Parq 43

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FKA TWIGS

FA L A AT E L I E R

ROO SMA R I J N PA L L A N D T

N OV OS D E S I G NE R S D E MO D A P O R T U G U E SES


PARQ MAGA ZINE

N .43. ANO VI . OUT. 2014

DIRECTOR

TEXTOS

EDITORIAL

Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com

Ágata C. de Pinho Ana Margarida Meira André Marques André Silva Beatriz Teixeira Carla Carbone Carlos Alberto Oliveira Carlos Oliveira Davide Pinheiro Francisco Vaz Fernandes Hugo Filipe Lopes Marcelo Lisboa Maria João Rebelo Maria São Miguel Mariana Viseu Paula Melâneo Pedro Lima Roger Winstanley Romeu Bastos Rui Miguel Abreu Sara Madeira Vânia Marinho

Ao Futuro

EDITOR Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com COORDENAÇÃO EDITORIAL Joana Teixeira COORDENAÇÃO DE MODA Tiago Ferreira DIRECÇÃO DE ARTE Valdemar Lamego v@k-u-n-g.com www.k-u-n-g.com PERIOCIDADE: BImestral DEPÓSITO LEGAL: 272758/08 REGISTO ERC: 125392 EDIÇÃO Conforto Moderno Uni, Lda. NIF: 508 399 289 PARQ Rua Quirino da Fonseca, 25 – 2ºesq. 1000-251 Lisboa T. 00351.218 473 379

FOTOS Ana Luísa Silva António Bernardo Carlota Andrade Diogo Ferreira Filipe Estrela José Ferreira Maria Rita Nian Canard Sal Nunkachov STYLING

IMPRESSÃO EURODOIS 20.000 exemplares DISTRIBUIÇÃO Conforto Moderno Uni, Lda. A reprodução de todo o material é expressamente proibida sem a permissão da Parq.Todos os direitos reservados. Copyright © 2008 — 2014 PARQ. ASSINATURA ANUAL 12€

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Barbie Doll Marketeers Conforto Moderno Karina Leigh Maria Féria Rhona Ezuma Tiago Ferreira

Nunca acreditei em coincidências porque, de certa forma, os acontecimentos seguem uma ordem propícia às condições que os geram. Por essa razão nem sempre os acasos são tão acasos assim. Olhando para esta edição, onde grande parte dos textos são propostas dos colaboradores, sem que lhes seja imposto um tema específico, ainda assim, muito se fala de futuro, mesmo quando se olha para o passado. É evidente que entre nós, como vocês, há uma enorme sede de futuro que se constrói cada vez mais no anonimato, mais nos pequenos gestos do que na esfera política. Nesta edição trazemos o trabalho de ROOSMARIJN PALLANDT, uma espécie de novo discurso geopolítico tecido em lã, os FALA ATELIER, com as suas questões sobre a habitação em espaços de grande concentração humana, uma condição num futuro próximo para grande parte da humanidade. Trazemos ainda alguns dos novos valores que se revelam grandes promessas no panorama da moda nacional assim como FKA twigs que todos apontam como o futuro da soul. A PARQ é isso mesmo, luminosa e confiante. por Francisco Vaz Fernandes


N .43. ANO VI . OUT. 2014

PARQ MAGA ZINE

ROOS MARI J N PA L L A N D T

F K A T W I GS

FA L A AT E L I E R

YOU MUST

NOVOS DE SI GNERS DE M O D A P O R T U G U E S E S

Fotografia: NIAN CANARD Styling: SÓNIA JESUS Modelo: ASTA DELFINA @ 1ST MODELS LONDON Make-up & Hair: KEIKO NOZOWA

Nespoon Add Fuel Soft Sex Live in Levi's ® Zombies Larry Clark Tink! Music André Henriques Alfaiates Africanos em Lisboa Made for Mischief Cons Weapon Soho Neon Legacy Marc Newson New Colorado Toino Abel Beleza Shopping

Arte Arte Cinema Moda Cinema Cinema Música Música

08 10-11 12 14-19 20 22 26 27

Moda Moda Moda Moda Moda Moda Moda Moda Beauty Shopping

28-31 32 33 33 34 35 36 36 37 38-39

Música Música Música

40-41 42-43 44-45

Moda Arquitectura Design

46-49 50-53 54-57

Arte

58-59

Moda Moda

60-67 68-77

SOUNDSTATION FKA Alt—J Banks CENTRAL PARQ Moda — Sangue Novo Fala Atelier Roosmarijn Pallandt Kruella d'Enfer + AkaCorleone FASHION After the Hunt Play Hard PARQ HERE Fred Perry COS Foccacia in Giro Mensário Nocturno

Moda Moda Dinner Lazer

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78 80 81 82






Street Art

YOU MUST

NeSpoon No coração de Portugal “tropeçamos” num mural enrendado, onde a arte urbana explora de forma curiosa a herança cultural nacional —estamos no Fundão, onde, a convite da WOOL, NESPOON regressou para decorar a cidade com renda. No âmbito do CALE – Festival de Rua do Fundão, a artista polaca deixou a sua marca no espaço urbano com uma série de intervenções artísticas de crochet pintado —intitulas de “joalharia pública”, devido ao seu carácter estético. A mensagem é simples: reproduzir emoções positivas no público, através de padrões rendados que comunicam com qualquer pessoa, através da sua linguagem gráfica universal, enraizada em diferentes culturas. Uma teia entrelaçada que representa simetria, inspirando ordem e harmonia na sua simplicidade imagética. No Fundão, NESPOON inspirou-se com o coração e respondeu ao pulsar artístico da cidade vestindo-a de renda, trabalhada com spray e decalque.

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T: Joana Teixeira


#WEARETIPPED

FREDPERRY.COM

SAGATEX, LDA — Tel:+351 225 089 153 — www.sagatex.pt


Street Art

YOU MUST

Add Fuel A arte de ADD FUEL reúne em si mesma uma dualidade inerente e genuína. Nas ruas, em galerias ou em ilustrações, não há espaço proibido para esta criatividade. De Cascais para o mundo, DIOGO MACHADO mostra-se com uma energia única e uma determinação irrevogável, indispensáveis a quem quer ter nome no panorama internacional de intervenção de arte urbana.

Já Foi uma Casa Portuguesa, de Certeza. Festival de pintura de mural em Cascais, Muraliza, 2014.

Vens do Stencil para a Street Art. Este percurso relaciona‑se com uma necessidade de transmitir uma mensagem mais forte e a um maior número de pessoas? Penso que isso acabou por acontecer sim, mas não foi essa a minha intenção de todo. Desde adolescente que tenho um gosto por arte e sempre tive isso como um fator de influência na minha vida. Embora não seja completamente relacionado, tirei licenciatura em Design Gráfico e, como já disse, sempre desenhei. O salto do desenho e ilustração para o muralismo foi algo que senti que tinha que fazer. Hoje em dia a street art é muito falado e está "na moda", mas para mim a utilização do stencil e o facto de o aplicar em mural vem devido ao ter começado a trabalhar em cerâmica e na reinterpretação e criação de padrões em azulejos. Depois de ter os azulejos finalizados, para mim o que fez sentido foi devolvê-los à rua, colocar pequenas peças meio perdidas em cantos de edifícios. Depois, quando surgiram oportunidades de o fazer em paredes completas, a minha solução foi o stencil, que tenho vindo a explorar desde então e cada vez mais gosto deste caminho. Onde este caminho me vai levar? Não sei, talvez juntar stencil com pintar a spray à mão livre? Talvez. Qual foi até agora o local onde mais gostaste de intervir e porquê? Cada local é sempre especial à sua maneira e não consigo mesmo escolher um. Cada pintura é única e cada uma delas traz experiências e interações novas, posso enumerar algumas e o que ficou de bom para mim. Recentemente estive na Tunísia e foi espetacular. Pelas pessoas, pela vila e pela interação com os outros artistas. Quando estive em Coimbra adorei a ligação que consegui fazer entre a pintura e o local, e também pela força da mensagem. Em Paris foi espetacular pelo projeto em si, pelo facto de ter passado uma semana com grandes amigos a pintar e pelo ambiente que consegui criar na minha divisão. Em Lisboa, das duas vezes que pintei com o EIME, uma delas pelo resultado final que trouxe um feedback fantástico (o mural MENTAL IDADE), e a outra mais recente pelo desafio de pintar um mural gigante. Há sempre algo de diferente, mas no final, todas as pinturas (ok, quase todas) são extremamente gratificantes.

