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PA RQ Maga zine

N o.4 6 A no VII M aio. Junho. Julho 2015

DIRECTOR

TEXTOS

EDITORIAL

Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com

Beatriz Teixeira Carla Carbone Carlos Alberto Oliveira Claúdia Aleixo Francisco Vaz Fernandes Hugo Filipe Lopes Joana Teixeira Marcelo Lisboa Maria São Miguel Marta Inês Santos Paula Melâneo Pedro Lima Roger Winstanley Rui Lino Ramalho Rui Miguel Abreu Sara Madeira Vânia Marinho

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EDITOR Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com COORDENAÇÃO EDITORIAL Rui Lino Ramalho COORDENAÇÃO DE MODA Tiago Ferreira DIRECÇÃO DE ARTE Valdemar Lamego v@k-u-n-g.com www.k-u-n-g.com PERIOCIDADE: BImestral DEPÓSITO LEGAL: 272758/08 REGISTO ERC: 125392 EDIÇÃO Conforto Moderno Uni, Lda. NIF: 508 399 289 PARQ Rua Quirino da Fonseca, 25 – 2ºesq. 1000-251 Lisboa T. 00351.218 473 379

FOTOS Celso Colaço Maria Rita Matilde Travassos Pedro Mineiro Sal Nunkachov STYLING Ana Benedita Tiago Ferreira

IMPRESSÃO EURODOIS 12.000 exemplares DISTRIBUIÇÃO Conforto Moderno Uni, Lda. A reprodução de todo o material é expressamente proibida sem a permissão da Parq. Todos os direitos reservados. Copyright © 2008 — 2015 PARQ. ASSINATURA ANUAL 12 euros

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Não há como contornar a sinonímia entre Primavera e PARQ. As águas mil de abril foram osso duro de roer, mas Maio já vai deslindando um semblante mais risonho. O banco de jardim volta a ser mais apetecível que o sofá da sala. É o passeio à beira-rio, a relva felpuda e seca onde apetece deitar, a dentada ainda tímida no primeiro gelado do ano, o concerto ao ar livre, enfim, é a celebração da cidade, uma celebração que se completa com uns bons parágrafos PARQ. Continuamos a ser equinócio, porque a medida da nossa ambição é proporcional à medida da nossa entrega. Vemos Primavera no desabrochar dos primeiros ‘instagramers’ portugueses, criadores e difusores de paradigmas pictóricos, numa paisagem urbana tão polifacetada. Vemos Primavera na irreverência de Wasted Rita que, com grande e incompreensível delay, lá começa a conquistar as atenções nacionais. E vemos, ainda, Primavera nos pólenes libertados pelos promotores independentes na noite portuguesa, que vai conhecendo novas sonoridades e linguagens e que, sobretudo, não tem medo da miscigenação.

por Francisco Vaz Fernandes


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N o.4 6 A no VII M aio. Junho. Julho 2015

YOU MUST

polo FRED

PERRY

Fotografia: MATILDE TRAVASSOS Styling: TIAGO FERREIRA Modelo: MICHAELA BEDNÁROVA @ Just Models Make-up: SANDRA ALVES

Sainer The Kid Apex Predator Jean Julien Bienal de Veneza Milan Design Week Nika Zupanc Festivais de Verão Capitão Falcão Jimmy P Klar Birkenstock + Cos Yes Sir Pinarelo + Le Coq Sportif Orbea F10 + Levis 501CT Nixon + Merrell + Lacoste Beleza Shopping

Ar te Ar te Ar te Ilustração Ar te Design Design Música Cinema Música Moda Moda Moda Bike Bike Moda Beauty Buy

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Música Música

32-33 34-35

Social Noite Ilustração

36-39 40-43 44-47

Moda Moda

48-57 58-61

SOUNDSTATION Blur Tyler, the kid

CENTRAL PARQ Instagramars Arquitetos da Noite Wasted Rita

FASHION Michaela Frederico

PARQ HERE tudo DIESEL

Espiga + Sneak Peek Two.Six Ink&Wheels Underdogs Public Art Tour Zé Robertson

Fotografia: CELSO COLAÇO Styling: TIAGO FERREIRA Modelo: FREDERICO VENTURA @ Just Models Make-up: SANDRA ALVES

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Espaço Espaço Espaço Espaço Espaço

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Authentic é a proposta da FRED PERRY para este verão de 2015, numa celebração do espírito de originalidade. A Authentic Men é inspirada nas subculturas Mod que se adaptaram à marca FRED PERRY bem como no seu próprio arquivo de sportswear clássico. É uma coleção que regressa às origens da marca com inspiração no pólo de algodão, que recebe agora traços das silhuetas slim e do estilo acutilante da diáspora

jamaicana. Os estilos sportswear do arquivo primordial da marca são também rebuscados, em jeito de homenagem a FREDERICK PERRY, antigo tenista e fundador da marca, pelas fitas desportivas, também em malha, e pelo tecido piqué. Os padrões corte-e-costura e detalhes retro acrescentam sofisticação a este estilo simples. O pólo de malha veranil, com cores de arquivo, é a pedra-de-toque desta coleção.

Fred Perry Authentic Store Lisboa, Rua do Ouro, 234 Lisboa Gaia, Arrábida Shopping, loja 107

Fred Perry Store El Corte Inglés Lisboa, 2º Piso El Corte Inglés, V. N. Gaia, 2º Piso

FOTOGRAFIA Maria Rita  •  REALIZAÇÃO Tiago Ferreira  •  MAKE-UP Joana Lobão Teixeira  •  MODELO Nelson Bolela @ Blast Models  •  ALL CLOTHES FRED PERRY SS15



You Must

Sainer Crossroads Qual é coisa, qual é ela, que está entre a rotunda do Areeiro e a rotunda das Olaias e é tão grande, tão grande, que é impossível não se reparar nela? Não, não são os prédios. Mas está morno... a aquecer... quase a escaldar... Certo! A mulher que fuma –ou melhor, Crossroads–, o novo mural da cidade de Lisboa. O artista visual SAINER é o autor desta pintura colossal na fachada lateral de um edifício situado na Av. Afonso Costa. Mesmo contando com a preciosa ajuda de uma grua, o polaco, de 27 anos, precisou de quase dez dias (de 3 a 11 de Abril) para completar a obra. Os murais megalómanos de SAINER, que forma a dupla ETAM CRU com o artista compatriota BEZT, estão espalhados um pouco por toda a Europa e também pelos EUA. Crossroads (cruzamento, encruzilhada) tem uma metade de realismo e outra de onirismo. Uma senhora –já para os seus setenta e muitos– passeia descontraidamente (e até meio aluada), enquanto vai dando umas passas na sua boquilha de cigarro; no seu antebraço, carrega uma sacola com uma pseudo-caveira estampada; acima da sua cabeça, estão umas orelhas de coelho em levitação; os ossos sobressaem-lhe das mãos e as costas caminham para o corcundismo; o andar da velhota enleia-se com o do cão à sua direita e o do ganso que vem na direção contrária; a sensação de movimento é-nos dada pelo calcanhar suspenso do pé direito da senhora. SAINER aproveitou a cor natural da fachada do prédio como background da pintura.

A peça mural Crossroads faz parte do PROGRAMA DE ARTE PÚBLICA UNDERDOGS 2015. Esta iniciativa, iniciada em Maio de 2013, passa agora a contar com um total de 19 intervenções murais no espaço público da capital portuguesa. A UNDERDOGS, responsável pela residência

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criativa do artista polaco em Lisboa, é uma plataforma internacional dedicada à arte urbana, dirigida por ALEXANDRE FARTO (aka VHILS) e PAULINE FOESSEL. Texto: Rui Lino Ramalho Foto: André Santos



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e U ntil th e q ui et c o m e s 1 31 8 , © 2 015 T H E K I D. ES C U LT U R A E M S I LI C O N E . C O L EÇ ÃO PR I VA DA .

D i e go, © 2 014 T H E K I D. D ES E N H O C O M C A N E TA B I C. C O L EÇ ÃO PR I VA DA . São 23 anos de uma personalidade metade holandesa, metade brasileira –uma combinação exótica que transparece na criatividade artística de THE KID. A sua arte contemporânea “questiona a fronteira entre a inocência e a corrupção”. Os sujeitos que ilustra no papel são jovens com passados de crime, uma “geração perdida” que retrata

a caneta, procurando encontrar algures no caos do seu olhar uma beleza inocente, uma vontade de redenção. Com uma caneta BIC, confronta visualmente o observador, numa luta artística que levanta temas políticos e sociais. Encontra na arte uma forma de imortalizar os sujeitos das suas obras, jovens e corrompidos, “destinados a

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murchar como uma flor”, para sempre presos a uma linha que separa o inocente do corrupto. THE KID promete uma revolução imagética, um manifesto pro-juventude em retratos duros, mas ao mesmo tempo frágeis na sua essência jovem. Texto: Joana Teixeira


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D y l a n , © 2 013 T H E K I D. D ES E N H O C O M C A N E TA B I C. C O L EÇ ÃO PR I VA DA .

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Apex Predator

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crer que pertencem a um universo a que o público não tem acesso de imediato. Em última instância, parecem dirigir-se a um público de presas. O seu último projeto propõe a criação de uma empresa, a DARWING VOODOO, com uma marca de lifestyle, a Apex Predator,

Desde 2008 que arte e ciência andam de mãos dadas com a dupla criativa de FANTICH&YOUNG, que tem por trás MARIANA FANTICH e DOMINIC YOUNG. Estes artistas plásticos, residentes em Londres, procuram estabelecer paralelos entre a evolução social e a evolução no mundo natural. Os seus trabalhos de caráter conceptual nascem de uma interpretação da natureza em que a lei do mais forte e adaptado é que vence, daí resultando projetos esculturais carregados de uma matéria simbólica, que apenas alguns parecem ter capacidade de interpretar. Na verdade, fazem

que parte da teoria da evolução das espécies e da seleção natural de Darwin. Nesse universo fantasioso, o ser humano está no topo da cadeia, mas ainda assim, imaginam grupos exclusivos que se entregam a práticas secretas, onde ocorrem rituais sobrenaturais para manter a sua supremacia. Como já acontecia em outros projetos, um conjunto de peças foram produzidas para criar este universo ficcional, para clientes com um gosto peculiar. Visualmente fortes,

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destacamos os Apex Predator Shoes, sapatos com milhares de dentes humanos verbalizando o lado de predadores dos destinatários. Além de dentes, cabelos e ossos humanos, são igualmente para criação de peças de roupa máscaras e todo um conjunto de objetos bizarros, quase primitivos, mas sempre servidos em embalagens de luxo. Texto: Marta Inês Santos WWW.FANTICHANDYOUNG.CO.UK



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Jean contundentes. A matéria-prima encontra-a em lugares tão triviais quanto transportes públicos ou bancos de esplanada. O artista francês desenha acerca da deterioração dos laços sociais motivada pelo uso compulsivo das tecnologias e dos social media. Carregadas de um tom satírico e indiscreto, as suas ilustrações são uma

JEAN JULLIEN é aquele tipo de artista que não é de complicar – e a verdade é que nem precisa. É provável que a explicação para isso resida no facto de, na maioria das vezes, utilizar uma escova como ferramenta de trabalho. O ilustrador e designer gráfico natural de Nantes, França, é especialmente vocacionado para criar personagens e usá-las como veículo das suas inquietações. No fundo, põe nas “bocas” da bonecada as suas próprias palavras –que é quase o equivalente a dizer que se autorretrata. O motor de trabalho de JULLIEN é mais movido por observações fortuitas do que propriamente por inspirações

Julien Ta b l et , © J E A N J U LI E N .

