Revista Ágora

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Ano III No 08 | 2º SEmestre 2016

Direto da Grécia antiga

Saiba o que era a Ágora E AINDA

Sustentabilidade, coaching, atendimento e coworking

Marketing e consumo

A responsabilidade das empresas na formação de indivíduos mais conscientes e menos consumistas


Avaliar riscos e tomar as decisões certas é mais que um talento. É ADMINISTRAÇÃO.

Saber administrar não é um dom: exige muito trabalho, experiência e, principalmente, estudo. Neste mês comemoramos o Dia do Administrador e do Tecnólogo, profissionais que são a base das organizações e que, mais que talento, possuem conhecimento para assegurar o sucesso dessas empresas. Garanta profissionalismo e resultados para os seus negócios; contrate administradores e tecnólogos registrados no Sistema CFA/CRAs.

9 de setembro, Dia do Administrador e do Tecnólogo. Parabéns! www.cfa.org.br

Com Administração, tudo fica no azul.


editorial

Todos bem vindos à Agora! Na Grécia antiga, podemos dizer que a Ágora foi um dos berços da democracia. A Ágora era o local, geralmente uma praça, onde os gregos se reuniam para fazer debates e tomar decisões políticas. Ali também situavam os edifícios públicos, o centro comercial e administrativo das cidades. E é com essa visão de debate e troca de informações e ideias que relançamos a nossa revista Ágora. Queremos que esse veículo de comunicação sirva para os administradores exporem suas ideias, suas críticas e que sirva de reflexão para todos. Em tempos de denúncias e mais denúncias de corrupção, especialmente envolvendo agentes públicos e que refletem em toda a sociedade, é primordial que exista um debate de alto nível em torno de ideias para o bem comum. É com imenso prazer que convido todos a participarem da nossa revista. É o presente do CRA-PR pelo Dia dos Administradores, comemorado em 9 de setembro. Sejam todos muito bem vindos à Ágora!

Adm. Gilberto S. Griebeler Presidente do CRA- PR eXPEDIENTE

Revista Ágora é uma publicação do Conselho Regional de Administração do Paraná – CRA-PR Endereço: Rua Coronel Dulcídio, 1565, CEP 80250-100 – Curitiba/PR – Fone/fax: (41) 3311-5555 Internet: www.cra-pr.org.br E-mail: cra-pr@cra-pr.org.br O conteúdo das informações veiculadas pode sofrer alterações a qualquer tempo, sendo atualizado diretamente em nosso portal. Os artigos são opiniões pessoais e não refletem necessariamente a opinião do CRA-PR

Presidente: Gilberto Serpa Griebeler

Fotos: Supervisão de Eventos e Arquivo

Conselho Editorial: Administradores Álvaro José Argemiro da Silva, Lorena Gramms, Márcio Nakayama Miura e Sérgio Ditkun

Contato e artigos: agorarevista@cra-pr.org.br

Editoração: Apex Conteúdo Estratégico Jornalista Responsável: Leonardo Fagundes (DRT: 4470/18/110-PR)

Periodicidade: Semestral – Distribuição exclusiva pela Internet


o que é

Ágora A

Ágora Antiga foi um dos primeiros lugares no mundo a dispor da democracia como forma de governo para o povo. Era o centro comercial, administrativo e político da Atenas antiga, um local central onde se situavam os edifícios públicos, o mercado e a praça de reunião dos cidadãos. As decisões políticas, principalmente em Atenas, cidade onde surgiu a democracia grega, eram tomadas na Ágora (espaço público de debate político). Nela se localiza um relógio de água chamado clepsidra (aproximadamente 400 a.C.) que era usado para controlar o tempo dos debatedores. Além do relógio, chama atenção uma urna esculpida em bronze, que era usada nos pleitos da época. O principal edifício da área é o templo

de Hefesto, construído em 449 a.C., local onde o público e o privado se encontravam na pólis ateniense, onde o espaço físico e o espaço político revestiam-se, em um mesmo momento, da potencialidade de fazer funcionar a democracia ateniense, a Ágora parece carregar consigo o poder de condensar a diversidade de interesses e a unidade da pólis. Seu significado encerra o respeito à diversidade e a possibilidade da ação conjunta. Foi um período no qual a vida pública - refletida no debate político na ágora, nas trocas comerciais realizadas no mercado (asty) e o consequente aparecimento das moedas, na laicização e expansão das formas de religiosidade ao espaço externo, até então assunto privado, restrito ao interior dos templo e na organização racional e geométrica do périplo urbano


