Director
Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com
Direcção de Arte
Alva
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Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com
Cláudia Santos
claudia@parqmag.com
PARQ Número 20 maio. 2010
periocidade Mensal Depósito legal 272758/08 Registo ERC 125392 Edição Conforto Moderno Uni, Lda. número de contribuinte: 508 399 289 PARQ Rua Quirino da Fonseca, 25 – 2ºesq. 1000-251 Lisboa 00351.218 473 379 Impressão BeProfit / SOGAPAL Rua Mário Castelhano · Queluz de Baixo 2730-120 Barcarena 20.000 exemplares
TEXTOS
Ana Rita Sevilha Carla Carbone Cláudia Gavinho Claúdia Matos Silva Davide Pinheiro Diana de Nobrega Francisco Vaz Fernandes Júlio Costa Júlio Dolbeth Nuno Adragna Margarida Brito Paes Maria João Teixeira Maria São Miguel Miguel Carvalho Miss Jones Pedro Lima Pedro Mota Ray Monde Roger Winstanley Rui Catalão Rui Miguel Abreu
distribuição Conforto Moderno Uni, Lda. FOTOS
A reprodução de todo o material é expressamente proibida sem a permissão da Parq.Todos os direitos reservados. Copyright © 2008 Parq.
Javier Gisbert Dolmeneq Luís de Barros Pedro Janeiro Pedro Pacheco Papilon
Assinatura anual 15€. www.parqmag.com capa diogo dória fotografado por Pedro pacheco. Make-up artist joão pombeiro produção conforto moderno
STYLING
Bárbara do O Conforto Moderno Margarida Brito Pães Mónica Lafayette
06 nike sportswear people
monica lafayette
por Francisco Vaz Fernandes
Portas do sol
07 nike sportswear people
76 Parq Here places
jéssica augusto
por Francisco Vaz Fernandes
candelabro + akira
08 nike sportswear people
78 Parq Here gourmet
vasco uva
por Francisco Vaz Fernandes
cocktails com gin
09 nike sportswear people
diana gomes
80 Parq Here were where you?
por Francisco Vaz Fernandes
converse
12 You Must
82 Dia Positivo
30 Shopping
por Cláudia Matos Silva
32 Soundstation
mind da gap
por Rui Miguel Abreu 34 Soundstation
glo-fi
por Pedro Lima 36 Soundstation
major lazer
por Davide Pinheiro 38 Viewpoint
compal light city
por Pedro Janeiro
42 Central Parq Grande Entrevista
thomas walgrave
por Francisco Vaz Fernandes 46 Central Parq moda editorial: francisco Vaz Fernandes
manobras de maio Em plena incerteza sobre os nossos destinos individuais e os da nação, nunca me soube tão bem olhar para trás, para a nossa memória colectiva que, em Portugal, curiosamente não tem qualquer expressão. Não é preciso recorrer a grandes pensadores para perceber que um povo sem história é também um povo incapaz de consolidar a sua identidade. Nunca como hoje me pareceu tão fundamental cultivar a nossa identidade como ponto de partida. Importa saber quem somos e para onde vamos. Dentro deste contexto, lembramo‑nos das Manobras de Maio, um projecto de moda de rua que está na génese das actividades de muitos profissionais da moda. No nosso pequeno processo de pesquisa percebemos que realmente ninguém até hoje esteve preocupado em fazer um levantamento documental e um balanço da importância, ou não, desse evento. Obviamente, não dispomos dos meios para fazê-lo e o artigo que aqui publicamos é apenas um pequeno contributo para não deixar cair no esquecimento um pouco da energia que, nos anos 80, existia em Portugal. E em tempos de mudança, damos ainda conta de algumas transformações em Berlim, ao nível do trabalho, assim como das novas perspectivas que o Pictoplasma trouxe nesta edição. Por fim, dedicamos a nossa atenção a uma longa conversa com Thomas Walgrave, o novo director e programador do Festival Alkantara.
74 Parq Here places
manobras de maio
por Cláudia Gavinho 50 Central Parq ilustração
do it yourself —pictoplasma
por Júlio Dolbeth
52 Central Parq trabalho
extraordinary things can be made
por Diana de Nobrega 54 Central Parq arquitectura
sanaa
por Ana Rita Sevilha 58 Moda
welcome to madeness
por Pedro Pacheco 66 Moda
How far to paradise
por Luís de Barros
kindle surpresa
Stylist e trendsetter Mónica Lafayette, uma figura controversa no panorama da moda nacional, foi convidada pela Nike Sportswear para estar ao lado de Cristiano Ronaldo na campanha “Defende as tuas Cores”. A Parq convidou-a para “tribalizar” outros jovens talentos na área do desporto.
Figuras ao lado do Cristiano Ronaldo na campanha que a Nike Sportswear criou a propósito do Mundial de Futebol e do Grand Slam Pólo, com o tema Defende as tuas cores. Como correu esta experiência fotográfica frente a uma câmara, uma vez que profissionalmente estás em geral atrás a coordenar? Senti-me especial pelo facto de ser escolhida para a campanha. Não tenho propriamente as medidas de uma modelo e por isso tenho que ter algo único para ter sido escolhida. O facto de estar há muito tempo ligada produção de imagens, de moda e publicitárias também me ajudou a enfrentar a câmara com maior naturalidade.
O que representou para ti o facto de estares numa imagem ao lado Cristiano Ronaldo? Senti que ao lado dele estava igualmente no topo. Senti que a Nike reconheceu o meu trabalho com trendsetter, o que foi sem dúvida muito gratificante.
Moda e futebol combinam? Combinam! A moda está em todo lado, e geralmente os jogadores de futebol preocupa-se bastante com imagem e naturalmente com moda. Hoje em dia para qualquer jovem, os jogadores, são referências de estilo.
Sei que adoras futebol. Que preparativos estás a fazer para assistir os jogos do Mundial de Africa do Sul? Uma mala com roupa gira e um bilhete de avião para assistir aos jogos na Africa do Sul. Vou cobrir o campeonato do ponto de vista das tendências. Deve ser muito interessante e aliciante os vários povos, e os vários países com as suas tradições e culturas, todos juntos e a relacionarem-se entre si durante o campeonato. Acho mesmo que vai ser uma experiência rica e super aliciante em termos de informações e cultura, o que certamente me poderá influenciar a nível de styling.
mónica lafayette texto francisco vaz fernandes foto papilon styling mónica lafayette ass. foto sandro arcanjo & mariana marques infinity studio make-up colombina diego ass. styling claúdia rodrigues
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No dia-a-dia, Mónica Lafayette veste o Nike Sportswear Grand Slam Polo. Polos Nike Sportswear Grand Slam Polo, calções pulseiras e ombreiras Dino Alves, anel Mango, turbante da Produção.
Qual a teu palpite sobre a prestação da Selecção Nacional, depois daquele apuramento conturbado? Em 2004 estava convicta que Portugal ia ganhar. Lembro-me que vivi intensamente os jogos, e em especial os do nosso país. Actualmente, penso que a equipa tem mais capacidades e espero que cheguem à final, e vençam! Quero mesmo estar lá para apoiar.
Vais torcer por Portugal como é óbvio, para ti o que representa defender as tuas cores? Gritar golo bem alto. Mas isso em tudo na minha vida. É defender a minha visão, os meus ideais, a minha cultura, a minha personalidade e a minha vida.
006 – Nike Sportswear People
jéssica augusto texto francisco vaz fernandes foto papilon styling mónica lafayette ass. foto sandro arcanjo & mariana marques infinity studio make-up colombina diego ass. styling claúdia rodrigues
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Especializada em provas de meio-fundo, longo e corta-mato, Jéssica Augusto é a nossa campeã nacional de corta-mato, 5.000, 3.000, 1.500 metros e estrada. Depois da recente vitória e recorde pessoal nos 10 mil metros, em Barcelona, o sonho de uma medalha de ouro nesta distância no Europeu de Junho tornou-se uma realidade próxima.
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Quantas horas treinas diariamente para te preparares para uma prova e que outras exigências são necessárias? Depende da prova. Mas, em geral, tenho quatro horas de treino. Duas horas de manhã e duas de tarde. Há sempre provas a preparar, daí que essa exigência seja diária. Para uma prova muito importante intensifico naturalmente o treino e uma semana antes reduzo a actividade. Se for pista, treino mais a qualidade, com treinos mais curtos mas mais rápidos. Se for corta-mato, interessa-me fazer quilómetros e quilómetros. Em termos de alimentação, não faço nenhuma dieta especial porque não preciso.
Para ti, o que significa defender as tuas cores? Para mim é um grande orgulho e um sentido de responsabilidade enorme porque estamos a correr e, ao mesmo tempo, a defender uma nação. Com o Mundial de Africa do Sul, a nossa Selecção Nacional e os jogos vão ser temas predominantes. Vibras com o futebol? Como celebras o espírito do desporto-rei? Vibro com todos os desportos que representem Portugal. O mais importante é dar o nosso melhor e mostrar a qualidade dos atletas nacionais. O futebol é o desporto que mais impacto tem na divulgação do nosso país ao nível mundial, por isso, vou acompanhar todos os jogos da Selecção Nacional com amigos e família. Juntos, vamos torcer para que o Mundial seja nosso
Ainda és estudante universitária. Como concilias os estudos com as exigências da alta competição? Comecei a estudar Enfermagem, mas tenho a matrícula congelada. Foi uma opção que tive que tomar para competir ao mais alto nível porque o grau exigência tornouse mais elevado e as saídas internacionais aumentaram. Uma carreira no atletismo é sempre curta, o que ainda me dá tempo para retomar os estudos. Os atletas de alta competição têm consciência dessa brevidade e, por isso, é necessário aproveitar enquanto dura.
Fora da pista, Jéssica Augusto veste o Nike Sportswear Grand Slam Polo. Polo Nike Sportswear Grand Slam Polo, hot pants, cinto e colar Dino Alves, meias Calzedonia, Duffel Bag Nike Sportswear by Kronk, turbante e pulseiras da produção.
Estiveste recentemente no Mundial de atletismo no Qatar, como foi a experiência? A nível profissional, voltei a ficar apurada para uma grande prova mundial, ficando num honroso oitavo lugar nos 3000 metros de pista coberta, o que é muito bom. Nunca tinha estado no Qatar e nos seis dias em que lá estive não deixei de admirar as excelentes infra-estruturas, assim como a organização de todo o Mundial. O Qatar é um país em grande desenvolvimento e, ao contrário do que eu esperava numa cultura islâmica, muitas mulheres deixaram de se cobrir com os lenços optando por roupas ocidentais. Muitas têm emprego e conduzem carros e pareceram-me bastante independentes. Contudo, é um país com grandes diferenças sociais.
Capitão da selecção portuguesa de Râguebi, Vasco Uva conduziu uma equipa amadora à fase final de um Campeonato do Mundo, dado o espírito de grupo e a vontade que tinham de fazer história. Graças ao feito, o Râguebi tornou-se uma modalidade mais popular entre os portugueses.
Sei que trabalhas num escritório de advocacia. Como te resta tempo para treinar? Hoje em dia, já não trabalho num escritório de advogados. Depois do ano em que estive a jogar em França, como profissional, voltei para Portugal e fiz um Mestrado em Direito e Gestão. Quando terminei e por ser difícil conciliar tudo –trabalho, aulas da Ordem dos Advogados, treinos e tese de Mestrado– decidi mudar e estou, neste momento, a trabalhar num Fundo de Capital de Risco (Orey Capital Partners) como analista financeiro. Continua a não ser muito fácil de conciliar com os treinos, mas com vontade e com o apoio de todos os que estão à minha volta (família, amigos e colegas de trabalho) tudo se torna mais fácil. Normalmente, treino de manhã, às 7h00, antes de entrar no escritório e depois de sair, às 20h00.É difícil, mas compensa.
Este ano, apesar da vossa excelente prestação, “Os Lobos” não vão ao Mundial de 2011. Qual o ânimo geral da equipa em relação a isso? A semana seguinte ao jogo da Roménia foi complicada. A desilusão foi muito grande porque trabalhámos muito e durante muito tempo. Contudo, percebemos que a culpa foi inteiramente nossa e que temos de melhorar para chegar ao Mundial de 2015. Esse é o próximo grande objectivo e foi nele que começámos a pensar assim que a desilusão desapareceu.
No relvado de Saint-Etienne, enquanto tocava o Hino Nacional, a tua mão direita nunca largou o símbolo de Portugal. O que representa para ti a defesa das tuas cores? Para mim, jogar pela Selecção Nacional significa representar Portugal. E quando representamos Portugal, não nos podemos esquecer que representamos todo um país. A história, a imagem, as pessoas, etc. No Mundial, além disto, sentimos pela primeira vez que Portugal estava a apoiarnos, percebemos que o país que representávamos estava a lutar ao nosso lado.
A partir da presença de Portugal no Mundial de 2007, o Râguebi ficou definitivamente mais popular. Sentes que existe uma maior adesão dos jovens a esse desporto? Depois do Mundial, a grande maioria dos clubes nacionais teve um aumento de 30 a 40 % de jovens inscritos. Além disso, hoje em dia já é possível ver um pouco por todo o lado jovens com bolas de rugby na mão e a quererem começar a jogar. Esta maior adesão é muito boa não só para o rugby nacional, mas também para nós, jogadores, que começamos a sentir que o nosso trabalho deu frutos.
vasco uva texto francisco vaz fernandes foto papilon styling mónica lafayette ass. foto sandro arcanjo & mariana marques infinity studio make-up colombina diego ass. styling claúdia rodrigues
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Depois do vosso feito histórico, achas que há condições para que o Râguebi se torne uma modalidade profissional em Portugal? Acho que em Portugal o profissionalismo é muito difícil. O número de jogadores é reduzido, não existem infraestruturas suficientes e, por estranho que pareça, os apoios também tardam em aparecer. No entanto, sou da opinião que a semi‑profissionalização, criada pela anterior direcção da Federação Portuguesa de Râguebi, foi um passo muito importante para o desenvolvimento da modalidade em Portugal. O Centro Nacional de Treino prevê que os jogadores celebrem um contrato com a FPR que os obriga a treinar regularmente ao serviço da selecção.
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Fora do campo, Vasco Uva veste o Nike Sportswear Grand Slam Polo. Polo Nike Sportswear Grand Slam Polo, blazer Andy Warhol by Pepe Jeans, calças Pepe Jeans, mochila Louis Vuitton, mangas Lafaaza, colar da produção.