H olid ay T im e , © J E A N J U LI E N . espécie de coluna de opinião de um periódico, tanto que, se não fosse ilustrador, queria ser jornalista. Desde 2012 que, a par dos irmãos YANN e GWENDAL LE BEC, JEAN JULLIEN tem desenvolvido a rubrica “News of the Times”, para a qual selecionam e ilustram notícias do dia-a-dia. É bem provável que JEAN

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JULLIEN não vos seja de todo um estranho. O jovem francês foi um dos artistas que se associou ao movimento “Je Suis Charlie”, com um cartoon em que obstrui o cano de uma AK47 com um lápis de carvão. Até final de Maio, JULLIEN terá a sua instalação In Case of Ubiquity em exibição na Industrial Colours Brand Gallery, em Nova Iorque. Durante os seis meses de residência criativa, fez 22 ilustrações, em janelas, que interagem com os arranha-céus da cidade que nunca dorme. Texto: Rui Lino Ramalho


You Must

Bienal de Veneza 2015

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Japão abr iu c om c have(s) de ouro Uma verdadeira obra de arte não cai do céu, assim sem mais nem menos. A não ser que estejamos a falar de The Key In The Hand, instalação do Pavilhão do Japão, no âmbito da 56ª Exposição Internacional de Arte da Bienal de Veneza. Mas mesmo esta é de um teto que cai, alicerçada na força sublime de uma memória coletiva. CHIHARU SHIOTA, sua progenitora, passou o ano de 2014 a colecionar chaves de todas as partes do mundo – cerca de 50 mil, para sermos mais precisos.

Numa encriptação quase Roland-Barthiana, a artista contemporânea japonesa construiu um emaranhado abissal de fios vermelhos, aos quais anexou milhares de signos (i.e. chaves), cada um veiculando uma ou mais narrativas. Debaixo desta web difusa e, ao mesmo tempo, consensual, temos um espaço quase claustrofóbico, entre dois barcos envelhecidos e maltratados, por

chaves acumulam camadas incontáveis de memórias que habitam dentro de nós. Depois, a dada altura, nós cedemos essas chaves a outros em quem confiamos, para cuidarem das coisas que são importantes para nós (...)Os barcos simbolizam duas mãos a apanhar uma chuva de memórias», explica HITOSHI NAKANO, curador da instalação. A viver atualmente em Berlim, CHIHARU SHIOTA trabalha recorrentemente com objetos vulgares, como camas,

onde os visitantes podem caminhar. A brincar a brincar, o Pavilhão do Japão ficou totalmente coberto por um manto vermelho. «No nosso quotidiano, as chaves protegem coisas valiosas como as nossas casas, bens, segurança pessoal, e nós usamo-las enquanto as abraçamos no calor das nossas mãos. Ao estarem em contacto com o calor humano diariamente, as

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janelas ou sapatos, para explorar a noção de memória e a sua correlação com esses objetos. É certo que os Leões de Ouro foram para a Arménia e para a norte-americana ADRIAN PIPER, mas, pela sua viralidade e ratificação em termos virtuais, The Key In The Hand merece, no mínimo, a nossa menção honrosa. Texto: Rui Lino Ramalho


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Milan Design Week

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Salone Inter na zionale del M obile

A tradição é certamente o pilar que sustenta a MILAN DESIGN WEEK —ou SALONE INTERNAZIONALE DEL MOBILE, como os italianos preferem dizer—, um dos eventos mais concorridos do planeta. Falar de tradição, para uma área em constante inovação, até podia soar pejorativo, mas não, dadas as circunstâncias, especialmente em tempos difíceis. Na verdade, tornou-se a feira mais consensual, agora

que outros modelos alternativos provam as suas dificuldades em se impor nas agendas dos profissionais. Ou seja, a MILAN DESIGN WEEK tornou-se a feira global que tem o design como epicentro, mas que se estende às mais variadas áreas limítrofes. Milão parece ter capacidade de absorver tudo e, na verdade, tudo se torna um bom pretexto para expor e para estar na maior feira do mundo.

M in i C it ysur fe r, © J A I M E H AYO N .

E xerc ise s in sit tin g, © M A X L A M B . Fo t o: C l au d i a Z a l l a

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Será certamente esta capacidade de trazer a uma cidade, num espaço curto de tempo, um tão grande número de profissionais das mais diferentes áreas, que faz com que este seja um momento único, propício a encontros e oportunidades, que de outra forma levariam muito mais tempo a se concretizarem. O peso da indústria automóvel, assim como da indústria da moda, é cada vez mais evidente e, através das parcerias com estrelas do design e arquitetura, acabam por proporcionar grandes intervenções e assim desviar a atenção dos media do seu foco natural. O projeto da Mini, concebido por JAIME HAYON, foi um bom exemplo disso. Para promover a sua nova scooter, a Citysurfer, a empresa alemã solicitou ao designer catalão uma visão da locomoção futura. Daí surgiu Urban Perspectives –uma cidade futurista, acompanhada de um conjunto de


You Must equipamentos que passam por óculos, capacetes, fatos, que para além da fantasia de um designer, são protótipos com um sentido prático. Fora do Salão, o que realmente foi apresentado como novo este ano na MILAN DESIGN WEEK foi o programa da 5vie, que reunia um conjunto de espaços expositivos em galerias, museus e lojas. O programa ti-

Design

C a e se r ston e M ovem e nts , © PH I LI PPE M A LO U I N . Fo t o: To m M a n n i o n

M I N D C R A F T, © G A M FR AT ES I . Fo t o: J u l e H e r i n g nha naturalmente como objetivo valorizar o património de um dos bairros históricos da cidade, até na tentativa de trazer público e dinheiro para o mercado local, tal como já faz Brera, outra zona histórica e elegante de Milão, há várias edições. Por outro lado, é uma reação ao bairro vizinho, Zona Tortona, que já foi sinónimo do design alternativo, mas que nas últimas edições da feira transformou-se num espécie de centro de peregrinação de cerveja na mão e ruas interrompidas pela massa humana. Ou seja, a 5vie é mais uma alternativa que trouxe espaços incríveis como velhos palácios, dinamizou os museus do bairro e deu a conhecer algumas jóias

da produção artesanal de luxo, que ainda se mantém em Milão. De resto, grande parte dos focos de interesse do programa já eram conhecidos e antecedem esta organização, como é o caso do Spazio Rossana Orlandi, que desde sempre reúne o melhor do design atual, apresentado sempre de forma tão despretensiosa. Tem sido uma seta em Itália do design jovem e independente, sempre marcado por jovens holandeses. No entanto, a rainha deste ano, foi uma eslovena, NIKA ZUPANC, (ver texto seguinte) que ocupou um espaço adjacente gerido nos últimos anos pela Sé London. Sendo uma das designers controversas do momento, tornou-se um dos

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pontos fortes do programa da 5Vie, que ainda tinha para oferecer uma exposição de MAX LAMB —Exercises in Seating— centrada na ideia de assento. Eram 25 projetos nos mais diversos materiais brutos, expostos em círculo numa antiga garagem abandonada, um cenário perfeito para peças que em muitos casos se aproximam a esculturas. Alguns dos projetos mais mediáticos desta edição partem precisamente da capacidade de adaptação ao espaço. Mindcraft, uma mostra de designers dinamarqueses, que contou com a espetacular conceção de espaço do atelier GamFratesi, foi um exemplo disso. Merecidamente premiado, o projeto criou uma superfície espelhada no centro claustro do convento de Sam Simpliciano, sobre a qual pousavam iglos de ferro que protegiam as obras expostas ao centro. Também PHILIPPE MALOUIN apresentou um conjunto de jarras realizadas a partir de materiais de pavimentos da Caeserstone, mostra que teria passado despercebida, não fosse a associação a um gigantesco baloiço montado numa sumptuosa sala do Palazzo

B o sa A n im a lita , © S A M B A RO N .


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© M O O O I . Fo t o: A n d r ew M e r e d i t h Serbelloni, que acolhia a exposição. Para quem vem em grande maratona para não perder nada, baloiçar terá sido, certamente, uma das melhores experiências do dia. Para muitos, esta ficará como a imagem mais forte desta edição. Quando falamos de projetos fora do salão, Tortona ainda é um local obrigatório, especialmente se conseguirmos evitar as enchentes de curiosos, ou seja, tentar realizar este percurso nas primeiras horas da manhã. Contudo, Tortona está cada vez mais reduzido ao pavilhão da Moooi, empresa holandesa liderada por MARCEL WANDERS, que até agora tem parecido insensível a um panorama de crise. É sempre expectável um grande número de novidades, que este ano recaíram num conjunto de tapetes realizados a partir da impressão fotográfica. O foco está numa tecnologia avançada que permite uma resolução nunca antes alcançada. Os resultados à vista são excelentes e as primeiras edições contaram com colaborações dos STUDIO JOB ROSS LOVEGROVE, FRONT, CHRISTIAN DELACROIX e EDWARD VAN VLIET, entre outros.

© M O O O I . Fo t o: A n d r ew M e r e d i t h Mas quem procura design mais alternativo, sem dúvida, terá que se virar para Ventura Lambrate, que nos seus cinco anos de existência, conseguiu impôr-se como zona obrigatória. É um quarteirão igualmente industrial, parecido com o da Tortona, mas que se reclama mais alternativo. Ou seja, à medida que os jovens designers deixaram de ter acesso à Tortona, a zona alternativa por excelência, agora cada vez mais ocupada pelas iniciativas das grandes empresas e das representações nacionais, Ventura Lambrate constituiu-se como nova alternativa.

T h e A n im a l Pa r t y, © J ES S I C A D U B O C H E T.

