Revista Segurança Inteligente

Page 1

ano 2

7

I N TEL I G E N T E

PANORAMA NACIONAL

Na Colômbia, empresa atira nos clientes para comprovar qualidade de roupa blindada

INTELIGENTE

Ano 2 - Nº 7

Especialistas analisam soluções para combater violência nas escolas

PANORAMA INTERNACIONAL

SEGURANÇA À MÃO Tablets e smartphones despontam entre os dispositivos de maior destaque na onda wireless, a nova fronteira tecnológica a ser conquistada nas áreas de segurança pública e privada


A MELHOR ESTRATÉGIA PARA PRESERVAR SUAS CONQUISTAS.

Há 25 anos no mercado, a GOCIL é líder no segmento de Segurança e Serviços.

Nossa

recente

fusão

operacional

com

a

TP

SECURITY,

pioneira

no

desenvolvimento de centrais e integração de sistemas de imagens à distância, contribui para que os serviços em segurança integrem, de forma única no mercado, pessoas, processos e tecnologia de ponta.

Agora também com know-how nas áreas de Automação Predial, Centrais de Detecção e Alarme Anti-incêndio, Controle de Acesso e Segurança Eletrônica, a GOCIL oferece, cada vez mais, a melhor estratégia para preservar suas conquistas.


C O N H E Ç A NO SSA S SO L UÇ Õ ES E SAIB A COMO

PODEMOS

CONTRIBUIR

PARA

QUE VOCÊ PRESERVE SEU PATRIMÔNIO.

Ligue 0800-7715087

www.magocriacao.com.br

ou acesse www.gocil.com.br


A


A


6

Sumário Capa 32 Tablets e smartphones se destacam entre os equipamentos wireless e devem se firmar como dispositivos indispensáveis nas áreas de segurança pública e privada

Fotos de capa:

divulgação

Panorama Nacional 40 Especialistas discutem saídas para vencer o desafio de tornar seguras as escolas brasileiras e evitar tragédias como a do Realengo, no Rio

12

18

Conheça a arma que só pode ser acionada pelo dono, o que pode ajudar a desvendar crimes, evitar roubo de armas e impedir acidentes ou suicídios de crianças e adolescentes

Federação Paulista de Futebol testa software israelense que identifica torcedores por meio de biometria facial


Segurança Inteligente

35

53 58

Mercados 46

Internacional 54

Igrejas, um segmento que recorre a sistemas eletrônicos de segurança para proteger seu patrimônio e, em alguns casos, não encontra empresas interessadas

Na Colômbia, fábrica de roupas blindadas faz os clientes vestirem seus produtos e depois dispara um tiro contra eles para atestar a qualidade da marca

Gerente da Griaule Biometrics, Eduardo Roberto Félix, fala sobre o sucesso da empresa de Campinas que já ganhou o “Nobel” da área de biometria

Artigo

Porto de Paranaguá, no Paraná, aprova projeto de segurança que envolve câmeras térmicas, biometria e controle de acesso com tecnologia de ponta

Em toda edição:

6 8 9 10 64 66

Sumário Carta ao leitor Expediente Raio-X Serviços Agenda

7


8

Carta ao leitor

INTELIGENTE

U

ma edição de temas diversificados, mas unidos por um fio condutor que poderia muito bem ser chamado de “mercados ainda inexplorados pelos fornecedores de sistemas eletrônicos de segurança”. Este é o foco que você vai observar nas próximas páginas, ao ler nossa reportagem sobre o incipiente e promissor mercado de conexão sem fio por meio de tablets e smartphones nas áreas de segurança pública e privada, assunto tão relevante no momento que mereceu nossa capa. Também perceberá que este foco não muda quando levantamos a discussão sobre a violência nas escolas, trazendo a você a visão de especialistas na busca de soluções para o problema. A reportagem mostra que, embora a solução envolva muitos outros aspectos, os sistemas de segurança eletrônica têm muito a contribuir

nesta área. Outro mercado com potencial de demanda e pouco considerado pelos fornecedores é o das igrejas brasileiras. Há casos de projetos que não foram realizados por falta de empresas interessadas, como mostra nossa reportagem. Da Colômbia, trazemos um caso inusitado: a história da empresa que fabrica roupas blindadas e, para comprovar a qualidade de seus equipamentos, dispara uma arma contra os clientes que corajosamente vestem seus produtos. Outra experiência interessante se desenvolve em São Paulo. É a arma que identifica o dono, uma novidade que pode ajudar a esclarecer autoria de crimes, tornar inútil o roubo de armas e impedir acidentes ou suicidío de adolescentes e crianças. Estes são alguns dos destaques da edição que você recebe agora. Boa leitura!

Carlos Alberto Progianti Presidente da Abese


Expediente

Segurança Inteligente

Presidente Nacional

Diretor de Fomento de Negócios Flavio Aparecido Peres

1º Vice Presidente

Diretor de Fomento de Negócios Adjunto João Capela

Carlos Alberto Progianti Claudinei Freire Santos 2° Vice Presidente

Augustus Bruno von Sperling

Diretor do CCPA Luiz Dodero Júnior

Diretor Secretário

Diretor do CCPA Adjunto Benito Boldrini

Diretor Secretário Adjunto

Diretor de Marketing Sidney Brandão Aunhão

Sergio dos Santos Ribeiro

Diretor de Coordenação Sindical Adjunto Roberto Castelo Branco Gomes Diretor de Coordenação Setorial Cesar Alexandre Macedo de Almeida Diretor de Coordenação Setorial Adjunto Fernando Ornellas C. de Oliveira Conselho Fiscal:

Frederico Maia

Diretor Financeiro

Ângela Terezinha Bernardini Mizomoto Diretor Financeiro Adjunto Paulo Sergio Parmigiani

Conselheiro Fiscal 1 Daniel Schaffer

Diretor de Marketing Adjunto Diana Maria de Souza

Conselheiro Fiscal 2 Romualdo Pereira Jorge

Diretor de Serviços de Apoio e Benefícios Marcos Mayne Moyle

Conselheiro Fiscal 3 Savas Toron Grammenopoulos

Diretor de Comunicação Rogerio Alberto dos Reis

Diretor de Serviços de Apoio e Benefícios Adjunto Denise Mury Rodrigues

Conselheiro Fiscal 4 Osny Gilberto Hiendlmayer

Diretor de Comunicação Adjunto José Carlos Vasconcelos

Diretor de Coordenação Sindical Ivana Cristina de Oliveira Bezerra

Conselheiro Fiscal 5 Hernani Magalhães Bernardini

Editora

Revista Segurança Inteligente Publisher: Jaime Benutte

JB Pátria Editora Ltda. Presidente: Jaime Benutte Diretor: Iberê Benutte Administrativo / Financeiro: Gabriela S. Nascimento Circulação e Comercial: Patricia Torre Repórter: Kelly Souza

Conselho Editorial: Carlos Alberto Progianti, Claudinei Freire, Mário Rui Tavares e Selma Migliori Editora: Maria Alice Rosa MTB 65-691 Direção de arte: Belatrix Ltda. Marcelo Paton - Diretor de Arte Gabriel de Moraes Luiz - Assistente de Arte Impressão: IBEP Tiragem: 10.000 exemplares

Empresa filiada à Associação Nacional dos Editores de Publicações, Anatec

A revista SEGURANÇA INTELIGENTE é uma publicação bimestral da JB Pátria Editora, www.patriaeditoria.com.br ISSN 2178-096X Dúvidas ou sugestões: segurancainteligente@patriaeditora.com.br Os textos assinados são da responsabilidade de seus autores. Não estão autorizados a falar pela revista, bem como retirar produções, pessoas que não constem desde expediente e não possuam uma carta de referência.

9


10

Raio-X

Uma Vitrine de Conceitos Tecnológicos

Dispositivo antidistração

Fotos: divulgação

Alarme pode ser acionado por meio de computador ou smartphone com acesso à internet

O

s distraídos que muitas vezes precisam dar meia-volta quando já estão longe de casa ou do escritório porque ficam em dúvida sobre se ligaram ou não o sistema de alarmes agora contam com um auxílio tecnológico para tirar a teima. O IRemote, um módulo da linha Gemini para teclado virtual e comunicações por internet, da empresa americana Napco, traz ao Brasil um novo conceito para controle de sistemas de alarme e vigilância. O dispositivo, que deverá ser ligado ao sistema por um profissional especializado, permitirá que o dono ou responsável pela residência ou estabelecimento comercial ligue e desligue os alarmes por meio de um computador ou smartphone que tenha acesso a internet. Ou seja, quando ficar em dúvida ou mesmo quiser desligar o sistema no momento em que se aproxima de sua casa, basta acessar o servidor


Segurança Inteligente

PAINEL DE CONTROLE

iREMOTE-MOD/12

MODEM

ROTEADOR

Além de ligar e desligar o sistema de monitoramento, usuário poderá ver as gravações da vigilância de qualquer lugar onde estiver

da Napco -- quando o aparelho é instalado, o comprador recebe um login e uma senha -- e realizar as alterações via internet. Também será possível ver se as baterias estão fracas, se há quedas de energia, e até acender lâmpadas em determinados locais que estejam escuros. Caso o cliente já tenha outros módulos como o ISeeVideo, que permitem o monitoramento das imagens captadas pelas câmeras de vigilância do circuito interno de TV, também poderá, além de ligar e desligar os aparelhos pela internet, também assistir às gravações online. As alterações serão feitas por meio de um teclado virtual que terá as mesmas funções do já existente

na central de alarmes. No caso do smartphone, por meio de toques na tela; no do computador, com o mouse. A novidade está chegando ao Brasil pela importadora e distribuidora Spya. “Este dispositivo é muito prático. Se alguém que estiver viajando, por exemplo, quiser permitir a entrada de um visitante em sua casa, poderá fazer isso pelo computador ou telefone celular”, diz Alessandro Barbosa, gerente do departamento comercial de uma das lojas da distribuidora.

11


12

Tecnologia

A anatomia da arma inteligente Novos componentes incluem chip, bateria recarreg谩vel, sensor, antena de RFID e circuito eletr么nico


Segurança Inteligente

Inspirado por um filme de ficção científica, pesquisador da USP inventa dispositivo que faz com que arma de fogo só dispare se for acionada pelo dono Texto: Rosane Aubin

A arma que pode desvendar o

N

crime

ão é de hoje que o cinema e a ficção científica inspiram inventores. Arthur Clarke, cientista e autor da historia que deu origem a “2001 - Uma Odisseia no Espaço”, descreveu em uma de suas obras uma nave espacial que depois serviu de base para a Nasa criar um modelo semelhante e enviá-lo ao espaço. O professor e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), Mário Gazziro, que trabalha na unversidade em São Carlos, interior paulista, saiu da sessão de um filme no cinema com uma ideia que atraiu o interesse de empresas de sistemas de segurança e promete revolucionar o controle do uso de armas no país. Ele criou uma bobina que, colocada em espaços mortos no interior das armas, impede que elas disparem. O mecanismo só pode ser destravado pelas emissões em ondas de radiofrequência de um chip com número único implantado na mão do dono. Apenas o proprietário poderá atirar, o que ajudará a evitar um grande número de acidentes ou suicídios com crianças e adolescentes e também crimes em que ladrões se apossam de armas alheias. “A inspiração veio do filme de ficção científica ‘Distrito 9’, em que alienígenas invadem a Terra e suas armas de combate não funcionam nas mãos dos humanos. A

13


14

Tecnologia

Reconhecimento do proprietário ocorre por meio da emissão em ondas de radiofrequência do chip implantado na mão trama central era descobrir uma maneira de poder utilizar essas armas”, diz Gazziro, que é pós-doutorando no Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP e professor do Instituto de Ciências Matemáticas e da Computação (ICMC) na mesma cidade. O dispositivo está em fase final de testes e deverá ser colocado à disposição das empresas interessadas na produção no começo deste ano. “Toda a pesquisa estará disponível no portal da universidade, incluindo as instruções para implante do chip”, adianta. Inicialmente, o projeto de Gazziro vai propor a criação de kits para serem usados em armas que as pessoas já possuam. “Essa possibilidade interessa principalmente a profissionais que usam as armas como instrumento de trabalho. O sistema de trancar e guardar as chaves não tem sido eficaz no caso de crianças e adolescentes”, diz, referindo-se aos vários casos recentes de tragédias com armas noticiados na imprensa. Estudos indicam que disparos acidentais ou suicídio com armas de fogo são a segunda maior causa de morte entre crianças e adolescentes no mundo, perdendo apenas para traumatismos no ambiente doméstico e no trânsito. Gazziro calcula que o kit irá custar, apenas em peças, aproximadamente R$ 100. O microchip, importado a cerca de 12 dólares, foi aprovado para implantes subcutâneos nos Estados Unidos, pela Food and Drug Administration (FDA), em 2004, mas até agora os americanos usam o pequeno dispositivo apenas para liberar o acesso ao computador ou abrir chaves eletrônicas de suas residências. Inédito em âmbito mundial, o projeto ganhou destaque na “European Conference of Control”. Gazziro conheceu o pequeno chip quando trabalhava para uma empresa de consultoria que realizava a identificação e monitoramento de animais silvestres. Ga-


