Especial bebé Emoção de uma gravidez pág. 03
Os milagres que todos os dias acontecem na sala de partos do “S. Sebastião” P. 04 e 05
Conselhos úteis para cuidar do seu bebé
O mundo cor-de-rosa para pequenas princesas
P. 06 a 09
pág. 12
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Correio da Feira 26.MAI.2014
O diálogo da psicologia ou psicologia do leitor
Construam-se novos bebés
O processo de maturação emocional e construção de expetativas por parte dos casais atuais pressupõe uma sólida formulação afetivo-relacional pelo desejo em terem um bebé. Este bebé fruto de uma relação que se entende, infelizmente nem sempre acontece, como funcional e de caráter adaptativo promove o crescimento individual de cada elemento do casal e também, na maioria dos casos, a uma reformulação da tríade pensar-sentir-comportarse. Esta tríade evidencia uma reestruturação que a maioria dos casais consegue de forma autónoma alcançar, no entanto, muitos deles não se conseguem por si só reestruturar nas novas expetativas, nos novos desejos, nos novos comportamentos ou até nas possíveis rotinas que se alterarão com a presença do bebé. Assim sendo, se o casal não apresentar harmonia relacional, comunicação simétrica permanentemente, o processo de gravidez poderá, em muitas situações relacionais, conduzir ao conflito comunicacional, ao não entendimento das expetativas sobre a gravidez e sobre o futuro do bebé, bem como, ao não entendimento de serem capazes de redefinir o processo de atenção, a partilha de carinho e amor por mais um elemento na família. Por conseguinte, e apesar de pensarmos que não é necessário nenhuma preparação para se ter um filho, o que sabemos é que a realidade nos diz precisamente o contrário. E se a prática clínica associada à informação que todos nós conseguimos interpretar, poderemos assumir que este é um processo que tem de ser trabalhado por todos ou então nem todos os casais estarão preparados para terem um bebé. Importa que percebamos que ter um bebé pode ser um processo mais ou menos fácil, contudo o difícil será ajustarem-se a essa
realidade! Perante isto, sabemos que os momentos de felicidade por uma gravidez desejada poderão permitir uma maior capacitação e adaptação do casal grávido. Poderá parecer estranho o recurso ao casal grávido, mas deveremos entender como tal. O investimento é de ambos, o desejo tem de ser de ambos, a diferenciação de tarefas é delineada por ambos, os cuidados prénatais e pós-natais têm de ser obrigatoriamente entendidos e executados por ambos. Nunca mas nunca fará sentido assumirmos qualquer ação como sendo da responsabilidade da mulher grávida. E este sim poderá ser um aspeto pelo qual deveremos repensar as nossas estratégias educativas e modelos culturais, pois num casal importa que a tónica seja dada na redefinição de papéis, na aprendizagem dum novo modelo relacional, bem como, numa capacidade de ajustamento a um contexto relacional ligeiramente diferente daquilo a que os elementos dos casais estavam habituados. É caso para dizer que deveremos conseguir construir uma nova forma de família! Assim sendo, e partindo do pressuposto que o casal funciona duma forma ajustada o processo de gravidez será sempre um sinal de presença afetivo-relacional e onde o casal deverá potenciar o diálogo, as carícias e dialogar com a barriga da mamã, pois haverá um entendimento da harmonia, da tranquilidade no meio intrauterino. É um período de grande investimento e que a construção dum contexto sem conflitos, sem discussões potenciará todo um desenvolvimento e criará condições únicas para que o período pós-natal ocorra sem grandes sobressaltos. O nascimento do bebé promoverá um novo sistema familiar, o casal com um bebé, que promoverá alteração na dinâmica relacional, na capacidade de interpretar novos estímulos dados pelo bebé, bem como, entenderem que o tempo para o casal diminui, pois terá de haver redefinição da relação e atenção para um terceiro elemento. O bebé exigirá extrema atenção e isso implicará menor tempo para o casal!
O casal terá que obrigatoriamente se redefinir, enquanto casal com um bebé, e agir em conformidade, pois só assim haverá entendimento entre os elementos do casal e haverá uma maior capacidade de investir afetivamente e de forma diferenciada no bebé e no elemento do casal. Nos primeiros tempos após o nascimento verificamos que se estabelece uma relação extremamente fusional entre a díade mãe-bebé, que sendo perfeitamente natural poderá levantar dificuldades no outro elemento do casal. Existem alguns casais em que o pai apresenta dificuldades por esta relação, sentindo-se excluído da tríade relacional. Isto acontece, pois não há um completo entendimento do processo de ajustamento a uma nova realidade relacional e afetiva. O bebé ao contatar com o seio da mãe (importa que a amamentação seja efetuada) inicia e estabelece a criação dum vínculo extremamente importante para o processo de estruturação da personalidade do bebé.
Apesar de todos os períodos pré-natais serem também eles igualmente importantes, este primeiro marco que pressupõe o ato da sucção implica, por si só, um vínculo extremamente importante. Ainda que possamos afirmar que o que pode estar em causa é somente o princípio do prazer pelo alimento, o que sabemos é que é neste momento de maior fusão entre bebé e mãe, a personalidade do bebé se estrutura duma forma mais capacitante. O bebé começa a interpretar as situações, os contextos e também as suas necessidades e motivações. Embora saibamos, que as necessidades mais básicas terão de ser as primeiras a serem alcançadas, é por demais evidente que as necessidades de amor e pertença devem ser rapidamente alcançadas pelo bebé. Estas dependem da qualidade afetivo-emocional que a mãe, em primeira instância, consegue transmitir ao bebé e posteriormente o pai também deverá ser parte fundamental em todo este processo afetivorelacional. A capacidade
que o bebé ao longo do seu desenvolvimento consegue na interpretação de uma outra figura importante na sua vida, o pai, torna-se também importante no caminhar da estruturação da personalidade. Outro aspeto importante e que muitos pais não entendem como sendo um marco fundamental, é a capacidade do bebé reagir ao desconforto ou ao medo. Muitos pais acham este processo natural e descuram muitas vezes a razão pela qual o bebé chora insistentemente ou demonstra algum incómodo pela situação ou contexto. Sabemos que o foco atencional do bebé é evidente e é capaz de diferenciar oscilações contextuais, situacionais e até de pessoas. Este contato com diferentes realidades é importante para o desenvolvimento do bebé, no entanto, importa que os pais consigam interpretar as reações do mesmo. O choro por exemplo pode ser uma resposta emocional e comportamental diferenciada e que poderá significar medo, desconforto, choro ou pedir a presença dum
significativo. E o choro importa que seja interpretado pelos pais, importa que entendam e reflexionem sobre as diferentes intensidades e frequências do choro. Embora saibamos que não existem bebés ideais no que às suas reações dizem respeito, o que sabemos é que muitos dos comportamentos dos bebés são o reflexo da qualidade relacional existente entre o casal. E esta relação já influência o desenvolvimento do feto, do bebé no meio intrauterino. A presença do bebé pode em algumas situações desestruturar o sistema familiar, pois os pais não se adaptam a uma nova realidade e os bebés são o reflexo deste desajustamento. Seria importante que não idealizássemos bebés perfeitos como se construíssemos novos bebés, pois eles são apenas aquilo que o casal lhes dá. Construam-se novos bebés mas sabendo de antemão que a construção a efetuar será a de novos pais! Nuno Barata, psicólogo clínico
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A chegada de um filho é encarada com grande expectativa e muitas dúvidas
A emoção de uma gravidez O nascimento de um filho é um momento marcante para a vida de qualquer casal. Os preparativos para a chegada do pequeno rebento são encarados com grande emoção, mas também com expectativa e dúvidas. A partir do momento em que a mulher descobre que está grávida, o mundo transforma-se. E começa logo dentro de si. As transformações no corpo são gigantescas. É normal a grávida querer saber tudo sobre a forma como o bebé está a crescer dentro de si.