- adquiriu uma importância cabal para os antigos gregos. As escavações na Ágora Antiga começaram em 1930 e foi montado um museu para expor as relíquias nela descobertas. “Ágora. (Do gr. ágora) S.F. Praça das antigas cidades gregas, na qual se fazia o mercado e onde se reuniam, muitas vezes, as assembleias do povo.” (FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa, (2ª edição). Nova Fronteira, Rio de Janeiro. 1986. p.63) “Do ponto de vista comunitário, tinha que haver um centro onde se concentrassem os originais edifícios civis e religiosos e onde os cidadãos pudessem reunir-se sempre que necessário (a Ágora, no seu sentido primitivo, muito antes

de essa palavra ter vindo a significar também “praça do mercado”).” (FINLEY, M. I.. Os Gregos Antigos. Edições 70, Lisboa. 1988. p.30) “Na reconstrução, após a invasão persa, os atenienses ocuparam-se primeiro da Ágora, ignorando a Acrópole. A escolha foi, sem dúvida, motivada pela urgência de restabelecer ordenadamente a vida cotidiana (...). Mas surge a tentação de ver igualmente uma razão psicológica, expressa numa citação conhecida e feliz de Aristóteles (Política VII 1330b). Uma cidadela (acrópole) adequa-se à oligarquia e à legislação de um só homem, o terreno plano à democracia. 1.” (FINLEY, M. I. Os gregos Antigos. Edições 70, Lisboa. l988. p.137).


SUMÁRIO

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Sustentabilidade Administração e Sustentabilidade: Veja como é possível esses fatores trabalharem em conjunto – Por José Luiz Nicolelis

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coaching O tempo não para – Saiba a importância do coaching na vida profissional – Por Fabrizio Paiva

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Atendimento Atendimento holístico ao cliente – Não deixe isso de lado – Por Francisco Moredo e Marcelo Deluca


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marketing

Coworking

A responsabilidade do marketing na empresa em face à geração do consumo –Por Juliana Juliana Santi Botton

Chegou a hora dos profissionais saírem do isolamento – As vantagens de trabalhar em um Coworking – Por Claudia da Silva Frantiozi i


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Administração como

habilidade sustentável José Luiz Nicolelis

D

e forma ampla, a habilidade sustentável de “administrar” está relacionada ao desenvolvimento econômico e material sem agredir o meio ambiente, usando os recursos naturais de forma inteligente, para que eles se mantenham no futuro e para que tenhamos como espécie, maior longevidade quanto a utilização e desfrute destes, visando ênfase em reflexos prósperos, duradouros e positivos nas relações humanas. Uma atuação determinante com objetivo de governança corporativa, seja em multinacionais ou empresas locais, necessita primar pela concepção em projetos de gerenciamento com resultados bem mais focados em recursos humanos nos planejamentos de curto, médio

e longo prazos. Carteiras de negociação e contratos com manutenção de serviços aliados a interação das redes de relacionamento devem e precisam garantir ações


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com altíssimo grau de equilíbrio físico e emocional.

éticos em equipe.

“Ações necessitam suprir carências atuais, mas sem comprometer o futuro”

Funções administrativas que versam experiência nas diversas áreas notadamente em finanças, logística, processamento de dados, gestão de projetos, auditoria, controladoria, estratégias de marketing e gestão empresarial, em ano olímpico, ganham fluência em diversos idiomas, cores, bandeiras e nacionalidades. Os conhecimentos sobre o ambiente organizacional e virtual, em análise e síntese com criatividade e inter -pessoalidade, propiciam uma relação de maior eficácia no gerenciamento de gente e nos trabalhos com comportamentos