Segurança Inteligente

nhou o objeto, de apenas 1,2 por 9 milímetros, e decidiu ele mesmo começar o processo de testes, implantando-o pouco abaixo do dedo mínimo de sua mão esquerda em agosto de 2010. A pequena cirurgia, com anestesia local, foi feita por uma médica, com o uso de uma agulha com o mesmo diâmetro das usadas em coleta de sangue. O pesquisador diz que nem sente o implante em sua mão. “Só sei que ele está ali por causa das imagens em Raio-X”, diz. O chip, segundo ele, é revestido por um material que anula a possibilidade de rejeição pelo organismo de animais e humanos. O local escolhido mostrou-se ideal: com alta concentração de gordura e poucos vasos sanguíneos, não atrapalha ou causa desconforto para o usuário; e seu ângulo permite uma perfeita captação dos sinais emitidos pela bobina presente no interior da arma. Depois de implantar o chip e criar em laboratório a bobina e a forma de transmissão dos dados por ondas de radiofrequência, Gazziro, sua equipe e o especialista em eletrônica do IFSC Lírio Onofre de Almeida projetaram

“District 9”, o filme que inspirou o professor da USP a criar a arma

Gazziro, o criador do dispositivo, implanta o chip na mão: “Só sei que ele (o chip) está ali por causa das imagens em Raio-X”

15


16

Tecnologia

Projeto prevê criação de kits para vários tipos de armas, de revólveres a espingardas

Em fase final de testes, dispositivo deverá ser colocado à disposição das empresas interessadas na produção no começo deste ano uma imitação da pistola Colt, como se fosse uma arma de brinquedo para começar, os testes. Eles conseguiram que a arma ficasse destravada apenas cinco milionésimos de segundo depois que o chip foi identificado pelo receptor da bobina interna. Esse era um dos desafios do projeto: garantir que o dono da arma não tivesse problemas na hora de acionar o gatilho, que o mecanismo que destrava a arma não falhasse na hora H. “A chance de a arma não destravar é de uma em um milhão. E pula para uma em um bilhão no caso de o atirador apertar o gatilho pela segunda vez”, diz Gazziro. Como todo circuito eletrônico, o dispositivo deverá estar

carregado para funcionar, mas o projeto incluirá uma forma de manter a carga por pelo menos uma semana. A tecnologia será testada pela Polícia Civil de Minas Gerais. “Um policial já comprometeu-se a fazer parte da pesquisa e vários outros estão interessados”, explica Gazziro. Outros recursos estão sendo testados, como o registro do local, hora e autoria do disparo. “O intuito final do projeto é chegar a uma arma que, no momento do disparo, registre até a orientação do tiro, informação que poderá ser fornecida se a arma possuir um giroscópio”, conta. Calibres maiores, como rifles, poderão ter seus disparos rastreados em tempo real com a colocação de GPRS, 3G e GPS. “Já começamos a desenvolver esse software, que, no momento do disparo, registrará onde, quando e quem disparou”, explica Gazziro. “Já possuímos um sistema de rastreamento de animais, como o gado, via chip. Por que não fazer o mesmo com armas?”

Tecnologia será testada ainda este ano pela Polícia Civil de Minas Gerais


Segurança Inteligente

Disparos acidentais ou suicídio com armas de fogo são a segunda maior causa de morte entre crianças e adolescentes no mundo O que já foi testado e aprovado é o implante do chip, a construção de um receptor de rádio frequência tradicional e a criação de uma bobina que se encaixa no interior das armas. O projeto prevê, inclusive, que sejam criados kits para vários tipos de armas, de revólveres a espingardas. O sistema terá de ser aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) antes de ser vendido no Brasil. Gazziro afirma que a possibilidade de alguém clonar a identificação do dono da arma é pouco provável. “Isso exigiria conhecimentos técnicos muito avançados. Um criminoso comum não teria esse tipo de habilidade.”

Raio-X da mão de Gazziro: chip é revestido de material que impede a rejeição do organismo

Chip de identificação poderá ser obrigatório Se o Projeto de Lei 997/11, do deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP) for aprovado na Câmara Federal, todas as armas de fogo produzidas no Brasil terão chips de identificação comuns no futuro. Os circuitos eletrônicos integrados conterão informações sobre o comprador e o número de série, para que as armas possam ser rastreadas caso sejam roubadas ou ofereçam algum tipo de risco. “Diante da tragédia ocorrida no bairro de Realengo, na cidade do Rio de Janeiro, onde uma pessoa desequilibrada invadiu uma escola, matou 12 crianças e deixou vários feridos, a sociedade passa a questionar a facilidade com a qual o assassino adquiriu a arma de fogo”, justifica o deputado. O projeto será analisado pelas comissões de Constituição e Justiça, Cidadania, Segurança Pública a Combate ao Crime Organizado. Após a aprovação, as indústrias terão o prazo de um ano para começar a colocar os chips nas novas armas produzidas. A proposta altera o Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/03).

17


Foto: Michal Zacharzewski

18

EstĂĄdios

O rosto da

violĂŞncia


Segurança Inteligente

Federação Paulista de Futebol testa um software israelense de biometria facial que identifica os torcedores, o que permitirá barrar a entrada de quem provoca tumultos durante as partidas

A

Anonimato dos agressores e impunidade são alguns dos principais combustíveis para a violência nos jogos de futebol

Federação Paulista de Futebol (FPF) tem um projeto que, se der certo, os torcedores que provocam brigas e ondas de violência em partidas de futebol terão que ficar mais calmos ou correm o risco de não entrar mais nos estádios. No fim do ano passado, a FPF testou no estádio do Pacaembu, durante o jogo entre Santos e Corinthians, um software israelense de biometria facial usado atualmente nas fronteiras do país do Oriente Médio e em aeroportos internacionais. O sistema usa as imagens captadas pelas câmeras dos estádios para compará-las com rostos que fazem parte do banco

19


20

Estádios

Câmera instalada no portão do estádio: segundo a FPF, sistema causou grande impacto nos torcedores

Tecnologia, denominada Suspect Detection, é usada em grandes eventos, aeroportos e na fronteira de Israel

de dados - constantemente alimentado com novas gravações - e identificar aqueles que já se envolveram em episódios violentos. “Já temos mais de 45 mil pessoas cadastradas, mas a cada jogo em que colocarmos o sistema em prática mais torcedores serão acrescentados ao arquivo”, explica o tenentecoronel reformado Marcos Cabral Marinho de Moura, presidente da comissão de arbitragem e diretor do departamento de segurança da FPF. Marinho tem um plano ambicioso: quer colocar em prática um convênio entre o Ministério Público do Estado de São Paulo e o Ministério dos Esportes Vitória para cadastrar membros X de torcidas organizadas ABC do Brasil inteiro. Esses (8/10/2011) bancos de dados seriam compartilhados por Torcedor do federações e clubes, e Vitória é ajudariam a polícia e as atropelado em equipes de segurança confronto antes do início da dos estádios a barrar e partida em Natal punir quem comete atos de violência. “Podemos migrar essas informações para o software e, quando esse sistema estiver funcionando no estádio ou mesmo aqui na federação, poderemos identificar os cadastrados, saber em qual portão estão entrando, qual estádio e de qual torcida eles são”, detalha. Para Marinho, a alimentação constante do banco de dados é outra vantagem. “Se acontecer um incidente num


Segurança Inteligente

Envolvidos em violência são registrados como suspeitos e, ao entrarem no pró ximo jogo, são denunciados

estádio, ou mesmo fora dele, os envolvidos serão colocados como suspeitos. Em um próximo jogo, assim que entrarem, o sistema vai me dar um sinal de que a pessoa que brigou está no portão X. Assim posso acionar a segurança, prender o suspeito e processá-lo já com a prova, que é a filmagem.” Marinho conta que o sistema causou grande impacto nas torcidas do Santos e do Corinthians. Naquela partida, houve confronte entre duas torcidas organizadas do Santos e também com a Polícia Militar, lo que levou a FPF a banir a entrada das duas facções santidas nos estádios. Também houve confronto entre santistas e corintianos. “Quando os torcedores passavam pelo portão, um monitor mostrava que estavam sendo filmados. Não conseguimos identificar ninguém, mas temos registros das pessoas que brigaram”, diz. Uma das possíveis causas de o software não ter identificado os torcedores é que as fotos do banco de dados são de má qualidade, mas com a entrada de novas imaPaysandu X gens no circuito o probAmérica-RN lema será solucionado. (25/09/2011) A empresa que fornece o software, chamada ExUm torcedor Sight, atua globalmente e baleado e 30 é especializada em sistedetidos durante mas precisos de reconconfronto com hecimento e análise de pedras e fogos de vídeos. Endrigo Duarte, artifícios nas ruas gestor de negócios da de Belém empresa no Brasil, diz que

o software, chamado Suspect Detection, é usado X em grandes eventos, em Palmeiras aeroportos e na fronteira (28/08/2011) de Israel. Ele diz que não são necessárias câmeras Dois palmeirenses pelo estádio todo, mas são baleados e principalmente nas enFPF decide banir tradas. “A ideia é coibir a Mancha Alviverde entrada de brigões nos dos estádios estádios”, explica. O anonimato e a falta de punição são alguns dos principais combustíveis para a violência nos jogos de futebol. Desde as mudanças aprovadas em 2010 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no chamado Estatuto do Torcedor, como ficou conhecida a Lei 10.671/03, as brigas são passiveis de punições mais severas.

Corinthians

Federação paulista já tem mais de

46 mil

torcedores cadastrados no sistema

21


22

Estádios

Mesmo que o suspeito tire ou deixe crescer a barba, mude o corte de cabelo ou coloque óculos, a identificação continua sendo possível

pontos do rosto indique com certeza que se trata X da mesma pessoa. SeFlamengo gundo a Ex-Sight, mesmo (1/5/2011) que o suspeito tire ou deixe crescer a barba, mude Dois torcedores são o corte de cabelo ou mortos; 11, feridos coloque óculos, a identie 102, detidos em ficação continua sendo confrontos das possível. “O software é catorcidas em paz de identificar 100 mil Niterói e Campo Grande, no Rio faces por segundo”, diz Duarte. Marinho afirma que, no futuro, se tudo certo e os clubes adotarem o sistema, será possível monitorar até mesmo cinco grandes jogos da rodada a partir da central instalada na federação, uma das ideias que o diretor defende. “Isso beneficiará todos os torcedores, inclusive as próprias torcidas organizadas. Como vamos identificar os praticantes de atos irregulares e punir individualmente, estaremos protegendo a boa torcida organizada, que hoje é atrapalhada pela ação de maus elementos”, diz. A Federação Paulista de Futebol, no entanto, não será responsável pela instalação dos equipamentos nos estádios paulistas. A ideia é, com base nos resultados dos testes que estão realizados, recomendar a aquisição do sistema aos administradores dos campos de futebol.

