A importância da gestão do desempenho organizacional

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COLABORAÇÃO ISCAP

A importância da gestão do desempenho organizacional Como não se pode gerir o que não se consegue medir, a implementação e utilização de sistemas de medição e gestão do desempenho organizacional, ainda que em versões simplificadas, são fundamentais para a tomada de decisões. Por Paulino Silva* | Artigo recebido em outubro de 2014

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ão se pode gerir o que não se pode medir.» Frase normalmente atribuída a Peter Drucker, o “pai” da Gestão, apesar de haver autores que a atribuem a Bill Hewlett, cofundador da HP, tornou-se intemporal e genericamente aceite, especialmente no contexto dos negócios. O desempenho organizacional é um tema cada vez mais debatido quer nos meios académicos quer nos meios profissionais. O aparecimento de ferramentas de gestão, tais como o ABC/M (activity-based costing/management), o SMART pyramid, o balanced scorecard e o performance prism são disso exemplo. Aliás, este movimento contribuiu para que a contabilidade de gestão ganhasse novamente a relevância que havia perdido durante grande parte do século XX (Johnson & Kaplan, 1987). Muito recentemente, no editorial de uma das mais prestigiadas revistas

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científicas de contabilidade de gestão - Management Accounting Research - Mike Bourne, Steven A. Melnyk, Umit Bititci, Ken Platts e Bjorn Andersen relevam o papel dos KPI (key performance indicators) que têm vindo a substituir os indicadores tradicionais de contabilidade. A conjugação de indicadores financeiros com indicadores não financeiros, assim como a multidimensionalidade dos mesmos, tem sido cada vez mais evidente nos sistemas de medição e gestão do desempenho organizacional (Bourne, Melnyk, Bititci, Platts, & Andersen, 2013). Estes autores referem ainda que alguns estudos académicos são inconsistentes nos resultados que apresentam sobre o impacto da medição do desempenho no próprio desempenho organizacional, o que sugere um conhecimento ainda muito pobre acerca desta área da contabilidade de gestão. Para além disso, do ponto de vista prático, temos

ainda que considerar o desenvolvimento acelerado dos negócios. A globalização tem alcançado níveis nunca antes vistos, aumentando-se a dependência nas cadeias de abastecimento internacionais. Os mercados emergentes e a velocidade elevada de acesso à internet são outros fatores importantes que condicionam as estruturas das organizações de hoje (Bourne et al., 2013). ABC/M O ABC, que surge oficialmente durante a década de 1980 pelo contributo dos investigadores Robert Kaplan e David Cooper da Universidade de Harvard dos EUA (Cooper & Kaplan, 1988), é uma das primeiras ferramentas diferenciadoras neste processo de relevância readquirida pela contabilidade de gestão, aliás retratada por H. Thomas Hohnson no seu livro “Relevance Regained” (Johnson, 1992). O ABC surge, essencial-


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