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Vitória com discurso ambiental

Especialistas apontam que eleição de Biden na presidência dos EUA tem impacto positivo para Amazônia Vinícius Leal – Da Revista Cenarium

Crédito: RS/Fotos Públicas

MANAUS – A eleição do democrata Joe Biden como presidente dos Estados Unidos decretada nesse sábado, 7, deve influenciar positivamente a política mundial de defesa do meio ambiente e dos recursos naturais, é o que avaliam especialistas entrevistados pela CENARIUM. Em corrida eleitoral acirrada, Biden derrotou o atual líder republicano, Donald Trump, que mantinha posicionamento desfavorável à proteção da biodiversidade do planeta.

“O Trump representava um discurso negacionista das mudanças climáticas. Sendo anticientífico e contrário à mobilização socioambiental no Planeta inteiro. Temos grandes desafios no mundo sendo colocados à prova e o principal deles é o aquecimento global, uma realidade que já vivemos nos dias atuais”, ressaltou o ambientalista e geógrafo, Carlos Durigan, diretor da Associação Conservação da Vida Silvestre.

Segundo ele, a não reeleição de Trump tem impacto positivo na política global sobre meio ambiente. “Sabemos que os Estados Unidos são um País com forte poder econômico e esperamos que essa mudança possa trazer uma melhor postura do novo líder sobre as agendas de desenvolvimento socioambiental, algo mais sustentável e menos degradante”, reforçou Durigan. “De fato pode ser positivo para todos e, inclusive, para os países amazônicos”.

GESTÃO AMBIENTAL

Derrotado nas urnas, Donald Trump mantinha desde o início da gestão dele diversas campanhas contrárias à defesa do meio ambiente. Uma das primeiras medidas governamentais, ainda em 2016, foi retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris, um tratado que determina iniciativas às nações signatárias para mitigar causas e efeitos do aquecimento global.

“A eleição do Biden muda radicalmente o cenário internacional sobre meio ambiente. Um dos compromissos dele é voltar ao Acordo de Paris e impulsionar uma economia verde no mundo, com investimentos em energia solar, energia eólica e outras estruturas sustentáveis”, afirmou o ambientalista Virgílio Viana, da Fundação Amazonas Sustentável (FAS) e mobilizador internacional em defesa da Amazônia.

Joe Biden, ex-vice-presidente dos EUA na gestão Barack Obama, foi categórico em externar uma inquietação com a Amazônia durante a campanha eleitoral. Por conta da região que, nos últimos anos, vem alcançando números recordes de devastação, o democrata chegou a afirmar que mobilizaria toda a comunidade internacional, caso o Brasil não tomasse medidas necessárias a favor da floresta.

Uma semana antes do final da eleição, Biden declarou que “reuniria o

Joe Biden levou o discurso ambiental e a Amazônia para o centro do debate eleitoral

mundo para proteger a Amazônia”. A expressão foi um claro recado ao governo brasileiro que pratica política ambiental equivocada na visão de inúmeros líderes mundiais, entre eles o agora presidente dos Estados Unidos.

“Biden foi explícito em externar preocupação com o desmatamento da Amazônia. Ele tem a intenção de mobilizar um fundo para ajudar países a diminuir o desmatamento. A eleição dele com certeza é positiva para o meio ambiente em geral e principalmente para as florestas tropicais como a nossa floresta amazônica”, reforçou Virgílio Viana.

O ambientalista José Coutinho, do Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio), foi mais pessimista e nacionalista quanto à influência da eleição de Joe Biden para a Amazônia. “Ele não tem autonomia sobre isso. Esse tipo de fala dele, como se a nossa Amazônia fosse deles, precisa ser repudiado. Nós, brasileiros, que devemos ditar as regras sobre o nosso patrimônio natural”, finalizou.

DISPUTA ACIRRADA

Joseph Robinette Biden Jr., 77, foi declarado presidente eleito dos Estados Unidos no dia 7 de novembro, segundo projeção da rede de notícias CNN, na semana em que completou 50 anos desde a primeira vez que assumiu um cargo político. Os EUA escolheram, assim, Biden como o 46º presidente de sua história, numa disputa histórica e acirrada, que o atual líder americano, Donald Trump, decidiu levar à Justiça. Biden tem como vice, Kamala Harris, a primeira mulher negra a ocupar a vice-presidência dos EUA.

A projeção da vitória de Biden veio com os resultados na Pensilvânia, Estado que os democratas perderam para Trump em 2016 e que foi reconquistado neste ano. Assim, o agora presidente eleito atingiu ao menos 273 votos no Colégio Eleitoral, acima do mínimo de 270, enquanto Trump conquistou, 214.

Em relação ao apoio popular, Biden registrou mais de 74 milhões de votos, recorde nos Estados Unidos e um marco num País onde a participação não é obrigatória. Trump, por sua vez, contabilizou ao menos 70 milhões de apoios na 59ª eleição presidencial americana desde 1788.

Ao ser declarado como novo presidente dos Estados Unidos, Biden disse em sua conta pessoal no Twitter que está honrado por ser eleito. “América, estou honrado por você ter me escolhido para liderar nosso grande País. O trabalho que temos pela frente será árduo, mas eu prometo a você o seguinte: serei um presidente para todos os americanos – quer você tenha votado em mim ou não”, completou Biden na publicação.

“A eleição do Biden muda radicalmente o cenário internacional sobre meio ambiente. Um dos compromissos dele é voltar ao Acordo de Paris e impulsionar uma economia verde no mundo”

Virgílio Viana, ambientalista da Fundação Amazonas Sustentável (FAS)

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