Vasco

Marinho, da FPF, defende formação de um cadastro de integrantes de torcidas organizadas do Brasil inteiro

Com as alterações, o torcedor que cometer atos de vandalismo e violência num perímetro de até cinco quilômetros dos estádios, incentivar a confusão ou invadir o campo pode ser punido com multas, prisão ou com a proibição de assistir aos jogos. Essa lei prevê também o cadastramento dos membros de torcidas organizadas, como o que já foi realizado pela FPF. O Suspect Detection é um sistema de monitoramento e reconhecimento facial que pode ser aplicado em estações ferroviárias e rodoviárias, aeroportos, edifícios governamentais e públicos e também em centrais de serviços de água e energia. A plataforma combina vários algoritmos de correlação e detecção, o que permite que a semelhança de alguns


Seguranรงa Inteligente

35


24

Tecnologia

Tablets e smartphones podem virar itens indispensรกveis na รกrea de seguranรงa


Seguranรงa Inteligente

A vez dos

tablets e smartphones Equipamentos wireless sรฃo a nova fronteira do desenvolvimento no setor de seguranรงa e dispositivos mรณveis despontam como recursos indispensรกveis neste mercado Texto: Carlos Vasconcellos

25


26

Tecnologia

Você está fazendo compras num shopping com seus filhos e, de repente, um deles desaparece. Você procura em volta, mas não acha nada. O que você faz? O FBI tem uma ferramenta para ajudar.” Essa é a mensagem de apresentação do software Child ID no site da polícia federal norte-americana. O programa guarda no aparelho dados sobre as crianças, como fotos, altura, peso, idade e outras características que podem ser imediatamente enviadas pelo celular para as autoridades. Esses dados são registrados em um aplicativo de tablet ou smartphone, onde também é possível obter dicas sobre como manter as crianças seguras e o que fazer nas primeiras horas depois de um desaparecimento - momento considerado decisivo em casos desse tipo. O FBI afirma que nenhum dado pessoal do usuário será enviado para a polícia sem consentimento. O programa, distribuído gratuitamente pela

Policial pode registrar ocorrência em seu tablet e acessar banco de dados para cruzar informações sobre suspeito

Tablet da PM paulista é um modelo iMxt, da Maxtrack, equipado com sistema operacional Android

loja virtual iTunes, da Apple, é a primeira investida do FBI na área de aplicativos móveis. A organização agora quer adaptar o software para outras plataformas, como o sistema móvel Android, do Google. O Child ID, no entanto, é apenas a ponta do iceberg de uma nova onda da revolução tecnológica que atinge a indústria de segurança nos setores público e privado: a revolução wireless. Com este avanço tecnológico, por exemplo, um cidadão pode acionar remotamente as luzes da entrada de casa pelo celular, antes de chegar do trabalho. Policiais podem registrar uma ocorrência em seus tablets e, por meio de uma conexão de dados móvel, acessar o banco de dados da polícia para cruzar informações sobre um suspeito. Equipes de vigilância podem acessar imagens de câmeras de segurança à distância em seus smartphones. Um carro de polícia pode ser comandado por meio de um tablet conectado a uma central de comando e ao banco de dados da organização. Cada vez mais, cenas como essas se tornarão comuns. Trata-se de um fenômeno inevitável num mundo onde os celulares (5 bilhões) são mais numerosos que as pessoas que possuem escovas de dentes (1,3 bilhão), segundo dados apresentados no último Q Partner Fórum, evento realizado pela empresa de tecnologia móvel Qualcomm, em São Paulo. Só no primeiro trimestre de 2011, segundo a consultoria Gartner, foram


Segurança Inteligente

vendidos quase 430 milhões de smartphones no mundo todo. E o Brasil já foi colhido por essa onda. A estimativa é de que a venda de smartphones no país tenha ultrapassado a barreira dos 62 milhões de dispositivos em todo o ano passado. Para os tablets, as projeções indicam 400 mil aparelhos, de acordo com o IDC. E este tipo de dispositivo já começa a equipar as viaturas da Polícia Militar de São Paulo. Inicialmente, 4 mil carros da PM já rodam com tablets na capital e na região metropolitana desde setembro passado. A meta era entrar em 2012 com 11 mil viaturas da Polícia Militar equipadas em todos os 645 municípios do Estado. Em poucas semanas de uso, a PM paulista percebeu as vantagens do uso dos novos aparelhos. “A tecnologia está modificando o comportamento dos policiais em campo, além de reduzir drasticamente o volume

de comunicação de voz entre viaturas e a nossa Central de Emergência”, diz o coronel Alfredo Deak, da Polícia Militar de São Paulo. O sistema auxilia na consulta aos bancos de dados criminais, registros de boletins de ocorrência, anotações e relatórios, e enviam informações ao comando online com a tecnologia 3G. O tablet da PM paulista é um modelo iMxt, da Maxtrack, equipado com sistema operacional Android. O aparelho conta ainda com GPS integrado ao sistema e localizador automático de viatura (AVL), que revela o ponto exato de cada veículo e aciona a viatura que estiver mais próxima da ocorrência. A

Governador Geraldo Alckmin, de São Paulo, testa tablet em carro da polícia: 4 mil viaturas da polícia paulista já estão equipadas com o aparelho

47 27


28

Tecnologia

Equipes de vigilância podem acessar imagens de câmeras à distância em seus smartphones informação sobre a ocorrência é transmitida para o carro por meio do tablet, com os dados preliminares do fato. Após assumir o atendimento, o GPS irá gerar uma rota na tela do tablet e todo o deslocamento do policial será monitorado, auxiliando a gestão da tropa e dos recursos materiais. Usando uma conexão Edge/3G, a PM de São Paulo dispõe de uma rede privada para manter a segurança dos dados. “Mantemos um sistema de criptografia por VPN entre a operadora e o nosso Datacenter, outra criptografia entre o tablet e o Datacenter e um rígido controle de acesso por meio do Sistema de Recursos Humanos e Escala de Serviços”, explica Deak. Para usar o equipamento, conta o coronel, os policiais passam por um rápido treinamento de apenas 30 minutos, durante a instalação. “O sistema é de simples utilização, pois segue padrões visuais de navegadores GPS de mercado”, justifica. O uso da tecnologia pela polícia paulista, no entanto, não deve parar por aí. “A nossa previsão é instalar câmeras de vídeo nas viaturas e transmitir as imagens à Central de Emergência, bem como transmitir as imagens do videomonitoramento urbano para os tablets. Para isso estudamos a implantação de uma rede 4G (LTE, Long Term Evolution) para tráfego de dados com garantia de entrega e velocidade de 2 Mbps”, afirma Deak.

O tablet, por sinal, pode virar um item de série indispensável para veículos voltados para o segmento de segurança. É o caso do Fluence Patrulha Ostensiva, modelo da francesa Renault apresentado na última feira Interseg, no Rio de Janeiro. Segundo a montadora, o veículo vem com um tablet acoplado ao painel e pode servir às polícias Civil, Militar e a Guardas Municipais, além de companhias de controle de tráfego. A integração de soluções wireless aos veículos de segurança também movimenta fabricantes de equipamentos e desenvolvedores no exterior, que veem uma grande

FBI lançou aplicativo Child ID, que ajuda a encontrar crianças desaparecidas


Segurança InteliInteligente gente

wireless da G4S, empresa que venceu a licitação para montar o sistema. “Ao mesmo tempo, o policial acessa o sistema de informações do governo pela mesma rede.” O projeto deverá ser replicado para outros estados em breve, acrescenta. Para Tranche, uma das grandes vantagens da tecnologia wireless é sua capi-

Polícia paulista planeja transmitir as imagens do videomonitoramento urbano para os tablets

oportunidade na renovação das frotas policiais nos Estados Unidos (ver texto em destaque). Enquanto isso, na Bahia, a Secretaria de Segurança Pública começa a equipar policiais com smartphones BlackBerry. Com aplicativos desenvolvidos pela empresa Tecnew, policiais civis e militares acessam informações instantâneas e confiáveis da base de dados da secretaria, como antecedentes criminais, registros de veículos furtados etc, além de permitir comunicação entre equipes de campo ou unidades fixas por mensagens de texto e voz. Outro projeto interessante de tecnologia de comunicação sem fio aplicada ao setor de segurança pública é o sistema de monitoramento de viaturas com transmissão de imagens em tempo real da Polícia Rodoviária Federal no Rio Grande do Sul. “Criamos uma rede MESH na estrada e quando a viatura entra no trecho coberto pela rede, a câmera começa a transmitir imediatamente para o centro de monitoramento e controle”, explica Mário Tranche, responsável por projetos

Plano do governo paulista é ter todas as 11 mil viaturas da PM equipadas com tablets laridade. Ou seja, com ela, a empresa ou órgão de segurança é capaz de chegar a qualquer local se souber dimensionar a estrutura de sua rede. Ao mesmo tempo, o uso de equipamentos como smartphones e tablets veio para ficar, diz o especialista. “Esses dispositivos já são usados frequentemente para monitoramento remoto em diversos locais”,

47 29


30

Tecnologia

Supermáquina

Dodge Charger: Playbook permite controlar as luzes do veículo, emitir sinais de alerta, acessar o banco de dados da polícia, mapas e sistema de GPS, entre outras funções

N

o final de setembro passado, Gary Bauer voltava de dez dias de viagem por quatro mil quilômetros de estradas no Canadá, entre Edmonton e Niagara Falls, a bordo de um veículo muito especial: um Dodge Charger 5.7 litre Hemi de polícia, controlado por um tablet Playbook, da fabricante canadense Research In Motion (RIM), responsável pela linha de celulares inteligentes BlackBerry. Bauer é presidente da Mobile Innovations, empresa desenvolvedora de aplicativos para segurança pública e privada, e trabalha em estreita parceria com a RIM para criar soluções móveis nessa área.

Ele conta que toda a indústria está de olho na substituição das frotas de veículos nas forças de polícia norte-americanas. “O carro padrão era o Crown Victoria, mas a fábrica fechou há algumas semanas e todos estão em busca de alternativas”, diz. Ele explica que o Crown Vic era equipado com um laptop. “Mas em um carro menor, por que não um tablet, que é menor, mais leve, tem a mesma capacidade e um décimo do preço? A pergunta era: Podemos fazer com um tablet o que fazemos com um laptop?” Aparentemente, a resposta é sim. Segundo Bauer, o Playbook da RIM, equipado com o


Segurança Inteligente

sistema operacional QNX é um hardware brilhante, que custa apenas US$ 500 e oferece qualidade igual ou superior à do laptop. “O aparelho também melhora a segurança dos policiais, pois é menor e não fica na mesma área do airbag”, destaca. O protótipo do Dodge Chrysler foi montado em parceria com a D&R Electronics, especializada em armazenamento e montagem de sistemas de TI em veículos, e o tablet, equipado com uma versão do software Mobile Police Assist (MPA), foi desenvolvido pela Mobile Innovations para os celulares BlackBerry. O aparelho tem um teclado acoplável para facilitar a digitação. Por meio do Playbook é possível controlar as luzes do veículo, emitir sinais de alerta, acessar o banco de dados da polícia por meio do programa Niche RMS, acessar mapas e sistema de GPS, armazenar informações, controle de câmeras do veículo, entre outras funções. “O resultado dos testes preliminares foi excelente. O Playbook aguentou todo o castigo que demos nele e o projeto foi muito bem recebido pelas forças policiais das cidades por onde passamos”, diz Bauer. No final de outubro, o veículo seria apresentado na Convenção dos Chefes de Polícia dos Estados Unidos, em Chicago. Enquanto isso, a empresa trabalhava na integração de alguns periféricos, como scanners de carteira de motorista e impressoras, e também na conexão das câmeras. Bauer espera que o carro entre em produção a partir deste ano.

Oswaldo Oggiam, diretor de Marketing da Abese: Nas empresas, “maioria das imagens ainda é trabalhada de forma off-line e os tablets ainda são usados principalmente para acesso a banco de dados”

afirma. “E quem não oferecer soluções que sejam compatíveis com todas as plataformas móveis disponíveis vai ficar para trás.” O mercado brasileiro é atraente não apenas para empresas de sistemas de segurança, mas também para outros players, como operadoras de telecomunicações e fabricantes de equipamentos. É o caso da Research In Motion, empresa canadense que produz a linha de smartphones BlackBerry. “Existe um potencial de mercado enorme no Brasil”, diz Renato Martins, gerente de Contas de Governo da RIM no país. “Estamos preparados para oferecer uma solução robusta, amigável e eficiente para

31


32

Tecnologia

Segundo a PM paulista, uso de tablets modificou comportamento dos policiais e reduziu comunicação por voz com a central garantir mobilidade tanto para órgão públicos de todos estado brasileiros, quanto para integrar com a segurança necessária em grandes eventos mundiais que estão chegando ao Brasil, como a Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas.” Tranche, por sua vez, observa que o desenvolvimento tecnológico do setor no momento está muito concentrado na evolução das transmissões de imagens wireless com alta qualidade. Quanto à demanda de mercado, no Brasil, a maior parte dela vem do setor governamental. “Especialmente dos projetos fomentados pelo Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania, do Ministério da Justiça)”, diz. “No setor privado, a maioria dos projetos ainda pede fibra ótica.” Segundo Oswaldo Oggiam, diretor de Marketing da Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese), hoje praticamente todas as empresas de rastreamento e circuitos fechados de TV usam recursos de comunicação wireless. No entanto, ainda são poucas as que usam a informação de modo integrado. “A maioria das imagens ainda é trabalhada de forma off-line e os tablets ainda são usados principalmente para acesso a banco de dados”, observa.

