Parq 16

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REVISTA GRATUITA DE MODA E CULTURA URBANA. PARQ. NÚMERO 16. NOVEMBRO+DEZEMBRO 2009. WWW.PARQMAG.COM


Director

Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com Direcção de Arte

Alva — Valdemar Lamego www.alva-alva.com Trendscout

Mário Nascimento mario@parqmag.com Tradução

Roger Winstanley roger@parqmag.com Publicidade

Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com

Cláudia Santos claudia@parqmag.com

PARQ

periocidade

Número 16

Mensal

nov.+dez. 2009

Depósito legal 272758/08 Registo ERC 125392 Edição Conforto Moderno Uni, Lda. número de contribuinte: 508 399 289 PARQ Rua Quirino da Fonseca, 25 – 2ºesq. REVISTA GRATUITA DE MODA E CULTURA URBANA. PARQ. NÚMERO 16. NOVEMBRO+DEZEMBRO 2009. WWW.PARQMAG.COM

1000-251 Lisboa 00351.218 473 379 Impressão BeProfit / SOGAPAL Rua Mário Castelhano · Queluz de Baixo 2730-120 Barcarena

TEXTOS

Ana Seabra Ângela Araújo Cláudia Matos Silva Davide Vasconcelos Diana de Nóbrega Joana Henriques Júlio Costa Lourenço Faria Luísa Ribas Miguel Machado Miguel Pedreira Paulo Guedes Pedro Lima Pureza Fleming Roger Winstanley Rui Miguel Abreu Ray Monde&Miss Jones Sofia de Santiago Sofia Saunders Tânia Figueiredo

20.000 exemplares FOTOS

distribuição Conforto Moderno Uni, Lda. A reprodução de todo o material é expressamente proibida sem a permissão da Parq.Todos os direitos reservados. Copyright © 2008 Parq.

André Carvalho Daniel Bartolomé Francisco de Almeida Mário Ambrózio Mário Príncipe Pedro Janeiro Rita Carmo Sérgio Santos

Assinatura anual 15€. STYLING

www.parqmag.com capa Mariana Duarte Silva fotografada por Mário Príncipe. Capa em vison sobre corta-vento, porta-chaves looping

Ângela Araújo Chiara Vecchio Conforto Moderno Joyce Doret Laia Goméz Mónica Lafayette

multicolor e óculos de sol Gina. Tudo Louis Vuitton.

Ilustração

José Cardoso (Salão Cobói) Vanessa Teodoro


04 Nike People

76 Central Parq

Inês Castelo-Branco

surf

por Francisco Vaz Fernandes

rip curl pro search 2009 por Miguel Pedreira

06 Real People

Miguel Veloso por Júlio Costa

80 Moda

alexander david por Pedro Janeiro

08 Real People

Dama Bete por Ângela Araújo

88 Moda

suddenly last night por David Bartolomé

10 Real People

Pedro Barroso por Francisco Vaz Fernandes

94 Moda

blackish por Sérgio Santos

12 Shopping Still Life 42 Viewpoint

Reebok Pump 20 Anos por José Cardoso

por Mário Ambrózio

103 Parq Here Viagem

16 You Must

Viagem a Barcelona por Miguel Machado

42 Shopping 104 Parq Here 46 Soundstation

as boas línguas

Dam Funk

Restaurante 560

por Rui Miguel Abreu

por Ray Monde & Miss Jones

48 Soundstation

106 Parq Here

música portuguesa de exportação

places

marc jacobs

por Davide Pinheiro 107 Parq Here 50 Soundstation

places

mulheres na pop

galeria articula + ba

por Davide Pinheiro 108 Parq Here

double issue editorial: francisco Vaz Fernandes

Nesta dupla edição temos muito a comemorar porque pela primeira vez conseguimos ter 116 páginas, uma meta que estávamos longe de imaginar alcançar antes do nosso segundo aniversário. Não é bem igualável ao histórico the September Issue, da Vogue Americana, a edição com o maior número de páginas de sempre, convertida em mito no Cinema, mas, ainda assim, é uma edição com gosto de triunfo que nos enche de entusiasmo. Mas não é só: muitos de vós vão poder ver nos canais FOX e MTV o nosso filme publicitário, que contou com muitas figuras públicas simpatizantes da revista. É esse o nosso caminho, a nossa busca de uma claridade, a que fazia referência no meu editorial inicial, que nos permita sair do lodo da indiferença. A mensagem foi passada, vemos que muitos aderiram à ideia de uma revista e de um PARQ, para ter, ser, sentir, fruir e tudo o mais.

52 Soundstation

places

the sound of arrows

mood

por Pedro Lima 110 Parq Here 54 Viewpoint

places

reebok pump 20 anos

elements + tema home

por José Cardoso 111 Parq Here 58 Central Parq

gourmet

Grande Entrevista

por Francisco Vaz Fernandes

boa boca gourmet + herdade do esporão 07 + beefeater 24 + arizona

62 Central Parq

112 English Version

espaços

dam funk + the sound of arrows + alva

ALVA

lx factory por Joana Henriques

113 English Version 66 Central Parq

Nesta edição contamos com o brilho da nossa Madame, Mariana Duarte Silva, umas das principais promotoras de eventos da noite e cultura urbana, que aterrou de novo em Lisboa para começar, literalmente, a dar-nos baile. Vamos ainda até à Ilustra, o maior evento na área da Ilustração, que este ano decorreu em Berlim, e passamos, como não podia deixar de ser, por Peniche onde assistimos ao maior evento de surf em Portugal dos últimos 10 anos. Estamos a falar do Rip Curl Pro Search 09, que nos trouxe australiano Mick Fanning, entre outros deuses. Por fim, não posso deixar de dar destaque à colaboração de José Cardoso (salão Cobói) com a REEBOK, que nos faz pensar que jovens talentos não faltam em Portugal.

Perfis

mariana duarte silva por Sofia de Santiago

114 Dia Positivo

70 Central Parq

what's love got to do with with?

cinema

cinema indiano por Pedro Guedes 72 Central Parq arte

Voltamos em Fevereiro, até lá desfrutem da PARQ. Um bom 2010 para todos nós!

lady of night: mariana duarte silva

illustrative 2009 por Diana de Nóbrega

por Cláudia Matos Silva ilustração Vanessa Teodoro


Inês Castelo Branco Actriz

AW77 Hoodie personalizado pela Inês em NikeID.com

texto: francisco vaz fernandes Foto: Francisco de Almeida Styling: Ângela Araújo make-up: Rita Janeiro para AR

Tens um novo projecto destinado a festas de crianças. Como surgiu a ideia?

Partilho com a Mariana Perestrelo uma fixação por crianças e desde que nos conhecemos que tínhamos vontade de montar um negócio que nos proporcionasse esse contacto directo com elas. A nós, juntou-se uma terceira sócia, que cozinha coisas maravilhosas e assim surgiu a I Wish. De facto, não há nada mais compensador do que ver a carinha dos miúdos ao entrar na sua festa de sonho. Tem sido muito cansativo, mas muito mais gratificante.

Será que esta iniciativa representa a vontade de te lançares em projectos mais pessoais e deixares um pouco de lado a TV? Representa a vontade de ter

outras perspectivas. Odiaria perceber um dia que a minha vida se resume a um trabalho tão instável e que não depende de mim. O que mais gosto de fazer na vida é representar, mas isso não quer

004 – Nike People

dizer que não tenha capacidade para fazer outras coisas. Aliás, acho vital para a criação das minhas personagens esses momentos em que não estou a trabalhar e sim a viver experiências, sejam elas fracassos ou sucessos, férias ou trabalhos que não têm nada a ver com a televisão.

coisas muito interessantes e percebi que estava a dar demasiada importância a coisas que não têm importância nenhuma.

Consegues ver-te como uma empresária ou achas que vais ter sempre necessidade de estar à frente de uma câmara? Já sou empresária! Nos últimos anos,

números, mensagens ou logos nas roupas. Mas não sei explicar porquê… Esquisitices! Estás a falar com uma pessoa que só bebe Coca-Cola num copo especial… (risos).

criei esta empresa (www.iwish.pt), já tive uma loja no Bairro Alto, já organizei eventos….Tenho a certeza que, enquanto tiver capacidades físicas, não terei problemas em trabalhar. Mas sim, sinto necessidade de representar. É a minha paixão. Estou há um ano afastada das câmaras, a fazer teatro e sinto muita falta desse ritmo. Trabalho em televisão há muito tempo e esta foi a minha primeira grande paragem. Por outro lado, tenho vivido

No hoodie que personalizaste, não puseste nem sigla nem número. Algum motivo?! Keep ti simple… Nunca gostei muito de

www.nikeid.nike.com



miguel veloso jogador profissional de futebol

AW77 Hoodie personalizado pelo Miguel em NikeID.com

texto: Júlio costa Foto: Francisco de Almeida Styling: Ângela Araújo make-up: Rita Janeiro para AR

Sempre te imaginaste como futebolista ou pensavas ter outra profissão? Comecei a jogar futebol aos 8 anos porque via o meu pai jogar e queria fazer o mesmo. Mas, no início, nunca pensei em ser futebolista profissional. Jogava porque gostava e me divertia imenso. Mas, com o passar dos anos, decidi continuar e fazer carreira como profissional.

O que te vês a fazer após a tua carreira como futebolista? Sinceramente, ainda não penso muito nisso. Penso, sim, em continuar a fazer o meu trabalho, que me dá bastante prazer e que tento fazer cada vez melhor. Quando deixar de jogar, aí sim, penso no que irei fazer…!

006 – Nike People

Como ocupas os teus tempos livres?

A maior parte do meu tempo livre, dedico-o à família e aos amigos. Passo bastante tempo em casa e quase sempre a jogar PS3!

Como defines o teu estilo pessoal? É um estilo tranquilo, sem grandes preocupações em pôr algo complexo. Sou bastante relaxado, gosto de me sentir confortável!

Quando personalizaste o teu AW77 no NikeID, puseste-lhe um número ao peito. Porquê esse e não outro? Escolhi o meu número, pois o 4 era o número com que jogava nas camadas jovens e é um número de que gosto. Depois, juntei o 2 porque era o número com que o meu pai jogava. Daí o 24.

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dama Bete cantora de hip-hop

AW77 Hoodie personalizado pela Dama Bete em NikeID.com

texto: ângela araújo Foto: Francisco de Almeida Styling: Ângela Araújo make-up: Rita Janeiro para AR

O que pensas do facto de seres a primeira mulher a entrar num território Hi–pHop marcadamente masculino?

Não me considero a primeira, mas das primeiras. E as primeiras sofrem mais! Ainda sinto que há algum preconceito, algum machismo e é preciso ter muita força para continuar. Já ouvi todo o tipo de críticas e muitas invenções a meu respeito. Mas há que continuar a batalhar, pois as grandes batalhas não se vencem num dia!

Quais foram as tuas referências musicais quando começaste a produzir o teu trabalho? Eu sempre ouvi de tudo. Mas posso dizer que Lauryn Hill, M.I.A e Missy Elliot foram algumas das artistas que mais me influenciaram.

008 – Nike People

A tua imagem é muito feminina. Pensas que isso pode trazer outro público para a cena Hip–Hop nacional? Penso que

sim. Quando dou um concerto, há muitas pessoas que nada têm a ver com o Hip-Hop e isso demonstra que é possível chegar a outros públicos. Há muitas raparigas que se identificam comigo por eu ser mulher. Quando a Elizabeth Teixeira (estilista) me convidou para o Portugal Fashion percebi que conseguia chegar a outros sítios e alcançar público para lá do Hip-Hop!

Porquê uma sigla e não um número no AW77 que fizeste no NikeID? Não te-

nho um número mágico, por isso optei por pôr as siglas de Dama Bete — DB!

O que pensas da cena Hip–Hop portuguesa? Penso que o Hip-Hop português se

está a começar a diversificar, apareceram estilos diferentes de fazer Hip-Hop e, para mim, isso é positivo.

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pedro Barroso Actor

AW77 Hoodie personalizado pelo Pedro em NikeID.com

texto: francisco vaz fernandes Foto: Francisco de Almeida Styling: Ângela Araújo make-up: Rita Janeiro para AR

Começaste a tua carreira como modelo. Que pensas do facto de muitos jovens se inscreverem como modelos com o objectivo de dar o salto para a carreira televisiva? Comecei numa agência de mo-

delos que, na altura, estava a iniciar um departamento de actores para o qual eu tinha perspectivas de ingressar. Esse foi o meu objectivo, cada um deve traçar bem os seus. É óbvio que há modelos que conseguem entrar para uma carreira televisiva porque são mundos próximos, mas mesmo assim muitos distantes. Por isso, boa sorte para os novos!

010 – Nike People

Quais foram os melhores momentos, desde que começaste a fazer séries de TV? Será injusto não recordar todos, mas o projecto mais feliz foi, sem dúvida, o último, a série Um Lugar para Viver, que está a passar na RTP. Foi maravilhoso viver o espírito nómada, de quatro dias em cada cidade, sítios de Portugal maravilhosos, que às vezes desprezamos e por onde eu fico contente por ter passado. Foram dois meses mágicos, on the road!

Como vês o teu futuro como actor?

Considero o trabalho de actor um processo evolutivo constante. Sem querer fazer futurologia, importa a consciência que tenho da minha total entrega profissional em cada novo projecto. Resumindo, repitam-me essa pergunta daqui a 20 anos.

Se pudesses escolher um papel para um filme de Hollywood, que tipo de personagem gostarias de fazer? Hannibal

Lecter, Anthony Hopkins.

No casaco que criaste na Web, puseste um número e uma letra ao peito. Por algum motivo em especial? Somos

cinco na família, todos homens. O “grande criador”, o meu pai, e mais três irmãos. O 5B começou quando, um dia, o “Barroso” original deu esse nome ao seu barco. O testemunho foi passado e somos hoje todos seguidores deste pequeno culto de família.

www.nikeid.nike.com



012 – Shopping


co io.

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nn ON ND itio LO l ed Y a i L c F LEE S p e n a AREA ins b o t i r t AV IS h R L t-s h ila G ALESSI o E SE Y c m o zei r e s D I ERR v n a P ci a - ch t p o r i s FREDER S E V EANS n t é s CO N P E J i E tén to P n ci

oz br am io o ar i .m ch Y www v ec SISLE io C e oz h i ara l br c pe am CLINI : em io l i n g a r ION H at M á St y av FAS t o: gr na fo a rr a DIOR it I gu SC CC a E GU r e n e s W C H RISTAN b le e So pho a p d ir em h e a a r r e S EL em g C DIE i ag ci o i v g CLINI reló o d e ION c r TIGER s a FAS H EL s te S Ma na o DIE lub C t A AN COUTURE c in i s ONITSUKA UR Y YB n EM t é os R A J UIC U U H l ó c u f u m e b e l o S VANS S a r AREA CO B C K EDITION p e a ra c e d a s p o na RC JA RO g e l t a- m Y MA E r BY po o SISL ALESSI ABSOLUT RC o t c in zei r o l M A d k a o s M INI n ci os d e d e v E de l re L ó c u r a f a IN EL pa e C r ga OC io d r oC sac endá l ca

013 – Shopping

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U MI IU oM C t l a S lto OB CLINI COUTURE JAC e sa L INIC d C a ION i H N C TORIA M A R dál S a n A S H I O V IC C BY n a FAS R e F n a h e t t o l M A M IU s c p o os d e M IU E COUTURE l a L ó c u t ei r IN EL de TORIA a C r C C a m eç c O VI a b r te .co o C te c c o a a s e n ang o b ras d r s r a co t os M RS nob us H UNTER a ILO S o w. m a s sap a Y TA ha w n R c w A lo TO CENIOH O c a it e, Ga e te S DE ru e p HIN y IER Pe erov cor re n t BUC ix t TH S L f s S s U r I e A NIC co m L U Y LONDON M is LG CLI i TY AU b o t a s FL S S I X ION N-P H S A I t S b o i o M SL FA l JE g rol na Y ´n´ RY reló o ns ER os e M AC t B R a R e b o U fum ad aB p e r d o u r u ra d o pó ente d r c o r i s ADIDAS n té

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015 – Shopping

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The Right Stuff, 2008-2009 Ferro Pintado, Monitor LCD (7polegadas) Cortesia Cristina Guerra Contemporary Art, Lisboa

Rui Toscano No reino dos céus texto: francisco vaz fernandes

Rui Toscano é um dos artistas que mais se evidenciou no final dos anos 90, tendo participado em inúmeras exposições dentro de uma lógica promocional de jovens artistas. Os trabalhos que agora apresenta no espaço Chiado 8, promovido pela Culturgest, reforçam uma lógica de trabalho que nasce nas pontes entre a cultura popular e a erudita, nesta exposição, mais especificamente, entre a cultura científica e a ficção científica. Este elemento é evidente na peça que abre a exposição. Em “The right staff”, o artista explora o efeito visual da descolagem de foguetões a partir de fotografias sequenciais que passam a grande velocidade num pequeno dispositivo LCD.

016 – You Must

Não obstando serem imagens fotográficas retiradas da net, a forma sequencial induz-nos num aparente movimento, restituindo através de vários momentos uma única emoção cristalizada nos códigos mais profundos da nossa cultura popular, que toca qualquer um de nós. A perspectiva da era espacial, proposta por John Kennedy, como última fronteira, carrega em qualquer um de nós esta perspectiva positivista civilizacional que, apesar de tudo, ainda dá sentido às vidas humanas. Consequentemente, olhar uma obra de Rui Toscano convoca várias perspectivas de leitura. Se numa está em foco os meios de construção, noutras estabelecem-se ganchos alicerçados na cultura erudita, com referências a toda a História da Arte ou então à cultura pop, que lhe chega através dos livros e dos filmes que alimentam a imaginação popular Esse facto é importante, porque tanto nos projectos “Super Corda” como em “Mother and Child”, as obras que podemos ver de seguida, há uma igual transferência do domínio científico para um conhecimento comum. Em “Super Corda”, através do vibrato de uma corda de um baixo amplificado, procura descrever o fenómeno de corpúsculo que, segundo a teoria das super cordas, explica todas as relações que ocorrem no Universo, desde as energias subatómicas ao comportamento geral do Cosmos. Os seus filamentos unidimensionais, ao vibrarem, produzem uma determinada tonalidade de energia, em tudo semelhante ao que acontece quando dedilhamos uma corda de contrabaixo. Em “Mother and Child”, uma obra de maior intensidade poética, essa transposição é ainda mais evidente. Na verdade, é uma obra que recorre a uma imagem comum da observação de corpos celestes, uma representação elementar a que qualquer criança recorreria. De facto, não são mais do que duas circunferências, construídas a partir de dois projectores: um menor sobreposto em intensidade de luz projectada sobre a maior. Ou seja, com a simplicidade de elementos, tão imateriais como a luz só pode ser, Toscano não só reconstrói uma paisagem que está no imaginário comum, como também se refere a uma verdade científica, mencionando a projecção de luz que os corpos celestes emanam.

Mother and child, 2009 Dois Projectores de Luz, Dimmer Cortesia Cristina Guerra Contemporary Art, Lisboa

Por fim, na última sala, temos duas obras, uma delas, “The Great Curve”, que remete também ela para uma verdade científica, a de que o espaço será curvo. Desta forma, cria um dispositivo onde a realidade científica e o artifício ficcional se encontram. Nesse sentido, como refere Bruno Marchand, autor do texto que acompanha o catálogo, “The Great Curve” é um exercício sobre o choque entre diferentes protocolos de observação e a aparente incompatibilidade dos objectivos a que se propõe. Entre a ficção e a realidade há um lugar em ruínas prestes a tornar-se novo. É de lá que o artista, segundo Baudelaire, reitera o valor e a capacidade imaginativa como motor universal para a organização do visível, para a requalificação da experiência e para produção de sentido.”

