Filipa:
casaco + blusa + vestido MORECCO
Pedro: casaco PEDRO PEDRO, camisola FRED PERRY
PARQ: Revista de tendências de distribuição gratuita.
Textos
Rui Miguel Abreu
Rua Quirino da Fonseca, 25 – 2oesq. 1000-251 Lisboa
Bráulio Amado
Sara Madeira
Assinatura anual: 12 euros
Carla Carbone
Sara Silva
Carlos Alberto Oliveira
Tiago Loureiro
Filipa Henriques
Tiago Mesquita Carvalho
Director: Francisco Vaz Fernandes (francisco@parqmag.com)
Editor: Francisco Vaz Fernandes (francisco@parqmag.com)
Francisco Vaz Fernandes Fernando Ramalho
Fotos
Henry Sequeira
Andy Dyo
Joana Teixeira
Italiano Lisboeta
Periocidade: Bimestral
João Prudêncio
Maria Rita
Depósito legal: 272758/08
Liliana Pedro
Registo ERC: 125392
Luís Sereno
Styling
Edição: Conforto Moderno Uni, Lda.
Marcelo Marcelo
Sérgio Onze
NIF: 508 399 289
Maria São Miguel
Tiago Ferreira
Propriedade: Conforto Moderno Uni, Lda.
Roger Winstanley
Coordenação de Moda: Tiago Ferreira Design: Valdemar Lamego (www.k-u-n-g.com)
Rua Quirino da Fonseca, 25 – 2oesq. 1000—251 Lisboa Telef: 00351 218 473 379 Impressão: Eurodois. R. Santo António 30, 2725 Sintra 12.000 exemplares Distribuição: Conforto Moderno Uni, Lda. facebook
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Editorial: 10 Anos Antes de mais, parabéns a nós —a todos aqueles que de alguma forma estiveram envolvidos na PARQ. Aqueles colaboradores que estão desde o primeiro número, aqueles que apareceram pontualmente porque gostam do projeto. Parabéns áqueles que nos enviaram mensagens de estímulo, aqueles que anonimamente recolhem a revista do seu local habitual, a leem, a comentam e guardam como objeto de culto. É por eles que continuamos; é pelo interesse com que um coletivo de criativos nos procura para dar o melhor de si, que continuamos. 2018 será um ano comemorativo, em que procuramos criar um retrato da nossa década. Por isso, convidámos os nossos colaboradores e alguns convidados a escreverem sobre a nossa década a partir do seu ponto de vista. É um modelo que se vai repetir. Nesta edição, Rui Miguel Abreu escreve sobre a importância da herança hip-hop na música da década; Carla Carbone revisita designers e projetos de design que marcaram a década; Marta Rebelo menciona os temas revolucionários que marcam a moda hoje e que se afirmaram ao longo dos últimos 10 anos. Joana Teixeira, com o testemunho de algumas mulheres que marcam a nossa geração, revela que o “tema Mulher” continua a marcar a sociedade da nossa década. Fazemos ainda um flash back que procura homenagear todos os que marcaram a PARQ. É bom fazer 10 anos. Obrigado a todos.
camisa MORECCO
Francisco Vaz Fernandes
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MARÇO 2018
casaco MORECCO
FILIPA AREOSA e PEDRO SOUSA fotografados por ANDY DYO styling: RÚBEN OSÓRIO make-up & hair: ANDY DYO
You Must 08
Ricardo Passaporte
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John Ed Vera
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Beth Katleman
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Central Parq
26 PARQ: A nossa década 2008—2018
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Música:
34
Moda:
36
Design:
40
Sociedade:
A década de todos os prodígios
Urban Riders
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Vanessa Barragão
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Festival Tremor
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U.S. Girls
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Breves para a primavera
A moda é o futuro
Na era do tudo é design
Nós as mulheres
Fashion ed. 20
Alta Roma
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Madrid me mata
24 Autênticas Air Knit Nova Palladium 25 Beleza
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MARÇO 2018
44 Samoo 54 Society_ Organized Chaos
Parq Here
64 Bae 65 OBG 66 Collectors
RICARDO PAS SAPORTE texto por Sara Silva
http://www. ricardopassaporte.com/
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Nascido em Lisboa, RICARDO iniciou o seu percurso académico na capital portuguesa, passando mais tarde pela Universidade da Beira Interior. Design de Moda foi o curso escolhido, mas, segundo RICARDO, foi uma opção considerada “como uma birra” para não ter de estudar Pintura, que é atualmente a sua prática. Chegou à conclusão de que a Pintura seria o que queria fazer da vida. Porém, não quis prosseguir estudos por acreditar que o sistema de ensino não iria acrescentar nada à sua formação, sendo que começou a estudar em casa. As técnicas de preferência utilizadas no seu processo de criação são o aerógrafo, o spray e acrílico. Mas, não se fica por aqui. RICARDO está sempre disposto a desenvolver outras potencialidade que permitam refletir a desunião da pintura e escultura e focar-se no método de forte expressão gestual. É conhecido por ser um artista que valoriza a tentativa do inesperado e pelas referências que faz a supermercados, como é o caso das obras alusivas ao hipermercado LIDL. Contudo, explica, hoje em dia olha para essas referências “como se fosse uma planta ou uma temática que se tenha tornado banal”, por YOU MUST SEE
achar que atualmente “pegar nessas marcas e logos está a tornar-se uma cena”. RICARDO, diz também, não pretende transmitir nenhuma mensagem em particular. O objetivo é criar reações naqueles que veem e apreciam as suas obras que, no fundo, se tratam de investigações não-objetivas. De momento, RICARDO faz parte de duas exposições coletivas, uma em Nova Iorque, na Galeria Pablo’s Birthday, e outra na Workbench International em Milão. Futuramente, irá ser elemento de uma coletiva no Vestjyllands Kunstpavillon em Berlim e também na Galeria Ruttkowski68. Duas exposições individuais programadas seguir-se-ão —uma na Galeria Eduardo Secci em Florença e outra na Hawaii Lisbon, na Parede. Com um enorme reconhecimento internacional e uma agenda bastante preenchida, o artista sente-se muito orgulhoso do caminho que percorreu até ao momento. Contudo, lembra que as suas maiores e melhores conquistas ocorreram lá fora e não no seu país de origem, o que o leva a confidenciar-nos que o seu trabalho é quase inexistente em Portugal. Não por opção própria, mas sim porque nunca lhe foi dada a oportunidade de expor individualmente “em casa”.
Fred Perry Authentic Stores: NorteShopping, Matosinhos/Porto Arrábida Shopping, V. N. Gaia El Corte Inglés, Gaia/Porto Lisboa Baixa - Rua do Ouro, 234 El Corte Inglés, Lisboa
FREDPERRY.COM
JOHN ED DE VER A texto por Joana Teixeira
JOHN ED DE VER A é um designer Filipino com uma paixão pelo papel. A sua arte é um origami moderno construído através do recorte de papel de várias cores para montar personagens reais e fictícias da cultura pop. De Lady Gaga a Donald Trump, o desginer constrói vários retratos em papel com a minúcia de um escultor no detalhe dos traços faciais —dos lábios carregados às sobrancelhas com personalidade, passando pelos movimentos do cabelo.
Dizem as más línguas que as artes manuais são só para crianças, mas a multidisciplinaridade de JOHN desmistifica esta ideia. O designer explora o recorte do papel, elevando-o ao nível da arte contemporânea. A filosofia criativa de JOHN leva-o a procurar incessantemente novas formas de inovar a sua arte, torcendo os dogmas clássicos, enquanto empurra o new media para o espetro da arte moderna.
http:// johned.co/
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YOU MUST SEE
A r ca d i a , 20 1 7
BETH K ATLEMAN texto por Joana Teixeira foto por Alan Wiener
BE TH K ATLEMAN é uma escultora que distorce os dogmas da cerâmica do século XVIII a seu belo prazer. A artista Americana cria instalações com múltiplas peças em branco, com inspiração rococó. Mas, o que à primeira vista pode parecer uma mera escultura inocentemente ornamentada por elementos da natureza, revela‑se de perto um universo bizarro, habitado por pequenas criaturas que escondem mensagens subliminares. As suas esculturas parecem peças românticas, dignas de decorar os luxuosos aposentos
http://www. bethkatleman.com/
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YOU MUST SEE
de Maria Antonieta; mas um olhar microscópico revela personagens estranhas com comportamentos obscuros. As esculturas de parede 3D de K ATLEMAN têm um toque kitsch e uma finalização à la século XXI —crianças com braços feitos de ramos; crianças a afogarem-se em lagos; crianças em guerras de espadas... Entre cenários orgânicos de fauna e flora, K ATLEMAN assassina o romance da escultura clássica com a obscuridade do sórdido detalhe. O essencial é quase invisível aos olhos.
URBAN RIDERS texto por Francisco Vaz Fernandes foto por Blaise Adilon
http://www. mohamedbourouissa.com
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Num tempo em que América profunda parece ter votado na reconstrução original do tempo em que os pioneiros brancos conquistavam as vastas pradarias de um território virgem, é de evocar o trabalho do jovem artista MOHAMED BOUROUISSA , que contrapõem o registo de uma comunidade de cowboys negros de Filadélfia, a esta promessa idealizada do sonho americano. O artista Franco-Argelino, que ficou conhecido por uma documentário — Horse Day — desenvolvido durante os oito meses em que esteve numa residência artística em Filadélfia, evoca uma outra realidade onde impera uma sociedade com múltiplas origens e referências em profundo processo de hibridização. Em Horse Day, um vídeo de 20 minutos de carácter documental, o artista retrata o seu encontro com uma comunidade de afro‑americanos que criaram estábulos comunitários para cavalos de corrida em fim de carreira que ali encontram o seu último refúgio. Excluídos, tal como os jovens empenhados em tratar dos estábulos, no seu conjunto criam um microcosmo que é um escape à sua realidade mais próxima. Na linguagem atmosférica de MOHAMED BOUROUISSA , YOU MUST SEE
são a matéria de uma insólita visão que observa o cowboy negro à conquista dos seus espaços virgens nas margens de uma cidade caótica. No que parece ser pura ficção cinematográfica, o artista aborda as questões recorrentes de apropriação, de poder e de transgressão territorial.
