E ht livr xe tp o m :// po pl cl d ar ub e d ed se e ea r a am ut dq os or u tr es irid a. .c o om e .b m: r/
O
Camonianas
por
PĂşblio Athayde
2 Capa: Torre do Rosário grafismo de um óleo sobre tela de Públio Athayde
Este texto foi revisado, preparado e composto
E ht livr xe tp o m :// po pl cl d ar ub e d ed se e ea r a am ut dq os or u tr es irid a. .c o om e .b m: r/
pela Editora Keimelion. keimelion@gmail.com
http://editorakeimelion.blogspot.com/ (31)3244-1245
O
©Públio Athayde
Públio Athayde
3
E ht livr xe tp o m :// po pl cl d ar ub e d ed se e ea r a am ut dq os or u tr es irid a. .c o om e .b m: r/
A Camões Bem árduo empenho tomo sobre os ombros!... Posso eu cantar a glória
Do vate, que causou ao mundo assombros Celebrando a memória
Dos feitos de um heroico e nobre povo?
(...)
O
Eu, bardo obscuro deste mundo novo?!
Bernardo Guimarães1
Este poema foi escrito em 1880 a pedido da Revista Brasileira, em comemoração do terceiro centenário da morte de Camões. 1
Públio Athayde
4
Uma celebração camoniana Ângelo Oswaldo 2 Quatro sonetos de Luís de Camões dão origem a 56 composições em que o poeta Públio Athayde desenvolve sugestões de cada um dos versos da significativa tetralogia.
E ht livr xe tp o m :// po pl cl d ar ub e d ed se e ea r a am ut dq os or u tr es irid a. .c o om e .b m: r/
Tomado como primeira frase dos novos poemas, o verso do grande luso é o mote que conduz o desempenho do sonetista ouropretano no virtuosismo de uma delicada, difícil e audaciosa operação.
Com domínio das artes poéticas e conheci-
O
mento atilado do estilo, vocabulário e gramática da era quinhentista, Públio Athayde celebra a admiração pela herança maior da poesia de língua portuguesa ao desdobrar, verso a verso, a emoção e o engenho do vate. Prefeito de Ouro Preto, Ministro e Secretário de Cultura do Estado de Minas Gerais, nos governos Itamar Franco.
2
Públio Athayde
5 Como num jogo de espelhos em galeria de ecos, as estrofes redimensionam o encantamento do verso camoniano, auscultandolhe a sonoridade e mergulhando em sua paixão. "Agoas claras que das fontes vem", os sone-
E ht livr xe tp o m :// po pl cl d ar ub e d ed se e ea r a am ut dq os or u tr es irid a. .c o om e .b m: r/
tos escritos entre 1996 e 1998 revelam a erudição notável e a fina sensibilidade do autor.
Ao evocar "despojos doces do meu bem passado", ele restabelece o culto do amor tal como ensinado pelo sacerdote supremo da alma gentil. Oferece-nos uma realização
O
admirável, que rende merecida e necessária homenagem a Camões, na aurora do quinto centenário da transplantação da língua portuguesa para as terras luminosas de Pindorama.
Públio Athayde
6
CAMONIANAS 1 Alegres campos, verdes arvoredos, claras e frias agoas de cristal, que em vós as debuxais ao natural
E ht livr xe tp o m :// po pl cl d ar ub e d ed se e ea r a am ut dq os or u tr es irid a. .c o om e .b m: r/
discorrendo d’altura dos rochedos!
Silvestres montes, ásperos penedos, compostos em concerto desigual!
