pa r q m ag a z i n e
Director Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com editor Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com coordenação editorial e moda Joana Teixeira Direcção de Arte Valdemar Lamego v@k-u-n-g.com www.k-u-n-g.com Publicidade Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com periocidade: Mensal Depósito legal: 272758/08 Registo ERC: 125392 Edição Conforto Moderno Uni, Lda. NIF: 508 399 289 PARQ Rua Quirino da Fonseca, 25 – 2ºesq. 1000-251 Lisboa t. 00351.218 473 379 Impressão TEXTYPE 20.000 exemplares distribuição Conforto Moderno Uni, Lda. A reprodução de todo o material é expressamente proibida sem a permissão da Parq.Todos os direitos reservados. Copyright © 2008— —2012 PARQ.
0
2
n . 3 7. a n o v. m a r ç o 2 0 1 3
TEXTOS Ágata C. de Pinho Anabela Oliveira André Godinho Belém Franco Carla Carbone Cláudia Gavinho Diana de Nóbrega Davide Pinheiro Francisco Vaz Fernandes Inês Monteiro Inês Padinha Ingrid Rodrigues João Pacheco José Miguel Bronze José Reis Júlio Dolbeth Margarida Brito Paes Maria João Teixeira Maria São Miguel Marta Sousa Ferreira Pedro Dourado Pedro Lima Rachel Miles Ricco Godinho Roger Winstanley Romeu Bastos Rui Miguel Abreu FOTOS Francisco Martins Filipe Alves Herberto Smith Mafalda Silva Maria Meyer Matilde Travassos Nian Canard Pedro Janeiro Tiago Casanova
editorial No Party, New Era A Parq faz 5 anos neste mês de Março. Acompanhando o sentimento que motivou as nossas imagens de capa, concebidas por Sónia Jesus e Nian Canard, o momento não é de olhar para o passado nem para euforias comemorativas, mas para a conjugação de esforços que se tornem alicerces de uma nova era. Sem dúvida, este é o espírito da PARQ, que acredita sair fortalecida neste 2013, que marca o início de uma nova ERA. Como veículo permeável ao sentimento generalizado dos nossos leitores, pensamos que este será um sentimento comum que nos une em torno deste projecto. É, sem dúvida, um sentimento de orgulho que nos invade quando pensamos nestes 5 anos que, no essencial, foram construídos por momentos de prazer, sem outra motivação que não fosse ser a voz de uma cultura jovem, emergente, que se quer fazer ouvir. A todos os que seguem a Parq, os nossos sinceros parabéns. por Francisco Vaz Fernandes
STYLING Bárbara do Ó Collec7ive Margarida Brito Paes Ricco Godinho Rita Liberal Tiago Ferreira Wilma Byrd
Assinatura anual 12€.
n . 3 7. a n o v. m a r ç o 2 0 1 3
Pa r q m ag a z i n e
F — Nian canard S — Sónia Jesus make-up Joana B. hair Olga Hilário Especial Agradecimento: Lavandaria Self-Service ESPIRAL DE ÁGUA.
modelo — Carlos Ferra (L'Agence) camisa+pullover+boné LACOSTE L!VE calções+cinto+pulseira larga DIESEL meias CALZEDONIA ténis CLAE anel J.COOL no Espaço B outras pulseiras MER DU MOND no Espaço B
you must 06 — 37 Rui Toscano Nuno Cera Kruella D'Enfer Sara Dias Galeria de Arte Urbana Ettero Moda soundstation 38 — Retro-Psicadélico 40 — AlunaGeorge 42 — Sir Scratch you must shop 44 — 47 Levis
modelo — Iveta (Just Models) t-shirt CHEAP MONDAY poncho+brincos LA PRINCESA Y LA LECHUGA na 21P Concept store colete PATRIZIA PEPE casaco+ténis DIESEL leggings TEZENIS meias MANGO anel L.JACK no Espaço B
Central PArq 48 — Moda: Bloggers 52 — Noite: Porto 56 — Arquitectura: Modernismo Soviético 60 — Design: Alicia Ongay-Perez Moda 62 — So here we are 72 — Gesh Parq Here 80 — 83 Amélie au Théâtre Mimosa da Lapa Herdade da Cortesia
3
0
diesel.com
Yo u m us t
Arte
anos 90, juntando ainda algumas obras recentes, que ainda assim, são releituras desse seu universo passado. O outro elemento prevalecente, geralmente associado às suas esculturas sonoras, são os boombox, ou tijolos, como foram conheci-
Rui Toscano, No Saying Yes, 2013.
0
6
Rui Toscano é um dos artistas que mais marcaram os anos 90 em Portugal, distinguindo-se numa época em que um conjunto de jovens procuraram trazer novos meios, como a instalação, o vídeo e a fotografia, para o campo da arte. No caso de Rui Toscano, as suas apresentações públicas giravam em torno do objecto, da escultura, da instalação e do vídeo, procurando aproximar esses novos paradigmas da arte de experiências musicais protagonizadas por grupos de rock de teor experimental, como My Bloody Valentine. Por essa razão, o som, sujo e distorcido na maior parte das vezes, é tão importante na percepção de uma obra de Rui Toscano. É essa sonoridade esquizóide que acaba por prevalecer durante toda a sua exposição, na Culturgest, em Lisboa. Esta reúne grande parte das suas primeiras experiências dos
texto — Francisco Vaz Fernandes
experimenta formalizar elementos da sua identidade, questionando sobre o lugar da arte na sociedade e na sua vida privada. Logo no primeiro corredor temos uma obra em forma de T, de Toscano, e logo a seguir uma obra em forma de X (They Say We’re Generation X But I Say We’re Generation Fuck You!), de 1995, referindo-se à geração na qual foi catalogado. Estes são apenas alguns elementos do ponto de vista formal que procuram desenhar um universo identitário pessoal, ao qual o artista vai agregando todo um universo de interesses e relações que acaba por transparecer no seu trabalho. Curiosamente, a obra que responde melhor ao seu gigante X é uma outra onde num muro está desenhado um “No” (No Saying Yes), de 2013, com a qual fecha a exposição. Um “No” que sonoriza um “YES”, entrando em contradição com a sua mensagem visual, remetendo-nos para a ideia de um ciclo que a própria exposição parece desenhar.
Rui Toscano, T., 1998. dos em Portugal, símbolos da cultura hip hop dos anos 80, objectos já obsoletos nos anos 90. Com as evocações ao universo da música e a diferentes subculturas, Rui Toscano procura cruzar elementos da cultura popular com elementos de uma cultura mais erudita, evocando regularmente o minimalismo americano e artistas como Donald Judd. No entanto, na esteira da geração dos anos 90 norte americana, nomeadamente Felix GonzalezTorres, que confrontava as premissas do minimalista com o domínio do privado, também Rui Toscano
Rui Toscano, They Say We’re Generation X But I Say We’re Generation Fuck You!, 1995.
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
Yo u m us t
Arte
Nuno Cera, Façade #7, 2012.
N
u
0
8
n
o
Nuno Cera, Façade #3, 2012.
Nuno Cera, Façade #4, 2012.
texto — Francisco Vaz Fernandes
Nuno Cera apresenta na Galeria Pedro Cera, em Lisboa, um conjunto de imagens de fachadas arquitectónicas impressas em chapas de zinco. São 7 obras de grandes dimensões, em que o aspecto nocturno, a invisibilidade e o dramatismo das sombras são enfatizados pela opacidade da chapa, simultaneamente brilhante e reflexiva. Tal como muitos revestimentos dos edifícios, também chapas de zinco permitem que o espectador apareça como intruso tornando-se mais um elemento de sujidade na leitura geral da imagem. A evidente falta de desejo de tornar claro o objecto fotográfico, somada à falta de desejo de marcar um momento que justifique a imagem, prevalecem na essência desta atmosfera. Imagens, quase casuais, onde é a atmosfera fotográfica que prevalece. Talvez, de memória, nos lembre um qualquer momento literário ou mesmo cinematográfico a partir do qual retemos uma ideia vaga e generalista, tendo perdido grande parte dos detalhes. Na verdade, as imagens de Nuno Cera têm essa capacidade de nos descentrar do acto fotográfico, de todos os detalhes que possa conter, para nos despoletar memórias com as quais reconstruímos os ambientes sugeridos pelo fotógrafo. De certa forma, essas janelas iluminadas, um dos elementos mais comuns na série apresentada, levam-nos a antever o rasto de uma vida, com a qual, enquanto seres gregários, desenvolvemos uma empatia antecipada. Mas, é esse elemento fugaz e subjectivo que dá à obra de Nuno Cera a dimensão que tem em Portugal, sendo que o artista tem levado ao limite o significado das imagens e aquilo que elas ainda nos podem dar de poético num mundo saturado de imagética. Nestas imagens concretas, é esse orgânico singular, invisível e imprevisível, no contexto normativo de uma cidade, que acaba por encorar todo o carácter poético da fotografia de Nuno Cera.
SAGATEX, LDA – Tel: +351 225 089 153 – www.sagatex.pt
Fred Perry’s Authentic menswear collection is heavily influenced by the brand’s historical roots in sport and classic urban menswear. The range blends British style with the edge and attitude gamered from the brand’s unique streetwear credentials.
Yo u m us t
O Buruk Street Art Festival é a primeira mostra de arte urbana europeia a ter lugar em Banguecoque, na Tailândia. As paredes e muros da metrópole são as telas. Entre os artistas convidados esteve uma portuguesa. Kruella D’Enfer foi de latas de spray e bagagens até à Tailândia, não só expor o seu “trabalho infernal” como descobrir uma cultura diferente. Fora do alter-ego artístico, Angela Ferreira é uma jovem apaixonada pelo surreal e mitológico, com uma enorme vontade de partilhar a sua criatividade com o mundo. A viagem? Descreve-a numa frase: “What happens in Bangkok, stays in Bangkok”.
Arte e conhecemos artistas a nível mundial, mas nem sempre há a oportunidade de nos conhecermos pessoalmente. Neste caso, foram 16 artistas europeus e 11 artistas tailandeses, muitos deles que eu admiro, todos a pintar na mesma semana, na mesma cidade, portanto foi sem dúvida muito enriquecedor.
P:
No que se inspirou para pintar a sua primeira parede na Tailândia? Integrou no desenho alguma influência tailandesa?
K - E:
Inspirei-me nos Yaks, os guardi-
P:
Como foi ser convidada para a primeira edição do Buruk Street Art Festival?
