Diário do Professor (8, 11 e 12 de Março)
Segunda-feira foi o verdadeiro começo do nosso estágio. Nesta semana, a responsabilidade pela orientação da turma ficou a cargo do João. Apesar do nervoso que este sentia, conseguiu mostrar uma calma aparente. Nas aulas de segunda-feira é sempre feito o Conselho de Planificação , e como não podia deixar de ser, o João iniciou a
aula com o mesmo. Ao discutir o primeiro dia da semana com os alunos, apercebeu-se que o J., aluno que estava responsável por apresentar à turma a sua história da Mala Era uma Vez… , não tinha trazido o texto. Esta situação deixou-o um pouco apreensivo em relação aos tempos que inicialmente tinha previsto para aquela aula. De forma a ganhar tempo, resolveu orientar o Conselho de forma mais lenta. Esta decisão não foi a mais acertada, pois a certa altura os alunos já não estavam a prestar a devida atenção àquele importante compromisso semanal. Nas marcações do Ler, Mostrar e Contar , o João provocou o H. para que este se inscrevesse. Este desafio foi muito importante, visto este ser o aluno que menos vezes se inscreve neste momento. Na alteração das tarefas semanais, o João primeiro alterouas no quadro, para então dizê-las aos alunos. Como esta operação ainda demorou um pouco, os alunos ficaram um pouco irrequietos.
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Na minha opinião, o Conselho de Planificação foi o momento da aula menos bem conseguido, pois com a preocupação da gestão do tempo, este teve uma duração maior do que a normal, tornando-se um pouco aborrecido, desprendendo a atenção dos alunos. Seguiu-se o momento de Escrita livre . Esta é uma ocasião em que
o
aluno
é
estimulado
para
a
produção
textual,
desenvolvendo uma relação positiva e pessoal com a escrita. Se o não se tivesse alongado, este momento
Conselho de Planificação
poderia ter sido explorado durante mais tempo. No decorrer da aula de Expressão Musical, pude constatar que uma das minhas iniciais preocupações em relação a esta metodologia de ensino eram inócuas. Sempre me questionei como é que estes alunos reagiriam a outra metodologia de ensino, sendo o mais provável na mudança de ciclo não terem, ou terem poucos professores com este método de trabalho. A postura da professora
de
música
é
completamente
diferente
da
nossa
cooperante, mas os alunos respeitam-na de igual forma. Na
Matemática
Colectiva
o
João
desafiou
os
alunos
a
descobrirem duas novas tabuadas, a do 5 e a do 4. Foi distribuída uma ficha de trabalho, onde a pares, os alunos tinham que descobri-las e registar as suas conclusões. Daquilo que observei ao circular pelos diferentes grupos de trabalho, não existiram muitas dificuldades para a resolução desse exercício.
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Terminada a investigação foram chamados diferentes alunos ao quadro para registar as conclusões a que tinham chegado. Os alunos copiaram para a ficha de trabalho aquelas que não tinham. Pudemos constatar que a ida dos alunos ao quadro não foi a melhor opção, visto alguns terem dificuldades e ritmos lentos na escrita, assim como a ida de um elemento, de cada vez, ao quadro distraía os restantes colegas. Como esta actividade demorou algum tempo, o João registou as diferentes conclusões da segunda tabuada no quadro. No Tempo de Estudo Autónomo acabei o trabalho que tinha começado com o J. na aula anterior. Como ainda tínhamos uma ficha sobre as horas para resolver, achei que seria melhor rever primeiro os “quartos de hora”, a “meia hora” e um “quarto para…”. Na resolução da ficha de matemática, o aluno não evidenciou nenhuma
dificuldade,
demonstrando que tinha
assimilado a matéria. Fiquei bastante satisfeita, pois para além de ele ter interiorizado aqueles conceitos sinto que consegui fazer um bom trabalho. No decorrer do trabalho senti algumas dificuldades para estabelecer a ordem naquele grupo de trabalho, pois estava constantemente a ser solicitada não só para ajudar, como também para conversar. Quando terminei o trabalho com o J., ajudei a B. a resolver uma ficha do manual de Língua Portuguesa, visto esta ter-se
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inscrito no registo “Preciso de ajuda para…”. Ao trabalhar com a aluna
apercebi-me
que
esta
não
apresentava
nenhuma
dificuldade para a realização daquela ficha, apenas queria que eu estivesse ao lado dela. Como já não é a primeira vez que situações como esta ocorrem, devo considerar a minha postura e participação no TEA . Para isso, antes de trabalhar com algum aluno, deverei analisar se este realmente precisa de ajuda ou se precisa apenas de atenção. Na aula de quinta-feira o João já se mostrou muito mais confiante, do que no dia anterior, conseguindo agarrar melhor a turma, assim como, gerir o ambiente. Esta aula iniciou-se com a habitual leitura do Plano do Dia . Ao contrário do Conselho de Planificação este momento foi muito mais dinâmico, pois foi lido ao ritmo adequado. Depois de executadas as tarefas os alunos apresentaram as suas produções no Ler, Mostrar e Contar . A T., o H. e o H leram textos. A T. apresentou um texto que tinha feito com os cartões, este apresentava-se bastante completo. O H. apresentou o 2º capítulo de uma história, como este estava muito curto, o João ofereceu-se para o ajudar no Tempo de Estudo Autónomo a melhorar o texto. Uma das finalidades deste circuito de comunicação é a de detectar falhas como estas, para mais tarde serem trabalhadas com o professor ou com outro aluno. O texto do H. também estava muito bom, ao que o João
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aproveitou para o elogiar dizendo que quando ele quer consegue fazer trabalhos bem feitos e que devia continuar assim. Para “surpresa”.
