Cultivo da interioridade
Rede Marista
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Apresentação “Aquele nosso espaço interior habitado pelo mistério”. Assim o então Superior-Geral, Irmão Emili Turú, define a interioridade, tema central desta edição dos Cadernos Pastorais. Inspirados na publicação de 2017: Mística e Profecia, o convite é para que cultivemos essa dimensão humana e tão particular e, ao mesmo tempo, parte essencial diante do compromisso com o carisma marista. Os Cadernos Pastorais 6 | Cultivo da interioridade apresentam subsídios que auxiliarão a compreender e a vivenciar de maneira mais efetiva o cultivo da interioridade sob a ótica marista. Proporcionando, portanto, o exercício do silêncio e da escuta em nossos espaços de atuação. Dessa forma, contribuiremos para atender ao apelo do Irmão Emili Turú na carta La Valla: casa de luz. “Hoje a casa de La Valla continua sendo a fonte luminosa que alimenta nossa espiritualidade. Mostra-nos o caminho a seguir; indica uma rota que cada um de nós é convidado a tomar de um jeito único e original. [...] Ao longo desse caminho, somos chamados a nos tornar casas de luz para os outros”. Almejamos, a partir do texto referência, da proposta de encontro de formação, do roteiro celebrativo e de dicas diversas, incentivar Estudantes, Educandos/as, Irmãos, Leigos/as, Colaboradores/as e Fraternos/as a cultivarem a interioridade.
Novidade A edição deste ano se apresenta diferente das anteriores. As indicações de filmes, livros, músicas, orações, publicações, sites, técnicas de meditação e oração, textos e vídeos foram reunidas em um arquivo em PDF que está disponível na Área do Pastoralista. Desse modo, fomentamos a consciência de um consumo sustentável de papel. Que a Boa Mãe e São Marcelino Champagnat inspirem nossa criatividade! 3
Sumário Texto referência Cultivo da interioridade:
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“aquele nosso espaço interior habitado pelo mistério” Encontro de formação
Refletir, discernir. Encontrar-se consigo, com o/a outro/a
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Celebração
Mesa da Palavra, Mesa da Eucaristia, Mesa do Pobre
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Dicas
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Texto referência
Cultivo da interioridade “aquele nosso espaço interior habitado pelo mistério”. Contextualização A interioridade, de acordo com o Caderno Pastoral 5 - Mística e profecia, conforme o Ir. Emili Turu, “é aquele nosso espaço interior habitado pelo mistério”. No vídeo em que ele descreve os três andares da casa de La Valla, a fim de relacioná-los com os três anos de celebração do bicentenário da atuação marista no mundo, utiliza o subsolo como metáfora para explicar a importância do espaço da interioridade.
Texto referência
Não significa que nos outros dois espaços (no andar térreo onde está a mesa da fraternidade e no superior da luminosidade e da missão) não haja interioridade. O subsolo é aquilo que de nós não pode ser visto sem que se desça no profundo para ali silenciar, perceber-se sentindo e com os sentidos. É onde somos revelação e mistério, o lugar em que a alma dialoga intimamente com ela mesma e se renova. É o local em que se torna possível “orar-nos a nós mesmos diante de Deus”. (Rede Interamericana de Espiritualidade Marista - RED EAM)
1 Para conhecer o conteúdo das vias 1,3 e 4, acesse: http://maristas.org. br/drive/cvcl/2017/ Espiritualidade%20 Apost%C3%B3lica. %20Primera%20 terceira%20e%20 quarta%20via%20 %20PT.pdf com acesso em 14/8/2017. A via 2, pode ser encontrada em http://maristas.org. br/drive/cvcl/2017/ Segunda%20 V%C3%ADa.%20 ESP.pdf.
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Segundo o Ir. Emili Turú, alimentar nossa interioridade “implica cultivar o silêncio, dar tempo suficiente à oração pessoal e comunitária, colocar-se na escuta da Palavra do Senhor, como Maria da Anunciação”. Cultivar a interioridade é prática estruturante e indispensável do cultivo da espiritualidade marista que é mariana e apostólica, pois ela não é uma proposta para mosteiros, e sim para a cotidianidade da vida com todos os seus desafios e belezas, assim como Maria, que “guardava tudo em seu coração” e buscava sentido nos fatos da vida, considerando-os como sinais revelados de Deus. As reflexões da RED EAM apresentam quatro vias1 para a vivência integral da espiritualidade caracterizada como apostólica marista: 1. contemplar a Deus em si; 2. contemplar Deus na história e no mundo; 3. contemplar a Deus na oração; 4. sair de si mesmo/a.
O que se refere ao cultivo da interioridade neste Caderno Pastoral 6 diz respeito, mais especificamente, a práticas que ajudam a identificar no cotidiano como se dá o reconhecimento de Deus em si e na oração, a primeira e a terceira vias, portanto. Cultivar a interioridade é importante, mas não abarca a totalidade daquilo que caracteriza a espiritualidade marista, ou seja, a vivência equilibrada das quatro vias. Este texto nos leva a compreender a interioridade a partir da história de uma fonte. Uma narrativa que não é fictícia. A sua descoberta foi um processo de observação, atenção, tempo, escuta, silêncio, contemplação, movimento, inciativa, desejo, perseverança, construção. Uma fonte, assim como a que aqui será descrita, pode saciar a sede de muitos seres vivos com sua água pura e cristalina. É um símbolo que nos ajuda a despertar, rever a nossa vida interior e a cultivá-la. Quem tem sede vai ao encontro de uma fonte e, com certeza, voltará a ter sede, então regressará à fonte. Jesus de Nazaré “propõe que aceitemos que Ele coloque em nosso coração uma fonte, e que descubramos em nós a fonte de água divina” (MENDONÇA, 2016, p. 79).
Quem beber dessa água que eu lhe der, nunca mais terá sede, pois a água que eu lhe der tornar-se-á nele uma fonte de água jorrando para a vida eterna (Jo 4,13).
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Texto referência
Somos convidados/as a realizar uma leitura sem pressa, deixar fluir a imaginação, fazer memória de uma fonte conhecida, visualizar a fonte, aproximar-se dela, sentir o frescor de suas águas, degustar, esvaziar-se, silenciar e ouvir o coração.
