PARQ issue 30

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N. 30  outubro 2011 Director Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com editor Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com coordenação editorial e moda Margarida Brito Paes margarida@parqmag.com Direcção de Arte Valdemar Lamego v@k-u-n-g.com

Publicidade Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com periocidade: Mensal Depósito legal: 272758/08 Registo ERC: 125392

TEXTOS

editorial

Ágata C. de Pinho Ana Rita Sevilha Ana Rita Sousa Andreia Nunes Carla Carbone Cláudia Gavinho Cláudia Matos Silva Diana de Nóbrega Davide Pinheiro Eduarda Allen Eduardo Feteira Francisco V. Fernandes Ingrid Rodrigues Joana Guedes Margarida Brito Paes Maria João Teixeira Maria São Miguel Miguel Tojal Paula Melâneo Pedro Lima Pedro Pinto Teixeira Roger Winstanley Romeu Bastos Rui Miguel Abreu

Este é o mês da Experimenta Design —o mesmo será dizer, o mês do design em Portugal— e, por essa razão, falamos desta área criativa no tema principal. Fernando Brízio, um dos designers portugueses com um trabalho mais sui generis de que temos conhecimento e que tem merecido grande respeito internacional, está em destaque. Analisar o seu caso —agora em retrospectiva no Convento da Trindade, em Lisboa— é, de algum modo, uma forma de compreender a situação do design português. Considerado pelos sistemas político-económicos como uma área-chave, o design tem sido encarado pelos principais agentes com um desconhecimento absoluto. Ou seja, o trabalho de Fernando Brízio está longe de ser identificado e aproveitado, tanto por quem decide, como pelo público em geral e isso apenas se deve à falta de uma cultura de design em Portugal, que aproxime os criadores da indústria aos consumidores. Por isso, o design é ainda algo exterior às nossas vidas, quando devia pertencer ao nosso quotidiano e devia estar na vida empresarial como parte integrante de qualquer negócio. Nesse sentido, a Experimenta Design não devia ser uma bienal mas algo mais quotidiano e próximo das questões nacionais. Ainda assim, reconhecemos que é uma janela de abertura e de oportunidades que congrega nesses dias a iniciativa de muitos jovens designers que vêem nestas datas a possibilidade de dar visibilidade ao seu trabalho. Numa época em que muitos designers deixaram de estar dependentes das grandes empresas para criar os seus protótipos (e pegando na boleia dos incentivos ao empreendedorismo), resta-nos a esperança que uma nova geração de portugueses, formados em escolas premiadas que fizeram estágios lá fora, possam encontrar o caminho dento do designe e contribuam para o desenvolvimento de uma cultura de design nacional. Da nossa parte, aqui estaremos para a apoiar os jovens criadores. por Francisco Vaz Fernandes

FOTOS Edição Conforto Moderno Uni, Lda. NIF: 508 399 289 PARQ Rua Quirino da Fonseca, 25 – 2ºesq. 1000-251 Lisboa t. 00351.218 473 379 Impressão BeProfit / SOGAPAL 2730-120 Barcarena 20.000 exemplares distribuição Conforto Moderno Uni, Lda. A reprodução de todo o material é expressamente proibida sem a permissão da Parq. Todos os direitos reservados. Copyright © 2008—2011 PARQ.

André Brito Gonçalo Claro Javier Domenech Kind&Naked Maria Rita Marta Guimarães Nian Canard Pedro Janeiro Tânia Nabais STYLING Ivan Martins João Pombeiro Margarida Brito Paes Nelson Vieira Sofia Pires Ilustração Bráulio Amado

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Experimenta


Real people 04— Luís Fernandes

Grande Entrevista 56—61 Fernando Brízio

N. 30

you must 08—11 You must Shopping 12 — 45 Rodrigo Oliveira Adobe for Women London Design Festival Carolie Bickford-Smith Kruela D'enfer M83 Pretty Exquisite Marques Almeida SayMyName Storytailors João Matos Volvo Ocean Race Bags & Shoes

out

2 0 11 ubro

Central Parq 62—65 Moda Alexandra Moura 66—67 Moda Nailphilia 68—69 Cinema Lars von Trier 70—71 Televisão Camelot 72—75 Noite Uma cena Argentina Moda 76—83 B&B 84—91 Mugshot

Soundstation 46— Pacman 48— SBTRKT 50— Studio One

Parq Here 92—95 Places: Fred Perry Authentic Store, Gallery Hostel, ComCor, Fashion Clinic 96— Vinhos: Colheitas Tardias 98— Dia Positivo

Moda 52—55 Adidas Originals

Alesy e Carlos fotografados por Kind&Naked com styling de sofia pires. Tudo ADIDAS ORIGINALS Blue Collection. Alesy, com double sweatshirt com abertura lateral e calças cargo de cor caqui, com bolsos laterais, ténis Adidas Originals Bit . Carlos, camisa em denim Spring Blue calças em denim relaxed fit, ténis Adidas Originals Hardland .

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Pedro The Chromium Fence é

o teu terceiro disco a solo sob o nome de The Astroboy. Como foi o caminho do primeiro disco até aqui e o que é que mudou?

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que me dá mais prazer ouvir. As máquinas assumem-se como uma parte importante da minha abordagem à música, mesmo na sua vertente mais pop e rock,

L u  í  s F er  nan  de  s Luís Eu vinha de um percurso

T — Pedro Pinto Teixeira

tradicional de bandas de garagem pop rock e The Astroboy foi um projecto que me permitiu explorar a música electrónica metendo as mãos na massa.

às vezes até como geradoras de material temático sobre o qual construo uma canção. Pedro Todos os álbuns que editaste enquanto The Astroboy parecem ter

The Chromium Fence é o terceiro álbum de The Astroboy, um projecto pessoal do músico e produtor bracarense Luís Fernandes, mais conhecido do público enquanto membro da banda peixe:avião. Neste disco, servido por entre laivos de sintetizadores analógicos e referências a Philip K. Dick, Luís deixa transparecer o seu amor por máquinas de fazer música.

www.pad-online.com

www.festivalsemibreve.com

Esse foi o único critério para os discos que editei. Não tinha nenhum tipo de timming ou de obrigação, nenhuma pré‑concepção estilística que me ditasse um determinado rumo. A preocupação principal foi sempre fazer aquilo que me apetecia, explorar e aprender. Pedro Consegues explicar de onde vem o teu interesse por máquinas de fazer música? Luís Não sei dizer. Para mim, essas máquinas têm um apelo muito forte porque gosto de ouvir música electrónica. Desde que a descobri que é, dentro das suas mais diversas formas, a coisa

enquadramentos conceptuais bem definidos. Quando começas a trabalhar num disco, é importante saberes exactamente o que queres fazer? Luís É, senão nem consigo fazer nada. Eu só consigo trabalhar por temáticas. A partir desses temas, vou trabalhando diferentes capítulos, fases, andamentos, o que lhe quiseres chamar, para construir um todo que é um disco. Só trabalho dessa forma. Já não consigo chegar a um computador e fazer música só por fazer. Preciso de alguma coisa que me guie e que, de alguma maneira, oriente o processo

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criativo. Isto pode ser bom ou não, dependendo da ideia inicial. Se a ideia não for boa o resultado final não será muito interessante. Pedro The Chromium Fence foi editado pela PAD, editora que fundaste em conjunto com os outros membros de peixe:avião. Como surgiu a vontade de criar esta plataforma? Luís Na altura, foi mais ou menos natural. Embora não soubéssemos bem o que queríamos fazer sabíamos que, se não avançássemos nessa direcção, dificilmente poderíamos fazer a música que nos interessava. Hoje em dia, acho mesmo que é a única maneira de poderes fazer música de uma forma honesta e descomprometida. Foi neste contexto que decidimos criar a nossa própria editora, não só para editar os discos de peixe:avião mas, também, para editar os outros projectos paralelos em que estávamos envolvidos. Pedro Como vês a PAD a desenvolver-se no futuro? Luís A PAD é quase um negócio de família, até porque nós não temos orçamento para aliciar ninguém ou para “recrutar”

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ta vi s e m om t r el e t a a g . c n E p m m q c o .par w w

artistas. A editora funciona pelo interesse estético que qualquer um dos membros possa nutrir por um determinado projecto. Quando vemos alguma coisa de que gostamos, estendemos um convite e, às vezes, as pessoas não dizem que não!





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ilustração — Tamara Alves

foto — Tânia Nabais

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echarpe MANGO, cinto WRONG WEATHER, colete em pêlo branco H&M, t-shirt em lantejoulas EIGHT SIN, mochila DIESEL, caderno FASHION CLINIC, drive pen DROOG DESIGN, pochete MANGO, calção H&M, ténis ALEXANDER MCQUEEN para a PUMA, botin SPERRY, bota com sola em cunha DIESEL, sandália de salto alto IBIZA LAST na Comcor

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foto — Tânia Nabais

ilustração — Tamara Alves

luvas MANGO, óculos RAY-BAN, t-shirt NIKE SPORTSWEAR, camisola preta EIGHTH SIN , saia Andy Warhol by PEPE JEANS, blusa cavada com renda PEPE JEANS, blusa cabada com print de lantejolas H&M, saia cinza EIGHTH SIN, calças LEVIS, lenço PEPE JEANS, saco H&M, sapato Replay

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foto — Tânia Nabais

ilustração — Tamara Alves

camisa xadrez azul e verde BILLABONG, camisa xadrez azul preto e branco ELEMENT, camisola de lã H&M, gola H&M, botas K-SWISS, ténis CONVERSE, ténis FRED PERRY

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foto — Tânia Nabais

ilustração — Tamara Alves

camisa xadrez amarelo e turques DIESEL, camisa quadrados vermelha azul e amarela BILLABONG, camisa amarela azul e beje RIPCURL, luvas xadrez TOMMY, luvas laranjas GANT, óculos RAY-BAN, cinto DIESEL, bota verde PALLADIUM, bota CAT

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No âmbito do programa Outros Olhares – Novos Projectos do Museu do Chiado, Rodrigo Oliveira escolheu fazer uma abordagem à obra de Fernando Lanhas, um dos artistas modernistas portugueses mais importantes. Dentro dessa obra muito pessoal e baseada numa poética enigmática, interessou ao jovem artista a série de seixos

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aproximação a um objecto, estuda as potencialidades plásticas que este lhe oferece e define uma intervenção. O mesmo tem acontecido com Rodrigo Oliveira que se apropria de objectos do quotidiano, submetendo-os a uma nova condição e a novos sentidos. Nesta intervenção, passada a evocação a Lanhas

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classificação e a numeração, atributos implícitos na actividade de catalogação e preservação dos museus que condicionam toda a vivência e morfologia do espaço. Nesse sentido, Rodrigo Oliveira procura explorar a verticalidade da área de intervenção, criando uma peça modular numerada, construída a partir dos cantos

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até 20.11.2011 museu do chiado rua serpa pinto, 4 lisboa

T — Francisco Vaz Fernandes

A primeira pedra (e todas as outras mais), 2011. Instalação: cantoneiras de cartão, estrutura metálica, tintas de esmalte cores variáveis, parafusos metal e inscrições. Dimensões variáveis.

pintados e desenvolvidos em várias épocas. É uma obra com a qual sentia afinidades porque o seu processo de elaboração revelava uma proximidade em termos de pensamento e de desenvolvimento de um projecto. Ou seja, nesta obra em particular, Fernando Lanhas cria uma

que começa no próprio título da obra – A Primeira Pedra (e Todas as Outras Mais) – o artista parte para condição do lugar evocando, não só a arquitectura do espaço, como as funcionalidades do museu. Assim, como se fosse um exercício, cria uma peça que evoca a standartização, a

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das molduras em cartão que se empilham numa espécie de zigurate invertido. São formas que o próprio museu sugere, que se podem encontrar repetidas vezes no espaço e que permitem criar um desenho tridimensional. Tem como características essa possibilidade de construção rápida e versátil com ar de maqueta desmontável e transportável, seguindo princípios modulares defendidos por Corbusier para a arquitectura modernista. Por fim, a obra submete-se a uma leitura cromática baseada no esquema de cores dos silos da Tagol, na margem sul, o que traz ao desenho tridimensional do artista uma outra camada que permite o olhar desligar-se das formas.