K - E:
Foi entusiasmante. Sinceramente, só acreditei que isto estava a acontecer quando aterrei no aeroporto de Banguecoque. Até lá, parecia tudo muito irreal e distante na minha cabeça, como se fosse um sonho.
P:
O que pensa deste festival?
K - E:
1
É uma experiência única e super positiva para todos os artistas envolvidos. Estarmos em contacto directo com outra cultura, noutro continente, é motivante e faz-nos crescer como artistas. Cada vez mais estamos ligados
0
ões dos templos budistas. Tive oportunidade de visitar alguns templos antes de começar a minha parede, para conhecer melhor a história, e encontrei alguns destes guardiões, que eram usados para "espantar" os maus espíritos dos templos. Para os tailandeses, a arte é um dos maiores motivos de orgulho e verem um artista estrangeiro a interpretar uma figura mitológica da sua cultura é uma grande homenagem.
P:
O que idealizou que iria fazer em Banguecoque?
texto — Joana Teixeira
K - E:
Fiz uma lista de coisas que tinha que fazer durante a minha estadia. Muitas das coisas dessa lista eram coisas normais que qualquer turista faz, mas outras nem por isso. Como, por exemplo, roubar um macaco, lutar com crocodilos e comer a coisa mais esquisita de sempre! Posso dizer que consegui pôr um check em algumas dessas coisas, mas outras vão ter que ficar para uma próxima ida à Tailândia.
P:
Como foi esta primeira experiência na Tailândia?
K - E:
Banguecoque é uma cidade muito activa e louca! Todos os dias acontecem coisas novas e diferentes, desde mil festas e exposições interessantes a lutas de muay thai no meio das ruas. Mesmo havendo uma grande barreira ao nível da comunicação, as pessoas estão sempre dispostas a ajudar-nos, no que quer que seja, mesmo não nos conhecendo, estão sempre com um sorriso na cara. O que mais me custou foi mesmo estar a pintar com aquele calor e uma malagueta que eu comi sem querer.
P:
O Buda é sagrado para os tailandeses. Não ficou inspirada para criar um Buda versão Kruella D'Enfer?
K - E:
Ainda não. Mas é uma boa ideia para um próximo trabalho!
Š 2013 adidas AG. adidas, the Trefoil logo and the 3-Stripes mark are registered trademarks of the adidas Group.
unite all originals
adidas.com/originals
Yo u m us t
1
2
Moda
texto — Joana Teixeira
Moda
Yo u m us t
Unite All Originals A nova campanha Global da Adidas para 2013 foi lançada sob o mote Unite All Originals. A marca preparase para inovar a sua relação com o consumidor, através da criação do adidas Collider, uma aplicação online através da qual o usuário pode experienciar correntes
criativas e culturais de diferentes artistas. Esta é uma plataforma de navegação na web que coloca à disposição diversos conteúdos originais produzidos por músicos, designers, artistas gráficos ou escultores. A Adidas pretende, assim, estar mais perto do seu público dentro do universo
das redes sociais, inspirando-o com a partilha de projectos criativos de todas as áreas culturais e estimulando-o a construir novas formas de originalidade. O Adidas Collider é uma experiência digital com lançamento marcado para Março.
3
1
Yo u m us t
1
A street art pode ter lugar entre o património artístico e cultural de uma cidade. A Galeria de Arte Urbana (GAU) é prova disso. Uma plataforma que salvaguarda o património tradicional lisboeta, promovendo a exposição de arte urbana no tempo e espaço certos. A GAU foi criada em 2009, em resposta à necessidade de satisfazer o público dos universos plásticos, cujas manifestações artísticas são crescentes nas cidades globalizadas. A Câmara Municipal de Lisboa viu nesta plataforma uma oportunidade de diálogo entre o espaço público do município e a arte urbana, tendo sido o primeiro projecto da GAU uma Mostra Anual de Arte Urbana, com trabalhos de artistas dispostos em sete painéis na Calçada da Glória, em exposição até hoje. O contexto estético da cidade de Lisboa é rico em estatuária, azulejaria e calçada portuguesa, contudo, é necessário transformar o espaço público também num espaço de liberdade criativa, cuja estética se actualiza contemporaneamente.
4
Arte A GAU veio transformar Lisboa numa galeria de arte ao ar livre, onde artistas nacionais e estrangeiros são convidados a expor os seus trabalhos, divulgando gratuitamente as suas expressões artísticas aos moradores da cidade. O conceito é simples: prevenir o vandalismo, através do ARYZ, na R. Rodrigues Sampaio. reconhecimento artístico do F — José Vicente graffiti e da street art. A Gau também actua no contexto internacional, por meio do intercâmbio de artistas, estando integrada numa rede mundial de criatividade urbana. Exemplo disso é o projecto CRONO, que teve SMILE, projecto Rostos lugar entre 2010 e 2011, onde do Muro Azul, muro cinco graffiters estrangeiros do Centro Hospitalar foram convidados a deixar Psiquiátrico de Lisboa. a sua marca em 5 fachadas F — José Vicente na Avenida Fontes Pereira de Melo. Estas prestigiadas intervenções de street art foram da autoria de Blu, Os te Gêmeos, Sam3, EricallCane xt o— e Lucy McLauchlan. A arte urbana é uma expressão Jo an artística necessária à aT eix modernização imagética da eir cidade de Lisboa, contudo, o a público que a expressa tem que estar consciencializado da
Yo u m us t
Arte
a l
e
r
Ar
ia
a n a
U
t
G
Entre os vários projectos de sensibilização artística, a GAU coleciona aberturas de vários espaços lisboetas à intervenção de artistas, como o muro da Rua Cais de Alcântara que, dentro do evento Lisbon Wall, foi dedicado ao graffiti caligráfico, ou o muro do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa que, dentro do programa Rostos do Muro Azul, pode agora acolher arte urbana. Os projectos desenvolvidos pela Galeria de Arte Urbana contribuem para transformar Lisboa numa cidade “livre, multicultural e criativa”.
e
importância de respeitar e conservar o património artístico e cultural já existente, deixando a sua marca criativa nos espaços disponibilizados para o efeito. Tal como a comunidade tem que “desconstruir as suas ideias pré-concebidas em relação à arte urbana”. A GAU interliga, deste modo, as heranças SAM3 & Os Gémeos, projecto Cronos na Av. estéticas Fontes Pereira de Melo. F — Leonor Viegas tradicional e contemporânea. Os moradores têm recebido bem estas intervenções artísticas “à sua porta”. Como exemplo, serve a campanha Reciclar o Olhar, iniciada em 2011, onde vários artistas foram convidados a colorir camiões do lixo e vidrões, VHILS, Rua das Gaivotas. tendo esta campanha contado também com a participação de cidadãos interessados. Recentemente, concluiu-se a 5ª edição desta campanha, desta vez sob o tema Enamorados Por Lisboa, cujo universo artístico abrangeu não só grafitters, como estudantes e seniores, entre outros. A comunidade descobriu, assim, que estar enamorado por Lisboa pode também significar “renovar a perspectiva sobre a cidade, intervindo no seu corpo criativo”.
b
r
5
1
Yo u m us t
S r
a
Primeiro era Sara Osório, uma jovem licenciada em Ciências da Comunicação. Depois, largou os “calhamaços de estudo” para seguir um sonho: o design gráfico. Apaixonada por ilustração infantil e cinema de animação, Sara Osório construiu assim a estrada de tijolos amarelos até ao seu alterego. “Sara-adias” reflecte a “mulhera-dias” que há em si,
Ilustração
a
monotonia desta realidade, o seu trabalho proporciona-lhe episódios e peripécias que a inspiram para novas ilustrações todos os dias. Quando está em modo Sara-a-dias, é-lhe permitido “alucinar”, desenhando com humor a “odisseia” que é a sua vida. As personagens que cria e as histórias que conta a cores são fruto de uma mente fértil que se inspira em tudo o que
“que aperta o avental para tirar o pó de umas ideias e polir outras”.
O projecto nasceu quando esta ilustradora e designer freelancer se viu a ser arrastada pela crise, sendo obrigada a perder o medo de “cair no ridículo”, criando um blogue à moda de um espaço de fuga onde “abre os braços,
partilha histórias e aponta o dedo”. Fora deste universo
1
ilustrado, Sara Osório é só mais uma licenciada que trabalha fora da sua área de formação. Apesar da
6
texto — Joana Teixeira
a rodeia. “Sonhar horas a fio” faz parte do seu processo de inspiração, entrando num estado onírico onde a imaginação e a realidade se fundem e transparecem no alter-ego de Sara Osório. Sara-a-dias passa pessoas para o papel. Transforma‑as em personagens com personalidade própria, mas condescendentes o suficiente
para se deixarem desenhar em situações diversas, escolhidas pela artista. As descrições e diálogos que acompanham as ilustrações transpiram humor sem receios. Sara Osório concentra‑se nos pormenores insignificantes da sua vida, quando adopta o papel de contadora de histórias. O seu trabalho é espontâneo. O truque? Não levar nada a sério e saber tirar o proveito disso. Entre “bonecada, riscos e rabiscos”, a Sara-a-dias veio para ficar e espera um dia poder viver da ilustração.
a - Di a s
Yo u m us t
texto — Francisco Vaz Fernandes
Design
Foi nesse contexto que chamaram a designer Claúdia Melo e definiram um rumo apoiado numa identidade nacional forte, que marcasse a diferença. Passo a passo, começaram
puf Air.
A Ettero Colection nasceu da necessidade de expandir internacionalmente a produção da Mambo, um empresa portuguesa de design com mais de 20 anos de existência. Nessa
E
t
coffee table Caldas Stripes ocean.
t
cadeirão Easy.
2
0
altura, apostaram num design mais contemporâneo que pudesse atrair a atenção de um público mais sofisticado, aquele que encontravam nas feiras internacionais.
e a surgir as peles e madeiras nacionais, assim como os azulejos que fazem desta linha 100% nacional um sucesso, presente num grande número de países.
r
o
coffee table Caldas Circules multicolor.
