Maria,
ra mulher e seguido Murad IrmĂŁo Afonso
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Rede Marista Pastoral Juvenil Marista
Maria,
mulher e seguidora IrmĂŁo Afonso Murad
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2017
o ã ç a t esen
Apr
“Como uma verdadeira mãe, caminha conosco, luta conosco e aproxima-nos incessantemente do amor de Deus” (Papa Francisco).
Faz um bom tempo que sentimos a necessidade de aprofundar a dimensão mariológica no processo da PJM. Muitos de nós a invocamos, mas podemos correr o risco de saber pouco sobre ela enquanto mulher, mãe, discípula, educadora... Quando olhamos para Maria, acreditamos na força revolucionária da ternura e do afeto. Nela vemos que a humildade e a ternura não são virtudes dos(as) fracos(as), mas dos(as) fortes, que não precisam maltratar os outros para se sentir importantes. A mesma mulher que louvava Deus porque “derrubou os poderosos de seus tronos” e “aos ricos despediu de mãos vazias” (Lucas 1,5253) assegura o aconchego de um lar à nossa busca de justiça. 4
Maria é aquela que sabe transformar um curral de animais na casa de Jesus, com uns pobres pãezinhos e uma montanha de ternura. É a amiga sempre solícita para que não falte o vinho na nossa vida. É aquela que tem o coração trespassado pela espada, que compreende todas as penas. É a missionária que se aproxima de nós para nos acompanhar ao longo da vida. Acreditamos que os 32 textos que são oferecidos aqui ajudarão a ampliar o olhar, a compreensão e a devoção sobre Maria, pois possuem conteúdo para estudo, mas, ao mesmo tempo, para ser experienciado no dia a dia. Cada Participante, Animador(a) ou Assessor(a) pode descobrir na vida de Maria o exemplo de escuta, a coragem da fé, a profundidade do discernimento, a dedicação ao serviço, a luta pela justiça, a saída de si e de seus projetos..., pois em sua “pequenez” aprende a entregar-se e a confiar, experimenta os desafios de compreender o seu projeto de vida e a vontade de Deus. Que a exemplo de Champagnat também possamos afirmar: “sem Maria não somos nada e com Maria temos tudo, porque Maria está sempre com seu adorável Filho, ou no colo ou no coração”.
José Jair Ribeiro (Zeca) Coordenador da PJM
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12. Maria persevera junto à cruz de Jesus..... 40 13. Maria(s) das Dores..................................................43
io r á m Su
14. Eis aí a tua mãe. Aqui está o teu filho!.......46 15. Maria, modelo dos(as) evangelizadores(as) .............................................49 16. Ladainha mariana a partir da Bíblia | 1 ................................................................52 17. Ladainha mariana a partir da Bíblia | 2 ...............................................................55 18. Maria e a Trindade.................................................58
1.
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Anunciação: Deus vem ao encontro de Maria .................................................. 8
19. Imaculada Conceição.........................................61 20. Assunção de Maria................................................63
2. Alegre-se, agraciada, Deus está com você! .................................................................10
21. Maria, uma pessoa obediente.........................66
3.
José, o companheiro fiel de Maria.............. 13
23. Maria na liturgia......................................................72
4.
Visita de Maria a Isabel........................................16
24. Os títulos de Maria................................................75
5. O cântico de Maria................................................19
25. Por que rezar à Maria?.........................................78
6. Maria está junto de Jesus..................................22
26. Maria e as Igrejas evangélicas .......................81
7.
Maria da apresentação: dividir para multiplicar.........................................25
27. Perguntas sobre as aparições de Maria | 1.................................................................84
8. Aprender com os encontros e desencontros........................................................28
28. Perguntas sobre as aparições de Maria | 2 ...............................................................87
9.
A vida em Nazaré: descobrir Deus no cotidiano............................................................. 31
29. Por que Maria é tão importante para nós? ................................................................... 90
10. Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos?.........................................................................34
30. A mensagem de Aparecida Hoje (julho 2017)................................................................93
11. Maria e a alegria de Caná..................................37
31. Maria e o Espirito Santo......................................96
22. Maria nos abraça e nos leva a Jesus...........69
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A anunciação à Maria (Lc 1,26-38) se assemelha a outras cenas bíblicas de anúncio de concepção e nascimento, como a Abraão (Gn 17,19-21) e à mãe de Sansão (Jz 13,1-6). No evangelho de Lucas, está construído em paralelo com o anúncio a Zacarias (Lc 1,5-20). Todos eles mostram que o Senhor toma a iniciativa e que deste encontro resulta algo muito bom para a pessoa e o povo de Deus.
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Anunciação: Deus vem ao e d o r t n o c n e Maria
A Bíblia, palavra divina em linguagem humana, utiliza gêneros literários. Reflexão de fé, utiliza elementos poéticos e simbólicos. Por isso, não se pode tomar isoladamente cada palavra ou frase, como se fosse simples descrição histórica. O que nos comunica o gênero literário anúncio? Deus toma a iniciativa. Ele vem sempre na frente, preparando o futuro. Através de um mensageiro divino, denominado “anjo”, anuncia que virá uma criança importante, para contribuir no processo de salvação. Às vezes, há obstáculos a serem superados. A pessoa questiona “como acontecerá isso?” e Deus lhe oferece um sinal. Mas o anúncio à Maria é o único na Bíblia que termina com uma resposta. Também é um relato de missão. Prepara o nascimento de Jesus e também diz sobre a vocação especial de Maria e de sua resposta generosa. Deus toma a iniciativa. Maria se sente agraciada por Deus, dialoga com ele e, ao final, responde com inteireza. Compromete-se em ser a mãe do salvador. E a vida dela mostrará muitos outros compromissos. Maria nos revela o jeito cristão de ser. Tudo começa de Deus, que vem ao nosso encontro, independente do lugar onde estamos (Lc 1,28). A gente se encanta com sua luz e bondade. Percebe também as dificuldades e obstáculos. E, como Maria, podemos dizer: “eis aqui o servidor(a) do Senhor. Que se faça em mim segundo a sua vontade” (Lc 1,38).
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O relato da Anunciação (Lc 1,26-38) nos diz muito sobre Maria, exemplo de vida para nós, cristãos de hoje.
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Alegre-se, agraciada, Deus está com você!
Gabriel, o mensageiro de Deus, saúda: Alegrese! (v.28). Convida Maria a participar da alegria do novo tempo, que começa com a vinda de Jesus. Lucas destaca a alegria como sinal próprio de Jesus e de seus seguidores (Lc 10,17.21; 19,37; 24,52). Maria é a primeira convidada a se alegrar. Quando Deus se aproxima de nós, contagia-nos com sua alegria. É surpresa e gratuidade, encanto e novidade recriadora. Maria recebe um nome especial, que nenhuma outra pessoa tem na Bíblia: agraciada, favorecida, aquela que tem o favor do Senhor, ou que “encontrou graça diante de Deus” (v.30). E com uma intensidade tão grande! São Jerônimo, quando traduziu a Bíblia para o latim, usou a expressão “cheia de graça”. Deus prepara Maria para um grande desafio, iluminando-a especialmente com sua Luz Divina. A seguir, diz: o Senhor está com você. Na Bíblia, quando alguém recebe uma missão importante e difícil, tem a promessa de que não estará sozinho; Deus lhe dará forças para realizála. Por exemplo, no chamado a Moisés (Ex 3,11s e 4,12), a Gedeão (Jz 6,12) e a Jeremias (Jer 1,19). Pede-se que a pessoa não tenha medo, confie em Deus e se comprometa, como acontece com Maria. Alegre-se, agraciada, o Senhor está com você. Essa frase revela quem é Maria aos olhos de Deus: mulher tocada pela graça divina, que a faz encantadora, agraciada e graciosa. Ser humano
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iluminado pelo Deus da Vida. Colaboradora de Deus, como mãe e educadora de Jesus. Pessoa forte para lidar com os medos e enfrentar os desafios. Também essa expressão toca cada discípulo(a) missionário(a) de Jesus. Deus convida para alegria duradoura, que só Ele nos dá. Concede-nos tantas bênçãos e graças no correr da existência. Como somos agraciados! Encanta-nos com seu amor misericordioso. Quer contar conosco para promover o bem no mundo. E, para isso, nos alerta: as dificuldades virão. Mas eu estou com vocês. Que Maria nos dê a generosidade de responder, com alegria e coragem: sim, conte comigo, Senhor!
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3 José, o companheiro fiel de Maria
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Em várias pinturas, representa-se José trabalhando na carpintaria, enquanto Maria se ocupa de Jesus. Atualmente, há gravuras mostrando o pai adotivo de Jesus cuidando do menino. Tal imagem corresponde melhor à visão de Mateus acerca de José. Mateus relata o anúncio do anjo a José, durante o sono (Mt 1,18-25). Os dois estão prometidos em casamento, e Maria aparece grávida por ação do Espírito Santo. O que se passou com ele: perplexidade, dúvida, decepção, perda da segurança? Superada a crise, José acredita na sua amada e, apesar de todas as evidências, confia nela. É um homem justo não por cumprir a lei, que o permitiria denunciá-la por adultério, mas sim porque realiza a nova lei do amor, que Jesus propõe no Sermão da Montanha (Mt 5,1-48). A misericórdia consiste em ir além do que o(a) outro(a) aparentemente merece. Sentir por dentro sua dor e suas necessidades. José viveu este amor por Maria, e também foi correspondido. Entre os dois, havia uma grande sintonia.
Quantas coisas boas José e Maria compartilharam no correr dos anos que viveram um ao lado do outro! Troca de olhares, afeto, cuidado, divisão de tarefas. Expectativas e preocupações do cotidiano de pessoas comuns. Alegria na mesa, contentamento com os primeiros frutos da colheita, oração em família. Ambos, educadores de Jesus, ajudaram a moldar o perfil humano do filho de Deus encarnado. São José, companheiro fiel de Maria, rogai por nós!
Segundo Mateus, José é o companheiro de Maria e o protetor de Jesus. Acolhe-a amorosamente como sua esposa (Mt 1,24). Conduz a criança e sua mãe para fora do país, a fim de escapar das garras do poderoso Herodes (Mt 2,13-15). Eles enfrentam os perigos da noite e de uma terra estranha, vivendo como refugiados. Anos mais tarde, José traz de volta a família (Mt 2,19-23), para Nazaré da Galileia. Lá trabalha como carpinteiro e agricultor e ensina seu ofício para Jesus. Vida silenciosa, aparentemente sem nada de especial. Junto com Maria, educou Jesus. Pois “o menino crescia em sabedoria, idade e graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2,40). 14
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Lucas relata que, logo depois da anunciação, Maria partiu para a região montanhosa, onde morava sua parenta Isabel, casada com Zacarias (Lc 1,39-40). Isabel estava grávida de João Batista, o que era maravilhoso, pois ambos tinham idade avançada, e Isabel, incapaz de ter filhos. Para os judeus, era triste chegar ao fim da vida sem deixar descendência.
