CONEXテグFAP - 1
2 - CONEXテグFAP
CONEXテグFAP - 3
Diretor Geral: Eber Cocareli Diretor Acadêmico: Miguel Valione Junior Coordenadores:
Expediente
Jornalismo: Patrícia Paixão Publicidade e Propaganda: Miguel Valione Junior Rádio, TV e Internet: Marcos Corrêa Coordenadora editorial: Patrícia Paixão Editor-chefe: Júlio Basílio Repórteres: Juliano Barroso, Júlio Basílio, Karina Martins e Vagner Ninas Redatores: Marcos Aurélio e Odair Ramos Fotógrafos: André Guimarães e Juliano Barroso Diagramação e Arte Gráfica: Washington Corrêa Tiragem: 1.000 exemplares Periodicidade: Semestral Distribuição: Gratuita Impressão: Grafama
Editorial Caro leitor, Com muito orgulho e satisfação, apresentamos a primeira edição da revista Conexão FAP, uma publicação semestral da FAPSP (Faculdade de Comunicação), voltada a profissionais e estudantes das áreas de Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Rádio, TV e Internet e Relações Públicas. Idealizada pelos alunos do 8º semestre de Jornalismo da instituição (formados em 2013) Júlio Basílio, Juliano Ramos, Karina Martins, Marcos Aurélio Barbosa, Odair Ramos e Vagner Ninas, como Trabalho de Conclusão de Curso, a Conexão FAP pretende se tornar uma referência para todos que atuam ou desejam trabalhar no mercado de Comunicação, apontando tendências e trazendo análises interessantes sobre a área. Este é um mercado que a cada dia vem surpreendendo, em especial pelo avanço das novas tecnologias de Informação e Comunicação e das mídias sociais. A Conexão FAP visa espelhar as transformações da área, apontando os principais acontecimentos do setor e trazendo a opinião de profissionais renomados. Esta primeira edição traz diversas matérias interessantes, como a entrevista com o mestre Eli Correa, da Rádio Capital. O “homem sorriso do rádio” conta qual é o segredo para se manter no ar por mais de 40 anos como líder de audiência e avalia o atual mercado de Rádio, TV e Internet. Em Acontece na FAP você encontrará uma reportagem sobre o destaque que a faculdade vem conquistando no mercado de ensino superior, em face de seu projeto diferenciado, que agrega qualidade de ensino à ótima infraestrutura tecnológica, mensalidade acessível e boa localização. A instituição teve seus cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda reconhecidos com nota 4 pelo MEC (Ministério da Educação) e seus alunos têm conseguido importantes conquistas. Na editoria Jornalismo, trazemos uma entrevista
com Goulart de Andrade, o pai do plano sequência e de outras técnicas revolucionárias no nosso telejornalismo. O jornalista fala sobre sua trajetória de ousadia e inovação e sobre como está sendo passar sua experiência de mais de 50 anos de TV para estudantes de Comunicação, no programa Vem Comigo, da TV Gazeta. O premiado diretor de Criação da Ogilvy, Fábio Seidl, é o destaque da seção Publicidade e Propaganda. Ele faz uma análise da área de PP e oferece dicas valiosas para quem deseja ser um publicitário de sucesso. Em Perfil, o leitor irá conhecer a trajetória da jornalista Glória Vanique, repórter e apresentadora do SPTV 1ª Edição, da Rede Globo. Ela, que começou em emissoras do interior de São Paulo, tem sido considerada um dos destaques da nova geração de repórteres da Globo. Na seção Opinião, o colunista do jornal Agora e da Bandnews Vitor Guedes faz uma análise de como os jornalistas devem se preparar para a Copa do Mundo de 2014 e, na editoria Relações Públicas, o presidente da Associação Brasileira de Relações Públicas explica como está o mercado de RP no Brasil e o que é esperado dos futuros profissionais. Esperamos que aprecie esta nossa primeira edição. Boa leitura!
Sumário
Acontece na FAP:
Publicidade e Propaganda:
08
20
Projetos inovadores e cursos reconhecidos pelo MEC com nota 4 destacam faculdade no mercado de ensino de Comunicação.
Fábio Seidl, diretor de Criação da agência Ogilvy, aponta o que o mercado espera dos novos publicitários.
12 MERCADO:
Especialistas oferecem dicas valiosas para conseguir um estágio.
36 PRATELEIRA:
Confira alguns livros interessantes sobre a área de Comunicação.
34 PERFIL:
Conheça melhor a repórter Glória Vanique, um dos destaques do SPTV 1ª edição, da Rede Globo.
Jornalismo:
Acompanhe a trajetória de Goulart de Andrade e saiba por que ele revolucionou o telejornalismo brasileiro.
15
Rádio, TV e Internet
Eli Correa fala sobre sua paixão pelo rádio e aconselha os futuros profissionais da área.
28
24 RELAÇÕES PÚBLICAS:
Presidente da Associação Brasileira de Relações Públicas analisa esse mercado no Brasil.
32 TECNOLOGIA:
Colunista do Grupo Estado fala sobre convergência tecnológica.
38 OPINIÃO:
Vitor Guedes: “Jornalista nunca para de se preparar”.
ACONTECE NA FAP
FAPSP Com qualidade atestada pelo MEC,
vem se destacando entre Faculdades de Comunicação
juliano barroso / montagem sobre foto de internet
Entre os diferenciais da instituição estão corpo docente qualificado, recursos multimídia, mensalidade acessível e localização estratégica
8 - CONEXÃOFAP
ACONTECE NA FAP
C
Juliano Barroso e Júlio Basílio
riada em 2009 com a proposta de oferecer cursos de Comunicação, com qualidade de ensino, localização estratégica, boa infraestrutura e mensalidade acessível, a FAPSP (Faculdade de Comunicação) começa a colher resultados gratificantes dos projetos desenvolvidos por seus alunos e professores. Em avaliação feita pelo Ministério da Educação (MEC) nos meses de agosto e setembro de 2013, para reconhecimento dos cursos de Publicidade e Propaganda e Jornalismo, a faculdade obteve conceito 4 (a avaliação do MEC vai até 5), uma nota almejada por instituições tradicionais, que estão há muito mais tempo no mercado. Localizada no centro de São Paulo, à rua Barão de Itapetininga (próximo aos metrôs República e Anhangabaú), a FAP oferece ainda o curso de Rádio, TV e Internet. “A nota que obtivemos mostra que nossa proposta de qualidade de ensino é uma realidade. Escolhemos um caminho, que é o da excelência”, destaca o diretor geral da instituição, Eber Cocareli. O professor da FAPSP Adilson Almeida, que há quatro anos atua como avaliador do MEC, destaca a rigidez e seriedade da avaliação feita pelo Ministério da Educação, e afirma que o conceito 4, na atual conjuntura do ensino superior do país, é uma nota difícil de ser conquistada. “O INEP, que é o órgão do Governo que controla isso, impõe critérios rígidos para os avaliadores das instituições de ensino superior. A avaliação do curso de uma instituição é dividida basicamente em três momentos. Resumindo bastante, o avaliador verifica in loco o projeto pedagógico do curso num primeiro nível, a capacitação e experiência do corpo docente em um segundo momento e, em uma terceira etapa, a infraestrutura da instituição. Em cima disso, ele dá um conceito que vai de 1 a 5: 1 é não existente, 2 é insuficiente, 3 suficiente, 4 é muito bom e 5 é excelente. Uma nota 4 para uma faculdade, na atual conjuntura da educação do Brasil, é uma nota muito boa. Já passei por vários processos de reconhecimento e até hoje eu apenas aprovei um curso com nota 4. É uma dificuldade para um avaliador dar esse conceito, porque ele representa que o curso está além daquilo que é necessário de qualidade”, explica Adilson. Corpo docente qualificado e projetos inovadores O bom desempenho da instituição é resultado
de uma proposta de ensino diferenciada, da qual fazem parte projetos inovadores e um qualificado time docente. Noventa por cento do corpo docente da faculdade é formado por mestres e doutores graduados e pós-graduados nas principais instituições de ensino do país, com reconhecida experiência no mercado de Comunicação, tendo passado e estando atuando em empresas como Globo, Folha de S.Paulo, Record, entre outras. Outro diferencial da instituição é instigar o aluno a colocar em prática os ensinamentos acadêmicos passados em aula, criando peças e produtos com projeção no mercado, que se tornem importantes jobs para o seu portfólio. “Podemos citar dois exemplos de projetos inovadores feitos por nossos alunos, que aliam teoria à prática. Um é o livro Mestres da Reportagem, feito pelos estudantes de Jornalismo, que hoje estão no 6º e no 8º semestre. O outro são as peças da campanha que os alunos de Publicidade e Propaganda fizeram para divulgar a faculdade. Não é toda instituição que dá oportunidades desse tipo a seus discentes, de fazer projetos com repercussão na mídia”, ressalta a coordenadora do curso de Jornalismo, Patrícia Paixão. Com prefácio do “repórter do século” José Hamilton Ribeiro, o livro “Mestres da Reportagem reúne 30 entrevistas com os principais nomes da reportagem brasileira, dentre eles Eliane Brum, Ricardo Kotscho, Roberto Cabrini, Valmir Salaro, Ernesto Paglia, Sônia Bridi e Goulart de Andrade. A obra, lançada em novembro de 2012, teve ampla repercussão na mídia, sendo destacada duas vezes no programa Domingão do Faustão (Rede Globo), além de ter sido noticiada pela revista Imprensa, Observatório da Imprensa, Portal dos Jornalistas, Portal Imprensa, Comunique-se, Folha de S.Paulo, dentre outros veículos. Boa infraestrutura e mensalidade baixa Todas as salas de aula da FAP são multimídia. Os laboratórios de informática e estúdios de Rádio, TV e Fotografia da faculdade são equipados com softwares da linha Adobe Design Collection CS5 e equipamentos de ponta, como câmeras Sony XXR-NX5, utilizadas pelas principais emissoras e produtoras brasileiras. Os alunos têm acesso à internet wi-fi em todo o campus da faculdade, inclusive às redes sociais (acesso que é restringido pela maioria das instituições). Boa parte dos trabalhos e estratégias de ensino da instituição é aplicada e divulgada no Facebook. A FAPSP ainda se destaca pela relação custo-
CONEXÃOFAP - 9
ACONTECE NA FAP
benefício. Sua mensalidade é baixa (R$ 590,00) pela qualidade de ensino que a instituição oferece. “Hoje temos projetos e trabalhos que nos destacam positivamente em relação a faculdades tradicionais da área de Comunicação, sendo que nossa mensalidade é bem inferior à dessas instituições. Nosso objetivo é exatamente esse: garantir um excelente ensino na área de Comunicação, mas que seja acessível a todos os estudantes”, explica o diretor acadêmico, Miguel Valione Junior.