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No dia em que a jovem Diana Gomes apareceu nas grandes competições, o nosso interesse pela natação mudou. Esta estudante de Arquitectura é detentora de praticamente todos os recordes nacionais absolutos do estilo de bruços. E tornou‑se já a grande esperança de Portugal atingir um dia boas marcas internacionais.
Ser uma esperança é ter alguém que acredita em mim tanto como eu. É uma grande pressão sentir os olhos de tanta gente em cima de mim e nos meus resultados, mas no final sei que é pelo puro prazer de nadar que o faço e é nisso que ponho os meus olhos.
Teres-te qualificado para os Jogos Olímpicos de Pequim já foi um grande feito. Que outras metas estão agora na tua mente? Foi de facto uma aventura. Os tempos mínimos teimavam em não sair nas provas em que tinha que os conseguir. Já os tinha feito uma, duas, três vezes durante a época e, no momento exacto, não estava a acontecer! Parecia quase um sonho em que eu andava muito perdida e não conseguia entender o que se estava a passar. Na última oportunidade que tive nessa época, deixei na água tudo o que tinha, pensei em mil coisas ao mesmo tempo, mil coisas positivas e o tempo saiu. Tenho à minha frente várias metas, sendo a maior os Jogos Olímpicos. Até lá, há vários Campeonatos da Europa e do Mundo. Há vários tempos para atingir e recordes para superar.
Já foste várias vezes chamada a defender as tuas cores. O que é que isso representa para ti e qual a emoção que vives nesses momentos? É sempre uma sensação de responsabilidade. Somos nós que estamos ali a nadar, que temos os nossos objectivos pessoais e os nossos sonhos como pessoas. No entanto, o resultado final é visto como um todo, como um país. É um prazer fazer parte de uma representação que continua a nossa história.
diana gomes texto francisco vaz fernandes foto papilon styling mónica lafayette ass. foto sandro arcanjo & mariana marques infinity studio make-up colombina diego ass. styling claúdia rodrigues
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Fora de água, Diana Gomes veste o Nike Sportswear Grand Slam Polo. Polo Nike Sportswear Grand Slam Polo, colar Dino Alves, saia, pulseiras e turbante da produção.
O que representa para ti o facto de seres uma grande esperança na natação nacional e o facto de teres tanta gente com olhos postos em ti? É nestes momentos que sinto o que a natação é para mim. Sinto que cresci com este desporto. Acabei por ser educada pela garra e determinação que é preciso ter para todos os dias chegar um pouco mais longe.
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Quem são os teus ídolos do momento? Como não podia deixar de ser: Michael Phelps. O que conseguiu para a natação merece toda a admiração e respeito. Dentro da disciplina de bruços, Leisel Jones. Fascina-me a facilidade com que nada. Gostava de nadar como ela e de sentir a água como ela. Na Arquitectura, Frank Gehry. A loucura dos seus edifícios, as “ondas” que consegue dar às suas obras levam-me de volta à água.
No Mundial, como é óbvio, vais torcer por Portugal. Como vives e celebras nessas alturas? Tem calhado sempre estar em estágios ou provas de selecção quando o Mundial de Futebol acontece. Como todos os portugueses, espero o melhor da nossa equipa. Quanto a celebrar, acabamos por celebrar entre nós, selecção de natação.
this is my condition A Galeria Filomena traz, de uma selecção de Alexandre Melo, um conjunto de artistas que, não sendo da mesma geração, trabalham em universos semelhantes, procurando estudar a condição humana, na sua ânsia de estrelato, nos seus sucessos e fracassos. Todos os artistas partilham um trabalho da imagem, usando o meio vídeo ou fotográfico como principal registo. São, no essencial, indivíduos como nós que foram educados pelo poder das imagens e das mensagens subliminares que, em geral, todos sabemos descodificar rapidamente, já sem a ingenuidade das gerações anteriores. Estes trabalhos devolvem-nos, por isso, uma ideia de eldorado, de forma cínica burlesca, numa teatralização das nossas mais vulgares ânsias. Incorporam essencialmente essas tensões em corpos jovens onde as promessas e as frustrações ganham uma maior ressonância. Jack Pierson será provavelmente o artista mais conhecido do grupo, desenvolveu um trabalho liberto de muitos dos clichés fotografia de Arte. As suas fotografias são uma compulsão de instantâneos que transitam entre a banalidade da imagem e formas estereotipadas da Moda, inicialmente impressas em papéis baratos a jacto de tinta. Esse lado imediato da imagem acompanhava bem o lado sobreposto e um certo retrato de viagem extraído de um quotidiano luminoso de L.A., reconstruindo uma imagem idílica e frágil de um paraíso prestes a acontecer. Em This is my Condition , porque estes trabalhos iniciais foram entretanto abandonados, o artista americano expõe uma série de esculturas construídas a partir de antigas estruturas de painéis publicitários com néon. Fazem parte de uma arqueologia do sonho americano, agora abandonado e obsoleto, que o artista reconstrói a partir de fragmentos, em forma de “cadáver esquisito”. 012 – You Must
1 jack pierson, absctract 2 ryan mcnamara, I thought it was you v
De entre os artistas presentes, Ryan McGinley, que recentemente apareceu na cena inglesa será o que melhor se relaciona com os primeiros trabalhos de Pierson. Também as suas imagens, num estilo snapshot casual, exploram o lado hedonista da vida. O seu conceito assenta na forma como nos podemos despir literalmente de todas as nossas convenções e chegarmos a um estado primordial. O seu recente projecto: I Know Where the Summer Goes, de onde saem as três imagens que figuram nesta exposição, foi realizado durante uma viagem que realizou aos EUA, durante um mês, acompanhado de dezasseis modelos. Inspirado em revistas de nudistas dos anos 60 e 70, produziu imagens de homens e mulheres nus, vivendo entre eles a experiência da inocência e do erotismo. Relativamente a Slater Bradley, outro dos artistas expostos, também as suas fotografias e vídeos retratam a nossa obsessão pela juventude, fama e sucesso. Um trabalho que o tem levado a desenvolver colaborações com artistas que personificam verdadeiros ícones actuais da nossa sociedade, mas também trabalhos que recriam figuras como Kurt Kubain e
Joy Division. Os dois restantes artistas, Ryan McNamara e Ryan Trecartin, apresentam vários vídeos onde a ideia de show está presente. Em McNamara, o palco aparece como espaço de performance em que o artista explora a sua própria imagem para construir uma performance. Já Ryan Trecartin, o mais divertido de todos, reconstrói num travestismo histérico de estereótipos de episódios de séries de televisão cheios de dramas e enredos burlescos. Num estilo “home made”, encenado pelo artista e os amigos, aborda de forma caricata muitos dos temas quentes que entram, timidamente, no quotidiano dos espectadores. No seu conjunto, a exposição parece um pouco desconexa, sem uma atmosfera densa que estes trabalhos mereceriam. Vale, no essencial, pelos nomes que traz e por alguns dos trabalhos representados, como é o caso das esculturas de Jack Pierson. —> texto Francisco vaz fernandes
Galeria filomena soares R. da manutenção,80-lisboa wwww.gfilomenasoares.com
1 bs revelação 2008, ana braga 2 catarina dias
BEs revelação 2008 Ana Braga, Inês Moura e Susana Pedrosa, vencedoras da 5ª edição do BES Revelação, expõem no espaço BES Arte&Finança em Lisboa. Esta é a primeira vez que uma exposição desenhada para o Museu de Serralves, onde esteve exposta até Março, transita para o espaço do BES, destinado essencialmente a exposições referentes à sua colecção de Fotografia. As três artistas, premiadas neste concurso para jovens até aos 30 anos, têm em comum a utilização do diapositivo. Susana Pedrosa serve-se do diapositivo num sentido documental, de carácter serial, que marca o tempo físico que medeia o momento em que soube da atribuição do prémio e o tempo em que expôs em Serralves. Para isso, fotografou sistematicamente várias agendas de pessoas do seu contexto cultural e social. Na sala, a partir de vários projectores alinhados, vão passando, por ordem cronológica, as imagens das páginas dessas agendas, ficando para o espectador a expectativa 014 – You Must
de acontecimentos e indivíduos. Já Ana Braga procura desenvolver uma poética em torno do quotidiano que a cerca. Numa das abordagens, apresenta séries de trabalhos focados em fragmentos retirados fotografias de um álbum familiar. Interessam-lhe os pequenos detalhes, que não estão no centro do interesse fotográfico da família, detalhes laterais obscurecidos na narrativa familiar. Expostos em pequeno formato, numa mesa e numa parede, são ainda projectados em diapositivo rente ao chão. Numa segunda sala, apresenta uma obra com imagens em detalhes de três estufas. É um trabalho minucioso que implica uma vivência no espaço para que este também se revele. Por fim, Inês Moura usa no essencial o dispositivo do diapositivo como foco de luz sobre uma imagem fotográfica banal fixa na parede. Essa tentativa de fixar as imagens, de procurar dar-lhes um sentido num mundo essencialmente marcado pela fluidez, é evidente no arquivo de desenhos que ganha aqui uma dimensão escultural. —> texto Francisco vaz fernandes
BES Arte&Finanças Praça Marquês de Pombal, 3B, Lisboa Até 16 de Junho
catarina dias Catarina Dias (n. 1979, Londres) apresenta Mystic Diver, no Pavilhão Preto do Museu da Cidade. Nesta sua terceira exposição individual, faz-nos descobrir os seus últimos desenhos, marcados por um traço negro que explora a ideia de explosão e de fragmento narrativo e cénico. Este universo é explorado tanto no interior dos desenhos de grandes dimensões, compostos por vários papéis, como nos desenhos pequenos, instalados de forma irregular numa das paredes. A iconografia recorrente é marcada por um imaginário apocalíptico e há uma tendência para o espectador se embrenhar numa tentativa inglória de decifrar qualquer código de conhecimento exotérico não evidente. Catarina Dias faz-nos pensar num mundo paralelo, por esclarecer, questionando a nossa realidade mais imediata. No conjunto, percebe-se a intenção de não ser uma obra fechada nem no tempo nem no espaço e que convoca a cumplicidade do público, tanto como o diálogo com
artistas de áreas diversas. De facto, depressa se descobre um conjunto de colaborações com múltiplos outros artistas. No centro do espaço, existem dois gira-discos, com um vinil cada, motores de colaborações com Sofia Dias (performer e coreógrafa) e Alex Impey (artista plástico, sonoplasta), ao proporem uma banda sonora para acompanhar a exposição. A vertente matemática está a cargo de Ruby Paloma (ciência política, matemática) e a perspectiva especulativa e conceptual deve-se ao contributo de Cíntia Gil (filosofia, cinema) e Shimta R. Já o plano arquitectónico é da responsabilidade dos Kaputt! Todos os colaboradores encontram-se representados num livro que também é parte integrante da exposição e que oferece novos desenhos de Catarina Dias. —> texto Francisco vaz fernandes
Campo Grande, 245, Lisboa 3ª a Dom das 10h às13h/14h às18h www.museudacidade.pt www.veracortes.com
porno ornamental Bernart Cuni, designer nascido em Barcelona, é conhecido pela série de porcelanas Imperial Trash , inspiradas na porcelana imperial de Jingdezhen. Uma colecção que surge da inspiração de uma Hong Kong povoada por uma profusão de pedaços de vasos gigantes, que se podem encontrar em qualquer esquina da cidade, jarras quebradas, vasos partidos. Cuni transforma os cacos que encontra nas ruas de Hong Kong em novos utensílios, como pratos de formas contemporâneas, malgas e outras peças, com formas doces e arestas arredondadas. Os vasos fragmentados, sobretudo no topo, em que curvam, são aproveitados para fazer de suporte/estrutura para outros objectos, como castiçais, suportes para ovos ou flores. Um outro trabalho conhecido do designer, Cumulunimbus, é 016 – You Must
15 golden series 236 fetish series 47 carnal series
um candeeiro suspenso com a forma de nuvens grandes. Mais parecem líquidos negros a borbulhar. Um gosto particular do designer pela Arte generativa. Os candeeiros suspensos são realizados em acrílico termoformado. Por fim, o mais desejado e extraordinário de todos os objectos de Cuni: Pornamental . Cuni realizou esta série de volumes abstractos com base em imagens pornográficas encontradas na Internet. Cada forma é gerada utilizando um algoritmo que permite transformar a imagem bidimensional num objecto tridimensional, resultando em séries de objectos, pequenas explosões de forma. Cores dourada e negra. —> texto carla carbone
www.bernatcuni.com
F. C. Evereste Tel.: +351 256 201 430
Fotografia Paulo Neves
salone del mobili A Feira de Design de Milão, conhecida por Salone del Mobili, não concebe períodos de crise. Antes pelo contrário, já que a falta de fundos, que permitam representações em várias feiras, faz com que as grandes e pequenas empresas concentrem agora todo o investimento no que designam ser a capital do Design do mundo. Por essa razão, esta montra de luxo faz com que hoje não haja criador de moda, arquitecto, construtora de automóveis, entre outras áreas, que não queiram estar envolvidos em projectos de parceria, procurando captar a imprensa e o capital que se concentra em Milão. As vernisages são inúmeras, superiores a 100 por dia e não fosse o cancelamento de todos os voos e o sentimento de isolamento de inúmeros profissionais e o ambiente seria mais festivo. É que, no final, o único tema de conversa passou a ser como regressar aos países de origem. E s te a n o , a ate n ç ã o g e r a l concentrou‑se em projectos onde a cor, assim como o espírito lúdico e a leveza dominaram, deixando cada vez mais para trás a passadista tendência minimalista. Dentro desta nova tendência, a Big Game parece ter sido o Big Name do momento. Augustin S c ot t d e M art i n v i l l e , G rég o i r e J e a n m o n o d e Elric Petit, belgas e suíços sediados em Zurique, apresentaram vários projectos de formas tubulares, revestidos a poliuretano, de cores lilás, azul e preta, a fazer lembrar as geometrias minimalistas dos anos 60. O seu bengaleiro Bold Coat Stand , criado para a Moustache, parece antes de mais uma elegante escultura com um cariz modernista. 018 – You Must
Aliás, a presença da Moustache pela segunda vez na “oficial” zona off da feira, a zona Tortona, é bem emblemática e reveladora da estratégia das pequenas casas de edições e de designers independentes, fora do sistema de industrial mais massificado. Aqui, procuram um espaço de concentração próprio, marcado por uma maior criatividade, fazendo desta zona da Feira uma paragem obrigatória para quem queira conhecer o futuro do Design. Essa consciência faz com que todas as grandes empresas de edições tenham também reservado grandes pavilhões na zona Tortona para apresentarem os seus projectos de parcerias com as grandes estrelas do momento. Por isso, os espanhóis Jaime Hayon, Patricia Urquiola, os belgas Marcel Wanders, Marcel Baas e o britânico Tom Dixon parecem omnipresentes, já que estão por toda a Feira. Entre os projectos de parceria, o Swarovski Crystal Palace é, até em termos sociais, um dos mais esperados, pois apresenta criações de grandes dimensões, de diferentes artistas convidados a trabalhar a partir de cristais Swarovski. Ainda que sem os mesmos meios, mas não muito longe deste epicentro, o espaço da Rossana Orlandi, uma galeria de design local, continua a ser um ponto obrigatório. As escolhas desta frágil sexagenária continuam a marcar as tendências e, na grande exposição colectiva que inaugura para Feira, é sempre importante saber que novos nomes vai apresentar. Inserida numa pequena mostra sob o nome de Danish Craft, a cadeira de papel reciclado de Mathias Bengtsson mereceu grande parte das atenções pelo lado laborioso. Concebida a partir de uma componente digital e artesanal, foram necessárias duas mil folhas cortadas a lazer, coladas e expostas a pressão e calor de forma criar um volume para a construir. —> texto carla carbone
1 Candeeiro da Foscarini para Diesel 2 Conversation sofa da Bokja 3 Instalação de Mathias Bengtsson na Rossana Orlandi 4 Bold Coat Stand da Big Name para a Moustache 5 WV da Bokja no espaço Rossana Orlandi em Milão
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dixit
Porque o Brasil é uma explosão de cores, a Havaianas lançou o seu modelo clássico num cromado matizado, seguindo assim a tendência de cores fortes que marcam este Verão. Ideais para acompanhar as nossas opções de vestuário, em tons de laranja, verde, roxo, amarelo e rosa. Mas não é tudo em termos de novidades. Dirigido ao público feminino, foi lançado um modelo de sola compensada, encimado com um laço que se enrola à volta da perna. Este produto estrela, conhecido por High Straps, é um chinelo que tanto se adapta ao sol como à cidade. Simultaneamente formal e descontaído, a Havaianas sugere que se use no escritorio, com um bikini por baixo do tailleur! Um jeitinho carioca de ser que muito tem a ensinar ao mundo. —> texto maria são miguel
É uma nova casa de edições de peças de design e instalou-se na conhecida rua das galerias no Porto. Propõe uma montra cheia de colecções que abarcam quadros decorativos, espelhos e peças de mobiliário soltas, onde tentam explorar tendências, materiais e processos de fabrico. Parte Design, parte Arte, Dixit pretende criar ou reinventar peças únicas que fascinem um cliente jovem.