E qual seria o local de sonho? Para pintar e para viajar, Nova Iorque. Ainda não aconteceu (nem a viagem nem a pintura) mas sei que vai acontecer. O mural que participaste alusivo aos 40 anos do 25 de Abril na Av. Berna foi vandalizado dias depois de ter sido finalizado. O que sente um artista numa situação deste género? Sentes que abanaste alguma coisa, sentes que o que fizeste não passou ao lado. Não é grave nem preocupante. Um mural na rua, depois de terminado pode durar uma hora como pode durar dez anos até que alguém faça algo por cima... Mas neste caso foi muito específico, o mural tem uma temática forte para nós, como

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T: Mariana Viseu


Street Art

YOU MUST

Projecto em Djerbahood, Túnisia 2014

portugueses, e as opiniões podem dividir-se. No entanto, graças ao esforço e rápida ação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e da Under Dogs, foi feita uma rápida recuperação do mural, que, na minha opinião é a melhor maneira de lidar com este tipo de vandalismo. Vandalizam, restaura-se logo, no dia seguinte passam por lá para ver a sua "obra" e, de repente, é como se nem tivessem feito nada. Em Djerbahood, pelo teu trabalho foste convidado para um casamento. Como se recebe um convite destes? Sim é verdade. Esta foi das experiências mais recompensadoras de todas. A segunda pintura que fiz na Tunísia, em Erriadh, para o projeto Djerbahood, foi na casa de uma família local da vila. Criei uma espécie de layer no interior da parede original da casa, com um padrão Tunisino que redesenhei. Acontece que os casamentos são feitos em casa e, para tal, as famílias fazem obras e renovam as casas para o grande evento. Durante os dois dias que estive a pintar, com a ajuda da LARA SEIXO RODRIGUES (da MISTAKER MAKER ), todas as pessoas foram super simpáticas e atenciosas e, apesar da barreira linguística, foi fantástico aperceber-me que estavam mesmo a gostar da pintura. Quando terminámos, convidaram-me a mim e à Lara para o casamento. Senti que foi uma maneira linda de nos agradecerem pela pintura (que eu fiz com o maior gosto e carinho, digamos ao estilo de prenda de casamento!), mas infelizmente a data era depois do nosso voo de regresso a Portugal. São experiências e sentimentos que ficam. É lindo. Há algum artista em especial que admiras ou com o qual gostarias de trabalhar? Sempre fui fã do trabalho do JIM PHILLIPS. Penso que é o único artista que posso individualizar, mas é claro, tenho muitos outros artistas como referência. Nem faria sentido trabalhar nalguma coisa em conjunto, até porque estamos a falar de uma lenda viva que criou imagens icónicas para o universo do skate, surf e rock durante cerca de três décadas. O seu trabalho em particular da década de 80 e até meados dos anos 90 foi (e continua a ser) uma das minhas grandes fontes de inspiração. Slimy monsters e caveiras contem comigo! O que é um dia normal para o ADD FUEL? Não há dias normais para mim: há vários tipos de dias e ainda bem. Tanto passo dias inteiros a desenhar, como em frente ao computador a trabalhar em ilustrações ou stencils ou padrões. Por vezes passo dias seguidos no estúdio de volta de azulejos e a pintar, como passo uma semana ou duas fora de volta de um mural. E isto é algo que me agrada, não ter rotina e poder gerir o meu tempo. Uma coisa é certa e é algo que fui aprendendo com o facto de trabalhar a gerir o meu tempo há alguns anos, tem que se gerir bem para dar para tudo. "Work, work, work" é mesmo muito importante, mas sempre com tempo para família e amigos.

Projecto em Djerbahood, Túnisia 2014

Entrevista completa em www.parqmag.com

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Cinema

YOU MUST

Sof t Sex No mundo dos festivais QUEER, o português ANTÓNIO DA SILVA tem ganho proeminência dada à sua prolífera produção, que a tem tornado uma presença constante. Residente em Londres, os seu filmes debruçam-se sobre padrões culturais no interior da comunidade gay, com um carácter sexual explícito. Nesse sentido, eles escapam aos habituais circuitos do cinema documental entrando para um nível underground onde já têm o seu culto. Cada um dos seus filmes, realizados em vídeo ou super 8, partem de temáticas referentes à forma como uma comunidade vive a sua sexualidade. Em alguns refere-se ao preconceito contra os ruivos em Inglaterra, ao fenómeno dos Daddies em San Francisco, ao culto do corpo musculado no Rio de

Janeiro, ou ao engate na Praia 19 na Caparica. Em todos eles envereda por um “cinema verdade” com tom documental mas, segue invariavelmente a sequência de um filme pornográfico, onde a ejaculação será o climax e ponto final do filme. Ou seja, aos intervenientes é pedido para se exporem em frente à câmara e se despirem. É na montagem que o realizador se concentra na repetição dos gestos dos intervenientes, numa evidente padronização de corpos que expressam o seu prazer. Em voz off, pequenos registos de vida soam, mas sem sequência lógica com os corpos da imagem, o que enfatiza o aspeto performativo e voyeurista deste trabalho. Toda a naturalidade do seu cinema parte de um reconhecimento de padrões de uma comunidade que o realizador apenas ritualiza. Longe de ser um elemento exterior, o realizador é apenas um dos atores implicados, o ponto de partida de um ambiente de sedução auto-biográfica É aliás esse ponto híbrido, entre o confessional, o documental e o pornográfico que reside o interesse do seu cinema. Na verdade, traz ao cinema documental uma realidade onde nunca os corpos pareceram tão naturais, tão auto-confiantes daquilo que são.

www.antoniodasilvafilms.com 12

T: Francisco Vaz Fernandes



Live in Levi's

Live in Levi's

YOU MUST

®

H is tó r ia s d e F ã s a p a ix o n a d o s Inspirada em milhões de histórias contadas pelos fãs da LEVI’S, a nova campanha da marca, Live in Levi’s, celebra os momentos vividos lado a lado com os seus fãs. É uma campanha sobre todos aqueles que as vestem, as amam, lavadas ou não, celebrando assim a individualidade de todos os que vivem e se divertem no dia-a-dia com as suas LEVI’S. Algumas dessas histórias foram selecionadas para o vídeo promocional da campanha gravado em Nova Iorque, Londres, Paris, Tóquio e Xangai, marcado por registos cruzados que expressam a particularidade com que cada um vive a LEVI’S. No entanto, a marca pretende levar esse desafio mais longe, convidando todos os fãs a partilhar as histórias que viveram com as suas jeans. Tu podes participar. Para fazer parte desta rede de histórias, basta partilhar a tua imagem e história através da utilização do hashtag #LiveInLevis no Facebook, Twitter, Instagram e Weibo. A PARQ MAGAZINE foi ‘escavar’ as histórias que algumas figuras que nos inspiram partilham com esta marca icónica: Carolina Mencia, Filipe Faísca, Nicolai Sarbib, Manuela Oliveira, Tamara Alves, mas queremos que outros fãs da PARQ e da LEVI’S partilhem no nosso facebook as suas histórias. Descobre como o mundo vive LEVI'S. Contribui com as tuas histórias e mostra à LEVI'S ® e ao mundo como #LiveInLevis.

texto de Vânia Marinho fotografia Maria Rita styling Tiago Ferreira assistente de styling Maria Feria make-up Sandra Alves

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YOU MUST

Live in Levi's

Nic olai Sar bib Dj e Produtor de Música

LE V I ' S ® 511

Cresci a andar de skate e, uma boa parte da minha adolescência foi passada a ouvir punk. Com 14 anos lembro-me de roubar as LEVI'S 501 da minha mãe. Pedia-lhe para apertá-las para conseguir aquele look algures entre Dee Dee Ramone e puto magrinho alto cuja roupa já não lhe serve, o que era visto como estranho por algumas pessoas, numa altura em que a moda era o oposto. Passados alguns anos numa viagem a N.Y. descobri as 510 e as 511, passei a pedir para me trazerem sempre calças de lá. Até hoje, são os modelos que visto e uso até se desintegrarem e cheirarem pior que qualquer Ramone.

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Live in Levi's

Tamara A lves

YOU MUST

Artista Plástica

B LUS ÃO LE V I ' S ®

Aos 18 anos, antes de sair de casa para ir estudar, estava com o meu pai sentada à mesa quando ele me deu dois conselhos de pai para filha que, segundo ele, o ajudaram imenso quando tinha ido estudar fora de casa. Disse-me: “Se um dia precisares de alguma roupa passada a ferro pões debaixo do colchão, sentaste um pouco à espera e tens o problema resolvido.” O segundo conselho foi um pouco mais útil tendo em conta que eu não ligo a roupa direitinha: "Só precisas de lavar as tuas gangas quando elas se aguentarem de pé.” E nesse dia deu-me o seu casaco de ganga da LEVI'S que usava quase todos os dias e que sempre disse ter comprado no dia em que eu nasci. Acho que nunca o lavei.

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YOU MUST

Live in Levi's

Carolina Mencia Trendsetter

CA MI S A LE V I ' S ®

A minha história com a LEVI'S começou aos 15 anos, quando recebi as minhas primeiras 501. Nasceu, então, uma relação de cumplicidade que mesmo depois de ficar demodé, não conseguiu que me desligasse totalmente delas. Fui então modificando o seu design original, até porque desde bem jovem estava a inserir-me no movimento punk e do “d.i.y” (do it yourself), influências que vinham da minha mãe. Ao longo dos anos as minhas LEVI'S sofreram imensos processos de transformação. Foram skinny, boyfriend, com rasgões na perna para dar um ar punk, até um dia se transformarem num short que, em pouco tempo, se transformou numa saia. Apesar de ter tido outras peças da LEVI'S, sinto que a primeira foi a peça mais significativa, pois esteve presente em vários momentos marcantes da minha vida.

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Live in Levi's

Manuela Oliveira

YOU MUST

RP ModaLisboa

S HORTS LE V I ' S ® 5 01

Os meus primeiros shorts foram uns jeans LEVI'S 501 importados dos EUA. Um presente do meu tio que vivia em Nova Iorque e me trazia regularmente roupa da LEVI'S. Ter umas 501 era um Must Have e só se tornaram uns shorts por acidente —uma história trágica mas que agora tem piada. Um dia saí de manhã para a escola, na minha acelera, e fui atropelada por um carro. Foi um acidente bastante aparatoso. A mota ficou uma lástima, o meu joelho em estado grave, mas, o que me partiu o coração, foi ver como estavam as minhas jeans novinhas em folha. Nem o facto de não ter carta, o que me causaria um grande problema com a polícia e com o seguro, me causou tamanha ansiedade. As minhas calças destruídas no joelho, isso sim, foi uma fatalidade. Compensada graças aos dotes de costureira da minha querida avó que transformou as preciosas calças nuns calções que devo ter usado durante 15 anos!!!

