Jornal Porto 24

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12 de junho de 2015 // sexta-feira // semanário

€1 (iva incluído) // diretora ana isabel pereira // ano i // n.º 4

Porto Ordens de despejo geram onda de revolta nos bairros

FOTO: CarLos roMÃo

Os moradores visados foram notificados para deixarem as suas casas, em nove bairros de Lordelo do Ouro, no Porto, por alegadamente traficarem PágS. 4 e 5 droga, mas nos agregados familiares há crianças e idosos.

Porto Eles não se arrependem de escolher o Centro Histórico

Porto lojistas do Brasília falam em valores “obscenos”

Reportagem Turistas sentem-se “enganados” na Ribeira

págs. 6 e 7

pág. 10

págs. 14 e 15

Conheça os novos moradores do casco antigo da cidade, zona onde o metro quadrado de área bruta de construção valorizou 43% desde 2009.

Os proprietários das lojas do shopping consideram “ofensivos” os valores apresentados pelos advogados do investidor mistério. Falam em “roubo”.

O Porto sabe receber mas aproveita-se da notoriedade. Quem nos visita repara que no postal ilustrado da cidade, a Ribeira, os preços são ‘para turista’.

Porto

Moreira não se mete nas legislativas e Pizarro fica em maus lençóis pág. 3

Terá sido o próprio Manuel Pizarro a criar a expetativa de que o autarca do Porto apoiaria o socialista António Costa. Agora, as relações com o independente Rui Moreira e mesmo com o candidato a primeiro-ministro podem estar comprometidas.

Jardins e parques são (quase) secretos. Fuja da rotina e dê um passeio diferente ao fim de semana ou descanse depois do trabalho à sombra fresca de uma árvore. PágS. 22 e 23

FOTO: MiGueL oLiVeira

Praça Estender a toalha na relva e relaxar


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em revista

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a Semana em notícia

Funicular sobe

Bate-bocas, lealdade e qualidade SÁBADO O Primavera Sound

terminou no sábado, dia 6, depois de mais uma edição de estrondoso sucesso. O público ficou satisfeito com a música e os bombeiros e a equipa de assistência médica presentes também, dada a falta de trabalho. Concertos de Ride, Antony & The Johnsons e Patti Smith entusiasmaram quase 80 mil pessoas durante os três dias do certame.A marca Primavera Sound, referiu José Barreiro em entrevista ao nosso jornal, está “muito bem implantada na cidade”, e a prova disso é que esta acorreu em massa ao Parque daCidade durante os dias 4, 5 e 6 de junho. A morte de Eduardo Freitas, que até 2014 tinha sido diretor artístico do Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI), é uma má notícia para a arte portuense e nacional. O encenador, natural do Porto, dedicou a vida ao teatro e à cidade.

a foto da semana

A última obra que nos deixou foi uma adaptação de “A Noite”, de José Saramago, apresentada nos Plebeus Avintenses em fevereiro de 2014. Continuou a fazer parte do FITEI até à data da sua morte, com 70 anos, no passado sábado.

SEGUNDA-FEIRA

O guarda redes brasileiro Helton, no Futebol Clube do Porto desde 2005/2006, renovou por mais duas temporadas com o clube portista, uma demonstração de lealdade de parte a parte que atesta, acima de tudo, o peso do internacional brasileiro no balneário dos dragões, que em 2015/2016 procuram atacar o título nacional que há duas épocas consecutivas lhes foge para o Benfica. O guardião tem 322 jogos pelo Porto, e no espaço de dez anos conquistou 19 títulos com os portistas, um deles a Liga Europa, em 2010/2011.

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, criticou na terça-feira o “centralismo abjeto” que impede o Porto e outros municípios de apresentarem execuções orçamentais mais altas. É mais uma alfinetada na administração central da parte de Rui Moreira, que afirma não ter confiança nos governantes de Lisboa, que “geriram mal o país e desconfiam dos municípios”. A razão da indignação do autarca é o visto prévio do Tribunal de Contas aos orçamentos municipais, visto prévio que tem também de ser aplicado aos concursos públicos para obras, razão pela qual, segundo Rui Moreira, “não é possível ter taxas elevadas de concretização”.

QUINTA-FEIRA A respos-

ta do Tribunal de Contas (TC) às críticas de Rui Moreira, na segunda-feira, não se fez esperar. O TC garantiu que os prazos são sempre “escrupulosamente cumpridos”. O diretor-geral do TC, José Tavares, garantiu que o tribunal “não tem nem poderia ter qualquer tensão ou problema com o presidente da Câmara Municipal do Porto ou com quaisquer outros responsáveis públicos relativamente a opiniões que tenham sobre a atividade de fiscalização prévia do TC”. José Tavares referiu ainda que a fiscalização prévia é “uma opção político -legislativa”.

+infO www.porto24.pt

Festa do Vinho do Porto e do Douro Melchior Moreira

o líder do turismo do Porto e norte de Portugal lançou a ideia de criar um grande evento que promova e celebre o rio douro nas suas variadas vertentes. PÁGs. 14 e 15

Funicular desce Despejos em Lordelo do Ouro Manuel Pizarro

o pelouro da habitação, do vereador Manuel Pizarro, ordenou que famílias que integrem suspeitos de tráfico de droga sejam despejadas dos bairros sociais de Lordelo. PÁG. 5

Legislativas

MiGueL oLiVeira

É de pequeninO que se tOrce O pepinO uM “gritO” a escutar O espetáculo “Grito” levou, na última quarta-feira, dia 10 – Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas –, 350 crianças dos agrupamentos básicos e do conservatório do Porto ao palco da Praça D. João i. Dezassete turmas do ensino básico da cidade gritaram palavras e valores como “crer”, “viver”, “voar”, “existir” ou “sentir” num espetáculo baseado no ciclo hidrográfico. O projeto artístico coletivo surge de mais de 200 sessões de formação desde o início do ano letivo. Veja a galeria completa do evento no nosso site.

ficha técnica diretora: Ana isabel Pereira | redação: Pedro Emanuel Santos, Simão Freitas | fotografia: Carlos Romão, Hugo Magalhães, Miguel Oliveira | secretariado: Diana Canas colaboradores: Alice Barcellos, Ana Luísa Oliveira, Filipa Silva, Maria Valente, Vanessa Ferreirinha | design e produção: Pedro Cunha propriedade: Porto24 - Comunicação e Multimédia, Lda contribuinte: 509728259 | tiragem: 6000 exemplares | número de depósito legal: 393190/15 | registada na E.R.C. com o nº. 126107 | Morada: Pólo de indústrias Criativas - UPTEC, Praça Coronel Pacheco, 2, 4050-453 Porto | contactos: Tel.: 220 123 745 geral@porto24.pt | impressão: Naveprinter, indústria Gráfica do Norte, S.A. Lugar da Pinta, km 7,5. EN 14 - Maia. Telef. 229 411 085. Fax. 229 411 084

Rui Moreira

o presidente da Câmara do Porto garantiu que não apoiará ninguém nas legislativas. o vereador socialista Manuel Pizarro terá garantido a antónio Costa que rui Moreira estaria com o Ps. e agora encontrar-se -á debaixo de fogo. PÁG. 3

Shopping Center Brasília

Investidores vs comerciantes

os lojistas do Br7asília não aceitam as “baixas propostas” feitas pelo investidor mistério que quer tomar posse do centro comercial mais antigo da Península ibérica e prometem não desarmar. PÁG. 7


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Atualidade porto | rui moreira fez saber esta semana que não apoiará ninguém às legislativas

Independência de Moreira pode sair cara a Pizarro O socialista terá feito chegar a António Costa de que o parceiro de coligação na Invicta o apoiaria

Manuel Pizarro recusa que o caso tenha beliscado a sua relação com Moreira e fala em “lealdade mútua” políticas relativamente combates que não são os nossos”, disse Rui Moreira na terça-feira. “Cada um de nós tem direito a ter as suas convicções”, acrescentou o autarca, explicando, porém, que isso não o vinculava. “Estou aqui pelo Porto. Nunca quis aceitar quaisquer outros desafios, manter-me-ei afastado destas questões. Um movimento independente é isso mesmo”, comentou. “Haverá pessoas que me apoiaram e que espero que, se me voltar a candidatar, votem em mim e que farão as suas escolhas e votarão nas pessoas que entenderem”, frisou.

ana isabel pereira (Texto) Miguel Oliveira/arquivo (Foto)

N

os últimos meses, havia sido criada uma expetativa de que o independente Rui Moreira, com quem o PS se coligou após as autárquicas de 2013 na Câmara do Porto, apoiaria o socialista António Costa nas eleições legislativas de setembro ou outubro. Mas afinal Moreira não apoiará qualquer candidato ou candidatura – disse-o publicamente esta semana – e a relação entre este e Manuel Pizarro pode estar irremediavelmente tocada. Tudo porque, segundo contaram ao P24 fontes conhecedoras do processo, o socialista terá feito chegar a Costa a certeza de que o parceiro de coligação na Invicta o apoiaria ou, pelo menos, de que tudo faria para que isso acontecesse. Ora, quando o independente lhe ‘puxou o tapete’, o socialista “caiu em desgraça”. Rui Moreira largou a ‘bomba’ na última terça-feira à margem de uma cerimónia na empresa municipal Águas do Porto.“O presidente da Câmara do Porto não apoiará nenhum candidato nem nenhuma candidatura. Com certeza que as legislativas vão absorver os portugueses e, com certeza haverá algumas pessoas que estiveram na minha candidatura que apoiarão partidos diferentes. Eu, no dia dos votos votarei, mas manterei o meu silêncio. A nossa candidatura disse que se candidatava pelo Porto. Portanto, estamos cá pelo Porto. Eu estou cá pelo Porto”, declarou aos jornalistas. Na ocasião, também Rui Moreira recusou que a tua posição beliscas-

Moreira venceu em 2013 as autárquicas, mas sem maioria absoluta e coligou-se com o PS para governar o município

se a coligação pós-eleitoral com o PS. “A nossa coligação no Porto está bem e de boa saúde”, disse o autarca. Mas fonte ouvida pelo P24 dá conta de uma tensão entre os dois que não existiria há seis meses. “Não há coligação na Câmara do Porto. Há simplesmente o apoio do PS à lista vencedora”, dizem. Outra fonte arrisca dizer que a relação que sairá prejudicada é outra: a de Costa e Rui Moreira. O ex-presidente da Câmara de Lisboa e candidato socialista a primeiro-ministro esteve na tomada de posse do portuense, em outubro de 2013, e elogiou na altura a coligação com o PS na segunda câmara do país. Pizarro desmente críticos Ouvido pelo P24, Manuel Pizarro rejei-

tou que a situação fosse a que havia sido descrita ao nosso jornal. “De maneira nenhuma”, comentou. “Por mim não foi [criada essa expetativa]. Ficaria muito contente se isso acontecesse [se Moreira apoiasse Costa]. Agora, também ficaria muito surpreendido se o Dr. Rui Moreira o fizesse. Tal coisa nunca me passou pela ideia”. “Compreendo em absoluto que ele se mantenha na posição de independente”, disse ao P24 o vereador com o pelouro da Habitação e Ação Social, acrescentando ter inclusive já falado com Rui Moreira, com quem a relação continuará a ser boa. “Falamos sobre todos os assuntos que dizem respeito à vida política portuense. Há uma grande leal-

dade mútua”, respondeu, quando questionado pelo P24 se já havia falado com o parceiro de coligação. Pizarro disse ainda haver “uma linha política no PS Porto, em concreto ao nível da distrital, ferozmente adversária do acordo” feito na Câmara do Porto, referindo-se à estrutura liderada por José Luís Carneiro – com quem o P24 não conseguiu falar até à hora de fecho desta edição –, e que estaria a “minar” a coligação. Moreira tinha avisado“Eu sempre disse: sou independente. Nunca me verão ser candidato por nenhuma força política, seja para que cargo for. Compreenderão, nesta circunstância que também não me pedirão para apoiar forças

Pizarro “caiu em desgraça” quando Rui Moreira largou a ‘bomba’, dizem fontes ligadas ao processo O independente falava no mesmo dia em que o jornal Público noticiava que Nuno Botelho, presidente da Associação Comercial do Porto e ex-diretor da sua campanha, ia “integrar a comissão política da coligação PSD/CDS” para “condicionar um eventual apoio do presidente da Câmara do Porto ao secretário-geral do PS”. Rui Moreira garantiu que não alteraria a sua posição até setembro, outubro e acrescentou que também não daria o seu apoio a qualquer candidato presidencial. Moreira venceu em setembro de 2013 as eleições autárquicas para a Câmara do Porto, mas sem maioria absoluta, o que o levou a assinar com o PS um acordo para garantir a governabilidade da cidade.


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porto | Câmara inicia processo de despejo em nove bairros sociais de Lordelo do Ouro e motiva onda de revolta

Bairros sociais de Lordelo estão debaixo de fogo por parte da Câmara Municipal do Porto, moradores estão indignados

“Se alguém é suspeito de tráfico que culpa tem a família?” Moradores visados foram notificados para deixarem as suas casas por alegadamente traficarem droga ana isabel pereira pedro emanuel santos carlos romão (Fotos)

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mília Esteves nem queria acreditar quando abriu, há um par de semanas, uma carta endereçada pela Câmara Municipal do Porto que lhe caiu na caixa do correio. A missiva dizia que Emília tinha 60 dias para abandonar a casa que partilha com os quatro filhos, no bairro da Pasteleira Nova, porque o sobrinho é suspeito de traficar droga e o regulamento municipal dita que os inquilinos sociais não podem dedicar-se

a esta nem a nenhuma atividades ilícita. “O meu sobrinho já nem comigo mora. Como é possível porem-me na rua por causa de uma injustiça destas? Estou desempregada, vivo do Rendimento Social de Inserção e não tenho para onde ir”, queixase ao P24, com o coração nas mãos, Emília Esteves, 40 anos. Emília foi um dos 41 moradores dos bairros sociais de Lordelo do Ouro que receberam as polémicas notificações. A ordem partiu do vereador socialista Manuel Pizarro, titular do pelouro da Habitação e Ação Social, e gerou uma onda de protestos na

Autarquia defende-se dizendo que dificilmente as famílias desconheceriam atividades ilícitas em causa

Pasteleira, Pasteleira Nova, Aleixo, Pinheiro Torres, Mouteira, Bessa Leite, Condominhas, Rainha D. Leonor e Lordelo. Alzira Costa tem um sobrinho acamado devido a um grave acidente de trabalho nas obras de um hipermercado em Braga. “Não anda e mal consegue falar”, descreve. Ainda assim foi por causa dele, hoje com 23 anos e outrora condenado a pena suspensa de quatro anos e meio por tráfico de droga, que a autarquia ordenou o despejo. Dele e da mãe, inquilinos no bloco 2 do bairro da Pasteleira. “O miúdo está num centro de reabilitação.

Já pagou pelo que fez, até a dobrar. Não faz sentido nenhum isto que lhe fizeram”, expressa Alzira, que garante ir “até ao fim do mundo” para impedir que a medida vá para a frente. Fátima, 31 anos, também passou a viver em sobressalto por causa de uma carta idêntica. Mora no bairro Pinheiro Torres, onde o tráfico de estupefacientes é problema que aflige muitos e dá má reputação à zona, mas garante não ter nada a ver com isso. Diz que já teve, mas que agora é outra pessoa, de outra vida. “Admito que já trafiquei quando vivia no Aleixo. Mas desde que

vim para o Pinheiro Torres que não me meto nisso. Estou limpa, já acabou”, jura ao P24. A preocupação maior de Fátima são os dois filhos, de 7 e 11 anos. “Ando muito nervosa. Não sei para onde me virar, até porque não tenho mais ninguém”, lamenta-se. Em todos os bairros da freguesia de Lordelo do Ouro há famílias que partilham a mesma angústia. Dizem que não compreendem por que receberam ordem tão severa, mostram-se revoltadas e garantem que estão dispostas a tudo para preservarem as suas casas porque não têm mais nada.


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Oposição vai pedir explicações a Pizarro

Vereador da Habitação diz ter “provas inequívocas”

PSD e CDU querem garantias de que a Câmara olhará ao “enquadramento social” No PS há muita gente incomodada PSD e CDU vão pedir explicações ao vereador da Habitação e Ação Social da Câmara do Porto sobre as 41 notificações de despejo que chegaram a inquilinos de nove bairros municipais de Lordelo do Ouro. Para além de querer saber mais sobre um processo que para já é administrativo – ou seja, uma intenção – querem garantias de Manuel Pizarro de que ninguém ficará na rua sem se esgotarem todas as hipóteses de defesa por parte dos municípes. “Vamos questionar a Câmara do Porto na reunião da vereação. É o local próprio”, avançou ao P24 o vereador Amorim Pereira, líder da bancada do PSD na autarquia, que, “em geral”, diz não poder opor-se a “despejos de arrendatários em casos limite”, mas recorda estarem em causa “pessoas fragilizadas”. “A Câmara não pode comportar-se como um arrendatário normal, que não tem preocupações sociais”, entende o social-democrata que fará chegar ao executivo uma exigência: “que não haja despejos sem que haja prova evidente” do uso das habitações para atividades ilícitas. Amorim Pereira diz que a posição do PSD é “mais responsável” do que aquela que o vereador socialista Manuel Pizarro está a assumir. “O PS, no passado, tinha uma posição fundamentalista contra os despejos, sem querer saber o porquê dos mesmos. O PSD tem uma posição mais responsável”. E os sociaisdemocratas serão, diz o líder da bancada laranja, a favor do despejo nos casos em que se prove de forma inequívoca a violação dos deveres do inquilino e depois de esgotadas “todas as garantias [de defesa] a que os arrendatários têm direito”. Para o PSD, o Regulamento de Gestão do Parque Habitacional “é adequado, o que poderá não ser adequado é a sua aplicação”. “A Câmara está obrigada a acautelar a equidade e justiça social porque não é um senhorio normal”, sublinha Amorim Pereira. “Tem de ser tudo explicado, e mui-

FOTO: carlos ROMÃO/ARQUIVO

O vereador Manuel Pizarro confessou ao P24 ter dificuldade em perceber como é que as 41 famílias em causa não sabiam das atividades ilícitas. “As pessoas faziam fila à porta para comprar droga e havia balanças em casa. Mas admito que haja gente distraída”, ironizou o autarca, que deu outros exemplos. “Houve uma casa em que a polícia encontrou 11 mil euros. Noutra, havia 4 mil e tal euros e o inquilino tinha outra morada, onde foram encontrados mais 4 mil. Se calhar alguém que tem 11 mil euros em casa não precisa de uma casa da câmara”, respondeu. Para já, as famílias afetadas entregaram o destino nas mãos de uma equipa de advogados da União das Freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos, que tentará travar os processos de despejo. “Está em cima da mesa a possibilidade de interpor uma providência cautelar”, referiu ao P24 fonte que acompanha de perto este caso. Manuel Pizarro diz estar à procura de soluções para os menores e para os idosos dos agregados familiares em causa e antecipa que no caso das crianças a solução “pode passar pela intervenção dos poderes tutelares que o país tem na matéria” em causa. Enquanto tal não tem resultados práticos, em Lordelo respira-se um cenário que mistura receio e incompreensão. “Ninguém está a respeitar as famílias. Se alguém é suspeito de tráfico de droga que culpa têm os filhos, os pais ou os avós? Porque é que a câmara os expulsa também a eles das casas?”, interroga-se Raul Simões Pinto, morador há mais de meio século na Pasteleira e autor do livro “Pasteleira City”, no qual pretendeu “deixar para a posteridade” testemunhos com pedaços de história daquela zona do Porto. Raul, que diz conhecer Lordelo do Ouro melhor do que a palma das mãos, tem encontrado faces fechadas quando circula pelas ruas e se cruza com os vizinhos. E muitos relatos de incerteza. “São mais de 150 pessoas que podem ter que sair destes bairros sem terem onde ficar depois. Há quem diga que não foi tratado de forma humana. ”, conta ao P24. Todos os 41 notificados contestaram o despejo, disse ao P24 o vereador Manuel Pizarro, que acrescentou estar a avaliar “com muito rigor” os argumentos dos visados.