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Visita de l e b a s I a a i Mar
Naquele tempo, sem recursos médicos, tal gravidez de risco exigia cuidados especiais. Isabel estava no sexto mês. E lá foi Maria, apressadamente. Sim, o amor tem pressa. Não espera, antecipa-se, cuida, zela. Mas, pensando bem, que contribuição poderia dar uma adolescente como Maria, sem experiência de gravidez e parto? Não haveria outras mulheres e parentas vizinhas mais aptas para isso? E, pelo jeito, Maria ficou lá três meses e voltou antes do menino nascer (1,56-58). A solidariedade se move por razões além da mera eficácia. Maria vai ao encontro de Isabel, porque o “sim” a Deus levava a um “eis-me aqui” para a pessoa humana em necessidade. A raiz da solidariedade não reside em fazer coisas ou dar objetos que sobram, mas sim fazer-se próximo, como Jesus conta na parábola do bom samaritano (Lc 10,29-37). Não aconteceu uma visitinha rápida, mas um permanecer na casa de Isabel durante 90 dias. Maria é exemplo dos cristãos solidários e missionários. O que Maria leva para Isabel? Em primeiro lugar, o contentamento que ela recebe de Deus (1,28). O feto de João Batista vibra de alegria (1,41.44) dentro de Isabel, logo que Maria saúda sua parenta. Ela, cheia do Espírito Santo, proclama: “Bendita é
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você entre as mulheres, e bendito é o fruto do seu ventre” (1,42). Não precisou falar nada. Bastou o encontro, a troca de olhares, o gesto de acolhida. Além disso, as duas compartilharam durante estes meses as alegrias e esperanças de duas mulheres grávidas. Maria ensinou e aprendeu muito com Isabel. E as duas não estavam sozinhas, pois as famílias judaicas se reuniam como clãs, com muitos parentes em volta. Aconteceu uma “comunidade solidária” de mulheres. Por fim, este encontro prenuncia a relação futura de João Batista com Jesus e prepara cântico de louvor entoado por Maria (1,46-55). A Mãe de Jesus nos ensina a beleza e o valor dos encontros e das visitas. Que ela suscite em nós o ardor missionário de quem se faz próximo(a), para ajudar, compartilhar e aprender, na grande escola da vida.
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5 O cântico de Maria
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O evangelista Lucas coloca nos lábios de Maria um belo cântico que, em latim, se chama “Magnificat” (Lc 1,46-56). Traduzindo na linguagem de hoje, seria: “proclamo a grandeza (de Deus)”. Baseado no cântico de Ana (1 Sam 2,2-10), e escrito muitos anos depois da visita a Isabel, o Magnificat expressa várias características de Maria. E consiste em uma verdadeira lição de oração para nós, hoje. Maria inicia sua oração com um louvor intenso, que brota do mais íntimo, onde se integram as emoções e as convicções (v.46-47). Qual a razão dessa incontida alegria? Deus olhou para sua condição social: jovem, mulher, originária da desconhecida Nazaré, na Galiléia (v.48). Maria reconhece com gratidão que Deus fez nela maravilhas (v. 49). E aí reside o segredo da humildade: não em autodesvalorização, mas sim em uma percepção real do que somos, agradecendo a Deus por tanta graça recebida. A pessoa humilde, como Maria, não ignora suas qualidades; e sim as coloca à disposição dos outros.
distribuição dos bens produzidos e do exercício do poder (v.51-53). Embora utilizando a imagem da inversão, não propõe simplesmente uma mudança de posição, e sim novas relações. Por fim, Maria recorda que este tempo novo do Messias, que se inaugura com ela, é a realização da promessa a Abraão (v.54-55). Este homem, símbolo da fé do povo de Israel, confiou radicalmente em Deus, deixou sua segurança para trás e saiu em busca de nova terra. Portanto, o cântico de Maria resume os diversos elementos da oração cristã: louvor, ação de graças, recordação, súplica, reconhecimento da ação de Deus no coração de cada pessoa e na sociedade. Situada no presente, faz memória e abre-se de forma esperançada para o futuro. Maria, ensina teu povo a rezar!
A oração de Maria começa na interioridade, na alma, no espírito, no coração, e dali se expande. Sai de si mesma, louvando a Deus pela misericórdia que se prolonga “de geração em geração”, na história de seu povo, no atual momento e no futuro (v.50). Ecoa nela a fé bíblica que o amor de Deus é “para sempre”, pois podemos prová-lo tanto na criação como nos fatos (Sl 136). A seguir, baseada no cântico de Ana e antecipando as Bem-aventuranças e os alertas de Jesus (Lc 6,20-26), Maria proclama que Deus faz uma grande mudança na realidade social. A boa nova de Jesus tem repercussão estrutural. Exige uma mudança na 20
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Maria está s u s e J e d o t jun
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No tempo do Natal, há presépios nas igrejas e nas casas. Imaginemos os personagens que povoam esta cena tão bela e simples: pastores e ovelhas, reis magos com seus presentes, galo que canta na madrugada, o boi e o burro no estábulo, José, Maria e o bebê, Jesus. Nos presépios medievais, colocavamse ainda centenas de personagens cotidianas das vilas e cidades. Tudo isso para mostrar o que João resumiu nesta frase: “a palavra se fez carne, e veio habitar entre nós (Jo 1,13)”. A comunicação de Deus se torna humana. Vem pertinho de nós, vivendo nossa existência, iluminando por dentro a história da humanidade e de todos os seres que habitam a Casa Comum (cf. 1,3-5). Mateus mostra que a vida de Jesus não começa de maneira fácil. Herodes, o chefe político que dominava a região em nome dos romanos, sente-se ameaçado e quer matá-lo (Mt 2,3.16). As autoridades religiosas de Jerusalém parecem perturbadas com o nascimento do Jesus. Mas estão tão instaladas, que nem se movem. Outros buscam a Jesus. Guiados pela estrela, os reis magos encontram o bebêmessias, se ajoelham e lhe prestam homenagem. “Ao entrarem na casa, viram o menino com Maria, sua mãe” (Mt 2,11). Essa proximidade de Maria com seu filho não é somente geográfica. Ela está efetivamente junto com Jesus, associada à sua história, desde o começo. Vive os nove meses de gestação, dá à luz, cuida e educa. Durante os anos da infância, na companhia de José, dá as condições para que o Filho de Deus encarnado se desenvolva plenamente. Cresça integralmente, “em sabedoria e graça diante de Deus e dos homens” (Lc 2,52).
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A vinda do salvador traz enorme alegria para o céu e a terra. No âmbito divino, anjos cantando. No espaço do campo, humildes pastores se espantam com novidade tão grande. O medo dá lugar ao contentamento. Eles saem apressadamente para Belém. Lá encontram Maria, José e o recém-nascido deitado na manjedoura (Lc 2,8-20). Louvam e glorificam a Deus por tudo o que experimentam. E Maria? Ela deve ter transbordado de alegria também. Ao mesmo tempo, seu coração de aprendiz não se contenta com a maravilha que seus olhos veem. É necessário adentrar-se no sentido dos acontecimentos. O que Deus está lhe ensinando com tudo isso? Assim, diz Lucas, “Maria conservava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração” (Lc 2,19). Não basta estar presente. Ela mergulha no sentido profundo dos acontecimentos, para interpretar o que Deus lhe comunica. Então, Lucas e Mateus nos mostram que Maria está associada intimamente ao seu filho, não somente por uma questão biológica. Desde o começo, ela participa dos riscos, das tristezas e das alegrias de Jesus. Acompanha-o atentamente, aprende com os fatos, busca o sentido mais profundo dos acontecimentos. Maria louva e se alegra. Vive intensamente a missão de mãe e educadora de Jesus, amando e sendo amada, aprendendo e ensinando.
7 Maria da apresentação: dividir para multiplicar
Assim também acontece conosco. Como cristãos e cristãs, estamos unidos a Jesus e à sua causa. Compartilhamos as alegrias e tristezas da humanidade e do planeta. Ensinamos e aprendemos. Que Maria, nossa mãe na fé, molde nosso coração de discípulos missionários, aprendizes e atuantes. 24
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Lucas 2,21-23 narra a ida de José, Maria e o bebê Jesus a Jerusalém. Por volta de 40 dias depois do nascimento do filho mais velho (primogênito), a mãe e o pai deviam ir ao templo de Jerusalém oferecer o filho a Deus. Levavam também a oferta para o sacrifício religioso, que normalmente era um cordeirinho. Mas, como Maria e José eram pobres, ofereceram somente dois pombinhos (v.24). No Templo, a família de Nazaré encontrou o velho Simeão (v.25-35) e a profetiza Ana (v.36-38). Ambos representavam o antigo povo de Israel, que acolhia com alegria e esperança o messias. Simeão profetizou que Jesus seria causa de contradição, revelaria o que estava escondido no coração das pessoas, e a própria Maria sofreria na carne um grande conflito, devido às exigências de Jesus (v.34-35). O gesto não visava somente cumprir um preceito legal. Quando Maria chegou com Jesus e José ao templo, ela ofertou a si própria a Deus. Carregando o bebê no colo, Maria se apresentou diante do Senhor com generosidade. Ela renovou o compromisso que havia feito com Deus, na anunciação, pois as opções mais profundas na vida, mesmo se feitas uma vez para sempre, precisavam ser renovadas e reafirmadas. Era como se Maria dissesse a Deus: Eu aceitei Teu chamado, e Teu filho se faz carne na minha carne. Obrigada! Agora, eu e José assumimos o compromisso de amá-lo e educá-lo. De Ti recebemos a graça desta criança. A ti oferecemos esta criança, como uma dádiva”.
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L. Palú e R. Pelaquin, expressaram de forma poética a postura de Maria e José: Nossa Senhora vai, por entre o povo/ À luz do sol, à luz das profecias. Leva nas mãos o seu menino lindo/ No coração, certezas e agonias (alegrias). E cada vez que eu abro as mãos, feliz/ Para ofertar com gosto o coração. Eu me enriqueço, o mundo se enriquece/ Renovo o gesto da apresentação. Leva seu filho ao Templo/ E o sacerdote ofereceu Jesus ao Pai da Luz Maria ergueu suas mãos em prece/ que nunca mais ficaram sem Jesus. Quando oferecemos a Deus nossos dons, trabalhos, conquistas e esperanças, recriamos o gesto da apresentação de Maria. Enriquecemos a nós mesmos, a sociedade e o mundo. As mãos de Maria, que simbolizam a disposição livre de se engajar na causa de Deus, sempre estão com Jesus. Ela não o retém. Entrega-o a Deus e a nós. Que Maria educadora nos ensine a surpreendente lógica do evangelho: quando dividimos o que somos e temos, Deus multiplica as sementes e os frutos.
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Vinicius de Morais dizia que “a vida é a arte do encontro, embora haja muitos desencontros pela vida”. Na existência humana é assim: por mais que se cultive a sintonia, o entendimento, a reciprocidade, há momentos em que as diferenças aparecem e surgem os conflitos. Também essas ocasiões são oportunidades de crescimento.