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YOU MUST

Live in Levi's

Filipe Faísc a Designer de Moda

LE V I ' S ® 5 01

Pedem-me que fale de ti, E embargas-me a voz! Deito-te na minha cama, já acordada, Para poder apreciar esse corpo, já usado. Mexo-te, olho-te de frente e viro-te do avesso. As memórias que se aproximam, São tantas, Que as palavras atropelam-se na minha boca, Ainda fechada,

E teimam em esvair-se pelo tremor da minha emoção. Acompanhas-me há tantos anos, Distanciar-me para falar de ti, É afastar-me e ignorar a minha própria vivência. Só não recordo se já nasci contigo colada ao meu corpo, Nos demais momentos, Recordo-me de mim, Vestido em ti!

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Te r r or

YOU MUST

Zombies Realizada pelo já consagrado FRANK DARABONT, a série Walking Dead trouxe para o mainstream o que durante décadas pertenceu apenas ao reino do culto: os zombies. Se antes era um segredo que permitia que apenas os mais desajustados entre nós tivessem capacidade de sobreviver num mundo pós-apocalíptico onde os zombies dominam, agora a maioria dos cidadãos sabe que não adianta tentar ferir aleatoriamente um morto-vivo, o seu cérebro tem de ser destruído.

Anteriormente, o cinema de massas americano já tinha feito uma breve incursão pelo género com Zombieland e, mesmo do nosso lado do Atlântico, os zombies foram o motivo para a comédia negra Shaun Of The Dead. Alguns anos antes, já o britânico DANNY BOYLE, responsável por Trainspotting, havia realizado uma releitura moderna dos filmes de zombies em modo “sobrevivência-dos-mais‑aptos” com 28 Days Later, que chegou a conhecer uma sequela às mãos de JUAN CARLOS FRESNADILLO. Se GEORGE ROMERO foi considerado o pai dos filmes de zombies graças a Night of the Living Dead, de 1968, no passar dos anos temos assistido à cristalização do género, já que filmes mais recentes do realizador, como Land of the Dead, nada ficam a dever às últimas décadas do género. Possivelmente entre os melhores filmes de zombies encontram-se o clássico Army of Darkness, com o mítico BRUCE CAMPBELL, Zombi 2, do rei do gore LUCIO FULCI, e Dèmoni, que pode ou não ser considerado um filme de zombies. Não obstante, esta obra escrita por DARIO ARGENTO e realizada por LAMBERTO BAVA, contém uma das melhores cenas de cinema de todos tempos, na qual URBANO BARBERINI atravessa uma sala de cinema numa moto de motocross, decapitando demónios ao som de Fast as a Shark dos ACCEPT. Em Portugal também há zombies, por isso não podemos esquecer o único filme oficial português do género: I’ ll see you in my dreams, de FILIPE MELO.

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T: Hugo Filipe Lopes



Cinema

YOU MUST

Larr y Clark O realizador LARRY CLARK, mais conhecido por filmes peculiares como “Bully – Estranhas Amizades” ou “Ken Park – Quem és tu?” onde desconstrói a imagem idílica do adolescente americano, apresenta este ano uma nova obra intitulada “The Smell of Us” que estreou no

reconhecido Festival de Veneza, gerando reacções adversas entre os críticos e no público em geral. Para quem mergulhou em realidades que bem conhecia - marcadas pelo abandono, pelo sexo e pelas drogas - vividas enquanto adolescente criado numa opressiva cidade do interior com pouco para oferecer, “The Smell of Us” apresentou-se como um desafio, trazendo ao ecrã a cidade de Paris na história de um grupo de jovens skaters.

Ficava então a dúvida se seria possível manter o mesmo realismo que sempre foi a força do cinema de LARRY CLARK. O certo é que ninguém tinha visto Paris de forma tão incandescente, limitando-se a seguir as vivências e as experiências sexuais de um grupo de jovens que vivem uma adolescência aparentemente perturbada. Uma adolescência construída em parte pela sociedade dos dias de hoje, onde a vida dos jovens vive numa co-dependência com a internet. Um filme chocante e sexualmente intenso que poderá incomodar os mais sensíveis, mas que deixará qualquer um a reflectir sobre diversas temáticas. Em Portugal o filme terá distribuição pela Midas Filmes.

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T: André Marques





Música

YOU MUST Daino

Tink! Music Em 1990, na cidade dos canais e das montras com luz vermelha, nasceu a TINK! RECORDS —editora pioneira do House, sonoridade que desde então se tornou parte integrante da cultura da nação. Em linha com o mote “live fast, die young”, durante os cinco anos de actividade lançou mais de vinte discos em vinil e outros em CD. Em 2009, a TINK! ressuscita com o nome por extenso TOMORROW IS NOW, KID!, como desejo do seu fundador, JOSÉ SALVADOR, e do seu filho, ALEX SALVADOR. Até agora, somam uma vintena de edições e eventos em alguns dos principais clubes e festivais da cidade. Mas não só, Paris, Londres, Leeds, Belfast e Berlim foram também bases para noites da editora. Este ano, JOSÉ SALVADOR iniciou um novo desafio, fez as malas e criou a TINK! MUSIC, traz de Amesterdão o PORTLAND SOUND STUDIO e tomou como objetivo o apoio e desenvolvimento de alguns dos mais frescos e excitantes talentos nativos da sua nova cidade, bem como, alguns valores internacionais. As festas de lançamento, que contaram com muita dança e banda sonora a cargo de KA§PAR, DAINO e TROL2000, realizaramse a 5 de Setembro no terraço PARK e, na noite seguinte, em jeito de after, no LISB//ON #JardimSonoro, no Lounge.

Ka§par

E D I ÇÕ E S DA T I N K ! M U S I C F I N A L D E AG O S T O - K A § PA R KA§PAR é Dj e produtor há mais de 15 anos, iniciou-se ainda em miúdo e, por isso, começou a tocar ilegalmente. Em 2005, foi um dos selecionados pela RED BULL MUSIC ACADEMY e embarcou numa viagem

até Seattle. Como Dj já passou por Nova Iorque, Filadélfia, Berlim, Roterdão, Amesterdão, Gent, entre outras cidades. Depois de vários discos lançados em editoras de referência como a CLONE e a 4LUX de Roterdão ou STRIPPED & CHEWED de Chicago, no final de Agosto, lançou o single “Do It” em colaboração com os THUNDER & CO. na TINK! MUSIC, tema que já roda diariamente na Antena 3 e na rádio Oxigénio.

AG O R A E M O U T U B RO - DA I N O DAINO estreou-se o ano passado nas edições com o EP “Soft Around The Edges” na Austro‑Germânicoportuguesa BLOSSOM KOLLEKTIV. Agora, o pianista, compositor, Dj e produtor lança “Without Your Love” na TINK! MUSIC, uma edição que invoca, mas transforma, os ritmos de house, techno, soul, funk e hip hop das cidades americanas: Detroit, Chicago e Nova Iorque.

J Á E M N OV E M B RO – P H I L O U L O U ZO L O PHILOU LOUZOLO nasceu no Congo, mas escolheu a Holanda para sua casa. Foi

lá que a editora o conheceu e nasce o E.P. “Zolo Grooves”. Quatro temas de afro house que vão deixar o JOE CLAUSSELL de queixo caído e pernas cansadas.

Philou Louzolo

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T: Marcelo Lisboa


YOU MUST

André Henriques Nasceu em Lisboa e caracteriza a cidade como o seu habitat. É curioso, tem o hábito de acordar muito cedo e não quer crescer — como ele diz tem síndrome de Peter Pan. É Dj, animador de rádio, empreendedor e, mais recentemente, tornou-se pai babado. Já passou música em festivais como o SUPER BOCK SUPER ROCK, o CREAMFIELDS, o SUMOL SUMMER FEST e o MARÉS VIVAS. Fez a primeira parte do Concerto da ALICIA KEYS no Meo Arena e está à frente dos projetos H COLLECTIVE e BLOOP. Este é ANDRÉ HENRIQUES, homem dos sete ofícios e dono da voz que nos desperta todos os dias, bem cedo, no Café da Manhã da RFM.

Como é fazer o Café da Manhã com o NILTON, a JOANA CRUZ e a MARIANA ALVIM? É muito fácil de imaginar: uma sala com quatro amigos que todos os dias se encontram para atualizar a vida deles e a do mundo, com o privilégio de ter 4 microfones e muitas antenas espalhadas pelo país. O que é que toca no teu Mp3? Não tenho leitor de Mp3 mas oiço muita música online e vou comprando vinil numa ótica de colecionador. Tenho um ouvido fácil e do Jazz ao Tecno não há nada que não me entre. No meu carro anda a tocar o disco do KENDRICK LAMAR. Enquanto Dj, qual é a sensação de atuar para milhares de pessoas? O antes é horrível. Fico meio fechado, não paro quieto e mal consigo falar com alguém. Depois entro e quando dou por mim estou em casa a receber uma energia inacreditável. Sentir a energia de milhares a vibrar com o que fazes é perceber, pelo menos durante aquelas duas horas, que isso faz todo o sentido na tua vida. No ano passado, juntaste-te à equipa da record label BLOOP. Já conhecia o MAGAZINO e o JOÃO CRUZ e admirava muito o trabalho da BLOOP. O resto foi simples: conversámos, negociámos, traçámos um caminho e arrancámos para um 2014 forte. Para além do disco do MAGAZINO que saiu em março, temos preparada uma nova edição para outubro e uma outra para dezembro. Foi um ano de conquistas, conseguimos levar os nossos artistas aos principais clubes do país e ajudámos a cena da música eletrónica independente em Portugal a ficar mais rica e dinâmica. No fundo, celebrámos sete anos de BLOOP com a energia que a editora merecia.