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© JA I M E H AYO N . Evidentemente, o fenómeno vai-se repetir e desta vez já vimos a Noruega estrategicamente colada ao novo espaço alternativo. Mas Lambrate tinha muito para oferecer nesta edição e um seus dos grandes destaques foi para a instalação do grupo holandês We Make Carpets, constituído por MARCIA NOLTE, STIJN VAN DER VLEUTEN e BOB WAARDENBURG –que simulam tapetes com padrões a partir de objetos do dia a dia, dispostos no chão. Tudo o que podemos encontrar numa cozinha tem sido nos últimos cinco anos motivo das suas experiências. Texto: Francisco Vaz Fernandes


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Design

Nika Zupanc

Design G lam — MILAN DESIGN WEEK A designer eslovena NIKA ZUPANC apresentou, na ainda recente feira de Milão 2015, novo mobiliário, onde é explícito um recurso a uma imagética de luxo. A coleção de peças foi desenvolvida sob a égide da marca britânica Sé e exposta pela primeira vez no espaço de Rossana Orlandi, onde se pode ver um sofá gigante, uma multiplicidade de cadeiras de sala de jantar e atualizações de peças anteriores. A designer NIKA ZUPANC desperta algumas reflexões sobre os temas design de luxo, objetos de figuração e símbolos de status. Além do mais, espelha o tema do Gosto a que se referia GILLO DORFLES, na sua conhecida obra de referência, "As Oscilações do Gosto". Quando observamos a obra de NIKA ZUPANC, assola-nos à mente, e de imediato, um princípio universal, de que a preocupação primordial do designer desenvolve-se em torno, e face, à sociedade. Espera-se que o designer desenvolva o seu próprio trabalho, exprimindo as necessidades e valores dessa

sociedade –em termos marxistas, como nos refere DORFLES, "a justa atitude sociológica". Em NIKA ZUPANC, o design parece estabelecer uma trajetória inversa a este princípio e recorda o papel desempenhado pelo artista, muitas vezes desenvolvendo-se contra o seu próprio tempo: "Em que o artista está em oposição ao seu tempo e às condições sociopolíticas em que se encontra e dentro das quais deve operar". Ao invés, NIKA ZUPANC oferece-nos um desfile de objetos que lembram DORMER e a metáfora da "pornografia". Na realidade, estes são objetos que evocam a ideia de que

o design de luxo não é concebido para servir uma necessidade, mas apenas para provocar uma excitação. Sem esquecer que essa excitação é vivida de forma extrovertida, socialmente e em comunidade, ao contrário da "pornografia" que, de um modo geral, é uma atividade vivida de forma introvertida e privada. As peças de NIKA ZUPANC situam-se na categoria dos objetos de figuração, objetos destinados a serem comprados por aqueles que gostariam

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de pertencer a um determinado extrato social, ou que gostariam de ser ricos. E essa figuração permite que o artista, ou neste caso o designer, sem culpa, desenvolva um design onde não há tabus sobre o que se pode fazer quando se tem

oportunidade de possuir estes objetos: ostentar, exibir. O objetivo poderá ser transformar todo um grupo de objetos vulgares numa versão cara dos mesmos. Em boa verdade, este despudor em exibir produto de luxo exalta e permite, ou pelo menos evidencia, a sensualidade, o glamour e uma forma voluptuosa de viver uma certa cultura.

Texto: Carla Carbone


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Festivais de Verão

Músic a

orgânica, dub, hipnótica e preguiçosa, diria antes que as tartes são de canabinóides! Bom!

SINKANE

SUPER BOCK SUPER ROCK A DFA Records, de James Murphy, pode já não gozar da mesma vitalidade dos tempos dos LCD Soundystem, mas foi por lá que, em 2012, conheci Sinkane. Aos menos atentos, tenho a dizer: este é um dos concertos que se vão arrepender de perder quando toda a gente começar a falar nele! E porquê? Uma voz caramelosa, ritmos inspirados numa África feliz e baixos groovy que te vão fazer querer agarrar a alguém e arranjar companhia para essa noite.

PLANETARY ASSAULT SYSTEMS

CHANCHA VIA CIRCUITO

FESTIVAL MÚSICAS DO MUNDO (FMM SINES) Ainda se lembram de Nicolas Jaar? Agora imaginem um tipo com ar menos enfadonho e com música mais original. PEDRO CANALE irá levar ao FMM Sines eletrónica misturada com raízes orgânicas (instrumentais e vocais), que se expandem ao folclore mexicano e às cumbias colombiana, peruana e argentina.

PEAKING LIGHTS

MILHÕES DE FESTA Conheci os PEAKING LIGHTS no início de 2012, através da Rádio Oxigénio. Na altura, tocava uma remistura atmosférica que me lembrou os temas de boa gente de Chicago, como o Larry Heard. Lembro-me de ter gostado também dos tiques eletro funk que facilmente foram explicados quando soube que era uma versão de Dam Funk. Fui à internet e descobri que os PEAKING LIGHTS eram um casal com um bebé, jovens com ar de quem vive numa casa de madeira no meio da floresta e que oferecem tartes de frutos silvestres às visitas. Porém, a julgar pela sua música contemplativa, lo-fi,

ROBERT HOOD

NEOPOP ELECTRONIC MUSIC FESTIVAL Alega-se que Detroit é o berço do techno, uma mistura imaginada por um grupo de miúdos que ouvia o “MIDNIGHT FUNK ASSOCIATION”, um programa de rádio onde Electrifying Mojo rodava discos de soul, funk, eletrónica europeia e até new wave! ROBERT HOOD faz parte de uma colheita um pouco tardia onde se incluem Mike Banks e Jeff Mills, parceiros de guerra e membros fundadores dos Underground Resistance."Make your transition!".

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FESTIVAL FORTE Numa altura em que a Alemanha é o território no qual grande parte dos amantes de techno concentram as suas atenções, o britânico Luke Slater, sob o disfarce de Planetary Assault Systems, toma de assalto o Castelo de Montemor-o-Velho e acredito que vai mostrar que os produtores da Terra de Sua Majestade também estão FORTES!

JAZZANOVA FEAT. PAUL RANDOLPH

LISB-ON #JARDIMSONORO Enquanto os Festivais NEOPOP e FORTE se apresentam como referências para os amantes de techno de estilo mais dark, o LISB-ON nasce e traz a Lisboa nomes associados a estilos mais solarengos: soul, funk, jazz funk, acid jazz, disco, house e techno mais americano do que europeu. Entre as poucas confirmações até à data, ouvir e ver a banda dos Jazzanova com a voz de Paul Randolph é uma das coisas que me faz crer que comprar o bilhete já vale a pena! Texto: Marcelo Lisboa


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Cinema

Capitão F a l c ã o O salvador do salvador da pátr ia.

Primeiro filme s ê u g u t r o p sem o Nicolau Breyner

Numa altura em que os super-heróis estão a invadir todos os ecrãs, a ausência de um representante português começava a fazer-se sentir. JOÃO LEITÃO decidiu colmatar a falha, criando Capitão Falcão. Aplaudida como curta-metragem no MOTELX, em 2011, e depois rejeitada como série televisiva, a ideia ganhou pernas e chegou finalmente ao grande ecrã como longa-metragem. O filme leva-nos ao Portugal de 1968. Sob a égide direta de António Salazar, cabe ao Capitão Falcão lutar contra as forças subversivas que ameaçam a estabilidade da Nação. O que os portugueses fazem melhor é rir, portanto o tom nunca seria outro que não comédia. Capitão Falcão ousa pegar num período

histórico infeliz e construir uma sátira hilariante e inteligente. «Deus, Pátria, Família» (reescrito para «Salazar, Pátria, os comunistas são a corja da sociedade») alia-se a uma ação estilo BD, estética retro e referências óbvias aos antigos êxitos de super-heróis, para contar a história de um anti-herói egocêntrico e iludido, que defende ferrenhamente os moldes e ideais distorcidos do Estado Novo. GONÇALO WADDINGTON, DAVID CHAN CORDEIRO, MIGUEL GUILHERME, JOSÉ PINTO são alguns dos nomes a salientar entre todo um elenco e enredo que conseguem manter o público a rir ininterruptamente. Texto: Claúdia Aleixo

Primeiro filme portuguê s sem a s maminha s da Soraia Chave s 19


You Must Verdadeiro O nosso hip hop começa finalmente a perceber que o seu tecido não se pode fazer apenas de linhas underground e que precisa também de ídolos com potencial pop. Ver JIMMY P em palco é entender todo o seu potencial. Ao segundo álbum, FAMILY FIRST, sucessor de #1, JIMMY ergue-se com uma força

Jimmy P tremenda que, ainda recentemente, provou ter estofo para aguentar o estatuto de cabeça de cartaz num espectáculo do Coliseu, papel que repartiu com a dupla SAM THE KID / MUNDO. Esse estatuto resulta, claro, do binómio que todos os livros apontam como crucial para se obter sucesso: trabalho e talento.

Músic a Ídolo No novo álbum, que começou por se anunciar com a bomba Marcha, tema em que surgiam também VALETE e DJ RIDE, JIMMY aborda questões simples, de relações entre pessoas que se apaixonam, entre amigos. JIMMY P entendeu que é preciso falar com as pessoas, comunicar com elas na mesma língua, falar-lhes de assuntos correntes, importantes naquela fase em que já não se é criança e ainda não se sente o peso total da idade adulta. E essa é uma virtude. A música, como de resto toda a arte, deve ocupar todos os espaços. Deve servir para combater, para pensar, para relaxar ou simplesmente para comentar o que se passa à nossa volta. E JIMMY P tem as histórias certas e as palavras que parecem estar a fazer eco junto de uma geração. E não há como não aplaudir isso. Num disco que inclui participações de AGIR ou JÊPÊ, que navega pelas águas do hip hop, mas também se aproxima do R&B, reggae e até rock, percebe-se que a música foi feita para a dimensão de palco e para comunicar com multidões. E o hip hop também precisa disso. Podem confirmar a força num palco próximo de vocês. Como por exemplo no Sudoeste, já este Verão.

Texto: Rui Miguel Abreu Foto: Carlos Ramos

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You Must Nas palavras dos criadores, KLAR é sinónimo de “Clarificação, límpido, distinto e consciente”. ANDREIA OLIVEIRA, TIAGO CARNEIRO e ALEXANDRE MARRAFEIRO juntaram-se em 2012 e no ano seguinte foram apresentados ao panorama nacional, através da plataforma Bloom do Portugal Fashion. Vêm de diferentes back­ grounds e contribuem com diferentes perspetivas para uma marca que respira inovação: “Queríamos estruturar o pensamento e conceito de uma marca enquanto produto de design e de evolução ética, a necessidade de praticabilidade e a noção de sustentabilidade”, afirmam. Assim nasceu a KLAR. Inserida no seu próprio universo criativo e com uma estética sofisticada e apurada,

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a marca afirma-se numa perspetiva contemporânea, em que a aposta em novas tecnologias conceptualiza coleções despidas de preconceitos. Este ano, no Portugal Fashion, para as propostas outono-inverno, os jovens criadores apresentaram uma coleção clean, com linhas estruturadas, onde os tons black&white imperaram. O resultado? Peças soft and loose, que emitem um espírito

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de descontração, sportswear e muito casual. A marca portuguesa, que caminha em fast foward para se afirmar no mercado da moda nacional, procura conquistar novos públicos e “continuar a investir na internacionalização e consciencialização da marca. O epítome será K L A R como uma marca sustentável e green, esteticamente atual e appealing”.