Yo u m us t
Para quem não consegue manter a mala organizada, Nothing Fancy é uma solução fácil e elegante. Da autoria de Chieh Ting Huang, designer residente em Londres, esta marca aposta numa coleção de carteiras minimalistas, sem costuras, que simplifica o objeto à sua função básica. Reinventadas e
com um design contemporâneo,
2
2
Design
que recorre à utilização de uma quantidade mínima de materiais, as
carteiras Nothing Fancy são criadas a partir de uma única
peça de couro, cujo fecho é um
elástico de borracha que lhe confere uma segurança tradicional. A
marca oferece uma coleção de acessórios que
alia a simplicidade ao design, sendo ideal para quem não quer ver a sua organização comprometida.
texto — Inês Padinha
k Yo u
C hal L ove s
Sandra Correia é uma portuguesa licenciada em arquitetura, que criou a sua própria oportunidade de emprego. É a mentora do projecto inovador Chalk Loves You, onde são produzidas peças personalizáveis de cerâmica com ardósia. O conceito da Chalk Loves You é proporcionar uma vida
nova a diversos objectos do quotidiano, que são reinterpretados, adquirindo novas funções através da personalização que sofrem a cada utilização. Estas peças combinam a qualidade de um processo de produção artesanal com um preço acessível a qualquer cliente. Atualmente, a Chalk Loves You ainda só distribui o seu conceito por Portugal, contudo, a marca pretende ir além fronteiras em breve.
texto — Joana Teixeira
Num palco demasiado pequeno para um espectáculo tão caótico, a dupla canadiana entrou a matar para arrebatar o coração e a mente dos fãs, num concerto que roubou as luzes de Lisboa e as fechou entre as quatro paredes do TMN ao Vivo. Crystal Castles vieram promover o seu mais recente trabalho – (III) – com a energia de sempre. A dupla tem o dom de criar uma realidade paralela que envolve a audiência num videojogo de luzes ofuscantes e sons transcendentes, misturados por Ethan Kath com um toque de arcade. Alice Glass, a vocalista e cara bonita da dupla, regressou aos palcos portugueses para voltar a apaixonar o público, como se
Música
fosse a primeira vez. A jovem alta, elegante, de um cabelo lilás que não leva pente, é mulher de poucas palavras mas não se incomoda com o calor do público. Nos momentos mais sóbrios do concerto, onde o foco de luz descia sobre ela, como heroína entre um mar de gente, Alice Glass não teve
medo de se deixar absorver pela multidão, pelo toque das mãos que tentavam saborear a sua presença. Cantou enquanto se deixava levar pela corrente do público à sua volta. Diz, quem esteve presente,
Yo u m us t
que o truque para entrar neste labirinto de sensações é estar no meio da multidão. Onde os olhos se deliciam timidamente com os clarões de luz e cor, deixando transparecer apenas as sombras em movimento de Ethan e Alice, enquanto os ouvidos ficam inebriados com a carga eléctrica que emerge de músicas como Plague, que abre o álbum (III) e também abriu este concerto; Crimewave, que convidou os fãs a entrar num jogo de tetris cantado;
Alice Practice, um clássico incendiário de Crystal Castles e Not In Love, a cover que fechou a primeira parte e onde faltou a voz de Robert Smith. Intimate e Yes No foram as músicas que devolveram a dupla canadiana ao palco para um curto, mas delicioso, encore. Os Crystal Castles transportam-nos numa viagem espiritual a um universo de ácidos onde Alice Glass tem todas as características para ser candidata a descendente de Alice no País das Maravilhas, mas num país de videojogos onde quem reina é a Nintendo e o 8-bit.
3
2
Yo u m us t
em que a ética é colocada em xeque e a curiosidade é elevada à última potência. Germain encoraja os conflitos e as atitudes invasivas do seu aluno,
gradualmente, toma consciência desse poder, manipulando a informação que liberta. Também o espectador fica na posição de voyeur. Ozon invoca o filme Janela Indiscreta, de Alfred Hitchcock, na última cena em que a tela do cinema funciona como uma janela por onde o espectador/ testemunha assiste a um crime ou — como no caso— confidencia segredos narrados numa folha de papel e vigia a vida de terceiros. Nesse sentido, o filme passa a ser uma ilustração da relação entre o mundo real e a ficção, tendo por centro o voyeurismo que acompanha
na casa dessa família, para satisfazer o seu próprio prazer. De certa forma vive‑se um ambiente de reality show, onde a curiosidade e a ânsia
e determina a necessidade da arte. O filme torna-se numa afirmação do poder da ficção sobre o real, especialmente quando professor e aluno procuram um fim para a narrativa e quando o jovem escritor decide pôr fim à sua história dentro da história, sentindo‑se um deus dos destinos dos vivos (incluindo de si próprio), que transformara em personagens.
d
C
e
a
r
o
4
de saber detalhes sobre a vida alheia colocam o professor dependente do desenvolvimento da narrativa do seu aluno, passando a ser uma presa fácil de Claude que,
s
2
uma relação estranha entre professor e aluno, sendo o último incentivado a invadir a intimidade dessa família que se transforma na
sua principal fonte de inspiração. Seduzido pelo talento do seu estudante, o professor (um escritor falhado) imaginase na pele de Claude, iniciando um processo de dependências,
Dent
Baseado na peça de teatro The Boy in the Last Row, do espanhol Juan Moyarga, Dentro de Casa (Dans La Maison), de François Ozon. revela-nos a emoção que podemos viver atrás de um narrativa, tanto de um livro como de um filme. É exatamente esse o ponto de partida deste filme, que conta a história de um professor de literatura, Germain (Fabrice Luchini), que, ao iniciar o ano letivo, descobre a partir de um texto de um aluno, Claude (Ernst Umhauer), um grande talento narrativo. O que era a descrição de um fim de semana em casa de um amigo, dá início a
Cinema
texto — Aurora Lopes
a
texto — Maria São Miguel
Oito garrafas e um par de calças. Esta é a equação perfeita da nova linha de denim sustentável da Levi’s. WasteLess Denim faz parte da colecção Primavera/Verão da marca, apresentando um conjunto de jeans recicladas a partir de garrafas de plástico, sendo também reaproveitadas algumas garrafas de vidro e embalagens alimentares. No processo de produção sustentável de cada par são utilizadas, pelo menos, 8 garrafas, o que corresponde a 20 por cento de material reciclado presente no fabrico de cada peça. O lançamento desta linha ecológica está integrado na campanha de design sustentável da Levi’s, que pretende
Moda
Yo u m us t
sensibilizar os clientes para a importância da reciclagem, como uma causa ambiental. Os materiais para reutilização são recolhidos através de programas municipais de reciclagem, nos Estados Unidos. São divididos por cores, triturados e transformados em fibra de polyester que, misturada com fibra de algodão, dá origem ao tradicional Cone Denim.
Para lançar a linha WasteLess Denim dentro desta colecção Primavera/Verão, foram recicladas mais de 3,5 milhões de garrafas. O factor surpresa está no facto de ser a cor dos materiais a definir o tom do denim. James Curleigh, presidente da marca, afirma que a colecção WasteLess Denim vem provar que a produção de uma peça a partir de materiais reaproveitados, não compromete a sua qualidadade, estilo, nem conforto. Ter consciência ambiental também está na moda.
5
2
Yo u m us t
Moda que Miguel Flôr, director do Bloom, tem desenvolvivo com a imprensa espanhola, que tem sido pródiga em elogios às criações divulgadas por essa estrutura. Por isso, Madrid foi a aposta certa para ampliar a repercussão desse espaço mediático favorável. De facto, o acontecimento acolheu um número de interessados superior ao previsto, tendo em conta que era um evento que se realizava pela primeira vez. Sinceramente,
Daniela Barros
encontrava o serviço de catering, sendo animado por um DJ. Ao lado, o espaço onde aconteciam os desfiles, que se realizaram de dois em dois, com pequenas alterações da composição da sala. Apesar do sucesso, não está previsto que este evento se repita em Madrid. Segundo a organização do Portugal Fashion, o objectivo da promoção de jovens criadores
João M. Costa
2
O Portugal Fashion segue uma nova política de atenção aos nichos, no que diz respeito à promoção de jovens criadores, tendo desenvolvido, em Dezembro, uma importante acção junto da imprensa e mercado espanhol. Nesse sentido, levaram ao Matadero, Centro de Arte Contemporânea de Madrid, num evento denominado Young Designers, seis jovens promessas nacionais: Carla Pontes, Daniela Barros, Estelita Mendonça,
6
Hugo Costa
Daniela Barros Hugo Costa, Joana Ferreira e João Melo Costa, que desfilam regularmente no espaço Bloom, dentro do calendário do Portugal Fashion no Porto. A escolha de Madrid para dar o primeiro passo desta nova política, resultou de um processo natural baseado nas boas relações
Daniela Barros podem ter ficado impressionados pelo nível da organização e fluidez do evento, decorrido em dois espaços. Um a funcionar com recepção, onde se
de moda portugueses vai passar por uma plataforma digital onde as colecções dos criadores podem ser consultadas, assim como adquiridas a partir de uma loja
texto — Francisco Vaz Fernandes
online. Eventos como estes vão surgir consoante as oportunidades e serão
Yo u m us t
Moda
escandinavos que conseguiram, a partir das plataformas online e de algumas acções cirúrgicas, atingir certos nichos que alimentem economicamente o processo criativo de alguns criadores de sucesso.
Carla Pontes
João M. Costa
João M. Costa tidos como picos de atenção, sendo sempre remetidos para a plataforma que os divulga. O exemplo já está dado. A organização fala dos casos de sucesso dos países
Estelita Mendonça
Hugo Costa
7
2
Yo u m us t
n v e r s e
2013 é o ano da Serpente na China. Para comemorar esta data, a Converse lançou em Shangai uma colecção especial de Chuck Taylors inspirada no signo do zodíaco chinês. Disponível em versão high e low, esta linha de calçado mantém o formato característico da marca combinado com detalhes modernos, nomeadamente as tachas e os picos, que continuam a ser as tendências para a Primavera. O ano da Serpente está presente no material de fabrico dos All Stars: couro de pele de cobra. Para os fãs do animal print, esta edição especial, Year of The Snake, está disponível em tons de cinzento, rosa e creme.
2
8
É já a partir deste mês que se encontram disponíveis os objectos Lacoste Lab para a Lacoste L!ve. Uma edição limitada, cheia de cor e jovialidade que transformou capacetes, bolas de desporto, skates, etc, em verdadeiros embaixadores do espírito alegre da Lacoste.