T: Beatriz Teixeira

Entrevista completa em www.parqmag.com

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Música


Moda

YOU MUST

Alfaiates Afr icanos de Lisboa Conquista-nos como SOFIA, arrebata-nos como VILARINHO. Quando perguntei a SOFIA VILARINHO o que a inspira inevitavelmente, a resposta que obtive foi: “o silêncio. E as pessoas éticas.” Esta afirmação surge-nos como um espelho cristalino da sua visão, do seu “ser” e dos projetos aos quais dedica alma e coração. Nasceu SOFIA e criou-se VILARINHO. O projeto ATELIER ALFAIATES AFRICANOS surge como resultado de uma vasta pesquisa que SOFIA VILARINHO faz para a tese de doutoramento sobre a capulana de Moçambique. Estende a mão pela luta contra as ideias preconcebidas, contra os mantras ineficazes e as mentes fechadas. Moçambique é um ponto a reter. Tal como o seu povo. O AAA é uma marca social com o objetivo de inclusão social de alfaiates africanos imigrantes, ao salientar a primazia material e a categoria técnica patente nas peças destes profissionais. Atualmente, com uma equipa de 16 alfaiates, e com previsões de ser um número crescente, SOFIA explica-nos que existem ainda as vertentes de formação e de comercialização, em parceria com a MODATEX e com a AMA (Associação Moda Africana em Lisboa), respetivamente. O projeto ATELIER ALFAIATES AFRICANOS é um abrir de olhos e de consciências para uma realidade diferente, que precisa de ser revitalizada, profissionalizada e apoiada. Cada alfaiate incluído no projeto, dedica o seu conhecimento e a sua habilidade manual aos tecidos africanos com que trabalha (wax‑print da West Africa, capulanas de Moçambique, kangas da Tanzânia, entre outros materiais). “Acima de tudo este projeto fez-me perceber a supremacia Europeia e manifestar a necessidade da construção de diálogos de conhecimento horizontal valorizando conhecimentos recíprocos”, defende a mentora do projeto. Este faz-nos apaixonar por um país que desconhecemos, cuja dimensão se estranha mas depois se entranha. Este é objetivo: quebrar barreiras mentais e físicas, estourar estereótipos estéticos e concetuais. Há um mundo lá fora por descobrir.

fotografia Carlota Andrade assistente de fotografia Tânia Lopes styling Sofia Vilarinho modelos Jack e Izzi Mussuela @ Central Models alfaiate Albubacar Mané assistente designer Caroline Pereira make-up Andreia Pinto

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T: Ana Margarida Meira


Moda

YOU MUST

F: Carlota Andrade

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Moda

YOU MUST

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T: Ana Margarida Meira


Moda

YOU MUST

F: Carlota Andrade

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Moda

YOU MUST

Made for Mischief

"Made for Mischief", o que traduzido poderia ser: “bem-vindo ao clube dos estroinas”, é o mote da nova coleção da PEPE JEANS LONDON para a estação Outono/Inverno 2014. Irreverência e sensação de liberdade são as duas características que marcam esta nova coleção, inspirada num palco imaginário onde “tudo é possível para extravasar a tua adrenalina pura”, tal como demonstram as imagens e o vídeo publicitário da campanha "Pepe Jeans London - Mischief Cube". E como não podia deixar de ser, ninguém melhor do que a irreverente manequim CARA DELEVINGNE, para dar imagem à campanha ao lado de CLAUDE SIMONON e PAOLO ANCHISI, outros dois rebeldes do mundo da Moda. Esta campanha dá uma especial atenção ao calçado, área onde a PEPE JEANS LONDON espera crescer, com uma oferta superior ao que aconteceu em estações anteriores, acompanhando as necessidades dos seus fãs mais inconformados.

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T: Maria São Miguel


YOU MUST

Cons Weapon

Esta estação, a CONVERSE aposta no modelo Weapon, uma bota icónica no mundo do basquetebol. Os novos CON S Weapon são basicamente uma interpretação atualizada dessa silhueta clássica que marcou os anos 90, agora remasterizada para que se tornasse mais leve e com um perfil mais fino. O logótipo Star Chevron e a Y-Bar externa, elementos emblemáticos deste modelo, foram redimensionadas e levemente atualizadas para um melhor equilíbrio da construção do sneaker, mantendo-se no entanto fiéis ao ADN dos Weapon originais.

Soho Neon O Soho em Londres foi, desde longa data, o palco por excelência da vida cultural e noturna da capital inglesa. Ali nasceram os bares de jazz e movimentos culturais, quase sempre associados a clubs de música de todos os géneros e feitíos, porque ali eram acarinhadas todas as subculturas. Daí que a FRED PERRY tenha sido uma marca sempre presente no Soho, adaptada de forma diferente por cada grupo que se impunha mas, sempre com grande orgulho na coroa de louros que levam ao peito. Este ano, até pelo ressurgimento da cena club no Soho, a FRED PERRY quis homenagear o Soho e lançar um modelo de polo dirigido para as pistas de dança. Lançou uma coleção limitada de polos onde os habituais vivos raiados dos colarinhos e das mangas são em cores neon, que brilham na escuridão.

T: Maria São Miguel

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Moda


Moda

YOU MUST

Legacy

Durante os anos 80 e 90, a LE COQ SPORTIF atravessava um período de grande desenvolvimento e criatividade, tendo desenvolvido muitos materiais dirigidos ao running. O “sport fleece” foi rei, unindo rendimento técnico, estilo e comodidade. É um legado extraordinário, o que naturalmente obriga a marca a revisitar os seus arquivos em busca de inspiração para as suas novas coleções, adaptadas agora para o streetwear. Esta estação Outono/Inverno 2014, a LE COQ SPORTIF traz cores e elementos gráficos típicos dos anos 80 estampados em sweaters e calças de treino em tecido polar. Em termos de calçado, o modelo Eclat 85 continua a ser o produto chave, mas outros modelos da época vão ganhando espaço.

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T: Maria São Miguel


Moda

YOU MUST

Marc Newson

Num mundo de parcerias pontuais, a G-STAR está a celebrar uma década de colaboração com MARC NEWSON, uma das estrelas do design atual que se celebrizou por propostas retro‑futuristas, que incluem projetos para carros, aviões, barcos e vários tipos de mobiliário. Para a G-STAR, desde 2004, NEWSON criou uma visão arquitetónica dos modelos convencionais de streetwear, acompanhada de materiais premium. A coleção do décimo aniversário não é exceção, oferecendo tudo e mais alguma coisa que os fãs adoram na G-STAR RAW x MARC NEWSON.

O destaque da coleção Outono/Inverno 2014 é o casaco Bomber Anniversary. O casaco de cor metalizada pontuado por uma panóplia de logos que representam uma década de grafismo. No reverso é acolchoado para oferecer uma alternativa minimalista. Para além deste casaco, a nova coleção traz ainda uma seleção de gangas com ourela japonesa de alta qualidade, tecida em teares tradicionas. Uma das estrelas é o seu 5-Pocket Denim Slim, como de costume, com os emblemáticos grandes bolsos traseiros arredondados, agora em versões azul índigo e cinzento-azulado.

T: Sara Madeira

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Moda

New Colorado

YOU MUST

O modelo Colorado é, desde sempre, a bota estrela da CAT, marca americana que tem raízes no mundo do trabalho. A popularidade do seu nome nasce quando trouxe para o mercado uma bota de cabedal resistente, própria para trabalhos mais pesados. Por essa razão tem sido, no essencial, uma bota masculina mas que, aos poucos, passou a estar integrada no vestuário feminino, principalmente no meio urbano onde as jovens procuram um look mais irreverente. Para dar resposta a esta procura feminina, a marca recriou o Colorado, com toques de sofisticação que passam por peles trabalhadas e utilização de tachas, preservando, no entanto, a forma e a construção resistente que lhe dão nome. Mais apelativas, as novas Colorado entram no mundo da moda pela porta grande.

Toino Abel Se em 2014 a moda recuperou as tendências dos anos 90, NUNO HENRIQUES recuperou uma tendência dos anos dourados da tradição portuguesa. A marca TOINO ABEL nasce da memória de uma família de artesãos dedicados à arte da verga e do tear. São cestas artesanais, que passam pelas mãos calejadas de experiência de várias tecedeiras, num processo que combina fios de junco, escolhidos a dedo, com teias de linho. NUNO HENRIQUES criou uma marca com raízes no estilo popular, recuperando as tradicionais cestas de junco com asas de verga e tornando-o num acessório intemporal que merece ter lugar no guarda‑roupa moderno. Entre os padrões floreados, axadrezados e coloridos do linho que se entrelaça com os fios destas cestas, encontramos a história do estilo dos nossos antepassados. Nesta oficina o processo é manual desde a colheita até ao tecer do junco em tapeçarias que, depois de cosidas, dão forma à cesta, à qual só falta entrelaçar a asa de verga para nascer uma cesta típica. Através deste objeto, tão singular na cultura portuguesa, NUNO HENRIQUES construiu uma imagem de marca que pretende imortalizar esta forma de artesanato, em risco de extinção no seio da geração contemporânea, que não tem mãos para lhe dar continuidade. A TOINO ABEL promete, então, manter esta herança cultural que cabe numa cesta de junco. Verga-se a moda!

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T: Maria São Miguel T: Joana Teixeira


Beleza

YOU MUST

Beaut y Reveal by CALVIN KLEIN

O Verão já se foi mas ainda podemos sentir o aroma que fica depois da praia com a nova fragância da CALVIN KLEIN. Reveal é fresco, salgado e florado e está disponível a partir de Setembro.

The Rocky Horror Picture Show by MAC Mesmo a tempo do Halloween, a MAC lança uma linha de maquilhagem que celebra os 40 anos do icónico filme de culto.

Intense He Wood by DSQUARED2 Este é o upgrade de He Wood, a primeira versão criada pelos diretores criativos da

DSQUARED2. Mais forte e requintada, a fragrância está à venda a partir de 45 euros.