Explosão Móvel Vendas globais de

tablets

(em unidades)

2010 – 17 milhões 2011 – 70 milhões* 2016 – 253 milhões*

Vendas globais de smartphones (em unidades)

2010 – 302 milhões 2011 – 468 milhões* 2016 – 1 bilhão*

*Estimativa Fontes: Gartner Group e Juniper Research


Segurança Inteligente

Ruídos na conexão

sem fio

Largura de banda e velocidade insatisfatórias ainda são obstáculos para a integração wirelesse em larga escala na área de segurança no Brasil

C

om tanta vantagem apontada pelos especialistas, o que falta para o Brasil atingir o ideal de integração wireless em larga escala no setor de segurança? Em primeiro lugar, largura de banda e velocidade de conexão. Largura de banda é a capacidade de transmissão de dados de uma rede. Hoje, a capacidade disponível das redes é baixa para esse nível de integração nos sistemas de segurança. Sem isso, a velocidade de conexão fica comprometida, o que torna pouco eficiente a transmissão de dados pesados nos sistemas de vigilância. “As câmeras IP já são uma realidade. É possível montar um sistema de câmeras de vigilância em rede, numa parceria entre profissionais de segurança e de TI”, diz Oswaldo Oggiam, diretor de Marketing da Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese). “O problema é que a conexão wireless de cada uma dessas câmeras consome muita largura de banda.” Se por um lado, o desafio das operadoras é aumentar essa capacidade de rede, para os fabricantes de equipamento a tarefa é criar aparelhos cada vez mais eficientes para aproveitar ao máximo a largura de banda disponível. A RIM, por exemplo, investe na compressão de dados para tornar a transmissão mais eficaz. “A compressão de dados é um grande benefício para o usuário, já que menos bytes são enviados através da rede sem fio, de maneira mais rápida e confiável”, diz Renato Martins, gerente de Contas de Governo da RIM no Brasil. “A

33


34

Tecnologia

Situação vai melhorar com chegada do 4G, que o governo brasileiro promete implementar nas 12 cidades dos jogos da Copa do Mundo

Renato Martins, da RIM, produtora do BlackBerry, no país: empresa se diz pronta para oferecer soluções na área de segurança a grandes eventos, como as Olimpíadas e Copa do Mundo

solução BlackBerry se destaca e sai na frente das outras neste setor. Isso porque ela otimiza o uso de banda ao comprimir os dados que trafegam pela rede. Ou seja, para passar uma mensagem por um BlackBerry é necessário menos banda do que transmitir o mesmo conteúdo em outra solução.” Martins acredita, no entanto, que o impacto de novas tecnologias é positivo e pode superar esses problemas com a chegada de redes mais velozes, como a 4G, que o governo brasileiro promete implementar nas 12 cidades sedes da Copa do Mundo de 2014. O leilão de freqüências para a implantação dessas redes está previsto para abril deste ano. “Nossos desenvolvedores poderão criar aplicativos de transmissão de dados, com maior número de recursos, como transmissão de imagens com maior resolução e em tempo real, por exemplo, contando com uma velocidade superior e mais estabilidade”, prevê. Oggiam também chama a atenção para outro fator que representa um obstáculo para o desenvolvimento de soluções wireless: a capacidade de Computação em

Nuvem. O chamado Cloud Computing, ou Nuvem, é um dos elementos-chave de toda a indústria de comunicação móvel. Trata-se de tirar a armazenagem de dados e eventualmente até a própria capacidade de processamento dos computadores da empresa e transferi-los para grandes data centers. Esses dados são acessados virtualmente de qualquer máquina, por meio de redes fechadas ou pela própria internet. A aplicação mais conhecida de computação em nuvem são os sistemas de webmail, correios eletrônicos que podem ser acessados a partir de qualquer máquina, como o Gmail, do Google, ou o Hotmail, da Microsoft. Com isso, a Nuvem permite que máquinas com capacidade de armazenamento e processamento inferiores às de um computador convencional realizem funções complexas. O problema é que o aumento da demanda mundial por serviços de nuvem não vem sendo acompanhada no mesmo ritmo pela oferta de novos data centers. Mário Tranche, responsável por projetos wireless da G4S, destaca que os sistemas de cloud computing ainda precisam melhorar o nível de segurança de dados para se tornarem uma alternativa mais confiável. “Além disso, quando falamos de funções como análise de vídeo, falamos de um grande volume de dados, que exige alta capacidade. Particularmente, ainda não vejo a Nuvem como solução para armazenamento de imagem, pois não sei como ela se comportaria ao trabalhar com vídeo”, diz. Para Oggiam, no entanto, muitos desses obstáculos poderão ser removidos nos próximos anos. “Basicamente, o problema do hardware está resolvido”, afirma Oggiam. “Ainda faltam investimentos das operadoras, mas dentro de dois anos isso vai melhorar bastante.” É que ele acredita que os investimentos realizados para a Copa do Mundo e as Olimpíadas de 2016 vão impulsionar a infraestrutura de telecomunicações do país. “A Tecnologia de Informação e Comunicação é um setor que alimenta demais a nossa indústria”, afirma. “É uma locomotiva” - sem fio e conectada.


Entrevista

Segurança Inteligente

Do Brasil para o

mundo

Empresa de Campinas que ganhou o “Nobel” da área de biometria já atua em 80 países e recentemente obteve a certificação que permite vender produtos para o governo dos Estados Unidos, abrindo mais um capítulo em sua história de sucesso, contada aqui por seu gerente de produtos

D

esde que ganhou o primeiro lugar na Fingerprint Verification Competitio (FwVC), em março de 2007, a Griaule Biometrics, de Campinas, foi espalhando suas inovações pelo mundo: hoje está presente em 80 países, duas mil organizações e em milhares de operações feitas diariamente no planeta. O prêmio da FVC, que destacou a tecnologia da empresa como a mais precisa do mundo para verificação de digitais, é considerado o “Nobel” da área de biometria. Foi concedido por uma avaliação independente feita em conjunto pela Universidade de Michigan (EUA), Universidade de San José (EUA), Universidade de Bolonha (Itália) e Universidade Autônoma de Madri (Espanha).

35


36

Entrevista

Enxuta e compacta, empresa tem apenas 20 funcionários e oito deles trabalham no setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)

A universidade, aliás, foi a incubadora da empresa, que abriu em 2002 e alcançou um crescimento vertiginoso. Enxuta e compacta, tem apenas 20 funcionários, com oito deles trabalhando no setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Seus produtos são vendidos por 40 distribuidores em Félix: sucesso no exterior contribui muito para colocar o Brasil como um dos principais fornecedores diversos países, de tecnologia biométrica e o proprietário, Iron Calil Daher, Entre os clientes que foram con- vive hoje no Vale do Silício, na Caliquistados ao longo dos anos estão fórnia (EUA), a meca da tecnologia a Intel, Eastman-Kodak, Wisconsin mundial, onde está concentrado o Supreme Court, State of Michigan marketing da empresa. Aqui no BraDepot Service, François-Charles sil, a sede em Campinas tem como Oberthur Fiduciaire, Sistema de gerente de produtos o engenheiro Segurança Social da Colômbia e, de software Eduardo Roberto Féno Brasil, Ministério da Justiça, lix, na empresa desde 2006. ForUnimed, Diebold e Universidade mado em Ciência da Computação Estadual de Campinas (Unicamp). pela Universidade Federal de Mato

Grosso do Sul (UFNMS) em 2005, ele mudou-se para Campinas em 2006 para fazer um mestrado, mas acabou sendo absorvido pelo trabalho na Griaule. Félix aponta o principal diferencial da tecnologia oferecida pela empresa: o software, além de ter alta precisão, pode ser aplicado a vários tipos de leitores ópticos de digitais, ou seja, não é necessário comprar o pacote pronto. No ano passado a Griaule galgou mais um degrau importante em sua trajetória internacional: obteve a certificação do National Institute of Standards and Technology (NIST), chamada MINEX, obrigatória para quem quer vender produtos de tecnologia de impressão digital para o governo dos Estados Unidos e também exigida por grandes corporações de todo o mundo. “Também temos diversas certificações do Federal Bureau of Investigation (FBI).” Nesta entrevista, Félix fala dos sucessos e desafios da empresa, de novidades do setor, como o curioso Detector de Dedo Vivo, e da perspectiva de expansão do uso da biometria no mundo.


Segurança Inteligente

Segurança Inteligente - Onde o software da Griaule está presente e em que tipo de aplicações? Eduardo Roberto Félix - Fazemos hoje a base para muitos sistemas essenciais em organizações de grande e pequena escala em mais de 80 países, em duas mil organizações. Nossos softwares são licenciados para aplicações como ATM, votação eletrônica, passaporte, login e controle de acesso. Na Unimed Brasil, é usado para identificar os beneficiários pela impressão digital. A empresa avaliou várias tecnologias biométricas e escolheu o Griaule Fingerprint SDK por fatores como suporte a padrões ISO, independência de leitor de impressão digital, baixa complexidade de desenvolvimento, facilidade na integração e suporte pós-venda. A Unicamp usa o software nos vestibulares, que ocorrem duas vezes por ano, com cerca de 50.000 candidatos para cada exame, para verificar a identidade dos estudantes. E nes-

te ano vendemos 1.100 licenças do nosso software forense, o Forensic Fingerprint Software, para o Ministério da Justiça. Com ele peritos criminais de todo o Brasil processam impressões digitais coletadas em cenas de crime. É um software projetado especialmente para profissionais papiloscopistas e investigadores forenses, visando auxiliar e aprimorar o processo de investigação forense. SI - Há mais aplicações para o software além destas citadas?

ERF - Sim. Autenticação de transações, controle de acesso físico e lógico, controle de ponto, check-in e check-out, registro de pacientes, segurança de rede e pública, entre várias outras. SI - Os prêmios e certificações, além de destacar a Griaule, também colocam o Brasil em destaque no segmento de tecnologia de reconhecimento biométrico? ERF - Sim. Essas certificações e prêmios internacionais, assim como o aumento do número de exporta-

‘Parceria com a Unicamp contribuiu muito para o sucesso da empresa’

Outros produtos Biometric Framework É um conjunto de serviços, componentes e interfaces gráficas para acelerar o desenvolvimento e integração de biometria em aplicações. Esse produto cuida do armazenamento, da segurança, do cadastro e da pesquisa de impressões digitais. A solução é pioneira ao colocar biometria na nuvem, garantindo a disponibilidade do cadastro em qualquer lugar do mundo. Em apenas alguns minutos é possível substituir nome e senha dos usuários por impressão digital em qualquer aplicação.

37


38

Entrevista

ções da nossa tecnologia, contribuem muito para colocar o Brasil como um dos principais fornecedores de tecnologia biométrica. SI - Como está a pesquisa para o reconhecimento de faces dentro do mesmo software? ERF - Nossa equipe de P&D (pesquisa e desenvolvimento) trabalhou durante anos no reconhecimento facial e hoje estamos em fase de testes. Não somente o de reconhecimento facial, como o de voz também. Em breve estaremos comercializando nossas novas tecnologias. SI - Quais são as principais frentes de pesquisa do P&D da empresa?

