PARQ 61

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02 look

R I TA

agradecimentos Maria Santo Studio (www.mariasantophotography.net)

fotografia Nuno Vieira, styling Ana Beatriz Alves, make-up Beatriz Texugo, hair Eric Ribeiro

www.portugalfashion.com

A plataforma B LO O M representa a aposta do Portugal Fashion nos futuros protagonistas da moda de autor em Portugal. A PARQ selecionou cinco dos jovens criadores: M A R A F LO R A , J OA N A B R AG A , DA N I E L A B R AG A , M A R I A M E I R A , R I TA S A , com as coleções mais efervescentes para o verão 2019.

To t a l


03 look

JOANA

BR AGA

Tento minimizar a minha pegada ambiental e gostaria que os outros também o fizessem, se já não o fazem. Reduzir a pegada ambiental significa por exemplo: separar o seu lixo doméstico, reduzir o uso do plástico ao máximo, desligar o seu carro quando está parado, ser-se mais consciente na compra de produtos e dar preferência aos biodegradáveis.

AL BA BAP T I STA , 21 anos, actriz

To t a l


04 Tecnologia —redes sociais, inteligência artificial, algoritmos e por aí fora— é bastante útil em muitos pontos mas não podemos deixar que ultrapasse as relações humanas. Tal como Chaplin referiu “pensamos demais e sentimos muito pouco. Mais do que de máquinas precisamos de humanidade.”

JOÃO J ESUS , 29 anos, actor

To t a l l o o k D A N I E L A P E R E I R A


05

To t a l

look

MARIA

MEIRA


06 Hoje em dia, o uso desnecessรกrio de plรกstico estรก cada vez mais a condenar o mundo em que vivemos.

FED ERICO ROD RIGUES , 20 anos, estudante / modelo

To t a l l o o k D A N I E L A P E R E I R A


07 look

MARA

FLORA

É importante que haja comida natural com preços mais baixos porque se torna uma escolha cara e nem todos, mesmo querendo, têm essa opção.

SAS HA , 15 anos, estudante / modelo

To t a l


You Must

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A L BA BA P T I S TA e J OÃO J ES U S fotografados por N U N O V I E I R A . A L BA BA P T I S TA total look M A R A F LO R A . J OÃO J ES U S usa top DA N I E L A P E R E I R A .

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Marco Laborda

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Kanal Centre Pompidou

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Foekje Fleur

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Pedro Sot tomayor

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Constança Entrudo

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Cds

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Sreya

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Irmãos Coen

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Wes Anderson

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Faguo+Absolut+Pixa Bixa

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Beleza

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You Must Buy

Soundstation

PARQ: Revista de tendências de distribuição gratuita.

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Stereossauro

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Boy Arsher

Rua Quirino da Fonseca, 25 – 2oesq. 1000-251 Lisboa Assinatura anual: 12 euros Central Parq Director: Francisco Vaz Fernandes (francisco@parqmag.com)

Editor: Francisco Vaz Fernandes (francisco@parqmag.com) Editor de Moda: Rúben de Sá Osório

Design: Valdemar Lamego (www.k-u-n-g.com)

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Grabriel Abrantes

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Wandson Lisboa

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Instasurger y

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Feminismo

Fashion ed. Periocidade: Bimestral

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Dis.connected

Depósito legal: 272758/08

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Shooting

Registo ERC: 125392

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S H E

Edição: Conforto Moderno Uni, Lda. NIF: 508 399 289 Propriedade: Conforto Moderno Uni, Lda.

Parq Here

Rua Quirino da Fonseca, 25 – 2oesq. 1000—251 Lisboa

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Sala de Cor te

Telef: 00351 218 473 379

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Mercado de Arroios

Impressão: Eurodois. R. Santo António 30, 2725 Sintra

Editorial: O tempo das lutas

12.000 exemplares Distribuição: Conforto Moderno Uni, Lda.

A reprodução de todo o material é expressamente proibida sem a permissão da PARQ. Todos os direitos reservados. Copyright © 2008 — 2018 PARQ.

Textos

Rui Miguel Abreu

Carla Carbone

Sara Madeira

Carlos Alberto Oliveira

Sara Silva

Diana da Nobrega

Fotos

Francisco Vaz Fernandes

Ana Vieira de Castro

Joana Teixeira

Frederico Santos

João Levezinho

Nuno Vieira

João Patrocínio

Sara J. Bento

Liliana Pedro

Valeria Galizzi Santacroce

Luís Sereno

Styling

Margarida Santos

Ana Beatriz Alves

Maria São Miguel

Maria Paisana

Patrícia César Vicente

Maria Nobre

Rafael Vieira

Pedro Aparício

Roger Winstanley

Raquel Guerreiro

www.parqmag.com facebook

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youtube

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08

A hora das reivindicações chegou a Portugal como já lá fora acontecia. Velhas reivindicações que agora são renovadas, porque este é o tempo do descontentamento, o tempo em que as causas de sempre voltam a estar mais próximas de nós. De novo, assistimos ao colapso das nossas representações sociais e urge então o tempo da reconstrução ideológica. Segue já os seus passos. Vamos ser mais utópicos ou pragmáticos? Quem responde às nove mulheres assassinadas em contexto doméstico que ocorreram em Portugal nos primeiros dois meses do ano? É um facto que nos faz parar para pensar na sociedade em que vivemos. Não há desculpas, o feminismo reinventa-se e afirma-se. Sempre fez sentido discutir os direitos das mulheres, reivindica-los todos os dias para uma sociedade certamente melhor. Porque o feminismo faz sentido, trouxemos este tema como nosso artigo principal, porque também é a nossa luta. Qual é a tua? Ainda no terreno da atualidade, trazemos a questão de como a nossa aceitação social passa cada vez por uma perceção visual ilusória, a uma escala global. Simulação é a palavra de ordem e como tal as pequenas plásticas estão em alta a partir da adolescência. Falar de “Instasurgery”, faz sentido? Tudo temas que precisam de uma luz primaveril cheia de esperança, para melhor entender as nossas mudanças. Por isso a PARQ combina tão bem com espaço aberto e verde, de preferência. Francisco Vaz Fernandes

MARÇO 2019


FREDPERRY.COM

FRED PERRY STORES: NORTE SHOPPING, MATOSINHOS / PORTO ARRÁBIDA SHOPPING, V. N. GAIA RUA DO OURO, LISBOA SHOP-IN-SHOP: EL CORTE INGLÉS GAIA / PORTO EL CORTE INGLÉS LISBOA MARQUES & SOARES, PORTO

LISTEN TO BLACK / CHAMPAGNE / CHAMPAGNE


MARCO L ABORDA texto por Joana Teixeira

http://www. marcolaborda.com

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O mundo, quando observado através da lente de M A RC O L A B O R DA , é de uma “beleza melancólica” que a poucos satisfaz, mas que a todos encanta. De Barcelona a Madrid, este artista multidisciplinar começou a pintar, revelou-se em 2013 como realizador e é agora conhecido pelas suas colagens. A arte desconstrutiva de L A B O R DA é levada a cabo pela intuição. Uma simples imagem numa revista pode chamar a sua atenção, levando o artista a recortá-la e desconstruíla, fazendo dela a caixa de areia de um parque infantil onde vários recortes se juntam para brincar com cores, formas e texturas. As suas YOU MUST SEE

composições não são nada mais do que um jogo de pequenos detalhes aglutinados, que um dia fizeram parte de imagens maiores. Montar retratos através da colagem de uma série de elementos de origens diversificadas é definitivamente a grande paixão de L A B O R DA —“quando visito uma exposição, o que me fascina são os retratos, como captam a alma humana com todos os seus sonhos, neuroses e conflitos internos”. L A B O R DA acredita que os seus retratos feitos de colagens servem de metáfora para a vida, pois, no fundo, somos todos feitos de pedaços de outras pessoas.


DARE TO CARE PAMPA ORGANIC

PALLADIUM PORTUGAL

PALLADIUMPORTUGAL


V E R S O - U N I V E R S O DA A R T E C O N T E M P O R Â N E A K ANAL CENTRE POMPIDOU texto por Rafael Vieira fotos por Veerle Vercauteren

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A N D R É C I T RO Ë N —o próprio— fez edificar na década de 30 esta enorme fábrica a um passo do centro da cidade de Bruxelas, a Citroën Yser. De indústria pesada a showroom, ocupada durante a guerra e após décadas a expelir automóveis, foi decaindo lentamente no esquecimento alheio. Como o património industrial merece mais e a arte é um veículo, foi lançado concurso de arquitectura para a sua reconversão num novo espaço cultural —da cidade e do mundo, um hub artístico de dimensões ciclópicas: 35.000 m2 dedicados à contemplação e criação artística. Este concurso foi ganho pelos noArchitecten, EM2N e S E RG I S O N BAT ES e irá promover um ambicioso programa, reunindo artes plásticas e visuais, design e arquitectura, potenciada pelas colecções do P O M P I D O U. Até Junho de 2019 é possível visitar o edifício tal como está, imenso e esventrado, plataformas sobre plataformas que se tocam por rampas; pés triplos, quádruplos, preenchidos de obras e instalações artísticas expostas pelos seus amplos vazios comunicantes. Depois desta breve temporada, o edifício entrará em obras e reabrirá, borboleta após crisálida, no final de 2022, princípio de 2023. Aqui a arte não basta, é vasta.

YOU MUST SEE

http://www. kanal.brussels/



FOEKJE FLEUR THE BOTTLE VASES texto por Joana Teixeira

De plástico a porcelana. De garrafas de detergente a arte contemporânea. F O E KJ E F L EU R é uma artista que decidiu simplificar a narrativa artística para transmitir uma mensagem ambientalista. A artista holandesa, formada em Artes e Design, começou por recolher algumas embalagens de detergente que deram à costa do rio Maas, na sua cidade —Roterdão— para depois transformá-las em moldes para criar a coleção “The Bottle Vases”. Encheu-os com porcelana líquida e transformou as outrora embalagens de detergente —e símbolos de um consumismo

insustentável para o meio ambiente— em inspiradores vasos de porcelana banhados em tons pastel. As peças são elegantes na sua simplicidade e F O E KJ E acredita que a mensagem de sustentabilidade acaba por passar nas entrelinhas, sendo que o observador vai ficar sempre curioso por conhecer a história por trás das peças. Bottle Vase Project é a plataforma artística que F O E KJ E criou para atrair a atenção dos mais distraídos para a poluição dos mares por plástico —para que o lixo não‑biodegradável nunca chegue a substituir a arte nos museus.

http://www. foekjefleur.com

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YOU MUST SEE


filaeurope


P E D R O S OT TO M AYO R LESS texto por Carla Carbone

Numa fase em que o design atravessa diversos caminhos, especialmente evidenciando‑se mais numa vertente opositora e desagregadora dos princípios iniciáticos da sua nomeação, nomeadamente o dos “industrialismos” e da vertente racionalista, a obra de P E D RO S OT TO M AYO R parece desenvolver‑se alheia a esses propósitos, delineando-se segundo um caminho súbtil, muito pessoal, trilhado com base numa acepção essencialista, e de cariz minimalista. Sobre o tema do reducionismo, e do minimalismo no seu trabalho, o designer comenta: “Para mim, o projecto de um objecto é sempre bastante complexo no início, pois tento colocar o máximo de problemas e perspectivas sobre o problema a resolver. Depois vou solucionando um por um, e tento encontrar a melhor resposta global a todos eles, e reduzindo a forma/solução, o mais simples possível. O resultado final é por isso quase sempre muito simples, mas resulta sempre de um problema bastante complexo. Parece-me que uma boa explicação sobre esse tema é a instalação/ exposição que fiz na Galeria Who, em Lisboa, em 2011, à qual chamei LESS. Aí os bancos que desenhei, os protagonistas da exposição, são muito simples, e resultam de uma fina folha de chapa metálica dobrada. O resultado que procuro é sempre uma solução muito simples e minimalista, e por isso a exposição se chamava LESS”.