T: Beatriz Teixeira

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Shopping

YOU MUST

Saturday Night

for him for her

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Shopping

YOU MUST

Sunday Morning

for him for her

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FKA twigs

S OU NDS TATI ON

FKA twigs

S o u l d o Fu t u r o 40

F: Dominic Sheldon David Burton


FKA twigs

S OU NDS TATI ON

FORMERLY KNOWN AS twigs. É esse o significado das iniciais no nome artístico de TAHLIAH DEBRETT BARNETT, 26 anos, filha

de pai jamaicano e de mãe inglesa com sangue espanhol. Mas este bilhete de identidade com mapa genético não esclarece nada sobre o mistério que rodeia FKA twigs. Não que a voz de Water Me faça algum tipo de esforço para parecer ou soar misteriosa mas, porque a sua música parece, no essencial, vir de um lugar ainda não explorado.

twigs, assim mesmo, em minúsculas, é uma alcunha ganha no mundo da dança. Antes de se assumir como cantora, twigs participou em alguns vídeos de artistas como KYLIE MINOGUE ou JESSIE J e terá sido, provavelmente, num qualquer intervalo de rodagem que ganhou a sua alcunha, ao estalar as suas articulações como se fossem ramos secos. Essa expressividade física mantém-se em palco, onde twigs parece cantar com o corpo inteiro, como se projetar a voz fosse para si uma espécie de tortura, que a obriga a contorcer-se. A adição da sigla FKA ao seu nome aconteceu para evitar ser confundida com uma artista homónima. Olhando para a capa do seu álbum de estreia, no entanto, não se percebe como houve alguma vez o risco de a confundirem com quem quer que fosse...

O bandcamp foi a primeira plataforma que FKA twigs usou para mostrar ao mundo a sua música, associando um vídeo a cada um dos temas onde explorava ideias algo surreais, afirmando logo aí a diferença num mundo de hiper-realismo digital. Seguiu-se EP2, lançado em 2013 pela YOUNG TURKS. A aliança da voz de twigs com as produções de ARCA provou ser vencedora, colocando o futuro aos pés desta cantora pela via da nomeação para prémios, inclusão em listas de maiores promessas, etc. Tudo perfeitamente justificado: a música extraordinária de ARCA (prestes a estrear-se em nome próprio com um lançamento na MUTE) procura novos mundos, sendo profundamente textual e servindo dessa maneira na perfeição na voz de twigs. Natural, portanto, que ARCA surja de novo na ficha técnica de LP1 ao lado de uma série de outros produtores, incluindo o uber-hitmaker PAUL EPWORTH (homem com toque de Midas que tem no currículo nomes como ADELE, COLDPLAY ou U2!). Mas mesmo tendo em conta esses dois extremos do universo da produção — um com um laptop, outro com alguns dos melhores estúdios do mundo à disposição —, LP1 soa profundamente coeso, o que atesta que o elemento decisivo aqui é mesmo a visão de twigs. É difícil perceber as referências desta música e devemos resistir à tentação, sugerida pela capa, de comparar twigs a BJORK, mesmo tendo em conta a partilha de interesses no universo da electrónica mais desafiante. twigs vem do universo do R&B mutante, que tem gerado propostas tão diferentes como THE WEEKEND ou JAMES BLAKE, mas é nítido que ouviu musas como KATE BUSH ou LIZ FRASER. E mesmo se as letras não são as mais profundas, a entrega gutural, física e até intelectual garante que a nossa atenção é mantida refém da voz de FKA twigs: sussurrada, sonhada, plena de sensualidade em cima de uma música que se faz de ecos, ruídos, farrapos de melodia, ritmos quebrados, texturas electrónicas perturbadoras. Como se a base instrumental tivesse chegado às mãos de twigs vinda de outro planeta. Ou do futuro...

T: Rui Miguel Abreu

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Alt–J

Alt————J

S OU NDS TATI ON

Onda Média

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T: Davide Pinheiro


Alt–J

S OU NDS TATI ON Os complicados ALT-J regressam com um segundo álbum facilitado pela preservação de uma identidade complexa com abertas de bom humor. Há bandas que vingam pela complexidade. Por se posicionarem do lado resistente da barricada. Ou pela densidade de pensamento e profundidade de campo. Os RADIOHEAD são a prova evidente. THESE NEW PURITANS e WILD BEASTS também mas menos massificados. Os tempos também são outros e a oferta mais vasta. Vivemos na cultura do ruído e a diferença nem sempre é reconhecida entre a cacofonia urbana. Desses praticantes fluentes do “compliquês”, os ALT-J vieram para ficar e conquistaram o mais importante prémio britânico e um dos poucos que ainda mede temperatura à música e não ao seu impacto social. O inaugural An Awesome Wave venceu o Mercury Prize no ano em que havia candidatos de peso como os brilhantes DJANGO DJANGO ou a sedutora JESSIE WARE. E vendeu um milhão de unidades, números inesperados para uma banda independente num mercado em declínio vertical.

Surpresa? As casas de apostas confirmaram-no. Mas percebe-se que tenham caído no goto da mesma camada que se deleita com a esquizofrenia de THOM YORKE. Os ALT-J tocam no nervo emocional e quem conquista o coração tem as portas do romance abertas. A história podia ser decalcada do namoro com Portugal. Vieram sem alarido aos Milhões de Festa 2012 com o álbum ainda fresco e uma estação depois já deixavam uma fila serpenteante desde a porta do Teatro Tivoli até à Avenida da Liberdade durante o Vodafone Mexefest. Regressariam para o prime-time do palco melómano do Optimus Alive já ano seguinte. De então para cá, perderam o guitarrista, o baixista e o fundador GWIL SAINSBURY. "O líder silencioso” admitiu o vocalista e guitarrista JOE NEWMAN em entrevista ao Guardian mas a identidade resistiu sólida. É a primeira impressão a retirar de This Is All Yours, álbum que dá sequência ao estado de graça angariado à primeira tentativa e facilitado pela blindagem de uma personalidade melancólica ilusória da dor. Irónico é que quando se libertam das esporas emocionais, os ALT-J estão acima da média autoimposta. Left Hand Free, a grande canção deste regresso, foi escrita em vinte minutos e não custa imaginar o intervalo de desbunda concluído com uma aproximação ao magnífico Seldom Seen Kid dos ELBOW. Blues do demo educados pelo rock inglês com uma espontaneidade perto do punk. Delicioso. Nos EUA, a editora adorou a “canção menos ALT-J possível”. Percebe-se porquê. Não é caso singular nem serve de exemplo. Se o futuro começa devagar, o álbum imita-o mas, no mínimo, é capaz de protelar o suspense até ao final e os três singles introdutórios servem como cenas-chave de uma história em câmara lenta. Um deles, Hunger of the Pine, tem um quarto elemento surpreendente: MILEY CYRUS, a rainha do twerking. "Ela é uma fã dos ALT-J e usa um excerto de Fitzpleasure no espetáculo dela”, explica NEWMAN ao jornal inglês. Sem passar pelo estúdio, a estrela pop enviou uma gravação e apesar de o trio se ter questionado sobre a validade do ato "soa bem”. Repete-se a história: quando soltam as amarras e se libertam de si próprios, vencem a normalidade sem forçar. Isto é tudo nosso mas há uma zona que os ALT-J já descobriram e ainda não querem destapar. Um lugar mágico menos sofrido do que a média das canções mas ainda assim, merecem o aplauso por terem contido a explosão quando o fogo-de-artifício estava preparado. Como o todo, de resto. Uma evolução na continuidade e um passo seguro em direção ao crescimento sustentado. Ideias brilhantes terão que esperar por uma melhor oportunidade.

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Banks

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S OU NDS TATI ON

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Oh My Goddess!

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T: Carlos Alberto Oliveira punch.pt