Chiado 8 Arte Contemporânea Largo do Chiado, nº8, Lisboa tel 213 237 335 www.fidelidademundial.pt



Karim Rashid Switch texto: francisco vaz fernandes

Switch The Dubai Mall Downtown Burj, Dubai

018 – You Must

Desenhado por Karim Rashid, Switch tornou-se o novo paradigma em termos de desenho de interiores. Toda a concepção do espaço e mobiliário são da sua autoria, tudo pensado ao milímetro, de forma a ser entendido como um espaço electrificante, sofisticado e rebuscado, ao gosto do moderno mundo árabe. É que esta pequena jóia foi implantada no Dubai Mall, o maior centro de comercial do mundo, também conhecido por ter o maior aquário do planeta. Trata-se de um pequeno restaurante e lounge, com cerca de 40 lugares sentados, que nos faz pensar no interior da nave do Capitão Kirk. Entre outros espaços da área da alimentação, este restaurante recria um túnel com bancos corridos ao longo das paredes. Todo ele se constitui como um novo espaço barroco cheio de formas orgânicas curvilíneas. Os muros foram revestidos de um material translúcido, o que permite ao espaço ir sofrendo alterações de cor, fazendo com que tudo pareça mais vivo no seu interior. Já a parte do tecto tem frases em árabe que parecem curtocircuitos que se espelham no chão. Obviamente que não é um lugar para descansar, mas sim para se usufruir em forte dosagem.

www.meswitch.com      www.karimrashid.com


Sagatex, Comércio & Representações, Lda. - Porto • Tel. 225 089 160 • sagatex@net.novis.pt


1 Mesa de café de Davis Restrorick em Book Table na Rocket Gallery, Londres 2 Candeeiro de John Mayor na Tent London

3 Mesa de café de Tomoko Azumi em Book a Table, na Rocket Gallery, Londres 4 Banco de Dick Van Hoff Libby Sellers Gallery 5 Ploop de Oskar Zieta na Brompton Design District 1

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que recriou um ambiente de sala a partir de algumas peças de mobiliário que evocavam criações do arquitecto modernista Gerrit Rietveld. Feitas de madeira grosseira e couro, com acabamentos rudes para os parâmetros hi-tech do design de luxo contemporâneo, estas peças exaltavam uma aparente rudeza. Segundo Van Hoff, as suas criações procuram uma certa integridade, solidez e longevidade que possam reflectir a valores ligados à família e ao ambiente doméstico

London Design Festival 100% Design texto: francisco vaz fernandes

Como acontece habitualmente, no que se refere ao design , Londres torna-se a sua capital em Setembro. Os efeitos da crise fizeram-se sentir no número de participantes da feira, mas nem assim a London Design Festival perdeu o seu brilho. Não faltaram eventos paralelos, por si só capazes de justificar uma visita a Londres durante essa semana. Por isso, dada a notória falta de investimento das grandes marcas, sem grandes novidades, sentimo-nos compensados pelos projectos curatoriais de maior qualidade. Começamos pela galeria mutante Libby Sellers, tida como a mais importante promotora de novos designers. Este ano, não houve a opção de uma colectiva e toda a atenção recaiu sobre o jovem holandês Dick Van Hoff,

020 – You Must

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A exposição individual de Max Lamb, pela sua beleza e poética, foi também um dos projectos mais falados. Este criador, que ficou conhecido por conceber algumas das suas obras a partir de moldes de areia que ele próprio realizava na praia, em ruptura com procedimentos industriais do design, apresentou um conjunto de peças em granito. Expostas na Johnson Trading, na Hoxton Square, são o resultado de uma temporada em que viveu na China, numa zona de pedreiras. A forma como cada um dos blocos ocupava o espaço fazia-nos pensar numa poética próxima de um jardim Zen .

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Entre os países que estabeleceram representações em Londres, a Polónia foi, sem dúvida, a que despertou mais atenção, beneficiando de um punhado de jovens criadores que inflamaram o interesse internacional. A começar por Oskar Zieta, que arrecadou, no ano passado, um grande número prémios de design , tornando possível a descoberta do potencial criativo de Varsóvia. Por isso mesmo, a delegação polaca, sediada na Brompton Design District, ultrapassava em muito a restrita área do design de produto, entrando em áreas criativas como a moda, a arquitectura e as artes gráficas. Apesar de tudo, a exposição mais curiosa partiu da iniciativa de um espaço dedicado a livros de artista, a Rocket Gallery. Para a London Design Festival, criou uma exposição intitulada “Book a Table”, na qual figuravam várias “mesas de café”. Contou com a participação de nomes de grande prestígio, como David Restorick, Tom Lovegrave, Tina Tolstrup, entre outros.

www.londondesignfestival.com



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Vintage Pump Reebok

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texto: Maria São Miguel

Para celebrar os 20 anos da tecnologia Pump, a Reebok criou, em parceria com 20 lojas internacionais, 20 novas versões modelos dos icónicos ténis da marca. Os Pump surgiram em 1989 e representaram um grande avanço tecnológico na indústria do calçado desportivo. Tiveram a sua primeira aplicação no calçado técnico de basquetebol e logo foram adoptados por outras modalidades, revolucionando assim o calçado desportivo. Hoje, os Pump surgem reinventados como objectos de moda, que associam tecnologia a um design inovador e actual, sem perder o toque clássico Reebok. A lojas como a A.R.C., a STOLEN RICHES e a BODEGA foi lançado o desafio de criar um modelo que reflectisse o seu cliente. Estas edições são limitadas ao número de 30 pares por loja. Destacam-se os modelos da COLETTE, em jersey cinza mescla e azul, uma referência ao vestuário desportivo, e os modelos Court Victory e Omni Lite, da loja Japonesa ATMOS, com apontamentos rosa e amarelo néon, numa celebração dos anos 80.

022 – You Must

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Também o designer de moda masculina Christopher Shannon lançou uma t-shirt comemorativa dos 20 anos dos Pump, numa edição limitada de 200 unidades. A t-shirt Pump Omni Lite foi apresentada no desfile do designer na Semana de Moda de Londres. Este relançamento dos modelos Pump vem reforçar a ideia de que os antigos modelos desportivos são hoje objectos de moda que, para nosso proveito, surgem em diferentes versões, para todos os gostos e idades.

1 pump tshirt de Christopher Shannon 2 pump stolen riches Toronto 3 pump arc Nova Iorque 4 pump athmos Tóquio 5 pump colette Paris 6 Pump patta Amesterdão 7 pump espionage Austrália

www.reebok.com


C H

M E N ,

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N O V A

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F R A G R A N C I A


Conto de Fadas Hannah Hedman texto: Ângela Araújo

No novo trabalho da designer de jóias Hannah Hedman, intitulado “What you tell is not always what you have experienced”, a criadora sueca apresenta 14 colares que exploram a fronteira entre a verdade e a mentira, a fantasia e a realidade. Hannah Hedman, que se vê mais como uma artista do que como designer, inspirou-se na tradição das histórias contadas entre gerações e na sua constante mutação. Já se sabe que “quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto” e nunca sabemos onde podemos ir parar. Para a criação das peças desta colecção, Hannah constrói diferentes fragmentos individualmente e, depois, conjuga-os conforme lhe sugere a inspiração, acrescenta-lhes pontos, sem saber onde irá parar, tal como as histórias que crescem ao longo do tempo. Surgem assim peças que são mais esculturas do que jóias, todas diferentes, mas também semelhantes. A própria Hannah Hedman situa o seu trabalho numa zona “nem preta nem branca, mas que existe numa área cinzenta, indefinida e estranha”. Indefinida sim, estranha nem tanto,

diríamos antes desconhecida, nova! Os materiais utilizados são a prata, o cobre e as fibras sintéticas, os tratamentos são rústicos e sugerem mais um uso industrial do que sua aplicação na fina arte da joalharia. O resultado das horas de trabalho meticuloso de Hannah é uma “escultura vestível”, interessante e inventiva, que nos permite contar infinitas histórias e mudá-las vezes sem conta.

Proibido Proibir Mude texto: Sofia Saunders

O Museu de Design e da Moda de Lisboa apresenta 60 peças de finais dos anos 60 e início dos 70 sob o mote “É proibido proibir”. O título da exposição foi retirado de slogans escritos pelas ruas de Paris, em 1968, e que traduzem o espírito de libertação, contestação e revolução sexual da época. Nesse período, em que também se podia ler «quanto mais

Malcom Mclaren e Vivienne Westwood Colecção Seditionaries,1977 Túnica em gaze de algodão branco cru. Alças com velcro e rasgões. Estampagem com bandeira inglesa e com a inscrição “ANARCHY IN THE UK / SEX PISTOLS”

faço amor mais tenho vontade de fazer a revolução (e viceversa)», para além do ambiente de forte contesta-

ção, o experimentalismo, o multiculturalismo e a procura de uma plena liberdade estavam em curso. A mostra, que coloca o enfoque no continente europeu, sobretudo em Itália e Inglaterra, Milão e Londres, está organizada em núcleos temáticos, sobre o espírito de contracultura e do anti-design , a efemeridade e a performatividade das propostas. As peças apresentadas no Museu «espelham a crise da sociedade de consumo, das instituições e da moral vigente e revelam novas atitudes, mentalidades e comportamentos em revolução».

024 – You Must

Mude Rua Augusta, 24 - Lisboa Até 31 de Janeiro

www.mude.pt      www.hannahedman.com





Big Book Carhartt texto: Júlio Costa

A Carhart apresenta pela segunda vez o seu Brand Book. Além do especial destaque que dá à Colecção Outono/Inverno 2009, o Volume 2 permite conhecer a fundo a campanha publicitária, que contou com a colaboração do ilustrador Marco Klefish, bem como a história por detrás da linha Carhartt Heritage. Há ainda entrevistas, com o fotógrafo Mathias Willi, que fez um shoot para a marca intitulado “Friends”, o DJ Benji, sobre o seu recente projecto de rádio, e com Andrea Caputo, editor de “All City Writers”, um livro que dá uma visão exclusiva sobre o desenvolvimento da cultura “grafitti” desde o seu início até aos dias de hoje. Neste Volume 2, podemos ainda inteirar-nos dos mais recentes acontecimentos e tours da marca, além de conhecer os mais recentes membros das equipas de Skate e BMX que a Carhartt patrocina. A edição inclui colaborações como a Carhartt x Vestax handy Trax USB turntable, não faltando ainda muito material de imagem e gadgets. O Carhartt Brand Book Volume 2 encontra-se disponível apenas nas lojas Carhartt e distribuidores autorizados.

Using our Illusions UM/2009

texto: luísa ribas

Entre 12 e 15 de Novembro, Lisboa acolhe o Festival UM: Festival Internacional de Intermedia Experimental, dedicado à apresentação e disseminação de práticas intermedia contemporâneas, confrontando o panorama nacional e internacional. O festival centra-se nas práticas de carácter interdisciplinar e experimental que expandem a noção de "media arte" no cruzamento de disciplinas, formas de arte, tecnologias dos media e suas implicações sociais. Sob a forma de exposição, workshops, conversas e performances, em 4 locais (ECV Fiat, FBAUL, ZDB & MusicBox), o festival UM conta com a participação de uma pluralidade de artistas, profissionais e académicos que, nesta edição, se reúnem sob o tema da "paisagem" como mote para "usarmos as nossas ilusões" na visão o mundo e na relações "imaginadas" que mantemos com ele. O Festival, que vai na segunda edição, tem a direcção de Teresa Dillon, acompanhada na abordagem curatorial por um input

028 – You Must

FBAUL

a 14 de Novembro Largo da Academia Nacional de Belas-Artes, Chiado ZDB 12, 13 e 14 de Novembro R.da Barroca, 59 Bairro Alto

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MusicBox

12, 13 e 14 de Novembro R.Nova do Carvalho,24 Cais-de-Sodré

Exposição André Gonçalves (PT) CADA (PT) John Klima (US/PT) Jodi Rose (AU) Terike Haapoja (FI) Julius von Bismarck Andreas Schmelas & Stefan Stubbe Sanda Dick & Lukas Hartmann Torsten Posselt Benijamin Maus Frederic Gmeiner (DE) Performances de abertura de Rafael Toral (PT) & Staalplaat Sound System (NL/DE) Até 27 de Novembro no Espaço ECV Fiat Garage, Av. 24 de Julho, 60, Santos Julius von bismarck “fulgurator”,2008

de promotores e curadores, como QuJunktions (performance musical) ou Jussi Ängeslevä, da Universidade de Belas-Artes de Berlim, que traz uma série de projectos para a exposição, sobre processos de construção e mediação da imagem. Esta abertura reflecte-se este ano não só na temática como no formato, locais e parcerias, nomeadamente alojando na Faculdade de BelasArtes da Universidade de Lisboa o programa de workshops e conversas do Festival.

www.1um1.net      www.carhartt.com



Rivalry Collection Nike texto: Ângela Araújo

A Nike desafiou dois designers distintos a criarem uma colecção em que se exaltasse a rivalidade e o espírito competitivo do desporto: Carri Mundane, fundador da marca londrina Cassette Playa, e o multifacetado ilustrador e designer Piet Parra. Para tal, ambos criaram duas equipas fictícias. Carri Mundane criou a equipa das Chimeras, agressiva e destemida, que tem como único objectivo ganhar a todo o custo. Já a sua rival, a equipa de Parra, os Lovely Loners, defende a ideia do desporto pelo desporto, valoriza o esforço e o espírito de equipa. Nunca ganha, mas que acredita que o importante é não desistir. Equipadas a rigor com duas versões do tradicional Destroyer Jacket, em nylon (um colorido e um em preto) e uma versão do clássico Stadium Jacket em

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lã e com mangas de cabedal, os Chimeras surgem numa fusão de cores vivas como o azul, o verde, o fuschia e o laranja, enquanto os Lovely Loners adoptam um tom mais sóbrio, em grená, com divertidos elementos coloridos bordados, vindos das ilustrações de Parra. Cada equipa tem também uma t-shirt, disponível em 3 cores, um par de ténis e um boné. Existem em versão masculina e feminina. O resultado é um design divertido e actual, dentro de um ambiente de party people que tem caracterizado a vida dos Club londrinos.

www.nike.com


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Fashion Force Moda Lisboa texto: ana seabra

“Os manequins da Moda Lisboa são maquilhados com produtos L’Oreal Paris e penteados com produtos L’Oreal Professionelle”. Música. E começa mais uma edição da Moda Lisboa! Fashion Force foi o mote da

33ª edição da ModaLisboa, que teve lugar entre 8 e 11 de Outubro, pela última vez em Cascais, para em Março voltar à cidade que lhe empresta o nome. Durante quatro dias, a moda ditou-se em Português e em força. Os drapeados, as transparências e, uma vez mais, os fechos expostos foram elementos constantes nas propostas dos criadores nacionais para a Primavera/Verão 2010. Mini-saias e vestidos, algumas coullottes, cores neutras e peças fluidas marcaram também presença na passerelle. Tudo de cintura bem subida. Muita inspiração africana, quer num estilo mais colonial ou através de elementos tribais, foi vista nestes quatro dias, graças a Miguel Vieira, Nuno Baltazar, Filipe Faísca e à marca TM Collection, esta última a fazer o seu début na Moda Lisboa. De destacar o grunge dos 90, pelas mãos de Ricardo Dourado, em cinzento preto e azul, bem como a colecção “Protect yourself as a treasure” do apelidado enfant terrible Dino Alves,

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em tons de dourado e azul, com muitos acessórios, correntes, cadeados, chaves e dobradiças. Na linha da frente estiveram também a feminilidade, desta feita colorida, de Alves e Gonçalves, o vermelho explosivo de Alexandra Moura, Aleksander Protic com criações muito fluidas, inspiradas na peça “Orquéstica” pela coreógrafa Tânia Carvalho, os plissados de Luís Buchinho, numa colecção ancorada nas imagens subaquáticas de medusas. A ModaLisboa recebeu, nesta edição, três marcas internacionais: Adidas Originals, que trouxe para a passerelle os atletas olímpicos Naide Gomes, Nelson Évora e Telma Monteiro, Hello Kitty, a comemorar os 35 anos com criações exclusivas dos designers de maior relevo em Portugal, e Cia. Marítima, pela segunda vez na Moda Lisboa, que mais do que uma apresentação de fatos de banho, pôs a top model Isabelli Fontana a desfilar na cidadela de Cascais.

1 luís buchinho 2 3 Dino alves 4 ricardo dourado 5 6 Aleksander protic

www.modalisboa.pt


33 – Shopping


60 Anos Gant texto: Maria são miguel

Moda a um só clique Moda online texto: Tânia Figueiredo

Imagens do desfile SS10 da Louis Vuitton vistas em tempo real a partir do Facebook.

Longe vai o tempo em que os desfiles das colecções das grandes casas de moda estavam disponíveis para o público em geral umas horas após a sua primeira grande apresentação. Cada vez mais cedo as grandes maisons se apercebem do poder da Internet e do poder da sua propagação. Temos o exemplo da Louis Vuitton que anuncia o seu desfile de primavera/verão 2010 no facebook para que todos os fãs se sintam únicos e vejam em tempo real as novidades, o detalhe e o glamour da próxima colecção.

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A Gant comemora 60 anos e lança algumas recriações de camisas que são marcos na história da marca, que começou de forma tão casual quanto as peças que produz até hoje, enraizada no “sonho americano”. Estas edições especiais, assinaladas com uma etiqueta comemorativa, são originais do ucraniano Bernard Gant, que entrou nos EUA em 1914, para trabalhar na confecção. Em 1941, conseguiu montar uma pequena empresa familiar em New Heaven, que produzia camisas para outras lojas, mas só em 1949 aparecem as primeiras camisas identificadas com a marca GANT, vendidas na prestigiada loja Paul Stewart, localizada na Madison Avenue. Continuavam a ser camisas, mas com um novo conceito visual, mais casual e desportivo, trazendo, pela primeira vez, plissados nas costas e botões no colarinho, uma grande inovação na época. Nascia assim um clássico: as camisas chamadas Button-Down Sportswear. Com o passar dos anos, a GANT foi crescendo, a tal ponto que, nos anos 60, era já o segundo maior fabricante mundial de camisas e uma verdadeira febre entre estudantes americanos. Nos anos 80, quando a empresa sueca Pyramid Sportswear consegue os direitos de uso da marca para o país, e posteriormente para o mundo, davam-se os primeiros passos para a sua globalização.

Outras marcas mais massificadas como a Mango têm na sua página de facebook novidades, notícias e até passatempos. A influência da Internet é tão diversificada que permite que em todo o mundo, participem apoiantes da marca com o intuito de criar cada um o seu armário perfeito com peças da colecção actual Mango – my MNG closet. As redes sociais são inúmeras e com os mais diversificados interesses: moda, amigos, contactos de trabalho, fóruns específicos com necessidade de convite e por aí fora. Prêt-a-porter e haute couture um paradoxo na mesma dimensão de Internet.

www.gant.com      www.louisvuitton.com


Laurel Fred Perry texto: Sofia Saunders

A colecção Laurel, considerada a linha superior da Fred Perry, que sob a orientação de Raf Simons, reinterpreta com maior exactidão a herança da marca, apresenta nesta estação uma colecção para homem onde predomina uma opulenta paleta de antracites e azuis escuros e onde a cor de tijolo e amarelo mostarda também despontam. A silhueta continua a ser marcada por pólos e cardigans, numa mistura de materiais onde os “jerseys” ganham maior dimensão. São particularmente interessantes as linhas de pólos e camisas de colarinhos baixos com micro estampagens, assim como as malhas mais trabalhadas, que recriam o estilo académico bem old school , com um toque de country club. Relativamente à colecção de mulher, os pólos têm acabamentos em couro e renda, destacando-se ainda as peças em malha de seda com rendilhados transparentes, mangas com “ribs” finos, colarinho com decote em barco ou redondo e veludo estampado.

Novo Colorado Cat texto: Sofia Saunders

Boots Hunter

A bota de trabalho que está na base da popularidade da CAT voltou este Inverno com mais força e estilizada. O modelo clássico, conhecido por Colorado, apresenta-se com novos acabamentos, para tentar conquistar o público feminino que segue as tendências da moda. Na verdade, tem havido um investimento neste segmento, apresentando outros modelos para todas aquelas que procuram completar o look nineties, que está aí a rebentar. Assim, o novo Bruiser tem a forma do Colorado, mas com pele, em verniz, o que lhe dá um aspecto mais feminino. Já o Miza tem um perfil mais baixo, um certo toque militar. Dois modelos diferentes, ambos a seguir as tendências do Punk/Grunge.

texto: Sofia Saunders

As botas de borracha Hunter são um dos grandes clássicos britânicos que, provavelmente, já vimos em alguma imagem de Kate Moss, combinadas com um vestido curto, ou da família real, durante os seus passeios pelo campo. Duas imagens dispares de um reconhecido conforto e durabilidade, que fazem destas galochas em borracha natural vulcanizada, mais do que uma construção ortopédica, um artigo de luxo, agora disponível no mercado urbano em várias cores. O mundo da moda rendeu-se e vários criadores são chamados para colaborações. Na origem desta galocha está um empresário americano, Henry Lee Norris, que em 1856 montou uma empresa de fabrico de borracha. As Hunter Wellington foram originalmente desenhadas para andar nos terrenos irregulares, mas foi só depois da I Guerra Mundial que se popularizaram, depois de adaptadas como o melhor calçado para as condições adversas das trincheiras.

