UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE E LETRAS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA LICENCIATURA EM ARQUEOLOGIA E HISTÓRIA
Castelologia de entre Dão e Mondego (séculos IX a XIII) (A Reacção cristã à presença islâmica?)
Disciplina : Arqueologia Islâmica Docente: Dr.ª Catarina Viegas Discente: Pedro Pina Nóbrega, n. 26446
Junho de 2004
(...) As estadas ligam entre si a gente dos vales, que necessita de trocar alguns produtos da terra ou artesanais, ou que se dirige às romarias e centros de peregrinação.
Mas
os
senhores
habitam
frequentemente nos montes ou colinas e daí dominam as populações que trabalham a terra. Aproveitam muitas vezes as ruínas dos antigos castros da Idade do Ferro para construírem os seus lugares fortes, vigiarem as estradas onde passam os homens, se defenderem de ataques inimigos. A constelação de torres e castelos não coincide, portanto com as da encruzilhadas. Muitos deles permanecem ainda em meados do século XIII co mo centros administrativos ou militares das terras medievais e dão-lhe os respectivos nomes. José Mattoso (1991, p. 95)
Os
sistemas
fixos
de
defesa
são-nos
melhor
conhecidos, sobretudo no que diz respeito a castelos, muralhas urbanas e torres ou atalaias. Contudo, a sua estrutura não nos é ainda completamente clara, já que o estado de ruína de alguns deles, e as obras posteriores de outros, fizeram desaparecer muitos pormenores de capital importância. Mas, para além do estudo individual de cada um desses pontos de defesa, há que estudá-los no seu conjunto, como um todo coerente. O levantamento dos ainda existentes, e a sua relacionação com o terreno, tem que ser completada com estudos de toponímia, e com a recolha das indicações documentais. O mesmo se diga do sistema viário, fundamental para a defesa regional, a que teremos que juntar as pontes, sobretudo
as
fortificadas.
Um
trabalho
de
levantamento dessas estruturas tem que se apoiar, em primeiro
lugar,
na
rede
viária
romana, e
seguidamente nas indicações utilizadas para as designar:
via,
carraria,
carril,
estrada,
estrada
mourisca, e outros. Pedro Barbosa, 1991, p. 65-66.
Introdução ............................................................................................................................................ 1 I Enquadramento Geográfico e Histórico.............................................................................................. 7 1.1 .– Contexto Geográfico .................................................................................................................. 8 1.2. – Contexto Histórico...................................................................................................................... 8 1.3. – Sinais da presença islâmica........................................................................................................ 9 II Inventário......................................................................................................................................... 12 2.1 – Castelo de Forninhos ................................................................................................................ 13 2.2. – Castelo do Carapito.................................................................................................................. 14 2.3 – Castelo de Algodres.................................................................................................................. 15 2.4. – Castelo de Muxagata................................................................................................................ 15 2.5. – Castelo de Queiriz.................................................................................................................... 16 2.6. – Castelo de Penalva.................................................................................................................. 18 2.7. – Castelo de Tavares.................................................................................................................. 19 2.8. – Castelo de Travanca ................................................................................................................ 21 2.9. – Castelo de Azurara................................................................................................................... 22 2.10. – Castelo de Senhorim.............................................................................................................. 23 2.11. – Torre da Muxagata................................................................................................................. 24 2.12. – Torre de Tavares.................................................................................................................... 24 2.13. – Torre de Gandufe................................................................................................................... 25 2.14. – A Cerca ................................................................................................................................. 26 2.15. – A Cerca ................................................................................................................................. 28 2.16. – Castelo Mendo....................................................................................................................... 29 III Análise de Dados ............................................................................................................................ 30 3.1. – Localização ............................................................................................................................. 31 3.2. – Funcionalidade ........................................................................................................................ 31 3.2.1. – Recintos para Guarda de Gado........................................................................................... 31 3.2.2. – Castelos............................................................................................................................ 31 3.2.3. – Torres............................................................................................................................... 32 3.3. – Espólios .................................................................................................................................. 32 IV Considerações finais...................................................................................................................... 34 Referências Bibliográficas.................................................................................................................. 37 Anexo ................................................................................................................................................. 42