☺ Maria e Manel ↘

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YOU MUST SEE

Assim, o designer anuncia que o caminho de um certo racionalismo é possível, desde que dentro de um critério socialmente consciente. As formas dos seus objectos surgem, por isso, por meio de contornos bem definidos, e servem as funções para as quais foram previamente pensadas. A tendência actual é para não contrariar as respirações intrínsecas dos materiais, a pulsão originária das suas formas puras, a ambivalência dos seus objectivos, a razar o objecto artístico. Motivadas por uma ideia formalmente “ecológica” (nem sempre autêntica), barroca, que se distancia da resposta imediata e serial da indústria, bem como dos objectos do quotidiano. A obra de S OT TO M AYO R é, por isso, claramente design com letra grande, não é arte, muito menos uma ambivalência entre as duas artes.


Por outro lado, revemos, nas peças de S OT TO M AYO R , uma herança sólida proveniente directamente da história do design, bem como dos seus movimentos e linguagens. Podemos, por isso, observar no trabalho de S OT TO M AYO R , uma prática que não descura essa sabedoria da história, respeitando a sua hierarquia, sendo que o evidencia no projecto das cadeiras de esplanada. As cadeiras Maria e Manel são mais um testemunho desse respeito pela tradição e pelo passado, sendo esse aspecto que o integra perfeitamente num nível de design contemporâneo, de assento historicista, e de tradição, oposto à acepção modernista que reprimia um olhar positivo, e enriquecedor, sobre o passado. As cadeiras Maria e Manel (2017), editadas pela Adico, são inspiradas num modelo clássico português, de cadeiras de esplanada, oriundas dos anos 30 e 50. Empilháveis, como a versão original, estas cadeiras redesenhadas por S OT TO M AYO R , são mais leves por serem produzidas em tubo redondo de alumínio, e posteriormente revestidas por uma pintura epoxy.

☺ Ergos Big ↘

Na linguagem discreta das formas, presente habitualmente, nos objectos desenhados por S OT TO M AYO R , observa-se uma atenção cuidada sobre as cores. Podemos observar essa atenção, das cores quase puras (como o verde, o azul, o amarelo e o vermelho), sobretudo em certas peças, como as cadeiras Ergos Big (2015), estas últimas produzidas em molde por injecção, e em material leve, como o polipropileno. O equipamento de S OT TO M AYO R tem sido integrado em zonas exteriores e interiores, de considerável importância, especialmente no caso das cadeiras de esplanada que servem áreas exteriores de pastelarias, de referência na cultura lisboeta (Maria e Manel), e as cadeiras Adágio, editadas pela Nautilus, que, "termoformadas", revestem o interior de uma das salas de concertos da Casa da Música, tendo sido, estas últimas, especialmente desenhadas com vista a responder a aspectos de ordem acústica.

http://www. pedrosottomayor.com

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YOU MUST SEE

↖ Cadeira Cast ☺


C O N S TA N ÇA E N T R U D O MODA TEMPERAMENTAL

Na porta 20, na rua Cecílio Sousa, no Príncipe Real, em Lisboa, encontramos C O N S TA N ÇA E N T RU D O a dar os últimos toques e retoques na coleção outono/inverno 2019‑2020 que vai apresentar na próxima edição da Moda Lisboa. A designer têxtil regressa ao handmade e dá uma chance aos estampados. O ponto de partida? Um manifesto. “A minha coleção parte de um livro que encontrei na Gulbenkian de um senhor de Trás-os-Montes que escreve um pequeno manifesto sobre como o traje de Trás-os-Montes ou da Nazaré tem que ser reconhecido como tal. Sem querer desrespeitar o autor, na minha coleção procuro inverter essas regras, mostrando que elas já não existem.”

texto por Liliana Pedro fotos por Nuno Vieira

Desde a estreia da sua marca na Moda Lisboa que a sua vida tem mudado em todos os sentidos, tanto na esfera profissional como na esfera pessoal. “O impacto foi tão positivo que tive que deixar o meu emprego em Paris para me dedicar a 100% à minha marca em Portugal.” C O N S TA N ÇA E N T RU D O trabalha para pessoas reais. Ao desenvolver novas técnicas têxtil, a designer tem como objetivo desenhar coleções usáveis em todos os momentos, seja numa saída à noite com os amigos ou num passeio de fim‑de‑semana com a família. “Adoro a complexidade humana. Adoro ver como é que as pessoas se comportam com as minhas peças. O que são e não são com elas.”

http://www. constancaentrudo.com

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YOU MUST SEE



CDS POS S ÍVEIS SONS DE PRIMAVER A texto por Carlos Alberto Oliveira

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01— A Primavera ganha um sabor a Verão com os P O N D no single de avanço do seu novo disco Tasmania , que chega às lojas a 1 de Março via Spinning Top/Marathon Artists/Caroline/Interscope. A banda revela que o single Daisy "inclui uma interpolação dos the P I G R I M B ROT H E R S ‘I Feel Like Going Back Home’. Trata-se de uma música acerca do verão."

05

02— O escocês C D U N CA N (aka

C H R I S D U N CA N ) tem um novo disco, Health, e partilhou o seu novo single Impossible. Health é o seu terceiro disco de originais e sai a 29 de Março pela Fatcat. Foi produzido por C R A I G P OT T E R dos E L B OW.

03— Os T H E D RU M S vão lançar o seu quinto disco de originais Brutalism

será lançado a 5 de Abril pela Anti. O vocalista da banda, J O N N Y P I E RC E , comenta a propósito do single Body Chesmetry: "Um ano antes de escrever esta música, tinha lidado com o crescente sentimento de estar deprimido."

05— A pródiga artista Indie Folk

S OA K tem um novo álbum a caminho Grim Town. Será lançado a 26 de Abril pela Rough Trade Records. De acordo com uma conferência de imprensa, o disco retrata: "Amor à distância, depressão, divórcio e ansiedade social, bem como as mudanças da sociedade moderna (sexualidade, política, emoções)".

06— O músico JA M I S O N I S A A K , que

02

adota o nome de T E E N DA Z E em palco, prepara-se para editar o seu sexto disco Bioluminescence a 26 de Abril. O álbum será editado pela sua própria editora Flora.

04

Os F OX YG E N estão de volta com um novo álbum chamado Seeing Other People. O disco será lançado a 26 de Abri via Jagjaguwar, e o seu single de avanço Livin’ a Lie já foi divulgado.

Any Random Kindness, que sairá a 10

Também a 5 de Abril, chega às lojas e plataformas digitais o novo disco W E Y ES B LO O D, Titanic Rising , que, segundo a artista, se trata de um encontro entre os T H E K I N KS e W W I I ou B O B S EG E R e E N YA . Titanic Rising será o primeiro disco com a chancela da via Sub Pop.

03

04— Got To Keep On foi o terceiro tema a ser retirado do muito esperado nono álbum dos T H E C H E M I CA L B ROT H E R S , No Geography, que chega às lojas a 12 de Abril via Virgin/EMI. O artista canadiano RO B E R T A L F O N S , mais conhecido por T R / S T, vai lançar o seu novo disco The Destroyer Part One a 19 de Abril. Gone foi o primeiro single a ser retirado do seu novo registo de originais.

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YOU MUST LISTEN

de Maio, é o titulo do novo álbum dos H Æ LO S . Kyoto foi o primeiro single a ser retirado do seu novo registo de originais. Para a composição deste disco, a banda recrutou um novo membro, DA N I E L V I L D Ó S O L A , e um novo produtor, O R L A N D O L EO PA R D.

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O CANTO DA SREYA! texto por Patrícia César Vicente

Numa entrevista informal e descontraída a PARQ teve a oportunidade de conhecer melhor o trabalho da S R E YA . Embora ainda no início do seu percurso musical, sabe para onde quer ir e a meio do caminho é receptiva e vive a música de forma positiva e honesta.

Preferes que te tratem por S R E YA ou por R I TA? “O meu nome é R I TA , mas se quiserem podem tratar-me por S R E YA . Até porque não há muitas por aí.” R I TA é uma pessoas totalmente virada, voltada e encontrada entre o meio das artes. Música, cerâmica, escrita, ilustração e de certeza que haverá mais talentos escondidos. É amiga de C O N A N O S Í R I S há muitos anos, há mais de metade da sua vida, para sermos mais precisos. Foi com o C O N A N que há alguns anos teve uma banda e com quem partilhava o gosto pela música. Antes de fazer trinta anos e ainda antes do mundo inteiro e arredores conhecer o C O N A N , R I TA pediu ao amigo que produzisse o seu primeiro álbum. Juntos escreveram metade do álbum, foi produzido e lançado em 2017. Podem ouvir algumas das suas músicas no soundcloud ou comprá‑lo através de sreya.bandcamp.com. Nos espectáculos que tem feito, tem sido acompanhada por B E R N A R D O A LVA R ES , que também toca contrabaixo. Recentemente foi convidada para fazer parte de um espectáculo no Lux e prepara‑se para gravar um segundo álbum. Será um projecto mais maduro, pretende ter a oportunidade de trabalhar com vários produtores. Fiel ao que acredita, aos poucos vai ganhando o seu espaço, conhecendo mais pessoas, tendo novas ideias e cada vez mais, está a chegar a um público cada vez mais ávido de pessoas como a R I TA , decididas a fazer novas abordagens e com vontade de serem elas próprias, sem medo de serem diferentes na música portuguesa. Toda a versatilidade num mundo que ainda gosta de rótulos, S R E YA não consegue ser ou fazer só uma coisa, Sreya é impossível de catalogar. E isso é mais do que um bom motivo para a ouvir.