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T — Ana Rita Sevilha

A vontade de ajudar populações carenciadas aliada à preocupação da gestão dos recursos do planeta, levou a que dois jovens ateliers de arquitectura —blaanc borderless architecture e CaeiroCapurso— se unissem para criar uma associação

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uso de materiais locais como a terra e os tijolos de adobe. As casas A construção da primeira casa começou em Março deste ano, estando actualmente oito casas já lançadas e algumas delas com as paredes quase prontas. De

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que pudesse contribuir para estas causas. Assim nasceu a associação Adobe for Women. Inspirado no trabalho do arquitecto mexicano Juan José Santibañez, que há 20 anos ajudou mulheres em condições difícieis a construirem as suas próprias casas, foi proposto o primeiro projecto —a edificação de 20 casas sustentáveis, eficientes energeticamente e construídas com materiais locais como o adobe e o

www.blaanc.com www.berootstudio.wordpress.com www.adobeforwomen.pt

F — DR bambu, no povoado de San Juan Mixtepec, no estado de Oaxaca, no México. A Adobe for Women tem como objectivo contribuir para uma utilização mais humana e sustentável dos recursos do planeta, ao mesmo tempo que recupera técnicas de construção tradicionais e o

se desenvolvem em cada área. “Isto permite espaços amplos apesar da reduzida área total”, garantem os ateliers envolvidos neste projecto. De um só piso, as casas são compostas por espaços modulares que se adequam às dimensões dos materiais disponíveis, optimizando assim os recursos humanos e materiais.

planta simples e rectangular, as casas são formadas por dois núcleos: um privado e um público, sendo que cada um deles é igualmente formado por dois arcos que se encontram ao centro, aumentando assim a noção de espaço e demarcando as actividades que

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Juntando materiais locais a uma composição arquitectónica específica e associando‑os a soluções low-tech, as casas tornam-se num modelo de sustentabilidade e de eficiência energética. Para que estas casas se tornem realidade têm sido muitos os envolvidos, nomeadamente voluntários, como o grupo Casa Tierra, estudantes de arquitectura da cidade de Oaxaca, estudantes do mestrado Internacional Sustainable Emergency Architecture (em Barcelona) e ainda a Architecture for Humanity. A associação Adobe for Women relembra que cada casa custa apenas 3.830,84 euros e que todas as contribuições são bem-vindas!



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Mais do que nunca, o London Design Festival tem como chamariz a mostra 100% Design, tendo vindo a tornar-se na grande alternativa mundial à feira de Milão. Em parte, este sucesso crescente deve-se à programação exterior, que soube criar espaços e estimular os jovens criadores a

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design que, assim, ganham maior visibilidade graças ao evento. Actualmente, quase todos os bairros de Londres têm algo para mostrar durante uma semana e já não se pode dizer que haja zonas específicas para jovens emergentes e outras para artistas consagrados, especialmente,

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Mermaids, Marcel Wanders, projecção vídeo

T — Francisco Vaz Fernandes exporem os seus projectos. Sem a mesma tradição e capacidade de produção de outros países,

quando vemos empresas como a Moroso entrarem nos redutos mais alternativos.

edição, dado o clima geral de austeridade que também se vive em Londres, não houve tantas encomendas para espaços públicos como, em geral, acontecem. Ou seja, Trafalgar Square não recebeu nenhum projecto emblemático (como era habitual), pelo que, a intervenção de John Pawson para a Saint

D g n Round Diamond, Emma Elizabeth, tapete de lã

Next, Paul Kelly, conjunto de 3 mesas

Round Diamond, Emma Elizabeth, tapete de lã essa solução fez emergir toda uma geração de designers e de empresas inglesas ligadas ao

Fica aqui um apanhado daquilo que foi a feira este ano e os pontos de maior interesse. Nesta

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Paul's Cathedral acabou por ocupar esse lugar simbólico, como se pode ver pelo destaque dado por toda a imprensa. O arquitecto minimalista inglês (uma verdadeira lenda viva) criou para o óculo da cúpula da catedral a maior lente de cristal jamais construída, graças ao apoio da Swarovski. Para esta empresa de cristais, o projecto representou a apoteose de 10 anos de investimentos em Londres onde, anualmente, abria as portas do seu Crystal Palace, concentrando projectos extraordinários, criados pelos mais importantes designers e arquitectos do momento.


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Salon, LeeBroom, conjunto de cadeiras e mesas

Pagedog, Hello Karl, mesa e candeeiro Relativamente a novos valores —na verdade, a principal razão porque vale a pena ir ao London Design Festival – distinguimos a designer têxtil Emma Elizabeth, que apresentou uns tapetes em forma de diamantes facetados com diferentes cores. Há neste projecto uma referência à pintura, tal como existe na

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de poliuterano. Juntas, recriam esquemas cromáticos e geométricos desenvolvidos repetidamente pelo pintor minimalista Josef Albers. Aliás, toda a obra de Paul Kelly é repleta de referências ao minimalismo americano, nomeadamente a Donald Judd.

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Bistable, Hello Karl, estante obra de um outro britânico, Paul Kelly, que apresentou um conjunto de mesas encaixáveis construídas em MDF e cobertas

Charlie Crow ther, aparador

Numa outra vertente mais pop, destacamos o aparador de Charlie Crowther, que se faz notar pelas suas proporções fora do normal. Acanhado e com desenhos em cor pastel em evidência, dá a impressão de ser um objecto retirado de um antigo quarto de criança, o que impregna este projecto de uma estranha nostalgia. Outra empresa que também aborda o universo infantil é a francesa Hello Karl, que traz soluções e funcionalidades muito diferentes do habitual. No princípio do seu trabalho está implícita a ideia de tromp d’oeil. Um dos seus projectos mais interessantes é

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uma mesa rasa para crianças em forma de cão, que é igualmente um candeeiro. Ou umas estantes tridimensionais que, em certas posições, parece perder o volume, transformando-se num quadro. Dentro do mobiliário de luxo, uma das componentes mais fortes no design de autor, destacamos as peças que Lee Broom levou à Electra House. Este jovem, recentemente premiado em termos de design de interiores, é um dos valores emergentes que mais se tem falado por ser tão controverso. Desta vez, apresentou cinco peças que evocam o universo decorativo dos anos 30, chocando mais uma vez os puristas do design. Em termos de público, um dos projectos que mais curiosidade despertou foi a projecção de vídeo que Marcel Wenders fez para a Moooi. O designer holandês levou-nos pelo seu universo aquático, dando-nos uma visão completa do universo da Moooi com grande enfoque nas peças icónicas da marca.

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I t a l s  o   f    a av. dos cavaleiros, 72 alfragide T. 214 185 590

Cadeira Shangai A Interforma traz uma nova marca italiana para Portugal. Desta vez, é a Italsofa, uma referência em termos de design internacional, especialmente quando nos referimos a um mobiliário contemporâneo, dirigido a um público jovem

e urbano, com um estilo de vida activo. Cada modelo é pensado para oferecer conforto e soluções práticas como, por exemplo, os sofás reclináveis ou os que permitem combinação de módulos.

Sofá de 2 lugares Clubs

T — Maria São Miguel

C  o  r a l  ie B ickfor d—S mit h até 25.11.2011 espaço bá rua do barão, 10 lisboa

O estúdio criativo Bá traz ao público uma exposição de livros que Coralie Bickford-Smith (nascida em Norfolk, 1974) criou para a Penguin Books, no âmbito dos projectos tangenciais

da Experimenta Design. A forma como tratou obras clássicas da literatura inglesa é notavel porque conseguiu captar numa simples capa toda a atmosfera do período

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vitoriano. Prevalece o gosto decorativo carregado, onde os padrões estão presentes com referências ao têxtil e ao papel de parede do final do séc. XIX.



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Kruella D´Enfer é Ângela Ferreira, uma miúda que nasceu numa aldeia em Tondela

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às suas ilustrações e projectos. Os seus trabalhos com “o seu quê de sinistros” são baseados

K r u  e l  l  a e que tinha grande temor pelas grande vilãs da Disney. Por isso, quando deciciu levar o desenho a sério, algo que já vinha de família, quis ser naturalmente a Cruella

nas suas investigações em bruxaria, mitos, cultos, seitas, conspirações e misticismos, algo em que não acredita mas sobre os quais tem curiosidade,

dos 101 Dalmatas e espalhar o terror. Entre Tondela, Lisboa e Londres, acabou por se deslocar para as Caldas da Rainha, revelando que “a mudança só me trouxe coisas boas para a minha

“talvez por ter nascido numa noite de Halloween”. Devido ao gosto de experimentar coisas novas, decidiu lançar-se na street art. Podemos encontrar os seus graffitis em fábricas

D'E n f e   r vida pessoal e profissional”. O seu percurso no mundo artístico foi um pouco atribulado, passou por vários cursos universitários de que não gostou. Nas Caldas da Rainha, entrou na Escola Superior de Artes e Design mas decidiu dedicar-se totalmente

abandonadas nas Caldas da Rainha e em Barcelona. Pretende desenvolver em breve algo em Lisboa. O seu último trabalho com o nome Walk & Talk, no qual se baseia na Mulher do Capote, um traje típico dos Açores, foi exposto neste

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www.kruelladenfer.com

T — Joana Guedes

arquipélago. De momento, está cheia de trabalho e, muito em breve, vai sair um projecto para a Experimenta Design, fruto de uma colaboração com os Macacos do Chinês, que vai resultar numa exposição colectiva no Brasil. O tempo livre, investe-o num projecto com Akacorleone, com quem partilha um atelier e que promete vir a ser uma grande surpresa.



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8 M Hurry Up, We're Dreaming é o novo álbum dos M83. Sai no final de Outubro e o primeiro single de apresentação já veio espreitar a luz do dia (apesar de, na maior partes dos sites, o vídeo já ter sido removido). Neste álbum, está inserida a música, Midnight City, que conta com a participação de Zola Jesus e, garantidamente, já tem um lugar reservado na prateleira de muito boa gente. Dentro do alinhamento dos conhecidos músicos franceses,

3 há influências que vão da dream‑pop até ao shoegaze. As suas músicas levantam-nos sempre o canto dos lábios e Intro – Midnight City é, sem dúvida, a música do álbum mais sincera e perfeitamente ponderada. Desde o sussurro, que nos prende e arrasta até nos obrigar a emergir da mais profunda neblina, até sermos salvos pela voz de Zola Jesus, que encaixa na perfeição, este é um álbum equilibrado e grandioso.

www.ilovem83.com

T — Ingrid Rodrigues

P u  n c  h M a g a z  i    n   e T — Maria São Miguel

F — Lunchbox Creations

www.punchmagazine.net

A Punch Magazine, revista online dedicada à música, nasceu a 1 de Junho com o objectivo de trazer o que melhor se faz no

produtor de vídeo (Dumitru Tira). Juntos, prometem desafiar o convencional e oferecer ao público português novos artigos

nosso país e no mundo. Miguel Leite e João Pacheco, os mentores do projecto, lançaram o convite a uma equipa que ficaria completa com 7 elementos: dois bloggers (Pedro Lima e Daniel Campos), um web designer (André Santos), um fotógrafo (David Dinis) e um

todos os dias, acessíveis a todos os apaixonados por música (e não apenas aos mais entendidos na matéria), cativando e informando sobre as novidades e tendências, do indie-rock ao synth-pop, da electrónica ao funk. A revista quer ser uma alternativa aos habituais meios

de divulgação sobre música, além de uma aposta clara em trabalhos multimédia através de reportagens, foto‑reportagens, vídeos, agenda de concertos, mixtapes exclusivas, passatempos e produção de espectáculos únicos. Foi, aliás, esta vontade de inovar que valeu à recém-formada Punch um prémio de empreendedorismo no Concurso de Ideias de Negócio em Indústrias Criativas, organizado pelo Grupo de Educação Evolution – IPA, ETIC e EPI – e pela Agência DNA Cascais. A Punch promete ser um murro à apatia e ao conformismo. Um nome que revela a atitude de uma equipa que põe o ritmo na ordem do dia, promovendo lado a lado bandas que arrastam multidões e novos talentos emergentes.

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A Pretty Exquisite é uma empresa de consultoria de imagem que, num mercado em considerável desenvolvimento mas por vezes um pouco indistinto, parece destacar‑se. Com uma identidade muito vincada e um branding envolvente, não é possível ficar‑lhe indiferente. Quando entramos

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o investimento seja rentabilizado e perdure pelo maior tempo possível. Quanto à sua metodologia, Diana, para quem a imagem é, em primeiro lugar, comunicação, explicounos que a sua preocupação é conhecer as pessoas e aconselhálas de forma a encontrarem o seu ponto de equilíbrio, harmonizando

Cur  v e I D T — Joana Guedes

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T — Maria João Teixeira F — Fred Gomes

P r e  t  ty E  x qui  site preocupações e desejos com o que pretendem transmitir. Falámos sobre a satisfação que este trabalho lhe dá, como gosta de música, que é muito procurada por pessoas em vias de mudar de vida, por pessoas mais velhas e sobre pedidos curiosos… Mas, para rematar a conversa, garantiunos que o dinheiro disponível não precisa de ser muito, interessa é comprar bem, sem pressas, contornando as habituais “compras por impulso”, que quase sempre se revelam erradas. No fim, queríamos pedir‑lhes um make‑over completo mas pensámos começar pela manicure —que, em conjunto com a maquilhagem, e dentro do registo express, constituem certamente uns dos seus pontos fortes.

www.prettyexquisite.com no atelier da Pretty, no Porto, sentimo‑nos transportados para outro mundo, onde tudo é bonito e cheira a alfazema. Com um bom gosto e requinte assinaláveis, o espaço (de inauguração recente) é uma conquista e sinal do sucesso do projecto, como nos conta Diana Vinha, a stylist responsável pelo projecto que, com a irmã Marlene, compõe a equipa criativa. Interessada por comportamentos e costumes, recusa desde logo a interpretação redutora da consultora de imagem. Sabe que o seu maior desafio não é vestir pessoas mas, na maior parte dos casos, reeducá-las, tentando que

A Levi´s lançou, através da sua página de fãs, um casting para encontrar as mulheres Levi's Curve ID em Portugal. Uma acção que teve como objectivo premiar a atitude e a personalidade das 3 mulheres que melhor representassem o espírito de cada uma das silhuetas Levi's Curve ID: Slight, Demi e Bold. Convocou as concorrentes em várias lojas da marca, onde puderam experimentar os diferentes modelos e celebrar a nova democracia dos jeans, onde o que importa é a forma e não o tamanho! As vencedoras foram premiadas com uma viagem a Barcelona para um curso Express sobre como tirar o melhor partido da sua silhueta. Além disso, realizaram uma sessão com o fotógrafo Perou, conhecido pelos seus trabalhos publicados na Planet, Esquire, Rolling Stone, FHM e Glamour Magazine e por fotografar celebridades como Justin Timberlake, Jeff Bridges e Helen Mirren. Em Novembro, revelamos tudo! Convocatória para os próximos castings:

www.eu.levi.com/en_PT

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• Segunda-feira, 3 de Outubro Lisboa, Levi’s® Store Chiado • Terça-feira, 4 de Outubro Matosinhos, Levi’s® Store Norte Shopping • Quinta-feira, 6 de Outubro Lisboa, ECI – El Corte Inglês • Sexta-feira, 7 de Outubro Coimbra, Levi’s® Store Forum Coimbra


THE CHUCK TAYLOR ALL STAR WINTER COLLECTION

*O DIREITO DE TE DESTACARES. O coleção Chuck Taylor All Star Winter.