Introdução IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII
Castelologia de entre Dão e Mondego (séculos IX a XIII): Do castelo d a reconquista à Torr e Senhorial Pedro Pina Nóbrega
No presente trabalho, apesar de o título poder indiciar o contrário, serão aqui tratados aspectos ligados à presença islâmica e, principalmente, à reacção cristã a esta presença materializada nas construções defensivas que se construíram. Mas terão todas estas construções sido uma respostas a esta presença islâmica? Qual terá sido a presença islâmica neste território? Quais as suas marcas? Que estruturas defensivas construíram os cristãos? Onde? Como? São algumas das questões que colocámos e tentámos dar uma resposta neste pequeno trabalho. A nossa metodologia de trabalho baseou-se simplesmente na recolha de dados em bibliografia, não tendo sido efectuada nenhuma visita aos sítios aqui estudados1. A bibliografia encontrada é, por um lado, parca em informações e, por outro lado, com informações que carecem de confirmação no terreno. Estão no primeiro caso, por exemplo, o pequeno, mas meritório, estudo2 realizado por Jorge Adolfo Marques (2001), apresentado no 3º Congresso de Arqueologia Peninsular, as referências feitas por Luís Filipe Gomes e António Luís Tavares (1985) ou Luís Filipe Gomes e Pedro Sobral de Carvalho (1992) e no segundo caso o trabalho desenvolvido por João de Almeida (1945). Por outro lado procurámos estudos que nos permitissem ter uma ideia da toponímia com influência islâmica ainda presente na zona em estudo. Recorremos assim à Nova História de Portugal, coordenada Joel Serrão e A. H. de Oliveira Marques, e à tese de mestrado de Maria Luísa Azevedo. Também utilizámos informações que obtivemos no âmbito do projecto Os concelhos de Mangualde e Penalva do Castelo no Epistolário do Dr. José Leite de Vasconcellos por nós dirigido e enquadrado na ACAB-Associação Cultural Azurara da Beira, da qual fazemos parte. Gostaríamos de ter feito um levantamento de todos os topónimos que se referem aos islâmicos, assim como a fortificações. Também notámos alguns topónimos moçárabes identificados por Maria Luísa Azevedo, mas que esta investigadora não localizou na nossa área de estudo, talvez por não constarem no Repertório Toponímico do Continente, editado pelo Instituto Geográfico do Exército, que serviu de base ao seu estudo, mas sim nas edições mais recentes das folhas da C.M.P., série M-888, que cobrem a região Entre-Dão-e-Mondego. Na Parte I traçamos uma breve caracterização geográfica e histórica da região, assim como apresentamos alguns “vestígios” da presença islâmica. A Parte II é dedicada ao inventário das estações identificadas. Para cada sítio é referido o Código Nacional de Sítio, quando atribuído, as Coordenadas UTM, a Altitude, a folha da C.M.P. série M-888 em que se localiza o sítio, uma descrição e as referências bibliográficas. Como já referimos não tivemos oportunidade para visitar os sítios identificados, por isso as nossa s descrições baseiam-se essencialmente na bibliografia consultada, como se poderá verificar pelas citações. Para cada sítio apresenta-se um extracto da C.M.P., série M-888, com a respectiva localização, quando conhecida assinalada com um triângulo. Na Parte III elaborámos uma pequena análise dos dados recolhidos focando três aspectos, a funcionalidade, a localização e os espólio dos sítios identificados. Por fim tecemos algumas considerações que nos foram suscitadas ao longo da elaboração deste trabalho, que mais não são do que dúvidas que não pudemos ver esclarecidas. 1
Por termos raízes na região, c onhec emos muito bem os sítios loc alizados nos concel hos de M angual de e Penalva do Cas telo. Constitui o único estudo sobr e a castelologia da região de Viseu, e c onsequentemente sobre a região do noss o estudo. Esperemos que este tema sej a aprofundado na s ua tes e de doutoramento, sobre “O Povoamento da região de Viseu do Par oquial Suévico às Inquirições de D. Afonso III”. ____________________________________________________________________________________________________________ 2
Introdução
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Castelologia de entre Dão e Mondego (séculos IX a XIII): Do castelo d a reconquista à Torr e Senhorial Pedro Pina Nóbrega
Em anexo apresentamos um mapa da região em estudo com as fortificações e os topónimos moçárabes identificados assinalados. Tínhamos elaborado outro mapa com as vias romanas identificadas por João da Inês Vaz (1997), e os sítios por nós identificados, mas por motivos informáticos perdeu-se; não nos tendo sido possível elaborar outro em tempo útil. Gostaríamos de agradecer a todos aqueles que nos ajudaram durante a execução deste trabalho: À Olga Alves e à Marisa por nos terem acolhido durante a nossa estadia em Coimbra para consultar bibliografia no Instituto de Arqueologia da FLUC. À ACAB por todo o seu apoio ao nosso trabalho e pela cedência de bibliografia. Ao Instituto de Arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, nomeadamente à D. Eunice Carvalho pelo apoio durante a consulta de bibliografia na biblioteca daquele instituto. À D. Elisa Lope s, funcionária da Mapoteca do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa, por todos o apoio que nos prestou nas diversas vezes que nos deslocámos a esta instituição. À nossa colega Cíntia Maurício por nos ter cedido bibliografia. Aos nosso s pais pelas ausências a que já se foram habituando...