A FAPSP conta também com projetos de extensão à comunidade. Os alunos de Jornalismo fazem um jornal voltado aos trabalhadores e moradores do centro de São Paulo, o Estação Centro (classificado pela Expocom Sudeste entre os cinco melhores jornais-laboratório da região), e a instituição realiza eventos gratuitos, abertos ao público como o Café Cultural – que debate assuntos pertinentes ao mundo do trabalho; e o programa “Aprender e Empreender” – que ajuda a pessoa a estruturar seu próprio negócio.
juliano barroso
Projetos de extensão à comunidade
“A nota que obtivemos mostra que nossa proposta de qualidade de ensino é uma realidade”, Eber Cocareli, diretor geral da FAPSP
#FAPSP na Amazônia! O aluno Eduardo Rodrigues, do 6º semestre de Jornalismo da FAPSP (período noturno), ganhou uma viagem para a Amazônia como resultado do seu bom desempenho na 7ª edição do curso “Descobrir a Amazônia – Descobrir-se Repórter”, do Projeto Repórter do Futuro, que é organizado pela ONG Oboré. Ele foi um dos 17 estudantes escolhidos para fazer a viagem, dos 83 alunos de diferentes instituições de ensino que concorreram à 7ª edição do curso. Durante o período em que ficou no local (de 20 a 25/10), Eduardo teve a oportunidade de ir a campo para conhecer de perto a realidade amazônica, estudada durante o curso. Visitou pontos estratégicos das Forças Armadas, como o Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) e o Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA), assistiu a diversas palestras, promovidas pelos comandos militares e pela base aérea de Manaus e esteve em povoados como Lauaretê, no município de São Gabriel da Cachoeira (AM). “Fiquei muito contente por ser selecionado. Ir à Amazônia, ainda em início de carreira, e exercitar o feeling de repórter no meio de tanta diversidade, foi um grande desafio, mas, ao mesmo tempo, instigante. Isso é ser jornalista de verdade, conviver com a diversidade e se apaixonar por ela”, comemorou Eduardo Rodrigues. 10 - CONEXÃOFAP
ACONTECE NA FAP
#Prêmio na Expocom Sudeste 2013 Além da boa avaliação do MEC, a FAP vem se destacando em eventos acadêmicos da área de Comunicação. Na Expocom Sudeste 2013 (reconhecido congresso estudantil de Comunicação, pertencente à INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação), a instituição teve seis trabalhos (dos dez que foram enviados ao congresso) indicados como melhores da região, e venceu o prêmio regional com o trabalho “Caravaggio na visão de estudantes de RTVI”, feito por alunos do 4º semestre do curso de Rádio, TV e Internet, uma remontagem da famosa tela “São Francisco em Meditação”, do pintor italiano. Realizado durante as aulas dos professores Renato Negrão e Dalmo Lazarini, nas disciplinas Técnicas de Fotografia e Iluminação II e Dramaturgia e Direção de Atores, a remontagem fez os estudantes trabalharem com a questão da dramaticidade e o contraste entre luz e sombra presentes na tela do pintor.
Mais sobre a FAPSP
+
A FAPSP está localizada na Rua Barão de Itapetininga, 163, 1º andar, no Edifício Louzã, República, São Paulo, SP.
Corpo Dirigente: Diretor Geral – Prof. Eber Cocareli Diretor Acadêmico – Prof. Miguel Valione Junior Secretária Acadêmica – Andrea Lubrano de Castro Coordenadores de Curso: Jornalismo – Profª Patrícia Paixão Rádio, TV e Internet – Prof. Marcos Corrêa Publicidade e Propaganda – Prof. Miguel Valione Junior
juliano barroso
CONEXÃOFAP - 11
MERCADO
Dicas
para conseguir um estágio em comunicação Zelo com a gramática e a ortografia é um dos principais cuidados a serem tomados
A
Júlio Basílio e Vagner Ninas
s empresas de comunicação estão cada vez mais exigentes na hora de contratar um estagiário. Além dos desafios impostos pelas novas tecnologias, que levam o mercado a demandar do jovem o domínio da Internet, tablets e outros meios, exige-se do candidato um perfil diferenciado, que demonstre segurança e foco em seus objetivos. “É preciso mostrar que você fará a diferença sendo contratado, transmitir segurança ao empregador. O mercado busca profissionais com foco na carreira, que saibam aplicar os conhecimentos adquiridos na formação acadêmica e tenham vontade de crescer profissionalmente”, afirma o head de marketing da Catho, Luís Testa. Há outros requisitos que são observados como bom relacionamento interpessoal, trabalho em equipe, conhecimento de informática e idiomas. Testa acrescenta que é importante que o profissional seja curioso, trabalhe pela conquista da experiência e esteja aberto a mudanças. “Nem sempre a área em que o profissional iniciará sua carreira é a que realmente ele tem vocação. No dia a dia é que ele descobrirá o que gosta de fazer”. Para a executiva de contas da S2Publicom (uma das maiores empresas de comunicação do Brasil), Daniela Micheleto Marques, um estagiário precisa, acima de tudo, estar interessado em aprender, ser responsável e demonstrar proatividade. “Tem que ser humilde e generoso. É importante ainda que não se acomode, mostre disposição em colaborar e, uma característica que deve procurar manter por toda a vida: entregue mais do que lhe peçam. Essa é a característica de alguém comprometido e interessado”. Os erros de português são um dos principais problemas apontados pelo head de marketing da Catho nos estagiários que tentam hoje uma vaga no mercado. “Segundo a Pesquisa dos Executivos de 2011, numa escala de 0 a 10, os recrutadores consideram erros de português com 7,3 de gravidade. Isso pode prejudicar muito o candidato na hora da seleção. É importante que o candidato saiba se comunicar adequadamente”, destaca Testa. Daniela avalia a opinião do head de marketing da Catho. “Infelizmente tem muito estudante que comete erros de ortografia e gramática. Em qualquer área isso é grave. Em comunicação, então, é inaceitável”. Ela aconselha: revise mil vezes seu currículo e peça para alguém fazê-lo também. Pode ser um professor,
12 - CONEXÃOFAP
MERCADO
ARQUIVO PESSOAL
“Tem que ser humilde e generoso. É importante ainda que não se acomode. Mostre disposição em colaborar” Daniela Micheleto Marques
um amigo que já esteja trabalhando e seja mais velho e experiente, enfim. Leia muito e escreva, nem que seja num blog pessoal. É muito importante praticar e desenvolver sua habilidade em redação”. O head de marketing da Catho lembra também que o uso de um vocabulário informal pode desqualificar o recém-formado: “É necessário precaução, já que o trabalho trata-se de um ambiente formal e exige um vocabulário sem gírias e outras informalidades”. Copa do Mundo e Olimpíadas Nos próximos anos a área de comunicação passará por um verdadeiro teste de fogo, pois o Brasil será palco de grandes eventos esportivos mundiais. Neste ano recebeu a Copa das Confederações. Em 2014 a Copa do Mundo de Futebol e, em 2016, as Olimpíadas. Os holofotes de toda imprensa mundial estarão voltados para o Brasil, o que aumentará a exigência do domínio de idiomas por parte dos novos profissionais. Como muitas pessoas estarão buscando oportunidades para crescer profissionalmente com
o evento, Daniela explica que se darão bem aqueles que tiverem capacidade de inovação: “Se destacará no mercado de comunicação quem tiver a capacidade de extrapolar o óbvio, quem puder evitar o mais do mesmo, por exemplo, explorando a comunicação digital. Tenho observado um número cada vez maior de profissionais atuando em comunicação digital, mas, se você fala especificamente de Copa do Mundo, ainda não vi nenhuma iniciativa”. Na opinião da executiva de contas da S2Publicom, os jovens que desejam atuar na Copa precisam, primeiramente, gostar de futebol. “Se não gosta, não tem como atuar na Copa com prazer. E não tem nada pior do que ler um texto burocrático, em que você sente que nem mesmo o jornalista teve prazer em produzir”. Ela acredita que o evento será uma chance valiosa, que não pode ser desperdiçada. “Acredito que vai ser a primeira oportunidade que muitos terão em participar na cobertura de um evento mundial. Dessa forma, os que souberem aproveitar, aprenderão muito com a dinâmica do evento e com as equipes internacionais”.
COMO AGIR NO MOMENTO DA ENTREVISTA PARA UMA VAGA DE EStágio
• Ser educado, falar pausadamente e explorar ao máximo sua experiência profissional (ou conhecimentos acadêmicos).
• Ser um bom ouvinte. Não interromper o entrevistador em hipótese nenhuma e falar o necessário: nem muito, nem pouco. • Ter uma postura séria e profissional, mas agir com naturalidade e não se surpreender com as perguntas do entrevistador. • Evitar cometer erros de gramática e ortografia.
CONEXÃOFAP - 13
14 - CONEXテグFAP
JORNALISMO JORNALISMO
ENTREVISTA COM GOULART DE ANDRADE
“Sou um insistente sobrevivente” juliano barroso
O apresentador do programa Vem Comigo destaca a humildade como principal qualidade de um jornalista e, aos 80 anos, diz que “ainda tem chão pra burro”
H
Juliano Barroso e Júlio Basílio
á 57 anos no ar, tendo passado pelas principais emissoras brasileiras, dentre elas Rede Globo, Rede Record, SBT, Bandeirantes, Gazeta e as históricas TV Rio e Tupi, Luís Filipe Goulart de Andrade foi idealizador de muitas das técnicas e linguagens utilizadas hoje no nosso telejornalismo. Aventurou-se a encarnar diversas situações retratadas em suas reportagens, disfarçando-se de travesti, palhaço, presidiário, entre outros ofícios, no quadro “na pele do lobo” (técnica hoje conhecida como “repórter infiltrado”). Criou o famoso plano sequência (filmagem, sem cortes, que vai mostrando para o público tudo o que o repórter está vendo, como se fosse um olhar eletrônico) e foi o primeiro a propor um programa para a madrugada (o Comando da Madrugada, que passou por várias emissoras, tamanho foi o seu sucesso, e tratou de temas polêmicos, quase proibidos na década de 80), horário até então considerado morto na programação das tevês nacionais. O repórter, que começou sua trajetória num pequeno jornal de Copacabana (no Rio) de nome Beira-mar, hoje oferece a estudantes de Jornalismo a chance de reproduzirem suas matérias históricas, atualizando temáticas importantes, como a
vida dentro de um hospital psiquiátrico, no programa Vem Comigo (nome que resgata seu bordão à frente do Comando da Madrugada), exibido pela TV Gazeta. Nesta entrevista, o jornalista fala sobre a sua trajetória de ousadia e coragem, destacando a humildade como a maior qualidade de um repórter: “Nunca deixe a fama subir à cabeça. A fama de um repórter é exclusivamente em relação à atividade que ele cumpriu ou está cumprindo. E que ela não seja um presente, um troféu”. Octagenário, mas com o espírito de um jovem de 18 anos, diz que ainda tem muita estrada no Jornalismo: “Sou um insistente sobrevivente. Eu só tenho 80 anos, então ainda tenho chão pra burro”. Conexão FAP: Sua carreira no Jornalismo foi toda marcada pela ousadia. Você fez diversas reportagens inovadoras. Entrou em um caixão em uma matéria sobre funerais, resolveu gravar sua própria cirurgia de ponte de safena [ao descobrir que estava enfartando, durante uma entrevista com o cardiologista Euryclídes de Jesus Zerbini, para o programa Domingo Gente, da Rede Globo]. Falta ousadia hoje no nosso Jornalismo? Goulart de Andrade: Eu não comento o trabalho
CONEXÃOFAP - 15
JORNALISMO PUBLICIDADE E PROPAGANDA
dos outros. A minha têmpera é de ser um cara muito curioso, honesto, ético e aventureiro. Todo o meu trabalho foi desenvolvido em cima disso. Na época, quando eu fazia essas matérias, elas eram ousadas porque ninguém ainda as tinha feito. Mas elas estão aí no cotidiano das pessoas. Um caixão de defunto está no cotidiano do ser humano. Você, para ser enterrado, vai precisar de um, certo? Então qual é o problema de se deitar em um caixão? É só um pedaço de madeira. Conexão FAP: Essas matérias quebraram tabus e só é possível quebrar tabus, se houver coragem. Qual é a importância da coragem para o jornalista? GA: É muito importante. E, além dela, a curiosidade e a humildade principalmente. Porque o repórter é um instrumento. Ele não é um ator. Ele é um instrumento que leva aquela informação às pessoas que estão interessadas. Então, essa humildade é necessária. Eu costumo dizer que meu trabalho é um ofício, como de um sapateiro, um vidreiro, um amolador de faca. Se você levar isso, com essa natureza, vai perceber que você não é nada. E foi assim que pautei a minha carreira inteira. Nunca deixe a fama subir à cabeça. A fama de um repórter é exclusivamente em relação à atividade que ele cumpriu ou está cumprindo. E que ela não seja um presente, um troféu. Um repórter tem que ser humilde.