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L ab a d Mo oa b s i L

www.marques almeida.com

M a r q u e s Al m e  i  d   a nunca se sabe o que o futuro nos reserva”. É com este espírito aberto para o futuro e para o que a vida lhes pode trazer que seguem o seu objectivo de criar uma marca forte e uma carreira de sucesso, em português.

T — Margarida Brito Paes

famosa Saint Martins, e foi por terras inglesas que fundaram a marca Marques'Almeida. A sua primeira colecção foi a apresentada na London Fashion Week, enquanto finalistas do Fashion MA de Saint Martins. Uma pequena colecção onde o denim foi o material de eleição. Agora, chegou a vez de apresentarem em Portugal, marcando presença na plataforma Lab da ModaLisboa. Quando lhes perguntámos se no futuro pretendem manter estas duas plataformas de trabalho a resposta é pronta: “Sim, idealmente manteríamos as duas plataformas que, de momento, são as únicas. Mas

A ModaLisboa abre portas a novos criadores e, mais uma vez, a plataforma Lab assume-se como uma rampa de lançamento dos talentos portugueses. Nesta edição, foram escolhidas duas marcas portuguesas que já se afirmaram no mercado internacional: Marques'Almeida e Saymyname. Marta Marques e Paulo Almeida são a dupla portuguesa que está a dar que falar em Londres. Conheceram-​​se em Portugal, onde estudaram design de moda, mais tarde rumaram até Inglaterra para frequentar a

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presented by

06 07 08 09 OUTUBRO 2011 Terreiro do Paço/Pátio da Galé Verão/Summer 2012 www.modalisboa.pt


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A ri  ak 10 Foi em mais uma edição das Inaugurações Simultâneas, na Rua Miguel Bombarda, que o Porto apreciou a marca Kaira D’or naquela que foi a sua primeira mostra num evento dirigido ao grande público. Na exposição Ariak 10, patente no espaço JUP, o atelier apresenta trabalhos de design e vídeo com direcção artística de Rui Verde, sob um fundo marcado pelo último trabalho fotográfico de Tiago Braga para a marca.

T — Margarida Brito Paes L ab a d Mo oa b Li s

T — Pedro Resende

Computer Love é o nome da colecção que SAYMYNAME vai apresentar no dia 8 de Outubro, na plataforma Lab da Modalisboa. Passados dez anos, Catarina Sequeira volta à semana de moda lisboeta. Desta vez, não apresenta apenas uma pequena cápsula mas uma colecção inteira. Licenciada pela Gudi em 1995, Catarina trabalhou em marcas como Lady Soul, Homecore, AEM'KEI e Luís Buchinho. Mas foi como fundadora da marca SAYMYNAME que encontrou o seu lugar. O projecto já conta com várias colecções e trabalha sobretudo materiais como o jersey, conferindo um allure descontraído às peças que pretendem aliar o design e o conforto. Com apenas quatro anos, a marca está representada em sete países

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passando por Hong Kong, Inglaterra, Estados Unidos e Itália. Mais um caso de sucesso que vem provar que o design português é uma boa aposta e que a internacionalização dos novos talentos é possível. O fotógrafo portuense dedica-se agora ao projecto Visual Kitchen, um colec tivo que se move pela criação de imagens para comunicação audiovisual, num conceito de ideias cozinhadas pelo génio de uma equipa especializada em diferentes áreas do mundo da comunicação. F — Tiago Braga

F — Catarina Sequeira www.saymyname.pt

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SAGATEX, LDA – Tel: +351 22 5089160 – sagatex@net.novis.pt


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www.storytailors.pt

S t o r y  tail   ors T — Andreia Nunes

F — Maria Rita

S — Conforto Moderno

M — Anne Parii ML Agency

H — Helena Preto

M-u — Lea Magui

para Griffe Hairstyle

para AR Atelier

vestido Story tailors Atelier brincos Antique C’est Chic, sapatos Only2Me, óculos Prada, anel H&M e cadeirão Lisboa‑Branca by Marcos Sousa Santos

vestido e robe-manteau Story tailors Atelier, brincos Antique C’est Chic, sapatos Only2Me, anel H&M e cadeiras Lisboa‑Branca by Marcos Sousa Santos João Branco e Luiz Sanchez conheceram-se quando ainda ambos eram estudantes de Design de Moda na Faculdade de Arquitectura de Lisboa, tendo fundado, em 2001, o projecto Storytailors. A visão dos dois criadores para este projecto centra-se na junção dos dois elementos expressos no seu próprio nome: story representando “a apropriação romântica de símbolos e histórias” que se reflectem depois na confecção da roupa, tailor. É neste processo de criação que entra a linha Storytailors Atelier, uma das vertentes de

criação da marca, exclusiva, confeccionada em atelier e por medida, aproximando-se da essência da alta-costura. As peças presentes na linha Atelier são aquelas que João e Luiz apelidam de “peçaschave” e que servem como ponto de referência para a Narkë, a linha prêt-à-porter e mais comercial. As peças estão associadas a personagens das tais histórias que existem por detrás de cada colecção, o que permite que estas conservem uma certa intemporalidade. Não estando restringidas a uma estação específica, mas

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associadas a uma história e a um imaginário, estas peças de roupa revelam‑se verdadeiras obras únicas e inimitáveis, que perduram no tempo e no gosto de quem tem a sorte de as vestir. A última apresentação desta linha deu-se no passado mês de Agosto, no Mosteiro de Alcobaça. O desfile tinha como pano de fundo a personagem de Inês de Castro, já que fez parte das comemorações dos 650 anos da sua transladação de Coimbra para Alcobaça, tendo também assinalado o décimo aniversário dos Storytailors.


Para os atletas "after-hours"


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www.rayban.com

R a y — B  a   n

Para celebrar estes dois novos modelos, a Parq e a Ray-Ban contaram com a colaboração de Pedro Silva, designer gráfico, e Marta Gonçalves, estudante de design de moda, seleccionados entre os nossos fãs do Facebook para serem fotografados. Obrigado a todos os que concorreram.

para a AR Atelier

F — Maria Rita

A Ray-Ban também não consegue escapar ao efeito Mad Men que tem dominado as tendências. Assim, a marca foi buscar dois dos seus modelos clássicos criados nos anos 60 e deu-lhes um twist moderno: o RX 5244, um modelo mais masculino, e o RX 5242, com uma armação cat eye, demarcadamente feminino, que exibe os icónicos rebites e o logotipo Ray-Ban sem contorno.

M-u — Sara Moutinho

T — Andreia Nunes

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Marta Gonçalves com óculos de vista Ray-Ban 5242 e vestido Orla Kiely, na Veronique

Pedro Silva com óculos de vista Ray-Ban Rx 5244 e camisa Andy Warhol by Pepe Jeans

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www.havaianas.com


boné Nike Sportswear SW Electric Sportswear Trucke , corta-vento Nike Sportswear Fused Windrunner, hoodie Nike Sportswear AW77 Hybrid Fleece FZ Hoody, tshirt Nike Sportswear SW Persistent Infringment , ténis Nike Sportswear AM90 Hyp , cinto Andy Warhol by Pepe Jeans, jeans G-Star Raw

T — Francisco Vaz Fernandes

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J o ã  o www.nike.com/

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Não foram, concerteza, os milhões que os jogadores profissionais ganham no futebol que o motivaram, caso contrário, não estaria no futsal, onde hoje é titular na equipa do Sporting e na Selecção Nacional. Tudo começou num clube local, em 1999, por influência de amigos e, desde então, a paixão pela modalidade foi imediata. Hoje, esse entusiasmo atravessa toda F — Nian Canard ass. — Maria Gillies

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de glória foi o golo ao serviço da Selecção Portuguesa, que ajudou a vencer no Azerbeijão, nas meias finais do Campeonato da Europa. Pela primeira vez na sua história, Portugal chegava a uma final de uma grande competição, uma honra que até hoje poucos puderam viver. Grande parte do tempo e da atenção de João Matos é, obviamente, dedicada aos S — Ivan Martins ass. — Diogo Zenha Gomes

e que exige certos cuidados para que nada interfira no rendimento. Quando treino duas vezes por dia, acabo por acordar cedo e, entre o treino da manhã e o da tarde, aproveito para tomar um café matinal ou dormir um pouco antes do almoço”. O que lhe parece indispensável é, depois de jantar, tomar um cafezinho na companhia dos amigos, da namorada, dar uma pequena M-up & H — Elodie Fiuza para AR Atelier

ténis Nike Sportswear Dunk High Premium Hyp , blusão Nike Sportswear TC Whool Destroyer, hoodie Nike Sport wear AW77 Hybrid Fleece FZ Hoody, t-shirt Nike Sportswear Stack a família. O pai está numa das escolinhas do futsal e a mãe não perde um jogo do filho. Um orgulho que se sente por uma época passada cheia de sucessos, que fizeram que o nome de João Matos aparecesse à tona. Além de se ter consagrado campeão nacional no Sporting, esteve na Final Four da Uefa Futsal Cup. Contudo, o grande momento

treinos porque o futsal é cada vez mais uma modalidade táctica e o sucesso de um jogador de topo será, certamente, essa capacidade de equilibrar as qualidades técnicas com boas qualidades tácticas, como ele próprio explica. “Existem tempos livres, mas sempre com a consciência de que o meu corpo é o meu instrumento mais precioso

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volta e descontrair um pouco para aliviar a tensão e o stress do dia-a-dia dos treinos. Tem sempre uma folga semanal, que é aproveitada em passeios junto ao mar. Diz mesmo que, quando está bom tempo, não dispensa uma praia, um mergulho no mar e um pouco de sol. Como acaba por confessar: “um dia perfeito é um dia de sol em boa companhia”.


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S u n G las ses

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Thierry Lasry, na Fashion Clinic

Entram em Portugal duas marcas de óculos no mercados portugues. A Fashion Clinic passa a contar com a Thierry Lasry, um designer francês que proporciona um olhar moderno sobre materiais e designs vintage. A RetroSuperFuture, entra na André Opticas, uma marca que faz furor lá fora pelo estilo retro moderno combinado com lentes Carl Zeiss. Retrosuperfuture, na André Ópticas

T — Andreia Nunes

T im  e Te l  le r Para todos os amantes de relógios e fãs da Nixon, chegou agora uma nova edição da linha Time Teller. Os clássicos relógios com movimento japonês e caixa resistente a 100 metros de profundidade, estão agora disponíveis em mais cores. Desta vez, a bracelete é de acetato, juntando-se assim à colecção que inclui versões em ácido inoxidável, poliuretano, pele e a edição limitada dos Beastie Boys, transformando o Time Teller num dos modelos mais versáteis da Nixon.

Nixon Time Teller acetate Royal Granite

Nixon Time Teller acetate Tortoise

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T — Margarida Brito Paes



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Pu  m a Desta vez, a Puma não só manda parar os semáforos como o próprio trânsito. Com o lançamento do modelo Suede Classic, em tons monocromáticos baseados nas cores dos semáfros —verde, amarelo e vermelho— estes sapatos, que seguem a tendência bloc colours, têm sola vulcanizada, são cosidos (tal como acontecia nos anos 70) e são perfeitos para andar na cidade. T — Maria São Miguel

U G  G An geli que

T — Margarida Brito Paes

T — Margarida Brito Paes Depois da sua colaboração com a Billabong na estação passada, Angelique Houtkamp volta a desenhar para a marca. Desta vez as imagens, inspiradas nas tatuagens de Angelique, são estampadas em casacos e t-shirts. Os desenhos de Houtkamp são reconhecíveis de imediato pelas suas linhas e pelo seu ar vintage, marcado em linhas pretas definidas e em tons de verde e encarnado, fazendo lembrar as tatuagens do inicio do século XX.