PSD e CDU querem que o vereador explique “bem explicado” todo o processo

to bem explicado, caso a caso”, diz o social-democrata, sob pena de quaisquer decisões que venham a ser tomadas “arrastarem para a miséria famílias inteiras”. O PSD quer que a autarquia faça “um esforço para investigar melhor” cada situação. Nisto, PSD e CDU estão de acordo, mas o vereador comunista Pedro Carvalho, ouvido pelo P24, começa por lembrar que a CDU pediu, sem sucesso, para que fossem “suprimidos” do regulamento os artigos que dizem que se houver “um comportamento ilícito ou desviante” as pessoas não devem ter direito a habitação social e/ou estão sujeitas a despejo – nos casos em que já são inquilinos da Câmara. “Sempre achámos que este era um ponto muito arbitrário e apresentámos propostas no sentido de suprimir esses artigos”, recorda. Mas, para além de “um problema de forma”, há “a questão social subjacente” às situações que levaram o pelouro da Habitação a notificar os municípes da intenção de despejo, diz Pedro Carvalho. “É óbvio que a polícia tem de combater o tráfico de droga e o crime organizado, mas o combate não se faz só pela repressão policial”, defende o comunista. “Não é por terem sido condenadas que as pessoas deixam de estar numa situação de fragilidade social e

de ter carência económica. E a habitação social não é uma componente da reinserção social? Temos aqui uma dupla penalização”, sublinha o vereador da CDU, que desafiou o provedor do Inquilino Municipal a pronunciar-se sobre o caso – o P24 contactou José Lopes Baptista, que não se mostrou disponível para prestar declarações. Também a CDU vai pedir “explicações [a Pizarro] sobre a forma como todo este processo foi conduzido”. “O que pretendemos, obviamente, é que nenhum agregado familiar seja despejado por uma situação de suspeita isolada ou até por situações que não sejam de tráfico mas sim de consumo de droga, por exemplo”. Antes de ir à reunião do executivo da próxima terça-feira, o assunto, sabe o P24, será levantado também na próxima Assembleia Municipal. No PS, a medida também não é pacífica. O P24 sabe que estes processos são mal vistos por várias figuras socialistas, ligadas à Câmara do Porto e não só, que, para além de terem sido surpreendidas pelas primeiras declarações de Manuel Pizarro à imprensa, não concordam com a medida em curso. Já vários socialistas pediram uma reunião a Manuel Pizarro, que, ouvido pelo P24 já perto da hora de fecho deste jornal, garantiu que o tema seria debatido internamente.

O vereador da Habitação e Ação Social, Manuel Pizarro, disse ao P24 que “todos os casos” em causa estavam “associados, com provas inequívocas a um crime gravíssimo que é o tráfico de droga” e garantiu estar a olhar para o problema “na sua globalidade”. Na maioria dos casos, as pessoas visadas, concretizou, “já foram condenadas e em alguns casos já foram apanhadas de novo a traficar”. Mas Pizarro admite não ter havido condenação na justiça nas 41 situações. “Numa casa onde a polícia apreende 700 gramas de droga, eu preciso de mais provas? Se assim fosse, eu nunca mais podia despejar ninguém”, disse ao P24 Manuel Pizarro, frisando que “a posição política da Câmara do Porto” e a sua é a de que devem ser usados “todos os

Pizarro: ”Numa casa onde a polícia apreendeu 700 gramas de droga, eu preciso de mais provas?” meios ao alcance da autarquia para combater o tráfico de droga”. Para Manuel Pizarro, há duas situações contra as quais a Câmara deve lutar “a todo o custo”: “pessoas que vendem droga a crianças e aos filhos dos vizinhos” e “a utilização da casa camarária para o tráfico de droga”. “E estamos a falar de traficantes e não de consumidores”, sublinhou, antes de observar: “Surpreende-me o nível de tolerância social. Estamos a falar de tráfico de droga, não é de venda de rebuçados”. Segundo o vereador, “há uma rede de tráfico montada nos bairros, que corrompe crianças e jovens” e “aterroriza os moradores”. O autarca garantiu ainda ao P24 estarem em curso “medidas de natureza humanitária” e de “apoio médico e social aos toxicodependentes, que são doentes e não criminosos”, nos bairros em causa.


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FOTO: DR

porto | Novos moradores satisfeitos com decisão de se mudarem para o território

O Morro da Sé é um dos locais abrangidos pela distinção da UNESCO de Património Mundial da Humanidade, atribuído ao Centro Histórico do Porto em 1996

O Centro Histórico está vivo e recomenda-se Registo de alvarás de reabilitação na zona histórica da cidade aumenta de ano para ano simão freitas (Textos) miguel oliveira/arquivo (Foto)

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Centro Histórico do Porto continua a revitalização, processo iniciado há vários anos e que desde 2012 tem tido um aumento acumulado de 43% (ver peça ao lado). Os novos moradores do território estão satisfeitos com a decisão e perfilam os prós e contras de viver num ter-

ritório que é Património Mundial da Humanidade para a UNESCO, desde 1996. José Oliveira Martins é um dos casos mais recentes. Mudou-se definitivamente para o Centro Histórico do Porto no mês passado, embora já tivesse a casa onde vive, por detrás da Sé, desde 2009, onde passava algum tempo durante o ano. Mas já lá vamos. José é natural de Gaia, e até aos “20 e poucos anos” viveu e estudou

Patrícia, José e Tiago não se arrependem da aposta em reabilitar casas no território

de um e outro lado do rio, na Escola de Música do Porto. Nessa altura, “à procura de novas oportunidades e desafios”, deu o salto para os Estados Unidos da América. Lá tirou o mestrado e o doutoramento (este último na Universidade de Chicago, em 2006), foi professor universitário e investigador. Apesar do sucesso no país do Tio Sam, José queria voltar. “Tinha ambições profissionais aqui”, confessa

ao P24.A ligação “familiar e afetiva à cidade” era grande e em 2009 comprou uma das casas do Centro Histórico, mesmo “antes de procurar emprego”. “Queria uma casa no centro para a reabilitar e a que acabei por escolher tem uma história curiosa, porque quando ia e vinha das aulas na Escola de Música do Porto passava todos os dias por aquela casa. Mais de 20 e tal anos, acabei por comprá-la”, conta o investigador.

Outro fator importante na decisão do premiado professor universitário – venceu o Arthur J. Komar Award, atribuído pela Universidade do Michigan Oeste e o Patricia Carpenter Emerging Scholar Award, pela Sociedade de Teoria Musical do estado de Nova Iorque – foi a “vista incrível” que se tem da casa onde agora vive a tempo inteiro, que fica “virada para o rio” e inclui também um terreno nas traseiras.


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grandes metrópoles” dos Estados Unidos da América, como Chicago ou Nova Iorque. José destaca ainda “as valências a nível cultural da cidade”, embora também encontre desvantagens na zona classificada como Património Cultural da Humanidade pela UNESCO desde 1996. “Aqui na zona da Sé há muita insegurança e problemas com toxicodependência, não adianta escondê-lo”, conta, referindo-se ainda à movida noturna da parte antiga da urbe. “É certo que dá muita vida à cidade, mas pode ficar descontrolada”, comentou, referindo-se ao estacionamento e à afluência de pessoas. “Território com densidade histórica” Patrícia Romeiro vive no centro histórico, em Miragaia, há quase cinco anos, mas antes não era estranha ao Porto. Já tinha vivido junto ao Passeio das Virtudes, mas também na rua da Alegria e na rua Sá da Bandeira. Embora preferisse a zona da Vitória, “acabou por surgir a oportunidade de comprar casa em Miragaia”. Patrícia não encontrou

“Centro pequeno” Moradores recentes só têm elogios para os transportes públicos e a proximidade de tudo Qualidades e defeitos A situação profissional “fantástica” permitiulhe comprar, em 2009, o imóvel. Daí para a frente, enfrentou “um processo burocrático muito longo”, até conseguir fazer obras na casa, anteriormente propriedade da Ordem dos Arquitetos e que José nem viu por dentro. “Estava toda entaipada”, revela. As obras duraram oito meses e desde há três anos que vem a Portugal quando pode, passando algum tempo na casa. Agora, em maio, aceitou uma posição de investigador na Universidade Católica do Porto – também colaborou com a investigação da Universidade de Princeton, por exemplo – e mudou-se definitivamente para o centro histórico do Porto, local onde vê “muitas vantagens”. Desde logo, a mobilidade “fantástica” da cidade, com uma rede de transportes públicos muito boa. Também aponta “a vantagem de ter um centro pequeno” em comparação com “as

tanta burocracia como José, já que “entre a pré-compra e a formalização da escritura decorreram três a cinco meses”, explica ao P24. “A parte mais dura é mesmo pagar taxas”, desabafa. E, como José, Patrícia também vê muitas vantagens em morar no centro histórico, desde logo poder “viver num território com densidade histórica, de atividades e de relações humanas”. Outros fatores prendem-se com a mobilidade, por poder andar a pé ou de bicicleta e ter “tudo à mão”. Mas esta investigadora no Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT) também vê alguns defeitos. “As desvantagens de morar no centro histórico do Porto relacionam-se com a concentração e saturação num território pequeno de um grande número de eventos e pessoas, com consequências nos níveis de ruído e de trânsito”, explica, antes de afirmar que “a Câmara Municipal não

tem sido eficaz na gestão integrada desta parte da cidade”. Patrícia conta como em Miragaia “o espaço público é constantemente invadido por carros estacionados”, além do crescente número de eventos e do volume de som emitido, “verdadeiros atentados à qualidade de vida de quem vive perto”. Revitalização Se para José Oliveira Martins a revitalização e valorização do centro histórico do Porto vem já “dos tempos do Porto2001 Capital Europeia da Cultura]”, altura em que “se percebeu que muito da cidade passava por esta zona”, Tiago Azevedo Fernandes, que mora junto ao Morro da Sé, considera fundamental “a vontade das pessoas” em investirem numa zona “muito bonita e próxima de tudo”. Tiago vive com a mulher e dois filhos gémeos de dois anos há cinco anos numa casa nas escadas do Barredo, a caminho da Ribeira. “Morar aqui é ter uma vista espantosa para o rio, e além disso é muito sossegado”, conta ao P24. Não é fácil estacionar, mas estar “perto de tudo” compensa. “É complicado quando os meus pais vêm cá, porque é difícil aceder à casa, por ser apenas pelas escadas”, revela, embora refira que “morar no centro histórico não apresenta mais problemas do que em qualquer outro sítio na cidade”. A vida cultural “muito ativa da cidade” é um fator positivo, e Tiago, “por viver num sítio isolado”, admite que ela pode ser um problema mas “em ruas de maior movimento”. Está “muito contente com a decisão” que tomou, ainda mais por ser o sexto local diferente na cidade para onde se mudou. “De todos, é o melhor sítio”, diz. Patrícia Romeiro concorda que a reabilitação da zona “não é uma moda nova”, até porque “há muito que algumas organizações e pessoas têm vindo a trabalhar pela revitalização deste território”. “O que aconteceu mais recentemente foi uma estratégia política de incentivos, muito apetecíveis para algumas construtoras”, explica, considerando que o Porto tem nos dias que correm “uma imagem cool”, que atrai “empresas sem conhecimento e sensibilidade para a reabilitação”. E remata: “Menos ativa e consequente tem sido a política de revitalização imaterial da zona, o que é uma pena”.

Zona histórica valorizou 43% desde 2009 2015 Primeiro semestre do ano com 34 novos alvarás Preços Em 2014, subida de 12,2% A tendência de valorização do centro histórico do Porto, Património Cultural da Humanidade desde 1996, foi recentemente confirmada pelo novo Índice de Preços da Baixa do Porto, que surge dos trabalhos do Observatório da Reabilitação da Baixa do Porto, em conjunto com a Porto Vivo. Segundo os dados recolhidos, o período de 2009 a 2011 registou quedas nos preços de 7,8%. Contudo, os anos seguintes foram de subida, com 2012 a valorizar uma décima abaixo dos 20%, no ano seguinte 16% e em 2014 12,2%. Os números mostram, assim, uma valorização acumulada de 43%. O índice é calculado tendo em conta a evolução do preço por metro quadrado de área bruta de construção, assentando em procedimentos de ajustamento de qualidade. O presidente da Porto Vivo SRU, Álvaro Santos, refere em comunicado que “os dados agora divulgados comprovam que o trabalho desenvolvido gerou uma dinâmica sustentável, retomando a atratividade de uma parte da cidade que durante longos anos sofreu um abandono considerável”. “Estes são fortes sinais de confiança para o mercado, que fortalecem e promovem a expansão do processo de reabilitação urbana em curso”, diz o responsável na mesma nota de imprensa, explicando ainda que a área residencial “tem sido a mais ativa em termos

de processos licenciados, ainda que num primeiro momento o uso se destine ao setor do turismo”. Os números dão razão a Álvaro Santos, uma vez que em 2014 foram efetuadas mais de 270 transações de imóveis, num valor total de 87,5 milhões de euros, um aumento de quase 50% da realidade de 2013. A tendência continua em 2015, ano em que no primeiro trimestre já foram emitidos 34 novos alvarás, em contraste com os 137 alvarás atribuídos durante todo o ano passado. O volume de transações mantém-se nas 22 por mês, com 13 milhões de euros já transacionados. Em 2014, de resto, o centro histórico do Porto representou 55% de toda a atividade de reabilitação da cidade. Os números foram apresentados a 05 de junho, na conferência final do Programa de Ação do Morro da Sé, realizada no âmbito da Semana Europeia do Desenvolvimento Sustentável. O Índice de Preços Residenciais da Confidencial Imobiliário, entidade que também assina o Índice da Baixa, comprova a força do Grande Porto, que em 2014 valorizou 0,7% no Índice de Preços Residenciais, uma tendência iniciada no terceiro trimestre de 2013. No entanto, em 2014, verificou-se um decréscimo em relação ao período homólogo de 2013. Os números são atribuídos a partir dos dados de vendas do Sistema de Informação Residencial.

Centro Histórico confirma tendência de valorização do Grande Porto


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sexta-feira 12 de junho de 2015

porto | o tribunal de contas encontra-se a aguardar resposta da transportadora

TdC pede explicações à Metro sobre subconcessão Tribunal de Contas devolveu à Metro do Porto o contrato da subconcessão atribuída à TMB/Moventis

O contrato em causa é polémico por existirem alegadas discrepâncias com o caderno de encargos

O

radoria-Geral da República (PGR) uma exposição após identificar “benefícios ilegítimos” na ordem dos 27 milhões de euros na celebração pelo Governo do contrato de concessão do metro do Porto.

Vereador da Ação Social da Câmara do Porto nega crianças sem-abrigo

que acompanham de perto esta realidade. O vereador da Habitação e Ação Social também contesta esta cifra. “Neste momento estão identificados 96 cidadãos que continuam a pernoitar nas ruas da cidade, número que se tem vindo a reduzir progressivamente, mas que não permite qualquer redução do esforço de acompanhamento e intervenção”, referiu Manuel Pizarro na mesma nota. “Não está identificada nenhuma situação de crianças a dormir na rua”, acrescentou. Pizarro garantiu ainda que “a Câmara Municipal do Porto, através da Rede Social, participa ativa-

mente no esforço para conhecer, acompanhar e minorar a situação dos cidadãos sem-abrigo”. E salientou que “a situação tem tido uma evolução positiva, que resulta do esforço de um vasto conjunto de instituições”. Na mesma notícia publicada a semana anterior pelo P24, recordese, foi referido que o movimento Uma Vida como a Arte está a ponderar a possibilidade de processar o Estado pelas mortes de 165 sem-abrigo registadas e contabilizadas oficialmente entre 2006 e 2013. Nesse sentido, o Ministério Público poderá acusar o Estado dos crimes de homicídio por negligência e omissão de auxílio.

FOTO: dara oliveira/ARQUIVO

dos dias úteis que ainda lhe restem dos 30 definidos por lei para a emissão do visto prévio, sendo, contudo, possível voltar a solicitar mais esclarecimentos à empresa. O PS entregou no dia 02 à Procu-

“Foram identificadas variadíssimas alterações feitas em sede de contrato em relação àquilo que foi colocado a concurso e face àquilo que constava no caderno de encargos. Ora, alterações em sede de contrato que não foram colocadas a concurso configuram ilegalidades gritantes e uma violação do princípio da concorrência”, acusou na ocasião o deputado do PS Rui Paulo Figueiredo. No dia seguinte, o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, veio a terreiro dizer que cabia ao TdC avaliar o contrato e adiantou que o Governo e a empresa não temiam “o escrutínio”. Também o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, se mostrou preocupado no final de maio com as eventuais divergências entre o caderno de encargos e o contrato de subconcessão. Segundo Moreira, “há pelo menos 20 alterações que estão no contrato e que não estavam no caderno de encargos [e] pelo menos as mais significativas são no sentido de beneficiar a equação”. O autarca recordou que o município se chegou a interessar pela subconcessão. lusa

Tribunal deContas (TdC) devolveu à Metro do Porto o contrato que regula a subconcessão da operação e manutenção da rede por 10 anos, assinado com o consórcio espanhol TMB/Moventis, solicitando esclarecimentos suplementares. “O processo foi devolvido [à Metro do Porto] para informação no dia 29 de maio”, respondeu ontem, quinta-feira, à agência Lusa fonte oficial do TdC, esclarecendo que o prazo de 30 dias úteis que o tribunal tem para emitir o visto prévio se encontra, assim, suspenso. De acordo com a mesma fonte, o TdC encontra-se agora “a aguardar a resposta” da empresa. O contrato em causa, envolto em polémico por existirem alegadamente discrepâncias com o caderno de encargos, tem um valor superior a 950 mil euros, o que faz com que só possa produzir efeitos depois do visto prévio do TdC. O contrato para a operação do metro com o atual operador – ViaPorto –, que terminou no final do ano passado, foi já prorrogado por dois períodos de três meses, estando previsto que o consórcio espanhol comece a

Estava previsto que o consórcio espanhol começasse a explorar o serviço em agosto

explorar o serviço, o mais tardar, no início de agosto. Após o envio dos esclarecimentos da Metro ao TdC, e não há um prazo para a empresa o fazer, este órgão de soberania recuperará a contagem

“Não há dados ou estudos credíveis conhecidos” Pobreza Manuel Pizarro garante não haver menores a dormir nas ruas Manuel Pizarro, vereador da Habitação e Ação Social da Câmara Municipal no Porto, garante que na cidade não existem 100 menores em situação de sem-abrigo. Tal como o P24 noticiou na última

edição, dados recolhidos pelo movimento Uma Vida como a Arte revelam que uma centena de crianças e adolescentes não têm teto no Porto. Em comunicado enviado ao nosso jornal, Pizarro refere que tais resultados “não se sustentam em qualquer dado objetivo ou estudo credível conhecido”. Na mesma reportagem, o P24 es-

creveu que no Porto existem entre 1000 a 1500 cidadãos em situação de sem-abrigo. Números que também foram recolhidos pelo movimento Uma Vida como a Arte, criado e dinamizado por pessoas que passaram pelo drama de não terem teto, e que têm sustentação na avaliação do terreno feita pelos próprios e por elementos de equipas de diversas instituições


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PORTO | Consulado financia busto de Simón Bolívar na rua da Venezuela

A partir das 18h

Venezuela paga estátua de herói sul-americano

Igreja e Torre dos Clérigos abrem à noite

Representantes oficiais da Venezuela no Porto financiaram busto de Simón Bolívar

Obra ocupa jardim da rua da Venezuela, ou seja, em espaço cedido pela autarquia

Pedro Emanuel Santos (Textos)

Q

uem vem da António Cardoso e entra na rua da Venezuela, em Lordelo do Ouro, no Porto, dá de caras com um imponente busto de Simón Bolívar, figura de referência da América Latina e principal inspirador do atual regime de Caracas. A ideia nasceu do Consulado Geral da Venezuela no Porto e tomou forma em novembro do ano passado, quando a obra foi descerrada. Desde então que a rua da Venezuela passou a ter nova atração. E não é para menos. A escultura ocupa toda a largura de um jardim antes singularmente ornamentado com

Para além do Porto, há representações de Bolívar em Lisboa, Funchal, Arcos de Valdevez, Estarreja e Portimão

Simón Bolívar

“Este não é um busto qualquer. Foi baseado na imagem tridimensional de Bolívar, a partir do estudo do seu cadáver” pouco mais do que relva e flores silvestres. “É uma doação do Estado venezuelano à cidade do Porto”, resume ao P24 Yadira Russián Mendoza, consulesa-geral da Venezuela na Invicta. Foi dela a ideia de eternizar a figura de Bolívar em terras portuenses. “É um sinal de respeito para com Bolívar e para com a história que une a cidade à Venezuela e vice-versa”, explica. As negociações com a Câmara do Porto, “que sempre mostrou total abertura”, iniciaram-se em setembro de 2012, ainda Rui Rio presidia à autarquia. O projeto de arquitetura e a escultura foram encomendados a dois portuenses, respetivamente Renato Aires e Albano Martins. “O custo total foi de 10 mil euros, aproximadamente. A verba foi totalmente suportada pelo Estado venezuelano”, garantiu a consulesa ao P24. A autarquia, por

Quem foi o herói sul-americano?