“Inovadores e gráficos, cada um destes objetos expressa um estado
a b
oC
Moda
texto — Maria São Miguel
de espírito colorido e são a forma perfeita de vivenciar e explorar os diferentes ritmos das ruas.” explica
L
Christophe Pillet, o diretor de design da LACOSTE. Uma colecção de objectos muito especial que vem provar que a marca do crocodilo não é apenas uma marca de moda mas sim uma forma de estar na vida!
texto — Joana Teixeira
texto — Maria São Miguel
Mulher SS13 A colecção Primavera/ Verão da Diesel vai entrar a matar no guarda-roupa feminino. A marca promete uma linha de inspiração militar, suavizada pela sensualidade dos tecidos, que elogiam o corpo da mulher. A colecção desta estação é dividida em três lançamentos. Em Fevereiro, a Diesel lança a linha Sexta‑Feira na Cidade, uma mistura entre os looks militar e motociclista, transferida para casacos, coletes e calções em pele. A vintage denim dos anos 80 combinada com os estampados citadinos avant‑garde, criam um estilo moderno que inspira uma atitude sensual. As rendas, como tendência intemporal, regressam. Em Março, a marca lança a linha Sábado de Verão com cores fortes e tecidos leves. O tom é o amarelo pop e o estampado é o camuflado. A Diesel aposta num look energético, que combina casacos militares com saias
Moda plissadas e vestidos longos. Em Abril, é lançada a linha Domingo Rocks, inspirada nos festivais de Verão. O jogo de texturas entre os bordados florais e o croché enlaçado, conferem delicadeza a este estilo boémio. O denim empoeirado, tingido e estampado é uma tendência forte. A novidade, na linha de jeans Fit Your Attitude, está no modelo Skinzee, feito de denim elástico que se adapta perfeitamente ao corpo. A Diesel fortalece, assim, a
sensualidade feminina com uma colecção para todo o fim de semana.
Yo u m us t o lançamento desta colecção em três fases. Em Fevereiro, a marca lança a linha Indo para a Batalha com uma estética militar em tons verdes, aliada a blazers e calças formais e finalizada com casacos de pele com cotoveleiras. Em Março, a marca lança Na Linha de Fogo, uma selecção de peças em tons quentes. O laranja é salpicado em jeans, t-shirts com blocos de cor e em malhas leves. Os casacos camuflados regressam ao armário. Em Abril, a Diesel lança a linha Em Licença da Costa, onde o azul e o branco são uma presença forte. As peças variam entre a workwear e o look totalmente branco, de inspiração navy e elegante. A par com as riscas, os casacos de ganga regressam como tendência masculina. A Diesel tem, então, uma colecção que prepara o homem para uma batalha de looks onde pode lutar vestindo qualquer estilo.
Homem SS13 A colecção Primavera/ Verão da Diesel leva a passear os estilos militar, formal e casual até ao guarda‑roupa masculino. A arma secreta da marca para esta estação chama‑se Light Exposure,uma linha de denim que contrasta o azul com o branco, apostando também em grafismos e estampados que inspiram um look fresco. A Diesel dividiu
9
2
Yo u m us t
l l
ia is
Rant
Lo
m
ax
Cletus
Mendi
m
ira
distinção preparado para estar na frente de batalha. O design da armação de cada par é simples e recto, disponível em preto e verde azeitona. A novidade está nas lentes de sol em dourado cromado. Esta colecção divide‑se em quatro edições
Ta h
A nova colecção Primavera/Verão da Merrell para além dos modelos técnicos, característicos da marca, aposta numa linha desportiva e casual, que apresenta conforto e inspiração étnica. Para homem, a marca apresenta uma versão renovada do best‑seller Rant, através do contraste de cores e materiais. Para mulher, a Merrell lança o modelo Mendi, umas sandálias leves com atacadores e inspiradas no estilo greco-romano. Outra novidade é o modelo slip-on Artemisis, que combina lona com tecidos estampados e texturados.
Seguindo as tendências militares para a estação, a Vonzipper lança a coleccção Battle Sessions, sendo os óculos de sol da marca um acessório de
m te
r e
e r
Moda Ar
M
texto — Maria São Miguel
V
on z
er
p
e or
0
ip
m El
3
Fulton
limitadas, nos modelos Elmore, Fulton, Cletus e Lomax, que podem ser seus parceiros no crime. texto — Joana Teixeira
texto — Joana Teixeira
F
Para esta Primavera/Verão, a Fred Perry apresenta uma colecção masculina que combina uma linha desportiva com peças de streetwear. A marca reinterpretou algumas peças icónicas, inspirando‑se no desporto para as
Moda
Destaca‑se o contraste entre texturas, tal como os padrões pin dot, riscas e xadrez, combinados com detalhes em tartan. A marca reinventa, nesta colecção, as origens do seu vestuário masculino urbano, com a elegância e funcionalidade de sempre.
r
e
Yo u m us t
d
P
e r r
tornar mais contemporâneas. Dentro da colecção estão as gamas Capsule Sportswear e Authentic, que apresentam o estilo clássico da Fred Perry com acabamentos modernos.
y
1
3
Yo u m us t
Moda
Esta edição homenageia o universo fotográfico em cada par de óculos, artesanalmente fabricado pela marca italiana. A Persol estreia‑se no lançamento de um modelo de vista, a par com dois modelos de sol com lentes polarizadas e photo-polarizadas. A armação é leve, em tons matizados de castanho e dourado, e as hastes são finas, na clássica
SAt r re e tt
b y Louis vuitton Para a colecção de Primavera-Verão 2013, a Louis Vuitton convidou Aïko, Retna e Os Gémeos, três personalidades provenientes da street art, a recriarem os modelos emblemáticos da marca. O lenço de seda extra‑large, a echarpe e o clássico lenço de seda adoptam novos códigos com inscrições e cores carregadas, próprias da arte pública. AïKO trabalha sobre o lenço de seda extra‑large Four Seasons. RETNA sobre a echarpe Script e os brasileiros, OS GÉMEOS, sobre o clássico lenço de seda Mosaic. Aïko
3
2
texto — Maria São Miguel
Os Gémeos
cor bronze de canhão. A magia vintage das câmaras analógicas é combinada com a tecnologia moderna, originando peças contemporâneas e de culto. Julia Hetta é a autora das imagens da campanha da Persol Reflex Edition, onde a máquina fotográfica e os óculos de sol
P
e r s
Entre a fotografia digital e o estilo retro, a Persol conseguiu a inspiração perfeita para o design da Reflex Edition.
ol
entram em simbiose, combinando tradição com tecnologia.
texto — Raquel Vila Afonso
T
Ga
Yo u m us t
Moda
h
e m e
b y g i o r g i o a r m a n i
b y Dav i d o f f The Game é o novo perfume para homem da Davidoff, criado a pensar em vencedores, tanto no campo profissional como amoroso. Com um aroma amadeirado, que conta com notas de gin, este perfume deixa um leve toque floral em quem o usa. O frasco de vidro, com acabamentos prateados, foi inspirado nos casinos, fazendo lembrar fichas de jogo empilhadas.
Psaroudakis e Taru Tuomi, um casal de velejadores e embaixadores do seu novo perfume, desafiando-os para uma viagem. Todas as aventuras serão documentadas na página do facebook da Tommy, para que todos se sintam inspirados a seguir livremente os seus sonhos.
A r tsy
Y
F r eed o m b y t o m m y Quem pensa que Freedom é mais um perfume masculino engana-se, já que Tommy Hilfiger decidiu fazer do lançamento desta fragrância uma verdadeira aventura. Para o conseguir, juntou-se a Alex
b y S
L
Ametista, pirita, malaquita, azurita, jade, são pedras que difundem energia e luz e são o ponto de partida para a criação da nova coleção de maquiagem Yves Saint Laurent para a primavera 2013. Destacamos o vernis Jade imperial para um chic romântico e bronze Pyrite para um look mais rock.
Giorgio Armani propõem para esta Primavera cores luminosas, com especial foco no olhar. Brancos perlados, turquesas intensos e blushes neutros. Uma nova geração de tons nude, mas realçados, apesar da sua semi-transparência.
3
3
Yo u m us t
Shop
levis
levis
hilfiger denim
le coq sportif
diesel
protest
levis
volcon
3
4
cheap monday
lightning bolt
lacoste
lacoste
Yo u m us t
Shop
cheap monday
prada
kenzo
diesel
cheap monday
mykita x damir doma
karen walker
martin margiela x cutler and gross
prada
persol
5
3
Yo u m us t
Shop
le coq sportif
new balance
puma
le coq sportif
merrell
camper
fred perry
clae
miguel vieira
3
6
lacoste
new balance
converse
onitsuka tiger
Yo u m us t
Shop
converse x marimekko
merrell
converse
palladium
vans
keds
fred perry
camper
new balance
diesel
nike
geox
adidas originals
adidas originals
7
3
S o u n d s tat i o n
3
texto — Davide Pinheiro A nova retro-psicadelia
Há psicadelistas a nascer como mas apenas a admiração pelo rock de cogumelos e ainda que não se possa falar final dos anos 60 e princípio dos anos num movimento, há uma série de bandas 70. Os Tame Impala, portadores da tocha de um "movimento" que é sobretudo unido pela imprensa, são os mais pesados e, por isso, aqueles que mais prometem em palco. O single Feels Like We Only Go Backwards podia ser uma das mais belas canções escritas por John Lennon e é, até ver, o hino deste conjunto de nomes. No entanto, o fuzz infinito de Kevin Carter e restante banda aponta a um legado mais musculado Foxygen — ©Angel Ceballos como o dos Black a reactivar o interesse num tempo que Sabbath combinado com o groove só experienciou em discos e no YouTube. da Jimi Hendrix Experience. A adoração a que estes Os contextos são necessários para unir australianos ligados à tendencialmente pontas que andam à solta. E se nessa mais electrónica editora Modular têm conjuntura houver um nome grande, sido votados é apenas a confirmação tanto melhor. A carroça agradece e todos chegam mais depressa ao destino. A tendência já vem do ano passado mas ganha novos aliados a cada mês que passa. O ressurgimento do rock psicadélico tem nos Tame Impala o cabeça-de-cartaz (o título tem aplicação prática em alguns dos festivais onde já estão confirmados) e em nomes como Foxygen, Unknown Mortal Orchestra, Jim James, Moon Dup, Psychic Ills, Ty Segall, White Arrows, Widowspeak e, no limite, Ariel Pink's Haunted Graffiti numa espécie de segunda linha muito avançada. Quase todas são bandas Unknown Mortal Orchestra — ©Neil Krug novas dos últimos dois/três anos que se preocupam sobretudo com a de um prometedor primeiro álbum, estética. Na linha que une este conjunto Innerspeaker que, mesmo sem uma psicadélico, não há valores socioculturais conjuntura a envolvê-lo, já dava a
8
A nova retro-psicadelia entender que os Tame Impala eram mais do que apenas uma banda de rock anacrónica. Lonerism, editado no ano passado, veio confirmar essa suspeita e quando a Everything Is New anunciou a banda para o Optimus Alive, as redes sociais reagiram com estrondo de entusiasmo. De todos os enunciados, os Tame Impala são os mais populares mas os álbuns de Foxygen, Unknown Mortal Orchestra e Jim James, por razões diferentes, também têm direito ao seu quinhão. Os primeiros já existem desde 2005 mas só no ano passado começaram a ser falados. Em
Tame Impala Janeiro sairam com o segundo álbum We Are The 21st Century Ambassadors of Peace & Magic que, como o título indica, se propõe a uma actualização de um som que nunca experienciaram em tempo de vida. A produção foi de Richard Swift (dono de uma carreira a solo enquanto cantautor e actual membro dos Shins) e lembra os Rolling Stones de Their Satanic Majesties Request, o que não é mau. Os Foxygen não estão a inventar nada mas têm grandes canções como Shuggie que podem até chegar
S o u n d s tat i o n
a um público mais generalista que os Tame Impala, talvez por conservarem a ingenuidade de banda nova que também caracteriza a Unknown Mortal Orchestra. Para já, a canção de Verão é deles: chama-se So Good At Being At Trouble e faz parte do álbum II, tornado público no início de 2013. Há um caso menos evidente que é o de Jim James, vocalista dos insossos My Morning Jacket, que a solo consegue aquilo que a sua banda nunca alcançou: traduzir a América das estradas infindáveis em canções com garra. A prova provada é A New Life, o single que tanto podia servir de campanha a um tipo qualquer de reabilitação como a um automóvel. Esta é a selecção sub‑21 mas 2013 também reserva lugar a séniores como os Flaming Lips e os mais novos mas não estreantes MGMT. Se há quem tenha defendido o consumo de cogumelos ao longo dos anos, em tempos diferentes, foram estes senhores —e outros como os Mercury Rev e os Olivia Tremor Control. Olhando para dentro, os portistas Black Bombaim são um caso a seguir e que no álbum Titans do ano passado aponta a voos mais altos e muitas milhas de estrada.