Texto: Marta Inês Santos Foto: Sal Nunkachov

Leg: KLAR@backstage da coleção SS2015 no Portugal Fashion, Porto


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Birkenstock A filosofia da BIRKENSTOCK inspira-se na fisionomia natural do pé e a sua palmilha é desenhada para espelhar a forma de um pé saudável e para proporcionar a sensação de caminhar descalço. Para homem, destacamos o modelo clássico Arizona, que nesta nesta Primavera-Verão tem uma edição de luxo, com apontamentos de moda e materiais premium. Para as mulheres, a coleção é sempre extensa, especialmente no que se refere ao modelo Gizeh, um bestseller da marca junto do público feminino. A pensar numa jovem urbana, a coleção veio com uma paleta de cores vibrantes e matérias brilhantes. Também os prints não faltaram, em geral com motivos florais ou com um look étnico, incluídos no portfólio da Papillio, uma linha dentro da marca alemã a pensar na mulher mais alternativa.

A COS criou uma coleção cápsula para a plataforma de vendas online Mr Porter, a pensar no viajante moderno. Em entrevista à PARQ, MARTIN ANDERSSON (ler em www.parqmag.com), responsável pela equipa de design da COS, refere que, é antes de tudo, uma coleção que segue o princípio da intemporalidade defendido pela COS, mas com pequenos ajustes para que pudesse responder melhor ao perfil do clientes da Mr Porter, bem como a questões práticas. É uma coleção constituída por 23 peças, pensada a partir de uma economia de meios, onde as questões da acomodação da roupa na bagagem, assim como a versatilidade de cada peça, estiveram em foco. Ou seja, conta apenas com as peças essenciais na mala de um viajante, que tanto podem ser usadas numa situação mais formal como informal. Esta é a primeira colaboração da COS com uma platafoma de comércio online, que segundo MARTIN ANDERSSON, lhes vai permitir chegar a um consumidor global.

Texto: Maria São Miguel

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Texto: Francisco Vaz Fernandes


You Must A influência do modelo de homem passado de geração para geração tem diminuído comparativamente aos padrões que nos chegam a partir das imagens difundidas pelos mais diversos meios. Certamente, a moda tem sido um dos mais prolíferos produtores que, em muito, tem contribuído para estender as fronteiras da masculinidade. De resto, MARIO TESTINO tem sido um dos seus principais agentes, pela forma como o homem tem sido moldado a partir da sua câmara. Para o sul americano, a masculinidade é, desde que chegou à fotografia, um enigma que tem ganho densidade com o número de trans-

formações a que assistiu. O seu percurso de mais de 30 anos tem sido um testemunho documental disso, até porque, como repetidas vezes disse, vê a sua fotografia como um retrato fiel da forma como o homem se expõe. Ou seja, para TESTINO tudo mudou radicalmente: os rostos, o corpo, a atitude, o estilo e, em última análise, a aceção que cada um tem da própria masculinidade.

yes SIR Nesse sentido, quando lhe foi proposto pela Taschem criar um livro com base no seu espólio fotográfico, tendo como objetivo uma composição da essência do homem, de imediato veio-lhe à memória um conjunto de imagens icónicas, verdadeiros testemunhos dessa revolução. Ao todo, HELLO SIR reúne mais de 300 imagens, numa viagem de três décadas, que nos levam a vários modelos homem, que vão desde o dandy ao gentleman, passando pelo macho e pelo andrógeno. Uma parte dessas imagens é apoiada nos

M oda rostos de figuras públicas, mas também segue o olhar de muitos desconhecidos. HELLO SIR é uma edição de luxo, limitada a 1000 exemplares, numerados e autografados. Texto: Francisco Vaz Fernandes


You Must

Bike

Pinarello

Cycling

Nascida de uma colaboração entre a PINARELLO e a JAGUAR, a DOGMA K8-S é a primeira bicicleta no mundo especialmente concebida para pisos empedrados e exigentes. Desenhada para os ciclistas do Team Sky, a PINARELLO DOGMA K8-S apresenta um quadro leve (900 gr), que contém, pela primeira vez, um sistema de suspensão exclusivo e escoras planas em carbono, que permitem um conforto absoluto. O quadro inovador oferece maior segurança e ajuda o ciclista a reduzir o seu nível de fadiga. As garantias são dadas pelos longos meses de testes em laboratório e no terreno, envolvendo acelerómetros, potenciómetros e instrumentação GPS. Texto: Rui Lino Ramalho

CYCLING PERFORMANCE é a nova coleção LE COQ SPORTIF para a temporada de Primavera/Verão 2015. A pensar nos amantes do ciclismo, a marca tricolor francesa recorreu precisamente aos mesmos materiais utilizados pelos peritos do Tour de France. Especialmente desenhada para o homem desportista, elegante e moderno, desde as cores aos têxteis, passando pelos estampados, CYCLING PERFORMANCE é composta por cortaventos, maillots, cullotes, luvas e punhos. Para os dias de maior calor, a LE COQ criou uma camisola ultra ligeira. Graças à sua variedade de materiais, alta comodidade e logotipos reluzentes, esta é a oportunidade ideal para se tornar no ciclista mais elegante do pelotão. Texto: Rui Lino Ramalho

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You Must

Bike

F10

Graças à robustez do seu quadro e garfo em aço, com a FOLDING F10, da ORBEA, não há razões para te preocupares com a tua bagagem de aeroporto. Esta bicicleta foi feita para durar. É a companheira ideal de viagem, uma vez que o seu design de quadro dobrável permite ao utilizador fugir a taxas adicionais e às dores de cabeça com as limitações de bagagem das companhias aéreas. Reduz o tamanho da tua carga e faz com que as tuas férias com bicicleta sejam mais proveitosas. A FOLDING F10 está à venda por 379€. Texto: Rui Lino Ramalho

501CT Tudo merece uma reforma e até os icónicos 501, da LEVI’S, sofreram uns ajustes, nascendo os 501CT, ou seja o neto rebelde. As LEVIS 501, com a intemporal perna direita, corte folgado

e a braguilha com botões, conquistaram o estatuto de jeans mais desejados do mundo, sendo usados geração após geração e personalizados ao sabor das modas do momento. As vezes apertando a perna e descaindo a cintura. A pensar nisso, a LEVI’S pegou nos 501 originais, customizou-os e afunilou-os dos joelhos para baixo, construindo o corte perfeito e uma versão moderna de uns

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jeans clássicos. Dependendo do tamanho escolhido ou do look desejado, os novos 501CT podem ser usados um número abaixo, no seu tamanho habitual, ou um número acima, mais folgado na coxa. É tudo uma questão de cintura: colocado bem acima no ponto ou bem a baixo, três atitudes, três looks diferentes. Texto: Maria São Miguel


You Must

M oda

Smart Watch

Numa colaboração exclusiva com a SURFLINE, a NIXON apresenta o seu novo relógio ULTRATIDE, o primeiro com as condições para a prática do surf em tempo real. Com o ULTRATIDE no pulso, o surfista fica a conhecer o tamanho da onda, a direção do swell, a direção e velocidade do vento, a temperatura do ar e da água e a classificação da SURFLINE. Ah!, também dá para ver as horas, claro.

Vintage Ads O ULTRATIDE representa a evolução na tecnologia de relógios de surf, resultado de uma extensa pesquisa e desenvolvimento e uma parceria exclusiva com a SURFLINE, maior e mais credível fonte para condições de surf do mundo. Toda a informação é disponibilizada, em tempo real no pulso do utilizador, ao qual é permitido configurar alertas personalizados para cada local. Ao praticante, são fornecidos 10 pontos de detalhe das condições em tempo real, o que corresponde a dez vezes mais informação do que a fornecida por outros aparelhos desta natureza.

Para esta actual estação, a LACOSTE apresenta LACOSTE L!VE VINTAGE ADS, uma coleção cáp­sula que homenageia, de forma divertida, as campanhas publicitária da marca em 1970. L!VE VINTAGE ADS con­trasta o branco dos pólos com os ocres bar­ren­tos dos courts de ténis, impri­mindo temas vin­tage nas peças essen­ci­ais do guarda-​​roupa L!VE. A paleta é colo­rida e evoca os tons satu­ra­dos de um verão sem fim. A nova cole­ ção cáp­ sula LACOSTE L!VE está dis­po­ní­vel para venda nas bou­ti­ques Lacoste do Colombo, Braga Parque, Dolce Vita Porto e Aveiro.

Texto: Rui Lino Ramalho

Texto: Rui Lino Ramalho

Good Vibes

Se eleger os festivais não é tarefa fácil, na hora de escolher o outfit a opção certa chama-se MERRELL. A marca outdoor número um do mundo é mestre em performance em qualquer terreno e um exemplo de conforto em qualquer ocasião, seja no meio de um moche ou num ambiente chill out. A coleção Primavera-Verão é prática, colorida e cheia de estilo, o que a torna muito versátil para combinar com os mais diferentes outfits. Este Verão sente a good vibe da Merrell ao som de boa música. Texto: Maria São Miguel

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You Must

Belez a

Beauty

Beauty Beauty

dedica às mulheres. Numa nova embalagem, mais afirmativa, esta água de colónia contém notas de essência de Néroli e flor de laranjeira e uma base amadeirada almiscarada. A partir de 76,50€.

Effortlessly chic Tal como a estética de MARIA GRAZIA CHIURI e PIERPAOLO PICCIOLI, diretores criativos da Valentino, o perfume UOMO só se revela se fizermos zoom. Os ingredientes foram cuidadosamente escolhidos para compor uma fragrância que celebra o homem sofisticado e genuinamente elegante em todas as ocasiões.

Luna Rossa Sport A PRADA lança um novo aroma de verão para o homem que procura a aventura e não tem medo de procurar os seus limites. Vai beber ao imaginário da equipa que conduz o LUNA ROSSA, o veleiro patrocinado pela PRADA na maior prova de veleiros do mundo, a Volvo Ocean Race que terá Lisboa numa das sua etapas. Esta é a terceira versão deste perfume, desta vez, mais Sport com as notas frescas e minerais de gengibre, zimbro, lavanda, baunilha e tonka bean.