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Com origem na Austrália, a UGG começou por ser uma marca de botas para surfistas. O seu calçado de lã natural permitia manter os pés quentes e secos depois de se estar em cima das ondas mais cobiçadas do mundo. Mas, rapidamente as botas ficaram na moda e não foi preciso muito tempo até que as raparigas começassem a usá-las com muito estilo. Hoje em dia, a UGG não se dedica apenas ao clássico calçado de pêlo, tendo modelos para todos os estilos. Neste Inverno, abandonou os mares de grandes ondas e viajou até paisagens campestres, recordando-nos o mundo dos índios e dos cowboys.


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E a r t h  m   o      v        e              r        s T — Maria São Miguel

cat Daniella p.v.p. 99,90€

cat Colorado & Waxi Slash p.v.p. 119,90€ A nova campanha da CAT vai beber às origens do conceito da marca (conhecida por “remover a terra”) e dirige-se a uma nova geração de Earthmovers. Mais do que um conceito criativo, os earthmovers são todos aqueles a deixar uma marca através do seu trabalho, da sua arte, da sua missão ou, simplesmente, através do seu estilo. Da sua extensa colecção, destacamos para mulher o modelo Daniella, de cano médio, que conjuga dois tipos de materiais como a pele

macia e a camurça encerada, e o Petra, que segue a tendência das botas com sola vulcanizada. São umas botas à prova de água, com uma construção todo-o-terreno. Já no que se refere aos homens, a linha mais icónica da CAT é o Colorado que, neste Inverno, teve uma reinterpretação da designer londrina Martine Rose que deu à colecção novas cores e materiais como as peles oleadas. Assim, nasce o Colorado Plaid, com gáspea em pele e uma conjugação de tecidos em lã, com um padrão axadrezado nos mesmos tons da bota.

cat Colorado Plaid p.v.p. 99,90€

cat Petra water proof p.v.p. 109,90€ www.cat.com/

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www.camper.com/

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V   o  l  v  o Equipa de vela Emirates Team New Zealand.

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O c e a n A Camper embarca numa nova aventura, desta vez junta-se à equipa de vela Emirates Team New Zealand para participar na Volvo Ocean Race. Este catamaran, que venceu a etapa de Lisboa/Cascais do America’s Cup World, parte de Alicante no dia 5de Novembro e termina

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oito meses depois, em Galway. A passagem por Lisboa está prevista para dia 10 de Junho, deixando-nos assim vislumbrar a enorme vela onde se pode ler Camper. Mas a colaboração não ficou apenas pelo barco costumizado pela marca: todo também o equipamento é da

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T — Margarida Brito Paes

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sua responsabilidade, incluindo uns sapatos desenvolvidos especialmente para esta parceria. Esta nova linha tanto pode ser usada sobre o deck ou na rua e é composta por três modelos em tons de vermelho e preto.

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C a  ndy

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A mais nova fragrância da Prada chega num irresistível frasco inspirado na Art Déco. O aroma é intenso, com notas de patchouli, benjoim, baunilha e caramelo. A campanha é protagonizada pela atcriz francesa Léa Seydoux, que surge com uma franja gráfica, batom vermelho e sem qualquer pintura nos olhos.

A gama Ultra Facial OilFree da Kiehl´s não contém óleos, parabenos, silicones ou fragrâncias. O resultado é uma hidratação e um controlo do brilho que dura ao longo de todo o dia.

Cris tal

Blo ssom

Estes novos glosses são composto por matérias primas que não integram ceras. Uma textura em geleia não pegajosa, que oferece aos lábios uma cobertura cristal e uma suavidade extrema.

Uma explosão fresca de bergamota, num fundo de pêssego e cássis sensual. Um perfume encantador, tal como a mulher que o usa. À venda em exclusivo nas perfumarias Douglas.

Gelée d'Interdit, Givenchy, cada 25€

Peach Blossom, Tommy Hilfiger, 50ml, 50,39€

T — Cláudia Gavinho

T — Cláudia Gavinho

Candy, Prada, eau de parfum, 50 ml

Ultra-facial Oil Free cleanser, 150 ml, 20,69€ Ultra-facial Oil Free toner, 250 ml, 19,15€ Ultra-facial Oil Free lotion, 125 ml, 19,32€ Ultra-facial Oil Free gel cream, 50 ml, 37€

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s h o p p i n g

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Malboro

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diesel

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fly

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fred perry

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Pacman é Carlos Nobre e O Algodão é o retrato íntimo e transmissível de um período da sua vida em que experenciou emoções difusas: por um lado, o nascimento da filha Alice apaziguou «de alguma forma» o homem assumidamente atormentado por demónios interiores; por

gravações do álbum Os Dias de Raiva, recuperei o Algodão», conta Pacman que não esconde «outra ambição» no ressuscitar de um pseudónimo cujo registo de contador de histórias em tom spoken word contrasta com a faceta de rapper que quase sempre lhe reconhecemos.

P a  c m  a n F — Carlão

Uma Falaciosa noção de intimidade é o segundo capítulo de um Algodão que agora engana. Um disco em que Carlos Nobre se expõe até ao osso, como se de uma consulta se tratasse. T — Davide Pinheiro outro, o fim dos Da Weasel fê-lo afastar-se da grande máquina e encontrar paz de espírito. Antes de O Algodão, existia O Algodão Não Engana criado «porque havia coisas que não encaixavam em lado nenhum». Dois anos depois, «com o fim dos Da Weasel e o término das

Quarto (vem fazer de conta) «Gosto de alguns nomes que privilegiam a palavra. Quem o faz, merece logo a minha atenção. Inconscientemente, procurei um conforto para a palavra. Os beats são sempre lentos e os arranjos predispõe-se a isso», diz. O Algodão que agora já engana «um bocadinho» é, de acordo com o autor, «mais puro», enquanto o seu antecessor «tinha uma temática muito específica, virada para a drogaria», partindo de uma «linguagem muito dura, muito directa, sem grandes metáforas?». Das substâncias ilícitas à «suprema criação de Deus» —o disco é todo sobre mulheres— há uma distância biográfica que tem como denominador comum a escrita na primeira pessoa de alguém que entrecruza histórias pessoais e visões de ficção. «A grande maioria são histórias vividas por mim embora uma ou outra seja mais romantizada. Eu acho que misturo esses mundos muito bem. Lembro-me de um texto para a Playboy que fantasiei completamente e às vezes é dificil distinguir o que é que aconteceu mesmo», recorda. Da eloquência à simplicidade dos instrumentais, Pacman faz tudo num Algodão

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P a cm a n

de autor que recebe a contribuição esporádica dos violinos de Francisca Fins e da fadista Aldina Duarte. O conceito de música de quarto apregoado por nomes como os de James Blake, Nicolas Jaar ou Jamie XX —remetente para a solidão e portabilidade criativa ao computador— é caro a um músico que nos últimos anos de Da Weasel se habituou a um processo já por si bastante solitário. «Até agora, nunca tinha feito nada desta forma. Pensei em convidar algumas pessoas e até abordei uma ou outra mas depois

tal como Pacman tem para esta mecânica de exorcismo de fantasmas. «Eu tenho muitos problemas com a minha privacidade mas depois dou comigo a escrever sobre a minha filha para o Correio da Manhã (as crónicas são publicadas na revista de Domingo). Quando escrevo, sinto-me bem. Claro que depois me arrependo —há coisas neste disco que poderiam não ter vindo cá para fora— mas já me conheço e é assim que funciono. Essas também acabam por ser as palavras mais sentidas», reconhece. E em forma de conclusão

dei por mim no meu bunker em Cacilhas, horas à volta das coisas e a sentir-me bem. O Algodão é muito específico. É muito de quarto. Nos últimos anos de Da Weasel, apesar da componente de garagem e de ensaio, eu levava beats para casa e adaptava». A escrita terapêutica leva-o a expor a intimidade, como quem convida um desconhecido para ir a casa e se arrepende pouco depois. Tudo tem uma explicação

bombástica, afirma: «na escrita consigo ser feliz, cá fora não». Por agora, o Algodão está cá fora numa edição exclusiva da FNAC e passível de ser adquirida na estrada. Uma ronda por auditórios e cafés-concerto está prevista. «É esse o tipo de espaços a que estas músicas se predispõe».

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T — Pedro Lima

Escrito à noite, durante as horas de maior silêncio e solidão, o álbum de estreia de SBTRKT oferece‑nos uma desculpa para dançar de olhos fechados, embalados por vozes confidentes e carregadas de soul que conquistam sem esforço. Espreitámos por detrás da máscara. O enigmático produtor SBTRKT (lê-se Subtract) fez nome com remisturas de alto perfil para artistas consagrados como Radiohead, Goldie, Basement Jaxx, Mark Ronson, M.I.A ou Modeselektor. Com vários EP's e singles publicados, como o último Step in Shadows, chegou o momento do músico londrino se estrear pela emergente Young Turks (The XX, Glasser, El Guincho), que editou recentemente o seu longa-duração homónimo, um

disco de soul minimal que traça tangentes aos universos post-dubstep de James Blake e Jamie Woon mas também ao R’n’B melodioso de Timbaland, Aaliyah ou D’Angelo. Sobre a máscara que insiste em usar ao vivo, o produtor explica como esta evoca o espírito de antepassados ou de animais em cerimónias tribais. No seu caso, ela serve para elevar a alma e desafiar a normalidade da música electrónica e da produção. Também lhe dá uma enorme pinta, claro. Para este álbum, o músico rodeou-se de um conjunto impressionante de vozes que aliou a uma produção polida, actual e irrepreensível, que explora uma multiciplidade intrincada de sub-géneros da música de dança como o 2-step garage, UK funky, electro-soul e vislumbres de drum'n'bass e R'n'B. Aqui a voz ganha dimensão e profundidade através de apontamentos electrónicos contidos que a suspendem no ar e a direccionam entre ruas de ambiente nocturno e emoções cruas. A colecção de 11 temas, cantados um a um como uma história, fervilha de ideias novas e no entanto soa surpreendentemente familiar, agarrando-se com as duas mãos ao underground e ao comercial sem deixar ninguém lesado. As suas texturas sonoras são densas o suficiente para interpretar e suaves o suficiente para fazer dançar. Baixos sinistros e hesitantes, teclados que estalam no ar quebradiços,

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percussão irregular e sonoridades glitch omnipresentes adaptam cada canção ao começo de uma noite agitada como à reclusão dos headphones. A presença de Sampha, cantor que acompanha SBTRKT ao vivo em 5 canções do disco, é vital e arrebatadora. Ouvimo‑lo em Hold On, num timbre amanteigado, gasto e suplicante. Quase a rebentar em lágrimas. Um dos momentos mais emotivos e sinceros do álbum. Ouvimo-lo ainda no complexo e espacial Trials of the Past e no funky ensolarado e, finalmente, op-

Por detrás da máscara Little Dragon, em Wildfire, um épico pop pronto para ser repetido até à exaustão nas rádios de todo o mundo, repleto de camadas, texturas, sub-graves distorcidos e serpenteantes que adornam a voz de lolita inocente e sensual de Yukimi.

www.sbtrkt.com

timista, Something Goes Right. Ao lado de Sampha, cantam também as companheiras de editora Jessie Ware, no drum’n’bass aveludado Sanctuary e Right Thing to Do, e Roses Gabor que empresta a sua soul esfumaçada ao borbulhante disco-pop de Pharaohs. Não menos marcante, é a colaboração com Yukimi Nagano, da banda sueca

SBTRKT tem um nome: Aaron Jerome. Mas o artista pouco importa pois, sem nunca ter mostrado a cara, conseguiu criou um álbum que aponta às listas de melhor do ano. Um disco subtil e ecléctico, que demonstra uma tremenda sensibilidade acústica sem receio de impor pausas evocativas que nos obrigam a digerir e absorver cada pedaço de emoção.

