INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, SOCIAL E AMBIENTAL DO PARÁ - IDESP AGÊNCIA DE DEFESA AGROPECUÁRIA DO PARÁ- ADEPARÁ
DINÂMICA DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA NO ESTADO DO PARÁ: 1990-2010 Análise das campanhas de vacinação contra febre aftosa: 2009 e 2010
COOPERAÇÃO TÉCNICA: TERMO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA Nº 002/ 2011, de 6 de setembro de 2011).
BELÉM 2012
Dinâmica da pecuária bovina e bubalina no estado do pará: 19902010 - Análise das campanhas de vacinação contra febre aftosa: 2009 e 2010/ Instituto de Desenvolvimento Social, Econômico e Ambiental do Pará; Agencia de defesa Agropecuária do Pará.Belém: IDESP, ADEPARA, 2012.
259 p. (Cooperação Técnica nº 002/2011)
1. Pecuária 2. Bovinos 3. Bubalinos 4.Pará. CDD
IDESP
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO SOCIAL E AMBIENTAL DO PARÁ Maria Adelina Guglioti Braglia Presidência
Jonas Bastos da Veiga Diretoria de Pesquisa e Estudos Ambientais
Sérgio Castro Gomes Diretoria de Estatística, Tecnologia e Gestão da Informação – DETGI
Cassiano Figueiredo Ribeiro Diretor de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural
EQUIPE TÉCNICA Sérgio Castro Gomes/José Tarcísio Alves Ribeiro Coordenação
Dr. Ari Pinheiro Camarão Bolsista e Coordenador Científico
M.Sc. Nayane Cardoso Engª. Agrônoma Adriana Barreto Téc. Proc. Dados. Edmundo G. Neto Eng. Agr., M. Sc. Bruno Peres de Menezes Bolsistas
Esp. Estatística Maria Glaucia Pacheco Moreira Coordenadora técnica da DETGI
ADEPARÁ
AGÊNCIA DE DEFESA AGROPECUÁRIA DO ESTADO DO PARÁ Mário Moreira Diretoria Geral
Adenair Vieira Diretoria Administrativa Financeira
Ivaldo Santos de Santana Diretoria Técnica Agropecuária e Florestal
Sálvio Carlos Freire Silva Diretoria Operacional
EQUIPE TÉCNICA Engº Agrº Rogério Ferreira Lourenço Coordenação
Gláucio Rocha Galindo Marion Cinthia de Oliveira Silva Márcia do Socorro da Silva Gomes Médicos Veterinarios
Anderson Conceição Ferreira Braga Assistente Administrativo
SUMÁRIO
Resumo................................................................................................. 9 1. Introdução.......................................................................................... 11 2. Metodologia......................................................................................... 13 3. Evolução do Rebanho.............................................................................. 15 3.1. Taxas de Crescimento........................................................................ 16 3.2. Dinâmica da Distribuição Espacial de Bovinos nos Municípios do Pará............... 19 4. Densidade Demográfica do Rebanho............................................................. 21 5. Evolução das Pastagens........................................................................... 23 5.1. Taxa de Lotação.............................................................................. 29 6. Bovino ce Corte.................................................................................... 33 6.1. Bovinos Abatidos............................................................................. 33 6.2. Exportação de Bovino Vivo.................................................................. 35 6.3. Exportação de Carne......................................................................... 36 6.4 .Exportação de Carne E Subprodutos de Bovinos nos Municípios Paraense........... 37 7. Vacinação Contra Febre Aftosa.................................................................. 39 7.1. Guia de Trânsito Animal (GTA)............................................................. 40 8. Bovinos de Leite................................................................................... 47 8.1. Produção de Leite Cru....................................................................... 48 8.2. Vacas Ordenhadas............................................................................ 53 8.3. Rendimentos.................................................................................. 54 9. Rebanho Bubalino.................................................................................. 57 9.1. Evolução do Rebanho........................................................................ 57 9.2. Taxas de Crescimento........................................................................ 58 9.3. Dinâmica da Distribuição Espacial de Bubalinos nos Municípios do Pará............. 61 9.4. Densidade Demográfica Do Rebanho Bubalino Nos Municípios do Pará............... 61 9.3. Bubalinos Abatidos........................................................................... 63 9.4. Produção de Leite de Búfala................................................................ 64 10. Observações Finais............................................................................... 67 11.Considerações Gerais............................................................................. 71 Referências............................................................................................. 73
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
RESUMO
O Brasil possui o maior rebanho de gado bovino comercial, é o quinto maior produtor de leite do mundo, todavia quando comparado com padrões internacionais apresenta baixos índices de produção e produtividade. Devido à importância da pecuária bovina e bubalina que representa para agronegócio do Estado do Pará se faz necessária uma análise considerando: a dinâmica do rebanho, por região e município, evolução das áreas de pastagens, taxas de lotação, bovinos abatidos, exportação de bovino vivo, exportação de carne, produção de leite, vacas ordenhas e produtividade dos bubalinos, baseando-se nos dados principalmente do IBGE e ADEPARÁ nos últimos 20 anos. Neste período, o desenvolvimento da pecuária do Pará foi considerável. Ficou em 5° lugar no ranking do rebanho dos bovinos com 17,6 milhões de cabeças (8,4% do rebanho nacional), com uma taxa de crescimento de 6,2%/ano. A região do Sudoeste foi onde o rebanho mais cresceu (10,21%/ano), seguido do Sudeste, Baixo Amazonas e Nordeste. O município de São Félix do Xingu, que além de ser apresentar a maior população bovina (2,0 milhões de cabeças) do Estado também apresentou a maior taxa média de crescimento (26,55%/ano). A maioria da criação de gado no Pará é feita em pequenas propriedades com até 100 ha (65,47%) e com rebanho de 100 animais (73,76%). No Pará, as pastagens totais somam 10,8 milhões de hectares sendo 9,0 milhões de pastagens cultivadas e 1,7 milhões de pastagens nativas em 2006. Em 2008 passou a ter 22 milhões hectares de pastagens. A taxa de lotação das pastagens evoluiu de 0,34 em 1970 para 0,93 UA/ha em 2006. As taxas mais elevadas estão nas regiões onde a pecuária está mais desenvolvida, Sudoeste (0,90 UA/ha) e Sudeste (0,77 UA/ha). O Pará é o maior exportador de boi vivo do Brasil. Em 2010 exportou um total de 616 mil animais, com uma taxa de crescimento de 80,2%/ano, correspondendo a exportação de 618 milhões de US$, também com uma taxa de crescimento de 97,3%/ano. A exportação de carne desossada atingiu 111 milhões de US$ em 2010, um expressivo aumento de 95,6%/ano Apesar da participação pequena na exportação total do Estado, mas demonstra potencial muito grande visto que o crescimento que começou com 0,01% na participação na exportação em 2003 e chegou a 0,87% com taxa de crescimento de 61,8%/ ano. Marabá é o maior exportador carne e subprodutos com a quantia de 89,2 milhões de US$, 9
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vindo a seguir Xinguara, em 2011 com 16,3 milhões de US$ 2011. O Governo do Pará através da ADEPARÁ está executando campanhas de vacinação para se tornar livre da febre aftosa. Nos anos de 2006, 2007, 2008, 2009 e 2010, índices de vacinação dos bovinos foram 96,6%, 97,6%, 97,8%, 98,1%. Nos bubalinos os índices foram 80,2%, 84,5% e 90,7% respectivamente para os anos de 2006, 2007 e 2009. A ADEPARÁ em conjunto com Ministério da Agricultura e Abastecimento (MAPA) implantou o Guia de Trânsito Animal (GTA). Inicialmente foram implantados no Sudeste em 6 municípios. Foram emitidos um total de 715.616 GTAs em toda campanha, correspondendo 17,89% em relação ao total do rebanho, com 83,69% destinadas para abate e engorda dentro do estado. A movimentação do rebanho total dentro do Estado com a finalidade principal para o abate (41,88%) e a engorda (41,87%). A movimentação dos bovídeos fora do Estado menos do que 2 % destinou-se ao abate. Os meios de transporte mais utilizados nos municípios foram o rodoviário (68,61%) e a pé (30,32%). O Pará produziu 563 milhões de litros de leite. A maior produção em 2010 está localizada no Sudeste Paraense (76,2% do total) e com maior taxa de crescimento de 8,57%/ano, vindo em seguida o Baixo Amazonas e Sudeste com taxas de crescimento respectivamente de 5,51 e 2,07%/ano. Os maiores municípios produtores de litros de leite foram: São Felix do Xingu (26,6 milhões), Xinguara (25,6 milhões), Novo repartimento (25,6 milhões), Piçarra (24,1 milhões), Água Azul do Norte (23,4 milhões), São Geral do Araguaia (19 milhões) e Rondon do Pará (18,6 milhões) em 2010. A quantidade de vacas ordenhada foi de 763 mil. A produção de leite por vaca foi de 2,3 kg/vaca/dia ficando em 14° lugar do Brasil. O Estado do Pará possui o maior rebanho de búfalos com 457 mil cabeças em 2010, correspondendo a 60,7% e 38,5%, respectivamente dos rebanhos do norte e do Brasil. Os maiores rebanhos de búfalos estão no Marajó (61,6%) e Baixo Amazonas (31,2%). O Sudoeste e o Baixo Amazonas foram que apresentaram maiores taxas de crescimento respectivamente de 4,1 e 0,6% por ano. No Marajó está à maior população do Pará e do Brasil também apresentou a mais baixa taxa de crescimento de - 3,9% por ano. Durante 10 anos foram abatidos 15,8 milhões bovinos e 127,8 mil bubalinos. Vacas bubalinas do Pará foram as que apresentaram a maior produção de leite do Brasil, o Baixo Amazonas produziu 6,0 milhões de litros, a maior do Pará seguido do Marajó com 4,5 milhões de litros. Não obstante, o grande progresso da pecuária do Pará como todos os Estados da região norte tem problemas estruturais como deficiência em energia elétrica, estradas e também e a falta de higiene na produção de leite que dificultam a comercialização. A maioria dos pequenos produtores efetua a ordenha manualmente e não há higienização das tetas das vacas e do recipiente onde o leite é armazenado. O grande desenvolvimento da pecuária do Pará se deve em grande parte também pelas tecnologias geradas pelos órgãos do Governo, principalmente da EMBRAPA.
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ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
INTRODUÇÃO
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A criação de gado na Amazônia iniciou em 1680, na Ilha Grande de Joanes (Cruz, 1987), denominação da Ilha de Marajó naquela época, posteriormente se expandiu para a região do Baixo Amazonas. Ao longo do processo de desenvolvimento da atividade pecuária, as pastagens nativas da região sempre desempenharam papel da maior relevância. Até o início dos anos de década de 60, a quase totalidade da produção de carne e leite era comercializada nas capitais dos Estados da Amazônia oriunda das extensas áreas de criação de bovinos e bubalinos em pastagens nativas de savanas bem e mal drenadas e nas pastagens nativas de solos aluviais de várzeas. No Estado do Pará, as áreas de pastagens nativas eram constituía 81,6% do total das pastagens. Em 1970, aumentaram de 2,5 milhões de hectares para 10,8 milhões de hectares em 2006, isto é um aumento de 426%. Todavia em 2006, essa situação se inverteu e as pastagens cultivadas chegaram atingir 83,6%. O processo de deslocamento de parte da atividade pecuária das áreas de pastagens nativas para as pastagens cultivadas formadas em regiões ocupadas por florestas primárias foi resultante da abertura das chamadas rodovias de integração Nacional como a Belém-Brasília, Transamazônica, Perimetral norte e outras, e de condicionantes extremamente vantajosas oferecidas pelo Governo Federal, através de incentivos fiscais, da disponibilidade de terras a baixo custo e das extremas dificuldades impostas por aspectos logísticos das regiões de pastagens nativas. No entanto, na medida em que as pastagens cultivadas invadiram as áreas de florestas tropicais, cresceram também as preocupações com os impactos que esse tipo de exploração poderia trazer ao meio ambiente. Na Amazônia foram desmatados cerca de 70 milhões de hectares de florestas primárias (INPE, 2009) e 77% dessas áreas foram transformadas em pastagens (Valentim & Gomes, 2003). O desmatamento acumulado de agosto de 2011 a maio de 2012 totalizou 873 km 2. Metade desse 11
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
desmatamento ocorreu no Pará, seguido de Mato Grosso com 26% (Martins et al 2012), como se observa o Estado do Pará juntamente com o Mato Grosso são os Estados que mais contribuem para o desmatamento na Amazônia. As áreas mais desmatadas do Pará estão localizadas nos municípios da mesorregião do Sudeste e Sudoeste (INPE/PRODES, 2012), onde está localizada a pecuária mais desenvolvida do Estado do Pará Nos últimos 10 anos o Estado do Pará se tornou um dos mais importantes produtor e exportador de carne do Brasil. A partir de 2006 com o aumento dos preços nas principais regiões pecuárias do Brasil, o Pará se consolidou como o maior exportador de gado em pé, com 96% do embarque em 2009 (Scott consultoria, 2010). Devido à importância da pecuária bovina e bubalina que representa para agronegócio do Estado do Pará se faz necessária uma análise considerando: a dinâmica do rebanho, por região (Anexos I e II) e por município, evolução das áreas de pastagens, taxas de lotação, bovinos abatidos, exportação de bovino vivo, exportação de carne, produção de leite, vacas ordenhas e produtividade dos bubalinos, baseando-se nos dados do IBGE e Adepará nos últimos 20 anos.
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ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
METODOLOGIA
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As análises deste trabalho foram baseadas nas informações retiradas do IBGE: Pecuária Municipal – PPM/IBGE, Censo Agropecuário. 2006 e Sistema IBGE de recuperação automática SIDRA, 2010. As informações sobre o abate de bovinos e búfalos do SIE (Serviço de Inspeção Estadual) e SIF (Serviço de Inspeção Federal) foram enviadas pela ADEPARÁ e MAPA – PARÁ. Os índices de vacinação contra a febre aftosa, os guias de trânsito de animais, áreas das propriedades e número de bovídeos por propriedades foram fornecidos pela ADEPARÁ. Os cálculos para estimar a taxa de lotação (UA/ha) das pastagens dos anos 1970, 1975, 1980, 1995 e 2006, foram feitos dividindo-se o número de cabeças do rebanho pela soma das pastagens nativas e cultivadas. Os índices de conversão para o equivalente em unidade animal (UA) são mostrados na Tabela 1. Tabela 1 - Índice de conversão1em Unidade Animal (UA= 450 kg de peso vivo) ESPÉCIE ANIMAL
UNIDADE ANIMAL
Bovinos
0,70
Bubalinos
0,90
Ovinos e Caprinos
0,15
Eqüinos, Asininos e Muares
0,80
Fonte: Marques, 2006.
No ano de 2008, a taxa de lotação foi calculada utilizando as informações contidas no “Levantamento de informações de uso e cobertura da terra na Amazônia (EMBRAPA/INPE, 2011)”. A taxa de lotação das pastagens nativas do Marajó foi calculada utilizando a cobertura identificada como área não floresta, constituída de formação vegetal natural não florestal com característica de cerrado, campinas ou campinas mapeadas pelo Programa de Monitoramento do Desflorestamento – PRODES. Para cálculo da taxa de lotação das pastagens nativas e 13
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
cultivadas, além da área não floresta, foi somada com as áreas de pasto com solo exposto, pasto limpo, pasto sujo e regeneração com pasto. As informações sobre as exportações de carne e subprodutos de bovinos foram obtidas através de consultas nas páginas da internet do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC, 2012). As figuras “Dinâmica espacial do rebanho de bovinos e bubalinos nos Municípios do Estado do Pará”, foram confeccionados no Núcleo de Cartografia e Georreferenciamento do IDESP. As taxas de crescimento foram calculadas utilizando a seguinte regressão geral: Yit = ln ai + b iT + e t T = é o logaritmo natural da quantidade das variáveis relacionada a produção animal (rebanho, taxa de abate, produção de leite/ha, etc.) T = é uma variável tendência, assumindo os seguintes valores (T=0, para 1990, .... T= 20 para 2010; ai = parâmetro que representa a quantidade da média; bi = é o logaritmo natural da taxa geométrica de crescimento (l+ i). A taxa de crescimento é obtida do seguinte modo: i=ant lnbi-l; e ei = é o termo de erro aleatório.
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ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
3 EVOLUÇÃO DO REBANHO
Em todas as regiões verificou-se o crescimento do rebanho de bovinos do Brasil. A região do Centro Oeste, é onde está concentrado o maior rebanho (34,6% do rebanho total) do Brasil, seguido da região do Norte, Nordeste e Sul. Por outro lado, a maior taxa de crescimento significativa (6,18%/ano) foi obtida na região Norte (Tabela 2).