“O repórter é um instrumento que leva a informação às pessoas que estão interessadas, ele não é um ator; Então, a humildade é necessária.” Conexão FAP: Comparando o jornalismo que você fez no passado na TV com o que se faz hoje, o que mudou? GA: O meu estilo de trabalho é muito particular. Ele antecede as regras que hoje estão colocadas. Porque minha atitude é convenientemente despojada. Isso que deu um registro de marca, uma assinatura. Não dá para comparar o meu jornalismo com o jornalismo da televisão, tanto no passado como no presente. Eu tenho um estilo. Conexão FAP: Hoje alguns programas como A Liga, da TV Bandeirantes, e o Profissão Repórter, da TV Globo usam uma invenção sua: o plano sequência. Qual é a sua opinião sobre isso? GA: É um estímulo que eu deixei para ser observado e não imitado. O plano sequência nada mais é do que você economizar tempo e dar ao expectador a
16 - CONEXÃOFAP
“Nunca deixe a fama subir à cabeça. A fama de um repórter é
ideia de que ele está ali. É como se o telespectador entrasse no cenário filmado olhando e ouvindo tudo, sem cortes. O cinegrafista faz uma trajetória contínua, sem parar para fazer determinado close. Ele vai indo, vai mostrando. Esse foi o estilo que criei e que hoje é considerado como uma marca no jornalismo televisivo. Não fiz de propósito para ganhar mérito. Fiz para ganhar tempo. Não dava tempo de editar, então aquilo que vinha da rua já ia para o ar direto. Eu tinha que fazer um plano sem corte, passando a informação correta. Para isso, eu tinha um câmera man habilidoso, o Capeta [cinegrafista Jorge Duarte, que foi companheiro inseparável de Goulart – hoje falecido]. Ele era uma extensão minha, de pensamento e de alma. Pra ele era uma honra fazer uma coisa que tinha acabado de nascer. O plano sequência foi feito por grandes cineastas. Tem um filme chamado A arca russa, que tem três horas de duração. É um plano sequência
juliano barroso
JORNALISMO
exclusivamente em relação à atividade que ele cumpriu ou está cumprindo”.
sem corte nenhum em três horas. Pra fazer isso, o cara precisa ter muito talento e competência. Conexão FAP: Você citou seu amigo, o cinegrafista Capeta, que o acompanhou em muitas reportagens. Qual é a importância de saber trabalhar em equipe no Jornalismo? GA: É fundamental. O Jornalismo na TV é composto de núcleo. E, como diz a palavra, um núcleo não é um sozinho. Ninguém sozinho faz um trabalho conveniente jornalisticamente. Então, naturalmente, a equipe é a pessoa. Não existe a pessoa sozinha. Existe um grupo. O meu era pequenino, éramos em três pessoas. Conexão FAP: E apenas três pessoas davam contam de fazer todas as grandes reportagens que assistíamos no Comando da Madrugada?
“Minha atitude é convenientemente despojada. Isso que deu um registro de marca, uma assinatura. Não dá para comparar o meu jornalismo com o jornalismo da televisão, tanto no passado como no presente. Eu tenho um estilo.” GA: Sim, especialmente no início do programa. Lembro-me que era eu, o Capeta e o Canalha. No começo éramos tratados como um adendo na Globo. Depois, quando o programa fez sucesso, mudaram o tratamento conosco. Recebíamos a câmera à uma hora da manhã e eu perguntava: Vamos para aonde, Capeta? E então resolvíamos ali na hora para aonde ir. Não havia pauta. Simplesmente saíamos para descobrir a madrugada. Eu me lembro claramente
CONEXÃOFAP - 17
JORNALISMO PUBLICIDADE E PROPAGANDA
que em um dos primeiros dias, saindo daquele prédio onde ficava a Globo, na Marechal Deodoro, passou um carro do IML [Instituto Médico Legal]. Eu disse: Capeta, vamos seguir esses caras. E seguimos o carro do IML. Eu sabia que alguma coisa interessante iria acontecer. E descobrimos uma história maravilhosa. Chegamos num prédio, subimos com os caras do IML. O zelador havia dito que a pessoa do apartamento não aparecia há dois dias. Quando arrombamos a porta, vimos o cara morto, caído no chão. E tinha uma vitrola no local, rodando apenas a agulha. Sabe quando termina um disco e faz aquele barulho da agulha rodando? Olhei o disco e vi que era da Elis Regina. Também havia um prato de macarrão em cima da cama. O apartamento era um cubículo. Nele havia uma cama, um movelzinho e um armarinho pequenino. Então, descobri que aquele homem era um cara solitário, mas que tinha bom gosto, pois ouvia Elis Regina, e que estava comendo, quando teve um infarto fulminante.
“O Jornalismo na TV é composto de núcleo. E, como diz a palavra, um núcleo não é um sozinho. Ninguém sozinho faz um trabalho conveniente jornalisticamente.” Conexão FAP: Então, quer dizer que essa matéria nasceu exatamente de uma curiosidade? GA: Nasceu de uma curiosidade e, ao mesmo tempo, do meu faro jornalístico de saber que aquele carro do IML poderia render uma boa história. Conexão FAP: Você descobriu que havia histórias interessantes para contar na madrugada. Até então, ninguém dava valor a esse horário nas programações das emissoras. Como teve essa sacada? GA: Não existia nada voltado a interpretar a riqueza da cidade de São Paulo depois da meia noite, então eu propus um programa à Rede Globo e naquele horário. O Boni [José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, ex-diretor de produção e conteúdo da Globo] topou a ideia de eu fazer matérias para serem exibidas nos intervalos dos filmes da madrugada. Depois, eu fui ocupando um espaço maior e acabou virando um programa inteiro. Houve um dia em que eu quis me liberar da Globo, porque o diretor de Jornalismo estava pretendendo que eu ficasse subalterno a eles no Rio de Janeiro. Então, eu falei com o Boni que eu ia embora e perguntei se podia levar as fitas. E ele
18 - CONEXÃOFAP
me deu as fitas e me deu também o nome Comando da Madrugada, e aí eu fui pra Gazeta. E lá eu fiz o primeiro ponto de uma trajetória de 32 anos, em que passei por várias emissoras. À medida que eu fui saindo de uma emissora para a outra, o Comando da Madrugada foi se modificando. Os últimos dias dele foram na Record News.