Ações e atividades ambientais, econômicas e sociais, necessitam suprir as carências atuais dos todos nós seres humanos, sem comprometer o futuro das próximas gerações. Aristóteles, acreditava que alcançar a plenitude do florescimento das capacidades humanas era o maior sentido e a real finalidade de todo desenvolvimento. O acesso permanente à educação, trabalho, cultura, lazer, esporte, assistências médico e hospitalares apresentam-se, no mínimo, como condições razoáveis para o pleno e contínuo desenvolvimento físico e psíquico da espécie humana nos dias atuais e certamente a garantia para administração sustentável de melhores gerações futuras. Bem-vinda de volta “Revista Nova Ágora”. José Luiz Nicolelis, Delegado Adjunto CRAPR, Administrador e Consultor de empresas, MBA em Estratégia e Gestão Empresarial (UFPR)


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‘’O tempo não para.’’ Cazuza Fabrizio Paiva*

C

oach é uma palavra em voga que significa treinador em inglês, e que tem suas origens antigas na palavra Cocheiro, ou aquele que conduz uma carruagem. O Coach é o profissional que leva o cliente ao Sucesso. O sucesso é do cliente (chamado Coachee), um ponto onde ele deseje realmente chegar. Com o trabalho do Coach, é bastante comum que o prazo/tempo para atingir o sucesso seja menor do que o cliente estimava origi-

nalmente. Com técnicas e ferramentas, o Coach conduz seu cliente por caminhos mais curtos, que chegarão ao seu objetivo planejado. Tempo é uma das variáveis da Escassez, claro. Não há tempo para se fazer tudo o que desejamos. Mas é o próprio tempo que nos ensina que tudo podemos, e que temos todos os recursos internos para atingir os nossos sonhos. No Coaching (processo), valoriza-se a Abundância. Nas crenças da abundância,


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todos já nascemos com direito de termos vidas plenas e prósperas, com recursos naturais ilimitados. Os negócios devem ser realizados de forma a gerar ganhos para todas as partes envolvidas. E o mais incrível de tudo, a certeza de que a mente humana é ilimitada e próspera, sendo nossa real fonte de abundância. E uma das formas de reverberarmos a abundância é agindo, conectando desejo e ação, colocando no mundo toda a nossa força. Já fui cliente de 2 processos formais e completos de Coaching e por tantos outros processos de autoconhecimento nos cursos de formação que eu tenho realizado. Eu tenho a crença de que só se pode ajudar se a pessoa aceita ser ajudada, vivenciando. E passar pelo processo de Coaching te ajuda a perceber o mundo com novas cores e novas possibilidades. Se o tempo não para, realmente a hora é agora para

tirar seus projetos da cabeça. Com a ajuda de um profissional habilitado e capacitado como Coach, você vai colocar no papel suas ideias, com prazos e metas muito bem definidos. Prezo por um tempo em que o mundo das abundâncias seja percebido por mais pessoas e que possamos viver vidas plenas com mais Propósitos. Fabrizio Paiva, Engenheiro Industrial de formação, Fabrizio trabalha com desenvolvimento humano por opção desde que se entende por gente. Trabalhou em banco multinacional e consultoria, e hoje trabalha em diversos projetos nos quais o ser humano está no foco. Profissional de Treinamento e Aprendizagem, Palestrante internacional, Facilitador de processos em conflitos, Analista comportamental e Coach.| fabriziopaiva@ fabriziopaiva.com.br


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Atendimento HolĂ­stico ao cliente: Resgatando a essĂŞncia do Marketing Prof. Francisco Moredo e Prof. Marcelo Deluca*


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N

este artigo, os Administradores poderão refletir sobre uma das funções mais básicas do Marketing e das estratégias empresariais: o atendimento ao cliente. Portanto, pretendemos destacar a importância do atendimento ao cliente como filosofia de negócios.

“A única fonte de lucro de uma empresa é o cliente”

Percebemos ao longo da nossa caminhada pelos ambientes acadêmicos e também empresarial, que um dos pilares do marketing e estratégia, “o atendimento ao cliente“, tem sido reduzido em termos de importância e magnitude (e em investimentos também!). A princípio, verificamos que algumas mudanças podem ter afetado significativamente esta postura de não priorizar o atendimento ao cliente. A primeira mudança tem forte relação com inovações tecnológicas, que tem feito com que empresas e pessoas passem a interagir por meio de ferramentas tecnológicas, em um ritmo cada vez mais acelerado. Podemos citar o exemplo dos diversos SACs espalhados pelo pais, que muitas vezes possuem um atendimento automatizado, roteirizado, frio e pouco flexível. A segunda mudança tem relação com a primeira, pois a tecnologia passou a

“substituir” ou reduzir, em boa parte, os colaboradores responsáveis por atender os clientes. A terceira mudança pode estar associada a uma postura de enxugar custos sem critérios objetivos ou meramente sob uma perspectiva financeira de curto prazo.