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Aprender com os e s o r t n o c n e s o r t n o c n e s de
Lucas narra uma cena com Jesus adolescente, aos 12 anos (Lc 2,41-50). Quando alcançava essa idade, o homem era assumido como membro do povo de Israel. Deixava de ser uma criança. Maria e José estavam voltando da peregrinação ao templo de Jerusalém. Depois de um dia de caminhada, perceberam que o menino não estava no meio do grupo, nem entre os parentes e conhecidos. Voltaram então ao templo, e três dias depois encontraram Jesus. Ele ouvia, questionava e discutia com os “doutores”, nome dado aos que interpretavam as Sagradas Escrituras judaicas. A consciência messiânica irrompeu neste adolescente inquieto, com impressionante vigor. Depois, foram muito anos de silêncio, em Nazaré, até que Jesus iniciasse a sua missão (Mc 1,15). Seus pais, quando viram tal cena, surpreenderamse e ficaram emocionados. Maria desempenha o papel que cabe a pais e educadores. Isso implica pôr limites, advertir, corrigir: “Meu filho, por que você fez isso conosco? Estávamos angustiados, à sua procura!”(v.48). Jesus respondeu de forma surpreendente, dizendo que ele deveria estar na casa do Pai. E eles não entenderam o que Jesus lhes disse. Precisavam ainda caminhar na fé, para compreender muitas coisas que Jesus diria e faria, quando anunciasse o Evangelho.
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Então, eles voltaram para casa. E, como acontecia naquele tempo (hoje não é bem assim), Jesus obedecia aos seus pais. E, nesta vida simples, junto com seu povo, Jesus ia crescendo “em sabedoria, em estatura e graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2,52). Quanto à Maria e a José, eles também evoluíram, aprendendo e ensinando, em uma convivência amorosa e calorosa. E, possivelmente, aconteceram outras crises. Simeão havia profetizado: “Uma espada atravessará sua alma” (Lc 2,15). A dor na hora da cruz foi a mais evidente, mas outras também aconteceram. Lucas repetiu a mesma expressão que usou na cena do nascimento: “Maria guardava estes fatos, meditando-os no seu coração” (Lc 2,19.51). Isso significa que Maria aprende com os fatos, estabelece a ligação entre eles, cresce na compreensão. A fé é sempre apostar em Deus, acreditar nas suas promessas, caminhar na esperança, em meio a luzes e sombras. Que Maria nos ensine a bem educar as novas gerações, a aprender com os acontecimentos, a crescer no amor e na fé, nos encontros e desencontros da vida.
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9 A vida em Nazaré: descobrir Deus no cotidiano
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Constantemente, somos bombardeados com a ideia de que o ser humano é uma “celebridade”. Ele deve aparecer o máximo possível e ser reconhecido como especial. Nos perfis das redes sociais, as pessoas se mostram jovens e bonitas. Compartilham fotos e vídeos de momentos alegres. Por todo lado, estimula-se uma superexposição. Nas igrejas cristãs, espalha-se a visão de que a fé exige milagres e manifestações extraordinárias. A meta é o sucesso na vida profissional, na saúde e na família. Acumular e mostrar muitos bens de consumo! Ora, se esse é o modelo do ser humano feliz, então não se entende os longos anos silenciosos de Jesus em Nazaré, com Maria e José. A chamada “vida oculta” da família de Nazaré nos diz que os frutos mais saborosos da vida necessitam de tempo para ser semeados, cultivados e amadurecidos. E há certos tesouros da vida pessoal que não devem se tornar públicos, pois perderiam seu encanto. No livro, O cotidiano de Maria de Nazaré, Clodovis Boff diz que na experiência de Maria, o lugar normal do encontro com o Divino é justamente o cotidiano. Assim, algumas pinturas representam a Anunciação quando ela se encontra fiando a lã ou tirando água da fonte. Ninguém podia imaginar o que se passava no reverso divino dessa vida igual à de todo mundo. Sua existência, seu rosto e até seu nome não tinham nada de especial no mundo em que vivia: eram comuns a tantas filhas de Israel.
a meditação amorosa e confiante. Mulher reflexiva que era, repassava os acontecimentos de cada dia, num coração impregnado de fé e de amor (Lc 2,19.51). Ela experimentou sua existência com grande intensidade: a máxima alegria em eventos como a visitação e a ressurreição de Jesus, e a máxima dor em fatos como a perda no templo e a morte de Jesus na cruz. O Papa Francisco nos diz: “a espiritualidade cristã propõe um crescimento na sobriedade e capacidade de se alegrar com pouco. É um regresso à simplicidade que nos permite parar e saborear as pequenas coisas, agradecer as possibilidades que a vida oferece sem nos apegarmos ao que temos, nem entristecermo-nos por aquilo que não possuímos. Isso exige evitar a dinâmica do domínio e da mera acumulação de prazeres” (Laudato Si 222). As pessoas que saboreiam mais e vivem melhor cada momento são aquelas que deixam de petiscar aqui e ali, sempre à procura do que não têm, e experimentam o que significa dar apreço a cada pessoa e a cada coisa, aprendem a familiarizar com o que há de mais simples e sabem alegrar-se com elas (nº 223). Que Maria de Nazaré nos ensine a desenvolver uma vida simples e centrada no essencial. Assim, descobrimos Deus no cotidiano. Amém!
Maria vivia esse cotidiano de forma extraordinária. Personificava cada evento, perguntando-se, no fundo do coração, o que Deus queria lhe dizer. A misteriosa alquimia para transfigurar sua vida era 32
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Certa vez, Jesus estava com seus discípulos e a multidão, quando alguém lhe disse: “Sua mãe e seus irmãos estão ali fora e querem vê-lo”. Jesus respondeu: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a colocam em prática” (Lc 8,19-21). Será que ele tratou mal a sua mãe? Teria esquecido toda a sua dedicação?
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Quem é minha mãe? Quem são ? s o ã m r i s u e m
Um fato de hoje ajuda a entender a atitude de Jesus. Luis Carlos é voluntário da Pastoral dos enfermos. Nos hospitais, visita especialmente os que estão nas enfermarias e não recebem atenção dos(as) outros(as). Veste um jaleco branco com o crachá de identificação. Um dia, aproximou-se de uma mulher que estava sozinha. Quando ela o viu, reagiu: “Você não é da minha religião. Não quero saber de sua conversa! Vai embora”. Então Luis saiu, retirou o jaleco e o crachá. Voltou e lhe disse: “Joana, você aceita a visita de um amigo?” Meio sem graça, ela consentiu. E, assim, Luis vinha visitá-la toda a semana. Até que um dia soube que Joana havia ganho alta. Meses depois, quando estava no ônibus, alguém lhe bateu no ombro. Luis se virou e viu Joana de pé. Ela olhou nos seus olhos e disse emocionada: “Muito obrigado! Você foi para mim um irmão. Quando eu senti muita solidão e nenhum parente veio me visitar, você foi mais do que alguém da família!” Jesus gostava muito de sua família. Ele recebeu boa educação de Maria e José, e não faria uma desfeita para sua mãe. No entanto, quando Jesus começou a sua missão, ele convocou homens e mulheres para fazer parte de uma nova família, não mais ligada por laços de parentesco. Nessa nova família, o que importava era “ouvir a palavra e
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colocá-la em prática”, ser discípulo de Jesus, como a terra boa que acolhe e frutifica a semente do Evangelho (Lc 8,15). Alguns parentes não aceitaram a proposta de Jesus e o rejeitaram (Mc 6,1-6). Mas, para Maria, a realidade foi outra. Ela não foi somente a mãe biológica, mas também aderiu ao grupo dos seguidores/as de Jesus. Acompanhava seu filho e os discípulos pelos povoados da Galileia. Na hora da cruz, Maria estava ao lado de Jesus, com outras mulheres, e o discípulo amado (Jo 19,25). Ela também participou da preparação de Pentecostes (At 1,14 e 2,1). Maria fez parte tanto da família biológica de Jesus, quanto da nova família dos discípulos-missionários. Assim, entende-se a resposta de Jesus à mulher que, na multidão, elogiou sua mãe biológica: “Feliz o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram”. Jesus disse: “Antes, felizes os que ouvem a palavra de Deus e a praticam” (Lc 11,27s). Tal expressão não é uma crítica, mas sim um elogio à Maria. Ela, mais do que ninguém, acolheu a palavra de Deus inteira e intensamente. Vivenciou-a de tal forma que se tornou, para todas as gerações, um modelo de fé, de amor solidário e de esperança.
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11 Maria e a alegria de Caná
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Em uma festa animada, as pessoas se encontram e a alegria se multiplica. No tempo de Jesus, a festa de casamento tinha grande valor. As famílias se uniam e renovavam suas esperanças na continuidade da vida. Recordava-se a aliança de Deus com seu povo (Is 62,5; Os 2,21-22). O vinho evocava o fascínio do amor humano (Ct 4,10) e o novo tempo do messias. O evangelista escolheu as Bodas na cidadezinha de Caná para contar sobre o primeiro sinal de Jesus (Jo 2,1-12). Maria chegou antes. Jesus e seus discípulos vieram também. Então, o vinho estava terminando, a festa podia acabar! Maria fez um pedido discreto. Jesus respondeu: “O que nós temos a ver com isso, mulher? A minha hora ainda não chegou (Jo 2,4). O título “mulher” não era um desrespeito à sua mãe. Os profetas recorriam à imagem da mulher para representar a comunidade que respondia ao convite amoroso de Deus. Jesus chamava desse jeito a samaritana (Jo 4,21), anunciadora do messias para os não judeus (Jo 4,28.41s). E a Madalena (Jo 20,15), primeira testemunha da ressurreição (Jo 20,17s). Assim, a mãe de Jesus era mulher e figura do povo de Deus fiel.
ouvir suas palavras e tomar atitudes concretas”. O documento da Puebla afirma que Maria é “pedagoga da fé”. Ela aponta para Jesus, leva-nos a ele, como fez com os que serviam na festa. Os(as) cristãos(ãs) descobrem neste texto outras atitudes dela. Maria está atenta às necessidades humanas. Capta com grande sensibilidade um apelo que vem da realidade. Além disso, intercede junto a Jesus, para o bem de todos. Essa postura, que começa em Caná, continua hoje, pois ela é nossa intercessora, na comunhão dos Santos. Jesus é o vinho novo e o esposo da festa da nova aliança de Deus com a humanidade. Começou o tempo da graça! Quem está com Jesus está com as vasilhas até a borda (2,7), transbordando de alegria. O Sinal de Caná abre caminho para a aventura da fé, pois a partir daí “seus discípulos creram nele” (2,11). A festa se conclui com o gesto de união, que reúne Maria, os discípulos, Jesus e os familiares (2,12). Que Maria de Caná desperte, abra nosso coração para fazer o que Jesus disser; e saborear a alegria do vinho novo, da festa da aliança e da fraternidade.