“É muito interessante a experiência com jovens estudantes de Jornalismo no programa Vem Comigo. É o passado trazido para o presente, para o olhar dessa nova geração de futuros jornalistas. Eles têm a paixão pela área demonstrada no brilho dos olhos. Pra mim é um privilégio.” Conexão FAP: Hoje você está na Gazeta novamente, desta vez com o programa Vem Comigo. É a sua terceira volta à emissora? GA: Sim. Quando eu fui para a Gazeta pela primeira vez era para aproximar a inteligência e o entretenimento do conteúdo jornalístico. Convidei o Mino Carta, que fazia uma sessão interessante um discurso em que ele criticava e denunciava com muito humor. Trouxe o Fernando Meirelles [cineasta] e outros jovens da produtora Olhar Eletrônico, para dar uma oxigenada no contexto de fazer reportagens. Dali nasceu Marcelo Tas [atualmente apresentador do programa CQC – Custe o que custar], com o personagem chamado Ernesto Varela [um repórter fictício, que ironizava personalidades políticas da época, fazendo perguntas desconcertantes]. Trouxe também o Fausto Silva, que tinha uma facilidade de comunicação interessante e a mesma têmpera minha de improviso. Hoje ele está engessado na TV Globo, mas fazia o Perdidos na noite, que era um programa muito dinâmico. Conexão FAP: Como está sendo esta experiência de trabalhar com estudantes de Jornalismo no programa Vem Comigo? GA: É muito interessante e dá a oportunidade de fazer uma viagem no tempo. É o passado trazido para o presente, para o olhar dessa nova geração de futuros jornalistas. Eles têm a paixão pela área demonstrada no brilho dos olhos. Quando eu mostro uma reportagem que fiz e convoco que eles façam adaptação daquela matéria para o presente, eu
JORNALISMO
percebo essa paixão. E aí eles fazem o trabalho, montam a equipe e depois vêm mostrar para mim a matéria pronta, com toda aquela expectativa. É fantástico! Conexão FAP: E eles estão conseguindo fazer bem essa atualização das suas reportagens? GA: Sim e, surpreendentemente, muito bem. Tem alunos de primeiro ano já com um bom desempenho. A equipe, dentre os jovens, é formada por dois produtores, um câmera e um repórter. Um produtor é do curso de Rádio e TV e o outro de Jornalismo. Eles têm um compromisso já intrínseco de duas coisas fantasticamente surpreendentes: a ética e o espírito de equipe. São 300 alunos que estão sendo divididos em equipes de quatro pessoas. Há muito interesse e paixão da parte deles. Conexão FAP: O que tem sido mais rico nesta experiência para você? GA: Observar a postura dos alunos. Você pegar um aluno e ver que ele se comporta como um profissional no mercado de Comunicação, que é uma selva. Outra coisa é o interesse deles em descobrir o passado. Isso é de uma riqueza fantástica. Como um jovem desse iria conhecer aquilo que aconteceu há 30 anos, sem essa experiência? Pra mim é um privilégio. É uma equação muito interessante. Conexão FAP: Você é uma referência forte no Jornalismo. Isso não gera uma intimidação para esses jovens que estão começando? GA: Acho que não. Eles não têm demonstrado isso. Percebo que eles se sentem honrados, mas tímidos não. Na medida em que começamos a trabalhar
juntos eles veem que eu sou um ser humano como outro qualquer e que trabalho nessas circunstâncias. Conexão FAP: Que conselho você costuma dar aos estudantes de Jornalismo e aos jovens repórteres? GA: Três coisas: ser ético, curioso e humilde. O estudante deve aplicar isso à capacidade de informar, de contar uma história. E é preciso contar histórias sempre através da realidade, nunca inventando. Conexão FAP: Você tem 57 anos de televisão. Como se manter no ar por tanto tempo? GA: Não sei. Acredito que seja pelo caráter e pela personalidade de construir alguma coisa que seja de interesse das pessoas. E as pessoas devolvem isto com a audiência. Conexão FAP: Você costuma dizer que é um sobrevivente no Jornalismo. Por quê? GA: Sou um insistente sobrevivente. Eu só tenho 80 anos. Então ainda tenho chão “pra burro”. [risos]
#Goulart de Andrade
• • • • •
Idade: 80 anos Profissão: Jornalista Tempo na TV: 57 anos Emissora atual: TV Gazeta Bordão: Vem Comigo
Linha do tempo de goularT
CONEXÃOFAP - 19
PUBLICIDADE E PROPAGANDA
“É preciso ter sangue nos zóio”, aconselha diretor da Ogilvy Na opinião de Fábio Seidl, para conseguir se destacar no mercado publicitário é necessário ter muita garra e empenho, pois a área exige muito do profissional
O
Juliano Barroso e Júlio Basílio
mercado brasileiro de Publicidade e Propaganda está cada vez mais exigente com os estudantes que desejam ingressar nele. Para conseguir uma vaga, é preciso ter garra e disposição. Essa é a opinião do publicitário Fábio Seidl, diretor de criação da Ogilvy, uma das maiores agências de Publicidade do mundo. “É preciso ter sangue nos zóio! Quando a gente é estudante imagina a área de Publicidade como uma vida fácil, de glamour e facilidade. Na prática, não é assim. Sou muito feliz e realizado, mas hoje sei que se trabalha muito duro nesse mercado. É preciso ter muita garra.”, afirma Seidl, que já foi vencedor de diversos prêmios na área e também passou pelas agências Fischer, Africa e McCann. Para o publicitário, o mais difícil no começo é conseguir que seja aberta uma porta. “Por isso, depois que ela se abre, precisa pensar bem no que se vai fazer com essa oportunidade, porque a gente vê acontecer muito de o cara ter uma chance excelente e não aproveitar. Esse é um mercado que não é muito tolerante com esse tipo de atitude. Existe uma ilusão de que o cara vai fazer o comercial mais legal do Brasil e não é assim. É um
20 - CONEXÃOFAP
começo bastante complicado, tem que quebrar muita pedra no início.
“Hoje em dia, com a questão da convergência tecnológica, ficou muito mais fácil conseguir a atenção do público.” Você fará uns estágios ganhando pouco ou quase nada e vai demorar um pouco para conseguir uma estabilidade”, explica. Também é importante construir uma rede de relacionamentos. “Em uma empresa menor, trabalhe como se estivesse em uma grande, porque amanhã as pessoas que estão trabalhando com você poderão estar em uma empresa grande. Eu comecei trabalhando em empresas pequenas e tenho amigos até hoje dessa época. Vários deles estão bem no mercado hoje. Alguns viraram empresários e tudo mais”. Segundo Seidl, ideias novas são bem-vindas. É preciso evitar a repetição de fórmulas. “Costumo dizer o seguinte: Se você é novo, precisa trazer ideias novas, senão qual é a vantagem de ser novo? Precisa trazer uma coisa que ninguém viu, não adianta vir
com ideias que já são usadas no mercado. Não fique tentando copiar o que já foi feito”. A disposição para um eterno aprendizado é igualmente essencial. Seidl destaca que o publicitário “nasce e morre aprendendo”. “Tudo muda e o que a gente faz é baseado no cotidiano das pessoas, no que está acontecendo, então não adianta pensar que você sabe tudo. Mesmo com muitos anos de profissão, você não vai conhecer tudo, porque as pessoas mudam todos os dias. Essa é uma profissão muito dinâmica e é preciso estar sempre antenado”.
“O Brasil é um país criativo. Resta saber como você potencializa essa criatividade.” Ele ressalta que o repertório de vida é outro ponto a ser considerado. “É importante ter repertório. E quando digo isso não é só ficar sabendo o que acontece na área de Publicidade, e sim ter repertório de vida. Para criar você precisa ter matéria-prima e o que é matéria-prima? É a vida! É viajar com seus amigos, ir pra rua ver o
PUBLICIDADE E PROPAGANDA
que está acontecendo, ir pra feira, pra balada, para o bar, ler coisas que você acha que são boas e também ler coisas que você não considera boas. É preciso ter a cabeça aberta, tem que querer ter experiência de vida. Todas as coisas que experimentamos ficam na nossa memória e são usadas no momento da criação. Por exemplo, se você quer fazer um filme engraçado, o humor mais especial que você vai conseguir botar é algo que já tenha feito você rir. Eu coloco muito coisas que aconteceram comigo nos trabalhos que eu faço. Essas situações cotidianas são muito inspiradoras. É legal tentar escrever como se você estivesse conversando com um amigo e não com uma marca porque isso atrapalha um pouco e deixa o seu trabalho truncado.” OPORTUNIDADES
“Nem todo mundo vai ser seu amigo até o final, é sempre uma disputa. Então, não espere tanta fraternidade nesse meio.” O publicitário complementa que, em função dos avanços no mundo digital e da migração do consumidor para esse mundo, as agências estão diversificando seus negócios, abrindo novas
oportunidades. “Hoje há muitas agências focadas em soluções que têm como base o mundo digital. O estudante não pode ficar só achando que a vida é agência, muita coisa legal está rolando”. Mas é preciso estar preparado para decepções ao longo do caminho, pois o mercado é bastante competitivo. “Nem todo mundo vai ser seu amigo até o final, é sempre uma disputa. Então, não espere tanta fraternidade nesse meio. Além disso, nessa área há muita gente que tem o ego enorme. Mas, sabendo a regra do jogo, fica mais fácil jogar”.
“Costumo dizer o seguinte: Se você é novo, precisa trazer ideias novas, senão qual é a vantagem de ser novo?”
andré guimarães
“O mercado está em um momento muito positivo. As
agências brasileiras estão fazendo muita coisa legal, de qualidade. Em termos de negócio, está relativamente melhor do que a média da economia. Há grandes marcas querendo anunciar mais no Brasil, temos dois grandes eventos do mundo para acontecer aqui nos próximos três anos [Copa e Olimpíadas], portanto, tem bastante coisa acontecendo”, afirma Seidl.
Para Fábio Seidl é importante que o novo publicitário tenha repertório de vida.
CONEXÃOFAP - 21
PUBLICIDADE E PROPAGANDA PUBLICIDADE E PROPAGANDA
“Hoje em dia, com a questão da convergência tecnológica, ficou muito mais fácil conseguir a atenção do público. Um coreano faz um vídeo com uma dança estranha e é possível que o planeta terra inteiro veja essa filmagem, e repita aquilo que ele está fazendo. O mesmo ocorre com um filme publicitário. O meio digital veio pra facilitar. Nós, enquanto público, viramos mídias. Temos que aproveitar esse momento e transformar isso em algo poderoso. Temos que pensar no que podemos fazer para aproveitar esse potencial de multiplicação de uma ideia”, observa Seidl. O publicitário também ressalta a importância de cada vez mais se pensar em ações voltadas a integrar as diversas mídias, considerando que, apesar do crescimento do digital, a influência da TV no Brasil ainda é grande. “Todos os estudos comprovam que aqui, apesar do poder da Internet, a televisão é a grande mídia. Por isso, não podemos nos esquecer que o mesmo cara que assiste ao futebol e à novela na TV, está ligado no celular ou no computador. Então, além de fazer coisas legais para o meio digital, é preciso pensar em fazer a ponte entre uma coisa e outra”. POTENCIAL CRIATIVO Para Seidl, a criatividade tem que ser o tempo todo trabalhada. Se você não desenvolveu isso ao longo da sua vida, não vai ser numa faculdade que vai conseguir fazê-lo. “Tem uma brincadeira que eu faço com os meus alunos assim, cada um tem que me contar uma piada nas primeiras aulas. Publicitário tem que saber contar uma piada, tem que saber contar uma história de vida. Isso precisa sempre estar sendo trabalhado”. Na opinião do diretor de criação da Ogilvy, todo mundo tem um potencial criativo. “O Brasil é um país criativo. Resta saber como
22 - CONEXÃOFAP
andré guimarães
O ALCANCE DA TECNOLOGIA
“O Brasil é um país criativo. Resta saber como você pontecializa essa criatividade”
você potencializa essa criatividade. Você precisa saber qual é o seu tipo de criatividade e pra que ela serve? O Neymar, por exemplo, é um cara criativo. Quando eu digo que ele é criativo não é só pelo que ele faz em campo, mas por ele ter
inventado um cara. Ele inventou um personagem genial, que é um garotão, que está sempre com o cabelo diferente. Ele é um cara diferente”, conclui Seidl.
#CONSELHOS DO FÁBIO
•
Tenha muita garra para alcançar o sucesso esperado;
•
Quando conseguir a aproveitá-la ao máximo;
•
Construa uma rede de relacionamentos;
•
Esteja sempre disposto a aprender, seja humilde;
•
Traga ideias novas, evite a repetição de fórmulas;
•
Adquira repertório, inclusive “repertório de vida”.