luis buchinho Para comemorar os 20 anos de carreira de Luís Buchinho, a galeria da Dama Aflita expõe até dia 29 de Maio uma selecção de ilustrações do criador. Os desenhos e croquis apresentados reflectem a história e evolução da carreira desta referência portuguesa no plano da moda. A exposição encontra-se tripartida entre o histórico, o conceptual e o dossier de candidatura ao CITEX. É assim, através de uma viagem guiada pelos seus desenhos, que o criador nos dá a conhecer o seu universo. As escolhas vão para além das leituras cronológicas evolutivas na carreira do autor. Teremos a oportunidade de descobrir as diferentes abordagens que revelam continuidades e rupturas, ao mesmo tempo que se sublinham as mutações da representação da figura feminina e da construção de identidades ou de um estilo. —> texto margarida brito paes
PEDRAS E PÊSSEGOS PRAÇA CORONEL PACHECO N34, PORTO
NA GALERIA DAMA AFLITA RUA DA PICARIA N84, PORTO Até 29 de Maio
022 – You Must
—> texto maria são miguel
Rua Miguel Bombarda 105 www.dixitdesignlab.com
Sagatex, Lda. | Tel. 225 089 160 | sagatex@net.novis.pt
stephen dorff Lembram-se do rapaz pelo qual Alicia Silverstone se atirava de uma ponte no vídeo de 1994, Crying, dos Aerosmith? É dele que falamos. Aquele vídeo lançou carreira do actor e definiu-o para sempre, como Bad Boy. A imprensa internacional já diz que Sofia Coppolla o agraciou com o papel da sua vida, no seu novo filme Somewhere (ainda sem data de estreia prevista) onde desempenha o papel de um actor em plena crise existencial que recebe a visita da filha. Antevê‑se uma performance biográfica, pois são exactamente estes os termos utilizados por Dorff ao explicar o seu relativo afastamento de Hollywood (2007 e 2008). A necessidade de fazer um balanço, redefinir objectivos de carreira a par da dificuldade de encontrar bons papéis em bons filmes.
strategic trendy
Nascido em Atlanta em 1973, começou a fazer filmes com 12 anos e tem um extenso curriculum. Nunca foi escolha de grandes nomes da realização, mas no entanto ninguém se esquecerá da transformação em Candy Darling para I Shot Andy Warhol , ou do louco Cecil, empenhado em destruir o cinema comercial, em Cecil B. Demented . É daqueles actores que, quando bem dirigido, joga como se não tivesse nada a perder. Tem uma presença forte, pulsar violento. O seu regresso a bons guiões começou a desenhar-se com a participação em Inimigos Públicos, de Michael Mann, onde entrou por insistência do realizador. Aguardamos ansiosos a estreia de Somewhere, que se prevê lá para o final do ano, e com ela um comeback glorioso para Dorff….como Hollywood tanto gosta.
O rejuvenescimento é uma preocupação das grandes marcas e a Lacoste não é uma excepção. Lançou, nos últimos anos, a linha de vestuário Red!, criada para a um público abaixo dos 25 anos e, paralelamente, um linha de calçado que dá pelo nome, bastante evocativo de Strategic Trendy. Trata-se de um tipo de calçado dirigido a lojas especializadas de sneakears e a Concept Stores, que não se encontra nas lojas Lacoste. Este ano, as propostas da Strategic Trendy são marcadas por um regresso aos básicos, recriação de modelos vintage. Destacamos, pela pureza de linhas, o modelo Chalcot, inspirado nos ténis de corrida dos anos 70 e o Indiana Vr Basquetbol , inspirado num modelo de basquetebol que a Lacoste desenvolveu no final dos anos 80. Para próxima estação, o grande destaque vai para uma linha com tons metálicos, em homenagem à primeira raquete de ténis de aço, criada por René Lacoste em 1963. Além disso, o modelo Chevel , um dos mais emblemáticos desta linha, aparece executado num nylon especial, aplicado em geral em materiais para alta competição.
—> texto maria joão teixeira
—> texto maria são miguel
www.24teeth.com
024 – You Must
1 stephen dorff 2 M85 MID - lacoste 3 CHALCOT WHITE - lacoste 4 Indiana Hi VR 5 CHEVEL HI - lacoste 6 Jaime Hayon para Homem - camper 7 Veronique Branquinho para Mulher e Homem - camper 8 Madonna Dolce&gabbana
together
madonna
Nesta primavera a CAMPER juntou‑se a três designers de renome para nos trazer a linha Together. VERONIQUE BRANQUINHO foi uma das escolhidas, recriando para esta colecção os clássicos sapatos de homem. A pureza das linhas é, nestes modelos, sublinhada pela mistura da pele e do pano em tons cru. Outro eleito, foi JAIME HAYON que reinventou os sapatos de sapateado com cores garridas e solas de corda. O terceiro magnífico é BERNARD WILLHELM que nos traz uma colecção mais conceptual de sandálias em tons de verde e azul. Todos eles conceberam vários modelos dirigidos ao pé masculino e feminino.Três colaborações fantásticas, para uma marca, que tem sabido conquistar mais e mais seguidores, pelo design das suas propostas, a par do conforto.
Foi a lente de Steven Klein que captou as imagens mais caseiras de Madonna para a campanha de Primavera/Verão da Dolce& Gabbana. Bem ao estilo do Cinema italiano e a fazer lembrar a personagem de Penélope Cruz em Nine , a rainha da pop aparece a comer esparguete à mão e a estender roupa, sem nunca perder a sensualidade. Para além de protagonizar a campanha, a estrela lança ainda uma colecção de óculos escuros para a marca. MDG será o nome desta linha de luxo que vai estar à venda já a partir de Maio. A colecção MDG é composta por seis óculos —alguns dos modelos seguem a tendência de hastes de metal inspirados nos anos 50— caracterizados pela forma especial tipo gatinho, que os torna muito sensuais. Existem modelos em acetato, grandes e envolventes, como se fossem uma máscara de lentes escuras.
—> texto margarida brito paes
—> texto margarida brito paes
www.camper.com
025 – You Must
www.dolcegabbana.com
cosmic blosson É apenas uma colecção para mulheres, para pena de todos os fans de Takashi Murakami, um dos artistas contemporâneos mais cotados do momento. De resto, não é primeira colaboração do artista com a casa francesa. Desta vez, a colecção —constituída por malas, chaveiro, toalha de praia, roupa, sapatos e lenços diversos— traz os símbolos da Vuitton, ao lado da icónica flor desenhada pelo artista japonês, misturados de forma divertida e colorida, tendo ao centro, com grande destaque, um antigo logo da Louis Vuitton onde se pode ler Articles de Voyage, Louis Vuittton, 101 Champs Elysées Paris . A Cosmic Blosson tem Daisy Lowe como protagonista da campanha, numa ensolarada Miami. —> texto maria são miguel
louis vuitton Avenida da Liberdade, 190-Lisboa www.louisvuitton.com
026 – You Must
mimi
futurismo
O joalheiro italiano Mimí celebrou o seu décimo aniversário em Lisboa, numa casa de grande tradição, a Ferreira Marques, joalharia com 80 anos de actividade. Houve um desfile comemorativo, organizado pelo designer Alek sandar Protic, que fez acompanhar as suas criações de jóias Mimí. Em termos internacionais, a marca italiana lançou ainda um livro, onde junta um romance auto‑biográfico com as melhores imagens das suas criações.
Se algo ditou uma tendência nos anos 80, foi o aparecimento do relógio digital. Seguindo o retro futurismo, a Adidas e Diesel lançam relógios que recriam alguns modelos dessa época, optando por diversas cores fortes. A proposta da Adidas incorpora ainda uma calculadora, respondendo assim a uma das preocupações da época, a de dar aos relógios múltiplas funções. Enfim, uma época em que se acreditava fervorosamente nos milagres da tecnologia.
—> texto margarida brito paes
—> texto maria são miguel
www.mimi.info
estilo índio O estilo índio é uma das grandes das tendências no calçado feminino e está presente na colecção de Verão da CAT, com botas descontraídas, rasas, em camurça, com diferentes cores. Para além deste modelo, várias sandálias de cunha colorida dão a esta colecção um toque hiper-feminino. Conhecida pelo conforto dos seus produtos, a marca vem provar que o design também é um dos seus princípios, seguindo as tendências mundiais. O resultado está à vista em sapatos cheios de estilo, qualidade e comodidade. Que mais podemos nós desejar? —> texto margarida brito paes
www.cat.com
air max Quando a Nike lançou em 1987 um modelo que trazia incorporada na sola uma câmara de ar visível não imaginava que estaria a dar os primeiros passos para o grande sucesso dos Air Max, uma das maiores lendas do mundo do calçado desportivo. Um modelo que depressa saltou para as ruas e para o quotidiano dos seus fãs. Foram especialmente apreciados pela forma discreta como apresentavam uma parte tecnológica num formato que era, no essencial, clássico, o que fazia deste ténis um elemento prático para ser usado em todas as circunstâncias. Nos últimos dois anos, a Nike Sportswear tem criado variadíssimas versões dos Air Max, desde réplicas de originais até sapatos híbridos, com tecnologias mais recentes do mundo do desporto adaptadas a novos formatos. Os Nike AIR MAX LIGHT são modelos desenvolvidos a partir desta tradição que, este ano, foram lançados em versões néon ou introduzindo peles com cores metálicas, como acontece com estes Air Max Light LE, dirigidos ao público feminino. Apontamentos de cor fortes, nomeadamente na sola e no interior da câmara, combinando tecidos técnicos, são a sua principal característica. —> texto maria são miguel
www.nikesportswear.com
027 – You Must
sony ericsson xperia x10mini O novo Xperia X10 mini é um telemóvel compacto que vai seguramente deliciar muitos pelas suas características de uma versão da poderosa plataforma UX da Sony Ericsson, especificamente desenhada para equipamentos mais pequenos. Tem um teclado QWERTY deslizante, oferecendo ao utilizador uma experiência de comunicação e entretenimento aberta e intuitiva. Além disso, incorpora a aplicação Timescape, que junta toda a comunicação num só local, para que os utilizadores possam ver, de uma só vez, mensagens de texto, chamadas não atendidas e updates do Facebook e Twitter, sem terem de abrir inúmeras aplicações diferentes. Tem câmara de 5 megapixels, partilha de vídeo através da Web e um leitor de música interactivo. Está disponível em mercados seleccionados a partir deste segundo trimestre, nas cores pearl white, preto, rosa, lima, encarnado e prata.—> texto maria são miguel
www.sonyericsson.com
honda 3r-c A Honda está a sempre a surpreender‑nos do seu centro europeu de R&D em Milão saem, volta não volta, uma série de ideias que nos fazer sonhar. Desta vez, os senhores de olhos em bico que comem pizza apresentam-nos o 3R-C. Um veículo eléctrico de 3 rodas, com uma capa plástica para maior conforto e uma maior área de protecção para o seu condutor nas cidades do mundo. Enfim, um exercício que resulta bem em qualquer Minority Report e que gostaríamos de ver na rua para testar. —> texto rui catalão
digital chocolate
www.honda.com
A D i g i ta l C h o c o l at e disponibiliza, durante os meses de Abril e Maio, downloads gratuitos de cinco jogos Premium, em qualquer loja Ovi, em países seleccionados para dispositivos Nokia. Esta é a forma encontrada para comemorar os mais de quatro milhões de jogos descarregados na loja, “uma das categorias mais fortes do mercado”. Conjuntamente, a empresa adianta o lançamento do Ju ra s si c 3D Rollercoaster Rush para o Nokia N900, com invenções consideráveis, como acelerómetro ou modo multiplayer. —> texto pedro mota
www.digitalchocolate.com
028 – You Must
Infusion de Prada A Prada acrescentou duas novas fragrâncias, uma feminina e outra masculina, à colecção Inf usion . O novo Infusion de Tubéreuse contém uma mistura inesperada de tuberosa (flor branca oriunda da Índia), laranja sanguínea, petitgrain e dynamone (um derivado do âmbar). O Inf usion de Vétiver é composto maioritariamente por esta erva fresca e elegante, estragão, pimenta de Madagascar e gengibre. Cada uma das linhas apresenta ainda dois outros produtos para conjugar com as águas de colónia: o gel de banho e o leite hidratante para o corpo. —> texto cláudia gavinho
Phenomen’Eyes Há dois anos a Givenchy revolucionou o mundo das máscaras ao criar uma escova ímpar, pequena e redonda que agarra cada pestana, mesmo as mais pequenas. Agora, toda a performance da famosa escova patenteada foi colocada numa fórmula à prova de água. Feita de elastómero, altamente precisa e com um toque suave, a escova desliza sem esforço tornando a aplicação extraordinariamente fácil. Nenhuma pestana é deixada para trás e o resultado é um efeito delineador que intensifica o impacto do olhar, mesmo debaixo de água.