Parece que Jesus não queria se envolver com o problema. Maria não discutiu com ele. Rapidinho, encontrou uma solução. Voltou-se para os serventes: “Façam tudo o que ele disser a vocês” (Jo 2,5). Essas palavras têm grande força simbólica. Segundo João, Maria não só realizou a vontade de Deus na sua vida, como também orientou os outros a fazerem o que Jesus lhes pediu. Tornou-se assim a mestra e guia dos cristãos. Ela continua dizendonos hoje: “vale a pena buscar a vontade de Jesus, 38
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Maria persevera z u r c à o t n ju de Jesus
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Maria estava junto à cruz de Jesus no dia de sua morte. Ela apareceu no início da missão de Jesus, em Caná (Jo 2,1-11), levando seus discípulos a acreditarem nele. Agora, voltou à cena. Dessa vez, no final de sua vida pública, mas não havia nenhum sinal extraordinário. Ao contrário, o momento da cruz desafiava a fé de qualquer um(a). Maria fez parte do pequeno grupo que perseverou, que não fugiu no momento da perseguição e da crucifixão de Jesus. É a corajosa companheira de Jesus, que permanece no seu amor. Imaginamos que ela se manteve de pé, o que significa persistência e constância na adesão. Junto com Maria, há outras mulheres: sua irmã, Maria de Cléofas, e Madalena. Sobrou somente um homem, o “discípulo amado”. Estas pessoas seguem os passos de Jesus até o final, como seus discípulos, companheiros e amigos (Jo 15,15). Uma qualidade importante do(a) seguidor(a) de Jesus é o compromisso de vida que se prolonga no tempo, enfrentando e vencendo as crises. Nas palavras do mestre: “permanecer em mim e eu nele” (Jo 6,56; 15,4) ou “permanecer no meu amor” (Jo 15,9). Jesus deseja estabelecer uma sintonia profunda, comunhão de mente e de coração com a sua comunidade. Tal é o sentido da imagem da videira e dos ramos (15,1-11). “Se vocês permanecerem na minha palavra, serão verdadeiramente meus discípulos. Vocês conhecerão a verdade, e a verdade fará de vocês pessoas livres” (cf. Jo 8,31s). Trata-se de uma atitude constantemente renovada: “Quem pretende permanecer nele, deve também percorrer o caminho que Jesus andou” (1 Jo 2,6).
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Ora, Maria permaneceu ao lado de Jesus na cruz porque andou no mesmo caminho dele, durante toda a vida. No início, como mãe e educadora, ela dava a direção e orientava. Quando Jesus se tornou adulto e partiu para a missão, Maria não ficou em casa curtindo a saudade, nem interferiu na sua atuação. Ela participou da nova família de Jesus, daqueles que escutavam sua palavra e a colocavam em prática (Lc 2,22). Portanto, a presença junto à cruz foi a culminância de um vínculo estabelecido durante toda a vida. Manter-se junto à cruz foi gesto silencioso e profundo. Quando a dor é muito grande e a situação não tem explicação, não adianta falar. Basta a presença. Maria, as mulheres e o discípulo amado foram os(as) únicos(as) que perseveraram nessa situação tão difícil. Permaneceram com Jesus e em Jesus, em público. Participaram dos riscos e do escândalo de sua morte de cruz.
13 Maria(s) das Dores
Maria, ensina-nos a andar no caminho de Jesus. Mantém-nos junto a Ele, perseverantes nas crises e dificuldades! Amém!
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Seu nome é “Maria das Dores”. Amigos(as) e parentes a chamam carinhosamente de “Dozinha”. Ela se casou com aquele que acreditava ser o homem de sua vida. O marido era infiel e dependente de bebida. Depois de alguns anos, deixou-a sozinha, com três crianças para criar. “E a vida foi uma luta só”, conta Dozinha. Sem desanimar, ela aprendeu a ser pai e mãe ao mesmo tempo. E os anos passaram. Os filhos cresceram. Ela tinha uma especial afeição por Rodrigo, o filho mais novo, que era carinhoso com ela. Numa trágica sexta-feira, Rodrigo chegou em casa tarde. Comeu rapidamente, deu-lhe um beijo e disse que ia sair com os amigos. Seu coração de mãe sentiu um aperto. Veio uma dor forte, intensa, como nunca tinha acontecido. Dozinha começou a rezar umas Ave-Marias. Escutou então uns estampidos de tiros. Logo chegou a vizinha e lhe disse: “Seu filho foi baleado”. Dozinha correu, rezando e chorando. Encontrou o filho ensanguentado. Segurou-o nos braços, já sem vida.
viu a mulher forte, que não cedeu diante da dor e do sofrimento. Enfrentou-os com a cabeça erguida. Maria se tornou a mãe que lhe deu colo, a amiga entre as amigas. “As coisas ainda não estão resolvidas, mas fiz as pazes com Deus”. A devoção popular desenvolveu o título de “Nossa Senhora das Dores”. Ele não pode ser uma forma de justificar as injustiças, ou de manter a resignação diante da dor. Ao contrário, Maria se mostrou como uma mulher forte, que enfrentou com energia as adversidades, junto com José e com Jesus. Os evangelhos nos falam dessas dificuldades, como a matança das crianças inocentes, a fuga para o Egito, a vida em terra estrangeira, a perda do menino no templo. E, para terminar, a dor na hora da cruz. A partir de Jesus, nos sentimos solidários com todos os homens e mulheres que padecem. Afirmamos que Jesus é nossa esperança, o vencedor. Maria testemunha essa vitória de Cristo e nos acompanha como mãe amorosa. Como fez com Dozinha e tantas outras pessoas. Mãe das Dores, rogai por nós!
A morte do filho provocou uma profunda crise de fé em Dozinha. Primeiro, ela se sentiu anestesiada. Depois, veio a grande sensação de perda, sem volta. Ela começou a clamar, a brigar com Deus. Sua longa vida de cristã, com muitas certezas, parecia ter se dissolvido. Então, lembrou-se da mãe de Jesus. Imaginou a sua dor na hora da cruz, o abandono que ela viveu. E pensou: “Nossa Senhora me entende”. Assim, Dozinha passou a rezar para que Maria lhe desse força para “sair do túmulo” e viver novamente. “A vida de Maria não acabou na sexta-feira da paixão. A minha também não vai terminar desse jeito”. Ao olhar para Maria, Dozinha 44
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Eis aí a tua mãe. Aqui está o teu filho!
Maria de Nazaré sonhava em ser mãe, como era costume no seu tempo. Quando recebeu o anúncio do anjo de Deus, ficou surpresa e feliz! Após diálogo e reflexão, aceitou com inteireza o convite de Deus (Lc 1,38). E, assim, o Filho de Deus se fez humano como nós, em Jesus de Nazaré (Jo 1,18). Maria e José exerceram sua missão de pais e educadores com muito zelo. Conta-se que José faleceu antes que Jesus partisse em missão. E quando o mestre caminhava pelas vilas e cidades, Maria ia junto com seus seguidores e seguidoras. Numa sexta-feira, em Jerusalém, aconteceu o momento mais triste de sua vida. Jesus, filho único e tão querido, foi condenado à morte injustamente e terminou sua vida de forma horrível, na cruz. Maria deve ter pensado: acabou o meu sonho de mãe! Mas, então, ocorreu algo extraordinário. Jesus delegou a Ela a missão de mãe da comunidade! Disse para o discípulo amado: “Eis aí a tua mãe” (Jo 19,27). Seria uma adoção recíproca. Maria entendeu. Agora ela não cuidaria somente de um filho, mas sim de todos(as) os(as) seguidores(as) de Jesus. O texto bíblico diz literalmente: “a partir daquela hora, o discípulo a recebeu naquilo que era seu”, ou seja, na totalidade de sua pessoa. Na morte e ressurreição de Jesus ela se tornou a nossa Mãe. Desde criança, Lena sonhava em ser mãe. Trabalhava como enfermeira. Casou-se e teve um filho. Eles formavam uma família encantadora. O rapaz frequentava a faculdade, tinha um bom emprego e estava namorando. Lena pensou que sua missão materna estava realizada. Faltava somente um netinho. Mas o filho único morreu em um acidente de carro. Um grande sonho acabou! O que seria dela agora, como mãe?
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Em seu trabalho, Lena via as adolescentes grávidas que faziam acompanhamento pré-natal. Certo dia, encontrou uma delas e percebeu como a menina de 14 anos estava confusa e desamparada. Não tinha emprego, nem condições de preparar o enxoval do futuro bebê. Então, Lena redescobriu sua vocação de mãe: ela iria ajudar a menina a reconstruir sua vida. Começou a concretizar o novo sonho de mãe. Conversou com algumas amigas e elas recolheram material reutilizado para bebês, como berços e carrinhos. Dedicou-se a escutar as mulheres grávidas e ajudá-las. A iniciativa se consolidou com uma Associação de proteção às adolescentes e mulheres grávidas na sua cidade. Lena diz: “hoje sou a mãe de muitas mulheres. Aprendi a tratá-las como pessoas a serem valorizadas. A associação é uma comunidade de mulheres que se ajudam. Quem já passou pela experiência, fortalece as outras”. Como Lena, Maria expandiu sua maternidade. Mais ainda. Tornou-se a mãe de todos. Hoje, na comunhão dos santos, podemos contar com Maria. A Ela recorremos, confiantes, e provamos sua presença materna.
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15 Maria, modelo dos(as) evangelizadores(as)
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O Papa Francisco, na Exortação Apostólica “A Alegria do Evangelho” propõe cinco atitudes para os(as) evangelizadores(as) (EG 24). (1) Ir na frente: a comunidade missionária experimenta que o Senhor tomou a iniciativa, precedeu-a no amor (1 Jo 4, 10). Por isso, ela vai à frente, vai ao encontro, procura os(as) afastados(as) e chega às encruzilhadas dos caminhos para convidar os(as) que estão à margem. (2) Envolver-se: com obras e gestos, os(as) evangelizadores(as) entram na vida diária dos(as) outros(as), encurtam as distâncias, abaixam-se e assumem a vida humana, tocando a carne sofredora de Cristo no povo. Contraem assim o “cheiro de ovelha”, e essas escutam a sua voz. (3) Acompanhar: a comunidade acompanha a humanidade em todos os seus processos, por mais duros e demorados que sejam. Conhece e suporta as longas esperas. A evangelização exige muita paciência, e evita deter-se nas limitações. (4) Frutificar: o(a) missionário(a) mantém-se atento aos frutos, porque o Senhor o quer fecundo. Cuida do trigo e não perde a paz por causa do joio. Encontra o modo para que a Palavra se encarne na situação concreta e dê frutos de vida nova, apesar de imperfeitos.
• Maria sai na frente, indo depressa ao encontro de Isabel (Lc 1,39). Em Caná, toma a iniciativa, quando percebe que falta o principal da festa (Jo 2,1-12). • Maria se envolve inteiramente na missão de educar Jesus. Quando esse se torna adulto e parte em missão, ela acompanha discretamente seu filho. Diante da cruz, Maria assume a missão de mãe de toda a comunidade dos seguidores de Jesus (Jo 19,26). • Porque Maria tem fé, escuta a Palavra, medita no coração e a frutifica. Bendito é o fruto de seu ventre, diz Isabel! (Lc 1,42). Quantas coisas boas Maria plantou e colheu durante sua existência. • Por fim, ela sabe festejar. Seu cântico de louvor começa com uma explosão de alegria: “Minha alma engrandece o Senhor. E se alegra meu espírito em Deus, meu Salvador” (Lc 1,46). Que Maria nos inspire para evangelizar com generosidade, ousadia, persistência e alegria. Que o Senhor Jesus desperte nosso coração, mobilize nossos pés e nos leve por caminhos novos, a serviço da humanidade. Maria, nossa mãe e companheira, vai com a gente!