9
3
S o u n d s tat i o n
AlunaGeorge
texto — Davide Pinheiro
A dupla AlunaGeorge é a grande aposta para 2013. O primeiro álbum chegará em Junho. O single com os Disclosure já dá que falar nas pistas e fora delas. Aluna Francis e George Reid têm 24 anos e são, consensualmente, uma das grandes apostas para este ano. No final do ano passado, estiveram no aniversário do MusicBox num fim‑de-semana em que a comunidade melómana estava concentrada algumas estações de metro a noite no eixo compreendido entre o Rossio e o Marquês de Pombal. Por isso, a estreia em palcos portugueses não foi tão comentada quanto seria agora. Também porque depois disso, a BBC os escolheu como a segunda aposta para 2013 apenas atrás das irmãs californianas Haim. Estas talvez ambicionem grandes palcos de festivais mas os AlunaGeorge simbolizam uma contra-cultura digital e de resistência a uma série de tendências televisivas, sobretudo a ditadura EDM personificada em produtores como David Guetta, Swedish House Mafia, Skrillex e Afrojack. Canções como Your Drums, Your Love e You Know You Like It foram sobretudo
4
0
partilhadas nas redes sociais e blogues. O suficiente para deixar esta dupla filiada no breakbeat inspirada pelo garage londrino e pelo R&B de transição de milénio na pole position da esperança na "próxima grande cena". Mais até do que as Haim. O início de ano não podia ser mais promissor. Um single vibrante com os igualmente promissores Disclosure juntou o melhor de dois mundos congregados numa só cultura. White Noise beneficiou do caminho desbravado por produtores como SBTRKT, Totally Enormous Extinct Dinosaurs, Scuba, Duke Dumont e até a nova diva Jessie Ware para rapidamente chegar ao segundo lugar do top inglês de singles. O impacto desse feito não tem tanto a ver com a matemática mas sim com a afirmação dessa (sub)cultura reagente à megalomania da electrónica europeia residente nos EUA. O vídeo mostra um edifício abandonado e apenas um guarda de segurança; será uma representação do underground e dos poucos resistentes? Paradoxalmente,
AlunaGeorge a distância entre o estúdio caseiro e a aclamação popular é cada vez mais estreita e o top americano dá o exemplo: a partir de agora, o YouTube passa a também com valores calculados em canais como YouTube e Spotify. As vendas são cada vez menos um barómetro da popularidade dos artistas. Os AlunaGeorge estão a gravar um primeiro álbum que chegará em Junho e se chama justamente Body Music mas não há que enganar. Esta música para o corpo nada tem a ver com a EBM (Electronic Body Music) que nos anos 80 agrupou nomes como Throbbing Gristle, Cabaret Voltaire, Nitzer Ebb, Skinny Puppy e DAF, entre tantos outros que inspiraram a cena industrial. Aluna Francis e George Reid têm as ideias na cabeça, as mãos na tecnologia e a alma nos quadris o que faz dos AlunaGeorge uma síntese muito feliz entre os despojos do dubstep e o natural legado negro já construído e reconstruído por décadas de vozes e músicos que acrescentaram o seu ponto de vista a um conto narrado com groove. Enquanto estão em estúdio, vão distribuindo novidades
S o u n d s tat i o n
e surpresas numa gestão mediática equilibrada. O primeiro avanço do disco foi Diver mas é apenas um aperitivo. De passagem pela BBC1, apresentaram a sua leitura para Thinking 'Bout You de outro dos homens do momento: Frank Ocean. Uma versão diferente da original que embora conserve a alma original, aumenta os BPM até entrar em campo dançável. Não foi uma canção escolhida ao acaso. Tal como Frank Ocean, os AlunaGeorge são a contra-corrente que muitos irão querer apanhar e copiar. Entretanto, já se estrearam na televisão e a boa notícia é que, ao vivo, o coração não cede à máquina. Em Junho, voltamos a falar.
1
4
S o u n d s tat i o n
Sir Scratch
Sir Scratch é, neste momento, um dos mais talentosos rappers a atuar em Portugal e isso pode ser comprovado pela recente edição de Em Nosso Nome, segundo álbum de uma carreira que só tem conhecido sentido ascendente. Recheado de convidados, que vão de Bob The Rage Sense e Sam The Kid até Luanda Cozzetti dos Couple Coffee ou Tim, vocalista dos conceituados Xutos & Pontapés, Em Nosso Nome é um registo sério e maduro, feito de grande música e rimas claras e incisivas. Descreva o seu percurso até Em Nosso Nome. Até agora, um percurso positivo, posso dizer. Aos dez anos era apenas um fã, um sonhador curioso. Vieram várias mixtapes, compilações, dois discos, e agora com vinte e sete anos posso dizer que felizmente tive a honra de ter trabalhado com muitos artistas com os quais sempre quis colaborar, partilhar música e tocar ao vivo. Gosto de pensar no futuro, vejo o passado como boas lembranças e sementes para um futuro cada vez melhor. As noites de improviso continuam, o gosto e a fome de musicar continua... novos sonhos e objetivos vão surgindo. Outrora era Kapone, Plunasmo e Esquadrão Central...hoje somos mais, somos muitos e espero que assim possa continuar.
4
O seu novo álbum é muito variado em termos estéticos. Isso reflecte os seus interesses em termos musicais, certamente. É uma pessoa de espírito aberto?
2
texto — Rui Miguel Abreu
foto — Ferdinand Filipe
Sir Scratch
Sim, completamente. No geral, não só musicalmente. Doume facilmente com as pessoas, gosto de sugar e observar bastante o que gira ao meu redor. Outra coisa que também se espelha depois na minha música é o fato de consumir imensos filmes e música variada, seja jazz, rock,
S o u n d s tat i o n
As suas rimas continuam a ser retratos do que vê à sua volta. Como lida com a realidade que nos rodeia agora? Tento nunca me prender muito as coisas passageiras, ou a coisas fúteis. Vivo a vida como um jovem normal de vinte e sete anos que começa a pensar no seu futuro e em novos planos e passos a dar, tanto na vida profissional como pessoal. Mas acima de tudo a minha realidade é composta pelos meus amigos e pela minha família. Tudo o resto são coisas que vou vivendo mas sem grande influência em mim, especialmente se forem coisas mais negativas.
alternativa, pop, hip hop, mas tudo isso depois reflecte-se na sonoridade que acompanha as minhas palavras. Fale-nos dos convidados do álbum. Como chegou até todos estes nomes? Basicamente são pessoas com quem me fui cruzando. Algumas, para além de serem chegadas, percebem a minha linguagem e forma de pensar. São pessoas e músicos com quem me identifico. E todos à sua maneira ajudaram a completar e complementar os meus temas.
3
4
Yo u m us t
L
5
Shop
e
0
v
i
s
n
i
m
jeans Levis 501 Non Denim True Chino
1
A Levis marca o 140º aniversário dos seus icónicos jeans 501 lançando pela primeira vez umas 501 non‑denim, rompendo com a tradição, mas mantendo a verdadeira essência e o espírito intemporal do produto. A coleção é composta por quatro peças non‑denim, em ivy green (verde seco), true chino (areia), chalk blue (azul) e mineral red (vermelho). Depois acrescenta pequenos detalhes relevantes para as novas gerações, com uma silhueta um pouco mais ajustada, para um maior conforto na zona da cintura, bolsos um pouco maiores para guardar o seu mais recente smartphone, e pespontos mais subtis para uma estética mais clean. Ou seja uns jeans perfeitos, clássicos e intemporais.