chance eau tendre
addicted to dior
La chance c'est une façon d'être. La chance c'est mon âme” (Gabrielle
A nova caixa em metal cravejada de brilhantes é um verdadeiro objecto de colecção, uma embalagem preciosa que contém um duo imparável para destacar os lábios de forma perfeita. Os glosses em tons complementares —um brilhante e picante, o outro fervoroso e cintilante como uma jóia— podem usar-se sozinhos ou combinados para multiplicar os efeitos. O acessório de alta-costura ultra‑fantástico para este Verão apresenta, na parte da frente, o famoso logotipo e o emblemático endereço da casa de Alta-Costura: 30 Avenue Montaigne, Paris.
Chanel). As fãs do Eau de Parfum ou da versão Eau Fraîche vão adorar o lançamento desta Primavera. Chance Eau Tendre é uma fragrância com um leve aroma a flores, frutas e almíscar branco, ainda mais delicada do que as suas predecessoras. —> texto cláudia gavinho
Eau de toilette vaporisateur, 100 ml, € 80,00
—> texto cláudia gavinho
Addicted to Coral (Coral e Ouro) e Addicted to Pink (Rosa Fúcsia e Bronze), Dior
029 – You Must
—> texto cláudia gavinho
Phenomen’Eyes Waterproof, Givenchy, € 27,50
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we love tshirts
lady
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isabela capeto
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10 louis vuitton
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030 – Shopping
031 – Shopping
—> texto Rui Miguel Abreu foto andré tentugal
«Este é o álbum que queríamos fazer nesta altura da nossa carreira. É o nosso quinto álbum, marca 17 anos de carreira e uma viragem na mesma, de certa forma», explicamnos os Mind da Gap, apresentando assim A Essência, novo trabalho e primeiro na editora Meifumado. A declaração de que este se trata “apenas” do quinto álbum –marca ainda assim singularíssima no panorama nacional– obriga-nos a afinar a memória. É de facto o álbum número 5 numa discografia mais extensa, que inclui também um EP de estreia, um outro EP colaborativo com os Blind Zero, a antologia Matéria Prima e incursões a solo de Ace e Serial. O fôlego é de facto maior e mais adequado a 17 anos de carreira, extensão que ainda não nos habituámos a associar ao eternamente “novo” hip hop nacional. Certo, certo é que esta marca de veterania permite-lhes o conforto de fazerem exactamente o que querem fazer: «Não sabemos se o novo álbum traz novidades a salientar, fizemos, como sempre, aquilo que tivemos vontade de fazer –desta feita, sem pressões exteriores– directas ou indirectas, sem influências –fomos nós os 3 a escolher o caminho que queríamos tomar para chegar a este álbum».
032 – Soundstation
Os Mind Da Gap dos já citados Ace e Serial e ainda de Presto são um caso único no panorama musical português. Caso único de endurance, de abertura, de generosidade de vistas, mas também de profissionalismo, de resistência. Continuam a ir para palco só com microfones e giradiscos não abdicando nunca de uma “verdade” que é deles e que, acreditam, é também do hip hop. E aí estão eles, chegados a um quinto álbum e a um lugar especial: «Percebemos que tínhamos ido ao encontro da nossa essência, daquilo que realmente gostamos de fazer, que talvez tivéssemos dado alguns passos atrás neste caminho, para recuperar alguma da nossa “energia original”, para ganhar força para seguir em frente. Talvez haja pessoas para quem este disco não seja o mais lógico sucessor de Edição Ilimitada, que não represente uma “evolução” na nossa carreira e que “se fossem eles”, teriam escolhido outro rumo. Mas nós estamos satisfeitos com o resultado e não pensamos dessa forma». Não é teimosia. É certeza.
Os Mind da Gap podem ter recuado no tempo, em termos estéticos ou filosóficos, mas avançaram para uma nova editora, a sempre interessante Meifumado (www.meifumado.org), casa dos Paco Hunter, de Type e Preto, entre outros projectos, e de uma discografia inovadora, desafiante e tão singular como a carreira dos próprios Mind da Gap. Do passado, na NorteSul, editora que lançou as carreiras de gente como os Cool Hipnoise e Boss Ac, os Mind da Gap não poderiam ter palavras mais positivas a dizer: «A NorteSul foi nossa companheira durante muito tempo, foi uma editora “à antiga”, que apostou numa carreira de Mind da Gap, acreditou numa política de investimento a longo prazo, editou todos os nossos discos anteriores e merece todo o nosso respeito e consideração. E isto é o que temos a dizer a respeito da nossa saída». O novo capítulo na carreira dos Mind da Gap também merece considerações: «A respeito da entrada na Meifumado, o que podemos dizer é que esperamos que daqui a 15 anos nos seja possível dizer o mesmo que dizemos sobre a NorteSul».
Estes são, no entanto, tempos diferentes, em que o papel das editoras se está a redefinir: «O tempo das editoras como conhecíamos está a acabar, sim. A queda do mercado e as novas tecnologias apresentam um desafio gigante para as editoras que, ou se adaptam às novas condições ou irremediavelmente serão extintas, como os dinossauros. A nosso ver, a questão que se põe é a seguinte: as editoras não podem continuar a não se render às evidências e tentar fazer vencer as suas anacrónicas ideias. Nem tentar rentabilizar ainda mais as suas relações com os músicos
para ir buscar o que se perde nas vendas (contractos 360, que na nossa opinião têm autênticas reminiscências dos tempos da escravatura). A visão de mercado tem de se alterar profundamente e as editoras não podem continuar a acreditar que não têm de fazer cedências porque podem explorar os artistas de outras maneiras». Direitos à essência, os Mind da Gap rematam: «Todos os satélites do meio musical vivem à custa das pessoas que “produzem” arte, que fornecem conteúdos para que estes possam sobreviver (todos: imprensa musical, rádios, tv, lojas, produtores de eventos, promotores culturais, sites internet, fornecedores de serviços web, etc, etc). Hoje em dia, com a tecnologia que esses artistas têm à sua disposição, é muito mais fácil adquirir a independência e isso é um facto para o qual todo o meio tem de se consciencializar, editoras acima de todos os outros». Ou seja, nos Mind Da Gap o passado é de glória e o futuro de independência. E enquanto o futuro não chega, eis A Essência.
033 – mind da gap
Estes grupos, muitas vezes formados apenas por um elemento acompanhado de um laptop, são responsáveis por uma nova onda de pop psicadélico, reminiscente da década de 80, que evoca à nostalgia, sem chegar a ser profundamente triste ou exageradamente feliz. Um plano intermédio, que provoca um encantamento hipnótico, que nos faz flutuar entre o vintage e os dias de hoje, assim, tão naturalmente como se o Homem sempre tivesse voado. Música que agracia os ouvidos e que se derrete nas mãos, entre recordações de tardes lânguidas ao sol escaldante de Verão, paisagens de cores gastas e queimadas, preguiça e sal nos cabelos.
No universo melódico do Glo-fi, existem recordações de manhãs de Verão Azul, memórias longínquas de paixões e desencontros, tardes de praia que se estendiam durante meses, noites de cinema de Ficção Científica, retalhos de lembranças dos hits de dança que se baloiçavam pela rádio. Há também algo de inacabado em cada canção, o que não é necessariamente negativo. Em oposição à sobre-produção de alguns géneros mainstream, editados até à exaustão, este modo de fazer música surpreende pela sua imperfeição e sinceridade, deixando espaço à imaginação do ouvinte.
—> texto pedro lima www.stereobeatbox.com
Chama-se estado hipnagógico às visões ou alucinações que se têm ao cair no sono. Nada mais apropriado para descrever um novo género musical que tem vindo a ganhar seguidores à medida que as temperaturas de Verão se começam a fazer sentir. Fomos tentar perceber o que é, afinal, o Glo-fi, o Chillwave ou o Hypnagogic pop.
O movimento Glo-fi surgiu no Verão passado e, desde então, tem assumido uma quantidade enorme de nomes disparatados, como Chillwave, Dream-beat, Hypnagogic pop, ou Hipster-gogic pop. Todos tentam, em vão, resumir as influências deste estilo musical. Por isso, deixamos as etiquetas de lado e passamos a descobrir o género através das bandas que melhor o representam: Washed Out, Neon Indian, Memory Tapes, Toro y Moi, Memoryhouse, Small Black, MillionYoung ou Delorean.
034 – Soundstation
Existem elementos comuns na música de todos estes protagonistas. Batidas electrónicas orientadas por sintetizadores retro e caixas de ritmo datadas, produção de qualidade caseira ao estilo “faça você mesmo” e reminiscentes da velha cassete de fita, referências ao êxitos pop esquecidos nos anos 80, guitarras e baixos difusos, temas cozinhados ao sol, relaxados e ondulantes, com vocais inocentes e emocionalmente distantes. Uma harmonia entre ambientes oníricos e assombrados que se dispersam em ecos num apelo New Wave absurdamente aditivo.
Resta-nos deixar a sugestão de álbuns obrigatórios, como High T imes e Life of Leisure [Washed Out], Causers of This [Toro Y Moi], Ayrton Senna [Delorean], Seek Magic [Memory Tapes], Years [Memoryhouse] ou Psychic Chasms [Neon Indian] para saborear e desmistificar este emaranhado de sensações que nos embala na rebentação das ondas, entre batidas melancólicas e vocais etéreos de poder inebriante. Uma colecção de músicas para ouvir em estado subliminar, minutos antes de adormecermos e ultrapassarmos este limiar da fantasia.
toro y moi
035 – glo–fi
—> texto davide pinheiro
Major Lazer é um party animal jamaicano que, mesmo amputado de um braço, está sempre pronto para dançar... e fumar. O Rock In Rio pode aguardar uma noite imprevisível, comandada pelos dois cérebros que comandam a personagem: Diplo e Switch.
Enquanto responde às perguntas enviadas por mail, Major Lazer viaja no tour bus algures em Lincoln, Nebraska. O dia é de folga e este jamaicano robusto, que se imagina sempre munido de mortalhas e respectivos aditivos de ilicitude, procura uma reserva de búfalos para matar o tempo. É um outro entretenimento que põe em contacto Portugal e os EUA com a cultura da ilha de Marley e restantes embaixadores do reggae pelo meio.
036 – Soundstation
Resumindo, Major Lazer é uma personagem criada por dois dos produtores mais requisitados num universo em que as circunstâncias podem alterar-se a um ritmo semanal: o da Electrónica. No ano passado, estes dois que, por acaso, são amigos e fãs dos nossos mais internacionais Buraka Som Sistema, editaram Guns Don't Kill People... Lazers Do, um álbum tão agitador que conseguiu convencer até os mais cépticos em relação à cultura jamaicana. Porquê a opção? “A cultura jamaicana é o maior mash-up de referências que alguma vez conheci. Não há comparação possível com outras”, escreve a partir do laptop.
Major Lazer já é suficiente moreno para não conseguir bronzear-se. Mas de Portugal e da visita a Lisboa espera poder “apanhar sol”. Sobre o Rock In Rio, um festival que assume claramente a relação umbilical com as vertentes de marketing e comunicação, este comando jamaicano, amputado de um braço numa guerra contra zombies (?!) em 1984, não sabe quase nada mas sempre diz que é óptimo “ser pago para ir a Lisboa”, capital não que visita há um ano, um pouco como acontece quando aterra no Rio de Janeiro. É inevitável que não o interroguemos sobre os Buraka Som Sistema, o colectivo português com mais internacionalizações na actualidade, pelo menos no que ao universo da música produzida a partir de computadores portáteis diz respeito.“Já queríamos trabalhar com eles na Mad Decent (editora pela qual saiu o disco de Major Lazer e na qual Diplo é uma espécie de embaixador) há algum tempo. Editámos um vinil de doze polegadas e foi um dos que vendeu mais. Adoro o som deles desde que conheci o Kalaf, em Barcelona, no ano de 2005. Na altura, lembro-me que ele explicou como é que funcionava a cena africana”, recorda. Aos BSS –como vão sendo conhecidos lá fora, na linha da abreviatura CSS para Cansei de Ser Sexy– é não só atribuída uma carga de actualidade extrema como um futuro brilhante. Razões? “Tanto o João como o Riot são óptimos a cruzar música pop e a cultural local num set, explica o especialista Major Lazer, aqui claramente a voz dos dois “monstros” bicéfalos que o inventaram. “É capaz de ser um bocado difícil manter o andamento só com recurso ao que se ouve em Portugal, mas a verdade é que já estive com eles em todo o lado: Nova Iorque, Los Angeles, Lisboa, Tóquio. Sempre que eles tocam, há mais gente”, descreve esta personagem que tem tanto de contemporânea como de guerreira. As portas que os BSS abriram não parecem no entanto estar a ser aproveitadas por outros e Major Lazer reconhece isso mesmo. “Não conheço mais ninguém de Portugal. Do Brasil é que já ouvi muita coisa”.