Décima à 12.ª semana
14.ª à 18.ª semana
Todas as estruturas básicas do bebé estão formadas à 14.ª semana. O sistema
Nesta altura, por volta da décima semana, já se vislumbram as pernas, os braços e o nariz. Os olhos es-
e a 24.ª semana. Esta fase é marcada pelo desenvolvimento dos sentidos: o cheiro, o paladar, a audição, a visão e o tacto. O bebé começa assim a ouvir tudo o que se passa à sua volta, nomeadamente a voz da mãe.
24.ª à 28.ª semana
Por esta altura, o bebé já terá hipótese de sobreviver fora do útero, com assistên-
Primeiro trimestre
Quando a mulher descobre que está grávida, já uma revolução aconteceu dentro do seu corpo. A descoberta, em regra, acontece por volta da quarta semana de gestação.
Quinta à sétima semana
Com cinco semanas, o embrião é tão pequeno como uma cabeça de alfinete, mas já todos os órgãos estão em desenvolvimento. O coração do bebé começa a bater na sexta semana e desenvolvem-se também os rins e delineiase um primeiro esboço da cabeça. No final da sétima semana, o embrião já cresceu o dobro e terá agora a dimensão de um feijão. O seu corpo começa a ganhar forma, desenvolvemse os olhos, a boca e a língua.
Oitava à nona semana
Na oitava semana, iniciase a ossificação do esqueleto. O cérebro e o coração desenvolvem-se a um ritmo cada vez maior. Por volta da nona semana, o embrião pesa mais ou menos uma grama.
Terceiro trimestre
O último trimestre começa às 29 semanas. Na 30.ª semana, o bebé já mede 40 centímetros e pesa cerca de 1,5 quilograma. Já distingue a luminosidade da escuridão.
31.ª à 36.ª semana
tão bem desenvolvidos. Na 11.ª semana já é considerado um feto, já dá pontapés, muito embora a mãe não os sinta. No final do primeiro trimestre, quase todos os órgãos e estruturas vitais do feto estão formados.
Os cuidados pré-natais são fundamentais para uma gravidez saudável e para um pleno desenvolvimento do bebé. Segundo trimestre
Por volta da 13.ª semana, o bebé já tem um rosto cada vez mais humano. Começam a formar-se as cordas vocais.
circulatório estará bem desenvolvido, os ossos cada vez mais fortes e as pernas e os braços cada vez maiores. Além disso, já começou a desenvolver a habilidade de agarrar e poderá ser capaz de chuchar no dedo. À 18ª semana, as feições humanas estão completas. Nas meninas, o útero e as trompas de Falópio estão formados, e nos meninos os genitais já são perceptíveis, embora possam estar escondidos durante as ecografias. Por esta altura, a mãe poderá começar a sentir os movimentos do bebé.
19.ª à 23.ª semana
Na 19.ª semana, o bebé já deverá pesar cerca de 250 gramas e medir cerca de 15 centímetros. Também, nesta altura, já será possível identificar, através da ecografia, o sexo do bebé e, se bem que seja mais seguro, fazê-lo entre a 20.ª
O que levar para a maternidade Para a mãe:
está em franco desenvolvimento. À 27.ª semana, pesa cerca de um quilograma e mede cerca de 30 centímetros. O bebé poderá perceber alguns estímulos exteriores, respondendo ao toque ou assustando-se com barulhos fortes.
-Duas a três camisas de dormir, largas com abertura à frente. -Cuecas de algodão ou descartáveis - Sutiã de amamentação e discos absorventes - Chinelos de quarto e duche - Toalhas de banho - Estojo de higiene pessoal (sabonete champô, pensos higiénicos…) - Boletim de grávida, exames e documentos de identificação - roupa para vestir no regresso a casa
Para o bebé
- quatro a seis mudas de roupa (interior e exterior), meias de algodão ou carapins - duas fraldas de pano - Toalhas de banho - fraldas descartáveis e toalhetes - gorro - mantinha
cia médica adequada. De qualquer modo, o sistema respiratório ainda
Com 31 semanas, o bebé passa por outro salto de crescimento. Durante 34.ª semana, o bebé começará a colocarse na posição final, preparando-se para o nascimento. Efectivamente, se o bebé decidir nascer
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A grávida precisa de adoptar uma alimentação adequada para manter ou melhorar a sua saúde e, simultaneamente, criar condições para o parto e proporcionar um desenvolvimento fetal normal nesta altura, já terá 99 por cento de probabilidades de conseguir sobreviver. À 36.ª semana já tem cerca de 2,7 quilogramas e medirá 48 centímetros.
37.ª semana à 40.ª semana
O bebé está pronto para viver fora do útero. Publicidade
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Santa Maria da Feira // Hospital S. Sebastião é uma referência no que toca a nascimentos
Os milagres que todos os dias acontecem numa das melhores salas de partos do país Sónia Sá Pinheiro Aberto há sensivelmente 15 anos é no Núcleo de Partos do Centro Hospitalar entre Douro e Vouga que o fenómeno do nascimento tem maior expressão. Considerado um dos núcleos com melhores resultados a nível nacional, por aqui passam grávidas, maioritariamente, dos concelhos da Feira, Arouca, São João da Madeira, Vale de Cambra, Oliveira de Azeméis e Castelo de Paiva. Nos últimos anos, este é também o local de eleição para o nascimento dos pequenos príncipes e princesas das gestantes, dos concelhos vizinhos, de Vila Nova de Gaia e Espinho, em parte pelas excelentes condições proporcionadas.
O primeiro contacto com a unidade
O primeiro contacto que as futuras mamãs têm com os profissionais desta unidade hospitalar é por volta das sete semanas de gestação, data em que, os respectivos médicos de família, devem encaminhar as gestantes para o designado Protocolo 1. Desta consulta, resultam a realização de uma ecografia de datação, a determinação do risco da grávida, a colheita de sangue para o rastreio bioquímico, assim como o agendamento da ecografia de primeiro trimestre (por volta das 12/13 semanas), para despiste de eventuais más formações fetais. Segundo este processo, e não se tratando de uma grávida de risco, a futura mamã é então devolvida ao centro de saúde, onde será acompanhada pelo seu médico.
laços com as utentes, tranquilizando-as para o processo de gravidez e parto. “A forma como a grávida se comporta durante a gravidez depende muito deste primeiro contacto” – referiu Teresa Paula Teles, directora do serviço de obstetrícia e ginecologia do CHEDV, para quem o segredo
tacto é retomada por volta das 35 semanas, período em que o acompanhamento passa a ser efectivo nesta unidade. Entrando na chamada “recta final” da gravidez, é altura de abrir o processo no hospital, sendo agendada uma outra consulta, por volta das 38 semanas, no centro de saúde, e uma última, por volta das 40 semanas, nesta mesma unidade, onde é realizado o ponto de situação e agendado o parto para cerca de uma semana depois.
Papás convidados para um tour pelo núcleo de partos
Este é um primeiro passo muito importante também para os profissionais desta unidade, uma vez que, segundo os mesmos, é a primeira oportunidade de criarem
reside na confiança depositada nos profissionais. E, se desde cedo há uma preocupação destes profissionais em tranquilizar as futuras mamãs para o processo de parto, a continuidade do con-
Com uma total abertura para o utente e de forma a dotar os futuros papás de todos os conhecimentos para o momento que se aproxima, o Hospital de São Sebastião (integrado no CHEDV), realiza diversas sessões de esclarecimento. Agendadas para todas as segundas e quartas-feiras de cada mês, durante as manhãs, e sem necessidade de agendamento prévio as futuras mamãs e os acompanhantes assistem a uma palestra dada por uma enfermeira parteira, onde podem aproveitar para esclarecer dúvidas. O final da sessão culmina com um tour dos papás pelas instalações do CHEDV, onde visitam o piso 6 (unidade de obstetrícia/ala de internamento), assim como o nú-
cleo de partos situado no piso 3. Nesta mesma sessão, os papás ficam a conhecer as diferentes fases do processo, desde a sua entrada na instituição, aquando do início de trabalho de parto, até ao momento da alta hospitalar, passando por todas as salas e pelo bloco operatório do núcleo. O final da visita culmina com a oferta de alguns miminhos para as futuras mamãs, patrocinados pelos diversos laboratórios. E, porque o acompanhamento e o esclarecimento das grávidas é fundamental, os profissionais da Unidade Hospitalar de Entre Douro e Vouga têm em ideia implementar alguns serviços complementares. A primeira medida passará por criar, a curto-médio prazo, uma sessão para as futuras mamãs, no final do primeiro trimestre de gestação (perto da ecografia das 12 semanas), de forma a desmistificar e tirar dú-
vidas em relação à alimentação, ao exercício físico e actividade sexual. Também nos planos desta equipa está a implementação de uma página web, de forma a facultar às gestantes toda a informação relativa à lista do que necessitam levar para o hospital (para si e para os bebés).