Horse Day já foi apresentado em
grandes instituições culturais como Stedelijk Museum, em Amesterdão, e na Barnes Foundation, em Filadélfia, ao lado de esboços, aguarelas e fotografias que ajudam a relatar a relação desenvolvida com essa comunidade. Algumas das imagens do vídeo foram impressas em partes de carroçaria automóvel, como já vai sendo hábito nos projetos deste artista que cria nas suas apresentações um ambiente de desagregação. A exposição circula agora pelo Musée d'Art Moderne, em Paris, e terá uma versão alargada onde se juntam as suas primeiras séries fotográficas: "Périphérie" (2005–2008) e "Temps mort" (2008), que evidenciam igualmente princípios básicos do seu trabalho artístico, realizado a partir da observação da sociedade através das suas margens e das suas atividades coletivas, enfatizando sempre a dimensão humana desse universo.
VANES SA BARR AGÃO entrevista por Liliana Pedro
http://etsy.com/shop/ VanessaBarragao
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Apaixonada por corais, é nos ecossistemas marítimos que VANESSA BARR AGÃO procura inspiração para a criação dos seus produtos. A artista têxtil, a viver no Porto, põe em prática a reutilização de materiais têxteis
e a utilização e preservação de técnicas artesanais caídas em desuso devido à massificação da produção industrial. Com mais de 18 mil seguidores no Instagram (@vanessabarragao_work ), é uma nova aposta da indústria têxtil nacional.
P: Como é que nasceu a vocação pelo trabalho têxtil? VB: Desde muito pequena que sempre adorei tecidos e linhas. Ver a minha mãe e avós fazerem crochê, costura e arraiolos, talvez tenha feito crescer em mim esta vontade e paixão pelos têxteis e trabalhos artesanais. Neste momento produzo tapeçarias de parede, feitas a partir de variadas técnicas artesanais, e tapetes, produzidos na técnica de tufado manual. P: Qual a importância para o seu trabalho da inspiração nos ecossistemas marítimos? VB: Eu amo o mar, e os corais foram das coisas mais impressionantes e emocionantes que vi até hoje. O oceano absorve cerca de 95% de toda a poluição presente na atmosfera, o que proporciona o aquecimento do mesmo. Os corais são animais muito sensíveis e o aumento da temperatura das águas faz com que eles percam as suas cores, ou seja, causa a sua morte. O meu trabalho foca-se essencialmente neste problema. Reciclar, reutilizar, tentar poluir o mínimo possível, é o que procuro todos os dias, e é essa a mensagem que procuro transmitir. Os corais não são só bonitos, são muito mais para além disso e nós dependemos deles. P: Que materiais utiliza para a confeção dos seus produtos? VB: Tanto as tapeçarias como os tapetes são produzidos a partir de materiais reciclados, nomeadamente, lã, algodão e seda botânica. Todos os materiais são conseguidos a partir de desperdícios e de fins de stock de fábricas têxteis. É importante dar vida ao que supostamente seria considerado lixo. Este é o lema do meu trabalho. P: Cada vez mais as redes sociais são uma poderosa ferramenta para a divulgação de marcas e produtos. Qual a sua opinião sobre esta realidade? VB: Concordo completamente. As redes sociais são, sem dúvida, uma porta para o mundo. São, a meu ver, uma ferramenta indispensável no que toca à divulgação de artistas. Espero continuar a crescer como nestes últimos dois anos. E, claro, conseguir chegar a mais mercados. P: Se pudesse descrever os seus produtos em 3 palavras, quais seriam? VB: Sustentável, artesanal, sensibilizante. YOU MUST SEE
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Parceiro de media
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FESTIVAL TREMOR texto por Liliana Pedro foto por Marie Lin
Depois do sucesso das últimas quatro edições, o festival TREMOR regressa aos Açores. Entre os dias 20 e 24 de Março, São Miguel volta a receber aquele que é o festival que relaciona música, paisagem e criação artística. Com uma programação composta por mais de 120 artistas oriundos das áreas da música, do cinema e da fotografia, TREMOR tem o fiel compromisso de promover, junto dos festivaleiros, a exploração da ilha. Segundo a organização, há para descobrir concertos-surpresa
http://www. tremor-pdl.com
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YOU MUST LISTEN
em locais inesperados, trilhos pela natureza sonorizados por músicas criadas para o efeito, residências artísticas com a comunidade local, trabalhos artísticos de inclusão feitos em Rabo de Peixe, entre outras atividades paralelas. Durante quatro dias, são mais de 40 concertos que vão fazer tremer a ilha dos Açores. DE AD COMBO, SHEER MAG, MYKKI BL ANCO, LIIMA e THE PARKINSON são algumas das atrações do festival. Os bilhetes têm o valor de 35 euros e podem ser adquiridos em
www.tremor.ticketabc.com
Pop-up store Pavilhão Carlos Lopes 9 Março, 6ªfeira: 16h-21h 10, 11 Março, Sáb e Dom: 14h-21h Aberto ao público Free entrance
#modalisboa #lisboafashionweek #wonderroom
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O POEMA DE U.S . GIRLS texto por Carlos Alberto Oliveira
Decididamente MEG REMY a.k.a. U.S. GIRLS conseguiu consolidar um percurso musical consistente e ascendente. O seu novo trabalho, A Poem Unlimited, utiliza mais uma vez histórias femininas como centro da sua inspiração e quebra fronteiras na forma como as apresenta, nem sempre utilizando eufemismos em matérias difíceis de abordar. Após a edição do seu último disco, Half Free, em 2015, a artista manifestou o desejo de criar um álbum mais direto, cínico e sem rodeios. E ao sexto trabalho de originais concebe um caldeirão de referências que vão desde o jazz, o funk, a velha escola do hip hop, ao disco, graças à colaboração com o coletivo instrumental THE COSMIC R ANGE, do qual o seu marido faz parte. A sua escrita tornou-se ainda mais afiada e aglutinadora abrindo espaço certamente para a sua voz explorar tonalidades mais teatralizadas, não sendo de estranhar a proximidade a Kate Bush em alguns momentos, sobretudo em “L-Over”.
Evidentemente que ao quebrar a palavra Lover está a advogar que a canção retrata um amor que acabou. O tema de abertura do disco, “Velvet 4 Sale”, denuncia desde logo que a artista encara uma dolorosa realidade, como bem demonstrado nas primeiras frases de um poderoso discurso em que relata a insegurança com que vive uma mulher vítima de violência doméstica (“You’ve been sleeping with one eye open because he always could come back, you know”). Pode-se considerar que A Poem Unlimited é um poderoso álbum
de protesto feminista moderno, promovendo a raiva e a angústia, outrora silenciosa, que muitas mulheres na nossa sociedade são obrigadas a suportar. Como um poema sem fim, este disco perspetiva emoções pessoais e dolorosas dando-lhes a densidade e profundidade merecidas. Agora que temas como o assédio sexual estão na ordem do dia, este álbum torna-se uma peça fundamental na história contemporânea.
http:// yousgirls.blogspot.co.uk/
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YOU MUST LISTEN
BREVES PAR A A PRIMAVER A texto por Carlos Alberto Oliveira
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Nada como escancarar as janelas para a nova temporada de discos que aí vem. É Primavera e os dias vão preguiçosamente crescendo e nós vamos despertando para as festividades que se avizinham. A quebrar um silêncio desde 2013, os WOODEN SHJIPS 1 apresentam o seu quinto álbum V que sai a 28 de Maio via Thrill Jockey. Já conhecemos o single “Staring At The Sun” que deixou as expetativas nos píncaros. Quem também vai avançar com o seu quinto álbum é a banda W YE OAK com The Louder I Call, The Faster It Runs , sucessor do seu muito bem‑sucedido Tween de 2016. A banda já deu a conhecer o tema‑título do disco e a data apontada para a sua edição é 6 de Abril. Os A PL ACE TO BURY STR ANGERS já têm sucessor para o seu muito bem aceite álbum de 2015 Transfixiation que se chama Pinned, e já apresentaram o seu novo single “Never Coming Back.” O álbum sai a 13 de Abril.
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Também sai a 6 de Abril o terceiro álbum de AIR WAVES 2 intitulado Warrior e será editado com a chancela da Western Vinyl. A artista já deu a conhecer o primeiro single “Morro Bay”, com uma narrativa que evoca Graceland de Paul Simon.
JONES, ZOL A BLOOD, AUSTR A , NATHAN NICHOLSON, CL AP YOUR HANDS SAY YE AH e MAT T SIMONS. O seu segundo registo de material original conta com data de lançamento a 8 de Junho. Já é conhecido o single —“In The Night feat. Ben Duffy”. O álbum de estreia do produtor escocês KYLE MOLLESON — conhecido também como MAKENESS 4 — Loud Patterns , vai sair a 6 de Abril. O artista já divulgou o single “Stepping Out Of Sync”, que sucede a “Day Old Death”. Os Nova Zelandeses UNKNOWN MORTAL ORCHESTR A 5 vão lançar o seu novo álbum Sex & Food também a 6 de Abril via Jagjaguwar. “American Guilt” é o primeiro avanço e descortina um pouco do que podemos esperar. Os BE ACH HOUSE 6 divulgaram uma nova música chamada “Lemon Glow”, retirada daquele que será o seu novo álbum, mas que até à data do fecho da edição ainda não tem título. A banda divulgou esta música via Instagram e informou que o disco sairá ainda esta Primavera.
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O álbum Black Moon Spell de KING TUFF, lançado em 2012, já tem sucessor com o novo álbum The Other, que sai a 13 de Abril via Sub Pop. Até à data, já foram divulgados os singles "Psycho Star" e “The Other”.
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Os ex-VIE T CONG, PREOCCUPATIONS, estão de volta com um disco novo, New Material, que será lançado a 23 de Março pela Jagjaguwar. Como cartões-de-visita do seu novo material, a banda já partilhou os temas “Espionage” e “Antidote”, prometendo um grande novo disco. A cantora ELE ANOR FRIEDBERGER 3 apresentou recentemente o seu novo single "In Between Stars", retirado daquele que será o seu novo e quarto disco de estúdio a solo, Rebound, que sai a 4 de Maio. O misterioso DJ de máscara,de seu nome CL AP TONE, revelou o alinhamento do seu novo álbum com colaborações de KELE OKEREKE, BL AENAVON, TENDER,
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YOU MUST LISTEN
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ALTA ROMA texto por Francisco Vaz Fernandes fotos por Luca Sorrentino (Portugal Fashion)
O Portugal Fashion , na sua missão de internacionalização do design de moda nacional, levou três jovens designers portugueses a Roma, onde integraram o Hub da Alta Roma . INÊS TORCATO, NYCOLE e DAVID CATAL ÁN integram habitualmente o calendário de desfiles do Bloom , uma plataforma orientada para os criadores que estão a dar os primeiros passos. O Hub Alta Roma é um espaço congénere, já que a descoberta
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DAVID CATAL ÁN 4,5
DAVID CATAL ÁN, de origem espanhola e com coleções apresentadas na Ego, na Madrid Fashion Week , escolheu o Porto como sua cidade de residência e a partir daí tem sido visto regularmente na plataforma Bloom do Portugal Fashion . Já habituado a circuitos internacionais dos quais destacamos a recente participação no The Latest Fashion Buzz, no âmbito do Pitti Uomo 92, em Roma, apresentou uma coleção que remete para memórias da sua
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de jovens criadores italianos selecionados no concurso “Who Is On Next?” é a sua principal missão. Contudo, partindo da colaboração com a Vogue Italia, o Hub capta igualmente criadores internacionais considerados emergentes e incentiva outras instituições estrangeiras a trazerem os seus novos valores, proporcinando três dias de um ambiente criativo e promocional que justifica uma presença nacional.