Voltando a este Major, encarregue de comandar a festa, é ele o primeiro a reconhecer que o único objectivo é seguramente “a diversão” porque tudo o resto “é ficcionado”. Das gravações, ficam as “bebedeiras”, a “erva” e uma personagem singular. “Chow... é um tipo da Malásia que anda por volta dos 60 anos e que passa o tempo no estúdio a arranjar gravadores de cassetes(...) Vive num quarto que fica por baixo dos pianos”. Gente estranha mas com jeito para a música. Major Lazer vai estar no Rock In Rio a 22 de Maio, juntamente com os Drop The Lime, os Zombie Kids e Jamie, o Dj dos XX.
037 – major lazer
Ananás Coco , by Storytailors Top em denim e sandálias DIESEL saia H&M, pulseiras FURLA, saco CLOÉ
Compal light city Edições especiais criadores 2010 foto pedro janeiro ................... Styling ....... barbara d'ó Modelo ....... madalenna (Special Factory) Make-up ....... Vera Pimentão Hair ....... rui pedro (Facto Lab) Ass. foto ....... manuel manso ...................
038 – viewpoint
Manga Laranja , by Miguel Vieira Camisa em denim DIESEL, t-shirt H&M
039 – compal light city
Morango Maçã , by Nuno Baltazar Casaco de malha mais blusa Pepe Jeans, saia TWENTY8TWELVE, saco DIESEL, sandálias LUÍS BUCHINHO, pulseira MANGO
040 – viewpoint
Tropical Cenoura, by Luís Buchinho Jeans TWENTY8TWELVE, top H&M
041 – compal light city
042 – Central Parq | Grande Entrevista
043 – THOMAS WALGRAVE
—> texto FRANCISCO VAZ FERNANDES —> FOTO JAVIER DOMENECH
Director do Festival Alkantara, Thomas Walgrave estreia-se nesta edição como programador do mais importante festival de dança e teatro português. Este cenógrafo belga, formado em História da Arte e Antropologia, membro fundador dos Stan, desenvolveu um programa de continuidade em sintonia com o legado deixado por Mark Deputter, que conhece desde 1989. Desde 2005 que vive em Lisboa, tendo-se envolvido em diversos projectos de criadores portugueses. Uma convivência que lhe trouxe um conhecimento sólido sobre a nossa paisagem cultural. À vontade nas suas novas funções, sublinha que o festival nasceu como uma oportunidade de projectar para outros palcos a criação nacional.
Já sabia que íamos falar em português, mas estou admirado com a tua capacidade de expressão oral. Não acho nada de extraordinário, sou imigrante e quando vou ao supermercado e me dirijo a caixa, é normal que tenha que falar em português. Aprender a língua faz parte do processo de mudar de país. Caso contrário, estás a perder grande parte da riqueza do país onde te instalas.
E há quanto tempo estás em Portugal? Essa é uma questão complicada, porque cheguei em 2005 com uma companhia de teatro belga, os Stan. Estávamos a desenvolver uma co-produção com a Culturgest, realizada no espaço dos Dias d’Água. Em Janeiro de 2005, conheci uma pessoa com quem mantive um relacionamento e, durante um ano e meio, vim com frequência a Lisboa. Foram tantas as vezes que um dia decidi ficar. Por isso, digo que foi um processo gradual. Agora é o contrário, faço viagens no sentido inverso para visitar a família. Às vezes, fico 3 ou 4 dias para trabalhar com os Stan em Antuérpia. Com o Alcântara um pouco menos, porque o tempo não é muito.
Como é a tua actual relação com os Stan? Agora, é uma relação um pouco mais simbólica e abstracta. Ainda recentemente estrearam uma nova peça na Noruega, para a qual não consegui contribuir no processo de criação. Contudo, fiz por encontrar uns dias para estar com eles nos ensaios finais.
E como foi o teu processo de adaptação, o facto de estares num país diferente e num meio cultural completamente diferente do belga? Viver em Lisboa, para mim, é um alívio. Gosto muito de viver cá. Já passei a minha fase romântica, em que tudo me parecia belo. Claro que há questões mais complicadas: há menos dinheiro, menos recursos profissionais, mas ao mesmo tempo há uma maior riqueza humana. As pessoas estão preparadas para improvisar mais e ser mais criativas do que acontece na Bélgica e, em geral, nos países do norte da Europa.
Como foi o teu primeiro contacto com os criadores portugueses? No tempo do José Silva Melo e do Miguel Lobo Antunes, o CCB fez uma espécie de mini festival Stan. Foram cinco dias com espectáculos diferentes e, além disso, houve um grande workshop de três semanas, onde tive pela primeira vez contacto com os criadores portugueses. Eram pessoas novas, algumas delas acabadas de sair da escola mas actualmente, alguns são agora importantes na paisagem do teatro português. Refiro-me a Tiago Rodrigues, Pedro Penim, Dinarte Branco, António Simão e Cristina Bizarro. Além disso, já conhecia algumas pessoas da dança, porque era mais internacional.
Houve uma altura em que se falou de uma relação privilegiada entre a Bélgica e Portugal, assente nos contactos através da dita Nova Dança Portuguesa. Como viste essa relação? Não tenho a certeza. Conheço alguns belgas que trabalham ou trabalharam cá, por exemplo o Mark Deputter, ex-director do Alkantara, um amigo de há muitos anos, desde os anos 80. Sobretudo na dança, mais que no teatro, o mundo tornou-se tão nómada que o sítio de origem deixou de ter qualquer importância ou é difícil de definir. Vivemos uma cultura de mochila, de profissionais com uma mobilidade extrema. No próprio festival deste ano, deparámo-nos com dificuldades em estabelecer no programa o país de origem de certos artistas e espectáculos. Quando temos uma neozelandesa que vive entre Zurique e Berlim e faz um projecto com um espanhol que vive em Bruxelas, qual é a nacionalidade deste grupo? Há muitos exemplos assim.
044 – Central Parq | Grande Entrevista
Tens alguma preocupação ou cota para espectáculos e artistas portugueses? Esse festival é feito para eles. Uma das funções do Alkantara é estimular a produção portuguesa de diversas maneiras. Por se tratar de um festival internacional, conseguimos trazer um grupo de programadores estrangeiros que tem, assim, a oportunidade de entrar em contacto com as produções portuguesas. Este ano, temos 9 criadores em 30. Mas estão lá por mérito próprio e não porque são portugueses. Devo dizer que não temos cotas e que o nível da criação portuguesa seleccionada não é diferente da de outros criadores internacionais que passam no Alkantara. Os criadores portugueses ganharam o direito de estar neste festival sem qualquer favorecimento da nossa parte. Até porque grande parte dos artistas seleccionados já circula facilmente nos mais importantes festivais.
Em Portugal, há menos dinheiro, menos recursos profissionais, mas ao mesmo tempo há uma maior riqueza humana. As pessoas estão preparadas para improvisar mais e ser mais criativas.
Não existe um espaço emblemático para se ver dança. Faz sentido haver então o Alkantara? Achas que não há?! Existem, neste momento, bastantes colegas que fazem um excelente trabalho de programação. Há uma série de palcos que mostram criadores importantes. O tempo em que Portugal estava um pouco isolado do resto da Europa e em que as grandes criações não chegavam a passar por cá acabou. A Culturgest, o Maria Matos, o CCB e por vezes o S. Luiz são palcos onde a dança contemporânea tem aparecido regularmente. Nenhum está especificamente focado na dança, mas nós também não. O Alkantara deixou de ser as Danças na Cidade, porque essa separação entre dança e teatro e outras áreas intermédias deixou de ser interessante. É um problema paralelo, tal como a questão da nacionalidade de que falávamos atrás. A neozelandesa que referi é coreógrafa e trabalha com um espanhol que é documentarista. Juntos trabalham o movimento, mas também com actores. Por isso, também aqui temos dificuldade em definir os géneros. O Alkantara não pretende ser uma casa só de dança.
Este é o teu primeiro ano como programador. Que diferenças vamos encontrar nesta edição? Aconselharam-me a marcar a diferença. Mas, na minha perspectiva, essa preocupação não fazia sentido. Sempre gostei muito do Alkantara porque, ao nível europeu, é tido como um bom exemplo de um festival virado para o artista. Não sentia, por isso, a urgência da mudança. Contudo, há coisas que mudam na paisagem de Lisboa e que, obviamente, nos obrigam a adaptações. Agora, temos um novo player, há o teatro Maria Matos, que faz uma programação anual que anteriormente caberia ao Alkantara e que agora não tem que ser repetida. Esta é uma primeira edição com um novo director e, provavelmente, no final será mais fácil de perceber qual o sentido que devemos percorrer.
Já tinhas feito produções para o festival? Já trabalho com o Mark desde 89. Diria que venho da mesma escola e tenho a mesma forma de ver o panorama criativo.
Mas tiveste algumas indicações sobre o futuro do Alkantara? Não. Falámos muito do Alkantara, mas sempre o fizemos. O convite foi uma surpresa porque eu venho do lado da criação. Estava a montar um espectáculo em Paris, mas o trabalho, a cidade e o frio só me faziam pensar numa coisa, voltar para Lisboa o mais depressa possível. Quando recebi um telefonema com o convite foi uma total surpresa, mas não pensei muito, aceitei logo. Colocou-me numa situação nova, que é saudável porque durante anos e anos vi sobretudo o meu próprio trabalho. Agora, de repente, vejo uma média de 250 espectáculos por ano de outros criadores.
Como se faz o processo de selecção dos espectáculos? Com ajuda de uma equipa de comissários exteriores? Não temos comissários. Normalmente, há uma agenda de espectáculos que temos de ver porque podem interessar para a nossa programação. A complicação está em fazer esta agenda, porque não posso estar em 4 ou 5 ao mesmo tempo. Às vezes, torna-se impossível ver tudo. Depois, é uma escolha intuitiva porque não parto de um tema ou ideia central. O primeiro espectáculo, que abre o festival este ano, é Radio Muezzin. Não foi o primeiro que vi, mas desde o início procurei os meios para o fazer entrar na programação. Tens que fazer muitas viagens? Muitas viagens mesmo. É ridículo.
Se tivessem maior impacto teriam que passar para palcos maiores. Sim. Isso significaria continuar o que estamos a desenvolver agora, mas como um maior investimento em Comunicação, para chegar a outros públicos que pudessem encher salas maiores. Eu sei que grande parte desta programação tem uma acessibilidade que é bem maior do que a do público que, tradicionalmente, vem ao Alkantara. Podíamos ter números de ocupação de sala muito maiores. Estou interessado nessa perspectiva de alargar públicos sem comprometer os conteúdos.
Há festivais onde tens obrigatoriamente que estar? O Panorama, no Rio, é muito interessante para nós. Abre‑nos portas para um outro mundo, para uma relação que queremos desenvolver com a América Latina. Há um grupo de grandes nomes na dança contemporânea brasileira que apareceram recentemente, como o Bruno Beltrão. São nomes que começaram a sua trajectória na Europa a partir do Alkantara. O Spring Dance na Holanda é igualmente importante. Depois, nem tudo pode ser visto em festivais, há outras salas com programações excelentes que estão na trajectória de alguns espectáculos que me interessam ver.
Mas não tens uma estratégia para chamar nomes mais conhecidos por uma questão de público? Uma das vantagens do Alkantara é que não estávamos obrigados a fazer palcos muito grandes. Há vários colegas que têm esses palcos em Lisboa. Não temos que pensar em números, mas na qualidade dos espectáculos. Contudo, não penso o Alkantara como um catálogo dos melhores espectáculos do ano. Para mim, a programação não é isso, é mais um diálogo entre vários estádios de coisas que constituem um espectáculo. Há apenas uma excepção em que pensei no grande público: Savion Glover é a maior estrela do sapateado e vai estar no S.Luiz. É muito mais mainstream que qualquer outro artista do nosso programa, mas é um espectáculo muito interessante, porque ele vai mesmo às origens do sapateado, que era uma dança de escravos que eram proibidos de tocar instrumentos e, como tal, usavam os pés. Achei interessante o contexto, assim como a possibilidade de chegar a um público maior.
045 – THOMAS WALGRAVE
Sempre gostei muito do Alkantara porque, ao nível europeu, é tido como um bom exemplo de um festival virado para o artista. (...) agora, temos um novo player, há o teatro maria MATOS, QUE FAZ UMA PROGRAMAÇÃO ANUAL QUE ANTERIORMENTE CABERIA AO ALKANTARAE QUE AGORA TEM DE SER REPARTIDA.
Seria possível pensar em duplicar o público que tem actualmente? Absolutamente. Basta olhar para o Museu Berardo. É um exemplo de um museu que não se compromete na escolha das obras e dos programas expositivos e tem números de visitas muito elevados, com um público que normalmente não vai ver museus de Arte Contemporânea.
Entre os espectáculos do teu programa, quais destacas à partida? É uma pergunta complicada porque é como se estivesses a perguntar a um pai qual o filho preferido. Há múltiplos projectos interessantes, que não é necessário destacar. Já falei dos Radio Muezzin que é um espectáculo de abertura. Há uma nova criação da Vera Mantero que vai estrear no Porto. Esta é, de facto, uma novidade. Este ano, termos quatro espectáculos que acontecem pela primeira vez no Porto. A Vera é um dos grandes nomes da dança mundial e a peça é muito interessante. Há um espectáculo de dois jovens, Halory Goerger e Antoine Defoort, composto por uma parte performativa e outra de instalação, sobre Ficção Científica no meio de uma loucura total; aborda, de uma forma absurda, as questões fundamentais do nosso futuro no nosso planeta. É uma dupla completamente nova que só este ano vai passar por Avignon. Há ainda os Berlin, uma companhia belga, com uma componente documental interessante e um grande fascínio pelo real. Criam uma espécie de coreografia em torno de sete ecrãs que mexem e que vão estar montados dentro de numa tenda junto ao rio. Quero ainda chamar a atenção para a produção de um chinês e de dois japoneses, Takao Kawaguchi, Koichi Imaizumi e Dick Wong, que vêm do festival de Hong-Kong. Um deles é uma figura conhecida do cinema gay. É curioso, para um público europeu, ver como um chinês e dois japoneses marcam, entre eles, as suas diferenças nacionais culturais e individuais. Depois, temos Bruno Beltrão, de quem já falei, que vem desta vez apresentar o H3, um espectáculo fantástico. Beltrão é alguém que vem da cultura da rua, do hip hop e descobre o poder da coreografia, de escrever movimentos, de trabalhar com grupos e, desta forma, desenvolver uma nova linguagem baseada nestes modelos. Hoje, é super conceituado e aparece referido como um dos maiores coreógrafos a nível mundial.
