente, pelo Alentejo, as sugestões desta vez recaem sobre uma região bem no topo do país —o Douro. Começando pelo primeiro que provei, o Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo de 2009, tem um aroma de fruta vermelha madura e notas florais. Na boca, é um vinho cheio de frescura, com taninos fortes a marcar presença, resultando num vinho redondo, muito bem equilibrado e com um final de boca de persistência média. O
Lua Nova em Vinhas Velhas, 7€ Quinta Nova, 8€
H oney Mo on T — Miguel Tojal (www.asdecopas.com) Para muitos fãs Drambuie, um licor a base de whisky, é uma bebida que se bebe simplesmente com gelo. Contudo gostavamos que experiemntassem misturar esses sabores quentes de mel e ervas com um pouco de licor de café. Uma bebida para uma descida de temperatura.
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4 cl Vodka 1,5 cl Drambuie 1,5 cl Licor de chocolate 0,5 cl Mel Técnica: Shaker Copo: Taça de Martini Decoração: borda de mel
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G u i a C o m p r a s A VIDA PORTUGUESA Rua Anchieta, 11 — Lisboa T. 213 465 073 ADIDAS T. 214 424 400 www.adidas.com/pt AFOREST DESIGN T.966 892 965 www.aforest-design.com ANA SALAZAR Rua Do Carmo, 87 — Lisboa T. 213 472 289 ANDRÉ ÓPTICAS Av. Da Liberdade, 136 A Lisboa Telf. 213 261 500 AREA Amoreiras Shopping Center, Loja 2159 T. 213 715 350 BCBG Rua Castilho, 27—Lisboa T. 226 102 845 Billabong — Despomar T. 261 860 900 BREITLING Cromometria S.A T. 226 102 845 BURBERRY, BRODHEIM LDA T. 213 193 130 CAMPER Rua Stª Justa, 85 Lisboa carhartt Rua do Norte,64—Lisboa T. 213 433 168 CAROLINA HERRERA Av. Da Liberdade, 150 – Lisboa CAT — BEDIVAR T. 219 946 810 CHLOÉ FÁTIMA MENDES e GATSBY (PORTO) e STIVALI Lisboa CONVERSE T. 214 412 705 www.converse.pt COHIBAS T. 256 201 430 creative recreation — Picar T. 252 800 200 DECODE TIVOLI FORUM Av Da Liberdade, 180 Lj 3B – Lisboa
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SIXTY – SIXTY PORTUGAL T. 223 770 230
FRED PERRY — SAGATEX T. 255 089 153
MIGUEL VIEIRA T. 256 833 923
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d i a p o s i t i v o
Uma crónica de Cláudia Matos Silva w w w.c l au d iama tos s i l va.p t .v u I— Bráulio Amado (w w w.iuse c omic sans.c om)
I will survive Faltava apenas um prego nas tábuas do meu caixão e assim ficaria, definitivamente, enterrada viva. A campainha interrompeu o silêncio sepulcral, então exclamei «Por Deus» — logo eu, que nem acredito na existência do divino— «Deixemme só com o meu triste Fado». O quarto que me acolhe é bafiento, tal como o meu sofrimento que até dá gosto, assim é quando se ama alguém e o sentimento em nada é correspondido. Nascida num país onde se canta de mão ao peito e de olhos fechados uma estranha forma de vida —a dor —morre-se de amor e pronto. A campainha silencia-me, uma vez mais, o queixume a que me devotei. Maldição, quem me obriga a sair do meu sarcófago? Disposta a soltar os cães que não tenho, talvez se arranje um felino atrevido, tão feroz assim é um caramelo a desfazer-se na boca. Desgrenhada, abro a porta, olhos remelosos como quem não vê a luz do dia há um milhão de anos. Há, porém, uma luminosidade a espelhar-se no meu rosto e vem da imagem que alcanço do alto de 1 metro e 90, onde encontro olhos de elfo que me sorriem. A voz leva-me numa melodia e encandeia-me
os sentidos. Oiço parcialmente o que me diz, Porfírio, assim se chama este anjo na terra, que tal como o carteiro, também tocou duas vezes. Não é vendedor, não recolhe donativos para caridade nem reúne assinaturas para uma causa de circunstância. Zombificada e de sorriso tolo nos lábios, fecho a porta estarrecida e com os olhos presos numa teia de aranha suspensa no tecto do hall da entrada, e questiono-me, quando é que as testemunhas de Jeová começaram a ser pedaços de mau caminho? O Porfírio voltaria a bater-me à porta uma e outra vez, sempre com o mesmo propósito: falar do grande livro de profecias, a Bíblia. Os meus intentos mudariam claramente com as suas visitas regulares. Porque ouvi-lo falar do criador, Deus, e como deveríamos servi-lo para assim alcançar a nova ordem/vida eterna, abriria uma janela na minha própria existência e isso reflectia-se em pequenas coisas. Calções curtos e top escortinhado à naifada, prendi o cabelo com um elástico e ergui um carrapito mesmo no cocuruto. No centro da minha sala de estar, sentia-me numa autêntica pista de dança com o meu parceiro, a esfregona, e nem
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precisava fechar os olhos para me imaginar numa festa psicadélica dos anos 70. A casa arejava, como há muito não acontecia, o vento fazia os cortinados rodopiar, eu dançava ao som dos Indeep Last Night a DJ Saved my Life e passava o chão todo a pano. Estaria o meu Fado a mudar? A campainha tocou, assanhada, abri a porta esperando encontrar o Porfírio, quando remonta à minha memória a imagem de uma velhota amorosa com cabelo cor de algodão. Chama‑se Cremilde, vem no seguimento das anteriores visitas, e convida‑me a frequentar o salão do reino da minha localidade. Talvez o Porfírio tenha percebido os meus reais intentos e assim tenha colocado a minha fé à prova. O que não sabe é que, ao conhecê-lo, voltei a acreditar nas pessoas e que é possível fazer o bem sem esperar nada em troca. Renascida, compro um bilhete para o concerto de Glória Gaynor, no Campo Pequeno, dia 8 de Outubro. Sou uma sobrevivente de mim mesma, aconteça o que acontecer I Will Survive, porque a vida tem muito mais graça se for um hino disco sound. Quanto à Fé, é preciso mantê-la... Sempre, em nós!