Tabela 2 - Rebanho Bovino nas regiões do Brasil 1990-2010 1990
1995
2000
2005
2010
CRESCIMENTO ANUAL %
Norte
13.316.950
19.183.092
24.517.612
41.489.002
42.100.695
6,18***
Nordeste
26.190.283
23.173.936
22.566.644
26.969.286
28.762.119
0,83**
Sudeste
36.323.168
37.168.199
36.851.997
38.943.898
38.251.950
0,27***
Sul
25.325.979
26.641.412
26.297.970
27.770.006
27.866.349
0,46***
Centro-Oeste
45.945.934
55.061.299
59.641.301
71.984.504
72.559.996
2,32***
REGIÕES
Fonte: IBGE – Pecuária Municipal (2010); Elaboração: IDESP **Significativo 5%; ***Significativo 1%.
Na Tabela 3 são apresentados os dados da evolução do rebanho de bovino do Brasil, Estados e Amazônia Legal. Verifica-se que o rebanho de bovino brasileiro passou de 147,1 milhões de cabeças em 1990 para 209,5 milhões de cabeças em 2010, com taxa média anual de crescimento de 2,0%. Os maiores rebanhos (45,42% do total) estão localizados em Mato Grosso, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás em 2.010.
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ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Tabela 3 - Efetivo Bovino do Brasil e Unidades da Federação PAÍS UF Brasil
EFETIVO DE BOVINO (CABEÇAS) 1995 2000 2005
1990
2010
207.156.696 209.541.109
CRESCIMENTO ANUAL (%)
R²
147.102.314
161.227.938
169.875.524
2,00
0,92
AC
400.085
471.434
1.033.311
2.313.185
2.578.460
9,70***
0,94
RO
1.718.697
3.928.027
5.664.320
11.349.452
11.842.073
11,90***
0,94
PA
6.182.090
8.058.029
10.271.409
18.063.669
17.633.339
6,20***
0,90
MT
9.041.258
14.153.541
18.924.532
26.651.500
28.757.438
6,20***
0,94
AM
637.299
805.804
843.254
1.197.171
1.360.800
4,30***
0,95
MA
3.900.158
4.162.059
4.093.563
6.448.948
6.979.844
3,60***
0,83
TO
4.309.160
5.544.400
6.142.096
7.961.926
7.994.200
3,30***
0,90
RR
-
282.049
480.400
507.000
577.050
3,10***
0,64
AP
69.619
93.349
82.822
96.599
114.773
2,40***
0,65
PE
1.966.191
1.362.064
1.515.712
1.909.468
2.383.268
1,70***
0,30
RN
956.459
722.058
803.948
978.494
1.064.575
1,60**
0,29
AL
890.998
834.347
778.750
985.422
1.219.578
1,40***
0,38
SC
2.994.111
2.992.986
3.051.104
3.376.725
3.985.662
1,30***
73,28%
GO
17.635.390
18.492.318
18.399.222
20.726.586
21.347.881
1,00***
0,72
ES
1.664.773
1.968.311
1.825.283
2.026.690
2.195.406
0,90***
0,42
MS
19.163.736
22.292.330
22.205.408
24.504.098
22.354.077
0,80***
0,44
SE
1.030.453
796.870
879.730
1.005.177
1.117.765
0,70*
0,16
RJ
1.923.847
1.905.353
1.959.497
2.092.748
2.160.727
0,60***
0,60
PR
8.616.783
9.389.200
9.645.866
10.153.375
9.411.380
0,60***
0,41
MG
20.471.639
20.146.402
19.975.271
21.403.680
22.698.120
0,50***
0,51
RS
13.715.085
14.259.226
13.601.000
14.239.906
14.469.307
0,20
0,12
CE
2.621.144
2.266.278
2.205.954
2.299.233
2.546.134
0,00
0,00
BA
11.505.420
9.841.237
9.556.752
10.463.098
10.528.419
-0,10
0,48
PB
1.345.361
1.053.737
952.779
1.052.613
1.242.579
-0,20
0,53
SP
12.262.909
13.148.133
13.091.946
13.420.780
11.197.697
-0,30
0,08
PI
1.974.099
2.135.286
1.779.456
1.826.833
1.679.957
-0,80
0,53
105.550
123.110
112.139
102.320
100.600
-0,90
0,28
DF
Fonte: IBGE – Pecuária Municipal (2010). Elaboração: IDESP. * Significativo 10%; **Significativo 5%; ***Significativo 1%; ns: Não significativo.
3.1 TAXAS DE CRESCIMENTO As taxas de crescimento dos rebanhos dos Estados da Amazônia fizeram com que suas participações chegassem de 12,53% (1991) a 37,15% (2010) do rebanho do país. O Estado do Pará ficou em 5° lugar com um rebanho de quase 17,6 milhões de cabeças (8,4% do rebanho nacional) com taxa de crescimento de 6,2%/ano, sendo superado pelos Estados da Amazônia, como Acre (9,7%/ano) e Rondônia (11,9%/ano). Em 2010, quando somados os rebanhos dos Estados de Mato Grosso e Pará representam 59,65% e 20,14%, respectivamente do total dos rebanhos da Amazônia e do Brasil. O estado de Mato Grosso que em 1990 ocupava o 7° lugar no ranking do rebanho nacional, passou para o 1° lugar em 2004 e permaneceu em 2010. O Pará em 1990 estava em 9° lugar, em 1995 ganhou quatro posições em 2005-2010, ficando em 5° lugar. As taxas de crescimento dos rebanhos dos estados da Amazônia foram superiores à do Brasil e de todos os estados. As taxas de crescimento negativas foram apresentadas pelos estados do Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraíba, Goiás e Distrito Federal. 16
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Aumentos das taxas de crescimento do rebanho da Amazônia foram devidos: a criação de gado caminha em direção das regiões norte e nordeste, em virtude da lavoura está tomando lugar das pastagens do Sul e Sudeste do país; as terras disponíveis têm os preços mais acessíveis do que as da região Sul; o clima favorece a utilização das pastagens praticamente durante o ano inteiro, na região não tem problemas de temperatura para o desenvolvimento das forrageiras e linhas de créditos de fácil acesso aos produtores. O rebanho do Pará apresentou taxa de crescimento anual negativa entre anos 2005-2007 de 5,3%. Essa redução segundo Valentim & Andrade, 2009; Scott consultoria, 2009, foi devido ao aumento do abate de fêmeas ocorrido entre 2003 e 2006 reduzindo a disponibilidade de animais de reposição; do aumento da taxa de abate no Brasil no período, estimulado pela recuperação dos preços da arroba; a instalação de novos frigoríficos que intensificou o abate e pela redução das taxas de desmatamento da Amazônia Legal, em função do aumento da efetividade das ações de monitoramento e controle ambiental. Em relação às mesorregiões do Estado do Pará, a do Sudoeste foi onde o rebanho mais cresceu significativamente (10,21%/ano), seguido da região do Sudeste, Baixo Amazonas e Nordeste. Houve decréscimo significativo (- 4,09%/ano) na região de Marajó, enquanto na região Metropolitana de Belém não houve crescimento do rebanho. Os maiores crescimentos (6,64 e 10,21%/ano) foram observados na região do Sudeste e Sudoeste. Nas regiões do Sudeste, Nordeste do Pará, seis e 12 municípios apresentaram crescimentos negativos e na região de Marajó 68,7% dos municípios apresentaram decréscimos (Tabela 4). Tabela 4 - Taxa de crescimento de bovinos nas regiões do estado do Pará MESORREGIÃO
2010
Baixo Amazonas
1.177.144
Marajó
CRESCIMENTO ANUAL (%) 4,46*
296.815
-4,09*
75.616
0,50ns.
Nordeste Paraense
1.250.946
4,37*
Sudeste Paraense
11.701.754
6,64*
Sudoeste Paraense
3.131.064
10,21*
Metropolitana de Belém
REGIÃO DE INTEGRAÇÃO
2010
CRESCIMENTO ANUAL (%)
Lago de Tucuruí
1.646.379
12,69*
Tapajós
1.188.821
10,83*
Xingu
2.086.728
10,22*
Carajás
2.601.067
8,93*
Araguaia
6.557.715
6,7*
305.393
5,74*
Baixo Amazonas
1.032.659
3,75*
Rio Capim
1.490.263
2,39*
Tocantins
230.882
1,35*
Guamá
192.185
0,82*
4.432
-1,58*
296.815
-4,09*
17.633.339
6,20*
Rio Caeté
Metropolitana Marajó Pará
Fonte: IBGE – Pecuária Municipal (2010). Elaboração: IDESP. * Significativo 10%; **Significativo 5%; ***Significativo 1%; ns: Não significativo.
17
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Nas regiões de integração, houve crescimento em todas as regiões com exceção da Metropolitana e Marajó. As regiões Lago de Tucuruí, Tapajós, Xingu, Carajás e Araguaia foram as que mais cresceram, este fato se deve porque os municípios com os maiores rebanhos de bovinos do Estado do Pará estão localizados nessa região (Tabela 4). A taxa de crescimento do rebanho entre municípios variou bastante (de 0,27 em Primavera a 26,55%/ano em São Felix do Xingu). Na Tabela 5 estão os 20 maiores rebanhos dos municípios com suas taxas de crescimentos. Destaque para o município de São Félix do Xingu, que além de ser apresentar a maior população bovina do Estado também apresentou a maior taxa média de crescimento (26,55%/ano). Tabela 5 - Taxa de crescimento dos 20 maiores rebanhos nos municípios do estado do Pará MUNICÍPIO
CRESC. ANUAL (%)
1990
1995
2000
2005
2010
6.182.090
8.058.029
10.271.409
18.063.669
17.633.339
6,2***
0,90
34.637
91.050
682.407
1.581.518
2.022.366
26,55***
0,93
Cumaru do Norte
-
24.801
195.110
549.673
638.983
22,52***
0,87
Novo Progresso
-
140.000
155.974
463.784
636.227
12,69***
0,69
Novo Repartimento
-
150.000
130.540
451.503
631.504
10,32***
0,75
68.400
88.500
195.000
759.651
600.000
13,6***
0,87
-
57.200
342.093
575.520
564.356
14,82***
0,68
95.000
89.600
202.965
339.517
555.324
10,75***
0,93
Santana do Araguaia
319.648
342.310
331.264
571.606
545.523
2,82**
0,30
Xinguara
318.618
557.700
572.316
490.613
482.518
0,62ns
0,06
Stª Mª das Barreiras
126.087
140.509
351.005
596.981
475.231
9,4***
0,85
Pacajá
210.000
181.000
97.345
313.579
400.216
4,97***
0,32
58.600
75.000
97.000
328.838
390.000
11,07***
0,89
Rondon do Pará
312.200
181.918
168.828
360.598
349.871
3,27**
0,26
S. Ger. do Araguaia
219.348
310.000
195.000
392.648
330.000
0,94ns
0,04
Paragominas
615.774
450.000
410.150
448.030
315.720
-0,72ns
0,62%
Itaituba
115.941
140.000
146.000
243.759
309.894
4,61***
0,78
-
-
328.986
281.685
307.985
1,51ns
0,20
405.936
375.082
309.104
303.264
299.016
-1,76***
0,34
Uruará
43.200
110.000
95.345
250.739
290.513
11,52***
0,93
Curionópolis
76.000
48.300
143.000
290.159
280.000
9,38***
0,76
Pará São Félix do Xingu
Marabá Água Azul do Norte Altamira
Itupiranga
Piçarra Rio Maria
Fonte: IBGE – Pecuária Municipal (2010). Elaboração: IDESP. * Significativo 10%; **Significativo 5%; ***Significativo 1%; ns: Não significativo.
18
R²
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Os municípios de Paragominas, Rio Maria e Piçarra tiveram redução nos seus rebanhos, portanto com taxas de crescimento negativas no período. O maior decréscimo no rebanho observado de Paragominas, devido ao fato de que grandes áreas que eram pastagens foram substituídas principalmente com plantios de soja e milho, além de outros fatores como desmatamento que foi reduzido. A maioria da criação de gado no Pará é feita em pequenas propriedades com até 100 ha (65,47%) e com rebanho de 100 animais (73,76%) (Tabelas 6 e 7).
Tabela 6 - Tamanho do rebanho de bovídeos por propriedades no estado do Pará, 2010 BOVÍDEO (CABEÇAS)
PROPRIEDADES
PERCENTUAL (%)
ACUMULADO (%)
Sem animais
10.481
9,04
9,04
001 a 100
75.931
65,47
74,51
101 a 200
13.380
11,54
86,04
201 a 300
5.337
4,6
90,64
301 a 400
2.711
3,34
92,98
401 a 500
1.660
1,43
94,41
Mais de 500
6.480
5,59
100
115.985
100
-
Total Fonte: ADEPARÁ. Elaboração: IDESP.
Tabela 7 - Tamanho da propriedade com criação de bovídeos, no estado do Pará, 2010 HECTARE
PROPRIEDADES
PERCENTUAL (%)
ACUMULADO (%)
Até 100
77.818
73,76
73,76
101 a 200
10.954
10,38
84,14
201 a 300
4.519
4,28
88,43
301 a 400
2.176
2,06
90,49
401 a 500
2.419
2,29
92,78
Mais de 500
7.613
7,22
100
105.499
100
-
Total Fonte: ADEPARÁ. Elaboração: IDESP.
3.2 DINÂMICAS DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE BOVINOS NOS MUNICÍPIOS DO PARÁ. Na Fig. 1, observa-se a dinâmica do crescimento do rebanho bovino nos municípios paraenses nos anos de 2000, 2005 e 2010, mostram maior crescimento dos rebanhos bovinos nos municípios do sudeste e sudoeste.
19
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Figura 1 – Dinâmica da distribuição espacial de bovinos nos municípios do Pará
Fonte: IBGE, 2010. Elaboração: Núcleo de Cartografia e Georeferenciamento do IDESP.
20
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
4 DENSIDADE DEMOGRÁFICA DO REBANHO
Segundo Zoccal & Carneiro (2008), o conhecimento espacial da produtividade da pecuária (leiteira) para a definição de política de infra-estrutura, transporte, logística e análise de viabilidade de projetos de desenvolvimento regional e setorial. É importante também para o estabelecimento de estratégias de vigilância sanitária, rastreabilidade, avaliação de risco de doenças e estudos de dinâmica da agropecuária. Com relação à densidade demográfica de bovinos no Brasil, nota-se que as maiores concentrações do rebanho estão localizadas nos Estados Mato Grosso do Sul, Goiás, Rio Grande do Sul, Sergipe e Rondônia (Tabela 8). Com exceção dos Estados, Piauí, Ceará e Paraíba, houve acréscimos nos rebanhos de todos os Estados. Os Estados da Amazônia como Pará e Amazonas que possuem áreas bem maiores que os outros Estados, apresentaram baixa densidade. Situação semelhante ocorreu com os municípios do Pará. Os municípios de São Felix do Xingu, Cumaru do Norte, Novo Progresso Novo Repartimento, Marabá, Água Azul do Norte e Altamira que possuem maiores rebanhos apresentaram densidade menores que 80 bovinos/km 2, quando comparadas com os 10 municípios da Tabela 9, que apresentaram densidade demográfica acima de 80 bovinos/ km 2 em 2010.
21
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Tabela 8 - Densidade geográfica de bovinos/ área dos Estados e do Brasil PAÍS / UF
BOVINO/ÁREA (KM²) 2000
1990
1995
2005
2010
Brasil
17
19
20
24
25
RO
7
17
24
48
50
AC
2
3
6
14
16
AM
0
1
1
1
1
RR
-
1
2
2
3
PA
5
6
8
14
14
AP
0
1
1
1
1
TO
16
20
22
29
29
MA
12
13
12
19
21
PI
8
8
7
7
7
CE
18
15
15
15
17
RN
18
14
15
19
20
PB
24
19
17
19
22
PE
20
14
15
19
24
AL
32
30
28
35
44
SE
47
36
40
46
51
BA
20
17
17
19
19
MG
35
34
34
36
39
ES
36
43
40
44
48
RJ
44
44
45
48
49
SP
49
53
53
54
45
PR
43
47
48
51
47
SC
31
31
32
35
42
RS
51
53
51
53
54
MS
54
62
62
69
63
MT
10
16
21
30
32
GO
52
54
54
61
63
DF
18
21
19
18
17
Fonte: IBGE – Pecuária Municipal (2010). Elaboração: IDESP.
Tabela 9 - Densidade geográfica de bovinos/ área em dez municípios do Pará MUNICÍPIOS / ESTADO Mãe do Rio
1990 58
BOVINO/ÁREA (KM²) 1995 2000 2005
2010
85
115
151
143
Sapucaia
0
0
116
146
136
Xinguara
84
148
151
130
124
Curionópolis
33
21
63
127
112
Tucumã
8
56
137
143
114
Eldorado dos Carajás
0
13
28
102
71
Abel Figueiredo
0
49
82
122
86
São Domingos do Araguaia
0
28
38
129
92
São Geraldo do Araguaia
67
95
60
120
95
Jacundá
33
17
25
115
79
Pau D’Arco
0
47
61
88
81
Pará
5
6
9
14
14
Fonte: IBGE – Pecuária Municipal (2010). Elaboração: IDESP.