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colorado Misa

colorado bruiser

www.hunter-boot.com      www.fredperry.com       www.catfootwear.com


Dunhill by Kim Jones texto: Ângela Araújo

Kim Jones lança a segunda colecção para a Alfred Dunhill. O desfile Primavera/Verão 2010 da casa londrina vem confirmar a justa nomeação de Kim Jones para Director Criativo da marca. Se após o lançamento da colecção de Outono/ Inverno ainda restavam dúvidas quanto à sua competência como Director de uma das mais prestigiadas casas de moda masculina, é seguro dizer que até os mais resistentes ficaram convencidos. Kim Jones, que já tinha trabalhado com a Umbro e lançado a sua própria colecção de roupa masculina, é convidado pela Dunhill para substituir Chistopher Colfer. O início desta colaboração ocorreu em Março de 2008, quando Kim Jones criou uma linha de acessórios em pele para a colecção Primavera/Verão-09 da marca. A colecção seguinte da Dunhill teve já a sua assinatura. O designer abandonou a sua própria marca para se dedicar ao novo projecto, que encarou desde início como um desafio e um novo passo na sua carreira. Muitos duvidaram do sucesso desta colaboração, uma vez que Kim era mais conhecido pelo seu trabalho com a marca desportiva Umbro, e as suas qualidades como designer de vestuário clássico, apesar de já ter trabalhado com marcas como a Louis Vuitton e a Hugo Boss, estavam ainda por comprovar. Kim Jones soube fazer o trabalho de casa. É óbvio o estudo dos arquivos da Dunhill. A marca não perdeu nenhuma da sua elegância, pelo contrário, a nova colecção de Kim é feita para o verdadeiro English Gentleman , clássica e formal em primeiro lugar, mas também cheia de personalidade. A elegância do passado emerge em fatos da mais perfeita alfaiataria moderna. A silhueta é estreita, os tons variam entre o bege, cinza claro, o clássico azul e alguns verdes. Salientam-se as calças clássicas, com a bainha ligeiramente alta, os padrões das camisas e gravatas de seda, os decotes em “V”, os sobretudos de marinheiro e os casacos estilo safari.

Terapia Urbana Parq texto: Francisco vaz fernandes

Terapia Urbana é a concretização de um spot publicitário da Parq que vai passar, durante duas semanas, a partir do dia 15 de Novembro, nos canais Fox e MTV. Produzido em três versões —de um minuto para a net e de 30 e 20 segundos para os canais televisivos— este filme é a concretização de um sonho da Parq, tornado possível graças à preciosa ajuda de Bruno Ferreira, o realizador, e da equipa técnica da Krypton. Em menos de um mês, foi possível juntar os esforços e materializar o projecto, que contou com uma grande equipa de figurantes, entre eles algumas figuras públicas que se revêem nos ideais da Parq. Este passo, primeiro e único, marca a vitalidade de uma revista gratuita com um lugar singular no conjunto da imprensa portuguesa.

Depois de mais um sucesso, espera-se o crescimento da Dunhill a cada estação. Esta colaboração tem todos os ingredientes para elevar a Dunhill a novos patamares tornando-a mais moderna e criativa. A Dunhill está em Portugal há 15 anos. Em Lisboa, pode visitar a loja da marca no Centro Comercial das Amoreiras.

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www.dunhill.com      www.parqmag.com      www.kryptonfilms.com


BR01 Comando Bell& Ross texto: Sofia Saunders

A Bell & Ross lança uma nova série limitada o BR01 COMMANDO. Esta marca de alta relojoaria suíça que se inspira em termos de formas na estética dos instrumentos da aviação antigos propõem-nos desta vez um modelo a pensar nas necessidades das forças de elite, Propõem um modelo que procura juntar tecnologia à discrição atendendo assim a necessidade de camuflagem destas unidades de intervenção especiais. O BR01 COMMANDO possui caixa preta, mostrador cinzento e acabamentos em mate, fundindo-se totalmente na farda destes profissionais. Graças à utilização do vidro duplo com tratamento anti-reflexo e mostrador foto luminescente, a legibilidade deste modelo está garantida, tanto em ambientes diurnos como nocturnos.

City Guides Louis Vuitton LOUIS VUITTON Av. da Liberdade, 190-A Lisboa

texto: Sofia Saunders

Deco Empori Armani texto: Sofia Saunders

A joalharia de marca está em grande desenvolvimento e nenhuma marca de moda dispensa uma colecção própria. Emporio Armani foi uma das primeiras a ser pensada como um complemento as criação de moda e, por isso, obedece a princípios minimais e modernos, que fizeram a notoriedade desta casa italiana. Este ano, a colecção é marcada por uma inspiração “Deco”, em que se distinguem formas geométricas e jogos gráficos.

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Hotéis de luxo e de charme contemporâneos, restaurantes gourmet, bistrôs de chefes conceituados, locais habitualmente frequentados por artistas, lojas de vinhos, galerias de arte e de design , museus, spas (termas/estâncias termais) e lojas de moda constituem o cardápio completo. dos City Guides da Louis Vuitton, actualizados todos. os anos Londres, Los Angeles e Roma serão oferecidas pela primeira vez em edições individuais com caixa, ao passo que a indispensável edição europeia acrescenta mais seis destinos ao seu mapa: Basileia, Deauville, Knokke-le-Zoute, Míconos, Málaga e Tel Aviv. O segredo do seu sucesso tem sido a capacidade de síntese entre o institucional e o trendy, Por isso pedem a uma personalidade distinta e por vezes inesperada como pode ser Bernhard Blaszkiewitz, director do jardim zoológico de Berlim, desvendam os os melhores segredos da sua cidade. Em formato de

bolso, impressos em papel de bíblia a Louis Vuitton conta com o talento de jornalistas, escritores e personalidades do mundo das artes e das letras que, não raras vezes, dividem as suas vidas por duas cidades e trabalham para os jornais e as revistas de maior prestígio. Muitas vezes há várias mãos a escrever sobre a mesma cidade, como acontece com Londres, Paris, Tóquio ou Nova Iorque. A contribuição de todos, combinada com a de artistas, homens de negócios e designers, juntamente com a autoridade e experiência da Louis Vuitton, fazem do City Guide uma obra única, um guia atípico com um tom desinibido e independente que, com o passar dos anos, se tornou um precursor de novas tendências.

www.bellross.com      www.emporioarmani.com       www.louisvuitton.com


Track T800 Cdi texto: Júlio Costa

A firma holandesa EVA Products BV lançou, recentemente, a Track T800 CDI, a primeira moto a gasóleo disponível comercialmente. É uma moto do tipo Adventure Tourer, enquadrando-se num segmento em que são referências a BMW GS1200 ou a KTM 990 Adventure. Concebida com especial atenção para o conforto e a facilidade de condução, tem um motor Smart de 800cc CDI, especificamente desenvolvido pela Daimler para utilização em veículos de duas rodas. Acoplado a uma transmissão variável continua, automática, o motor assegura que a moto se encontra sempre no regime de potência ideal para a situação de condução em que se encontre. Capaz de fazer consumos de 1,5 litros aos 100/ km, está preparada para que, num futuro próximo, seja possível vir a utilizar outros combustíveis, como o biodiesel ou óleo vegetal. O sistema de Tracção 2WD pode ser pedido por encomenda. A moto pode ser adquirida através do site do fabricante, tendo um tempo de espera de 3 a 4 meses até à sua entrega, não havendo para já representação da marca em Portugal.

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www.dieselmotorfiets.nl


Made in Italy Pianca texto: maria são miguel

Fim de AnoFontana Park Hotel

A combinação da beleza com a funcionalidade” tem sido a marca Pianca, empresa de peças de design , criada há 60 anos por Enriço Pianca, na vila de Gaiarine, em Itália. Conseguiu que a sua produção artesanal de cadeiras e sofás produzidas numa pequena oficina passasse a ter uma dimensão industrial. No entanto, seria nos anos 80, com a direcção do seu filho, Aldo Pianca, e aproveitando o interesse internacional pelo design italiano, que a expansão da marca para o estrangeiro teria lugar. De certa forma, a Pianca tornou-se um dos grandes símbolos do design italiano, passando a produzir, num estilo moderno e minimalista, que predomina até hoje. Ao contrário de outros, que se dedicaram à edição de peças de grandes designers para construir uma imagem da marca, a Pianca procurou sempre uma homogeneidade de forma, com destaque mais no life style do que no produto em si. Além disso, o facto de todos os seus produtos terem acabamentos idênticos reforça o conceito global. São peças “clean” que deixam ampla margem para a personalização, em função das tendências da moda. Por isso, Pianca são madeiras lacadas brilhantes, metais cromados e têxteis lisos, em que se destacam os excelentes acabamentos.

texto: sofia saunders

A Passagem de ano é sempre um momento especial para muitos casais que renovam promessas de amor e, como tal, procuram um ninho de afecto à altura, para se dedicarem a si próprios fora das habituais rotinas. A pensar nessas necessidades, o Fontana Park Hotel oferece, num ambiente de requinte discreto, contemporâneo, próprio de um membro dos “Design hotels”, um pacote de 3 noites que inclui, pelo valor de 500 euros, “welcome drink” na recepção, jantar de passagem de ano e garrafa de champanhe para a meia-noite, assim como o brunch do primeiro dia do novo ano. Promete.

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www.fontanaparkhotel.com      www.pianca.com


SamsungH1 Vodafone 360 texto: Júlio Costa

Chegou no dia 30 de Outubro às lojas o Samsung H1, um smartphone desenvolvido e produzido exclusivamente para a Vodafone, que permitirá explorar todas as potencialidades da nova gama de serviços disponibilizados pela Vodafone 360. Portugal integra a lista dos 8 primeiros países europeus que terão, até ao Natal, acesso a estes serviços que permitem, por exemplo, reunir todos os contactos do telefone, e-mail, Google, Facebook e Windows Live Messenger num único local. Pode-se também obter ou publicar actualizações de estado e aceder a conteúdos de música, fotografias, jogos, aplicações e mapas, sendo possível optar por partilhar as músicas favoritas e a própria localização com os amigos escolhidos. Este serviço facilita a sincronização automática entre o telemóvel e o PC/Mac, mantendo permanentemente actualizados todos os registos do cliente, designadamente e-mails, fotografias, aplicações, actualizações de estado ou de contactos, assim como alterações de definições.

Magic Touch Apple texto: Júlio Costa

O novo rato da Apple é o primeiro a incorporar a tecnologia Multi Touch , o que significa que a utilização deste acessório é em tudo idêntica à utilização de um iphone. O rato é sensível ao tacto, o que permite reconhecer e executar os comandos normalmente associados a este tipo de hardware. Como não tem partes móveis, pode ser utilizado, com a mesma facilidade, por esquerdinos, necessitando apenas efectuar as alterações necessárias nas Preferências do Sistema. Possui ligação Wireless por Bluetooth , conseguindo interagir com outros equipamentos da Apple, através deste tipo de ligação. Vem incluído com todos os novos Imac.

A vantagem deste tipo de sincronização é que torna mais difícil a perda irreversível de informações e conteúdos, geralmente associada à perda ou avaria de um telemóvel. O Samsung H1 foi concebido de raiz para explorar as capacidades dos serviços mencionados, destacando-se pelas características que garantem um melhor aproveitamento dos mesmos. É o caso do ecrã táctil OLED de alta definição de 3,5 polegadas e 16 GB de memória interna, expansível com cartão adicional, ideal para o usufruto de conteúdos multimédia. Como seria de esperar num telemóvel de topo, o H1 tem ainda WiFi, GPS, uma câmara de 5 megapixeis e autonomia de 400 minutos de conversação em 3G.

Bold 9700 Blackberry texto: Júlio Costa

A Blackberry apresentou na Alemanha o Bold 9700. Como principais diferenças relativas ao modelo anterior, aponta-se a melhoria de qualidade da câmara digital, que passa de 2 para 3.2 Megapixeis e a substituição da tradicional trackball por um trackpad óptico. A memória interna também viu a sua capacidade duplicada, ficando-se agora pelos 256 Mb. É mais pequeno e leve que o modelo anterior, e viu a sua autonomia aumentada em 1,5 horas, o que permite que o tempo de conversação chegue agora ás 6 horas. O Bold 9700 possui o novo Sistema Operativo Blackberry 5.0. A Blackberry tem vindo a ser lentamente introduzida no mercado português, onde tem vindo a obter o mesmo nivel de satisfação por parte dos utilizadores, que esta recebe em países onde a marca está mais disseminada.

040 – You Must

www.apple.com.pt      www.blackberry.com


Collector Duo Lip Color Palette YSL texto: joana henriques

Batom e gloss: duas texturas para um look ultra chique. De edição limitada e digna de coleccionadores, este duo da colecção YSL's Holiday 2009 (Férias YSL) é absolutamente irresistível. Hidratante e com cores universais, para todos os gostos, vem com um pincel para uma maior precisão de aplicação. A embalagem transforma o acto de retocar os lábios numa experiência de elegância e sofisticação. O formato inspira-se nas etiquetas de identificação das malas YSL, em metal dourado com espelho e a assinatura YSL gravada, possui ainda uma tira de couro com fivela para prender na mala, no cinto ou no porta-chaves.

Touriga Nacional Dermoteca

texto: Sofia Saunders

Woman Fall Ed. DKNY texto: joana henriques

Em centenas de brilhantes dourados, num fundo púrpura translúcido, como as luzes dos arranhacéus de Nova Iorque, a DKNY embala a edição limitada do seu perfume para este Outono. Com um toque fresco e moderno, este é um cocktail de pétalas de orquídeas vermelhas, pimenta rosa, raiz de gengibre, e sementes de coentros, que resulta num aroma feminino e muito sensual.

041 – You Must

No ano em que comemora 15 anos, a Dermoteca lança uma nova marca própria: a DC DERMOTECA COSMETICS, especificamente formulada para preservar, hidratar e prevenir o envelhecimento da pele jovem do homem e da mulher. Este novo produto parte de substâncias extraídas da conhecida casta portuguesa Touriga Nacional, seja através das folhas, das sementes ou do mosto. Com anti-oxidantes AHA, BHA e PHA, a uva e os seus derivados revelam efeitos altamente benéficos para a pele. Já as mulheres egípcias e as damas da corte francesa usavam o vinho fermentado para conseguir peles mais brilhantes e macias. Uma equipa de investigadores, contratados pela Dermoteca, dedicou agora vários anos ao estudo das propriedades de várias castas de vinhos portugueses, seleccionando a Touriga Nacional pela sua elevada concentração de anti-oxidantes. A gama é constituída por produtos hidratantes anti-rugas específicos para peles oleosas e para peles secas. Encontra-se à venda em farmácias.

www.ysl.com      www.dkny.com      www.dermoteca.pt


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Bell&Ross Burberry Burberry Ulysse Nardin DKNY DKNY Diesel Pulsar Omega

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Levis Timberland Hugo Boss Zodiac Habana Fossil Boucheron Lacoste D&G


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Merrel Reebok Hi Tops Asics Onitsuka Tiger Camper Nike Airmax 1 Reebok Dual Pump Fred Perry Camel Active

Adidas Puma Lacoste Converse Le Coq Sportif CAT Louis Vuitton by Kaney West bs New Balance

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Repetto Decenio Patrizia Pepe Mango Marc by Marc Jacobs 8 Louis Vuitton 9 Hilfiger Sportswear bl Malene Birger

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Guess Fred Perry Diesel Black Gold 1 Sisley

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Burberry YSL Dior Persol Marc by Marc Jacobs bp Gucci bq Marc Jacobs

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dam—funk texto: rui miguel abreu

De outro planeta A partir de um subúrbio de Los Angeles, daqueles onde todas as casas têm um relvado aparado onde parecem crescer triciclos e outros brinquedos de criança, Dam - Fu n k está a co n duzi r o universo num regresso ao futuro imaginado há duas décadas e meia.

Sasha Frere-Jones, em tempos membro dos post-rockers Ui , tem sido um dos principais cronistas do lado mais visível do Hip-Hop dos últimos anos, nas páginas da circunspecta New Yorker. Recentemente, Frere-Jones apontou o “envelhecimento” do Hip-Hop no artigo «Wrapping Up» ( googlem o título e o autor e irão certamente encontrar o texto), referindo que já não é o pulsar desse género que sustenta o desenvolvimento da pop. Os sinais são muitos e para o referido cronista podem encontrar-se na crescente dívida perante a Europa dos sintetizadores e na substituição do clássico bounce dos blues por um sentir mais metronómico, ancorado nas tipologias electrónicas da música. Talvez seja essa a realidade que, logo abaixo da superfície, esteja a abrir caminho para estetas como Dam‑Funk —decididamente diferentes, decididamente curvados perante outro groove, decididamente de outro tempo: algures entre o passado e o futuro, de outra dimensão. Dam-Funk acaba de editar o capítulo final da sua espantosa obra de estreia: «Toeachizown», álbum dividido em cinco partes – LAtrik, Fly, Life, Hood e Sky —disponível numa caixa com cinco vinis e num generoso duplo CD— e carregado de uma música espantosamente orgânica, apesar de ser dos sintetizadores e das caixas de ritmos vintage que Dam extrai todo o seu groove. E é esta a palavra chave: “groove”, termo usado e abusado nem sempre da maneira mais correcta, mas que tem implícito um lado mais humano e, portanto, a possibilidade de erro. A quantização, definitivamente, não é funky. O cabelo escorrido à Bootsy Collins é o primeiro indicador de que estamos perante alguém que não faz questão de seguir as tendências da bolsa de valores da fashion coolness, verdadeira religião para gente como Kanye West ou Jay-Z. No universo de Dam-Funk há palmeiras e não arranha-céus espelhados, relvados em vez de concreto, boom-boxes em vez de Blackberries, um…. err… gato em vez de um feroz pitbull . Nada parece garantir que é à beira do final da primeira década do século XXI que Dam-Funk produz a sua música. E, no entanto, pode haver nela um indefinível toque de futuro.