Oito estrelas, como na bandeira da Venezuela, sustentam a figura bolivariana

seu lado, “autorizou a intervenção no espaço público”. Este não é um busto qualquer. Foi baseado na imagem tridimensional de Bolívar retratada a partir do estudo do cadáver do revolucionário realizado recentemente após a exumação do seu corpo. “É o primeiro em Portugal com o rosto mais fiel de Simón Bolívar”, descreve Yadira Russián Mendoza – além do Porto, há representações de Bolívar em Lisboa, Funchal, Arcos de Valdevez, Estarreja e Portimão. Oito estrelas, correspondentes às

da bandeira da Venezuela, sustentam a figura bolivariana. Em baixo, estão espalhadas as letras do nome do herói do continente sul-americano. Será exagerado falar em romagem, mas o certo é que desde novembro que o busto de Simón Bolívar tem sido alvo da curiosidade geral. “Desde turistas a simples visitantes são muitos o que prestam respeito a Bolívar. Há até quem deixe flores”, conta Yadira Russián Mendoza. Como se o Porto tivesse um cantinho venezuelano que é de todos…

Simón Bolívar é considerado o pai da independência das nações sul-americanas que se rebelaram contra o império espanhol que as dominava, na primeira metade do século XIX. Começou por retirar do jugo de Madrid o que é hoje a Venezuela, seguindo-se uma caminhada militar que haveria de tornar independentes, também, os territórios da Colômbia, do Equador, do Peru, da Bolívia e do Panamá. O falecido presidente Hugo Chávez inspirou-se em Simón Bolívar para construir o que chamou de nova Venezuela. Aliás, o país passou mesmo a designar-se oficialmente República Bolivariana da Venezuela mal Chávez assumiu a chefia de Estado. E a imagem de Bolívar passou a estar omnipresente em toda a nação.

A Irmandade da Torre dos Clérigos anunciou que, respondendo “a uma vontade manifestada pelos turistas”, vai permitir a realização de visitas noturnas à Torre e Igreja dos Clérigos, a partir da próxima segunda-feira, dia 15. A ideia é permitir que grupos de pessoas (mínimo de 25) possam desfrutar da vista da Torre a partir das 19h e até às 23h30, mediante uma marcação prévia, disse à agência Lusa fonte da Irmandade. Em comunicado, a Irmandade refere que os turistas que visitam este edifício classificado como monumento nacional são da opinião de que “o Porto tem poucos locais culturais disponíveis a partir das 18h”. Assim, “a Torre dos Clérigos dará o seu contributo à cidade, continuando a inovar na programação mas também rompendo com os tradicionais horários”.

Visitas Os Clérigos estarão abertos das 19 às 23h30, para suprir uma lacuna “do período cultural do Porto” Este espaço foi criado no âmbito das obras de renovação que foram realizadas no ano passado, durante as quais foi descoberta uma cripta na igreja com mais de 20 sepulturas que se encontram atualmente a ser investigadas para se tentar descobrir se uma delas pertence ao arquiteto italiano Nicolau Nasoni, criador dos Clérigos. Os trabalhos arrancaram no dia 03 de junho e o presidente da Irmandade dos Clérigos não tem dúvidas de que o arquiteto, que projetou a Igreja e a Torre anexa, esteja sepultado na cripta. “Os documentos dizem que o funeral de Nicolau Nasoni foi na Igreja dos Clérigos, o assento de óbito refere que também foi aí sepultado, portanto, estou confiante”, afirmou Américo Aguiar sobre as investigações, cuja primeira fase está a decorrer. LUSA


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porto | comerciantes indignados com valores sugeridos por investidor mistério

Valores oferecidos pelas lojas do Brasília “são propostas obscenas” “Roubo” é uma das palavras mais ouvidas nos corredores do Brasília nos últimos tempos pedro emanuel santos (Texto) miguel oliveira (Foto)

O

s lojistas do Shopping Center Brasília, no Porto, estão cada vez mais revoltados com os preços propostos pelos representantes do investidor ou investidores mistério. Contestam os baixos valores apresentados, lamentam a falta de informação sobre o futuro do espaço e acusam os interessados no centro comercial de quererem dividir para reinar. Até 15 de julho têm de dar uma resposta final, mas as incertezas são muitas. “Isto é um roubo”, desabafa José Riobom dos Santos, proprietário da Tabacaria Pataco, um dos esta-

belecimentos mais antigos do Brasília, com porta aberta desde 1976, data de inauguração do primeiro shopping de sempre da Península Ibérica. Um dos poucos que não teme dar voz à revolta, José contou ao P24 os detalhes sobre o que lhe foi sugerido pelo misterioso grupo de investidores que comprar o mítico edifício. “Pretendiam pagar-me 24 mil euros pela loja. Nunca poderia aceitar, é obsceno”, disse aquele que é um dos ‘fundadores’ do Brasília. Em média, especificou, ofereceramlhe 820 euros por metro quadrado, para lhe ficar com a tabacaria, valor que José Riobom dos Santos considera “ofensivo e desrespeitoso”. O Shopping Center Brasília con-

Os proprietários das lojas consideram “ofensivos” os valores apresentados pelos interessados no shopping

tém 236 frações individuais divididas por quatro pisos. Os investidores estão a negociar uma a uma, embora a preços diferentes consoante os pisos, as áreas em questão e a antiguidade das lojas. Segundo conseguiu apurar o P24, os valores variam entre os 150 e os 820 euros por metro quadrado, o que está a motivar a indignação dos lojistas.

“Os supostos investidores não podem ser sérios. Andam a brincar com a vida das pessoas”

O Shopping Center Brasília contém 236 frações individuais divididas por quatro pisos

“Isto é um verdadeiro insulto. As próprias Finanças coletam o metro quadrado nesta zona da Boavista a 2 mil euros por metro quadrado”, considera José Riobom dos Santos. Outro lojista, que preferiu não revelar a identidade por receio de “receber represálias”, contou ao P24 que se tinha sentido “ofendido” quando recebeu a proposta relativa ao seu espaço. “Os supostos investidores não podem ser sérios. Andam a brincar com a vida das pessoas”, desabafou. Outras fontes ouvidas pelo nosso jornal revelaram, ainda, que o clima no Brasília nunca mais foi o mesmo desde que se soube que havia potenciais interessados em comprar o espaço.

“Eles apostam em dividir para reinar. Como sabem que, infelizmente, muitos comerciantes têm problemas financeiros, tentam aproveitar-se desse desespero para convencê-los a qualquer custo e virá-los contra os colegas que estão indecisos”, foi-nos relatado. “Isso é inadmissível e provoca um ambiente desagradável entre nós”, protestam. José Riobom dos Santos confirma que o “ambiente geral não é o melhor”. E que as conversas “em surdina são muitas” nos corredores do Brasília. “Enquanto que há proprietários, como é o meu caso, que recusam vender perante preços destes, outros viram nesta oportunidade uma forma de conseguirem liquidar dívidas antigas, nomeadamente de condomínio”, relatou. Os comerciantes estão também desagradados com o facto de continuarem sem saber quem são os verdadeiros interessados no shopping. Até agora, o nome dos possíveis futuros investidores não foi tornado público e todas as conversações têm sido levadas a cabo por advogados da sociedade Telles de Abreu & Associados, que representa os potenciais investidores, embora sem revelar a sua identidade. “Não sabemos quem tenta negociar connosco. Nem o que é pretendido para o futuro do Brasília. Nada de nada. Ora, se não sabemos o essencial, como podemos esperar boa-fé da outra parte e aguardar com tranquilidade o futuro? Não podemos, ponto”, assinalou um dos lojistas ouvidos pelo P24. “Fala-se de muita coisa, de muitos cenários. Nas reuniões que os representantes dos investidores tiveram connosco não nos foi dito quem quer o Brasília e para quê”, refere José Riobom dos Santos. O P24 tentou ouvir a sociedade Telles de Abreu & Associados, mas tal não foi possível até ao fecho desta edição.


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breves

Câmara lança garrafa de água Porto E pronto, o Porto tem uma garrafa oficial. O presidente da Câmara, Rui Moreira, entregou aos designers Teresa Soares e Paulo Seco o primeiro prémio do concurso de ideias que tinha sido lançado com o objetivo de promover o consumo da água da torneira. “Queríamos muito que a cidade percebesse que a água da torneira tem excelente qualidade. Não estamos a fazer isto para vender mais água. Consideramos que este é um trabalho que vai ter impacto na qualidade de vida e no ambiente da cidade”, frisou o autarca. O presidente da Águas do Porto, Matos Fernandes, notou que a água da rede pública do Porto era “450 vezes mais barata” do que água comercial, com uma qualidade “excelente”.

O maior waterslide da Europa

A ideia é que o evento envolva todas as atividades e produtos turísticos e culturais que gravitam à volta do Douro

porto e norte | “Está na altura de fazer uma grande Festa do Vinho do Porto e do Douro”

Região quer acolher feira internacional de turismo Turismo do Porto e Norte espera conseguir organizar evento em 2016 Luísa Pinto (Texto) Miguel Oliveira/Arquivo (Foto)

O

presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP), Melchior Moreira, quer que em 2016 a região seja palco de um grande evento turístico destinado a promover e a celebrar o Douro em todas as suas dimensões. A ideia, que já começou a ser trabalhada, foi adiantada ao P24 pelo próprio Melchior Moreira à margem de um almoço com vários empresários do setor do turismo em Gaia. O objetivo, explicou o presidente da TPNP, é organizar um grande festival que não se limite a falar de vinhos e de gastronomia, nem dos produtos endógenos de uma mega

região que engloba três locais que são Património da Humanidade: o casco histórico da cidade de Porto, o Douro Vinhateiro e o parque arqueológico do Vale do Côa. O evento deverá, exemplifica o responsável, “envolver também a paisagem, o turismo fluvial, o desporto náutico”, isto é, permitir que todas as atividades e produtos turísticos e culturais que gravitam à volta do Douro, desde que o rio entra em Portugal, no Parque Natural do Douro Internacional, até à sua Foz, no Porto, possam ser celebrados. Ainda sem datas para a realização do evento, Melchior Moreira admite que esta ideia está a dar os primeiros passos – ainda só começou a trabalhar nela com o presidente

Melchior Moreira já está trabalhar com Gaia mas espera envolver outros autarcas da câmara de Gaia, Eduardo Vitor Rodrigues, mas a ideia é envolver todos os agentes da região e dar um único palco aos esforços que têm vindo a ser desenvolvidos por muitos protagonistas. “Temos assistido a muitos eventos, de muita qualidade, sobre áreas temáticas específicas. Está na altura de fazer uma grande Festa do Vinho do Porto e do Douro, de modo a mostrar num evento único as grandes potencialidades e mais valias de toda esta região”, explicou ao P24. Os esforços de promoção da região nos vários palcos internacionais têm-se sucedido. Ainda na última semana – de 08 a 11 de junho – decorreram no Brasil três ações de promoção dos vinhos, turismo e

cultura do Douro com o objetivo de atrair mais visitantes – e mais investimentos – à região. Denominada “Há um rio que começa no Douro e termina no Brasil”, a iniciativa foi da responsabilidade da Associação dos Empresários Turísticos do Douro e Trás-os-Montes (AETUR). A aposta no mercado brasileiro merece particular relevância pelo facto de o país irmão já ocupar o top cinco dos países emissores de turistas para Portugal. Segundo dados recolhidos pela agência Lusa, as exportações de vinho do Porto para o Brasil atingiram no ano passado os 3,8 milhões de euros, sendo que, nos primeiros quatro meses de 2015, o volume de negócios rondou os 1,2 milhões de euros.

Gaia O Water Slide Festival vai decorrer em Gaia, no próximo dia 27 de junho, com o maior waterslide da Europa, com mais de 500 metros. Além da atração principal, o evento vai contar com uma mega aula de zumba, um espaço lounge, uma zona para crianças com insufláveis e uma sunset party, além de zonas de descanso e alimentação. Os bilhetes custam 11 euros da parte da manhã, 14 à tarde e 15 à noite. As crianças até 12 anos pagam entre 7 e 8 euros e a organização refere que “ninguém conta as viagens dadas no waterslide”.

Câmara paga dívida da VL9 Gaia O presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia assumiu que irá estudar um plano para pagar as contrapartidas devidas à sociedade que em 2002 cedeu terrenos para construção da avenida D. João II (VL9). O socialista Eduardo Vítor Rodrigues considera “exageradas” as quantias pedidas na indemnização por incumprimento do contrato. Em 2013, a autarquia foi condenada em tribunal ao pagamento de 9.076.925 euros mais juros, num valor total que rondará os 18 milhões de euros, segundo determinou a Justiça.


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Opinião

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Ciência e Cultura José Augusto Rodrigues dos Santos Professor universitário

N

a longínqua data de 1959, uma luminária inglesa denominada Percy Snow, clamou urbi et orbi, o primado da ciência em detrimento da cultura. O discurso deste senhor na casa do senado da Universidade de Cambridge ecoou um pouco por todo o mundo, provocando uma deriva perigosa nos curricula escolares que ainda hoje subsiste. Deve-se privilegiar a Matemática, a Física e a Cibernética relegando para as matérias despiciendas a literatura, poesia, escultura, pintura, música e filosofia. Elevemos John Nash a ícone universal e esqueçamo-nos de Camões, Fídias, Homero, Mozart e Rafael. A limpidez da matemática pode-nos a perscrutar o universo mas de pouco nos serve para dirimir as angústias da existência. A primazia das ciências ditas exatas em detrimento dos saberes ditos humanísticos pode formar sujeitos que sabem muito bem o que é a entropia mas não veem um chavelho à frente dos olhos sobre a maravilhosa complexidade do existir. Nunca pus em causa a importância das ciências exatas para a evolução material, tecnológica e científica do homem. Acredito que, antes ainda de o homem se interrogar sobre o seu fim e sentido existencial, já os pré-hominídeos davam os primeiros passos na descoberta maravilhosa da ciência. A descoberta e domínio do fogo foi um marco importante na aventura tecnológica e científica da humanidade. Se quisermos ser mais radicais, podemos colocar na libertação das mãos da função de locomoção o advento do homem como transformador da sua circunstância. O homem começou com o fogo,

depois a roda, o automóvel, o foguetão, esperando-se o advento da nave intergaláctica. A ciência foi o suporte desta aventura tecnológica. Mas, qual foi a pulsão para essa viagem ao infinito? Sem dúvida a eterna insatisfação do homem com os seus horizontes e a pulsão eterna para os ultrapassar. O homem, como interrogador da sua realidade, como habitante dos limites, deve mais à filosofia e menos à ciência. E, se queremos falar de complementaridades, a filosofia abriu as portas à investigação científica. Os pitagóricos procuraram a harmonia universal através da matemática, assumindo-se esta como serva da filosofia. É assim desde os Gregos e não há razão alguma para alterar esse paradigma.

não se pode elevar a cultura em detrimento da ciência e vice-versa. o homem em situação é demasiado complexo. Por isso, a contraposição das duas culturas é um crime de lesa humanidade. A disjunção entre ciência e cultura não serve ninguém; a sua conjugação harmoniosa permite, assumindo-se o homem como eterno passageiro de si mesmo, descobrir novas veredas de localização do homem na sua circunstância. Estas reflexões prendem-se com a proliferação de cursos universitários de forte pendor tecnocrático que pretensamente respondem a um dado pulsar da sociedade. O conhecimento redutor forma especialistas que sabem muito de muito pouco. De fora fica o quase tudo da realidade. Urge estabelecer pontes entre os saberes humanísticos e as competências técnicas. Não se pode elevar a cultura em detrimento da ciência e vice-versa. O homem em situação é demasiado complexo para ser abordado por visões reducionistas. A universidade moderna deve privilegiar o conúbio eficaz entre ciência e cultura.

de Paris, com amor ao (aero)Porto! Avelino Oliveira arquiteto

P

rimeiros dias de junho, num congresso em Paris encontrei o Suíço, um homem simpático, altíssimo (mais tarde vim a confirmar que ultrapassava os 2 metros de altura), especialista em transportes, explicava que tinha visitado o Porto em 2009 ou 2010. Comentou que nessa altura tinha notado a crise, mas que o surpreendeu um aeroporto novo, muito grande, e dizia ele… VAZIO! Interrompi-o explicando que sabia muito bem o que ele estava a insinuar mas que não tinha razão nenhuma. O aeroporto do Porto era um caso de sucesso e um exemplo.