Equipas médicas sempre disponíveis
À frente deste núcleo, as futuras mamãs podem encontrar, 24 horas por dia, profissionais especializados. Assim, numa equipa que ronda os 90 profissionais qualificados, disponíveis estão sempre três médicos obstetras e uma equipa de enfermeiros que troca de turnos três vezes por dia. Na ala de obstetrícia, as utentes podem contar com a colaboração, durante o turno da manhã, de três enfermeiras e duas assistentes operacionais. No período
Curiosidades: Este núcleo tem uma taxa de cesarianas de 26%. Primeiros a nível nacional com taxas de epidural, durante o trabalho de parto, acima dos 90%. No caso de grávidas com contraindicações, são usados outros métodos de anestesia de forma a minimizar a dor.
A ala está actualmente com uma baixa de nascimentos. Em números, frente ao mesmo período homólogo, a 30 de Abril deste ano, registavam-se menos 16 partos. O hospital tem um serviço de neo-natologia dos melhores do país.
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da tarde estão disponíveis duas enfermeiras e duas assistentes operacionais e, durante a noite, o mesmo número de enfermeiras e apenas uma auxiliar. No núcleo de partos, dos cerca de 37 enfermeiros alocados, cada turno possui duas parteiras, uma enfermeira anestesista, uma enfermeira instrumentista, uma no recobro, uma enfermeira circular e uma enfermeira de admissão. A esta equipa, juntam-se ainda os três obstetras, acima mencionados, e um médico anestesista (ao serviço exclusivamente do núcleo 24h por dia). Os turnos são das 8h00 às 14h00, das 14h00 às 20h00 e das 20h00 às 8h00 da manhã. Os horários de visita são das 11h00 às 20h00, sendo que no período inicia, até às 15h00, apenas pode entrar um acompanhante; e após o restante tempo há duas visitas rotativas por cada puérpera.
“Com uma total abertura para o utente e de forma a dotar os futuros papás de todos os conhecimentos para o momento que se aproxima, o Hospital de São Sebastião (integrado no CHEDV), realiza diversas sessões de esclarecimento” Um dos núcleos mais bem equipados do país
Sendo, actualmente, uma referência a nível nacional, o núcleo de partos de Santa Maria da Feira é um exemplo a seguir. Além das salas de dilatação confortáveis, independentes e com televisão (os quais permitem ao casal maior tranquilidade), fazem ainda parte as salas de parto (para uma segunda fase) dotadas de uma box onde é possível prestar os primeiros cuidados ao recém-nascido acabado de nascer. A box possui reanimador, aspirador e toda a medicação inerente à chegada do bebé ao mundo – injecção vitamina k e desinfecção ocular. No centro do núcleo existe também um pequeno bloco operatório de forma a proporcionar que em menos de cinco minutos se possa avançar para uma cesariana. “Se o bebé entrar em sofrimento temos capacidade de, em menos de cinco minutos, iniciarmos uma cesariana, porque temos o privilégio de ter um bloco operatório ao lado de todas as outras salas” – indicou orgulhosamente a directora desta unidade a qual considera ser “umas mais valia que quase
nenhum outro hospital tem”, permitindo assim à equipa trabalhar com muita segurança. Esta é, de todas as fases do processo, a única onde os acompanhantes não podem estar presentes com as futuras mamãs. Em parte pela dimensão do bloco e também por uma questão de higiene, evitando assim o aumento do risco de infecções. Junto ao bloco operatório, encontra-se, também, uma central de monitorização contínua de cardiotactografia. Nesta sala, os profissionais vigiam, 24 horas por dia, a frequência cardíaca do bebé, até um total de oito mamãs, que é a capacidade do próprio núcleo.
A hora de receber o bebé
Eis que chega o momento tão esperado. O nascimento do bebé marca não só os pais como os profissionais desta unidade que, especializados na área de prénatal, sentem-se uns privilegiados por poderem partilhar este momento com os mais recentes papás. Aquando do nascimento do bebé, esta unidade permite aos acompanhantes cortarem o cordão umbilical e até vestirem, pela primeira vez, os seus pequenos tesouros. E, embora as regras da instituição não permitam o uso de máquinas fotográficas e de filmar, as profissionais são sempre muito benevolentes e tentam fazer de tudo para proporcionar aos pais os melhores momentos das suas vidas. Por isso, caso os pais pretendam tirar uma foto, após a devida solicitação, o pedido é atendido. A única condição exigida é não incluir nas imagens captadas os profissionais da instituição. É, então, preocupação desta mesma equipa permitir que o bebé mame, ainda no núcleo de partos. E, sendo necessário à mamã estar duas horas de vigilância, ainda neste sector, para vigiar as eventuais perdas de sangue, esta é a oportunidade de fazer a primeira tentativa de amamentação. Logo que a mamã esteja pronta, o bebé fica com ela na mesma cama, até irem para o sexto piso, onde ambos passarão as habituais 48 horas (72 horas no caso de cesariana) até ser dada a respectiva alta.
Serviços complementares da unidade
Cada criança que nasce no CHEDV, tem disponível um conjunto de serviços. Assim, caso não nasça ao fim-de-semana, é nesta unidade que efectua o primeiro rastreio auditivo, o qual permite avaliar a função sensorial do recém-nascido. É também nesta unidade que recebe as primeiras vacinas e que o irão proteger nos primeiros meses de vida. Da lista de vacinação, constam a Hepatite B e a BCG. Igualmente importante é o Sistema Ser Cidadão. De segunda a Sábado, da parte da
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Neo-natologia: Considerado um dos serviços mais bem equipados, a nível nacional, é na neo-natologia que se encontram os recém-nascidos com problemas no período neo-natal e precisam de maior vigilância e, muitas vezes, de cuidados intensivos. É também aqui que são recebidos os bebés prematuros que, a partir das 24 semanas de gestação, são acolhidos nas incubadoras de forma a serem acompanhados até ao fim de termo. Transferidos, na sua maioria, directamente do núcleo de partos, a esta unidade também chegam
bebés que, vindos do exterior, entram pelo serviço de urgência. Com regras extremamente apertadas, a unidade, aberta das 08h às 24h, apenas permite a entrada dos pais dos bebés ali internados, recebendo crianças até aos 28 dias de idade. Nesta unidade, com um forte dispositivo de segurança, os pais apenas podem trazer uma chupeta - a qual é esterilizada aquando a entrada do recém-nascido – um brinquedo lavável ou uma foto do irmão, a qual é incluída numa mica também esterilizada. Roupa, fraldas e produtos de higiene são de uso
exclusivo da unidade. O serviço tem também uma unidade de isolamento, que acolhe crianças com idades até aos três meses, com quadros respiratórios urgentes e que necessitam de ventilação. Com taxas de ocupação de cerca de 10% dos nascimentos, desta equipa fazem parte sete médicos, um dos quais ao serviço 24 horas por dia. Nesta ala, existem quatro unidades intensivas (com ventilador e monitorização completa) e quatro unidades de intermédios (com berço e incubadora).