(5) Festejar: os(as) evangelizadores(as), cheios de alegria, sabem festejar. Celebram os passos dados, cada vitória. E se alimentam da liturgia. Estas atitudes estão antecipadas em Maria, a mãe de Jesus. Ao olhar para ela, vemos que Maria é o modelo dos(as) discípulos(as)-missionários(as).
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As ladainhas de Nossa Senhora apresentam alguns títulos e qualidades que o povo cristão atribui à Mãe de Jesus. Oferecemos aqui uma ladainha atual, que destaca suas qualidades bíblicas. Assim, a devoção mariana se torna mais profunda, pois está enraizada na Palavra de Deus e na fé em Jesus. Reze sozinho(a) ou em comunidade. E medite as palavras.
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Ladainha mariana a partir da Bíblia | 1
Em Nazaré Maria de Nazaré, rogai por nós. Menina que encantou os olhos de Deus, rogai por nós. Amada de José, rogai por nós. Jovem questionadora, rogai por nós. Servidora do Senhor, rogai por nós. Mulher do Sim sempre renovado. Aquela que medita o sentido dos fatos, rogai por nós. Educadora de Jesus, rogai por nós. Aquela que vê Deus nos véus do cotidiano, rogai por nós.
Na casa de Isabel - Magnificat Maria missionária, rogai por nós. Símbolo da solidariedade, rogai por nós. Feliz porque acreditou nas promessas de Deus, rogai por nós. Amiga de Isabel, rogai por nós. Cantora das obras de Deus, rogai por nós. Símbolo de inteireza, rogai por nós. Profetiza da justiça, rogai por nós. Esperança de libertação integral, rogai por nós. 52
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Em Belém Maria de Belém, rogai por nós. Companheira de José, rogai por nós. Jovem Mãe de Jesus, rogai por nós. Amiga dos pastores, rogai por nós. Primeira testemunha da encarnação, rogai por nós. Símbolo da alegria, rogai por nós.
No templo de Jerusalém Maria de Jerusalém, rogai por nós. Mulher oferente, rogai por nós. Aquela que crê, sem tudo compreender, rogai por nós. Peregrina na fé, rogai por nós. Mãe dos peregrinos, rogai por nós.
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17 Ladainha mariana a partir da Bíblia | 2
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Continuamos a rezar a ladainha de Nossa Senhora, a partir do perfil apresentado pelos evangelistas e à luz da Trindade. Complete com outras invocações...
Nos caminhos da Palestina Primeira discípula do Senhor, rogai por nós. Aquela que acolheu a Palavra de Deus, rogai por nós. Aquela que guardou a palavra no coração, rogai por nós. Aquela que frutificou a Palavra, rogai por nós. Nossa irmã na fé, rogai por nós. Pedagoga da fé em Caná, rogai por nós. Atenta às necessidades humanas, rogai por nós. Nossa intercessora, rogai por nós. Mãe dos caminhantes, rogai por nós.
Na Terra e no Céu Maria, tão humana e cheia de Deus, rogai por nós. Glorificada junto do Senhor, rogai por nós. Filha predileta do Pai, rogai por nós. Mãe, educadora e discípula do Filho, rogai por nós. Templo do Espírito Santo, rogai por nós. Modelo dos(as) cristãos(ãs), rogai por nós. Símbolo da ternura de Deus, rogai por nós. Mãe das mães, rogai por nós. Aquela que está mais perto de Deus e de nós, rogai por nós. Colo de Deus em feição humana, rogai por nós.
Em Jerusalém: cruz e ressurreição Maria de Jerusalém, rogai por nós. Firme junto à cruz, rogai por nós. Símbolo do sofrimento assumido, rogai por nós. Ícone da fé, rogai por nós. Perseverante em oração no cenáculo, rogai por nós. Testemunha da ressurreição de Jesus, rogai por nós. Batizada no Espírito em Pentecostes, rogai por nós.
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Maria e a Trindade
Nosso Deus se revela como o Pai criador, o Filho encarnado e o Espírito que dá vida e nos santifica. Quando proclamamos “Maria, mãe de Deus”, conforme o dogma, afirmamos que Ela é a mãe do Filho de Deus encarnado. A pessoa inteira de Jesus Cristo, humano e divino. Ela não se torna uma deusa, nem é adicionada da Trindade. Como Deus-Comunidade se entrega a nós através de Jesus e do seu Espírito, a maternidade de Maria toca cada pessoa divina. Em relação a Deus-Pai, Maria é uma filha predileta, escolhida por Ele. Alguém agraciada com ternura pelo Criador, que a moldou com especial carinho. Ao mesmo tempo, Maria realiza, de forma humana, a eterna geração que o Pai realiza com o Filho, no seio da Trindade. Como toda mãe, ela é figura humana do amor criador de Deus. Em relação ao Filho de Deus encarnado, Maria é mãe, educadora, discípula e companheira. Seu relacionamento com Jesus foi além dos laços de família. Esteve junto de Jesus durante a vida terrena e, agora, glorificada, continua pertinho do Filho ressuscitado, o Nosso Senhor. Em relação ao Espírito Santo, Maria é a pessoa contemplada, ungida, transparente. Tornou-se um templo vivo de Deus. Os frutos do Espírito possibilitaram que ela se transformasse, por Graça de Deus, na mãe do messias e mãe da comunidade. Maria participa de Pentecostes (At 1,13s e 2,1). O Espírito, derramado sobre a comunidade cristã, se torna o fogo que nos aquece e ilumina no seguimento a Jesus.
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Quando se diz que Maria é “mãe do criador”, não se fala aí de Deus Pai, mas do Filho de Deus que participa da criação (Jo 1,2s). A maternidade não diz respeito a Deus-Pai, nem ao Espírito Santo. Assim é a relação profunda de Maria com a Trindade: filha amada de Deus Pai, Mãe do Filho de Deus encarnado, ungida pelo Espírito. Maria nos leva sempre a Jesus. Assim, vivemos nossa vocação de discípulos(as) missionários(as) do Senhor. E provamos a beleza da Trindade: Deus antes de nós (o Pai materno), Deus conosco (Jesus) e Deus em nós (Espírito Santo).
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19 Imaculada Conceição
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Cada ser humano experimenta uma luta interior. Quer fazer o bem, ser inteiro nas decisões, perdoar, exercitar a generosidade, lutar para melhorar o mundo... Mas as realizações ficam abaixo dos bons desejos. Somos frágeis, com a tendência ao mais fácil e imediato. O dogma da Imaculada afirma que Maria, sendo humana como nós, recebe de Deus uma graça especial, para ser forte diante das tentações do mal, assumir com inteireza suas decisões e ser proativa. Maria foi preparada por Deus para a missão de mãe, educadora e discípula de Jesus. E assim ela fez, como nos mostra o evangelho: ouviu a palavra, guardou no coração e frutificou. A graça de Deus, quando atua no ser humano, é sempre uma estrada de duas mãos. De um lado, o Senhor nos oferece sua presença irradiante, que purifica, perdoa, fascina, integra e convoca para a missão. De outro lado, a gente responde, ao viver na fé, na esperança e no amor solidário. Portanto, o dogma da Imaculada não fala somente de um privilégio de Maria, e sim da vitória da graça de Deus nela. Isso tem enorme valor para toda a humanidade. Mostra que o mais original no ser humano não é o pecado, a mediocridade, as sombras, mas sim o dom de Deus, a criatividade, a luz.
20 Assunção de Maria
Desde o início, Deus nos chama para a comunhão com ele. Assim já experimentaram os profetas: “Antes de saíres do ventre de tua mãe, eu te conhecia, e te consagrei (Jr 1,5)”. “O senhor me chamou desde o ventre materno (Is 49,1)”. Maria, mais do que ninguém, experimentou a gratuidade do Senhor e viveu a inteireza da resposta a Deus. Como se canta na música: “Um coração que era sim para a vida/ Um coração que era sim para o irmão. Um coração que era sim para Deus, Reino de Deus renovando este chão!” 62
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No dia 15 de agosto, celebramos a festa da Assunção de Maria. O dogma afirma que, ao terminar sua vida aqui na terra, ela foi totalmente assumida por Deus, de corpo e alma. Não uma simples “viagem ao céu” ou a reanimação de um morto, como Lázaro (Jo 11,43-44) e o filho da viúva de Naim (Lc 7,13-15). O corpo de Maria foi transformado por Deus, embora não saibamos os detalhes. Ela já experimenta o que está prometido para cada um(a) de nós: sermos semelhantes a Jesus ressuscitado (1 Jo 3,2). Se morremos com ele, com ele ressuscitaremos (Rom 6,8). Maria está junto de Jesus, glorificada por inteiro. Deus assumiu e elevou sua história, seu sim renovado, suas ações e seu corpo.
um dom da parte de Deus. Ele nos acolhe, toma-nos pela mão, assume-nos e nos transforma. Conforme o Concílio Vaticano II, Maria assunta ao Céu é a imagem e o começo da Igreja, a ser consumada no futuro. Ela brilha aqui na terra como sinal de esperança segura e de conforto para o povo de Deus peregrino, até que chegue o dia do Senhor (Lumen Gentium 68).
O dogma da assunção estimula a fé, especialmente quando o mal parece destruir nossas conquistas. Deus assumiu e transformou tudo de bom que Maria construiu aqui na terra, inclusive o seu corpo. Olhando para Maria glorificada, a gente se anima a lutar pelo bem e pela justiça. Mesmo que a incompreensão e o fracasso pareçam mais fortes, cremos na vitória definitiva do Cristo ressuscitado. Ele inaugura o “Novo Céu e a Nova Terra”, onde Maria já está. Lá, Jesus ficará definitivamente junto de nós (Fil 1,23). Não haverá nem morte, nem sofrimento. O Senhor fará novas todas as coisas (Ap 21,1-7). A assunção de Maria foi o término feliz de seu peregrinar nesse mundo. Cada vez que ela dava novos passos para seguir Jesus, para realizar a vontade de Deus, o Senhor ia assumindo e transformando sua pessoa. Até que chegou o momento final. Acontece algo parecido com cada cristão. Na vida de fé, cada novo passo novo, corresponde a 64
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Maria, uma pessoa obediente
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Ouvimos dizer que Maria foi uma mulher silenciosa e obediente. Antigamente, acreditava-se que uma pessoa obediente não questionava nada e simplesmente seguia as normas e orientações de seus/ suas “superiores(as)”. Os(as) filhos(as) obedeciam seus pais e mães. A mulher obedecia ao marido. Os cidadãos obedeciam às leis e às autoridades civis e religiosas. Hoje, as pessoas não aceitam essa obediência cega. Querem saber os motivos de uma orientação da autoridade. Questionam quando se sentem injustiçadas. Percebem quando determinações “vindas de cima” não levam em conta a situação dos indivíduos, ou não visam ao bem comum. Lutam para que sejam modificadas. Não aceitam que a mulher seja submissa ao marido. Cada vez mais, queremos ser ouvidos(as) e participar dos processos decisórios. Jesus era obediente ao Pai. Não foi fácil, pois a vontade de Deus não era tão evidente. Assim, Ele passa longo tempo no deserto, preparando sua missão. Ali vence todo tipo de tentação, o que fortalece suas convicções (Lc 4,1-13). Jesus se retira em oração, antes de tomar decisões importantes, como para escolher os dois apóstolos (Lc 6,12s). Quando percebe a possibilidade real da morte na cruz, vive uma grande luta interior, a ponto de suar como sangue: “Pai, afasta de mim este cálice. Mas que seja feita a tua vontade (Lc 22,42-44). Jesus aprendeu a obedecer (Hb 5,8). Foi um processo de toda a vida. Porque Jesus vive nesta intimidade com o Pai, é livre diante das leis religiosas e civis do seu tempo. Parece desobediente.