N
D 4 4
o
e
n
Yo u m us t
Shop jeans Levis 501 Original, blazer azul marinho Levis, camisa riscas em azul e branco Levis
foto s—
Her ber to
Smi th
modelo — Dmitriy (Elite)
hair — Cátia Monteiro
— ing l y t s
el arc M ro Ped
5
4
Yo u m us t
Shop jeans Levis 501 Non Denim Mineral Red
foto s—
4
6
Her ber to
Smi th
polo branco e azul Levis lenço da produção modelo — Dmitriy (Elite)
Shop
Yo u m us t
jeans Levis 501 Non Denim Ivy Green
camisa em Ganga Levis
hair — Cátia Monteiro
— ing l y t s
el arc M ro Ped
7
4
c e n t r a l pa r q
Moda
texto — Joana Teixeira
Carmo, Soraia do Carmo De Carmo avant Chanel a, apenas, Carmo. Jornalista de profissão e blogger por passatempo, Soraia do Carmo é a pessoa por detrás deste blogue, seu homónimo, criado em 2009. Ao contrário do estereótipo, Carmo não é um espaço de dicas e conselhos. É um espaço pessoal, uma montra virtual onde a autora expressa, em imagens, a Os blogues são uma tendência em crescimento, nesta geração virtual, e chegaram para ficar. Estar presente na blogosfera é entrar na casa de milhares de leitores todos os dias, que procuram os blogues como meios alternativos à comunicação tradicional, encontrando nos bloggers comentadores incensuráveis e independentes. Ter um blogue está na moda, porque a tendência é partilhar imagens e texto sobre temáticas fait-divers, num universo onde a informação circula sem limites: a internet. O espaço pode ser pessoal ou profissional, pode divulgar os gostos e interesses do blogger ou pode promover o seu trabalho, o importante é existir.
4
8
A PARQ também está presente na blogosfera, como leitora, e escolheu Soraia do Carmo cinco bloggers porperfecto Mango, top Miguel Vieira, colar H&M, calças e sapatos Zara tugueses que não consegue parar de seguir. Damos a co- sua paixão pela estética da ilustração nhecer a pessoa por detrás de cada blogue. e da fotografia analógica. Carmo é uma exposição aberta dos trabalhos de Soraia do Carmo. A blogger não acredita em fórmulas para atrair
styling — Pedro Marcel
fotos — Maria Meyer
C e n t r a l Pa r q
Moda
seguidores, acredita apenas em si, em ser coerente e fiel aos leitores, para estes não se sentirem “defraudados”. A mulher por detrás do Carmo vive segundo a filosofia da “Lei do Retorno” —tudo o que damos, recebemos, seja bom ou mau. Tem um gosto especial pela estética das coisas e aspira a “crescer criativamente” no universo da fotografia. Carmo representa uma pequena amostra da vida de Soraia do Carmo e tem um prazo de validade. A sua continuidade depende dos leitores: enquanto estes encontrarem lá imagens de que gostem, o blogue manter-se-á vivo.
Carolina Flores
Last Minute Dreams Carolina Flores Uma jovem simples e um vício em imagens. Esta equação deu origem, em 2009, ao Last Minute Dreams, um espaço virtual onde se partilham pequenas coisas: “um quadro, uma revista, uma paisagem ou um par de sapatos”. Carolina Flores é a “sonhadora de última hora”, por detrás deste blogue. Trabalha como designer freelancer, sendo blogger nos tempos livres. Assume-se como amante da informação e fica feliz com pouco. Last Minute Dreams é o lugar onde é si própria, onde satisfaz o seu vício internauta através da partilha desenfreada do que vai descobrindo no seu dia-a‑dia. O seu blogue é uma salada de fait-divers, onde se mistura a fotografia com a arte, o design, a moda e a beleza. Para Carolina Flores, a moda é rica em variedade mas também peca pelo exagero. E não é o vestir “o que está na moda” que faz uma pessoa estar na moda. A blogger acredita que o essencial é ter um estilo, uma identidade própria. O seu “last minute dream” é inspirar os seus leitores. O truque? Ser “genuína e persistente”.
blazer e camisa Zara, calças em pele Marlene Birger
Make-Up — Sara Fonseca Hair — Cátia Monteiro
9
4
c e n t r a l pa r q
Moda
Arthur In The Woods Artur Araújo Bambi, o clássico da Disney, foi a inspiração de Artur Araújo quando, em 2010, criou o blogue Arthur In The Woods. O jovem estudante de Sociologia nutre uma paixão paralela pela moda, o que o levou a criar um espaço virtual onde partilha os seus conceitos de estética e comenta as últimas tendências. Um gosto eclético e um interesse especial pela indústria criativa definem Artur Araújo, a pessoa “discreta e acessível” que encontrou no blogue uma forma de exprimir todas as suas ideias acerca de um universo que “transcende a questão das roupas” – a moda. Arthur In The Woods é um espaço de divulgação de marcas, artistas e designers que deliciam Artur Araújo, que
5
texto — Joana Teixeira
Fashion Rules Pureza Fleming Uma apaixonada por moda que criou um lugar onde é patroa de si própria. Pureza Fleming lançou, em 2008, o blogue Fashion Rules, que surgiu a partir da necessidade de “deitar tudo cá para fora” e cresceu para ser um espaço onde a blogger “faz, diz e escreve o que quer, quando
quer e como quer”. O título é fruto de um “devaneio mental” que, actualmente, já não faz tanto sentido – a palavra “fashion” causa‑lhe, agora, “comichão”. Miss Pu, Artur Araújo como se autoapelida, blazer Zara, pullover Zegna, jeans Levis tem experiência conquista os leitores com em comunicação, styling, publicidade e “sentido de humor e um moda. A mulher por detrás do Fashion Rules, ponto de vista próprio”. assume-se como uma pessoa tranquila e O que está optimista que, acima de tudo, é mãe. Pureza fora de moda? Nada. O Fleming não é blogger de atrair seguidores e blogger acredita que se afirma que fazê-lo é tão fácil como “vender pode “usar qualquer peça a alma ao diabo”. Encara a moda como em qualquer altura” e tenta “uma forma de arte”, cujo defeito está no transmitir esta fórmula a “deslumbramento” de quem a frequenta. Não quem o segue, enquanto gosta de “Crocs”, acha que “o mundo anda “escreve o que lhe apetece”. louco” e é através do blogue que partilha estas e outras opiniões, que transmitem a sua voz.
0
styling — Pedro Marcel
fotos — Maria Meyer
Moda
Lab Daily Rodolfo Morgado
Pureza Fleming
blusa seda Zara, colar H&M, perfecto da produção
Just a simple guy com apetite por moda. Rodolfo Morgado é designer e, em 2010, decidiu partilhar os seus gostos e interesses com a blogosfera. Lab Daily é o laboratório experimental virtual onde o blogger se perde, diariamente, na divulgação de talentos emergentes e já reconhecidos. O espaço é uma “montra gratuita” onde Rodolfo Morgado tem o prazer de promover artistas, marcas e eventos de moda, design e arte. O designer acredita que os blogues são “influenciadores” porque se aproximam mais facilmente dos leitores do que os meios de
Make-Up — Sara Fonseca Hair — Cátia Monteiro
C e n t r a l Pa r q
comunicação tradicionais. Tira proveito disso, atraindo seguidores com conteúdos exclusivos em constante actualização. Rodolfo Morgado assegura que, desde malas a sapatos, há sempre projectos portugueses de valor a emergir no mercado e o Lab Daily é um espaço onde são reconhecidos. No blogue, todas as novidades são publicadas com uma pequena dose de vaidade, desde que transmitam bom gosto aos leitores. Mas, sem exageros, pois, para o blogger, o “pretensiosismo” está fora de moda.
Rodolfo Morgado
camisa Blaak, sweat Christopher Kane na Wrong Weather, jeans Levis
1
5
c e n t r a l pa r q
Noite
texto — Pedro Dourado
Passeio por um espaço revitalizado e singularmente atraente, passo ruelas cujo nome me era desconhecido. Na verdade, se não tivesse caminhado pela rua de Cedofeita, arriscaria dar-me como perdido. Numa rua onde tudo parece mais claro e aberto, surge o Café Vitória. Num primeiro olhar, nada tem de moderno e
Numa altura em que a noite portuense tem apre‑ sentado um acentuado desenvolvimento, é indis‑ pensável explorar alguns dos espaços mais con‑ ceituados no coração da invicta. Cafés, bares e restaurantes juntam‑se e formam um ambiente único que atrai milhares paras as ruas centrais da cidade. Fui visitar esses mesmos lugares, má‑ gicos e emblemático, que em conjunto criam a animada noite da invicta.
5
2
Café Vitória
de ultrasensacional. A curiosidade leva-me a entrar. É incrível como consigo, rapidamente, descobrir que embora com o nome de “café”, é muito mais do que isso, é um restaurante e, até mesmo, um bar. O ambiente mostra uma clara versatilidade do espaço, as pessoas com as quais me cruzo evidenciam que o lugar é uma excelente opção para qualquer hora do dia, é frequentado por muitos e de todos as idades —desde o jovem estudante, que saiu da faculdade ao empresário bem-sucedido, que marca uma reunião de negócios pelo telemóvel. Não duvido que, perante o que vejo, me encontro no espaço ideal para um aperitivo, uma refeição, ou um after dinner, e quem o comprova são os clientes —uns vindos directamente do trabalho, outros com
fotos — Tiago Casanova
Noite
C e n t r a l Pa r q
outfits reveladores de horas de preparação. A excelente selecção musical, desde o indie rock ao tecno, cria uma atmosfera ímpar e informal, que juntamente com a inteligente intervenção decorativa —onde materiais e cores se conjugam— me agarra a este espaço como que uma paixão viciante, quase inexplicável. As horas no Café Vitória confundem-se com minutos, de tão rápido que passam. O segredo, aparentemente, escondese na envolvente atmosfera que o lugar liberta —sendo, ao mesmo tempo, tão moderno, sóbrio e acolhedor.
Entre ruas e travessas, chego à emblemática Avenida dos Aliados. Parece difícil reconhecer qualquer espaço com vida, naquele centro do coração da cidade. O tempo pára para ver a arquitectura dos edifícios, para nos despertar nada melhor que o frenesim urbano — persistente e tão ruidoso. Depois de caminhar pelos largos passeios em movimento giratório, eis
Casal Lounge versátil e ousado. Prova disto? O delicioso bolo de chocolate. Nem todos pedem, mas quem pede não resiste em voltar!