Jogo de Luz Para recriar o efeito dos primeiros raios de sol, a GUERLAIN apresenta o POUDRE DUO BONNE MINE NATURELLE, da linha Teracotta Joli Teint. Os dois tons que compõem este pó bronzeador complementamse e basta um movimento circular com o pincel para os combinar. O tom quente deixa a pele naturalmente bronzeada e o tom alperce dá frescura às maçãs do rosto. Texto: Beatriz Teixeira

Dandismo num frasco Moderna, audaz e elegante. É assim GENTLEWOMAN, a fragrância masculina de Juliette has a Gun, que se

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You Must

Buy

Converse

Birkenstok

Le Coq Spor tif

Le Coq Spor tif

Pepe Jeans

Adidas Originals By Rita Ora

Moschino

Lazy OAF

Liu Jo

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Aristrocrazy

Adidas Originals by Farm


You Must

Buy

DC

Converse by Missoni

Fred Perr y

Car ven

Acne Studios

Andy Warhol By Pepe Jeans

New Era

Merrell

O'Neill

Franklin&Marshall

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Ray- Ban


Soundst ation

Blur

Surpreendentemente, os BLUR regressam aos discos com canções originais, editando MAGIC WHIP. Surpreendentemente porque, já ninguém esperava um novo álbum da banda, passados 16 anos do lançamento do último registo, em 1999. E surpreendentemente porque MAGIC WHIP é mais do que o reavivar dos momentos gloriosos do grupo. Esta é a história de um álbum que nasceu no outro lado do mundo. A saída controversa do guitarrista GRAHAM COXON em 2003, altura em que a banda se preparava para lançar o álbum THINK TANK, deixou marcas profundas. Nem a sua reunião em 2009 para concertos no Hyde Park, nem mesmo a edição de temas novos, comemorativos do RECORD STORE DAY (Fool’s Day e Under The Westway), resultou num formato LP, embora possa ter criado essa ilusão. Mais tarde, entusiasmado com o resultado da sessão num pequeno estúdio de Hong Kong em 2013, devido ao cancelamento de concertos no Japão e Taiwan, GRAHAM COXON convida o produtor STEPHEN STREET, com quem os BLUR trabalharam em meados dos anos noventa, para testar o material produzido. O guitarrista assume que a concretização deste álbum se deve à sua reconciliação com a banda, naquilo que vê como um processo de

auto-cura. Convencido pelos argumentos e entusiasmo de COXON, DAMON ALBARN, fez o ano passado, uma paragem de dois dias em Hong Kong, durante a apresentação ao vivo do seu último disco a solo. O resultado é notório nas letras das canções que refletem a visão do artista sobre a cidade, e as suas preocupações politicas e sociais, ao mesmo tempo que a sua relação de amizade com o parceiro da banda. A gigante metrópole asiática é o palco de uma cena que poderia ter saído da imaginação de romancistas como Aldous Huxley ou George Orwell. A cidade, musa inspiradora, é desde logo denunciada na capa pelos caracteres e néons. O sentir-se por vezes alienista, outras apenas o espectador de um fervilhante pulsar humano, por vezes esmagador, claustrofóbico até, está espelhado em temas como Thought I Was A Spaceman, Lonesome Street e There Are Too Many Of Us. Lonesome Street inscreve-se classicamente no género Indie-Pop, que nos remete para a era THE GREAT ESCAPE, abre o disco e faz de imediato a ponte com o passado. Go Out e I Broadcast inscrevem-se igualmente nessa abordagem, marcando fortemente a presença química da dupla ALBARN e COXON, na conjugação perfeita entre a vocalização e os riffs das guitarras.

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Soundst ation

Blur

A voz melancólica, e em alguns momentos maquinalmente fantasmagórica, denuncia uma maior amplitude dos territórios já explorados pelo cantor, sobretudo no seu último disco. New World Towers é o exemplo perfeito e traça elegantemente a arquitetura da cidade, através de uma bateria subtil, um órgão inusitado e uma guitarra cristalina. Ice Cream Man e Ghost Ship trazem uma atitude descontraída, muito próxima de um ritmo soul, rico em batidas solarengas, a desejar momentos felizes, fraternos, e com uma boa dose de joie de vivre. Ainda nesta linha de pensamento, embora estruturalmente mais vocacionada para a construção rock, Ong Ong mantém a boa disposição.

MAGIC WHIP despede-se com Mirrorball, uma balada na mesma matriz de Miss America, do álbum MODERN LIFE IS RUBBISH, conjugando magistralmente os arranjos musicais com aquilo que a banda tem de melhor: quatro músicos exemplares carregados de experiências e de um amor incondicional pela música. Embora se pressinta uma certa ressaca dos álbuns de DAMON ALBARN, como o do ano passado EVERYDAY ROBOTS, há também referências aos seus projetos paralelos como os GORILLAZ e THE GOOD, THE BAD & THE QUEEN. A verdade é que o contributo dos companheiros no novo álbum da banda, eleva-o a patamares próximos dos

Quase como oposição, musicalmente falando, Pyongyang revela também uma estupefação política sobre a Coreia do Norte, num registo em camadas, que sobrepõe as vocalizações e as linhas de cordas, como se fossem tocadas debaixo de água. As coisas tornam-se efetivamente mais pessoais em My Terracotta Heart. Numa construção mágica, combinando a secção rítmica, as guitarras e as linhas do baixo com a voz de DAMON, atinge-se um relato muito honesto e sentido do quão difíceis foram as suas relações. Porém, perdoadas as diferenças, caminha-se agora para um patamar onde é possível conviver com o passado, culminando no reatar de uma profunda amizade.

anteriores registos dos BLUR, mas com a paleta mais alargada. COXON não hesita em definir o álbum como Sci-fi Folk. Há sobretudo neste álbum uma vontade de fechar um ciclo que tinha sido interrompido abruptamente, devolvendo ao futuro um novo horizonte que se espera mais feliz. Não querendo com isto dizer que vão haver novos discos da banda, mas seguramente deixa em aberto essa possibilidade. Seguramente, os laços da banda saem mais fortificados. Seguramente, a sua música ganhou uma nova dimensão. Seguramente, o quer que o futuro reserve será com certeza mágico.

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Texto: Carlos Alberto Oliveira (www.punch.pt)


Soundst ation

Tyler, the kid

TYLER THE CREATOR sucede a BASTARD, GOBLIN e WOLF com um novo álbum, CHERRY BOMB, trabalho que prossegue a sua singular visão artística e lhe planta ambos os pés em firme terreno para o ano da graça de 2015. Não há dúvidas. Para o melhor e para o pior, TYLER THE CREATOR mudou o jogo do rap. Quando o coletivo ODD FUTURE começou a dar nas vistas nos alvores da presente década, TYLER contava apenas 19 anos, mas já era uma tremenda força criativa. Foi, nomeadamente, dos primeiros a perceber que as dinâmicas de criação, edição e de gestão de carreiras se tinham alterado

profundamente com a chegada da internet. A sua juventude, mas também a sagacidade do seu intelecto, permitiram-lhe entender desde logo que este era um mundo diferente que comunicava de forma diferente. TYLER começou por estabelecer o seu coletivo ODD FUTURE no tumblr e usou as redes sociais como trampolim para conseguir um dos mais importantes capitais do presente - visibilidade. Claro que a sustentar tudo isso existe a música. Mas é preciso entender que o rap é apenas um dos aspetos do que TYLER faz. E TYLER faz muita coisa: ele é street smart, entendeu a cultura skate

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Soundst ation

Tyler, the kid

como poucos, usou-a para forçar uma imagem diferente, transformou isso numa marca, criou roupas, programas de televisão. Criou, enfim, um personagem. TYLER, o criador. Talvez uma tradução mais apurada seja até TYLER, o criativo. Entretanto, esgotadas as três sessões com o seu psico-terapeuta, o Dr TC, que oferece a moldura conceptual para os três primeiros álbuns, TYLER chega a CHERRY BOMB, o seu álbum pop (?). Para trás ficam canções repletas de temas abjetos, como a violação, e uma suposta homofobia, que na verdade nunca fez sentido –ele é afinal de contas um dos mais firmes apoiantes

no que à arte das rimas diz respeito –ouça-se o que EARL SWEATSHIRT faz em I Don't Like Shit, I Don't Go Outside, por exemplo– e tenha decidido afirmar a sua condição de produtor. TYLER declarou paixão por STEVIE WONDER, convidou LEON WARE e até gravou cordas no estúdio de um famoso compositor de Hollywood, o que aliás gerou um tweet de incrível humor, algo como "pensei em Rick Ross para o tema 2Seater mas acabei antes por escrever e gravar uma secção de cordas no estúdio de Hans Zimmer". O jazz parece ser afinal de contas uma ambição natural para esta nova geração de Los Angeles –além de TYLER

de FRANK OCEAN. O que TYLER entendeu desde logo é que no oceano da internet não vale a pena esbracejar. O importante mesmo é chocar. E chocar é uma estratégia tão válida como apaixonar, seduzir ou inspirar. Escolham qualquer outro verbo mais inofensivo se quiserem, mas TYLER gosta mesmo de chocar. Em CHERRY BOMB, TYLER parece também apostado em sublinhar a sua veia de produtor, afinal de contas ele tem sido uma força constante em praticamente todos os trabalhos do coletivo ODD FUTURE. Talvez ele tenha percebido que há companheiros mais fortes do que ele mesmo

podem igualmente apontar-se os exemplos de KENDRICK LAMAR ou FLYING LOTUS. Inspirado em PHARRELL, que aliás surge no álbum, como também surgem LIL WAYNE ou KANYE WEST, inspirado no rock dos STOOGES que certamente ouviu enquanto skatava nas ruas de LA, TYLER criou um disco dinâmico, variado e divertido que o posiciona, uma vez mais, na linha dianteira desta cultura. E a fasquia continua a elevar-se: há quanto tempo o hip hop não tinha um ano como este 2015? E ainda mal vamos a meio...

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Texto: Rui Miguel Abreu


C entral Parq

Redes Soc iais

De rede social de partilha de comida a diário visual de viagens de fazer inveja, o Instagram caiu nas graças de fotógrafos profissionais e amadores. Há quem partilhe fotografias captadas com câmaras reflex e lentes XPTO, e há os novos fotógrafos de iPhone em punho –a comunidade criativa da maçã, que compensa os poucos megapíxeis das imagens com construções visuais originais, que atraem seguidores e “hearts”. O Instagram serve agora também de montra virtual de fotografias, de Portugal para o Mundo, à distância de um @username. Texto: Joana Teixeira

@catsanches CATARINA SANCHES é uma jovem alfacinha, de 26 anos, que trabalha em Marketing e Comunicação Digital. A sua estratégia no Instagram é colorir o ecrã de alguém todos os dias, com imagens divertidas e um grande investimento em acessórios para construir imagens curiosas. 39.700 seguidores

acompanham a sua paixão pela fotografia como uma ferramenta através da qual desconstrói o mundo à sua volta, partilhando a sua perspetiva com a realidade virtual. Vê o Instagram como “um alimento à inspiração”, que serve de “motor de busca” diário da criatividade. CATARINA fotografa “histórias

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com pessoas dentro” e também conta fantasias visuas com autorretratos de rosto escondido. As selfies são supervalorizadas? Para ela, são “uma tendência natural do ser humano –Me, Myself and I”.