046 – Soundstation

Na música de «Toeachizown» há, de facto, linhas de baixo que parecem nunca ter comido uma única folha de alface, de tão corpulentas, ácido analógico a escorrer das colunas, vocoders que deslocam o tempo e o espaço como quando «Rockit» se passeava pelo topo das tabelas de vendas. Mas os beats são desencontrados, soluçantes, marca claríssima de que é numa garagem do século XXI que Dam‑Funk constrói a sua música. O termo wonky surge naturalmente nas nossas cabeças —“anti‑ritmos assimétricos criados manualmente”, como Alex Williams (do blog Splintering Bone Ashes) o descreveu, relacionando esta estética com a arte de Salvador Dali. Numa palavra: psicadelismo. Dam-Funk pega no electro-funk de inícios dos anos 80, mas não embarca na onda de revivalismo (aliás, a morrer na praia) que essa década originou. O desejo de futuro é claro na música de Dam-Funk e, talvez por isso, o regresso à última vez que esse futuro foi imaginado seja compreensível: depois do Hip-Hop se impor na década de 90, o “realismo” foi nota dominante e, como se sabe, o real só existe no presente. Mas, contrariando os problemas enunciados por Sasha Frere-Jones, Dam volta ao ponto onde o Hip-Hop primeiro forneceu o molde para o mais vasto campo da pop e reinventa o futuro a golpes de sintetizador e de beats que recusam a regra e o esquadro, que parecem por detrás dos hits que hoje sobem ao Top 40. Para este nativo de Los Angeles, Damon Riddick de seu verdadeiro nome, a música é um portal para outra dimensão. E lá, onde ele se imagina, as jams são longas e não se vergam perante os 3 minutos e meio que são lei nas charts normalizadas. A keytar (teclado que se toca a tiracolo, como uma guitarra) é um interface para o cosmos e a pista de dança, sintonizada com diferentes bpms, é o local de onde nos teletransportamos para outro planeta: woozy, wonky, worbly. Escolham vocês o nome, afinal de contas são os primeiros a chegar.

www.myspace.com/damfunk


047 – Soundstation


o mundo a seus pés texto: Davide Pinheiro  foto: Rita Carmo

música portuguesa de exportação

Exportar uma banda portuguesa de rock era, até há alguns anos, tarefa herculeana. Agora, já não é bem assim…

O fado sempre viajou. Os Moonspell furaram no circuito do 'heavy metal'. Os Buraka Som Sistema já tocam nos maiores festivais do mundo. E o rock de bilhete de identidade português? Há dez anos, sair de Portugal era uma miragem, apesar das aventuras dos Tedio Boys, nos anos 90 e, já no início da década, dos Parkinsons (embora estes sedeados em Londres). Outros casos houve em que a mudança para um centro de decisões como a capital inglesa pouco ou nada adiantou, como sucedeu com os Kick Out The Jams. Hoje, ainda não se pode falar numa cena, mas houve quem arriscasse abandonar o seu cantinho. Os Wray Gunn tornaram-se um caso de popularidade em França e os X-Wife já vão na terceira presença em território americano. Para João Vieira, o rosto da banda, "é evidente que a Internet mudou muita coisa" porque "tudo fica muito mais próximo". E apesar da mini-digressão ter durado apenas uma semana, foi "como começar de novo e tocar para muita gente pela primeira vez". Da utopia ao sonho, os X-Wife já trabalham com condições razoáveis: "ficamos em hotéis e casas providenciadas pelos promotores", embora em Portugal haja obviamente "uma dimensão diferente".

048 – Soundstation

Um outro caso, mais recente, é o do iraniano Mazgani, radicado em Setúbal. Depois de um primeiro disco amiúde elogiado e de um EP de ruptura, integrado na colecção Optimus Discos (supervisão de Henrique Amaro), é tempo de levar a música a outras paragens. "Ladies and Gentlemen, introducing... Mazgani", disco exclusivamente pensado para o mercado internacional, já começou a ser distribuído em países como a Bélgica, Holanda e Luxemburgo. Em Janeiro, será a vez da Finlândia e restante Escandinávia. Um mês depois, o álbum promete estar disponível nas lojas do Reino Unido e do Canadá. O investimento não se esgota aqui. Já este mês, Mazgani vai estar nos Países Baixos para mostrar as suas canções numa digressão promocional. Na alvorada de 2010, andará pela Suécia e pela Finlândia. "Penso que hoje, mais do que nunca, os artistas são os primeiros responsáveis pelas suas carreiras, e têm utilizado os meios, cada vez mais abundantes e ao seu dispor, para levar a sua música lá para fora. Sentimo‑nos, em todos os sentidos, um país cada vez menos periférico e move-nos a possibilidade de levar a nossa música para outros territórios", explica o próprio. Mazgani é, também ele, um defensor de que o Portugal contemporâneo é mais do que fado e tem outros "postais" para mostrar. "Tem-se exportado até agora uma certa ideia de portugalidade, sendo que agora, com o rigor, a exigência e o profissionalismo por que se tem pautado a nossa música, sentimo-nos com legitimidade para dar a conhecer outras linguagens e outras estéticas que se produzem em Portugal. Creio que essa possibilidade é determinante para que os artistas portugueses conquistem o seu merecido espaço no panorama musical internacional".

Paulo Furtado é um dos músicos portugueses que há mais tempo luta pelo reconhecimento internacional. E se nos Tedio Boys, as digressões americanas foram o Grito do Ipiranga contra um Portugal cinzento e pouco preparado para o rock'n'roll com "lata", hoje tudo é diferente. Tanto nos Wray Gunn como na pele de Legendary Tiger Man, há uma série de canais já explorados. França emerge como o país que melhor aceitou o artista mais inteligente do rock produzido em Portugal. O Homem Tigre acabou de editar "Femina", disco em que se rodeia de mulheres, a sua grande maioria de outras nacionalidades. Por isto e por tudo o que vem detrás, o álbum teria que merecer uma edição internacional. Diz o próprio que "a distribuição está garantida noutros países europeus e estamos em conversações com EUA e Japão". Por outro lado, "assim que o disco sair, haverá também uma digressão europeia". David Fonseca e o novo "Between Waves" deverão percorrer um caminho semelhante, mas só no próximo ano e com uma diferente particularidade: os mercados a explorar são os latinos e os nórdicos e não o anglo-saxónico.


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sexo forte texto: Davide Pinheiro

mulheres na pop O que têm em comum Katy Perry, Lady GaGa, La Roux, Little Boots, Pixie Lott, VV Brown ou Florence & The Machine? Nada , além de partilharem uma força de elite de uma nova pop que nasce com genes femininos.

Lady GaGa e Katy Perry já são estrelas com milhões no banco e presença assídua nas revistas corde-rosa. Elly Jackson, voz e rosto da dupla inglesa La Roux, para lá caminha. Little Boots, Pixie Lott, VV Brown, Florence & The Machine e mesmo Bat for Lashes conseguiram afirmar-se localmente, no Reino Unido, e procuram agora a melhor forma de atravessar o Canal da Mancha, sem demonstrarem sinais de inadaptação.

Nasceram em capitais do mundo, cresceram em subculturas (quase todas), têm lata para dizer o que pensam e uma imagem suficiente exótica que as torna inconfundíveis. São mulheres na casa dos vinte e chegaram para conquistar o mundo, logo ao primeiro álbum. Mesmo sem nunca terem participado nos 'Morangos com Açúcar"! O fenómeno não será necessariamente novo se pensarmos que, na década de 80, Madonna e Kylie Minogue ocuparam um papel semelhante e que, quinze anos mais tarde, Britney Spears ou Christina Aguilera prolongaram essa sensação de poder feminino. Não muitos anos depois, eis que surgem Nelly Furtado, Rihanna ou Lily Allen, mas o que impressiona nesta nova "armada" é a quantidade e o despojamento. E se Lady GaGa (na foto) negou ser hermafrodita, explicando ainda que a sua vagina se tinha sentido ofendida com semelhante comentário, Katy Perry afirma explicitamente na canção que beijou outra mulher e gostou. Ousadias que não impedem qualquer uma destas "catraias" de pularem nos tops ou de apresentarem cerimónias com a responsabilidade de uns Europe Music Awards da MTV. De resto, a comunicação social agradece o aparecimento de figuras tão "desbocadas", que quebram o discurso tantas vezes encenado e/ou institucionalizado de quem tem um estatuto a defender e não se quer comprometer.

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Teorias para esta nova expressão de girl power há muitas, mas nenhuma é definitiva. É óbvio que a cultura visual em que a pop se inscreve muito contribui para que algumas destas figuras se dediquem com afinco à música. Mais do que a arte, o que aqui está em causa é o hedonismo. O entretenimento puro, enquanto reacção a uma perspectiva ancestral e conversadora da canção, enquanto acto filosófico de criação. Mais ou menos arty, todas estas senhoras estão sobretudo preocupadas com refrões orelhudos, capazes de encaixar em formatos do tipo toque de telemóvel ou de mexer rapidamente a anca. No entanto, há uma espécie de Virgem Maria que "assombra" todos os passos desta nova fornada pop com maquilhagem. É Madonna, pois claro, esse espírito sacrosanto eternamente actual, capaz de marcar a sua música e a dos outros. E já agora, o negócio idem. Provas? "Revejo-me na Lady GaGa. Quando a vi, ela não tinha muito dinheiro para a sua produção, tinha buracos nas meias e havia erros em todo o lado. Era uma grande confusão, mas consigo ver que ela tem o factor X. É bom ver isso numa fase tão crua". As palavras são da própria Madonna, capaz de reconhecer a descendência, numa artista que prova a bizarria dos tempos. No sentido oposto, Katy Perry costuma cantar Vogue, um tema de outros tempos, originalmente interpretado pela diva. Se mais dúvidas houvesse sobre este processo de "evangelização", ficam desfeitas perante os tributos mútuos.

A grande diferença entre esta nova leva e as anteriores não está na artificialidade, porque os produtores estão lá, na mesma, mas sim nos trilhos percorridos até aos estúdios. Se figuras como Britney Spears ou Christina Aguilera foram descobertas em programas e, desde cedo, manipuladas pelas respectivas editoras, a nova geração sabe que os paradigmas mudaram e, neste caso, o negócio também. Por exemplo, a dupla La Roux surgiu com quatro vídeos —cada um deles um depoimento de sensibilidade e inteligência— aquando da edição do álbum homónimo, em meados deste ano. Da mesma maneira que Madonna derrubou muros, Katy Perry, Lady GaGa, La Roux, Little Boots, Pixie Lott, VV Brown ou Florence & The Machine erguem novas pontes.


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The sound of arrows texto: Pedro Lima (www.stereobeatbox.blogspot.com)  foto: Jesper Lindström

nas nuvens

Impossível de ouvir sem ficar com um sorriso de criança que e x p er i m en to u u m d o c e p e la primeira vez, o som dos The Sound of Arrows transformou o frio da Suécia num reino de unicórnios e arco-íris em que todos queremos viver.

Se algum dia for feito um remake do filme História Interminável misturado com cenas do Feiticeiro de Oz, a banda sonora terá de ser, indiscutivelmente,

dos suecos The Sound of Arrows. Provenientes da pequena cidade de Gävle, na Suécia, Stefan Storm era produtor de house music, enquanto Oskar Gullstrand tocava numa orquestra e trabalhava como designer gráfico. Foi depois de tentarem criar uma música de Natal, através de samples de coros infantis retirados do YouTube, que o seu projecto começou a ganhar forma e a evoluir para músicas que incorporavam samplers, harpas e instrumentos de cordas. A música de Natal falhou o prazo por 5 meses, alegadamente por falta de computadores e conhecimentos de gravação, mas os The Sound of Arrows estavam lançados. Foi esta combinação improvável de dois percursos tão diferentes que originou a banda tal como ela é: um carrossel desenfreado, que gira em torno dos melhores momentos da história da pop: da exuberância mainstream dos ABBA ao universo colorido e atrevido dos Pet Shop Boys, passando pelos ritmos dançáveis de Saint Etienne.

052 – Soundstation

A nova aposta da editora sueca Labrador Records, responsável por bandas como Acid House Kings, Club 8, The Mary Onettes ou The Radio Dept., tem incendiado a blogosfera com singles lançados através do Myspace. Aliás, desde cedo que a banda soube usar a Internet para se promover e divulgar o seu trabalho, bem próximo dos seus seguidores. Exemplo disso foi a entrevista que Stefan Storm deu à Parq por e-mail , enquanto seguia de comboio, de viagem, mostrando-se acessível e apaixonado pelo seu trabalho. Admiradores confessos de filmes de Ficção Científica e de Fantasia dos anos 80, The Sound of Arrows é uma combinação de ritmos etéreos electro-pop, explosões gráficas de cores technicolor, que nos transportam para ambientes irreais, intemporais, mágicos e futuristas, habitados por unicórnios e arco-íris. A imagética infantil, como reinos e heróis inter-galácticos, é explorada em vídeos produzidos pelos próprios músicos, como são exemplo os deslumbrantes Into The Clouds ou M.A.G.I.C .

O que há então para não gostar em todo este imaginário? Na verdade, a fórmula começa a revelarse um êxito para a banda, cujo projecto se resumia a produzir apenas duas ou três músicas, mas que acabou por se render ao sucesso do tema Narrow Escape e assim decidiu continuar para a produção do EP Danger!, com nove faixas gravadas numa discoteca abandonada em Gävle. Desde Danger! até ao actual single, Into The Clouds, o som da banda sofreu uma enorme evolução e introduz um novo estilo, que abre caminho ao álbum actualmente em produção e com lançamento agendado para o início de 2010. The Sound of Arrows é, pois, uma banda a não perder de vista. Tem tudo para dar certo: uma estética impressionante, um toque cósmico que delicia os olhos e os ouvidos e um som contagiante, capaz de nos fazer viajar pelas nuvens. Com a promessa de visitar Portugal no próximo ano, resta-nos esperar (im)pacientemente.

www.myspace.com/thesoundofarrows


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M aze (músico)

ilustração :

054 – Viewpoint

www.reebok.com

J osé C ardoso


ilustração :

055 – Reebok Pump 20 anos

Dj G lue (Dj) J osé C ardoso


Dj M ad M ac (Dj)

ilustração :

056 – Viewpoint

www.reebok.com

J osé C ardoso


J oaquim A lbergaria (músico) ilustração :

057 – Reebok Pump 20 anos

J osé C ardoso


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alva texto: francisco vaz fernandes

por esse rio acima A lva é u m p eq u e n o e s t ú d i o multidisciplinar, com um ano e meio de existência, que despertou a atenção pública pelo facto de, em 2008, ter ganho os oito prémios a que concorreu no Clube dos Criativos de Portugal. Estes “Ósc ares” do D es ig n G r áfico devem-se ao empenho de Diogo P o t e s e R i c ard o M at o s , o s fundadores do Alva, que abriram o seu espaço a Valdemar Lamego, o terceiro elemento deste atelier. São conhecidos de longa data, têm um percurso semelhante e dizem-se mais companheiros do que colegas. Recusam trabalhos a metro, centram-se na minúcia e no cuidado tipográfico, criado e s p e c i f i c a m e n t e pa r a c a da proj ec to. Não sab em os s e o conceito de “boutique gráfica” já existe, mas tem uma sonoridade que não lhes arranha o ouvido. Por tudo isto, da sua carteira de clientes fazem parte Lux, Bica do Sapato, Gulbenkian, Museu Berardo, Lx Factory, Red Bull e, é claro, a revista Parq!

Durante a última edição do Festival Offf, foi visto um filme vosso, que depois circulou pela net, onde basicamente os clientes eram tratados como um rebanho que é necessário levar ao bom porto. Trabalhar com clientes é assim tão árduo? [Diogo Potes] Com os clientes nunca é

fácil, mas os trabalhos acabam por terminar bem. O vídeo a que te referes foi realizado em condições especiais, porque já conhecíamos o Offf, sabíamos a prova pela qual tínhamos que passar. Ou tínhamos o dom da palavra e um inglês belíssimo, capaz de entreter a audiência durante 30 minutos, ou então o melhor era realizar algo em que fôssemos bons. E uma coisa que sabemos fazer mesmo bem é parvoíce! Sai-nos naturalmente. Juntámo-nos a mais algumas pessoas que tinham ideias parvas como nós e saiu aquele vídeo. Pensámos que seria engraçado falar do Alva a partir da sua fonte e, por isso, subimos o rio A lva até à nascente. [Ricardo Matos] Havia muitas cenas planeadas, mas muitas outras foram acontecendo.

O objectivo não foi rebaixar o cliente e tratá‑lo com um rebanho, foi mais uma forma de gozarmos connosco mesmos. Pareceu-me que o estilo de humor, com uma dose de nonsense, se aproximava muito do realizado pelos Gato Fedorento. É uma referência para vocês? [Ricardo Matos] Ele é um sósia do ou-

tro rapaz alto e magro. E depois há dois baixos e gordos… Somos os sósias dos outros! [Diogo Potes] Não procuramos de forma nenhuma essa aproximação. Vemos aquilo e identificamo-nos, daí que possam até haver influências, mas francamente não vejo qualquer tipo de ligação. Aliás, já se disse de tudo sobre o vídeo, mas foste a primeira pessoa a fazer esta comparação.

Mas é um filme que mostram aos vossos clientes quando querem fazer uma apresentação do vosso trabalho? [diogo potes] (risos) O filme foi

criado para o Offf, esteve na net durante uma semana e foi muito visto. Depois, foi retirado porque, a certa altura, considerámos que estávamos a passar uma mensagem apalhaçada e a ideia não era essa. Servia mais para chamar a atenção para o nosso atelier, para que as pessoas fossem ao site e tomassem conhecimento do trabalho que conseguimos desenvolver.

Em que medida é que o humor é importante no vosso processo criativo? [diogo potes] É impor-

tante porque tem a ver connosco, não é um instrumento. Tentamos ser bem dispostos por natureza. Isto é um atelier pequeno, onde não há grandes intermediários e, por isso, a nossa relação com os clientes tende a estreitar-se, a ser informal. Daí que o humor aconteça.

Quando toquei neste tema, pensei que fossem relacionar o humor com a irreverência. Consideram que fazem um trabalho irreverente? [diogo potes] De maneira nenhuma.

Fazemos o trabalho em que acreditamos. Há milhares de ateliers de design no mundo e basta pesquisar na Internet para encontrarmos alguém com um trabalho próximo do nosso. Um atelier pequeno, como o nosso, tem que sair daquele fio condutor e situar‑se um bocadinho ao lado. E é tudo. Não temos a mania de que somos bons e

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diferentes. Temos um bom conhecimento do que se está a fazer, em geral, e gerimos esse conhecimento para tentar fazer um bocadinho diferente. Obviamente que não estamos a inventar a roda, estamos a tentar sempre, mas nem sempre conseguimos! Nessa perspectiva, para onde se dirige o vosso olhar actualmente? [Ricardo Matos] Há alguns

ateliers e designers de referência, mas hoje em dia, até pela forma como as coisas nos chegam, seja através de sites ou de blogues, os rótulos e referências perdem-se facilmente. Muita dessa informação não vem indexada, ou seja, nem é evidente se é deste ou daquele designer. [diogo potes] A certa altura do campeonato ganhamos uma personalidade qualquer que nos permite que não tenhamos que definir as nossas influências. Nos nossos tempos livres, passamos muito tempo na net, mas sem objectivos específicos e, por vezes, de repente, estamos a dar atenção a um trabalho que, por acaso, até é de alguém conhecido, mas cada vez mais é de alguém de quem nunca ouvimos falar. [valdemar lamego] Não nos inspiramos apenas noutros designers. Diria que grande parte do que nos inspira vem do meio das Artes, do Cinema e da Música. Por exemplo, hoje vi um trabalho de um artista australiano, Sam

www.alva-alva.com


… Exactamente. Até para chegar àquele registo de que falávamos há pouco, o de conseguir estar sempre um pouco ao lado. É importante que essa abordagem comece aqui dentro, é essa mistura que faz o A lva. [Ricardo Matos]

capa da revista étapes

E fora do trabalho, como é a vossa relação?

Somos arqui-inimigos (risos). Eu trabalho com o M atos há anos, conhecemo-nos na RMAC. Nessa altura, já faláva-mos de um projecto juntos, porque também nascia entre nós uma amizade e cumplicidade. Os três temos a noção de que passamos mais tempo juntos do que em família. Somos amigos e confidentes e não propriamente colegas. [Ricardo Matos] A relação fora do atelier, ao fim ao cabo, é igual à que temos cá dentro. Muitas vezes, encontramo-nos para falar das coisas do atelier ou então de coisas que não tenham nada a ver. [diogo potes] Procuramos conversar, acima de tudo, sobre coisas que não interessam absolutamente nada ou de cenas absolutamente estúpidas! Obviamente, como somos três homens juntos, falamos de mulheres… falamos de tudo. [diogo potes]

Mas comentam, por exemplo, o trabalho de outros ateliers? [diogo potes] É uma perca de

Jinks (www.samjinks.com), que faz um trabalho em silicone que me impressionou e que me deu logo ideias que poderia desenvolver. No quotidiano, como se organizam, como é que dividem o trabalho? [diogo potes] Estamos

ainda numa fase embrionária, a ver como é que as coisas se vão processar. Quando estava com o M atos, muitas vezes nem sequer conversávamos sobre a distribuição de trabalho porque, naturalmente, cada um tem faculdades específicas que nos tornam complementares. Há trabalhos que já sabemos que são mais vocacionados para um do que para o outro. Mas também depende de quem está mais livre e, obviamente, do espírito de inter-ajuda. [R ic ar d o M atos] No fundo, conhecemo-nos bastante bem uns aos outros. Apesar do Valdemar estar cá há menos tempo, já tínhamos tido a oportunidade de trabalhar juntos num outro atelier. Isso permite-nos um certo nível de honestidade e podermos emitir opiniões, entre nós, sem melindres. [valdemar lamego] … Até porque é difícil, a determinada altura, dizer: “quem fez este trabalho do Alva foi fulano tal”. Há um que pode ter estado mais horas em frente ao computador, mas o input dos outros é igualmente válido, porque os trabalhos não podem avançar sem opiniões e consenso entre nós.