22
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
5
EVOLUÇÃO DAS PASTAGENS
A alimentação do rebanho dos ruminantes no Brasil é feito quase que totalmente em pastagens, que constitui a forma mais barata para nutrição dos animais, portanto o conhecimento das extensões das áreas tanto de pastagens nativas e cultivadas é um dos parâmetros de suma importância para que se possa avaliar o desempenho produtivo dos animais. As áreas de pastagens total do Brasil aumentaram de 154,1 milhões de hectares em 1970 para 158,72 milhões de hectares em 1985, cerca de 10% e decresceu (2,99%) para 158,7 milhões em 2006. A maior área de pastagem do país está localizada na região do Centro Oeste (36,9%) seguido das regiões Nordeste e Sudeste. A região norte foi a que mais cresceu (498,9%) seguido do nordeste (8,7%) e da região Centro-Oeste (5,5%). As pastagens das regiões do Sudeste (-38,4%) e Sul (27,8%) decresceram (Tabela 10). Segundo a ANUALPEC 2008, o lucro com a pecuária nessas regiões é menor, quando comparado com as lavouras, por isso as áreas de pastagens estão sendo ocupadas com as atividades agrícolas. Tabela 10 - Áreas de pastagens das regiões do Brasil PAÍS / REGIÕES
1970
1975
PASTAGEM (HA) 1980 1985
1995
2006
Brasil
154.138.529
165.652.250
174.499.641
179.188.431
177.700.472
158.753.866
Norte
4.428.116
5.281.440
7.722.483
20.876.436
24.386.622
26.524.175
Nordeste
27.874.809
30.623.750
34.158.386
35.148.118
32.076.341
30.539.605
Sudeste
44.734.015
47.276.784
43.639.264
42.487.396
37.777.049
27.561.144
Sul
21.612.681
21.159.757
21.313.456
21.432.342
20.696.550
15.610.729
Centro-Oeste
55.483.348
61.310.220
67.665.717
59.244.112
62.763.913
58.518.217
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário (2006). Elaboração: IDESP.
Entre os Estados, a maior área de pastagem está localizada em Mato Grosso com 21,7 milhões de ha, seguida de Mato Grosso do Sul (20,9 milhões de ha) Minas Gerais (18,0 milhões de ha). O Pará ficou em sexto lugar com 10,8 milhões de há (Tabela 11). 23
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Os Estados da Amazônia, Rondônia (3804%), Acre (1539,5%), Pará (326%), Amazonas (232,8%), Maranhão (70,8%) foram os que mais expandiram as pastagens no Brasil. Os Estados de Roraima (-37,2%), Amapá (-14,3%) e Tocantins (-24,3%) tiveram suas áreas de pastagens diminuídas. Esse fato é atribuído ao plantio de lavouras e culturas permanentes nas savanas bem drenadas. Em Roraima, plantios de arroz, no Amapá grandes plantios de Pinus e dendê e no Tocantins com lavouras. As áreas de pastagens do Brasil em 1970 eram constituídas de 80,7% de pastagens nativas e 10,3% de pastagens cultivadas. As áreas de pastagens cultivadas foram aumentando, enquanto as nativas foram diminuindo e em 2006, as pastagens cultivadas chegaram a 80,7% do total das pastagens (Figs. 2 e 3). Situação semelhante ocorreu nas regiões do Brasil (Figs. 4 e 5) Tabela 11 - Áreas de pastagens do Brasil e de Unidades da Federação PAÍS / UF
PASTAGEM (HA) 1970
1975
1980
1985
154.138.529
165.652.250
174.499.641
179.188.431
177.700.472
158.753.866
RO
123.192
224.570
752.837
1.100.876
2.922.069
4.809.887
AC
63.354
124.104
264.202
326.026
614.213
1.038.725
AM
242.240
192.385
396.205
476.134
528.913
806.299
RR
1.147.034
1.353.168
1.601.784
1.247.213
1.542.565
719.653
PA
2.540.681
3.037.190
4.513.420
6.596.393
7.455.728
10.825.118
AP
311.615
350.023
194.035
478.894
244.978
267.064
TO
-
-
-
10.650.900
11.078.156
8.057.429
MA
3.352.777
3.808.835
4.849.106
5.446.563
5.310.552
5.728.628
PI
3.352.483
3.699.835
3.683.392
3.550.084
2.398.446
2.690.560
CE
4.043.812
3.602.448
4.035.585
3.493.492
2.632.121
2.611.528
RN
1.904.816
1.667.891
1.546.136
1.534.718
1.246.218
1.203.399
PB
2.056.596
1.969.250
1.819.075
1.981.566
1.851.934
1.680.747
PE
2.385.563
2.717.917
2.235.132
2.057.307
2.131.003
1.975.367
AL
695.857
769.869
811.962
805.716
862.434
871.661
SE
1.017.300
1.168.563
1.210.252
1.274.812
1.153.864
943.414
BA
9.065.605
11.219.142
13.967.746
15.003.860
14.489.769
12.834.301
MG
29.716.588
31.931.282
29.608.796
28.924.183
25.348.603
18.039.776
ES
1.829.975
2.130.563
1.978.794
1.879.617
1.821.069
1.340.071
RJ
1.724.069
1.859.038
1.744.614
1.757.106
1.545.123
1.282.310
SP
11.463.383
11.355.901
10.307.060
9.926.490
9.062.254
6.898.987
PR
4.509.710
4.982.840
5.520.218
5.999.604
6.677.312
4.702.546
SC
2.467.985
2.404.029
2.490.923
2.469.278
2.338.910
1.701.519
RS
14.634.986
13.772.888
13.302.315
12.963.460
11.680.328
9.206.664
MS
-
20.793.497
21.334.938
21.802.753
21.810.708
20.943.814
MT
31.588.303
11.243.468
14.779.703
16.404.370
21.452.061
21.784.735
GO
23.785.182
29.164.163
31.422.129
20.894.584
19.404.696
15.709.871
DF
109.863
109.092
128.947
142.405
96.448
79.797
Brasil
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário (2006). Elaboração: IDESP.
24
1995
2006
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Figura 2 - Evolução de pastagens nativas das regiões do Brasil
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 2006. Elaboração: IDESP.
Figura 3 - Evolução de pastagens cultivadas das regiões do Brasil
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 2006. Elaboração: IDESP.
25
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Figura 4 - Distribuição das pastagens nativas nas regiões do Brasil
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 2006. Elaboração: IDESP.
Figura 5 - Distribuição das pastagens cultivadas nas regiões do Brasil
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 2006. Elaboração: IDESP.
Até a década de 1960 a criação de gado na Amazônia era feita totalmente em pastagem nativa, mas a partir da década de1970, as pastagens nativas começaram a ser substituídas pelas pastagens cultivadas (Figs. 6 e 7) implantadas em áreas originalmente de floresta primária. Essa mesma situação ocorreu com as áreas de pastagens nativas do Pará. Em 1970 eram 2,0 milhões de ha em 1970 e diminuíram para 1,7 milhões de há em 2006, cerca de 20%, enquanto as pastagens cultivadas aumentaram de 2,5 milhões de ha em 1970 para 9,4 milhões em 2006, um aumento de 418% (Figs. 8 e 9). 26
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Figura 6 - Evolução das pastagens da Amazônia
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 2006. Elaboração: IDESP.
Figura 7 - Dinâmica das pastagens da Amazônia
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 2006. Elaboração: IDESP.
27
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Figuras 8 - Áreas de pastagens nativas do Estado do Pará
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 2006. Elaboração: IDESP.
Figura 9 - Dinâmica das pastagens nativas e cultivadas do Pará
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 2006. Elaboração: IDESP.
28
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Em 2008, foi elaborado o mapa do uso da terra (Fig. 10) pela EMBRAPA/INPE 2.011, indicando que o Pará possui 73.662,06 km2 de pastagem nativa, 243,94 km2 de pastagem com solo exposto, 107.251,67 km2 de pastagem limpa, 22.662,36 km2 de pastagem suja e de 16.209,26 km2 de regeneração de plantas nativas com pastagem, perfazendo um total 220.029,29 de km2 de pastagem, o que corresponde a 22.002.929 hectares. Figura 10 - Mapa do uso da terra do Estado do Pará, incluindo as pastagens nativas e cultivadas do Estado do Pará
Fonte: EMBRAPA/INPE, 2011. Elaboração: IDESP.
5.1 TAXA DE LOTAÇÃO Na avaliação da produção animal em pastagem, diversos aspectos são importantes como a produção de massa de forragem, a composição química e o valor nutritivo da forragem produzida e finalmente, o mais importante que é a qualidade do pasto que se reflete na produção de carne e leite. A taxa de lotação é um índice que pode indicar se aquela pastagem está sendo sub ou super utilizada, o que pode levar a degradação da pastagem. A taxa de lotação do Brasil nos 36 anos (1970 a 2006) aumentou de 0,41 para 0,81 UA/ ha, correspondendo um acréscimo de 97,6%. Entre as regiões do país, as mais altas taxas de lotação estão nas regiões mais desenvolvidas do país (Sudoeste e Sudeste), vindo a seguir as regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste (Tabela 12). 29
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
As maiores taxas de lotação em 2006 entre os Estados foram obtidas nas pastagens dos Estados do Paraná, Santa Catarina, Rondônia, Acre, São Paulo e Amazonas. O Estado do Pará ficou em 9° lugar com a taxa de lotação de 0,93 UA/ha em 2006. As menores taxas de lotação estão nos Estados de Roraima e Tocantins, nessas regiões as pastagens são de savanas bem drenadas como os cerrados, onde a massa de forragem é reduzida e de baixo valor nutritivo. Os maiores acréscimos foram observados em Rondônia (746,6%), Amapá (341,2%), Roraima (212,5%) e Pará (173,5%). Os Estados da Bahia (19,64%) e Rio Grande do Sul (26,7%) foram os que apresentaram menores aumentos nas taxas de lotação (Tabela 13). O IBGE não fornece dados de pastagens por municípios, mas 2008 a EMBRPA/INPE, 2011, divulgaram o trabalho sobre o uso da terra do Pará (Fig. 10) e em função das áreas de pastagens e do tamanho do rebanho foi possível calcular a taxa de lotação das pastagens dos municípios paraenses. Tabela 12 - Taxas de lotação das pastagens das regiões do Brasil PAÍS / REGIÕES
TAXA DE LOTAÇÃO UA/HA 1980 1985
1970
1975
Brasil
0,41
0,49
0,53
0,56
0,73
0,81
Norte
0,31
0,32
0,41
0,33
0,55
0,88
Nordeste
0,47
0,55
0,58
0,58
0,81
0,71
Sudeste
0,45
0,55
0,60
0,63
0,72
0,91
Sul
0,76
0,85
0,94
0,93
1,22
1,14
Centro-Oeste
0,23
0,30
0,36
0,44
0,59
0,70
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário (2006). Elaboração: IDESP.
30
1995
2006
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Tabela 13 - Taxas de lotação das pastagens das unidades da Federação PAÍS / UF
TAXA DE LOTAÇÃO (UA/HA) 1980 1985
1970
1975
1995
2006
RO
0,15
0,20
0,25
0,52
1,00
1,27
AC
0,88
0,73
0,82
0,76
1,07
1,21
AM
0,80
0,77
0,66
0,67
1,14
1,08
RR
0,16
0,15
0,16
0,19
0,22
0,50
PA
0,34
0,38
0,48
0,43
0,65
0,93
AP
0,17
0,16
0,30
0,16
0,65
0,75
TO
-
-
-
0,25
0,35
0,55
MA
0,43
0,46
0,53
0,53
0,62
0,74
PI
0,43
0,43
0,50
0,52
1,26
0,63
CE
0,44
0,56
0,59
0,71
1,41
0,78
RN
0,29
0,40
0,51
0,52
0,93
0,64
PB
0,38
0,53
0,62
0,60
0,83
0,68
PE
0,50
0,54
0,77
0,85
1,09
0,89
AL
0,58
0,68
0,81
0,75
0,95
0,80
SE
0,49
0,54
0,64
0,54
0,70
0,75
BA
0,56
0,64
0,56
0,54
0,64
0,67
MG
0,38
0,47
0,49
0,52
0,59
0,81
ES
0,57
0,73
0,69
0,70
0,74
0,97
RJ
0,51
0,66
0,74
0,76
0,88
1,11
SP
0,59
0,75
0,85
0,92
1,03
1,11
PR
0,83
1,03
1,10
1,11
1,20
1,43
SC
0,63
0,72
0,80
0,85
1,07
1,35
RS
0,75
0,81
0,89
0,87
1,27
0,95
MS
-
0,31
0,40
0,50
0,66
0,70
MT
0,22
0,20
0,26
0,29
0,49
0,65
GO
0,25
0,32
0,37
0,51
0,62
0,79
DF
0,22
0,29
0,39
0,42
0,72
0,82
Brasil
0,41
0,49
0,53
0,56
0,73
0,81
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário (2006). Elaboração: IDESP.
Na Tabela 14 estão incluídas as taxas de lotação das pastagens totais das mesorregiões do Pará. Verifica-se que as taxas mais elevadas estão nas regiões onde a pecuária está mais desenvolvida, Sudoeste (0,90 UA/ha) e Sudeste (0,77 UA/ha), seguidas do Nordeste e Metropolitana de Belém. Na região de integração as taxas mais elevadas estão na região do Xingu, Araguaia, Guamá e Lago de Tucuruí.
31
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Tabela 14 - Taxa de lotação de pastagens das Mesorregiões e Região de Integração do estado do Pará, ano de 2008 MESORREGIÃO
TAXA DE LOTAÇÃO (UA/HA)
Baixo Amazonas
0,37
Marajó
0,26
Metropolitana de Belém
0,46
Nordeste Paraense
0,68
Sudeste Paraense
0,77
Sudoeste Paraense
0,90
Média do Estado
0,64
REGIÃO DE INTEGRAÇÃO
TAXA DE LOTAÇÃO (UA/HA)
Araguaia
0,89
Baixo Amazonas
0,35
Carajás
0,66
Guamá
0,81
Lago de Tucuruí
0,77
Marajó
0,25
Metropolitana
0,42
Rio Caeté
0,58
Rio Capim
0,67
Tapajós
0,44
Tocantins
0,33
Xingu
1,10
Média do Estado
0,64
Fonte EMBRAPA/INPE (2011). Elaboração: IDESP.
O rebanho principalmente do Sudoeste e Sudeste tem como base de sua alimentação em pastagem cultivada em boas condições de uso. As taxas inferiores estão nas regiões onde a pastagem predominante é a nativa, por outro lado, na região do Baixo Amazonas, onde o gado se alimenta principalmente no período seco ano de pastagem nativa de solos aluviais de várzea, cujas gramíneas que compõe o extrato herbáceo são de elevada produção de massa de forragem e excelente valor nutritivo, enquanto o rebanho do Marajó se alimenta de pastagem nativa de savanas bem drenadas, de inferior produção de forragem e qualidade das pastagens do Baixo Amazonas.
32
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
6
BOVINO DE CORTE
6.1. BOVINOS ABATIDOS As Tabelas 15 e 16 mostram a evolução dos abates de bovídeos nas regiões e Estados do Brasil. Em 2000, no Brasil foram abatidos 17 milhões de bovídeos e em 2010 atingiu o abate de 29,2 milhões de bovídeos, um aumento significativo com uma taxa de 6,4%/ano. As regiões que mais abateram os bovídeos foram o Centro Oeste seguido das regiões Sudeste e Norte, mas a maior taxa de crescimento ficou com região Norte com 16,2%/ano. Tabela 15 - Abate de bovídeos nas regiões do Brasil ANIMAIS ABATIDOS (CABEÇAS)
2000
2002
2004
2006
2008
2010
CRESCIMENTO (% ANO)
17.085.581
19.924.046
25.936.697
30.373.560
28.700.370
29.278.095
6,4***
0,89
7.284.476
7.514.410
9.300.986
10.373.796
10.058.389
9.695.387
4,7***
0,81
Nordeste
1.531.836
1.944.975
2.152.098
2.789.181
3.157.980
3.079.855
8,1***
0,96
Norte
1.856.342
2.610.363
3.383.585
5.439.192
5.231.869
5.609.971
16,2***
0,91
Sudeste
3.608.797
4.939.933
6.656.910
6.793.533
7.030.023
6.260.971
6,1***
0,78
Sul
2.223.014
2.146.033
3.140.714
3.684.759
2.835.657
3.764.642
3,2***
0,44
REGIÕES PAÍS
Brasil CentroOeste
R²
Fonte: IBGE – Pecuária Municipal (2010). Elaboração: IDESP. ***Significativo 1%.