C entral Parq

Redes Soc iais

@ mariana_ msr

MARIANA RODRIGUES é uma ilustradora de 28 anos, a viver em Londres. No Instagram, é uma artista de sombras e contrastes, com imagens que brincam com o corpo e o colocam em simbiose com elementos da natureza. Encara a fotografia como “uma linguagem universal, com capacidade de provocar

emoções” –um meio visual que move pessoas, que move o mundo. Com 25.900 seguidores, admite que o Instagram se transformou num vício, através das suas galerias intermináveis, dos seus usuários criativos e cativantes, que a inspiram a “criar algo novo todos os dias”. A famosa selfie é um fenómeno que não

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compreende, daí talvez preferir partilhar, nesta rede social, outras partes do corpo que não o rosto. MARIANA procura a beleza em tudo o que a rodeia, e materializa-a em imagens poéticas, românticas, delicadas. No Instagram dá “asas à imaginação”.


C entral Parq

Redes Soc iais

@o_ pinheirojose JOSÉ PINHEIRO é um designer gráfico, do Porto, que faz as pessoas voar. O Instagram é o seu poiso virtual, onde provoca vertigens aos seus 21.500 seguidores, com imagens flutuantes, sem pé, que fazem cócegas no imaginário. No seu mural de fotografias, não há chão, há apenas céu, nuvens e saltos para o infinito. Seja em que posição

for, haverá sempre alguém no ar no Instagram de José – um elixir diário de éter visual. Fascinado pelo Instagram, o designer confessa-se surpreso com o poder desta rede social para promover o seu trabalho pelo mundo, com um feedback direto em comentários, seguidores e “hearts” –uma rede que motiva talentos, também. As

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suas fotografias incorporam uma estética minimalista, com base no conceito de “congelar o momento e guardá-lo”. E boas selfies? Que as há há, “desde que não sejam fotografias tiradas ao espelho da casa de banho”.


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Redes Soc iais

@sejkko

MANUEL PITA, um português que estudou Inteligência Artificial na Escócia e agora trabalha na Gulbenkian –não há caminho mais curioso que se tenha cruzado com o da fotografia. Na vida real o tempo passa depressa, mas MANUEL utiliza a fotografia como mecanismo para “transmitir uma mensagem mais lentamente”.

MANUEL gosta de casas, árvores e paisagens idílicas. Todas as suas imagens têm um toque de surrealismo e uma pitada de magia, através de filtros vintage que conferem um tom pastel às suas fotografias. O Instagram é o seu retiro visual, onde a “distância geográfica é embaciada” e a “fotografia é democratizada” –já não é

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preciso uma câmara XPTO para ter um doce lugar à sombra da fotografia. Nesta rede social, a criatividade encontra um espaço livre de partilha imagética. A selfie é um conceito filosófico para si: tem um je ne sais quoi criativo, mas ao mesmo tempo, serve de espelho de uma segunda persona –o alterego virtual.


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N oite

Quando a prioridade é reciclar a garrafinha de plástico que temos lá em casa para a atestar com a fusão da vodka e do sumo de limão, ou fazer aquela visita de médico aos messiânicos monhés para granjear a litrosa por menos de dois euros, deixamos de perceber ao certo que lugar ocupa a música numa noitada. O programa das festas nas noites portuguesas, em particular nas lisboetas, tende a encaminhar-se para dois destinos: o do clubbing enfadonho, com uma oferta musical à base do mainstream, selecionada por um DJ (com o titânico decote em V) a fazer figura de corpo presente, perante uma audiência lasciva que, mais do que dançar, esfrega os rabos por onde passa; ou o do ‘bairro-alting’, qual romaria que repousa no capô dos carros alheios ou nos degraus vomitados, em conversas demoradas, de copo na mão, indispondo a vizinhança insone. A dicotomia entre nomadismo e sedentarismo pode dissolver-se

com uma programação noturna mais inovadora, assente numa agenda de entretenimento eclética, que canalize as energias gastas no engate e na bezana para uma diversão empolgante mas, ao mesmo tempo, inteligente. É preciso catalisar novas criações, sobretudo as mais subversivas e periféricas, e trazê-las para o centro do debate de uma noite cuja virtude reside na heterogeneidade. Pelo menos, é esta a missão com a qual os novos promotores independentes se estão a comprometer. Pedras no caminho? Falta de espaços adequados, falta de patrocínios, exigência de resultados imediatos, saturação do mercado e, em alguns casos, discriminação de género. Um dia, eles vão construir uma editora. Para alguns, esse dia já chegou. Texto: Rui Lino Ramalho

Noite

Prí n ci p e

J o s é M o ur a , N o i t e Pr í n c i p e n o M U S I C B OX . Fo t o: Pe d r o M i n e i r o

Uma vez por mês, o MUSICBOX, em Lisboa, é invadido por novos sons, formas e estruturas com um código sui generis de poética e identidade cultural. Organizada pela editora homónima, a Noite Príncipe é uma espécie de laboratório de testes para novos DJ’s e produtores, onde se diluem os lugares-comuns da estratificação social. O status que fique à porta porque a pista de dança é um lugar comunitário do mais genuíno que há. Afinal de contas, até mesmo o sangue mais azul é impercetível nos suores que emanam de estéticas tão versáteis como house, tecnho, kuduro,

batida, kizomba, funaná e tarrachinha. JOSÉ MOURA, gestor da Príncipe Discos, diz que «é uma coisa bonita de ver acontecer». Viver a Príncipe é experimentar uma sensação de nobreza acessível a todos, independentemente da disparidade de backgrounds. A Noite Príncipe é para os curiosos, investigadores e entusiastas. De acordo com JOSÉ MOURA, é uma noite que se destaca pela «mistura de gente e pelo modo como acontece». W W W.SO U N D C LO U D.C O M / PRI N CI PEPRO M O S W W W. M USI C BOX LIS BOA .C O M /

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N oite

N un o Patr íc i o, c o f u n d a d o r d a FU N G O e d a n o i t e O R A N G E n o L o u n g e e m L i s b o a . Fo t o: Pe d r o M i n e i r o

Fungo

Enquanto associação cultural, o investimento da FUNGO incide na intervenção em –e na difusão de– novos projetos dentro do seu principal raio de ação: música e audiovisuais. A riqueza da sua programação resulta, essencialmente, da eficiência com que gerem os diferentes know-hows dos seus intervenientes: design gráfico, gestão e programação cultural, vídeo-arte. A Noite Orange, uma das rubricas da calendarização da FUNGO, tem lugar no Lounge, em Lisboa, com uma periodicidade bimestral. Nas palavras de NUNO PATRÍCIO, cofundador da FUNGO, a Orange é uma noite «focada em projetos eletrónicos, com sonoridades que vão do ambiente ao tecnho». As

noites com curadoria da FUNGO são, geralmente, adornadas pelas suas live performances: o BALLET STATIQUE, onde atuam, em simultâneo, um DJ, um VJ e uma bailarina, «um cruzamento interdisciplinar que combina música, movimento e vídeo»; o RLSMT (Regressar Leva Sempre Muito Tempo), também multidisciplinar, mas desta feita com a estrutura de peça de teatro; e LA NUBE a/v e ASCENDENTE, atuações de LUCAS GUTIERREZ, que consistem na manipulação de imagem e som em tempo real, envolta no experimental-glitch, bass e broken-beats. W W W. FU N G O. P T

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Waterfalls SY M A TA R I Q E M A RG A R I DA M EN D ES , n o i t e s WAT E R FA L L S . Fo t o: Em i l i e G o u b a n d

A Noite Waterfalls acontece de dois em dois meses, entre a GALERIA ZÉ DOS BOIS (ZDB) e o BAR 49, em Lisboa. Natural de Inglaterra, SYMA TARIQ trouxe na bagagem o ambiente musical que absorveu das venues londrinas e aliou-se a MARGARIDA MENDES, curadora e investigadora da cena cultural lisboeta. Quando começou, em 2013, a Waterfalls não passava de uma simples nigthclub, mas depressa tomou outros contornos, albergando agora instalações artísticas, concertos ao vivo e atmosferas de luz arrebatadoras. Músicos, produtores, DJ’s e artistas têm oportunidade de apresentar o seu trabalho, numa montra que acolhe sonoridades de proveniência

improvável, para além das ambiências sensoriais que proporciona. «Nunca quisemos cingir-nos a um estilo», garantem SYMA e MARGARIDA. Arab folk, tecnho, rap crioulo, colagens de sons tropicais e dubstep, são alguns dos exemplos de que “Every Musicdrop is a Waterfall” para estas promotoras. A programação de Waterfalls é também marcadamente unissexo: «Somos inspiradas pelo trabalho de mulheres incríveis, que muitas vezes permanece oculto e não tem espaço suficiente na indústria musical». W W W.SO U N D C LO U D.C O M / W AT E R F A L L S W AT E R F A L L S

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N oite

T I AG O C A R N EI RO, p r o g r a m a d o r d a s n o i t e s M O D E R N A n o C l u b e Pa s s o s M a n u e l n o Po r t o. Fo t o: M a r i a L o u c e i r o

Moderna

A Noite Moderna nasceu do –e para o– PASSOS MANUEL. Habitué deste espaço desde o final de 2005, altura em que a programação era arriscada e heterogénea, TIAGO CARNEIRO começou a conceber a Moderna especificamente para uma cidade que, a seu ver, «sempre significou evolução e inovação» –o Porto. A estrutura da Noite Moderna foi convencionada desde o seu começo: um programa com dois artistas nacionais e, pelo menos, um convidado internacional, com a condição de que todos eles «têm de fazer sentido juntos nessa noite». Até à data, o PASSOS MANUEL hospedou quatro edições da Moderna – as primeiras três em Abril, Junho e Outubro de

2014 e a mais recente no passado dia 1 de Maio. Na sua seleção, o gerente de programação TIAGO CARNEIRO não se rege por um estilo predominante, assegurando que, até agora, todos os artistas trabalharam «espetros diferentes da música eletrónica». Num espaço onde a clientela habitual se conta pelos dedos, TIAGO CARNEIRO diz já começar a reconhecer as caras que vão ao PASSOS MANUEL propositadamente para a Noite Moderna. W W W. PA S S O S M A N U E L . N E T/

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Entrevist a

Sem papas na língua, e protegida pelo seu alter ego. WASTED RITA, RITA GOMES, é uma jovem designer gráfica que soube usar as armas que tinha ao seu dispor, uma entrada no mundo cybernético, onde destilava os seus pensamentos íntimos, em geral, carregados de um sarcasmo dolorido. Disparava no tumblr ou facebook, e outras redes sociais, em pequenas doses diárias e assim alimentou durante alguns anos um público de fãs crescente que comentavam e partilhavam cada um dos seus posts, em geral, desenhos

elementares e imediatos que tinham por base uma pequena frase, quase sempre em Ingles. WASTED RITA transformou-se num fenómeno internacional, saiu detrás do ecrã e os seus mais recentes projetos passam por uma colaboração com a Converse e uma exposição na Underdogs, galeria de arte urbana em Lisboa. WASTED RITA tal como é, para a PARQ.