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YOU MUST LISTEN


ModaLisboa 2019 | Photo: Carlos Teixeira | Model: Thomas, We Are Models | Design: Joana Areal

MODALISBOA INSIGHT FW 19/20 7.8.9.10 MARÇO 2019 PAVILHÃO CARLOS LOPES #MODALISBOA #LISBOAFASHIONWEEK

Uma iniciativa conjunta

Cofinanciado por

Patrocínios

Parceiros

Apoio

Indústria

Hotel oficial

Parceiro de Media

Tv oficial

Rádio oficial

Tv Internacional


C O E N B R OT H E R S BAL ADAS A OESTE texto por João Levezinho

Os irmãos C O E N voltaram! Voltaram com a ajuda e patrocínio da Netflix nesta sua mais recente produção de nome A balada de Buster Scruggs estreada no mais recente Festival de Veneza, visto que em Cannes foram impedidos de se mostrarem. Mas como é o oeste dos irmãos C O E N? Excessivo, poeirento, melancólico, devastador e sobretudo desconcertante. São 6 histórias que revisitam o velho oeste com todos os seus cânones imagéticos e narrativos que nasceram com os mestres J O H N F O R D e também S E RG I O L EO N E . Estas seis histórias variam muito, desde o tom pitoresco de alguns quadros até ao minimalismo sentimental de outros. Os seis episódios são independentes —a presença da morte é uma constante, pois, como avisa o cartaz da longa-metragem,

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YOU MUST WATCH

“as histórias vivem para sempre, as pessoas não”— e avançam em diferentes registros, da comédia musical ao conto moral sombrio, da paródia total à fábula gótica. Às vezes os majestosos planos abertos dos C O E N reduzem os cowboys, que parecem pontos insignificantes nas vastas pradarias ou agigantam-se confinados a uma cabine puxada por cavalos. Existe, pois, o pequeno e grande numa escala de planos que cromaticamente nos levam a um velho oeste inspirado e delirante.


O UNIVERSO DE WES ANDERSON texto por Margarida Santos

Desde 1996 (ano em que lançou o filme Bottle Rocket ) W ES A N D E R S O N tem vindo a impressionar-nos, com os seus trabalhos incríveis, mas só nos últimos tempos é que tem conseguido cativar um público cada vez mais abrangente, tornando-se um dos realizadores mais aclamados da atualidade. Os seus filmes já foram nomeados para vários Óscares sendo que a mais recente nomeação foi nos Óscares deste ano, com o filme Isle of Dogs, para melhor filme de animação. Mas o que é que têm de tão especial os filmes de W ES A N D E R S O N? A resposta para esta pergunta pode ser dada numa única palavra: estilo. Distinguir um filme do realizador é uma tarefa fácil devido ao seu estilo único e à sua forma original de retratar as personagens e a história. Num filme de A N D E R S O N tudo é pensado ao pormenor desde as cores, aos planos, ao guarda‑roupa e à banda sonora e como todas essas partes se constituem num todo. Cada frame é pensado como uma obra de arte e tudo é meticulosamente preparado.

A centralização, a simetria e a cor são as três características visuais que todos associam a um filme do realizador. Tudo nos seus filmes, parece ter sido criado, apenas, para aquele filme e isso faz com que exista um mundo próprio daquele filme, sentimos que tudo pertence àquele mundo. Mas para além de toda esta estética tão particular, também, encontramos temas que se prolongam em todos os filmes de A N D E R S O N , nomeadamente a nostalgia, a juventude, a família e de certa forma a própria vida do realizador. W ES sabe, vê e sente o que quer que o público saiba, veja e sinta. Prestando bastante atenção aos detalhes consegue dirigir a atenção do espetador para onde ele quer e quando ele quer, dando ao público tudo o que quer que o filme transmita. Faz com que todas as imagens sejam importantes e não está interessado em criar suspense, mas sim em ser o mais direto e claro possível. O seu estilo é sem dúvida uma extensão dele próprio, faz tudo parte do seu imaginário, do seu psicológico. Ele próprio é aquelas cores, aqueles planos, aquele guarda-roupa, aquelas memórias nostálgicas. Ao contrário da maioria dos realizadores, A N D E R S O N , em vez de expressar a sua personalidade através das suas personagens expressa-a através do look do filme. Apesar destes filmes serem fantásticos, numa perspetiva cinematográfica, nem todos apreciam este género, muito visual, e pode até ser um pouco confuso. Mas uma coisa é certa, não é preciso gostar dos filmes deste realizador para apreciar o movimento da câmara, a composição dos planos, a direção dos atores e claro as cores. Para quem ficou curioso sobre este realizador aconselho vivamente a começar por ver Bottle Rocket e de seguida Rushmore, assim percebe‑se bem a diferença entre como o realizador começou (Bottle Rocket , 1996) e como aos poucos foi acentuando o seu estilo único (Rushmore, 1998). Ou pode-se partir logo para o filme mais “Wes Anderson” de A N D E R S O N , o The Grand Budapest Hotel (2014). Para os fãs de filmes de animação aconselho o Fantastic Mr. Fox (2009) e o Isle of Dogs (2018). Pessoalmente, gosto bastante do Moonrise Kingdom (2012), um filme em que a nostalgia e a juventude são os temas principais.

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YOU MUST WATCH


ABSOLUT ELY X texto por Maria São Miguel

Vamos lá fazer despertar a veia de bartender que temos em nós, em casa, entre os amigos, mas à grande. Isso porque todos aqueles acessórios em cobre reluzente que estamos habituados a ver num bar Absolut Elyx, ou seja, o já famoso balde de gelo em forma de ananás, os diferentes copos de cocktail, misturadores, coadores e medidores, estão agora disponíveis na boutique on-line da marca. Com um posicionamento de Luxo, essa vodka premium, a primeira especificamente criada para ser degustada, oferece agora para o teu bar privado um complemento em sumptuosidade a partir dos seus acessórios marcantes.

M O DA F R A N C E S A FAGUO texto por Maria São Miguel

com o espírito de humor e a leveza que encontram na sua geração. No fundo trabalham a sério sem se levarem a sério como se pode ler no site da marca. Acompanhando as grandes preocupações da sua geração a marca preocupa-se com a pegada de carbono da sua empresa e implanta ações que minimizam o efeito estufa. Para além dos seus produtos serem pensados em termos da durabilidade, são transportados por via marítima em embalagens que não usam colas. Os embrulhos são em papel reciclado. Por outro lado, tem tido uma ação gigantesca na reflorestação das florestas de forma que a árvore se tornou o símbolo da marca, uma vez que cada produto vendido representa uma árvore plantada.

FAG U O na língua chinesa significa França, uma relação indissociável à origem da marca que nasceu quando dois colegas franceses se encontram num curso em Pequim. N I C O L AS e F R E D E R I Q U E , no âmbito de um projeto universitário, desenvolveram uma marca de calçado, que poucos esperariam que em poucos anos já era uma das startup modelo francesas. A marca cresceu e dos sapatos passou a estar em todo o universo de moda, tal como ela é vivida pelos jovens franceses. Como gostam de referir, é uma marca emocional que acompanha as dinâmicas da sua própria juventude, agora a uma escala cada vez mais global, sem nunca perder de vista a essência da moda da rua. Partem dos básicos, peças-chave que todos os jovens têm que ter e trabalham os detalhes sempre

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YOU MUST WEAR / SEE

Q U E E R N A S R UA S : A R T E TA PA - N A - CA R A PIX A BIX A texto por Rafael Vieira

P I X A B I X A é dos projectos mais estimulantes que despontaram recentemente no panorama da arte urbana lisboeta. Não porque lancem murais do tamanho de prédios ou porque sigam pela previsibilidade fácil do aparato plástico, é pela temática: arte de rua queer. Não secundam a estética, mas é pela intervenção, pura e dura, arremetida via cartazes, stencil e autocolantes, que se fazem notar pelas fachadas. Comentam: “Já tínhamos notado uma ausência de intervenções artísticas voltadas para a temática queer, ou seja, uma arte de rua com um apelo mais orientado para as causas LGBTQI+. Que provocasse não só o olhar e o questionamento das pessoas, mas também que mostrasse o trabalho de artistas que trabalham e pensam sobre este tema”. Eis o estímulo, a arte do confronto porvir, um confronto necessário. Continuam: “Falta imenso trabalho a ser feito a fim de educar a sociedade para aceitar e compreender a cultura queer, mesmo o meio artístico que ainda mantém algum conservadorismo na forma como se expressa nas ruas”. P X BX quer continuar a experimentar as ruas pela intervenção directa, oportuna, dilatar-se a outros bairros e colaborar. Querem fazer do «discurso viado algo que incomode o fluxo dos cidadãos». Que ninguém se acomode, eis aqui um manifesto, anotem: “Queremos arte queer em toda a parte”. Sigam o Instagram dos PxBx: @pixabixa_lx


ANNY L A L A LIFE texto por Sara Silva

Nem só de maquilhagem se vive e como estão a chegar os dias mais bonitos, as nossas unhas querem acompanhar as cores dos dias primaveris. A marca A N N Y acaba de lançar uma nova coleção de vernizes, com cores incríveis e divertidas, inspiradas na essência da avenida mais trendy do mundo: Melrose Avenue. Desde os nomes dos vernizes à pigmentação, La La Life chega no momento certo para animar os nossos dias e nos fazer sonhar.

K AT VO N D LOLITA PAR A OS AMIGOS texto por Sara Silva

Para todos os amantes de maquilhagem que se prezem, vêm aí excelentes novidades do mundo de K AT VO N D. Já todos conhecíamos o batom Lolita lançado anteriormente, pelo seu equilíbrio de tons e o nude perfeito para todos os tipos de pele. Agora, para dar continuidade a este objeto de desejo mais do que icónico, chega às lojas Sephora, uma

coleção de maquilhagem em tom de celebração do tão queridinho rosado castanho. As embalagens também não passam despercebidas. As suas cores e elementos são o reflexo da inspiração na cultura latina, tão presente na vida de K AT VO N D. É caso para dizer que Lolita é, sem dúvida, um must-have.

PUMA x MAYBELLINE texto por Sara Silva

Quando pensamos em marcas, temos tendência a juntá-las por categoria. Umas correspondem a moda, outras a beleza, outras, quem sabe, a desporto. Neste caso, em particular, assistimos aqui a um casamento, entre desporto e beleza, ou mais precisamente, P U M A e M AY B E L L I N E . Pois é, as duas marcas uniram-se em força, para lançar uma linha de maquilhagem

BY R I H A N N A 10 S HADES OF FENT Y texto por Sara Silva

Se já tínhamos ficado fascinados com a qualidade dos primeiros produtos da linha F E N T Y B E AU T Y de R I H A N N A , preparem-se, porque agora chegam ainda mais surpresas. Em 2017, R I H A N N A iniciou o Fenty Effect , com o lançamento de 40 tonalidades, pensadas para todos os tipos de pele. Dois anos depois, a aposta recai em mais 10 novos tons nas bases e juntando-se à família, mais pincéis, uma nova esponja e pós de acabamento. F E N T Y B E AU T Y eleva o conceito de beleza ao máximo, privilegiando todos os tipos de pele e realçando os traços de todas as mulheres, sempre com aquele extra glow tão característico da marca.

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YOU MUST WEAR

única, dedicada às Gerações Z e Millenials, tendo como ponto de partida, um estilo de vida movimentado é multifacetado. A mensagem é tão especial como esta novidade: manter uma rotina ativa, acompanhada de produtos, que nos motivem a aproveitarmos cada momento.