33
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Tabela 16 - Abate de bovídeos nas Unidades da Federação ANIMAIS ABATIDOS
CRESCIMENTO (% ANO)
BRASIL UF
2000
2002
2004
2006
2008
2010
AC
152.616
223.938
208.667
275.405
417.316
485.166
10,8***
0,90
AP
0
0
22.188
1.420
11.115
0
-
-
PA
1.002.036
1.237.129
1.592.640
2.202.268
2.097.889
2.104.524
11,2***
0,90
RO
254.366
632.787
830.672
1.674.940
1.640.331
1.862.160
22,8
0,88
RR
0
0
0
29.896
71.123
73.284
-
-
AM
0
0
0
89.911
94.173
178.358
-
-
TO
447.324
516.509
729.418
1.165.352
899.922
906.479
12,6***
0,82
MA
344.605
448.159
554.777
734.106
781.100
589.678
12,5***
0,82
AL
111.193
118.703
128.126
149.511
167.086
193.518
11***
0,71
BA
348.263
411.716
608.378
922.133
1.120.722
1.177.361
12,8***
0,93
CE
323.522
340.207
309.846
322.921
345.712
332.325
-0,1ns
0,01
PB
15.726
61.186
54.751
67.889
83.731
74.285
15,8***
0,72
PE
253.209
335.874
338.235
360.724
395.503
394.428
3,4***
0,82
PI
103.164
114.885
114.433
136.238
148.385
147.484
3,1***
0,81
RN
32.154
60.472
43.552
95.659
115.741
97.168
8,6***
0,69
SE
0
53.773
0
0
0
73.608
-
-
ES
138.400
143.308
217.390
253.616
385.457
365.174
10,4***
0,90
1.031.333
1.319.819
1.752.026
2.346.542
2.852.862
2.393.057
9,9***
0,93
RJ
62.371
73.575
79.894
67.193
156.638
210.958
8,4***
0,71
SP
2.376.693
3.403.231
4.607.600
4.126.182
3.635.066
3.291.782
3,8**
0,45
PR
771.601
900.182
1.205.397
1.312.806
1.108.027
1.383.240
3,4**
0,49
SC
222.449
219.220
233.303
325.161
355.240
509.350
6,4***
0,84
RS
1.228.964
1.026.631
1.702.014
2.046.792
1.372.390
1.872.052
2,5*
0,23
MT
1.923.422
2.444.180
3.510.318
4.537.905
3.816.260
3.848.593
10,9***
0,82
MS
3.315.008
3.068.820
3.100.783
3.026.062
3.190.674
3.298.044
1,4**
0,49
GO
2.046.046
2.001.410
2.689.885
2.796.017
3.016.334
2.534.948
2,9**
0,56
DF
0
0
0
13.812
35.121
13.802
-
-
MG
R²
Fonte: IBGE – Pecuária Municipal (2010). Elaboração: IDESP. * Significativo 10%; **Significativo 5%; ***Significativo 1%; ns: Não significativo.
Os Estados que lideraram os abates foram: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais e Goiás. O Pará ficou em 6° lugar e com média de 6,67% do total de abate do Brasil, em 10 anos. O maior crescimento foi observado no Estado de Rondônia (22,8%/ano), vindo a seguir os Estados da Paraíba (15,8%/ano), Bahia (12,6 %/ano) e Maranhão (12,5%/ano). O Estado do Pará ficou em 6° lugar com 11,2%/ano. O aumento do rebanho e melhoria na taxa de desfrute (24,59%) nos Estados da Amazônia Legal em 2007, aliada a sanidade atraiu a indústria frigorífica (Amigos da terra, 2009). No Pará, segundo Santos (2005), em 1996 existiam 9 frigoríficos e em 2005 aumentou para 15 empresas e em 2011 existiam 28 empresas. Estes fatos fizeram que houvesse aumentos na indústria da carne. 34
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Por outro lado, houve diminuição na taxa de abate informal. Estados como o Pará, Tocantins e Mato Grosso tinha uma taxa de 50% no início da década e diminuíram para cerca de 40 % (Amigos da Terra, 2009). Segundo Smeraldi & May, 2008, na Amazônia existem mais de 200 abatedouros, porem apenas 87 com alguma base na legalidade da planta (SIF), que permite comercializar para outros estados, sendo a maioria completamente sem controle ou apenas com controle municipal ou estadual. A taxa de abate (% do rebanho) é apresentada na Tabela 17. Verifica-se que a taxa média do Brasil durante 10 anos foi de 12,7%. A maior taxa foi observada na região Sudeste seguido do Centro Oeste. A região do norte que em 2000 estava com 7,6% chegou a 13,4% em 2008, ficando no 3° lugar no ranking. Entre os estados o abate de bovinos é liderado por São Paulo com a média 28,4% (em 10 anos) seguidos dos Estados de Pernambuco, Alagoas, Acre, Ceará e Mato Grosso do Sul. O Pará ficou em 10° lugar (Tabela 18). Dados divulgados pela ANUALPEC, 2008, informam uma taxa média de abate para o Brasil de 23,3% e para o Pará de 15,7%, no período de 1999 a 2007, bem superior aos índices apresentados neste trabalho, cujos dados utilizados foram do IBGE.
Tabela 17 - Taxa de abate de bovinos nas regiões do Brasil TAXA DE ABATE (% DO REBANHO)
PAÍS REGIÃO
MÉDIA
2000
2002
2004
2006
2008
2010
Brasil
2000
2002
2004
2006
2008
2010
12,7
Centro-Oeste
10,1
10,7
12,7
14,8
14,2
14,0
13,2
Nordeste
12,2
11,5
13,1
14,7
14,6
13,4
9,1
Norte
6,8
8,1
8,3
10,0
10,9
10,7
10,8
Sudeste
7,6
8,6
8,5
13,2
13,4
13,3
15,3
Sul
9,8
13,0
16,9
17,3
18,6
16,4
10,8
Fonte: IBGE – Pecuária Municipal (2010). Elaboração: IDESP.
6.2 EXPORTAÇÕES DE BOVINO VIVO Como se verifica na Fig. 11, a exportação de bovino que teve início em 2003 com 1,97 mil animais e chegou em 2010 a um total de 616 mil animais, com uma taxa de crescimento altamente significante de 80,2%/ano e com uma cifra em dólares que chegou a 618 milhões de dólares, também com uma taxa de crescimento altamente significativa de 97,3%/ano. O crescimento na pauta da exportação que iniciou com 0,03% e chegou a 4,82%, um crescimento de 75,8%/ano, altamente significativo. O Pará é o maior exportador de boi vivo do Brasil com mais de 97% do valor nacional exportado em 2009. Os principais países importadores são a Venezuela e Líbano. 35
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Tabela 18 - Taxa de abate dos rebanhos dos Estados e Brasil
PAÍS UF
TAXA DE ABATE (% DO REBANHO) MÉDIA 2000
2002
2004
2006
2008
2010
AC
14,8
12,3
10,1
11,2%
17,2
18,8
14,1
AL
14,3
14,5
14,3
14,5%
14,4
15,9
14,7
AP
-
0,0
27,0
1,3e%
11,6
0,0
6,6
AM
-
0,0
0,0
7,2%
7,2
13,1
4,6
BA
3,6
4,2
5,8
8,6%
10,1
11,2
7,2
CE
14,7
15,3
13,7
13,7%
14,1
13,1
14,1
DF
-
0,0
0,0
14,0%
43,9
13,7
11,9
ES
7,6
8,5
11,3
12,0%
18,2
16,6
12,4
GO
11,1
10,0
13,2
13,5%
14,7
11,9
12,4
MA
8,4
9,4
9,4
11,1%
11,5
8,4
9,7
MG
10,2
11,0
13,5
17,4%
14,7
13,4
13,4
MS
14,9
13,2
12,5
12,8%
14,3
14,8
13,7
MG
5,2
6,4
8,1
10,6%
12,8
10,5
8,9
PA
9,8
10,1
9,1
12,6%
12,9
11,9
11,1
PB
1,7
6,4
5,5
6,2%
7,0
6,0
5,5
PR
8,0
9,0
11,7
13,4%
11,6
14,7
11,4
PE
16,7
19,1
19,8
17,2%
17,6
16,5
17,8
PI
5,8
6,4
6,3
7,4%
8,5
8,8
7,2
RJ
3,2
3,7
3,9
3,2%
7,3
9,8
5,2
RN
4,0
7,2
4,6
9,3%
11,2
9,1
7,6
RS
9,0
7,1
11,6
14,6%
9,7
12,9
10,8
RO
4,5
7,9
7,8
14,6%
14,7
15,7
10,9
RR
-
0,0
0,0
5,9%
14,9
12,7
5,6
SC
7,3
7,0
7,1
9,4%
9,1
12,8
8,8
SP
18,2
24,8
33,5
32,3%
32,5
29,4
28,4
SE
-
6,2
0,0
0,0%
0,0
6,6
2,1
TO
7,3
7,4
9,2
15,0%
12,2
11,3
10,4
Fonte: IBGE – Pecuária Municipal (2010). Elaboração: IDESP.
6.3 EXPORTAÇÕES DE CARNE A exportação de carne desossada foi de 285 mil de US$ em 2003, atingiu 111 milhões de US$ em 2010, um expressivo aumento de 95,6%/ano. Apesar da participação pequena na exportação total do Estado, mas demonstra potencial muito grande visto que o crescimento que começou com 0,01% na participação na exportação em 2003 e chegou a 0,87% com taxa de crescimento de 61,8%/ano (Tabela 19). Os maiores compradores de carne in natura da Amazônia em 2008 foram: Rússia, Venezuela, Irã, Argélia, Egito e Líbia (Amigos da TerraAmazônia Brasileira, 2009). 36
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Tabela 19 - Exportação de carne desossada congelada no do estado do Pará ANO VARIÁVEL US$ FOB
CRESC. ANUAl
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
285.703
212.607
759.666
16.677.386
22.507.290
25.554.278
54.422.943
111.038.712
0,95***
222.914
151.407
410.631
7.953.363
10.864.387
6.888.014
17.710.681
30.084.294
-
0,01
-
0,02
0,25
0,28
0,24
0,65
0,87
0,61**
(%)
Peso Líquido (kg) Participação na Exportação Fonte: MIDIC (2012). Elaboração: IDESP. **Significativo 5%; ***Significativo 1%; ns: Não significativo.
6.4 EXPORTAÇÕES DE CARNE E SUBPRODUTOS DE BOVINOS NOS MUNICÍPIOS PARAENSES Os maiores municípios exportadores de carne e subprodutos dos bovinos são: Marabá, Xinguara, Santana do Araguaia, Água Azul do Norte, Rio Maria, Redenção e Tucumã, todos da região do Sudeste e Sudoeste. Os subprodutos exportados foram: Carnes desossadas, congeladas; carnes desossadas, frescas ou refrigeradas; fígados de bovinos congelados; língua de bovino congelada; quartos traseiros não desossados de bovino congelado; quartos dianteiros não desossados de bovino congelado; bexigas e estômagos de animais; rabos de bovinos, congelados; outras miudezas comestíveis de bovino, congelados; couros/peles, bovinos, inteiros, sem divisão P>=16 kg; outras substancias de animais, para preparar produtos farmacêuticos; preparações alimentícias e conservas de bovinos; tripas de bovinos, frescas, refrigeradas, congeladas, salgadas e defumadas; outros couros inclusive búfalo; outros couros de bovinos inclusive de búfalos, divid. Umid. Pena flor e outros couros/ peles de bovinos, secos, Pena flor. Os subprodutos foram exportados para países: Canadá, Alemanha, Estados Unidos, Espanha, Áustria, Japão, Colômbia, França, Argentina, Suíça, Austrália, Filipinas, Indonésia, Reino Unido, Bahamas, Países Baixos (Holanda), Itália, China, Hong Kong, Israel, Líbia, Cabo Verde; Taiwan (Formosa), Vietnã, Arábia Saudita, Coréia do Sul. As informações obtidas (MDCI 2012) indicam que somente em 2005 foi iniciada a exportação dos produtos e subprodutos nos municípios de Marabá e Xinguara, em 2007 no município de Santana do Araguaia, em 2008 no município de Rio Maria e finalmente em 2009, nos municípios de Água Azul do Norte, Redenção e Tucumã (Fig. 12). O maior exportador carne e subprodutos é liderado pelo município de Marabá que começou com a exportação em 2005 com 1,3 milhões de dólares e chegou atingir a cifra de 89,2 milhões de dólares em 2011, vindo a seguir o município de Xinguara com 2,9 milhões em 2005 e produziu o máximo de 21,8 milhões de dólares em 2006, mas posteriormente seus ganhos foram decaindo chegando a 3,0 milhões de dólares em 2010, e em 2011 voltou a crescer 37
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
com 16,3 milhões de dólares (Fig. 12). Como ocorreu com as maiores exportações em dólares, Marabá e Xinguara também lideram em quantidade (kg líquido) As maiores quantidades foram produzidas em 2011 (Fig.13). As exportações totais dos municípios de Xinguara, Santana do Araguaia, Água Azul do Norte, Rio Maria, Redenção e Tucumã está em torno de 100% de produtos e subprodutos de bovinos. Somente Marabá, em 2011 exportou 15,0% de produtos e subprodutos de bovinos do total das exportações. Figura 12 - Maiores municípios exportadores de carne e subprodutos de bovinos do Pará
Fonte: MDIC 2012. Elaboração:IDESP
Figura 13 - Quantidade de produtos e subprodutos de bovinos exportados pelos municípios do Pará
Fonte: MDIC 2012. Elaboração:IDESP
38
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
VACINAÇÃO CONTRA FEBRE AFTOSA
7
O Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo, todavia quando comparado com padrões internacionais apresenta baixos índices de produção e produtividade. A abertura do mercado internacional, causada pelas restrições principalmente com a doença da vaca louca e febre aftosa favorece ao Brasil para aumentar a sua participação na exportação de carne no mercado mundial. O Governo do Pará através da ADEPARÁ está executando campanhas de vacinação para se tornar livre da febre aftosa. Essas medidas públicas buscam a certificação dos animais para a agroindústria e para o mercado internacional, aumentando as exportações. A Fig. 14 ilustra as quantidades de bovinos existentes e vacinados, no estado do Pará, e o percentual de rebanho vacinado no período de novembro de cada ano de 2006 a 2010. Em 2006, existiam aproximadamente 17,6 milhões de bovinos no estado, dos quais cerca de 17 milhões foram vacinados no mesmo ano. A partir deste ano, a quantidade de bovinos existentes diminuiu, atingindo 16,6 milhões de cabeças em 2009. No final de 2010 esta quantidade aumentou, chegando a 18,3 milhões, o que representou um acréscimo de aproximadamente 10% do rebanho de 2009. O percentual de cobertura vacinal revelou um alto índice de vacinação ao longo do período, com quase 100% do total de bovinos, para cada ano em estudo, atingindo 98% em 2010. Os índices de vacinação contra a febre aftosa dos bubalinos são ilustrados na Fig. 15. Não temos os dados de 2008 e 2010. Verifica-se que os índices evoluíram de 80,2 a 90,7% do rebanho existente. Os maiores índices de vacinação dos bovinos (Fig. 14) devem-se ao fato de que nas propriedades onde estão os bovinos tem melhor infraestruturas. Os maiores rebanhos de bubalinos do Estado estão localizados nos municípios de Marajó e Baixo Amazonas, cujas propriedades estão em áreas de pastagens nativas, que além de difícil acesso e no período chuvoso, as pastagens ficam parcialmente ou totalmente inundadas. 39
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Figura14 - Evolução do rebanho de bovinos existentes e vacinados no estado do Pará e percentual de cobertura vacinal - 2006 a 2010
Fonte: ADEPARÁ. Elaboração: IDESP.
Figura 15 - Evolução do rebanho de bubalinos existentes e vacinados no estado do Pará e percentual de cobertura vacinal – 2006, 2007 e 2009
Fonte: ADEPARÁ. Elaboração: IDESP.
7.1 GUIA DE TRÂNSITO ANIMAL (GTA) A ADEPARÁ em conjunto com Ministério da Agricultura e Abastecimento (MAPA) implantou o Guia de Trânsito Animal (GTA) que permite o controle e fiscalização do transito de animais 40
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
feito eletronicamente. Inicialmente foram implantados na região do Sudeste do Pará que é classificada como livre de aftosa com vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Os municípios do Estado Pará analisados foram: Água Azul do Norte, Eldorado dos Carajás, Marabá, Ourilândia do Norte, São Félix do Xingu e Tucumã. Esses seis municípios concentram 3.998.057 de bovídeos, ou seja, 21,41% do rebanho paraense. Sendo emitido nestes municípios um total de 715.616 GTAs em toda campanha, correspondendo 17,89% em relação ao total do rebanho, com 83,69% destinadas para abate e engorda dentro do estado. Na Tabela 20 estão às informações sobre as guias de trânsito de bovídeos em 2009 em seis municípios, localizados na mesorregião do sudeste paraense e ilustradas na Fig. 16. Tabela 20 - Informações sobre o trânsito autorizado de bovinos e bubalinos em relação ao existente, de alguns municípios do estado do Pará, 2009 REBANHO DE BOVINOS E BUBALINOS MUNICÍPIOS (PA)
Água Azul do Norte Eldorado dos Carajás Marabá Ourilândia do Norte São Félix do Xingu Tucumá Pará
GTAS
EXIS-
EMITIDAS
TENTES
% EM RELAÇÃO
% MOVI-
AO ESTADO
MOVIMENTADO
MOVIMENTADO
PARA FORA
PARA DENTRO
DO ESTADO
DO ESTADO
95.513
505.960
2,70
18,88
2.154 (2,26%)
93.359 (97,74%)
40.527
197.913
1,05
20,48
1.448 (,3,57%)
39.079 (94,28%)
178.758
939.344
5,01
19,03
9.280 (5,19%)
168.526 (94,27%)
24.718
158.221
0,84
15,62
343 (1,39%)
24.375 (98,61%)
331.663
1.912.009
10,19
17,35
6.130 (1,85%)
331.504 (99,95%)
44.437
284.610
1,52
15,61
508 (1,14%)
44.427 (99,97%)
18.760.538
Fonte: Adepará (2009).