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S tu d  io O n  e T — Rui Miguel Abreu

O selo Studio One de Sir Coxsone Dodd lançou música que ainda hoje faz estremecer os woofers dos sound systems mais poderosos. A Soul Jazz dedica‑lhe agora um livro que exibe a particular arte que embalou todos esses sons revolucionários. A Jamaica é uma pequena ilha que hoje conta com pouco menos do que três milhões de habitantes espalhados por uma área que tem cerca de um terço do tamanho do Alentejo. Um país minúsculo no mapa geográfico global, portanto, e ainda assim um gigante quando se altera a perspectiva das escalas geo-políticas para as puramente musicais. A música produzida na Jamaica, desde o início dos anos 60 até aos dias de hoje, forma um corpo cultural singular no panorama das músicas urbanas mundiais. A linhagem que começa no mento e no ska e que se prolonga até aos dias de hoje através das mutações que conduziram ao

rocksteady, ao reggae, ao dub, dancehall e múltiplas derivações, forma um património que não apenas é único e diferenciado de qualquer outro, mas tem sobre muitas cenas locais de recorte único a vantagem de se ter revelado uma profunda influência nos destinos musicais do mundo. E uma das âncoras fundamentais, um dos mais importantes pilares dessa evolução é, sem dúvida, a editora que Clement “Sir Coxsone” Dodd iniciou nos anos 60, a Studio One. A Soul Jazz há anos que explora o catálogo da Studio One com compilações recheadas de preciosidades que provaram a validade do espólio da Studio One no presente: Studio One Rockers, Studio One Roots, Studio One DJ’s, Studio One Ska ou Studio One Dub são algumas das antologias que de forma sistemática alinharam tematicamente o incrível manancial de música que Sir Coxone editou, entre o início dos anos 60 e os anos 80, quando o dancehall emergiu como a nova força criativa da Jamaica. Depois de nos dar todas essas antologias, a Soul Jazz oferece agora uma diferente perspectiva da história da Studio One através da edição de um novo livro de capas de discos que se vem dessa forma juntar aos tomos já anteriormente editados com foco no jazz e na bossa nova. Parte do impacto das compilações da Soul Jazz deve-se, precisamente, à sua extrema qualidade gráfica, uma forma de embalar música velha para um público novo que se mostrou extremamente eficaz. Mas na raiz desses novos designs estiveram sempre as criações originais. Este “fetichismo gráfico” —patente nos livros já citados, mas também nas edições da Taschen assinadas pelo português

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Joaquim Paulo e dedicadas ao jazz e ao eixo soul-funk ou nos álbuns há muitos anos lançados com o artwork da Blue Note— é afinal mais um pormenor num esforço amplo de documentação do passado num momento em que a memória se encontra cada vez mais dispersa nos labirintos da realidade digital. The Album Cover Art of Studio One Records é então uma luxuosa edição que conta com um fantástico prefácio de Steve Barrow, uma das mais destacadas autoridades mundiais na história do reggae, autor, por exemplo, de Rough Guides dedicados ao reggae e ao dub, e edição de Stuart Baker, o patrão da Soul Jazz que conhece como poucos o catálogo da Studio One. Dividido em secções como Artist Albums (com incrível artwork criado para artistas como Ken Boothe, Don Drummond, os Wailers de Bob Marley, Delroy Wilson, Horace Andy, Alton Ellis, Jackie Mittoo ou Dillinger), Dub Sounds (com capas para várias séries como os Zodiac Sounds, Dread ou Ital Dub), Calypso Albums (criações para o mercado turtístico com os Hiltonairs, Lord Creator ou Calypso Joe), Gospel Albums (com álbuns de Marvettes, Ken Parker ou The Minstrals Five) e Showcase Albums (compilações temáticas dedicadas aos sons nascentes do reggae, à energia do rock steady, à atmosfera das festas nos dancehalls ou ao Natal…), este livro proporciona uma

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viagem fantástica pelo lado visual de um espólio que já é bastante conhecido em termos musicais, mas que permanecia essencialmente secreto na sua vertente gráfica. E o artwork é absolutamente fabuloso. Ecoando aliás o lado do it yourself que acabou por caracterizar a emergência de um som puramente jamaicano nos estúdios que de início procuravam apenas captar a energia do R&B americano, também estas capas têm um delicioso aspecto imperfeito que lhes confere uma aura distinta do lado mais “glossy” da música negra que editoras como a Atlantic ou a Motown conseguiram transmitir. Cores contrastantes, monocromias, imagens recortadas, literalmente, à tesoura, fontes deslocadas, desenhos de estética naif... A imaginação patente nestas capas é sem dúvida condizente com a que a música demonstrava possuir, tendo efectivamente influenciado os destinos da música popular em todo o mundo. O punk, o disco, o house e o techno, o drum n’bass, o hip hop e o dubstep são apenas alguns dos géneros que se encontram de alguma forma ligados à música que se criou na Jamaica. Seja pelas técnicas usadas em estúdio, pelas práticas em frente a um microfone, por toda a cultura dos graves associada aos sound systems, a verdade é que a modernidade tem uma dívida para com a Jamaica em geral e a Studio One em particular. E estas eram as capas que embalavam essa música que, literalmente, mudou o mundo.

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tudo Adidas Originals Blue Collection a l e s y double sweatshirt com abertura lateral e leggings preto e cinzento Easy Five Zebra

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g r a n d e

e nt r e v i s t a

T — Carla Carbone

F e r  na  nd   o Desenha Habitado O percurso de vida e obra do designer Fernando Brízio tem sido palmilhado de forma consistente e intangível. O designer teve já a oportunidade de trabalhar para a Details, Protodesign, Atlantis, M Glass, Droog Design, Rui Horta, Modalisboa, DIM-Die Imaginäre Manufaktur, Intramuros, Fabrica, Schréder, Lux/Atalaia, Experimenta Design e Cor Unum. Uma retrospectiva do seu trabalho, motivada pela Experimenta Design, conduz-nos a uma pequena entrevista com o designer. Mais uma vez, tivemos a oportunidade de conversar com uma figura do design português de singular sensibilidade. — zio Brí i t a do o d de b Ha da nan Fer enho .11.11 trin 7 s De até 2 o da de, 20 t e n r i n d a 20 h nv a t 0h— o d c 1 igo . nova dom. r an t .— r e t

B    r  ízi o

F — Javier Domenech

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g r a n d e

e nt r e v i s t a

Carla Fale-me desta retrospectiva

Desenho Habitado. Brízio Inicialmente não era para ser uma retrospectiva sobre o meu trabalho. Fui um dos convidados pela Experimenta Design para expor o meu trabalho, em conjunto com outros designers. Mas o trabalho revelou-se de tal envergadura que a Experimenta Design teve a ideia de fazer uma retrospectiva. A ideia foi da Carla Cardoso, que tem feito todo o trabalho curatorial. Eu limitei‑me apenas a restaurar, procurar conteúdos, recuperar projectos que se encontravam há muito na gaveta e que não tinham sido ainda realizados.

Carla Que emoções despertaram? Brízio Permitiu-me arrumar, encontrar coisas que

depois traduzidas no desenho sempre de maneira diferente. Na série Viagem, procuro dar forma através da deslocação que as peças de cerâmica sofrem dentro de um percurso que é feito de jipe. O resultado das peças pode ser variado, não controlo o desfecho das mesmas. O resultado é uma total surpresa, em que tudo pode acontecer. A única coisa que posso controlar é a selecção das peças.

Carla Alguns dos elementos usados nas suas

peças parecem repetir-se, como o lápis de cor ou a caneta de feltro colorida. Pretendia, na altura, reforçar o uso da cor no design português? Brízio Não. A minha escolha em introduzir elementos como canetas e lápis de cor que

estavam perdidas, organizar, virar uma página. Fechar um momento e começar outro. Sentir que há objectos que estão perdidos provoca alguma ansiedade e o facto de podermos finalmente realizá-los e arrumar os desenhos que fizemos pode

Soundsystem Lamp

ser libertador. Dá muito trabalho mas ajuda-nos a organizar, a seleccionar. Nunca tive a oportunidade de ver as minhas peças todas juntas. Não tenho um atelier grande e esta é uma oportunidade de olhar para o meu trabalho todo reunido.

Carla Nas suas peças, parece haver um jogo

entre o contido e o disperso, entre aquilo que não se controla e se espera que siga o seu rumo... Brízio Em Sound System exploro o desenho, procurando registar o som da minha voz por meio de desenhos que, depois, são traduzidos para formas de taças. Muitas formas não se podem controlar, por isso, alguns dos sons produzidos podem não resultar em forma de taças. O que faço depois é seleccionar aqueles desenhos que mais se aproximam de uma potencial taça e cada grito resulta numa forma única. Não tenho a voz treinada, não sou profissional, a voz e as palavras nunca são pronunciadas da mesma maneira. As palavras faladas, como a palavra jar, surgem

Série Viajem

existem no mercado, passou muito mais por uma razão económica do que por um intenção de escolher realmente a cor. Para fazer os projectos precisei de 30 caixas de canetas de feltro. Se escolhesse apenas uma cor —por exemplo o castanho— imagine-se a quantidade de caixas que teria de adquirir. A cor não foi uma prioridade mas uma consequência feliz.

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f e r n a n d o

Carla Costuma escolher formas

simples, como o quadrado e o círculo, e sólidos com a forma cilíndrica... Brízio Eu escolho as formas simples para que os objectos funcionem, para que resultem claros e para que criem significados, provoquem emoções, expressem ideias, pondo-as a nú.

Carla Como foi trabalhar a taça Furo, de forma cilíndrica em cortiça?

Brízio Não é um material fácil, é bastantel difícil.

E o facto da cortiça ser sempre apresentada como um material novo, que ainda se encontra por explorar pelos designers, relacionada com um certo pioneirismo, prova isso mesmo. É mole, é frágil, é tosco. Esta taça com os lápis tem a ver com um tipo de trabalho que tenho desenvolvido, as máquinas de desenho.

Carla Como conseguiu moldar a cortiça de

b r í z i o

Com uma perna mais curta do que a outra? Brízio Muitas pessoas não têm a capacidade de fazer isso, de comprarem esse objecto e de o usarem como uma máquina de desenho. Se dermos uma máquina de desenho a uma criança, ela não tem problema nenhum em fazer uso dela. Vai usá‑la, montá-la e desmontá-la sem problemas. Um dia gostava de testar a máquina com um adulto… Julgo que as pessoas vão comprar a peça mas não vão conseguir gastá-la, é como comprar um objecto qualquer e depois não o usar. Por exemplo, quando era muito novo, lembro-me de ter comprado um par de sapatos, de que gostava muito, e de ter ficado aborrecido quando ficaram sujos e riscados. Isso também acontece com esta peça. Há uma dimensão de desgaste porque é usado como objecto riscador.

Carla Nos vestidos Design in a fast changing society – Flexibility, o padrão desenvolve‑se a si próprio. Procurou que o padrão final,

forma a atingir uma forma contemporânea e actual? Brízio Eu trabalho no tempo em que trabalho e nunca parto desse pressuposto de ter de traduzir a linguagem do meu tempo. Não é fácil conjugar a cortiça com outros materiais. Partindo do princípio, que conhecemos, da rolha, que denota uma certa flexibilidade quando embutida no gargalo da garrafa, ela cede. Foi o princípio que guiou a máquina de desenho Furo e o contacto dos lápis com a cortiça. Depois, foi ainda o facto de a cortiça surgir sempre como complemento de qualquer coisa, como a peça em cortiça de Jasper Morrison.

Carla Utiliza muito o conceito

de furo: um furo na cortiça, um furo na roupa. De onde vem esta, digamos, obsessão? Brízio O furo é mais uma forma de relacionar partes de objectos. Não coloco objectos por questões de forma mas para que as várias partes funcionem. As canetas perfuram apenas num diâmetro de 0.7 mm, parece que ficam suspensas no ar. Este furar relaciona-se mais com a resolução da ideia. São instrumentos de ligação. Se a coisa funciona, aplica-se.

Carla Na peça Furo (a máquina de desenhar, como diz), os lápis gastam-se e, a pouco e pouco, os pés feitos com lápis que sustentam a máquina vão, inevitavelmente, desequilibrar-se. Uma perna vai parecer mais pequena do que a outra e a máquina vai ficar torta, levando o utilizador da máquina a, freneticamente, aparar os lápis um a um para que todas as pernas voltem a estar ao mesmo nível. Já pensou no que vai acontecer quando a máquina de desenho se tornar risível?

Furo

resultante da pintura da superfície do tecido, resultasse bem definido? Brízio Nos vestidos, eu não dispus as canetas de forma aleatória, havia como que uma combinação de cores que eu testava previamente para que resultasse naqueles padrões. Criei um padrão para haver um certo controlo e para que as manchas não se tornassem desagradáveis.

Carla Lembra a visão da mancha de tinta no bolso da camisa, quando a caneta rebenta…

Brízio Sim, eu acho isso fascinante! Foi em parte essa visão da mancha de tinta a alastrar no bolso da camisa que me fez desenvolver este projecto.

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g r a n d e

e nt r e v i s t a

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f e r n a n d o

b r Ă­ z i o

Vestido Design in a fast changing society – Flexibility

Vestido Design in a fast changing society – Flexibility

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c e nt r a l

p a r q

M o d a

A le x  an  dr   a

T — Margarida Brito Paes

S — Margarida Brito Paes ass. S — Maria Ana Ferreira M-up — Bia Verri para AR

Facilmente se imagina nas ruas electrizantes mas organizadas de Tóquio mas foi o Príncipe Real a morada que Alexandra Moura escolheu para abrir a sua loja. Depois de um ano de papéis e de dores de cabeça, farta das burocracias e dos entraves deste país de palmo e meio, a designer revela-nos que a abertura está para breve. O projecto foi deixado a cargo do arquitecto Rui Neto e promete surpreender os que por lá passarem mas, por enquanto, 62


a l e x a n d r a

M o u r a

F — Pedro Janeiro

M — Mafalda (Best Models)

M  o  ur a

o espaço ainda é uma sombra do lugar em que se vai transformar. Por isso, ainda não pudemos entrar no mundo de Alexandra mas deixámos à sua escolha o local do encontro. Foi numa daquelas tardes quentes de Setembro, que nos lembram que o Verão ainda não terminou, e foi sentada à sombra das árvores de Campo de Ourique que encontrámos a designer que sonhava ser cientista! 63


c e nt r a l

p a r q

P

Escolheste Campo de Ourique para nos encontrarmos. Identificas-te muito com a vida de bairro e com a proximidade entre as pessoas? Moura Adoro. A escolha de Campo de Ourique teve realmente a ver com o conceito de bairro, de proximidade, de familiaridade. É esse sentimento de genuídade e de simplicidade que me atrai imenso, principalmente numa cidade como Lisboa.