O resultado que vemos é um atendimento de média ou de baixa qualidade, que se transforma em insatisfação ou muita insatisfação, associado a uma infidelidade por parte dos clientes, que agora possuem mais conhecimento e ampla variedade de opções de produtos e serviços em todos os setores da economia. Não obstante a estas mudanças, as pessoas estão cada vez mais buscando fora de si a sua felicidade. Os autores comportamentais incluem estas pessoas de “sociedade do TER”. Como anda o estilo de vida atual dos colaboradores da sua empresa? Como está a saúde dos colaboradores? Quem está feliz em seus trabalhos ou profissões? São questionamentos que nunca foram feitos com tanta frequência, em tão pouco tempo em nossa sociedade. E o que isto tem haver com atendimento? Absolutamente TUDO !!! Pessoas mais felizes atendem melhor, pessoas que trabalham no que gostam atendem melhor, ter prazer em servir, faz as pessoas


atenderem melhor, ter atitudes positivas faz atender melhor.

Muitas empresas adquirem novos clientes todos os dias, mas muitas perdem muito mais, principalmente pelo péssimo atendimento.

Que empresas atendem bem? Poucas, concordam? Vamos mais adiante, se você leitor, parasse agora e perguntasse a você mesmo: quantos produtos ou serviços eu sou fiel? Pense e reflita por alguns instantes ... Parabéns, pensamos que você teve dificuldade de encontrar até 3 exemplos de cada, correto? Bem, o que isto tem haver com o atendimento ao cliente? TUDO !!!

Nestes momentos, sempre recordo da frase do saudoso Peter Drucker “A única fonte de lucro de uma empresa é o cliente“. Muitas empresas adquirem novos clientes todos os dias, mas muitas perdem muito mais, principalmente pelo péssimo atendimento. Seria tão simples, se eles fossem bem atendidos. O que você acha que aconteceria, se eles fossem bem atendidos? A resposta poderia ser óbvia. Bem, pensamos que resgatar a importância do atendimento ao cliente, deve ser por meio de uma nova visão: o atendimento holístico ao cliente.

Mas afinal, o que seria o atendimento holístico ao cliente?

Seria o processo de humanizar o atendimento ao cliente com novas práticas de recrutamento e seleção, dinâmicas de treinamento, ambiente diferenciado que proporcione conteúdos inovadores e interdisciplinares para estimular as empresas a desenvolver um DNA de atendimento de excelência, assim como a Tam fez no passado e como a Zappos e a Amazon fazem no presente. Para encerrar, gostaríamos de citar um dos melhores supermercados dos Estados Unidos, o Stew Leonards. Dentro de uma de suas lojas tem uma pedra chamada de “Pedra do Compromisso” onde pode-se ler duas regras: Regra #1 – o cliente sempre tem a razão Regra #2 – se alguma vez eles estiverem errados volte para a regra número 1. Esta é a essência do DNA de Atendimento! * Diretores do ICG treinamentos –SC www.icg.net.br Contatos: Francisco Moredo (moredo@ncp.net.br) Marcelo Deluca (deluca@icg.net.br)



16.

Chegou a hora dos profissionais

saírem do isolamento Quem navega em mares desconhecidos, descobre novos horizontes e atracar também faz parte do roteiro Cláudia da Silva Frantiozi*

O

ambiente corporativo convencional te sufoca como nó de gravata? Trabalhar em casa não te leva a lugar algum? E se a solução para sua rotina profissional estivesse a um passo de você, a um simples reposicionamento e uma nova maneira de pensar? Legal, não é? Crescente no Brasil, o conceito de coworking tem

ganhado força num cenário mercadológico onde riscos, custo-benefício, logística e rede de relacionamentos entram com destaque no check-list de quem quer se dar bem nessa selva empresarial na qual vivemos. Falar em coworking é falar de pessoas que saem do anonimato e do isolamento profissional e levam o seu nome para interagir com outros profissionais, até mesmo de áreas distintas. Isso faz com que aqueles que buscam o coworking se tornem mais eficazes no que fazem, sendo um passo importante para que exista o desenvolvimento profissional. Mas, o que é esse “bendito” coworking? O site Coworking Brasil diz que “coworking é uma nova forma de pensar o ambiente de trabalho. Seguindo as