Respondeu-me que não o criticava, até o achava bonito, acrescentou que seguramente era melhor do que o de Genéve (sua terra natal), mas sublinhou – “quando lá estive...” – que lhe tinha parecido gigante para o volume de pessoas que ali viajavam. “Pois está enganado!”, retorqui de supetão, “o aeroporto do Porto tem obtido o mais surpreendente crescimento”. Continuei explicando que tinha sido desenhado para 30 anos, com cinco estádios de desenvolvimento. Começou com uma média de pouco mais de um milhão de passageiros/ano e em 10 anos já ia nos 7 milhões/ano. Que o aeroporto era tão bom que a Ryanair o tinha aproveitado para fazer a sua maior operação em Portugal. E que isso tinha sido um sucesso. E que a seguir a essa tinham vindo mais companhias. Expliquei-lhe que para estar em Paris naquele congresso tinha apanhado o avião às 5 da manhã, numa madrugada de quarta-feira

e que a essa hora já lá circulavam milhares de pessoas, uma azáfama que enche qualquer portuense de orgulho. Talvez pelo meu entusiasmo o suíço acompanhou-me enquanto procurávamos a estação de metro junto ao Louvre em busca do regresso ao hotel. A esse propósito, explicavalhe que uma das virtudes do meu aeroporto era que se podia apanhar o metro apenas atravessando a rua e que este ligava aquele diretamente ao centro da cidade. Terminei convencendo-o de que o investimento tinha sido grande mas amplamente justificado. O retorno económico desse investimento era visível a olho nu. Em toda a região, nas cidades, nos restaurantes, nas lojas, no exponencial aumento de oferta hoteleira. E desafiei o altíssimo suíço a voltar ao Porto e a confirmar o que lhe dissera. Prometeu-me que sim. Combinámos jantar cá em novembro.

Porto nos is

C

omo gosto de iludir a freguesia! O título podia atirar-nos a todos (a mim, inclusive) para mais um daqueles textos chatos sobre economia, versando a trapalhada BES/Novo Banco e toda a maldade que esses ginastas da finança fizeram a quem lá tinha as economias e agora é olhado de lado porque vai para a porta dos bancos reclamar o que lhe roubaram, chamando a atenção das câmaras de televisão, proporcionando diretos televisivos de duvidosa qualidade jornalística. O povo tem de fazer barulho; não se calem, p.f. Os tipos hão-de perceber que se meteram com o povo errado. Já ia por aqui a navegar, cheio de vontade de acertar forte e feio na cambada, mais nos camilos lourenços deste país (até que podíamos exportar tipos destes, convencidos e milongueiros), quando decidi meter o

os bancos maus

Carlos Pereira Santos

jornalista d’O JOGO

travão porque não é este o caminho. A minha intenção, mais uma arrancada a este inferno que é a minha imaginação, era mesmo falar dos bancos que estão espalhados por algumas zonas das escolas do concelho de Matosinhos, com a chancela da autarquia. A ideia pode ter sido boa, o resultado é tenebroso. Estava há

dias a aguardar pelo extraordinário Rodriguito quando um puto aí de três anos se encaixou, assim, mesmo num desses bancos que estão nos passeios adjacentes à escola EB 2/3 de Leça da Palmeira. A parte do assento é móvel, encaixa-se pelo sopé do encosto, não sei se estão a ver, coisa complicada. Não são bancos bons. Ao examinar ao perto, vem o pior dos defeitos: as arestas dos bancos não estão devidamente limadas, há parafusos sem proteção. Um perigo, sim. Parece coisa simples e uma questão de nada. Sim, é, até ao dia em que alguém se magoar a sério e tiver de haver um direto televisivo sobre um acontecimento desagradável. O BES também era um banco do carago (pelo menos foi essa a ideia que Cavaco passou ao povo), embora o Presidente – vá lá, por pouco tempo!!! – não utilize a palavra carago. Essa é nossa!


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sexta-feira 12 de junho de 2015

Centro histórico: o custo do sucesso Adriana Floret

mesma zona que, recordo, chegou a ser dada por perdida por muitos.

Arquiteta

A

notícia de que o mercado imobiliário do centro histórico do Porto acumulou uma valorização de 43% desde 2009 deveria ter feito soar algumas sirenes de alarme. Estes números do Observatório da Reabilitação da Baixa do Porto – que até pecam por defeito - são motivo de justa celebração por parte das entidades públicas e dos agentes do mercado. Ninguém (ou quase ninguém) no início dos anos 2000 apostaria que, em década e meia, o centro histórico viesse a sofrer tamanha valorização. Esta dinâmica reflete-se na economia e no emprego e há, de facto, alguma coisa a acontecer. Até o mais desatento de nós constatará com facilidade que existe uma nova dinâmica nesta zona da cidade, a

O

gosto e o trabalho na dita cuja, primeiro, e o estudo da dita cuja, depois, meteram-me a imprensa local e regional no caminho. A importância desta para o robustecimento das democracias é incontestada e incontestável, sobretudo numa altura, como a atual, em que fenómenos como a globalização tendem a colocar em xeque as identidades, aqui entendidas no seu sentido mais lato. Tristemente para nós, a imprensa local e regional anda ali pelo patamar da inexistência e da sobrevivência, logo, da irrelevância. Uma miríade de fatores explicam este desastre. Mas, de entre todos, é o político que mais pesa. À exceção do socialista Arons de Carvalho (honra lhe seja feita), nunca nenhum ministro e/ou secretário de

Esta é uma parte da história, a outra parte não é tão radiosa. Este aumento do preço do m2 está diretamente ligado ao aumento da procura por parte de promotores imobiliários, a qual, por sua vez, resulta do aumento exponencial do fluxo turístico e da visibilidade internacional que a cidade almejou nos últimos anos. Nesta «corrida ao ouro» há concorrentes com armas desiguais: desde o jovem licenciado desempregado financiado pelo pé-de-meia dos pais, passando pelos investidores autóctones reconvertidos por força das circunstâncias à reabilitação urbana, até aos investidores estrangeiros que procuram bom porto, mesmo que temporário, para os seus investimentos. No meio deste turbilhão há oportunismos fáceis e negócios difíceis. Há quem aposte em vender os ovos e matar a galinha ao mesmo tempo, o que só poderá ter um bom resultado. Por isso, a primeira

o que importa o regional? Paulo Ferreira

diretor de conteúdos informativos do Porto Canal

Estado que tutelaram este dossiê percebeu devidamente a importância do tema. Umas atrás das outras, todas as decisões (melhor será dizer: as não decisões) tomadas sobre a imprensa local e regional serviram para aumentar a quantidade de publicações (concelhos como Bar-

sirene a tocar deveria ser a dos reguladores do mercado imobiliário e até nem sei se a própria autarquia não deveria ter uma palavra a dizer a respeito disto. Para a cidade seria interessante que o mercado imobiliário evoluísse de uma forma equilibrada e estável e para tal um pouco mais de ordem e transparência seria benéfico para todos.

Os investidores não veem no arrendamento residencial uma alternativa apetecível. Mas a questão maior continua a ser o impacto no acesso à habitação na zona histórica da cidade. O Porto entre 2001 e 2011 perdeu cerca de 25 mil habitantes e as freguesias do centro histórico foram particularmente fustigadas por esta dinâmica negativa, com variações negativas na ordem dos 35%. Precisamente, o mesmo território agora assolado por uma hipervalorização imobiliária. Não vou entrar em demagogias fáceis e

celos chegaram a ter 12!), em vez de incentivarem a qualidade das mesmas. O paternalismo, a satisfação de espúrios interesses, a falta de vontade para estudar o problema, a cedência ao poder da Igreja, tudo contribuiu para que chegássemos ao lamentável ponto em que nos encontramos. E que ponto é esse? É o ponto que se aproxima do não retorno. Vale o mesmo dizer: é o ponto em que a coisa só lá vai destruindo (quase) tudo o que existe, montando sobre os escombros uma nova e moderna política. O tema assaltou-me na passada semana, quando, em Valência, tive a oportunidade de participar num congresso que juntou jornalistas europeus e da América Latina. A imprensa regional foi um dos pontos das conversas. Por cá, teria ficado pela troca de argumentos. Lá, foi incluída na “Declaração de

tentar estabelecer qualquer nexo de causalidade. Conheço muito bem a realidade deste território e sei perfeitamente que as razões que conduziram à sua lenta degradação física e demográfica são complexas, imbrincadas e que ocorreram ao logo de décadas. No entanto, é óbvio que a maior parte destes investimentos imobiliários licenciados como habitação se destinam, na verdade, ao mercado do turismo. Estes investidores não veem no arrendamento residencial uma alternativa apetecível. É mais racional arrendar a turistas ou, em alternativa, a estudantes de Erasmus do que às famílias residentes. Todos temos consciência de que a crise cortou sem dó nem piedade o poder de compra dos portugueses e também sabemos que apesar de toda a retórica exultante sobre o centro histórico (o melhor lugar do mundo, sempre) esta não tem consequências a nível dos estilos de vida das classes sociais com maior poder de compra. Podem vir a passeio, jantar nos restaurantes

Valência”, documento que reúne as conclusões do congresso, que serão debatidas, hoje, no Conselho Europeu, em Bruxelas. Os exemplos ajudam sempre a sublinhar os pontos. Eis dois. Por cá, anda meio mundo entretido como os pomposos orçamentos participativos. O povo apresenta propostas e as autarquias disponibilizam uns cobres para as materializar. Isto, em teoria. Na prática, a coisa fia mais fino. Em Lisboa, por exemplo, os projetos não saem do papel. Imagino que as réplicas deste desprezo se espalhem pelo país… Se tivéssemos uma imprensa local e regional forte, o escrutínio destas coisas, pequenas para o mundo mas enormes para os visados, seria, seguramente, muito diferente. Exemplo ao invés: em Valência, o

neo-tradicionais e tomar um copo, mas não julguem que algum dia se mudarão de armas e bagagens para este lado da cidade. Para além disso, as tipologias que estão a ser lançadas no mercado são tipologias que espremem ao máximo as áreas com o objetivo de conseguir o maior número possível de frações. O resultado é uma quantidade alarmante de T0’s, T1’s e “lofts”, que pelas suas caraterísticas não se prestam à função de habitação permanente. A não ser que no futuro o Porto venha a ter a maior taxa de divorciados e indivíduos a viver sozinhos de todo a Europa. Um dos desígnios das políticas territoriais nas últimas duas décadas foi a de reabitar o centro. Foi nessa lógica que se instituíram medidas de apoio à reabilitação e se canalizaram consideráveis recursos financeiros e humanos. Todavia, hoje, corremos o risco de ficarmos reféns do nosso próprio sucesso e se isto não faz soar as sirenes em nenhum lado então é porque temos razões para ficar apreensivos.

jornal “Las Províncias”, que está a comemorar 150 anos, teve, na década de 50, papel fundamental na decisão tomada sobre o desvio do curso do rio Túria, após uma violenta inundação que provocou dezenas de mortos. Estávamos em 1957. Mandava Franco. A ideia do generalíssimo, apoiada pelos alcaides do regime, passava por construir uma autoestrada ao longo dos 15 km que o rio ocupava. O povo rebelou-se. O jornal assumiu, sem medo, as dores do povo. E a obra nasceu: no lugar da estrada projetada nasceu o maior jardim urbano de toda a Espanha! O jornal “Las Províncias” mantémse. E cheio de saúde. Ao contrário dos nossos, que definham todos os dias perante a indiferença generalizada. Eis (também) aqui um bom aferidor do estado da nossa democracia.


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saiba mais em: http:www.porto24.pt

Reportagem

São às centenas os turistas que diariamente passam pela Ribeira do Porto

porto | A cidade sabe receber mas aproveita-se da notoriedade

Visitantes queixam-se dos ‘preços para turista’ na Ribeira Os turistas que visitam o Centro Histórico notam a diferença na hora de pagar pedro emanuel santos simão freitas Miguel Oliveira (Fotos)

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izer que o Porto tem sido invadido por turistas já não é novidade para ninguém, porque eles

andam aí, nas ruas, e toda a gente dá conta da crescente afluência de estrangeiros à Invicta. O que poucos parecem perguntar-se é se eles, os turistas, ficam satisfeitos com o que encontram no destino. Da cidade parecem gostar mas quando o assunto são os preços, o discurso de

As queixas estão relacionadas com relação qualidade/ preço da oferta proporcionada

quem nos visita vira. O P24 andou por algumas das zonas mais procuradas por quem visita a cidade e no que aos preços diz respeito ouviu lamentos, e não foram poucos, de quem se sentia “enganado” e “surpreendentemente desiludido” com o que testemunhou e

vivenciou. Na Ribeira, postal vivo da cidade turística e cartão de visita do destino, onde abundam restaurantes, bares, lojas de comércio tradicional e bancas onde se vendem cruzeiros e outros passeios, o P24 encontrou o casal belga Spitaels. Hervé e Louise vieram de

Bruxelas e estão em Portugal pela primeira vez. Do Douro, por onde passaram antes de rumarem à Invicta, não têm “nem uma razão de queixa”. “Mas aqui no Porto notámos logo que os preços eram muito mais elevados. Especialmente nos restaurantes, onde a relação


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Gaia com a maior subida no ranking das melhores cidades Vila Nova de Gaia protagonizou a maior subida no ranking geral do Bloom Consulting Portugal City Brand Ranking©, documento que avalia a performance e a atratividade dos 308 municípios portugueses nas categorias Turismo (Visitar), Negócios (Investir) e Talento (Viver). O município entrou, assim, para o top 20 nacional – é o vigésimo –, graças a uma subida de 14 lugares que ficou a dever-se à sua prestação na categoria Viver, ao crescimento

empresarial e a uma taxa de ocupação hoteleira muito próxima das melhores do País. O município conseguiu melhorar a sua prestação em todas as vertentes avaliadas, sendo a mais significativa a verificada na categoria Viver. Aqui, Gaia estreia-se nos lugares cimeiros, sendo agora considerada a 11.º melhor cidade para viver em Portugal, graças a uma significativa subida de 24 posições. No que diz respeito ao top das

marcas municipais de negócios deste ranking, Gaia conseguiu subir 15 posições, sendo agora a 24.ª melhor, sobretudo graças ao crescimento empresarial verificado no concelho no ano de 2014. Já no item Visitar, e numa altura em que é claramente evidenciada uma tendência do Sul do País para albergar as melhores marcas de turismo, subiu, também, 15 posições no ranking nacional – ocupando agora o 21.º lugar –, graças ao

aumento de dormidas registado. Também a nível da região Norte, Vila Nova de Gaia conquistou uma impressionante escalada, ocupando este ano o quinto lugar do top. A subida deve-se à melhoria em todas as categorias e, também, ao apuramento da metodologia das procuras realizadas pelo Digital Demand - D2©, onde o nome “Gaia” foi complementado ao tradicional “Vila Nova de Gaia”. O Bloom Consulting Portugal Ci-

ty Brand Ranking© 2015 mede a eficácia da estratégia de gestão da marca de cada município, separadamente. Baseia-se em fatos concretos, que incluem o desempenho e o crescimento económico das cidades, dormidas, procuras e desempenho nas redes sociais, entre outros. A análise dos dados objetivos é acompanhada pela avaliação de dados subjetivos que medem o impacto económico da estratégia de gestão de marca de cada município.

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II ||

Segurança alimentar

Rótulos

Quando o objetivo é atingir um bem -estar físico e psicológico através de uma alimentação saudável, não chega pôr em prática as regras de uma alimentação completa, variada e equilibrada. Conhecer os alimentos que se compram é fundamental para uma escolha acertada. Existem diversos tipos de produtos alimentares disponíveis no mercado, cada um com características e composição nutricional específicas que poderão ser mais ou menos benéficos para a saúde. Os rótulos são uma excelente ferramenta, aconselhando-se a sua leitura atenta e informada. Por vezes, pela grande quantidade de informação, torna-se confuso saber quais as informações mais importantes a considerar na leitura de um rótulo. A lista dos ingredientes, a tabela do valor nutricional, o prazo de validade do produto e as suas condições de conservação são os dados mais relevantes. Na lista de ingredientes, aqueles que compõem o alimento aparecem por ordem decrescente de quantidade, devendo evitar-se alimentos que tenham nos primeiros lugares da lista açúcares ou gorduras. Nesta lista estão também destacados os ingredientes que podem provocar alergias, como o leite, soja, ovo, frutos secos, entre outros. Na tabela de valor nutricional consta a informação acerca da composição do alimento a nível calórico e a nível dos nutrientes que nele existem. Deve apresentar-se quantitativamente, pela seguinte ordem: calorias, gorduras (com indicação das gorduras saturadas), hidratos de carbono (com indicação de açúcares), fibras, proteínas e sal. Algumas tabelas podem ainda conter informação sobre a quantidade de algumas vitaminas e minerais Nos rótulos o prazo de validade indica a data até à qual o alimento deve ser consumido de forma a estar garantida a sua segurança e preservação das características sensoriais. As condições de conservação são igualmente importantes, pois caso não sejam respeitadas o alimento pode deteriorar-se antes do fim do prazo de validade previsto e causar danos na saúde do consumidor. Sugere-se que a escolha dos alimentos recaia sobre aqueles que apresentem uma lista de ingredientes mais curta, com menor valor calórico e menor valor de açúcares e gorduras. Bárbara Camarinha nutricionista

O “algodão” dos choupos Se é verdade que os pólenes do choupo são moderadamente alergénicos, já o “algodão” que libertam não causa alergias. Pode, quando muito, provocar irritação por ação mecânica se entrar em contacto direto com os olhos ou com as mucosas nasais. Tem vindo a imprensa a abordar ao longo de anos, sempre no mês de Maio, o problema do “algodão” li-

bertado pelos choupos. Ora, nem o plantio de choupos é proibido, nem o seu “algodão” causa alergias. Os

choupos são árvores do género populus, com espécimes masculinos e femininos. São os espécimes masculinos que libertam o pólen, no início da Primavera (Março, Abril). O “algodão” que se vê em Maio, libertado pelos exemplares femininos, não contém pólen mas sim sementes conglomeradas por uma substância sedosa que lhe confere o aspeto de “algodão”. Se é verdade que os pólenes do choupo são moderadamente alergénicos, já o tal “algodão” não causa alergias. Pode, quando muito, provocar irritação por ação mecâ-

nica se entrar em contacto direto com os olhos ou com as mucosas nasais. Assim, as queixas, a surgirem, deveriam surgir em Março/ Abril, quando os exemplares masculinos libertam o pólen, e não em Maio. Acontece que a libertação das sementes do choupo é coincidente com o período de produção de pólen pelas gramíneas (ervas), pelo que muitas das reações alérgicas atribuídas ao “algodão dos choupos” são, na realidade, da responsabilidade das gramíneas, essas sim, bastante alergénicas, mas cujo pólen é praticamente invisível. No site da Rede Portuguesa de Alergologia, pode ler-se: “Atribuise frequentemente a estas árvores [choupos] a responsabilidade de certo tipo de alergias respiratórias mas erradamente…”. A Provedoria do Ambiente do Município de Coimbra escreveu exatamente o mesmo e, entre outras autoridades, cita o médico alergologista professor doutor Antero Palma Carlos, que afirma: “As alergias primaveris são uma reação do organismo aos pólenes dos fenos, de algumas urtigas e das oliveiras e não às flores e/ou sementes do choupo e plátanos que enchem o ar de flocos de algodão”. O Centro Suíço de Alergias considera raras as alergias provocadas pelo pólen do choupo, enquanto a Rede Nacional Francesa de Vigilância Aerobiológica considera nulo o risco de alergia provocadas por choupos. Nuno Gomes Oliveira Biólogo

