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Templos de memória
O salão de espetáculos do Teatro Amazonas tem capacidade para 701 pessoas, distribuídas entre a plateia e três pavimentos de camarotes
Pontos turísticos de Manaus guardam essência do áureo período da borracha Luís Henrique Oliveira – Da Revista Cenarium*
MANAUS – Quem não conhece a capital do Amazonas não imagina tamanha importância que a cidade teve para que o Brasil se tornasse o País que é hoje. Foi aqui, na chamada ‘Paris dos Trópicos’ do final do século XIX e início do século XX, que parte da população mais rica daquela época viveu, atraída pelo ouro branco: a borracha proveniente da árvore da seringueira.
Para viver com todo o requinte e conforto das grandes cidades, os ‘barões da borracha’ tiveram que fazer de Manaus uma verdadeira cidade europeia, com casas imponentes, mercados e um teatro fabuloso, construídos com material importado do velho continente. Dois exemplos desses templos da memória histórica da cidade que resistem ao passar do tempo e se tornaram atração tu-
rística são o Teatro Amazonas e o Mercado Municipal Adolpho Lisboa.
TEATRO AMAZONAS
Principal símbolo cultural e arquitetônico do Estado, o Teatro Amazonas, localizado no Largo de São Sebastião, no Centro de Manaus, mantém viva boa parte da história do ciclo da borracha. Inaugurado no dia 31 de dezembro de 1896, o Teatro surpreende e encanta pela imponência.
Tombado como Patrimônio Histórico Nacional em 1966, o Teatro Amazonas preserva parte da arquitetura e decoração originais. O estilo arquitetônico é renascentista, com detalhes ecléticos.
Na área externa, a famosa cúpula chama a atenção pela exuberância, composta por 36 mil peças nas cores da bandeira brasileira, importadas da Alsácia, na França. A maior parte do material usado na construção do teatro foi importada da Europa: as paredes de aço de Glasgow, na Escócia; os 198 lustres e o mármore de Carrara das escadas, estátuas e colunas são da Itália.
O salão de espetáculos tem capacidade para 701 pessoas, distribuídas entre a plateia e três pavimentos de camarotes. Impossível não ficar hipnotizado com o teto côncavo, no qual estão quatro telas pintadas em Paris pela tradicional Casa Carpezot.
As telas representam música, dança, tragédia e ópera. Esta última, uma homenagem ao compositor brasileiro Carlos Gomes. Ao centro, um majestoso lustre de bronze francês. Também não passam despercebidas as máscaras nas colunas da plateia, que homenageiam compositores e dramaturgos, entre eles, Aristophanes, Molière, Rossini, Mozart e Verdi.
O Pano de Boca do Teatro Amazonas é outra raridade. Foi confeccionado em 1894, pelo artista brasileiro Crispim do Amaral, e descreve o encontro dos rios Negro e Solimões.
No Salão Nobre, onde aconteciam os grandes eventos sociais da época, destaca-se a pintura do teto feita por Domenico de Angelis, em 1899, e que foi batizada de “A glorificação das Bellas Artes da Amazônia”.
MERCADO MUNICIPAL ADOLPHO LISBOA
O mercado público Adolpho Lisboa, de Manaus, surgiu no século XIX, em meio à preocupação com as condições de higiene na comercialização de alimentos. Popularmente conhecido como mercadão, é a principal entrada da produção pesqueira e rural do Estado. O seu pavilhão central foi inaugurado em 15 de julho de 1883, época em que a cidade era considerada uma das mais prósperas do Brasil, em razão das riquezas vindas da exploração dos seringais.
Sua arquitetura de estilo art nouveau, faz do mercado uma réplica do extinto mercado Les Helles, de Paris, na França, com a estrutura toda feita de ferro fundido e forjado, pórticos de ferro rendilhado e vitrais. Um detalhe interessante é que as obras desse mercado não obedeceram a um projeto e foram sendo realizadas ao longo de 30 anos, conforme a necessidade de ampliação do espaço, a partir do crescimento da cidade.
Em 1906, o prédio foi arrendado para a empresa inglesa Manáos Markets, responsável pela construção das principais fachadas e pelos dois pavilhões laterais, também de ferro, destinados à venda de carne e peixes. O contrato foi rescindido em 1934 e o Mercado voltou à administração municipal.
MANAUS 351 anos
A cúpula do Teatro Amazonas chama atenção, com suas 36 mil peças nas cores da bandeira brasileira