P

Também procuras ter esse tipo de proximidade com os teus clientes, no teu trabalho? Moura Sempre, sempre… Aliás, para o meu trabalho funcionar é preciso que eu tenha essa proximidade com os clientes de forma a perceber as necessidades deles. O feedback que recebo em relação ao meu trabalho é extremamente importante e válido, todas as opiniões são importantes e eu gosto de acatar tudo para tentar perceber, quanto mais não seja, a cabeça, as necessidades e os gostos das pessoas. Isso, obviamente, ajuda em todo o processo. Claro que não crio a pensar em determinado cliente, as criações são coisas muito minhas e espero que as pessoas se identifiquem com elas mas é muito importante haver essa proximidade.

P Vais ter essa proximidade na tua loja nova? Moura Sim, é uma loja-atelier. A vontade de

me aproximar do cliente e de estarmos todos envolvidos é que me fez abrir a loja. Este espaço vai-me permitir conhecer melhor as pessoas… Creio que é mesmo essa a parte mais deliciosa.

Nunca te imaginaste a trabalhar para um mercado de massas? Moura Não. Acho que é um desafio e uma experiência, é uma mais-valia passarmos pelo trabalho numa grande marca ou na industria mas, a nível de projecto pessoal e do que eu quero fazer na minha vida é, sem dúvida, a possibilidade de estar frente a frente com as pessoas, conhecer os seus nomes, saber quem elas são. É uma relação que eu considero extremamente importante para nos valorizarmos, também, como profissionais. E, para mim, a moda de criador faz muito mais sentido do que trabalhar numa grande marca, onde se trabalha para uma massa mas nunca se consegue falar com as pessoas.

P

Uma das grandes inspirações dos criadores nos últimos tempos tem sido o street

M o d a

style, que antes era mais caro à indústria. Tu foges um bocadinho a essa inspiração? Moura Fujo um bocadinho, mas não de forma propositada. Acho que sou tão intuitiva e instintiva no meu trabalho, fecho-me muito no meu casulo quando estou a desenvolver uma colecção e não consumo nada que tenha a ver com moda nessas alturas. É evidente que as pessoas na rua me inspiram imenso. Se há um hobby que eu tenho e que adoro —e espero nunca perder— é sentar-me na rua e simplesmente observar as pessoas, não de uma forma critica mas para perceber porque é que aquela pessoa fez aquela mistura ou entender o porquê de usar assim determinada peça. Acho que estudar o comportamento humano, ver como as pessoas se vestem e quais as expressões corporais que adoptam com determinado tipo de roupa é tão engraçado que é, obviamente, um grande foco de pesquisa para mim. Agora, não vou directamente à moda de rua para tirar influências, não! Penso que é óptimo quando as peças dos criadores saem para a rua e não o contrário. Se calhar, por isso é que eu gosto tanto de me inspirar em temas e não em tendências. Porque se tornam muito mais intemporais, a durabilidade das peças é muito maior. E acho fantástico quando as pessoas reinterpretam aquilo que nós criamos.

P

Pequenos e Grandes Universos

P

Existe alguma situação de interacção das tuas clientes com as tuas peças que te tenha marcado de forma especial? Moura Assim de forma alterada, só uma, já vi várias pessoas usarem algumas peças de forma arrepiante… Mas já vi uma cliente com um vestido meu da colecção das sombras —um vestido de riscas com imensa malha— e ela conseguiu-lhe dar ali umas voltas que criou um panejamento fantástico à frente! Eu achei aquilo delicioso e inspirou-me para uma nova peça noutra colecção.

P

No entanto, as tuas peças são muito fortes. Lembro-me, por exemplo, do padrão da colecção micro-olhar, não deve ser fácil transformar essas peças... Moura Julgo que, quem quer essas peças é por elas serem assim. Acho que, realmente, há peças que não podem ser tocadas, devem manter-se intocáveis para não perderem a forma, a silhueta ou o padrão.

P

Para ti, a moda é funcional ou é uma forma de arte? Moura Há vários tipos de moda. Há uma mais comercial e mais vestível e há moda que é, sem dúvida, arte. Essa moda é aquela que move grandes conceitos e que exige um trabalho especial sobre as peças. Há pessoas que trabalham com a moda de uma forma completamente artística. Há moda que é arte!

P

E achas que, em Portugal, esse tipo de moda é viável? Moura Penso que sim, sem dúvida. Já existe essa consciência por parte das pessoas em interpretar

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a l e x a n d r a

a roupa e fazer dela uma coisa especial. E essas pessoas podem consumir uma moda um bocadinho mais artística. Por mais artística não quero dizer espampanante, nada disso. Até porque, hoje em dia, o desafio é a nova simplicidade, é criar um visual simples com rigor e elegância. A moda artística pode ser perfeitamente vestível.

P

Tens notado uma evolução do público e da imprensa em relação à moda portuguesa? Moura Humm… que pergunta! Eu acho que as pessoas têm muita vontade mas não têm grande coragem. O público é demasiado exigente e demasiado ingrato em relação ao trabalho dos criadores porque tem muito aquela necessidade de exigir mais e melhor mas, depois, além de não consumir o seu trabalho, parece que nunca está satisfeito. Apesar disso, acho que há uma evolução, as pessoas estão muito mais abertas, começa a haver uma certa cultura de moda e a existir algum público mas ainda não é suficiente. Ainda há muito aquela ideia de que o que se faz lá de fora é que é bom e que nós estamos ainda agora a começar. E há excelentes criadores e trabalhos extremamente consistentes em Portugal, além de bons exemplos de imensas pessoas que estão a dar cartas lá fora. A produção nacional, quando vai lá para fora, é muito bem aceite, é vendida, é usada e cá, ainda há um bocadinho o estigma do é português.

P

Já apresentaste colecções em várias partes do mundo. Qual foi a apresentação que gostaste mais de fazer? Moura Elas são todas muito curiosas por serem, precisamente, tão diferentes. Alguns desfiles são muito bem organizados porque os países têm alguma cultura de moda, outros é delicioso perceber que eles não percebem nada daquilo mas fazem um esforço enorme para realizar as coisas com toda a boa vontade. Todas as apresentações foram interessantes no seu ponto de vista e no seu espaço geográfico como país e como cultura.

P

Como foi a aceitação da marca Alexandra Moura lá fora? Moura Para os que têm mais cultura de moda, foi uma aceitação bastante positiva. Mas para aqueles que não têm essa cultura também foi bastante boa porque ficavam maravilhados com tudo o que estavam a ver.

P

Já fizeste vários projectos que não estão ligados à moda. Vês-te como uma criativa ou como uma designer de moda? Moura Vejo-me como uma criativa que escolheu a moda para estar lá um bocadinho mais tempo mas acho fantástico quando aparecem outros projectos, que não de moda, porque, pessoalmente, preciso de me alimentar de muitas outras coisas para que a componente da moda funcione.

P

Temos assistido a um número enorme de parcerias na área da moda. Achas que os designers

M o u r a

devem ter cada vez mais uma educação em várias áreas ou devem focar-se apenas num caminho? Moura Penso que devemos ter uma educação mais vasta. As parcerias são, sem dúvida, uma mais-valia. Juntar forças é juntar conhecimento e é criar produtos de qualidade e diferenciados.

P

Tens alguma parceria em vista para os próximos tempos? Moura Eu gostava de fazer imensas parcerias em diferentes áreas e agora, que vou ter uma loja, seria fantástico ter parcerias com várias marcas ou com várias pessoas que trabalhem noutro tipo de produtos, trazendo-os para a loja por forma a divulgá-los e a vendê-los. Neste momento, estou a trabalhar numa parceria de calçado mas há outras que desejo que aconteçam e vou trabalhar nelas.

P Também na área da moda? Moura Não na área da moda, se entendermos

por moda apenas o vestuário e o calçado, mas que entram no meu universo. Eu não consigo sobreviver só da roupa e dos sapatos, vivo de uma série de coisas à volta e todas elas fazem parte de um todo. Gosto de muita coisa! (risos)

P Quando abres a loja? Moura Eu já gostaria que a loja estivesse aberta... Espero que abra em Outubro. É só mais um bocadinho e eu estou desejosa que isso aconteça, já se passou um ano de processos burocráticos e agora que tem de acontecer, já é muito tempo.

P

Sentes falta dessa plataforma enquanto designer? Moura Sem dúvida, sinto falta do meu próprio espaço, do espaço dos clientes, no qual qualquer pessoa pode entrar, ver, tocar, identificar-se com as peças. As sensações que se vivem numa loja são as mesmas de se entrar no mundo de uma pessoa.

P O que nos podes revelar desse teu mundo? Moura Não vou revelar nada! A loja para mim é muito especial e a forma como foi concebida tem muito a ver comigo. Tem muito a ver com os meus conceitos… É um passeio pelo universo do meu trabalho, é fazer um percurso para descobrir as coisas. Não consigo revelar já porque vai ser daquelas coisas que, se eu tentar explicar, vai parecer uma coisa esquisita. Só entrando e vendo e circulando…

P E se a porta da moda se fechasse? Moura Bem… Ir agora para as ciências implicava despender muito tempo, fazer outro curso seria exaustivo, ia demorar bastante até eu ser astrónoma ou bióloga, mas era um sonho. Não sei, sinceramente, nunca tinha pensado nisso… Também me identifico com a medicina alternativa, é uma área que me dá estrutura e força para aguentar o lado mais terreno das coisas e, quem sabe, poderia ser uma hipótese.

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c e nt r a l

p a r q

m o d a

N ai l phi   li    a

T — Diana de Nóbrega

Arte nas pontas dos dedos A nail art não é novidade. A forma como começa a ser percepcionada como arte, sim. Atravessando séculos e culturas (desde o Antigo Egipto), passando pelas extensões plásticas dos sixties até às autênticas esculturas actuais, esta forma de expressão artística sempre dividiu gostos e opiniões. Mas o seu objectivo mantém-se: espelhar individualidade, ou status social, e destacar quem a exibe dos demais. 66

Hoje, numa época em que todos temos acesso simultâneo aos mesmos produtos e que a cultura emerge mais e mais padronizada, a necessidade de personalização é crescente, especialmente nas grandes cidades. A exposição Nailphilia, patente de 1 a 25 de Setembro na galeria DegreeArt, em Londres, reconheceu a importância

crescente deste movimento que se estendeu a continentes e a diferentes extractos sociais, homenageando, assim, as mais pequenas e comuns "telas" do mundo. Vários artistas de áreas tão díspares como a nail art, a moda, o cinema, a pintura, a escrita, aos quais se juntaram alguns bloggers, reuniram-se neste espaço londrino para explorar o conceito da unha como plataforma para a arte, visão nunca antes abordada no contexto de galeria. A nail art costuma ser percepcionada como um acessório e está frequentemente associada à estética e à superficialidade, daí a surpresa desta exposição. No entanto, desde as divas R&B dos anos 90, passando pelas


n a i l p h i l i a

it-girls japonesas, às celebridades norte‑americanas, a popularidade da nail art tem vindo a crescer. Inserida no grupo de artistas convidados, Marian Newman é testemunha disso mesmo. Ostentando o apelido de Nails Queen, Newman foi a criadora do conceito de High Fashion Nail Art. Em justaposição à sua experiência em ciência forense, Marian pretende desencadear sensações provocatórias com as suas criações, o que lhe assegurou a colaboração com alguns dos artistas contemporâneos mais visionários como Lady Gaga, Gareth Pugh, Charlie Le Mindu, Nick Knight, John Galliano ou

e algum do seu trabalho excepcional que nunca foi mostrado em cerca de 15 anos. Além da apresentação do

conta ainda com a presença de pinturas de Sophie Derrick e Kostas Georgiou, fotografias de Moses Powers, filmes, livros e joalharia. Como é o caso de Lauren Ruicci. A designer de jóias lançou a sua primeira colecção Laruicci na Primavera de 2009. Desenhando peças especialmente para editoriais high-fashion e desfiles, a designer rapidamente captou a atenção das mais importantes publicações de moda como a Numéro, a Vogue Italia ou a Elle, tornando-se uma preferida das celebridades, tendo colaborado recentemente no styling de um vídeo de Beyonce Knowles por causa dos seus anéis‑garras dourados. Lauren cria colares über-glamourosos, brincos e pulseiras XXL e anéis extravagantes que chegam a confundir-se com nail art. A exposição teve ainda a participação da marca de urban wear Cheap Monday, que recentemente criou uma colecção inspirada em nail art, e de bloggers de todo o mundo que partilharam as suas criações e provaram que a nail art se extende muito para além dos artistas experientes. Através de diferentes meios, Nailphilia promete explorar esta disciplina,

mesmo Alexander McQueen. Marian acredita na quebra de fronteiras entre a arte e a técnica, tendo criado uma carreira excepcional por permanecer fiel aos seus instintos. Também convidada a expor a sua visão pioneira em técnicas de nail art, Sue Marsh é um ícone da indústria. Visionária, o seu trabalho tornou-se catalisador para a criatividade que se múltiplica hoje em dia neste campo artístico. Durante os seus trinta anos de experiência teve a oportunidade de criar verdadeiras obras de arte em colaboração com a Givenchy, Boy George ou as Spice Girls. Nesta exposição, orgulha-se de apresentar o seu arquivo de unhas de colecção

trabalho de nail artists como Illustrated Nail, Jenny Longworth, Sophy Robson, Sam Biddle, Megumi Mizuno ou Mike Pocock, a exposição