Uma equipa privilegiada É com uma forte emotividade que a equipa de enfermeiros do CHEDV cuida das mamãs e dos recém-nascidos. Para esta equipa, composta por cerca de 37 enfermeiros, esta é a especialidade mais bonita de toda uma vez que lida com a chegada de um novo ser. “É uma situação indescritível pegar num bebé acabado de nascer e entregá-lo à mãe e ao pai” – referiu Anabela Brêda, enfermeira-chefe desta unidade hospitalar, para quem tarde, o gabinete de registo civil disponibiliza uma funcionária que garante que cada criança nascida nesta unidade saia registada. Futuramente, está-se a tentar implementar o sistema Notícia de Nascimento. Com este novo serviço, será permitido atribuir, a cada criança, uma número de utente, sem a necessidade da mãe fazer a deslocação ao centro de saúde.
“Sendo, actualmente, uma referência a nível nacional, o núcleo de partos de Santa Maria da Feira é um exemplo a seguir.” Fortes medidas de segurança desde o nascimento
O nascimento de um bebé nesta unidade é algo de extrema importância para a instituição. Por isso, há vários anos, está implementada a utilização de pulseiras electrónicas em todos os nascimentos. As mesmas
é sempre uma grande “emoção pegar num bebé e entregá-lo a quem o gera”. “Somos uns privilegiados por trabalhar nesta área e é muito compensador irmos na rua e sermos abordados pelas mamãs e papás que agradecem pelo trabalho realizado” – confessou a mesma profissional, admite que os primeiros partos realizados são sempre vividos com muita emoção. E, porque o lado humano está sempre muito presente, esta equipa tem por são colocadas no tornozelo dos recém-nascidos (no momento do nascimento) e apenas retiradas quando o mesmo recebe alta. Também são colocadas duas pulseirinhas de identificação no bebé – uma no pulso e outra no tornozelo. À saída do Centro Hospitalar, o segurança do piso apenas permite a saída dos bebés quando é realizada a entrega dos documentos (enviados do
hábito fazer uns miminhos para as mamãs que recebem os seus petizes nos dias de Natal e Passagem de Ano. “Temos sempre mãos habilidosas e criamos um enxoval para as mamãs do Natal e Ano Novo com casaquinho, carapins, touca e uma fraldinha bordada. É um miminho que não abdicamos” – mencionou a enfermeira-chefe, que se orgulha de todo o trabalho realizado em prol da unidade de partos e obstetrícia. piso 6) e de umas das pulseiras. Também é preocupação desta equipa o perfeito acondicionamento dos recém-nascidos para o transporte. Cabe às enfermeiras de serviço confirmarem que o bebé está perfeitamente colocado no babycoque antes de abandonar a enfermaria, situação confirmada, de novo, pelo segurança do piso.
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Dar ou não a chupeta? É nos primeiros meses de vida que a maior sensibilidade do bebé se centra na boca e é através dela que o bebé contacta com o mundo exterior. Portanto, para a criança a sucção funciona como uma das principais formas de exploração do seu corpo e do mundo que o rodeia. A sucção não-nutritiva assume um papel facilitador do ajustamento e interação da criança com o meio ambiente e pode manifestar-se, por exemplo, através do uso da chupeta. O termo anglo-saxónico pacifier(significa chupeta em inglês) parece sábio e acertado. O seu que se encontra instituído culturalmente. No entanto, este tema é controverso pois, se por um lado, não é recomendado o seu uso devido à possível influência na amamentação ou na saúde oral da criança, por outro a sua utilização voltou a despertar interesse devido ao efeito preventivo na Síndrome de Morte Súbita do Lactente. Um estudo realizado na Argentina em 2009 concluiu que em bebés de termo, saudáveis, que estivessem a ser amamentados com sucesso às 2 semanas de vida e cujas mães se encontrassem motivadas para amamentar até aos 6 meses, a recomendação da utilização da chupeta não diminuiria a prevalência de aleitamento materno exclusivo aos três meses. Outro estudo realizado em 2011 concluiu que a utilização da chupeta em crianças nascidas dentro do tempo, já com a amamentação estabelecida, não afetou significativamente a prevalência e/ou duração da amamentação exclusiva e parcial. Por outro lado, de entre todos os potenciais benefícios da utilização da chupeta, o que mais se destaca e que se encontra fortemente suportado pela evidência científica é a redução da Síndrome de Morte Súbita do Lactente, sendo o efeito mais quando a criança está a dormir. Incentivando o uso da chupeta, é provável que uma morte por Síndrome de Morte Súbita do Lactente pudesse ser evitada para cada
2733 crianças que usam chupeta quando colocada para dormir. Um estudo de mestrado realizado este ano em Portugal permitiu concluir que a utilização da chupeta parece prevenir a Síndrome de Morte Súbita do Lactente, não só pelo efeito protetor da chupeta na respiração durante o sono, como também através da posição que o lactente adota para dormir, evitando a posição de “barriga para baixo”, fator de risco para a Síndrome de Morte Súbita do Lactente. A sucção não-nutritiva está associada ao prazer e satisfação do bebé assim, a sua utilização irá promover menos movimento durante o sono, reduzindo a probabilidade de a criança se voltar em decúbito ventral/lateral ou colocar roupa da cama/objetos sobre a
sua cabeça prevenindo asfixia acidental. Relativamente à saúde oral da criança o uso da chupeta,após os dois anos, leva a alterações significativas na maxila. No que respeita à incidência de cáries, num acompanhamento efetuado a crianças não se observaram diferenças estatísticas significativas relativamente à prevalência de cáries em crianças com hábito de sucção não-nutritiva até aos 18 meses de idade. Em suma, a chupeta pode ser fornecida para prevenir a Síndrome de Morte Súbita do Lactente, desde que seja usada com moderação. O uso da chupeta não deverá ser desencorajado podendo ser especialmente benéfico nos primeiros 12 meses de vida. Os riscos começam a igualar
os benefícios em torno dos 12 meses de idade e parecem aumentar após os dois anos de idade, sendo após os 12 meses a idade ideal para o início da cessação do uso da chupeta. No entanto, relembra-se se a criança recusar a chupeta, não deve ser forçada a mantê-la. A chupeta não deve ser revestida com qualquer solução doce e deve ser limpa com frequência, bem como, substituída regularmente. A decisão de dar (ou não) a chupeta é uma decisão dos cuidadores. Trata-se de uma escolha pessoal sendo que, o mais importante é que os pais tenham conhecimento sobre este tema e que se sintam bem com a sua opção. A Walk’in Clinics preocupa-se consigo e com a sua família. Estamos disponíveis para es-
clarecer as suas questões e para acompanhá-lo em cada situação. Se já tiver subscrito o nosso Plano de Saúde Walk’in, terá acesso a Consultas Médicas de Urgência ilimitadas e gratuitas, sempre que precisar, e ser-lhe-á ainda atribuído um Médico Assistente (equivalente a um Médico de Família tradicional) e um Enfermeiro Care Manager, enfermeiro que é o gestor dos processos clínicos do cliente, bem como, o responsável pelo acompanhamento regular de todos os seus cuidados de saúde. Não hesite em contactar-nos, estamos ao seu dispor, 7 dias por semana, das 10h às 22h. Enfermeira Especialista Pediatria Denise Araújo – WalkinClinics Santa Maria da Feira