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01— Puma 02— Givenchy 03— Fila

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04— Dior Homme 05— Nike 06— Linda Farrow

07— Merrell 08— Moschino 09— Pony YOU MUST BUY

10— Carrera 11— Fila 12— Polaroid


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13— Linda Farrow 14— New Balance 15— Christian Dior

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16— Nike 17— Fendi 18— Merrell

19— Havaianas 20— Le Coq Sportif 21— Dior Homme YOU MUST BUY

22— Faguo 23— Palladium 24— Lacoste


STEREOSSAURO STEREOSSAURO STEREOSSAURO STEREOSSAURO STEREOSSAURO STEREOSSAURO STEREOSSAURO 30

SOUNDSTATION


Tem por título Bairro da Ponte , o novo disco em que S T E R EO S S AU R O cruza CA R LO S D O CA R M O, CA M A N É , G I S E L A J OÃO e A N A M O U R A com N E RV E , C H U L L AG E , S LOW J e AC E e tanto mais... O hip hop e o fado têm muito mais em comum do que se poderia pensar. E só alguém que amasse tanto as duas culturas poderia facilmente ver o que as une em vez de se focar no que as separa. Alguém como S T E R EO S S AU RO. ST EREOS SAURO é um veterano que carrega nos ombros uma carreira que se estende pela melhor parte de duas décadas: experimentação solitária primeiro, no quarto, com discos e gira-discos, com colagens disparatadas, tudo alimentado a uma curiosidade infinita, daquela que ainda não se saciava com uma pesquisa no google; depois veio a aliança com o seu inseparável companheiro D J R I D E , cabeça de pensamento similar, com quem criou os B E AT B O M B E R S e ao lado de quem conquistou dois títulos mundiais na exigente arte do scratch; e em cima de tudo isso contabiliza ainda várias mixtapes, produções avulsas, batidas criadas para muitos MCs, exercícios de derrube de barreiras entre o que entendia ser o “seu” hip hop e a música portuguesa que sempre abraçou —os C L Ã e P E D R O A B R U N H O S A , os M ÃO M O R TA e S É RG I O G O D I N H O, Z ECA A F O N S O... ou CA R LO S PA R E D ES e A M Á L I A . Quando remexeu em Verdes Anos , assumindo os pads da sua MPC como o mestre assumiu o aço das cordas da sua guitarra, S T ER EO S SAU RO abriu —talvez seja melhor escrever “escancarou”— um universo de possibilidades: o maestro A N TÓ N I O V I TO R I N O D E A L M E I DA , numa cerimónia oficial, viu e ouviu S T ER EO S SAU RO a reinterpretar Verdes Anos e aplaudiu o resultado. De repente, ganhámos todos uma música que era nossa, que era moderna e intemporal, que olhava para o passado e para o futuro e por isso definia o presente. Foi a música escolhida pela RTP para anunciar a chegada a Portugal da grande festa da canção: os B E AT B O M B E R S puderam depois interpretar a sua versão de Verdes Anos na cerimónia de encerramento do Festival Eurovisão da Canção perante uma plateia verdadeiramente global. S T ER EO S S AU RO deu agora o passo seguinte: Bairro da Ponte. O trabalho com que sucede a Bombas em Bombos, o seu primeiro álbum em nome próprio, editado em 2014, é, simplesmente, o mais ambicioso da sua carreira e um disco que tem tudo para assumir uma justa condição de registo histórico.

É com a voz de A M Á L I A que o Bairro da Ponte se abre: “eu canto este meu sangue, este meu povo”, revela a diva. E está criado o clima para um disco que ao longo de 19 faixas reúne um número sem precedente de convidados num projecto destes. Por ordem de entrada em cena: CA M A N É , N B C, S L O W J , PA P I L L O N , P L U T Ó N I O, A N A M O U R A e D J R I D E , D I NO D’SAN T IAGO, CARLOS DO CARMO, L EGEN DARY T IGERM AN e RICARDO GORDO, GISEL A JOÃO, CAPICUA , ACE, RUI REININHO, N E RV E , R A Z AT e PAU LO D E CA RVA L H O, H O L LY e S R . P R E TO.

Gente do Norte e do Sul. Gente do fado e do hip hop. Do rock. Gente de várias gerações, de diferentes posturas, com diferentes sotaques. Gente de todas as cores. Homens e mulheres. Cantores, músicos e produtores. Amigos: como R I D E e H O L LY, claro, e como R A Z AT, companheiro na exploração dos fundos mais graves que tristemente desapareceu em vésperas da edição deste Bairro da Ponte. Ele era um natural habitante deste lugar cheio de futuro. E há tanto mais aqui dentro: as vozes de A M Á L I A ou de A L F R E D O M A R C E N E I R O , as guitarras de C A R L O S PA R E D E S ou A N TÓ N I O C H A Í N H O e até o assobio de VAS C O S A N TA N A . Depois de tantos anos mergulhado em feiras de velharias em busca dos vinis de que também se faz a nossa memória, S T E R EO S S AU RO deu o passo seguinte e foi beber directamente à fonte, aos arquivos, onde repousa a memória de uma cultura que está mais viva do que nunca. Pegar nessa memória e devolver estas vozes, estes dedos, estes sons e estes sopros ao presente é erguer algo de novo. E S T E R E O S S AU R O, DJ e produtor, assume também no disco a condição de músico e até de letrista: criou ele as palavras que G I S E L A J OÃO ou A N A M O U R A cantam neste disco. Um bairro novo, portanto. Erguido à sombra desta ponte que nos continua a permitir cruzar águas e tempos, vidas e culturas. É assim que se faz história. E esta é a história de S T E R EO S S AU RO.

O FADO DO HIP-HOP

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texto por Rui Miguel Abreu


BOY HARSHER BOY HARSHER BOY HARSHER BOY HARSHER BOY HARSHER BOY HARSHER BOY HARSHER BOY HARSHER BOY HARSHER BOY HARSHER BOY HARSHER 32

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BOY HARSHER BOY HARSHER Encaixados num rotulo possível de banda Minimal Wave, o duo B OY H A RS H ER consolida, no seu segundo disco de originais Careful, o trilho iniciado com o seu álbum de estreia Yr Body is Nothing. A atmosfera densa e claustrofóbica continua a espelhar o seu mundo apocalítico, tecnológico, futurista graças às suas referências mais obscuras da New Wave. Embebidos de uma estética sonora muito próxima do cineasta J O H N CA R P E N T E R , a banda introduz-nos o mote da sua mais recente viagem com Keep Driving , abrindo-nos as portas para as aventuras do seu novo álbum. A intensidade intimista da vocalização de JA E M AT T H E WS , cria um espetro crucial para este novo ciclo de canções.

O ESTRANHO ADMIRÁVEL MUNDO texto por Carlos Alberto Oliveira

A sua música evoca um turbilhão de emoções que vão desde a raiva até à tristeza, passando por assédio sexual. No meio de tudo isto, há a constante urgência, ou apelo para a dança. Mas o mais curioso é que a banda consegue pegar neste caldeirão e misturar tudo de uma só vez. Aliada aos poderosos beats e repetição dos sintetizadores alfa numéricos, as vocalizações etéreas, chegando até a ser fantasmagóricas, dão uma dimensão gótica aos elementos sonoros com forte inspiração Synth-pop, como é o caso de Face de Fire. Não é de estranhar, portanto, que se compare aos temas mais obscuros dos D E P EC H E M O D E ou dos N E W O R D E R . Bandas como F RO N T 242 e os alemães A N D O N E , são a mais provável influência para Fate, onde o Techo com contornos mais industrial se faz sentir. As orquestrações também estão lá e, aliadas aos efeitos sonoros criados pelos teclados, encorpam o tema, transportando-nos para mais um poderoso momento sensorial, que povoa o nosso imaginário cinematográfico mais obscuro. O recurso aos sintetizadores Bounce, criam em L.A. aquela sensação irresistível de que chegámos a uma festa Rave Gótica, onde A DA M S K I poderia estar a tocar com os I N F O R M AT I O N S O C I E T Y. Se há consistência neste disco deve-se sobretudo à densidade da vocalização, criando a ilusão de que a nossa mente poderá ficar simbioticamente ligada à música. A intimidade orgânica foi substituída por uma intimidade glaciar tecnológica, mas mais entranhante com Come Closer, como se fosse inevitável fugir ao chamamento telepático da banda para uma comunhão de sentidos mais sincronizada entre a banda e o público. Num ambiente mais eletropop obscuro, o tema That Look you gave (Jerry) revisita o experimentalismo de bandas como os italianos C H A R L I E nos idos anos 80, onde ainda assim a melodia é possível. No mesmo alinhamento de frequência, Tears criando a possibilidade de podermos transportar fisicamente, para um mundo virtual, as nossas emoções, onde o homem tecnológico é muito mais orgânico que a relação homem máquina, anunciado precisamente nos anos 80. Olá C RO N E N B E RG , novamente!

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Provavelmente o momento mais luminoso do disco acontece com o tema Lost , onde os sintetizadores menos soturnos criam a sensação de leveza, podendo inclusive apontar para um dos momentos mais próximos da Pop. Os temas quase instrumentais como Crush e Careful —o tema que encerra o álbum, poderiam figurar numa banda sonora de filmes como B L A D E R U N N E R ou T H E T H I N G , dada a sua extraordinária complexidade sonora. O nosso imaginário, mais uma vez, evoca atmosferas sónicas bucólicas, despidas de qualquer tipo de humanidade e, de certa, forma aterradoras. Apesar de tudo, a obscuridade de Careful, embora claustrofóbica, atrai-nos para uma rendição ao estranho mundo de B OY H A R S H E R . Existe como que uma poderosa força atrativa para a inevitabilidade da agregação dos elementos, onde nós, por uma estranha identificação, cedemos para lhes pertencer. Não podemos fugir, nem ignorar o seu chamamento. Ao invés, aceitamos o convite da banda para a integração total, com bom grado e sem reservas.