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redefinindo preconceitos e reformulando a opinião pública sobre o conceito de arte nas pontas dos dedos. Que tal um Picasso na ponta dos seus?


c e nt r a l

L a r

p a r q

c i n e m a

Sentimentos ou narcisismo humano? Há quem diga que Melancholia é um belo filme sobre o final do mundo. E depois, há quem diga que Melancholia é um belo filme sobre depressão (mais um), feito por quem a viveu e conhece os seus meandros. Certo é, que as fabulosas interpretações

s

v o n

T

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i

de Kristen Dunst (Justine), Charlotte Gainsbourg (Clare) e Kiefer Sutherland (John), conseguem demonstrar existir estofo para aguentar com o peso que, por norma, as personagens dos filmes de Lars Von Trier têm de carregar. T — Ingrid Rodrigues

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e

r


l a r s

v o n

t r i e r

Tomar em conta o leque de possibilidades que um pretexto "fim do mundo" deixa nas mãos de um misantropo como Lars Von Trier podia ter sido perigoso. E se, o cineasta, nos seus últimos trabalhos, ataca fortemente a nossa situação como presas fáceis do discurso da ciência —exibindo a natureza como algo que não pode ser simbolizado, matando animais interiores e caminhando por uma natureza feminina— neste último trabalho inverte a ordem das coisas e coloca um planeta chamado Melancholia, desgovernado, a avançar em direcção à Terra como prelúdio do iminente fim do mundo. O fim (ou auto‑regeneração) da natureza.

Contudo, e estranhamente, este poderá ser o filme mais optimista de Lars Von Trier. Lá, é obrigatório pensar. Medir. Contemplar. Digerir (caso consigam, não só este filme como todo o trabalho de Lars Von Trier). E arrumar. Arrumar, dentro de todas as conclusões que nos alteram um bocadinho. Se, em Anticristo, Lars Von Trier nos conduziu numa viagem um tanto ou quanto assustadora, pela profundidade em que mergulhámos na mente humana, embrulhados num turbilhão emocional de um espírito demente, não se enganem ao achar que Melancholia, sendo uma tentativa do realizador de dar a conhecer o seu romântico sentido de humor, seja light.

mundo, seja pela irmã, Claire, aparentemente mais centrada e tranquila com a visão do matrimónio mas que entra em pânico com a concretização do fim do mundo. E, subitamente, é fácil notar como as duas irmãs são extensões de uma só pessoa e que a segunda parte do filme é construída, justamente, para informar que as aparências podem não enganar mas, com toda a certeza, tapam o sol com a peneira numa prudência desconcertante. Logo após o epílogo apoteótico ao som de uma bela e condolente canção instrumental, o áudio é cortado bruscamente, os créditos sobem em silêncio total e o mais impressionante é que, apesar do desconforto mudo

Os quase-quadros apresentados como uma espécie de prólogo (em semelhança ao Anticristo) são a alternativa antecipada aos becos-sem-saída que virão depois: a arte. A luz, a cor e a velocidade do filme são quase românticas e contrapõem-se à crueza do sentido das imagens. Em Melancholia, a narrativa pessoal pós-moderna a que ficamos reduzidos, ou seja, o cada-um-na-sua‑bolha em que vivemos nestes tempos distópicos, é levado à insignificância em confronto com a força da natureza. Complicado? Chamemos de morte, então, e a aceitação torna-se obrigatória e simplista.

Pois não é. É antes, o filme mais poético deste controverso e ardiloso, criativo e genial cineasta. Mesmo que, para isso, ele tenha de nos fazer passear numa excursão de sofrimento e de tristeza. A cabeça aguenta, o coração resiste. Êxito profissional e monetário, perfeição e equilíbrio, are like the cherry on top of the cake do começo do filme, difíceis de manobrar numa estrada estreita. Estando o filme centrado em duas partes, o percurso está longe de ser tranquilo. Seja pelo prisma de Justine, que enfrenta as suas crises kafkianas por medo ao compromisso, mas parece tranquila com o fim do

que se sente nas entranhas, conseguimos sentir respeito pela obra que acabamos de ver. Porque é angustiante, não a possibilidade do fim do mundo, mas o sofrimento que o ser humano é passível de sentir. Melancholia é um “desastre psicológico” onde não haverá finais felizes mas existe por ali um olhar terno de sentimentos. E se isso não chegar, também pode ser visto como uma ópera trágica, quer pela pulsante banda sonora instrumental, quer pelas belas sequências que remetem para pinturas neo-realistas e constantes enunciações freudianas.

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c e nt r a l

p a r q

t e l e v i s ã o

C a m  elot Política e amores mal escolhidos

E quem sabe um mundo melhor... Camelot revisita a lenda do Rei Artur com uma tal aproximidação ao mundo contemporâneo que quase dá para cheirar os sarilhos...

T — Ágata Carvalho de Pinho

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c a m e l o t

Dos criadores de The Tudors, estreou na FOX, no passado domingo, uma nova versão da lenda do Rei Artur. Quando se pensava que não havia mais nada a dizer sobre o feiticeiro Merlin, a espada Excalibur ou o Rei-maravilha que deu uma ensaboadela aos saxões, Camelot chega para nos trocar as voltas. Esta não é uma história para os fracos de coração. Há cavalos, princesas, magia, o sonho de um mundo melhor mas, até chegar à utopia, há muita coisa feia e má para combater, capaz de tirar o sono aos adultos mais destemidos. Aqui, os inimigos, mesmo com

desta versão e uma das razões para não perder a série, chama a atenção para novos aspectos da magia aqui explorados: um lado negro que é sempre a outra face da moeda. Digam adeus à arrumação maniqueísta e aos meninos (só) bonitos. Jamie Campbell Bower é Artur e, à primeira vista, pode parece um erro de casting. Mas demore-se a atenção sobre o jovem talento e ele espelha tudo aquilo que Artur não pode deixar de ser: uma fronteira entre o bem e o mal, um ponto de interrogação que nos mergulha no abismo do livre arbítrio. Refrescante, no mínimo. A relação com Merlin —que

a pequena Morgan no filme The Mists of Avalon (2001) com Anjelica Huston, e Joan Allen, que é Guinevere, o amor proíbido de Artur. A Starz (a mesma de Spartacus) aposta nesta redefinição da lenda, uma história de amores mal escolhidos, uma co-produção irlandesa e canadiana que nasce com o lançamento, em Janeiro de 2010, da GKTV —departamento televisivo da GK Films, encabeçado pelos produtores Graham King e Tim Headington. Camelot foi concebida enquanto conteúdo cinemático para televisão, com dez episódios e

a sua dose de sobrenatural, são bem reais. E as demandas, marcadamente políticas, estão tão próximas das questões com que nos debatemos actualmente que mais parece que a época medieval foi ontem. Tudo começa com a morte do rei Uther, pai de Artur, que resulta no caos absoluto. Morgan, a irmã malvada e com bons contactos do lado das trevas, quer subir ao poder. Só Artur, criado desde pequeno longe da realeza mas herdeiro legítimo do trono, lhe pode fazer frente. Ainda assim, o poder (palavra‑chave), mesmo usado para o bem, vem com um preço alto. Joseph Fiennes, o Merlin

Fiennes descreve como um cruzamento entre Obi-Wan Kenobi (Guerra das Estrelas) e Donald Rumsfeld (ex-secretário da Defesa dos Estados Unidos da América, no governo de Bush)— é crucial. Merlin educa-o como o rei prometido a um mundo que há-de vir mas o caminho a percorrer até lá chegar é tortuoso. Do outro lado está Morgan, interpretada pela bela e cativante Eva Green (Kingdom of Heaven), a vilã da história. Do elenco fazem ainda parte Claire Forlani (Meet Joe Black) como Igraine, mãe biológica de Artur e segunda mulher de Uther, Tamsin Egerton, que curiosamente tinha interpretado

um orçamento estimado de 7 milhões de dólares para cada um. Chris Chibnall, que assina as séries Life on Mars e Torchwood, é o escritor principal da série e, segundo o próprio já afirmou, as adaptações das personagens do Rei Artur e dos cavaleiros nunca são demais. No seu entender, todas as épocas merecem ter a sua versão da história feita lenda —ou da lenda feita história, quem sabe.

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Camelot passa no canal Fox, todos os domingos, às 22h30 em episódio duplo.


c e nt r a l

p a r q

n o i t e

Chancha Vía Circuito F — Pedro Quintans

A ZZK Records é uma editora de Buenos Aires que está à frente da divulgação de um novo tipo de música: a cumbia digital. À frente da divulgação e muito à frente em geral.

T — Mário Nascimento

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u m a

c e n a

a r g e nt i n a

N o i  t  e

Uma cena Argentina

ZZK Crew F — Lampeduza

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c e nt r a l

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n o i t e

Villa

A cumbia é um género musical latino com origens na Colômbia (embora enraízada em danças rituais africanas) e em diferentes ramificações dos países vizinhos. Na Argentina, por exemplo, a variação mais típica é a cumbia villera. Leva flauta, acordeão, tambor… É folclórico. E o folclore nem sempre pega bem com as gerações mais novas, o que é normal. Quando foi a última vez que fizeram download de um vira? Ou a primeira? E há quanto tempo não ouvem um corridinho? E sabem a diferença? E também não querem saber, pois não? Isso são coisas para estações de rádio AM e programas de televisão daqueles que dão durante o dia, com velhotes no público e convidados que explicam por que é que aquele doce é tão apreciado na região. Na Argentina, a coisa não é muito diferente. Mas há uns anos começou a ouvir-se cumbia de outra forma. DJ’s e outros músicos atiraram-se ao género, tentando desenraizá‑la e transplantando-a para os auscultadores de hoje. Cortando, desconstruindo, retratando… Mesmo assim, por ser um tipo de música tão característico e percebido por muitos jovens como algo quase mau, (de tão antigo que é), essas tentativas de modernização da cumbia não são exactamente mainstream.

Mas a verdade é que, assim que surgiu, também criou as suas raízes e, de repente, havia uma coisa chamada cumbia digital, que foi ganhando público e mais músicos aderiram à cena. De facto, se alguém lançasse agora um technovira ou um corridinho electrónico… é, não

ingredientes), o nosso escudo anti-cool é logo desactivado. A cumbia digital foi, então, sendo praticada por vários DJ’s e produtores e gerou-se um pequeno movimento à volta de Buenos Aires. Espalhado o vírus e conquistado algum público, o próximo passo foi a congregação.