Subo, calma e atentadamente, a rua dos Clérigos. Descubro negócios até lá desconhecidos, vejo pessoas (muitas pessoas). O ambiente vemse tornando cada vez mais jovem e descontraído —o que se pode querer mais numa sexta à noite? Chego à movimentada e tão simbólica rua Cândido dos Reis, que acabo sempre por confundir, de uma forma um tanto-quanto reprimível, com a rua das Galerias de Paris —outro marco na noite da invicta. Mesmo
Casal Lounge que encontro uma enorme e ornamentada fachada. Aparentemente, recuperou tudo o que de melhor havia naquele edifício de estilo neo-clássico. Não custa espreitar, avanço! Deparo-me com um ambiente moderno que se apresenta, desde logo, paradoxal: tão formal e clássico e, ao mesmo tempo, confortável e convidativo. Chama-se Casal Lounge e, logo à primeira vista, percebo que quer ser mais do que um simples restaurante ou bar. Quer ter personalidade, quer ser cosmopolita, sofisticado… quer ser único. E é, sem dúvida, a unidade, a característica que lhe assiste. Sem etiqueta ou “pedigree”, o Casal afirma‑se
Twin's com o intenso movimento da zona, o Twin’s não me passa despercebido. Quem o avista de fora repara logo que o seu público é mais maduro, mais intelectual e não tanto ousado. Este espaço é, sem dúvida, emblemático e conhecido por todos como um local de
3
5
c e n t r a l pa r q
Noite
texto — Pedro Dourado
rua, sentando-se no chão ou encostandose à fonte dos Leões. Toda aquela envolvente tem um nome, um tópico para facilitar a reunião: piolho. A designação provém do café Ancora d’Ouro. Nada tem que ver com o nome, mas sim com o intenso “trânsito” de pessoas que se avistava em tempos de faculdade. Conta-nos a história que a zona sempre foi frequentada por estudantes provenientes das faculdades mais próximas, a enchente era tal que pareciam autênticos piolhos. Hoje, não é difícil imaginar o antigamente, aliás, é facílimo!
Twin's referência. Visualiza-se, facilmente, o conceito do já conhecido Twin’s Foz e Twin’s Lisboa, mas acaba por ter uma aresta mais cosmopolita —na verdade, encontra-se em plena Baixa Portuense. O ambiente é muito mais “composto” e, até mesmo, “rigoroso”. Uma coisa é certa, se as pessoas lá vão é porque se sentem super e extraordinariamente bem, se assim não fosse porque é que procurariam este espaço? “O twin’s é chique!” – talvez uma frase a tornar-se slogan!
Duas da manhã e a cidade parece estar toda acordada. A olhar para o número de jovens que estão junto à Reitoria da Universidade do Porto e estimando a quantidade de pais que os esperam… o resultado é um: são mesmo muito poucos aqueles que descansam em sossego. É deveras complicado perceber que sítio fechado está no auge “daquela” noite, pois parece não existir. A conversa e diversão fazem-se na
5
4
Piolho
Plano B Impossível é deixar acabar a noite sem passar pelo Plano B. O espaço onde, mesmo que não se dançar, vá com espírito para dança-se! Este espaço junta a juventude e a diversão, que tanto a caracteriza, ao amadurecimento . É, incontestavelmente, um local de referência da noite da invicta e, ao entrar, percebe‑se porquê! No Plano B nada é fachada, nada é falso, tudo é genuíno. O ritmo invade‑nos e quando o fim da noite se aproxima é inevitável querer mais. Na verdade, se relógio não tivesse, jamais diria que a noite tinha fim: ninguém se cansa e o ritmo, esse, não pára.
fotos — Tiago Casanova
Noite
C e n t r a l Pa r q
São destes e de tantos outros lugares que se faz a noite da cidade do Porto. O número crescente de visitantes da noite da invicta tem sido possível porque todos estes espaços trabalham para o seu sucesso e, em simultâneo, para o progresso da construção de uma baixa rica em entretenimento e diversão nocturnas. Eu experienciei esta noite (acabei cansado, admito), mas uma coisa é certa... se não é esta uma das mais divertidas noites no mundo, então qual é?
Plano B
— Café Piolho, Praça Parada Leitão, 45 www.cafepiolho.com/ — Café Vitória -rua José Falcão, 156 www.cafevitoria.com/ — Casal Lounge, Avenida dos Aliados, 47 — Plano B, Rua Cândido dos Reis, 30 www.planobporto.net — Twins, Rua Candido dos Reis, 12 www.twins.pt/
Convidamos Tiago Casanova, um dos vencedores do prémio bes revelação a fazer um projecto específico para a Parq, sobre 5 espaços nocturnos do Porto.
5
5
c e n t r a l pa r q
Arquitectura
Centro de Desportos Aquáticos Central (agora Laguna Vere), 1978, Tbilissi, Geórgia
5
6
texto — Paula Melâneo
fotos — Simona Rota
Arquitectura
C e n t r a l Pa r q
Casa de Férias para escritores, 1965-69, Lago Sevan, Arménia
7
5
c e n t r a l pa r q
O Architekturzentrum Wien, centro de arquitectura situado no MQ – Museums Quartier, o quarteirão dos museus vienense, na Áustria, apresentou recentemente a exposição Soviet Modernism 1955-1991, Unknown Stories. É o resultado de uma pesquisa sobre a arquitectura do modernismo soviético, realizada em 14 das repúblicas que formavam a URSS. Na sua grande maioria obras de grande escala, representativas da política soviética e desconhecidas do mundo ocidental.
5
Arquitectura
texto — Paula Melâneo
Museu Lenine (agora Museu da História), 1984, Bishkek, Quirguistão
Nos últimos anos, a estética da arquitectura decisão política, “de cima para baixo”. dos antigos estados soviéticos (e a sua Grande parte destas obras foi construída decadência) tem seduzido sobretudo através de metodologias rudimentares e fotógrafos, entre eles Frédéric Chaubin materiais precários e, por isso, têm um que lançou em 2011 o fascinante livro CCCP – envelhecimento muito rápido. Era urgente a Cosmic Communist sua análise. Hoje, Constructions cerca de 1/3 dos Photographed. edifícios seleccionados Agora é a vez já não existe. dos arquitectos O projecto culminou se interessarem numa exposição sobre este tema, desenhada por Six & numa abordagem Petritsch, depurada mais exaustiva e simples, mas não e compreensiva. simplista, recordando Constatando que o despojamento Palácio Lenine (agora a arquitectura soviético. Não Palácio da República), Construtivista sendo exaustiva em e Estalinista do material técnico 1970, Almaty, Cazaquistão Leste tinha já mas com bastantes sido estudada no ocidente e que o período imagens, intercaladas com alguns vídeos modernista havia sempre sido desprezado de entrevistas, é bastante acessível —porque se considerava pouco criativo e à curiosidade de não profissionais. A muito submisso às regras do regime—, uma documentação mais especializada ficou para equipa do Architekturzentrum Wien dedicouo livro, que complementa a exposição. se ao estudo da época que abrange mais de A apresentação divide-se em 4 regiões, três décadas anteriores à dissolução oficial numa lógica não só geográfica, mas da URSS, nos finais de 1991. A equipa de sobretudo de coerência política, Katharina Ritter fez uma pesquisa de quase cultural e estética/estilística: 3 anos, com trabalho de campo, consultas a especialistas, visitas aos espaços ainda Báltico (Estónia, Letónia, Lituânia): existentes, análise de arquivos e entrevistas onde quase sempre as obras são da aos arquitectos autores das obras. autoria de arquitectos locais, tentando Este projecto pretende demonstrar que a ausência dos arquitectos russos; a modernidade não foi só um fenómeno arquitectónico do mundo ocidental. As Europa de Leste (Moldávia, características são marcadamente diferentes, Ucrânia, Bielorrússia): nomeadamente no desenvolvimento da própria onde as características da arquitectura modernista como evolução arquitectura são menos locais cultural natural, visto que nas repúblicas e mais de estilo soviético; soviéticas o modernismo entrou como uma
8
fotos — Simona Rota
Arquitectura
Cáucaso (Arménia, Azerbaijão, Geórgia): embora muito diferentes entre si, estes países tinham um estilo nacional mais marcante que absorveu a identidade modernista e se desenvolveu numa nova estética, que tentou também excluir os arquitectos russos; Ásia Central (Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Turquemenistão, Uzbequistão): as características destes países, pouco desenvolvidos, sem cidades e sem tradição de escolas de arquitectura, levaram a que as obras fossem maioritariamente realizadas por arquitectos russos e também ucranianos. Houve uma tentativa de construir uma arquitectura nacional, quase sempre de estilo soviético onde elementos da identidade local eram adicionados, como coberturas em cúpulas ou arcos nas fachadas.
C e n t r a l Pa r q
suas obras outros dizem ter sido um verdadeiro pesadelo o excesso de regulamentação exigida. Quanto às suas arquitecturas, são maciças, em betão, de carácter heróico, extravagantes e até experimentais, de escalas exageradas e com espaços públicos dominadores, imagens do poder, controlo dos modos de vida e de um desejado sucesso económico e político. Sobressaem os edifícios que respondem a programas menos usuais no mundo ocidental: Circos, Palácios de Casamentos e de “Pesares”, Casas de Educação Política ou mesmo grandes estâncias de férias, que eram afinal reflexos de um modo de vida que a filosofia soviética proclamava. Alguns projectos de urbanismo reflectem o estudo sobre os planos ocidentais das “New Towns” e das Cidade-jardim. Para este projecto, foi também convidada a fotógrafa romena Simona Rota que, através do seu olhar, documentou o estado actual de alguns destes edifícios. A participação neste grupo de pesquisa levou Simona a criar o seu próprio projecto artístico a que chamou Ostalgia (Dor do Leste – em alemão Ost significa Leste e em grego Algos significa Dor). Sobre esta série explica que são imagens de grandes edifícios e grandes sonhos invalidados pela história, que estão hoje envoltos numa atmosfera decadente que reina nas antigas repúblicas soviéticas e criam um espaço físico e virtual onde é fácil projectar ansiedades, mitos e nostalgia.
Complexo de Desportos e Concertos, 1976-84, Yerevan, Arménia Os arquitectos destas obras, são completamente anónimos no ocidente e poucos são também reconhecidos dentro dos outros países da ex-URSS. Nas entrevistas revelavam como as suas experiências individuais foram muito diversas. Nem sempre envolvidos de perto com o governo, uns afirmam ter tido grande liberdade nas
Ministério das Auto‑estradas, 1974, Tibilissi, Geórgia
9
5
c e n t r a l pa r q
Design
texto — Carla Carbone
Alicia Ongay‑Perez parece desejar representar aquela parte dos objectos que é a não forma, o espaço que envolve esse mesmo objecto, mas que não é o objecto em si. A designer Alicia Ongay-Perez, terá começado por investigar Carl Andre e o seu trabalho, sendo que a partir desse instante, desenvolveuse naturalmente em torno de uma frase conhecida do autor:
“A thing is a hole in a thing that is not”.