Figura16 - Trânsito de bovídeos movimentados para dentro e fora do Estado do Pará, em 2009
Fonte: Adepará
41
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Na Tabela 21, verifica-se que o município de São Felix do Xingu por possuir o maior rebanho de bovídeos do Pará foi o que mais emitiu as GTA’s, no entanto o que mais movimentou os animais foi o município de Eldorado dos Carajás. A percentagem média de 17,82 da movimentação dos animais se aproximou de 18,1% obtida em 2008 na zona livre com vacinação. Esse percentual está bem abaixo quando se compara com os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul que obtiveram respectivamente índices de 55,5% e 55,4% em 2008. A maior movimentação dos animais (97,43%) ocorreu dentro do Estado. A pequena percentagem de 2,57 da movimentação para fora do Estado ocorreu para os Estados: Maranhão Piauí, São Paulo, Tocantins, Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. A quase totalidade (99,76%) dos animais movimentados foi de bovinos (Tabela 21).
Tabela 21 - Informações sobre o trânsito autorizado de bovinos e bubalinos, de alguns municípios do estado do Pará, 2009 BOVINOS MOVIMENTADOS
BUBALINOS MOVIMENTADOS
Água Azul do Norte
95.120 (99,59%)
393 (0,41%)
95.513
Eldorado dos Carajás
40.508 (99,95%)
19 (0,047%)
40.527
176.527 (99,28%)
231 (0,123%)
177.806
24.669 (99,8%)
49 (0,198%)
24.718
331.397 (99,96%)
266 (0,08%)
331.504
44.427 (100%)
0 (0,00%)
44.427
MUNICÍPIOS (PA)
Marabá Ourilândia do Norte São Félix do Xingu Tucumá
BOVINOS MOVIMENTADOS
Fonte: Adepará (2009).
Como observamos na Tabela 22 e ilustrados na Figura 17, a movimentação dos animais independente do sexo nas faixas etárias 0 a 12; 12 a 24; 25 a 36 e > 36 meses, foram respectivamente 15,36%, 14,8%, 19,37% e 50,44%. Os machos apresentaram movimentações superiores a das fêmeas nas faixas etárias 0-12; 12; 24; 25 a 36 meses, enquanto na faixa etária > 36 meses a movimentação das fêmeas (62,31%) foram bem superiores do que a dos machos (38,58%). Nesta faixa etária os machos são vendidos em maior número do que as fêmeas.
42
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Tabela 22 - Trânsito de bovídeos por sexo e faixa etária, em valores absolutos e percentuais, os municípios do Estado do Pará, em 2009 BOVINOS E BUBALINOS MOVIMENTADOS
TOTAL DE ANIMAIS MOVIMENTADOS
MUNICÍPIOS MACHOS
(PA)
Água Azul do Norte Eldorado dos Carajás Marabá Ourilândia do Norte São Félix do Xingu Tucumã
FÊMEAS
0-12 M
12-24 M
25-36 M
>36 M
12-24 M
25-36 M
12.994
8.851
16.536
21.832
60.213
3.545
3.077
6.681
21.997
35.300
95.513
4.816
4.562
4.301
10.187
23.866
829
1.409
2.623
11.800
16.661
40.527
18.763
19.979
29.272
40.118
108.132
9.050
11.507
11.220
38.849
70.626
178.758
2.190
1.635
724
9.023
13.572
880
783
2.064
7.419
11.146
24.718
40.190
47.040
53.087
59.318
199.635
12.415
14.195
22.153
83.265
132.028
331.663
7.179
5.581
4.805
4.189
21.754
2.479
2.926
4.568
12.760
22.733
44.487
TOTAL
0-12 M
>36 M
TOTAL
PERCENTUAL DE BOVINOS E BUBALINOS MOVIMENTADOS (%) MUNICÍPIOS
MACHOS
(PA) 0-12 M Água Azul do Norte Eldorado dos Carajás Marabá Ourilândia do Norte São Félix do Xingu Tucumã
TOTAL DE ANIMAIS MOVIMENTADOS
FÊMEAS
12-24 M
25-36 M
>36 M
12-24 M
25-36 M
21,58
14,70
27,46
36,26
63,04
10,04
8,72
18,93
62,31
36,96
100%
20,18
19,12
18,02
42,68
58,89
4,98
8,46
15,74
70,82
41,11
100%
17,35
18,48
27,07
37,10
60,49
12,81
16,29
15,89
55,01
39,51
100%
16,14
12,05
5,33
66,48
54,91
7,90
7,02
18,52
66,56
45,09
100%
20,13
23,56
26,59
29,71
60,19
9,40
1075
16,78
63,07
39.82
100%
33,00
25,66
22,09
19,26
48,90
10,90
12,87
20,09
56,13
51,10
100%
TOTAL
0-12 M
>36 M
TOTAL
Fonte: Adepará (2009)
A movimentação do rebanho total dos seis municípios dentro do Estado teve como finalidade principal o abate (41,88%) e a engorda (41,87%). A movimentação dos bovídeos fora do Estado menos do que 2% destinou-se ao abate (Tabela 23, Fig. 18). Os meios de transporte mais utilizados nos municípios foram o rodoviário (68,61%) e a pé (30,32%) (Tabela 24). 43
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Figura 17 - Trânsito do rebanho bovídeo de machos e fêmeas, conforme faixa etária, em alguns municípios do Estado do Pará, em percentuais (%), em 2009
Fonte: Adepará. Elaboração: IDESP.
Tabela 23 - Trânsito de bovídeos conforme finalidade, movimentados para dentro e fora do Estado do Pará, em 2009 FINALIDADE DE MOVIMENTAÇÃO DE BOVINOS E BUBALINOS MUNICÍPIOS (PA)
FORA DO ESTADO
TOTAL
DENTRO DO ESTADO
ABATE
ENG.
LEILÃO
REPR.
OUT.*
ABATE
ENG.
LEILÃO
REPR.
OUT.*
Água Azul do Norte
1.912 (2,00%)
242 (0,25%)
0
0
0
43.637 (45,69%)
43.701 (45,75%)
2.914 (3.05%)
1,702 (1,78%)
1.405 (1,47%)
95.513 (100%)
Eldorado dos Carajás
1.161 (2,86%)
0
0
49 (0,12%)
238 (0,59%)
20.642 (50,93%)
18.225 (44,97%)
120 (0,30%)
0
92 (0,23%)
40.527 (100%)
Marabá
4.247 (2,39%)
1.014 (0,57%)
3.792 (2,13%)
181 (0,10%)
46 (0,03%)
51.067 (28,72%)
81.017 (45,56%)
3.792 (2,13%)
814 (0,46%)
31.836 (17,9%)
177.806 (100%)
Ourilândia do Norte
343 (1,39%)
0
0
0
0
12.714 (51,44%)
7.829 (31,67%)
534 (2,16%)
2.008 (12,17%)
290 (1,17%)
24.718 (100%)
São Félix do Xingu
3.389 (1,02%)
2.203 (0,66%)
18 (0,01%)
505 (0,15%)
15 156.113 (0,005%) (47,09%)
131.523 (39,67%)
15.706 (4,74%)
15.768 (4,76%)
6.264 (1,89%)
331.504 (100%)
Tucumá
471 (1,06%)
10 (0,02%)
0
27 (0,06%)
12.182 (27,42%)
19.377 (43,62%)
5.131 (11,55%)
3.682 (8,29%)
3.547 (7,98%)
44.427 (100%)
*Outros, Esporte e Exposição. Fonte: Adepará (2009).
44
0
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Tabela 24 - Informações dos bovídeos conforme os meios de transporte utilizados para movimentação, em 2009 MEIOS DE TRANSPORTE DO REBANHO BOVÍDEO MUNICÍPIOS (PA)
A PÉ
RODOVIÁRIO
MARÍTIMO
OUTROS
TOTAL MOVIMENTADO
Água Azul do Norte
26.942(28,21%)
67.984 (67,18%)
145 (0,152%)
142 (0,149%)
95.513
Eldorado dos Carajás
8.331 (20,56%)
32.155 (79,34%)
2 (0,005%)
39 (0,294%)
40.527
Marabá
84.027 47,26%)
93.347 (52,5%)
165 (0,093%)
522 (0,294%)
177.806
Ourilândia do Norte
4.685 (18,95%)
19.753 (79,92%)
100 (0,405%)
180 (0,728%)
24.718
São Félix do Xingu
90.182(27,20%)
240.710 (72,61%)
27 (0,008%)
586 (0,177%)
331.504
Tucumá
17.663(39,76%)
26.713 (60,13%)
10 (0,023%)
48 (0,108%)
44.427
Fonte: Adepará (2009).
Figura 18 - Dinâmica do rebanho bovídeo movimentado para dentro e fora do Estado do Pará, conforme suas finalidades, em percentuais (%), em 2009
Fonte: Adepará (2009).
45
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
BOVINOS DE LEITE
8
A produção de leite no Estado do Pará está concentrada nas mesorregiões do Sudeste e Sudoeste, onde foram ordenhadas 81,66% do total das vacas correspondendo a 78,52% da produção estadual, no período de 1990 a 2008. As mesorregiões do Baixo Amazonas e Nordeste Paraense, respectivamente contribuíram com 5,59 e 8,98% do total produzido. As mesorregiões de Marajó e Metropolitana de Belém, em conjunto foram responsáveis por 7,21% da produção (Sena et al 2010). A produção de leite dessas regiões está ligada aos tipos de manejo adotado pelos produtores nos estabelecimentos. Segundo Mattos, et al, 2010, no Sudeste onde está concentrado o maior rebanho bovino do Estado, além solos serem de melhor fertilidade, os produtores praticam uma pecuária classificada com intensiva, onde utilizam forrageiras cultivadas que possuem maior massa de forragem e bom valor nutritivo; as pastagens degradadas corresponde apenas a 6% e mais de 43% das pastagens cultivadas está em boas condições para serem utilizadas. Em 57% dos estabelecimentos os produtores utilizam manejo, controle de parasitas; 31% fazem rotação de pastagens; 29% suplementam o gado com sal mineral e em 7% dos estabelecimentos utilizam lavouras para a recuperação de pastagens. Os estabelecimentos localizados em Marajó, onde está concentrado o maior rebanho de bubalinos (84%) do Pará e menor rebanho de bovino (8,9%), praticam uma pecuária foi classificada como extensiva. O rebanho nessa região é criado em grandes áreas de pastagens nativas (18% do total de estabelecimentos) de baixa massa de forragem e reduzido valor nutritivo. Nos estabelecimentos existem poucas áreas de pastagens cultivadas. Em relação à pecuária intensiva e semi-intensiva, é que menos utiliza o controle de parasitas (6% dos estabelecimentos), também é baixo o fornecimento de sal mineral ao rebanho (1,3% dos estabelecimentos), apesar do teor de minerais nas forrageiras serem deficientes principalmente em fósforo, cálcio, cobalto e cobre. Apenas 1,8% dos estabelecimentos fazem manejo de pastejo rotacionado das pastagens, indicando que existem poucas cercas nas propriedades. 47
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Como se observa é a região que menos incorpora tecnologias ao setor produtivo (Mattos et al 2010). Na região do Nordeste e Baixo Amazonas, onde está localizado o segundo maior rebanho de bovinos e bubalinos do Pará, é praticada a pecuária semi-intensiva nos estabelecimentos. O controle dos parasitos é praticado em 25% dos estabelecimentos, rotação das pastagens 9,3%, emprego de lavouras para a recuperação de pastagens, 5% e fornecem sal mineral para o gado (5,7% dos estabelecimentos) (Mattos et al 2010).
8.1. PRODUÇÃO DE LEITE CRU O Brasil possui o maior rebanho de bovinos do mundo, mas em produção de leite cai para o quinto lugar, por outro lado, a produtividade por vaca é baixa ocupando o 11° lugar (Tabelas 25 e 26). Tabela 25 - Produção de leite fluido em mil toneladas PAÍS
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010(P)
Canadá
7.734
7.905
7.806
8.041
8.212
8.270
8.280
8.350
México
9.784
9.874
10.164
10.657
10.657
10.907
10.866
11.176
77.289
77.488
80.255
84.455
84.211
86.174
85.874
87.450
7.950
9.250
9.500
10.200
9.550
10.010
10.350
10.600
22.660
23.317
24.230
25.230
26.750
27.820
28.795
29.480
135.069
133.969
134.672
132.206
132.604
133.848
133.700
134.700
Rússia
33.000
33.000
32.000
31.100
32,200
32,500
32.600
31.740
Ucrânia
13.400
13,787
13423
12,890
11.997
11.524
11.370
10.950
Índia
36.500
37.500
37.520
41.000
42.890
44.500
48.160
50.300
China
17.463
22.606
27.534
31.934
35.252
34.300
28.445
29,100
Japão
8.400
8.329
8.285
8.137
8.007
7.982
7.910
7.790
Austrália (2)
10.636
10.377
10.429
10.395
9.870
9.500
9.326
9.400
Nova Zelândia (3)
14.346
15.000
14.500
15.200
15.640
15.141
17.397
16.897
394.432
401.402
410.338
418.839
427.840
432.476
433.073
437.433
EUA Argentina Brasil União Européia (1)
Total dos países selecionados
Fonte:USDA (United States Department of Agriculture) – Dairy: Word Markets and Trad/December 2010. (p) Dados preliminares (1) Baseado nas entregas (2) Dados referentes ao ano terminado em 30 de junho do ano corrente (3)Dados referentes ao ano terminado em 31 de maio do ano corrente http://milkpoint.com.br/estatisticas/produção mundial.htm Consulta em 25/05/2012
48
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Tabela 26 - Produtividade por vaca – Toneladas de leite por cabeça PAÍS
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010(P)
Canadá
7,26
7,49
7,32
7,89
8,25
8,40
8,46
8,51
México
1,44
1,45
1,70
1,46
1,77
1,76
1,70
1,70
EUA
8,51
8,60
8,87
9,02
9,16
9,25
9,33
9,60
Argentina
3,98
4,63
4,52
4,74
4,44
4,66
4,93
5,05
Brasil
1,49
1,53
1,61
1,65
1,68
1,67
1,67
1,70
União Européia (1)
5,10
5,15
5,31
5,30
5,48
5,54
5,53
5,67
Rússia
2,82
2,86
3,08
3,14
3,25
3,32
3,42
3,45
Ucrânia
2,84
3,20
3,25
3,36
3,72
3,72
3,98
3,97
Índia
1,00
1,01
0,99
1,08
1,13
1,16
1,13
1,15
China
3,91
4,14
4,05
4,04
4,03
4,00
4,00
3,96
Japão
8,71
8,90
9,10
9,04
9,19
9,26
9,33
9,39
Austrália (2)
5,19
5,10
5,11
5,56
5,48
5,79
5,56
5,77
Nova Zelândia (3)
3,73
3,83
3,65
3,71
3,76
3,61
3,78
3,56
Fonte:USDA (United States Department of Agriculture) – Dairy: Word Markets and Trad/December 2010. (p) Dados preliminares (1) Baseado nas entregas (2) Dados referentes ao ano terminado em 30 de junho do ano corrente (3) Dados referentes ao ano terminado em 31 de maio do ano corrente http://milkpoint.com.br/estatisticas/produção mundial.htm Consulta em 25/05/2012
Em 1990, o Brasil passou de uma produção de 14,5 para 30,7 bilhões de litros de leite em 2010. As regiões Sudeste e Sul produziram 66,8% do total da produção do país. A taxa de crescimento do Brasil no período de 20 anos foi de 3,7%/ano. A região norte de menor produção, 5,7% do total do Brasil foi a que mais cresceu (6,5%/ano), sendo superior a do país (Tabela 27). O Pará ocupa o 11° lugar na produção de leite do país, e o terceiro produtor da região norte, ficando atrás de Rondônia e Mato Grosso. Produz 32,45 e 1,84%/ano, respectivamente da produção de leite do norte e país (Tabela 28). O maior crescimento da produção do rebanho do gado de leite no Brasil foi observado no Estado de Rondônia (8,2%/ano) seguido do Acre, Santa Catarina, Sergipe, Maranhão, Amapá e Pernambuco. O Pará juntamente com Mato Grosso ficou na sétima posição. O Estado de São Paulo um dos maiores produtores de leite do Brasil teve decréscimos no período (Tabela 28). No Pará, a maior produção de leite em 2010 está localizada na mesorregião do Sudeste Paraense (76,2% do total) e com maior taxa de crescimento significativa de 8,57%/ano, vindo em seguida o Baixo Amazonas e Sudeste Paraense com taxas de crescimento respectivamente de 5,51 e 2,07%/ano. As regiões Metropolitana de Belém e Nordeste Paraense não apresentaram acréscimos, enquanto em Marajó houve decréscimos (-5,27%/ano)(Tabela 29). 49
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Tabela 27 - Produção de leite cru, nas regiões do Brasil
BRASIL / REGIÃO
PRODUÇÃO DE LEITE (1000 LITROS) 2000
2005
2010
CRESCIMENTO ANUAL (%)
R²
1990
1995
Brasil
14.484.414
16.474.365
19.767.206
24.620.859
30.715.460
3,7***
0,99
Norte
555.216
706.696
1.049.768
1.743.253
1.737.406
6,5***
0,92
Nordeste
2.045.268
1.886.614
2.159.230
2.972.130
3.997.890
3,5***
0,76
Sudeste
6.923.301
7.539.464
8.573.731
9.535.484
10.919.686
2,2***
0,97
Sul
3.262.255
4.102.597
4.904.356
6.591.503
9.610.739
5,4***
0,98
Centro-Oeste
1.698.374
2.238.994
3.080.121
3.778.490
4.449.738
4,6***
0,96
Fonte: IBGE – Pecuária Municipal (2010). Elaboração: IDESP. ***Significativo 1%.