este
momento,
Apresentaram
seis um
alunas
prepararam
momento
musical,
onde
uma três
tocavam flauta, duas dançavam e uma era a mestrina. Estes momentos são sempre os mais difíceis de comentar, visto serem momentos que não observámos a Sofia a comentar. Terminado este Circuito de Comunicação , foram distribuídas aos alunos as sistematizações das tabuadas do 4 e do 5 para eles as colarem
nos
cadernos
e
completarem.
Em
seguida
o
João
explicou-lhes como iria ser realizado o Bingo das Tabuadas, assim como o seu objectivo, que seria a consolidação das tabuadas do 4 e do 5 de uma forma lúdica e divertida. Durante o
decorrer
do
jogo,
apercebermo-nos
conseguimos
das
dificuldades que alguns alunos sentiram ao efectuarem algumas operações. Após o intervalo, no tempo de Língua Portuguesa , o João distribuiu aos alunos nove gravuras que estes tinham que ordenar
para
contarem
actividade estimular
uma
tinha a
história. como
Esta
objectivo
criatividade
dos
alunos, assim como a interpretação de
imagens.
Ao
ler
as
diferentes
histórias vimos que elas estavam todas
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diferentes,
e
que
qualquer
uma
fazia
sentido.
Com
esta
actividade, para além de trabalharmos a construção de textos, também
pudemos
constatar
que
a
interpretação
é
algo
individual, pois cada um tem a sua representação. No Tempo de Estudo Autónomo trabalhei mais tempo com a T. e a C., porque ao corrigir os seus PIT’s apercebi-me que estas precisavam de ajuda para melhorar dois textos que tinham feito em conjunto. Antes de fazermos alguma alteração aos mesmos, pedi-lhes
que
o
lessem
para
ver
se fazia
algum
sentido.
Inicialmente elas disseram-me que sim. Claro que esta era a resposta mais previsível, pois como tinham sido elas a o escreverem, sabiam quais eram as suas ideias. Depois de lhes ter explicado que tinha dificuldades em entender aquilo que elas queriam transmitir e de voltar a ler-lhes o texto, concordámos as três que ficaria melhor se o alterássemos. Assim, em consenso, reformulámo-lo para que fizesse sentido para todos. No resto do TEA fui ajudando quem ia solicitando a minha ajuda.
Antes da Educação Física houve a apresentação de um livro e da história da mala “Era uma vez…”. O H. apresentou o livro “O Leão e a Raposa”. O principal objectivo deste momento é os alunos mostrarem aos colegas, livros que estes ainda não conhecem, de forma a suscitar a sua curiosidade para os lerem. O J., com a ajuda dos pais, escreveu na mala das histórias um conto dos meses do ano. Gostei imenso desta narrativa, pois
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estava
bastante
imaginativa
assim
como
engraçada.
Achei
bastante interessantes as personagens terem as características dos meses do ano. Na sexta-feira, depois da habitual leitura do Plano do Dia , das parcerias e da execução das tarefas, assistimos ao Ler, Mostrar e Contar . Todos os alunos inscritos leram textos. O F. leu o terceiro
capítulo de “O Rato e o deserto infinito”, a A. R. leu uma receita de bolinhos de chocolate, a M. leu o texto “As árvores” e a H. “O nascimento dos bebés. Todos os comentários que o João fez às apresentações iam ao encontro da minha opinião, assim como das necessidades dos alunos, contribuindo assim para a evolução das suas aprendizagens. O terceiro capítulo do F. estava um pouco confuso, o que o aluno também admitiu. A receita da A. R., para além de ser uma boa maneira de treinar a leitura funcional, impulsionou o João a propor no Diário de Turma a elaboração de um livro de receitas. O texto da M. estava muito completo e imaginativo. E em relação
ao
texto
da
H.,
a
primeira
frase
não
estava
em
concordância, pois a aluna dizia que num dia tinham nascido 3 bebés mas todos tinham idades diferentes. Penso que este erro deve-se ao facto de os alunos começarem os seus textos quase sempre da mesma maneira.