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infância, nomeadamente o tempo em que era escuteiro. A coleção mergulha no universo das fardas masculinas, que são trazidas para um ambiente mais descontraído do streetwear. Algumas mensagens da moral da época que marcaram a sua geração são passadas subliminarmente nos patches , assim como junto às bainhas das calças. Com menos cor do que é habitual, esta é uma coleção que vive dos detalhes, para além das opções formais de cada peça.
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YOU MUST WEAR
NYCOLE 1,2,3
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INÊS TORCATO 6,7,8
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NYCOLE é uma marca de vestuário masculino fundada por TÂNIA NICOLE, que deu os primeiros passos no Sangue Novo promovido pela ModaLisboa , tendo então ganho o prémio FashionClash que a levou a apresentar a coleção em Maastrich, na Holanda. Atualmente, as suas coleções são apresentadas na plataforma Bloom do Portugal Fashion em Roma, e é nesse âmbito que ocorre a sua segunda apresentação internacional onde trouxe uma coleção inspirada no músico inglês KING KRULE. Interessou-lhe interpretar a forma como o músico inglês consegue desconstruir as suas influências hip hop e como isso até se reflete na sua forma de estar e de vestir,
onde um misto de streetwear combina com peças vintage, dentro da tradição da alfaiataria masculina ou do sportswear americano. A criadora, que prefere conceber roupa para homem porque consegue distanciar-se melhor do seu estilo pessoal, encontra em KING KRULE a sua alma gémea inspiradora, apresentando uma coleção com base no streetwear masculino, onde se evidenciam apontamentos dos equipamentos clássicos de basebol. Complementam vestígios da tradicional alfaiataria em certas formas, padrões e até matérias. Foi uma passagem descontraída, quase dançante, ao som grave da voz ímpar de KING KRULE.
http://www. portugalfashion.pt
http://www. altaroma.it
INÊS TORCATO é uma jovem residente no Porto com um percurso iniciado no Bloom , integrado no Portugal Fashion. O seu trabalho passa por uma curiosidade sobre as formas e as técnicas inerentes à alfaiataria, transportando-as para o universo feminino ou masculino jovem. Daí resulta que cada coleção é, no geral, uma viagem pelos tecidos tradicionais evocando uma cultura de saber nacional que liga o passado ao futuro. Tudo isso é-nos servido de forma descontextualizada às novas gerações. Em Roma,
levou um pouco mais longe as suas experiências, optando por fórmulas desconstruídas e atravessando as fronteiras do feminino e do masculino. A coleção explorou novos materiais, mais tecnológicos, que no todo criaram uma imagem geral experimental marcada pela inovação. Encontramos agora as tradicionais caxemiras e lãs a cruzarem-se com nylons à prova de água e transparências com um toque de papel, elevando assim o apelo ao jogo de texturas que já é habitual nesta criadora.
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YOU MUST WEAR
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MADRID ME MATA texto por Maria São Miguel
BIRKENSTOCK é sinónimo de um andar descontraído e confortável, valores que naturalmente estão no imaginário da PARQ. A nossa equipa olhou para a coleção deste ano e procurou criar uma imagem PARQ com um foco nas tendências de moda. Trouxemos para a nossa interpretação o modelo unissexo Madrid no seu formato clássico, com materiais naturais que formam a famosa palmilha anatómica e num formato inovador, construído por E.V.A. Uma mistura de alta tecnologia de etil, vinil e acetato que constroem uma borracha não tóxica. Ou seja, o mesmo caminhar natural mas com um twist diferente e cheio de cor.
fotografia: ANDY DYO styling: RÚBEN OSÓRIO make-up & hair: IREN SKUDARNOVA ANTON (Karacter) e YAROSLAV (Elite) usam Birkenstock Madrid em pele e E.V.A.
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http://www. birkenstock.com YOU MUST WEAR
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YOU MUST WEAR
AUTÊNTICAS
Inegavelmente Britânico, indiscutivelmente FRED PERRY, a Authentic Collection é a interpretação atual dos ícones da marca, apoiada por detalhes que fazem a diferença. A coleção de mulher é marcada por uma paleta de cores sóbria e pela elegância. A irreverência, um cunho de uma marca ligada às contra-culturas inglesas, surge através dos materiais utilizados como malha mesh, tanto em mangas como em toda a parte frontal dos bombers . Este twist urbano é acompanhado pelo uso de pliçados, conferindo movimento e fluidez, assim como um botão de destaque no colarinho e o uso de uma lista metalizada em vez das tradicionais listas 5-4-4.
AIR K NIT
Nesta Primavera-Verão a NEW ER A apresenta uma abordagem revolucionária dos modelos da gama MLB, dando-lhes um toque mais tendência, através da criação de um material inovador que conjuga o espírito desportivo com o luxo. A equipa de designers da marca americana desenvolveu o processo Air Knit para criar um tecido exclusivo para a marca. Fios leves entrelaçados de maneira a criar texturas contrastantes, com um acabamento de efeito marmoreado.
NOVA PALL ADIUM
S - U - B L o w CV S
A PALL ADIUM passa por uma revolução e tem sabido, a partir do seu modelo clássico, um sapato militar dos anos 20, criar novos protótipos que passam por adaptações tecnológicas e processos de estilização. São novos formatos a pensar num look moda. Esta estação mergulha no espírito rebelde e revolucionário francês. É uma coleção que bebe influência nos pioneiros da contra-cultura que desafiam o status quo e abraçam a diferença. Destacamos 3 modelos desta nova aventura que é a PALL ADIUM.
YOU MUST WEAR
textos por Maria São Miguel
Pallabosse Low UL
Pampa Hi Lite K - Lily
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ETERNIT Y AIR
Com a chegada da Primavera e os dias mais bonitos e longos, chegam também novidades no mundo das fragrâncias, sendo “sensualidade” e “amor eterno” as palavras-chave. Neste caso, é a CALVIN KLEIN que nos traz a combinação mais fresca para estes novos dias que se avizinham. Eternity Air é o nome atribuído à nova fragrância da marca, para todos aqueles que, através desta incrível experiência
olfativa, gostam de sentir o amor e a perfeição dos elementos da natureza em cada detalhe. Numa versão modernizada de um floral tradicional, porém com um je ne sais quoi de frescura, a fragrância estará disponível para o público feminino. Mas, os homens também poderão respirar de alívio. Para eles, Eternity Air será uma explosão de frescura aromática com um toque de sensualidade.
OMA GERTRUDE
OMA GERTUDE é uma linha de cosmética constituída por 98% de ingredientes de origem natural. Segundo reza a lenda, OMA GERTRUDE nasce e cresce no Sul da Alemanha, a partir dos conhecimentos e curiosidade da Avó Gertrude por plantas curativas. Criadora de muitas receitas caseiras únicas e com muitos e bons anos de experiência, esta linha de cosmética de ingredientes naturais chega agora a Portugal. É-nos apresentada uma vasta gama de cuidados capilares e corporais, sem quaisquer organismos geneticamente modificados. Para além de garantir a beleza, saúde e naturalidade dos seus cabelos e da sua pele, está também a contribuir para um Mundo melhor. E tudo isto, dentro de uma embalagem ecológica.
MIU MIU: L'E AU ROS ÉE
A MIU MIU já nos habituou à sua história eternamente jovem, mas, obrigatoriamente, erudita. Desta vez, não é diferente. Aliás, é uma nova abordagem das clássicas fragrâncias da marca, que vem para salvar a jovem MIU MIU da tradicional rotina. “Girls just wanna have fun” é o lema desta jovem, que só pretende quebrar algumas regras a seu favor. Nada de muito irresponsável, mas o suficiente para sentir a adrenalina desejada e, acima de tudo, ser “fresca e viva”. Para quem é apaixonado por notas olfativas florais e suaves, L’EAU ROSÉE Eau de Toilette é a combinação certa. Criada a partir de lírio do vale e brotos de cassis, fortemente envolvidos em notas sofisticadas de almíscar, L’EAU ROSÉE é frescura e vivacidade numa só experiência.
S IS LEY PARIS
Quantas vezes durante o dia não nos surge o pensamento “Como estará a minha maquilhagem a esta hora?”, ou então “Será que ainda tenho os olhos maquilhados?”. Pois é —é uma realidade que assombra as mulheres todos os dias e a vários momentos do dia. Seja
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para ir trabalhar, sair para jantar ou dançar, ou para simplesmente enfrentar um dia atarefado, a maquilhagem é sempre um must nas nossas vidas e gostamos que ela chegue ao final do dia ainda com alguma história para contar. A SISLEY veio ajudar nesta luta YOU MUST WEAR
com os novos Phyto Khol Star Waterproof. Ultra-pigmentados e
disponíveis em 8 cores diferentes e vibrantes, os novos lápis de olhos da SISLEY são o apontamento perfeito para uma maquilhagem super glamorosa e —mais importante ainda— duradoura.
textos por Sara Silva
pela observação de uma rede de colaboradores que mingava em 2010, dedicámos uma edição às histórias de vida de jovens portugueses pelo mundo, que tinham saído do país há menos de um ano. Foi quase um “Olá, como estás aí do outro lado?”. A PARQ é isso mesmo —um tecido poroso que apanha na superfície as primeiras poeiras da mudança, que é parte de uma geração e alimenta-se das suas aspirações e ansiedades. Por isso, a matéria da PARQ é a vida que vamos vivendo. A cada colaborador o único que se pede é que venha tal como é e que partilhe connosco o seu universo, as suas particularidades que o fazem diferente e acrescentam a uma cultura jovem sempre em evolução. À PARQ nunca interessou uma cultura instituída e oficializada, à qual uma sociedade fetichista reconhece valor. Pelo contrário, o que acontece no dia-a-dia, esse rasto da urgência de dar um sentido à vida, sempre foi o que nos informou. Ou seja, somos parte dessa cultura jovem em formação. Transmitimos o que essa cultura juvenil produz, seja a uma escala local ou global. Somos um jogo de espelhos no qual vários agentes participam ativamente, e numa consciência de cultura jovem estamos constantemente a observar-nos uns aos outros.