As maiores produções de leite estão localizadas nas regiões de integração Araguaia (28,4%) e Carajás (26,5%). Enquanto, as regiões de Lago do Tucuruí e Carajás foram as que mais cresceram. Houve crescimento negativo nas regiões de Marajó e Metropolitana de Belém, enquanto na região do Xingú não houve crescimento (Tabela 29). A produção de leite dos 143 municípios do Pará variou de 4 mil litros em Salinas e São Caetano de Odivelas a 26 milhões de litros no município de São Felix do Xingu. Na Tabela 30 estão município maiores produtores de leite do Pará, São Felix do Xingu, Xinguara, Novo Repartimento, Piçarra e Água Azul do Norte. A produção de leite do município de São Felix do Xingu teve a sua produção reduzida 2005 a 2010 em 70,7%. A maior taxa de crescimento (37075%/ano) foi liderada pelo município de Cumarú do Norte, seguidos dos municípios Eldorado do Carajás (2° lugar), São Domingos do Capim (3° lugar), Novo Repartimento (4° lugar), Pacajá (5° lugar), São Geraldo do Araguaia (6° lugar) e Santana do Araguaia (7° lugar). Não houve acréscimos na produção de leite nos municípios de São Felix do Xingu, Xinguara e Paragominas.
50
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Tabela 28 - Produção de leite cru, nas unidades da Federação do Brasil PRODUÇÃO DE LEITE (1000 LITROS) BRASIL UF
CRESCIMENTO ANUAL (%)
R²
1990
1995
2000
2005
2010
RO
158.474
202.189
422.255
692.411
802.969
8,2***
0,90
AC
21.431
29.696
40.804
79.665
41.059
7,1***
0,55
AM
36.617
48.977
36.680
43.881
47.203
0,1ns
0,00
RR
-
11.210
9.958
5.797
5.954
-5,25***
0,90
PA
231.497
308.184
380.319
697.021
563.777
6,1***
0,83
AP
1.685
2.710
3.735
4.014
6.952
6,5***
0,92
TO
105.511
103.731
156.018
220.465
269.491
5,3***
0,91
MA
126.934
145.109
149.976
321.180
375.898
6,5***
0,86
PI
57.916
55.588
76.555
78.713
87.354
2,4***
0,70
CE
293.562
292.346
331.873
367.975
444.144
2,2***
0,68
RN
106.967
105.608
144.927
211.545
229.492
5,0***
0,81
PB
155.151
140.018
105.843
148.599
217.018
1,7*
0,18
PE
312.522
212.709
292.130
526.515
877.420
6,2***
0,70
AL
148.580
201.077
217.887
236.109
231.367
1,3***
0,31
SE
99.862
66.013
115.142
191.306
296.650
6,7***
0,78
BA
743.774
668.147
724.897
890.187
1.238.547
2,3***
0,56
MG
4.290.800
4.762.543
5.865.486
6.908.683
8.388.039
3,4***
0,98
ES
281.416
362.696
378.068
417.676
437.205
1,9***
0,80
RJ
390.304
432.381
468.752
464.946
488.786
1,1***
0,82
SP
1.960.781
1.981.844
1.861.425
1.744.179
1.605.657
-1,3***
0,88
PR
1.160.048
1.576.541
1.799.240
2.568.251
3.595.775
5,5***
0,98
SC
650.409
815.379
1.003.098
1.555.622
2.381.130
6,9***
0,96
RS
1.451.797
1.710.677
2.102.018
2.467.630
3.633.834
4,5***
0,97
MS
398.728
454.743
427.261
498.667
511.270
1,0***
0,60
MT
213.644
307.426
422.743
596.382
708.481
6,1***
0,98
GO
1.071.966
1.450.158
2.193.799
2.648.599
3.193.731
5,3***
0,93
DF
14.036
26.667
36.318
34.842
36.256
4,2***
0,61
Fonte: IBGE – Pecuária Municipal (2010). Elaboração: IDESP. * Significativo 10%; **Significativo 5%; ***Significativo 1%; ns: Não significativo.
51
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Tabela 29 - Produção de leite cru, nas Mesorregiões e Região de integração do estado do Pará MESORREGIÃO
PRODUÇÃO DE LEITE (MIL LITROS)
R²
1990
1995
2000
2005
124.276
170.583
266.183
562.892
429.702
8,57***
0,86
Baixo Amazonas
11.223
19.536
19.692
31.580
42.829
5,51***
0,85
Sudoeste Paraense
32.166
38.939
38.469
45.695
41.684
2,07***
0,36
7.668
5.420
4.721
9.911
9.280
0,93ns
0,02
Nordeste Paraense
31.836
41.453
35.071
36.779
28.683
0,09ns
0,10
Marajó
24.330
32.255
16.189
10.170
11.604
-5,27***
0,71
Sudeste Paraense
RMB
2010
CRESCIMENTO ANUAL (%)
REGIÃO DE INTEGRAÇÃO Araguaia
68.636
93.780
137.192
198.621
160.593
5,5***
0,80
Baixo Amazonas
10.944
19.206
17.263
27.913
37.918
4,8***
0,78
Carajás
22.744
39.472
65.335
220.788
149.565
13,3***
0,83
Guamá
21.703
15.166
6.497
13.396
11.937
-3,2*
0,14
Lago de Tucuruí
10.875
15.321
35.687
91.677
86.359
13,5***
0,94
Marajó
24.330
32.255
16.189
10.170
11.604
5,3***
0,71
Metropolitana
1.057
1.397
939
308
363
-7,6***
0,47
Rio Caeté
2.014
1.947
3.901
3.924
2.242
2,2*
0,18
Rio Capim
30.034
45.408
48.605
71.031
49.121
4,1***
0,54
Tapajós
2.637
7.733
13.351
21.568
16.059
9,9***
0,78
Tocantins
6.717
4.965
7.819
9.837
7.485
3,8***
0,42
29.808
31.536
27.547
27.794
30.536
0,4ns
0,01
Xingu
Fonte: IBGE – Pecuária Municipal (2010). Elaboração: IDESP. * Significativo 10%; **Significativo 5%; ***Significativo 1%; ns: Não significativo.
52
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Tabela 30 - Os 20 maiores municípios produtores de leite do estado do Pará PRODUÇÃO DE LEITE (1000 LITROS)
MUNICÍPIO
2000
2005
São Félix do Xingu
29.480
91.079
26.661
-4,99ns
Xinguara
26.158
22.712
25.638
-2,26ns
Novo Repartimento
2010
CRESCIMENTO ANUAL (%)
4.350
25.006
25.630
17,41***
Piçarra
10.220
17.445
24.123
6,58***
Água Azul do Norte
12.330
33.150
23.447
3,66ns
São Geraldo do Araguaia
6.150
13.010
19.008
14,7***
Rondon do Pará
7.674
20.591
18.604
7,03***
25.206
20.454
17.865
-1,74**
Paragominas Eldorado dos Carajás
3.000
8.752
17.480
19,49***
Canaã dos Carajás
6.400
11.238
17.472
9,98***
Rio Maria
5.180
15.279
15.827
6,64**
São Domingos do Araguaia
2.000
13.500
14.000
17,81***
Pacajá
3.870
5.928
13.868
14,75***
922
24.388
13.282
37075***
Bom Jesus do Tocantins
8.237
11.069
12.514
1,67ns
Marabá
5.950
17.010
12.229
3,26ns
Ourilândia do Norte
7.628
20.309
12.052
0,14ns
Redenção
9.788
12.855
11.563
2,71*
Itaituba
7.008
9.068
9.296
5,43***
Santana do Araguaia
3.016
5.273
9.095
13,21***
Cumaru do Norte
Fonte: IBGE – Pecuária Municipal (2010). Elaboração: IDESP. * Significativo 10%; **Significativo 5%; ***Significativo 1%; ns: Não significativo.
8.2 VACAS ORDENHADAS Em 2000, as vacas ordenhadas no Brasil foram 18 milhões e alcançando 23 milhões em 2010 com taxa de crescimento de 2,47%/ano. Os maiores rebanhos de vacas ordenhadas (51,34%) estão localizados nas regiões Sudeste e Sul, no entanto, as regiões Nordeste (3,78%/ ano) e Norte (3,71%/ano) foram as que mais cresceram. As taxas de crescimento das regiões do Nordeste, Norte e Centro–Oeste foram superiores as do Brasil (Tabela 31). Tabela 31 - Vacas ordenhadas nas regiões do Brasil VACAS ORDENHADAS
PAÍS REGIÃO
2000
2005
2010
CRESCIMENTO ANUAL (%)
Brasil
17.885.019
20.625.925
22.924.914
2,47***
Norte
1.771.707
2.916.106
2.582.959
3,71**
Nordeste
3.413.365
3.976.512
4.926.568
3,78***
Sudeste
6.926.721
7.059.218
7.744.339
1,15***
Sul
2.896.640
3.287.587
4.025.083
3,34***
Centro-Oeste
2.876.586
3.386.502
3.645.965
2,05***
Fonte: IBGE – Pecuária Municipal (2010). Elaboração: IDESP. **Significativo 5%; ***Significativo 1%; ns: Não significativo.
53
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Entre os Estados, Minas Gerais foi o que teve maior número de vacas ordenhadas cerca de 5,5 milhões de vacas, seguida dos Estados de Goiás, Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo. Na Amazônia, o Estado de Rondônia foi o Estado que teve maior quantidade de vacas ordenhada, seguida do Pará (Tabela 32). A maior taxa de crescimento (8,1%/ano) de vacas ordenhadas foi obtida pelo Estado de Rondônia, seguida pelos Estados do Maranhão, Sergipe Santa Catarina e Mato Grosso (4,51%/ano) (Tabela 32). O Estado do Pará não apresentou aumento (0,465%/ano, sendo não significativo). Os Estados do Acre, Roraima, Piauí, Alagoas, São Paulo e Distrito Federal apresentaram crescimento negativo no período (Tabela 32).
8.3 RENDIMENTOS (KG DE LEITE/VACA/DIA) A produtividade do rebanho de leite do Brasil em 2000 foi de 3,8 e aumentou para 5,1 kg/vaca/dia em 2010 com taxa de crescimento de 3,1 %/ano. As regiões do Sul (9,5 kg/vaca/ dia) e Sudeste (6,1 kg/vaca/dia) foram as que apresentaram maiores rendimentos. As regiões que mais cresceram foram Sul (5,39%/ano) e Norte (4,68%/ano) (Tabela 33). Os maiores rendimento foram apresentados pelos Estados: Rio Grande do Sul (11,1 kg/vaca/dia), Santa Catarina (9,0 kg/vaca/dia),São Paulo (8,6 kg/vaca/dia) e Paraná (8,4 (kg/vaca/dia). O Pará produziu uma média de 2,3 kg/vaca/dia ficando em 14° lugar. A maiores taxa de crescimento foram apresentados pelos Estados Paraíba (18,91%/ano), Sergipe (16,17%/ano) e Pará (8,34%/ ano), sendo superiores a taxa de crescimento do Brasil (Tabela 32).
54
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Tabela 32 - Taxa de crescimento de vacas ordenhadas nos estados do Brasil PAÍS / UF
2000
VACAS ORDENHADAS 2005
2010
CRESCIMENTO ANUAL (%)
RO
459.182
1.017.127
1.082.811
8,1***
AC
68.702
151.493
70.686
-0,88ns
AM
65.458
77.583
111.977
2,96ns
RR
24.180
18.438
19.110
-2,68***
PA
800.719
1.174.536
763.566
0,46ns
TO
347.142
470.338
526.147
3,72***
MA
303.616
504.772
574.335
6,52***
PI
192.269
200.431
157.788
-1,69**
CE
440.704
463.106
538.929
2,24***
RN
177.636
236.523
257.999
4,48***
PB
176.368
192.962
239.336
3,55***
PE
321.216
406.315
576.198
5,8***
AL
160.399
158.130
149.411
-0,87*
SE
132.253
176.603
220.889
6,05***
BA
1.508.904
1.637.670
2.211.683
3,74***
MG
4.414.779
4.659.245
5.447.005
2,27***
ES
329.437
371.106
394.511
2,11***
RJ
391.955
391.938
414.860
0,83***
SP
1.790.550
1.636.929
1.487.963
-2,33***
PR
1.155.072
1.361.756
1.550.396
2,85***
SC
576.656
722.230
979.169
5,59***
RS
1.164.912
1.203.601
1.495.518
2,55***
MS
443.623
502.287
528.011
1,6***
MT
401.427
524.982
617.585
4,51***
GO
2.006.038
2.334.558
2.479.869
1,69***
DF
25.498
24.675
20.500
-5,62*
Fonte: IBGE – Pecuária Municipal (2010). Elaboração: IDESP. * Significativo 10%; **Significativo 5%; ***Significativo 1%; ns: Não significativo.
Tabela 33 - Produtividade do rebanho de leite, nas regiões do Brasil BRASIL / REGIÃO
RENDIMENTO DE LEITE / VACA / DIA 2000 2005 2010
CRESCIMENTO ANUAL (%)
Brasil
3,8
4,4
5,1
3,10***
Norte
1,8
1,7
2,7
4,68***
Nordeste
1,0
1,3
1,4
3,46***
Sudeste
4,8
6,0
6,1
2,02***
Sul
5,7
7,0
9,5
5,39***
Centro-Oeste
3,6
4,3
4,6
3,26***
Fonte: IBGE – Pecuária Municipal (2010). Elaboração: IDESP. ***Significativo 1%.
55
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Tabela 34 - Produtividade do rebanho de leite, nas Unidades da Federação do Brasil BRASIL / UF
RENDIMENTO DE LEITE / VACA / DIA 2000 2005 2010
CRESCIMENTO ANUAL (%)
RO
4,7
3,1
4,1
0,01ns
AC
0,0
0,2
0,8
16,25**
AM
0,0
0,0
0,0
_
RR
0,0
0,0
0,0
_
PA
0,9
1,0
2,3
8,34***
TO
0,7
1,0
1,3
6,26***
MA
0,4
0,5
0,6
2,4**
PI
0,3
0,5
0,4
4,12**
CE
1,2
1,4
2,2
8***
RN
2,3
1,8
1,6
-4,6***
PB
0,3
1,2
1,1
18,91***
PE
1,2
1,8
2,4
5,46***
AL
3,1
4,3
3,8
3,02***
SE
0,4
2,0
2,2
16,17***
BA
0,9
1,1
1,0
1,12ns
MG
4,2
5,6
5,7
3,01***
ES
2,5
3,7
4,3
3,37***
RJ
6,2
6,0
4,2
-4,22***
SP
6,6
7,8
8,6
2,25***
PA
4,5
5,6
8,4
5,48***
SC
4,6
6,3
9,0
6,82***
RS
7,4
9,1
11,1
4,94***
MS
2,2
2,6
2,2
-2,66ns
MT
2,6
3,4
4,6
6***
GO
4,0
4,8
5,2
3,32***
DF
12,0
3,5
7,1
1,2***
Fonte: IBGE – Pecuária Municipal (2010). Elaboração: IDESP. * Significativo 10%; **Significativo 5%; ***Significativo 1%; ns: Não significativo.