ERF - Hoje as principais frentes são as pesquisas relacionadas ao aprimoramento da tecnologia de impressão digital e nos testes com face e voz. Já a equipe de Desenvolvimento trabalha na integração dessa tecnologia aos nossos produtos (SDKs, Framework, controle de acesso físico e lógico). SI - Qual é o principal diferencial da Griaule? O fato de ter uma parceria com a universidade fez a diferença na trajetória da empresa? ERF - O principal diferencial da Griaule é ter um software independente de leitor de impressão digital. Isso é muito importante para o

cliente, pois ele pode usar mais de 50 modelos de leitores atualmente. Não precisa ficar dependente de um fabricante específico. A parceria com a Unicamp contribuiu muito para o sucesso da empresa. A maioria de nossos colaboradores e funcionários é graduada, são mestres e doutores pela Unicamp. E nossos pesquisadores são doutores pela Unicamp e já coordenaram projetos de pesquisa apoiados pela Fapesp, CNPq e Finep. SI - Qual é o futuro em softwares de reconhecimento biométrico? ERF - No futuro o sistema de reconhecimento biométrico deverá estar em todas as aplicações de gerenciamento de identidade e acesso, como as transações bancárias, a dentificação civil e a votação eleitoral, entre outras. Há uma tendência também na integração da biometria com computação em nuvem, garantindo a disponibilidade da sua identificação em qualquer lugar e possibilitando um cadastro único a ser compartilhado com diversas aplicações diferentes. SI - Muitos se perguntam se o mundo imaginado por George Orwell no romance “1984”, em que o Grande Irmão (o Big Bro-

Agincourt Software para cadastro civil e criminal. Permite efetuar um cadastro completo incluindo: dados biográficos, impressões digitais, foto, assinatura. Possibilita a exportação desse cadastro para vários padrões. É utilizado para comunicação com o sistema da Polícia Federal do Brasil. O padrão WSQ, da qual temos certificado do FBI, é utilizado para armazenar as imagens das impressões digitais. E a foto segue o padrão ICAO, o mesmo utilizado em fotos para passaporte.


Segurança Inteligente

ther) acompanha a vida de todos os moradores do planeta, como se fosse um Deus onipresente e eternamente online, vai virar realidade. Isso pode acontecer? ERF - Acredito que este não seja o caminho. Hoje, os governos utilizam a biometria, na grande maioria, no processo de identificação civil e criminal, e não com o objetivo de vigiar a vida da população. Em alguns aeroportos, por exemplo, existem câmeras que realizam reconhecimento facial das pessoas que circulam no local. Isso é o mais próximo de um Big Brother e é utilizado para identificar criminosos e terroristas. SI - Os criminosos já estão aparelhados com alta tecnologia e acessam informações confidenciais. Como os sistemas biométricos se preparam para possíveis ataques de hackers ou tentativas de falsificações ou adulterações? ERF - Os dados de impressões digitais, face e voz são armazenados criptografados para manter os dados seguros. E o tráfego desses dados pela rede utiliza os melhores protocolos de segurança existentes, como o SSL, o mesmo utilizado em Net Banking. Esse papel é desenvolvido pelos fabricantes

‘Principal diferencial da Griaule é ter um software independente de leitor de impressão digital. Cliente pode usar mais de 50 modelos de leitores atualmente’

do software. Já os fabricantes dos leitores de impressão digital estão buscando aprimorar a tecnologia para não permitir a captura de dedos falsos. Essa tecnologia é denominada Detecção de Dedo Vivo. E vários modelos de leitores já disponibilizam esse recurso. SI - O fato de o marketing estar estabelecido do Vale do Silício favorece a empresa? ERF - A estratégia do presidente

da Empresa, Iron Daher, em estabelecer o marketing no Vale do Silício foi de extrema importância. Com isso nossa empresa e software tornaram-se mais conhecidos mundialmente, principalmente nos Estados Unidos. A credibilidade aumentou e as vendas também. E manter a pesquisa em Campinas também é fundamental, pois a maioria de nossos pesquisadores e profissionais é formada pela Unicamp.

Forensic Fingerprint Software Software projetado para profissionais papiloscopistas e investigadores forenses, visando auxiliar e aprimorar o processo de investigação. Oferece várias funcionalidades para melhoria da qualidade da imagem, aperfeiçoamento da comparação e identificação automática de imagens tanto de boa quanto de má qualidade.

39


40

Panorama Nacional

Escolas em tempos de

medo


Segurança Inteligente

Prevenção na planta No Paraná, o escritório de arquitetura Proa desenvolve uma série de projetos em que a segurança das escolas é pensada desde a planta. Na ilustração ao lado está um exemplo de projeto com estas características. A arquiteta Yumi Yamawaki, sócia-fundadora da Proa, doutoranda em gestão urbana pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e professora de arquitetura e urbanismo na Universidade Positivo, explica o que está envolvido neste projeto em termos de segurança, começando pela entrada principal e seguindo para dentro da área da escola: “O controle de acesso (cancela) tem uma guarita coberta para facilitar instalação de câmeras de segurança. A escola foi pensada numa hierarquia de usos e, por isso, o bloco onde estão a biblioteca, o auditório e a administração - áreas com circulação de por pessoas externas à escola, como a comunidade, participantes de eventos e os pais de alunos, por exemplo - está mais próximo ao acesso e estacionamento principal. Os blocos de ensino e laboratórios ficam mais privativos, pois são voltados exclusivamente aos alunos e professores. O alojamento, que serve apenas aos professores visitantes e como local de descanso, precisa estar afastado de locais de circulação intensa. O controle ocorre somente no acesso ao lote da escola. Internamente os alunos podem circular livremente. Há controle de acesso ao primeiro bloco (térreo - administrativo) e à biblioteca - no piso superior, onde os alunos podem fazer leitura ao ar livre no terraço ajardinado exclusivo da biblioteca. Não há como acessar o terraço por outro local. Essa medida serve para o controle de empréstimo de livros. A parede de separação entre biblioteca e foyer é de cobogó, um material que separa fisicamente dois ambientes, mas visualmente não. O foyer é de acesso livre, mas o auditório é restrito. Assim como os acessos do público, os acessos de serviço também serão monitorados. O controle deve ocorrer sem ser explícito, pois, do contrário, inibe a permanência dos alunos no ambiente escolar.

Onda de violência nas instituições revela uma combinação de problemas que envolvem despreparo psicológico dos alunos, ausência dos pais na educação, condições arquitetônicas desfavoráveis e falta de sistemas eletrônicos de proteção adequados Texto: Rosane Aubin

41


42

Panorama Nacional

N

os últimos tempos, uma série de episódios violentos em escolas do Rio de Janeiro e São Paulo amedrontou a população brasileira. Na chamada tragédia do Realengo, no Rio, um atirador e ex-aluno da Escola Municipal Tasso da Silveira matou 12 crianças e feriu 10. No ABC paulista, um garoto de apenas 10 anos pegou a arma do pai, atirou na professora pelas costas, saiu da sala de aula e suicidou-se com dois tiros. Em São Paulo, dentro do campus da Universidade de São Paulo (USP), um jovem de 24 anos foi morto a tiros quando abria a porta de seu carro. Fatos como esses, que ganharam destaque na mídia, evidenciam as frágeis condições de segurança das escolas brasileiras e deixam pais, alunos e a sociedade em geral preocupados. É possível tomar medidas de prevenção contra esse tipo de violência? Qual deveria ser o foco dessa prevenção? É mais importante investigar as causas psicológicas, nos casos de assassinatos sem roubo, ou sociais, no caso do homicida da USP, ou analisar as condições físicas de segurança das escolas? Especialistas nesse segmento, como é o caso de Wagner Grans, gestor de segurança na Universidade São Judas Tadeu e atual coordenador do Grupo Integrado de Apoio à Segurança do Ensino Superior do Estado de São Paulo (Giases), admitem que essa é uma equação complexa e com muitas variantes. “Equipamentos como catra-

Para especialistas, a busca de soluções é equação complexa e envolve muitas variantes

Yara Dias, especialista em instituições de ensino e autora do livro ‘Coisas Que os Pais Precisam Saber Sobre Seus Filhos’: “Limites e respeito são essenciais para mantermos a sociedade em paz”

cas eletrônicas, câmeras de monitoramento (CFTV), sistema de alarmes, novas tecnologias e detectores de metais, entre outros, são de grande valia, mas é necessário fornecer qualificação profissional e elaborar cenários prospectivos e análise de risco. É a combinação perfeita para fornecer segurança”, diz. Yara R. Gonçalves Dias, formada em pedagogia e direito, com MBA em gestão estratégica de segurança empresarial e autora do livro “Coisas Que os Pais Precisam Saber Sobre Seus Filhos”, que será lançado ainda este ano pela Editora Livre Expressão, acrescenta mais elementos à discussão. “O carro-chefe do meu livro é a transmissão de valores e imposição de limites às crianças desde pequenas. Limites e respeito são essenciais para mantermos a sociedade em paz”, afirma a consultora, que é especialista em instituições de ensino. Yara, apesar de reconhecer a importância de uma estratégia que envolva os pais na construção de um ambiente escolar seguro, não descarta a necessidade de um projeto de segurança minuciosamente elaborado. “Hoje o maior problema que temos é o desconhecimento por parte dos gestores educacionais do que é necessário para que se pense em segurança. Eles compram produtos e, muitas vezes, serviços de vendedores de soluções que se autodenominam consultores de segurança, mas são pessoas sem

formação na área. É preciso que haja a difusão de informações acerca de quem é realmente consultor capacitado e qual a importância do diagnóstico de segurança e análise de risco feito por este consultor para a aquisição de produtos e serviços da maneira correta”, avalia. Ulisses Nascimento, também um conceituado gestor de segurança privada, com mais de 25 anos de experiência na área corporativa, sócio do Portal Escola Protegida e gerente da Grans Nascimento Associados, concorda com a ideia de que a paz nas escolas depende de vários fatores. “É preciso adotar uma abordagem preventiva e integrada. As esferas de atuação são: ambiente social e físico, educação física e em saúde, atividade física extracurricular, serviço de saúde, capacidade de resposta a crises e desastres, esforço integrado da escola, da família e da comunidade para a prevenção de lesões e esforço para a capacitação dos colaboradores.” A necessidade de se elaborar um plano que leve em conta todas as variantes que podem influir na criação de um ambiente tranquilo fica evidente nos casos que mais abalaram a opinião pública recentemente. “As duas escolas não tinham nenhum padrão de segurança. No ABC a situação é ainda mais crítica porque é uma escola-modelo da região, e apenas um detector de metais na entrada poderia ter evitado a entrada do aluno com a arma. No Realengo, o maior absurdo foi uma pessoa entrar sem autorização”, diz Alexandre Tavares, consultor da Artan, formado em administração de empresas e com MBA em gestão estratégica da segurança. Tavares recomenda um sistema chamado “segurança em camadas”. Seria, resumidamente, um projeto que começasse com a avaliação e a supervisão das ruas e região do entorno; depois, o uso de barreiras físicas como muros e grades; em seguida, um controle de acesso dos alunos e, por fim, a prote-


Segurança Inteligente

Projeto na Câmara Federal torna obrigatório o treinamento dos funcionários que controlam acessos ção das áreas internas, como salas de aula, corredores e ambientes administrativos. “Em alguns casos, a única identificação dos alunos é feita pelo uniforme”, alerta. O consultor destaca que, tanto no caso de escolas públicas quanto privadas, é dever da instituição de ensino zelar pelo bem-estar do aluno. “Você entrega seu filho e precisa ter a certeza de que ele será devolvido íntegro. Se ele sofrer bullying, a escola tem responsabilidade sobre o ato, pois é sua obrigação prevenir e evitar esse tipo de situação”, afirma. O artigo 7 do Capítulo I do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de 1990, diz: “A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.” No Capítulo IV, que trata do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer, o artigo 56 é ainda

Ulisses Nascimento, do Portal Escola Protegida : “É preciso adotar uma abordagem preventiva e integrada”

mais específico: “Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de: maus-tratos envolvendo seus alunos; reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos escolares; elevados níveis de repetência.” Mas, apesar de a tecnologia ser uma boa aliada na prevenção das agressões, ela ainda é muito pouco usada nas escolas públicas. Uma pesquisa realizada pela norte-americana RCI First Security and Intelligence Advising e publicada pela revista “Veja”, mostra que, como em outros quesitos, em segurança também os números favorecem o ensino privado no país. O estudo aponta que apenas 17,8% das escolas públicas têm algum tipo de câmera de segurança, enquanto nas particulares o índice chega a 72%. O monitoramento das imagens é feito em 1,8% das públicas e em 38,1% das particulares. O controle de acesso físico por porteiros, seguranças ou funcionários é feito em 99,9% das instituições privadas, e em 73,8% das públicas. Alguns projetos de lei tentam tornar obrigatórias algumas medidas. O deputado federal Sandro Mabel (PR-GO) propõe o uso de detectores de metais em todas as instituições, uma ideia que é considerada inviável por alguns especialistas, por conta dos possíveis problemas de acesso que causaria. “Não sou partidário da adoção de detectores de metais. Não seriam eficazes. Formariam imensas filas na entrada das escolas e os estudantes, por certo, iriam protestar muito, causando constrangimentos e discussões”, afirma Carlos Caruso, professor de graduação e MBA em Gestão Estratégica de Segurança, autor de vários livros sobre o tema e certificado pela American Society for Industrial

Wagner Grans, do Giases: “Novas tecnologias são de grande valia, mas é necessário fornecer qualificação profissional e elaborar cenários prospectivos e análise de risco”

Security. Tavares discorda. “Diferentemente do que se fala, o detector pode ter a sua sensibilidade aos metais regulada, então não iria disparar com pequenos objetos”, detalha. O Projeto de Lei 977/11, do deputado federal Fernando Jordão (PMDB-RJ), sugere que se torne obrigatório o treinamento dos funcionários que controlam a entrada e a saída das escolas. Eles teriam de aprender técnicas de segurança e princípios básicos de psicologia. Jordão afirma que isso poderia dificultar ações criminosas. “Os profissionais treinados, além de atuar na entrada identificando os suspeitos, teriam condições, em caso de ocorrência, de agir com discrição e segurança, evitando o pânico e prevenindo ações truculentas”, diz. Conforme a proposta, o treinamento seria supervisionado pela Polícia Federal ou por entidade indicada por ela. Um projeto de escola segura deveria começar já no projeto arquitetônico.