História de uma fonte Uma fonte se escondia por detrás do barro composto por duas camadas: a primeira, uma terra superficial, de cor amarronzada, um pouco arenosa. A outra era mais profunda, consistente, de cor cinza, fácil de modelar, sem areia e muito lisa. Porém, para ser vista, era preciso 10
tirar a terra amarronzada que estava na superfície. Por estar ao longo de um caminho, muitas pessoas que por ali passavam sujavam seus pés no barro que se espalhava pelo terreno. Não entendiam o motivo de tanto barro. A fonte escondida estava a uns poucos metros de um grande rio que, algumas vezes ao ano, na época das cheias, a abraçava e alimentava. Quando chovia, a fonte escondida parecia derramar suas lágrimas no intuito de ser descoberta. Depois da chuva, durante vários meses, suas lágrimas eram tão volumosas que era impossível não perceber a sua existência e o seu bramido. Um dia, alguém se sentiu incomodado/a com o barro provocado pelas lágrimas da fonte escondida. Então, decidiu abrir uma pequena valeta na intenção de nela concentrar as gotículas d’água. Não demorou muito, apareceu um olhar curioso e atento, que passou a observar a água que se concentrava na valeta. Durante vários dias, o olhar atento passou horas observando detalhadamente o terreno embarrado na intenção de descobrir o olho d’água da fonte escondida. Um dia, no meio da tarde, a luz do sol iluminou o barro por entre as folhas do ingazeiro, assim foi possível perceber uma grande lágrima brotando em forma de bolha. O olhar observante, agora feito a partir do coração, passou a imaginar o interior da fonte e a contemplar o seu manancial. Mãos talentosas se puseram em ação e, cuidadosamente, começaram a desbravar a mais nova fonte que aos poucos se desnudava e mostrava sua água pura e cristalina. O barro cinza, ao ser modelado, 11
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foi ganhando forma de bacia e acolhendo as gotas volumosas de lágrimas. Bastaram vinte centímetros de profundidade para jorrar a água que, hoje, pode saciar a sede de muitos animais que por ali passam, além de garantir o banho dos passarinhos em festa. Para embelezar o ambiente, foi construída uma bica de bambu que concentra a água, fazendo-a jorrar com mais força e, em notas musicais, a despeja no pequeno reservatório. Dele, a água escorre cantarolando pela valeta como um riacho ao encontro do rio maior. Ao entorno da fonte foi cultivado um jardim com folhagens e flores silvestres. Foram colocadas pedras sobrepostas de diferentes formatos, constituindo uma pequena gruta que protege a bica de bambu, de onde derrama a água e dá à fonte o seu devido esplendor. A fonte tornou-se motivo de alegria para muitas pessoas que, hoje, param diante dela para contemplar a sua
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beleza e o que ela transmite. Alguns/mas transeuntes saciam sua sede. As pessoas que antes passavam por ali, e possivelmente escorregavam no seu barro, hoje retornam para admirá-la e, numa postura de silêncio, ouvem o seu cantarolar. Outras simplesmente passam e dizem: é uma fonte.2
2 Autoria: Vera Lúcia Ribeiro. Confira essa narrativa com imagens da fonte em: https://youtu. be/Hd5uqQrHgDM
Ref lexão sobre a história da fonte A partir dessa história, que diagnóstico podemos fazer da nossa vida? Hoje muitos fatores têm ocupado a nossa mente, o nosso coração e o nosso tempo. Estamos ocupados/as e preocupados/as com muitos afazeres: horários, metas, resultados. “Os nossos estilos de vida parecem irremediavelmente contaminados por uma pressão que não dominamos; não há tempo a perder; queremos alcançar as metas o mais rápido possível; os processos nos desgastam, as perguntas nos atrasam, os sentimentos são um puro desperdício: dizem-nos que temos que valorizar os resultados, apenas os resultados” (MENDONÇA, 2016, p. 79). Os recursos tecnológicos estão em nossa vida e ocupam grande parte do nosso tempo, tanto no trabalho quanto no lar. São meios que podem facilitar a realização de tarefas com maior rapidez e eficácia. No entanto, o tempo que teoricamente sobraria em uma determinada tarefa realizada com maior rapidez poucas vezes é investido para perceber-se na experimentação do si13
Texto referência
lêncio. Estamos tão absortos/as com esses recursos que nos parece difícil viver sem eles. Estamos conectados como se estivéssemos fora do mundo real a ponto de ficarmos desesperados/as com a possibilidade de estar sem conexão. Ao visitar um/a parente ou amigo/a, um dos primeiros pedidos é a senha do Wi-Fi. Muitas vezes, estamos apenas de “corpo presente” diante daqueles/ as que desejam a nossa real presença, a nossa atenção e o nosso amor. Ir. Emili Turú chama-nos a atenção em sua carta La Valla: casa da luz, sobre a nova epidemia de distração da nossa civilização: “A chegada do smartphone mudou paulatinamente, quase sem nos dar conta, a maneira de agir da maioria de nós. Basta observar ao redor para comprovar quantas pessoas estão inclinadas sobre seu celular enquanto caminham, dirigem seus automóveis, brincam com seus filhos e suas filhas ou fazem uma pausa no restaurante” (p. 4). Em função de tantas distrações, ocupações e preocupações, podemos nos comparar às pessoas que passavam perto da fonte escondida, “sujavam seus pés no barro”, e seguiam o caminho sem perceber que ali poderiam descobrir um manancial que saciaria a sua sede. Existem muitas formas de vislumbrarmos uma fonte, uma delas é como aconteceu na história: “durante vários dias o olhar observante passou horas visualizando detalhadamente o terreno embarrado na intenção de descobrir o olho d’água da fonte escondida”. Para isso, precisamos, quem sabe, diminuir nossa conexão virtual e conectarmo-nos aos sentidos, saber desacelerar os passos, parar, ouvir, sentir o cheiro e tocar o barro, dar atenção às moções interiores. Esse pode ser um sinal
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de que estamos dando a devida importância a nós mesmos/as e aprendendo a saborear aquilo que poderá fazer surgir outros sentidos em nossa vida. Mendonça diz que “sem lentidão não há paladar. Talvez precisemos, por isso, voltar a essa arte tão humana que é a lentidão” (MENDONÇA, 2016, p. 79). Saint-Exupéry, em O Pequeno Príncipe, relata o diálogo da personagem principal com o vendedor de pílulas. Esse relato tem a ver com a vida de muitas pessoas que não conseguem tempo para si mesmas. Isso pode provocar um imenso vazio por não saborear a verdadeira água.