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Leite materno sim ou não? Segundo a Organização Mundial de Saúde, o leite materno é a melhor alimentação que o bebé pode ter até aos seis meses de vida. Este é um alimento muito completo e o mais adequado para o seu filho. Contém as proteínas, gorduras, açúcares, vitaminas e minerais apropriadas ao organismo do bebé, e ainda vários fatores de proteção. Além disso, é económico (não precisa de ser comprado) e está pronto a qualquer hora e sempre na temperatura certa! E se acha que o seu leite é fraco, não pense nisso! Não existe leite materno fraco, todas as mulheres produzem leite bom, completo e em quantidade suficiente. Aliás, a quantidade de leite produzida vai depender essencialmente do seu bebé e do quanto ele estimula as suas glândulas mamárias – quanto mais ele mamar, mais leite irá produzir. A quantidade de leite tambem pode ser influenciada pelo stress, diminuindo a produção se estiver muito stressada. Não se esqueça que nos primeiros dias o seu leite vai ser mais amarelado e transparente, chamado colostro. Não se assuste, é este leite que vai satisfazer as necessidades do bebé na primeira semana de vida. Na sua composição nutricional contém menos gordura e hidratos de carbono e mais proteínas; é ainda muito concentrado em sódio, potássio, cloro e anticorpos. Mais tarde o leite fica mais esbranquiçado e mais pobre nesses minerais. A composição nutricional do seu leite modifica-se de acordo com as necessidades do seu bebé. Mesmo no decorrer da mamada o leite muda: no início é mais aguado (apropriado para tirar a sede) e no final mais gorduroso (para tirar a fome). Existem algumas contraindicações na amamentação: se tiver alguma infeção (por exemplo vírus da imunodeficiência humana – SIDA) ou se precisar tomar algum medicamento que possa passar para o seu bebé, não será indicado amamentar. Fale sempre com o seu médico sobre a medi-
cação e a possibilidade de ser prejudicial para o seu bebé; informe-o que está a amamentar de forma a não correr qualquer risco. Claro que se não pode ou não quer amamentar, existem outras formas de o alimentar – as fórmulas lácteas. Esses leites resultam da transformação do leite de vaca, para o tornar o mais parecido possível com o leite humano. O regime desse tipo de leite segue as mesmas regras do leite materno, o bebé deve ser o único a decidir a quantidade e as horas da refeição. As
quantidades que vêm indicadas nas latas são apenas indicativas. Quanto à proporção de pó para água deve ser: 1 medida (do produto) para 30 ml de água, conforme o que estiver escrito no rótulo. Ao oferecer este leite, prefira os copinhos apropriados ou dê o leite à colher. Se decidir pelo biberão, não alargue o orifício da tetina. Mas deixamos-lhe um conselho: amamente o seu bebé exclusivamente até que ele complete os 6 meses de vida, ou prolongue o máximo que puder. Depois dos 6 meses
deve complementar a alimentação do seu filho com outros alimentos – inicia-se a diversificação alimentar – mas mantenha a amamentação pelo menos até aos 2 anos de idade! A Walk’in Clinics preocupa-se consigo e com a sua família. Estamos disponíveis para esclarecer as suas questões e para acompanhá-lo em cada situação. Se já tiver subscrito o nosso Plano de Saúde Walk’in, terá acesso a Consultas Médicas de Urgência ilimitadas e gratuitas, sempre que precisar, e
ser-lhe-á ainda atribuído um Médico Assistente (equivalente a um Médico de Família tradicional) e um Enfermeiro Care Manager, enfermeiro que é o gestor dos processos clínicos do cliente, bem como, o responsável pelo acompanhamento regular de todos os seus cuidados de saúde. Não hesite em contactar-nos, estamos ao seu dispor, 7 dias por semana, das 10h às 22h. Enfermeira Especialista Pediatria Vânia Junqueira – Walk-in Clinics Santa Maria da Feira
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Massagem ao bebé
O que é a massagem Shantala «Sim, os bebés têm necessidade de leite, mas muito mais de serem amados e receberem carinho, serem levados, embalados, acariciados, pegos e massageados» Shantala, uma mãe Indiana, desenvolveu a massagem Shantala nos seus filhos: uma técnica simples, amorosa, mas muito profunda de mimar e desenvolver laços afectivos com os seus filhos, enquanto lhes oferece bem-estar, alívio de cólicas, relaxamento, bem como ajuda no bom desenvolvimento psicomotor do bebé. Esta técnica milenar, descoberta por um médico francês que visitou a Índia e viu Shantala a
massajar os seus filhos numa calçada em Calcutá, pode ser usufruída pelo bebé já a partir do primeiro mês. Apesar de se um toque carinhoso, a Shantala tem um toque profundo e forte, não é superficial; faz alongamentos e trabalha a musculatura e as articulações do bebé. Há quem acredite que a massagem Shantala influencia até na formação da personalidade da criança, uma vez que a faz sentir muito amada e plena; e quem
LEBOYER recebe amor, aprende a amar e retribuir. As crianças Shantala serão adultos equilibrados, tranquilos, inteligentes e possivelmente contribuirão para a paz no mundo… e isso seria provavelmente o que a mãe Shantala aspirava. Pode encontrar a massagem Shantalaem Santa Maria da Feira na Clinifeira – clínicamédica (932273170 | clinifeira@gmail.com)
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As cólicas do bebé - por que acontecem e o que fazer? Bebés completamente saudáveis são capazes de chorar entre uma e três horas por dia, no total, sem que haja nada de anormal. Como não podem fazer nada sozinhos, os bebés precisam dos outros para conseguir a comida, o calor e o conforto de que precisam. Chorar é o único jeito que o bebê tem de comunicar essas necessidades. No começo, pode ser desesperante tentar descobrir exatamente qual a necessidade: ele está com fome? Com frio? Com sede? Com tédio? Quer colo? Com o tempo, porém, você vai começar a distinguir um pouco melhor cada choro do bebé. Normalmente os pais conseguem distinguir o chorar do bebê quando se trata de dor de barriga. O bebê fica vermelho, ou chora logo depois de mamar. As cólicas são dores muito fortes causadas pela acumulação de gases no aparelho gastrointestinal ainda imaturo do recém nascido. Geralmente as cólicas pioram no início da noite. Durante esta crise de dor, o bebé pode apresentar dificuldade em mamar, dormir, elimina gases e fica irritado, provocando situação de grande stress para os pais. Estes gases são decorrentes do ar que engolem quando mamam
ou usam a chupeta. As cólicas são comuns em bebés desde o nascimento, principalmente depois dos 15 dias, seguindo até os três meses de vida, normalmente ocorrem no mesmo horário. Raramente acontece em bebés com mais de seis meses de idade. Chegando à conclusão que são cólicas, poder-se-ão manter mais calmos, o que ajudará muito na
maneira de conduzir o quadro. 1. Tente aquecer a barriga do bebé colocando-o em contato com a mãe, pois este aconchego recorda-lhe o período intra-uterino. 2. Massajar o abdómen do bebé com creme ou óleo neutro para facilitar o deslizamento, fazendo movimentos no sentido horário (ponteiro dos relógios) para ajudar na libertação dos gases e faça também movimentos com as
perninhas do bebé como se este estivesse a pedalar, dobrando-as contra o abdómen e esticandoas. 3. Deslizar uma das mãos no sentido da base do peito em direção ao ventre como se estivesse a “esvaziar” a barriga do bebé. Estes procedimentos podem ser realizados durante 2 minutos cada um, de 4 a 5 vezes por dia, eles ajudam o bebé a não
ter cólicas ou a aliviar a dor na hora das crises. Mas, atenção, não precisa de aplicar todos os procedimentos como se fosse um rodízio. Aplique um procedimento, se ele já for suficiente não precisa realizar os outros. 4. Não interromper a amamentação! O leite materno não é a causa da cólica. O alimento de referência durante os 6 primeiros meses de vida é o leite materno, perfeitamente adaptado a todas as necessidades do bebé, pela sua constituição, proporcionando-lhe a melhor saúde possível. O leite materno é o melhor alimento para o seu bebé! 5. A mãe poderá evitar ingerir alimentos como café, chocolate, ovos, feijão, repolho, couve, brócolos, couve-flor, ... Que podem causar cólica ao bebé. Nada de chá - Não faça uso de chás para resolver o problema. O chá pode provocar ainda mais cólica já que o intestino do bebé ainda está imaturo. Ou o chá, por ter um efeito calmante, faz seu bebé dormir, mas não resolve a cólica. 6. Em último caso, o pediatra poderá prescrever um medicamento específico que estimule a eliminação dos gases melhorando o desconforto do bebé.