•
Não olhe só para as agências, há muitas oportunidades no meio digital;
•
Prepare-se psicologicamente. Você está entrando em um mercado muito competitivo;
•
Trabalhe sua criatividade o tempo todo, desde as brincadeiras com amigos e familiares.
primeira
oportunidade
no
mercado,
saiba
CONEXテグFAP - 23
RELAÇÕES PÚBLICAS
“É preciso
Saber
empreender a si mesmo”
Para presidente da ABRP/SP, novos profissionais devem se “reinventar” e buscar alternativas de trabalho fora dos postos tradicionais
O
Karina Martins e Vagner Ninas
profissional que está chegando hoje ao mercado de Relações Públicas precisa saber “empreender a si mesmo”. Saber utilizar a formação obtida ao longo da graduação para buscar alternativas de trabalho para além dos postos tradicionais. Essa é a opinião do presidente da Associação Brasileira de Relações Públicas - São Paulo (ABRP/SP) , Marcus Vinícius Bonfim. “Temos que sair de uma visão limitadora de que o nosso campo são apenas os departamentos de comunicação das empresas, as agências de comunicação e os cargos gerenciais. Antes é preciso por a mão na massa, desenvolver a prática em posições mais operacionais ou táticas e galgar espaços”, aconselha. Em entrevista concedida à reportagem da Conexão FAP, Bonfim faz uma avaliação do momento atual da área de Relações Públicas, fala sobre os principais desafios para quem deseja vencer neste mercado e diz que estar nas mídias sociais hoje não é mais uma opção das empresas, e sim uma necessidade. “Os consumidores, clientes e públicos que se relacionam com a sua marca podem - e devem estar - falando em algum momento sobre a sua empresa nas mídias sociais.Então, é preciso ter esta consciência.”. Conexão FAP: Como você avalia o atual mercado de Relações Públicas? Marcus Vinícius Bonfim: Considero nosso mercado ativo e em crescimento. Cada vez mais as empresas estão buscando soluções em comunicação que envolvam cidadãos, consumidores e clientes, o que exige muito dos profissionais nas organizações, sejam elas públicas, privadas ou do terceiro setor, das agências de comunicação ou dos colegas que atuam em consultorias de forma autônoma e independente. Temos um cenário em que se busca uma comunicação mais envolvente, criativa, segmentada e que se satisfaça pelo diálogo e pelo relacionamento, um ambiente muito favorável ao perfil profissional do relações-públicas.
24 - CONEXÃOFAP
RELAÇÕES PÚBLICAS
Conexão FAP: Qual é o maior desafio para quem está chegando hoje neste mercado?
ARQUIVO PESSOAL
MVB: O maior desafio é sempre conquistar o cliente. Ou seja, além de provar a sua riqueza e consistência técnica, é preciso entregar o resultado que o cliente espera, avaliar os processos e engajar pessoas. São tarefas desafiadoras, mas valiosas ao mercado como um todo.O salto que precisamos dar, em relação aos profissionais, é de qualidade e confiança. O profissional que já está no mercado e os que estão chegando precisam ter consciência de que possuem as competências para exercer a atividade, demonstrar isso de forma prática e técnica mirando o resultado e, principalmente, empreender a si mesmos: utilizar a formação obtida ao longo da graduação para inovar e reinventar, buscar alternativas de trabalho para além dos postos clássicos.Temos que sair de uma visão limitadora de que o nosso campo de trabalho são apenas os departamentos de comunicação das empresas, a atuação em agências de comunicação, de visar apenas os cargos gerenciais logo de cara. Antes é preciso por a mão na massa, desenvolver a prática em posições mais operacionais ou táticas e galgar espaços. Podemos acrescentar muito mais aos negócios das empresas com essa vivência, a experiência de circular em vários ambientes dentro de uma organização.
“Acredito que qualquer resistência à comunicação, seja on ou off line, levará as empresas a estagnação e a perda de mercado. É inevitável, mas é preciso estar nas mídias sociais com planejamento, e os relações-públicas estão aptos a tornar essa passagem mais segura com um trabalho de médio e longo prazo atrelado ao planejamento estratégico da empresa.” Conexão FAP: Muita gente confunde Relações Públicas com Jornalismo e Publicidade e Propaganda. De que forma a área de RP se diferencia dessas outras? MVB: A atividade de Relações Públicas, seu pensamento estratégico e ferramentas têm destaque em diversos tipos de organizações, negócios e nas agências, isso já é reconhecido pelo mercado e bastante valorizado. Porém, todos nós comunicadores - jornalistas, publicitários, relações-públicas precisamos quebrar essas barreiras e entender que
O presidente da ABRP/SP, Marcus Vinícius Bonfim, aconselha que estudantes busquem conhecer diferentes mercados.
temos todos uma missão comum, que é estabelecer mensagens críveis aos nossos públicos. Por essência e excelência, somos comunicadores e construímos narrativas que atendem diferentes públicos. Isso tem que ser visto como uma atividade ética e de muita responsabilidade. Conexão FAP: Com o avanço da Internet e das mídias sociais, a imagem das instituições pode ficar muito instável. Um vídeo criticando uma empresa postado por um internauta no Youtube pode se transformar em um viral, queimando o filme da instituição. Como trabalhar a imagem da empresa na era das mídias sociais? MVB: Em primeiro lugar é preciso entender que hoje,
CONEXÃOFAP - 25
RELAÇÕES PÚBLICAS
em pleno século 21, estar nas mídias sociais não é uma opção, é uma realidade, pois seus consumidores, clientes e públicos que se relacionam com a sua marca podem - e devem estar - falando em algum momento sobre a empresa.Então, é preciso ter esta consciência e iniciar um planejamento de comunicação que inclua não só ações de marketing e promoções de produtos e serviços, mas que abarque aspectos de comunicação interna com os funcionários e com as mídias sociais para todos. Uma comunicação integrada, que envolva todos esses aspectos, fará como que a empresa busque saber o que fazer e como fazer para conversar com o cliente, antes de surgir um problema.
ética. Projetar a carreira é muito importante nesse sentido, saber aonde se quer chegar e construir seu caminho.Tenho encontrado relações-públicas atuando em mercados como moda, entretenimento, esportes, cultura e até abrindo negócios próprios, já incorporando em seu plano de negócios toda uma visão de RP, que enriquece a cadeia de valor do negócio, criando um diferencial no DNA da empresa. Esse tipo de visão supera o que é visto na universidade, passa a ser uma forma genuína de criar uma identidade. Também destacaria as áreas de pesquisa de opinião e mercado, além do gerenciamento de comunidades virtuais.
Conexão FAP: É possível usar as mídias sociais a favor da imagem da instituição? De que forma?
“Mais do que qualidades, o que todo relações-públicas tem a oferecer às empresas é essa expertise de relacionamento, de construção de uma comunicação que seja reconhecida pelo público como genuína.”
MVB: O crescimento das mídias sociais faz muitas empresas e profissionais pensarem nas redes como um eldorado comunicacional, como se fosse fácil ou simples viralizar mensagens críveis aos cidadãos, consumidores, clientes. É preciso alertar: temos que desenvolver uma cultura de planejamento, que sustente um diálogo, uma conversação objetiva, clara, segura e transparente na forma de se relacionar com os públicos.Muitas vezes, as empresas querem respostas rápidas, mas as mídias sociais exigem um cuidado grande para evitar polêmicas e crises. É preciso pavimentar um caminho, uma conversa onde a empresa se sinta confortável de estar na rede e, daí sim, criar oportunidades de promoção para que sua marca, imagem e identidade sejam percebidas pelos públicos de forma positiva. Conexão FAP: Qual é a sua opinião a respeito de as empresas resistirem a estar nas mídias sociais? MVB: Acredito que qualquer resistência à comunicação, seja on ou offline, levará as empresas à estagnação e à perda de mercado. É inevitável, mas é preciso estar nas mídias sociais com planejamento, e os relações-públicas estão aptos a tornar essa passagem mais segura, com um trabalho de médio e longo prazos, atrelado ao planejamento estratégico da empresa. Conexão FAP: Qual é a área mais promissora para atuar hoje em Relações Públicas? Existe um segmento que tem mais vagas no mercado ou que paga melhor os profissionais? MVB: Existem muitos negócios que precisam das Relações Públicas na comunicação e gestão de relacionamentos, eventos e produção de conteúdo institucional, mas tudo isso requer paciência e
26 - CONEXÃOFAP
Conexão FAP: Quais são as qualidades fundamentais de um bom Relações Públicas? MVB: Mais do que qualidades, o que todo relaçõespúblicas tem a oferecer às empresas que os contratam é essa expertise de relacionamento, de construção de uma comunicação que seja reconhecida pelo público não como algo massivo, mas que toque o cidadão, o consumidor ou cliente de forma genuína, que exista uma singularidade na comunicação, porque ela foi pensada para diferentes perfis, e que também está preocupada em entregar resultados. Conexão FAP: E quais seriam os defeitos? MVB: Não vejo defeitos. O que eu enxergo são pontos de melhoria na carreira de todo profissional, como a necessidade de entender mais o negócio para sermos mais efetivos nas propostas de comunicação, pensar além das mídias e ousar. Pensar e propor uma comunicação mais próxima das pessoas e menos delegada aos veículos.
“O maior desafio é sempre conquistar o cliente. Ou seja, além de provar a sua riqueza e consistência técnica, é preciso entregar o resultado que o cliente espera.” Conexão FAP: Que conselho você deixa para os estudantes de RP, para que eles consigam conquistar um lugar legal neste mercado?
RELAÇÕES PÚBLICAS
MVB: Que cada vez mais busquem ainda na graduação conhecer diferentes mercados, para pensarem no perfil de empresas em que gostariam de atuar, e que participem das entidades de classe do nosso setor, justamente para trocar experiências com profissionais do mercado e pavimentar uma carreira com uma visão ética.
“Temos um cenário em que se busca uma comunicação mais envolvente, criativa, segmentada e que se satisfaça pelo diálogo e pelo relacionamento, um ambiente muito favorável ao perfil do RP.” Conexão FAP: Qual é o papel e a importância da Associação Brasileira de Relações Públicas? MVB: A Associação Brasileira de Relações Públicas - São Paulo (ABRP-SP) foi fundada em 21 de julho de 1954. É a mais antiga entidade do nosso setor e teve participação fundamental na constituição dos cursos de Relações Públicas e da legislação que regulamenta a profissão. Sua missão é fortalecer a atividade e a profissão por meio de seus associados.A entidade se aproxima de completar 60 anos de existência em 2014, além dos 100 anos de presença no Brasil. Isso por conta da criação do primeiro departamento de Relações Públicas criado pela São Paulo Tramway, Light and Power Company (atual AES Eletropaulo) em 30 de janeiro de 1914 e dirigido pelo engenheiro Eduardo Pinheiro Lobo.Queremos que a ABRPSP continue sua trajetória de reunir profissionais, professores, estudantes e organizações interessadas em seu desenvolvimento institucional, pessoal e profissional, divulgando os campos da comunicação e das Relações Públicas como fundamentais para o mercado. Conexão FAP: A Associação tem projetos para fortalecer o mercado e os profissionais de RP? Se sim, quais seriam esses projetos? MVB: Nós formamos uma diretoria com profissionais em diferentes estágios e vivências pessoais e na carreira. Essa diretoria é descentralizada, ou seja, temos diretores que moram e atuam em cidades como Sorocaba, Campinas, Santos.Vamos dar continuidade aos projetos da gestão anterior que foram bem, como o “ABRP Visita” e o “Café com Ideias” [encontro com os coordenadores dos cursos de RP do estado de SP]. Faremos cursos e eventos focados nas demandas dos novos profissionais e buscaremos ampliar a divulgação da nossa profissão com o apoio das universidades, especialmente no interior, indo a cidades que têm demandas de
profissionais de comunicação. Vamos fazer essa divulgação institucional por meio de parcerias com as Associações Comerciais e Industriais.Para isso, vamos contar com a presença desses diretores que estão no interior e vamos incentivar a nossa rede de associados para que sejam, por exemplo, os ministrantes das palestras e dos cursos, dar oportunidades de visibilidade para muita gente nova e boa que está no mercado fazendo coisas bacanas. Pegando o espírito do crowdsourcing, vamos cada vez mais buscar dentro da nossa rede de associados as expertises para gerar valor para a entidade e para a profissão. E cada associado que desejar fazer parte destes e de outros projetos que estamos discutindo será muito bem-vindo.