Gaiurb e DECO explicam como reduzir valor das faturas A Gaiurb – Urbanismo e Habitação associou-se à campanha «Energia Fantasma», implementada pela DECO e apoiada pela ERSE – Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, que visa alertar os consumidores para os desperdícios de energia e sensibilizar para uma utilização eficiente da eletricidade, com resultados positivos na redução da fatura da energia elétrica. A equipa regional da DECO desloca-se periodicamente a Gaia

para dinamizar sessões onde são transmitidas informações úteis e dicas com vista à redução da fatura de energia elétrica, assim como alertar para os desperdícios do stand-by e off-mode (os chamados consumos fantasma). Durante o mês de Junho, e depois de ter passado pelo Coronel Pinto Simões (Canidelo) e pelo Rosa Mota (Canelas), a campanha informativa «Energia Fantasma» vai percorrer os seguintes empreendimentos sociais:

Dia 12 | 10h00 | Dr. Adelino Amaro da Costa | Arnelas | Olival | 11h30 | Crasto | Sandim | 14h30 | D. Armindo Lopes Coelho | Olival Dia 22

| 10h00 | D. António Ferreira Gomes | Serzedo | 11h30 | Eusébio da Silva Ferreira | Serzedo

Dia 26 | 10h00 | Quinta do Monte Grande | Vilar de Andorinho Dia 29

| 10h00 | Alberto Martins Andrade | S. Félix da Marinha | 11h30 | Dr. Mota Amaral | Arcozelo

Dia 3

| 10h00 | Ruy de Carvalho | Vilar do Paraíso | 11h30 | General Ramalho Eanes | Valadares


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Festejos dos Santos Populares no parque habitacional social Junho é mês de santos populares, e por isso mesmo não poderia deixar de haver animação no parque habitacional social de Vila Nova de Gaia. No empreendimento social Alberto Martins Andrade, em S. Félix da Marinha, está tudo a postos para as Festas de Santo António, que começam hoje à noite. Também as festas em honra de S. João serão assinaladas neste mesmo empreendimento social, com um arraial popular na noite de 23. A tradição cumpre-se, uma vez mais, nas festas em honra de Santo António e de S. João que serão dinamizadas no parque habitacional social com o apoio da Gaiurb. No empreendimento social Alberto Martins Andrade, em S. Félix da Marinha, a Comissão de Festas de Santo António da Quinta das Facas já está a preparar as Festas de Santo António, que iniciam hoje à noite e se prolongam durante três dias consecutivos. As noites serão animadas por diferentes bandas

musicais, que começam as suas atuações às 21h30: Mário & Hermínia (dia 12), Banda Miranka (dia 13), Banda Fusiforme (dia 14). As festas em honra de S. João serão, também, assinaladas neste mesmo empreendimento social, com um arraial popular na noite de 23, contando com a atuação do Grupo mg4. Durante os quatro dias, a habitual barraquinha de comes e bebes convidará os moradores e visitantes a vários petiscos, entre os quais não faltarão as tradicionais sardinhas

Alerta: psila africana dos citrinos

Se tem citrinos (laranjeira, limoeiro, tangerineira, limeira, toranjeira, cumquates, entre outros) deve estar atento aos sintomas que as suas plantas possam apresentar semelhantes aos da fotografia. Esta praga tem atacado vários concelhos do distrito do Porto, e tem sido observada sobretudo em jardins privados. A praga é causada por um inseto, a psila africana dos citrinos (trioza eryrtreae), que pica e suga as folhas das plantas originando as deformações facilmente visíveis, sobretudo ao nível dos raminhos

jovens. Quando picam as plantas para se alimentarem injetam toxinas que, além de deformarem as folhas, acabam por originar o enfraquecimento das árvores, bem como a diminuição da quantidade e qualidade dos frutos. Também facilitam o aparecimento doutros problemas fitossanitários bem conhecidos, como por exemplo a mosca branca e a fumagina. Além dos problemas descritos, esta psila pode ainda ser transmissora de uma bactéria que causa uma doença muito grave nos citrinos chamada de Citrus greening. Este inseto dispersa-se pelo voo, mas sobretudo pela circulação de material proveniente de zonas infestadas, pelo que é essencial ter atenção às plantas que adquire. Se as suas plantas manifestam estes indícios deve tomar medidas, pelo que deve contactar os serviços oficiais de inspeção fitossanitária da Divisão de Apoio ao Setor Agroalimentar Norte tel.: 229 574 036 www.drapn.min-agricultura.pt

Receita saudável& económica

Ovos mexidos com espinafres

assadas, acompanhadas pelo famoso caldo verde. No empreendimento social General Ramalho Eanes, as festas sanjoani-

nas ocuparão, igualmente, a noite de 23 para 24, com a atuação de dois grupos musicais e decoração alusiva às festividades.

Gaia e China mais próximas Vila Nova de Gaia e Jingdezhen assinaram uma Carta de Intenção com vista ao estabelecimento de relações de amizade. No futuro, será celebrado um acordo de geminação entre as duas cidades, cujo denominador comum assenta nas tradições da indústria cerâmica. A criação de um Museu da Cerâmica e de um Centro Tecnológico ligado à cerâmica foram projetos anunciados por Patrocínio Azevedo, vice-presidente da Câmara Municipal, que considerou relevantes a partilha e o conhecimento milenar dos chineses para a respetiva implementação, numa lógica de preservação das tradições gaienses ligadas ao setor e tendo na Cerâmica de Valadares o grande motor. Patrocínio Azevedo recordou, na circunstância, as ligações de Gaia à cerâmica chinesa, que remontam ao século XVI, de acordo com vestígios já identificados

e estudados. “Esta Carta de Intenção representa o retomar da relação de amizade entre as duas cidades e a possibilidade de criar um novo alento à indústria da cerâmica em Gaia e em Portugal”, realçou o autarca, acrescentando: “Encaramos a cerâmica como um elemento potenciador de riqueza e de preservação da nossa história”. Shi Wenbin, vice-presidente do município de Jingdezhen, fez uma retrospetiva histórica da indústria da cerâmica e da porcelana nesta cidade da província de Jiangxi, República Popular da China. Destacou, a propósito, o boom que marcou os séculos XIV a XVI na expansão à Europa. “A nossa cerâmica é muito apetecível na Europa e em todo o mundo. É com muito prazer que efetuamos esta deslocação a algumas cidades europeias que manifestam interesse pela nossa cerâmica”, afirmou Shi Wenbin.

Alteração ao trânsito em Avintes Devido à obra de instalação de um coletor de águas pluviais, está interrompido o trânsito na Rua do Padrão Vermelho, entre a

Rua Cinco de Outubro e a Rua dos Metalúrgicos, na freguesia de Avintes, até ao dia 21 de Julho de 2015.

Ingredientes para 4 pessoas 300 g de espinafres limpos 4 ovos 2 colheres de sopa de azeite 1 colher de sopa de salsa, picada 1 colher de sopa de queijo ralado Pimenta e sumo de limão q.b

Modo de preparação Pique os espinafres finamente com uma faca afiada. Numa frigideira, aqueça uma colher de sopa de azeite e junte o picado de legumes. Deixe saltear durante 3 a 4 minutos sobre lume vivo. Regue com sumo de limão. Retire os espinafres e prepare ovos mexidos com o restante azeite. Quando os ovos estiverem prontos, adicione-lhe os espinafres, polvilhe com o queijo ralado e a salsa picada e sirva.

ficha técnica Gaiurb - Urbanismo e Habitação, EM

COORDENAÇÃO Multicom IMAGENS Gabinete de comunicação da Gaiurb DESIGN E PAGINAÇÃO Pedro Cunha IMPRESSÃO Naveprinter 6.000 exemplares Distribuição gratuita com o semanário P24


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Ofertas de emprego

Centro de emprego de Vila Nova de Gaia

MUNICÍPIO DE V.N. GAIA

Av. da República, 1786 | R/c - Ed. Europa | 4430-194 | Vila Nova de Gaia

E-mail: cte.gaia@iefp.pt | Telf.: 223 741 210

de13junho19JUNHO2015

EXPOSIÇÕES

CumpliCidades De segunda a sexta-feira, 9h30-13h, 14h30-19h; sábado, 10h-13h Livraria Velhotes CumpliCidades é a terceira exposição em nome individual de Legumi, um projeto de ilustração de Miguel Coelho Até 27 de Junho “(quase) troncos” Exposição de pintura e desenho de Miguel Andrade Terça-feira a sábado - 15h00-18h30, 20h30-22h30; domingos e feriados 15h00-18h30 | Auditório Municipal de Gaia | Entrada gratuita, condicionada durante os espetáculos Até 28 de Junho Cascata S. Joanina Convento Corpus Christi Com a participação do Rancho Folclórico Tradições do Baixo Douro Até 5 de Julho

DIVERSOS

Baile de St.º António 13 de Junho, 22h | Orfeão da Madalena KALE Apresenta coreografias de Paula Moreno e Elizabeth Lambeck 13 de Junho, 21h30 Auditório Municipal de Gaia 14 de Junho, 18h00 Torneio de xadrez 19 de Junho, 15h Parque da Lavandeira

LITERATURA

«De mim para ti» Lançamento do livro de Ascensão Pinheiro 13 de Junho, 17h30 Associação de Solidariedade Social de Lever

Lançamento do livro de poesia De Maria Sousa 13 de Junho, 15h Casa Barbot / Casa da Cultura

XXII Festival Internacional de Música de Gaia Recital de Alaúde por Hugo Sanches 13 de Junho, 21h30 Espaço Corpus Christi Recital de Piano XXII 18 de Junho, 21h30 Auditório Fernanda Correia António Rosado interpreta obras de C. Debussy e R. Schumann

«As cores … do silêncio» Lançamento do livro de poesia de Manuela Matos 13 de Junho, 21h30 Casa Barbot / Casa da Cultura

Apresentação do livro «A Relação Euro-Mediterrânica e a Primavera Árabe» De Nuno Cardoso 19 de Junho, 21h Espaço Corpus Christi «Uma Fronteira - Três Séculos» Apresentação do livro de Maria Helena Sacadura Simões, por David Vieira de Castro 19 de Junho, 21h Casa Barbot / Casa da Cultura

FEIRAS

Feira de troca de livros e objetos culturais 14 de Junho, 9h-19h Solar Condes de Resende

CONFERÊNCIAS

«Ler sem ver, é possível?» 15 de Junho, 15h Biblioteca Pública Municipal de Gaia Crescimento Pessoal Centros magnéticos do homem Técnicas de autocontrolo e de relaxação 19 de Junho, 21h30 Arquivo Municipal Sophia de Mello Breyner | Entrada gratuita

Técnico de Obra

Empregado de mesa 588566887 Com experiência

Concerto Anima Mea 14 de Junho, 18h Espaço Corpus Christi

Serralheiro civil

FORMAÇÃO

Com experiência em carroçarias e carta de condução

Gestão do Tempo 13 de Junho, 10h45 - 13h Auditório da Biblioteca Pública Municipal de Gaia Formador: Eduardo Silva Pinto Inscrições obrigatórias, limitadas

EFEMÉRIDES

Comemoração do 80.º Aniversário do Rancho Folclórico da Afurada 15 de Junho Sede da coletividade Comemorações do 80.º Aniversário da Associação Recreativa de Canidelo 16 de Junho, 20h30 Sede da coletividade

588552998

Com experiência, com possibilidade de assinar alvará de contrução

Com experiência

Eletricista Auto

Montador de Calçado

Programador de Software 588552586 Com experiência

Impressor Off SET

588566474

588556716

Experiente em pesados com reboque com cartão de condutor e CAM

Com experiência em máquina de impressão Heidelberg

Serviço Municipal de Protecção Civil..22 377 80 22 Bombeiros Sapadores: Emergência...........................................................22 375 24 24 Geral..........................................................................22 377 80 00 Águas de Gaia | Linha Verde.....................800 202 767 Número Municipal de Emergência....707 24 24 00 Habitação Social - Linha Verde................ 800207702 Gabinete de Orientação Económica e Social da Gaiurb...................223746600

588567900

588553943

588562114

Com experiência mínima de 6 a 10 anos

Com experiência em moldagem

Técnico Manutençao Ind

Empregado de mesa

588562140 Experiência em manutenção de máquinas industriais

588569236 Com experiência e conhecimentos de inglês

servente pedreiro

Experiência mínima de 6 meses e formação profissional em Cozinha

588569246 Experiência aço inox e latão, soldadura TIG

588569222

588562082

Com experiência anterior

Com experiência anterior em lavandaria.

eletro-mecâmico

serralheiro mecânico

tecelão

gaspeador de calçado

588569251

588569255

Eletromecânico com experiência na área industrial

Serralheiro mecânico, com experiência anterior na área industrial

serralheiro

588569256

operador lavandaria

CINEMA

«A viagem a Itália» 16 de Junho, 15h30, 21h30 Auditório Municipal de Gaia 17 de Junho, 15h30, 21h30 Cine Teatro Eduardo Brazão Realização: Michael Winterbottom | Comédia Dramática | 2014 | M/12

MÚSICA

Encontro de tunas 13 de Junho, 20h Salão Paroquial de Gervide

pedreiro

588567940 Com experiência em fotografia - cruzeiros no Douro

Motorista pesados mercadorias

cozinheiro

fotógrafo

588552588

Para mais informaçõe consultar http: //www.cm-gaia.pt e www.gaiurb.pt

Loja do Cidadão..................................................707 24 11 07 Polícia Municipal............................................... 223 778 035 PSP Oliveira do Douro...................................227 864 090 PSP Esquadra de Gaia.....................................223 774 190 PSP Afurada..........................................................227 727 300 PSP Valadares........................................................227 169 270 PSP Canidelo......................................................... 227 728 410 GNR - Destacamento Territorial.............227 862 000 GNR Arcozelo........................................................227 626 032

Chefe de linha 588556601 Com muita experiência preferencialmente em roupa interior e roupa de banho

GNR Canelas............................................................227 119 348 GNR Avintes..........................................................227 877 500 GNR Lever...............................................................227 652 203 BV da Aguda........................................................227 620 030 BV Avintes..............................................................227 820 230 BV Carvalhos........................................................227 842 001 BV de Coimbrões.................................................223 793 511 BV Crestuma........................................................227 634 999 BV Valadares............................................................227 112 136

588569263

588569238

Tecedeira/tecelão com experiência anterior na função

Gaspeador de calçado com experiência em máquina de costura de gáspeas

Para mais informações sobre ofertas de emprego consulte www.iefp.pt ou o Gabinete de Inserção Profissional (GIP) da sua freguesia

Anti-veneno...........................................................808 250 142 Saúde 24.................................................................808 242 400 Linha do Cidadão Idoso (dias úteis das 9h30-17h30)....................... 800 203 531 SOS Voz amiga (das 21h00 às 24h00).800 202 669 SOS Voz amiga (das 12h00 às 24h00)..213 544 545 SOS vítimas.............................................................213 544 545 SOS Mulheres......................................................800 202 148 SOS crianças (seg a sex das 9h00-19h00).....116 111


reportagem || 15

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qualidade/preço deixa a desejar”, lamentaram. O mesmo queixume escutou o P24 da boca de um grupo de espanhóis vindo de Alicante. “Nunca tínhamos estado no Porto. É um local lindíssimo, muito mesmo. A única situação a apontar é que os preços da hotelaria variam muito”. Pedimos exemplos a Isabel, Karlheinz, Marisol e Karin: “Nos pontos mais turísticos, já demos conta que pagámos valores quase três vezes superiores do que noutras zonas menos conhecidas. Ontem jantámos perto do hotel e a conta foi muito mais barata do que o almoço de hoje na Ribeira”, explicaram. “Ainda por cima comemos pior. Peixe demasiado queimado, pratos sem sabor. Enfim”. Perto dos aos Aliados encontrámos Juan Stronzeri. Este argentino de Avellaneda está a percorrer Portugal e resolver demorar um pouco mais pelo Porto. Já leva que contar para o país das pampas. “A cidade é linda e as pessoas fantásticas. Mas há que ter cuidado com os preços porque já me apercebi que há sítios onde não se pode ir porque são muito caros. Sobretudo restaurantes, já vi ementas com preços brutais, não percebo”, desabafou ao P24. “Confesso que cheguei a sentir-me enganado, embora prefira pensar que foi ape-

nos pontos mais turísticos, já demos conta que pagámos preços quase três vezes superiores nas uma exceção e que vocês são, na generalidade, espetaculares”, continuou Juan. Este estrangeiro queria experimentar as praias da Foz apesar dos avisos de que o vento forte lhe poderia estragar os planos. “Vou na mesma, não poderia sair do Porto sem dar um mergulho”, sorriu. E lá foi, que para entrar nas águas da Foz não é preciso andar a comparar preços. Das mais baratas, ainda assim De qualquer forma, e apesar das queixas sobre a bipolaridade de preços, boa parte dos turistas com quem falou o P24 disse, ainda assim, que no Porto era “

programação

Procura cultural

estrangeiros dizem pagar mais em locais de maior afluência turistica do que no resto da cidade

tudo mais barato do que na maioria dos destinos turísticos europeus”, como constatou Karin Muller. “Já visitei quase toda a Europa e o Porto é das cidades mais baratas. Há abusos, sim, mas nada comparado ao que já vivi em Itália ou em Espanha”, ressaltou a alemã. O francês David Besselievre era da mesma opinião. Quando regressar

o casal belga hanne e Peter não se cansou de mencionar a programação cultural, porque tinham ouvido que o centro histórico da cidade, e a ribeira em particular, “tinham sempre muita coisa a acontecer”. Com efeito, o casal mostrou-se “ansioso” por assistir ao festival Caixa ribeira, que entre hoje, dia 12, e amanhã preenche o cartão de visita da cidade do Porto com uma série de concertos de fado. entre os mais de 30 nomes, destaque para Carminho, Camané e Gisela joão, num evento que não engloba só a ribeira: há concertos no Palácio da Bolsa, no hard Club, na igreja de s. nicolau, na antiga junta de freguesia de são nicolau ou ainda no Cais da estiva. Cho eunil é sul-coreana, e também confirmou ao P24 ter ouvido falar da programação cultural “rica” da cidade, mas durante o fim de semana tinha as atenções voltadas para um evento diferente dos belgas: o concerto de Gregory Porter, este sábado, em Matosinhos, na Praça Guilhermina suggia.

a Nantes dirá a amigos e família que “o Porto é um destino a ter em conta sem que seja necessário gastar muito dinheiro”. A companheira, Giuletta, revelou ao P24 que estava a “gostar muito de conhecer a cidade”, que o casal escolher para a “viagem de férias anual” à conta da eleição como Melhor Destino Europeu em 2014. O mesmo pensavam os belgas

Hanne e Peter, que o P24 encontrou no seu último dia de passagem pelo Porto antes de regressarem a Antuérpia. “Os preços são muito mais agradáveis do que na Bélgica. Fazemos uma viagem por ano e já tivemos a oportunidade de nos depararmos com casos escandalosos noutras cidades europeias, mas aqui até nem foi o caso”, elogiaram.

isabel, Karlheinz Marisol e Karin / ESPANHA

Peter e hanne

Louise e hervé

BÉLGICA

BÉLGICA

“no Porto, os preços sobem muito na zona turística. a qualidade também varia muito. aliás, há um hábito recorrente cá: grelham muito os peixes, eles perdem muito o sabor. Mas já comemos fora da zona turística e adorámos, a comida era excelente. no fundo, isso acontece em muitos sítios na cidade, mas na ribeira nota-se muito a subida de preços com qualidade mais baixa”.

“aqui no Porto não notámos nenhuma situação em que nos tentassem fazer pagar mais do que devíamos. isso já aconteceu em roma e em Londres, em que sentimos que estavam a aproveitar-se de sermos turistas. no geral, as pessoas têm sido muito simpáticas e atenciosas”.