Sentes-te uma porta-voz da insatisfação da tua geração? Não. Considero-me uma pessoa demasiado individualista e à-parte-de-generalizações para poder ser a voz de uma geração. O facto de existir tanta proximidade de um público vasto e heterogéneo com o meu trabalho explica-se de duas formas: 1) o ser humano é um bicho, no seu essencial, emocional e interior, muito parecido, básico e previsível; ou 2) o ser humano tem uma capacidade de absorver informação distorcendo-a, de forma a que esta seja mais identificável com o próprio, enorme. Mas muitas das questões que levantas, que passam pela incapacidade de um indivíduo ganhar autonomia e espaço de liberdade num panorama económico adverso, imagino que sejam temas que tocam muita gente. Em que medida a tua geração é um espelho do teu próprio trabalho?

Sim, como disse, o ser humano é, na sua essência, muito parecido. O meu trabalho é extremamente íntimo e auto-biográfico, daí ao abordar temas que me interessam acabo por falar de temas que aproximam o ser humano, no geral. Nem reduziria essa identificabilidade à minha geração, é um bocado redutor, quando o meu trabalho chega a pessoas de todas as idades, culturas, etc. O que é que te mais apaixona no ser humano, ou melhor dizendo, em ti? O que me apaixona no ser humano é o facto de não conseguir sentir qualquer amor pelo mesmo. Relações amor-ódio. Isto faz com que esteja numa constante luta e busca por coisas, sinais, acções, sentimentos que me surpreendam. Tanto em mim com nos outros. É um ciclo vicioso: ter curiosidade, explorar, encontrar, usufruir dos 5 minutos de felicidade, cair na realidade, sofrer um bocado e voltar ao início. Um ciclo vicioso que me mantém acordada.

Texto: Francisco Vaz Fernandes Fotos: Bruno Lopes

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O teu nome tem sido muito mediatizado. Consideras-te agora uma pessoa de sucesso? O meu trabalho já é reconhecido internacionalmente há muitos anos, só agora começou a ser falado em Portugal: bem-vindos!. Mediatismo é uma palavra que me dá um bocado de asco. Sucesso é a consequência natural do trabalho árduo e da paixão pelo que faço. Se me considero uma pessoa de sucesso? sim; mediática? não. O que falta para ser mediático? Até onde queres chegar? Eu não estou interessada no mediatismo. Não acho que ninguém de sucesso chegue onde chega focada na atenção que é dada ao seu trabalho. Eu concentro-me em não perder a adrenalina de emoções que é para mim escrever ou desenhar a confusão interior que me define. Quero continuar fazer o que gosto como gosto. Tentar fugir de rotinas ou prisões criativas. Fazer menos e melhor. O meu trabalho é, acima de tudo, auto-terapia, o facto de ter conseguido fazer do mesmo um modo de vida foi a mais feliz realização pessoal até ao dia. Sei que quero desafios constantes; como foi a minha primeira exposição a solo em Lisboa Human Beings: God’s Only Mistake; como está a ser, neste momento, na Bélgica, participar de forma quase anónima no Beyonderground (um festival de design e ilustração), onde a minha missão é apenas irritar pessoas e pregar partidas pela cidade, em intervenção pública ou interação direta com pessoas envolvidas no mesmo; como irão ser, assim que voltar a Portugal, as minhas primeiras, também, intervenções públicas, em Lisboa, promovidas pela Underdogs10. Continuar a estender suportes para o meu trabalho é um dos objetivos, aumentar a lista de locais por onde deixo a minha marca, e fazer coisas que me deixem nervosa, quase a vomitar de medo. Planos, ideias, vontades, tenho muitas (há toda uma imaginação ambiciosa a funcionar 24h por dia, 7 dias por semana, dentro da minha cabeça) que nunca revelarei antes de começar a executar. Saber exatamente onde quero chegar parece-me um passo certeiro para não chegar a lado nenhum, daí só querer fazer um bom trabalho onde estou de momento. Achas que se estivesses fora de Portugal, num outro contexto cultural, isso ia-te ajudar ou pelo contrário? Poder estar exposta a culturas completamente diferentes é provavelmente a parte mais interessante de estar viva. Se isto me ajudaria? O meu trabalho vive precisamente da mudança, choque emocional, e surpresa. Isto são coisas que acontecem facilmente em contextos culturais diferentes, por isso, acho que iria beneficiar o meu

processo criativo. Aliás, a dependência de ambientes diferentes já me fez viver em mais de três países diferentes num ano, e viver em mais de 10 casas diferentes, em Portugal, e fora no ano passado. Consegui estabelecer-me em Lisboa nos últimos seis meses porque todos os meses estive fora. Podes dizer que também tu tens rotinas e um dia típico de trabalho como o resto dos mortais? Desde pequena que tenho uma relação muito difícil com rotina. Fui criada num ambiente familiar muito seguro, previsível e certeiro. As semanas

eram todas iguais, os domingos sempre os dias mais depressivos e nunca me expus a grandes estímulos ou coisas que saíssem da minha bolha anti-social de conforto e medo. Começar a trabalhar como a WASTED RITA foi a maior transformação da minha vida. Neste momento não tenho qualquer tipo de rotina de trabalho, nem tão pouco existe dia típico: nas últimas duas semanas, estive em três países diferentes, em situações completamente distintas, a trabalhar para clientes que vão desde revistas infantis francesas, e marcas de perfume independentes,

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à CONVERSE. A minha vida profissional está em constante mudança e torna-se caótica ao ponto de ser impossível de tratar de tudo sozinha. É claro que este caos também se torna a própria rotina. Não acho que o ser humano seja capaz de sobreviver sem rotinas. Mesmo que a nível profissional não consiga manter um padrão, o bicho-ser-humano em mim está sempre à procura de rotinas alternativas –por exemplo, emocionais. Ou ouvir a mesma playlist todos os dias. Ou passar a noite com os flatmates no sofá só porque é reconfortante. É importante este sentimento de segurança. Se não o tens no ambiente profissional, a tendência, suponho quase que técnica de sobrevivência, é procurar em todo o resto. Imagino que fazer menos e melhor, a que te referias, possa ser um dilema para quem aparentemente tem um traço rápido e um comentário imediato. Pelo menos assim me parecia quando te seguia nas redes sociais. Como lidas com os impulsos criativos? É precisamente isso. O meu trabalho tem uma falta de processo muito reativa e espontânea. E a juntar a isto ao impulso de imediatamente após a sua criação partilhar nas redes sociais. Quando digo que quero fazer menos e melhor estou a falar em controlar este impulso de partilha, limitar e selecionar melhor o que aparece diariamente para poder, por exemplo, apresentar em exposições como séries alongadas. Não é fazer menos, porque eu nunca vou limitar a minha espontaneidade, é selecionar aquilo que mostro e como mostro. Esta necessidade emocional e ingénua que tenho de fazer do muito trabalho que crio público fá-lo parecer leviano e fácil para o público no geral. Quero mantê-lo mais seguro e seleto. O que é que te dá mais gozo fazer e qual dos dois achas que comunica melhor o teu estado de espírito: os statements ou os desenhos? Claramente prefiro a escrita. O desenho foi, ao longo do meu percurso, perdendo importância. Uso apenas quando é necessário para complementar ou clarificar a mensagem que quero passar. Quando me apercebi, no meu trabalho, que o desenho tinha, por vezes, apenas a utilidade, para mim inútil, de enfeitar visualmente, comecei a perder vontade de o fazer. Se não é necessário, não o quero. O sarcasmo é o teu porto seguro/ manto de invisibilidade? O meu porto seguro, sim. É a minha estratégia de defesa, suponho, para poder ser sincera num

mundo que não admite assim tanta honestidade. Manto de invisibilidade? Acho que o sarcasmo só quer é atenção e consegue todos os holofotes apontados para ele. Quer dizer: o meu sarcasmo é normalmente rude; e normalmente mal interpretado; e usado para dizer verdades que magoam. Não me parece que isso me torne invisível, a não ser que as pessoas se sintam tão incomodadas que me queiram apagar da memória. No teu dia a dia com os teus amigos também és sarcástica? Fico sempre surpreendida que me digam que sou sarcástica. Mas dizem-me, quase diariamente, coisas como "o teu nível de sarcasmo é tão avançado que eu já nem percebo se é sarcasmo ou não". Acho que o faço de forma muito natural para tentar parecer menos desinteressada, na esperança de confundir as pessoas. Pelos vistos, faço-o com distinção. Nunca te disseram, num momento mais privado, “Está na hora de deixar a Wasted Rita lá fora!”? Não. A WASTED RITA é muito desejada, pouco conseguida.