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tendências do freelancing e das start-ups, os coworkings reúnem diariamente milhares de pessoas a fim de trabalhar em um ambiente inspirador”. Essa união de pessoas dentro desses espaços pensados para a eficácia corporativa é inspiradora. Muitos que nos procuram falam do ‘efeito bruxa’, que é quando chegam em locais como o Cais Coworking, meio desanimados, e saem com insights, novas ideias ‘mirabolantes’. Para que a grande sacada, o felling ou simplesmente a estratégia para que uma conexão empresarial entre diversos profissionais se estabeleça de maneira duradoura é preciso transparência profissional. Estamos passando da ‘era do ter’, para a ‘era do ser’. O tempo em que ter um carrão ou um grande escritório era sinônimo de grandeza profissional pas-

sou. As pessoas hoje querem o profissional pelo nome, pelo que ele é e por sua competência, e isso faz parte de um ambiente de coworking. Recentemente tivemos a reinauguração do Cais Coworking e ficamos felizes em criar espaço para a conectividade de ideias. O brasileiro avalia o custo-benefício das coisas, mas agora ele começa a perceber a diferença entre valor e preço. A conexão de ideias cria um valor que não tem preço. Um ambiente de coworking consegue o respeito de todos justamente por agregar valor às pessoas. O segredo do sucesso é ser transparente. *Cláudia da Silva Frantiozi é administradora e proprietária do Cais Coworking de Cascavel, um dos maiores coworkings do Paraná


A RESPONSABILIDADE DO MARKETING NA EMPRESA EM FACE

À GERAÇÃO DO CONSUMO Juliana Santi Botton

A

esfera basilar do marketing é a otimização dos lucros pelo equilíbrio entre produção e oferta de mercadorias às necessidades dos consumidores, a partir de diversas ações que vão da escolha do

ponto de vendas até as campanhas publicitárias, atendimento especializado e outras tantas considerações que buscam atrair a atenção e fidelizar o cliente por meio da satisfação.


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Do ponto de vista organizacional, o marketing traduz em si o que se busca em relação ao cliente, à referência de consumo e à base para que a empresa se estruture, buscando suprir necessidades existentes e criar novas necessidades ainda não percebidas pelo consumidor.

“O consumidor torna-se cativado por incentivos muito aquém de sua necessidade original”

No mercado, diversos softwares disponíveis simulam ações de jogos de empresas baseados em decisões fictícias para a estruturação de uma suposta empresa, entre as decisões pertinentes para a organização, os jogadores precisam decidir quanto será o investimento em ações de marketing e por vezes, de que forma serão incorporadas à empresa.

Fora do universo paralelo, em contexto real, o consumidor torna-se cada vez mais atraído pelas informações vinculadas que recebe e torna-se cativado por incentivos diversas vezes aquém a sua necessidade original. Em momentos de recessão econômica como nosso país enfrenta, o marketing tornar-se-ia uma ferramenta altamente competitiva para empresas e tão mais fortemente devastadora para consumidores. É possível refletir um pouco. Pesquisas tem mostrado que o cérebro humano processa tudo, mas que os

níveis de inteligência medida em testes de QI não são capazes de mensurar a inteligência emocional do indivíduo. Desta forma, os estímulos gerados pelas ferramentas de prévenda e venda seriam suficientemente capazes de reter a atenção de pessoas mais sensíveis e atraí-los para uma armadilha do consumo.

Em recentes pesquisas da Harvard International Review no seu texto: “The Cost of Consumerism”, questionase sobre os mecanismos internacionais de incentivo ao consumo, cujas populações estão cada vez mais imersas em trabalhar duplas ou triplas jornadas para potencializar o capital econômico pessoal e familiar, e desta forma, manter sua necessidade de consumo ativa e em pé de igualdade com seus colegas e familiares. Outro mecanismo que auxilia as organizações em sua tomada de ação para atrair novos consumidores está baseada nas mídias sociais, que, advinda da expansão da internet, mais fortalecida no início do século XXI, torna-se eficaz na atração de indivíduos. Mídias “sem custo” como os mecanismos do facebook e youtube auxiliam as empresas em sua proposta de atração. Ao contrário do que se propaga, tais ferra-


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mentas são patrocinadas pelas empresas que anunciam ou mantém canais, ainda que a custos efetivos menores do que uma vinculação física.

consumo mais consciente, visto que, estaria baseado em informações mais precisas e assíduas. Pois não é o que se percebe.