43


44

Panorama Nacional

Para Carlos Caruso, especialista em gestão estratégica de segurança, detectores de metais causam transtornos e protestos dos estudantes

dio, na escolha de sua localização e na instalação de aparelhos para todas a atividades, e vai até a formação de brigadas de incêndio e CIPA. “O setor patrimonial deve providenciar um diagnóstico sobre crime e violência, feito por um profissional especializado, e uma política de segurança deve ser elaborada por equipes multidisciplinares”, explica. Yara Gonçalves Dias acha que um bom plano também inclui a análise da faixa etária ou de desenvolvimento humano ao qual a instituição pretende atender. “Muitas escolas atendem

17,8% das escolas públicas têm algum tipo de câmera de segurança, enquanto nas particulares o índice chega a 72% Mas, mesmo em prédios sem condições ideais, é possível criar um ambiente seguro para alunos e professores. Existem várias iniciativas, tanto na esfera pública quanto na privada, que pretendem sistematizar e orientar as escolas nesse sentido. O Giases é um desses grupos. Recentemente, seus integrantes criaram o Projeto de Segurança Universitária e Gestão de Risco (Prosuger), para aperfeiçoar as formas de prevenção e combate à violência nas universidades e escolas de todo o país. Segundo Grans, coordenador do grupo, o primeiro fator a ser levado em conta em um plano para uma escola segura é a análise da área externa. “Essa é a maior preocupação do Giases”, diz. Ele observa que ter um policiamento Tavares, da Artan: sistema de “segurança em camadas” é o mais adequado para as escolas

especializado ainda é uma questão complicada para as secretarias de segurança pública, mas acha que essa é uma das medidas que deveriam ser adotadas. Dentro da escola, o consultor indica o constante treinamento dos profissionais. “É de grande valia potencializar a ação dos colaboradores da segurança com cursos específicos, palestras e workshops, pois o uso e a instalação do equipamento não são tudo. É necessário qualificá-los para obter resultados positivos”, diz. O grupo também recomenda o uso de catracas eletrônicas, CFTV, sistemas de alarmes, elaboração de cenários prospectivos e análises de risco. Nascimento, do Portal Escola Protegida, tem uma dura avaliação da segurança das escolas brasileiras. “É muito amadora. Não há o comprometimento das altas direções e de governantes em realizar um trabalho profissional - e estamos falando sobre o país inteiro, desde as regiões ribeirinhas da Amazônia até o Sul. As edificações são problemáticas e muitas não oferecem o mínimo de condições para o exercício de profissão dos professores e demais atores do processo educacional.” Para o especialista, o cuidado deve começar na construção do pré-

de bebês a adolescentes. Em cada etapa a relação com o aluno deve ser específica, reconhecendo-se suas limitações conforme a idade e o desenvolvimento intelectual. Um aluno de 6 anos ainda sente necessidade do acompanhamento da mãe até a porta da sala de aula, enquanto que para um de 8 ou 9 anos isto já não é necessário. Deve ser verificada a questão estrutural, pois boa parte das escolas do país tem mais de 30 anos, época em que os perfis do aluno e dos pais eram diferentes dos atuais”, diz. Sua consultoria leva em conta até fatores como fluxo de pessoas e veículos, vegetação interna e do entorno, e períodos letivos. A partir daí, é elaborado um plano que sugere equipamentos, tipo de treinamento, se são necessárias palestras aos pais, professores, alunos, colaboradores ou mesmo instruções para evacuação em casos de incêndio. “Vários são os detalhes a serem observados, pois a segurança de instituições de ensino diverge em muitos pontos da segurança em outros setores. É fundamental que sejam estabelecidas normas de conduta rígidas por escrito, tanto para alunos quanto para funcionários e equipe de segurança”, acrescenta.


Segurança Inteligente

Menos muros, mais segurança

M

enos muros, mais espaços de convívio e envolvimento da comunidade em vários tipos de atividade. Com essas e outras premissas, o escritório de arquitetura Proa, de Curitiba, tem criado vários projetos de escolas que surpreendem pela simplicidade de suas soluções e impactam pelo efeito que têm nas comunidades em que estão inseridos. “Quando falamos sobre tirar muros, na verdade não é fisicamente. O patrimônio público deve ser resguardado. O que queremos dizer é que as escolas podem ser polos geradores de senso de comunidade, de civilidade, se estiverem disponíveis para a população em horários alternativos”, diz a arquiteta Yumi Yamawaki, sócia-fundadora da Proa, doutoranda em gestão urbana pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e professora de arquitetura e urbanismo na Universidade Positivo. Um dos exemplos é o projeto que o escritório criou para uma escola em Paranaguá, no litoral do estado. Eles aproveitaram o espaço e o tempo ociosos de um estádio de futebol e realizaram um projeto que agradou à Prefeitura e aos moradores beneficiados. “O local ficava sem uso fora dos dias de disputa, que geralmente ocorrem à noite ou em fins

de semana. As arquibancadas têm um grande espaço vazio na parte inferior, por causa do ângulo visual que necessitam. Sua utilização durante a semana, inclusive aproveitando o campo para a prática de esportes e lazer dos alunos significava racionalizar o uso do espaço”, explica. Yumi acha que a escola segura deve prever espaços que permitam a integração visual e se possível até física entre as diferentes áreas. “Eliminar barreiras como muretas, biombos e becos permite que as pessoas cuidem umas das outras”, esclarece. No livro “Morte e Vida das Grandes Cidades” (Martins Fontes, 2000), a autora Jane Jacobs destaca a importância de ver e ser visto para a segurança das pessoas em lugares públicos. “Por isso, sempre usamos gradis e telas. A princípio, os muros parecem a solução mais segura, mas a partir do momento em que o estranho pula para dentro do ambiente interno, não é mais visto por ninguém do lado de fora”, diz Yumi. A opção do Proa por espaços de convívio interligados -- como pátios cobertos e descobertos, e cantinas envidraçadas -- também previne o bullying e outros tipos de agressões. A arquiteta aponta as novas tecnologias como aliadas importantes para controlar esses e outros problemas, mas tudo com moderação. “As

novas tecnologias podem auxiliar no monitoramento dos espaços, mas tomar medidas como detectores de metal seria pressupor que as crianças são marginais. Esse tipo de medida não é eficaz, daqui a pouco os professores estarão utilizando pistolas que emitem choque paralisante, spray de pimenta etc”, alerta Yumi. Na Escola Municipal de Piraquara, na região metropolitana de Curitiba, o Proa colocou outro conceito em prática: a possibilidade de a comunidade usar o espaço para lazer ou aprendizado. Foram criadas salas multiuso, voltadas a atividades culturais e de lazer, uma quadra coberta e um auditório que será utilizado pela comunidade para a exibição de peças de teatro e para cerimônias de formatura. Os teatros, aliás, também são um diferencial de seis escolas profissionalizantes criadas pela equipe de Yumi. Eles precisavam criar uma biblioteca e um auditório de grande porte em que alunos acostumados a conviver com várias mídias pudessem sentir-se atraídos a ler e aprender. “Para isso, criamos espaços de interação dentro/fora por meio de vidros e incluímos grandes terraços com jardim para aliar leitura e contemplação”, explica.

45


46

Mercados

Capela Dourada, considerada a igreja mais bonita do Recife: sistemas eletrônicos de segurança trabalham 24 horas por dia para proteger tesouro de valor inestimåvel

FĂŠ na

tecnologia


Segurança Inteligente

As obras sacras do patrimônio histórico e artístico nacional espalhadas em igrejas pelo país afora começam a ganhar sistemas de segurança que as protegem da ação de criminosos nacionais e internacionais Texto: Rosane Aubin

47


48

Mercados

Igreja de Nsa. Sra. da Conceição, em Ouro Preto (MG): Iphan estuda adoção de sistema que permita vigiar, a partir de Belo Horizonte, todas as igrejas do Estado

A

Capela Dourada, considerada a igreja mais bonita do Recife, fascina os turistas com o brilho das molduras folheadas a ouro que entremeiam as pinturas sacras em todo o teto e paredes. Quem conhece a Capela Sistina, do Vaticano, diz que as duas se parecem. Até pouco tempo, esse tesouro de valor inestimável não era protegido por nenhum tipo de sistema de segurança eletrônica. Agora, graças a um projeto do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), passou a contar com um planejamento de segurança que envolve a instalação de dispositivos que coíbam a ação de crimninosos. O projeto prevê a instalação de câmeras convencionais e de infravermelho que detectam tanto a presença de pessoas quanto de fumaça e acionam alarmes que soam como sirenes no local, emitindo alertas para os telefones celulares dos

responsáveis pela administração da instituição religiosa. E essa não é a única igreja a ter seu patrimônio sob vigilância 24 horas por dia. “Concluímos a instalação de sistemas em mais nove, estamos em fase de finalização em mais duas e licitando projetos para outras 29”, diz Frederico Almeida, superintendente do Iphan em Pernambuco.

Em PE, dez igrejas já contam com sistema, duas em fase de instalação e 29, de licitação


Segurança Inteligente

Cadastro de obras procuradas pelo Iphan registra um total de 1.558 peças Cerimônias solenes foram programadas para marcar a conclusão da primeira fase do projeto. E não é para menos: o patrimônio artístico e sacro do Brasil inteiro é um verdadeiro tesouro em constante risco de ser roubado por organizações criminosas nacionais e internacionais. O cadastro de obras procuradas pelo Iphan em seu site na internet registra 1.558 peças. Em Pernambuco, só nos últimos três anos 46 obras foram roubadas. A Polícia Federal atua em conjunto com a Interpol, a polícia internacional encarregada de crimes que não se restringem à fronteira de um só país, para tentar evitar a comercialização dos objetos e tentar recuperá-los. Com a instalação de sistemas de segurança, o trabalho poderá ser mais efetivo, já que o aparato, além de inibir a ação dos ladrões, ajudará a identificar os suspeitos com as imagens gravadas pelos equipamentos. Pernambuco saiu na frente, mas o aparelhamento tecnológico para incrementar a segurança dos bens artísticos, realizado sob o comando de Almeida, inspira outras iniciativas em todo o Brasil. Minas Gerais e Pará são alguns dos estados que já começaram a equipar suas igrejas. Os projetos de sistemas eletrônicos de segurança para igrejas históricas trazem um desafio extra: além de serem eficientes e cobrirem toda a área dos templos, que muitas vezes escondem preciosidades em cantos escuros, eles não podem interferir na obra para não prejudicar a sua apreciação por turistas. “Cada igreja apresenta um novo desafio”, conta Almeida. Mesmo pequenas câmeras pretas, que supostamente não atrapalhariam a apreciação do patrimônio por parte dos visitantes, às vezes acabam provocando uma interferência, como no caso da Capela Dourada, em que o objeto destaca-se sobre o fundo brilhante. “Mesmo sendo pequenas, elas às vezes interferem no conjunto”, diz Almeida. Ele conta que a equipe preocupa-se com cada detalhe, desde a escolha de fios especiais até o caminho que eles irão percorrer dentro do monumento histórico. “Não podemos abrir uma canaleta num piso antigo do século XVIII ou XIX”, exemplifica.