Sabei que, sem licença do meu mal,
já não podeis fazer meus olhos ledos. E pois já me não vedes como vistes,
O
nem m’alegram verduras deleitosas,
nem as agoas claras que das fontes vem, semearei em vós lembranças tristes, regando-vos com lágrimas saudosas, e nascerão saudades do meu bem. Luiz de Camões Públio Athayde
7
CAMONIANA 1.01 Alegres campos, verdes arvoredos, Têm tanto vosso encanto que vos vejo; Que tão inspiradores, de sobejo,
E ht livr xe tp o m :// po pl cl d ar ub e d ed se e ea r a am ut dq os or u tr es irid a. .c o om e .b m: r/
Trazem do olvido líricos enredos. Perdidos em instante doce os medos, Tanta lembrança meiga de desejo
Que teve de seu gozo aquele ensejo, Quando tomei de vossas mãos frios dedos. Mas tais prados agora são distantes,
O
Alcançar não podemos que num sonho: Era tanta delícia a juventude,
A primeira emoção de dois infantes, Rediviva nos versos que componho, Mas em verdade morta, o tempo ilude. Belo Horizonte, 14 de setembro de 1996. Públio Athayde
8
CAMONIANA 1.02a Claras e frias agoas de cristal, Vertem correndo céleres d’um fio Que morrerá na serra, antes do rio,
E ht livr xe tp o m :// po pl cl d ar ub e d ed se e ea r a am ut dq os or u tr es irid a. .c o om e .b m: r/
Lembram que vosso amor me foi fatal. Teve a força do início sem igual,
Mas logo se tornou fonte no estio, Finada como chama sem pavio,
Vossa paixão que tive me fez mal. Gélida e fluida, lembra a fantasia
O
De vossa mão que um dia eu vos pedi, Sem ter aceite per vossa mercê.
Eu levava amor, só em mim que trazia; Vós, amor, m’iludistes, e perdi A vossa fé, per juras sem porquê. Belo Horizonte, 14 de setembro de 1996. Públio Athayde
9
CAMONIANA 1.03 Que em vós as debuxais ao natural Destas vistas preciosas que são tais, Encantos e memórias tantas mais,
E ht livr xe tp o m :// po pl cl d ar ub e d ed se e ea r a am ut dq os or u tr es irid a. .c o om e .b m: r/
Que atormentam de forma sem igual! Quadros criados pela imagem mental, Mesmo se nos parecem ser tão reais, Nutrem-se d’emoção que m’inspirais, Fazendo-me, num só tempo, bem e mal. Traço vosso sublime esboço cria,
O
E diante de meus olhos ele vem
Antes que a realidade o faça pó. Iludindo-vos e a mim cada dia, A vossa saüdade diz também: - Não façais o retrato, tende dó.
Belo Horizonte, 27 de agosto de 1996. Públio Athayde
Públio Athayde
E ht livr xe tp o m :// po pl cl d ar ub e d ed se e ea r a am ut dq os or u tr es irid a. .c o om e .b m: r/
Este e outros livros estão disponíveis para compra pelo sistema de impressão sob demanda! Estou preparando para disponibilizar todos meus trabalhos. Com o apoio de meus leitores, milhares, que se dispuseram a ler meus trabalhos nas versões e-book. Agora eles podem ser impressos! Acesse http://clubedeautores.com.br/ e pesquise por meu nome. Se este link estiver disponível, ele vai diretamente à minha página lá: http://migre.me/at4p
O
Articulando
Coletânea de artigos. Alguns são artigos leves, outros bem mais profundos. Alguns têm origem em trabalhos acadêmicos e foram simplificados para essa edição, estando disponíveis inclusive pela internet, suas versões completas e anotadas. Há artigos bem recentes e outros de mais de dez anos. Novo livro publicado. Não necessariamente novos textos, pois se trata de uma coletânea
de Públio Athayde: "Juntei alguns artigos espalhados (mentira: estavam todos na mesma pasta do computador), selecionei bastante (outra mentira: coloquei tudo que era pertinente) e organizei esse livrinho eletrônico com o que prestava (ou eu pensei assim). O bacana é a facilidade, o baixo custo (zero) e a provisoriedade: tudo pode e vai ser revisado montes de vezes e nunca estará perfeito."