Porque “bolsa” o bebé e como pode evitar? Cerca de 40% dos recém-nascidos bolsa regularmente. A pior fase é aos 4 meses. Existe uma diferença entre o bolsar e vomitar. O vómito geralmente é mais forçado e em quantidade maior que a bolsada. Quando bolsa o bebé, parece nem perceber, ao contrário do vómito. O “bolsar” não é nada mais nada menos do que o refluxo gastroesofágico. Quando o alimento, ou seja, o leite ingerido pelo bebé, retorna ao esófago, após ter atingido o estômago, juntamente com o conteúdo gástrico. O refluxo pode ser fisiológico (normal) ou patológico (anormal). Quando é fisiológico, o bebé ganha peso adequadamente, regurgita pequenas quantidades após as mamadas, geralmente devido ao ar deglutido durante a mamada. Isto pode ocorrer devido a uma “pega” incorreta ao
seio materno, choro, ou grandes quantidades de alimento. Quando o refluxo for anormal, a frequência de retorno dos alimentos ao esófago é bastante elevada, podendo causar desnutrição, problemas respiratórios e dores abdominais.
Principais medidas para evitar o Bolsar
Apoiar o bebé nos braços durante a amamentação, com a cabeça e tronco alinhados entre si, de forma que o abdomen da mãe toque o abdomen do bebé. Liberar as narinas do bebé para facilitar a respiração durante as mamadas, fazendo com que o queixo do bebé toque o seio materno. A boca do bebé deve abocanhar boa parte da mama e não somente sugar o mamilo. Quando for necessário usar o biberão, este deve estar sempre
elevado, com o bico todo preenchido de leite para impedir que a criança engula muito ar. Colocar sempre o bebé para “arrotar” após mamadas, em posição ereta, junto ao tórax materno, apoiando sua cabeça e tronco. Manter a cabeceira do berço erguida em 30 graus, com a criança deitada sobre o seu lado esquerdo. Não é seguro colocar a almofada mas é possível colocar uma espuma por baixo do colchão para que o bebé fique com a cabeça mais elevada ou colocar calços por baixo dos pés da cabeceira do berço. Mantenha um ambiente tranquilo durante as mamadas. Reduza o barulho e outras distrações e tente não deixar o bebé ficar com muita fome antes de começar a amamentar. Se ele estiver distraído ou faminto, tem mais chances de engolir ar junto com
o leite. O ar depois precisa de ser libertado e aí bolsa ou regurgita um pouco do alimento com o ar que tem de sair. Se o bebé estiver a ser alimentado pelo biberão, certifique-se que o buraco no bico não seja muito pequeno, o que o deixará frustrado e o fará engolir ar. Por outro lado, se o buraco for muito grande, ele poderá engasgar-se porque o leite será abundante. Deixe a barriga do bebê sem apertos. Verifique se a calça ou fralda não estão muito apertadas. E não aperte a barriga na hora de colocar o bebé para arrotar. Não balance o bebé após a mamada. Deixe-o na posição mais em pé possível por meia hora ou mais. Assim, a gravidade irá ajudá-lo. Não alimente seu bebé demais. Se o recém-nascido golfa a cada mamada, ele pode estar comendo mais do que aguenta. Tente
alimentá-lo um pouco menos e veja se ele está satisfeito. Se o seu bebé regurgita enquanto dorme, tente elevar a sua cabeça no berço. Não é seguro colocar um travesseiro mas é possível colocar uma espuma em baixo do colchão para elevar a cabeça ou colocar calços em baixo dos pés da cabeceira do berço (verifique a segurança desses calços para que o berço não escorregue ou tombe). A boa notícia é que por volta dos 6, 7 meses, ou quando eles aprendem a sentar sozinhos, a maioria dos bebés para de regurgitar. Mas alguns ainda continuam até o primeiro aniversário. Regurgitar não é nada sério se, mesmo colocando o excesso para fora, o bebé continua a ganhar peso como deve. Converse com o seu pediatra e certifique-se que seu bebê está engordando conforme o esperado.
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Correio da Feira 26.MAI.2014
Fiães // Crianças já reconhecem Eva Ramos na rua
Avó Kika encanta os mais pequenos com as suas histórias Eva Ramos deu vida à Avó Kika graças ao afilhado, que a resgatou da fibromialgia. Desde então, tem marcado presença em várias terras, nunca esquecendo o seu fato de lavradeira e as suas “historinhas” originais que passam mensagens. Já adaptadas a peças de teatro, poderemos, brevemente, ver as histórias da Avó Kika publicadas.
Daniela Castro Soares
daniela.soares@correiodafeira.pt
“A fibromialgia já me fez sofrer muito, agora não faz, mas também me trouxe muita coisa boa. Se não fosse a fibromialgia, a Avó Kika não existia” – diz Eva Ramos. Quando começou a luta com a fibromialgia, a sua vida era um autêntico buraco negro. “Foi uma fase muito complicada. Os meus dias eram passados entre a cama e o sofá, sempre de robe e pijama. Não saía à rua e quando os meus filhos e marido chegavam a casa, não tinha qualquer ânimo” – conta Eva Ramos. Naquela altura, a doença ainda não era conhecida, nem mesmo pelos médicos, e a fianense sofreu o descrédito de muitos. “Além da doença, tive de arcar com a fama, porque há 25 anos ninguém sabia o que era isto, então diziam que não ia trabalhar porque não queria. Ouvir esses comentários, ao fim de 23 anos de trabalho, mexeu muito comigo” – afirma Eva Ramos, que até pensou em desistir de actividades que a ajudavam a ultrapassar as dores, como a catequese e o teatro. “No dia das actuações, punha-me a pensar “O que esta gente dirá? Estas coisas eu faço, mas outras não”, porque as pessoas não entendiam como podia fazer aquilo mas não ir trabalhar, apesar de essas actividades serem só umas horas, sem grande esforço físico” – explica. Foi o afilhado, João, que a veio
resgatar de todo este sofrimento. “Estava mesmo a bater no fundo, até que um dia, e considero isto um milagre na minha vida, nasceu o meu afilhado” – diz Eva Ramos. A irmã, que sempre teve esse desejo mas estava reticente devido às dores de Eva Ramos, acabou por deixar o filho com ela. “Comecei a ter de sair da cama
“Alguns vêem em mim a avó que não têm, e que gostariam de ter, e outros vêem a avó que têm em casa” porque tinha ali uma criança que precisava de mim. O meu afilhado trouxe-me muita coisa depois disso” – sublinha. A irmã e cunhado ainda lhe ofereceram alguma remuneração para cuidar do filho, mas Eva Ramos recusou terminantemente. “Diziam-me que eu estava presa por causa dele e eu respondia que estava muito pior antes de ele chegar, porque agora até saía de casa para ir levá-lo e buscá-lo à escolinha. Antes, numa escala de dores, eu estava no 1 (muito mau). À medida que fui passando tempo com ele, consegui chegar ao 10 (muito bom). A minha vida mudou completamente e a
Eva voltou a ser a Eva” – frisa a fianense. Com esta alegria reencontrada, as ideias começaram a surgir. “O meu afilhado inspirou-me e puxou-me para estas coisas. Quando ele foi para a pré-primária, comecei a ficar novamente muito tempo sozinha em casa. Então, pensei que tinha de arranjar alguma coisa” – recorda a fianense, que, ao olhar para o afilhado, que gostava de dançar, lembrou-se de propor à Amicaf a formação de um grupo de dança para crianças. Um grupo orientado por ela, “pura carolice”, que ainda hoje persiste, “mas com uma professora de dança”.