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DIAMANTINOby Gabriel Abrantes andDaniel Schmidt DIAMANTINO

byGabriel Abrantes andDaniel Schmidt entrevista a Gabriel Abrantes por Joana Teixeira

DIAMANTINO 34

CINEMA


Diamantino é uma trágico-comédia com um twist psicadélico com sabor a algodão doce, que deixa um travo a romance no final. Parece-vos complicado? Acreditem que não é. À primeira vista parece apenas mais uma paródia à carreira de C R I S T I A N O R O N A L D O, mas depois revela-se como uma narrativa complexa, em camadas, e sentimo-nos como Alice, caindo por tempo indeterminado dentro do buraco por onde fugiu o Coelho Branco. Realizado por G A B R I E L A B R A N T ES e DA N I E L S C H M I DT, Diamantino venceu o Grande Prémio da Semana da Crítica no Festival de Cannes, percorreu mais de sessenta festivais internacionais e tem a sua estreia comercial em Portugal a 4 de Abril. Como foi realizar Diamantino —a sua primeira longa-metragem? Foi uma experiência incrível, principalmente com todas as respostas positivas que tem recebido do público, da imprensa e dos festivais de cinema. Foi um final muito feliz. Mas o filme levou oito anos para acontecer, desde o primeiro roteiro até ao início da produção. Ao longo desse período de tempo houve muitos altos e baixos. Para mim, a melhor parte foi ter co-realizado com DA N I E L S C H M I D T. Fizemos também duas curtas-metragens juntos, com orçamentos apertados. Mas este projeto foi muito mais ambicioso, foi um investimento enorme comparado com as curtas-metragens que fiz antes. Como caracteriza, na generalidade, o seu estilo cinematográfico? O que procura sempre passar em imagem, independentemente do guião? Os meus filmes mudam bastante em estilo. Co-realizei agora com DA N I E L S C H M I DT, mas também já o fiz com B E NJA M I N C ROT T Y, K AT I E W I D LO S K I , B E N R I V E R S e A L E X A N D R E M E LO, e os estilos que criámos juntos são todos diferentes. Estudei numa escola de artes, e tenho uma paixão por história da arte —pintura mais especificamente— por isso os meus filmes muitas vezes contêm referências de fontes históricas da arte. Os filmes são quase todos realizados em filme S16mm, que proporciona uma sensação sensual que eu acho muito bonita, e as referências visuais atravessam vários gêneros, cinema pop de filmes de terror até clichês de James Bond, TV da paródia de South Park ao CSI "tecnologia falsa", ou cinema de autor, especialmente comédia de autor, de Lubitsch a Pasolini. Quais foram as inspirações visuais para realizar este filme? As nuvens cor-de-rosa repletas de filhotes caninos de Diamantino foram inspiradas nas pinturas de W I L L C OT TO N , e a forma como o filmámos em campo foi inspirada por PA REN O e GO RDO N , Zidane. O estilo de penteado cross-dressing de Aisha foi inspirado no visual do AS A P RO C K Y. E depois há várias inspirações da cultura pop: hologramas azuis de laboratório arrancados de Iron Man, irmãs malvadas tiradas de Cinderela , um génio maligno preso a uma cadeira de rodas retirado do Dr. Strangelove, um falso anúncio de propaganda intitulado Portugal Exit —retirado de uma campanha pró Brexit. No filme Diamantino toca em vários tópicos que marcam a actualidade, como a corrupção, o crescimento da investigação científica nem sempre para fins humanitários, a crise dos refugiados, o nascimento de novos nacionalismos... Em que medida a realidade política o interessa e de que forma podemos encontrá-la no cinema de hoje? Diamantino é uma comédia romântica e paródia política. Fala sobre muitas das questões que aparecem constantemente

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no ciclo noticioso e que muitas vezes me assustam — como o ressurgimento da extrema direita, a ascensão do Trumpismo, a xenofobia institucionalizada e o racismo. Mas, acho que o filme é uma comédia que deve ser divertida e libertadora. Acho que a parte mais política do filme é, na verdade, o seu fim, que não vou estragar para aqueles que não o viram ainda. Em Diamantino temos visões surreais como campos de futebol cheios de cães felpudos. Porquê avançar nesse sentido? Foi uma espécie de visão que se manifestou espontaneamente. Parecia uma ideia tão engraçada e fofa sobre o que acontece na cabeça de um génio do futebol —um paraíso infantil do resto do mundo.

Diamantino aparece como um salvador nacional, tal como em momentos históricos tivemos outros, no entanto, numa visão mais íntima como é dada neste filme ele está muito longe de corresponder às esperanças que nele depositam. Portugal é um país de esperanças vãs? E o cinema em Portugal? Acho que não. Em relação ao cinema que sai de Portugal acho que alguns dos filmes mais maravilhosos, sensíveis, inspiradores e gratuitos vieram de realizadores portugueses. Estes filmes têm recebido alguns dos principais prémios nos festivais mais prestigiados do mundo. O cinema português é uma coisa maravilhosa, e eu realmente espero que continue cada vez mais forte, especialmente em termos do financiamento. Tem-se uma vaga impressão caricatural no início do filme, mas depressa parecemos entrar num conto para crianças onde há uma figura cândida cercada por vilões. Em que medida este guião serve o seu cinema? O filme foi inspirado em contos de fadas, que muitas vezes têm a trágica figura infantil no centro, cercada por bruxas malvadas, madrastas, feiticeiros e ogres. Tanto DA N I E L S C H M I D T como eu temos muitas vezes uma tendência a tentar colocar demasiado nos nossos filmes, para tentar falar sobre tudo, e então começámos a procurar uma maneira de simplificar a narrativa que queríamos ter, através de uma espinha dorsal muito clara onde conseguimos pendurar toda a nossa diversidade de parafrenias estéticas e conteúdo disperso. Pode comentar o f inal em que o amor vence como em qualquer bom romance, ou conto de fadas, mas numa relação não muito óbvia que passa por grandes transformações? Novamente, não quero estragar o final, então não vou falar muito. Mas se o filme tem algum tipo de mensagem, é uma espécie de anti-mensagem, queremos que seja uma ode à ambiguidade, à liberdade e ao amor. Se tivesse de convencer os portugueses a verem este filme, o que diria? Venham ver o Diamantino. Ganhou um dos grandes prémios de Cannes, já esgotou as salas todas do Cinema São Jorge, e nunca se riu tanto num filme português! Se tivesse de descrever este filme em três palavras... CR7, Cãezinhos Felpudos.

CINEMA


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foto Ricardo Abreu

entrevista por Joana Teixeira

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WA N D S O N , quem? WA N D S O N do Instragram. WAN DSON L IS BOA —do Maranhão para o Porto, do Instagram para o Mundo. A rede social é a montra do seu portefólio artístico, mas é também o seu parque de diversões virtual. É fã de Toy Story, gosta de ídolos acessíveis e está a causar alvoroço na internet em Portugal. Acima de tudo, WA N D S O N quer que lhe paguem finos. Quem nunca? Vem do Maranhão, no Brasil. Quando e como chegou até ao Porto, em Portugal? Sempre quis ser o melhor nos estudos. Acho que desde pequeno sentia que precisava sempre ser bom naquilo que eu gostava. Queria criar, fazer coisas e sempre pensar a melhor forma de mostrar para as pessoas a realização de uma ideia minha. Vim para Portugal estudar. Estava em busca de um curso que abrisse mais a minha cabeça e que alargasse os meus horizontes. O que é que Portugal tem para si? Tem amigos, uma vida calma e um metro ao lado da minha casa. É muito mais fácil ir de um lado para o outro e eu gosto de estar aqui. Percebo que a calmaria e a paz que tenho no Porto não vou encontrar em mais lugar nenhum. Como o chamamos: artista, criativo, ilustrador, designer...? Prefiro ser chamado de WA N D S O N . Brincadeira. É engraçado isso de as pessoas precisarem de dar rótulos para as coisas. Sinto-me um bocadinho de tudo isso e mais outras coisas. Mas gosto muito de criar. Como é ter sido uma das primeiras pessoas a ter Instagram em Portugal? Não se sentiu um pouco sozinho na rede até a moda pegar? Nunca usei o Instagram com o sentido de moda pegar. Sempre o usei como diário visual das experiências que me foram aparecendo pela frente. Uma palavra engraçada. Uma coisa esquisita. Uma comida estranha. Está tudo lá. Não apaguei nada. Depois percebi que poderia usá-lo como um portefólio. E é o que faço até hoje. Que tipo de trabalhos está a fazer no momento? Criação de conteúdos para algumas marcas e ilustração também. Conciliar isso com “brincar de Instagram” está a ser uma tarefa difícil. Mas eu realmente gosto e é o que me dá prazer. Nunca pensei dizer isso, mas acho que o meu trabalho é brincar com aquilo que me faz feliz.

pensado numa fotografia ou peça. Tenho sempre um caderno comigo onde desenho as fotos. E sempre descarto a primeira ideia. Ela pode até ser boa, mas toda a gente já deve ter feito. É assim que funciona comigo. Qual é a sua opinião sobre as redes sociais no sentido de prós e contras? Eu acho que se cada um usar da melhor forma é incrível. O contra é só que ninguém vê a cara das pessoas que querem fazer o mal. Eu por sorte não tenho essa experiência pois sou mais tranquilo. Mas há tanta coisa para melhorar e evoluir. No caso do Brasil, e da política brasileira, 2018 foi um ano de caos nas redes sociais. Como encaixa a importância das redes sociais na produção de arte em geral? A nível de impacto é importante para se passar uma mensagem. Eu nessas horas penso um bocado, largo o meu Zelda e tento passar uma mensagem. E nisso tudo as redes ajudam as pessoas a terem acesso facilmente às nossas ideias e às nossas mensagens. O meu meio é a minha mensagem. Se não existissem redes sociais, como acha que promoveria o seu trabalho? Provavelmente estaria na parede do vosso quarto ou numa capa de um caderno daqueles de marcas boas onde a impressão é toda xpto e as folhas são cheirosas. A sua presença no Instagram não passa apenas por promover o seu trabalho, também é muito ativo nas stories. No fundo, funciona como uma montra de trabalho e um hobbie? As duas coisas andam bem juntas. Eu realmente me divirto com as brincadeiras e uso o Instagram como uma criança. E é exatamente isso. Esta montra visual das minhas competências como criativo. E a pergunta clichê: projectos ou objectivos para 2019 que possa revelar? Nem sei o que vou comer hoje. Mas imagina que vou cantar no Super Bowl 2020? Ou que vou apresentar o prémio de melhor videoclipe do ano nos VMAs? Para o infinito e mais além!

Artisticamente, tira inspiração de... O meu pai, o CA D I N H O. Foi ele quem me ensinou a ser quem sou e eu me espelho muito nele. Ele deu asas para tudo o que eu tenho hoje e abdicou de muita coisa para me fazer feliz. Ele é o meu herói. Por causa dele conheci muita coisa, muitos brinquedos, filmes, jogos e a TV. Como define o seu estilo artístico? Reparei que a cor é uma aposta forte. Eu gosto muito das cores primárias, me remetem sempre à infância. Lembro-me das aulas de educação artística na escola e da professora Patrícia (sim, sou bom com nomes) nos ensinar todo esse processo. Vermelho, azul e amarelo estão sempre presentes comigo. E também são as cores do Toy Story. Como descreve o seu processo criativo? É muito intuitivo. Criado, depois é processado, e mais depois diluído —e só depois consumido. É um bocadinho de organizar as ideias em papel e em seguida aplicar tudo o que foi