Haveria certamente muitos outros para referir. Certamente todos muito interessantes, mas gostava de te perguntar se haveria algum espectáculo que, seja pelo calendário ou por questões financeiras, não está na programação. O espectáculo que mexeu mais comigo nos últimos dois anos não está na programação por uma combinação de problemas relativos a datas e a dinheiro. Estou a referir-me a Pequeno Inventário de lugares-comuns, da brasileira Dani Lima, sobre o que falta a uma geração 30-40 que tem tudo.
O que é que te tocou neste espectáculo? O facto de focar o leque de possibilidades com que nascemos e que, aos poucos, vamos fechando. O espectáculo dela não é propriamente trágico, antes pelo contrário. Toca em tudo aquilo que coleccionamos à nossa volta, objectos, relacionamentos, memórias que, aos poucos, vão contribuindo para que nos fechemos. O espectáculo é sobre essa golden cage, sobre a ambiguidade que se cria em torno dela. Eu gosto muito da ambiguidade. Espero que isso seja visível também na programação e que as coisas não sejam assim e assim, mas também de outras formas. Que há A e B e que há preto e branco. Penso que esta é uma perspectiva de tratar o público de forma adulta, crer na sua capacidade de digerir a informação que circula nos espectáculos e de construir a sua própria história.
Achas que Lisboa pode ser, para ti, uma golden cage? Não, pelo contrário. A mudança de país, o facto de sair da vida que tinha, da criação, da cenografia e de fazer uma coisa com a qual nunca sonhei foi uma forma de sair da minha golden cage, o que também é ambíguo. Só que, por um lado, é muito saudável. Eu gosto muito de morar em Lisboa, também gosto de trabalhar por cá, com as instituições e as pessoas envolvidas. Nem sempre é fácil, mas é um ambiente muito rico. Claro que deixei para trás uma situação que era mais confortável. Esta mudança foi inicialmente comparável a um mergulho na parte mais funda de uma piscina, sem ter certeza de saber nadar.
E tu, sabes nadar? Uma das poucas coisas que sei fazer bem é nadar.
www.alk antarafestival.pt
Escrevia o jornal Sete a 5 de Maio de 1986 que o Largo do Século se tinha revelado pequeno para acolher as largas centenas de pessoas que ali se deslocaram para ver os novos valores da moda portuguesa, chamando a atenção para as criações de Mário Matos Ribeiro e a irreverência da dupla A Primeira Aventura do Coyote (André Rosário e Hilda Portela), que apresentaram uma colecçao ao som do grupo Português Suave. Foi com um misto de inocência e de curiosidade que as Manobras de Maio apareceram retratadas na imprensa da época. Tirando os desfiles de Ana Salazar no Coliseu, os de Manuela Gonçalves no Frágil e os de José Carlos no Ritz, não havia outros eventos de moda a acontecer na altura. As manobras representavam uma lufada de ar fresco e davam a conhecer “novos talentos vanguardistas” que estavam a despontar na moda. As duas primeiras edições (1986 e 1987) tiveram lugar no Largo do Século e foram, talvez, as mais emblemáticas no que diz respeito à novidade e à irreverência dos criadores e das propostas. Em 1988 mudaram-se para o Campo Pequeno e interromperam-se os trabalhos até 1994, ano em que regressam ao Largo do Século, onde foram organizadas até 1997. Seguiram‑se os palcos de Santa Apolónia (1998), do Príncipe Real (2000) e do Museu Nacional de Arte Antiga (2005 e 2007).
—> texto cláudia gavinho
Numa época em que se sente a falta de um palco onde os jovens designers de moda possam apresentar as suas propostas, relembramos as oportunidades que se abriram a partir de um evento de rua que ficou conhecido por Manobras de Maio. Na efervescência dos anos 80 nascia um novo movimento urbano que juntava várias expressões criativas com maior enfoque para a moda. Reunimos depoimentos de alguns intervenientes como Filipe Faísca, Eduarda Abbondanza, José António Tenente, Rui Pregal da Cunha, Dino Alves, Rui Silveira Ramos e Mariana Cachulo.
046 – Central Parq | moda
Tudo começou na loja Manobras de Mariana Cachulo, no Nº 154 da Rua do Século, como a própria revela: “Era um espaço pequeno, onde vendia peças de roupa de autor, cerâmicas de Manuel da Bernarda, desenhos e pinturas da Marta Wengorovius, entre outras coisas. Um dia, eu, o João Romão e a Rita Lopes Alves estávamos no Largo do Século e pensámos que aquele sítio era um palco excelente para fazer desfiles. E começámos a trabalhar a ideia e a reunir esforços. Na altura, o espaço era utilizado como parque de estacionamento mas o Vereador da Câmara Municipal concordou em arranjar a fonte e o largo. Mesmo em frente, na Casa da Madeira (onde agora funciona a Escola Superior de Dança) foi organizado um baile para angariar fundos para o evento. Recebemos muitas candidaturas e foi preciso fazer uma triagem séria porque qualquer pessoa podia participar com o seu projecto”.
Este fenómeno da “moda virada para a rua” estava directamente relacionado com o optimismo dos anos 80 e foi vivido intensamente pelos seus intervenientes. Tudo acontecia entre o Chiado e o Bairro Alto. O bairro, livre da má fama das tabernas e dos bordéus de outros tempos, era o palco da movida lisboeta, com os seus bares, restaurantes, lojas, galerias e jornais. Por aqui circulavam, dia e noite, artistas, jornalistas, intelectuais, músicos, cineastas, modernos, gays e políticos. Foi uma altura de hedonismo e de libertação sexual que coincidiu com os primeiros casos de Sida em Portugal. Na Rua da Barroca, os Três Pastorinhos eram um local de peregrinação obrigatório para os noctívagos. Na Rua da Atalaia, o Pap'Açorda, o Frágil e a Loja da Atalaia, ambos de Manuel Reis, eram locais de culto. A loja Jónatas, aberta por João Borges (Jonas) em 1984, foi montra de vários criadores. Primeiro de Manuela Gonçalves (entre 1985 e 1988), depois de Filipe Faísca e depois de Lena Aires, que ainda hoje ali mantém a sua loja. Manuel Alves e Manuel Gonçalves abriam um pequeno atelier na Rua da Rosa, e, na Travessa do Poço da Cidade, ao lado do restaurante Casanostra, Mário Matos Ribeiro e Eduarda Abbondanza abriam também o seu espaço. 1987 foi um ano áureo para a cultura urbana, com a organização das Manobras de Inverno no Mercado da Ribeira e de muitas iniciativas associadas: uma mostra de fotografia na Galeria Emi-Valentim de Carvalho; uma exposição de artes plásticas (onde se incluíam trabalhos de Manuel João Vieira, Pedro Proença e Manuel Gantes); uma exposição de arquitectura que juntou Siza Vieira e Gonçalo Byrne; um concurso de música rock no Largo do Século (onde participaram os Sétima Legião, os Repórter Estrábico e os Pop Dell'Arte); e a estreia da peça Jogos de Praia, de Whitehead, com Diogo Dória, Rita Blanco, Vítor Norte e Suzana Borges, apresentada primeiro na Praia do Pescador e depois na Galeria Monumental, em Lisboa.
1 Imagem com Rita Lopes Alves João Romão e Mariana Cachulo, organizadores realizada por Francisco Nascimento para promover as Manobras de Maio, 1994 2 Imagem promocional das Manobras de João Silveira Ramos com Filipe Faísca, Rita Filipe e os Cayotes, (André Risário e Hilda Portela), 1986
047 – manobras de maio
1 Desfile da Construtónica na Manobras de Maio com Rui Pregal da Cunha, um dos mentores do grupo, 1987 2 Pedro Casqueira a desfilar para a Companhia dos Lobos com coordenado de Eduarda Abbondanza, 1987
Filipe Faísca Tirando o CITEX, no Porto e o CITEM, em Lisboa, não existiam outras escolas vocacionadas especificamente para o ensino do design de moda. Filipe Faísca estudava na António Arroio e costumava passar na loja de Mariana Cachulo depois das aulas. Como o próprio afirma: “Quem participava nas manobras não eram só criadores ou alunos de moda. Eram artistas plásticos, bailarinos, fotógrafos, músicos... Era um momento de festa de Verão, quase como o das festas da cidade. Formava-se ali uma energia muito forte e importante. Foi nesta altura que se começou a perceber que havia um mercado para a moda em Portugal”. Filipe Faísca participou nas duas primeiras edições e em 1994, num desfile com impacto mediático, marcado por um strip tease protagonizado pelo próprio, dando provas de agent provocateur. Para Faísca “Era um grito. Éramos movidos por um ideal e cada um gritava à sua maneira”.
Companhia dos Lobos José António Tenente vinha do curso de Arquitectura e apresentou seu trabalho pela primeira vez ao público nas Manobras de Maio, em 1986. “Eu, a Eduarda Abbondanza e o Mário Matos Ribeiro criámos a Companhia dos Lobos e cada um desenvolveu quatro coordenados, que foram apresentados num desfile único, mas criados de modo totalmente independente. O ambiente era muito efervescente, experimental, amador, divertido… Tudo o que se pode imaginar de algo que está prestes a começar. A criação de moda não tinha grande história nem tradição no nosso país. Lembro-me por exemplo, da Lena Aires, do Pedro Lata, da Zica Gaivão, de projectos como Pérolas a Porcos (de Inês Simões e Vítor Neto) e da Construtónica”.
Eduarda Abbondanza Professora universitária e reponsável pela Moda Lisboa, Eduarda Abbondanza recorda esses tempos como “Uma espécie de Woodstock na área da moda em Portugal. As Manobras de Maio foram um meeting point iniciático que representou um ensaio, uma das expressões de liberdade mais sofisticada depois do 25 de Abril. Foram importantíssimas na consciencialização de um movimento geracional. Hoje, se tal viesse a acontecer, nunca seria igual. Era uma plataforma livre, sem regras. As pesssoas increviam-se, faziam as roupas, arranjavam os manequins, encenavam os desfiles, tratavam dos cabelos, da maquilhagem. Não existiam manequins profissionais nem agências. Os meus modelos eram a Maria de Medeiros, o Pedro Casqueiro, o Pedro Felgueiras, o Ricardo Vasconcelos, a Fernanda Fragateiro... Tinhamos ideias, roupas, conceitos e muita vontade de mostrar o nosso trabalho. As pessoas encontravam-se nos mesmos sítios e havia uma vontade de fazer coisas e de multiplicar as participações em vários projectos. Os primeiros desfiles eram muito performativos e havia uma mistura enorme de gente e de projectos. Dez anos depois, muita coisa já havia mudado a nível da profissionalização da moda em Portugal. E se as Manobras de Maio não tivessem existido, provavelmente, a Moda Lisboa não teria surgido logo em 1991, mas sim muito mais tarde”.
048 – Central Parq | moda
Construtónica
Dino Alves
Em 1988, a Praça de Touros do Campo Pequeno acolheu a terceira edição das manobras. Nuno Rebelo compôs Sinfonia Falsificada: sagração do Mês de Maio, a banda sonora do evento. Esse mesmo ano é marcado pelo grande incêndio no Chiado, pelo aparecimento das três primeiras revistas femininas em Portugal –a Marie Claire, a Elle e a Máxima– e do jornal O Independente.
“Era um evento de moda alternativo, despretensioso e muito autêntico, onde os criadores apresentavam as suas ideias de uma forma descomprometida. Recordo-me de outros criadores que participaram como a Joana Vasconcelos, a Alexandra Moura e o Mário Oliveira.” As palavras são de Dino Alves que apresentou pela primeira vez as suas criações ao público no Largo do Século durante as Manobras de Maio de 1994. “Participei em três edições. Não tinha qualquer experiência, o que fiz na altura foi muito por instinto mas correu sempre muito bem. A primeira apresentação fez com que reparassem no meu trabalho e levou-me até onde estou hoje. Lembro-me perfeitamente de ver a Ana Salazar sentada nas primeiras filas do Teatro da Trindade, onde aconteceram as Manobras de Inverno e, dois ou três dias depois, me ter contactado para fazer a direcção artística de um dos seus desfiles. Na edição seguinte a Associação Moda Lisboa convidou-me para apresentar o meu próprio desfile. As manobras representavam um espaço de criação, de experimentação e de festa que cruzava várias áreas artísticas. Nenhum outro evento de moda ocupou ou substituiu o espaço que as manobras deixaram vazio”.
Rui Pregal da Cunha (vocalista dos Heróis do Mar) era, com o fotógrafo João Silveira Ramos, responsável pela secção de moda do famoso Caderno 3 do jornal e formava a dupla criativa com Helena Assédio (actualmente directora de moda da Máxima) sob o nome Construtónica. A primeira colecção foi feita para a Bienal de Jovens Artistas Mediterrânicos de Barcelona, de 1986. Acabado de chegar de uma digressão por Macau, Rui não chega a tempo de participar na Bienal mas traz “200 quilos de excesso de bagagem”. A maior parte são tecidos. “Apresentámos algumas peças no Teatro Belém Clube, no Noites Longas (antigo B.leza) e nas Manobras de Maio de 1986 e 1987. A Construtónica durou dois anos e meio. Era uma espécie de alta-costura de combate, com um pé na moda e outro na arte. Tudo era concebido como um espectáculo para um palco e não como um desfile de moda para uma passerelle. Num ano de manobras no Campo Pequeno, entrevistou um dos seus heróis de sempre para O Independente: Ricardo Chibanga, o primeiro toureiro moçambicano e um símbolo do toureio português.
049 – manobras de maio
Este ano, o festival apresentou um discurso mais intimista, ocupando um antigo cinema no Mitte, o Babylon Kino, mais pequeno que o espaço ocupado no ano anterior (o HKW), porventura propício a uma atmosfera mais familiar. Houve bastantes cortes na dinâmica do festival, o que deixou para trás o universo explosivo de Pictopia, as colaborações com as pequenas galerias de Berlim com o Character Walk, o discurso académico dos simpósios. O foco esteve assim, desta vez, nas projecções de animações e nas conferências com os autores.