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tempo, porque somos todos diferentes. E não digo isto porque nos achamos melhores, mas porque, como sabes, a maior parte dos ateliers conhecidos são gigantescos, daí que não possa haver termo de comparação. Vocês são mais o tipo “design boutique”? A imagem cola-se… [Ricardo Matos] Sim, todo o

trabalho que criámos é exageradamente específico para um determinado cliente, feito à medida. E como são individualmente? Quais os vossos interesses mais particulares? [Ricardo Matos]

Eu adoro gadgets. Adoro descobrir um novo sistema operativo, saber como funciona no seu interior. Gosto de coisas tecnológicas, da forma como os interfaces passam uma mensagem para além do design, da coisa e da forma, como funciona. Penso que o meu pai pode ter tido influência neste campo, porque quase que nasci numa loja de reparações de televisões e rádios. Estava muito à vontade com esses interiores, com os circuitos integrados, para além da forma e da função dos objectos. Além disso, sou curioso, preciso de novidades. Já estou na fase de estar farto do iphone! Farto, porque me faz confusão quando as coisas ganham uma certa dimensão. Questiono os biliões do iphone e do Facebook. Pergunto-me se o que estará por detrás não serão formas de agarrar as pessoas de uma determinada maneira, para depois as bombardear com publicidade e “vamos lá comer dinheiro”.

Acho-me quase básico, por isso o que me orienta na vida são as mesmas coisas do meu tempo de miúdo. Desde que comecei a andar de skate, a minha vida mudou radicalmente: a forma de vestir, a música que ouvia. Comecei a ouvir punk rock e ainda hoje sou fanático. Claro que gosto de muitas outras coisas, mas as músicas antigas continuam a ser aquelas que ainda me fazem ficar com pele de galinha. Adorava a linguagem gráfica, super rica, que estava associada a esta cultura que ainda hoje me influencia. Os artistas de que mais gosto têm a ver com o passado dos skaters em S. Francisco e na Costa Leste [dos Estados Unidos]. Continuo a comprar skates, apesar de não fazer skate. Ficam por aqui acumulados no atelier. Não quero dizer com isto que não haja coisas novas que me interessem, mas o que verdadeiramente ainda me motiva são as mesmas coisas de quando era puto. [valdemar lamego] Eu, pelo contrário, todos os dias gosto de uma coisa nova. E todos os dias, tenho um interesse diferente. Não me consigo fixar em interesses únicos e permanentes. Até nisso a minha formação foi sintomática. Estive a fazer Técnico Biotecnologia no Secundário, para depois passar por Medicina Veterinária, da qual desisti para fazer Design Gráfico. Mantenho o gosto pelos animais. Mas, em geral, gosto de tudo. No meu trabalho, não sou muito fixo em gostos pessoais e, por isso, aquilo que hoje gosto muito de fazer seria desenvolvido de outra forma manhã. O meu dinheiro extra geralmente é muito dirigido para revistas e livros, gosto de estar sempre bem informado, mas agora que emagreci tenho extra budget para roupa! [diogo potes]

O que pensam da campanha que Nick Knight fez sobre Portugal e que gerou polémica? [diogo potes]

Está obviamente bem feita, não


luxfragil type desenvolvido para flyers 2009/2010

catálogo de exposição para o museu berardo

sei se o teríamos feito de forma diferente, porque também não sabemos as condições em que foi feita. Às vezes, o resultado das coisas é a consequência de um briefing. Mas se tivessem que comunicar Portugal, o que fariam? [Ricardo Matos] A primeira coisa seria,

provavelmente, arranjar uma maneira de mostrar aos portugueses aquilo que fazemos e temos cá, aquilo em que somos muito bons. Serviria para aumentar a nossa autoestima e levar isto por um outro caminho. Quando lemos sobre determinada tecnologia, verificamos que não são raras as vezes em que os portugueses estão envolvidos e chegamos à conclusão de que somos muito bons. Mas, quem sabe disso? Ninguém sabe! O máximo que sabemos é que somos uns totós que estamos aqui arrumados a um canto da Europa. [diogo potes] Quando fizemos a viagem pelo rio A lva, ficámos parvos com o país que temos. Já sabíamos que Portugal era belíssimo, mas não pensávamos ficar tão maravilhados com esse interior, a uma hora de Lisboa. Se calhar, quando pensamos em férias, pensamos logo em sítios no estrangeiro e nunca neste país que, potencialmente, tem muito para oferecer. A esse nível ainda há muito que fazer. Temos estrangeiros a conhecer melhor Portugal e a dar mais valor aos nossos conhecimentos e às nossas formas de fazer do que cá dentro.

Bala type para a fundação “la caixa”

marca para o evento green ray no luxfragil

Então a campanha “Vá para fora cá dentro” faz completamente sentido para vocês?

marca para o evento luxing no luxfragil

Completamente. É tudo uma questão de divulgação. Agora está na moda ir para a Costa Alentejana, que é belíssima, mas há outras costas. [diogo potes]

Estamos sempre a tropeçar na eterna pergunta: porque é que Portugal não valoriza os seus talentos? [diogo potes] A grande parte dos por-

tugueses que vão para o estrangeiro já eram igualmente bons aqui. Ir lá para fora é um plus na sua carreira que, num mundo global, faz cada vez mais sentido. Ou seja, pareceme que ainda somos um pouco labregos, pois só reconhecemos as coisas que estão mesmo à frente do nosso nariz depois de todos os outros lá fora as terem reconhecido. E felizmente, se não estaríamos ainda pior! Há pessoas que reconhecem valor a pessoas que nunca tiveram de sair do país. Acham que falta massa crítica em Portugal com capacidade para ajuizar? [diogo potes] Achamos

que há massa crítica a mais em Portugal. O problema está em que nem todos sabem ajuizar. Na nossa área, especialmente, é muito complicado, porque mexe com o gosto pessoal de cada um, de cada cliente, fornecedor. Na maior parte das vezes, é o designer a ceder.

já nos colocou numa plataforma internacional e potenciou uma certa curiosidade sobre o trabalho, a outra escala. Como é que aconteceu terem chegado a capa da Étapes? [Ricardo Matos] Já nos conheciam e

Com a Internet, num mundo global, vejo um certo tipo de cliente, talvez menos institucional, a procurar ateliers em qualquer parte do mundo. Há cada vez mais compêndios a promover ateliers. Procuram clientes lá fora?

Nunca aconteceu, mas desde que o Valdemar veio para aqui que temos tido esta conversa com mais persistência. Não só pelos clientes, mas também pelo tipo de trabalhos que poderíamos captar. Na verdade, nós nunca procurámos nada, o trabalho foi-nos chegando. Felizmente, estamos a arrumar a casa, a pensar em acções de promoção e a vinda do Valdemar permitiu-nos um refreshing, que nos levou a pensar mais no interior do A lva. Estamos a fazer um novo site e, a partir daí sim, vamos avançar também nessa direcção. [Ricardo Matos] Não dizemos que não, pode acontecer. O facto de termos saído na capa da edição francesa da Étapes (www.etapes.com) [diogo potes]

060 – Central Parq | Grande Entrevista

mandaram-nos um e-mail a pedir trabalhos novos. Logo de seguida, chegou um outro e-mail a pedir uma imagem, em alta resolução, porque o editor que estava a tratar do artigo achava que esse trabalho dava uma grande capa e, de facto, deu. As coisas acontecem pelo trabalho, sem ir à procura. Por isso, a internacionalização não está fora de perspectiva, mas temos que dar mais sinais de que a queremos. [diogo potes] O mercado do Design está saturado e não está ao mesmo tempo, porque haverá sempre pessoas com um talento especial a emergir. Claro que nem toda a gente vai fazer trabalhos para a Nike! [Ricardo Matos] Este tipo de empresas procuram cada vez mais registos, não estão focadas num atelier. A escolha do atelier depende muito do tipo de comunicação que procuram fazer. Por isso, quanto mais desenvolvermos o nosso registo, mais facilmente estaremos expostos a situações de clientes que procuram, especificamente, o tipo de trabalho que oferecemos.


menus bica do sapato

Flyer lux 2009-2010

luxfragil convite jazz sessions

fundação calouste gulbenkian: Próximo futuro luxfragil convite festa de passagem de ano

nova colecção nike sportswear women

luxfragil convite décimo aniversário

lx factory opening day

061 – ALVA


lx factory texto: Joana Henriques  foto: André Carvalho

alegria no trabalho A LXFactory tornou-se o local com maior número de criativos por metro quadrado. Para além de alojar jovens empresas é um dos poucos locais polivalentes lisboetas que parece querer funcionar 24 horas por dia. Resolvemos investigar e fomos conhecer a tão aclamada fábrica-factory.

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www.lxfactory.com


A é sumariamente um antigo complexo fabril em Alcântara, adquirido pela Mainside, no âmbito do projecto de reestruturação urbanística da zona, acolhe empresas de Arquitectura, Design, Arte Contemporânea, Publicidade, Comunicação, Fotografia, Escolas de Dança, Formação de Actores, Artes Plásticas, entre outras. Em 2008, eram cerca de 30 empresas, hoje são mais de 100 as residentes e os pedidos de admissão não param. Filipa Baptista, a arquitecta responsável pelo projecto, explica que a lotação está a atingir o limite e que, actualmente, procuram entidades que tragam maisvalias para o conceito global da LXFactory. «Procuramos projectos distintos, que tragam ao espaço algo de inovador e que atraia público que ainda não conhece o espaço». Atravessamos dois grandes portões de ferro e somos transportados para uma outra realidade, marcada por blocos de edifícios industriais com janelas a perder de conta. Nos arruamentos desafogados onde, em tempos, circularam os trabalhadores da Gráfica Mirandela, circulam jovens de calças de ganga e ténis trendy. Trabalham sem uniforme, num ambiente de total liberdade, condições que permitem uma maior criatividade. Cada um deles, todas as manhãs, tem pela frente um antigo reservatório de água pintado pelo artista Hugo Canoilas que, ao estilo soviético, sentencia “Alegria no Trabalho”. Ao vaguear por este complexo fabril do Século XIX, temos a sensação de estar fora de Lisboa, estar em Paris, em Londres, ou em Nova Iorque. Lofts albergam gurus de áreas tão variadas como a Publicidade, a Moda ou a Arte Contemporânea. Uma das vantagens que este espaço oferece a este batalhão de criadores é a pluridisciplinaridade e a proximidade de serviços, que podem partilhar entre si, potenciando a criatividade de cada um. Muitos dos serviços estão na porta ao lado ou no “vizinho da frente”. Por isso, o fervilhar de ideias é permanente. Tanto pode eclodir num encontro circunstancial de indivíduos, que se cruzam por acaso, ou durante a hora do almoço, no restaurante local que, apropriadamente, dá pelo nome de Cantina.

063 – Lx Factory

Um dos grandes pólos de atracção é a Ler Devagar, que integra também a galeria de arte A rthobler. Esta livraria, com espaço para encontros literários, musicais, artísticos e culturais, conseguiu uma renda simbólica, em troca da criação de actividades, integrando-se assim a 100% no espírito LXFactory. No edifício principal, a escola de formação profissional e artística Fórum Dança é vizinha do espaço dos coreógrafos Miguel Pereira e Vera M antero e do artista plástico A ndré Guedes, O Rumo do Fumo, factor que potenciou a organização de diversos eventos em parceria. Muitos destes espaços surgiram de forma quase espontânea, há muitas histórias de dois amigos resolverem abrir um atelier para fazer um projecto conjunto ou apenas partilharem o espaço dividindo assim a renda. No entanto, também existem empresas de maior dimensão, como a agência de publicidade e organização de eventos Norma Jean, que conta com 28 funcionários, ou a BeOne, agência de comunicação e eventos, ambas ligadas ao Sasha Beach Group. Mas a L x Factory não é apenas um espaço de empresas de serviços criativos, ligados à imagem, é também um centro de consumo importante. Nestes 23 mil metros quadrados, podemos encontrar livros a perder de vista no armazém da antiga rotativa, móveis em restauro, arte, desenhos, design, objectos com história, números, arquitecturas, roupa, peças de tudo e mais alguma coisa, fotografia, cinema, vídeo, joalharia. Descobrimos um pavilhão subdividido em paredes de janelas de vidro, onde se concentra a área de Design de Interiores, como o atelier de restauro M aria Moinhos, que trabalha ao som de Ópera, a Paris Sete, que é já um nome de referência na Decoração de Interiores, a Soft Textil, onde entre sofás, cadeiras e tecidos encontramos as famosas malas da Built Design, e a loja-atelier E Viveram Felizes para Sempre, que customiza objectos, numa homenagem ao kitsch.


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Open Day LXFactory O Robotarium, do artista Leonel Moura, é um espaço que dá para a rua, cumprindo o objectivo da mudança para Alcântara, o de abrir o atelier ao público. Muitos destes espaços comerciais estão em recantos peculiares que nem sempre são fáceis de encontrar. Por isso mesmo, é preciso mergulhar nesse espaço histórico com tempo e investigar toda a história daquele lugar, cada buraco daquelas paredes, cada recanto daqueles grandes armazéns, ir até ao fundo dos longos corredores e ver as surpresas que nos reservam. Para além de tudo isto, é também um espaço de diversão nocturna que pode funcionar até muito tarde. Muitas vezes as pessoas perguntam na portaria onde é a festa e o porteiro responde “qual delas?”, tal é a oferta. O Lollipop é um dos espaços mais conhecidos, está no topo do edifício principal e funciona como uma espécie de sala recreativa da Be One. Com o nome na Guest List e pernas para subir quatro andares, temos acesso a festas com DJs exclusivos e a possibilidade de contemplar a vista magnífica sobre o Tejo. A LXFactory já foi, igualmente, palco de grandes eventos. como o festival de cultura e criatividade digital OFFF Lisbon’08, a exposição antológica de Peter Zumthor, inserida no projecto Warm-up da Experimenta Design 2009, e o World Music Festival LX’09.

065 – Lx Factory

Melhor do que espionarmos o ambiente da LXFactory é sermos convidados a entrar. O OPEN DAY 03 é a 3a edição de um projecto cultural e interactivo. A LXFactory abriu as suas portas pela terceira vez e mostrou as potencialidades que resultam de uma boa vizinhança. Durante um dia inteiro, das dez da manhã às cinco da madrugada, a temática foi a Índia. Com o Museu do Oriente e a Comunidade Hindu de Portugal como parceiros, a programação variou entre exposições —fotografia, vídeo, instalação e pintura— concertos, DJ´s com Sets Indianos, cinema Bollywood, Outlets de roupa, Open Markets, retratos com cenários emblemáticos da Índia, aulas abertas de teatro e dança, apresentações de danças indianas, gastronomia indiana e até foi possível jogar em corridas de carros através da tecnologia 3D. Enfim, uma Índia mesclada com a cultura contemporânea. Sempre num ambiente descontraído, intelectual, muito “hippie chique” e onde o sentimento de alegria era generalizado. Foi também inaugurado o espaço Cantar de Galo/Poleiro Criativo, de autores e criadores portugueses de Design, Joalharia, Moda e Fotografia. De registar ainda a festa A Bica e o Bairro Descem à L xFactory, que confirma o espírito de sinergia da LXFactory com a Lisboa que a rodeia. Demos aqui alguns exemplos que nos mostram a diversidade e modernidade deste espaço. Um espaço fantástico e singular no nosso país.


066 – Central Parq | Perfil


No Lux: corta-vento, mala de mão Speedy em tela Monograma com miniclutches e porta-moedas em tela Monograma e Damier, City Guide 2010, tudo Louis Vuitton

english version p.113

Madame mariana duarte silva ama da noite texto: sofia de santiago  fotos: mário príncipe  produção: joyce doret

De Londres com amor, o postal ilustrado do regresso de uma lisboeta ao encontro de uma capital cosmopolita tem o selo da Louis Vuitton 2010 City Guides. Madame, senhora do seu nariz, segue as marcas da Luz-boa da cidade e deixa-se guiar por manhãs de ócio em busca de pequenos tesouros, da Feira da Ladra à Vida Portuguesa, Casa Pereira e Luvaria Ulisses. Mas é quando o Sol se põe que, por detrás das colinas, brilham os seus lugares de eleição. E embala ora em noites de sossego de um sofá partilhado com dois dedos de conversa, no Pavilhão Chinês, ora na adrenalina cool da pista de dança do Lux. 067 – Mariana Duarte Silva


No Pavilhão Chinês: vestido preto, sapatos compensados de salto alto, pulseiras, portamoedas em tela Damier, porta‑chaves e echarpe Steven Sprouse, tudo Louis Vuitton

068 – Central Parq | Perfil


Na Vida Portuguesa: saia e casaco de lã, pregadeira, pulseiras e clutch em pele envernizada, tudo Louis Vuitton

Já estão à venda os Louis Vuitton 2010 City Guides. Uma 11a edição da restrita lista de cidades do mundo, onde Lisboa volta a entrar, na colecção de 31 destinos europeus. Convidada a desvendar o melhor da cidade, seguimos M ariana Duarte Silva, de regresso a Portugal, depois dos passos largos dados em Londres como “ama” do talento musical português. Na capital britânica, rendeu-se ao ambiente único dos parques e mercados de rua. Ficou-lhe o vício, capaz de a fazer subir até à feira da Ladra, do som distorcido dos vinis a rodar no prato do gira-discos, ou ao Príncipe Real, ofuscante pelo brilho de um Pavilhão Chinês onde lhe apetece perder-se pela noite dentro. Guiada pelas coordenadas da Lisboa que o City Guide da Louis Vuitton entrega nas mãos dos amantes dos mais bem guardados segredos da cidade, encontra na Vida Portuguesa —ironia das ironias para uma londrina (per)feita— o prazer de um presente delicado. “O cuidado do design das embalagens, o cheiro de cada produto, o toque, tudo é diferente. Foi uma ideia genial criar esta loja”, comenta quando a descobre entre uma selecção de lugares que lhe soam ao bom gosto de algo familiar. O amor é um lugar estranho. M ariana D uarte Silva, 30 anos, promotora musical e gestora de talentos portugueses em Londres, encontrou-o algures entre a claridade de Lisboa e a cultura subterrânea do bairro londrino de Shoreditch. De horizontes largos, curiosidade aguçada e vontade de mais, maior e melhor do que era o mercado da sonic branding em Portugal, arrumou no Currículo uma mão cheia de sólidos projectos de comunicação e marketing e partiu, determinada a agarrar o punhado de oportunidades como só os movidos pela paixão são capazes. O amor vingou. No palco da music management fez-se M adame, enquanto ouvia a cantora Rosa Passos assenhorar-se dos versos de «Pra quê discutir com Madame», samba de Haroldo Barbosa e Janet de A lmeida. Era escusado discutir: estava criado o cartão de visita perfeito para a madrinha de uma nova geração de artistas nacionais.

069 – Mariana Duarte Silva

Sabia-lhe a pouco, sempre que admitia como gostava de poder investir em quem acredita. Dizlhe o à vontade com que se move no meio de eventos, em Londres e em Lisboa, que é música que bastava ser escutada uma vez, pelos ouvidos certos, para dar que falar.

(e

o baile Madame)

aniversário

The Loft Rua do Instituto Industrial, 6, Lisboa Sábado 21 Novembro Concerto Micachu and the Shapes (Rough Trade/Accidental) www.myspace.com/micayomusic Live act Jon Hopkins (Domino) www.myspace.com/jonhopkins Live act Voltek www.myspace.com/voltek Dj set Quayola www.quayola.com/ Dj set Twofold www.madame-management.com Dj set Stereo Addiction www.stereoaddiction.com Dj set Heartbreakerz www.myspace.com/djheartbreakerz

Corre pelo gosto de ouvir o beat de sangue na guerla a tocar nos armazéns mais in da capital britânica. Rui da Silva, Stereo A ddiction ou a dupla feminina de DJs Heartbreakerz são a prova de que é mais que possível. Incansável quando acredita no good vibe de alguém, desdobra-se em contactos e reuniões para conseguir meio metro quadrado de atenção, no melhor dos espaços da noite londrina. Conhece a indústria, sabe que não desilude. Impecável, qual Madame, de bom nome, que se preze, faz da forma um dos conteúdos com que se lança na promoção dos “seus”, tão seus, artistas, ávidos de uma nesga de visibilidade, debaixo das luzes psicadélicas dos clubs.