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A
apresentação
de
que
projecto
assistimos neste dia de aulas foi ao das “Pinturas Abstractas”. A A. R. e a B.
apresentaram
continha
um
um breve
cartaz
que
resumo
do
aparecimento das pinturas abstractas, assim como
alguns
dos
artistas
mais
conceituados
8 nesta
área
(kandinsky, Miró e Picasso). Para completar a sua apresentação as alunas pintaram duas telas e mostraram uma chávena com uma pintura de Miró. Depois de tiradas as dúvidas e feitos os comentários, as alunas ajudaram os colegas na resolução da ficha de trabalho do projecto. Depois do intervalo, enquanto uns alunos continuaram na elaboração dos seus projectos, os restantes trabalharam no PIT . Como alguns projectos já foram apresentados e os pares de trabalho têm que ser sempre diferentes, existem alunos que estão à espera de outro par de trabalho. Neste primeiro tempo estive com o grupo que está a trabalhar os “Artefactos Valiosos”. Estivemos a ver alguma informação que seria importante para o projecto. Depois estive a trabalhar com o R., não que este tivesse alguma dificuldade específica, mas para motivá-lo a trabalhar mais e para orientá-lo na escolha dos trabalhos a realizar.
No Tempo de Estudo Autónomo estive a trabalhar com as B. as
tabuadas, pois esta demonstrou no jogo do “Bingo das Tabuadas” algumas dificuldades nos cálculos. Primeiro começámos pelo preenchimento de uma tabela com as diferentes tabuadas (1, 2, 3, 4 e 5), onde a aluna mostrou imensa dificuldade no cálculo mental, recorrendo constantemente ao uso do algoritmo para fazer somas sucessivas. A tabuada onde a aluna mostrou menos dificuldade foi na do 2 e na do 3, o que é curioso pois foi a do 3 ainda não foi trabalhada. Penso que isso demonstra que o dobro
e
o
triplo
Seguidamente
a
são
aluna
matérias esteve
que a
a
tentar
aluna
já
resolver
domina. diferentes
tabuadas sem recorrer ao algoritmo, mas foi algo que demorou imenso tempo a fazer. Como o problema estava no cálculo mental estivemos a fazer contagens de quatro em quatro e depois de cinco em cinco. Na próxima aula continuaremos a trabalhar o cálculo mental. Na parte da tarde o João orientou o Conselho de Cooperação . Este momento é o mais difícil de gerir, pois para além do papel de mediador ser difícil, é uma corrida contra o tempo. Depois de
os alunos avaliarem o PIT , quatro mostraram em pormenor o seu trabalho à turma. Destes quatro alunos apenas uma aluna conseguiu fazer tudo aquilo que tinha marcado. Esta situação demonstra que existe uma má organização de trabalho e de tempo.
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Depois de avaliadas as tarefas foi lido o Diário de Turma . Na
coluna do Não Gostei estava muita coisa escrita, mas a maior parte já tinha sido resolvida. Depois de discutidos e mediados todos os conflitos, foram lidas as colunas do Fizemos , das Propostas e do Gostei . A gestão do Conselho é sempre um momento difícil, não
apenas porque o tempo urge mas também o papel de mediador, de regulador na gestão de conflitos é um papel que necessita de alguma experiência. Terminado o Conselho a S. alertou-nos para que deveríamos ter
cuidado
com
aquilo
que
dizemos,
pois
pode
ser
mal
interpretado. No meu caso eu disse ao R. que se ele se esforçasse podia ser o melhor aluno. Quando disse isto não pensei nas consequências que as minhas palavras poderiam ter, visto isto poder desmotivar os restantes alunos. O que eu queria dizer é que se ele se esforçasse ele poderia ser um aluno melhor, mas não soube me expressar da melhor maneira, o que passou a ideia de o R. poder ser o meu favorito. Este assunto deixou-me preocupada, pois não quero passar ideias erradas aos alunos. Naquela turma não tenho favoritos e preocupo-me com todos os por igual. Mas faz-me pena um aluno com as capacidades que o R. tem desperdiçá-las devido ao seu comportamento. É-me difícil comentar a prestação do João por diversos motivos. Apesar de ser a sua semana a orientar a turma eu também estive empenhada a trabalhar com eles, o que me
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dificultou observá-lo constantemente. Ao reflectir sobre esta semana de estágio, estive quase sempre a falar de mim e do meu ponto de vista, reflectindo pouco sobre o desempenho do meu colega. Mas daquilo que pude observar ele apenas falhou na Planificação Semanal , devo aprender com os seus erros para não a
comete-los. Na quinta e na sexta-feira, as aulas correram muito bem, e segundo os comentários da nossa cooperante, nesses dias não existiram falhas.
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