—> texto Júlio Dolbeth
Mais uma vez, durante dois dias intensos, a cidade de Berlim acolheu o festival Pictoplasma, dedicado ao character design, personagens, animações, desenho e Ilustração. Este ano em formato reduzido em relação ao ano anterior, no que diz respeito a eventos e projectos paralelos.
O festival Pictoplasma de 2010, mais uma vez conduzido por Lars Denicke e Peter Thaler, volta a criar uma atmosfera de criatividade, efervescência visual e uma multidão de personagens gráficas para uma vasta comunidade de autores e admiradores. O alinhamento do festival concentrou-se em projecções de animação e motion graphics, exposição e conferências, culminando, como de costume, na festa de encerramento, desta vez no club HBC, no centro da cidade. As palavras-chave para esta edição partiram de conceitos como o regresso ao desenho, DIY (do it yourself), artesanato, cultura popular e, essencialmente, de um retorno ao desenho analógico. Em geral, todos os artistas convidados foram generosos na partilha de processos, revelando cadernos de esboços, desvendando percursos, apresentando parcerias e cumplicidades.
A exposição de destaque para esta edição é Pen to Paper, com itinerância a partir de Londres, passando por Berlim e Paris. Uma exposição cuja identidade assenta na cultura analógica, procurando abordagens que afastam o computador como modus operandi, privilegiando a espontaneidade do desenho à mão. Reflecte um revivalismo crescente, inspirado em técnicas tradicionais de desenho, baseadas no registo informal, no carácter vernacular dos materiais e dos suportes. O Pictoplasma apresenta, com esta exposição e edição de catálogo, um conjunto de autores cujo processo de trabalho se insere nesta perspectiva manual, uma tendência também expressa na selecção dos vídeos apresentados, um retorno ao do it yourself, apresentando uma grande percentagem de obras em que a manualidade e tecnologia artesanal assumem o papel principal: marionetas onde se vêem os fios que as sustentam, personagens feitas a partir de peças de fruta, de bolos e de gelatinas ou papéis recortados. A selecção de artistas escolhidos para esta apresentação em Berlim é bastante ecléctica quanto aos estilos de registo, porém coerente nas abordagens técnicas e nos suportes, que na sua maioria elegem a simplicidade de uma folha de papel como suporte de eleição. Na Pen to Paper podemos encontrar originais de Shoboshobo (FR), Allyson Mellberg Taylor (US), John Casey (US), Luke Ramsey (CA), Eric Shaw (US) ou Ian Stevenson (UK), entre outros.
050 – Central Parq | ilustração
As projecções foram divididas em três categorias, à semelhança dos DVDs lançados pelo Pictoplasma: Characters in Rythm, Characters in Motion (terceiro DVD editado este ano) e Characters in Narration. Do alinhamento, também fizeram parte projectos especiais, tais como a Psychedelic Midnight Mix, o trabalho dos onedotzero - wow+flutter09 e um best of de 2010. No final das sessões, os autores presentes foram convidados a subir ao palco para partilhar processos de trabalho e responder a questões do público.
Em relação às conferências, houve alguma desilusão em determinados discursos. A timidez e a dificuldade de comunicação de alguns artistas impediram que o seu trabalho fosse realmente compreendido, criando, no entanto, um certo magnetismo acerca da personalidade de cada um. Como fio condutor, todos os autores partilharam com a audiência os seus processos: foram projectados bastantes cadernos de esboços, skechbooks e partilhadas ideias de novos projectos em fase embrionária. As perguntas do público assentaram muitas vezes em questões de execução e opções técnicas, embora também tivessem sido levantadas questões conceptuais, relacionadas com os projectos apresentados.
Os momentos altos do festival foram protagonizados por Peter de Sève (USA), ilustrador norteamericano responsável pela criação de várias personagens de blockbusters de animação, sendo a mais conhecida o esquilo paleolítico da "Idade do Gelo". Na apresentação do seu trabalho e percurso, teve direito a uma sala cheia, com pessoas sentadas pelos corredores, além de uma extensão do tempo da comunicação – "mais meia hora" – gritado por alguém do público. Outro momento feliz permitiu a Luke Ramsey, artista e ilustrador canadiano, na apresentação do seu projecto de residência artística "Island Folds", promover uma ideia de partilha e colaboração expressa em vários trabalhos produzidos a dois autores. Duas das palavras fundamentais para Luke são "partilha" e "colaboração", apontando para uma ideia de ilustração onde a imagem é enriquecida através da participação de mais do que um autor, não em registo de cadáver esquisito, mas sim numa harmonia de abordagens. No final da sua apresentação, Luke faz voar um avião de papel pela audiência, a quem ofereceu um desenho original no lugar de aterragem.
Fica a esperança de um retomar dos simpósios nas próximas edições, para recuperar a discussão e o pensamento académico à volta deste universo tão particular, e permitindo ir para além de uma redutora identidade do festival, consignada a uma apresentação de portfólios.
051 – pictoplasma Joost van Bleiswijk
A prová-lo está a realidade dos números: uma em quatro empresas pretende investir em outsourcing a partir do próximo ano. Segundo as entrevistas a mais de 500 executivos, o principal benefício deste regime não será o de poupar dinheiro. O alvo é a inovação. Segundo a oDesk, no futuro, para se estar empregado, será essencial ser-se criativo e multidisciplinar. As equipas passarão, assim, a assemelhar‑se a colectivos de produção de cinema. Indivíduos independentes, com talentos únicos, vão juntar‑se, estrategicamente, para desenvolver um projecto para uma dada empresa. Nesta perspectiva, o futuro será feito de freelancers e de equipas interdisciplinares e liberais, ao melhor estilo warholiano.
O Futuro, hoje —> texto Diana de Nóbrega
O mercado de trabalho actual encoraja-nos a fazer algo novo e a olhar o que já existe de uma nova perspectiva. O projecto MADE é um exemplo de quem decidiu abraçar o inesperado e desafiar os limites. O futuro incita-nos a seguir por outros caminhos e a combinar o que já conhecemos de outras formas, surpreendentes, dando vida ao inimaginável.
Quem disser que nunca sentiu a natureza mutável do mercado de trabalho mente. Hoje, tudo é cada vez mais rápido, global e acessível e, ao mesmo tempo, existem cada vez mais Licenciados nas listas do Desemprego. Todos nós já nos interrogámos sobre qual será a saída desta espiral. As regras do jogo mudaram e apenas sobrou uma sombra das certezas que caracterizavam as gerações anteriores. A oDesk, uma plataforma norte‑americana dedicada à gestão de Recursos Humanos, efectuou um estudo sobre o futuro do mercado de trabalho que arrisca conclusões globais. Há dez anos, não havia redes sociais, nem sequer, por incrível que pareça, Internet! Actualmente, as equipas de trabalho utilizam a Web para colaborar, a partir de qualquer parte do mundo, a qualquer hora do dia ou da noite. Segundo o estudo, publicado online, a competição para um posto de trabalho vai deixar de estar associada ao local onde se vive, a produtividade será rigorosamente medida por ferramentas electrónicas e a palavra carreira estará tão desactualizada como as máquinas de escrever.
MADE, o sonho No início, era apenas um sonho. Um lugar inspirador. Uma plataforma para mentes criativas de várias áreas, cujos caminhos dificilmente se cruzariam. Depois, tornou-se uma visão. Um atelier, um espaço para trabalhar, para socializar, um laboratório criativo. Numa altura de crise económica, contra todas as conjunturas, a equipa MADE e tadiROCK, a sua fundadora, decidiram torná-lo possível. “O Made funciona como um fórum dinâmico, onde criativos de várias áreas desenvolvem visões em conjunto”, explica Nico, responsável pela Comunicação do espaço.
Um local único, em Berlim, que oferece às mentes criativas liberdade para trocar ideias e trabalhar em conjunto. Designers, músicos, arquitectos, realizadores, dancarinos e outros profissionais criativos são incentivados a comunicar e a trocar estratégias com o objectivo de obter resultados ultra-inovadores. A composição do espaço, só por si, já quase que contribui para o sucesso do projecto. Os impressionantes 430 m2 de um design muito funcional e reduzido, projectado pelo arquitecto Alexis Dernier, que também faz parte do colectivo MADE, ganham vida num open space branco gelo, iluminado por candeeiros icónicos a perder de vista. O sistema de luz, também desenhado pelo arquitecto em exclusivo para o MADE, é regulável e satisfaz o apetite dos utilizadores no que diz respeito à intensidade, temperatura e até à cor: consoante o projecto a ser desenvolvido e o espírito da equipa de trabalho, criam-se ambientes de quase todos os tons do espectro de cores.
052 – Central Parq | escritórios
O atelier é, tal como a filosofia do projecto, polivalente e adaptável a qualquer profissão criativa. Os seus sofás metalizados podem estar no lugar das prateleiras num dia e servir de cenário para uma peca de teatro noutro. O que já aconteceu com a companhia “Amor&Psiché”, apoiada pelo MADE. “Uma vez que o tempo do individualismo no trabalho chegou ao fim, a tendência é cada vez mais a do trabalho de equipa e de processos de trabalho paralelos e em rede, mantendo sempre a perspectiva de se ser pioneiro”, sublinha Nico Zeh. “O MADE é uma experiência substancial e uma plataforma que combina diferentes campos de trabalho para resultados extraordinários”, afirma. Um laboratório onde os objectivos são a experimentação e a análise de resultados. “O desafio é fazer com que os artistas ousem sair das suas zonas de conforto, desenvolvam algo extraordinário e lhe dêem vida, de forma a transcender os limites das suas próprias mentes. A ideia é criar algo extraordinário a partir da combinação de pelo menos dois criativos de áreas distintas”.
Podíamos pensar no Made como um paralelo da Factory de Andy Warhol, já que esta também juntou pessoas de diferentes áreas, algumas delas vistas na época como marginais, ainda que hoje sejam veneradas pelo seu legado criativo que ainda nos influencia. Mas aqui, em vez de Andy, temos uma figura feminina, a tadiRock, que trabalhou dezoito anos como manager da indústria discográfica e com nomes como a Universal, Rammstein, Nirvana, Faith No More e Guns N’ Roses. Actualmente, cria retratos com figuras dos mass media, da indústria discográfica e da vida nocturna. A artista pretende assim documentar uma época pois, na sua opinião, as palavras de Andy Warhol fazem agora mais sentido que nunca: “todos podem ser estrelas por quinze minutos”. Para os mentores da Made, Warhol foi capaz de marcar encontros inesperados entre diferentes disciplinas artísticas e tornou as suas visões realidade. Uma inspiração para o trabalho criativo do século XXI. “No futuro, tudo se irá mover mais rápido e com mais complexidade”, afirma Nico Zeh, “E nós iremos crescer com a necessidade de performances profissionais com mais qualidade”. Tudo se relaciona com a evolução da sociedade. E, como temos observado nos últimos anos, o Homem é capaz de se adaptar rapidamente. Segundo Nico, “o futuro do trabalho não é previsível, mas nós fazemos parte da tendência avant garde, em direcção à globalização e à rede, que comprime a distância espacial e nos empurra para a igualdade”, explica. Mas o criativo tem uma teoria que resume a tendência futura, onde o dinheiro não é o objectivo principal: “se seguires o teu coração, a tua paixão, e fores verdadeiro contigo próprio, os lucros seguir-se-ão”.
053 – extraordinary things can be made
Com esta distinção, o prémio mais prestigiante da Arquitectura volta a ser entregue, pela quarta vez, ao Japão –a primeira vez foi Kenzo Tange em 1987, depois Fumihiko Maki em 1993 e, em 1995, foi a vez de Tadao Ando. É ainda a terceira vez que é atribuído a dois arquitectos no mesmo ano– a primeira foi em 1988, quando Oscar Niemeyer e Gordon Bunshaft foram galardoados, a segunda em 2001, quando Jacques Herzog e Pierre de Meuron foram os vencedores.
—> texto ana rita sevilha
Pela quarta vez, o prémio Pritzker vai para o Japão. A 17 de Maio, no porto de Ellis Island, em Nova Iorque, a cerimónia formal vai agraciar Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa, os mentores do atelier SANAA. Esta dupla nipónica é responsável pelo projecto Serralves 21 que prevê uma ampliação do Museu de Arte Contemporânea do Porto, através de um pólo, a construir em Matosinhos, que deverá estar pronto em 2012.
Depois de, em 1979, Philip Johson ter sido distinguido com o Nobel da Arquitectura, muitos nomes sonantes do panorama arquitectónico se seguiram. De Luís Barragán em 1980, a Leoh Ming Pei em 1983, passando por Robert Venturi em 1991, Álvaro Siza em 1992, não esquecendo também Zaha Hadid em 2004 e Peter Zumthor em 2009. Este ano, o Pritzker foi para a dupla por detrás do colectivo japonês SANAA: Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa.
“Simultaneamente delicada e poderosa, precisa e fluída, engenhosa na criação de edifícios que, com sucesso, interagem com o seu contexto e as actividades contidas no mesmo, criando um sentido de plenitude e riqueza experiencial; uma arquitectura singular onde a linguagem salta como molas de um processo único e inspirador, desde os notáveis edifícios já construídos até aos prometidos novos projectos”. Foi desta forma que o presidente do júri do Prémio, Lord Palumbo, falou da Arquitectura da dupla japonesa aquando do anúncio dos vencedores.
O júri aproveitou para lembrar alguns dos projectos com a assinatura SANAA –como o O-Museum de Nagano e o 21st Century Museum of Contemporary Art em Kanazawa, ambos no Japão, mas também o Pavilhão de Vidro do Toledo Museum em Ohio, o De Kunstline Theater and Cultural Center em Almere, na Holanda, o New Museum of Contemporary Art, em Nova Iorque, ou ainda o recente Rolex Learning Center, em Lausanne, Suíça– referindo que “os edifícios criados por Sejima e Nishizawa parecem enganosamente simples. A presença física perde importância, criando-se um fundo sensual para as pessoas, objectos, actividades e paisagens”. Sublinham ainda os jurados a forma como eles “exploram como poucos as propriedades do espaço contínuo, da luz e da transparência e materialidade criando uma síntese subtil”.
