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Alerta ancestral
Conselho indígena reuniu diversos líderes: as etnias Tupinambás, Arapiuns e Borari, no Baixo Tapajós
Em terceiro Conselho Indígena Tapajós-Arapiuns, representantes de povos da Amazônica alertam para perigo do manejo madeireiro em terras indígenas João Paulo Guimarães – Da Revista Cenarium
BELÉM – “A floresta para nós, povos da Amazônia, não tem valor financeiro. Seu valor é social e espiritual, sendo parte do que somos”, a frase faz parte da série de manifestações indígenas ocorridas entre os dias 7, 8 e 9 de novembro, próximo da cidade de Santarém, a 697 quilômetros de Belém. No terceiro Conselho Indígena Tapajós-Arapiuns (Cita), às margens do Rio Tapajós, diversos líderes das etnias Tupinambás, Arapiuns e Borari se reuniram para debater a economia, cultura e o futuro das comunidades.
No evento, os indígenas se reúnem na cidade e usam embarcações para chegar até o destino localizado no Baixo Tapajós. Nele, são realizadas três atividades no encontro, a principal delas é a Conselho Indígena Tapajós-Arapiuns (Cita), ocorrida na Aldeia Jauarituba, onde foram discutidos os principais assuntos de interesse indígena.
A Cita é comandada pelo Cacique Braz, o Cacique Geral do Povo Tupinambá e, entre os presentes, também estava Edney Arapiun, de apenas 20 anos, que é liderança jovem e o coordenador do Cita. Ele comanda as aldeias da etnia do Baixo Tapajós e do Rio Arapiuns.
SUSTENTABILIDADE
A Cita, que reúne a comunidade indígena, tem como principal propósito articular ações em defesa do território da Reserva Tapajós Arapiuns, onde está situado o território Tupinambá, além de vários outros.
Entre os assuntos de destaque, foram abordados o Manejo Madeireiro que divide opiniões na comunidade. Para a mestra em Ciências da Floresta e engenheira florestal, Jessica Anastácia Medeiros, a luta do Povo Tupinambá é uma luta amazônida.
“A Amazônia tem sido palco de grandes empreendimentos nas últimas décadas, em um processo que visa o lucro acima da vida e da cultura de diversas populações. O manejo madeireiro comunitário tem se colocado como uma solução para o desenvolvimento na Amazônia. No entanto, esquece que nunca fomos subdesenvolvidos até o surgimento do capitalismo”, detalhou.
A fala de Jéssica na reunião, que não pode ser gravada por questões de segurança, foi incisiva e tempestuosa no intuito de explicar didaticamente todos os pontos negativos do manejo madeireiro na prática.
“A floresta para nós, povos da Amazônia, não tem valor financeiro, seu valor é social e espiritual, sendo parte do que somos. Compensação nenhuma paga a vida e a necessidade dos grandes empresários e explorar as florestas tem fortalecido trabalhos sobre manejo sustentável, porém a conta da retirada de madeira e sustentabilidade não fecha”, finalizou.
Para a mestra em Ciências da Floresta e engenheira florestal, Jessica Anastácia Medeiros, a luta do Povo Tupinambá é uma luta amazônida