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Políticos: mais que oratória, conexão com o eleitor
Daniela Cardoso*
Este ano tivemos eleições em todo o País e o povo votou para escolher prefeitos e vereadores. Porém, este pleito foi repleto de peculiaridades. A inquietação, indignação e revolta pelos recorrentes escândalos envolvendo políticos em desvios de verbas públicas têm deixado o eleitor mais atento e crítico.
Político precisa falar com as pessoas, explicar claramente suas intenções, propostas e compromissos e, por último, pedir o voto. Porém, político, não se engane, o povo sabe que não adianta apenas ser um bom orador, é preciso se conectar com o outro. Um olhar verdadeiro, um abraço sincero, um aperto de mão firme e uma fala segura são alguns dos fatores que contribuem para uma boa comunicação e interação com o eleitor.
Recordo que alguns anos atrás um político do Amazonas trocou a formalidade excessiva por um semblante mais amigo, receptivo, próximo da realidade da população, e até os olhos passaram a brilhar. O resultado foi a vitória. Porém, também lembro de outro que, dotado de uma personalidade forte e fala firme, que durante a campanha foi ‘moldado’ para adotar outro estilo, acabou não alcançando a votação que esperava.
Essência, verdade e humanidade refletem na forma como as pessoas se comunicam. Cada vez mais os grandes políticos, aqueles que verdadeiramente querem fazer a diferença e se destacar, têm buscado estudar sobre comunicação, oratória e conexão com o outro. Buscar por mais informações sobre estes temas faz a diferença na vida daqueles que se permitem viver essa experiência transformadora. Eu passei por esse processo de mudança e por este motivo fui estudar os grandes oradores, especialmente Barack Obama, ex-presidente dos Estados Unidos, um homem que apesar de ter um dom para conectar pessoas, estudou para que isso fosse feito com eficiência.
Muito mais do que um bom orador, é a essência carismática que conecta a alma do outro, e isso foi o diferencial de Obama. Ele sabia a energia e postura certa para cada ocasião. É a empatia de entender que o outro tem histórias de vida diferentes das suas, que tem potencialidades e um perfil comportamental diferente do seu que estimula essa busca. É a falta de humildade em reconhecer a necessidade de estudar sobre o ser humano que deixa muitos políticos na inércia.
Podemos citar ainda alguns dos recursos muito utilizados por grandes oradores como a ênfase tão bem empregada Obama; a repetição de Martin L. King; as pausas características de Nelson Mandela e o treino de Estive Jobs. Não, eles não nasceram com todas as habilidades, mas entenderam que poderiam desenvolvê-las. Isso é ter humildade, determinação e a atitude para buscar a mudança.
No livro ‘A Lei da Conexão’, o autor Michael J. Losier aponta como você pode entender os diferentes tipos de sistemas representacionais ou estilos de comunicação (visual, auditivo, cinestésico e digital) e qual a linguagem adequada a cada um. Para quem nunca ouviu falar sobre isso pode se perguntar: “e isso funciona?”. Sim, funciona e pode fazer a diferença para que qualquer pessoa consiga se conectar melhor com o público, seja eleitor, alunos ou clientes.
Se você é alguém que se ofende com o tom de voz do outro, certamente é auditivo, se prefere organizar tudo em tabelas e narra as situações como se um filme passasse pela sua mente, tem grandes chances de ser um visual. Porém, é preciso esclarecer que há muita informação para ser analisada, estudada sobre o tema e que existem testes para que você saiba qual seu estilo de comunicação.
O fato é que a política está se renovando e é preciso que os candidatos também aprendam a ser políticos. O modelo antigo ficou no passado. Os homens e mulheres eleitos para cargos públicos também precisam se profissionalizar, e aprender a se comunicar com eficiência faz parte desse processo de aprendizagem. Quem disse que os homens públicos não fazem parte da revolução Raskilling? O termo é utilizado para identificar os profissionais do futuro que devem estar sempre se atualizando, e comunicação é um dos temas. Vamos defender a revolução Raskilling na política também!