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Texto referência
- Bom dia! - cumprimentou o pequeno príncipe. - Bom dia! - retribuiu o vendedor. O homem vendia pílulas destinadas a amenizar a sede. Faziam efeito durante uma semana e, nesses sete dias, não se sentia necessidade de beber água. - Por que vende essas pílulas? – indagou o pequeno príncipe. - Para que possa economizar tempo, - explicou o vendedor. Os pesquisadores já fizeram cálculos: graças a elas se economizam cinquenta e três minutos por semana. - E o que se faz nesses cinquenta e três minutos? - Aproveita-se para fazer qualquer coisa. “Se eu tivesse cinquenta e três minutos para gastar” – refletiu o pequeno príncipe - “calmamente caminharia rumo a uma fonte de água...” (SAINT-EXUPÉRY, 1900-1944, cap. 23). A história da fonte também nos diz: “um dia, no meio da tarde, a luz do sol iluminou o barro por entre as folhas do ingazeiro, assim foi possível perceber uma grande lágrima brotando em forma de bolha”. A bolha é um sinal visível da existência da fonte, porém é preciso um exercício constante de busca e de persistência para encontrá-la e compreender que, por detrás da bolha, existe uma fonte. A luz do sol representa o silêncio, a tomada de consciência, a sensibilidade e a capacidade de enxergar além das aparências. Sabemos que não é fácil encontrá-la se não a buscarmos verdadeiramente, é preciso “um primeiro passo em nosso caminho para o interior” (TURÚ, 2017, p. 8). Muitas vezes, a fonte está à nossa frente e permanecemos com sede, porque nos falta a arte da lentidão e do silêncio. 16
O Ir. Emili Turú nos lembra que “introduzir o silêncio em nossa vida cotidiana é uma condição básica para nos humanizar e dar qualidade e profundidade a nossas vidas. Sem silêncio, é muito fácil que gastemos nosso tempo em trivialidades; que sejamos arrastados/as pelas circunstâncias da vida ou que tomemos decisões de maneira irreflexiva. “Sem silêncio, como é possível ocorrer um encontro autêntico com os outros ou com o Deus vivo?” (TURÚ, 2017, p. 8). Só foi possível ver a fonte “brotando em forma de bolha” porque houve a presença da luz e, consequentemente, o silêncio e contemplação de quem a descobriu.
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Texto referência
“O olhar observante, agora, com o olhar a partir do coração, passou a imaginar o interior da fonte e a contemplar o seu manancial” . Saint-Exupéry, na obra O Pequeno Príncipe, diz que “o essencial é invisível aos olhos”. Não é necessário ver com os olhos para contemplar, é uma atitude interior, é a consciência da existência da fonte, é a experiência de Deus. Algo indescritível. Contemplar “é uma atividade que tem o seu ponto de partida nos sentidos externos, mas que transcende o plano da percepção” (DOCUMENTO BASE DE ESPIRITUALIDADE, 2014, p.36). “Mãos talentosas se puseram em ação e, cuidadosamente, começaram a desbravar a mais nova fonte que aos poucos se desnudava e mostrava suas águas puras e cristalinas”. Essa é a experiência da descoberta do profundo, é o sentido da existência. A água pura e cristalina, que brota do interior da fonte, é vida que jorra para dar e ser vida. Quando encontramos a fonte de água viva, podemos atribuir novo sentido à nossa vida, aos desejos, aos sonhos, às pessoas e ao mundo. Aprendemos a cultivar um olhar de encantamento sobre a vida. Passamos a ter a necessidade de voltar a ela para saciar a nossa sede, para contemplá-la dentro de nós e escutar com o coração o som de suas águas como o sublime convite para irmos ao encontro de Deus.
Eu te peço dessa água que Tu tens. É agua viva, meu Senhor. Tenho sede, tenho fome de amor e acredito nessa fonte de onde vens. (És água viva, Pe. Zezinho)
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Cultivar a interioridade “A vida espiritual não é uma teoria ou uma abstração. Não é um momento virtual nem uma projeção imaginada. É apenas isto: experiência, atenção, imersão” (MENDONÇA, 2016, p. 82). Somos transformados/as pela experiência de amor, de um amor que um Deus apaixonado tem por nós. É no confronto com esse amor que mudamos, caso seja necessário. É no desejo de fazer essa profunda experiência de Deus que bebemos da fonte. “Cada um de nós é fruto de um pensamento de Deus. Cada um de nós é amado, cada um de nós é necessário.” (Papa Bento XVI: homilia de 24/4/2005) Uma das necessidades do ser humano é a de amar e ser amado. Deus é amor! Ele é a fonte de todo o amor. O amor de Deus é eterno: “Antes de formar-te no seio de tua mãe, eu já te conhecia” (Jeremias 1,5). Quanto mais buscamos conhecê-Lo, mais capacitados/as estaremos para amar. Deus é fonte de amor, portanto, precisamos beber dessa fonte. Para encontrá-la, é preciso andar devagar, parar, silenciar, ouvir, ter atenção, aproximar, beber da fonte e ter o desejo de voltar. Jorge Trevisol, na canção Certas coisas, nos provoca a pensar a respeito da vida, sobre o que fazemos com os nossos sonhos e qual é o nosso jeito de amar.
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Texto referência
O que eu penso a respeito da vida É que um dia ela vai perguntar O que é que eu fiz com meus sonhos? E qual foi o meu jeito de amar? O que eu é que eu deixei pras pessoas Que no mundo vão continuar? Pra que eu não tenha vivido à toa E que não seja tarde demais. (Certas coisas, Jorge Trevisol)
Sabemos que é preciso movimentar-se, deslocar-se para fazer as descobertas e produzir as memórias do que é essencial. A nossa vida é um constante movimento. Os discípulos de Emaús fizeram um longo trajeto, sem pressa, mesmo estando desalentados, descrentes, tristes e sem esperança. Pelo caminho, conversavam e discutiam sobre tudo o que havia sucedido. Enquanto viajavam, o Ressuscitado aproximou-se e pôs-se a caminho com eles. Questionou-os sobre o que aconteceu e relataram-lhe tudo. A pergunta tocou a vida dos dois. Seus olhos estavam incapacitados de conhecê-lo. Eles estavam tão próximos da fonte de água viva e não a enxergavam. Depois de um dia de viagem, ao pôr do sol, chegaram na casa, então convidaram Jesus: “Fica conosco” (Lc 24, 29). Na partilha do pão ao redor da mesa, reconheceram Jesus. Nesse mesmo momento, Jesus desapareceu da frente deles.