“estamos no Porto porque viemos passar as férias à região do douro e estamos a adorar visitar esta região lindíssima. toda a gente nesta zona é extremamente simpática e hospitaleira. Quanto aos preços, nota-se que na cidade do Porto é tudo muito mais caro, em particular nos restaurantes, onde a qualidade nem sempre acompanha a subida de preços”.

testemunhos

Cho eunil COREIA DO SUL

“no Porto os preços são bastante baratos, tanto em restaurantes como no alojamento. andei de táxi uma vez e os preços pareceram-me aceitáveis, também. já visitei outras capitais europeias e não me senti enganada, e aqui também não aconteceu. toda a gente é simpática e a cidade é muito boa para se visitar”.


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Inteligência empreendedorismo

UP | Academia Europeia de Alergologia e Imunologia Clínica premeia carreira do português

Academia mentorada pela Anje celebra 18 anos

Professor da FMUP vence prémio europeu

A Academia dos Empreendedores comemora este ano 18 anos de existência. A mentora do projeto, a Associação Nacional dos Jovens Empresários (ANJE), escolheu os dias 16, 17 e 18 de junho para assinalar a data com um evento de três dias. Na sede nacional da ANJE, na rua Paulo da Gama, no Porto, o primeiro dia do evento arrancará às 8h e contará com a primeira presença da Rockstart Answers em Portugal. Esta comunidade de empreendedores tem como objetivo “partilhar conhecimento dentro de ecossistemas locais de startups”. O primeiro dia contará com a partilha de histórias de sucesso, bem como a presença de João Rafael Koehler, presidente da ANJE, mas também vários convidados internacionais

Três dias de atividades para assinalar a data, incluindo a estreia da Rockstart Answers em Portugal que vêm ao Porto explicar os ecossistemas de empreendedorismo nos seus países, com casos dos Estados Unidos da América, Holanda, Israel e Alemanha. O segundo dia do programa decorrerá no Espaço Locomotiva, junto à estação de São Bento, e contará, entre outros, com o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira. No último dia, de regresso à sede da ANJE, destaque para os debates e apresentações sobre o “empreendedorismo sem fronteiras”, com a presença de Flávio Quembo, presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários de Moçambique, e Fernando Milagre, presidente da Confederação Nacional dos Jovens Empresários do Brasil, entre outros.

Luís Delgado é diretor do Serviço e Laboratório de Imunologia da FMUP

O português colabora também com o Hospital de São João e o CINTESIS tos de vários colegas do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS), além de ser presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica. Especializado em doenças pulmonares intersticiais e ocupacionais, alergia a fármacos, alergia ocular e alergia e asma na prática desportiva, Luís Delgado é coautor de três livros e 10 capítulos em livros médicos e assinou mais de 100 artigos científicos em publicações da especialidade, como o Journal of Allergy and Clinical Ummonology ou o European Respiratory Journal. Entre 1994 e 2000 foi presidente do Colégio de Imunoalergologia da Ordem dos Médicos e é parceiro internacional da Academia Americana de Alergia, Asma e Imunologia desde 2005.

simão freitas (Texto)

O

Charles Blackley Award, atribuído pela Academia Europeia de Alergologia e Imunologia Clínica (EAACI), foi entregue no fim de semana passado, a 06 de junho, a Luís Delgado, docente universitário que fez o percurso académico na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), onde dá aulas e onde trabalha como diretor do Serviço e Laboratório de Imunologia, com responsabilidade direta pelas unidades curriculares de Imunologia Básica e Imunologia Clínica. Ao P24, Luís Delgado disse que o prémio era “uma distinção de carreira” de uma academia que reúne quase 10 mil associados. Uma associação, de resto, que não é estranha ao professor da FMUP, que entre 2003 e 2011 integrou o Comité Executivo da EAACI, como vice-presidente para a Educação e Especialidade. Ainda na academia, foi responsável, em 2001, pela fundação e presidência do Grupo de Interesse em Alergia, Asma e Desporto, além de ter dirigido vários grupos de trabalho ligados à asma e doenças alérgicas associadas ao desporto. “Estou muito satisfeito e orgulhoso, até porque não estava nada à espera”, confidencia o docente universitário, de 59 anos, até porque os prémios costumam ser atribuídos a “colegas de grande prestígio”. Um rol de premiados a que Delgado se junta, por ter “contribuído tremendamente para o desenvolvimento da alergologia como especialidade médica, tanto a nível nacional como internacional”, refere, por seu turno, a EAACI.

Luís Delgado diz estar “satisfeito e orgulhoso” com o prestigioso prémio

O professor não esquece a FMUP, afirmando que o prémio “também é da instituição”, até pela possibilidade de trabalhar em Imunologia Clínica, porta aberta na FMUP e

O prémio “também é da instituição”, diz o docente universitário de 59 anos e um currículo enorme

também no Hospital de São João. “O Serviço e Laboratório de Imunologia evoluiu muito e felizmente temos muita investigação em doenças imunológicas cá”, revela, embora trace algumas críticas à investigação no país. “Estamos a deixar sair as nossas mentes brilhantes”, atira. Currículo de encher o olho O professor colabora ainda, como “investigador freelancer”, nos proje-

Homenagem O prémio que Luís Delgado recebeu no Congresso Europeu de Alergologia e Imunologia, organizado pela EAACI e que decorreu de 06 a 10 de junho, deve o nome ao lendário alergologista Charles Blackley (18201900), que descobriu a ligação do pólen à rinite alérgica, um passo importante na investigação de alergéneos. O Charles Blackley Award, atribuído anualmente no congresso da academia destaca um “investigador que tenha dado um contributo extraordinário na promoção da alergologia e imunologia”. Nas outras três categorias dos prémios da EAACI (Investigação Experimental, Tratamento e Prevenção e Investigação Clínica), foram reconhecidos o polaco Marek Kowalski, a francesa Anne Moneret-Vautrin e o holandês Wytske Fokkens.


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breves

Mil entre a UP e a América do Sul Universidade do Porto O programa Santander Universidades permitiu que, desde 2007, quase mil estudantes pudessem realizar um semestre de aulas universitárias na Universidade do Porto (no caso dos ibero-americanos) ou em várias dezenas de instituições universitárias na América do Sul (no caso dos estudantes da UP). No dia 11 de julho, os estudantes que beneficiaram das bolsas receberam os certificados, numa cerimónia que contou com Sebastião Feyo de Azevedo, reitor da Universidade do Porto.

Católica Porto aposta no mercado chinês

Inês Carneiro tem 24 anos e é estudante do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar

UP | Inês Carneiro foi a melhor aluna de medicina do Norte este ano letivo

18 valores não é para todos Inês conseguiu ter média de 18 valores no exigente curso de medicina pedro emanuel santos (Texto) hugo magalhães (Foto)

T

rabalho, dedicação, motivação e espírito de sacrifício. Eis o segredo, revelado pela própria, que levou Inês Carneiro, 24 anos, a arrecadar o prémio de melhor aluna de medicina do ano letivo que ora termina, atribuído pela Secção Regional Norte da Ordem dos Médicos. Estudante do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), Inês Carneiro conseguiu a incrível média de 18 valores. Teve a melhor nota entre quem com ela partilha os estudos no ICBAS e nas faculdades de medicina da Universidade do Porto e do Minho, as três que ministram o curso na região. “Não estava nada à espera”, disse ao

P24, ainda visivelmente surpreendida. “Devo ter sido a melhor apenas por umas décimas”, ressalva, de forma humilde. Natural da Maia, Inês entrou para medicina com a estonteante média de 19,43 que trazia do secundário. Durante os anos de curso universitário, empenhou-se a fundo para “conseguir o sonho maior” que a acompanhou desde cedo: completar medicina e exercer. “Foi o que sempre quis. Trabalhei muito, esforcei-me e sacrifiqueime. Mas posso dizer que não estou nada arrependida, pois consegui aquilo que desejava e para o que sempre lutei”, sublinha, com orgulho. Inês Carneiro está, atualmente, a cumprir o internato no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos,

A estudante do ICBAS confessa estar a viver um sonho, feito de esforço e entrega experiência que lhe permite sentir, pela primeira vez, como pulsa o terreno. “Está a ser fantástico. Tenho tido contactos próximos com as mais diversas especialidades, o que permite aprender bastante”, descreve. Após o internato virá a especialização. E aqui é que as dúvidas ainda são algumas. Inês ainda não decidiu o que quer seguir, embora tenha uma ideia clara: “Gostaria imenso de optar por ser médica cirurgiã, só ainda não sei de quê em concreto”. Uma reflexão que lhe tomará os próximos tempos para que a escolha final “seja a mais acertada”. Quando terminar o curso, a melhor aluna de Medicina do Norte 2014/15 gostaria de complementar a formação com uma incursão fora do Portugal. “É sempre bom conhe-

cer realidades distintas e perceber como se trabalha no estrangeiro. Além da valorização pessoal, é importante percebermos como se faz noutros lados”, explica ao P24. O futuro ditará depois disso o destino da mais laureada estudante do ICBAS. Inês não se prende a pensar muito sobre o que virá quando completar medicina. Pretende “ficar por Portugal”, sim, embora não feche as portas a outra possibilidade, a de sair do país por falta de oportunidades de trabalho. “Se as condições não o permitirem, terei que optar por emigrar. Não queria, mas…” Grandes notas à parte, Inês Carneiro partilha o mesmo horizonte com os milhares de jovens que saem todos os anos das faculdades com os mais variados cursos na mão: o da incerteza profissional.

MBA A Universidade Católica do Porto, através da Business School, num programa que coloca gestores em contacto com a situação económica da China, tida como “um país crucial do ponto de vista da expansão empresarial”. Os gestores que aceitem participar na próxima edição, que arranca em setembro, têm a possibilidade de “contactar com a realidade económica” chinesa através de vários workshops que decorrerão na Universidade de São José, em Macau.

FAP contesta alteração de regulamento universidades A Federação Académica do Porto (FAP) emitiu um parecer sobre a proposta de alteração do Regulamento de Regimes de Mudança de Curso, Transferência e Reingresso no Ensino Superior, segundo o qual os estudantes universitários não podem mudar de curso no final do primeiro ano de frequência. No parecer, a FAP realça que “as federações e associações académicas e de estudantes não podem deixar de lamentar, uma vez mais, que estes documentos apenas lhes sejam enviados para apreciação dias depois de serem apresentados a outros agentes”.


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Gentes

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poesia | Nuno Brito como Camus

“Escrevo como nado, porque o meu corpo assim o exige” Aos 33 anos, tem quatro livros publicados. “As Abelhas Produzem Sol” é o mais recente

Herberto Hélder e Manuel António Pina foram alguns dos que lhe elogiaram a escrita

filipa silva (Texto) miguel oliveira (Fotos)

N

uno Brito tem 33 anos, nasceu no Porto, e lançou no final de maio o seu quarto livro. Como nos anteriores, em “As Abelhas Produzem Sol” o escritor voltou a escolher os terrenos da poesia e do conto. “Foi o livro que demorei mais a fazer. Comecei a escrever logo em 2012, quando foi publicado o ‘Duplo Poço’. Acaba por ser o livro que teve mais correções”, conta ao P24. Um livro muito trabalhado, sobretudo no alinhamento, no qual o autor sente outras diferenças: “Os outros livros, acho que são mais à flor da pele, mais exteriorizados. Este também o é, mas há um certo equilíbrio”. Grande parte do livro foi escrito no México, onde esteve a dar aulas de Literatura Portuguesa na Universidade Autónoma do país. Foi lá que casou e viu nascer a filha, agora com ano e meio de vida. Viver em família teve algum reflexo nesse equilíbrio que nota em “As Abelhas Produzem Sol”, mas não afetou “a torrente”, a vontade de escrever. “É a forma em que me sinto mais sincero, mais verdadeiro. É uma coisa que me limpa e me ajuda a eliminar filtros”, resume o escritor. “A minha escrita é muito torrencial, é muito impulsiva, surge quando o texto bate, escrevo no momento, muito rapidamente e o texto nasce quase acabado. Mas dá-me uma alegria muito grande escrever. O Albert Camus dizia: ‘escrevo como nado, porque o meu corpo assim o exige’”. Nuno Brito partilha da ideia. Foi esta escrita torrencial que desde cedo compararam à de Herberto Hélder, uma referência literária de Nuno Brito com quem acabou a trocar correspondência. Herberto chegou a “Delírio Húngaro” (Edita-me, 2009) por intermédio

Nuno Brito tem 33 anos e acaba de publicar “As Abelhas Produzem Sol”. Em setembro, ruma à Califórnia para dar aulas de Literatura Portuguesa

Perfil

Nuno Brito Data de nascimento 02 de dezembro de 1981 Obras publicadas “Delírio Húngaro” (Edita-me, 2009) “Créme de la creme” (Planeta Vivo, 2011) “Duplo Poço” (Hariemuj, 2012) “As Abelhas Produzem Sol” (Exclamação, 2015) Percurso Académico Licenciatura em História, FLUP Especialização em História Medieval e do Renascimento Doutorando em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos

do professor Arnaldo Saraiva, que conheceu Nuno Brito na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e que foi o primeiro a escrever uma resenha crítica a uma obra sua. Depois de ler “Delírio Húngaro” surge a primeira carta de Herberto: “Foi uma carta que me deixou muito contente. Que mostrava apreço por mim, pela minha escrita. E a partir daí surgiram outras. A carta começava a dizer: ‘Tenho andado em buscas extremo ocidentais’, isto numa linguagem muito dele, a querer dizer ‘tenho andado a procurar o que há de novo na poesia portuguesa’”. Na escrita do autor portuense, gostou do que encontrou. Nuno Brito acredita no valor da nova poesia portuguesa. Fala-nos

de Nuno Moura, Rui Pires Cabral, Manuel de Freitas e Beatriz Híerro Lopez. Acrescenta Maria de Sousa, Sara F. Costa, David Teles Pereira, Diogo Vaz Pinto, Inês Fonseca Santos. “Há uma série de autores do nosso tempo que acho brilhantes e que, de certa forma, mostram que estamos num tempo muito vital da poesia portuguesa, provavelmente dos melhores da sua história”, sentencia o autor. Nuno Brito regressou ao Porto, vindo do México, em dezembro de 2014. Agora já está de malas aviadas para a Califórnia, onde vai voltar a ensinar Literatura Portuguesa, a partir de setembro. No seu livro, fala da emigração dos anos 60 como “necessária, anti epopeia,

precária e assimbólica”. “Acho que a emigração hoje continua a ser assim. É uma emigração violenta”, diz. No seu caso, parte para a Universidade de Santa Bárbara “com grandes expetativas”, mas sente que se tivesse tido alguma hipótese cá, optaria por ficar”. “Tentei bastante, mas não consegui”, remata. Nas suas “memórias do futuro” vê a filha. “Não saber o que vai ser a vida dela, acho que são essas as memórias que me seguem. No texto ‘Um Marinheiro = a Dois Marinheiros’ digo ‘Que te puxe uma memória do futuro/que te puxem uns olhos que também são teus’. Esses olhos são da minha filha. Que nos puxem, que nos levem para a frente”.


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praça

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roteiro

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sábado

Nem sempre é possível estender a tolha à beira-mar, mas pode fazê-lo na relva num jardim sossegado perto de si. Onde? Venha daí. Pág.

O Passeio dos Clérigos vai ser palco pelas 17h de um concerto dos Héber Marques Band, que andam pelo país a apresentar o seu primeiro álbum, “Sente”. A entrada é livre.

PágS. 22 e 23

domingo

comes & bebes

E, pronto, pode parar de salivar. Vamos finalmente ter gelados Santini no Porto, em concreto no centro histórico. Pág. 24

Ouça a música de Wolfgang Mozart e e Maurice Ravel no concerto que o programa “Cultura em Expansão”, da Câmara do Porto, leva ao Centro Paroquial de Aldoar. É o segundo da iniciativa “Música para os meus Ouvidos” – Concertos ESMAE e é às 17h.

comes & bebes

Na Tasca Caseira, há bife raspado como os antigos faziam, no pão, mas também há queijos e enchidos e vinhos de produtores nacionais. Pág. 24


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roteiro

Parque das Devesas

relaxar NO MEIO URBANO

Jardins e parques (quase) secretos na cidade No fim de semana ou depois do trabalho, f uja da rotina... alice barcellos (Textos) miguel oliveira (Fotos)

C

om o verão a bater à porta, é quase impossível resistir a um passeio ao ar livre. Como nem sempre é possível estender a tolha à beira-mar, por que não fazê-lo na relva ou à sombra fresca de uma árvore. Onde? Venha daí, que nós guiamo-lo. Parque da Cidade, Palácio de Cristal

ou Serralves são locais que fazem parte do roteiro mais conhecido de parques e jardins do Porto (ver caixa). Existem, contudo, outros locais, alguns protegidos por portões de ferro forjado, outros mais afastados do centro da cidade, que convidam à descoberta e a passeios com menos gente. Parque de São Roque Ao entrar no parque pela rua de São Roque da Lameira, na freguesia de Campanhã, é o palacete da antiga Quinta da Lameira que nos recebe com o seu amarelo torrado, azulejos na fachada e telhas de faiança. O imóvel, atualmente fechado e

degradado, esconde quatro hectares de verde que sobem por trás dele até a travessa das Antas, onde se encontra a outra entrada para o parque. Conhecido por quem ali vive, e porque quem brincou lá antes de a degradação se instalar, o parque de São Roque passa despercebido a muitos habitantes da cidade e mesmo aos turistas que nos visitam. Para além dos jardins, fontes, lagos e grandes árvores, é motivo de atração um labirinto circular que faz as delícias dos mais pequenos. Foi lá que o P24 encontrou Paula Gouveia, moradora na zona que, aproveitando o período de férias,

acompanhava o filho com um grupo de amigos. “Este é um parque muito pacato”, descreve, acrescentando frequentar o espaço há vários anos. “Já foi mais atrativo para as crianças, pois antes existia um parque infantil, que se foi degradando e acabou por desaparecer”, conta, lembrando ainda que chegou a funcionar ali no parque um café, “que também fechou”. O encerramento destas estruturas deixou o parque “menos atrativo e menos concorrido”, mas, ainda assim, é um local especial, “onde ouvimos os passarinhos e temos ar puro”. Além disso, “há casas de banho e água, o que para as crianças

é essencial”, nota a moradora, que demonstra alguma preocupação com o estado de degradação do local. “Já se ouviu falar um pouco de tudo”, refere. A última proposta foi feita pela CDU que quer ver a Câmara do Porto a investir na requalificação do espaço. Enquanto o palacete do século XVIII permanece fechado, os jardins do parque, em estilo romântico, continuam a convidar para um passeio prolongado. Parque de São Roque Quinta da Lameira Rua São Roque da Lameira, 2040, Porto Horário: 8h às 20h


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ROTEiRO

da avenida da República, que continua a passar despercebido. “Muitas pessoas pensam que, por ser uma propriedade privada, está fechada ao público”, justifica Mariana Tavares, uma das responsáveis pelo bar do espaço. O parque e o palacete do século XIX estão abertos ao público e podem ser visitados gratuitamente. Não se assuste com uma garrafa gigante no meio do jardim – é o projeto “Portugal in a Bottle”, que divulga as riquezas culturais do nosso país, dos comes e bebes ao artesanato, passando pela música.