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SOCIAL MEDIA


Um dia em conversa com uma amiga minha que tem uns “valentes” 31 anos como eu, contava-me que conheceu um grupo de raparigas entre os vinte e vinte e quatro anos, os seus principais temas de conversa eram as redes sociais, Instagram para ser mais exacta, assim como a revelação e respectiva descrição das operações plásticas que tinham feito. Mamoplastia de aumento, rinoplastias e lif ting de glúteos. A minha amiga limitou-se a ouvir atentamente e sentiu-se desactualizada, sem perceber muito bem o que é que tinha acontecido ao que se chama a juventude dos vinte anos. Contou-me mais tarde, que não compreendia o porquê das “miúdas” com vinte anos, já se terem submetido a cirurgias plásticas e estéticas como se tivessem cinquenta anos. O que é que tinha acontecido, para aos 23 anos recorrerem ao botox, por umas supostas rugas que elas juram a pés juntos que se notam muito bem nas fotografias do Instagram, caso não usem filtros ou Photoshop. “Se pensam assim aos vinte, o que é que vão fazer quando chegarem aos quarenta?” Não sabemos a resposta, por enquanto. Há milhares de desfechos e possibilidades, tudo dependerá dos avanços da medicina, do profissionalismo dos médicos e acima de tudo do bom senso de cada um. Decidi falar com várias pessoas que conheço e algumas amigas com vinte e poucos anos, quis perguntar se conheciam alguma história, assim mais de per to, sobre colegas de faculdade ou amigos que tenham recorrido á medicina estética e plástica. Entre uma gargalhada enorme, ouvi: “Patrícia, conheço tanta gente. Isso é super comum!” Num ápice, com um simples scroll pelo Instagram tive uma ideia da quantidade de pessoas que aos vinte anos já tinham dado um “jeito” aos lábios, aos glúteos, ás orelhas, ao contorno da mandíbula, etc. Algumas eram pessoas que já conhecia, outras que tive a oportunidade de conhecer e outras que são conhecidas por serem influencers, que ninguém desconfia que recorrem a clínicas de estética para fazerem “pequenos ajustes” á cara e ao corpo. Influencers que se mostram como defensores da beleza real e contra os padrões de beleza, sem que os seguidores saibam que não é com a graça de Deus, mas sim, com ajuda de um médico que conseguem ser tão bonitas(os) e perfeitas(os). E foi este o ponto de partida para termos chegado a este momento. Falei com a Maria (nome fictício, a seu pedido). A Maria contou aos pais e aos amigos mais chegados que recorreu á medicina estética aos vinte e dois anos. Mas não se quer justificar aos conhecidos e muito menos, ás pessoas com quem trabalha ou nas suas redes sociais. Para a Maria

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as redes sociais tiveram um enorme impacto na tomada de decisão para fazer uma rinoplastia. Admite que desde muito cedo que tinha problemas de autoestima e que foi vítima de bullying, durante a adolescência quis pertencer e ser aceite num grupo, precisava de se sentir integrada na escola, na sociedade. Acredita que já na altura precisava de ter tido outro tipo de acompanhamento, mas tal não aconteceu. O que fez com que hoje em dia, em fase adulta, seja mais difícil ganhar autoconfiança. Geralmente os pais têm a ideia de que a adolescência é só uma fase e que quando forem adultos, tudo passa e tudo se esquece. Mas antes pelo contrário, cada vez mais, é na adolescência que estão a formar carácter, é nesta fase que a autoestima e confiança é moldada e terá enorme impacto na vida adulta. Maria não se recorda ao certo, quando é que as redes sociais passaram a ter um impacto na forma como ela se via ao espelho, mas sempre tentou projectar uma imagem de si própria para o mundo digital: “Uma vez quando tinha quinze anos, coloquei umas fotografias no Facebook e recebi uma mensagem privada de uma rapariga que eu não conhecia, a perguntar-me como é que eu era capaz de postar fotografias com um nariz horrível como o meu.” Passados estes anos todos, Maria ainda se sente envergonhada quando conta esta história. Sempre se sentiu desconfortável com a sua aparência e acreditava que podia ser bonita com o nariz certo. Ter crescido debaixo dos holofotes das redes sociais, causou demasiados estragos á sua autoestima. A adolescência já era dif ícil por si só, com as redes sociais cresceu drasticamente a pressão de sermos perfeitos, termos vidas perfeitas, relações perfeitas, em lugares perfeitos. Trata-se de uma pressão com a qual os jovens tendem a querer viver e sobreviver, se possível. De acordo com o médico britânico, T IJ I O N ES H O, que tem várias clínicas estéticas no Reino Unido, muitos jovens sofrem de “dismorfia de Snapchat”, expressão inventada pelo próprio. De acordo com um estudo de 2015, pelo Of fice for National Statistics (ONS), 27% dos adolescentes que usam as redes sociais mais de três horas por dia, apresentam sintomas de risco para a saúde mental. Em Portugal a medicina estética e plástica tem vindo a aumentar e ser comum entre os jovens, no entanto, Portugal representa apenas 1% das operações estéticas a nível europeu. A nível mundial, de acordo com a ISAPS (International Society of Aesthetic Plastic Surgeons), o país que lidera o ranking de operações plásticas e estéticas são os Estados Unidos da América, em segundo lugar, o Brasil e em terceiro o Japão.

SOCIAL MEDIA


Maria, afirma que já fez preenchimento labial. Quando questionada porque o fez, Maria diz que tinha os lábios muito finos e em conversa com as suas amigas, algumas já o tinham feito e sugeriam que o fizesse. No entanto, Maria disse-me que o fez porque os lábios definidos e carnudos fazem parte do ideal de beleza feminina. Perguntei-lhe qual o seu ícone de beleza, até para entender qual o tipo de beleza que na sua opinião, preenche todos os requisitos de beleza feminina. A resposta: B E L L A H A D I D. Acredita que se não tivesse crescido na era das redes sociais, talvez não se tivesse tornado tão complexada, talvez não tivesse tanta necessidade de comparação, talvez não sentisse a necessidade constante de aprovação dos outros através de um like. Talvez…, mas asseguro-vos de que a Maria é muito mais bonita ao vivo, mais bonita do que ela acredita ser, ou de qualquer projecção que possa fazer de si no Instagram através de um post. De acordo com a última reunião anual da sociedade americana de cirurgia plástica estética, que se realiza em Nova Iorque, as operações da linha mandibular e pescoço têm aumentado e tornaram-se uma tendência. Assim como a utilização de excertos de gordura para definir os contornos corporais, ou lifting dos glúteos (brazilian butt lif t). As operações mais procuradas pelas mulheres são a mamoplastia de aumento, a lipoaspiração e o lifting dos glúteos. Quanto aos procedimentos estéticos não cirúrgicos mais procurados são as injecções de botox (toxina botulínica) e o preenchimento labial. As operações que têm mais procura pelos homens são a abdominoplastia, o aumento peniano e os implantes capilares.

Na sua clínica quando se apercebem de qualquer tipo de exagero ou qualquer cirurgia que possa representar qualquer tipo de perigo, recusam-se a fazê-lo. No entanto, afirma que o problema é que existem outras clínicas, que aceitam e operam em quase todas as circunstâncias, desde que haja dinheiro. Alguns médicos operam apenas a pensar no dinheiro, porque lhes custa pouco a eles, mas custa muito dinheiro a quem quer fazer a cirurgia. Perguntei o que acontece nesses casos, para defender os pacientes. “Na medicina como em tantas outras áreas existem cunhas e protecções. Onde há dinheiro envolvido, não haverão criminosos. Ou pelo menos, nunca os vamos conhecer.”

Na sequência deste artigo, tive a oportunidade de falar com o director da clínica Nubio Clinic. A clinica nasceu a partir da ideia de haver um espaço acessível, natural, sem preconceitos e com os melhores profissionais da área. As principais cirurgias da clínica são: contorno da mandíbula, rinoplastia, lipoescultura, lipoaspiração de papada e o lif ting de glúteos. Inicialmente pensavam que o seu target seria entre os trinta e os cinquenta anos. No entanto, as clientes são cada vez mais jovens e actualmente, as clientes que têm entre os 18 e 25 anos, muitas tornam-se clientes regulares e chegam a procurar a clínica uma vez por mês. “Estão sempre a tentar melhorar a imagem, principalmente por causa das redes sociais.” Defende que os médicos devem estar atentos e ter alguma sensibilidade, até porque algumas pessoas necessitam primeiramente de acompanhamento psicológico. São pessoas com baixa

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autoestima, que depositam nas operações plásticas estéticas demasiadas expectativas, como se fossem resolver todos os seus problemas. “Muitos jovens fazem cirurgias estéticas para ficarem parecidos com as suas fotografias com filtros. Acreditam que são muito mais bonitos e atraentes com os filtros, do que são ao vivo ou nas fotografias naturais.” Questionado sobre o ícone com que todas as jovens querem ficar parecidas. “A principal referência são as K A R DAS H I A N , sem dúvida, que é o que as jovens mais procuram.”

Para além dos médicos que não estão devidamente habilitados, os que que colocam o dinheiro acima do bem-estar dos seus pacientes, ainda existem pessoas sem qualquer formação na área que usam as fragilidades dos outros, para obter vantagem e fazer lucro. Mesmo que isso coloque em risco a vida de pessoas. Cerca de cinco vezes por mês, a Nubio Clinic, recebe clientes entre os dezoito e os vinte cinco anos que através de um centro de estética e por pessoas não credenciadas, tentaram fazer preenchimento labial. Geralmente vão através das recomendações de uma amiga, que é amiga de uma amiga, que conhece alguém que faz preenchimento labial com um ácido supostamente milagroso e inovador. Acabam por pagar entre 150€ a 180€ por injecção e mais tarde acabam por recorrer a clínicas credenciadas. O que alicia estas jovens é a ideia de terem a cara ou o corpo de sonho, por um valor muito baixo e que possam pagar. Mesmo que isso implique ou represente riscos para a sua saúde. Algumas pessoas acabam por nem sequer apresentar queixa e deixar passar. Inevitavelmente fiz a pergunta: quem se opera regularmente aos vinte anos, aos 40 terá necessidades especiais para rejuvenescer a pele? “Se o processo for gradual e muito

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bem feito, não. O objectivo é que as pessoas envelheçam com calma, as pessoas podem envelhecer com beleza e sentirem-se bonitas, o objectivo da medicina estética é manter a beleza mais tempo, não é transformar a cara das pessoas de forma repentina e irreconhecível. A nossa cara tem personalidade, não nos podemos tornar em robots, as cirurgias devem ser feitas com personalidade.” Decidi perguntar sobre o botox, do perigo de haverem abusos deste procedimento não cirúrgico. “O botox (toxina botulínica) é muito natural. É um paralisador muscular, quando injectado nos sítios certos. O botox tem adição e a partir de certa altura, o botox deixa de fazer efeito e são necessárias cada vez mais injecções. Pelo que fazemos o acompanhamento e aconselhamos a reduzir de vez em quando. Para que lentamente aceitem a sua velhice com calma e através do botox consigam resultados muito bons a longo prazo.” As complicações de procedimentos mal feitos, podem ser complicações respiratórias, infecções, ou a substância mover-se de forma imprevisível do sítio onde foi injectada e bloquear os vasos sanguíneos.