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Banks

S OU NDS TATI ON

Seguramente Goddess, da cantora californiana BANKS, é um dos álbuns mais aguardados deste ano. Sobretudo após a exposição mediática proporcionada pelo extraordinário EP London do ano passado, mas também pelos singles que antecederam a edição deste álbum de estreia. Criando a ponte com a edição de singles anteriores, a inclusão no alinhamento do álbum dos temas Waiting game, Change e This Is What It Feels Like cimentam o fio condutor do disco, construindo um sólido e coeso disco de estreia. E a participação dos colaboradores que mais têm contribuído para os novos territórios da R’N’B, como JAMIE WOON, LIL SILVA, SOHN e ORLANDO HIGGINBOTTOM (TOTALLY ENORMOUS EXTINCT DINOSAURS), tornam este disco uma preciosidade. A voz de BANKS é o ponto de partida para todas as canções, bem como a intimidade criada pela sua exposição emocional. Quer através das letras, quer através da atmosfera musical, cria‑se uma proximidade com a cantora, que não deixa o ouvinte indiferente. Constata-se inclusivamente que essa intimidade não é uma mera ilusão, quando se percebe que BANKS, na sua página de Facebook, encoraja os fãs a telefonarem para um número privado, para falarem com ela. A intimidade revela-se sobretudo no discurso das letras, como se a cantora usasse o ouvinte como o seu interlocutor, trazendo-o para a canção. O tema Someone New retrata precisamente este sentimento. Sustentado na voz e na viola, exemplifica claramente este poder do discurso que é imprimido nas letras, expondo os sentimentos mais íntimos, aqueles que só se têm numa conversa dolorosa, quando uma pessoa se expõe integralmente. Se revestirmos essa intimidade com a densidade do tema de abertura Alibi, e até mesmo com o tema que se lhe segue no alinhamento, e que dá o nome ao álbum, descobrimos canções que, desde logo, nos agarram pela sua força. É aqui, desde logo, visível a afinidade com territórios comuns aos THE WEEKND, por exemplo. Encontrar o tema produzido por SOHN, Waiting Game, no alinhamento revela tratar-se de uma peça fundamental no ambiente de todo o disco. Não só porque lhe dá o mote, como também porque cria os laços que determinam a unidade e coerência do disco. A voz, o piano e os samples poderosos criam a atmosfera mística presente na maioria dos temas de Goddess. As já referidas colaborações e referências musicais da cantora estão de tal forma bem orquestradas, que chega a ser inebriante ouvir temas como Brain, Drowning e Stick, em que a familiaridade com que se apresentam, aumenta ainda mais o sentimento de intimidade. Chega a ser assustador perspetivar que a ligação da cantora com os ouvintes possa despertar sentimentos tão intensos e acolhedores. Embora haja evidências de que BANKS é notavelmente influenciada por LAURYN HILL e FIONA APPLE, não deixa de se verificar uma proximidade com LANA DEL REY, sobretudo em You Should Know Where I'm Coming, provavelmente pela sua produção estar a cargo de JUSTIN PARKER, que já colaborou com LANA DEL REY. As fronteiras musicais de BANKS estendem-se. Se This Is What It Feels Like, poderia ser incluída num plano entre os PURITY RING, com a sua electro-pop desconstruída e ambientes espartilhados de space-R&B criados por TIMBALAND, já o tema Change poderia estar bem mais próximo de uns THE XX ou dos LONDON GRAMMAR. Beggin for Thread e Fuck Em Only We Know são provavelmente os momentos mais leves e luminosos do disco, onde o ambiente é mais descontraído, como se fossem dois momentos para retomar o fôlego, necessário para o resto do disco. As batidas iniciais de Warm Water ditam a aproximação do final do disco. Under the Table põe o ponto final. Terminando assim Goddess da melhor forma, com dois temas produzidos por ORLANDO HIGGINBOTTOM. A combinação explosiva, mas intimista, proporcionada sobretudo por elementos indie pop e electro-R&B, faz deste álbum uma das mais preciosas edições deste ano, sobretudo na categoria de álbuns de estreia. BANKS prova que as atenções despertadas com London foram merecidas e que o seu primeiro disco de longa duração merece destaque e atenção. Mas, merece sobretudo que as palavras de amor, e todas as outras cheias de incertezas, sejam devolvidas à cantora com o peito aberto, num ato de paixão e rendição.

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Moda

CENTR AL PARQ

New Blo bloomin on the street Na foto da esquerda: O SIMONE ( FERNANDO DOMINGUES ) e TERESA CARVALHEIR A com t-shirts CRIMINAL DAMAGE

Na foto da direita: CRISTINA REAL com t-shirt CRIMINAL DAMAGE, sapatos ALEXANDRA MOURA x GOLDMUD

Sangue Novo e Bloom. Dois eventos a reter se quisermos deitar o olho e a paixão a novos talentos a fervilhar em terras lusas. Organizadas pela MODALISBOA e pelo PORTUGAL FASHION, respetivamente, estas duas mostras acontecem em parceria com escolas que apostam na praticidade, na exposição e no lançamento dos alunos que apresentam um grande potencial. TERESA CARVALHEIRA, O SIMONE, CATARINA OLIVEIRA e CRISTINA REAL captaram a atenção da PARQ e assim constituem a seleção de talentos promissores desta publicação.

O SIMONE, projeto apresentado no Bloom, resulta de uma ideia criada na FACULDADE DE ARQUITETURA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA em parceria com o MUDE. Este é um projeto com uma expressão gritante, que conta a mulher e a cultura portuguesa com um toque de autenticidade e inovação.

TERESA CARVALHEIRA, de Lisboa, formou-se no MODATEX e trabalha, concetualmente, ligada à forma, ao movimento, à expressão do corpo, do género e da identidade individual.

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T: Ana Margarida Meira

Pr no d po


CENTR AL PARQ

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Moda

New Blood blooming on the street

romessas o design de moda or tuguês

Promessas no design de moda por tuguês

f otograf ia A na Luís a S ilva realiz aç ão Tiago Fer reira as s istente Mar ia Fér ia make - up Sandra A lves modelos Rodr i go Bra z, K lisman Rodr i gues @ wearemodels CRISTINA REAL foi aluna do MODATEX e dá cartas no Sangue Novo. O trabalho da designer é inspirado nas mentes e nos corpos que esperam ser completos por diversos elementos complexos e simples. As texturas e a dicotomia textura/cor são uma grande mais-valia deste projeto. CATARINA OLIVEIRA, nascida em Viana do Castelo, apresenta-se no Sangue Novo com um trabalho que reflete a complexidade das formas, a metamorfose dos conceitos, a libertação do instaurado.

F: Ana Luísa Silva

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Moda

CENTR AL PARQ

Na foto: Busto com criação de O SIMONE e manequim com criação de TERESA CARVALHEIRA

New Blo bloomin on the street

Pr no d po

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T: Ana Margarida Meira


CENTR AL PARQ

ood ng

Na foto: Manequim com criação de CATARINA OLIVEIRA e busto com criação de CRISTINA REAL

romessas o design de moda or tuguês

F: Ana Luísa Silva

Moda

New Blood blooming on the street Promessas no design de moda por tuguês

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Arquitectura

CENTR AL PARQ

Fala Atelier 1.

Habitar o Futuro

2.

Habitar o Futuro

Fala Atelier

3. 1, 2. Cápsula dos FALA ATELIER, Nakagin Capsule Tower, Tóquio 3. Cápsula vizinho, Nakagin Capsule Tower, Tóquio 4. FILIPE e ANA LUÍSA — FALA ATELIER na Nakagin Capsule Tower, Tóquio

4.

5. Exterior da Nakagin Capsule Tower, Tóquio

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T: Paula Melâneo


CENTR AL PARQ

Arquitectura

FALA é um jovem atelier de arquitetura com sede no Porto, fundado em 2012 por FILIPE MAGALHÃES (n. 1987) e ANA LUÍSA SOARES (n. 1988), ambos nascidos no Porto e licenciados pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP). Se pensamos que o peso da herança dos dois PRÉMIOS PRITZKERS DA FAUP – ÁLVARO SIZA e EDUARDO SOUTO DE MOURA – se poderia reflectir directamente no seu trabalho, desenganamo-nos ao visitar os seus diferentes projetos, que se afastam daquilo que pode ser entendido como uma tendência da criação de uma linha estética ou formal da “escola do Porto”. Trabalham juntos desde 2009 e são exemplo de uma geração que complementou os seus estudos em universidades estrangeiras (FILIPE em Ljubljana e ANA LUÍSA em Tóquio) e deu início ao seu percurso profissional em ateliers internacionais. Ambos trabalharam em Basileia com HARRY GUGGER. Em Tóquio, ANA LUÍSA integrou a equipa de TOYO ITO, enquanto FILIPE colaborou com SANAA e SOU FUJIMOTO. Experiências que lhes permitiram o entendimento e a adaptação a outras realidades profissionais e também sociais.

5.

V I V ER NA NAK AG I N CA PSULE TOW ER Durante a sua estadia na cidade de Tóquio viveram na NAKAGIN CAPSULE TOWER, entre Outubro de 2012 e Julho de 2013, uma obra emblemática do movimento metabolista japonês realizada em 1972 pelo arquitecto KISHO KUROKAWA. Habitaram uma das históricas unidades pre-fabricadas da torre, de apenas 2,5 x 4 x 2,5m, concebidas na óptica optimista do que seria, nos anos 70, a habitação do futuro. Tiraram o máximo partido dessa oportunidade e tornaram a sua rotina quotidiana numa experiência performativa da própria arquitetura e uma pesquisa sobre a vivência metabolista: os dois ocuparam essa cápsula de 10m2, exploraram os espaços comuns e os privados, fotografaram e entrevistaram vários dos seus vizinhos, procurando reconhecer diferentes padrões de ocupação das cápsulas, deparando-se também com a degradação e o abandono a que o edifício está hoje sujeito. Isto deu origem a vários artigos na imprensa internacional dedicada à arquitetura e também à exposição “Anticlimax: a report on the metabolist dream”, apresentada no PALÁCIO SINEL DE CORDES, sede da TRIENAL DE ARQUITETURA DE LISBOA, durante a sua 3ª edição, no final de 2013.

T: Paula Melâneo

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Arquitectura

CENTR AL PARQ

Fala Atelier 1. Proposta para concurso Bairro Social de Alvenaria, Lisboa 2013 2. Exposição "Anticlimax: a report on the metabolist dream”, Palácio Sinel de Cordes, Lisboa 2013 Foto: FG+SG 3. Aurora, proposta para concurso da Biblioteca Municipal de Setúbal, 2013 4. Bar Mesh, Porto 2014

1.

Habitar o Futuro

Fala Atelier

Habitar o Futuro

2.

3.

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T: Paula Melâneo


CENTR AL PARQ

Arquitectura

CONCURSOS, I NSTAL AÇÕ ES, E X POSI ÇÕ ES Têm realizado algumas renovações de apartamentos e também pequenas instalações temporárias, como a NAMORADEIRA exposta no ESPAÇO MIRA no Porto (Julho 2014) ou o BAR MESH para a Associação de estudantes da FAUP (Maio 2014), projetos criados com reduzidos orçamentos. Mas o grande volume de trabalho que constitui o portfólio do FALA ATELIER são concursos, onde têm apresentado propostas apoiadas em ideias muito fortes (e por vezes controversas). No seu processo de trabalho privilegiam a ideia e a intenção que originam um edifício, mais do que a sua imagética, onde o projeto surge por consequência. Há temas que cruzam o seu trabalho, como “espaço genérico, repetição, modulação, densidade”. Estes concursos são geralmente comunicados através de elementos que consideram trabalhados como pequenos projetos em si, sejam plantas, axonometrias, imagens ou colagens. Muitos destes elementos têm um carácter pictórico marcante, cheios de referências e conotações de um universo multidisciplinar.