Detalhe do interior da igreja Nsa. Sra. da Conceição dos Militares, em PE: tesouros na mira dos ladrões

Projetos têm um desafio extra: dispositivos devem proteger igreja sem alterar a fachada

49


50

Mercados


Segurança Inteligente

Nsa. Sra. do Carmo, em Serro (MG) : saques e depredações já colocaram em risco o patrimônio de várias igrejas mineiras

Outra preocupação do Iphan é conscientizar os responsáveis pelas congregações sobre a importância de usar o sistema eletrônico de segurança para garantir a permanência do acervo. “Os guardiões de cada igreja assinam um termo comprometendo-se a cumprir as normas predeterminadas”. A primeira parte do projeto, concluída em setembro do ano passado, custou R$ 1,2 milhão, e beneficiou 12 instituições religiosas. Agora, a cada vez que alguém tentar invadir um desses locais, o responsável será avisado por telefone e terá de chamar a polícia. O sistema de segurança também conta com dispositivos que fazem as luzes se acenderem em pontos escuros, caso as câmeras, posicionadas em lugares estratégicos, captem alguma presença. O Iphan de Pernambuco decidiu começar o projeto com o acervo religioso porque esse era o ponto mais fraco, em que ocorriam mais furtos. As medidas para garantir a preservação das obras incluem também um detalhado inventário de todos os objetos. “Pesamos, medimos e fotografamos mais de 20 mil peças para formar os catálogos”, diz o superintendente do Iphan. Ainda faltam 10 mil, de municípios próximos a Recife e Olinda. As peças estão localizados especialmente no conjunto histórico com oito igrejas de Goiana, município do litoral pernambucano escolhido para integrar as próximas etapas do trabalho do Iphan no estado. Maria Dorotéa de Lima, superintende do Iphan no Estado do Pará, diz que as igrejas Madre de Deus e Rosário dos Pretos, ambas em Belém, e parte do acervo da cidade de Vigia, já foram alvos de roubos. “Como é política do Iphan implantar sistemas de segurança, estamos equipando as igrejas tombadas. Entre 2009 e 2010 foram contratados projetos elétricos e de iluminação, de segurança e prevenção de incêndio para as igrejas Madre de Deus, São João Batista e do Carmo”, diz Maria Dorotéa. Duas igrejas já estão com os sistemas de câmera instalados, além do conjunto jesuíta, que abriga uma igreja, um colégio e o Museu de Arte Sacra. A Igreja da Trindade, tombada pelo governo estadual, é uma das que já contam com serviço de câmeras, que é monitorado pelo pároco Ronaldo Menezes, também responsável pela Igreja do Rosário dos Pretos, próxima etapa do projeto. A Igreja da Sé, tombada pelo Iphan e recentemente restaurada pelo governo estadual, também temum sistema de câmeras, e a Igreja de Sant’ Ana, em processo de restauração, tem previsão de instalação de equipamento de segurança com sensores e câmeras. Em Minas Gerais, os responsáveis pelo Iphan preferem não citar as igrejas que já têm sistemas de segurança, para não

51


52

Mercados

No Piauí, nenhuma empresa de segurança apresentou-se para assumir um projeto e Iphan perdeu os recursos dar informações aos ladrões. “Cerca de 50% das igrejas já possuem equipamentos básicos, mas nossa intenção é tornar viável um projeto em que possamos vigiar, a partir de Belo Horizonte, todas as igrejas”, diz Glayson Nunes, assessor de comunicação da superintendência do Iphan em Minas Gerais. O plano, ainda em estado embrionário, incluirá alarmes, câmeras e dispositivos de detecção de fumaça, num sistema interligado com uma central de monitoramento na superintendência do Iphan, em Belo Horizonte, e na sede da Polícia Federal, em tempo real. A igreja de Nossa Senhora da Piedade, centro das atividades religiosas na cidade de Barbacena, já está sendo aparelhada com um sistema de segurança que custou R$ 121 mil. Nunes diz que várias igrejas sofreram saques e depredações em todo o estado. Em janeiro de 2009, três objetos litúrgicos foram furtados do interior da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, de São João Del Rei, em plena luz do dia e com sistema de circuito interno de TV funcionando. “Os ladrões foram identificados e foi expedido o mandado de prisão, mas até agora não foram presos e os objetos não foram recuperados”, diz Nunes. Em 2009, o Iphan do Piauí conseguiu aprovar um projeto para instalar equipamentos de proteção nas igrejas de Nossa Senhora de Lourdes, em Teresina; Nossa Senhora do Carmo, em Piracuruca, a 196 quilômetros da capital; Nossa Senhora da Vitória e Nossa Senhora do Rosário, ambas em Oeiras, a 313 quilômetros de Teresina; e no Museu de Arte Sacra, também em Oeiras. No entanto, ocorreu algo surpreendente. Segundo Claudiana Cruz dos Anjos, superintendente do Iphan no Piauí, nenhuma empresa de segurança apresentou-se à época para assumir o projeto e o órgão perdeu os recursos. “A ideia era fornecer o mínimo de segurança com alarme sonoro e outros equipamentos necessários, de acordo com a necessidade de cada igreja’’, diz Claudiana.

Nem as moedas escapam

A Igreja do Calvário, no bairro de Pinheiros, em São Paulo, fica aberta das 7h às 19h de domingo a sexta-feira, e das 7h às 21h30 aos sábados. Seu altar-mor é assinado pelo artista Benedito Calixto, que dá nome à praça situada em frente ao templo e tem suas obras altamente cotadas no mercado de artes plásticas. Está equipada com 15 câmeras localizadas em lugares estratégicos. Há pelo menos dois anos, segundo o padre Rogério de Lima Mendes, responsável pela paróquia, as únicas imagens suspeitas registradas pelo equipamento são as de pessoas que tentam retirar as moedas dos cofres abastecidos por fiéis. “Eles usam algumas técnicas como o arame com um ímã na ponta ou um palito para retirar o dinheiro pela fresta”, conta o padre. No passado, chegaram a roubar o cofre da sacristia com altos valores arrecadados pela quermesse junina realizada pela paróquia, uma das mais frequentadas em São Paulo. Atualmente, o cofre fica sob responsabilidade de uma empresa de segurança. “Acho que as câmeras inibem roubos mais sérios, por isso não temos registrado nenhum tipo de problema aqui”, diz o padre. A Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo não tem estatísticas sobre roubos em igrejas, mas informa que é comum que as próprias paróquias providenciem seus sistemas de segurança para coibir os ataques aos seus bens e também os roubos aos fiéis durante celebrações. Em Santa Barbara D’Oeste, interior do Estado, 15% do total de clientes da empresa Proteja-se Segurança é de instituições religiosas. Na cidade, a maior incidência de ocorrências é durante os cultos, com o roubo de objetos e bolsas dos fiéis.


Artigo

Segurança Inteligente

Fraudes internas e perdas empresariais

Ilustração: © Mashe / PhotoXpress

O

nde há uma necessidade, há também uma oportunidade de mercado, e acredito que aqui haja uma tendência interessante para a segurança eletrônica. Sabemos que as perdas não industriais nem decorrentes de desperdício podem ser fraudes internas. Ainda jovem, gerenciando o departamento jurídico de uma grande empresa, coordenei o que apelidamos de “equipe Eliott Ness” – tidos como os incorruptíveis, éramos executivos encarregados de prevenir, investigar e minimizar essas fraudes. Minha tarefa era conduzir a produção de provas e, ao final, conversar calmamente com os espertinhos, oferecendo-lhes a opção de pedir demissão. Ainda hoje, na sua maioria, as empresas nem percebem o quanto estão sendo prejudicadas. Extraí alguns dados do site “monitor das fraudes”: 43,5% das perdas são por apropriação indébita, 30,4% por corrupção, 21,7% por roubos e 4,4%, por outros tipos de fraudes. 81,2% dos fraudadores têm segundo grau ou mais, e 20,9% das fraudes causam perdas acima de R$100 mil. Em média, as empresas fraudadas perdem de 7% a 10% do faturamento global; cerca de 85% do valor das perdas por fraudes em empresas é devido a fraudes cometidas por funcionários ou colaboradores permanentes. Em outro site, estima-se que, em 2011, 5% do PIB nos EUA foi perdido em fraudes. Como não existe um equipamento ou processo aplicável indistintamente, inteligência e logística vêm ganhando espaço nas pós-graduações. Empregados, colaboradores, clientes e fornecedores podem

causar perdas relevantes. Cada um dos desfalques pode ser pequeno para justificar uma investigação, mas a somatória pode resultar em milhares ou milhões de reais/ ano. Receber comissionamento de fornecedores, dar descontos excessivos ao cliente e se apropriar da diferença, vender por X e repassar à empresa Y, ser conivente com furtos, captar indevidamente dados a que se tem acesso no trabalho são só alguns exemplos; a má análise de crédito também pode resultar em amargas decepções. A auditoria pode ocorrer antes, durante e após a perda. Como referência geral, a Agência Brasileira de Inteligência descreve sua atuação em duas vertentes: a produção de conhecimentos sobre fatos e situações de imediata ou potencial influência no processo de tomada de decisões (inteligência), e a adoção de medidas que protejam os assuntos sigilosos relevantes e neutralizem ações contrárias (contra-inteligência). Essas diretrizes podem se aplicar às empresas, pois processos, procedimentos e ferramentas gerenciais para evitar as perdas precisam ser definidos. Vale a pena oferecer um produto misto de consultoria e equipamentos? Além das vantagens tributárias, os autores consultados concordam que sim. Sob o risco de “chover no molhado”, opino que esse investimento pode propulsionar um diferencial para muitas empresas de segurança eletrônica, aliando equipamentos como câmeras, catracas, alarmes, sensores e mecanismos de identificação a processos gerenciais de controle para dar subsídio a uma auditoria interna permanente.

Luiz Fernando Andrade de Oliveira é sócio da Elizabeth Andrade e Luiz Oliveira Sociedade de Advogados. Email: andradeoliveira.soc. adv@osite.com.br

53


54

Panorama Internacional

Caballero dispara a arma contra o gerente de sua empresa: “Tudo bem comigo”, diz a “vítima”, após levar o tiro


Segurança Inteligente

A empresa que dá um tiro

no cliente

Fábrica colombiana de roupas blindadas comprova a qualidade dos produtos disparando a arma contra compradores e funcionários Texto: Helô Reinert, de Bogotá

O

colombiano Miguel Caballero trabalha para proteger seus clientes. Ele oferece muitas opções de roupa para quem está exposto a um ambiente nada amigável, em que corre até o risco de, a qualquer momento, levar um tiro. E não são raros os casos como este. Prova disto é a frequência dos pedidos que recebe de autoridades de governo e de empresas de vigilância do país. O que diferencia Caballero dos seus concorrentes é a maneira que ele encontrou para comprovar a qualidade de seus produtos aos clientes. O empresário simplesmente pede

55


56

Panorama Internacional

Na linha VIP, roupas são feitas com tecidos importados da Itália e Inglaterra, sem sinal aparente de blindagem

a cada um dos interessados em comprar na sua empresa ou a um funcionário que vista a roupa. Depois, dá um tiro na pessoa. Isso mesmo, um tiro. Para ele, este é um teste que ajuda a “descontrair” quem entrou na sua empresa tanto para trabalhar como para fazer uma encomenda. Na Miguel Caballero, cuja matriz fica em Bogotá, a capital colombiana, não existe clima de tensão. Todos cumprem suas tarefas como se não estivessem envolvidos em um tema tão complexo. “Trabalhamos para proteger vidas e isso é bom”, diz a funcionária Martha Cipagauta. “No momento do disparo, o coração ainda bate mais rápido, mas a gente se acostuma com tudo isso”, diz. Para fazer o teste com sua “vítima”, Caballero pri-

meiro pergunta se ela está disposta a submeter-se à prova que confirmará a qualidade do seu produto. Quando a resposta é negativa, ele percorre a fábrica em busca de um voluntário. Muitos dos seus empregados já levaram um ou mais tiros. Sua atual mulher, Carolina Ballesteros, passou pelo teste quando eles ainda não eram namorados, e ultimamente tem sido poupada. Seu representante comercial na Ve nezuela também já viveu de perto as consequências de trabalhar no ramo. O mesmo aconteceu com muitos outros integrantes de sua equipe e também os seus amigos. “Tudo bem comigo”, diz Arvey Gamez, gerente do departamento de custos da empresa, logo depois de ver uma bala atingir a linha um pouco abaixo da cintura e sentir o alívio de estar protegido pela jaqueta de couro especial que vestia no momento da sua prova de coragem, testemunhada pela nossa reportagem. Antes de fazer um disparo, Caballero orienta todos seus empregados a tapar ou colocar um protetor nos ouvidos para não afetar a audição. Também pede às costureiras próximas à linha do tiro que se retirem por um minuto de seus postos de trabalho. Só então executa a sua missão com