2008 No ano que Lehman Brothers declara insolvência e fomos apanhados de surpresa pela maior crise mundial económica de que se tinha memória, um grupo dissidente da DIF, sentindo-se traído pela administração, decidiu criar um novo projeto —a PARQ. Juntava FR ANCISCO VA Z FERNANDES, antigo diretor, mentor e fundador da DIF que foi acompanhado por CARL A ISIDORO, CARL A CARBONE, NATACHA PAULINO, VALERIA GALIZ ZI SANTACROCE, PEDRO PACHECO, VALDEMAR L AMEGO, MÁRIO NASCIMENTO, ANA TEIXEIR A PINTO e CL ÁUDIA MATOS SILVA . Para o que passou a ser o núcleo duro foi ainda chamado RUI MIGUEL ABREU, um dos nossos colaboradores permanentes mais antigos. Começámos com sete edições anuais e a primeira trazia como destaque o movimento Retrokid dos miúdos de Nova Iorque, e revelávamos as fotografias de HOKEY YOSHIYUKI, que desde os anos 70 tinham permanecido secretas. O fotógrafo Japonês expunha uma sociedade masculina de voyeuristas da qual necessariamente fazia parte, que se juntavam em parques públicos de Tóquio à noite e espiavam e fotografavam jovens casais em momentos íntimos. R AIMUND HOGHE era uma das chamadas e MARTIN KULLIK seria o nosso primeiro editor de moda. Com ALE X ANDER KOCH formariam a nossa primeira dream team na área de moda. Se bem que empolgados com o projeto que agora chamávamos nosso, tudo parecia desabar à nossa volta, mas conseguimos chegar ao ano seguinte com um caloroso “Yes, You Can”, ao estilo do Obama, que então tinha sido eleito presidente dos EUA.
2009 A PARQ cria a sua página no Facebook no ano em que os Webby Awards revelavam que 16,4% dos portugueses usavam redes sociais, crescendo a um ritmo acentuado. Na edição em papel publicámos entrevistas de HANS MAIER-AICHEN, o alemão da democratização do design, e também ouvimos JACINTO LUCAS PIRES. A PARQ publicava com grande orgulho portfolios fotográficos de JOSÉ PEDRO CORTES, EDGAR MARTINS e GIL HEITOR CORTE Z ÃO, entre outros. Nesse ano, CL AÚDIA MATOS SILVA passa a escrever uma crónica sobre a sua vida mirabolante que era ilustrada por VANESSA TEODORO, uma parceria de peso que levou muitos a começar a PARQ pela página final.
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Joana Seixas ©Pedro Pacheco,
PARQ12, 2009
Toda a memória se organiza como uma explicação do presente e é isso que se pretende fazer. Mais de que olhar para o rigor dos factos interessa-nos uma reinterpretação que testemunha a vitalidade da PARQ, que celebra nesta edição os seus 10 anos. Fomos desde sempre fiéis aos nossos princípios iniciais, a estrutura da revista pouco alterou e as mudanças que foram sendo introduzidas foram em grande parte condicionadas por um clima adverso às publicações em papel, que tornaram estes 10 anos um exercício de resistência. Na segunda metade da primeira década do milénio um grande número de títulos apareciam nas bancas e mesmo no capítulo das publicações gratuitas havia a perspetiva de que lançar novos projetos e fazê-los vingar era simples. Foram, em geral, sonhos de pouca duração, já que 2008 levava-nos para um abismo que roubaria a toda uma geração —a geração PARQ— o otimismo militante que se tinha vivido até então. Há sempre muitas perspetivas para contar uma mesma história. De um certo ponto de vista, a PARQ, que sempre foi um ponto de encontro para jovens criadores a dar os primeiros passos, viu-os vencidos e a reunir forças para perspetivas novas de vida —mais sorridentes no estrangeiro. Muito antes deste fenómeno ser notícia nacional,
A NOSSA DÉCADA 2008—2018
PARQ13, 2009
Sara Samapaio ©Mário Príncipe
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A nossa década 2008—2018 ©Alexander Koch
PARQ
A NOSSA DÉCADA 2008—2018
PARQ13, 2009
PARQ13, 2009
©Ferran Casanova
Teodoro
Diapositivo: Claúdia M. Silva + Vanessa
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PARQ22, 2010
©Manuel Sousa, styling Ana Canadas
PARQ24, 2010
©Pedro Janeiro, styling Ana Canadas
PARQ22, 2010
©Sérgio Santos, styling Ana Canadas
PARQ25, 2010
©Sérgio Santos, styling Ana Canadas
Thomas Walgrave,
PARQ20, 2010
IndieLisboa,
PARQ19, 2010
Manuel Aires Mateus,
PARQ18, 2010
2010 O mundo acordou com a primavera árabe enquanto nós, na PARQ, virados para o nosso umbigo entrevistávamos MANUEL AIRES MATEUS, MIGUEL VALVERDE do Indie Lisboa, NUNO MARKL , e conhecemos os bravos legionários portugueses que defendem o Império Galático, dando-se pelo nome de Lusitanian Outpost. Nesse ano, relembrámos as Manobras de Maio, evocámos o atelier de arquitectura SANA A , a PICTOPL ASMA , Feira de Ilustração de Berlim e as novidades da DESIGN WEEK DE MIL ÃO. A PARQ juntava novos colaboradores que se identificavam com o projecto. Em 2010 contávamos com textos de ANDRÉ MUR AÇAS, DAVID PINHEIRO, PEDRO LIMA , JÚLIO DOLBE TH, LUÍSA RIBAS, ANA RITA SEVILL A e MARGARIDA BRITO PAES, que entrara para a redação. Na fotografia, ALOÍSO BRITO, LUÍS DE BARROS e MÁRIO PRÍNCIPE confirmavam o espaço de fotografia de moda fora dos seus estereótipos. A área da moda era agora uma grande aposta e a incansável ANA CANADAS chegou para dar um novo folgo à revista. Com MANUEL SOUSA atrás da câmara, formaram a nossa nova dream team da moda.
A NOSSA DÉCADA 2008—2018
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Emigrantes Portugueses,
PARQ28, 2011
Vhils,
PARQ28, 2011
Panda Bear,
PARQ27, 2011
PARQ24, 2010 Nuno Markl, João Manzarra,
PARQ25, 2011
Eduarda Abbondanza,
PARQ25, 2011
2011 Na sequência das restrições impostas durante três aquando do resgate previsto para Portugal por um Memorando de Entendimento assinado a 17 de Maio de 2011, conhecemos um país mergulhado numa crise económica e em várias revoltas sociais. A nossa geração, a mais preparada de sempre, não encontrava trabalho compatível e alguns de nós tivemos que imigrar ou apenas adiar a vida ativa em casa dos pais. O impacto que teve na nossa vida não deixou de nos fazer questionar sobre a pertinência do nosso otimismo e sobre a razão de continuar. E se apenas hibernássemos! Timidamente fomos servindo a STROKE ART FAIR, a maior feira de Street Art que acontece em Berlim, mas também nos refugiámos no humor de JOÃO MANZ ARRA , através de uma entrevista que ficou para a história. EDUARDA ABBONDANZ A respondia ao legado da ModaLisboa que fazia 20 anos.
2012 Afinal o mundo não acabara como alguns previam, e entrámos nos universos da dupla JOÃO PEDRO RODRIGUES & JOÃO RUI DA MATA e da SALOME L AMAS, celebrando o novo cinema português. Nesse ano começámos a criar rubricas temáticas e a geração que passou a trabalhar a partir de casa, tal como nós, foi o nosso primeiro enfoque. Mereceu ainda destaque o documentário PressPlayPlause —um filme que colocava em questão o futuro da criatividade e do talento na era digital. Em termos de colaborações fotográficas, a NIAN CANARD juntava-se à PARQ acrescentando um olhar inquieto e inconformado que, com TIAGO FERREIR A , acabou por formar a nossa terceira dream team. A NOSSA DÉCADA 2008—2018
João Pedro Rodrigues + João Rui
Guerra da Mata,
PARQ35, 2012
PARQ39, 2013
©Nian Canard sytling Tiago Ferreira
Florbela Espanca,
PARQ32, 2012
PARQ37, 2013
©Nian Canard, styling Sónia Jesus
PARQ32, 2012
©Mário Príncipe, styling Margarida Brito Paes
2013 No ano em tivemos em destaque #ReGeneration, um documentário que explora as causas e consequências do silêncio político da juventude, não deixámos de saudar a impertinência de EDWARD SNOWDEN, que revelava ao mundo que a NSA nos escutava indiscriminadamente, provocando um grande acidente diplomático e uma quase reedição da guerra fria. Os bloggers nacionais e a noite Porto, fotografada por TIAGO CASANOVA , eram ainda destaques. Passámos a contar com a colaboração de JOANA TEIXEIR A que seria mais tarde nossa editora, e PAUL A MEL ÂNEO chegava para dar relevo à arquitetura. A revista passava por grandes metamorfoses. Abandonávamos o papel cochet e introduzíamos o IOR, um papel baço, que para além de dar mais corpo à revista, na sua rudeza afirmava-se melhor como alternativa às revistas mais tradicionais. Começámos a introduzir duas capas: uma com rosto masculino e outra com rosto feminino.
ÁGATA CARVALHO DE PINHO vinha revelar as nossas insuficiências na área do cinema e escrevia sobre o filme Florbela Espanca , de VICENTE ALVES D'O. O ano terminava com VALDEMAR L AMEGO, o nosso diretor de arte, a ser distinguido com um Gold Winner atribuído ao design editorial de publicações periódicas, reconhecendo-se assim o trabalho criativo que desenvolvia para a PARQ.