Parque das Virtudes

Quinta do Covelo

PaRqUE daS VIRTUdES

qUInTa dO COVElO

“JaRdIM daS CaMÉlIaS”

Centro do Porto, Cordoaria. Um dos locais mais conhecidos e visitados da cidade ainda guarda um segredo verde que alberga a maior Ginkgo Biloba de Portugal. Com 35 metros, a árvore é um dos exlibris do Parque – jardim ou horto, como também é conhecido – das Virtudes, escondidinho ali atrás do Palácio da Justiça. Tem a particularidade de ser um jardim em socalcos sobranceiro ao rio Douro, ao casario de Miragaia e ao edifício da Alfândega. Se no fim de semana o espaço tem mais gente, à semana há momentos em que se encontra quase vazio, por exemplo pela manhã ou à hora do almoço. Quem garante é Pedro Santos, estudante, que costuma frequentar o espaço. “Este é um dos sítios mais bonitos do Porto para mim”, afirma. Apesar de não ser muito conhecido, “é seguro e costuma estar limpo e bem tratado”, refere.

O espaço verde, com cerca de oito hectares, é muito utilizado para caminhadas e corridas, mas tem como estrela maior o parque infantil. Os equipamentos para os mais novos fazem com que a Quinta do Covelo seja muito procurada ao fim de semana, “ao domingo, no fim da manhã, já não há sítios para estacionar”, conta Mário Silva, morador da zona, que vai caminhar todas as manhãs ao parque, “menos ao domingo”. Apesar de ser mais procurado ao fim de semana, sobretudo por famílias mas também por jovens casais, durante a semana o espaço ainda conserva recantos sossegados, divididos entre vegetação mais densa e uma alameda de árvores, que termina nas ruínas da casa e capela da antiga Quinta do Lindo Vale ou da Boa Vista, que permanecem assim desde o Cerco do Porto.

Escondido entre as caves de vinho do Porto, fica o Parque da Quinta do Conde das Devesas – que também é conhecido como Jardim das Camélias, por ser “casa” para mais de 104 variedades destas árvores. Ao entrar no parque, somos recebidos por um tulipeiro centenário, que, por esta altura do ano, providencia sombras amenas com os seus galhos frondosos. É impossível não reparar no solar que se impõe no jardim. Mas nem sempre foi assim. Quando a Câmara de Gaia começou a recuperar o espaço, que esteve fechado durante vários anos e o abriu ao público em 2013, “o solar estava tomado por silvas e heras”, conta Fernando Martins, funcionário do parque. Hoje, o palacete do século XVIII continua fechado e em ruínas, mas o jardim está bem cuidado. Além das várias variedades de camélias, neste momento sem flores, há azáleas, magnólias e lagos com nenúfares, num jardim em socalcos, que já não tem a dimensão original, mas ainda permite um passeio diferente. “Este é um jardim sossegado e pouco conhecido. Recebe 20 a 30 pessoas por dia”, partilha o funcionário.

Parque Municipal das Virtudes rua de azevedo de albuquerque Horário: de outubro a março das 9h às 18h, de abril a setembro das 9h às 19h

Quinta do Covelo acessos pelas ruas faria guimarães e bolama Horário: de outubro a março das 7h às 17h, de abril a setembro das 7h às 20h. o parque infantil abre sempre às 10h.

Parque da Quinta do Conde das Devesas rua dona leonor de freitas, 162, gaia Horário: de 16 de outubro a 14 de março das 9h às 17h; de 15 de março a 15 de outubro das 9h às 18h, durante a semana, e das 9h às 19h, durante o fim de semana.

Quinta do Covelo

qUInTa da BOEIRa Conhecida pelo seu restaurante e também por ser local de casamentos, batizados e outros eventos, a Quinta da Boeira, no centro de Vila Nova de Gaia, oferece aos visi-

tantes três hectares de jardim, com árvores seculares e um lago. Um refúgio verde bem perto da azáfama

Quinta da Boeira rua teixeira lopes, 114, gaia Horário: das 10h às 22h

Os mais visitados

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Parque da Cidade

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jardim Botânico

É o maior parque urbano do país. são 83 hectares e cerca de 10 quilómetros de caminhos, que se estendem até ao mar. aos domingos, junto ao edifício transparente, há tai-chi (9h30) e Método derose (11h) – aulas gratuitas.

antes de se transformar em jardim Botânico do Porto, a Quinta do Campo alegre pertenceu à família andresen e foi a casa da infância de sophia de Mello Breyner e de ruben a., referida, muitas vezes, nas suas obras literárias. hoje, é um jardim público, mas que continua a guardar os seus encantos e recantos.

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Palácio de Cristal

os seus jardins românticos apresentam várias vistas panorâmicas sobre o douro. são oito hectares de verde bem no coração da cidade, onde há parque infantil. até setembro, aos sábados, há aulas livres de pilates (9h) ioga (10h) e tai-chi (11h).

3

serralves

uma pá gigante vermelha recebenos à entrada do Parque de serralves, para que não haja dúvidas. este é um parque diferente. a “Colher de jardineiro”, de Claes oldenburg e Coosje van Bruggen, é a mais emblemática das várias esculturas que povoam este espaço verde. são 18 hectares com vários recantos e diversas espécies de árvores e plantas.

Parque da Lavandeira

Com 11 hectares, é um dos parques mais conhecidos e frequentados de Vila nova de Gaia. tem espaços de lazer e jardins temáticos, além de uma agenda diversificada de iniciativas, como o ioga (quartas e sextas-feiras, às 9h45) e o tai-chi (terças e quintas-feiras, às 9h30).

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Quinta da Conceição

É o principal parque público de Matosinhos. o espaço ainda conserva traços do Convento de nossa senhora da Conceição da ordem de são francisco, construído a partir de 1481. o parque conta também com uma piscina, projetada pelo arquiteto siza Vieira, que esteve fechada durante um período para manutenção e reabriu ao público no verão passado.


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comes & bebes

porto Quase 70 anos depois do nascimento da marca

Attilio Santini abriu a primeira loja da marca em 1949, em Cascais

“Os melhores gelados do mundo” a partir de 18 de junho na cidade simão freitas (Texto)

E

stávamos em 1949 e Attilio Santini abria portas de uma loja que viria a tornar-se local de culto para toda a gente, do povo à realeza. O homem que tratava o antigo monarca espanhol Juan Carlos por Juanito tinha acabado de abrir, no Tamariz, Cascais, a geladaria Santini, iniciando um culto que tem quase 70 anos. A tradição de ‘ir ao Santini’ alargase agora ao Porto, com uma loja que será inaugurada a 18 de junho no largo dos Lóios. Ao P24, o neto de Attilio, Eduardo Santini, e um dos atuais diretores, explicou que o espaço, o maior da cadeia, tem 200 metros quadrados. “[Como] no Porto a temperatura não é tão alta, as pessoas procuram mais comer

um gelado no interior”, justifica o empresário. “Em Cascais ou no Estoril, é mais fácil para alguém chegar, comprar um gelado e dar uma volta”, continua Eduardo Santini. Além disso, os responsáveis “apaixonaram-se logo pelo espaço”. Quanto a novidades, só uma: a “surpresa que está no segredo dos deuses”, um sabor de gelado dedicado à Invicta. Quanto ao resto, a tradição mantém-se. “Nada é diferente, prometemos ser iguais como sempre fomos”, garante Eduardo Santini. A loja do Porto terá, à semelhança das congéneres de Cascais, Estoril e Chiado, 23 sabores todos os dias, de um leque de mais de 100 que já foram criados pela icónica marca. Até os cones, “feitos na produção da Santini”, são os mesmos, e garantida está a presença do famoso gelado de morango, além dos sabores tradicionais como o chocolate ou a baunilha, que estarão disponíveis todos os dias. “Aqueles que vêm a Cascais comer um gelado

terão a mesma sensação no Porto”, afiança Eduardo Santini. Em 2012, a Santini esteve presente no Grande Porto, com gelados à venda no Club del Gourmet do El Corte Inglés, na zona ocidental do Porto, mas também na avenida da República, em Gaia. Essa foi uma das ações de “teste de mercado” que a Santini levou a cabo, numa cuidadosa prospeção. “Essa ação permitiu aumentar as vendas e [serviu] para avaliar o mercado. Apostámos na loja da Santini agora por causa pujança e projeção que a cidade do Porto está a ter”, explica Eduardo. A Santini chega finalmente à Invicta, depois de “inúmeros pedidos no Facebook”, incluindo uma página criada para o efeito. A partir de 18 de junho, o Porto pode comer um gelado Santini sempre que quiser, seja nos 40 lugares sentados no interior ou durante um passeio pela baixa ou centro histórico. E eles, os gelados da Santini, vêm mesmo a tempo do S. João.

PORTO QUEM DESCE AS TAIPAS

Aqui é mais bife raspado A Tasca Caseira recuperou “uma tradição dos anos 50”

Aqui não há hambúrgueres, há bife raspado...

ana isabel pereira (Texto) miguel oliveira (Foto)

Na Tasca Caseira, não há cá os hambúrgueres da moda. Há bife raspado como os antigos faziam, no pão. E há queijos e enchidos e vinhos de produtores nacionais, a quem os portuenses José Silva e Sónia Sousa, os protagonistas desta aventura com sede no número 8 da rua das Taipas, reconhecem qualidade. José, 42 anos, deixou a profissão de toda a vida – enfermeiro –, para perseguir um sonho – pronto, ain-

da faz uma ‘perninha’ no privado um dia por semana, mas é de alma e coração que está agora na restauração. Sónia, a esposa, 34 anos e técnica de radiologia, foi quem o encorajou. Também ela deixou

a profissão que sempre conheceu. Ele está na cozinha, onde ela ajuda quando não está na sala. Puseramse no lugar do cliente e foi assim que ‘desenharam’ o conceito que inauguraram em fevereiro: “Aqui

FOTO: DR

Santini chega (finalmente) à Invicta

não encontrrá produtos estrangeiros e os preços são sempre praticados na ótica do português. Depois, tudo é feito com produtos de qualidade”, afiançam. É José quem os vai buscar, ao Bolhão, à lota de Matosinhos e ao comércio local. O bife raspado, que “dá cabo do cotovelo” a José, é, na versão “Bife raspado à antiga portuguesa” (10,9 euros) – o o cartão de visita da casa. A iguaria leva o dito bife – de carne da vazia maturada –, queijo da Serra, chouriço de porco preto de Barrancos e tomate coração de boi. E chega à mesa num pão preto com sementes – é feito com tinta de choco, mas não sabe ao molusco! – que será “único no Porto”. O bife raspado – que “desapareceu quando apareceram por cá os hambúrgueres, nos anos 60”, explica José – é rei numa carta que tem petiscos variados e tábuas. Entre os primeiros, há francesita – francesinha maior do que o habitual, mas que foi pensada para partilhar;

custa 6,5 euros –, bifana de porco “reinventada” – com sabor ao Sul e ao Norte; 5 euros –, orelha de porco “com sabor a leitão da Bairrada” (5 euros), alheira de Mirandela assada (7,5 euros) e moura assada (6,95 euros). As tábuas, de enchidos e/ ou queijos (entre 9,95 e 18,9 euros), dão para “duas a quatro pessoas”. As saladas, as tapas – “freestyle de bocaditos portugueses” –, os pratos que vão surgindo diariamente, sempre diferentes, no quadro que está à entrada, os sumos naturais e o Porto tónico completam a oferta deste negócio, que abriu no sítio onde chegou a funcionar o Pão que Ladra e cujo preço médio anda pelos “10 a 15 euros” (sem vinhos). O serviço da Tasca Caseira – “Caseira”, em homenagem a um familiar e em jeito de manifesto – é “tipicamente lento”, não porque o atendimento seja demorado, mas porque o José e a Sónia não apressam a saída dos clientes.


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sexta-feira 12 de junho de 2015

SAiR

PORTO uma tem vista para a praça da batalHa, outra, no bonjardim, tem arte

a cidade tem duas novas guesthouses o’porto boutique guest House e in porto gallery guesthouse

Na in Porto Gallery Guesthouse respira-se arte

ana luísa Oliveira (texto)

a

O’Porto BoutiqueGuest House é a mais recente guesthouse do centro histórico, fica junto à praça da Batalha e é um projeto de Sandra e Fernando Madureira – sim, o conhecido líder da claque Super Dragões. À entrada, há uma pequena montra de produtos portugueses e, distribuídos por três pisos, encontramos 15 quartos (a partir de 68 euros/noite) e um apartamento (135 euros). A decoração é diferente em cada um deles, num há uma estante estampada no papel de parede e noutro, o quarto do rei, a decoração é suntuosa; alguns quartos têm varanda com vista para a praça da Batalha. Quem ali ficar pode esperar uma hospitalidade “genuinamente tripeira”, garante Sandra. “[Para que] possam viver a cidade tal e qual como nós, tripeiros de gema, e fiquem apaixonados por ela e

pelas suas gentes”, justifica a empresária. O investimento é privado e foi possível graças a “muitos anos de poupança” e ao trabalho “dos principais mentores” do negócio, os pais de Sandra, “que sempre estiveram ligados ao ramo da restauração e, mais recentemente, na comercialização de artigos de vestuário desportivos”. As intervenções feitas no edifício contaram com o apoio do arquiteto Eugénio de Sousa. Na In Porto Gallery Guesthouse, na rua do Bonjardim, o enfoque é

outro. De portas abertas há apenas dois meses, esta guesthouse é elegante e marcada por vários detalhes, entre os quais peças de arte originais, provenientes de coleções privadas – assinadas por nomes grandes como Armanda Passos, Armando Aguiar, Nadir Afonso, Cohen Fusé ou Helena Abreu – mas também de exposições temporárias de talentos portugueses. O espaço “alia a estadia no Porto à atmosfera criativa, original e relaxante que só a arte tem a capacidade de inspirar”, ex-

plicou ao P24 a sócia-gerente Lara Alves. Com uma decoração inspirada nos sentimentos que a arte transmite, os seis quartos possuem obras de arte originais e casa de banho privada e todas as comodidades, do ar condicionado ao secador do cabelo, passando pela televisão. Há ainda uma zona de pequenos-almoços no interior e um jardim com deck coberto, que funciona no verão e no inverno – tem portas de correr em vidro e uma lareira ecológica a etanol. A ideia é que os hóspedes conheçam a cidade e os seus habitantes “num ambiente genuíno, acolhedor, informal e repleto de arte”, sublinha Lara, que, juntamente com o marido, Álvaro Costa, abandonou o que fazia para se aventurar num negócio por conta própria. Outro projeto lançado com capitais próprios. O’Porto Boutique Guest House rua alexandre Herculano, 410-412 facebook.com/oportoboutiqueguesthouse in porto gallery guesthouse rua do bonjardim, 358 inporto.pt

CORPO

gaIa o festival tem o apoio da autarquia e da águas de gaia

Atlantic Surf Fest volta a Canide Norte evento alia o surf à música e arrancou na quarta-feira. das 10h às 4h ana isabel pereira (texto)

A quarta edição do Atlantic Surf Fest, a decorrer na praia de Canide Norte, Gaia, só termina no domingo. Até lá, para além de assistir às competições, pode aprender a surfar e/ou assistir a atuações ao vivo de DJ. A entrada é livre durante todo o evento – que passou a ter

cinco dias em vez de dois –, mas esta sexta-feira o público estará mais à vontade para participar nas atividades paralelas, uma vez que ainda não há provas a decorrer. A realização da primeira etapa do Circuito Europeu de Longboard é “a novidade deste ano”, disse ao P24 Pedro Ferreira, um dos promotores – o Atlantic Surf Fest é organizado pela associação Portugal Ativo, pelas escolas de surf Malibu e Surf Atitude e pela empresa Rios e Trilhos. A prova esteve suspensa nos últimos dois anos mas a Fede-

ração Europeia de Surf está a reativá-la. Na frente desportiva, são esperados mais de 30 competidores de toda a Europa. No areal – concessão do bar e parceiro Grão d’Areia –, esperam-no “atividades e sunset parties todos os dias”. Esta sexta-feira, quem for até à praia de Canide Norte poderá experimentar o paddle, participar na experiências do Pena Aventura Park, surfar pela primeira vez ou assistir a uma mostra de filmes sobre surf e longboard. Ao final do dia, há a Sun-

set Party com o DJ Ratus. Sábado e domingo, decorrerão o European Pro Longboard e ao European Pro Longboard, respetivamente e continuarão as atividades paralelas, com destaque para a “Pegada ecológica – uma limpeza de praia que decorrerá entre as 11h e as 14h, 15h” no sábado. Em 2016, haverá mais novidades e das boas. A organização está a tratar de incluir no evento “uma etapa do circuito mundial” de uma das duas modalidades, surf ou longboard, e quer que o festival passe a ter “uma semana”.

VALENTINA VALENTINA... Maria Valente

valentinafashionmenow.blogspot.pt

Muita roupa e nada para vestir? Quantas vezes dizemos que não tínhamos nada para vestir? Quantas vezes tirámos tudo de dentro do armário e nada servia? Com a transição de estações, acabámos sempre por descobrir que afinal até temos “alguma” roupa, mas no dia a dia, quando precisamos de encontrar o coordenado certo para determinada situação, seja ela de trabalho ou lazer, o caso muda de figura. O dia por norma começa cedo e é normal apressarmos a saída de casa. Mas, já diz o ditado, a pressa é inimiga... Siga estas dicas:

1

. Em primeiro lugar, é importante fazer boas escolhas na hora de comprar, mais vale optar por menos peças e comprar bem. Não comprar nada por impulso é o passo mais importante e não repetir peças que já existem no armário – investir para usar a longo prazo é o segredo.

2

. Manter o armário limpo e arrumado e apenas com as peças que usa com mais frequência. Na hora da escolha, tudo será mais fácil.

3 4

. Ter duas ou três combinações que nunca irão falhar.

. Comprar boas peças básicas, que poderão ser facilmente combinadas com bons acessórios e calçado trendy.


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breves

PORTO

Locomotiva celebra Ano Internacional da Luz De 12 a 27 de junho, o Porto Light Experience é um projeto do coletivo FAHR 021.3 com o designer de luz José Nuno Sampaio. Uma colaboração que visa dar um novo ar à “Metamorfose”, uma instalação dos FAHR no âmbito da Locomotiva, isto a propósito do Ano Internacional da Luz. A ocupação luminosa termina no dia 27 de junho, um sábado, com um DJ set, que complementará a aplicação de reações luminosas e interação com vídeo.

PORTO

PORTO

Espírito africano no Maus Hábitos

Politécnico expõe no Soares dos Reis

O Musseque Kuia, projeto criado pelos elementos da banda Throes + The Shine, regressa ao Maus Hábitos amanhã, 13 de junho. Com início pelas 23h30 e entradas a 3,5 euros, o evento apresenta o DJ Lynce – que também seleciona discos para as produtoras Lovers & Lollypops e Faca Monstro – e os elementos dos Throes + The Shine para DJ sets para uma noite com muita música africana. O evento conta ainda com as ilustradoras Clara Pessanha e Raquel Peixoto.