Fala, pela voz de Madame, das ideias fixas que lhe povoam a alma e o coração. Entre voos directos, pelo amor que a prende a Lisboa e a paixão que fica nos escritórios do Village Underground —centro de cultura e arte suburbana, onde trabalhava, dentro de uma antiga carruagem do Metro, instalada no topo de um prédio— entre as idas ao Lux, “o único que promove DJs de qualidade” e que M adame garante estar “em termos de programação musical, a par de tudo o que de melhor se passa lá fora” e os encontros de portugueses em Inglaterra, abre o Baile, a que chama plataforma de talentos, uma noite regular que chega a 21 de Novembro ao The Loft, em Lisboa. Encontra-se em casa, nestes espaços trendy de uma capital a que regressa, “oficialmente” para casar, transformando uma Londres “fria e cara” à primeira vista numa longa lista de saudades: “de cada dia ser diferente, dos concertos inesperados, das festas espontâneas na cave, armazéns e parques de estacionamento, das pessoas da rua, de Shoreditch e do street art, do bus, de andar na rua de headphones, de querer ouvir um artista ao vivo e de isso poder acontecer no mesmo dia, do talento musical que cai das árvores, todos os dias”. Cai na real, a sonhar com o futuro: “em 2010, quero que o Baile se afirme como a melhor plataforma de promoção e mostra de novos talentos simultaneamente em Londres e Lisboa, desenvolver marcas portuguesas com a Citizensound (agência com a qual trabalha) e encontrar o espaço ideal para instalar o Village Underground em Portugal”. É uma Madame madura, menos “mad” [do Inglês, hiperactiva e frenética] e mais “ame”, do amor que dela fez Senhora [Madame] da sonic branding em Português.

www.madame-management.com


bollywood texto: paulo guedes

o novo brilho do cinema indiando O cinema de Bollywood foi menosprezado durante décadas pelo mundo ocidental, até ao dia em que o cachet das suas estrelas se tornou idêntico aos valores praticados em Hollywood, despertando então uma nova curiosidade. Na crista da controvérsia, onde se cruzam as relações entre Hollywood e Bollywood, está Kylie Minogue, que participa por escassos minutos em Blue, a última superprodução do cinema indiano

070 – Central Parq | Cinema


Kylie M inogue , Will Smith e Sylvester Stallone são apenas algumas das estrelas que exigem um cachet elevado e que já trabalharam na maior fábrica de cinema do mundo: Bollywood. Apesar da crise, o pequeno papel da estrela australiana Kylie Minogue rendeu-lhe mais de 100 mil euros por dia, durante a semana em que esteve em Mumbai para actuar em Blue, filme que estreou em Outubro. O papel da diva da pop music resume-se a uma cena de night club, onde interpreta uma das músicas do filme ao lado dos actores principais. É um tema com grande sentido rítmico e que, provavelmente, terá todas as condições para vingar no Ocidente. É assinada pelo famoso produtor musical indiano A.R. R ahman, recentemente descoberto após o sucesso de “Quem quer ser milionário?”. Apesar da curta aparição de Kylie, os produtores deram um enorme destaque à sua presença, tentando distanciar o filme do estilo tradicional de Bollywood, em geral fantasioso, dentro do género da comédia musical romântica. Embora não abandone por completo estruturas de um musical, Blue foi divulgado como sendo um filme de acção. Contou uma produção de 25 milhões de euros e é inspirado nos romances do Peter Benchley, o autor que escreveu o clássico dos anos 70 “O Tubarão”. Cenas debaixo de água dominam, num filme que conta a história de um grupo de caçadores de tesouros submarinos que tem nos tubarões a principal ameaça. Blue não foi propriamente bem recebido pela crítica, mas tem sido dado como exemplo da crescente necessidade das maiores produtoras indianas em terem grandes estrelas ocidentais a promover os seus filmes. Para estes homens de negócios, é evidente que o impacto dos grandes ícones da cultura pop ocidental acaba por se reflectir nas bilheteiras. Mas, segundo algumas vozes, isso também espelha a importância crescente do mercado indiano na indústria de produção e distribuição de cinema, um facto que tem levado muitas produtoras de Hollywood a estudar condições de parceria, como o caminho possível para a redução de despesas. O caminho de co-produções parece estar em aberto, até porque o sucesso do filme Slumdog

071 – Bollywood

Millionaire, “Quem Quer Ser Milionário?”, rodado em bairros de lata de Mumbai, provou que histórias passadas na Índia também podem ter um público global. Um outro filme ensaiou, ainda que sem o mesmo sucesso, a perspectiva de um público internacional. A longa metragem K ambakht Ishq (Amor Incrível) tem sido, essencialmente, comentada por ser o primeiro filme indiano produzido em Hollywood. No pacote, incluíase uma breve aparição de Sylvester Stalone, que servia de trampolim para voos mais altos. O filme narra a história de um duplo indiano que, não obstando o sucesso que encontra em Hollywod, não encontra nestas paragens o seu verdadeiro amor. Só não sabemos se esta ficção serve de alegoria para as futuras relações que se advinham entre as duas grandes Mecas do cinema mundial! Do ponto de vista dos actores, a perspectiva é mais segura. A mor Incrível levou para Los Angels o casal mais querido do cinema indiano: A shkay Kumar e K areena K apoor e para os dois esta foi a grande oportunidade de aparecerem nos principais meios de comunicação americanos. Foi uma porta que se abriu para um reconhecimento internacional, que lhes poderá fazer sonhar com uma passadeira vermelha, que os encaminhe uma noite aos Óscares. Para que isso venha realmente a acontecer um dia, segundo alguns, o cinema indiano terá, entre outras coisas, que continuar a trazer para as suas produções cantores e actores de renome, de forma a alargar o seu público. Nesta tarefa de importação de estrelas do Ocidente, talvez o momento mais bizarro tenha sido aquele em que alguém pensou colocar rapper Snoop Dogg de turbanto, agarrado a um microfone, para actuar numa comédia hindu chamada Singh Is K inng. Apesar de burlesca, o rapper parece ter gostado muito desta experiência e já se mostrou disponível para aparecer noutros filmes dos seus mais recentes amigos de Bollywood. Já Will Smith foi das primeiras grandes estrelas de Hollywood a aparecer a cantar em directo na televisão indiana, até com uma certa regularidade, num determinado período. O motivo, claro está, é sempre o dinheiro. Um estúdio indiano investiu 15 milhões de

dólares em dois filmes americanos onde Will Smith apareceu. Por isso, o interesse de estreitar relações é comum a ambas as partes, pois Hollywood também está pronta explorar possíveis oportunidades. No entanto, Hollywood não pode crer que a Índia esteja imune à crise financeira que atravessamos. Aliás, já viu alguns projectos terem dificuldade em arrancar pela contracção dos mercados financeiros. Os financiamentos na Índia são difíceis, até há pouco tempo os bancos indianos e instituições financeiras eram proibidos de emprestarem dinheiro para a realização de filmes, daí que parte desse cinema indiano se tenha habituado a fontes de natureza dúbia, o que coloca outro tipo de problemas, com os quais Hollywood poderá não saber lidar. É sabido que o submundo de Mumbai contribuiu para a produção de vários filmes, assim como sustenta algumas das suas celebridades mais conhecidas. Não obstante, o Ocidente não pode deixar de estar atento a produções de Bollywood que, desde os meados dos anos 90, se têm tornado cada vez mais dispendiosas, ganhando uma magnificência que não existia antes. Com a maior distribuição de filmes e séries ocidentais no mercado indiano, tem havido uma maior exigência interna para que os níveis de produção Bollywood também aumentem, principalmente no que toca à acção e aos efeitos especiais. Os técnicos foram, de facto, os primeiros a chegar muito antes das grandes estrelas. Estes, com melhores meios de produção, fizeram com que o número de filmes de acção e ficção científica estejam a crescer na Índia. Bollywood está a caminho de fazer um cinema mais inovador, em termos de enredo e de efeitos especiais, estando a Yash R aj Filmes e a Dharma Productions por detrás dos seus maiores sucessos.


illustrative'09 texto: Diana de Nóbrega

a arte da nossa geração O Illustrative é um pouco de Berlim emoldurado. Cores, formas e conceitos juntam-se em harmonias desarranjadas que desafiam o criador e o observador.

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072 – Central Parq | Arte

www.illustrative.de


1 siggi eggertsson 2 illustrative 2009

Ora representadas em grafismos decompostos, minimalistas, ora através de ilusões ópticas, os comics e os grafittis estiveram na génese dos trabalhos dos artistas-designers presentes no Illustrative 2009. A mostra internacional de ilustração, que já passou por Paris (2006) e por Zurique (2007), regressa agora a Berlim, a cidade que a criou, à sua imagem, há três anos. Tal como os habitantes da capital alemã, o Illustrative é uma manta de retalhos: mais de 60 artistas, que trabalham com meios diferentes, em diversas cidades/países, com linguagens e perspectivas distintas. Tal como a cidade, a ilustração surge descontraída e pretende afirmar-se e manifestar descaradamente a sua liberdade. A pretensão é soltar-se do conceito de ilustração, que pressupõe uma subordinação ao texto, e fundamentar a designação auto-proclamada de “arte ilustrativa contemporânea”. Para tal, também estão previstas conferências, apresentações em vídeo e o prémio Young Illustrator Award. O cenário idílico de Villa Elisabeth, na trendy Mitte, contrasta com os temas urbanos das obras de conceituados nomes da ilustração, como David Polonsky e Tomer Hanuka, ou ainda do artista pop-art japonês K eiichi Tanaami que, aos 73 anos, surpreende pelas composições dignas de um jovem urbano de 17 anos. Sendo provavelmente o artista com o currículo mais longo da exposição, Tanaami formou-se em 1958, na Musashino A rt University, em Tóquio, onde vive actualmente. Nomeado o primeiro art director da “PLAYBOY” (edição japonesa), é hoje uma figura ilustre na Faculty of Information Design da capital japonesa, onde lecciona. O seu conterrâneo Haroshi optou pelas três dimensões. O ilustrador nipónico desconstruiu partes do corpo humano, coloriu-as e ganhou um lugar central na exibição, bem ao lado de um retrato king-size de Obama, construído com inúmeros papéis, em alto-contraste

073 – Illustrative 2009

com a parede que os sustenta. A mostra juntou ainda os ilustradores alemães Olaf H ajek e Line Hoven, reconhecido pelos comics, John Casey, Eryk M ark Sandberg e Eryk Nyquist, norte-americanos, o japonês Aya K ato, os designers escandinavos Yokoland, Siggi Eggertsson e Jesse Auersalo e o duo alemão premiado Pixelgarten. Portugal também esteve representado no Illustrative 2009. Nomeado para a categoria de Book Art, Nuno Henriques, numa parceria com Doerthe L ange, apresenta o livro “Auto-retratos”, em formato caderno-rascunho: documentos antigos, rabiscos descarados e retratos, muitos retratos. O Illustrative é um projecto de Illustrative e.V., uma organização sem fins lucrativos, sedeada em Berlim. O projecto é dirigido por K atja Kleiss e o curador é, mais uma vez, Pascal Johanssen. Incontornável para quem está em Berlim e para todos os amantes da arte contemporânea, o Illustrative pode ser visitado até ao início de Novembro.

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1 illustrative 2009 2 Keiichi Tanaami:

C02, 2009 3 Keiichi Tanaami: Bonkei, 2009 4 Julien Vallee “Hyper Real” 22 x 44cm, 2008 5 Christian Montenegro: Anger, 50 x 50 cm, 2009 6 Christian Montenegro: Pride, 50 x 50 cm, 2009 7 Joern Kaspuhl “Greek Myths”

074 – Central Parq | Arte


075 – Illustrative 2009

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rip curl pro seach'09 texto: Miguel Pedreira De Francisco de Almeida

Quem espera... ĂŠ recompensado!

076 – Central Parq | Surf


kelly slatter

077 – Rip Curl Pro Search 09


Foram precisos sete penosos anos para que os portugueses voltassem a ver ao vivo os melhores surfistas do mundo. Peniche provou que afinal temos ondas de classe mundial.

Desde 2002 que o principal circuito mundial de surf não visitava as ondas nacionais, mas a realização do R ip Curl Pro Search 09 em Peniche (de 19 a 29 de Outubro passados) compensou os milhares de fãs deste desporto, que habitualmente seguem pela internet os campeonatos do World Tour da ASP (Association of Surfing Professionals —a entidade que rege o surf profissional no mundo). E Peniche —uma das melhores zonas da Europa para a prática de desportos de ondas— não se fez rogada em mostrar o seu potencial, proporcionando todo o tipo de condições possíveis ao longo dos doze dias de prova. Já para não falar nas inúmeras sessões de freesurf que os 45 melhores surfistas masculinos e as 17 melhores surfistas femininas do mundo fizeram à volta da peculiar geografia de Peniche e do seu istmo —que por si só dariam um artigo— a competição decorreu em quatro ondas bem diferentes, que variaram do meio metro mole aos três a quatro metros pesados e bastante tubulares. Destaque absoluto para terça-feira, dia 27 de Outubro, que ficará na história do surf nacional como o melhor dia de surf competitivo alguma vez visto em águas portuguesas. Nesse dia, realizaram-se os oitavos e quartos-de-final da prova masculina, na praia de Supertubos, com ondas de três a quatro metros e alguns dos melhores surfistas do mundo fizeram alguns dos melhores tubos das suas vidas. Naquele que foi considerado por atletas, imprensa especializada nacional e internacional e pela própria ASP como "o melhor campeonato do World Tour deste ano e, seguramente, um dos melhores de sempre", Peniche (e Portugal) souberam responder à altura do acontecimento e contribuíram para essa boa impressão. Estiveram milhares de pessoas na remota praia onde se realizou o evento ao longo do fim-de-semana (e muitas também, embora menos, no dia em que os Supertubos quebraram de gala!), a aplaudirem generosamente os seus ídolos a cada oportunidade, mas sem incomodarem ou agarrarem os atletas, que ficaram surpreendidos com a educação e o conhecimento de surf demonstrados pelo público; a emissão online do Rip Curl Pro Search bateu alguns recordes de audiências, superando os oito milhões de visitas à página oficial do evento (1,7 milhões

078 – Central Parq | Surf

no dia dos Supertubos, com mais de 30.000 em simultâneo —e Portugal representou o segundo maior contingente, a seguir aos EUA); e o World Tour encontrou o seu "the coolest Mayor", na pessoa de A ntónio José Correia, o presidente da Câmara Municipal de Peniche, que foi uma das pessoas fundamentais para a realização desta prova e um anfitrião sempre interessado e disponível, numa atitude difícil de encontrar (mas sempre desejável) em qualquer um dos outros locais que o World Tour visita. Para a história fica a vitória estrondosa do australiano Mick Fanning sobre o seu compatriota Bede Durbidge, que o ajudou a cimentar a primeira posição no ranking mundial e eventualmente conquistar o seu segundo título. Fanning veio cedo para Peniche, conheceu as suas ondas e colheu os dividendos, conquistando a sua terceira vitória em 09 (segunda em seis semanas contra Bede Durbidge na final, que também fez uma excelente perna europeia) e fechando a disputa pelo título mundial deste ano entre ele e o seu grande amigo Joel Parkinson. Parko, por seu lado, mostrou que está de volta a um bom momento de forma ao terminar em terceiro lugar, nas meias-finais, depois de três maus resultados consecutivos e de ter dominado a primeira metade do ano. Mas para a história ficam também as três notas máximas (10 pontos) atribuídas pelos juízes, todas nos quartos-de-final, a três tubos fenomenais —uma a Parko, outra a Bede Durbidge e outra ainda ao wildcard O wen Wright, o outro terceiro classificado. Owen, de apenas 19 anos, experimentou de tudo neste campeonato. Desde a glória de eliminar o nove vezes campeão mundial, K elly Slater, pela segunda vez este ano, ao êxtase de fazer uma onda de 10 pontos, até à dor de, exactamente na onda seguinte, cair de forma muito violenta e perfurar um tímpano, o que o obrigou a sair imediatamente da água. Mas as suas performances ficaram na memória de quem as viu! Quanto a Slater, perdeu aqui as hipóteses de conquistar o seu eventual décimo título mundial este ano e confirmou a sua má sorte competitiva em Portugal, onde nunca conseguiu melhor que um 17a lugar... mas também confirmou a sua enorme elegância e sentido justiça, ao improvisar uma concorrida sessão de autógrafos alguns minutos depois de ter perdido a sua eliminatória. Afinal, há doze anos que não vinha a Portugal e os seus fãs não tiveram culpa que tivesse perdido!... O californiano Bobby M artinez foi outro dos destaques deste R ip Curl Pro Search 09, pelas excelentes capacidades de "tuberider" que demonstrou, mas sobretudo pela atitude que demonstrou no dia de ondas maiores, ao atirar-se às maiores "bombas" que surgiram. Não completou muitas delas, mas lá que impressionou... disso não haja dúvidas!

Este campeonato serviu também para rever alguns "velhos" conhecidos do público português, como Slater, Taylor Knox ou Taj Burrow, mas também para confirmar ao vivo as capacidades de jovens estrelas em ascensão, como o brasileiro Adriano de Souza, vencedor da etapa anterior e nono classificado em Peniche. E foi fantástico ver o R ip Curl Pro Search contemplar, pela primeira vez, as melhores surfistas do mundo. A vitória da jovem estreante havaiana Coco Ho, de apenas 18 anos, sobre a campeã mundial de 05, Chelsea Hedges, foi um bom sinal do que está para vir em 2010, no circuito feminino. Como única nota negativa ficam algumas decisões da direcção de prova em colocar determinadas fases em ondas menos boas, quando até havia melhores condições noutros spots. O português Tiago P ires, único atleta nacional na elite do surf mundial, acabou por ser um dos grandes prejudicados, sendo obrigado a competir em ondas fracas, que ajudaram a ditar a sua eliminação precoce perante um público atento, apoiante e com vontade de vê-lo fazer outro brilharete este ano. Foi pena! O R ip Curl Pro Search 09 foi, em resumo, uma boa forma do World Tour e dos melhores surfistas do mundo "fazerem as pazes" com o nosso país, de onde saíram em 2002, sem grande motivo aparente mas a dizer mal das ondas portuguesas. Peniche provou (como a Ericeira já tinha provado antes...) que afinal temos ondas de classe mundial e que existe vontade de regressar onde se foi feliz. O R ip Curl Pro Search, pelas suas características tão especiais (é um evento anualmente móvel, que nunca repete duas localizações e que pretende dar a conhecer novos destinos aos melhores surfistas do mundo), não voltará a Portugal continental, mas a sua realização este ano em Peniche abriu fortes possibilidades para a implementação de um evento fixo, anual, na "Península mágica", onde há sempre uma onda com vento off-shore (de terra para o mar). E para que isso aconteça, não vão ser necessários mais sete anos, seguramente!


Mick Fanning

079 – Rip Curl Pro Search 09


alexander david “Morrer Como Homem” o último filme de João Paulo Rodrigues, deu a conhecer uma nova cara do cinema português, o luso canadiano, Alexander David. O jovem actor prestou-se a um novo papel, o de modelo, num editorial de inspiração militar com provas físicas sob a câmara de Pedro Janeiro. Alexander David inspira o homem moderno e citadino da PARQ, levemente anónimo e marcante.

styling: Conforto moderno | assistente de styling: ângela Araújo make-up&hair: João pombeiro para AR Agradecimentos a Restart.