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Os discípulos tiveram a experiência da presença do Ressuscitado e não precisavam mais da sua presença física. “Não há palavras que possam substituir a experiência pessoal, que qualquer pessoa pode viver. Não está reservada a um grupo seleto, mas aberta a quem quiser acolher o apaixonante caminho da busca de Deus, até poder exclamar como Jacó, ao despertar de seu sonho: Realmente o Senhor está aqui, e eu não sabia! TURÚ, 2017, p. 12). Todos/as nós somos convidados/as a fazer a experiência do caminho interior. O “caminho de crescimento espiritual – que é, ao mesmo tempo, dom e tarefa - até que possamos dizer ao Senhor, como Jó, que o que sabemos d’Ele não é porque aprendemos ouvindo os outros, mas porque experimentamos” (TURÚ, 2017, p. 16). Esse caminho é a transformação pessoal, a experiência da oração pessoal, ver com os olhos do coração, saborear lentamente a água da verdadeira fonte. 21
Texto referência
“Não há caminho interior que avance sem a coragem de nos esvaziarmos, de deixarmos fora o que nos pesa e atordoa, para poder acolher o sabor límpido daquela fonte adiada, mas, afinal, acessível no fundo de nós mesmos” (MENDONÇA, 2016, p. 79). No espaço da interioridade, o silêncio é o que nos leva à escuta e ao encontro de nós mesmos/as.
A interioridade é a capacidade de viver a vida, a realidade inteira, em todos os níveis, “a partir desse centro” que é o lugar onde tocamos o fundamento da vida, de tudo o que existe. É um espaço interior de naturalidade, silêncio interior, aceitação da vida e compaixão ilimitada, onde existe um sentimento de entrega e de confiança. Um sentimento atemporal onde a mente, que normalmente fala demais, e é bisbilhoteira, para. Despimo-nos da nossa identificação com uma determinada personalidade (papel), das preocupações, das inseguranças, das dúvidas, e simplesmente vivemos cada momento apreciando-o integralmente (MENDONÇA, 2016, P. 15).
Algumas dicas para cuidarmos da vida interior • Aprender a olhar o mundo pelos olhos de Deus: “Um exercício espiritual importante é percorremos, com o nosso olhar, a criação, a nossa e a do nosso mundo, ao encontro do olhar maravilhoso de Deus” (MENDONÇA, 2016, p. 145). • Dar-se tempo: Precisamos nos dar tempo para apreciar as pequenas coisas, muitas vezes quase imper-
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ceptíveis aos nossos olhos. Olhar uma flor requer um olhar sensível para ver nela pequenos detalhes que a tornam bela e única. É por esse tipo de percepção que aguçamos os olhos do coração e nos tornamos contemplativos/as. • Mergulhar em si mesmo: “recolhe-te no mais íntimo de ti mesmo, mergulha em teu oceano de mistério e descobre, lá no fundo, o Ser Vivo que funda a tua identidade. Guarda este ensinamento: por vezes é preciso fechar os olhos para ver melhor” (BETTO, 2007, p. 129). A interioridade é uma dimensão da espiritualidade, e como tal precisa ser cultivada. 23
Texto referência
• Reservar tempo de oração silenciosa: “O espírito ressoa na oração, na atividade, ao ver um noticiário, ao dar um abraço, com um livro, uma música, uma foto, ao dar um passeio, ao ouvir alguém que fala da sua vida. Ressoa na história e na imaginação que nos convida a sonhar um futuro melhor. Ressoa no encontro humano. Sob o seu impulso, amadurecem em cada um de nós algumas atitudes que nos levam a viver com mais plenitude: compaixão, justiça, verdade, amor…” (DOCUMENTO BASE DE ESPIRITUALIDADE, 2014, p. 47). • Aprender a escutar: A escuta é um constante aprendizado, é um hábito, um exercício. É “uma disposição do coração que nos permite a escutar o inaudível... Não tenhamos dúvidas: tudo aquilo que escutamos, verdadeiramente tudo, deve ser apenas a preparação para a escuta do que permanece em silêncio” (MENDONÇA, 2017, p. 109). • Ouvir o silêncio: É necessário esvaziar-se, silenciar o coração, reservar frequentemente tempo para o silêncio. No espaço da interioridade, o silêncio pede a escuta de nós mesmos/as, dos outros/as e da realidade. Por ele, damos atenção ao que existe dentro de nós. • Amar a si mesmo/a: “Aprender a amar a si mesmo é uma tarefa para a vida inteira... Quando amamos a nós mesmos, sabemos também amar os outros... O verdadeiro amor é entregar o nosso amor aos outros sem estarmos preocupados com aquilo que os outros vão fazer dele” (MENDONÇA, 2016, p. 61). O amor nasce do silêncio.
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O caminho Todo/a viajante precisa de símbolos para lhe indicar o caminho. Os símbolos podem ser os mesmos, mas existem pessoas que optam por não vê-los ou não querem seguir suas orientações. Uns/umas viajam cuidando da segurança, outros/as preferem a aventura do risco. Uns/ umas param durante a viagem para alimentar-se, saciar a sede, conhecer uma cidade que faz parte de sua rota, comprar alguma obra de arte. Outros/as, de um jeito frenético, percorrem-no sem nem mesmo percebê-lo. Como peregrinos/as, precisamos ter consciência desse caminho que é o nosso próprio existir, somos os/as pri25
Texto referência
meiros/as responsáveis pela nossa própria existência. Somos responsáveis em nutrir a nossa interioridade. Precisamos ter mais atenção aos sinais que surgem ao longo do caminho. O que dá sentido a ele na nossa peregrinação vital é a espiritualidade e, para cultivá-la, precisamos de tempo, de silêncio e, sem pressa, degustar a água da fonte que encontramos durante o caminhar. Ir. Emili Turú, em sua carta de La Valla: casa da luz, diz que:
Hoje a casa de La Valla continua sendo a fonte luminosa que alimenta nossa espiritualidade. Mostra-nos o caminho a seguir; indica uma rota que cada um de nós é convidado a tomar de um jeito único e original. Além disso, ao longo desse caminho, somos chamados a nos tornar casas de luz para os outros. (p. 2)
Ao final da carta, Ir. Turú interpela: Por que não começar agora mesmo a colocar o tempo de silêncio em sua vida, abrindo um espaço de contemplação perante Aquele que é Presença? Assim, cultivar a interioridade é uma prática que não tem um fim nela mesma, pois é um exercício que também nos levará a Contemplar Deus na história e no mundo e a Sair de si mesmo/a (segunda e quarta vias respectivamente), em vista de uma espiritualidade apostólica do jeito de Maria.