Informações divulgadas em mídias sociais são virais e podem ser compartilhadas por várias outras ferramentas entre os indivíduos, consumidores ou não, aptos a buscar um consumo ainda maior.

Ocorre que, a sociedade do consumo permanece cada vez mais consumista, e que o cérebro humano não sofreu mutações genéticas suficientes para tornar os indivíduos seres superdotados de inteligência emocional sem a capacidade total de discernir entre necessidades reais e necessidades criadas.

Estas ferramentas, incidem ainda mais o consumismo exacerbado, fazendo com que o consumidor tenha acesso a produtos e serviços de forma mais rápida e imersa no ambiente tecnológicos e atrativo do mercado. Em março deste ano, a revista Harvard Business Review divulgou uma publicação na qual remete o fortalecimento de uma marca ao poder da Era da mídia social, ou Era digial. Na postagem Branding in the Age of Social Media, Douglas Holt, afirma que, as mídias nasceriam para fortalecer o potencial da marca, contudo, alguns fatores saíram do planejado e as ações midiáticas acabaram sofrendo. Mas o que haveria acontecido de errado? O que acontece é que o indivíduo, compreendendo o alcance da mídia digital, fortaleceu seu alcance, podendo agora organizar-se e contatar outros consumidores de locais mais restritos, inclusive amparado por mecanismos de tradução de idiomas, quebrando mais uma das barreiras fronteiriças antes tão iteradas. A partir do que se expõe, seria justo pensar que o consumidor tenderia a um

Para compreender, Darwin diria que as espécies tendem a se adaptar às mudanças do meio, e eu diria mais, não apenas de forma genética, mas de forma política. Politicamente estruturadas, as pessoas se inter-relacionam de forma que consigam tirar maior proveito entre si para suprir suas necessidades, barrando ações muitas vezes já antes fortalecidas pelas empresas. Juntas, pessoas do mundo todo podem compartilhar informações e tirar dúvidas entre si sobre os produtos e serviços disponíveis, acabando com fronteiras. Contudo, se por um lado as empresas ficaram à mercê das ferramentais digitais e nas mãos do consumidor, por outro, estas mesmas empresas também são criadas por indivíduos, que também dispõe da mesma massa cinzenta para tomada de decisões, e que também estão envoltos na esfera digital, podendo fortalecer suas ações por meio de parcerias ilimitadas entre outras empresas por meio das mídias digitais, de forma burlesca, con-


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vencer o consumidor de que aquela necessidade criada realmente existe. Então, em regra, o que se teria é uma sociedade movida pela disputa entre empresa e consumidor, para verificar qual teria maior discernimento e capacidade de persuasão para suturar o outro?

“O consumo vem crescendo mais que o crescimento populacional nos últimos anos”

De forma crua, sim, no entanto, o que se questiona é que, ao mesmo tempo em que o consumidor e a empresa estão cada vez mais conectados com o mundo, cada vez mais e ainda mais, estão envolvidos com o consumo exacerbado. Assim, o consumidor não passa a consumir menos, mas, preso na esfera do consumismo, teria a possibilidade agora de escolher o melhor produto, isso não reduziria sua esfera de compras, mas, aumentaria sua possibilidade de compreensão entre o que lhe satisfaz mais. A empresa por sua vez, permanece enaltecendo o consumo, contudo, percebendo o consumidor mais exigente, trabalha agora, com uma oferta de produtos e serviços cada vez mais competitivos. Seria assim utópico e lindo pensar que, a partir desta mudança de comportamento haveria uma sociedade na qual o consumismo deixaria de se dar pela quantidade, mas, de forma mais fortale-

cida, apenas pela qualidade do produto e serviço ofertados e consumidos.