Avó Kika começa na escola do afilhado
A Avó Kika surge pouco tempo depois. “Um dia, ao levá-lo à escola, lembrei-me de uma roupa que tínhamos aqui de uma peça de teatro, de lavradeira, e achei que era engraçado compor uma personagem. Então, propus à professora vestir-me de avozinha e vir contar uma história” – diz Eva Ramos, que começou na Escola da Avenida, em Fiães, numa completa surpresa para o pequeno João. “Não disse nada ao meu afilhado, que ficou impávido, mas meio desconfiado, a olhar para mim. Mais tarde, acabei por lhe perguntar “Sabes quem é a Avó Kika?” e ele respondeu “Sei, madrinha, és tu”” – conta Eva Ramos, que nunca mais parou. “Adorei fazer aquilo e os miúdos reagiram bem, então a profes-
sora pediu-me para continuar” - afirma. Não tardou até que os restantes alunos a começassem a reconhecer. “As crianças acabaram por perceber que eu era a
“Se não fosse a fibromialgia, a Avó Kika não existia” Avó Kika. Ao sair, já como Eva, gritavam “Tchau, Avó Kika”. Hoje os miúdos conhecem-me, sabem que sou a Avó Kika, não consigo esconder. Passo muitas vezes na rua e ouço “Avó Kika!”, é giro, acho muito engraçado” – diz Eva Ramos. No princípio, Eva Ramos pegava nas histórias dos filhos “que tinha lá por casa” e lia para as crianças. Mais tarde, um con-
vite da professora do afilhado acabou por dar origem a novas histórias saídas da imaginação da fianense. “A educadora do João, um dia, pediu-me para escrever uma história. Fiquei admirada, mas aceitei o desafio. Ela queria uma história sobre a transição da pré-escola para a primária, que envolvesse a mascote dos meninos, a coelhinha Rosita, e a avó Kika. Foi assim que nasceram as minhas histórias” – diz Eva Ramos, que já escreveu mais de uma dezena de contos. “Já podiam ter sido publicadas, o convite foi feito, mas por desmazelo meu ainda não foram” - explica. Podem não estar em livro, mas já subiram a cena. “Já foram postas em palco duas das minhas histórias, uma das quais para um espetáculo de solidariedade em que pedimos alimentos para o Grupo de Assistência de Fiães” – lembra
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Eva Ramos, que tenta que as histórias passem sempre uma mensagem. “Tento sempre nas minhas histórias dar-lhes alguma coisa de positivo” - afirma.
Família inspira histórias da Avó Kika
A inspiração para as escrever vem, claro, das pessoas que a rodeiam. “Na primeira história, fui pescar coisas dos meninos, o que eles gostavam que se escrevesse. Fiz um apanhado e nasceu a história da coelhinha Rosita que vive numa quinta com a Avó Kika, o Avô Dinito e o neto João” – diz Eva Ramos. Avó Kika é Eva “Francisca” Ramos, o Avô Dinito é o marido Bernardino e o neto João é mais uma homenagem ao afilhado. Mas as referências à família não ficam por aqui. “A coelhinha Rosita também já foi ao hospital visitar a prima Anita, uma história baseada na altura em que a minha filha, Ana, teve a bebé” – lembra Eva Ramos, agradecendo o grande apoio da família nestas aventuras. “A minha família acha isto um máximo. Já todos viram a avó Kika, até a minha neta” – conta a fianense, que agora é avó de verdade, com uma neta de 16 meses. “Devo ser a avó que mais netos tem no mundo” – brinca. Mas não só de família se fazem as histórias. “Às vezes, pedem-me para escrever sobre determinados temas. Na primeira história, falei das várias coisas que tinha na quinta para que os meninos percebessem que os legumes fazem bem. Na semana da leitura, escrevi sobre uma biblioteca, para incentivá-los à leitura” – enumera. Estas histórias são escritas e encadernadas por ela, que deixa, sempre onde vai, um exemplar. “Abro a história e pergunto-lhes o que falta, porque não tem desenhos. Eles dizem “faltam os desenhos” e eu ofereço, onde vou, a história e convido-os a fazer os desenhos. Quando lá voltar, eles mostramme” – afirma Eva Ramos, que dá vida às palavras. “Faço voz
de velhinha, corcunda, com a bengala. Alguns vêm ajudar-me, levam-me, dão-me uma cadeira para me sentar” – conta. A saga da Avó Kika já a levou pelas várias freguesias do concelho da Feira (Lamas, Lourosa, Fiães, Mozelos, Sanguedo) e também para outros sítios como S. João da Madeira, Arouca, Espinho, Porto e até ao Algarve.
“Se eu conseguir ajudar uma criança aqui e acolá, já valeu a pena a Avó Kika ter nascido” Roupa é essencial ao papel
Para fazer a Avó Kika, é, contudo, indispensável “vestir” o papel. “A roupa tem de ser sempre aquela. Eu, no início, vinha buscar a roupa, levava-a e depois tornava a pô-la no sítio, porque não era minha, era da Amicaf. Um dia, cheguei aqui e a roupa não estava” – conta Eva Ramos. Tinha sido emprestada a uma pessoa de outra terra e a fianense depressa constatou que não ia conseguir recuperá-la a tempo. “Eu pensei “vou ter de me desenrascar de outra forma”. Tentei, vesti-me o mais avó possível, com uma saia preta pelo joelho, disse que era a minha roupa de domingo, mas não pegou. Os miúdos não me ligaram nenhuma porque eu não era a Avó Kika” – conta, acrescentando que lhe diziam que “com a outra roupa ficava mais bonita”. Eva Ramos decidiu então falar com o presidente da Amicaf, que acabou por lhe ceder a roupa. “Agora não sai de minha casa porque não posso ficar desprevenida” – sublinha, mostrando-se grata pela roupa e tintas de maquilhagem dadas pela associação.
Sempre que surge um convite para contar histórias, a fianense aceita, e já tem alguns em vista, mas ainda sem data. Para além de escolas, a Avó Kika já foi a lares de idosos, festas de colectividades, hospitais, aniversários, entre outros. Foi, inclusive, numa visita a um lar que lhe ofereceram o colorido saco onde guarda as suas histórias. “Determinei que seria, dali para a frente, o saco da Avó Kika” – diz. A última visita foi ao Núcleo de Apoio à Fibromialgia e Síndrome de Fadiga Crónica de Santa Maria da Feira. “Foi uma forma de mostrar às pessoas que o facto de termos algumas limitações não significa que precisamos de nos fechar em casa” – salienta. Para além das histórias da Avó Kika, há as histórias de Eva Ramos, ao longo desta sua experiência, em que encontrou, pelo caminho, crianças que a marcaram. Uma, no fim de uma actuação, abraçou-a para não mais a largar e, quando a Avó Kika lhe perguntou se estava tudo bem, viu nos olhos da criança pura tristeza. Mais tarde, soube que os pais do menino estavam em processo de divórcio. Outra situação, foi a de uma menina que conhecia de vista, filha de uma colega de trabalho da irmã, que se encontrava muito em baixo e em vias de consultar um psicólogo. Numa das visitas da Avó Kika, esta chamou a menina, sem saber o que se passava com ela, para contar a história da coelhinha Rosita. Aquele pequeno gesto, viria Eva Ramos a saber depois, mudou completamente a vida da criança. “Às vezes pergunto-me porque as crianças gostam tanto da Avó Kika. O que me disseram foi que alguns vêem em mim a avó que não têm, e que gostariam de ter, e outros vêem a avó que têm em casa” – esclarece Eva Ramos. “Apaixonada por aquilo que faz”, não cobra qualquer dinheiro por estas visitas. “Se eu conseguir ajudar uma criança aqui e acolá, já valeu a pena a Avó Kika ter nascido” – remata.
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Gião // Página do Facebook mais de quase 1500 gostos
O mundo cor-de-rosa dos acessórios para pequenas princesas O projecto saiu da cabeça de Silvana Santos, emigrada em França mas natural de Gião, que viu na filha recém-nascida a sua maior fonte de inspiração. A página Mademoiselle’s Bow tem pouco mais de três meses mas os acessórios coloridos e originais lá presentes, como fitas e elásticos, estão a fazer sucesso entre os internautas portugueses. Este é um nicho de mercado ainda por explorar e a artesã já sonha em voltar a Portugal para abrir uma loja. Daniela Castro Soares
daniela.soares@correiodafeira.pt
“Em busca de um futuro melhor”, Silvana Santos partiu para França, em 2010, levando consigo o marido e deixando para trás a terra natal de Gião. “Um futuro que, na altura, Portugal não conseguia oferecer” – descreve. Dois anos depois, surge a pequena Lara, filha do casal, que vem dar à mãe um duplo presente, inspirando-a para um novo projecto. “Numa fase inicial, comecei com a criação de objectos decorativos para quarto de bebés/crianças, mas cedo percebi que não era a área que mais me cativava. Decidi, então, arriscar na criação de acessórios femininos direccionados para o público mais pequeno. Foram muito bem aceites e dei-me conta que este era um “mundo” que eu tinha curiosidade em explorar” – conta Silvana Santos. A 13 Fevereiro de 2014, nasce a página do Facebook “Mademoiselle’s Bow” “e, com ela, a certeza de que este era o caminho”. Com estudos na área da educação de infância, Silvana Santos sempre teve um lugar especial no coração
para as artes manuais. “A disciplina de Educação Visual era das minhas favoritas nos tempos de escola, principalmente quando eram aulas de desenho livre, de invenção” – recorda. A “Mademoiselle’s Bow” permitiu-lhe desenvolver esta paixão, através do fabrico de acessórios de cabelo para bebés e crianças. “Tenho laços, headbands, bandoletes e ganchos. Recentemente, apostei na criação de um lenço de pescoço unisexo” – diz Silvana Santos. A artesã inspira-se em vários estilos, mas elege o boho chic e o hippie como preferidos. “São caracterizados pela descontracção, pela leveza, pela cor e pelos padrões. Transmitem simplicidade e conforto” – descreve. Mas não só.