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Bibliografia INSTITUTO MARISTA. Circular do Superior-Geral, Irmão Emili Turú: La Valla: casa da luz. Roma, 2017. MENDONÇA, José Tolentino. A mística do instante: o tempo e a promessa. São Paulo: Paulinas, 2016. MURAD, Afonso. Gestão e espiritualidade: uma porta aberta e entreaberta. São Paulo: Paulinas, 2007. PROVÍNCIA MARISTA COMPOSTELA. (2014) Documento base de Espiritualidade. Disponível em file:///C:/Users/ emilin.silva/Desktop/PT.GIER%20Marco%20de%20Espiritualidad.pdf . Acesso em 25/7/2017. SAINT-EXPÉRY, Antoine de. 1900 -1944. O pequeno príncipe. São Paulo: Geração Editorial, 2015.
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Encontro de formação
Refletir, discernir. Encontrar-se consigo, com o/a outro/a Apresentação No intuito de possibilitar um momento de aprofundamento e cultivo da interioridade, apresentamos esta proposta formativa com orientações práticas, propiciando uma vivência mística pessoal e coletiva. Esta proposta poderá ser adaptada de acordo com as especificidades do grupo, podendo ser utilizada com adolescentes, jovens e adultos.
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Encontro de formação
Materiais/recursos Imagem de São Marcelino Champagnat e da Boa Mãe; fundo musical instrumental de livre escolha; Músicas: Boa Mãe, Certas Coisas, Divina Fonte, Foi desejando te amar; aparelho de som ou notebook (para reproduzir músicas); panos para ambientação; violeta; três velas; folhas de desenho (uma para cada) no formato de um círculo (para representação de uma mandala); lápis de cor e/ou outros materiais para desenho; Bíblia. Para a dinâmica antes de ouvir o Evangelho: folhas com questões, canetas, uma bolinha de isopor, um giz, um vidro pequeno vazio, uma esponja e uma vasilha grande; jarra com água. Proposta de condução: criar ambiente de acolhida e colocar a canção Divina Fonte. Animador/a: No cultivo da vida interior, a experiência nuclear dá-se por meio da vivência de uma espiritualidade plena que envolve todos os âmbitos do nosso ser. Dessa forma, descobrir os meios adequados para alimentar a interioridade torna-se imprescindível, dado que, sem vida interior, qualquer anúncio do Evangelho converte-se em uma ideologia estéril, em uma fonte de fanatismo ou em ritualismo vazio.
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Dinâmica Proposta de condução: Distribuir folhas com questões (conforme modelo abaixo) e canetas. Após, pedir que um/a participante derrame a água da jarra no recipiente de vidro que se encontra no centro. Deixar ao redor da vasilha os pedaços de giz, as bolas de isopor, o vidro e a esponja. Colocar fundo musical.
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Encontro de formação
1 - O isopor não afunda e nem absorve a água. Como nós absorvemos o sentido das realidades que vivemos e que nos cercam? Somos também impermeáveis? 2 - O giz retém a água só para si, sem repartir. E nós? 3 - O vidro tinha água só para passar para os outros, mas sem guardar nada para si mesmo. E nós? 4 - A esponja absorve bem a água e mesmo espremendo ela continua molhada. O que isso pode nos ensinar?
A.: Somos convidados/as a visualizar nessa água cristalina a fonte da água viva que jorra de nossa interioridade e que nos envolve em um profundo mistério. Proposta de condução: Pedir para que digam, em voz alta, o que pode simbolizar a água. Após, alguns/mas falarem, o/a animador/a poderá prosseguir referindo outros significados. A.: Água que simboliza a Palavra, a sabedoria que habita em nós; nossos dons, talentos e habilidades. São Alberto Magno referiu que existem três tipos de plenitude: a do vaso, que retém e não dá; a do canal, que dá e não retém; a da fonte, que cria, retém e dá. Dessa forma, analogicamente, pode-se compreender que há pessoas-vaso; há pessoas-canal; e pessoas-fonte. Proposta de condução: Dando sequência à dinâmica, pedir que alguém pegue as bolinhas de isopor e coloque dentro do recipiente com água.
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REFLETIR A.: O isopor não afunda e nem absorve a água. Como nós absorvemos o sentido das realidades que vivemos e que nos cercam? Somos também impermeáveis? Proposta de condução: Após um instante de silêncio para reflexão, pedir que uma pessoa mergulhe os pedaços de giz na água.
REFLETIR A.: O giz retém a água só para si, sem repartir. E nós? Proposta de condução: Após um instante de silêncio para reflexão pedir para uma pessoa encher de água o vidro e despejar toda essa água em uma vasilha.
REFLETIR A.: O vidro tinha água só para passar para os outros, mas sem guardar nada para si mesmo. E nós? Proposta de condução: Pedir que uma pessoa mergulhe a esponja na vasilha com água para depois espremer a água.
REFLETIR A.: A esponja absorve bem a água e mesmo espremendo ela continua molhada. O que isso pode nos ensinar? Proposta de condução: Pedir para que façam pequenos grupos, por proximidade, e partilhem sobre o que a dinâmica pode ensinar sobre o cultivo da interioridade. 33
Encontro de formação
Com qual objeto eu mais me identifico: com o isopor? Com o giz? Com o vidro? Com a esponja? A.: “Tu estás onde os olhos não veem, onde as mãos não conseguem tocar, nem prender. Onde os pés não conseguem trilhar, nem a mente explicar o mistério que és. Só o amor sabe onde tu estás. Onde habitas só vai te encontrar e quem se entrega sem ter pretensões, e te busca com o coração” (Trecho da música Foi desejando te amar de Jorge Trevisol). Fechemos os nossos olhos, coloquemos nossas mãos abertas sobre os nossos joelhos, voltadas para cima, e ouçamos a canção: Música: Foi desejando te amar (Jorge Trevisol)
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DISCERNIR Sugestão de reflexão a partir da leitura de Lucas 12, 34
Proposta de condução: Pedir que os/as participantes leiam o texto Como um Tesouro Escondido por partes, como segue abaixo:
O texto Como um tesouro escondido, foi retirado do livro Carta sobre a oração, p. 47. Autores: Ir. Basílio Rueda e Ir. Ivo Strobino.