#perfil da ABrP/SP Fundada em 21 de julho de 1954, a Associação Brasileira de Relações Públicas, São Paulo (ABRP/SP) possui 150 associados, dos quais 107 são profissionais e professores de comunicação, 33 estudantes de comunicação, oito universidades e duas agências de comunicação. Sua sede (própria) está localizada na zona sul da cidade de São Paulo. Sua gestão prevê eleições bienais e a atual gestão 2012/2014 foi empossada em 26 de setembro de 2012. A partir de iniciativas políticas da ABRP/SP é que se propugnou a regulamentação da atividade profissional de Relações Públicas em 1967 e também foi por força política da entidade que o primeiro curso de graduação foi criado na Escola de Comunicações e Artes da USP em 1966.
CONEXÃOFAP - 27
juliano barroso
RÁDIO, TV E INTERNET
“O rádio é a minha vida e espero que continue sendo” Na opinião do radialista, o segredo para ser um locutor de sucesso é “ser autêntico e verdadeiro”
ENTREVISTA COM ELI CORREA 28 - CONEXÃOFAP
RÁDIO , TV E INTERNET
S
Juliano Barroso e Júlio Basílio
eu inconfundível “Oooooooooooiiiiiiiiiiiiiiiiiii Geeeenteee” continua energizando o dia a dia de milhares de ouvintes. Impossível esquecer de um dos jargões mais conhecidos do rádio brasileiro. Há 41 anos no ar, Antônio Eli Correa, ou simplesmente Eli Correa , consegue, até hoje, manter a liderança na preferência dos ouvintes. Qual o segredo de tanto sucesso? Ele responde: ser autêntico e verdadeiro. “Nada se sobressai ou sobrevive muito tempo, se não for verdadeiro”, defende o radialista. Essa filosofia sempre norteou o paranaense do município de Sertaneja em sua trajetória, que começou bem cedo. Ainda criança, foi incentivado por seu professor Luiz Fabrete a trabalhar no rádio. Seu primeiro emprego foi como locutor das lojas Pernambucanas, teve sua primeira experiência em rádio na cidade de Barra Bonita (interior de São Paulo) e passou por diversas emissoras como Tupi, Globo e Record, ganhando o título de “homem sorriso do rádio”. Atualmente na rádio Capital, Eli fala nesta entrevista de sua carreira e dá dicas para os novos radialistas. Conexão FAP: Como nasceu a ideia de ser um locutor? Eli Correa: Na verdade, não escolhi ser locutor, fui escolhido [risos]. Eu tinha nove anos e fazia o terceiro ano primário. Um professor chamado Luiz Fabrete achou que quando eu crescesse poderia ser um locutor de rádio. Desde então eu nunca mais deixei de pensar em rádio. Esse professor pediu que fizesse uma leitura em sala de aula e, logo após a leitura, pediu aplausos para mim. Aí ele falou: “Quando você crescer, você pode ser um locutor de rádio”. Aquilo entrou na minha cabeça tanto que, a partir de então, eu só pensava no assunto. Conexão FAP: Como você começou sua carreira no rádio? EC: Primeiro eu comecei como locutor das lojas Pernambucanas, onde eu já trabalhava como empacotador. Isso na cidade de Sertaneja, Paraná, onde nasci. Quando eu mudei para Barra Bonita, em São Paulo, foi que comecei efetivamente no rádio. Havia inaugurado uma rádio fazia mais ou menos um ano na cidade e eu fui fazer um teste lá, levado por uma professora, mais uma vez uma professora me incentivou a ir para o rádio, por incrível que pareça [risos]. O nome dela era Ana Maria. Fiz o teste e passei. Conexão FAP: Quais foram os desafios enfrentados no início de sua carreira?
EC: Primeiro de tudo foi o desafio familiar. A minha família não admitia a ideia de eu ser um locutor de rádio. Pra família essas coisas de rádio não tinham nada a ver. Eu fui para Barra Bonita para ser um sorveteiro, pois minha família tinha acabado de montar uma sorveteria na cidade, e com 16 anos eu saí de Sertaneja e mudei pra Barra Bonita para ser sorveteiro, mas com aquele negócio de rádio virou uma confusão danada. O segundo desafio foi ocupar um espaço na rádio, porque, se você olhar agora, verá que o rádio está todo ocupado. Parece que não existe mais espaço. Até há espaço dependendo do que você trouxer, mas não é fácil conquistar o seu lugar. Então era esse o grande desafio: eu ter uma participação no rádio, ocupar um espaço.
“Quando fecha a porta do estúdio eu me transformo. Às vezes venho com problemas e saio sem eles.” Conexão FAP: Qual é o segredo para se manter 41 anos ininterruptos no ar? EC: O mais importante é você fazer o que gosta, com prazer, esse é o ponto fundamental. O segundo ponto é ser autêntico e verdadeiro, principalmente no rádio. Nada se sobressai ou sobrevive muito tempo, se não for verdadeiro. Eu penso assim, eu sou exatamente assim e isso me dá longevidade. Também procuro manter o espírito sempre alegre. Apesar dos problemas, procuro estar sempre contente. Engraçado, quando fecha a porta do estúdio eu me transformo. Às vezes eu venho com problemas, mas, quando fecha a porta do estúdio, um milagre acontece e eu esqueço de tudo. Outro ponto é estar sempre atualizado. Acho que esse espírito me faz ficar mais atualizado e ao mesmo tempo mais firme naquilo que faço. Conexão FAP: Seu programa não é só de entretenimento, há também espaço para prestação de serviço. Como nasceu essa ideia? EC: No começo era só entretenimento. Era mais ou menos um FM no AM. Com a chegada do FM nos anos 80, eu fui perdendo esse espaço musical, pois a FM trouxe um som com qualidade superior e programação muito musical. Então eu tive que buscar um outro caminho. Foi aí que a prestação de serviço acabou se tornado uma marca do meu trabalho. E, com certeza, isso contribuiu para que eu chegasse a esses 41 anos de rádio, e espero continuar um pouquinho mais. Conexão FAP: Houve algum caso de prestação de serviço que te marcou?
CONEXÃOFAP - 29
RÁDIO, TV E INTERNET
EC: Tem um fato em particular que me mostrou que eu poderia fazer esse trabalho. Eu estava na rádio Tupi e uma moça tinha um filho que precisava fazer uma cirurgia na cabeça. O único lugar que fazia o procedimento era o hospital Albert Einstein. Ela pediu que eu fizesse uma carta dirigida ao diretor do hospital, e eu disse que ela estava equivocada, pois eu não tinha todo esse poder que ela pensava. Na época eu achava que ninguém me conhecia, estava começando minha carreira, isso foi em 1973. Ela retrucou e disse: “Eu confio que, se você fizer uma carta, eles vão atender”. Pensei comigo: Tudo bem, vou pagar esse mico. Depois de 20 dias eu recebi uma carta do presidente do Albert Einstein, dizendo que o menino tinha ganhado a cirurgia a laser que na época custava uns 20 mil dólares, era um negócio caríssimo. Eu pensei: Meu Deus! Eu posso e nem sabia que podia... A partir daquele momento eu nunca mais deixei de prestar serviço às pessoas.
“A arrogância faz com que o profissional se afaste um pouco do contato com o povo, no que diz respeito a um trabalho parecido com o meu, que é um trabalho popular.” Conexão FAP: Como nasceu o quadro “Que saudade de você”, que é líder absoluto de audiência? EC: O quadro da saudade começou, na verdade, com um recado musical, que eu fazia no início do meu trabalho, nos anos 70, na rádio Tupi. Logo de manhã eu lia uma carta de amor e colocava a música correspondente. Mais tarde várias emissoras FM começaram a fazer a mesma coisa. Quando eu mudei para a Rádio Record, fui para o horário da tarde e, então, conclui que o recado musical à tarde não pegava tão bem. Foi quando eu tive a ideia de tirar da letra de uma música do cantor Odair José, que é meu amigo, o refrão “que saudade de você” e o coloquei no nome de um novo quadro. Esse quadro acabou abrangendo muito mais do que o recado musical, que era uma coisa só de amor. O “Que saudade de você” passou a ser tudo, afinal, saudade é tudo, e não só casos amorosos. O horário nobre do rádio é de manhã e na televisão é à tarde e à noite, mas, de um certo modo, com o “Saudade” sendo introduzido às duas da tarde, o horário da tarde passou a ser nobre também, e até hoje esse quadro se mantém em primeiro lugar em audiência, e isso depois de quase 40 anos. Conexão FAP: Na sua opinião, por que esse quadro faz tanto sucesso?
30 - CONEXÃOFAP
“No FM é a programação que faz a diferença, já no AM quem faz a diferença é o apresentador. Ele tem que ter uma vida, uma história, para que possa conversar com a audiência, e não apenas fazer uma locução.” EC: É a identidade que as pessoas têm com as histórias que eu narro. São histórias do dia a dia. Claro que sempre com um ponto culminante, e muitas pessoas depois ligam dizendo: “Poxa, essa aí é minha história, isto aqui aconteceu comigo”. Eu acho que é essa identidade das pessoas que ouvem com as pessoas que escrevem, que acaba fazendo com que o “Saudade” seja um pouco da história de cada ouvinte. Conexão FAP: Agora falando para os novos profissionais, quais seriam os principais defeitos de um radialista? EC: Nossa, foi a primeira vez que alguém perguntou sobre defeitos, sempre me questionam sobre quais seriam as qualidades. Agora vocês me desafiaram [risos]. Bem, pensando a respeito, com certeza é a prepotência. A arrogância faz com que o profissional se afaste um pouco do contato com o povo, no que diz respeito a um trabalho parecido com o meu, que é um trabalho popular. Sabe aquela coisa de chegar na rádio e se sentir o maioral, o bom? Isso não dá. Eu vejo o rádio como um trabalho. Se eu não trabalhar, não tenho como viver. Então eu tenho que vir, tenho que trabalhar todo dia. Durante esses 40 anos nunca deixei de trabalhar um dia sequer, com exceção de uma semana ou duas para um descanso. Então, eu acho que o defeito maior do radialista seria ele ser dono de si. É preciso ser aberto e humilde para ouvir as opiniões, ouvir as pessoas. Conexão FAP: Um profissional que trabalha na rádio AM precisa ter características diferentes de um que trabalha na FM? EC: Sim. Na FM basta falar bem o inglês e ter aquele embalo, em termos musicais. Basta ter aquele ritmo legal, alegre, espontâneo. Todos os locutores de FM acabam tendo essa mesma característica. Só que isso faz com que eles não tenham uma identidade, acabam sendo muito iguais. No AM o profissional passa a ter uma personalidade na medida em que encontra um grupo de milhares de pessoas que se identifica com ele. Ele se torna meio que amigo dessas pessoas. No FM é a programação que faz a diferença, já no AM quem faz a diferença é o apresentador. Ele tem que ter uma vida, uma história, para que possa conversar
RÁDIO , TV E INTERNET
com a audiência, e não apenas fazer uma locução. Conexão FAP: A rádio AM está perdendo espaço para a FM? EC: O AM acaba perdendo espaço, porque as interferências para que ele seja bem sintonizado são muitas. Não só interferências eletrônicas, mas os prédios estão cada vez mais altos e isso faz com que as ondas não se propaguem com facilidade. Antigamente dava para ouvir uma rádio de São Paulo lá no Paraná, hoje não dá mais. Mesmo assim, com todas as suas limitações, o AM continua a ser o amigo, companheiro de verdade. Não é apenas aquela voz que fica ali só falando. É uma voz que conversa com o ouvinte. Só que é preciso melhorar a qualidade técnica. Se conseguíssemos resolver esse problema, poderíamos voltar a ter a mesma penetração que tínhamos antes. Isso seria fundamental, pois em termos de qualidade de som o FM leva vantagem.