4. Atualmente fazem parte da equipa internacional e multidisciplinar que prepara o projeto “Affordable Living” — desenvolvendo estratégias e táticas com vista a que uma “vida acessível” seja uma realidade contemporânea — apresentado na 24ª BIENAL DE DESIGN DE LJUBLJANA (18 de Setembro a 7 de Dezembro 2014). Este convite surgiu da sua experiência na TORRE NAKAGIN e da sua proposta para o concurso do bairro de Alvenaria, em Lisboa. Em Outubro estarão em Bratislava, onde farão a sua primeira exposição individual e uma conferência, no PÓLO CULTURAL CVERNOVKA. Também a 2ª BIENAL DE DESIGN DE ISTAMBUL contará com a participação do atelier, que irá responder ao repto lançado pela curadora ZOË RYAN, “What is the future now?”, pedindo aos participantes para repensarem o que pode ser um manifesto. A sua intervenção será trabalhada na GALERIA SALT, no centro de Istambul, durante a Bienal que decorre entre 1 de Novembro e 14 de Dezembro 2014.

w w w.falaatelier.com T: Paula Melâneo

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Design

CENTR AL PARQ

Roosmarijn Pallandt

Paisagens sem fronteiras

Roosmarijn Pallandt

Paisagens sem fronteiras

Roosmarijn Pallandt

Paisagens sem fronteiras 54

T: Carla Carbone


CENTR AL PARQ

Design

A designer holandesa, ROOSMARIJN PALLANDT, palmilhou o mundo, observou as diferentes gentes, costumes e comportamentos para realizar a série de tapetes intitulados “Consider this Carpet a landscape”. Estes tapetes são inspirados no modo como a geografia local e os recursos naturais existentes afetam o comportamento das pessoas.

ROOSMARIJN PALLANDT não é uma viajante crónica mas para a realização deste trabalho precisou viajar incansavelmente. Os tapetes da série “Consider this Carpet a landscape” são o resultado de uma recolha de imagens aéreas de diferentes territórios, numa pesquisa que exigia cobrir todos os continentes.

Neste momento ROOSMARIJN PALLANDT trabalha um conjunto de carpetes de alta qualidade, sustentáveis e realizados de forma tradicional. “Para cada carpete eu começo com uma foto aérea da região onde o artesão vive e desafio-o a traduzir em padrões e texturas, como gelo, terra, solo, sal ou rocha, a sua paisagem local”. Os artesãos, por isso usarão as suas técnicas tradicionais e materiais, como plantas locais e animais, sem o uso ou adição de qualquer cor”, explica-nos ROOSMARIJIN. O produto é assim uma tradução da geografia local, de associações de paisagens, de materiais disponíveis; os códigos geográficos locais: longitude, latitude são assim habitualmente incorporados nos tapetes de modo a ligá-los à paisagem original. Embora no trabalho de ROOSMARIJN PALLANDT pareça transparecer uma preocupação antropológica ou um qualquer interesse de natureza etnográfica, o esforço da designer está mais relacionado com o modo como cada um de nós observa a paisagem. Em “Consider this Carpet a Landscape” ler uma paisagem parece fácil. Uma árvore é uma árvore, uma montanha é uma montanha. Mas se quisermos identificar dinâmicas menos evidentes, menos óbvias, precisamos fazer um esforço maior. Precisamos observar de forma mais aprofundada e demorada. O que se vê depende do que procuramos, de para onde olhamos e, por fim, da pessoa que está a observar: um geólogo ou um observador de aves admirarão diferentes histórias na mesma paisagem. “Consider this Carpet a Landscape” é um projeto em que a designer investiga a relação entre a geografia, a cultura e os artesãos locais, de países espalhados por todo o mundo. A recolha da designer partiu do artesanato local, em lugares onde a natureza é ditada por trâmites territoriais. As recolhas são partilhadas numa plataforma online e convertidas numa série de produtos físicos. Estes produtos são feitos com a colaboração estreita entre os artesãos locais e especialistas de que cada país que a designer visita.

ROOSMARIJN diz-nos que existem duas formas de encarar a paisagem. Uma delas numa reação objectiva em relação aos factos, a outra, mais subjetiva que se prende com a nossa própria experiência, memórias, leituras ou viagens. “Variadas influencias que de certo modo transformam o modo como lidamos com este projecto”. VILÉM FLUSSER, no seu livro sobre Filosofia do design, “The shape of things”, dedica um pequeno capítulo à “tapeçaria”: “Carpets”. Neste capítulo começa precisamente por descrever o problema do habitat humano. O lugar que o homem ocupa. A caverna, a “caverna moderna”, que tão bem descreve, e que se refere afinal aos edifícios de hoje. O autor define a carpete, ou o tapete, como sendo a verdadeira origem do habitat humano. Muito antes de nos tornarmos “trogloditas”. Segundo FLUSSER a carpete está para a cultura da tenda como a arquitetura está para a casa. As primeiras carpetes de que há conhecimento remontam ao Antigo Império Egípcio e, por entre muitas outras paragens, como Índia, China, Mongólia, são consideradas a condensação de demografias, vivências, guerras, e diferentes dramas.

T: Carla Carbone

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Design

CENTR AL PARQ

Roosmarijn Pallandt

Paisagens sem fronteiras

Roosmarijn Pallandt

Paisagens sem fronteiras

Roosmarijn Pallandt

Paisagens sem fronteiras 56

T: Carla Carbone


CENTR AL PARQ

Design

A pergunta que FLUSSER faz pode, de algum modo, sintetizar o que ao fim e ao cabo parece ser uma das principais preocupações de ROOSMARIJN PALLANDT: “O que é que testemunham as carpetes de hoje? Que tempestades elas trazem e projetam contra a nossas paredes?

FLUSSER lembra-nos as características deste suporte. A realização de um tapete não é um processo fluído, exigiu ser planeado previamente: “Não pode haver movimentos espontâneos na execução de uma carpete”. Como um mosaico, há uma ordem nas cores, ou na falta delas, há uma ordem, um propósito, no tipo de textura que se pretende, ao toque da sua superfície. A forma só se compreende/apreende depois de finalizado. Segundo o autor, o artesão, no esforço de produzir um tapete, ou uma carpete, parece querer reproduzir mais o mundo de Schopenhauer, com a sua ideia de representação, da “ideia de desejo”.

Aproveitando esta ideia de FLUSSER de como as carpetes podem ser formas de mascarar realidades, e lembrado a sua frase final sobre esta matéria, “Carpetes surgem penduradas sobre as paredes para tapar buracos” e talvez essa, segundo o autor, não seja a pior forma de descrever a situação da cultura nos nossos dias. Podemos então traduzir, na designer, a seguinte preocupação: no mundo ocidental parece que carregamos às costas um peso grande, a urgência de sermos especiais. Eu própria carrego esse peso e preocupação. É o olhar sobre as várias culturas, o enfoque maior na comunidade, o artesanato pode ser uma forma de reflexão sobre o que foi aprendido e provou continuar a resultar. “Eu não vejo fronteiras, vejo paisagens.”

T: Carla Carbone

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Arte

CENTR AL PARQ

Kruella d’Enfer + AkaCorleone Kruella d’Enfer + AkaCorleone

Distant Land

Distant Land

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T: Joana Teixeira


CENTR AL PARQ

Arte

ÂNGELA FERREIRA e PEDRO CAMPICHE soltaram os seus heterónimos artísticos pelas ruas de Bangkok à procura da inspiração que faltava em Portugal, e encontraram nesta capital oriental “tinta para telas” no que toca a ideias para ilustrar. Depois de terem pisado solo tailandês em 2013, aquando do festival de arte urbana BUKRUK, decidiram regressar à cidade onde a sua arte foi feliz para uma residência artística experimental, a decorrer desde Maio. Três meses, um tuk-tuk e uma refeição com gafanhotos depois, KRUELLA D’ENFER e AKACORLEONE inauguraram a sua primeira exposição em duo a Oriente, a convite da galeria TOOT YUNG ART CENTER. “Distant Land” é uma carta de amor à cultura tailandesa e ao seu coração exótico, uma ode ilustrada ao ritmo frenético de Bangkok, aos templos budistas, à curiosa gastronomia local, à cultura imageticamente afrodisíaca.

Antes de dar início ao processo de criação, o casal de artistas urbanos partiu à descoberta de referências gráficas, paisagísticas, linguísticas —as quais absorveram com gosto, abraçando o desafio de transformar todas essas experiências visuais em trabalhos que refletissem a sua linguagem artística, mas enquanto ocidentais a “viver” na Tailândia. Na sua exposição apresentaram trabalhos de inspiração Oriental, mas com selo artístico Europeu. O resultado foi uma explosão de cor (imagem de marca de ambos) com um toque exótico —quase místico. ÂNGELA e PEDRO perderam‑se no caos visual da “Cidade dos Anjos" para se encontrarem como KRUELLA D'ENFER e AKACORLEONE, respectivamente, na exploração criativa de novas formas, materiais e imagens. E porque "casa" é onde mora a sua arte, o duo promete manter morada em Bangkok até ao final deste ano, contando ter mais algumas aventuras artísticas até lá.