O objetivo deste
Manual Keimelion 2010 para redação acadêmica
E ht livr xe tp o m :// po pl cl d ar ub e d ed se e ea r a am ut dq os or u tr es irid a. .c o om e .b m: r/
é subsidiar a produção de textos científicos, fornecer elementos para que os aspectos linguísticos e formais não constituam grandes obstáculos ao trabalho. Espera-se que aqui se encontrem algumas indicações de procedimentos a serem seguidos ou evitados. São fornecidas sugestões de apresentação dos trabalhos, de acordo com as usuais formatações e regras de referência. Notese que há enormes variações entre as diferentes instituições quanto a esses aspectos. As formas propostas são síntese simplificada das exigências genéricas. Este trabalho é fruto de minha experiência como revisor, atuando especificamente com teses e dissertações ao longo de mais de dez anos.
Camonianas
O
Quatro sonetos de Luís de Camões dão origem a 56 composições em que o poeta Públio Athayde desenvolve sugestões de cada um dos versos da significativa tetralogia. Tomado como primeira frase dos novos poemas, o verso do grande luso é o mote que conduz o desempenho do sonetista ouropretano no virtuosismo de uma delicada, difícil e audaciosa operação.
Confissões
E ht livr xe tp o m :// po pl cl d ar ub e d ed se e ea r a am ut dq os or u tr es irid a. .c o om e .b m: r/
“confissões/ foram tantas/ nas lições/ que me cantas”. Mais poesias de Públio Athayde; desta vez, poesia confessional. Crônica completa de um amor do passado em sonetos livremente acrósticos. Todo ilustrado com fotos de Ouro Preto antigas.
Dirceu
Sonetos Bem(e)Ditos
O
Quatorze versos cada poema de vário amor absolutamente bandido. Uma contorção de quem subtrai a Musa ao tango para trazê-la a um sabá orgírico em ritmo de seresta. Poesia-tese é a resposta que Doroteu nos oferece...
Marília & Dirceu
E ht livr xe tp o m :// po pl cl d ar ub e d ed se e ea r a am ut dq os or u tr es irid a. .c o om e .b m: r/
Um triângulo de dois vértices Teatro. Drama em um ato de Públio Athayde sobre textos de Tomas Antônio Gonzaga, José Benedito Donadon-Leal e Públio Athayde. Ao fundo do palco vêemse a casa de Marília e, em último plano, o IItacolomi, nos lados, altares "barrocos" com ícones gregos mencionados no texto; alguns móveis, dois leitos e adereços de época, velas acesas, luzes cambiantes entre os vários ambientes de cena.
Sonetos para Ser entendido
O
“É o próprio título que talvez forneça a principal chave de leitura dos textos: algo como uma ascese para se chegar ao entendimento e ser um entendido em paz neste mundo. O leitor, além disso, deve se manter atento, tal como o poeta nos adverte o poema “De atalaia”: “Porque coisa escondida existe / Até no mais óbvio do chiste.” [...] Como sabemos, o cômico, a ironia, o grotesco, o escatológico, o blasfemo, o chulo são territórios considerados menos nobres na literatura, ainda sob o império do apolíneo. São raros, portanto, os autores que levam a sério a pesquisa desses territórios e sabemos de sua luta para terem as respectivas obras reconhecidas. [...] Encerro no poema “Pátria”, da sessão “Sonetos infantis”, que foi escrito quando Públio era ainda um menino e acreditava em tantas coisas importantes. É porque no centro do riso mora uma pungência insofismável. " Ronald Polito
Eu Ouro Preto
O
E ht livr xe tp o m :// po pl cl d ar ub e d ed se e ea r a am ut dq os or u tr es irid a. .c o om e .b m: r/