1. No Evangelho, por meio de parábolas, Jesus fala diversas vezes do reino. Três de suas histórias, bem curtas por sinal, são: a parábola do tesouro escondido, que o lavrador encontra num campo; a parábola da pérola preciosa comprada pelo viajante; e a parábola da moeda perdida. 2. Parece que Jesus quer ensinar que todas as pessoas, tanto os que estão à procura de algo essencial e que, finalmente, essa preciosidade se encontra em nós mesmos, pois o lavrador encontrou o tesouro no terreno que estava lavrando, e a mulher acabou encontrando a moeda dentro da própria casa. 3. É no campo do meu coração que está o tesouro escondido, a pérola de grande valor, a fonte que jorra para a eternidade. Sinto que, para chegar a essa preciosidade interior, devo estar disposto/a a vender tudo, isto é, a relativizar o que não é essencial; disposto/a a lavrar o superficial para atingir o mais profundo; disposto/a a varrer a casa, limpando-a das sujeiras acumuladas a fim de desobstruir a via que permitirá o aparecimento do tesouro, o brilho da pérola e o jorrar livre da fonte.
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Encontro de formação
ORAÇÃO: Juntos/as: Onde está o teu tesouro, aí estará, também, o teu coração. 1. Eu quero que o tesouro do meu coração seja essa presença silenciosa, amorosa e querida do Espírito Santo, rezando continuamente dentro de mim.
Juntos/as: Onde está o teu tesouro, aí estará, também, o teu coração. 2. Quero estar consciente de que carrego esse tesouro, pois meu coração respira em plenitude, mas nem sempre o percebo; meu coração é um coração em oração, mas nem sempre percebo os seus gemidos inefáveis; meu coração resplende em grande luminosidade, mas nem sempre percebo o seu clarão. Juntos/as: Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.
3. Quero compreender que todas as técnicas de oração que me ensinam não poderão ter outra finalidade do que tornar-me consciente da oração que continuamente brota do meu ser. A minha oração pessoal deverá ser um exercício diário para tornar consciente esse estado de oração inconsciente que mora no meu íntimo. Ela deverá manifestar a superabundância da oração existente no meu coração. Juntos/as: Onde está o teu tesouro, aí estará, também, o teu coração.
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MOMENTO INDIVIDUAL Proposta de condução: Entregar aos/às participantes a folha com o círculo e pedir para que cada um/uma pinte, representando e transformando-a numa “mandala”, símbolo da integração dos elementos e complementaridade, imprimindo nela a as cores da experiência que fez nesse momento de formação.
CONCLUSÃO Proposta de condução: Após todos/as concluírem a atividade, pedir para que façam um círculo e, de mãos dadas, expressem, em uma palavra, o que sentiram no decorrer da vivência. Após, convidar todos/as a se abraçar e, em círculo, ouvir a canção Boa Mãe. 37
Celebração
Mesa da Palavra, Mesa da Eucaristia, Mesa do Pobre Esta proposta de celebração tem por objetivo proporcionar um tempo de cultivo da interioridade por meio de uma reflexão em torno da simbologia da mesa, à luz das três mesas citadas na Sacrosanctum Concilium3, sobre a sagrada liturgia, que procura contribuir para a diminuição da distância entre aquilo que cada qual proclama e faz a partir de alguns elementos da fé cristã. O tempo estimado para o seu desenvolvimento é de 1h30, podendo ser maior, caso o grupo de participantes ultrapassar 50 pessoas ou houver incremento na dinâmica.
Celebração
Preparação 1. Ler e compreender a proposta desta celebração. 2. Definir quem será convidado/a a participar e onde ocorrerá, ou seja, em um templo, em um bosque, no pátio, em um salão, cuidando com encaminhamentos relativos a logística necessária para o local escolhido. 3. Verificar se os cantos sugeridos: Eis que faço novas todas as coisas, Eu só peço a Deus e Por um pedaço de pão são conhecidos. Se não, conhecê-los ou substituí-los. Os links das músicas encontram-se na Área do Pastoralista. 4. Providenciar os materiais que comporão o cenário onde será a celebração. 3 Sacrosanctum Concilium é uma das quatro constituições apostólicas resultantes do Concílio Vaticano II. O documento orienta modificações no culto católico, visando aumentar a participação do laicato na liturgia da Igreja. Foi expedido pelo Papa Paulo VI em 1963. Abreviatura: SC
5. Anunciar o ponto de referência onde se iniciará a celebração. 6. Prever algum tipo de pão para partilhar (com farinha de arroz ou pães sem glúten), garantindo que nenhum dos/as participantes fique de fora por restrições alimentares. Dependendo da opção/cultura, pode-se colocar frutas. 7. Organizar um recipiente em torno da Bíblia para colocar as cinco velas. 8. Distribuir responsabilidades entre: a. Condução de todos os passos da liturgia pelos/as Animadores/as 1 e 2; b. Desenvolvimento da dramatização com as três velas;
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c. Leitura do texto do Livro de Ezequiel e o trecho da carta do Superior-Geral, Irmão Emili Turú, La Valla: casa da luz, p.2 d. Entoar os cantos; e. Controlar o aparelho de som com as músicas instrumentais e/ou outras; f. Acender o círio; g. Partilhar o pão.
Materiais Círio pascal; fósforo; oito velas palito tamanho médio para a dramatização (três para as personagens da dramatização e cinco para distribuir); três mesas; Bíblia; Pão; imagens de Champagnat e Boa Mãe; projetor multimídia.
Desenvolvimento (Colocar de modo visível, no espaço em que terá início a celebração, o círio pascal ou uma vela grande. Estando presentes todas as pessoas convidadas, sem comentar, cantar duas ou três vezes o refrão seguinte Deus está aqui até sentir certa concentração do grupo). Canto: “Deus está aqui, tão certo como o ar que eu respiro, tão certo como a manhã que se levanta. Tão certo como falo e podes me ouvir.”