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2014 Nesse ano ficámos a saber que os nossos dados na internet estavam expostos a falhas de segurança. O assalto do Bug Heartbleed e Shellshock deixavam o mundo numa crise de nervos, e conscientes das nossas novas vulnerabilidades globais olhámos para a nossa micro-escala e documentámos a nossa envolvente em mutação. Nesse sentido, escrevemos sobre o Cais do Sodré e sobre o Intendente, duas zona de Lisboa que renasciam a partir de uma cultura jovem. Com a música portuguesa a gostar cada vez mais dela própria, não pudemos deixar de fazer um dossier sobre as novas bandas que surgiam no panorama nacional. Entrevistámos MIGUEL JANUÁRIO e AK A CORLEONE, e colocámos MIGUEL MARCELINO em foco. Demos as boas-vindas a CARLOS ALBERTO OLIVEIR A , que nesse ano escrevia o seu primeiro texto na área da música —espaço para o qual continua a contribuir.
A NOSSA DÉCADA 2008—2018
2016 O Reino Unido dizia não à União Europeia e nós dizíamos sim às culturas subalternizadas do Médio Oriente, que nos chegavam através de T ERESA M ELO, a nova editora da revista, que nos dava a descobrir MOSHTARI HIL AL e MOHAMMED ALKOUH. Prosseguíamos as nossas temáticas e desta vez patilhávamos a revolução da gastronomia portuguesa a partir dos jovens chefs que surgiam no panorama. Também os encenadores ganharam o seu espaço e BR ÁULIO AMADO, ex-colaborador da PARQ, e agora diretor criativo da prestigiada Businessweek Magazine, punha-nos a par da sua vida em Nova Iorque. Sempre atentos ao comentário com humor nas redes sociais, quisemos saber quem era DIOGO FARO, o Sensivelmente Idiota , e NÁDIA PINTO, a Lady Mustache.
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Jovens Encenadores,
PARQ50, 2016
PARQ49, 2016
PARQ41, 2014 Novas Bandas, MU Sandra Alves,
PARQ46, 2015
©Matilde Travassos, styling Tiago Ferreira,
2015 Foi definitivamente o ano de um cocktail explosivo que trouxe refugiados, terrorismo e poluição à ordem do dia. A imagem do bebé morto que deu à costa ultrapassou tudo o que se tinha dito sobre a crise dos refugiados. O terror voltou ao coração da Europa e deixou 130 corpos estendidos no centro de Paris, e a nuvem de poluíção sobre Pequim tornou-se um assunto de estado. Falámos com os imigrantes que Lisboa acolhia, mas também trouxemos a temática do truck food , agora que nos diziam que tínhamos que ser todos empreendedores. Os DJs das noites de Lisboa e os Instagrammers nacionais de maior sucesso também foram aconchegados entre as nossas páginas. As nossas entrevistas encontraram-se com CARRILHO DA GR AÇA , MA ARTEN DE CEUL AER, MARCO SOUSA SANTOS e TÓ TRIPS. SÉRGIO SIMÕES e DANIEL BAP TISTA RIBEIRO reforçavam a equipa de styling , e ANA LUÍSA a fotografia de moda.
2017→ Donald Trump era agora presidente dos EUA. Depois da vitória eleitoral na qual ninguém acreditava e enquanto esperávamos que não cumprisse o que prometeu, celebrávamos o nosso nono aniversário dando aos nossos colaboradores carta branca para que entrevistassem os criadores portugueses da geração PARQ que mais admirassem. Seriam o nosso próprio auto-retrato, composto por BRUNO PERNADAS, JORGE CAIADO, DANIEL A BARROS, JOANA LINDA , SALOMÉ L AMAS, MURTA , FAL A ATELIER, TIAGO SÁ DA COSTA e HOR ÁCIO FRUTUOSO. KRUELL A D'L'ENFER, BORDALO II e CÉSAR MOUR ÃO foram ainda destaques com direito a chamadas de capa, e na moda acolhíamos de braços abertos o regresso de TIAGO FERREIR A que, ora com MARIA RITA ou ANDY DYO, faziam a nossa nova dream team na PARQ. Foram desenvolvidos editoriais em que se propôs a temática Gender Free e a moda sustentável. Afinal existia uma noite LGBT do Porto e abriu-se o espaço para o debate sobre a tendência crescente da bicicleta urbana na cidade. Agradecemos a todos os que tornaram a PARQ possível. Aos leitores pelo seu contínuo interesse, aos anunciantes que apoiaram o projeto e aos colaboradores, que foram muitos!
A NOSSA DÉCADA 2008—2018
texto por Francisco Vaz Fernandes
Quando a primeira década do século XXI terminou e todos nos vimos obrigados a fincar definitivamente os pés neste novo milénio, talvez ainda não fosse possível vislumbrar todas as transformações com que seríamos forçados a lidar. Em 2010 o iTunes estava prestes a completar a sua primeira década de existência e embora a indústria discográfica permanecesse imersa na pior crise de que havia memória, com a queda abismal do mercado de vendas físicas de discos, as editoras permaneciam cépticas quanto à viabilidade digital do seu negócio, mesmo tendo em conta todos os indicadores do colosso criado por Steve Jobs. O Spotify, por outro lado, só arrancaria oficialmente na recta final de 2008 e, portanto, o futuro em que o streaming se haveria de afirmar como a principal plataforma mundial para a distribuição e consumo de música ainda deveria ser uma mera hipótese académica levantada nalgumas teses universitárias. Mas a verdade, e pedindo emprestado um título de um importante álbum de 2010, é que isto estava a acontecer. E o “isto” era o futuro a que todos hoje chamamos presente: um futuro em que os suportes físicos ficariam relegados para nichos (como o tão discutido vinil que apesar de ter visto consistentemente os seus números subirem durante toda esta década continua a representar uma gota num oceano de facturação), em que os downloads que chegaram a parecer a tábua de salvação da indústria foram eliminados da equação (levando até à inevitabilidade do fecho do iTunes) e em que toda a gente escolhe serviços de streaming —Apple Music, Tidal, GooglePlay ou, claro, Spotify e YouTube— para ouvir a música que quiser, quando quiser e onde quiser. Incluindo nos automóveis que, cada vez mais, começam a vir equipados de origem com tecnologia que lhes permite aceder a esse tipo de serviços. E musicalmente? Já aqui se mencionou, obliquamente, o álbum This is Happening , de 2010, o trabalho com que os LCD SOUNDSYSTEM se despediram do mundo. Isto, claro, antes de JAMES MURPHY ter decidido que o presente é sempre mais interessante do que o passado e ter regressado para cumprir o seu American Dream . Esta foi a década de mais regressos aplaudidos como os de APHE X T WIN (com o notável Syro de 2014) ou DAF T PUNK (com o notável Random Access Memories , de 2013), do triunfo da sonoridade indie segundo VAMPIRE WEEKEND, ALT J ou ST VINCENT e ARCADE FIRE (cujos Modern Vampires of the City, An Awesome Wave ou Strange Mercy e The Suburbs mereceram justo destaque aquando das edições originais), mas foi, sobretudo, a década da subida inexorável do hip hop e da música negra ao topo das tabelas, de vendas e da crítica. A era de Obama, entretanto substituído por Trump, permitiu a subida a uma definitiva primeira divisão de uma cultura hip hop que, apesar de todo o sucesso alcançado desde o início dos anos 80, foi sempre relegada para uma posição subalterna no mais competitivo tabuleiro pop. Mas a ascensão de figuras como K ANYE WEST ou PHARRELL WILLIAMS, a imposição do som de TIMBAL AND e a afirmação de veteranos como EMINEM e JAY-Z permitiu, definitivamente, alterar as leis da física desse tabuleiro, abrindo o caminho para uma geração de novos portentos e fenómenos, com KENDRICK L AMAR —que lançou Good Kid , m.A.A.d City em 2012— ou DR AKE à cabeça. Mas com nomes como BEYONCÉ, RIHANNA , THE WEEKND ou BRUNO MARS a tomarem posições de liderança no campo mais vasto da pop. O hip hop, entretanto, assumiu a sua capacidade de romper as regras —atente-se a Yeezus de K ANYE editado em 2013— e de criar novas ideias para o jogo: K ANYE ou CHANCE THE R APPER e até DR AKE já nem
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se preocupam em lançar fisicamente trabalhos como The Life of Pablo, Coloring Book ou More Life, somando números astronómicos nas diferentes plataformas de streaming e fazendo o futuro colidir com o presente de forma cada vez mais rápida. E tudo isto sem sentirem a necessidade de amealhar mais uns trocos colocando CDs desses títulos nas lojas... E Portugal não ficou de fora: também por cá o hip hop se afirmou como a principal força criativa de toda uma nova cultura musical, com uma nova geração de artistas em que se encontram nomes como HOLLY HOOD, PROFJam, GROGnation, SLOW J, MIKE EL NITE, NERVE e KESO a juntar as suas vozes às de veteranos com provas dadas: de VALE TE e SAM THE KID a MUNDO SEGUNDO ou XEG. Os festivais renderam-se finalmente aos nomes do hip hop —nacionais e internacionais— e nos cartazes o que dantes era excepção começa agora a provar querer ser regra com o sucesso em palco de nomes como KENDRICK L AMAR, FUTURE, CHANCE THE R APPER, RUN THE JEWELS ou POST MALONE a forçar uma mudança que, em 2018, parece mais uma explosão graças a todos os grandes nomes já anunciados para eventos como o Primavera Sound, Super Bock Super Rock, Nos Alive e Sumol Summer Fest. E que dizer de RICHIE CAMPBELL , que fez da mixtape digital Lisboa uma das mais vibrantes propostas dos últimos meses, conseguindo encher a Altice Arena como gente grande e com um som renovado graças ao talento de um novo mestre que tem assinado muitos trabalhos como LHAST? Isto está mesmo a acontecer, é o que se pode garantir. E, dez anos depois, a PARQ continua aqui para ouvir a banda sonora do mundo.