Tópicos de História: Arquitetura, Música, Documento, Conservação Públio Athayde Este livro congrega seis artigos com uma temática comum apaixonante: Ouro Preto. Os olhos do historiador ouropretano convergem para a paisagem, a arquitetura, a música e o povo desta cidade, para as relações destes elementos nos tempos passado e presente de modo inequivocamente passional, mesmo considerada a abordagem metódica e a pretensa erudição. A paixão, confessa no primeiro artigo (Eu “Ouro Preto”), se desdobra em considerações topográficas sobre os templos coloniais (Adequação retórico-arquitetônica da Paróquia de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto). A mesma paixão visceral que aguça os ouvidos para sons reais e imaginários (Música colonial, cérebro retórico e êxtase religioso) relê a poesia arcádica situando física e politicamente as referências do poeta detrator (As cartas chilenas: carta terceira, notas de leitura). Ainda com os olhos voltados para o passado, e nada é mais presente no passado que a morte, abstrair de algumas lápides os resquícios das paixões de outras épocas é tarefa inglória e fascinante (Aqui jazem os restos do irmão J.F.C. falleciddo), tanto quanto querer apontar nos requícios já arqueológicos da mineração aurífera (Curral de Pedras: abandono e omissão) as tensões vividas em uma época anterior cujas marcas estão por todo lado, cravadas na essência da brasilidade. A retórica da história clama em coros dissonantes e cada vagido é repleto de significâncias, todas elas se articulando para dar significado ao que somos. Cada olhar sobre a Ouro Preto de outrora completa a visão que temos de nós mesmos, quer como agentes de uma existência em contínua construção, quer como amantes do pretérito edificado em magnífica herança.
As Quatro Estações Mimeses
O
E ht livr xe tp o m :// po pl cl d ar ub e d ed se e ea r a am ut dq os or u tr es irid a. .c o om e .b m: r/
Este trabalho apresenta as mimeses transversais entre duas leituras contemporâneas de duas obras do século XVIII e discute a invenção baseada em emulações sobre As Quatro Estações, de Antonio Vivaldi. O engenho focado é um conjunto pictórico capaz de representar simultaneamente as Quatro Estações como ciclo temporal e metáfora das fases da vida. A composição pictórica integra elementos formais da iconografia antiga a elementos da linguagem plástica contemporânea tendo como referenciais: a iconografia de Cesare Ripa e o trabalho de Amílcar de Castro. A proposta inclui aspectos transdisciplinares entre poesia, a música e a pintura. Uma das leituras, a literária, feita nos últimos anos do século passado, e outra o Programa Iconográfico, mais recente ainda, dos primeiros anos do XXI. Essa sobreposição de mimeses, além da emulação entre artes distintas, compreende a transversalidade da leitura interpretativa. O objetivo do Programa Iconográfico em questão não foi fazer doutrina da percepção sensorial, estética ou intersemiológica. A pretensão foi a da produção artística. Ao cabo do processo, esse livro discute a investigação que resultou na pintura e os resultados dela.
Adquira livros, presenteie livros. Acesse http://clubedeautores.com.br/ e pesquise por meu nome: Públio Athayde Se este link estiver disponível, ele vai diretamente à minha página lá: http://migre.me/at4p
16
CAMONIANA 1.10 Nem m’alegram verduras deleitosas, Ou paisagens pictóricas agrestes. Nem m’encantam as vagas de ciprestes,
E ht livr xe tp o m :// po pl cl d ar ub e d ed se e ea r a am ut dq os or u tr es irid a. .c o om e .b m: r/
Ou bucólicas plagas tão saudosas. Nem m’animam as flores olorosas, Cujo perfume apenas vós tivestes.
Nem m’afastam saudades incontestes, De ter lágrimas minhas dolorosas.