56
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
REBANHO BUBALINO
9
O rebanho do búfalo (Bubalus bubalis) no mundo está estimado em 168 milhões de cabeças; 161 milhões estão na Ásia (95,83%), 3717 milhões estão na África quase inteiramente no Egito (2,24%), 3,3 milhões (1,96%) na América do Sul, 40 mil na Austrália (0,02%); e 500 mil na Europa (0.30%) (Burghese; Mazzi, 2005). Em 1895, os bubalinos foram introduzidos no país, na Ilha de Marajó, Estado do Pará. O búfalo é um animal rústico e se adapta a condições onde outros ruminantes não têm apresentado índices zootécnicos satisfatórios. Como por exemplo, nas pastagens nativas de savanas bem e mal drenadas e de solos aluviais de várzeas da Amazônia, que ficam inundadas determinadas épocas do ano. No Estado do Pará está concentrado o maior rebanho de bubalinos com 457 mil reses, de um rebanho nacional de 1,2 milhão. Por outro lado, a Associação de criadores de búfalos e técnicos discorda desses números e afirmam que no país existe um rebanho de 3 milhões de cabeças e que metade estariam no Pará (Homma & Marques, 2001). Segundo a Adepará, em 2009 foram vacinados contra a febre aftosa 413.295 bubalinos. O maior rebanho do Pará está localizado na Ilha de Marajó, sendo os animais criados principalmente para produção de carne. A produção de leite de leite é pequena, mas é importante para a fabricação artesanal de queijo e os animais também são utilizados para tração, carroça e montaria.
9.1 EVOLUÇÃO DO REBANHO Na Tabela 35 são apresentados os dados sobre a evolução do rebanho bubalino do Brasil, Norte, Nordeste, Centro Oeste, Sul e Estados. O Brasil com uma população de 1.397.097 cabeças em 1990 passou para 1.184.511 mil cabeças em 2010, com um taxa de crescimento anual negativa de 1,3%/ano. A maior população dos búfalos está concentrada no norte com 63,5% do rebanho. O Estado do Pará lidera com um rebanho de 457 mil cabeças em 2010, correspondendo a 60,7% e 38,5%, respectivamente dos rebanhos do norte e do Brasil (Tabela 36). 57
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Tabela 35 - Evolução do rebanho bubalino nas regiões do Brasil BÚFALOS (Nº DE CABEÇAS) PAÍS/REGIÃO 1990
1995
2000
2005
2010
CRESCIMENTO ANUAL (%)
R2
Brasil
1.397.097
1.641.950
1.102.551
1.173.629
1.184.511
-1,3**
0,29
Norte
823.725
1.080.560
700.084
728.004
752.830
-1,2**
0,21
Nordeste
174.733
110.723
85.251
121.662
120.458
-0,1ns
0,0
Sudeste
113.463
98.090
82.689
113.862
122.312
0,5ns
0,05
Sul
165.631
218.376
163.292
144.531
124.133
-2,4***
0,76
Centro-Oeste
119.545
134.201
71.235
65.570
64.778
-3,7***
0,64
Fonte: IBGE – Pecuária Municipal (2010). Elaboração: IDESP. * Significativo 10%; **Significativo 5%; ***Significativo 1%; ns: Não significativo.
9.2 TAXAS DE CRESCIMENTO As taxas de crescimento das regiões do Brasil foram todas negativas com exceção da Sudeste (0,5%/ano), mas o crescimento não foi significativo (Tabela 35). Em relação aos Estados, o Rio Grande do Norte foi o que apresentou a maior taxa de crescimento (36,6 %) enquanto Rondônia apresentou a menor (-7,7%), seguido do Paraná (Tabela 36). Segundo Homma & Marques (2011), a despeito das qualidades da carne e queijo o rebanho vem decrescendo, em face às críticas de ordem ambiental. Em Rondônia, houve matança de búfalos que ficou reduzido a um quarto do total do rebanho e no Maranhão houve interferência do Estado que limitou a criação, cujo rebanho ficou reduzido em 50%. Na Região do Baixo Amazonas, Pará está atribuindo aos búfalos à destruição da vegetação marginal dos rios e invasão das plantações nas áreas de várzeas. Por outro lado, em Marajó nas cidades de Soure e Salvaterra, os búfalos pastam livremente nas ruas e são usados como animais de montaria por policias do Estado, portanto o manejo correto dos animais é a solução para o sucesso da criação. No Amapá, o rebanho de 77 mil atingiu 214 mil cabeças em 2010, um aumento significativo. Este fato deve-se, segundo Valentim e Andrade (2009), o Amapá teve a criação de bovinos reduzida no período de 1975 a 2006. Neste mesmo período a criação de bubalinos se tornou a principal atividade pecuária do Estado. Os maiores rebanhos de búfalos do Pará estão concentrado nas mesorregiões do Marajó (61,6%) e Baixo Amazonas (31,2%). O mesmo ocorrendo com as regiões de integração (Tabela 35) Nas mesorregiões do Pará, a Sudoeste e do Baixo Amazonas foram que apresentaram maiores taxas de crescimento respectivamente de 4,1 e 0,6% por ano. A região do Marajó onde está à maior população do Pará e do Brasil também apresentou a mais baixa taxa de crescimento de - 3,9% por ano. As mesorregiões do Nordeste Paraense, Metropolitana de Belém, Sudeste Paraense também apresentaram taxas de crescimentos negativas significativas (Tabela 36). 58
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Tabela 36 - Evolução do rebanho bubalino nas Unidades da Federação do Brasil BÚFALOS (Nº DE CABEÇAS) PAÍS / UF 1990
1995
2000
2005
2010
CRESCIMENTO ANUAL (%)
R2
RO
17.445
23.107
12.347
6.457
6.138
-7,7***
0,74
AC
1.292
2.722
1.604
2.421
2.499
2,3ns
0,09
AM
26.170
36.739
43.347
49.891
63.322
3,9***
0,91
RR
-
-
100
280
245
7,1***
0,16
PA
683.563
822.413
465.973
466.210
457.075
-2,7***
0,49
AP
77.370
166.009
159.650
193.485
214.271
4,3***
0,73
TO
17.885
29.570
17.063
9.260
9.280
-4,7***
0,55
MA
145.973
75.446
57.056
79.915
77.834
-0,9ns
0,04
PI
486
298
660
542
677
2,5*
0,18
CE
216
1.486
1.135
1.186
2.027
6,0***
0,48
RN
-
16
31
485
2.107
36,6***
0,86
PB
417
482
85
1.637
707
4,2ns
0,04
PE
4.871
8.306
8.035
17.353
11.149
6,4***
0,79
AL
2.381
4.179
2.105
1.818
1.729
-3,6***
0,45
SE
475
296
231
387
686
2,4**
0,23
BA
19.914
20.214
15.913
18.339
23.542
0,3ns
0,02
MG
38.132
28.871
22.124
36.158
41.685
0,8ns
0,03
ES
2.307
1.813
554
669
2.465
-3,6**
0,19
RJ
5.034
4.677
3.756
5.299
6.168
1,4**
0,24
SP
67.990
62.729
56.255
71.736
71.994
0,4ns
0,05
PR
83.527
94.069
65.064
40.187
27.777
-6,5***
0,93
SC
30.225
28.497
17.788
22.185
17.871
-2,1***
0,34
RS
51.879
95.810
80.440
82.159
78.485
0,7ns
0,08
MS
44.626
41.337
17.445
19.051
16.811
-4,9***
0,59
MT
28.696
37.206
23.706
14.297
14.795
-4,4***
0,76
GO
46.043
55.488
29.744
31.268
32.656
-2,5***
0,39
DF
180
170
340
954
516
13,2***
0,46
Fonte: IBGE – Pecuária Municipal (2010). Elaboração: IDESP. * Significativo 10%; **Significativo 5%; ***Significativo 1%; ns: Não significativo.
No Pará, em 2.010 os dez municípios com maior rebanhos de búfalos estão na Tabela 38, localizados na Ilha de Marajó (Chaves e Soure) e Baixos Amazonas (Almeirim e Porto de Moz). No Pará, os municípios Anajás (0,14 %/ano), Abaetetuba (0,14%/ano) e Nova Timboteua (0,10%/ano) foram os que apresentaram maior taxa de crescimento e as menos taxas de crescimento foram Conceição do Araguaia (-0,14%) e Cametá (-0,12%/ano).
59
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Tabela 37 - Evolução de rebanho bubalino nas regiões do Pará BÚFALOS (Nº DE CABEÇAS) MESORREGIÃO Baixo Amazonas Marajó RMB
1990
CRESCIMENTO ANUAL (%)
R2
1995
2000
2005
2010
99.741
158.687
114.823
127.461
142.556
0,6ns
0,07
538.229
614.322
322.829
308.826
281.719
-3,9***
0,65
2.728
2.225
1.539
1.835
2.346
-2,2**
0,28
Nordeste Paraense
24.699
26.408
15.343
16.983
17.693
-1,9**
0,23
Sudeste Paraense
13.670
17.654
8.082
6.364
7.998
-3,2**
0,22
Sudoeste Paraense
4.496
3.117
3.357
4.741
4.763
4,1***
0,33
CRESCIMENTO ANUAL (%)
R2
REGIÃO DE INTEGRAÇÃO Araguaia Baixo Amazonas
1990
1995
2000
2005
2010
5.860
7.674
5.021
3.946
3.953
-0,9ns
0,01
87.178
144.287
100.207
99.322
103.620
-0,5ns
0,05
Carajás
2.623
5.645
1.429
1.072
2.999
-3,9**
0,21
Guamá
4.985
4.926
3.532
2.353
3.459
-3,9***
0,45
28
84
1.075
524
753
13,4***
0,54
538.229
614.322
322.829
308.826
281.719
-3,9***
0,64
1.270
544
232
370
314
-5,0**
0,25
Lago de Tucuruí Marajó Metropolitana Rio Caeté
10.718
9.209
5.140
6.524
6.933
-1,8*
0,18
Rio Capim
8.638
8.908
3.315
4.638
2.843
-5,4***
0,39
Tapajós
1.386
2.077
1.721
2.585
2.903
5,5***
0,42
Tocantins
6.975
9.297
5.220
5.755
6.783
-1,1ns
0,08
Xingu
15.673
15.440
16.252
30.295
40.796
6,0***
0,82
Pará
683.563
822.413
465.973
466.210
457.075
-
-
* Significativo 10%; **Significativo 5%; ***Significativo 1%; ns: Não significativo. Fonte: IBGE – Pecuária Municipal (2010). Elaboração: IDESP.
Tabela 38 - Dez municípios com maiores rebanhos de búfalos no estado do Pará, em 2010 REBANHO (CABEÇAS)
PARTICIPAÇÃO NO REBANHO DO PARÁ (%)
Chaves
84.600
18,5
Almeirim
42.625
9,3
Porto de Moz
38.918
8,5
Cachoeira do Arari
36.526
7.9
Santa Cruz do Arari
34.093
7,4
Soure
34.093
7,4
Prainha
30.360
6,6
Muaná
29.145
6,4
Ponta de Pedras
28.564
6,2
MUNICÍPIO
Fonte: IBGE – Pecuária Municipal (2010). Elaboração: IDESP.
O Pará chegou a ter um rebanho de mais de 497 mil cabeças em 2003 e decresceu ficando numa faixa de 429 a 460 mil cabeças entre 2004 e 2010. Situação semelhante ocorreu na Ilha 60
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
de Marajó (Fig. 19), em 2003 também apresentou o maior rebanho mais de 326 mil cabeças e decresceu ficando numa faixa de 270 a 300 mil cabeças. Figura 19 - Evolução do rebanho de bubalinos de Marajó
Fonte: IBGE, Pecuária Municipal ( 2010).
Em 1990 o rebanho de bovino da ilha de Marajó era de 600 mil cabeças correspondia a 10 % do rebanho do Pará. Em 2004, o rebanho foi reduzido para 330 mil. Essa mesma situação ocorreu com os bubalinos, de 540 mil (80% do rebanho do Estado) diminuiu para 290 mil (60% do Estado) em 2004. A razão principal da decadência da pecuária é o atraso tecnológico das atividades da pecuária (Brasil, 2007).
9.3 DINÂMICA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE BUBALINOS NOS MUNICÍPIOS DO PARÁ Na Fig. 20, observa-se a dinâmica do crescimento do rebanho bubalinos nos municípios paraenses nos anos de 1995, 2000, 2005 e 2010, mostram que as maiores concentrações de bubalinos estão nos municípios de Marajó e Baixo Amazonas.
9.4. DENSIDADE DEMOGRÁFICA DO REBANHO BUBALINO NOS MUNICÍPIOS DO PARÁ Com relação à densidade demográfica de bubalinos no Pará, as maiores estão localizadas nos municípios de Marajó. Os municípios com a mais alta densidade pela ordem decrescente foram (Média dos anos de 2990, 1995, 2000 e 2010): Santa Cruz do Arari (36,6 bubalinos/km 2), Ponta de Pedras (26,2 bubalinos/km2), Cachoeira do Arari (22,9 bubalinos/km2), Soure (19,8 bubalinos/km2), Salvaterra (17,1 bubalinos/km2), Chaves (7,7 bubalinos/km2) e Muaná (7,5 bubalinos/km2) (Fig. 21). Os municípios com os maiores rebanhos do Estado, Chaves (13.090 km2), Almeirim (72.960 km2), Porto de Moz (17.420 km2) por terem áreas territoriais bem maiores que os municípios; Santa Cruz do Arari (1.070 km2), Ponta de Pedras (3.370 km2), Cachoeira do Arari (3.100 km2), Soure (3.510 km2), Salvaterra (1040 km2) e Muaná (3.770 km2), por isso as suas taxas de densidades foram mais inferiores. 61
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Figura 20 - Dinâmica da distribuição espacial de bubalinos nos municípios do Pará
Fonte: IBGE – Pecuária Municipal, 2010. Elaboração: Núcleo de Cartografia e Georeferenciamento do IDESP.
62
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Figura 21 - Dinâmica da distribuição demográfica de bubalinos (cabeça/km2) nos municípios do Pará
Fonte: IBGE – Pecuária Municipal, 2010. Elaboração: Núcleo de Cartografia e Georeferenciamento do IDESP.
9.5 BUBALINOS ABATIDOS O início do levantamento dos registros dos abates de bovinos e bubalinos pelos frigoríficos no Pará ocorreu em 2002. Neste ano foram abatidos 13,8 mil bubalinos e se estabilizou de 2004 a 2006 em torno de 10 mil animais abatidos. Em 2007 aumentou para 18,9 mil animais abatidos e nos anos de 2008, 2009 e 2010 o abate novamente decresceu em relação a 2007. Não houve crescimento no abate total de búfalos. Houve decréscimos no abate fiscalizado pelo SIE, enquanto pelo SIF aumentou significativamente de 37,38%/ano. Durante 10 anos foram abatidos 15.891.979 bovinos e 127.896 bubalinos. A percentagem média de abate durante os 10 anos de bubalinos em relação a bovinos foi de 1,27%. Os frigoríficos fiscalizados de SIE abateram 74,8% do total dos bubalinos (Tabela 39). 63
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Tabela 39 - Número de bubalinos abatidos de acordo com o sistema de fiscalização estadual (SIE) e federal (SIF) FISCALIZAÇÃO/ ABATIDOS
Nº DE CABEÇAS 2002
2004
2006
2008
2010
CRESCIMENTO ANUAL (%)
Total SIE
13.813
7.031
7.391
12.311
9.383
-1,13%
Total SIF
20
3.718
3.485
3.383
4.117
37,38*
13.833
10.749
10.876
15.694
13.500
1,19ns
Bubalinos
Fonte: ADEPARÁ (2012), MAPA (2012). Elaboração: IDESP. * Significativo 10%; **Significativo 5%; ***Significativo 1%; ns: Não significativo.
A taxa de abate do rebanho bubalinos do Estado do Pará de 2002 a 2010 foi de 2,91 %. O baixo rendimento dessa atividade está associado a um sistema de exploração extensivo, com problemas na alimentação dos animais, em especial às pastagens, ao melhoramento genético, à sanidade e manejo do rebanho (Pires, 2001). Tabela 40 - Número de bovinos abatidos de acordo com o sistema de fiscalização estadual (SIE) e federal (SIF) FISCALIZAÇÃO/ ABATIDOS
Nº DE CABEÇAS BOVINO
CRESCIMENTO ANUAL (%)
2000
2002
2004
2006
2008
2010
Total SIE
145.459
166.716
177.275
260.925
295.085
307.761
9,11***
Total SIF
685.719
995.289
1.306.631
1.604.717
1.564.876
1.590.856
9,71***
Bovinos
831.178
1.162.005
1.483.906
1.865.642
1.859.961
1.898.617
9,57***
Fonte: ADEPARÁ (2012), MAPA (2012). Elaboração: IDESP. ***Significativo 1%.
A taxa de abate de bovinos total, pelo SIE e SIF cresceu significativamente acima de 9 %/ ano. Ocorreu o contrário dos búfalos, os frigoríficos fiscalizados pelo SIF abateram 84,6 % do total de bovinos (Tabela 38). É provável que estes fatos tenham ocorridos devido à localização dos frigoríficos. Os fiscalizados pelos SIE estão mais próximos do maior rebanho de bubalinos que está concentrado na Ilha de Marajó, enquanto os frigoríficos fiscalizados pelo SIF estão localizados no Sul do Pará onde está concentrado o maior rebanho de bovinos do Pará.