“Se eu tinha algum problema psicológico por alguma razão, o rádio conseguiu me curar. No rádio eu era o cara que paquerava não sei quem, que encantava mulheres. Elas me adoravam, me amavam, mas sem me conhecer. Gostavam de mim só pelo que eu dizia.” Conexão FAP: A Internet tem auxiliado os profissionais do rádio? EC: Sim, a web veio para acrescentar. Por exemplo, eu recebo ligações de pessoas que estão me ouvindo lá no Japão, Inglaterra, lugares que eu jamais poderia chegar apenas com o rádio. Temos que saber utilizar essa ferramenta para compensar a deficiência técnica por parte do AM. Conexão FAP: Qual é a maior contribuição que um radialista pode dar a sociedade? EC: A principal, no meu ponto de vista, é fazer com que as pessoas não se sintam só, porque a solidão é uma coisa amargosa, uma coisa triste. A gente sabe que a solidão é uma das piores doenças que existe no planeta, mais às vezes até do que o câncer. Então eu acho que o AM em particular tem essa função de cobrir parte dessa solidão, de tentar suprir, de repente, uma necessidade psicológica que a pessoa está sentindo.
rádio. Se eu tinha algum problema psicológico por alguma razão, o rádio conseguiu me curar [risos]. No rádio eu era o cara que paquerava não sei quem, que encantava muitas mulheres. Elas me adoravam, me amavam, mas sem me conhecer. Gostavam de mim só pelo que eu dizia. O rádio me deu, obviamente, esse reconhecimento. Só o fato de estar dando essa entrevista é um sinal disso. Me deu condições de ter uma vida relativamente boa e, é claro, a realização pessoal. Um dia alguém me perguntou: “Se não trabalhasse no rádio, o que você seria?” E eu não tive resposta, pois nunca pensei em outra coisa. O rádio é tudo pra mim, é a minha vida e espero que continue sendo. Eu tenho muito para dar ao rádio, para continuar exercendo o meu trabalho.
#hoje Há mais de 41 anos ininterruptamente no ar, Eli Correa apresenta seus programas sempre ao vivo. Hoje, em dois horários diariamente: das 6h às 8h e das 12h às 15h pela Rádio Capital AM. (www.capital1040.com)
#ontem Aos 16 anos Eli Correa seguiu com sua família para a cidade de Barra Bonita, onde tinham uma sorveteria. Um dia todos precisaram ir a um casamento no Rio de Janeiro e, coincidentemente, a rádio local anunciou teste para locutores. Eli estava responsável pela loja de sorvetes que, nesse dia, fechou suas portas. Mas, ele passou no teste e a cidade de Barra Bonita ganhou um grande locutor. O primeiro programa de rádio de Eli Correa se chamava: “Isto é sucesso!”
Conexão FAP: O que o rádio significa na sua vida? EC: Tudo! Desde os nove anos que eu penso em
CONEXÃOFAP - 31
TECNOLOGIA
Novos profissionais precisam ser
“multiplataforma”
Para o colunista de Tecnologia do Estadão, cada vez mais será preciso saber produzir conteúdo para diferentes mídias
tecnologia da comunicação é uma coisa antiga. Ela vem desde os primórdios da sociedade, quando os homens primitivos inventaram a escrita e desenvolveram a fala. Quando Gutenberg inventou a prensa tipográfica, por volta de 1450, ocorreu uma grande mudança na maneira de produzir e divulgar notícias. Elas passaram a ser reproduzidas em série, alcançando um número maior de pessoas. Aqueles que trabalhavam com a divulgação da informação tiveram que se adaptar. E desde então, de adaptações, vem sendo marcado
“Não há mais perfil definido de quem lê, ouve ou assiste ao seu conteúdo. É necessário que o profissional de comunicação se adapte a essa nova concorrência” o processo de evolução tecnológica dos meios de comunicação. Basta lembrar que, apenas há alguns anos, repórteres precisavam andar com inúmeras fichas telefônicas para entrar em contato com suas redações e a única maneira de pesquisa era se deslocar às bibliotecas ou aos arquivos públicos. Hoje todos trabalham com o oráculo Google e contam com o milagroso celular. Mas qual seria a grande adaptação necessária no atual cenário? Para o colunista de Tecnologia do jornal O Estado de São Paulo e da Rádio Estadão, Renato Cruz, o grande desafio para quem atua hoje na área de Comunicação é se adequar à convergência tecnológica (utilização de uma única infraestrutura de tecnologia para serviços que, anteriormente, requeriam canais de comunicação, equipamentos e protocolos independentes). “Cada vez mais será preciso
saber produzir conteúdo para diferentes mídias: vídeo, áudio, impresso e web”, destaca. Renato ressalta que, no caso do Jornalismo, hoje é muito comum, nos principais veículos de comunicação, pensar em reportagens que sejam, ao mesmo tempo, escritas e em vídeo. “O profissional que está se formando, portanto, precisa estar preparado para ser multiplataforma, para escrever, fazer vídeo e até editar uma imagem se precisar”, complementa. Segundo ele, graças às possibilidades dadas pela Internet, qualquer pessoa pode ser atualmente produtora de conteúdo e isso se reflete no perfil da audiência, que se tornou fragmentada: “Não há mais um perfil definido de quem lê, ouve ou assiste ao seu conteúdo. É necessário que o profissional de comunicação se adapte a essa nova concorrência”, explica. O colunista do Grupo Estado também analisa o papel das mídias sociais no atual cenário de comunicação. Ele as considera como ferramentas facilitadoras, que podem ajudar muito os novos profissionais. “Hoje é mais fácil entrar em contato com as pessoas, por causa das mídias sociais. Isso serve para quem procura o primeiro emprego. É possível, para quem nunca trabalhou, já ter uma amostra na rede do que é capaz de fazer”, conclui.
ARQUIVO PESSOAL
A
Juliano Barroso e Júlio Basílio
Renato Cruz Colunista do Estadão
32 - CONEXÃOFAP
CONEXテグFAP - 33
PERFIL
a vez de
glória VANIQUE
“Um repórter sensível capta o momento e consegue passar a emoção para o telespectador. E uma história contada com emoção é sempre mais interessante de se ouvir, não é mesmo?” , questiona a repórter do SPTV 1ª edição
A
Juliano Barroso e Júlio Basílio
carioca Glória Cristina de Mattos Vanique Costa, mais conhecida pelo público como Glória Vanique e, pelos amigos mais próximos, como “Glorinha”, é um dos principais rostos da nova geração de repórteres da Rede Globo. Suas entradas ao vivo no SPTV 1ª Edição e no Radar SP (boletim com informações sobre o trânsito na capital paulista, que faz parte do Bom dia Brasil), com simpatia, excelente texto e grande capacidade de improvisação, já renderam elogios de repórteres consagrados, com mais de 30 anos de carreira, como Valmir Salaro, e conquistaram o público. Não por acaso, a jornalista costuma assumir a bancada do SPTV, no lugar do apresentador César Tralli, quando este sai de férias. Glória se destacou em 2009 ao percorrer, destemidamente, a bordo de um flutuador da Globo, centenas de quilômetros do Tietê, passando por diversos municípios do estado de São Paulo, para medir a qualidade das águas do rio. Em 2011, voltou ao flutuador para conferir se a promessa feita pelas autoridades, de combater a poluição no Tietê, havia sido cumprida. “Quando criança, cheguei a presenciar várias vezes o rio Tietê cheio de espuma, quando viajava do Rio de Janeiro para o interior do Paraná, para visitar meus avós. Depois, morando em algumas cidades do interior de São Paulo, tive a oportunidade de conhecer outros momentos do rio. Navegá-lo e poder alertar as pessoas para as suas condições foi uma experiência inesquecível”, relata.
arquivo pessoal
Início de carreira
Glória Vanique apresentando o SPTV 1ª edição
34 - CONEXÃOFAP
A carreira da repórter começou cedo, ainda quando cursava Jornalismo em 1998 na Universidade Estadual Paulista (Unesp). No primeiro ano da faculdade, fez um curso técnico de Radialismo, com ênfase em locução. Este curso abriu portas para o seu primeiro emprego, na Bauru Rádio Clube (AM), do Grupo Bandeirantes, como produtora. “Mas quando tive o primeiro contato com TV, me encantei e decidi que aquela seria a minha área. Um colega da rádio me indicou uma produtora de vídeo que fazia material para a TV a cabo local. Fui pedir emprego e, depois de muito insistir, fui contratada como produtora. Durante um ano, fiz produção, locução e algumas apresentações de vídeos institucionais”, conta. No ano em que fez seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), sua professora-orientadora a inscreveu para um processo seletivo de repórter na TV São Paulo Centro de Bauru, também pertencente ao Grupo Bandeirantes. “Mesmo sabendo que não poderia ser contratada,
PERFIL
por não ser ainda formada, fiz o teste e passei. Não pude ser repórter da TV, mas assumi a bancada do telejornal local por ser radialista. Após alguns meses, recebi o convite da TV Modelo (atual TV TEM de Bauru – afiliada da Rede Globo) para apresentar o telejornal da emissora”, explica. Seja em busca de oportunidades melhores ou por questões
“Quando tive o primeiro contato com TV, me encantei e decidi que aquela seria a minha área. Um colega da rádio me indicou uma produtora de vídeo que fazia material para a TV a cabo local. Fui pedir emprego e, depois de muito insistir, fui contratada”. pessoais, a jornalista acabou passando por diversas afiliadas da Globo no interior de São Paulo, como a EPTV em Ribeirão Preto e a TV Vanguarda, de São José dos Campos. No fim de 2005, voltou ao Grupo Bandeirantes, mas desta vez na capital paulista, assumindo o telejornal do Canal 21. Depois de um ano e meio, surgiu a oportunidade de trabalhar na TV Globo de São Paulo. “Ao longo da carreira, trabalhei como editora, apresentadora, produtora, repórter e fui gerente de jornalismo no Canal 21, além de editora-chefe do jornal”, complementa. Gosto pela escrita
+
MAIS SOBRE GLÓRIA VANIQUE *Profissionais que inspiraram a repórter: Ernesto Paglia, pelas histórias bem contadas, e Glória Maria, pela ousadia de vencer o preconceito racial. *Se não fosse jornalista: Trabalharia com Turismo. *Um mico: uma vez, quando estava cobrindo ao vivo uma exposição de quadros, resolveu andar de costas e caiu sentada. O repórter cinematográfico percebeu a situação e focou rapidamente na imagem de um quadro. Foi a salvação!