Nem m’assustam escarpas deste abismo,
O
De onde vejo o infinito sem sentido,
Nem m’afastam dali vossas lembranças. Mas tanta imagem pura, o romantismo, Nem m’espelha do corpo repartido As mais rudes memórias, nem mais mansas. Belo Horizonte, 4 de setembro de 1996. Públio Athayde
17
CAMONIANA 1.11 Nem as agoas claras que das fontes vêm, Trazem vida, perfume primaveril, Poderão despertar coração eril
E ht livr xe tp o m :// po pl cl d ar ub e d ed se e ea r a am ut dq os or u tr es irid a. .c o om e .b m: r/
Que palpita jamais per ter alguém. Nem a brisa soave pode também, Mesmo lufada per Eros pueril,
Romper insano este vínculo heril
Que prende só o corpo, não o mantém. Nem a garoa gelada, à noite fria,
O
Sereno impiedoso d’inverno suão,
Vai gelar mais que golpe deste olhar. Nem o sol mudará um único dia Desta vida de só dizer que não, Nem a noite, nem estrelas, nem luar. Belo Horizonte, 29 de agosto de 1996. Públio Athayde
18
CAMONIANA 1.12 Semearei em vós lembranças tristes, Tão tristes quanto minha saüdade, De cujas memórias, em tenra idade,
E ht livr xe tp o m :// po pl cl d ar ub e d ed se e ea r a am ut dq os or u tr es irid a. .c o om e .b m: r/
Relembro a promessa de que fugistes. Mas serão lembranças minhas que ruístes, D’amor prometido sem ser verdade, Em presença de dolo sem piedade
Que nem vossa indiferença remistes. A promessa de fazer semeadura
O
De lembranças que nunca vos demovem Faço agora qu’estais perto da morte;
Não vos faria noutra ocasião, criatura, Nem daria a vós gozos que me comovem, Outra alegria que meu sofrer comporte. Belo Horizonte 5 de setembro de 1996. Públio Athayde
19
CAMONIANA 1.13 Regando-vos com lágrimas saudosas, Choro já vossa vida quase extinta Nesta cena que rude a morte pinta,
E ht livr xe tp o m :// po pl cl d ar ub e d ed se e ea r a am ut dq os or u tr es irid a. .c o om e .b m: r/
Vosso seio imagino imerso em rosas. Carpindo-vos lembranças gloriosas, Temo que mais minh’alma se ressinta, Não d’amor deste corpo, qu’é uma finta, Mas da companhia vossa e tantas prosas. Eu creio que ao chorar vossa partida
O
Sofro por vos não ter junto, por perto, Mas eu padeço ainda, no momento, Por saber que fôreis em minha vida, Menos segura alegria pois, decerto, A única que me sempre foi tromento. Belo Horizonte, 2 de setembro de 1996. Públio Athayde
20
CAMONIANA 1.14 E nascerão saudades do meu bem. E que dores virão! Não terão fim. E hão de sofrer desgosto tanto assim.
E ht livr xe tp o m :// po pl cl d ar ub e d ed se e ea r a am ut dq os or u tr es irid a. .c o om e .b m: r/
E que serão só dúvidas, desdém. Nasça o que nascer, dito será amém. Venha o que vier, será dito que sim.
Sofra o que sofrer, mesmo será assim. Seja o que for, será o mesmo também. Nascida a desventura que quiser,
O
Quando longe virei dizer de vós:
Haveis, lembranças minhas, de se haver. Nascendo trama, dúvida qualquer, Minha fé no melhor que pera nós Há de ser, há de vir, há de nascer. Belo Horizonte, 30 de agosto de 1996 Públio Athayde
21
CAMONIANAS 2 Alma minha gentil, que te partiste tão cedo deste corpo descontente, repousa tu no nos Ceos eternamente
E ht livr xe tp o m :// po pl cl d ar ub e d ed se e ea r a am ut dq os or u tr es irid a. .c o om e .b m: r/
e vida eu cá na terra sempre triste. Se lá no assento Etéreo onde sobiste, memória deste mundo se consente, não te esqueças daquele amor ardente que já nos olhos meus tão puro viste. E se vires que pode merecer-te
O
algu’a cousa a dor que me ficou
da mágoa, sem remédio, de perder-te, Pede a Deos, que teus anos encurtou, que tão cedo de cá me leve a ver-te, quão cedo dos meus olhos te levou. Luiz de Camões Públio Athayde
22
CAMONIANA 2.01 Alma minha gentil, que te partiste Deixaste-me à mercê de minha sorte, D’onde estás tua lembrança me conforte,
E ht livr xe tp o m :// po pl cl d ar ub e d ed se e ea r a am ut dq os or u tr es irid a. .c o om e .b m: r/
Por mais qu’este lugar d’agora diste. Pelo que foste em vida toda quis-te
Comigo amor sublime, meu consorte,
Não hei de esquecer teu corpo na morte, Ainda que certo, não mais ele existe. Matéria que desfeita não importa,
O
Existirás em mim eternamente,
Na memória qu’inteira te reporta.