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Jesus denuncia que muitas dessas determinações legais escravizavam as pessoas e não expressavam a vontade de Deus. Assim, ele come e bebe com pobres e pecadores (Mc 1,15-17), o que escandaliza os escribas e fariseus. Cura no sábado, o que não era permitido (Mc 3,1-5). Deixa seus discípulos e suas discípulas tomarem as espigas de trigo para comer, nesse dia. Proclama: “o sábado foi feito para o homem, o não o homem para o sábado” (Mc 2,27). Questiona o excesso de ritos de purificação: “o que torna impuro é aquilo que sai do coração humano” (cf. Mc 7,1-23). Diz que a oferta da pobre viúva era a mais preciosa! (Lc 21,1-4). Valoriza as mulheres, a ponto de incorporá-las com suas seguidoras e colaboradoras, o que não era normal (Lc 8,1-3). A obediência de Maria não era a atitude passiva de uma mulher submissa. Na anunciação, ela responde com vigor ao convite de Deus. Visitar Isabel é uma atitude corajosa, pois as mulheres não podiam viajar sozinhas. Durante muitos momentos da vida, ela busca o sentido dos fatos para descobrir o que Deus lhe falava (Lc 2,19.51). Ser obediente a Deus lhe traz muita alegria, como ela expressa no seu cântico de louvor (Lc 1,47). Mas também conflito e dor, como uma espada que corta o coração (Lc 1,35). Maria acompanhou Jesus, e aprendeu muito com ele, durante sua vida pública. Como Jesus, também ela aprendeu a obedecer. Que Maria nos ensine esta obediência ativa, dinâmica e participativa.
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22 Maria nos abraça e nos leva a Jesus
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Quando se vê alguém pela primeira vez, costuma-se apertar sua mão e dizer: “muito prazer” ou uma frase parecida. À medida que as pessoas se tornam mais próximas, olham-se e trocam sorrisos. Conforme a cultura local, parentes e amigos(as) se saúdam com um abraço ou beijo no rosto. Há abraços e beijos meramente formais, de pessoas que nem se conhecem bem. Perigosos são aqueles gestos fingidos, como o beijo de traição de Judas. Existem abraços que vêm do fundo do coração, a ponto de substituir qualquer palavra. Abraço de sintonia com a dor do outro. De contentamento, diante de uma vitória alcançada. Abraço silencioso de amor e afeto, transmitindo ‘estou ao seu lado, conte comigo’. A expressão ‘abraçar’ também se aplica de forma simbólica, para expressar um compromisso de vida. Assim, dizemos que Dom Helder Câmara “abraçou” a causa da justiça, em defesa dos mais pobres.
fiel companheiro, e de Jesus. E não somente isso. Em Caná, ela ‘abraçou’ a causa dos noivos em necessidade. Na cruz, recebeu o terno abraço de João e ‘abraçou’ a nova missão de ser mãe da comunidade (Jo 19,26-27). Há gente que abraça e quer reter para si. Em vez de laços de afeto, lança correntes que aprisionam. Não é o caso de Maria. Durante sua vida em Belém, em Nazaré e em Jerusalém, ela amava sem reter. Abraçava sem agarrar. Um amor livre, despojado. Hoje, na glória de Deus, Maria nos abraça carinhosamente. Ouve nossos clamores. Compreende nossas dores. Alegra-se com nossas alegrias. Um abraço que tem o tamanho do mundo, pois se estende a todos. Abraço que não segura ninguém para si, e sim nos entrega livremente a Jesus, nosso mestre e Senhor. Aí reside o sentido da devoção mariana: ela nos abraça e nos leva a Jesus.
Ser abraçado(a) pelo amor de alguém é receber gratuitamente seu afeto e sua atenção. Maria de Nazaré, a mãe de Jesus, experimentou na sua vida o grande abraço de Deus. É este o sentido da expressão “agraciada”, “cheia de graça” e “encontraste graça diante de Deus”, na anunciação (Lc 1,28.30). O Senhor olhou para ela com amor, preparou-a para a bela e desafiante missão de mãe e educadora de Jesus. Como era uma pessoa inteira, que tinha consciência de ser amada por Deus, Maria expandiu este amor muitas vezes com gestos carinhosos, ternos e acolhedores. Você já imaginou o abraço que ela deu em Isabel, quando as duas se encontraram? Durante sua vida, Maria deve ter abraçado e recebido muitos abraços de José, seu 70
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Como Igreja, somos uma comunidade organizada, com ritos e normas. No correr dos séculos, a Igreja desenvolveu, no conteúdo e na forma, uma maneira própria para fazer memória, agradecer, pedir, escutar a Palavra de Deus e celebrar a ceia do Senhor. O culto ganha expressão na liturgia e na devoção.
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Maria na liturgia
Na liturgia reformada após o Vaticano II, Maria foi colocada em íntima relação com o mistério de Cristo e da Igreja. No Advento, preparamo-nos para a vinda do Senhor, esperando, como Maria durante sua gravidez. No tempo do Natal, alegremente celebramos com ela a encarnação do Filho do Deus. Ao longo do tempo comum, acompanhamos com Maria a missão de Jesus, que revela o Pai com gestos e palavras. Durante a quaresma, Maria e todos(as) os(as) santos(as) se unem a nós para respondermos ao apelo à conversão, à busca do essencial. Na semana santa, acompanhamos a paixão e morte do Senhor, vivendo com Maria a “noite escura”. No tempo pascal, com Maria exultamos, pois o Senhor ressuscitou de verdade e vive glorioso, no Céu e na Terra. Portanto, durante todo o ciclo litúrgico, mais do que rezar para Maria, oramos como Ela e na sua companhia, na grande corrente da Comunhão dos Santos. No correr do ano litúrgico, Maria também ganha destaque. Há três tipos de celebrações marianas, por ordem de importância: as solenidades, as festas e as memórias. As solenidades, como o nome indica, constituem as celebrações mais importantes. Em todo o mundo, elas são quatro: Maria, Mãe de Deus (1º janeiro), Anunciação (25 março), Assunção (15 agosto) e Imaculada Conceição (8
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dezembro). Em cada diocese e país, há ao menos uma solenidade própria do lugar. Dentre as festas marianas, recordamos a da Visitação. Existem várias memórias marianas, como: nascimento de Maria e as “Nossas Senhoras”, como a das Dores, de Fátima, do Carmo e do Rosário. Algumas delas são memórias facultativas, ou seja, opcionais. Uma celebração de memória pode ser elevada à solenidade em determinada região. Na América Latina, NSª Guadalupe se tornou solenidade, pois foi proclamada padroeira de nosso continente. E Aparecida, para o nosso país. Nas solenidades, festas e memórias de Maria, os padres e as equipes de liturgia devem ajudar a assembleia a conhecer mais e melhor a mãe de Jesus. E também a relacionar Maria com Jesus Cristo e com a comunidade de seus seguidores e suas seguidoras.
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24 Os títulos de Maria
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Sou romeiro e, no seu dia, na multidão, mãe querida Me ajoelho e rezo, Nossa Senhora Aparecida Nossa Senhora da Glória, de Lurdes, de Nazaré (..) Minha mãe, nossa senhora, somos todos filhos seus Todas as nossas senhoras são a mesma mãe de Deus. Na música “Todas as Nossas Senhoras”, Roberto Carlos expressa de forma poética uma prática comum do povo católico. Costumamos invocar Maria, pedir seu auxílio e proteção, com diferentes nomes. A lista é interminável e tem origens diversas. Alguns títulos provêm da devoção de institutos de consagrados: NSª do Rosário (dominicanos(as)), Auxiliadora (salesianos(as)), Perpétuo Socorro (redentoristas), Mãe Três Vezes Admirável Schoenstatt. Outros títulos de Maria vêm das aparições reconhecidas pela Igreja, como NSª de Fátima, Lurdes, Salete e Guadalupe. Há aqueles que surgiram de devoções transformadas em dogmas marianos, como Imaculada Conceição e Assunção. Para esse último título, existem várias invocações. NSª da Glória, da Boa Viagem (para o céu!) e da Abadia, traduzem a mesma crença: Maria já está glorificada, de corpo e alma, junto de Jesus na comunhão dos Santos.
NSª de Nazaré, NSª da Piedade (Maria com o filho morto no colo), NSª das Dores (especialmente a da cruz). E, para concluir sem terminar, também se invoca Maria com títulos simbólicos, sobretudo aqueles das Ladainhas, como “Mãe do Bom Conselho”, “Sede da Sabedoria”, “Consoladora dos aflitos”. Como se vê, a Mãe Jesus é chamada com muitos títulos. Mas isso não pode nos levar à confusão, como se fossem várias santas diferentes. Ou que uma delas fosse mais poderosa do que a outra. Os vários títulos mostram que Maria, na glória de Deus, está pertinho da gente. Ela assume o rosto de muitas regiões e culturas, traduz o seu amor de várias formas. No dizer de Roberto Carlos, “Somos todos filhos seus! Todas as nossas senhoras são a mesma mãe de Deus”. É a única Maria, reconhecida e venerada com diferentes nomes.
Há títulos marianos engraçados, como NSª das Cabeças. Trata-se de uma imagem do Brasil colonial, na qual Maria está cercada de cabecinhas de anjos. Ou ainda, NSª do Bom Sucesso, que era invocada pelas mulheres, no parto. Existem títulos provenientes de momentos da vida de Maria, como 76
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Por que o(a) católico(a) dirige sua oração à Maria e a outros(as) santos(as), se pode orar diretamente para Jesus?
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r a z e r e u q r Po a Maria?