Infelizmente não se pode concluir assim, isto porque, a última divulgação do relatório do O Estado do Mundo, pelo The Worldwatch Institute, traduzido e redirecionado pelo Instituto Akatu, indicou-se que o consumo vem crescendo exacerbadamente superior ao crescimento populacional nos últimos anos. Isso significa que, cada pessoa consome cada dia mais e que o mundo, em pouco tempo, não terá mais potencial para manter toda esta população, seja pela alimentação escassa ou ainda pela produção de resíduos. Países como os Estados Unidos por exemplo, já enviam seu lixo a centenas de quilômetros de distância de seus centros por não possuírem estrutura em suas cidades para livrar-se do problema.

Em síntese, a população teria ferramentas possíveis para, entre si, desenvolver mecanismos de combate ao consumo exagerado, mas em regra, não o faz. David Deese da Harvard International Review indica que o poder público deveria estruturar suas cidades de forma consciente, e que as políticas públicas poderiam auxiliar no combate ao consumo desenfreado.


22.

Não discordo da posição supracitada, no entanto, acredito que o consumo exagerado é uma situação criada e mantida por toda população, e que não cabe apenas ao governo o equilíbrio desta situação.

é impossível considerar que as políticas públicas pudessem ser, por si só, capazes de romper com o consumismo criado.

Países como o Brasil enfrentam momentos de recessão econômica, o que dificulta ainda mais o controle, isto porque, a inflação buscaria diminuir o consumo a partir da impossibilidade de compra do consumidor para que se atingisse novamente o equilíbrio de mercado.

Contudo, o que se percebe não é isso. A população sente seu potencial de compra reduzido, e ao se deparar com ações de mercado, geradas pelas empresas para atrair novos compradores, agem diversas vezes movidos por um desejo criado, endividando-se em prestações de produtos dispensáveis. Nestes sentido, é impossível considerar que as políticas públicas pudessem ser, por si só, capazes de romper com o consumismo criado e que a mídia digital pudesse garantir sozinha que os consumidores tivessem total controle sobre suas decisões. O que seria então possível? O que vejo, é que as empresas, a par-

tir das ações de marketing, podem adequar suas ações em prol de uma sociedade mais equilibrada. A partir de preceitos de marketing social, na qual a gestão está estruturada por mecanismos éticos e voltados para a equidade social.

Este aspecto geraria a possibilidade de que as empresas divulgassem seus produtos não com o intuito de criar novas necessidades de consumo, mas, de despertar no outro a necessidade da consciência do consumo. Buscando consumidores mais analíticos e críticos, capazes de discernir entre empresas socialmente estruturadas. Além disso, o marketing ambiental ou marketing verde deveria ser potencializado pelas empresas, voltados à venda de produtos com benefícios ao meio ambiente, com atitudes simples como a logística reversa, criando um espaço no qual o consumo é somado a mecanismos de reestruturação do mercado, em que os excessos seriam banidos, assim como os resíduos diminuídos. Um exemplo foi o lançamento em 2013 da linha SOU da Natura, na qual, a vinculação midiática remetia ao con-


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sumidor a ideia de utilizar um produto básico mas com a mesma função do produto tradicional, com embalagens que empregavam 70% menos plástico que as clássicas. Em nível mundial, a Corporate Knights, revista para um capitalismo limpo, no seu ranking de 2016 das 100 empresas mais sustentáveis do mundo premiou a BMW pelas suas ações em prol do consumo mais consciente. Finalmente, as estratégias de marketing deveriam incentivar os consumidores para que, entre si, e por meio das mídias digitais, trocassem informações capazes de gerar consumo consciente. Assim, em suma, o que se espera das empresas é que, não utilizem os hábitos

já reiterados das populações como pretexto para alimentar o mecanismo desenfreados de consumo, mas que, por meio de suas ações de marketing e de gestão, criem, fortalecidos pelas mídias, uma cultura voltada para o consumo consciente. O marketing não deve ser uma ferramenta para alienados, mas, para geração de indivíduos críticos, capazes de discernir sobre suas escolhas e assumir sua responsabilidade solidária às empresas em relação ao que produzem, consomem e descartam no meio, sem controle. http://hir.harvard.edu/the-cost-of-consumerism/ https://hbr.org/2016/03/branding-in-the-age-ofsocial-media



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