A NOSSA DÉCADA 2008—2018
texto por Rui Miguel Abreu
Drake
Kanye West
A década de todos os prodígios (e transformações)
Kendrick Lamar
MÚS ICA
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A NOSSA DÉCADA 2008—2018
A PARQ celebra o décimo aniversário, e a moda viveu mais dez. Nestes dez anos, a PARQ mudou o panorama da imprensa de moda nacional. A moda, essa, não envelheceu, não cresceu, porque tem existência élfica —é eterna. Mudou, simplesmente. Como sempre. A moda é tal e qual escreveu Almada Negreiros: “até hoje fui sempre futuro”. Por isso, em auto-análise constante —que a terapia está na moda— mantem diálogo permanente com os seus tempos passados, mas ultrapassa o presente antes que termine o estalar de dedos. A moda é sempre futuro porque diz-nos o que fazer amanhã. Dá-nos as tendências para daqui a 6 meses, um ano. É subversiva e revolucionária: nos anos 60, as minissaias de MARY QUANT vestiram as novas mulheres que entravam na contemporaneidade quebrando a imagem da mulher servente e submissa; hoje, a moda é uma rapariga neutra —esperem: a moda é uma rapariga?! Não. A moda foi gender fluid , gender bender, gender free muito antes de questionarmos o feminino-masculino. Ou não tivesse sido um vaidosíssimo Rei Sol, na França do século XIV, a inventar os saltos altos e a promover a primeira fashion week de sempre, já as botas over-the-knee eram tendência masculina (literalmente) há séculos e as perucas e make up eram essenciais independentemente de géneros. A moda é futuro porque é tão tecnológica que tem lugar garantido na Web Summit: nos anos 70 levou as fibras sintéticas plenas de químicos a todos os cantos do mundo; hoje esforça-se para ultrapassar o artificial e as suas consequências —o novo paradigma é a moda sustentável. A moda que utiliza as fibras mais naturais e verdes; que é slow e não estupidamente fast consumista; que é cruelty-free e recusa a utilização de pele de animais —que tinha sentido no paleolítico superior para proteger dos elementos, e hoje barbárie; que recusa a novel escravatura e quer ser socialmente consciente.
A moda é um exercício intelectual complexo e sofisticado, cúmplice dos nossos eternos dilemas: ser bom ou ser mau, ordeiro ou disruptivo, igualitário ou elitista, ser homem, mulher, ou tudo ou nada. Nos últimos anos a moda decidiu que o delírio consumista está démodé e que o binómio dos géneros é tão anos noventa. E que a tendência é reciclar a mentalidade com que entramos no milénio. Abram alas à PARQ para os próximos 10 anos, que a moda abandonou o agora e já é futuro!
Thom Browne SS18
A moda é futuro
© Yannis Vlamos / Indigital.tv
MODA
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texto por Marta Rebelo
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A NOSSA DÉCADA 2008—2018
© Alex Pergament — models: Didi Podmazo + Ziv Gabay
Gucci SS16
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Vitra Nuage, Bouroullec
Uma das duplas que se destacou, nestes ultimos 10 anos, foi a dupla RONAN & ERWAN BOUROULLEC. O trabalho além de seguir uma linha de experimentação no design, que belisca a operacionalização artística, reveste-se de uma preocupação assente no estudo da estrutura, evocando a grelha de ROSALIND KRAUSS. Muitos dos trabalhos realizados pelos irmãos BOUROULLEC, nesta última década, compreendem uma persistente experimentação nos domínios modulares e estruturais. Como podemos ver das estruturas Kravat Clouds , (2008); mantendo a cadência e ritmo de Algue, desenhada quatro anos mais tarde. Nuage, outra estrutura, feita de cilindros, simula uma núvem, e sugere, mais uma vez, o elemento natural. Ou ainda a Vegetal Chair, de 2008: uma cadeira que sugere uma planta, pela natureza da estrutura, pela cor verde. Não sem salvaguardar, apesar do tema vegetalista, um certo conteúdo minimalista nas suas peças.
Vegetal Chair, Blooming 2010, Bouroullec
Clouds , Kvadrat 2009, Bouroullec
Resumir, em poucas palavras, o que melhor definiu 10 anos de design, é, além de uma oportunidade única para reflectir sobre o estado da arte, um trabalho árduo que nem sempre pode ser consensual, dada a dificuldade, em manter-se neutro, destendendo-se em apreciações que têm sempre o seu cunho pessoal e a sua nota de apreciação individual. Mesmo na tentativa de definição da própria palavra “design”, manifestam-se dificuldades em encontrar contornos precisos, dada a sua ampla área de intervenção. Podemos fazer uma lista extensa de objectos e mobiliário elitistas e dispendiosos criados por designers famosos, mas isso não chega para definir o que o design é, nem como deveria intervir. Existem milhares de exemplos de objectos do quotidiano que encerram uma autoria mas que a mesma está disfarçada, anónima, “concentrada” em responder às necessidades mais prementes do dia a dia. Design abrange, produtos de consumo, equipamentos domésticos, utensílios, ferramentas, etc. Design não é, por isso, uma disciplina que se debruce apenas na aparência das coisas, que se concentre somente no embelezamento, mas uma disciplina que também se prende na adequação ao uso, na busca de estrutura, na procura de consistência dos aspectos técnicos e do seu fabrico (Couturier). Design significa várias dimensões: como a ideológica, a dimensão social, a económica. Uma escolha de objectos mais significativos de um determinado período, pressupõe também esse jogo de tensões. Implica tomar consciência que, dada a complexidade da disciplina, não é possível fazer uma selecção sem que algo, pertinente, possa ficar de fora. Temos no mobiliário e na decoração o elogio à antiguidade; a evocação da tecnologia; o negócio; a moda; a contemporaniedade (arte), o urbanismo. O design comporta: os estilos barroco, o minimalismo, o natural, o re-uso, a nova função, o ready made, o multifuncionalismo, o revivalismo, o nomadismo, o design feito de ideias ecológicas, o futurismo.
A NOSSA DÉCADA 2008—2018
© Paul Tahon
Nuage, Bouroullec DES IGN
Na era do tudo é design
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© Fabian Frinzel
Epocsodielak , 2016, Konstantin Grcic
Série Estrela , 2015, Campana
Em todos os projectos da dupla BOUROULLEC, a preocupação da estrutura (e do desenho) mantém-se, como podemos observar, também em 2015, na exposição “Seventeen Screens”.
Série Hibridismo, 2017, Campana
O tema vegetalista, a referência às estruturas naturais, mantiveram-se presentes nas principais escolhas dos designers dos últimos dez anos. Os irmãos BOUROULLEC não foram excepção. Os irmãos CAMPANA apresentaram também propostas de certo teor organicista, tais como a colecção Noah , constituída por peças com elementos vegetalistas e animalistas, ou ainda a linha Estrela de cadeiras (2015), e a colecção Hibridismo, de 2017.
Em 2016 podemos destacar o relógio Real Time de MA ARTEN BA AS, presente no aeroporto de Schifol, e que consiste numa sucessão de vídeos de performers a pintar ponteiros de relógio em diferentes posições, para indicar as diferentes horas. Clay Specials de 2011 ou Carapace, são outros dos projectos de MA AS, que traduzem uma linha de soluções orgânicas. E que ajudaram a definir o que foi o design dos últimos dez anos. Outras figuras marcaram e definiram o design da última década, como a dupla do STUDIO JOB, e, claro está MARCEL WANDERS, com as suas soluções de interiores e objectos abundantes em decoração e luxuriante.
Na mesma década podemos mencionar outros designers mais minimalistas como KONSTANTIN GRCIC. Este designer criou Epocsodielak , um totem de 3 metros, um sistema de som e imagem. No mesmo ano desenhou mule; em 2016, e ainda Remo Plastic, uma cadeira que alude, pelas linhas, ao design escandinavo do século passado. Em 2015, o designer GRCIC desenha Sam Son, uma cadeira mais orgânica, afastada das linhas racionalistas, reducionistas e direitas de que nos acostumámos a ver no seu trabalho. Não esquecer o candeeiro OK , que foi desenvolvido a partir da ideia original de PIO MANZÙ, e depois por ACHILLE CASTIGLIONI.
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A NOSSA DÉCADA 2008—2018
texto por Carla Carbone
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A NOSSA DÉCADA 2008—2018
Taj Mahal Table, 2012, Studio Job
Clay Specials , 2011, Maarten Baas
Mutation Series , 2012, Maarten de Ceulaer
Real Time, 2016, Maarten Baas
SOCIEDADE
Nós, as Mulheres
2012, #FreeTheNipple— uma campanha pela aceitação legal e cultural da exposição dos mamilos das Mulheres em público, iniciada pela cineasta LINA ESCO em Nova Iorque. 2014, #HeForShe— uma campanha solidária da ONU, de incentivo à luta pela igualdade de género por parte de todos, liderada por EMMA WATSON como Embaixadora da Boa Vontade. 2017, #WomensMarch— 673 marchas por todo o mundo pelo reconhecimento dos direitos das Mulheres como direitos humanos, seguindo o exemplo da marcha em Washington, em parte em resposta à eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. 2017, #MeToo— um movimento viral de denúncia de histórias de abuso e assédio sexual contra Mulheres. 2018, #TimesUp— uma campanha contra o abuso e assédio sexual, fundada no seio de Hollywood, que levou celebridades a vestirem-se de preto na gala dos Globos de Ouro, como forma de protesto. A PARQ fez cinco perguntas iguais a quatro Mulheres diferentes, e cada resposta, à sua maneira, explica o que é ser Mulher actualmente. ANGEL A FERREIR A (AF ), ou KRUELL A D’ENFER, ilustradora e artista visual. CAROLINA TORRES (CT ), cantora, apresentadora e atriz. CÁTIA DOMINGES (CD), comediante da página One Woman Show no Facebook e apresentadora do Jogo do Tanso no Canal Q. K ARL A RODRIGUES (KR), bailarina e cantora mais conhecida como BL AYA . → → → → →
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A NOSSA DÉCADA 2008—2018
#FreeTheNipple
Nós, as Mulheres, não somos diamantes em bruto. Nascemos lapidadas pela mão do mundo, carregamos o peso da perfeição nos ombros e o estigma da sexualidade no corpo. Temos que ser belas, inteligentes, prendadas. Temos que viver nas águas paradas da calma e manter-nos longe da deriva das ondas à beira-mar, se não queremos morrer na praia. Temos que surpreender, superar, ser mais, ser melhor. Quando, no final de contas, só temos que ser umas para as outras. Somos sempre as primeiras. A primeira Mulher a votar, a primeira Mulher a ter um curso superior, a primeira Mulher a tirar carta de condução, a primeira Mulher militar... Somos sempre as primeiras dos últimos. Nós, as Mulheres – sim, essas mesmo! As Marias, as que têm pelo na venta, as que fazem barulho, as que lavavam no rio. Não somos Helenas de Tróia nem Medusas —não somos mitológicas, somos reais. Não somos números, não somos quotas, não somos estatísticas. Somos Mulheres. E continuaremos a dizê-lo, quantas vezes for preciso, até que o conceito de Mulher valha o mesmo. A emancipação da Mulher começou há mais de um século. Quem diria que andaríamos tanto para chegar a lado nenhum, na passadeira rolante do mundo, numa história feita de batalhas ganhas numa guerra perdida. Olhamos para trás, de soslaio, sobre os ombros, para a última década da nossa vida. Olhamos a medo, porque somos Mulheres e caminhamos sozinhas numa rua escura. Nos últimos dez anos, os nossos mamilos perderam a liberdade nas redes sociais, mas as nossas bocas ganharam outra voz. Levantou-se a quarta onda de feminismo que, como um tsunami, veio crescendo em altura até à margem, levando à sua frente as mentalidades rasas.