Jesus Cristo é o Senhor (Fil 2,11), o único mediador entre Deus e a humanidade (1 Tm 2,5). E Jesus não age sozinho. Desde o começo de sua missão na Palestina, Ele chama discípulos(as) para estar com ele e anunciar o Reino de Deus (Mt 10,1-8). Também fazem parte do grupo algumas mulheres (Lc 8,1-3) e Maria (At 1,14). Jesus, a única ponte que liga a humanidade a Deus, o rio que nos leva ao mar da divindade, quer contar conosco. Nós somos seus/suas colaboradores(as) (1 Cor 3,9). O povo judeu atribui somente a Deus o nome de “Santo” (Is 6,3). Mas Paulo reconhece que todos(as) somos chamados(as) a sermos santos(as) (Rom 1,7). A grandeza do amor de Deus, através de Jesus Cristo, nos faz herdeiros do seu Reino (Rom 8,17 e Gal 4,7), nos transforma em santos(as), à imagem de Deus, o todo Santo. Na profissão de fé, dizemos que cremos na “comunhão dos santos”. Deus é comunidade e fonte da vida de comunidade. Todos(as) os(as) cristãos(ãs) contribuem na ação salvadora de Cristo, o único Senhor. Essa participação já acontece neste mundo. Mas não acaba aqui. O livro do Apocalipse fala de uma multidão, de todos os povos e culturas (Ap 7,8-17), que está junto de Jesus glorificado, em uma eterna festa, louvando e se alegrando no Senhor. Os(as) santos(as) passaram pela morte e hoje estão vivos(as) em Deus. Todas as pessoas que escolheram o Caminho da Vida estão junto de Deus e continuam unidas a nós. Podemos nos inspirar nos seus exemplos, recordar suas palavras
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e continuar suas boas obras. Isso é a comunhão dos santos. Os(as) santos(as) reconhecidos(as) pela Igreja continuam colaborando de forma especial na missão salvadora de Jesus. Contamos com a ajuda deles(as) também pela oração de intercessão. Eles(as) são nossos(as) companheiros(as) na estrada rumo a Deus. Já chegaram lá, estão torcendo por nós e nos ajudando. O(a) católico(a) adora somente Deus: o Pai criador, pelo Filho redentor, no Espírito santificador. Ao mesmo tempo, venera Maria e outros(as) santos(as). Maria tem um lugar especial na comunhão dos Santos. Como diz o Concílio Vaticano II, o mais alto depois de Cristo e mais perto de nós (LG 54). Tudo vem de Deus e para Deus volta. A oração à Maria nos coloca em sintonia com o Pai e o Filho, no Espírito. Só Jesus é a luz, que veio a esse mundo para iluminar todos (Jo 1,9). Maria, como um espelho ou um prisma, reflete e transmite essa luz amorosa. Por isso, podemos rezar para ela, pedir sua proteção e auxílio e entregarmo-nos nas suas mãos.
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27 Maria e as Igrejas evangélicas
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Não é fácil nem simples falar sobre este tema. As Igrejas protestantes apresentam um leque enorme, desde as clássicas Igrejas Anglicana e Luterana, com as quais temos boas relações, passando pelas pentecostais tradicionais, as pequenas igrejas de bairros populares, até as mega “Igrejas da Prosperidade”. Para começar, temos muitos pontos em comum: a Bíblia, Jesus como nosso salvador; o Deus Trindade, o batismo, a conversão, a busca de fazer a vontade de Deus, a adesão a uma Igreja, o cultivo da fé, esperança e caridade. Quanto à Maria, as diferenças apresentam diferentes causas. Brevemente: • Nós, cristãos(ãs), aceitamos que Jesus é o nosso Senhor e Salvador. Por Ele vamos ao Pai. Para os(as) católicos(as), a única mediação de Cristo inclui a comunhão e a intercessão dos(as) Santos(as). Aí, Maria tem o lugar especial: o mais perto de Jesus e próxima a nós. Para os evangélicos, essa mediação é exclusiva de Jesus. Ora, ambas são formas legítimas de viver a fé cristã. Por isso, deve haver respeito mútuo. • Nós cremos que os(as) santos(as) estão “vivos(as) em Deus”, junto de Jesus glorificado. Assim, podemos recorrer à sua intercessão. Para eles(as), todas as pessoas que morreram estão como que adormecidas e participarão da ressurreição somente com a segunda vinda de Cristo, a parusia. Como os(as) santos(as) estão no sono da morte, não adianta rezar para eles(as). • Muitas Igrejas evangélicas do Brasil nasceram do protestantismo de missão. Segundo essa visão, os(as) católicos(as) deveriam ser convertidos(as) totalmente e abandonar suas 82
práticas devocionais, pois elas seriam pagãs. Assim, as imagens de santos(as) são consideradas “idolatria”. Para aceitar Jesus, seria necessário mudar de Igreja. • Os(as) evangélicos(as) defendem que toda a revelação de Deus está contida na Bíblia. Os(as) católicos(as) creem que a comunidade cristã, orientada pelos seus pastores(as), interpreta e aprofunda essa revelação no correr da história. Por isso, aceitam a evolução da doutrina, dos dogmas e do culto. E grande parte do ensinamento sobre Maria não está somente na Bíblia, e sim na Tradição que se desenvolveu durante os séculos. • Várias denominações estão marcadas pelo fundamentalismo, movimento nascido nos Estados Unidos no início do século 20. Além da interpretação literal e fragmentada da Bíblia, os(as) fundamentalistas tendem à intolerância, não aceitam quem pensa diferente deles(as). Desde o Concílio Vaticano II, a Igreja Católica estimula o respeito às outras Igrejas cristãs e o ecumenismo. No Brasil, o CONIC (Conselho Nacional das Igrejas Cristãs) tem promovido várias iniciativas comuns, como a Semana de Unidade dos Cristãos(as) e as Campanhas da Fraternidade ecumênicas. Com relação à Maria, temos diferenças reais. A proximidade com outras Igrejas nos leva a purificar os excessos da devoção e a centrar nosso culto em Jesus, mantendo nossa identidade. Que Maria, nossa mãe, nos leve a seguir Jesus com mais intensidade e a construir uma cultura de paz entre os(as) cristãos(ãs)! 83
O assunto das Aparições exige um estudo aprofundado. Apresentaremos aqui somente as questões básicas.
1. Para que existem aparições, se Deus deixou sua Revelação na Bíblia?
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Perguntas sobre as aparições 1 | a i r a M e d
As aparições não são consideradas pela Igreja como uma nova Revelação de Deus, para completar o que Jesus Cristo nos deixou. Elas são uma experiência mística dos(as) videntes na presença de Maria glorificada, para recordar a única revelação de Deus em Jesus Cristo. Os(as) videntes acentuam alguns aspectos da vida de fé, como a conversão, a oração, a penitência, a renovação da existência. Embora sejam uma forma de comunicação extraordinária, as mensagens das aparições não substituem nem a Bíblia nem o Espírito Santo, que fala no coração de cada cristão, na comunidade e no magistério da Igreja. Tanto a palavra de um(a) vidente quanto a de uma pessoa comum, que vive sua fé autenticamente, podem edificar e animar a comunidade cristã.
2. Como a Igreja católica denomina as Aparições de Nossa Senhora? Elas são classificadas como “revelações privadas” para se diferenciar de única Revelação de Deus em Jesus Cristo, que foi fixada na Bíblia e é interpretada pela Tradição Eclesial. Mesmo que aconteçam com uma enorme multidão, não são obrigatórias para todos os fiéis. Veja o que diz o Catecismo da Igreja católica a esse respeito: “No decurso dos séculos tem havido revelações ditas “privadas”, algumas 84
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das quais foram reconhecidas pela autoridade da Igreja. Todavia, não pertencem ao depósito da fé. O seu papel não é “aperfeiçoar” ou “completar” a Revelação definitiva de Cristo, mas ajudar a vivêla mais plenamente, numa determinada época da história. Guiado pelo Magistério da Igreja, o sentir dos fiéis sabe discernir e guardar o que nestas revelações constitui um apelo autêntico de Cristo ou dos seus santos à Igreja (CIC,67).
3. Para que servem as aparições? Segundo aparições:
o
mariólogo
René
Laurentin,
as
• Servem para atualizar, recordar, vivificar, explicar ou aclarar a Revelação. • Apresentam caráter prático, comunicando regras de conduta. • Acentuam determinadas práticas religiosas, posturas éticas ou forma de viver a espiritualidade do seguimento de Jesus.
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29 Perguntas sobre as aparições de Maria | 2
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O assunto das Aparições exige um estudo aprofundado. Continuamos a apresentar algumas questões básicas, que cada católico(a) deve conhecer.
1. Como identificar se uma aparição é verdadeira? A Igreja, através do bispo diocesano, utiliza os seguintes critérios: Equilíbrio mental do(a) vidente: Os videntes que aceitam ser reconhecidos(as) pela Igreja, passam por uma junta de profissionais (psiquiatras e psicólogos(as)), indicados(as) pelo bispo, para avaliar sua saúde mental. Indivíduos mentalmente desequilibrados(as) podem ter visões de Nossa Senhora criadas por sua imaginação. Honestidade do(a) vidente e de seu grupo: O(a) vidente e seu grupo devem buscar a fidelidade à vontade de Deus, e não seus interesses próprios. O fascínio da fama ou do dinheiro pode induzir os(as) videntes a produzirem mensagens para atrair o grande público. A Igreja já desmascarou várias pessoas contaminadas por esse mal. Por isso, analisa se há reta intenção nos(as) videntes. A qualidade da mensagem: as palavras, atribuídas à Maria devem estar de acordo com o evangelho e com a caminhada da Igreja. Uma atualização do Evangelho. Se, ao contrário, o(a) vidente só fala da ira divina e não de sua misericórdia, é sinal que não vem de Deus. O mesmo se diz de mensagens estranhas sobre o fim do mundo, e a imposição de algumas práticas devocionais como obrigação para a salvação. 88
Os frutos das aparições: se o movimento de uma aparição leva os(as) cristãos(ãs) a viver melhor a fé, a esperança e a caridade, é um sinal positivo. Também as curas e milagres podem nos dizer que Deus está agindo ali de maneira especial. Para você também esses critérios são importantes, a fim de exercitar o discernimento e a maturidade cristã.
2. Como se faz o processo eclesial de discernimento? O bispo da diocese, ou a conferência episcopal, onde acontece o fenômeno decide se inicia o processo, com os(as) videntes. Então, nomeia uma comissão com teólogos(as), pastoralistas e psicólogos(as), com os critérios elencados acima. Normalmente, as aparições devem ter cessado. E há um problema atual: como a Igreja se posicionará sobre algo tão sério, se os(as) videntes continuam, durante anos, a comunicar mensagens atribuídas à Maria?
3. Em que consiste o reconhecimento de uma Aparição? A autoridade da Igreja declara que: O fenômeno é “digno de fé humana” (quem acolhe a mensagem dos videntes não está errado); Maria pode ser venerada com o nome dado pelos(as) videntes e com a imagem correspondente; pode ser construído um santuário em honra de Maria no local; permitese difundir em todo o mundo tal devoção. Para saber mais, veja Afonso Murad. Maria, toda de Deus e tão humana, Paulinas/Santuário, cap.12 89
Caro(a) amigo(a)!
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Por que Maria é tão importante para nós?
