Mater Ecclesiae Teologia Moral
Giovane Disner castanha
8. Consciência A lei de Deus é a norma suprema da moralidade. Ela se faz ouvir dentro do homem por uma faculdade própria, que é a consciência. É esta que profere no íntimo do homem um juízo sobre o seu comportamento. 8.1. Noção e existência Distinguimos entre consciência Psicológica e a consciência Moral. A consciência psicológica é a faculdade pela qual conhecemos nossos próprios sentimentos e atos; sabemos então que estamos sentindo ou fazendo alguma coisa. A consciência Moral é a faculdade pela qual conhecemos o modo como se relacionam nossos sentimentos e atos com a vontade Deus ou com o Fim Supremo da vida humana: serão atos conformes à Lei de Deus? Ou atos incompatíveis com ela? A faculdade que responde a estas perguntas é a consciência moral. Aprofundando a noção, dizemos: a consciência moral consiste num julgamento prático proferido pela inteligência sobre a honestidade ou desonestidade da cada um dos nossos atos; é um testemunho que, proferido no íntimo de cada pessoa, distingue entre o bem e o mal moral e tende a levar cada qual a praticar o bem e evitar o mal. O testemunho da consciência pode ser anterior a determinado ato; é então testemunho que manda ou proíbe, tal é a consciência antecedente. Pode ser também posterior a tal ato; é então testemunho que aprova ou desaprova; tem-se assim a consciência moral consequente ou posterior. Santo Agostinho dizia: “A alegria de uma boa consciência é o paraíso”. A consciência moral não é algo que homem cria ou suscita dentro de si. Nascemos com a consciência moral que começa a falar desde que a criança chegue ao uso da razão. Às vezes, o criminoso quisera extingui-la ou sufoca-la, porque ela remorde dolorosamente à revelia do sujeito. Por isto se diz que é a voz de Deus no íntimo de cada individuo, ou melhor: é a prolongação ou do amor ao bem que existe em Deus desde toda a eternidade e que, à semelhança de um raio de luz, vem atingir cada ser humano, a fim de orientá-lo na terra. São Boaventura: “A consciência é como o arauto ou o mensageiro de Deus; o que dita, não o dita por direito próprio, mas manda em nome de Deus, à semelhança do arauto promulga o edito do rei, assim é a consciência tem o poder de ligar”. Todos os povos, mesmo os mais primitivos, reconheceram a existência da consciência moral. A filosofia Greco-romana desenvolveu a noção: Ovídio (17 d.C) chamava-a “Deus em nós”; Sêneca (65 d.C) identificava-a com “Deus junto de ti” e acrescentava: “Em nós habita um espírito santo que observa o bem e o mal”. A Sagrada Escritura incute ideia semelhante. Mostra como os primeiros pais foram atordoados logo após o pecado original; também Caim sentiu o remorso. Davi sentiu o descompasso do seu coração após ter recenseado o povo e disse: “cometi um grande pecado! Agora, ó Senhor, perdoa esta falta ao teu servo, porque cometi uma grande loucura”. Nos salmos em geral manifesta-se tanto a consciência atribulada pelo pecado com a consciência feliz pelo bom desempenho o dever. No Novo Testamento ocorre 31 vezes a palavra “consciência” das quais 19 no epistolário paulino. Recordar que no Concílio Vaticano II fala: “A consciência é o núcleo secretíssimo e o sacrário do homem, onde ele está sozinho com Deus e onde ressoa sua voz. Pela consciência descobre-se, de modo admirável, aquela lei que se cumpre no amor a Deus e ao próximo” (Gs 16).