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Covid-19: ‘segunda onda’ Perigo iminente?

Aglomerações em locais como a praia da Ponta Negra, em Manaus, podem ter contribuído para novo avanço do novo Coronavírus

COVID-19:

‘SEGUNDA ONDA’ PERIGO IMINENTE?

Aumento no número de casos e retomada de restrições reacendem debate entre especialistas

Náferson Cruz – Da Revista Cenarium

MANAUS - A crescente em números de novos casos de Covid-19 em Estados da Amazônia Legal reacendeu o debate entre especialistas sobre uma possível ‘segunda onda’ da pandemia com o novo Coronavírus voltando a se espalhar fortemente na região, como ocorreu em abril e maio em Manaus, um dos primeiros epicentros no Brasil. Até as 20h do dia 10 de novembro, os nove Estados da região já somavam 1.058.157 de infectados e 24.284 mortes, segundo o Consórcio de Veículos de Comunicação.

Em junho, a REVISTA CENARIUM antecipou a discussão sobre o perigo de uma nova ‘onda’ da doença com a manchete “O fantasma da Covid-19 na Amazônia: risco de ‘segunda onda’ é real”. Passados cinco meses, o aumento do número de infectados e a retomada

de medidas restritivas em Estados como o Amazonas reacenderam o debate.

Para o coordenador-geral do Projeto Atlas ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), Henrique Pereira, embora haja uma aceleração no número de casos e de internações, “é muito provável que não aconteça um segundo ciclo pandêmico semelhante ao que aconteceu nos meses de abril e maio, com altos índices de óbitos”.

“Cada um de nós (pesquisadores) tem um critério diferente que envolve essas questões. Quem está considerando a ‘segunda onda’, aposta numa escalada de mortes como aconteceu nos meses de abril e maio, porém, será um ciclo menos severo que o primeiro. No momento, estamos observando a aceleração no número de casos de internações, principalmente entre os mais jovens”.

Henrique Pereira ressaltou que Manaus está numa sequência de aceleração de casos e o nível desses indicadores está num patamar semelhante ao início de junho, o começo da flexibilização. “O mês de setembro teve uma tendência invertida, um alerta de que algo está errado ou mudou, mas precisamos ficar atentos, uma vez que nossa proteção vai ser sempre aumentar o distanciamento, o isolamento e a higienização”, disse o pesquisador.

Mais incisivo, o epidemiologista Jesem Orellana propõe a adoção de ‘lockdown’, medida extrema de restrição de atividades, para conter a circulação do vírus. O pesquisador, autor do estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que sustenta a tese de uma ‘segunda onda’ de casos de Covid-19 na capital amazonense, cita um “aumento sustentável da incidência ou de casos novos de síndrome respiratória aguda grave em Manaus há mais de quatro semanas”, referindo-se ao mês de setembro.

De acordo com o pesquisador, as restrições anunciadas, como o fechamento de bares, são insuficientes para conter a circulação do vírus em Manaus. Ele defende ‘lockdown’ em toda a cidade pelo período de 14 dias.

“Para você conseguir conter a circulação do vírus, não há outra solução que

A pandemia na Amazônia Legal

Estado

Acre

Amapá

Amazonas

Maranhão

Mato Grosso

Pará

Rondônia

Roraima

Tocantins

Total Casos confirmados

31.926

53.574

166.771

188.313

148.015

259.189

73.688

59.586

77.095

1.058.157 Óbitos confirmados

704

766

4.650

4.138

3.932

6.802

1.482

695

1.115

24.284

Fonte: Consórcio dos veículos de comunicação. Dados até as 20h do dia 10 de novembro.

não seja o ‘lockdown’ rigoroso em que você consiga fazer uma fiscalização efetiva da mobilidade intermunicipal, tanto da parte de transporte coletivo quanto do transporte privado das pessoas”, afirmou Orellana.

DIVERGÊNCIA INTERNA

Internamente, a Fiocruz diverge da medida de lockdown em Manaus. “Ainda é cedo para dizer que uma ‘segunda onda’ do novo Coronavírus atingiu Manaus, mas o momento é de atenção”. A afirmação é do pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do sistema Infogripe, desenvolvido pela Fiocruz em parceria com o Ministério da Saúde e ativo desde 2014. Segundo ele, o aumento de casos em Manaus é um fato que deve ser encarado com atenção, mas sem pânico.

MOVIMENTO ASCENDENTE DE CONTAMINAÇÕES

Dados do Governo do Amazonas mostram que a ‘primeira onda’ começou a se desenhar no fim de março, com pico no início de maio. Após uma forte queda em números de hospitalizações e óbitos, os números voltaram a subir a partir do início de agosto, mas ainda em uma proporção muito inferior em relação a maio.

Na última semana de setembro, o governo do Estado voltou a ordenar o fechamento de bares em Manaus e reeditou o decreto com as medidas de restrições no dia 27 de outubro. O governador Wilson Lima, no entanto, descartou o fechamento total de atividades. “Nem passa pela minha cabeça a possibilidade de ‘lockdown’”, disse, em vídeo postado em rede social. Lima também descartou que esteja havendo uma segunda onda em Manaus, ao anunciar a manutenção das restrições.

A Prefeitura de Manaus também percebeu o movimento ascendente de contaminações e decidiu fechar a praia do Complexo Turístico Ponta Negra, principal ponto turístico da capital. Também foi ampliado, de 11 para 18, o número de Unidades Básicas de Saúde - UBSs para atendimento preferencial de casos de Covid-19.

INCIDÊNCIA NO BRASIL

O Brasil chegou a 162.842 mortes e 5.701.283 casos no dia 10 de novembro, de acordo com o Consórcio de Veículos de Comunicação. O País seguia em terceiro lugar entre os países com o maior número de infectados no mundo, atrás apenas de Estados Unidos, com 9.990.620 casos, e Índia, com 8.636.011.

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