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A NOSSA DÉCADA 2008—2018
#WomensMarch
#HeForShe
#HeForShe
#HeForShe
#WomensMarch
© Aleesha Woodson
(AF)
Angela Ferreira a.k.a. Kruella D'Enfer
P: Consideras que o papel da Mulher na sociedade evoluiu nos últimos dez anos? AF: Evoluiu, porque sinto que as Mulheres estão a fazer por isso, estão-se finalmente a emancipar. "Existem mais oportunidades dadas às Mulheres" —é estranho ouvir isto. Talvez seja verdade, mas "oportunidade dadas" faz-me pensar que há alguém que está
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© Sara Correia
Carolina Torres (CT)
P: Houve algum movimento no plano dos direitos das Mulheres que te marcou especialmente na última década? AF: Sou a favor do feminismo liberal. Todo o movimento feminista foi a chave importante para muitas viragens de papéis na sociedade, mas existem muitos pontos extremistas e radicais com os quais não concordo por serem demasiado separatistas. Daí nem me catalogar 100% uma feminista, mas sem dúvida é um dos movimentos que mais apoio. Cada vez mais as Mulheres não vivem no medo, têm uma voz, têm um papel activo nas suas vidas e trabalhos. Sinto que apesar de existirem grandes mudanças no mundo ocidental, ainda há muito trabalho por fazer, muitas coisas por mudar, muitas coisas que não imaginamos que acontecem todos os dias, mas aos poucos essa mudança está lentamente a acontecer por todo o lado. CT: Não foi na última década, mas quando era mais nova o que mais me marcou foi o direito ao aborto, lembro-me de ter medo que fosse reprovado e lembro-me de questionar porque é que aquilo estava a acontecer. Fez-me pensar muito sobre o nosso papel na sociedade e nas diferenças que são consecutivamente apontadas na sociedade. CD: Podia falar do movimento #MeToo, ou da #WomensMarch a seguir à eleição americana, ou dos movimentos que são tão extremados e pouco dialogantes que têm contribuído mais para o afastamento que para o encontro, mas queria aproveitar para dar destaque a outros, como o movimento das Mulheres iranianas sobre o uso de hijab poder ser uma escolha e o movimento feminista contra a lei libanesa, incentivado por uma organização de direitos das Mulheres chamada ABA AD, que dizia que, se um violador se casasse com a vítima não era punido por lei. O parlamento excluiu a lei em Agosto e a Jordânia e a Tunísia seguiram o exemplo. Mas, é preciso continuar a trabalhar, inclusivamente no nosso país —os números gritantes de violência doméstica, ou os 80 casos de mutilação genital feminina no ano passado em Portugal, por exemplo, para o mundo começar a girar no sentido certo. KR: Os movimentos que ultimamente têm surgido em Portugal (e no mundo) em relação às Mulheres e aos direitos de igualdade, como as Capazes e o #HeForShe.
finalmente a abrir a porta das oportunidades e a deixar as Mulheres terem trabalhos melhores, ordenados melhores... Mas, acho mais que são as Mulheres que estão a arrombar essa porta e não é alguém que está lá atrás com uma chave e a vai abrindo aos poucos. CT: Na última década pode não ter evoluído significativamente, mas a verdade é que se fala mais disso, e isso para mim é mesmo muito importante. É o ponto de partida para qualquer revolução que eu acredito que já esteja a ganhar forma. E as redes sociais podem ter vários aspectos negativos, mas a verdade é que se falou de várias maneiras sobre o assunto a nível mundial, partilhando experiência e ouvindo os outros, de maneiras mais sérias ou com mais sentido de humor. CD: Claro que sim. Aos poucos conquistamos o espaço público. É tramado porque há muita coisa que já não devia ser assim. Por exemplo, falo com muitas Mulheres que sentem muitas vezes culpa por não estarem em casa com os filhos, por mais que queiram trabalhar. É a tal pressão dos papéis sociais que ainda paira no ar. E depois é a expectativa que existe, por exemplo, um ministro chora nos incêndios de Pedrogão, é de apertar o coração. Chora uma ministra e, lá está, as Mulheres são muito emocionais. Sei lá, estas nuances que vão demorar muito tempo a desaparecer. KR: Todos os dias nós, Mulheres, ainda lutamos para que exista mais igualdade. Por vezes, quando estamos a chegar a algum sitio parece que muito rapidamente voltamos para trás. Mas cada dia que passa somos mais e mais a lutar pelos nossos direitos. P: O que achas que falta mudar na sociedade Portuguesa em relação às Mulheres? AF: Deixar de haver separações e sermos tratadas com igualdade e respeito. Acho que há muitos rótulos, não só em Portugal, que para mim só causam confusão na mente das pessoas. Para mim é simples, somos todos seres humanos, temos todos as mesmas capacidades, se houver os mesmos direitos, respeito e amor entre todos, tudo funciona. CT: Acho que é escandalosa a diferença salarial, acho que ainda ninguém se sentou à minha frente e me deu uma resposta lógica para isto. Além disso, ainda há algumas coisas que me fazem confusão, principalmente no que toca à integridade de uma Mulher, a sua palavra, o ataque à sua moral, as constantes regras sociais. CD: Acho que falta vontade de perceber as coisas e de sair da zona de conforto. As pessoas hoje em dia gritam, estão sempre aos gritos com todos os assuntos. Antes de qualquer coisa, é preciso perceber mesmo dentro do género, perceber as diferentes experiências de uma Mulher que não seja só a clássica Mulher da
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Karla Rodrigues a.k.a Blaya
P: Sentes que já sofreste na tua vida pessoal e/ou profissional pelo facto de seres Mulher? AF: Sofro sempre quando me dizem que existe um leque de artistas escolhido, mas que para dar alguma diversidade tinham que escolher uma artista feminina. Parece automaticamente que há dois grupos diferentes, não é? O feminino e o masculino. Não posso dizer que o facto de estar a ter uma oportunidade de trabalho seja mau, mas o que acaba por acontecer, é que até me dá gozo aceitar para mostrar realmente que uma "artista feminina" tem tanto poder como o “leque de artistas masculino". Odeio essa separação, odeio ser a artista feminina que é chamada por ter um toque mais girly. Eu não tenho toque girly nenhum, o que é isso mesmo? Usar cor-de-rosa? Pintar flores? Sim, faço isso tudo, mas acreditem que não é por usar mini-saia, é por ter a liberdade e o prazer de fazer o que gosto e o que me apetece. CT: Não diria sofrer, mas percebo a pergunta e, infelizmente, sim. Não posso culpar o facto de ser Mulher, posso culpar algumas pessoas por serem limitadas e preconceituosas. Nunca deixei de assobiar por ser "feio uma menina assobiar". E certamente não vou deixar de fazer o que me apetece por isso. CD: Agora ri-me. Claro que sim. Nós sabemos o que é, desde os 12, ter de pensar duas vezes sobre o lugar no autocarro ou sobre o caminho para casa, não só por questão de assalto, mas especialmente por questões de abordagens invasivas. O meu meio profissional é estatisticamente masculinizado e isto é um facto inegável. No ambiente de convívio com os teus pares, porque se vive um ambiente muitas vezes forçosamente descontraído, tu para seres melhor aceite tens que ser “one of the guys”. São papéis que existem. Tu crias maneiras de lidar ao ponto de começarem a ser naturais. Mas, ao mesmo tempo, é uma tendência que está a inverter, para ambos os lados. Acredito que ter a humildade para reconhecer estas diferenças é o primeiro passo para a
P: O que gostavas de dizer às jovens Mulheres portuguesas? AF: Sejam focadas em serem as melhores na vossa vida e trabalho, independentemente do que isso implica e de todos os obstáculos que surjam. Acreditem que só nós temos o poder de mudar algo que esteja errado na nossa vida, nem nada nem ninguém nos pode passar por cima.
(KR)
Cátia Domingues (CD)
capital. É preciso perceber a Mulher vítima, a Mulher trans, cigana, do litoral, do interior, gay, preta, que quer ter filhos e não pode, que não quer, sei lá… E é um reparo que também faço a colectivos que se intitulam feministas. É preciso que se perceba isto. Melhor —que se queira perceber isto. KR: Não é só em Portugal, mas em todo o mundo, a Mulher trabalha mais, no entanto recebe menos; as Mulheres grávidas, por vezes, são despedidas porque simplesmente estão grávidas; a amamentação ainda é vista como algo sexual e não como fonte de alimento. Sendo os portugueses um pouco fechados, o facto de uma Mulher mostrar um pouco mais do seu corpo já é motivo de conversa.
mudança a sério. No humor, o público não está habituado a ter uma Mulher em palco a fazer rir, porque historicamente é algo recente. Nós sempre estivemos no público, não no palco. E as que por algum motivo estavam no palco, não eram especialmente bem vistas. O que o público está à espera de ti enquanto Mulher, e a maioria das comediantes Mulheres, muitas que admiro, cingem-se muito ao humor de género —“e quando não baixam o tampo da sanita?”— ou as que dizem imensos palavrões porque sentem que é super moderno e disruptivo. O público, especialmente o português, ainda não está habituado a uma Mulher que insista no tema da política e essa expectativa é algo que me aterra. Há um trabalho e um desafio a fazer. E eu aceitei-o sem pedir a autorização a ninguém. KR: Já "sofri" bastante por expor o meu corpo nas redes sociais. Mas, quando senti mesmo na pele que havia desigualdade e discriminação foi quando engravidei e foram cancelados alguns workshops por estar grávida, ou até mesmo quando muitas Mulheres me atacavam pelo facto de continuar a dançar estando grávida.
CT: Em Portugal e no mundo, a ideia do feminismo não é elevar o género feminino e denegrir o masculino. Não vamos fazer isso só porque isso nos foi feito. É demasiado extremista. Tinha alguma piada? Bom, talvez. Mas não é por isso que lutamos. Lutamos por igualdade e não superioridade. CD: Não sintam que precisam de pedir autorização a alguém para ser e fazer aquilo que vos faz feliz. A menos que seja ir para o Zimbabwe andar a matar bichos ou abrir mais uma loja chamada “não sei quê do bairro”. Há limites para as coisas. KR: Foquem-se no que é importante para vocês e não para os outros.