9.6 PRODUÇÃO DE LEITE DE BÚFALA Em 2006 a produção de leite de búfalas do Brasil foi de 45,9 milhões litros de leite. A região Norte que possui o maior rebanho (Em 2010, 752,8 mil cabeças), também apresentou a maior produção de leite (18,9 milhões litros), destaque para região do Sudeste com um rebanho bem menor (Em 2010, 122,3 mil cabeças) que o da região Norte apresentou a produção quase igual a do Norte (Tabela 41). Entre os Estados, o Pará também por possuir o maior rebanho do Brasil (Em 2010, 457,0 mil cabeças) também apresentou a maior produção de leite (11,2 milhões litros), em segundo lugar ficou para São Paulo, apesar de possuir o rebanho bem menor (71,9 mil cabeças) em relação ao do Pará (Tabela 42). 64
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Esse fato pode ser explicado pela alimentação do rebanho. Na região Sudeste e em São Paulo, os búfalos são criados em pastagens cultivadas de alta produção de massa de forragem de bom valor nutritivo, enquanto na região Norte, principalmente no Pará e Amapá, os bubalinos são criados em pastagens nativas de reduzida massa de forragem e de baixo valor nutritivo. Nas mesorregiões do Pará, a maior produção de leite ficou com a região do Baixo Amazonas (6,0 milhões de litros), seguido do Marajó (4,5 milhões de litros). Apesar do rebanho de Marajó ser bem maior do que a do Baixo Amazonas (Tabela 43). Este fato é explicado também com relação à alimentação do rebanho. No Marajó, a grande maioria dos animais pasteja o ano inteiro pastagens nativas bem drenadas de terra firme e mal drenadas de baixa massa de forragem e de reduzido valor nutritivo. No Baixo Amazonas, os búfalos utilizam principalmente as pastagens nativas de solos aluviais de várzeas, de alta produção de massa de forragem e de bom valor nutritivo. Essas pastagens estão sob solos de boa fertilidade natural e anualmente são fertilizados com as águas barrentas do Rio Amazonas. Tabela 41 - Quantidade produzida de leite de búfalas nas regiões do Brasil, 2006. UNIDADE DA FEDERAÇÃO
MIL LITROS
Brasil
45.955
Norte
18.929
Nordeste Sudeste
3.491 18.032
Sul
1.405
Centro-Oeste
4.098
Fonte: IBGE Censo Agropecuário (2006). Elaboração: IDESP.
Dados provenientes da Sagri (Secretaria de Agricultura do Pará) revelaram que 23.195 vacas no 8° mês de lactação produziram 11.617 mil litros, o que daria uma produção média de 2,08 litro/dia. Por outro lado, em Santa Izabel, Nova Timboteua e Ipixuna existem animais com produções de leite acima de 12 litros de leite em uma ordenha diária com suplementação de baixo custo (Barbosa, 2005). No Nordeste Paraense foram avaliados 1175 registros de produção de leite de 221 lactações. Os animais estavam em manejo de pastagens cultivadas de quicuio-da-amazônia (Brachiaria humidicola), Panicum maximum cv. Mombaça e Brachiaria brizantha. A produção variou de 1,65 a 4,16 litros de leite/dia. As maiores produções foram obtidas no período chuvoso (Brito et al 2010). Pesquisas efetuadas pelo CPATU atual Embrapa Amazônia Oriental demonstraram o grande potencial que tem este animal para a produção de leite. Vacas bubalinas da raça Mediterrâneo e mestiças Murrah-Mediterrâneo mantidas em pastagens cultivadas de capim canarana-eretalisa (Echinochloa pyramidalis) com 70 registros de produção de leite, produziram de 2.328 a 2.673 kg de leite por lactação que daria um produção média de 5,79 a 6,5 kg/dia. Destaque especial para a vaca Limeira 4.645 kg de leite, 7,3% gordura, em 365 dias, na segunda lactação (Nascimento et al 1979). 65
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
Tabela 42 - Quantidade produzida de leite de búfalas nas Unidades da Federação, 2006 BRASIL / UF
MIL LITROS 45.955
Brasil
331
RO AC
101
AM
4.722
RR
X
PA
11.264
AM
2.038
TO
441
MA
1.764
PI
18
CE
240
RN
X
PB
X
PE
261
AL
62
SE
89
BA
1.039
MG
7.406
ES
18
RJ
312
SP
10.296
PR
985
SC
91
RS
329
MS
184
MG
691
GO
3.153
DF
69
Fonte: IBGE Censo Agropecuário (2006). Elaboração: IDESP. *Os dados das Unidades Territoriais com menos de três informantes estão desidentificados com o caracter X.
Tabela 43 - Quantidade de leite de búfala produzido nas Mesorregiões do Pará, 2006 MESORREGIÃO GEOGRÁFICA
MIL LITROS
Pará
11264
Baixo Amazonas
6.093
Marajó
4.527
Metropolitana de Belém
153
Nordeste Paraense
196
Sudoeste Paraense
64
Sudeste Paraense
231
Fonte: IBGE Censo Agropecuário (2006). Elaboração: IDESP
66
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
OBSERVAÇÕES FINAIS
10
O Brasil em 2012 se consolidou como o principal produtor e exportador de proteína animal do mundo. É o maior exportador de carne bovina e de aves, quarto maior exportador de carne suína e quinto maior produtor de leite do mundo, todavia quando comparado com padrões internacionais apresenta baixos índices de produção e produtividade. Nos últimos 20 anos, o Estado do Pará teve um desenvolvimento considerável da pecuária. Em 2010, ficou em 5° lugar no ranking do rebanho dos bovinos com 17,6 milhões de cabeças (8,4% do rebanho nacional). Exportou um total de 616 mil animais, que lhe conferiu o título de maior exportador de boi vivo do Brasil. Figura como um dos estados com maior abate (6° lugar) do Brasil com 2,1 milhões de cabeças. A produção de leite atingiu 563 milhões de litros. A exportação de carne desossada foi de 111 milhões de US$, um expressivo aumento de 95,6%/ ano. Possui o maior rebanho de búfalos com 457 mil cabeças, correspondendo a 60,7% e 38,5%, dos rebanhos do norte e do Brasil. Apesar desse aumento na produtividade, o sistema de produção apresenta baixo nível tecnológico. Os aumentos das taxas de crescimento dos rebanhos devem-se aos seguintes fatos: a criação de gado caminha em direção das regiões norte e nordeste, em virtude da lavoura está tomando lugar das pastagens no Sul e Sudeste do país; o clima favorece a utilização de pastagens praticamente durante o ano inteiro, na região não tem problemas de temperatura para o desenvolvimento das forrageiras, as terras têm o preço mais acessível do que as da região Sul; os bovídeos são criados em pastagens é o chamado “boi verde” que gera produtos mais saudáveis de excelente valor nutritivo para a alimentação humana que poderá conquistar mercados mais exigentes e estão sendo utilizados animais de bom padrão genético, principalmente para a produção de carne. Além desses fatos, Martins et al (2008) acrescentam principalmente na região do Sul do Pará, onde foram feitos maiores investimentos, melhorias no padrão genético dos animais; melhorias nos tratamentos sanitários dos animais: melhor utilização das pastagens, através do pastejo rotacionado; melhoria da estradas e pontes; disponibilidades de financiamentos e a 67
ANÁLISE DA PECUÁRIA BOVINA E BUBALINA DO ESTADO DO PARÁ, DURANTE OS ANOS DE 1990 A 2010
produção de leite pelos pequenos produtores nos assentamentos. Por outro lado, nas áreas das regiões do Sudeste e Sudoeste do Pará, onde está se desenvolvendo a pecuária do Pará com maior produtividade, os bovídeos se alimentam principalmente de pastagens cultivadas onde foram estabelecidas em áreas que anteriormente eram de matas. Portanto, crescem as preocupações com os impactos que esse tipo de exploração que poderia trazer ao meio ambiente. O rebanho da região do Sudeste é de 11,7 milhões de cabeças, e a região do Sudoeste 3,13 milhões de cabeças. Essas regiões juntas participam com 84,1% do rebanho do Pará. As taxas de crescimento dos rebanhos foram: 6,64%/ano para o sudeste e 10,2%/ano para o sudeste, portanto as mais altas do Estado. Destaque para o município de São Félix do Xingu, que além de ser apresentar a maior população bovina do Estado também apresentou a maior taxa média de crescimento (26,55%/ano). Os maiores exportadores de carne e subprodutos dos bovídeos foram os municípios do Sudeste e Sudoeste. Destaque para o município de Marabá que exportou 89,2 milhões de dólares em 2011. A maior produção de leite está localizada na mesorregião do Sudeste Paraense (76,2% do total) com 209 milhões de leite e com maior taxa de crescimento significativa de 8,57%/ano. Nessas regiões, além solos serem de melhor fertilidade, os produtores praticam uma pecuária classificada com intensiva, onde utilizam forrageiras cultivadas que possuem maior massa de forragem e bom valor nutritivo; as pastagens degradadas correspondem apenas a 6% e mais de 43% das pastagens cultivadas está em boas condições para serem utilizadas. Em 57% dos estabelecimentos os produtores utilizam manejo, controle de parasitas; 31% fazem rotação de pastagens; 29% suplementam o gado com sal mineral e em 7% dos estabelecimentos utilizam lavouras para a recuperação de pastagens. O Nordeste do Pará, em 2.010, o rebanho de 1,2 milhões de bovinos, produziu 28,6 milhões de litros de leite correspondendo a 5% da produção total do Estado, mas não houve crescimento significativo nos últimos 20 anos, apesar do crescimento do rebanho em 4,37%/ ano. A produtividade é de 4,5 litros de leite/dia. A região que fica mais próximo dos grandes mercados da Amazônia possui um grande potencial de mercado de produtos leiteiros. Tem a melhor infraestrutura de estradas, transporte e energia quando comparadas com outras regiões do Estado. Todavia, por ficar perto do grande centro consumidor, o custo de produção do leite se torna elevado, visto que o preço da terra é caro e assim como a mão de obra. Há deficiência da alimentação rebanho no manejo das pastagens (super pastejo ou descanso dos pastos e controle de plantas invasoras). O rebanho apresenta baixo padrão sanitário com alta mortalidade de bezerros e de incidência de doenças infectocontagiosas (Veiga et al 2008; Lau 2008) A região do Baixo Amazonas tem um rebanho de 1,18 milhões de bovinos cresceu 4,46%/ ano. Participa com 5,59% do rebanho do Pará. Vacas bovinas produziram em 2010, 42,8 milhões de litros de leite com uma taxa de crescimento de 5,51%/ano.Tem o segundo maior rebanho de búfalos do Estado (31,2%) com 142,5 mil cabeças, mas não houve crescimento deste rebanho. A produção de leite de bubalinos foi de 6,0 milhões de litros. A natalidade média é de 60 %. Os índices de mortalidade dos animais até um ano e de um a dois anos é de 13% a 4%, respectivamente (EMBRATER, 1979). Os bovinos são abatidos aos 34 meses de idade, com peso médio de 353 kg. Os búfalos são vendidos aos 27 meses, pesando 420 kg (Arima & Uhl, 1996). Essa região tem grande potencial para o desenvolvimento da criação de búfalos. Os 68
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animais são criados em pastagens de alta produção de forragem e de bom valor nutritivo, todavia na época das chuvas que coincide com as cheias dos rios as dificultando o pastejo dos animais. A solução para melhorar o desempenho dos animais, é a utilização do sistema integrado das pastagens cultivadas de terra firma na época chuvosa com pastagens nativas de terra inundáveis na época menos chuvosa. Os problemas que limitam o desenvolvimento da pecuária bubalina dessa região são semelhantes aos do Marajó. O rebanho de bovinos da região de Marajó foi estimado em 296,8 mil cabeças com uma taxa de crescimento de negativa de 4,09%/ano. A taxa de lotação das pastagens é de 0,26 UA/ha, a baixa do Estado, isto se deve ao fato de que as pastagens são constituídas de gramíneas nativas de baixa produção e reduzido valor nutritivo. A produção de leite bovinos em 2010 foi de 11,6 milhos de litros e vem diminuindo a uma taxa de 5,7%/ano. A região do Marajó é onde está concentrada a maior população de búfalos (281 mil cabeças) do Pará e do Brasil. Todavia, o rebanho vem decrescendo de 1990 a 2010 a uma taxa de 3,9%/ano. Foram produzidos em 2008, 4,5 milhões de litros de leite de bubalinos, a segunda maior do Estado. A razão principal da decadência da pecuária é o atraso tecnológico das atividades da pecuária. No Marajó predomina a criação de bovinos mestiços da raça Nelore e bubalinos principalmente da raça Mediterrâneo. A natalidade dos bovinos varia de 55 a 65% e para bubalinos de 75 a 85% (Azevedo et al 2000). Os índices de mortalidade de um ano e de um a dois anos são de 12% e 8%, respectivamente. Existem fatores limitantes o sucesso da criação de búfalos no Marajó, como a grande maioria das propriedades não são cercadas; apresenta baixo padrão sanitário com alta mortalidade de bezerros e de incidência de doenças infectocontagiosa; as propriedades são distantes de centros consumidores mais próximos (Belém e Soure); não existe transporte adequado para o leite e a grande maioria das propriedades não possuem energia elétrica (Barbosa, 2005). A pecuária do Pará como todos os Estados da região norte tem problemas estruturais como deficiência em energia elétrica, estradas e também e a falta de higiene na produção de leite dificultam a comercialização. A maioria dos pequenos produtores efetua a ordenha manualmente e não há higienização das tetas das vacas e do recipiente onde o leite é armazenado. O grande desenvolvimento da pecuária do Pará se deve em grande parte pelas tecnologias geradas pelos órgãos do Governo, principalmente da EMBRAPA. As pastagens cultivadas da Amazônia utilizam gramíneas lançadas pela pesquisa como Brachiaria humidicola (Capim quicuio–da-amazônia), Brachiaria dictyoneura, Brachiaria brizantha (Capim braquiarão ou brizantão), Panicum maximum (cultivares Tobiatã, Mombaça, Tanzânia), Cynodon nlenfuensis (Capim estrela africana), e outras tecnologias como pastejo rotativo, nutrição e adubação de forrageiras, sistemas integrados de culturas com forrageiras, criação de búfalos, criação de gado de corte e de leite, melhoramento genético, recuperação de pastagens degradadas e muitas outras. Todas essas tecnologias empregadas na produção animal estão reunidas principalmente nas seguintes publicações: Criação de búfalos (Nascimento & Carvalho 1993), Pastagens nativas da Amazônia (Camarão & Souza Filho, 1999), Pastagens cultivadas na Amazônia (Costa el al. 2000),Criação de bovinos de Corte no Estado do Pará (Teixeira Neto & Costa, 2006), Criação de gado leiteiro na Zona Bragantina (Veiga, 2006), Produção Animal nas várzeas do Rio Amazonas (Marques et al. 2003) e Produção Animal na Ilha de Marajó (Marques, 2011). 69
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CONSIDERAÇÕES GERAIS
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A pecuária sempre desempenhou papel relevante na ocupação e fixação do homem na Região Amazônica, sendo, no Estado do Pará, especialmente importante como fonte geradora de emprego e renda para as populações do interior. Face às extensas áreas de pastagens nativas de savanas mal-drenadas e bem drenadas e aquelas de solos aluviais, de melhor qualidade como fonte de alimento, disponíveis e capazes de ser utilizada de formas imediatas, sem a necessidade de grandes investimentos, a pecuária, inicialmente, ocupou essas áreas. Ao longo do processo de ocupação da Amazônia, a atividade foi gradativamente sendo deslocado para as áreas antropizadas de terra firme, o que exigiu geração de tecnologias apropriadas para a melhoria da qualidade da alimentação da produtividade dos rebanhos. Basicamente, podese dizer que apenas a bubalinocultura permaneceu nas áreas de savanas mal-drenadas e de solos aluviais, devido a facilidades apresentada pelos búfalos em conviver com as condições impostas pelos regimes das águas predominantes na Ilha de Marajó. Em função desse aspecto, o estado do Pará que até meados dos anos 60 era mero importados de carne e leite passou, gradativamente, a atender suas necessidades de consumo e, no final dos anos 80 consolidou posição de grande produtor nacional, sendo hoje, portador de um dos mais promissores rebanhos de bovino e bubalino e responsável por exportações de grande vulto para outros estados brasileiros e para alguns países. Em que pese questões de ordem social e ambiental, especialmente aquelas relacionados à transformação das áreas de florestas em pastagens, a pecuária na Amazônia, em geral, e no estado do Pará, em particular, vem desempenhando papel de agente transformador, consolidando-se como viés gerador de desenvolvimento e bem-estar para parcela considerável de sua população, que em fim tem, ao seu dispor, carne e leite a preços compatíveis com a renda de sua população, o que possibilita consumo compatível com países de renda “per capta” superior aos de seus habitantes.
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