As redes sociais trouxeram-nos um mundo que antes não conhecíamos, aproximou-nos de um mundo e de pessoas que estavam tão distantes, aumentou a necessidade de comparação, o sentir que não somos suficientemente bons, fez com que projectássemos através das nossas redes sociais a parte que consideramos ser boa e interessante de nós. Em alguns casos acaba por ser uma projecção total de quem não somos, mas que gostávamos de ser. Procura-se a validação, a aceitação, a admiração e a necessidade de reconhecimento. As pessoas acreditam que são boas ou más, devido ao número de seguidores e de likes, procuram nas cirurgias estéticas e tratamentos a resposta para a autoestima que deixou de existir. Numa altura em que está na moda mostrar fotografias a assumir supostas imperfeições é quando o número de cirurgias plásticas estéticas não pára de aumentar. Não devemos ser contra o Instagram, não devemos ser contra as cirurgias estéticas e muito menos ser preconceituosos, devemos ponderar qual o tipo de pessoa que queremos ser, o que ambicionamos alcançar e se a opinião de quem não conhecemos deve ter mais impor tância do que a nossa.

Uma coisa é certa, devido ás redes sociais e ás contas de Instagram de celebridades que são vistas por milhares de jovens seguidores, as operações estéticas não param de aumentar. No entanto, maioria dos seguidores não tem capacidade de pagar cirurgias plásticas e acabam por encontrar supostos médicos que estão dispostos a fazê-lo por um preço “inferior”. Quando questionado sobre o que distingue um médico credível, de um que está mais interessado no dinheiro, do que na paciente: “Um médico credível, não é aquele que vai dizer sim a tudo o que as pessoas querem ouvir. A cirurgia tem de ser uma coisa pensada. Sinto que há muita falta de informação. A cirurgia definitiva deve ser o último recurso.” No entanto, de acordo com os casos a que tem acesso, “as pessoas que estão demasiado presentes nas redes sociais, a primeira coisa que pensam é em mudar. Querem fazer alterações na cara e/ou no corpo. A aceitação passou para ultimo plano.”

Quanto ás cirurgias estéticas na adolescência e juventude, resta-me apenas continuar a ter acesso a informação, tentar compreender, para poder explicar da melhor forma através da escrita. Acredito que ainda há pouca informação, ainda é um tabu para muitas pessoas, o que faz com que existam pessoas mal informadas, o que involuntariamente as leva, por vezes, a fazer más escolhas. Acredito que há pessoas que precisam mais de injecções de autoestima, do que de botox. Acredito que há pessoas que precisam mais de afecto, do que de likes. Acredito que há pessoas que precisam mais de ter verdadeiros amigos, do que de seguidores ou haters.

Sendo estes jovens, tão jovens, que certamente na sua maioria ainda vivem com os pais ou estão na faculdade, como conseguem ter dinheiro para cirurgias estéticas. “Há pessoas que não comem para porem maminhas, há raparigas que não comem para pagar uma lipoescultura. Tem tudo a ver com estas novas prioridades. Esta urgência em ficarmos bem e mostrarmo-nos ainda melhores.”

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texto por Patrícia César Vicente


ESTAMOSJUNTASESOMOSMUITAS ESTAMOSJUNTASESOMOSMUITAS ESTAMOS JUNTAS E SOMOS MUITAS ESTAMOS JUNTAS E SOMOS MUITAS ESTAMOSJUNTASESOMOSMUITAS texto por Diana da Nรณbrega

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Esta geração de mulheres rejeita o machismo, sai para a rua e usa as plataformas arte e internet como poderosos veículos de comunicação.

“Por favor não chore, enxugue os olhos, nunca desista Perdoe, mas não esqueça, Mantenha a sua cabeça erguida E quando ele diz que você está louca, não acredite nele E se ele não consegue aprender a amar, você deve deixá-lo Porque você não precisa dele. (…) E desde que todos nós viemos de uma mulher Recebemos o nosso nome de uma mulher e a nossa educação de uma mulher Eu me pergunto por que tiramos das nossas mulheres Porque violamos as nossas mulheres, odiamos as nossas mulheres? É hora de curar as nossas mulheres, de sermos verdadeiros para com as nossas mulheres Senão vamos ter bebés que vão odiar as senhoras que os fazem E desde que um homem não pode fazer um Ele não tem o direito de dizer a uma mulher quando e onde criar um Os homens de verdade vão se levantar? Eu sei que vocês estão fartas, mas mantenham a cabeça erguida”. Tupac Shakur in Keep Ya Hea O feminismo é muitas vezes mal-entendido. Enquanto muitos não perdem tempo a tentar perceber o que o feminismo realmente significa, outros associam o termo a um estereótipo qualquer —mulheres que detestam homens, que são contra-cultura, que não se depilam, entre outros absurdos. Não que haja algo de errado com estas posições, mas simplesmente não é o caso. O feminismo diz respeito á igualdade e á justiça entre os sexos. Tão simples quanto isso. Não, igualdade ainda não existe. Não, a situação não está melhor do que antes. E —chocante— este não é só um assunto de mulheres, mas de todos. Em Portugal, temos que falar do impacto do machismo. Muitas vezes descartado como trivial, é, na verdade, um preconceito que está por detrás de todas as formas de violência contra as mulheres —desde os olhares exploradores, a avanços indesejados, até ao assédio sexual, violações e assassinatos. Os crimes de violência doméstica têm marcado o início de 2019. São doze as vítimas mortais (muitas delas mães) em menos de dois meses. O estado de emergência é ainda mais gritante se contarmos com vários outros casos que resultaram em feridos graves —ou com os que não foram denunciados. A N D R E A P E N I C H E , parte do colectivo feminista Rede 8 de Março, que organiza a Greve Internacional Feminista 2019, no dia 8 de Março, na Praça do Comércio, ás 17h30, afirmou á PARQ que "a violência, o assédio e a justiça machista praticada nos tribunais portugueses são também razões que nos fazem sair á rua, porque de silenciamento estamos fartas e já percebemos há muito tempo que se queremos um futuro diferente, a nós cabe a tarefa de o construir, derrotando a cultura e as instituições que nos impõem quotidianos insuportavelmente desiguais". Os gritos de revolta chegaram ao governo que se ocupam agora de alterar leis e formas de atuação na resposta a este flagelo.

força. O movimento iniciado pela activista TA R A N A B U R K E em 2006, o #MeToo, tornou-se viral no twitter. Meio milhão de pessoas juntou-se á acção nas primeiras 24 horas e a hashtag foi usada em mais de 80 países. Movimentos como o #everydaysexism e fóruns de discussão como a palestra TED da escritora C H I M A M A N DA N G OZ I A D I C H I E , homónima do seu livro-manifesto "Todos Nós Devemos Ser Feministas", também tocaram milhões. Todos esses movimentos seguem algumas preocupações que estavam no cerne de trabalho de várias artistas. No caso português, a artista plástica e performer R I TA G T enquadrava esta questão no projecto activista We Shall Overcome. Refere —"...em todos os lugares há uma sensação de descontentamento, de injustiça, de dissuasão da democracia por tiranias subversivas que minam e dominam os meandros da sociedade, política e economia. (Por outro lado) há uma reativação dos impulsos sociais" que, nas palavras da artista, "contaminam a evolução, a paz e sobretudo o amor". São exatamente essas as emoções expressas no trabalho de W U R A- N ATAS H A OGU NJ I, uma artista visual e intérprete cujo trabalho é profundamente inspirado pelas interações diárias que ocorrem na cidade de Lagos, Nigéria. As performances de O G U NJ I exploram a presença das mulheres no espaço público e incluem frequentemente a investigações de vários ambientes. Os seus desenhos são compostos por figuras costuradas á mão em papel e geralmente incluem pigmentos brilhantes e tintas iridescentes. "Muitas das minhas performances destacam a relação entre o corpo e o poder social e a presença. Estou interessada em como as mulheres, em particular, ocupam o espaço através das acções", esclarece. CA R O L DA L L FA R R A , R O O L C E R Q U E I R A e V I C S A L ES são verdadeiras revolucionárias e representam inúmeras mulheres que se recusaram a ser silenciadas novamente. Essas artistas femininas são parte dos Slams das Minas —encontros de poesia spoken word encabeçados por mulheres e que ocorrem desde 2015 em vários locais do Brasil. Através dos vídeos disponíveis online é possível sentir a força destes espaços de resistência, aceitação e visibilidade. As poetas garantem representação, reivindicam a auto-estima das mulheres e dão poder ás suas vozes, atuando como estratégias de combate á opressão. Os eventos da palavra falada catapultam a sabedoria das mulheres da periferia da sociedade.

ESTAMOS JUNTAS E SOMOS MUITAS

Num encontro dirigido a grupos considerados "minorias" do sexo masculino, parte da sua Fundação, BA R AC K O BA M A descreveu o que significa ser um homem —"é, em primeiro lugar, ser um bom ser humano— isso significa ser responsável, confiável, trabalhador, gentil, respeitoso, compassivo. A noção errada de que a masculinidade depende de derrubar alguém em vez de levantá-lo, de dominar, ao invés de apoiar...Essa é uma visão antiga que felizmente, vejo muitos jovens a rejeitar. O que queremos fazer é criar um espaço em que os jovens não precisem de agir de uma certa forma para se sentirem respeitados e admirados na comunidade". E continuou, "é importante destacar exemplos de homens de sucesso que não adotam essa abordagem. Se você é confiante da sua força, não precisa oprimir outra pessoa. Mostre a sua força ao levantar alguém e tratar bem alguém, ao ser respeitador e liderar dessa maneira".

Um dia após a inauguração do presidente actual dos E.U.A., milhões em todo o mundo aderiram á Marcha Feminina de 2017. Um dos principais objetivos foi garantir os direitos das mulheres, que muitos entenderam estar sob ameaça. Outro momento decisivo veio quando alegações de assédio sexual foram feitas contra o produtor de filmes H A RV E Y W E I N S T E I N por mais de 80 mulheres —alegações que ele nega. No online, o activismo feminista também ganhou

"Eu gostaria de pedir que começássemos a sonhar e a planear um mundo diferente. Um mundo mais justo. Um mundo de homens mais felizes e de mulheres mais felizes e mais verdadeiros para consigo mesmos. E é assim que devemos começar: devemos educar as nossas filhas de forma diferente. Nós também devemos educar os nossos filhos de forma diferente…” - C H I M A M A N DA N G OZ I A D I C H I E em We Should All be Feminists.

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01, 02, 03, 04— Rede 8 de Março, teasers da manifestação para divulgação online 05— R I TA GT, We Shall Over Come, 2016. Cartaz para a exposição no MNAC, Lisboa.