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Fotografia MATILDE TRAVASSOS Styling TIAGO FERREIRA Hair & M-U SANDRA ALVES Model MICHAELA BEDNÁROVA @ Just Models


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blus達o DIESEL bikini PAPUA cinto 39A CONCEPT

bikini + saia H&M colar MARC by MARC JACOBS sabrinas MELISSA

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vestido MANOUSH mala LACOSTE


casaco ADIDAS ORIGINALS mala LOUIS VUITTON



vestido H&M sapato FLY LONDON <

polo FRED PERRY

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vestido H&M

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crop top ADIDAS ORIGINALS jeans MANOUSH


Fotografia CELSO COLAÇO Styling TIAGO FERREIRA Hair & M-U SANDRA ALVES Model FREDERICO VENTURA @ Just Models

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casaco DIESEL

camisola + calรงas DIESEL



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casaco LEVI'S calรงas H&M

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casaco FRED PERRY


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polo FRED PERRY calรงas DIESEL

casaco FRED PERRY calรงas DIESEL sandรกlias BIRKENSTOCK

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Sneak Peek Espiga

Para quem chega ao Jardim do Carregal depressa se apercebe de um novo espaço de arquitetura depurada e um decoração cuidada proporcionando, construida a partir de peças vintage com o objectivo de proporcionar um ambiente “cozy”. Chama-se ESPIGA e a Inês Viseu e o Hugo Moura querem que seja um espaço multidisciplinar que tanto pode ser visto como um café, restaurante ou galeria de arte. Os espaços estão bem definidos e a sala da frente convida-nos para um café ou uma bebida ligeira, mas conforme nos vamos aprofundando no seu interior apercebemo-nos de algumas mutações. Um conjunto de fotos, fazem-nos adivinhar que as paredes do corredor são naturalmente uma galeria de arte que vai ter uma programação regular. Se avançarmos chegamos a uma verdadeira sala de família e onde obviamente se almoça. Encontramos no ESPIGA sumos naturais feitos com fruta da época, a sangria e iogurtes caseiros e podem ser acompanhados com crumble ou chocolate quente. Têm ainda vários tipos de bruschettas e saladas, tudo dentro de um imaginário de uma cozinha casual, simples mas verdadeira.

Eduarda Jotta, como muitas mulheres, tem uma grande paixão por sapatos e quando pensou que estava na hora de lançar um negócio próprio, percebeu que o melhor seria dedicar-se à criação de uma escolha dirigida a um público selecionado. Encontrou um espaço que foi primorosamente decorado e trouxe para o Chiado marcas femininas e masculinas que não se encontravam no mercado nacional, mas que são grandes referências no mercado premium. Nesta loja, podemos encontrar sneakers da GIENCHI que se tornaram populares pelo revestimento de tachas e que são uma presença nas melhores lojas do mundo. Já não tão pop, a LAST CONSPIRANCY oferece um sapato produzido à mão, mas que tem por detrás um estúdio de design dinamarquês que assegura inovação, em termos da aplicação, e tratamento de materiais sempre dentro de um universo artesanal contemporâneo. De destacar ainda FREE LANCE e JEAN-BAPTISTE RAUTERAU, marcas de luxo que tanto produzem o stiletto chic, como confortáveis derbies de cores fluorescentes, essenciais para uma imagem cool. Este é o primeiro grande passo, a que a SNEAK PEEK vai juntar, de futuro, outras marcas e linhas de acessórios.

Rua Clemente Menéres, 65 A, Porto Texto: Maria São Miguel

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Rua Ivens, 8 Chiado, Lisboa Texto: Francisco Vaz Fernandes Foto: Luísa Ferreira


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Two.Six

Um design pensado, ref letido e debatido É provável que o nome Two.Six não nos seja de todo familiar. Embora já exista há cerca de três anos, esta editora de design portuguesa nasceu com um pensamento dirigido para o mercado internacional –já que por cá a coisa não estava famosa. A ambição era –e continua a ser– clara: repensar o design e a forma como este alimenta a cultura contemporânea. E isso passa por criar pontes com designers de todo o mundo, numa lógica de estabelecimento de embaixadas da marca. Contrariamente ao habitual paradigma, o crescimento da Two. Six foi feito de fora para dentro, graças aos esforços no sentido de promover os seus produtos em feiras e eventos internacionais. Depois de conquistar o seu espaço e reconhecimento lá

fora, a editora começa agora a abrir portas ao design nacional. Dividida em dois segmentos –Two.Six Design e Two.Six for Kids–, a Two.Six abraça um

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design de linhas simples, privilegiando a funcionalidade e a alta qualidade, com especial foco na cor e na forma. Para além dos acabamentos inteligentes e da riqueza estética, o portefólio da Two.Six prima pela versatilidade dos objetos, que coabitam em ambientes ecléticos. A produção de mobiliário é ainda marcada por uma seleção de materiais e técnicas criteriosa, especialmente alicerçada em preocupações de teor ambiental. A utilização de óleos e ceras naturais e de matérias-primas renováveis garante um produto sustentável e inofensivo para a saúde. W W W.T WOSIX.PT Texto: Rui Lino Ramalho


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Ink&Wheels Aqui, o nome explica tudo. A paixão de Mariza por pintar o corpo casou-se com o amor de Marco pelas motas clássicas, e juntos abriram as portas de um espaço diferente no coração de Lisboa –INK & WHEELS. De um lado, Mariza promete boa disposição e um sorriso de lábios vermelhos, enquanto procura ideias para novas tatuagens nos seus decalques que decoram as paredes. Tatuadora há seis anos, veste a personagem de uma jovem dócil dos

anos 50 em estilo, e de uma talentosa artista, com um toque old school, de máquina de tatuar em punho! Inspira-se em outros artistas como QUYEN DINH e SAILOR JERRY, e convida qualquer pessoa, de qualquer idade, a ser tatuada por ela. Do outro lado, Marco, na sua camisa havaiana e cabelo abrilhantado, convive com quadros de STEVE MCQUEEN e pisca o olho aos exemplares motorizados que expõe “dentro de casa”. É representante

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da MASH, uma marca de motas neo-clássicas inspiradas nos modelos da década de 70, e faz parte da Moustache Sardine, uma comunidade de amantes de motas, com uma atitude rock´n´roll! A INK & WHEELS chegou para tatuar Lisboa com estilo e pô-la a andar de mota! Av. Oscar Monteiro Torres 6A, Lisboa Texto: Joana Teixeira


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Underdogs Public Ar t Tour

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Um passeio pela tela que é Lisboa 15:00h, Sábado, 16 de maio, Lisboa. Ponto de encontro: Hotel Ritz. Quem nos recebe é a simpática MARINA REI, para nos levar a turistar –artisticamente falando– pela capital. Trata-se da Public Art Tour, organizada pela UNDERDOGS GALLERY. Afinal, Lisboa tem ainda mais encanto do que aquele que a azáfama das nossas vidas nos deixa perceber. Já dizia o mestre: «Se podes olhar, vê; Se podes ver, repara.» Nota: A narração será feita segundo o modelo infantil. Primeiro, torneámos a Hall of Fame das Amoreiras (sim, isto existe), qual exposição itinerante da street art portuguesa desde a década de 80, altura em que as paredes eram livros de reclamações. Depois, encostámos na Fontes Pereira de Melo para conhecer o Projeto Crono, d’OS GEMEOS. Depois, saudámos o mais recente e gigantesco mural de Lisboa –Crossroads, do polaco SAINER. Depois, vimos o urbanismo caótico de CLEMENS BEHR e o Pedro Álvares Cabral sem-abrigo de NUNCA. Depois, juntinho à Gare do Oriente, foi a vez da cultura pop americana de CYRCLE e do surrealismo robótico de PIXELPANCHO. E depois, ficámos atónitos perante o mural azulejado e azulado de OLIVIER. E depois, em pleno terminal de cruzeiros, fizemos a vénia à collab entre PIXELPANCHO e VHILS, a parede mais melhor boa de todas. E depois, Alcântara trouxe-nos o lado mais escultural de VHILS e o ultimato labiríntico de HOW & NOSM. E depois, fomos felizes para sempre ao cortar a meta no Mercado da Ribeira. Há quem queira doar o corpo à Ciência. Graças a plataformas como a UNDERDOGS, há outros que querem doar a parede à Arte.

O Pe dinte , © N U N C A 2 014. f o t o: J o s é V i c e nt e Ru a d o Va l e Fo r m o s o d e C i m a , M a r v i l a

© B I CI C L E TA S E M FR EI O 2 014. f o t o: Ru i G a i o l a C l u b e N ava l d e L i s b o a , C a i s d o S o d r é

UNDERDOGS GALLERY Rua Fernando Palha, Armazém 56, Lisboa UNDERDOGS ART STORE TimeOut Mercado da Ribeira, Cais do Sodré, Lisboa W W W.U N D ER- D O G S. N E T

© H O W& N O S M 2 013 . f o t o: A l ex a n d e r S i l va Ave n i d a d a Í n d i a , A l c â nt a r a

Texto: Rui Lino Ramalho

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Zé Rober t son o bar tender que “ bot a ‑ abaixo”

Aviso prévio: leia com moderação, para não ser apanhado com excesso de palavras no sangue. Vamos dar-lhe a provar o Bottoms Up, um cocktail à base de bourbon. É servido numa caneca de metal, repleta de gelo picado, a partir da garrafa reciclada de uma mini. Gostou? ZÉ ROBERTSON, o seu autor, é bartender há cerca de seis anos. Ele prefere chamar-lhe «apanhar bebedeiras com estilo». Uns trocos para ir de férias. Foi a razão que levou ZÉ ROBERTSON, de 28 anos, a responder a um anúncio na internet para um trabalho de serviço de mesa no bar CINCO LOUNGE, em Lisboa (nada em que os estudos de Marketing lhe pudessem ser muito úteis). Não levou muito tempo para que, de garçon, passasse a exercer funções de barman. Passaram-se seis anos desde então e garante-nos que já não se imagina a trabalhar noutra área. No CINCO LOUNGE, ZÉ ROBERTSON

trabalha sob a chancela de DAVE PALETHORPE, o experiente barman de cocktails britânico, responsável pela abertura do bar, em 2004. Foi com ele que aprendeu tudo o que sabe sobre o ofício. Em Janeiro deste ano, ZÉ ROBERTSON decidiu pôr à prova as suas qualidades de criador de bebidas. O Bottoms Up foi a proposta que apresentou na primeira ronda do World Class, o evento de mixologia mais prestigiado do mundo, que conta, pela primeira vez, com participação portuguesa. «A ideia do “Bottoms Up” era incutir às pessoas o espírito de beber na rua que nós sempre tivemos, e que tanto é moda ainda no Bairro Alto», explica o bartender. Precisamente por ser uma bebida urbana, foi altamente recomendada pelo próprio à PARQ.

Embora não tenha sido um dos três selecionados para passar à final nacional, ZÉ ROBERTSON já está a preparar uma nova bebida para tentar a sua sorte na segunda eliminatória, donde sairão mais três finalistas. Desta vez, o desafio é outro: «Pedem-nos uma bebida de Verão. Logo, tem de ser uma bebida mais frutada. Como é um desafio com espíritos brancos, a minha preferência recaíu sobre a tequila». ZÉ ROBERTSON elege o gelo, o sumo de limão e o xarope de açucar como três ingredientes fundamentais para a concepção de um cocktail de frutas. E o ideal mesmo é que a matéria prima seja caseira. Mas lembra que a preparação da bebida não é o único fator que determina a sua qualidade. É preciso esmerar e divertir no que toca à apresentação. É preciso saber vender. E até atribui uma pequena percentagem à forma como o cocktail é consumido pelo cliente. W W W.CI N C O LO U N G E .C O M Texto: Rui Lino Ramalho

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