Gabardine azul DUNHILL, casaco de malha com molas NICOLAS, na Wrong Weather, t-shirt decote em v MATADOR, cinto ao peito DIESEL, luvas em pele DUNHILL, jeans cinza ATIKIN, botas COHIBAS, saco de viagem GANT


Trenchcoat com correias em couro NDA, na Wrong Weather, sobre parka MATADOR


Cortavento GSTAR by MARC NEWSON, luvas H& M, calรงas DIESEL, mochila GRAVIS ed.Black Box na Sky Walker, botas CAT


Blus찾o l찾 GSTAR, camisa xadrez GANT (ed. especial 60 anos), cinto MANGO/HE, 처culos PERSOL


Casaco de malha castanho FIFTH Av. na Wrong Weather, camisa WRONG WEATHER, cinto ao peito DIESEL, calรงas pretas CARHARTT, cinto MANGO/HE, sapatos "aligator" Cohibas


Camisa vermelha aos quadrados fred perry, cinto e gravata Diesel, jeans gstar originals, punho de ouro Mango/He, rel贸gio camel active, botas pretas fly london


Camisa branca com gravata diesel, calças miguel vieira, tÊnis lacoste, cinto com brilho diesel, cinto ao peito diesel


Blusão carhartt, camisa branca e cardigan de malha às riscas MANGO/HE, calças azúis matador, cinto ao peito diesel


Body zazo& brull, meia-liga e meias victoria's secret,

botas casadei

suddenly last night fotografia: daniel bartolomé styling: laia gómez make-up&hair: josé sequi para MAC e REDKEN modelo: yasmín avalo (View Models Barcelona)


Casaco ungarro, vestido crommorc (www.cromorc.com),

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Blusa em malha tara jarmon, bracelete joi d'art, saia guillen doz, meias vintage, botas fly london


Colete pepa loves (www.pepakarnero.com),

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Cardigan heich, meias la perla, sapatos bruno premi


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www.sergiosantosphoto.com  www.boldcreativestudio.com assistente de fotografia: telma russo styling: mónica lafayette @ I mage & Everything assistente de styling: josine monalisa @ I mage & Everything make-up&hair: João nuno ribeiro modelos: josaine + fernado lopes @ C aracter M odels, mauro lopes @ Loft Elite Agradecimentos: Internacional Design Hotel, Maximus, Ana Teresa e Celeste Cambaza @ Oficina da Roupa, e Raul Vintage.

FERNANDO: blazer miguel vieira, calças H& M, mala gant


JOSIANE: vestido outra face da lua, gola e estola H& M, colar e cinto com

mauro: fato miguel vieira, luvas gant, óculos party

pedras preciosas no fabrico infinito, brincos da produção e botins mango

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JOSIANE: vestido e camisa storytailors, luvas H& M, colar e brincos da produção, tocado de penas mimoki na Cool de Sac


mauro: calças lafaaza, camisa da produção, gorro

JOSIANE: vestido kaka pena, pulseiras Miguel

lafaaza, sapatos H& M by Jimmy Choo

Vieira, colar da produção, botas mango


JOSIANE: blusa da produção, colar H& M, shoulders e saia lafaaza, collants H& M, luvas twenty8twelve


mauro: camisa da produção, óculos party glasses, papillon

fernando: camisa e papillon da produção, óculos party

outra face da lua, colete miguel vieira, calças da

glasses, calças e sapatos H& M, mala diesel

produção, sapatos H& M by Jimmy Choo, mala GANT


JOSIANE: turbante e calçþes lafaaza, gola em torno do colar e pulseiras H& M, colar e brincos com contas ricardo preto, malas Louis Vuitton


JOSIANE: camisa outra face da lua, colares H& M



Restaurante moo

hotel oom

Viagem: UM DIA PERFEITO EM... barcelona texto: miguel machado

A proposta desta coluna é levar-vos a conhecer, de mãos dadas, sítios que por si só justificam uma viagem e que estão para além do guia de viagem. Este mês proponho BARCELONA.

o reconhecimento da praça, é um mercado extraordinário em cor, cheiros e variedade de comida e é aqui que os grandes cozinheiros de Barcelona se aviam. Rambla de St. Josep 89.

Para variar, começamos cedo, digamos às 9.00H, e vamos tomar o pequeno-almoço ao BAR PARIS, uma encruzilhada de recém-acordados ou prédormidos. Paris, 187.

Continuamos a nossa caminhada rumo ao mar, passamos pelo PORT VELL e finalmente chegamos à BARCELONETA. Às 2.00H já nos sentamos para almoçar no CAL PINXO, um especialista de Paella, Fideuá e Arroz Negre, com vista para o mar e uma óptima relação preço-qualidade. Se fizer bom tempo, devemos reservar para a esplanada. Baluard 124.

Subimos à Avinguda Diagonal e descemos até ao PASSEIG DE GRACIA, uma das mais bonitas avenidas da Europa. Aí temos, no mesmo sítio, shopping de referência —Louis Vuitton, Gucci, e uma mega loja Burberrys. Passeig de Gracia con Mallorca. Fazemos algumas paragens arquitectónicas, subimos a LA PEDRERA , uma das obras intemporais de Gaudi, vemos a CASA BATLLÓ, a CASA AMATLLER e a CASA LLEÓ MORERA, símbolos da arquitectura de Barcelona do inicio do Século XX. Passeig de Gracia 35. São 11.30 H e, em passeio, dirigimo-nos à Rambla Catalunha e, no seguimento, às Ramblas, onde paramos no MERCAT DE LA BOQUERIA. Estamos já preparados para os primeiros aperitivos, antes de almoço, despachamos umas imperiais e uns Langostinos acabados de cozinhar no KIOSCO PINOCHO. Aproveitamos o momento e fazemos

103 – Parq Here | Viagem

Para fazer a digestão subimos a pé ao MUSEO PICASSO, no BARRIO DEL BORN. Para complemento dos vários Picassos, há sempre exposições ambulantes de inegável qualidade. À saída, podemos comprar uma camisola de riscos horizontais, réplica das que eram usadas por Picasso. Montcada. con Princesa Olhamos para o relógio e marca 7.00H, apanhamos um táxi e vamos para o Hotel OMM , descansamos 40 min. , tomamos banho e arreamos a melhor roupa que trazemos na mala. Vamos à Ópera. Rosselló, 265. Antes do Liceo, paramos no VIENA um lugar surpreendente para comer as melhores tostas do mundo. Recomendo a tosta de pesto. Rambla del Estudis 117.

8.45H é hora para irmos a pé para o GRAN TEATRE DEL LICEO ver a Ópera que estiver em cartaz. A Ópera em Barcelona é parte da cidade e o Teatro é lindíssimo. Recomendo reservas antecipadas. La Rambla 51-59. Às 11.30 temos reserva para jantar, voltamos ao hotel e subimos ao quarto para um fresh-up. Escolhemos o restaurante MOO, que fica no hotel. Comida de fusão com serviço de qualidade e ambiente in que já conquistaram o Guia Michelin e uma das suas estrelas. Têm uma sobremesa de chocolate estranhíssima, em forma de charuto e que sabe efectivamente a puro- Rosselló, 265 A seguir do jantar, damos um pequeno passeio pelo Passeig de Gracia e voltamos ao CLUB DO HOTEL OOM, um ambiente privé com Dance Music de inspiração contemporânea. Rosselló, 265 Se nos sentirmos com energia, às 5.00H podemos seguir o clubbing no LA BOÎTE. Avinguda Diagonal,477 Terminamos como começámos, às 9.00H, no BAR PARIS em situação inversa, pré-dormidos. Paris, 187


As boas línguas de miss jones e ray monde Restauante 560 foto: fg+sg-fotografia de arquitectura

Numa cálida noite deste Verão incessante, após a salutar separação de Agosto, Miss Jones e Ray Monde encontraram-se no restaurante 560, o número que codifica os produtos nascidos e criados em Portugal. 560, espécie de tasca que conjuga a matriz rural com o desejo urbano, da autoria de João Tiago Aguiar, arquitecto, e de Pedro e Marcos, donos do restaurante. Desta combinatória, ressaltamos com agrado a iluminação harmoniosa que ajusta o “olhar a comida” com o espaço envolvente, coisa rara no ramo. Nesta ausência de pompa, inaugurámos o repasto com Água das Pedras para os dois, resquícios de uma ida a termas. Lambiscámos do couvert requeijão com coentros e pimentos verdes e vermelhos assados e falámos de crise, eleições, romances de Verão, investimentos imobiliários, ajustes a fazer na roupa de Inverno, entre outros.

104 – Parq Here | Raymonde

Da ementa estival, fabricada com o intuito de condensar sugestões, escolhemos, guiados por amáveis e corteses pareceres do Pedro, uma entrada de coentrada de coelho com uma vinagreta de citrinos, de sabor delicado e textura amável. Para flutuar pedimos um Três Pomares - N. S. do Carmo, Douro de 2007, uma boa mistura de Touriga Nacional, Franca e Tinta Roriz. Embora vindo directamente da cave bloqueada nos 16° recomendados, achámo-lo frio em demasia. O calor da noite incumbiu-se de lhe desenvolver os aromas. Miss Jones elegeu um filete de pregado, corado com molho de Alvarinho e gratin de batata e legumes salteados: o peixe roliço, bem assado e o molho um pouco untuoso. Ray Monde optou por uma empada de perdiz: o recheio franco e seivoso e a massa um pouco ingénua.

Adoçámo-nos com uma tarte de limão merengada, seguida de um café numa chávena Fiamma e de uma charmosa conversa com o Pedro. Os donos do restaurante contam com o ofício dos cozinheiros Patrícia e Renato. Em conjunto, elaboram, sazonalmente, uma nova ementa. Não a deixem abalar… À saída, esperava-nos uma das poucas ruas calmas do buliçoso Bairro Alto. Um à parte: é totalmente falso, Miss Jones nunca caiu de bicicleta nem Ray Monde iria ver um Chabrol.

restaurante 560   Rua das Gáveas, 78 1200-209 Lisboa    tel. : 21 346 83 17   Todos os dias, das 19h30 às 23 h.    Fechado ao domingo


105 – Parq Here


marc jacobs store texto: ângela araújo

Abriu finalmente a loja Marc em Lisboa. Depois da abertura recente de lojas em Londres, Paris, Atenas e Istambul, foi a vez do Largo do São Carlos receber a loja de Prêt-a-porter de Marc Jacobs. Depois de semanas a tentar espreitar pelas janelas, conseguimos admirar, no edifício onde se diz ter nascido Fernando Pessoa, a colecção de pronto-avestir e acessórios de moda de homem e mulher do designer Marc Jacobs. Numa localização privilegiada no coração de Lisboa a loja tem uma fachada de oito montras, actualmente cheia de fitas coloridas, onde também se podem ver, uma vaca cor de rosa e uma embarcação a pedais em forma de cisne, retirado do lago do Central Park. O espaço está dividido em dois, sendo o dedicado à roupa masculina um pouco menor. No espaço dedicado às mulheres, existem linhas completas de roupa, acessórios que vão desde carteiras a sapatos, passando por perfumes e óculos de sol. Por tantos bons motivos, as senhoras da Ópera poderão começar a chegar atrasadas, mas seguramente muito bem vestidas.   Lg. de S. Carlos, 1, Lisboa    www.marcjacobs.com

106 – Parq Here | Places


galeria articula texto: hugo madureira

Insígnia de uma artéria do bairro de Alfama, a Galeria Articula é a mais recente plataforma para a Joalharia, numa perspectiva contemporaneamente informada. É um espaço que convida não só pelo trabalho patente, mas também pela contemplação dos artefactos inacabados, dispostos sobre as bancas da oficina bem à vista do público. Alguns são da autoria de Teresa Milheiro, outros de artistas emergentes que tomam de empréstimo as laminadoras e algumas ferramentas anciãs. Teresa Milheiro é uma das referências mais importantes do panorama da joalharia nacional e internacional e escolhe Lisboa, a sua cidade natal, para a sua açoteia imaginária.   Galeria Articula   Rua dos Remédios, 102, Lisboa   De 2ª. a 6ª. das 10h/13h-14h/18h, sáb.das 10h/14h    www.teresamilheiro.com

ba texto: lourenço faria

A Brand&Advise, empresa de design dirigida por Rui Catalão, dá uma viragem na sua vida, reduz-se ao essencial, a começar pelo nome, agora abreviado nas iniciais BA. Abriu as suas portas num novo espaço, no centro de Lisboa, numa das ruas mais charmosas da zona da Sé, convidando a um passeio calmo. Por tudo isto, faz muito sentido que o atelier tenha reservado todo o espaço térreo, com várias aberturas para a rua, como área multidisciplinar, partilhando aquele espaço de exposição privilegiado com um público anónimo. A programação começou a ser desenvolvida com a galeria 3+1 Arte Contemporânea que propôs uma série de trabalhos fotográficos da dupla Sara & André. Com 7 anos no mercado, o corpo criativo instala-se no primeiro andar, continuando o mesmo trabalho dedicado a marcas, estratégias, ideias e promoções.  Rua do Barão, 10, Lisboa   Tel.21 887 23 96 / 97    www.ba-studio.com

107 – Parq Here | Places


mood texto: lourenço faria

Catarina Leitão lançou um repto a todos os portugueses —Style your Mind— convidando-nos a conhecer uma loja que ultrapassa em muito o conceito de multimarca. Situada em pleno Design District de Lisboa, podia bem ser como uma pequena “Colette” à nossa dimensão, porque vamos encontrar os mais diversos artigos que tanto podem ser electrodomésticos, peças de arte, livros, CDs perfumes ou chocolates como acessórios de moda e roupa de alguns estilistas. Por enquanto, os nacionais são representados pela dupla Alves&Gonçalves e pelos Storytailors, que expõem as suas peças no interior de um guarda-fatos antigo, cheio de uma patine branca. No que se refere a outras marcas de roupa, no segmento jeans, vale a pena conhecer as propostas de People’s Market, uma marca londrina muito original e em grande crescimento nos últimos anos. Para as que preferem requintes especiais, a lingerie da brasileira Thais Gusmão vai cair como uma cereja no topo do chantilly. E para acompanhar o ambiente erótico, está prometido para breve um “corner” especial dedicado a objectos curiosos. O melhor é mesmo ir passando, porque neste espaço de decoração igualmente eclética tudo pode ser alterado, dependendo do mood da sua impulsionadora.   Lg. Vitorino Damásio, 2A, 91 860 9760,    de seg. a sáb. das 11.00 às 20.00

108 – Parq Here | Places


RECEBE UMA REVISTA PARQ, EM CADA ENCOMENDA.

www.nomenuhomeservice.pt

Basta marcar: 213 813 939 / 933 813 939 213 813 939 / 933 813 939 OEIRAS 214 412 807 / 934 412 807 CASCAIS 214 867 249 / 914 860 940 ALMADA 212 580 163 / 917 164 591 COSTA DA CAPARICA 212 580 163 / 917 164 591 COIMBRA 239 714 307 / 961 014 220 LINDA-A-VELHA 213 813 939 / 933 813 939 LISBOA

PARQUE DAS NAÇÕES

109 – Parq Here


tema home texto: francisco vaz fernandes

elements texto: sofia saunders

A Elements Contemporary Jewellery comemora em Dezembro o seu segundo aniversário e é já uma referência para os amantes de jóias de luxo. Com um espaço aberto ao público na Galeria Península no Porto, dedicado à joalharia contemporânea, distingue-se pela oferta alternativa às “marcas globais” e à tendência actual de massificação. Destacam-se as joías de autor, as da Rosarinho Cruz, uma referência no design de jóias nacional, realizadas em materiais nobres, optando por um design minimal e intemporal. Além disso, a loja tem peças da Meister e a Longmire, duas marcas que trabalham igualmente materiais nobres, como o ouro, a platina, os diamantes e outras jóias preciosas. Tudo isso no interior cuidado desta loja o com um design de interiores que valoriza a singularidade e a autenticidade. Dentro do mesmo conceito, é possível um serviço de criação digital 3D de jóias personalizadas.   Galeria Península    Praça do Bom Sucesso, 159 Lj 117 Porto    www.elements.com.pt

Com mais de 28 anos no sector do mobiliário, a Tema Home abre a sua primeira loja em Lisboa, numa altura em que investe significativamente no design português, propondo uma colecção de edições limitadas. A The Lisbon Collection conta com projectos de conceituados designers portugueses, como Filipe Alarcão, Fernando Brizio, Marco Sousa Santos, Inês Martinho, Délio Vicente, Ricardo Marçal e Miguel Vieira Baptista. Este investimento nos criadores nacionais vem no seguimento de uma política da empresa que conseguiu 1400 pontos de venda, distribuídos por 46 países do mundo, tendo Portugal como principal imagem de marca. Aliás, esta política faz tanto sentido que para 2010 estão previstos novos projectos, desta vez com designers internacionais —incluindo Karim Rashid— a quem foi pedido que trabalhassem a identidade portuguesa. Para além de apresentar o melhor das suas colecções, com especial incidência para as edições limitadas da The Lisbon Collection, a Tema Home reuniu neste novo espaço acessórios e complementos, em linha com a filosofia da empresa. Produtos como o novo iPod Touch da Apple e as exclusivas colunas Parrot Zikmu, concebidas pelo famoso designer Phillipe Starck, assim como livros e revistas de Arquitectura, Design e Moda e peças seleccionadas da Vista Alegre, Atlantis, Bordalo Pinheiro, MoMA (Museum of Modern Art New York), Menu e Pandora Itália. Mais ainda, entre outros eventos, a Galeria Tema Home Lisboa apresentará periodicamente exposições de artistas plásticos portugueses, sob a direcção do curador e crítico de arte João Pinharanda que, neste momento, apresenta uma exposição de desenho de Gabriela Albergaria. A intenção desta nova loja de Lisboa é criar um espaço original, com distintas valências e usos, apresentando produtos que, nalguns casos, estão pela primeira vez disponíveis em Portugal.   www.temahome.com     www.thelisboncollection.com

110 – Parq Here | Places


boa boca gourmet texto: ângela Araújo

Boa Boca é uma empresa portuguesa de produtos gourmet, que aposta na qualidade e no design inovador como estratégias de mercado. Os seus produtos encontram-se actualmente à venda nas mais prestigiadas casas da especialidade em Portugal. O projecto começou com uma simpática loja no centro histórico de Évora, mas desde 2006 que a Boa Boca expandiu a sua actividade e começou a seleccionar e comercializar produtos portugueses tradicionais de alta qualidade. A inovação está nas embalagens modernas, com um design irresistível e capazes de garantir a ideal conservação dos alimentos. Este projecto valeu já dois prémios: o prestigiado Red Dot Design Award, em 2008, e o primeiro lugar na categoria de Novos Conceitos dos Prémios Mercúrio. Existem duas marcas distintas dentro da Boa Boca: São Tomé e Feito à Mão. Os produtos são dos mais variados, como chocolates, cafés, biscoitos e massas. Destacamos ainda a gama de Tisanas de Agricultura Biológica e os packs de aperitivos de Frutos Secos, como o de Amêndoa Caramelizada e Caju Frito. As combinações são vendidas numa única embalagem separável para que se possam consumir uma de cada vez ou desfrutar da mistura exótica entre o doce e o salgado.   www.boaboca-gourmet.com

herdade do esporão 07 texto: lourenço freitas

É um vinho vencedor que, em 2007, ganhou o 1º Prémio da Confraria dos Enófilos do Alentejo e do qual foram produzidas apenas 6000 garrafas. Torna-se assim um objecto de coleccionador, pela qualidade e raridade, mas também pela curiosidade de estar associado a Ana Jotta, uma das referências mais importantes da Arte Contemporânea portuguesa. A artista criou dois desenhos para o rótulo, optando por um registo humorístico em torno do vinho que tinha uma grande tradição entre os rótulos dos grandes vinhos franceses e que, infelizmente, está quase perdida.

beefeater 24 texto: lourenço freitas

Beefeater 24 é o novo gin para o segmento premium que traz a assinatura de Desmond Payne, o “Master Distiller” da Beefeater Gin Distillery, considerado um dos maiores experts na matéria. Foi recentemente laureado com o título de “Melhor Gin do Mundo” na International Wine & Spirits Competition (IWSC) 2009 adensando o mistério e a curiosidade relativo à sua composição. Segundo Payne, o segredo está na sua complexidade de sabores devidos ao processo de destilação de 24 horas onde os 12 ingredientes botânicos são macerados chegando a um equilíbrio de sabor desejado. Ou seja não há qualquer adição de sabores artificiais depois da destilação Tal como acontece com Beefeater London Dry Gin, toda a produção mantém ao nível artesanal, seguindo à justa a tradição e o expertise de gerações Na destilação do Beefeter 24 apenas é recolhido o coração da bebida, as primeiros e últimas porções são rejeitadas e o processo é interrompido muito mais cedo que o habitual para que possa manter as notas frescas de uva e dos chás. Fizemos a prova e concluímos que este gin é especialmente apaladado e que será provavelmente apreciado por aqueles que gostam de um final suave.   www.beefeatergin.com

arizona texto: lourenço freitas

À venda nas melhores garrafeiras a aproximadamente 39 euros.