06— W U R A - N ATAS H A O G U NJ I , But I am breathing under water, 2017, desenho e bordado sobre pape

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APAV | Associação Portuguesa de Apoio à Vítima: 21 358 7900 UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta: 218 873 005 Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género: 800 202 148

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fotos por S A R A D E J ES U S B E N TO styling por M A R I A N O B R E e R AQ U E L G U E R R E I RO make-up & hair por M A R I A N A A NJ O S modelos E M M A (Elite) e M I C H A E L (Blast) special thanks to N O B R EC H I A D O

DIS.CONNECTED EMMA: camisola de malha FRED PERRY, brincos SWAROVSKI, pregadeira da stylist

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MICHAEL: perfecto de cabedal ANTHONY MORATO, jeans LEVIS, botas em pele DR. MARTENS

EMMA: vestido em tule ELISABETTA FRANCHI, bikini GUESS, jeans LEVIS, meias HYSTERIA by HAPPY SOCKS, sandรกlias em pele JUST CAVALI, pulseiras SWAROVSKI

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MICHAEL: jeans e cinto em pele LEVIS, botas em pele DR. MARTENS

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EMMA: vestido MORECCO, camisa LEVIS, cinto ELISABETTA FRANCHI, colar SWAROVSKI

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MICHAEL: jeans LEVIS, botas em pele DR. MARTENS

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EMMA: vestido borado a missangas MARTU, saia de pregas FRED PERRY, calções CARLOS GIL, meias WESTMISTER, sandálias em pele NUNO BALTAZAR, colar e pulseira SWAROVSKI


EMMA: vestido borado a missangas MARTU, saia de pregas FRED PERRY, colar SWAROVSKI

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fotos por A N A V I E I R A D E CAS T RO styling por M A R I A PA I S A N A modelos CA RO L I N A M O N T E I RO e I N ÊS B E N T ES (Karacter Agency)

S H O O T I N G

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CA RO L I N A : blusa TOMMY HILFIGER calรงas VOLCOM sneakers PALLADIUM

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I N ÊS : vestido COS sneakers MERRELL

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I N ร S : blusa COS calรงas TOMMY HILFIGER

CA RO L I N A : camisola TOMMY HILFIGER calรงas FILA

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ISABELL A: bikini GUESS, calções FOREVER 21 x KENDAL&KYLIE, carteira GUESS, sapatos PRIMARK fotos por F R E D E R I C O S A N TO S styling por P E D RO A PA R Í C I O ass.styling por CA R LOTA B OT E L H O hair por A N A PAU L A S I LVA make-up por F R E D E R I C O S I M ÃO modelos I S A B E L L A G U Z M A N , E DY O L I V E I R A e J OÃO P E D RO H E N R I Q U ES (Central Models)

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ISABELL A: vestido NUNO BALTAZAR, calções BARBOUR, óculos GUCCI em Olhar de Prata, brincos INÊS NUNES

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J OÃO : vestido CARLOS GIL, botas ZARA, óculos Olhar de Prata, brincos INÊS NUNES

E DY: top CARLOS GIL, casaco BARBOUR, calções e botas ZARA


ISABELL A: top PRIMARK, calรงas e carteira GUESS, sapatilhas FILA

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E DY: sobretudo NUNO BALTAZAR, saia GUESS, sapatilhas FILA, รณculos GUCCI em Olhar de Prata, brincos INร S NUNES


ISABELL A: vestido NUNO BALTAZAR, รณculos GUCCI em Olhar de Prata, brincos INร S NUNES

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ISABELL A: vestido GUESS, sapatos LUÍS ONOFRE

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J OÃO : blazer NUNO BALTAZAR, top PRIMARK, calças DUARTE, botas ZARA, brincos INÊS NUNES

E DY: leggings NUNO BALTAZAR, botas ZARA


J OÃO : casaco NYCOLE, macacão PRIMARK, botas ZARA óculos GUCCI em Olhar de Prata

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C H E F L U Í S G A S PA R SAL A DE CORTE texto por Francisco Vaz Fernandes

SAL A DE CORTE Praça D. Luís I, 7 Lisboa (Cais do Sodré) T— 213 460 030 Seg. → Qui. 12:00 → 15:00 19:00 → 01:00 Sáb. 19:00 → 01:00

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Carne maturada existirá em muitos restaurantes que primam pela qualidade do produto e sofisticação técnica na cozinha, mas certamente ninguém em Lisboa faz disso uma bandeira como a Sala de Corte do Chef LU Í S G AS PA R . E o que é a maturação? É um processo enzimático natural de amaciamento da carne em condições de temperatura controlada (acima do ponto de congelamento), que inicia após o estado extremo de contração muscular do animal após o abate. O objetivo da maturação é melhorar o sabor, a suculência, o odor e, sobretudo, a maciez da carne. Por isso não é de estranhar que o novo espaço da Sala de Corte tenha reservado parte da sua entrada para colocar as arcas de refrigeração onde os diferentes lotes de carne estão em exposição, sendo o cliente naturalmente convidado a escolher a peça de corte que bem entender. Podemos dizer que são todas únicas, todas etiquetadas, com os tempos de maturação à vista. Em geral, o auxílio da equipa é necessária, se não estiver familiarizado com a seleção. Cada peça de corte tem cerca de quinze dias a um mês de maturação e o valor de algumas depende do seu peso. É de referir que na Sala de Corte a carne é maturada no sistema “Dry Age”, que é uma maturação que se processa a seco, dispendiosa e que poucos sítios se podem dar a esse luxo. PARQ HERE

Tal como dantes, a Sala de Corte é para os amantes da carne de vaca que procuram excelência. Para quem já conhecia o antigo espaço na rua da Ribeira Nova, agora, a poucos metros, ganha uma sala com o aparato suficiente para se tornar num espaço mítico da restauração lisboeta. A decoração é para o sóbrio, apenas com apontamentos de alguns brilhos dado pelos cobres da iluminação que se repete por todo o espaço já por si, marcado pela imponência das suas arcadas. De resto, tudo desliza sobre rodas, não fosse uma equipa já muito experiente que faz com que tudo se desenrole na perfeição e sem pretensiosismos. A experiência culmina numa oferta única aos clientes que podem assim desfrutar a dois ou com os amigos. É tudo muito simples, a carta oferece diversos tipos de cortes que o cliente pode selecionar e depois conjugar com um conjunto de acompanhamentos e molhos a escolher. No meu caso optei por um Chuletón Galego para dois que teve como acompanhamento, tomate, cereja assado, puré de batata com azeite trufa (divinal) e esparregado de espinafres com queijo de São Jorge. É de salientar ainda, os croquetes de carne para entrada, que chegaram à mesa crocantes e estaladiços e que só por si merecem uma ida ao balcão para quem esteja apenas de passagem.


POP-UP STORE DE MODA E LIFESTYLE

ModaLisboa 2019 | Photo: Carlos Teixeira | Model: Prisca, Thomas, Maria Rosa, We Are Models | Design: Joana Areal

8.9.10 MARÇO 2019, 14H-22H EXTERIOR PAVILHÃO CARLOS LOPES ABERTO AO PÚBLICO FREE ENTRANCE

Uma iniciativa conjunta

Cofinanciado por

Patrocínios

Parceiros

Apoio

Indústria

Hotel oficial

Parceiro de Media

Tv oficial

Rádio oficial

Tv Internacional


MERCADO DE ARROIOS texto por Francisco Vaz Fernandes fotos por Valeria Galizzi Santacroce

Fábio Abreu com Eurico e Adriano Jordão do Fome

FOME Mercado de Arroios Rua Ângela Pinto, 4 Lisboa T— 212 470 650 T E R R A PÃO Mercado de Arroios Rua Ângela Pinto, 40D loja 8 Lisboa T— 910 484 446

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Com o avanço turístico por todo o centro de Lisboa, a identificação de centro da cidade foi sendo compulsivamente redesenhado, consequentemente. Se nos anos 90, o turismo pouco passava do Rossio e da rua Garrett, nos últimos anos, acabou por abraçar as zonas históricas ribeirinhas. Agora alastra-se pela mancha urbana interior e, como em todas grandes cidades, estabelece vários centros. Depois do novo folgo do Intendente, o Mercado de Arroios, que ao contrário de outros, não se transformou numa espécie de praça alimentar de centro comercial, acolhe novos projetos, trazendo nova vida ao bairro. O M E Z Z E , o restaurante Sírio, foi a âncora necessária, para trazer novos públicos que saúdam o recente restaurante Fome e a padaria, Terrapão.

Apesar do dramatismo do nome, a equipa que comanda o restaurante é jovem e tudo flui com uma singular simpatia. Conta com a experiência de A D R I A N O J O R DÃO, o principal impulsionador do projeto, contrastando com o do lado, de A N D R É M AG A L H Ã E S , Taberna das Flores. Até podíamos encontrar aqui algumas parecenças com muitos projetos que fizeram renascer o espírito das tabernas portuguesas, mas no Fome, acrescenta-se mais técnica. Ou seja é uma cozinha de autor que conta com a direção do jovem chef, FÁ B I O A B R EU, que estagiou no Belo Canto de MARTIN AVILE Z e no Geranium de Copenhaga, três estrelas Michelin, apontado com 17º nesse ranking de excelência. Além dessas experiências, FÁ B IO A B REU percorreu vários países asiáticos para aprofundar os seus conhecimentos sobre a fermentação. Para quem gosta de pensar a partir da qualidade do produto e potenciar a sua excelência os processos de fermentação podem fazer a diferença, diz. Por exemplo, uma corvina passada por esse processo, 4 dias depois ganha em sabor e na boca parece manteiga. A praça é vista como uma grande dispensa, que, para além dos produtos frescos do dia, traz muitas surpresas da época, o que lhe permite uma cozinha sazonal com uma carta palpitante sempre renovada. Quando os clientes voltam para repetir determinado prato, há sempre algo diferente para superar as expectativas. O carácter criativo e experimental define este restaurante que oferece uma cozinha a valores abaixo da média. Codorniz desossada que se diz explosiva, terrina de língua e rabo de boi, creme brulé de abóbora são apenas alguns dos pratos PARQ HERE

que provámos e que, certamente nos mataram a fome e, matarão a fome de qualquer um. Nós iremos voltar.

Uma padaria artesanal, é outra das grandes novidades do Mercado de Arroios . De terça a domingo, lá podemos encontrar vários formatos de pães, à base de diversas misturas de tipos de trigo e centeio, preferencialmente nacionais, alguns misturados com espelta. Todos eles passaram por um processo de fermentação lenta e natural que os torna diferentes com um leve trago ácido a saber ao pão do tempo das avós. Aqui a massa descansa cerca de 20 horas, tal como se fazia no Alentejo, tal como fazia a avó do J OÃO C E L E S T I N O, um dos três sócios da padaria. O projeto tem uma história que começa em 2014 quando a M A R TA F I G U E I R E D O e a R I TA BO RG E S , que estavam a frente do restaurante da Estrela da Bica descontentes com o pão que havia no mercado decidiram implementar um fabrico próprio, recrutando o JOÃO. Havia uma procura para pão com mais qualidade e perceberam que outros restaurantes e mercearias também queriam ter o pão delas para os seus clientes. Mas daí a terem uma padaria vai uma grande distância e só quando o JOÃO regressou dos EUA, juntos começaram à procura de um espaço. Pareceu-lhes óbvio estarem no Mercado da Ribeira , mas impossibilitados, acabaram por concorrer às lojas do Mercado de Arroios , inserido num bairro que dizem rejuvenescido. O pão é definitivamente a âncora do projeto, mas na esplanada uma longa mesa corrida tornou-se o pretexto para oferecerem refeições ligeiras, todos com produtos exclusivos, que vêm diretamente dos produtores, como por exemplo a sua já famosa manteiga de ovelha. Trazem para Arroios a experiência que acumularam na Estrela da Bica , em torno de uma ideia cozinha autêntica.

João Celestino e Marta Figueiredo do Terrapão




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