Segurança Inteligente

Costureiras da empresa, no momento em que é feito um “teste de qualidade”

Empresa planeja abrir fábrica no Brasil No ramo de roupas blindadas há 18 anos, Miguel Caballero tem planos de abrir uma planta industrial no Brasil até 2013. Restrições na legislação impedem que ele exporte para o país. Para vender seu produto aqui, ele precisa ter uma fábrica instalada no território brasileiro. A Caballero atende boa parte da América Latina e recentemente enviou ao presidente Fernando Lugo, do Paraguai, um paletó com proteção. Segundo Caballero, sua empresa trabalha com materiais certificados de acordo com as especificações NIJ 0101.6 e com balística testada pelo laboratório H.P. White, de Maryland, Estados Unidos. E faz uma investigação da vida do cliente, de acordo com fichas criminais disponibilizadas principalmente pelos Estados Unidos. “Queremos atuar na prevenção contra o crime e não proteger a criminosos”, assegura Caballero. Seus clientes mais freqüentes são dos Emirados Árabes, mas também vende bastante para o México.

gosto. No teste acompanhado pela reportagem, a arma utilizada foi um revólver modelo 38 Smith & Wesson. Mas poderia ser tranquilamente ter sido uma Uzi, diz o empresário. A Caballero faz desde os tradicionais coletes até jaquetas de couro, paletós, casacos femininos e camisas. Os clientes VIP contam com roupas feitas a partir de tecidos de elaboração mais sofisticada, que são importados da Inglaterra e da Itália. “Os produtos utilizados nessas roupas são de qualidade comparada às de marcas como Hugo Boss e Armani”, diz Carolina Ballesteros, diretora do departamento de pesquisa e desenvolvimento da empresa. O material usado na blindagem varia de preço de acordo com a sua flexibilidade. Uma peça da chamada linha VIP, feita sob encomenda, pode custar até US$ 5 mil. Na loja mais tradicional de Londres, a Harrods, suas roupas chegam a ser vendidas por 5 mil libras. A empresa se distingue no mercado também por desenvolver roupas sobre as quais aplica do menor ao maior nível de blindagem disponível, sem que alguém desconfie que a pessoa está vestida para a guerra. Além da linha VIP, a Caballero fabrica todo o tipo de peças para as policias civil e militar, além de fazer blindagem de helicópteros e lanchas, capacetes para o exército e roupas de proteção sem blindagem para motoqueiros. Blindagem das roupas vai do menor ao maior nível disponível

57


58

Tecnologia

Cerco aos

piratas

Porto de Paranaguá, no Paraná, aprova projeto de segurança que inclui câmeras térmicas de tecnologia de ponta, leitura biométrica e um sistema capaz de checar placas de veículos e números de contêineres nas balanças e portas de entrada


Segurança Inteligente

Vista aérea do Porto de Paranaguá: novo sistema de segurança deverá entrar em pleno funcionamento em meados deste ano

59


60

Tecnologia

O

s portos são responsáveis por 90% do comércio exterior do Brasil. Junto com os produtos que entram e saem, gira um mundo que inclui os míticos piratas, hoje munidos de GPS e outros artefatos eletrônicos para cometer crimes como contrabando, imigração ilegal e tráfico de drogas. No Porto de Paranaguá, para enfrentar este aparato tecnológico dos criminosos uma arma se tornou indispensável: a própria tecnologia. O porto paranaense desenvolve um projeto de segurança que trará para os seus 424,50 quilômetros quadrados de área um sistema integrado com tecnologia e equipamentos selecionados entre os mais avançados do mundo. Câmeras térmicas, softwares para reconhecimento ótico de caracteres, leitores biométricos e 3.200 metros de cabos com sensores que detectam invasões estão entre as novidades que entrarão em funcionamento em meados deste ano, se todo o processo de aprovação e licitação seguir os prazos estabelecidos. “Vamos aplicar aqui o que existe de melhor no mercado mundial”, diz Ivan Plantes Machado, coordenador do plano de segurança do porto. Junto com a equipe que elaborou o projeto, ele visitou alguns portos brasileiros, como o de Itajaí, em Santa Catarina, e o de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, além de pesquisar e dialogar com várias empresas nacionais e internacionais do segmento para definir a estratégia a ser aplicada em Paranaguá. Por estar localizado em uma baía de águas calmas, contar com fauna e flora ricas e ser cercado de paraísos ecológicos ainda preservados, como as ilhas do Mel e Superagui, o Porto de Paranaguá é considerado menos vulnerável à entrada de piratas do que outros


Seguranรงa Inteligente

61


62

Tecnologia

Projeto de segurança prevê investimentos de R$ 25 milhões portos nacionais. “Portos abertos, como o de Santos, facilitam a ação de piratas e são mais difíceis de proteger”, explica Machado. Mesmo assim, é necessário reforçar a segurança. Em setembro passado, por exemplo, a Receita Federal apreendeu dois contêineres com 40 toneladas de mercadorias contrabandeadas. Um dos contêineres estava lotado de camisas esportivas, sandálias e bolsas de grifes falsificadas, em volume de valor estimado em R$ 2 milhões. No outro, foram encontrados cerca de 450 mil óculos de sol da marca Mormaii, um carregamento avaliado em R$ 20 milhões. Um mês antes, a Receita havia feito uma apreensão de 60 toneladas de produtos, entre óculos, roupas, carteiras, relógio e bolsas falsificados - uma carga orçada em R$ 10 milhões.

Para tornar mais difícil a passagem destas mercadorias pelo porto, o projeto não economizou: está previsto um investimento de R$ 25 milhões, o que fará Paranaguá o primeiro porto brasileiro a ter um plano com essa amplitude. Com isso, passará a seguir normas internacionais e atender a exigências da Comissão Nacional de Segurança Pública nos Portos, Terminais e Vias Navegáveis (Conportos), Polícia Federal, Receita Federal e Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). O sistema de segurança será integrado aos softwares de gerenciamento da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), responsável pela gestão do local. Com isso, será possível, por exemplo, controlar o acesso de caminhões a partir de informações que constam dos arquivos das empresas que usam os serviços do porto, agilizando os processos e tornando o tráfego de mercadorias mais seguro. Mais de 300 novas câmeras, além das 131 já existentes, passarão a emitir sinais de alarme para central de controle, que farão o monitoramento do porto. “Está prevista a contratação de 120 guardas, além dos 106 que já temos”, diz Machado.


Segurança Inteligente

Os novos recursos do Porto de Paranaguá Câmera vê no escuro

Palma da mão

Entre 330 e 320 câmeras cobrirão toda a área do porto. O destaque são as térmicas, capazes de detectar a presença de qualquer objeto, veículo ou pessoa que emite calor, por menor que seja, no escuro ou em condições adversas como uma área com fumaça ou nevoeiro. Com alcance entre 2.000 e 3.000 metros, elas mostram a silhueta da pessoa ou veículo, tanto em terra firme quanto na água

Os caminhoneiros só poderão entrar no cais após fazer a leitura biométrica da mão nas balanças de entrada. Antes, terão de fazer seu cadastro em três totens, que vão registrar a imagem da palma da mão para depois fazer a comparação

Retrato filmado As câmeras poderão registrar com detalhes o rosto de pessoas a até 200 metros de distância. Como a Receita Federal exige que as imagens sejam preservadas por 90 dias, no caso de roubos ou atos ilícitos a polícia poderá identificar os suspeitos

Fim das catracas Assim como nos metrôs, onde cada vez mais o acesso é feito por meio de portas em vez de catracas, o acesso de pedestres será realizado por meio de 16 portas giratórias, como as de bancos, chamadas de torniquetes. Oito já estão instaladas, e outras oito substituirão catracas

Alerta de invasão

Leitura de placas Os acessos e balanças terão equipamentos capazes de ler as placas do carros e o número de identificação dos vagões, com o OCR, sigla em inglês para Reconhecimento Ótico de Caracteres. As indústrias que enviam produtos deverão cadastrar as placas dos caminhões, o nome e o CPF dos motoristas e os números dos contêineres e dos vagões, criando um código de barras. Quando a carga chegar, o leitor ótico focará a placa e enviará dados ao sistema, que vai permitir ou não a entrada

Cerca de 3.200 metros de cabos com sensores de invasão, que alertam no caso de corte de tela ou de alguém pular os muros, serão instalados nos alambrados. Esses sensores também serão colocados em zonas críticas, e quando detectarem movimentos farão soar um alarme nas salas de controle e comando

Energia sem cortes O sistema de segurança não corre o risco de ser desligado em caso de queda de energia, porque o projeto inclui geradores

Conexão Câmeras IP, diretamente ligadas à internet, farão o monitoramento das áreas dos armazéns e de tráfego de veículos

63


64

Serviço

Lista de entrevistados

Eis os dados para contato com as pessoas entrevistadas nas reportagens desta edição de Segurança Inteligente. Se encontrar alguma dificuldade, por favor entre em contato conosco:

segurancainteligente@patriaeditora.com.br

Alexandre Tavares Artan (Pág. 40) Telefone:(11) 2972-7600

Claudiana Cruz dos Anjos (Pág. 46) Iphan/PI Telefone: (86) 3221-1404

Frederico Almeida (Pág. 46) Iphan/PE Telefone: (81) 3228-3011

Alfredo Deak Jr (Pág. 24) Polícia Militar (SP) Telefone: 3327-7063/7064

Eduardo Roberto Félix Griaule Biometrics (Pág. 35) Telefone: (19) 3289 2108

Glayson Nunes (Pág. 46) Iphan/MG Telefone: (31) 3222-2440

Carlos Caruso Especialista em segurança (Pág. 40) Telefone: (11) 3145-8400

Endrigo Duarte Ex-Sight (Pág. 18) Telefone: (11) 2236 1422

Ivan Plantes Machado (Pág. 58) Porto de Paranaguá/PR Telefone: (41) 3420-1102


Segurança Inteligente

(11) 3294-8033 www.abese.org.br

Rogério de Lima Mendes (Pág. 46) Igreja do Calvário/SP Telerfone: (11) 3085-1307

Yara Gonçalves Dias Consultora em segurança (Pág. 40) Email: yara@yarargdias.com.br

Maria Dorotéa de Lima (Pág. 46) Iphan/PA Telefone: (91) 3224-1825

Ulisses Nascimento Portal Escola Protegida/ Grans Nascimento Associados (Pág. 40) Telefone: (11) 3533-2568

Yumi Yamawaki Proa/PUC-PR (Pág. 40) Telefone: (41) 3014-0105

Mário Gazziro USP (Pág. 12) Telefone: (16) 3373-9700

Wagner Grans Giases (Pág. 40) Telefone: (11) 8376-0677

Marcos Cabral Marinho de Moura FPF (Pág. 18) Telefone: (11) 3393-1800

65


Agenda

66

Calendário de eventos da Associação Brasileira das Empresas de Segurança Eletrônica (Abese) para os meses de abril e maio www.abese.org.br

B

A

A - 12 de abril Simpósio Regional Abese - Sudeste São Paulo - SP B - 8 de maio Exposec São Paulo - SP

B

E



Nosso compromisso é proteger o seu negócio.

Rápido, Efetivo, Pró-Ativo, Antivírus e Antispyware Nossa premiada tecnologia pró-ativa garante a mais efetiva proteção contra vírus, spyware e outras ameaças da internet. O ESET NOD32 bloqueia a maioria das ameaças no momento em que elas são lançadas, evitando a contaminação instantânea, comum aos produtos concorrentes. Com uma operação simples e rápida, nós mantemos a produtividade de seus usuários e economizamos tempo de seu helpdesk. www.eset.com.br

copyright© 1992-2010 por ESET, LLC e ESET, spol s.r.o. Todos os direitos reservados.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.