O canto que te guardo em minha mente Traz-me distante desta vida morta A que tu me levaste quando ausente. Belo Horizonte, 31 de agosto de 1996. Públio Athayde
23
CAMONIANA 2.02 Tão cedo deste corpo descontente, Em despeito do amor que conquistaste, Perdeste o fio e o prumo, também a haste,
E ht livr xe tp o m :// po pl cl d ar ub e d ed se e ea r a am ut dq os or u tr es irid a. .c o om e .b m: r/
Porque ficaste cedo demais doente. Destes males de que foste paciente, Dores e alegrias vieram, que contraste, Pois não importou dor que suportaste, Teu amor sempre esteve em ti presente. Da medicina não te faltava arte
O
Que desse o mundo, a vida contra a morte, Nem dos Ceos o socorro, ou doutra parte. Mas nem se tivesse sido mais forte, Teria podido vir o amor salvar-te Do destino traçado de tua sorte. Belo Horizonte, 1 de setembro de 1996. Públio Athayde
24
CAMONIANA 2.03 Repousa tu nos Ceos eternamente Pois mereces descanso destas penas. Que tão sofrida dor sentias apenas
E ht livr xe tp o m :// po pl cl d ar ub e d ed se e ea r a am ut dq os or u tr es irid a. .c o om e .b m: r/
A de teu corpo, que tinhas dolente. Tens a alma em paraíso docemente Do sofrer descansando, tu serenas
A lembrar de memória alegrias plenas, Em que éramos tu e eu a mesma gente. Eu te sofro alegria de ter perdido,
O
Tenho agora do inferno nesta vida.
Resta rogar a Deus mais um pedido:
Possa-m’Ele apressar minha partida, Dando à vida inovado esse sentido, Que seja o d’encontrar morto a saída. Belo Horizonte, 6 de setembro de 1996. Públio Athayde
25
CAMONIANA 2.04 E vida eu cá na terra sempre triste. Outra que não me resta alternativa Restar silente per que tempo viva,
E ht livr xe tp o m :// po pl cl d ar ub e d ed se e ea r a am ut dq os or u tr es irid a. .c o om e .b m: r/
Sofrendo desde aqui que tu partiste. Tu me deste esta cruz que trago em riste, Hei de portá-la a toda parte altiva, Como troféu eterno desta diva:
Serve pera que minha dor se aviste. Teu destino que foi meu per boa parte,
O
Já não é mais o mesmo que me leva, Do tempo d’alegria, tanta ventura. Meu calvário que sofro a cantar-te, Na vida de que já não tenho ceva, Foi tua partida rápida tão dura. Belo Horizonte, 18 de setembro de 1996. Públio Athayde
Públio Athayde
E ht livr xe tp o m :// po pl cl d ar ub e d ed se e ea r a am ut dq os or u tr es irid a. .c o om e .b m: r/
Este e outros livros estão disponíveis para compra pelo sistema de impressão sob demanda! Estou preparando para disponibilizar todos meus trabalhos. Com o apoio de meus leitores, milhares, que se dispuseram a ler meus trabalhos nas versões e-book. Agora eles podem ser impressos! Acesse http://clubedeautores.com.br/ e pesquise por meu nome. Se este link estiver disponível, ele vai diretamente à minha página lá: http://migre.me/at4p
O
Articulando
Coletânea de artigos. Alguns são artigos leves, outros bem mais profundos. Alguns têm origem em trabalhos acadêmicos e foram simplificados para essa edição, estando disponíveis inclusive pela internet, suas versões completas e anotadas. Há artigos bem recentes e outros de mais de dez anos. Novo livro publicado. Não necessariamente novos textos, pois se trata de uma coletânea
de Públio Athayde: "Juntei alguns artigos espalhados (mentira: estavam todos na mesma pasta do computador), selecionei bastante (outra mentira: coloquei tudo que era pertinente) e organizei esse livrinho eletrônico com o que prestava (ou eu pensei assim). O bacana é a facilidade, o baixo custo (zero) e a provisoriedade: tudo pode e vai ser revisado montes de vezes e nunca estará perfeito."