Genericamente, a companhia americana Arizona propõe uma combinação de chá verde com sabor a fruta, sem qualquer adição de açúcar, sem corantes nem conservantes. Para além da qualidade, que permite a qualquer um usufruir das propriedades antioxidantes do chá verde, esta bebida, recentemente introduzida em Portugal, chama a atenção pelo seu aspecto visual inspirado numa estética japonesa para produtos alimentares. Contrariamente às tradicionais sodas, com grandes quantidades de açúcar, cafeína ou carbohidratos, este produto é muito mais natural e suave. Algumas das bebidas revelam um intenso sabor a Ginseng, mel, laranja ou mesmo romã.

www.esporao.com

www.drinkarizona.com

Este vinho é feito a partir de Syrah, Alicante Bouschet, Touriga Franca e Touriga Nacional e estagiou cerca de seis meses em barricas de carvalho americano novo. Tem uma cor densa e impenetrável, o nariz é surpreendentemente fresco, sugerindo bergamotas delicadamente envolvidas em especiarias e subtis tostados. A boca é robusta, mas o toque sedoso, mostrando interessantes notas de frutos vermelhos. O final é intenso e demorado.

111 – Parq Here | Gourmet


dam funk p. 46

the sound of arrows

alva p. 58

p. 52

Hailing from one of those Los Angeles suburbs with tidy, trimmed lawns, out of which tricycles and other children’s toys seem to be growing, Dam-Fink comes back from the future which was imagined two and a half decades ago.

Impossible to hear without grinning like a child who has tasted candy for the first time, The Sound of Arrows has transformed the iciness of Sweden into a magical world of unicorns and rainbows where all of us want to live.

Sasha Frere-Jones, ex-member of post-rockers Ui, is one of the most well-known documentor of the hip-hop scene over the last few years, according to the usually circumspect New Yorker. Recently, He highlighted the “ageing” of hip-hop in an article titled «Wrapping Up» (a quick google should bring this up), writing that it is no longer this genre which sustains the development of pop. There are many signs of this and for Frere-Jones, there is an increasing debt to European synth-pop and the substitution of the bounce of blues with a more metronomic sense, based on electronic typology. Maybe it is this which, beneath the surface, is opening the way for Dam-Funk – something noticeably different, leaning towards a different groove from another era, another dimension, somewhere between the past and the future.

If there were ever a remake of “Never Ending Story” mixed with scenes from the “Wizard of Oz”, the soundtrack would have to be by The Sound of Arrows They come from the small town of Gävle in Sweden, where Stefen Storm was a producer of house music, while Oskar Gullstrand played in an orchestra and worked as a graphic designer. It was only after an attempt at creating a Christmas song using samples of children’s choirs taken from YouTube that their project began to take shape, developing into songs which incorporated samples, harps and strings. The Christmas song never quite made it, apparently because of a lack of computers and recording knowledge, but The Sound of Arrows were launched. It was this bringing together of two completely different paths that make the band what they are; an unstoppable carousel rotating round the very best which pop has to offer; the mainstream exuberance of ABBA, the daring, colourful world of the Pet Shop Boys, with a touch of Saint Etienne dance rhythms.

Dam-Funk have just put the final touches to their impressive debut, «Toeachizown», divided into five parts - LAtrik, Fly, Life, Hood and Sky - available in a box-set with five vinyl LPs and a generous double CD, with extraordinary, organic music, despite the synthesisers and the vintage rhythm boxes from which Dam draws his groove. This is the key-word, “groove”, a word used and abused, not always in the correct sense of the word, but which has the implicit sense of something more human, hence with the possibility of error. It’s certainly safe to say that what is isn’t, is funky. Bootsy Collins’ long, straight hair is the first sign that here is someone who doesn’t follow the standard fashion values of coolness, the one true religion for those such as Kanye West or Jay-Z. In Dam-Funk’s world, there are palm trees, not sky-scrapers, green lawns instead of concrete, boom boxes instead of Blackberries and … er… a cat instead of a pitbull. Nothing quite guarantees that Dam-Funk produce their music at the end of the first decade of the XXIst Century. However, there is definitely a touch of the future in their sound. In «Toeachizown», there are baselines which can’t possibly have ever eaten a single lettuce leaf; they are so corpulent, analogical, acidic, flowing from the speakers, with vocoders which dislocate time and space as in, for example, the hit «Rockit. The beats are jerky, jumpy and these are perhaps the biggest clues reminding us that we are in the XXIst Century. The term “wonky” comes to mind, “assymetrical anti-rhythms, manually created” as Alex Williams (on his blog Splintering Bone Ashes) wrote, relating this sound to the art of Salvador Dali. In a word, psychedelic. Dam-Funk take the electro-funk from the beginning of the 1980s, without jumping on the revivalist bandwagon (in fact, dying on the beach) which this decade spawned. The hopes for the future are clear in the music of Dam-Funk and maybe because of this, the last return back to the future was understandably conceived. After hip-hop imposed itself on the 1990s, “realism” was the dominant theme and, as we know, what is real only exists in the here and now. However, contradicting what Sasha Frere-Jones wrote, Dam-Funk return to the point at which hip-hop created the mould for that vast arena of pop, reinventing the future with synthesised slashes and beats which disobey the rules for today’s Top Forty hits. For native Los Angeles musician Damon Riddick (his real name), music is the way into another dimension, where jamming lasts longer than the customary three and a half minutes of today’s normal chart hits. Keytar (a keyboard with shoulder-strap like a guitar) is where the dance floor and the cosmos unite, with different bpms, the lift-off pad from where we are transported to another planet; woozy, wonky, warbly. You choose the name, you’ll be the first to arrive anyway.

112 – Parq Here | English Version

Labrador Records, responsible for bands such as Acid House Kings, Club 8, The Mary Onettes or The Radio Dept, have high hopes for their new act while they themselves are already getting a name for themselves on blogs and with singles released on Myspace. In fact, since the beginning, the band has known how to use the internet for maximum attention, and to spread their work via the media. An example of this is the email interview which Stefan Storm gave to Parq magazine while travelling by train, in which he came across as accessible and passionate about his work. They are unashamed fans of Science Fiction and 1980s Fantasy. The music of The Sound of Arrows is a mixture of ethereal electro-pop, graphic, technicolor explosions, transporting the listener to timeless, magical, futuristic worlds inhabited by unicorns and rainbows. This childlike imagery, with intergalactic heroes and kingdoms, is explored in videos such as Into the Clouds or M.A.G.I.C, both produced by the duo themselves. Is there anything to dislike in all this imagery? Actually, the formula is already a success for the band, whose only project to date was two or three tracks, but subsequently their track Narrow Escape was such a hit that they decided to record the EP Danger!, with nine tracks all recorded in an abandoned nightclub in Gӓvle. Between Danger! and the current single Into The Clouds, their sound has undergone a huge transformation, creating a new style, paving the way for the album currently in production, with the release date set for the beginning of next year. The Sound of Arrows is clearly a band to keep an eye on. They have all the ingredients for success; a wonderful aesthetic, a cosmic touch which thrills the senses and infectious melodies capable of transporting us to the heavens. With the promise to visit Portugal next year, all that is left is for us to wait – patiently or impatiently – for that day to come.

Alva is a small, interdisciplinary studio, one and a half years old, which has attracted the attention of the public by dint of winning eight prizes in 2008 and entering the Club dos Criativos contest in Portugal. The winning of these graphic design Oscars is due to the work of Diogo Potes and Ricardo Matos, founders of Alva, who have opened up their space to a third member, Valdemar Lamego. They have known each other for years, followed a similar trajectory and are now more friends than colleagues. They turn down lots of work and devote themselves entirely to the minutae of typography, each specific project worked out thoroughly and carefully. We’re not sure whether the expression “graphic boutique” already exists, but if not, it certainly sounds as if it should. Their list of clients include Lux, Bica do Sapato, Gulbenkian, Berardo Museum, Lx Factory, Red Bull, and of course Parq magazine. During the last edition of Festival Offf, a film of yours circulated the net in which basically, the client was shown as being of herd mentality and who it was necessary to lead onto the straight and narrow. Is working with clients really such hard work? Diogo Potes: It is never easy working with clients, but the work usually ends up fine. The video you are referring to was created in a very particular context as we already knew Offf and knew we would have to pass the test. Either we had the gift of the gab, and fantastic English to keep an audience entertained for 30 minutes, or it would be better for us to do something we were good at. And something we know how to do well is be silly. It comes quite naturally. We got together with some other people with ideas as silly as ours and the result was that video. We thought it would be amusing to speak of Alva in relation to its source and that is why we journeyed up the River Alva to its source. Ricardo Matos: A lot of scenes were planned but others simply happened. The aim was not to show the client up as being of herd mentality, but to take the piss out of ourselves. It seems to me that the humour, with a touch of nonsense, is a little like Gatos Fedorentos. Are they a point of reference for you? RM: He’s a lookalike of that tall thin guy and then there are two short, fat ones who look like the others. DP: This similarity is not something we ever intended. Obviously we have watched it and identified with it up to a point, so there might be influences, but I don’t personally see any connection. In fact, a lot has been said about the video but you’re the first person to make that comparison. Is it a film which you show your clients when you want to present your work? DP: (laughs) The film was created for Offf, it was on the net for a week and was seen quite a lot. We took it off because we felt it was showing us as rather clownish and that was not what we wanted. It was more to draw attention to our studio, we wanted people to go to our site and become aware of the work we do. How important is humour for you in the creative process? DP: It is important because it is a part of who we are, but it isn’t an instrument. We try to be upbeat by nature. This is a small studio with no big intermediaries and because of this, our relationship with our clients is closer, more informal and as a result, you get humour. When I broached the subject, I thought you would relate humour to irreverence. Is your work irreverent? DP: No way! We do the work which we believe in. There are thousands of studios all over the world and you just need to surf the net and you’ll find somebody who does work not that dissimilar to ours. A small studio like ours has to remove itself slightly, and that’s it. We don’t have this idea that somehow we are particularly good or different. I think we have a good knowledge of what is being done and we use this knowledge to try and do something a little different. Obviously, we’re not reinventing the Wheel; we are constantly trying. Sometimes we succeed, other times we don’t.


In this sense, where do you currently have your sights set? RM: There are some particular studios and designers but the way things are nowadays, the way things reach us, via sites and blogs, labels and references are easily lost. Much of this information is not indexed, so you never really know if it is this or that designer. DP: It gets to a point where we don’t have to define our influences anymore. In our free time obviously we spend a lot of time on the net, and sometimes unexpectedly come up against the work of someone who may in fact be quite well-known, but other times it’s someone who we have never heard of. Valdemar Lamego: We don’t only get inspiration from other designers. I would say that a large part of our influences come from art, cinema and music. For example, today I saw the work of an Australian artist Sam Jinks (www.samjinks.com) who works with silicone which I thought was amazing and which gave me some ideas I feel I could develop further. How do you organise yourselves on a day to day basis? How do you divide up the work? DP: We are still at the embryonic stage, seeing how things develop. When I was with Matos, a lot of the time we didn’t even talk about distribution of the workload because naturally each person has their own skills and interests which compliment those of the others. There is some work which is more suited to one than another. It also depends on who is more available and able to help. RM: Deep down, we know each other well. Although Valdemar is around less, we have already had the opportunity to work with another studio. This allows us to be honest with one other and express our opinions candidly. VL: It is actually quite difficult to say exactly who did such-andsuch a project from Alva. One of us might have spent more time in front of the computer, but the input from the others might be equally valid because the projects don’t go anywhere without the exchange of opinions and general consensus. RM: Absolutely, because to get to that point which we spoke of just now, it has to start from within, and this is the mixture which makes up Alva. What is your relationship outside of work? DP: We are arch-enemies (laughs). I’ve worked with Matos for years, we met at RMAC. Even then we used to talk of working together because of the friendship and affinities which there were between us. We feel as if we spend more time together than we do with our families. They are friends and confidents, not really colleagues. RM: The relationship outside the studio is the same as the relationship within. Quite often, we meet up to talk about things connected to the studio, and other times things which have nothing whatsoever to do with work. DP: We often talk about senseless things, stupid things. Obviously, three men together, we also talk about women, about everything. Can you talk a little about the work of other studios? DP: It’s a bit of a waste of time because we are all different. I don’t say this because I think we’re somehow better, but because, as you know, most well-known studios are huge, so there can’t be much comparison. Are you more “Design Boutique”? Yes. Everything we do we create specifically for a particular client, made to measure. What do you think of the Nick Knight campaign for Portugal which was so controversial? DP: It is obviously well done, I’m not sure we would have done it differently since we don’t really know under what conditions it was made. Sometimes the result of these things is the consequence of a briefing. If you had to communicate an image of Portugal, what would you do? RM: The first thing I would do would be to find a way to show the Portuguese what we have and what we do here, that which is really good, in order to increase self-esteem. When we read about certain advances in technology, often we discover that a Portuguese person is involved and we reach the conclusion that we’re actually quite good! But who knows this? Nobody. The most we seem to know is that we’re just stuck here in the corner of Europe. DP: When we made the trip to the River Alva, we went crazy when we saw the country that we’ve got. We already knew that Portugal is beautiful, but we didn’t think we’d be so amazed by what we saw only one hour from Lisbon. When we think of holidays, so often we immediately think of going abroad and never spending it here when this country has so much to offer. We still have a lot to do in this respect. There are foreigners who know Portugal better, who appreciate Portugal better, than many people who are actually from here.

113 – Parq Here | English Version

She remembers the free, multicultural and diverse spirit of the East End editions (with Twofold and Octa Push); “it’s a fantastic mix of people, all nationalities, the Portuguese community, artist, musicians, alongside people who work in banks and on the stock exchange, people who might not normally go to that cool part of London, because they usually stay in the West end in the posher clubs.”

lady of the night mariana duarte silva p. 66

From London with Love. The picture postcard from a Lisboeta returning from the cosmopolitan capital bears a Louis Vuitton stamp. Back from London, she fills her empty mornings with the search for tiny treasures, from the flea market, the nostalgia shop Vida Portuguesa, Casa Pereira and Ulisses, the famous glove shop. Yet it is after dark, when the sun sets behind the famous Lisbon hills, that her favourite places really begin to shine, and she heads for the Pavilhão Chinês and the dance floor at Lux. Love is an odd place. Mariana Duarte Silva, 30 years old, musical promoter and agent for Portuguese talent in London, finds it somewhere between the light of Lisbon and the cultural underground of London’s Shoreditch district. Constantly on the lookout, wanting more and better than her project sonic brand in Portugal could offer, she filled her CV with marketing and communication work and set off for London to grab opportunities there, as only those who are driven by passion can. The project took off. She styled herself Madame, the day she heard Rosa Passos singing «Pra quê discutir com Madame», (“Why argue with Madame”) a samba by Haroldo Barbosa and Janet de Almeida. This became the fairy godmother’s calling card for a new generation of Portuguese artists. She wallows in the beats of trendy London warehouses. Rui da Silva, Stereo Addiction or the female DJ duo Heartbreakerz show that it’s possible. Tireless in her support when she believes in someone’s good vibe, she bends over backwards to make contacts, set up meetings, gets a metre and half of attention on the best stages of the London night. She’s an insider in this world, knows she won’t disappoint. She’s a real Lady when promoting her artists who are avid for more visibility beneath the psychedelic lights of London clubland. She’s never happy unless she’s investing time in those she believes in. She knows very well that if a song is heard once by the right ears, whether in London or Lisbon, it’s going to make a difference She speaks about all the ideas which she has in her heart and soul. She does this between Lisbon and London, dividing her time between a place which she feels enormous emotional attachment to and the passion she feels for her urban arts centre office in the Village Underground, an old underground carriage on top of a building, where she works. Between going to Lux when in Lisbon, the place which she believes promotes the best DJs, and her meetings with Portuguese friends when in London, she set up the “Baile” talent show, a regular night which is coming to The Loft in Lisbon on November 21st.

Mariana enjoys, more and more, the parks, markets, flea market, the distorted sound of old LPs on the turntables, Principe Real in the shadow of the Pavilhão Chinês, where she often feels like losing herself. With a Louis Vuitton city guide, which unveils the best-kept secrets of the city, she comes across the shop Vida Portuguesa and rediscovers the pleasure of the perfect gift; “the attention paid to the packaging, the smell, the feel, it’s all so different. The creation of this shop was inspired” she says when she finds it among other, more familiar, smart places. She feels at home in these trendy spaces of the capital which she returns to, “officially” to get married, transforming cold, expensive London into a place she misses deeply; “where every day is different. I miss the unexpected shows, spontaneous parties in basements, warehouses, car parks, the people on the street in Shoreditch, the street art, the buses, walking on the street with headphones, of wanting to hear an artist play live and - on the same day – being able to do so, and the musical talent which seems to fall out of trees, every day.” She dreams of the future; “in 2010 I want the Baile to reaffirm its position as the best showcase for new talent, simultaneously in London and Lisbon, to develop Portuguese brands with Citizenbrand (the agency where she works) and find the ideal space to install Village Underground in Portugal. She is a more mature, less mad [as in hyperactive and frantic] Madame, more “ame”*, with the love she has for her sonic branding.

* “ame” means love in Portuguese. So there is a play on words with “mad” and “love”

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diapositivo What’s love got to do with with? Crónica de Claúdia Matos Silva ilustração de vanessa teodoro [www.thesupervan.com]

Há 33 anos, vestida de noiva, uma mulher irrompia pela serra beirã da Formiga, em direcção à Igreja da Candosa. Talvez a primeira mulher da história, desde que o mundo é mundo, a quebrar a tradição chegando ao altar antes do noivo, que por sinal esteve a uma unha negra de a deixar abandonada ao sermão de um padre com problemas de dislexia. A semana passada, algures nos subúrbios, uma limusina espanta a vizinhança quando estaciona mesmo no centro do burgo. Tal como há 33 anos, também esta noiva saiu de casa com o passo apressado em direcção à Igreja, dando ordem ao motorista que carregasse a fundo no acelerador, pois o ainda namorado não gostava de esperar e não fosse ele arrepender-se ao último minuto! A esperança desta noiva desesperada é a de que, entre um copo e outro, com os amigalhaços do costume, "o seu homem" não chegasse ao cerne da questão: que “até que a morte nos separe” é muito tempo!

Mas afinal, o que é que o amor tem a ver com isto? Se pensam que Shakespeare é o que nos resta para sonhar com um príncipe encantado, desenganem-se. A ter em conta as opções sexuais do autor, de certeza que criou um Romeu a pensar nos seus próprios arquétipos de beleza e de masculinidade. Por isso, esperar por um príncipe encantado, montado num cavalo branco,

114 – Parq Here

está fora de questão e o mais provável é que o candidato faça alguma piada de mau gosto, a propósito da palavra “montar”! Já não nos podemos queixar da sorte se chegar ao bairro num desportivo que ronca como mil diabos, munido de um GPS que usa, não porque como dizem os poetas "o corpo da mulher é como um mapa", mas porque é tão preguiçoso que já nem consegue "lá" chegar sozinho! E porque este artigo carece realmente de um "Happy End" – e como para nos desgraçar já basta a Gripe A, os senhores da EMEL e o tele-marketing - sim, fiz uma vistaça ao chegar à Igreja na limusina cujo aluguer andarei uma vida a pagar. O noivo, embora não seja o príncipe encantado – ainda para mais com um penteado que mais parecia lambido por uma vaca - lá fez o favor de não dar de frosques no momento do sim. A anilha, essa já a tenho no dedo.

Mas afinal, o que é que o amor tem a ver com isto?


'FOX Scary Halloween' Instituto do Jardim Botânico do Porto 31 de outubro 115 – Parq Here | Party



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