A Coleção de Pintura Portuguesa Contemporânea do Instituto Politécnico do Porto pode ser vista até 19 de julho no Museu Nacional Soares dos Reis numa exposição inserida nas comemorações dos 30 anos daquela instituição de ensino. As obras, que estavam dispersas, são agora reunidas pela primeira vez numa só mostra. Entre outros, a exposição, inaugurada ontem, 11 de junho, inclui obras de artistas plásticos como Cláudia Melo, Álvaro Lapa e Nikias Skapinakis.

artes

porto Ex-Bauhaus e Love and Rockets amanhã no no Rádio

David J vem ao Porto para estar próximo do público Músico vai estar no Rádio Bar para atuar e apresentar livro

os artistas podem receber apoio dos fãs disponibilizando-lhes em troca um código para o download dos trabalhos realizados com esse financiamento (patreon.com/davidj). É dessa forma que David J vai “continuar a publicar música, em formato streaming para o público”. Já um sucessor do livro “Who Killed Mister Moonlight?: Bauhaus, Black Magick and Benediction” – publicado no outono do ano passado como um relato pessoal

David J é o nome artístico de David John Haskins, fundador dos Bauhaus e dos Love And Rockets

simão freitas (Texto)

O

Os bilhetes para a dupla sessão no Rádio Bar custam 10 euros e as portas da ‘sala’, no coração da baixa do Porto, abrem-se às 22h

FOTO: DR

baixista David J – nome artístico de David John Haskins –, fundador dos Bauhaus e dos Love And Rockets, vem ao Porto, ao Rádio Bar, amanhã, 13 de junho, para um “concerto único e intimista”. Quem o diz é a Sister Ray, que promove o evento. O músico, com quem o P24 falou, confessa-se apaixonado pela cidade. David J não tem propriamente locais preferidos no Porto, gosta de “vaguear pela cidade e arriscar encontrar algumas maravilhas e pequenos milagres”. “O Porto é uma cidade velha e encantadora, imbuída de charme e mistério. É um sítio cheio de fantasmas amigáveis”, descreve o ex-baixista dos Bauhaus na resposta escrita enviada ao P24. No horizonte de David J não está o lançamento de um novo álbum, o que não quer dizer que o músico esteja parado. David J tem vindo a libertar novos temas na conta que criou recentemente no Patreon, um site onde

da ascensão e queda dos Bauhaus, mas também a carreira da solo e do percurso com os Love And Rockets – parece mais provável. “Estou a juntar ideias para um novo, embora não seja tão focado numa só banda [Bauhaus] como este”, revelou ao P24 o músico britânico. O concerto, “com guitarra acústica e vocais” do ex-baixista dos Bauhaus, deverá incidir sobre a carreira a solo do baixista, nomeadamente o álbum mais recente, “An Eclipse of Ships”, lançado em

2014, mas também sobre alguns temas icónicos tanto dos Bauhaus como dos Love And Rockets – estes fundados por ex-elementos dos primeiros, à exceção de Peter Murphy. O concerto e a apresentação do livro serão uma só sessão, uma vez que a interpretação de temas da carreira de David J será intercalada pela leitura de excertos da obra e com questões do público, a que o músico aceitou responder. O livro, publicado pela Jawbone Press parte do diário que David J ia mantendo e é descrito como tendo uma “narração sem rodeios ou censuras”. Nascido em Northampton, em 1957, David J é considerado um dos pioneiros da música gótica e do glam rock. Entre os seus trabalhos mais recentes, está o tema principal da série de animação infantil “Harvey Beaks”, do Cartoon Network. É ainda DJ residente em várias galerias e eventos a nível mundial, como o Knitting Factory, e andou recentemente em digressão com a sua nova banda, The Gentleman Thieves. Os bilhetes para a dupla sessão com David J custam 10 euros. As portas do Rádio Bar abrem-se a partir das 22h para um concerto que pretende ser intimista e interativo.


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NA ÁREA METROPOLiTANA DO PORTO

pÓvOa dO varZiM

Maia

santO tirsO

Concerto de sérgio Godinho 13 de junho, às 21h30 Cine teatro Garrett sérgio Godinho apresenta “Liberdade”, um espetáculo com o qual o músico corre o país para falar e cantar sobre todos nós. Bilhetes a 13,5 e 16,5 euros

“d. Quixote” pela companhia Varazim teatro 13 e 14 de junho Quinta da Caverneira a história do desenfreado cavaleiro que sai de casa com o seu ajudante com a ideia de fazer o mundo um sítio melhor. Continua à tentar... Bilhetes a 3 e 5 euros

ii thyrso urban race 13 de junho, às 15h Praça do Município são 10 km de distância com dezenas de obstáculos que podem ser ultrapassados por todos: homens, mulheres, em equipas ou sozinhos. Pelo menos, a meta é num lugar fresquinho: o Parque da rabada. Inscrições em run4fun.pt

vila dO cOnde

trOfa

encerramento aniMar 10 14 de junho, às 16h teatro de Vila do Conde o festival de animação termina com a apresentação das curtas-metragens produzidas pelos jovens ‘cineastas’ durante os ateliês nas escolas. Bilhetes a 2 e 4 euros

especial sprint da trofa 14 de junho este ano a Câmara da trofa organiza com a demoporto um domingo ruidoso. Pode ficar nas bermas da estrada e ver os carros a passar ou então inscrever-se e ‘fazer piões’ para a vizinhança. A inscrição custa 70 euros

MatOsinhOs

paredes

valOngO aguiar e doce tiana Quando lhe apetecer os concursos para melhor fidalguinho e melhor regueifa de 2015 em Valongo já têm vencedores e agora, com muito menos gente nas ruas, pode sossegadamente comprar as ‘guloseimas’. Vá até lá e compre os fidalguinhos na biscoitos aguiar e a melhor regueifa na doce tiana, confeitaria em Campo. Que lhe saiba bem!

Concerto com a orquestra sinfónica Casa da Música e Gregory Porter 13 de junho, às 22h Praça Guilhermina suggia e o jazz regressa com toda a força a Matosinhos. desta vez com a magnífica voz de Gregory Porter num concerto único e com entrada livre. a não perder.

Musicar – i festival música de arouca 16 de junho a 06 de julho, às 21h30 Cadeiral Mosteiro de arouca um primeiro festival de música para um espaço mágico, o da sala do Cadeiral. os arouquenses e turistas podem assistir a 6 concertos em que se incluem os de Mário Laginha do Maestro Vitorino d’almeida. saiba mais em musicarouca.com

pOrtO

xix encontro internacional de estátuas Vivas 13 e 14 de junho são dezenas as estátuas que regressam a espinho e que recriam personagens e épocas diversas. Entrada livre.

sãO JOãO da Madeira exposição arte Bruta – transgredindo fronteiras 20 de junho, das 10h às 18h oliva factory nem todos querem ser artistas ou apelidados de tal. esta exposição é feita daqueles que se afastam deste conceito. são obras que pertencem à Coleção treger/ saint silvestre, um acervo único na Península ibérica. Entrada livre

gOndOMar 500 anos do foral manuelino Biblioteca municipal de Gondomar 19 de junho, às 21h uma festa da cidade em honra de um foral. a celebração incluirá leituras, debates, medalhas e momento musical com os Vox Populi. até 21 de junho decorre também uma feira quinhentista no terreiro junto à biblioteca. Entrada livre

arOuca

festival Caixa ribeira 12 e 13 de junho Vários sítios são mais de 40 fadistas que, entre o Palácio da Bolsa, o hard Club ou a igreja de são francisco, cantam a alma lusa, incluindo nomes como Camané, Maria da fé e Cidália Moreira. Bilhetes a 28 (passe) e 35 euros (diário)

espinhO

“Viajar em Baltar 15-15” 13 de junho, às 21h30 Largo Comendador Pereira inácio o momento feliz em que Baltar foi elevada a concelho é lembrada por pela associação Clube de jazz de Baltar nesta peça de teatro dramática. Entrada livre

vale de caMbra

vila nOva de gaia festival internacional de Música de Gaia Vários espaços 10 de junho a 25 de julho, às 21h30 assista aos concertos de Paul Badura-skoda, Vita Panomariovaite, angel Gonzalez ou antónio rosado. ao todo são 11 atuações num cartaz eclético. alguns espetáculos custam a 4 euros; os restantes são gratuitos.

night runners – Caminhada ao ar livre 18 de junho, às 19h30 Praça Comendador Álvaro Pinho da Costa Leite uma corrida noturna, gratuita e aberta a todos, que serve para gastar energia mas também para conhecer a vizinhança.

santa Maria da feira teatro de Marionetas: resposta a todas as perguntas 17 de junho, às 10h Biblioteca de santa Maria da feira rodolfo é um cientista louco que constrói uma máquina do tempo para partir em busca da fórmula Matemática. Mais informações pelo 256 377 030

Oliveira de aZeMÉis sport day for all – futsal 17 de junho, às 14h30 Centro Lúdico de oliveira de azeméis agora que as crianças entram em férias, é preciso pô-las a mexer. em caso de dúvida, leve-as a oliveira de azeméis e dê-lhes uma tarde de futsal. Basta ter mais de 9 anos. Entrada livre


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a fechar

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cartasdoleitor Contra a Corrente nO facebOOK

arte de filigrana em “escritas do sol”

nOva garrafa de água pOrtO | Marina cOelhO

| Na verdade sempre bebi água da torneira. Sempre me preocupei em informarme, e sempre me disseram que a água do Porto era boa para beber! Nunca me senti mal. Fresquinha e com casca de limão, é ótima. Quanto à garrafa, é muito atraente e ficará muito bem no frigorífico,não tendo que acumular garrafas descartáveis,que a maior parte das vezes não vão para reciclar...

Manuel Vitorino jornalista autor do blogue:

http://mautempocanal.blogspot.com

A

“Foi muito difícil chegar até aqui, por vezes até doloroso. O problema desta minha exposição é que eu nunca sabia quando ia acabar. Só terminei quando a ideia que esteve na sua génese findou. Depois, não faço nada igual”, confessaou ao P24 Margarida Reis. Dias após a inauguração dos seus trabalhos, “um sucesso enorme, pois a galeria esteve cheia de muitos amigas e amigos”, a artista dispôs-se a fazer uma espécie de visita guiada às “Escritas do Sol” e a contar algumas histórias do seu percurso estético e artístico. “Este projecto só viu a luz do dia ao fim de 12 anos de trabalho contínuo. Só duas das peças expostas têm mais de 15 metros de rede e 3 mil pedras de cristal. Tudo feito em linho tratado para conceber as texturas. Não foi fácil fazer estes bordados a ouro, juntar as pedras com outros tecidos fazendo uma espécie de joalharia cósmica que inunda a terra de luz”, diz Margarida Reis, sorriso luminoso e afabilidade no olhar, uma doçura de senhora, 82 anos, eterna apaixonada pela poesia

cecilia trindade | Gostei

da ideia! FOTO: CM Matosinhos

artista utilizou apenas algumas matérias nobres como seda translúcida, fios de ouro, prata e pedras de cristal nas recentes obras concebidas em diferentes formatos, texturas, imagens que remetem para o esplendor quinhentista das Descobertas. Margarida Reis chamou-lhes “Escritas do Sol” e o resultado do seu percurso estético está patente até 04 de julho na Biblioteca Municipal Florbela Espanca, em Matosinhos. Uma viagem para os sentidos e o avivar de memórias de antigos ofícios ligados à tecelagem e ao têxtil, mas também, tributo ao percurso singular de uma mulher única no panorama da arte contemporânea portuguesa. Na próxima Bienal de Arte de Vila Nova de Cerveira, prevê-se a devida homenagem.

em “escritas ao sol” presta-se homenagem a sophia e evoca-se eduardo di Capua, autor de “sol Mio”.

de Sophia e grata a Eduardo di Capua, o napolitano que imortalizou “Sol Mio”. A exposição desenrola-se em diferentes núcleos e pelas paredes sobressaem excertos de poemas de Sophia de Melo BreynerAndresen obras com legendas sedutoras: “Árvore do Sol”, “Infinito”, “Memórias de Ausência”, “Terra Adormecida”, “Depois do Sol, antes de amanhecer”. Todas as peças estão revestidas com caixas de acrílico e todas elas foram vendidas ainda no ateliê a colecionadores particulares ou institucionais. Qual o segredo em tempos de crise? A resposta estará, com toda a certeza, no prestígio alcançado ao longo de muitos anos, bem como na originalidade das obras. O mesmo aconteceu há 20 anos quando um conhecido empresário do Porto foi aconselhado a deslocar-se à Cooperativa Árvore, no Porto, com o objetivo de apreciar a exposição intitulada “A linguagem amorosa do têxtil” (1995). Foi amor à primeira vista. A coleção foi imediatamente adquirida pela Fundação Belmiro de Azevedo com vista à criação de um núcleo museológico onde as artes ligadas ao têxtil e à tecelagem tivessem o relevo e a atenção pública que mereciam.

“Todo o trabalho têxtil está ligado à mitologia como criadora do Universo. Nas sociedades remotas dizia-se tecer o Mundo em vez de criar o Mundo. O ato de tecer teve sempre correspondência com o nascer da vida e o nascer cósmico”, explica a artista. O pintor e galerista RuiAlberto acompanha há vários anos o trabalho de Margarida Reis e elogia o seu percurso: “É um caso único no Mundo. Não conheço ninguém igual. Tem um sentido de contemporaneidade incrível e consegue conciliar materiais pouco vulgares e difíceis de serem trabalhados, como o linho e a seda, dando-lhes texturas muito ricas do ponto de vista artístico. É uma artesã no sentido concetual do termo com enorme inteligência e criatividade”, enfatiza. A artista formou-se na antiga Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis (onde durante muitos anos lecionou) e fez o curso de Complemento Têxtil, na Universidade do Minho. Foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, ganhou vários prémios e distinções, participou em diversas exposições individuais, a penúltima das quais, em 2013, intitulada “Em Busca do Silêncio”, no Paço dos Duques, em Guimarães. Em “Escritas do Sol”, Margarida Reis

utiliza uma linguagem cósmica para definir as suas últimas criações artísticas, alegorias onde entram estrelas e o sol a namorar a lua às escondidas do arco-íris. E como o “Sol é o símbolo da Vida”, nada melhor do que, então, admirar a obra exposta de uma artista que, aos 82 anos, continua a surpreender para deleite dos seus inúmeros admiradores e colecionadores. Só os “media” – a maior parte, entenda-se – continuam a silenciar uma das artistas mais criativas e inovadoras do nosso tempo. Uma nota final para a Galeria Municipal Florbela Espanca, que existe há 10 anos e se tornou um dos equipamentos de referência cultural no panorama das artes plásticas e palco habitual de colóquios, lançamento de livros, debates sobre poesia e literatura, entre os quais, os encontros denominados “Literatura em Viagem”. Como sublinhou ao P24 Fernando Rocha, vereador da Cultura da Câmara de Matosinhos, “a maioria dos grandes pintores e escultores já tiveram exposições neste espaço”, que desenvolve também ações em parceria com Serralves. Até ao final do ano estão previstas exposições do escultor Carlos Marques e do pintor Jorge Pinheiro, um dos artistas do famoso grupo Quatro Vintes.

Obras dO JOãOZinhO suspensas | virginia dias | Politiquices e prota-

gonismos – é assim a gestão desta república, entretanto apodrecem as bananas...

rui MOreira nãO apOia ninguÉM nas legislativas | david afOnsO pinhO | Também se arrisca

a ficar a meio da ponte, de querer agradar a gregos e a troianos, de ficar antes só do que mal acompanhado, ou orgulhosamente só, como preferirem. cMp teM 20 MilhÕes para indeMniZaÇÕes | diOgO duncan | Tirando o

Aleixo não estou a ver nada que justifique provisões dessa ordem de grandeza... “centralisMO abJetO” iMpede MunicípiO de faZer Mais | gOnÇalO sOnnY X saMpaiO | O papel

de vítima continua, tal como quando perdemos o Circuito da Boavista por “não termos dinheiro”, e de repente Vila Real acolhe o WTCC. O centralismo também favoreceu Vila Real? É uma conspiração contra o Porto? Pelo amor da Santa. geral@porto24.pt


sexta-feira 12 de junho de 2015

saiba mais em: http:www.porto24.pt

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Memória porto | eugénio de andrade desapareCeu Há exatamente 10 anos

da imortalidade da obra à guerra sobre o seu destino Casa e espólio do poeta foram tema de conflito entre a Câmara do Porto e a família de eugénio

a autarquia não respondeu ao P24 sobre eventuais planos para ativar o imóvel homenagem

exposição e evocação na Biblioteca Municipal o Porto, através da Câmara Municipal, não vai deixar passar em branco a data que assinala os 10 anos da morte de eugénio de andrade. na Biblioteca Pública Municipal, o vereador da Cultura, Paulo Cunha e silva, inaugura este sábado, dia 13, a exposição “eugénio de andrade e fernando Lopes Graça: o diálogo entre a música e a poesia”. após a abertura da mostra, que ficará patente até setembro, haverá duas sessões, no mesmo local, com as presenças de arnaldo saraiva e da soprano ana Maria Pinto, que evocarão a memória e a obra de eugénio. Presente estará também o Coro juvenil do Conservatório de Música do Porto, que fará uma atuação ao vivo que antecederá a abertura da exposição.

a casa de eugénio de andrade, na esquina da rua do Passeio alegre com a calçada de serrúbia, continua com destino incerto pedrO eManuel santOs (texto) carlOs rOMãO (foto)

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oi na manhã de 13 de junho de 2005, a mesma em que desapareceu Álvaro Cunhal, líder histórico do PCP, que Portugal recebeu a notícia da morte de um dos seus poetas maiores, Eugénio de Andrade. O homem que se foi fazendo do Porto depois de ter partido menino do Fundão natal e ter passado por Lisboa e Coimbra deixava para trás 82 anos de vida e uma obra que o

catapultou para o patamar maior da história da literatura lusa. José Fontinhas, para sempre eternizado pelo pseudónimo que adotou desde as primeiras obras, apaixonou-se pelo Porto. Em concreto pela Foz do Douro, onde viveu mais de 50 anos, na moradia que faz a esquina da rua do Passeio Alegre com a calçada da Serrúbia. Foi este edifício que esteve no centro da polémica que surgiu nos anos seguintes à morte de Eugénio de Andrade. O imóvel albergava a fundação com o nome do escritor e

fora legado em vida por Eugénio aos seus herdeiros. Segundo o próprio, para que fosse o conservado o seu espólio “de forma organizada”. A Fundação Eugénio de Andrade, porém, acabaria por ser extinta em setembro de 2011, entre acusações várias trocadas pelos responsáveis da fundação e familiares do poeta. O professor universitário Arnaldo Saraiva, então responsável máximo da instituição, recusou alongar-se ao P24 sobre esses tempos conturbados. “É um assunto que, sinceramente, me enjoa. Esforcei-

me para entregar as coisas o melhor possível, é a única coisa que posso, e que quero, dizer”, referiu. Após o fim da fundação, a Câmara do Porto, ainda durante a presidência de Rui Rio, em dezembro de 2011, ordenou o despejo dos familiares de Eugénio de Andrade da casa da Foz do Douro, alegando como motivo o fim da fundação, num caso que provocou celeuma na cidade. O assunto seguiu mesmo para tribunal, numa ação movida pelos familiares contra os responsáveis camarários.

Depois de alguns anos ao abandono, o espólio de Eugénio acabou por ser recuperado pela autarquia em 2013, ano em que foi transferido para uma sala especialmente criada para o efeito na Biblioteca Pública Municipal do Porto, junto ao jardim de São Lázaro, onde pode ser visto e consultado gratuitamente pelo público. A casa de Eugénio de Andrade, essa, continua com destino incerto. O P24 perguntou à Câmara do Porto se existiam planos para a ativar, mas não teve resposta em tempo útil.


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