O objetivo deste
Manual Keimelion 2010 para redação acadêmica
E ht livr xe tp o m :// po pl cl d ar ub e d ed se e ea r a am ut dq os or u tr es irid a. .c o om e .b m: r/
é subsidiar a produção de textos científicos, fornecer elementos para que os aspectos linguísticos e formais não constituam grandes obstáculos ao trabalho. Espera-se que aqui se encontrem algumas indicações de procedimentos a serem seguidos ou evitados. São fornecidas sugestões de apresentação dos trabalhos, de acordo com as usuais formatações e regras de referência. Notese que há enormes variações entre as diferentes instituições quanto a esses aspectos. As formas propostas são síntese simplificada das exigências genéricas. Este trabalho é fruto de minha experiência como revisor, atuando especificamente com teses e dissertações ao longo de mais de dez anos.
Camonianas
O
Quatro sonetos de Luís de Camões dão origem a 56 composições em que o poeta Públio Athayde desenvolve sugestões de cada um dos versos da significativa tetralogia. Tomado como primeira frase dos novos poemas, o verso do grande luso é o mote que conduz o desempenho do sonetista ouropretano no virtuosismo de uma delicada, difícil e audaciosa operação.
Confissões
E ht livr xe tp o m :// po pl cl d ar ub e d ed se e ea r a am ut dq os or u tr es irid a. .c o om e .b m: r/
“confissões/ foram tantas/ nas lições/ que me cantas”. Mais poesias de Públio Athayde; desta vez, poesia confessional. Crônica completa de um amor do passado em sonetos livremente acrósticos. Todo ilustrado com fotos de Ouro Preto antigas.
Dirceu
Sonetos Bem(e)Ditos
O
Quatorze versos cada poema de vário amor absolutamente bandido. Uma contorção de quem subtrai a Musa ao tango para trazê-la a um sabá orgírico em ritmo de seresta. Poesia-tese é a resposta que Doroteu nos oferece...
Marília & Dirceu
E ht livr xe tp o m :// po pl cl d ar ub e d ed se e ea r a am ut dq os or u tr es irid a. .c o om e .b m: r/
Um triângulo de dois vértices Teatro. Drama em um ato de Públio Athayde sobre textos de Tomas Antônio Gonzaga, José Benedito Donadon-Leal e Públio Athayde. Ao fundo do palco vêemse a casa de Marília e, em último plano, o IItacolomi, nos lados, altares "barrocos" com ícones gregos mencionados no texto; alguns móveis, dois leitos e adereços de época, velas acesas, luzes cambiantes entre os vários ambientes de cena.