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Celebração
Animador/a 1: “Os discípulos estavam todos reunidos no mesmo lugar” (pausa breve). Em um instante de silêncio, respirando de forma consciente e profunda, observemos o lugar onde estamos (dar tempo propício). Animador/a 2: “De repente, veio do céu um ruído como de um vento forte, que encheu toda a casa em que se encontravam” (Pausa breve). Respirando profundamente, fechemos nossos olhos (dar tempo propício), coloquemos as mãos sobre o peito e rezemos cantando, quase que em sussurro, mais uma vez “Deus está aqui...”. A.1: Ainda com os olhos fechados, de modo consciente, respiremos profundamente e ao exalar o ar, cada qual pode lentamente abrir os olhos e tocar em alguém que esteja próximo (dar tempo propício). A fé cristã é Trinitária, de comunhão e tem uma profunda dimensão comunitária. Deus está também na comunidade, pois “onde dois ou três se reúnem em Meu nome, Eu estarei aí”. Cantemos: “Deus está aqui...”. A. 2: “Então apareceram línguas como de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles”. Cantemos: “Ó luz do Senhor, que vem sobre a terra, inunda meu ser, permanece em nós”. (Enquanto alguém, antes indicado/a, acende o Círio ou outra vela, toma-a nas mãos e inicia a procissão até onde estão as três mesas. Colocar o círio ou outra vela junto da mesa da Palavra). A.1: (Vai até o círio, toca nele e diz duas vezes a frase:) “E todos ficaram cheios do Espírito Santo” (At, 2, 1-6) e aqui nos encontramos: Em nome do Pai...
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A.2: Jesus está sempre presente quando duas ou mais pessoas se reúnem em seu nome. Presente Ele está no pão e no vinho partilhados no ritual da missa e está presente em cada pessoa (cf. SC 7). No entanto, se olharmos bem para nossa vida, perceberemos que em muitas ocasiões ignoramos o chamado que temos de viver segundo o mesmo Espírito que moveu Jesus, e nosso testemunho não é de “filhos/as da luz”. Acompanhemos a dramatização:
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Celebração
Música instrumental: livre escolha Vela 1: (Levanta-se, vai até o círio, acende, olha para as pessoas presentes, apaga a vela, atira-a para um lado e volta ao seu lugar). Vela 2: (Levanta-se, vai até o círio, acende, olha para as pessoas presentes, protege a chama e volta ao seu lugar). Vela 3: (Levanta-se, vai até o círio, acende, olha para as pessoas presentes, pega outras 4 ou 5 velas, acende a partir da sua e entrega para as pessoas participantes na celebração). A.1: Qual destes três tipos de seguimento a Jesus é o meu? (Deixar um tempo em silêncio, sem música). A.2: Respiremos profunda e conscientemente e ao exalar o ar, coloquemos uma das mãos sobre o peito e a outra em alguém próximo e rezemos repetindo a seguinte oração:
Ó Trindade santa, força das pessoas que a servem em pequenos gestos. Que suas graças misericordiosas fortaleçam a nossa esperança. Que saibamos encontrar alternativas para bem viver. E que a nossa meta seja uma maior fidelidade ao Seu Projeto de comunhão. Perdoe-nos quando sufocamos a nossa luz e a luz de outras pessoas. Perdoe-nos quando nos isolamos em nosso egoísmo. Que seu amor transformador nos renove e continuemos trilhando os Seus caminhos. Amém! 44
A.1: Convido as pessoas que receberam as velas (cinco ou mais), para que as coloquem ao redor da Bíblia, enquanto cantamos: “Tua Palavra é lâmpada para os meus pés, Senhor, /:lâmpada para os meus pés, Senhor, luz para o meu caminho:/”. A. 2: (Caminha até a mesa da Palavra, pega a Bíblia, entrega-a ao/à leitor/a 1 que a eleva mostrando-a a todas as pessoas). A.1: Este ritual desafia-nos a refletir sobre três mesas. Elas, indispensavelmente, interdependem, interagem, se completam e formam uma unidade. Habitualmente, na celebração eucarística, enfocam-se, e com justiça solenizamos, duas mesas: a Mesa da Palavra e a Mesa da Eucaristia. Elas estão tão estreitamente unidas, que formam um único ato de culto (cf. SC 56). Animador/a 2: Agora, o alimento que nos nutrirá, no seguimento a Jesus, vem de uma dessas mesas, a mesa da Palavra de Deus. Essa palavra, por vezes, é dura de engolir, porque é cheia de oráculos, gemidos, desafios, apelos por justiça, mistérios e gritos de dor. Mas ruminando-a e deixando-se habitar por ela, esta Palavra se torna doce como o mel (cf. Ez 2-3). 45
Celebração
Animador/a 1: Assimilar a palavra de sabedoria é como participar de um banquete que restaura as forças (cf. Pr 9,1-6). Em sinal de disposição para caminhar guiados/as pela Palavra, coloquemos-nos em pé, peçamos abertura de coração e mente para partilhar da mesa da palavra, cantando: “Pela Palavra de Deus”. Leitor/a 1: (Faz a leitura diretamente da Bíblia, em Efésios capítulo 4, do versículo 30 até o 32).
Leitura do livro de Efésios: Não entristeçam o Espírito Santo, com que Deus marcou vocês para o dia da libertação. Afastem de vocês qualquer aspereza, indiferença, raiva, gritaria, insulto, e todo tipo de maldade. Sejam bons e compreensivos uns com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus perdoou a vocês em Cristo. Palavra do Senhor: Graças a Deus!
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Canto: “Eis que faço novas todas as coisas” Leitor/a 2: (Dirige-se até a imagem de Champagnat e faz a leitura)
Trecho da Circular do Superior-Geral dos Irmãos Maristas, Irmão Emili Turú: La Valla: a casa da luz. “A casa de Champagnat, casa de Maria, converte-se para nós na casa da luz. Como sabemos, é assim que se denomina ‘farol’ (lighthouse) em inglês: um ponto de referência no meio da noite para navegar e poder chegar com êxito a um porto seguro. Nessa casa, nossos primeiros Irmãos encheram de luz seus olhos e seu coração. Deixaram-se invadir por uma luz que preencheu de sentido suas vidas e iluminou os caminhos de sua peregrinação vital. Hoje a casa de La Valla continua sendo a fonte luminosa que alimenta nossa espiritualidade. Mostranos o caminho a seguir; indica uma rota que cada um de nós é convidado a tomar de um jeito único e original. Além disso, ao longo desse caminho, somos chamados a nos tornar casas de luz para os outros.” Palavra da Espiritualidade Marista: Graças a Deus!
A.2: Convido a formar duplas ou trios, por proximidade, para conversar por cinco minutos sobre a seguinte pergunta: Como percebemos que a luz da casa de La Valla continua acesa depois de 200 anos de existência do Instituto Marista?