Silvana Santos retira também ideias de modas passadas. “As rendas e os bordados estão muito presentes nas minhas peças. Costumo caracterizar este lado da marca como um “passado no presente”. No fundo, a Mademoiselle’s tem dois lados: o descontraído e alegre e o chique e romântico” – afirma. Grande parte das peças são feitas em tecido, podendo depois ser conjugado com elásticos, cordões, cetim, pérolas. “Quando penso numa peça, penso também que materiais serão mais adequados para conseguir o resultado que pretendo. A partir daí, surge a fase do “testar”, em que se coloca em prática e se percebe se é mesmo possível dar vida a tal criação” – revela.
Fotografia é outra paixão
Aliada à criação dos acessórios, está a mostra através da fotografia, outra grande paixão de Silvana Santos. “Nos últimos meses, tenho lido e estudado alguns princípios fundamentais que me têm ajudado bastante. Sou completamente amadora mas tento conseguir boas fotografias através dos poucos meios que tenho, dentro da minha sala e usando a minha filha e as filhas de amigos como modelos” – conta a artesã. Todas as peças exibidas nas fotografias são personalizáveis a nível de tamanho, cor e, nalguns casos, de modelo. “São peças que podem ser usadas tanto por bebés como por adultos, excepto os artigos feitos especialmente para determinadas idades” – refere Silvana Santos. Mas quem quiser uma peça à sua medida também pode pedir. “Se me pedirem para fazer uma peça totalmente diferente, aceitarei com todo o gosto” – afirma, dando como exemplo um caso concreto. “Uma mãe gostou dos meus artigos e queria algo especial para a filha usar no baptizado do irmão. Forneceu-me a cor do vestido e dos sapatos a usar naquele dia e falou-me nos seus gostos, dandome liberdade para criar. Dá-me um certo nervosismo e medo (que a pessoa não aprove a peça) mas tem um gosto especial!” – relata Silvana Santos. As encomendas, para já, têm vindo somente de Portugal, mas a artesã está entusiasmada. “Este início tem sido tão bom e com tanto trabalho que, sinceramente, não tive tempo para pensar no mercado francês. Para dizer a verdade, os portugueses são o meu público-alvo. Mas obviamente que, se aparecerem oportunidades em França, não as
rejeitarei” – declara. Com mais de 1500 gostos na página do Facebook, os clientes vão-se tornando regulares. “Tenho alguns que já vão na segunda e terceira encomendas. Tenho inclusive uma cliente que no mesmo dia em que recebeu a sua primeira encomenda, fez pedido para a próxima” – adianta. Os acessórios que mais têm saído são a headband “Boho Chic” e a “Coroa de flores”. “A primeira foi a que me ajudou a crescer pois foi partilhada por muitas páginas no Facebook e a segunda recebeu um aumento de encomendas neste último mês, sendo bastante requisitada para baptizados” – refere. O feedback tem sido muito positivo. “O retorno tem sido espectacular, principalmente tendo em conta que esta “viagem” começou há apenas três meses!” – diz Silvana Santos, que,
“A
Mademoiselle’s Bow ajuda-me a esquecer um pouco as saudades e faz-me sentir mais perto
do meu país”
citando alguns dos seus internautas, refere palavras como “fantástica”, “diferente”, “única”, “profissional”, “inovadora” e “original” para caracterizar a Mademoiselle’s Bow. “Acho que é tudo o que qualquer marca gostaria de ouvir. É muito bom sentir reconhecimento pelo nosso trabalho, independentemente do que se faz” – declara.
Inovação e muito amor
O factor-chave para este sucesso é a inovação. “Quando criei a Mademoiselle’s Bow, tinha como objectivo marcar a diferença porque, no fundo, acessórios bons e bonitos já existem. As minhas peças são simples, porém, os modelos utilizados são (ou eram), na sua grande maioria, pouco utilizados por bebés e crianças. As headbands “Boho Chic” e “Princesse” são modelos normalmente escolhidos para adultos. Eu “peguei” neles e dei-lhes o toque infantil e o modernismo que me pareciam necessários” – conta, sublinhando que “a originalidade de alguns artigos é o que chama a
atenção das pessoas”. “Comecei a utilizar bordado em peças que não eram roupa, como por exemplo, nas faixas de cabelo” – acrescenta. Além de tentar introduzir algo novo no mercado, Silvana Santos coloca muito amor em cada artigo que faz. “Tento que cada peça transmita o amor com que foi feita. Eu não envio peças que, aos meus olhos, me pareçam imperfeitas. Sou capaz de fazer e refazer vezes sem conta, até obter o resultado desejado, mesmo que isso envolva custos adicionais. Sou insatisfeita por natureza e, mais do que dinheiro, é paixão” – comenta. Começou pelo Facebook por ser “uma das maiores plataformas a nível de publicidade que existe neste momento”, onde “é possível chegar a uma grande quantidade de pessoas de forma rápida e sem custos”, mas Silvana Santos não quer parar por aí. “É um objectivo abrir loja em Portugal” – revela, frisando, contudo, “ter plena consciência dos muitos obstáculos pelo caminho”. “Sonho e penso nisso mas estou focada no presente. Sou uma pessoa com muitos sonhos mas todos eles são pensados ao pormenor. Não gosto de “voar” sem ter a certeza que terei asas suficientemente fortes para me segurarem durante o caminho. Até lá, existe muito a provar, especialmente a mim mesma” – reforça, salientando que, para já, há que investir no negócio actual. “Ainda existe muito a trabalhar, a melhorar, a aprender.
Estou focada na criação de novos modelos e em dar a conhecer a Mademoiselle’s Bow. Aos poucos vão surgindo propostas por parte de outras pessoas e a marca vai crescendo, mas está longe de ser aquilo que pretendo” – comenta. Num nicho de mercado com ainda muito por explorar, Silvana Santos não é mulher de desistir. “Penso que já não existe muito a inventar mas sim a inovar. Actualmente, passamos pelo uso e abuso de laços. Conhece alguma menina que não use laços? São bonitos, cada vez mais originais (eu mesma os vendo) mas os acessórios de crianças são muito mais que laços. Acho que está na altura de deixarmos as nossas crianças bonitas com outro tipo de adornos” – refere. A artesã planeia realizar cursos avançados de costura para que, “um dia, a Mademoiselle’s Bow seja mais do que uma marca de acessórios”. “A única certeza é que continuarei a trabalhar para conseguir alcançar o verdadeiro sucesso!” – realça. Por ora, o projecto vai dando para matar as saudades do país que nunca sai do seu coração. “De certa forma, a Mademoiselle’s Bow ajuda-me a esquecer um pouco as saudades e faz-me sentir mais perto do meu país. Voltar a Portugal é uma prioridade, provavelmente das primeiras na minha lista de desejos. Não há dinheiro que substitua a presença dos que mais amamos. E, mais do que antes, sinto que Portugal tem muito para me oferecer” – remata.