054 – Central Parq | arquitectura
No entanto, esta síntese não é sinónimo de uma operação redutora, mas antes fruto de uma “intensiva e rigorosa investigação, ancorada num trabalho árduo e numa determinação de ferro. É um processo onde cada programa é exaustivamente investigado nas suas múltiplas possibilidades e explorado através de inúmeros desenhos e modelos que testam qualquer alternativa. As ideias são consideradas e descartadas, reconsideradas e voltadas a trabalhar até restarem apenas as qualidades essenciais de Design”. O Pritzker é atribuído desde 1979 e tem como objectivo honrar anualmente um arquitecto vivo e com uma obra construída que demonstre uma combinação de talento, visão e compromisso, a par de uma consistente e significativa contribuição para a Humanidade e o ambiente através da Arquitectura. A cerimónia formal da entrega do Prémio, este ano, terá lugar a 17 de Maio em Ellis Island, no porto de Nova Iorque.
www.sanaa.co.jp
new museum of contemporary art (2003 - Nova Iorque, EUA)
055 – sanaa
loja dior (2001 - Tóquio, Japão)
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Zollverein school of management and design (2003 - Essen, Alemanha)
057 – sanaa
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Diogo:
josé luís: calças camisa boxer DIESEL, cinto MARLBORO, fio SALSA
welcome to madness foto pedro pacheco
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calças NUDE na Wrong Weather, marcel INSIGHT, colete DIESEL
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David: calças, blusão e t-shirt LEE, óculos RYE&LYE no Oculista das Avenidas Jorge: calças INSIGHT, camisa e blusão DIESEL
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tiago:
Jorge: calças CARHARTT, corta
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José Luís : casaco ICECREAM
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José Luís: calças LEVIS ENGINEERED, t-shirt cavada ADIDAS, cinto ENERGIE David: calças PEPE JEANS, t-shirt VOLCON, casaco ZZEGNA Diogo: calças e cinto
PEPE JEANS, sweat HE/ MANGO, chapéu REPLAY, brief Bjorn Borg
Tiago: calções WE ARE REPLAY, marcel H&M Jorge: calções FRED
PERRY
José Luís: calças e blusão LEVIS, t-shirt CARHARTT, óculos ALAIN MIKLI no Oculista das Avenidas, cinto SPRINGFIELD Jorge: calças e colete WE ARE REPLAY, camisa HILFIGER DENIM, t-shirt LEVIS, óculos PERSOL na mão.
Jorge: calรงas LEVIS,
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Tiago: calรงas GAS, polo
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Diogo: calรงas e blazer GANT, polo LACOSTE RED!
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Agradecimentos a Constança e José Mata.
hugo: t-shirt branca e cinto
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hugo: blusรฃo azul PEPE
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Suelen: vestido
TWENTY8TWELVE
texto:nuno adragna
portas de sol Largo das Portas de Sol (Sta Luzia) Lisboa
A esplanada das Portas do Sol, perto do miradouro de Sta Luzia, já tinha uma das melhores vista da cidade. Mas os proprietários, Tomás Collares Pereira e Miguel Cristo, não quiseram render-se a este encanto imediato que favorece o local e decidiram oferecer, a complementar o deslumbre que é o Mar da Palha nestes meses quentes de luz transparente, um serviço cosmopolita que nos faz pensar, por momentos, num país muito sofisticado. Não é que falte beleza ímpar a Lisboa, mas uma oferta de serviços mínimos de qualidade —e basta olhar para a restante oferta em redor, num dos cantos mais turísticos de cidade. A esplanada, assente na cobertura de um parque de estacionamento, é constituída por dois espaços distintos. Um é o terraço, bastante desafogado, que 74 – Parq Here | places
para além de mesas e cadeiras oferece sofás negros de dois lugares e divãs circulares a convidar à descontracção. Já a zona coberta, com uma luz filtrada que altera de tonalidade, oferece um espaço marcado pela suavidade dos revestimentos em pinho claro que cobrem a estrutura de betão. Servem sopas, como a de cenoura com hortelã ou a de ervilhas com presunto, sandes (mozzarella com presunto, camembert com mel e endívias, a 6€), saladas (rúcola com chèvre e pesto, 8€), hambúrgueres e doces. Para os apreciadores de long drinks, o bar também sabe dar uma resposta exacta, sendo a carta suficientemente vasta para um cliente moderadamente exigente. Funciona todos os dias, das 10h00 à meia-noite (sextas e sábados estica até às 02h00).
texto: nuno adragna
texto: Nuno Adragna
Rua da Conceição, 3, Porto. 966 984 250 De 2ª a sáb., das 13h00 às 2h00. Encerra ao dom. www.cafecandelabro.blogspot.com
Calçada do Combro, 8, Lisboa 211 932 688. De 2ª a sáb. das 11h00 às 20H00
candelabro Candelabro é a nova coqueluche da cidade do porto. Neste novo bar, instalado num antigo alfarrabista, situado na baixa do Porto, saltam à vista as prateleiras com livros. Grande parte é para consulta, mas também há alguns à venda. Sem transformações radicais no interior, herdou da loja de livros a mesma topografia e o mesmo bom gosto. A luz é filtrada com o rigor de um espaço intimista e a disposição das mesas e cadeiras permite estar sentado a olhar pela janela ou à conversa com um grupo de amigos. É um dos recentes pontos de encontro no Porto para um 76 – Parq Here | Places
akira
copo de vinho a seguir a um dia de trabalho. A música tem uma presença discreta sem grande pretensiosismo e sobretudo sem se sobrepor às conversas. Tudo convida a ficar um pouco mais… desde a possível conexão online até ao facto de se poder fumar no interior, passando por um serviço de qualidade, aliado a uma prática de bons preços. As bebidas destiladas custam €3,50, a cerveja e o vinho a copo €1,50 e uma torrada, ainda para mais servida com manteiga e compotas, €1. Também há sanduíches, bolo de chocolate e pastelaria variada.
O nome da banda desenhada Manga mais popular no Japão, Akira, não poderia passar despercebida no centro de Lisboa. Na movimentada Calçada do Combro, entre Santa Catarina e o Bairro Alto, esta loja luminosa oferece raridades Manga, para além de espelhar a grande paixão pela cultura nipónica da sua mentora, Dulce Ramos. A concepção do espaço e o conceito da loja reflectem as várias viagens que tem feito a Tóquio, tanto que este projecto comercial poderia muito bem situar-se numa das ruas de Shibuya, a zona trendy da capital japonesa.
Nem falta o tradicional chá de boas vindas. Actualmente, a montra desta loja exibe uma colecção de ténis e de têxtil das linhas especiais da Adidas Originals . Predominam as colaborações com Jeremy Scott, David Beckham e ainda a linha Star Wars. De futuro, o objectivo está centrado numa das jóias da coroa, a linha de Stella McCartney. Apesar do actual domínio da Adidas, este novo espaço tem procurado diversificar a sua oferta de produtos. Conta já com uma linha de ténis da Puma e outras marcas hão-de seguramente seguir-se, no processo de consolidação desta loja.
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Cocktails: Cucumber Royale • 1 Gin Hendricks • 1 Xarope de Pepino • 3 partes de espumante rosé
Distinguir as várias propostas e conhecer as possibilidades de cada um pode oferecer em termos de cocktails para alem do tradicional Gin Tónico é a nossa proposta.Todos os Gims são realizados a partir de uma combinação de elementos botânicos e especiarias diversos que lhes dão o arama e paladar diversificados. Em geral um Gin primium passa por três a cinco processos de destilação libertandose de todas as impurezas. Cada fase é uma forma de o polir por um processo quase artesanal até chegar aquela complexidade de sabor desejada.
cocktails com gin Em Portugal, o consumo de Gin subiu entre os jovens, tanto no espaço doméstico como nocturno, contrariando a ideia de ser uma bebida fora de moda. Este ressurgimento tem sido acompanhado pelo aparecimento de um segmento premium que elevou o Gin a um outro patamar. Ao lado do Bombay Saphhire,com a sua apelativa cor azul e do Tanqueray há mais tempo no mercado português, apareceram os ingleses Beefeter 24 e Hendricks. Aliás a Beefeater é o exemplo da necessidade de criar um up grate do seu tradicional Gin propondo 24 para fazer face a um gosto mais actualizado. Em termos gerais todos estes novos gins desceram o valor predominante amadeirado das bagas do zimbro que é o que define no essencial o seu sabor clássico, acrescentando outros sabres que lhe dão uma maior complexidade. 78 – Parq Here | gourmet
O Tanqueray, deixa na língua um sabor picante de especiarias e fresco das ervas dominado pelo sabor do Zimbro. O sabor do zimbro é bem equilibrado o que combina perfeitamente com o quinino da água tónica. Para alguns perfeito para o tradicional Gin Tonic. Já o Bombay Sapphire, destilado três vezes, tem um sabor fresco e suave onde as notas de especiarias aparecem e como tal, aguenta combinações com sabores fortes como pode ser o limão e lima. O novo Beefeater24 é destilado cinco vezes e traz a novidade da combinação de diferentes chãs dando a este Gin suave levemente cítrico um sabor pouco usual. O ideal é não esmagar este gin com elementos muito fortes sendo preferíveis sabores frutados e leves O Hendriks, è também um dos exemplos dos novos gins em que o sabor do Zimbro é atenuado trazendo ao de cima o sabor de pepino e de rosas que são apenas alguns dos 20 elementos que entram na sua composição. Este Gin é destilado três vezes, muito suave e aconselhase a não ser misturado com sabores muito fortes. Mesmo num Gin Tonic aconselha-se substituir a tradicional rodela de limão por rodelas de pepino para manter toda plenitude do seu sabor.
Para fazer o xarope de pepino corte um pepino as rodelas para um recipiente e cubra com melaço ou açúcar e um pouco de água. Meta no congelador durante duas horas. Misture num shacker em partes iguais esse líquido que se formar com o Gin e o gelo. Depois verta o conteúdo para um flute e junte o espumante mexendo ligeiramente.
Negroni • 1 Gin Beefeater 24 • 1/2 Campari • 1/2 Porto Tawny • 1/4 Xarope de groselha • 3 partes de espumante Mistrure todos os ingredientes num flute depois deite o espumante por cima e guarnecido com algumas groselhas. Art of the Fizz • 1 Gin Tanqueray • 3 Água tónica • 1 Lillet (licor de laranja francês) • 1 Sumo de limão • rodelas de laranja • Folhas de mente
Savoy • 2 Toranjas • 1 Gin Bombay Sapphire • 1 licor de laranja Estrema as toranjas e junte o sumo num shaker com gelo Gin e o licor de laranja em partes iguais. Misture e escorra para um copo de Martini. O licor de laranja pode ser substituído por Cointreau.
Corte em várias partes as folhas de menta para libertar sabor e coloque num copo alto. Misture em partes iguais Gin sumo de limão e Lillet que pode ser substituído pelo Licor Beirão. Junte no copo com gelo e preencha com água tónica que deve ser metade do restante líquido do copo.
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Basta marcar: 213 813 939 / 933 813 939 213 813 939 / 933 813 939 OEIRAS 214 412 807 / 934 412 807 CASCAIS 214 867 249 / 914 860 940 ALMADA 212 580 163 / 917 164 591 COSTA DA CAPARICA 212 580 163 / 917 164 591 COIMBRA 239 714 307 / 961 014 220 LINDA-A-VELHA 213 813 939 / 933 813 939 LISBOA
PARQUE DAS NAÇÕES
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81 – Parq Here | English Version
Crónica de Claúdia Matos Silva
Dia ivo it Pos
Kindle Surpresa
Não é chocolate. Não tem formato oval. E nem sequer escon‑ de um brinquedo no seu interior. Não fosse um L a mais e um R e a menos —o Kindle poderia mesmo ser confundido com uma brincadeira de miúdos— mas não podemos esquecer que o preço não tem graça nenhuma. O Kindle é um leitor de ebooks (livros digitais) criado pela Amazon de Jeff Bezos. Uma verdadeira heresia para os que comungam da paixão pelo livro físico enquanto objecto de culto. Carrie Bradshaw de “Sexo e a Cidade – O Filme” não morreria de amores por esta maquineta. Se recuarmos à cena em que, envergando somente uma lingerie sexy e um colar de pérolas, lê “Love Letters of Great Men” (requisitado na maior Biblioteca de NY), percebemos que nada supera o romantismo das folhas amarelecidas pelo tempo, o cheiro do papel, a tinta esborratada por lágrimas derramadas ou uma capa marcada pela base de uma chávena. Vejamos, nem todos têm a sorte da Carrie, que para além de ter a maior colecção de sapatos da cidade, rece‑ beu como presente um roupeiro onde efectivamente cabe a ci‑ dade inteira. A falta de espaço, as traças, os bichos do papel, a humidade, onde está o romantismo para quem tem casas pe‑ quenas e a abarrotar pelas costuras? Durante muitos anos a equipa de Bezos testou as potencialida‑ des do Kindle, até que o primeiro modelo foi lançado nos EUA em 2007. As qualidades são tantas que fizeram dele um redon‑ do best-seller. A portabilidade, leveza, ergonomia e a facilida‑ de de navegação conquistam-nos ao primeiro contacto. Mas a certeza de que estamos perante um produto magnificente sur‑ ge quando somos desafiados a ler. O ecrã simula na perfeição uma página de papel, sem brilhos, e não é difícil cair na pateti‑ ce de molhar o dedo para mudar de página! Entretanto, surge o Kindle 2, uma edição aprimorada da primeira versão que para além de ebooks, lê jornais, revistas, blogs e com a rede 3 G possibilita acesso gratuito ao site da Amazon para a aquisição de novos títulos. Por fim já está no mercado desde Maio do ano passado o Kindle DX, destinado sobretudo a es‑ tudantes e leitores de jornais. Talvez não seja mal pensado guardar a prateleira para livros real‑ mente prioritários. Porque se usar o Kindle, a inicio não é barato —o valor actual ronda os 280 Dolares— a média prazo constitui um investimento. Os opositores reclamam que assim se avi‑ zinha o fim do livro. Porque não perspectivar as mais valias do fenómeno, que irá estimular mais que nunca a leitura? Afinal, quando partimos deste mundo não podemos levar os livros con‑ nosco mas ninguém nos tira o que sentimos quando os lemos.
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