A NOSSA DÉCADA 2008—2018
texto e entrevistas por Joana Teixeira
fotograf ia: ANDY DYO st yling: RUBEN OSÓRIO
make-up&hair: IREN SKUDARNOVA modelos: ERLOM (Elite Lisbon), ANNA (Elite Lisbon), YEVHENII (Onway Models)
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Erlom:
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casaco MIGUEL VIEIRA luva e pulseira JOKER
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Anna: casaco PEPE JEANS, camisa FRED PERRY, saia CHEAP MONDAY calรงas RICARDO ANDREZ, brincos ร S DE ESPADAS, bola FILA, sapatos MIGUEL VIEIRA
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Yevhenii: casaco + mala JOKER, calças DAVID CATALÁN, panamá NEW ERA, correntes ÁS DE ESPADAS Erlom: casaco VERSACE na Du Chic à Vendre, blusão TOMMY HILFIGER, camisa CHEAP MONDAY calções + óculos NIKE, calças BY MALENE BIRGER, ténis MERRELL
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Anna: hoodie LEVI'S, brincos ÁS DE ESPADAS
49 Erlom: camisa MANGO, casaco de capuz CONVERSE, vestido ÁS DE ESPADAS calças LACOSTE, socas CROCS
Anna: colete TOMMY HILFIGER, top CARLOS GIL, colete ASICS, camisa A OUTRA FACE DA LUA brincos ÁS DE ESPADAS, sapatos MANOLO BLAHNIK
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Yevhenii: camisa A OUTRA FACE DA LUA, calças NAIR XAVIER camisa A OUTRA FACE DA LUA, calças NAIR XAVIER corrente + anéis + cinto ÁS DE ESPADAS pulseira + anéis VANGLÓRIA, pulseira + anéis JOKER mala + carteira LACOSTE
51 Anna: camisola CONVERSE, casaco FRED PERRY, camisa como saia A OUTRA FACE DA LUA brincos EUGÉNIO CAMPOS, colar + pulseira SWAROVSKI, botas STEVE MADDEN
Yevhenii: camisa COS, calções NIKE, mala COMPAÑIA FANTÁSTICA mochila FLY LONDON, ténis CONVERSE
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53 Erlom: colete DAVID CATALÁN, blusão + calças MANGO, casaco de capuz CONVERSE leggins NIKE, bolsa LACOSTE, sapatos DR.MARTENS
fotograf ia: DIOGO FERREIR A st yling: TERESA MACHADO FERREIR A
SOCIETY ORGANIZED CHAOS
produção creativa: TERESA MACHADO FERREIRA + JOANA OLIVEIRA make-up&hair: BEATRIZ RICO
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Yellow Pedroso:
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botas DR.MARTENS, calças PEDRO PEDRO sweat CONVERSE, mochila EASTPAK x RAF SIMONS ténis CONVERSE, meias do próprio
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Ricardo Jacob:
ténis FILA, calças NEW ERA, cap SLUMDOG sweat LE COQ SPORTIF, blazer COS
Inês Jacob:
saia INÊS TORCADO, polo FRED PERRY blazer SCOTCH&SODA, camisa LEVI'S
Diogo Castillo:
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calças FILA, camisa GONÇALO PEIXOTO blusão LEVI'S, mochila EASTPAK x RAF SIMONS, ténis do próprio
Daniela Madureira:
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ténis CONVERSE, vestido TWIN SET , meias da própria casaco FRED PERRY, brincos A OUTRA FACE DA LUA
Gabriel Gozzer:
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ténis CONVERSE ONE STAR, calças FILA polo FRED PERRY, cap FALSOKATARSE, panamá FRED PERRY
Kamila Ferreira:
sandálias LEMON JELLY, calças + saia + casaco NIKE, brincos MANGO
Beatriz Valleriani:
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sandálias CATWALK, saia PEDRO PEDRO camisola CONVERSE, corrente TOUS, anéis + brincos SWAROVSKI
Constança Salad:
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vestido COS, sweat FILA, brincos MANGO óculos de sol CARRERA, ténis NIKE
Inês Amaral: ténis CONVERSE, meias NIKE, vestido missangas MORECCO brincos A OUTRA FACE DA LUA
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Filippo Fiumani:
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ténis CONVERSE, calças VOLCOM tshirt + blusão de cabedal FIUMANI, casaco MORECCO
BAE texto por Maria São Miguel
Depois de se implantar em Guimarães, tornando-se a loja de referência para quem procura comprar um par de sneakers mais exclusivo, a BAE (before anyone else) alarga o seu espaço de negócio instalando-se em grande no centro histórico do Porto, tendo a Torre dos Clérigos como horizonte. A ideia era recriar o modelo de Guimarães, mas perante um espaço ideal com o triplo dos metros quadrados pretendidos, imediatamente avançaram para a composição de uma concept store onde poderiam, desta vez, articular o universo dos sneakears com o dos acessórios e vestuário —tudo posicionado num patamar premium do streetwear Com interiores desenhados novamente pelo estúdio DE T TAGLI, o térreo da loja apresenta-se como um grande expositor de sneakers que ocupa todo o comprimento das paredes laterais, exibindo marcas de referência, mas também outras como ARKK e FILLING PIECES, para nichos de mercado. Não será estranho que para muitos a loja se
BAE Rua 31 de Janeiro, 235 2a — sáb das 10h — 19h telf: 961 259 422
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PARQ HERE
transforme num templo onde se pode falar sobre sneakers , sobre edições especiais, exclusividades, ir aos ínfimos pormenores — porque toda essa paixão pode ser expressa na seleção criteriosa do produto, feita por TIAGO ESCADA R AMOS (Sneakers Love Portugal), que dá igualmente formação ao atendimento. A conversa pode ir até bastante longe porque no andar superior a BAE tem um espaço reservado ao colecionismo, onde acertadamente e sem falsas modéstias se pode ler Museum BAE . Ou seja, se falarem de um Cortez de 1972 ou de uns Stan Smith de 1971 podem ter a sorte de ver exemplares originais da época e perceber como esses modelos evoluíram. Nesse mesmo 1o andar encontra‑se ainda uma zona a que chamaram galeria, onde a oferta é focada no vestuário e acessórios. Por agora, representam marcas como WOOD WOOD, SOULL AND, STUSSY, L A PA Z, MONOKEL , que entre muitas outras dão um preenchimento singular e muito especial ao espaço.
OBG texto por Francisco Vaz Fernandes
OBG Rua das Janelas Verdes, 90 Lisboa 3a — dom das 11h — 19h telf: 212 434 512
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Depois da experiência do FABRICO INFINITO, uma das primeiras lojas de design de autor, que contribuiu para a imagem renovada do Príncipe Real, MARCEL A BRUNKEN, desta vez acompanhada por ALESSANDRO R ADLOFF, abre nas Janelas Verdes a OBG —um novo espaço que é em si uma abreviatura de um Obrigado(a) geral à vida. O conceito é radicalmente oposto, uma vez que mergulham na produção em série, procurando design e qualidade nos básicos do dia-a-dia a um preço justo. Para MARCEL A , trata-se de um regresso às origens, a linguagens mais elementares de um design puro, valores que fazem sentido nesta altura da sua vida. Ou seja, foi um projeto que implicou repensar a maneira de projetar, fabricar, consumir e descartar, tal como a forma de gerir o próprio negócio. Nesse sentido, toda a gestão do espaço e oferta, que inclui peças de vestuário, calçado, acessórios louça e candeeiros, entre outras surpresas, foi organizada tendo por base uma paleta de cores que vai do branco aos diferentes tons terra, cinza e preto. Não se querendo afirmar como uma loja orientada para Made in Portugal, para evitar uma folclorização,
PARQ HERE
ainda assim, cada peça que entra na OBG transborda de amor pelo manufatura nacional. Por agora, grande parte do trabalho passa por um rigoroso processo de seleção do produto, mas no futuro há planos para que possa ser acompanhado por uma etiqueta OBG, depois de pequenas estilizações que renovam as práticas tradicionais.
COLLECTORS MARVIL A texto por Francisco Vaz Fernandes
http://www.
collectors-marvila.com
COLLECTORS MARVIL A 2a — dom das 11h — 20h Rua Pereira Henriques, 6 Marvila
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Marvila está em grande transformação e já é uma nova Lx Factory com a vantagem de ter a escala de um bairro. Os seus pavilhões industriais abandonados, a sombra de uma outra era industrial em decadência, são hoje a oportunidade de novos negócios que acompanham um público jovem que encontra ali motivos para instalar o seu espaço de trabalho ou a sua residência. Certamente, COLLECTORS, com os seus 3000m2, trará o impulso definitivo para tornar a zona mais atrativa oferecendo um espaço para o desenvolvimento de negócios em torno do colecionismo, do vintage e da criatividade em geral, contribuindo definitivamente para que se torne um bairro de referência para a cultura alternativa emergente em Lisboa. Antes que se venha a transformar nas bases de um condomínio de luxo, será um centro dinamizado por EMILY TOMÉ e ALMA MOLLEMANS, da VINTAGE DEPARTMENT, loja que se tornou em Portugal uma referência para quem gosta de mobiliário vintage escandinavo, e que encontra ali, na enorme nave central do edifício, o espaço ideal de armazenamento e exposição que o seu tipo de negócio necessita. Todos as outras lojas e estúdios com atividades complementares, na área da decoração e restauro, são PARQ HERE
acolhidos em espaços laterais. Vão encontrar a YELLOW KORNER, um projeto francês que procura democratizar a edição de fotografia de autor, aumentando o número de séries e possibilitando assim chegar a um maior número de apreciadores a preços acessíveis. Ao nível da produção de peças de design são ainda residentes a ÚTIL , que se dedica ao design de autor de criadores portugueses, e a BABLED DESIGN, de EMMANUEL BABLED, um designer de referência internacional, que recentemente transferiu o seu atelier de Amesterdão para Lisboa e que encontra em COLLECTORS um espaço de showroom . Ao nível do vintage contamos ainda com a MID MOD - Original Vintage, uma loja de restauro e venda de clássicos de design do século XX, tanto de mobiliário como de iluminação. Contudo, um dos espaços mais surpreendentes, ainda que dirigido a profissionais da decoração de interiores, será certamente a BENEMA , um projeto que vem do Porto e que é uma espécie de biblioteca de materiais, sobretudo de madeira e derivados. JOANA ASTOLFI YEN SUNG (Curry), DIANE GIR AUD e VASCO ÁGUAS (Barbudo Aborrecido) são os primeiros artistas residentes a acuparem a mezzanine —o espaço mais restrito da COLLECTORS.