Sonetos para Ser entendido
O
“É o próprio título que talvez forneça a principal chave de leitura dos textos: algo como uma ascese para se chegar ao entendimento e ser um entendido em paz neste mundo. O leitor, além disso, deve se manter atento, tal como o poeta nos adverte o poema “De atalaia”: “Porque coisa escondida existe / Até no mais óbvio do chiste.” [...] Como sabemos, o cômico, a ironia, o grotesco, o escatológico, o blasfemo, o chulo são territórios considerados menos nobres na literatura, ainda sob o império do apolíneo. São raros, portanto, os autores que levam a sério a pesquisa desses territórios e sabemos de sua luta para terem as respectivas obras reconhecidas. [...] Encerro no poema “Pátria”, da sessão “Sonetos infantis”, que foi escrito quando Públio era ainda um menino e acreditava em tantas coisas importantes. É porque no centro do riso mora uma pungência insofismável. " Ronald Polito
Eu Ouro Preto
O
E ht livr xe tp o m :// po pl cl d ar ub e d ed se e ea r a am ut dq os or u tr es irid a. .c o om e .b m: r/
Tópicos de História: Arquitetura, Música, Documento, Conservação Públio Athayde Este livro congrega seis artigos com uma temática comum apaixonante: Ouro Preto. Os olhos do historiador ouropretano convergem para a paisagem, a arquitetura, a música e o povo desta cidade, para as relações destes elementos nos tempos passado e presente de modo inequivocamente passional, mesmo considerada a abordagem metódica e a pretensa erudição. A paixão, confessa no primeiro artigo (Eu “Ouro Preto”), se desdobra em considerações topográficas sobre os templos coloniais (Adequação retórico-arquitetônica da Paróquia de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto). A mesma paixão visceral que aguça os ouvidos para sons reais e imaginários (Música colonial, cérebro retórico e êxtase religioso) relê a poesia arcádica situando física e politicamente as referências do poeta detrator (As cartas chilenas: carta terceira, notas de leitura). Ainda com os olhos voltados para o passado, e nada é mais presente no passado que a morte, abstrair de algumas lápides os resquícios das paixões de outras épocas é tarefa inglória e fascinante (Aqui jazem os restos do irmão J.F.C. falleciddo), tanto quanto querer apontar nos requícios já arqueológicos da mineração aurífera (Curral de Pedras: abandono e omissão) as tensões vividas em uma época anterior cujas marcas estão por todo lado, cravadas na essência da brasilidade. A retórica da história clama em coros dissonantes e cada vagido é repleto de significâncias, todas elas se articulando para dar significado ao que somos. Cada olhar sobre a Ouro Preto de outrora completa a visão que temos de nós mesmos, quer como agentes de uma existência em contínua construção, quer como amantes do pretérito edificado em magnífica herança.
As Quatro Estações Mimeses
O
E ht livr xe tp o m :// po pl cl d ar ub e d ed se e ea r a am ut dq os or u tr es irid a. .c o om e .b m: r/
Este trabalho apresenta as mimeses transversais entre duas leituras contemporâneas de duas obras do século XVIII e discute a invenção baseada em emulações sobre As Quatro Estações, de Antonio Vivaldi. O engenho focado é um conjunto pictórico capaz de representar simultaneamente as Quatro Estações como ciclo temporal e metáfora das fases da vida. A composição pictórica integra elementos formais da iconografia antiga a elementos da linguagem plástica contemporânea tendo como referenciais: a iconografia de Cesare Ripa e o trabalho de Amílcar de Castro. A proposta inclui aspectos transdisciplinares entre poesia, a música e a pintura. Uma das leituras, a literária, feita nos últimos anos do século passado, e outra o Programa Iconográfico, mais recente ainda, dos primeiros anos do XXI. Essa sobreposição de mimeses, além da emulação entre artes distintas, compreende a transversalidade da leitura interpretativa. O objetivo do Programa Iconográfico em questão não foi fazer doutrina da percepção sensorial, estética ou intersemiológica. A pretensão foi a da produção artística. Ao cabo do processo, esse livro discute a investigação que resultou na pintura e os resultados dela.
Adquira livros, presenteie livros. Acesse http://clubedeautores.com.br/ e pesquise por meu nome: Públio Athayde Se este link estiver disponível, ele vai diretamente à minha página lá: http://migre.me/at4p