El Remolón F — Pedro Quintans é? Mas quando nos mostram um estilo que mete mais estilos mas que é, essencialmente, um tipo de música tradicional de outro país (a que não estivemos necessariamente expostos), com uma batida dançável e até mesmo inteligente (em termos de manipulação dos

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E assim surgiu o Zizek Club, uma noite itinerante cujo tema era passar cumbia digital. Este nome, entretanto, acabou por ficar associado a toda a gente que começou a ligar o folclore argentino à electricidade mas a verdade é que, se uns praticam uma cumbia apenas electrónica,


u m a

outros fazem um mash-up com músicas pop, outros remisturam clássicos da cumbia ‘original’, o que é tão interessante quanto cómico (e, lá está, eventualmente piroso, para quem está mais dentro do contexto), outros atiram-na contra um techno minimal e mais dubby, e também há quem lhe junte reggaeton e até hip-hop. E pronto, eis o caos das prateleiras instalado. Mas, também, quando o conceito é desconstruir, o que não faltam são formas de religar as peças, certo? Entretanto, as noites do Zizek Club começaram a ser tão populares (de nicho, mas com um cult following assumido) que os organizadores do evento constituíram uma editora: a ZZK Records, cuja primeira manifestação, em 2007, foi uma compilação dos artistas

c e n a

a r g e nt i n a

uma cena: temos movimento. E assim, de link em link, de post em post, o mundo tem vindo a familiarizar-se com este novo tipo de música. A ZZK faz o melhor possível para promover os seus artistas e já andou com o seu roadshow pelos Estados Unidos e pela Europa, tocando em clubes e festivais. E, embora o destaque seja quase ingrato, há dois nomes que não dá para omitir: El Remolón e Chancha Vía Circuito. O último, alias de Pedro Canale, editou Río Arriba, o seu segundo álbum, no final do ano passado mas só neste Verão se implantou além da fronteira natal. Chancha é um dos que prefere a sua cumbia minimal, com ecos de dub. Apesar dos seus sets terem picos de dança, os promotores estrangeiros estão ainda a

um disco de 45' a rodar em 33'. Mas isso não faz com que Chancha Vía Circuito seja a versão Burial de El Guincho. Esta repetição, esta hipnose, é tudo menos monotonia. Se Chancha é um nome mais recente, os trabalhos de El Remolón começaram ainda antes da ZZK Records e do Zizek Club. Na verdade, há quem lhe atribua o título de pioneiro da cumbia digital (o seu primeiro EP tinha o selo de uma editora chilena). A sua estreia mais longa, Pibe Cosmo, é de 2008; também downbeat, às vezes mais baleárico, outras menos, deixou boas impressões a Matias Aguayo e aos Animal Collective, com quem já colaborou. Mais recentemente, El Remolón pôs nas internets uma desconstrução magnífica

familiarizar-se com a coisa e, “como isto tem ar de ser uma cena mais calminha”, tendem a colocá-lo ou para abrir a noite ou para a fechar. Sim, Río Arriba, às vezes, é letárgico, o que é um adjectivo estranho para qualificar um álbum que dá para dançar; é quase como se se pusesse

da versão de Mercedes Sosa de um clássico de Atahualpa Iupanqui, Guitarra Dímelo Tú. Ouvir tudo isto é um prazer, mas o prazer maior está mesmo na descoberta, por isso, já pró vosso google!

El G que tinham em carteira com o nome simples e factual de ZZK Records, Vol. 1: Cumbia Digital. Este lançamento oficializou a popularização de algo apenas experimental e hoje, alguns nomes do catálogo da ZZK até já são posteriores à edição do disco. Portanto, temos mais que

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saia GANT camisa DIANA MATIAS camisola ANDREIA OLIVEIRA

B

fotografia AndrĂŠ Brito

styling Nelson vieira

& make-up Tinoca com produtos MAC

hair Rui Rocha com produtos Senscience

modelo Celine Brink (Best Models)

B colar TROBO RIGAUX na THE sapatos PHILIPE SOUSA na Eureka


casaco Henry Cottons camisola, mala e luvas Mango saia Diana Matias gorro H&M, 贸culos party glasses colar Monices na THE sapatos Eureka


impermeรกvel Adidas by Stella Mccartney camisola H&M meias Joana ferreira colar Studio Filarte na THE sapatos EUREKA


casaco nylon Adidas by Stella Mccartney 贸culos Bless na Col枚nia

casaco Diana Matias camisa G-Star colar Studio Filarte na THE


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saia Elisabeth Teixeira mala G-Star sapatos Eureka

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fotografia gonçalo claro

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styling joão pombeiro


make-up / hair Rita Janeiro

modelo Tiago Montgomery (Karacter models)

ass. styling Gabriela Vilarinho

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casaco LACOSTE cal莽as LEVIS 511, camisola polo GANT

cinto MALENE BIRGER 贸culos PARTYGLASSES


casaco FRED PERRY bolsa MALENE BIRGER botas GOLDMUD

meias GANT cap ELEMENT


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Calças GANT camisa TOMMY HILFIGER casaco DRIES VAN NOTEN na Wrong Weather

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p a r q

T — Maria São Miguel

F re  d Pe rr  y St ore

h e r e

p l a c e s

Fas  h io  n C li  ni  c M  a n

T— 213 142 828

Fred perry authentic store ArrábidaShopping, lj 107 V.N. de Gaia

num espaço mais reservado. Em termos de arquitectura de interiores, a cargo de Manuela Roxo, estes dois conceitos foram os mais desenvolvidos. O andar térreo, dedicado a produtos de lifestyle, é dominado por uma estrutura de madeira em calote

Fashion Clinic Av. da Liberdade, 192A Lisboa

A icónica marca britânica Fred Perry anuncia a abertura da sua primeira Authentic Store em Portugal, no ArrábidaShooping, em Vila Nova de Gaia, Porto. Esta nova loja vai permitir dar a conhecer aos fãs da marca toda a gama da Fred Perry. estará disponível a colecção Authentic feminina e masculina, incluindo o clássico pólo Fred Perry, o casaco ao estilo Harrington, malhas tradicionais e peças desportivas de inspiração retro. Calçado e acessórios também estarão em destaque.

A Fashion Clinic para homem mudou de edifício e está na Avenida da Liberdade, uns números acima. Desta vez, as áreas e os públicos estão mais segmentados, em parte, graças à morfologia do espaço que se desenvolve em vários pisos. Isso permitiu que alguns conceitos possam agora estar mais desenvolvidos num lugar próprio. É o caso dos artigos de lifestyle, logo à entrada, dirigidos tanto para o público feminino como masculino, ou do departamento mais clássico, deixado para o último andar, onde se concentram os artigos da Dior Homme e Tom Ford , novidades para esta estação. O elemento exclusividade é conseguido

esférica que se torna a base de uma estante de prateleiras própria para artigos pequenos. Esta combinação entre mosaico hidráulico e madeira é, a nosso ver, a que melhor resultou neste projecto. O segundo, o espaço mais reservado e clássico destinado à prova de fatos, encontra-se no último andar e é essencialmente marcado por um ambiente de painéis e um parquet elaborado de madeira. O modelo de desenho remete‑nos para apartamentos de luxo do iniício do século passado e serve de mote para tudo o que se pode ver nesse piso. No que toca aos pisos 1 e –1, manteve-se o ambiente da antiga Fashion Clinic, tanto em termos de mobiliário do espaço como de produto. Num dos espaços, temos linhas mais sport, representadas pelas marcas

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Dsquared e Dolce&Gabanna e, no outro, linhas casuais como a Etro e a Paul Smith, entre outras. Motivos não faltam para visitar a nova Fashion Clinic que alargou a sua oferta, representando actualmente 80 marcas.



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T — Eduarda Allen

G al  ler  y H os  te l

Co m C  o r É a fachada de madeira vermelha que nos chama a atenção para aquele prédio de esquina da Alexandre Herculano mas, quando nos aproximamos, é a ampla montra recheada de marcas sonantes que nos convida a entrar. Pedro Pedro, Goldmud, Fred Perry, Twenty8Twelve by Sienna Miller e Jeffrey Campbell são apenas alguns dos nomes a destacar. O espaço junta uma inspiração vintage, com caixas e caixotes espalhados pelo chão, com um lado mais

O gallery hostel, quase em frente ao bastante portuense ccb, oferece desde junho a todos os que nele quiserem pernoitar, um serviço low cost num local onde se privilegia intencionalmente a qualidade, a modernidade, o design e as artes. Com 10 quartos, todos eles denominados a partir de algumas das personalidades artísticas e culturais da cidade como siza vieira, sophia de mello breyner, júlio

resende ou silva porto, denotam‑se pequenos apontamentos que encorajam um viajante desprevenido a descobrir a cidade. porque a cultura, tal como a hospitalidade, por aqui, dá-se bem. Gallery hostel R. Miguel Bombarda, 222 — Porto T— 224 964 313

F — Marta Guimarães

moderno, dado pelas estantes de madeira muito escura de linhas direitas. O projecto relaciona‑se essencialmente com moda mas engloba também outros produtos, além dos sapatos e do vestuário. Para lá desta diversidade de artigos, a Com Cor dinamiza o espaço com o conceito “AfterWork Store”, que pretende dar a conhecer projectos de diferentes áreas, quer musicais, culturais, como performances criativas e produtos de autor ou marcas que não querem, ou não têm hipótese, de estar em locais comerciais.

T — Maria São Miguel

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d r i n k s

C  o  l he itas T ar  di  as T — Romeu Bastos

Foi na minha primeira vindima na Região do Douro, há quase dez anos, que pela primeira vez provei um colheita tardia. Os colheita tardia resultam de um particular processo de fabrico, conhecido em inglês por late harvest e, como o nome indica, as uvas que dão origem a este tipo de vinhos são vindimadas tardiamente, entre Outubro e Dezembro, dependendo do estado em que se pretende a uva. Ao afirmar que o seu processo de fabrico é particular, refiro-me ao facto da uva ter que estar num estado que, enologicamente, se define de "podridão nobre". Este fenómeno deve-se ao facto de as uvas serem atacadas pelo fungo botrytis cinerea, que desidrata os bagos concentrando dessa forma os teores de açúcar originando, assim, após a sua fermentação, vinhos doces. Os mais conhecidos vinhos deste género talvez sejam os da região francesa de Sauternes. Mas em Portugal, apesar de a sua produção ser pouco expressiva, os dois que provei agradaram‑me bastante, ainda que muito diferentes, provenientes de duas regiões com condições climatéricas bastante distintas, ambas possuem o essencial na produção deste tipo de vinho, isto é, manhãs húmidas, tarde solarengas e noites frias.

Os vinhos em prova foram: Quinta da Alorna – Colheita Tardia 2009 (Tejo) e o Thyro – Colheita Tardia 2009 (Douro). O primeiro é feito exclusivamente com uvas da casta Fernão Pires,

que originam um vinho com cor amarelo carregada. O aroma é pouco expressivo mas, na boca, tem sabores de fruta tropical e mel. O final de boca é persistente e ligeiramente complexo.

www.alorna.pt

O segundo vinho da prova é um dos mais recentes no mercado, proveniente da região do Douro onde, na minha opinião, se produzem os melhores vinhos deste género. O Thyro é feito exclusivamente com uvas da casta Semillion, que originam um vinho com uma tonalidade gloriosamente dourada, muito perfumado, com nariz e boca em concordância, ou seja, tem notas de laranja, alperce, mel e nozes que se sentem no aroma e no paladar. Final persistente e guloso.

Thyro Colheita Tardia 2009 15€ Quinta da Alorna colheita Tardia 2009 12€

www.thyrowines.com

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g u i a

d e

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d i a p o s i t i v o

Uma crónica de Cláudia Matos Silva w w w.c l au d iama tos s i l va.p t .v u I— Bráulio Amado (w w w.iuse c omic sans.c om)

“t h a t ’s w h a t friends are for” “Amigos coloridos” é mais uma nova importação brasileira, a par da depilação total ou dos restaurantes de rodízio. Se, na minha adolescência, ouvir Roupa Nova era algo absolutamente baril, comentar as aventuras da novela das 20 horas no dia seguinte uma emoção do caraças, e escutar “O Calhambeque” do Roberto Carlos no gira-discos, o delírio, ao ponto de criar um estrondo na vizinhança mais próxima e até fazer alguns inimigos, hoje, é bom que pense em arranjar um “amigo colorido” e depressa e, já agora, encarar a depilação total como um hábito de higiene definitivo, porque esta brasileirice chegou para ficar. Se não é propriamente um animal social e a tarefa de encontrar o tal amigo para colorir lhe parece um bicho de sete cabeças, pode começar por um desses enormes salões cheios de homens de carne no espeto e que, tão oportunamente, lhe sussurram ao ouvido “sinhora, maminha?”. “Amigos coloridos” é termo

que nunca me caiu no goto, aliás, antes pincelar sozinha do que partilhar a tela com um pobre traste. E depois eu gosto de colorir, sem regras, em especial sair fora das linhas, esborratar o sol cor de laranja se me apetecer ou grafitar os prédios de cores berrantes, sem que ninguém dite ordens. A partilha deixa-me doente, especialmente e se o tal amigo, se atreve a surripiar um lápis ou um afia e, num próximo encontro de pura liberdade artística, não repõe o stock. Como um balde de água fria, daqui em diante tudo se desenhasse aos meus olhos, a carvão.

pensamento, mesmo quando não é suposto, e cuja amizade vai para além das palavras. Em vez de termos na nossa cama um homem diferente todas as semanas, um sacana que nos fará sentir vulgar e ordinária, há “o amigo do enroscanço”. Com ele não teremos vergonha de partilhar numa tarde deprimente de Domingo um dos grandes “guilty pleasures” da história, a paixão pela discografia do Roberto Carlos, numa altura em que é editada "Rei Collector's Book", uma biografia de apenas três mil exemplares, 25 quilos de peso e um valor estimado em 2800 euros.

Por isso, apresento o conceito português de Portugal, para mulheres independentes ou com dificuldade em encontrar o homem que lhes encha as medidas: “o amigo do enroscanço”. Um espécime que é mesmo nosso amigo, não rouba nada que não seja a atenção para as suas palhaçadas que nos fazem rir, que nos lê o

Enquanto se ouvem “As Baleias” talvez não fosse má ideia abrandar no consumo de chocolate. Se os homens têm “os amigos do enfrascanço” – e se orgulham da barriguinha da cerveja – parece justo que nós, mulheres, partilhamos “os amigos do enroscanço” – mas quem disse que temos de ficar igualmente balofas?

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