Alicia explica‑nos:
Swallow (estudos)
“Podemos responder a esta questão de forma circular. Faz mais sentido repetir a frase, vezes sem conta. A frase levou-me a pensar o objecto como um vácuo situado num certo contexto, a pele do objecto como membrana que o separa do espaço que o circunda”. A designer, ao criar moldes a partir das superfícies dos mais variados objectos do quotidiano, representando o arquétipo doméstico, foi capaz de virar as formas, como que, de pernas para o ar,
transformando em forma o que antes era apenas um vazio: “Foi possível
para mim virar os volumes do avesso e a parte negativa da forma emergir como protuberância. Estas inversões a partir de objectos originais levaram a um novo estado, o que despertou novas perguntas sobre a sua real função e valor”. Mas, esta transição entre o real valor dos objectos e a sua função pode acarretar novos riscos, assim como o designer desbravar caminhos que podem já não ser os de um designer na acepção tradicional da palavra, mas os de um designer que se atreve a percorrer outras àreas podendo, também por isso, acabar por correr o risco de perder o vínculo à sua disciplina. Alicia Ongay‑Perez, no entanto, parece não estar muito preocupada, e lida com a situação com alguma tranquilidade. Em primeiro lugar, porque os designers, sobretudo os que vivem entre duas disciplinas, ou que estão criativamente a viver no meio das duas áreas podem sentir-se inseguros. A designer refere que é importante estabelecer um território para o trabalho que realizamos, mas também é importante “correr riscos, sair da zona de
conforto, ou da àrea das coisas comercialmente palpáveis. O meu trabalho é fazer perguntas sobre a disciplina, sobre o design conceptual”.
6
0
InsideOut & Swallow, 2012
Na verdade, é justamente a correr riscos que se desbravam novos caminhos e se abrem portas para novos conceitos, soluções e
Design formas. Neste processo corajoso, pautado por alguma incerteza, Alicia representa a superfície dos objectos, ou o não objecto, como sendo objecto também. Parecendo que a função se desvanesce, se anula. Onde pára a função? “O processo que uso parece distorcer, ou remover, a função”. Embora a designer alterasse a identidade do objecto e a sua função, para surpresa dela, algumas das formas tiveram o seu quadro de funções. Teve experiências de entrevistas que realizou com várias pessoas, nomeadamente crianças, em que foi pedido que lessem as séries Inside Out. A verdade é que, para aquilo a que era aparentemente impossível atribuir uma função, as crianças encontraram milhares de funções, difíceis de prever pela designer.
C e n t r a l Pa r q
Swallow (estudos) Definir funções em moldes tradicionais ou comerciais, não parece ser uma prioridade para a designer. A mesma vê a função dos objectos como forma de levantar questões ou produzir dúvidas: “a maneira como as pessoas
lêem os objectos e o que podemos apreender dessas leituras, como designers conceptuais, também constituem funções para mim”.
Algumas vezes a designer pede a amigos que interajam com determinado objecto, que o manipulem. São convidados a descobrir novas funções, assim como relações emocionais com os mesmos. A obrigatoriedade de uma Holanda em compromisso com a indústria, num permanente desafio à natureza, e uma luta diária contra a força das águas, onde a própria tecnologia significa sobrevivência, talvez justifique a necessidade de criar um mundo alternativo, menos controlado, menos industrializado e livre de formas e conceitos. Alicia responde: “Talvez esta
dependência da tecnologia responda à relevância que o aspecto emocional dos objectos teve para o design holandês. Uma espécie de antídoto à tecnologia”. (Alicia gosta de trabalhar
com as mãos quando desenvolve os seus projectos, gosta de manipular os materiais).
“Para ser honesta passava horas, de tarde, a ver as escavadoras em Limburg a moverem as margens do rio Maas. Era maravilhoso”.
InsideOut Ceramic Cabinets
1
6
M-a-r-l-o-n: casaco Diesel colar Dinh van
I-v-e-t-a: chapéu+casaco+saia daniela barros óculos céline na André Óptics lenço+cinto+bolsa Louis Vuitton calças g-star botins luís onofre
I-v-e-t-a: casaco+saia diesel calças g-star pulseira+anÊis dinh van
I-v-e-t-a: casaco+t-shirt+cueca daniela barros anĂŠis dinh van
I-v-e-t-a: chapéu+jardineiras g-star camisa daniela barros anéis dinh van mala louis vuitton ténis New Balance na Akira
M-a-r-l-o-n: chapéu diesel jardineiras g-star ténis new balance na Akira mala Louis Vuitton
M-a-r-l-o-n: óculos andré ópticas camisa adidas originals lenço stephen sprouse para LOUIS VUITTON calças franklin marshall
M-a-r-l-o-n: vestido ricardo andrez ténis cat
I-v-e-t-a: chapéu+t-shirt daniela barros calções+leggins adidas originals mala LOUIS VUITTON anéis+pulseiras dinh van
M-a-r-l-o-n: casaco+calções franklin marshall sweat lacoste l!ve óculos arquivo André Ópticas
blusa malene birger calรงas+colar mango sandรกlias fly London
vestido manoush brincos asos
camisola manoush brincos topshop
vestido+camisola+ colar mango
casaco mango vestido manoush meias urban outfiters botas diesel
blusa malene birger colar mango
Pa r q h e r e
Da imaginação de Amélia Antunes, designer e criadora de acessórios de moda, surgiu a ideia de combinar o universo da personagem Amélie Poulain com a extravagância da corte de Marie Antoinette. A partir desta equação curiosa, nasceu a Amélie au Théâtre, uma marca cujas peças têm uma linguagem sonhadora, que combina o kitsch com as décadas de 50, 60 e 70. Em 2012, a Amélie au Théâtre ganhou um espaço no Príncipe Real, em Lisboa, tal como no
8
0
Places coração das freguesas mais românticas. A decoração da loja leva‑nos ao teatro e transporta‑nos até aos clássicos da sétima arte. Sentimo-nos num camarote real luxuoso e de inspiração francesa, pintado de cores vivas e revestido a talha dourada. Na Amélie au Théâtre encontramos os famosos colares de pérolas, pedras e correntes, desenhados por Amélia Antunes, a par com outras peças de marcas e criadores nacionais. A loja é uma montra de roupa, calçado, bijuteria e demais acessórios portugueses, que partilha o romance vintage que se produz em Portugal. Esta pequena “casa de princesas” também vende algumas peças de origem estrangeira, criações que, normalmente, não se encontram em mais nenhum espaço lisboeta.
texto — Joana Teixeira
Amélie au Théâtre
Rua da Escola Politécnica, 69-71 Princípe Real - Lisboa
Amélie au Théâtre é a nova “coquette” dos amantes da moda. Entrar neste sonho em forma de sala é fácil. Difícil é sair sem comprar nada.
foto — Maria Meyer
texto — Joana Teixeira
A velha Mimosa da Lapa , fundada em 1932 por Adão Dantas, voltou a abrir as suas portas oferecendo um misto de tradição, aventura e arte. Mantendo o seu cariz tradicional, o espaço revela os seus elegantes expositores de madeira repletos de produtos nacionais. O projecto nasceu da iniciativa de três amigos, Carlos Costa, Tiago Veloso e Gabriel Garcia, que procuraram recuperar
a relação que as antigas mercearias tinham com os fornecedores, seleccionando pequenos produtores de norte a sul do país, que oferecem ao consumidor os melhores queijos, enchidos, vinhos, azeites, verduras, frutas e ervas aromáticas. Na verdade, algum desses produtos podem ser degustados num charmoso espaço lateral, de onde se pode sair já almoçado. Esta mercearia traduz-se numa nova forma de estar urbana,
Places
Pa r q h e r e
Mimosa da lapa
Rua da Bela Vista à Lapa, 94 Lisboa
tendo como um dos alicerces a locomoção ciclomotora, que vem a par de uma nova consciência em relação a problemas ambientais e questões de sustentabilidade. Por isso, as bicicletas têm uma presença forte, sendo possível adquirir alguns modelos, acessórios e roupas próprias para a actividade.
Ou seja, os amigos da bicicleta são sempre bem-vindos.
foto — Maria Meyer
1
8
Pa r q h e r e
Places
texto — Francisco Vaz Fernandes
barragem, passeios a cavalo ou de charrete, piqueniques no campo. Para quem vem de fim de semana de Lisboa, há sempre um jantar tardio. E são esses pequenos mimos que fazem com que este hotel seja tão diferente, não apenas na arquitectura. A Herdade da Cortesia é um local especial, perfeito para quem quiser quebrar a rotina da cidade, nem que seja só por um fim de semana. Afinal de contas, o paraíso existe e fica a pouco menos de uma hora e meia de Lisboa.
8
Uma rápida consulta online sobre a Herdade da Cortesia e surgiu-nos, de imediato, uma pergunta. Porquê colocar um edifício em contraste com a paisagem tradicional do Alentejo interior? Talvez por isso, a questão da diferença vá ganhando uma certa naturalidade conforme vamos experienciando este espaço hoteleiro de 4 estrelas. A primeira grande surpresa são os quartos, térreos e orientados para que tenhamos uma paisagem sem fim e uma sensação de isolamento que soubemos apreciar. Mais tarde, iríamos ainda comprender as potencialidades da calota esférica que cobre o corpo principal do edifício, quando nos incitaram a trepá‑lo até ao topo. Sentimo-nos como crianças a trepar pelo telhado, para viver um momento mágico de um pôr-do-sol no Alentejo. O convite à contemplação é constante para quem viva em Avis, e essa deve ter sido a motivação que levou Luís Ahrens Teixeira, um antigo atleta olímpico, a criar um hotel numa das margens da albufeira de Maranhão, onde durante anos treinou para competições de remo. Na
2
verdade, a paixão pela paisagem de Avis e pela gastonomia local fizerem com que ficasse por periodos mais largos e com a vontade de partilhar com um maior número de pessoas a sua paixão No fundo, a Herdade da Cortesia oferece o que há de mais precioso: o usofruto do tempo, o pequeno-almoço sem hora marcada. E não há limites à vontade de nos fazer sentir bem... passeios de barco pela
herdade da cortesia
Avis t - 242 410 130 www.herdadedacortesia.com 30 quartos 120€ — 180€