T: Joana Teixeira

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After the Hunt After the Hunt After After fotografia→ Herberto Smith styling→ Maria Benedita assist.styling→ Inês Brito make-up& hair→ Susana Gomes modelos→ Thomas Smith

@ Elite Lisbon & Rafael Cavaco @ Central Models

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After the Hunt After the Hunt After After R-a-f-a-e-l: cap e parka GSTAR, calรงas NIKE

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After the Hunt After the Hunt After After 62

R-a-f-a-e-l: cap NEW ERA, polo e corta vento FRED PERRY, Calças e calções NIKE, ténis MERRELL T-h-o-m-a-s: cap e calças CARHARTT, casaco PEPE JEANS, ténis NIKE


R-a-f-a-e-l: gorro FRED PERRY, fato de reino 55DSL, ténis NIKE

After the Hunt After the Hunt After After

T-h-o-m-a-s: bomber LACOSTE, hoodie LE COQ SPORTIF, calças de treino, FRANKLYN&MARSHALL, botas CAT

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After the Hunt After the Hunt After After 64


After the Hunt After the Hunt After After T-h-o-m-a-s: gorro CARHARTT, camisola de malha LE COQ SPORTIF, saia COS, tĂŠnis NIKE

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After the Hunt After the Hunt After After T-h-o-m-a-s: gorro CARHARTT, colete RICARDO PRETO, camisola BARBOUR, calテァas G窶全TAR, tテゥnis NIKE

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R-a-f-a-e-l: cap NEW ERA, camisa PEPE JEANS, jumper COS T-h-o-m-a-s: gorro NEW ERA, camisola FRED PERRY, calças denim PEPE JEANS, ténis NIKE

After the Hunt After the Hunt After After 67


Play Hard Play Hard Hard Play Play Hard

fotografia→ António Bernardo styling→ Tiago Ferreira assist.styling→ Maria Féria make-up& hair→ Sandra Alves modelos→ Dania Darie + Bruna Lopes + Tatiana @ Face Models Models

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B-r-u-n-a: casaco H&M Studio, botas CAT

T-a-t-i-a-n-a: casaco GANT, saia COS, botas CAT

D-a-n-i-a: cap GSTAR, estola e casaco CARLOS GIL, body ADIDAS by RITA ORA, harnez FILIPE FAÍSCA, botas CAT

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Play Hard Play Hard Hard Play Play Hard

D-a-n-i-a: luvas COS, botas DIESEL T-a-t-i-a-n-a: calรงas DIESEL, luvas COS, botas CAT

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T-a-t-i-a-n-a: camisa MALENE BIRGER, macac達o G-STAR, gorro TWIN-SET

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B-r-u-n-a: cap G-STAR, top COS, saia H&M, botas LUIS ONOFRE T-a-t-i-a-n-a: gorro NEW ERA by HOUSE OF HOLLAND, top e calรงas H&M STUDIO, sapatos MELISSA by VIVIENNE WESTWOOD D-a-n-i-a: gorro COS, colete ADIDAS ORIGINALS, casaco MALENE BIRGER, vestido H&M STUDIO, botas DIESEL

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D-a-n-i-a: casaco, CARLOS GIL, corpete, cinto e calรงas DIESEL

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B-r-u-n-a: camisola DIESEL, fato treino ADIDAS ORIGINALS by RITA ORA, botas CAT T-a-t-i-a-n-a: gorro NEW ERA by HOUSE OF HOLLAND, casaco ADIDAS ORIGINALS, cintos GTAR, calรงas COS, botas CAT

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B-r-u-n-a: gorro COS, vestido MALENE BIRGER, aventais, ALEXANDRA MOURA, botas HUNTER

D-a-n-i-a: top leggings e casaco às costas, H&M STUDIO, bomber à cintura e botas DIESEL

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B-r-u-n-a: casaco HARLEY DAVIDSON sobre casaco DIESEL, saia COS

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Moda

PARQ HERE

Fred Perr y Depois do Porto, finalmente, a marca britânica, FRED PERRY decidiu abrir a sua segunda loja em Lisboa. Para quem vier à Rua do Ouro vai encontrar à disposição coleções Authentic masculina e feminina completas, assim como, toda a coleção de acessórios. Mesmo as edições limitadas, que resultam de colaborações com outras marcas, mais difíceis de encontrar em Portugal vão estar na loja de Lisboa.

O novo espaço segue o padrão internacional das lojas FRED PERRY que são pequenas e acolhedoras, com mobiliário minimal, dando preferência aos materiais naturais. Ou seja, sem que se possa dizer que seja a recriação de uma loja de 1952, ano da origem da marca, é uma loja moderna criada sobre o espírito funcional e reducionista que era exigido à geração pós-guerra inglesa. Embrulhada numa fachada em mármore sem grandes elementos decorativos, com montras em caixilhos dourados, ainda assim, temos a ilusão final de que entramos numa pequena loja de época.

RUA DO OURO, 234 2ª — SÁB. 10H — 19:30H

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T: Maria São Miguel


DFR

Representaçþes

w w w.sof tli n e-allk it.co m w w w.r o b er tir at ta n.co m w w w.felicer ossi.it w w w.le d o.p t

T M: +351 918 709 964


Moda

PARQ HERE

AV. DA LIBERDADE, 67, LISBOA. 2ª — SÁB. 10H — 20H | DOM. 12H — 20H

COS

Chama-se, na verdade, COLLECTION OF STYLE, mas é mais conhecida por COS. A primeira loja já chegou a Portugal e aterrou no número 67 da Avenida da Liberdade. São três andares com uma decoração que se mantém fiel ao ADN da marca: moderna, minimalista e funcional. Com 93 lojas em vários pontos do mundo, a oportunidade de se estabelecer numa localização premium e a grande quantidade de vendas online que registava em Portugal foram motivos suficientes para a COS abrir portas, desta vez, no coração de Lisboa.

Lançada em 2007, a marca tem origem sueca —faz parte do grupo HENNES & MAURITZ— mas é produzida em território inglês. As coleções da COS são desenvolvidas num atelier em Londres e a pequena equipa procura, a cada temporada, reinventar peças-chave do vestuário feminino e masculino, injetando-lhes um toque de intemporalidade. A PARQ falou com MARIE HONDA, responsável pela COS, e a entrevista completa pode ser vista no site.

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T: Beatriz Teixeira


Dinner

PARQ HERE

Foccacia in Giro Que a Praça da Alegria é uma das mais bonitas de Lisboa, nem toda a gente sabe, mas ENRICO POSTIGLIONI e ANGÉLICA PADUA, dois italianos, perceberam isso primeiro que nós e instalaram ali um dos fins de tarde mais simpáticos da cidade. Chamam-lhe “Aperitivo da Alegria” onde, basicamente, vendem focaccias mum balcão ambulante montado numa Piagio Ape cor de laranja. Diz o ENRICO que as focaccias são uma receita da Avó. Provámos e aprovamos as de recheio de beringela e uma outra com mussarela de búfala, tomate e manjericão, tudo confecionado com produtos biológicos de produtores locais.

Mas se o ponto fulcral são as focaccias, ainda assim, é o conjunto improvisado e insólito que ganha toda a graça, porque ali à volta, sobre o relvado, ANGELICA espalha algumas mesas e cadeiras que aos poucos vão sendo ocupadas pelos que seguem as movimentações da FOCACCIA IN GIRO pelo facebook, ou simplesmente por aqueles que foram atraídos pelo movimento e a excelente música, a cargo de um velho conhecido, o DJ LOOCKY. Ou seja, boas razões para voltar entre as 19 e as 21h à Praça da Alegria, mesmo ao lado da Av. da Liberdade.

T: Francisco Vaz Fernandes

F: Inês Silva

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Lazer

PARQ HERE

M e n s á r i o Nocturno NICOLA CONTE

O DJ, produtor e guitarrista italiano aterra no LUX FRÁGIL na noite de 9 de outubro para um inesperado concerto. Seria bom que a vinda de um dos maiores criadores e difusores do acid jazz preconizasse a chegada de mais calor ao clubbing Lisboa, cidade que parece estar emaranhada nas teias do techno soturno. Se não, só este concerto já ilumina um bocado a cena!

LUKE SLATER Verdade seja dita, apesar de ter falado em techno em tom pouco animador na sugestão anterior, sou amante do género. Como tal, não poderia deixar de sugerir um dos mais antigos DJs e produtores das Terras de Sua Majestade (UK). Se não conhecem este artista pelo nome que vem no passaporte, LUKE SLATER, devem conhece-lo como PLANETARY ASSAULT SYSTEMS ou mais recentemente como L.B. DUB CORP. Techno para dançar com as pernas, os braços e os neurónios a 10 de outubro no LUX FRÁGIL.

FUJIYA & MIYAGI Conheci os FUJIYA & MIYAGI algures em 2007 através da editora TIRK — que editava uma série de nu disco com charme. Na altura, estava num relacionamento com os LCD SOUNDSYSTEM e nem considerei traí-los com os arppegios que me remetem para o italo disco, com as vibes kraut, os baixos cheios de groove, o ritmo a roçar o electro e com os toques de funk à descarada dos FUJIYA & MIYAGI. Na noite de 24 de outubro vou ao MUSICBOX, é que nem foi preciso pensar duas vezes!

LUX CURATED BY JOHN TALABOT O DJ e produtor espanhol ORIOL RIVEROLA, mais conhecido como JOHN TALABOT, é daqueles fenómenos que tem muito a agradecer à Pitchfork. Apesar de existirem muitos mais artistas de relevo a comporem as estantes das lojas de discos, não se pode menosprezar o carisma e sensibilidade das produções deste. Na noite de 24 de outubro aterra no LUX FRÁGIL e alinha uma série de estrelas em mais uma Green Ray!

No início de Novembro SHABAZZ PALACES Os SHABAZZ PALACES voltam ao MUSICBOX com o seu Hip hop psicadélico pintado com cores maquinais (mas não ferrugentas). Beats de outro espaço, dimensão ou de um tempo um bocado mais avançado do que a tendência da praça? Apesar de eu torcer pela equipa mais soalheira e jazzy de ROBERT GLASPER EXPERIMENT, as sonoridades imersas em bass de SHABAZZ PALACES são mais convincentes para as horas e espaço apresentados. Reservem na agenda a primeira noite de novembro!

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T: Marcelo Lisboa




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