Durante este ano dedicado à Maria, partilhei com você as nossas convicções a respeito da Mãe de Jesus. Começamos mostrando o perfil bíblico de Maria nos Evangelhos. Segundo Lucas, ela é a figura realizada do discípulo(a) missionário(a). Maria escuta a palavra de Deus, responde ativamente, medita sobre os fatos e dá bons frutos. Aquele Sim, pronunciado corajosamente, amadurece no correr da vida. Ela não entende tudo, pois a fé consiste em “apostar em Deus” e na sua promessa. Cultiva a alegria e também sabe passar pelos momentos em que a espada de dor lhe transpassa o coração. Antecipa-se às Bem-aventuranças, proclamando no seu cântico, o Magnificat, como Deus age em favor dos pequenos e manifesta sua misericórdia. Missionária, segue apressadamente para a Casa de Isabel. Une-se em oração com a comunidade dos discípulos, preparando a vinda do Espírito Santo. Segundo João, Maria é a mulher especial, presente nos momentos mais importantes da missão de Jesus: no início (em Caná) e no final (junto à cruz). Empenha-se para que Jesus transforme a água em vinho da alegria e da festa. Persevera no calvário e aí recebe de Jesus a missão de ser mãe da comunidade. Quantas belezas nos revela o Evangelho, acerca de Maria! Continue a descobri-las! Os dogmas marianos aprofundam seu perfil bíblico. A Igreja proclama que ela é a mãe da pessoa inteira de Jesus, que é humana e divina. Filha amada de Deus Pai e ungida pelo Espírito Santo, molda sua existência como mãe, educadora e discípula de Jesus. Respondendo ao apelo divino,
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concebe virginalmente o messias e mantém por toda a vida a exclusividade para o serviço ao Senhor, de corpo e alma. Preparada para missão tão grande, mostra antecipadamente o triunfo da graça de Deus sobre o mal e o pecado (imaculada conceição). E quem viveu com tanta inteireza em sintonia com Jesus e sua causa, participa de forma ímpar da ressurreição do Senhor (assunção). Os(as) católicos(as) cultuam somente Deus: ao Pai, pelo filho no Espírito. E reconhecem que a única mediação de Cristo inclui os santos, que cooperam com Ele na obra de salvação do mundo. Assim, recorremos de maneira especial à Maria, pois ela tem um lugar especial na comunhão dos (as) santos(as): o mais perto de Jesus e também de nós. Que a nossa devoção à Maria nos leve sempre a Jesus, para sermos discípulos(as) missionários(as), a serviço da Vida em toda sua extensão. Amém!
31 A mensagem de Aparecida Hoje
(julho 2017)
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O Papa Francisco, em carta aos bispos da América Latina, diz que Aparecida é uma escola para aprender a seguir Jesus. E ele destaca três características: (1) Os pescadores: são pessoas para encaram o dia a dia, enfrentando a incerteza do rio. Vivem com a insegurança de não saber qual será o “ganho” do dia. Eles conhecem tanto a generosidade do rio, quanto a agressividade das águas nas enchentes. Acostumados a enfrentar os desafios da vida com teimosia, não deixam de lançar as redes. Essa imagem nos aproxima do centro da vida de tantos irmãos nossos. Pessoas que, desde cedo até a noite, saem para ganhar a vida, sem saber qual será o resultado. O que mais dói é ver que enfrentam a dureza gerada por um dos pecados mais graves do nosso Continente: a corrupção. Essa corrupção que arrasa com vidas, mergulhando-as na mais extrema pobreza. Corrupção que destrói populações inteiras, submetendo-as à precariedade. Como um câncer, vai corroendo a vida cotidiana de nosso povo. E aí estão tantos irmãos nossos que, de maneira admirável, saem para lutar contra esse flagelo. (2) A Mãe. Maria conhece bem a vida de seus filhos. Está atenta e acompanha a vida deles. Maria “vai onde não é esperada. No relato de Aparecida, nós a encontramos no meio do rio, cercada de lama. Aí, espera seus filhos, está no meio de suas lutas e buscas. Não tem medo de mergulhar com eles nas situações difíceis da história e, se necessário, sujar-se para renovar a esperança”. Maria aparece onde os pescadores lançam as redes, ali onde as pessoas tentam ganhar a vida. Como mãe, está junto delas. 94
(3) O encontro. As redes se encheram de uma presença que deu aos pescadores a certeza de que eles não estavam sós em sua labuta. Era o encontro desses homens com Maria. Depois de limpar e restaurar a imagem, levaram-na a uma casa onde ela permaneceu um bom tempo. Nesse lar, os pescadores da região iam ao encontro de Aparecida. “E essa presença se fez comunidade, Igreja. As redes não se encheram de peixes, se transformaram em comunidade”. Em Aparecida, encontramos um povo forte e persistente. Consciente de que suas redes, sua vida, está cheia da presença Maria, que o anima a não perder a esperança. Uma presença que se esconde no cotidiano, nesses silenciosos espaços nos quais o Espírito Santo continua sustentando nosso Continente. Tudo isto nos apresenta sua mensagem, que devemos acolher. Para terminar, Francisco nos diz: “Viemos como filhos e como discípulos para escutar e aprender o que hoje, 300 anos depois, este acontecimento continua nos dizendo. Aparecida não nos traz receitas, mas chaves, critérios, pequenas grandes certezas para iluminar”. E, sobretudo, acender o desejo de voltar ao essencial da nossa fé. Amém!
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Maria é especialmente contemplada pelo Espírito Santo. Torna-se mãe do Salvador devido à ação criadora dele. “O Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer será chamado santo, Filho de Deus” (Lc 1,35).
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Maria e o Espírito Santo
Há uma relação clara da ação do Espírito na Anunciação com dois momentos-chave na missão de Jesus. No batismo: o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre ele, E do céu veio uma voz: “Tu és o meu filho amado; em ti está o meu agrado” (Lc 3,21s). E na transfiguração: Estava ainda falando, quando desceu uma nuvem que os cobriu com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz que dizia: “Este é o meu Filho, o Eleito. Escutai-o!” (Lc 9,34s). Na transfiguração, uma nuvem desce sobre os discípulos e lhes cobre com sua sombra (Lc 9,34). Isso significa: envolver, proteger, revestir com a glória divina. Esse fato nos lembra a nuvem que cobre a “Tenda do Encontro”, ao acompanhar o Povo de Deus na sua peregrinação no deserto, rumo à terra prometida (Ex 40,35.37). Mais tarde, a tradição cristã relê esse versículo e considera Maria como a nova tenda do encontro, na qual Deus se aproxima da humanidade por meio da encarnação de seu Filho. O Espírito age em Maria não somente na encarnação do Filho de Deus, mas também lhe dando a energia para acolher o mistério divino, fazer-se serva e peregrinar como discípula do Senhor e mãe da comunidade. O Espírito atua em Jesus, dá-lhe a força e poder de pregar e libertar (Lc 4,14.18). No tempo da
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Igreja, o Espírito é o poder de Deus, concedido pelo ressuscitado aos(às) que creem (At 1,8; 6,8; 10,38). Atualiza a presença de Jesus no mundo. Pelo Espírito, os(as) seus(suas) seguidores(as) operam maravilhas como Jesus: curar, perdoar, dar vida aos mortos, mover paralisados, expulsar as forças do mal, enfrentar os poderosos sem medo (At 3,610; 4,8-10). Na força do Espírito Santo, cristãos e cristãs enfrentam o sofrimento, a perseguição e a morte (At 12,1-5). A comunidade vive desafios novos, como a entrada dos pagãos no grupo dos seguidores de Jesus. É necessário arriscar e discernir a vontade de Deus à luz do Espírito, como acontece no Concílio de Jerusalém (At 15). Maria participa da ação criadora do Espírito, individualmente, no seu próprio corpo. E toma parte da ação coletiva do Espírito em Pentecostes. Personagem central na encarnação, participa discretamente no mistério da difusão do Espírito a todos os povos. Redescobrimos hoje a força do Espírito Santo na vida dos cristãos. Maria aparece como a figura do ser humano que se deixa moldar pelo Espírito. Nela o Espírito habita, faz morada, toca a corporeidade, a subjetividade, os desejos e as ações. João Paulo II mostra essa ligação da ação do Espírito Santo em Maria, na anunciação e em pentecostes: “a caminhada de fé de Maria, que vemos a orar no Cenáculo, é mais longa do que a dos outros que aí se encontravam reunidos: Maria “precede-os”, vai adiante deles. O momento do Pentecostes em Jerusalém foi preparado pelo momento da Anunciação em Nazaré. No Cenáculo, o itinerário de Maria encontra-se com a caminhada da fé da Igreja” (RM 26). 98
E Francisco nos diz que o Espírito Santo e Maria estão juntinhos, na nossa missão evangelizadora: Juntamente com o Espírito Santo, sempre está Maria no meio do povo. Ela reunia os discípulos para o invocarem (At 1, 14), e assim tornou possível a explosão missionária que se deu no Pentecostes. Ela é a Mãe da Igreja evangelizadora e, sem Ela, não podemos compreender o espírito da nova evangelização (EG 284). Maria, templo do Espírito, é também profetiza da justiça e da misericórdia de Deus na história. Ela simboliza a humanidade transformada pelo Espírito. Este mesmo Espírito anima os que se empenham pela cidadania planetária, na qual se rompe a lógica da exclusão e se colocam juntos os humanos, a água, o solo, o ar, as plantas, os animais, e os ecossistemas. O Espírito, que dá a vida, renova por dentro homens e mulheres, e os chama para cuidar da vida em toda a sua extensão, especialmente onde ela está mais ameaçada. Entre os mais pobres e excluídos. Em defesa da Terra e dos seus biomas. O Espírito Santo faz com pessoas de diferentes línguas e culturas se entendam. Ele nos impulsiona a cultivar a unidade, no meio das diferenças. Estar no Espírito significa superar os preconceitos, a intolerância, em favor do diálogo, do respeito e da colaboração recíproca. A começar pela nossa comunidade, e passando pelas diferentes igrejas que formam a Igreja de Jesus. Por isso, a semana que antecipa Pentecostes é especialmente dedicada a cultivar o ecumenismo. Na companhia de Maria, invocamos, como no Salmo 104: “Envia teu Espírito, Senhor, e renova a face da Terra”. 99
Oremos: Bendita és tu, Maria, templo do Espírito, morada do Filho de Deus encarnado, discípula e mãe ungida pelo Senhor Jesus. Amém.
Sobre o autor O Irmão Marista Afonso Murad atua na Província Marista Brasil Centro-Norte. É natural de Colatina (ES), mas reside em Belo Horizonte (MG). Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Estadual de Montes Claros (1981), em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (1984) e doutorado em Teologia pela Pontifícia Universitas Gregoriana (1992), no Vaticano. Concluiu especialização em Gestão e Marketing, pela Fundação Dom Cabral (2006) e Comunicação Social na Universidade São Francisco. Concluiu MBA em Gestão e Tecnologias Ambientais na USP (2010). Suas principais obras são Gestão e Espiritualidade, Introdução à Teologia, A casa da Teologia, Maria, toda de Deus e tão humana e Ecoteologia: um mosaico (org.). Concluiu pósdoutorado em Teologia na PUCRS em 2016. Blogs: afonsomurad.blogspot.com.br ecologiaefe.blogspot.com.br maenossa.blogspot.com.br 100
Expediente Texto de Apoio 5 Maria, mulher e seguidora Autor dos textos Irmão Afonso Murad Organização do conteúdo PJM Provincial 2017 Equipe: José Jair Ribeiro, Karen Theline Cardoso dos Santos da Silva, Emilin Grings Silva, Ir. João Paulo Aranhaga Vargas, Ir. Matheus da Silva Martins, Anne Caroline Stroiek, Francine Ester Pereira. Revisão Irany Dias Diagramação Alessandra Müller Pacheco Produção Assessoria de Comunicação e Representação Institucional Rede Marista Rua Irmão José Otão, 11 | Bom Fim CEP: 90003560 | Porto Alegre/RS Tel (51) 3314-0300 102
maristas.org.br pjm.maristas.org.br ta Pastoral Juvenil Maris da Rede Marista
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