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Celebração
A.1: (Pega uma das velas que está ao redor da Bíblia). A vela irá chegar até cada dupla ou trio e então podem partilhar, de forma sintética, sobre a resposta à pergunta proposta. (Quando a partilha se encerrar, a pessoa que entrou com o círio na procissão inicial volta a pegá-lo, eleva-o e canta-se: Luz que vem de Deus, divina fonte de amor. Ao concluir a canção, coloca o círio junto à mesa onde estão os alimentos que serão partilhados). A.2: Esta é a segunda mesa, a Mesa da Eucaristia. Ela ocupa, incontestavelmente, um lugar central no ritual da missa. Como herança judaica, a mesa é o lugar do encontro, da bênção, da fração do pão e da refeição fraterna. Lugar, por excelência, da comunidade.
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A.1: Todos esses aspectos estão presentes, de uma ou de outra maneira, nos relatos da Última Ceia, acontecimento fundador da eucaristia cristã: “Jesus se pôs à mesa com os apóstolos” (Lc 22, 14); “Enquanto estavam à mesa comendo...” (Mc 14,18); “Jesus se pôs à mesa com os doze discípulos...” (Mt 26, 20). Animador/a 2: Para o Instituto Marista, a mesa também é um símbolo marcante. Na mesa de La Valla reuniram-se os primeiros Irmãos com Champagnat e partilharam alimentos, sonhos, sentimentos, projetos e os frutos iniciais do carisma marista. Acompanhemos em silêncio a oração de reconhecimento do(s) alimento(s) como bênção.
Oração A.1: Trindade Santa, nos faça sensíveis aos seus sinais presentes em tudo o que nos rodeia para percebermos suas bênçãos. Este alimento é fruto de diversos fatores da natureza e envolve o trabalho de muitas pessoas. Ele já é uma bênção. Ele nos recorda que a ação de Jesus foi em vista do pão para todas as pessoas. Ele, Jesus, diante de uma multidão faminta, provocou as pessoas para colocarem tudo em comum e o milagre da multiplicação aconteceu. Faça que este alimento nos lembre o compromisso para com aquelas pessoas necessitadas da porção nutricional mínima diária, necessitadas do pão da amizade, da compreensão e do amor fraterno. Nosso reconhecimento deste alimento como benção nasce da fé em Jesus, o Pão vivo que desceu do céu e dá vida e a salvação a todos os seres que habitam a casa comum, pela força da Unidade Trinitária! Amém!
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Celebração
(As pessoas que foram convidadas inicialmente a repartir os alimentos partem o pão ou as frutas em pequenas porções e oferecem aos/às participantes. Obs.: atentar para higienização das mãos). A.2: Nesta segunda mesa, a da partilha do pão, ninguém fica de fora. A ela todas as pessoas podem acessar. Enquanto vivemos esta experiência de comunhão, cantemos: Por um pedaço de pão (Pe. Zezinho). A.1: Nós sabemos que, mundo afora ou bem perto de nós, muitas pessoas não têm acesso às três refeições diárias. Queremos pedir por elas e por nós, para que Deus nos inspire ações em vista da Cultura da Solidariedade. Nossa prece será através de uma canção de León Gieco, Eu só peço a Deus. Cantemos! 50
A.2: Uma terceira mesa se faz necessária para que o cultivo da interioridade segundo a fé cristã seja completa: a Mesa do Pobre. (Fazer uma pausa breve, sinal para que a pessoa que entrou com o círio na procissão inicial pegue-o e vá até a porta de entrada do ambiente onde está acontecendo a celebração). Não se trata de uma novidade ou de uma invenção. Desde o princípio do cristianismo, a realidade da terceira mesa está presente não só como uma consequência da mesa da Palavra e da mesa da Eucaristia, mas como parte integrante. Mesmo que haja uma ligação estreita entre as três mesas, a do Pobre não é da mesma ordem que as mesas da Palavra e da Eucaristia. As Mesas da Palavra e da Eucaristia são da ordem do ritual e do simbólico, enquanto que a Mesa do Pobre é da ordem da realidade, do compromisso, da militância. Jesus se torna presente no meio de nós na sua Palavra, na Eucaristia e no pobre. A.1: Como gesto de conclusão desta celebração, cada um/a está convidado/a a responder à pergunta: O que vou fazer para conectar as três mesas em minha vida? (Tempo: 1 a 2 minutos). Música instrumental: livre escolha A.2: Agora, com uma resposta ou não sobre como irá fazer a conexão entre as três mesas, cada um/a pode deixar este espaço, e quando passar pelo círio, toque-o pedindo as forças da Trindade para realizar seu propósito ou encontrar uma resposta, caso não a tenha, traçando sobre si o Sinal da Cruz. Música final: É preciso saber viver (Titãs)
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Dicas
Fábulas
Livros Músicas Orações Vídeos Poemas
Textos
Danças circulares Publicações
Filme
Nesta edição dos Cadernos Pastorais, optamos por disponibilizar as indicações em PDF para promover o consumo consciente e sustentável de papel. Sendo assim, o arquivo encontra-se disponível na Área do Pastoralista (maristas.org.br/pastoral). Há sugestões de filmes, livros, músicas, orações, publicações, sites, técnicas de meditação e de oração, textos e vídeos. É possível conferir a letra e a cifra das canções, além de fazer download de músicas e vídeos. Orientamos a ouvir a opinião do público para o qual a atividade será destinada a fim de compor uma coletânea diversificada de dicas sobre o cultivo da interioridade.
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Expediente Cadernos Pastorais | Cultivo da Interioridade | nº 6 | Ano 2018 Organização: Coordenação de Pastoral – Ir. Valdícer Fachi, Emilin Grings Silva, Karen Theline Cardoso dos Santos da Silva, José Jair Ribeiro, Marcos José Broc, Maria Inete Maia, Maurício Perondi, Patrícia Vieira, Regina Trentin Piovesan, Rosimar Heleno de Almeida, Vera Lúcia Ribeiro. Produção: Assessoria de Comunicação e Representação Institucional Editoração: Design de Maria Fotos: Arquivo da Rede Marista Revisão: Irmão Salvador Durante Rede Marista Rua Ir. José Otão, 11 – Bom Fim 90035 060 – Porto Alegre - RS pastoral@maristas.org.br – maristas.org.br
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