Diferentemente do que se pode imaginar, o Jornalismo não foi a primeira opção da repórter. “Foi uma decisão tomada aos 46 *Conselho para os estudantes minutos do segundo tempo. Até a metade do terceiro colegial de Jornalismo: “Não esperem a pensava em cursar Letras por gostar de escrever. Conversando formatura para procurar emprego! com um professor de Literatura, surgiu a ideia de fazer Jornalismo. Busquem experiência ainda Pesquisei sobre o curso e descobri que era exatamente aquilo que enquanto são estudantes. E eu queria, pelo fato de eu ser dinâmica e não gostar de ficar presa questionem, sempre”. só a um lugar”, afirma. Mesmo assim, desde criança Glória apresentava alguns indícios de que seria jornalista. Um gravador e um microfone eram seus brinquedos preferidos. “Eu escondia o microfone para gravar conversas dentro de casa. E adorava gravar as narrações de partidas de futebol de botão do meu irmão”, revela. A repórter se diz contente com o momento atual de sua carreira. “Estou numa fase altamente produtiva e não quero perder nenhuma oportunidade”. O desafio do “ao vivo” Segundo ela, o maior desafio de atuar ao vivo diariamente é trabalhar a concentração. “As notícias estão acontecendo, é tudo muito dinâmico e, muitas vezes, pego as informações segundos antes de entrar no ar. Não dá tempo de escrever um texto. É preciso improvisar e confiar na equipe que está ao seu lado”, explica. Para a jornalista, o segredo de uma boa reportagem está na sensibilidade. “Um repórter sensível capta o momento e consegue passar a emoção para o telespectador. E uma história contada com emoção é sempre mais interessante de se ouvir, não é mesmo?”, argumenta. A curiosidade também é importante, de acordo com Glória, pois leva o repórter a encontrar ângulos que os outros não viram. Na opinião dela, a grande missão do Jornalismo é informar e questionar aquilo que a população não tem a oportunidade de fazer: “O jornalista é o profissional que tem a chance de estar perto do governador, do prefeito, do presidente, para fazer perguntas, para falar pela população. Os textos, os gravadores e as câmeras são as ferramentas que temos para mostrar, provar e atestar situações que a população denuncia. Este é o nosso papel”.
CONEXÃOFAP - 35
PRATELEIRA
Marcos Aurélio
FOTOs: DIVULGAÇÃO
MESTRES DA REPORTAGEM
Trinta grandes nomes do jornalismo brasileiro falando sobre sua carreira profissional e sobre os bastidores de suas principais reportagens. Esse é o diferencial do livro Mestres da Reportagem, produzido pelos alunos do 6º e 8º semestres do curso de Jornalismo da FAPSP (Faculdade de Comunicação) e organizado pela jornalista e professora Patrícia Paixão. Ricardo Kotscho, Eliane Brum, César Tralli, Ernesto Paglia, Geneton Moraes Neto e Roberto Cabrini estão entre os entrevistados na obra, que tem o prefácio do “repórter do século” José Hamilton Ribeiro. Além de destacar pontos importantes da carreira desses profissionais, a obra oferece dicas sobre como produzir uma boa reportagem e ressalta qualidades que todo repórter precisa ter como curiosidade, hábito de leitura e humildade. Um livro essencial para todos que atuam ou atuarão como jornalistas. Livro: “Mestres da Reportagem” Autor: Alunos de Jornalismo da FAPSP Editora: In House. Idioma: Português Número de Páginas: 525
no centro do poder
Como a MPM - maior agência publicitária dos anos 70 e 80 - se relacionava com o governo militar, em um período em que não havia licitação pública? Esse e outros fatos interessantes sobre a publicidade brasileira são contados no livro No Centro do Poder, que traz a trajetória de Petrônio Corrêa, o P da agência MPM. A obra mostra ainda como Petrônio fez parte de um período que preparou o caminho para nossa publicidade ser reconhecida internacionalmente. O livro destaca a participação de Petrônio na gênese do Cenp e do Conar – órgãos que regulamentam a publicidade e seu conteúdo no Brasil. De uma maneira contextualizada com a história do país, o autor mostra a relação e a importância da publicidade nos últimos anos. Livro: No Centro do Poder - A trajetória de Petrônio Corrêa, fundador da MPM e o maior articulador da publicidade brasileira Autor: Regina Augusto Idioma: Português Número de Páginas: 280
36 - CONEXÃOFAP
PRATELEIRA
o caso Pimenta Neves, uma Reportagem
Luiz Octavio de Lima resgata, nesta obra, a história do crime cometido pelo jornalista Pimenta Neves, quando era diretor de redação do jornal O Estado de S. Paulo. Neves assassinou sua namorada e colega de trabalho, a jornalista Sandra Gomide. O livro detalha não só as circunstâncias do crime, mas também faz um relato biográfico de Neves, desde seu nascimento até os dias de hoje. A obra relata as primeiras 24 horas do assassino como foragido, além do primeiro período na prisão, em que dividiu cela com Mateus da Costa, conhecido como o “Atirador do Cinema”, e com o juiz Nicolau dos Santos Neto (o Lalau). Livro: O Caso Pimenta Neves – Uma Reportagem Autor: Luiz Octavio de Lima Editora: Scortecci Idioma: Português Número de Páginas: 370
Jornalismo e Publicidade no Rádio - como fazer
No livro Jornalismo e Publicidade no Rádio – Como fazer, a jornalista Roseann Kennedy e o publicitário Amadeu Nogueira de Paula destacam as transformações ocorridas no rádio devido à concorrência com outros meios de comunicação que são multimídias. A obra mostra como os profissionais de comunicação devem adequar a linguagem do veículo às novas necessidades impostas pela tecnologia e descobrir formas de atrair e fidelizar a audiência. Vários exemplos de como essa adequação pode ser feita são oferecidos ao longo do livro. A obra é voltada para todos que atuam e pretendem atuar no mercado radiofônico. Livro: Jornalismo e Publicidade no Rádio - Como fazer Autor: Amadeu Nogueira de Paula, Roseann Kennedy. Editora: Contexto Número de Páginas: 12
BRASIL: UMA MARCA EM CONSTRUÇÃO
Os professores da FAPSP Miguel Valione Junior, Daniel Ladeira e Egberto Franco acabam de lançar o livro digital (e-book) Brasil: uma marca em construção, organizado pelo Professor Ary Azevedo Jr, que relata a transformação que a imagem do Brasil está passando. O livro mostra como a Publicidade tem influenciado a natural divulgação da marca BRASIL e sua importância no panorama internacional. A obra também destaca a Publicidade brasileira como exemplo de criatividade, originalidade e capacidade de gerar soluções, mostrando dentro e fora do território nacional, o quanto é imprescindível cuidar de um incrível patrimônio, que é a nossa marca -país. Livro Digital (e-book) Brasil, uma marca em construção Autor: Ary Azevedo Jr. Endereço da obra: http://www.paragrafocomunicacao.com.br/ item/livro-paragrafo-editora
CONEXÃOFAP - 37
OPINIÃO
jornalista nunca para de se preparar
A
Copa do Mundo é o evento esportivo mais importante do planeta, a competição que tem, disparado, maior impacto e repercute mais na vida da população de todos os continentes, visto que o futebol é a mais universal das modalidades. A preparação para participar de alguma forma do Mundial, evento quadrienal de duração mensal, é feita desde que um profissional sonha viver esse mundo. Aliás, até antes de ser profissional. Estudar, se preparar, planejar, mirar participar do evento é algo que precisa ser desejado, estudado e vivido desde a infância. Isso vale para o garoto que dá seus primeiros passos em uma escolinha com o sonho de se tornar um profissional, vale para quem pretende estudar educação física, medicina, nutrição, psicologia, administração e outras áreas e que pretende trabalhar com esporte... E vale, claro, para quem pretende se tornar um jornalista esportivo. Ninguém vira jornalista na faculdade. Seja em qual área for, econômica, política ou esportiva. A pessoa se aperfeiçoa no curso, mas já é jornalista. Tem alma de repórter. Nasce curioso, interessado, dedicado. Assiste a um jogo com olhar de análise, enxerga uma partida não como um simples entretenimento, mas como uma forma de se informar e aprender. Para ser um profissional de comunicação é necessário, óbvio ululante, saber se expressar e escrever bem, conhecer outras línguas, dominar as mídias da moda e acompanhar a evolução tecnológica, ter tesão (que é mais do que vontade, é prazer mesmo!) no que faz e não se contentar com o mínimo, com a superfície. A Copa do Mundo vem aí. Depois a Olimpíada. Depois outra Copa, outra Olimpíada. Entre elas, Pan-Americano, Brasileiro, Libertadores, Liga dos Campeões. O mundo do esporte não para de acontecer e evoluir. A preparação para, como jornalista, fazer parte dele é diária. Jornalista não vê televisão como telespectador, não namora como namorado, não ouve como ouvinte, não passeia como turista. Jornalista faz tudo como jornalista. Com olhar crítico e desconfiado. Quem não vive o dia a dia como se fosse o último
38 - CONEXÃOFAP
ARQUIVO PESSOAL
Vitor Guedes
#vitor guedes
Vitor Guedes, 36 anos, é jornalista diplomado, colunista do jornal Agora São Paulo e da rádio BandNews FM, além de autor do livro Paixão Corinthiana.
dia, não leva uma Copa São Paulo de Juniors, um Campeonato Paulista e um Campeonato Brasileiro a sério, com paixão, não chegará a uma Copa do Mundo. Serve para o jogador, para o administrador, para o técnico e, claro, para o repórter esportivo. Dentre tantas coberturas jornalísticas, tive a honra de estar na África do Sul, em 2010, e no Japão, 2012, trabalhando na Copa do Mundo e no Mundial de Clubes-12 vencido pelo Corinthians. A preparação começou quando era criança, ouvindo os jogos com o meu pai, passou pela faculdade, por todos os treinos que fiz, entrevistas e telefonemas dados. Que a última Copa sirva de preparação para a próxima!
CONEXテグFAP - 39
40 - CONEXテグFAP