____________________________________________________________________________________________________________ Introdução
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I Enquadramento Geogr谩fico e Hist贸rico IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII 7
Castelologia de entre Dão e Mondego (séculos IX a XIII): Do castelo d a reconquista à Torr e Senhorial Pedro Pina Nóbrega
1.1. – Contexto Geográfico A área o nosso estudo é delimitado por dois rios principais, o Mondego e o seu afluente o Dão. O Interflúvio que estes rios formam é fechado a Nordeste pela ribeira da Muxagata, afluente do Mondego, e pelo rio Távora. As altitudes verificadas nesta área vai aumentando de Sudoeste para Nordeste, atinge os quase mil metros na Serra do Pisco, em cujas faldas nasce a Ribeira da Muxagata. Junto à foz do Dão verificam-se altitudes de pouco mais de 200 metros. O substracto geológico é essencialmente granítico, tendo-se formado em algumas elevações aglomerados de batólicos utilizados ao longo os tempos como espaços habitacionais. Nos planaltos centrais [onde se situa a nossa área de estudo], o traço fundamental do relevo continua a ser os interflúvios aplanados, mas, se exceptuarmos o sector sudoeste da plataforma do Mondego e o alto Paiva, a topografia é, no conjunto, bastante movimentada, com níveis de aplanamento por vezes exíguos e a altitudes diversas. (Ferreira, 1978, p. 8) De facto verificamos uma grande variabilidade do relevo, sendo em algumas zonas bastante acentuado, muito recortado pelos vales dos afluentes e sub-afluentes do Dão e do Mondego.
1.2. – Contexto Histórico 711 marca o inicio da conquista da Península Ibérica pelos islâmicos tendo em apenas cinco anos subjugado quase todo o reino visigodo. Durante os séculos VIII, IX e X registou-se um período de instabilidade na zona das Kuras de Lamego e Viseu, entre o Douro e o Mondego, devido às sucessivas acções de reconquista de ambas as partes conflituosas. Nos princípios do século X a fronteira já deveria estar estabilizada na bacia do Mondego, contudo na transição do século X para o XI as várias investidas de Almansor farão a fronteira subir novamente até ao Douro. Almansor em direcção a Santiago de Composta, terá passado por Viseu, onde reuniu forças como os condes cristãos da região, e Lamego, onde conquistou o castelo e no regresso dividiu o saque pelos condes cristãos da região. Após a morte de Almansor o território visiense voltou a ser palco de incursões cristãs e islâmicas no sentido de reconquistar os territórios perdidos, o que fez com que os poderes instituídos se enfraquecessem prevalecendo os poderes condais. Segundo Oliveira Marques (1993, p. 192) O território hoje português foi sucessivamente pertencendo à marca citerior: primeiro nos séculos IX e X, toda a região até ao Mondego; depois, no século XI, provavelmente toda a região até ao Tejo . As Kuwar de Coimbra, da Idanha e as possíveis de Viseu e Lamego, já sem contar com eventuais unidades a norte do Douro, tiveram assim pouco tempo para evoluir com normalidade. (...) Além das principais cidades e vilas, fortificadas no todo ou em parte, havia um conjunto de praçasfortes, de castelos e de torres que constituía a rede militar do Andaluz, protectora e explicativa da paisagem demográfica. Para além de se distribuir por todas as Kuwar, concentrava-se em certas zonas de especial perigo, como era o caso do vale do Alto Mondego ou da região de Lisboa (...). Será esta instabilidade que, por um lado, irá fazer prevalecer os poderes condais e, por outro, irá levar à construção de diversas fortificações de iniciativa condal.
____________________________________________________________________________________________________________ I – Enqu adram ento Geográfico e Histórico
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Castelologia de entre Dão e Mondego (séculos IX a XIII): Do castelo d a reconquista à Torr e Senhorial Pedro Pina Nóbrega
Segundo Mário Barroca (1990/1, p. 91) estas fortificações, das quais nos ficaram poucos vestígios, deveriam ser estruturas muito rudimentares, com muros incipientes, aproveitando sempre que possível as facilidades concedidas pela morfologia do terreno para a defesa e onde desaterros artificiais acentuavam as diferenças de cota. Implantadas em locais elevados, privilegiando o campo de visão, as suas muralhas aproveitaram a presença de batólitos graníticos para se apoiarem, diminuindo assim o esforço de construção. Os seus espaços deviam ser reduzidos por forma a facilitar a defesa desse reduto e a minorizar os custos de construção. (...) Estes castelos roqueiros desconheciam a Torre de Menagem, uma inovação que apenas seria introduzida com o castelo românico a partir dos meados do século XII, e deviam ignorar igualmente os cubelos, fruto de uma engenharia militar mais desenvolvida e especializada. Entretanto o califado fracciona-se fiando o território visiense integrado na taifa de Badajoz. Fernando Magno aproveitando esta fragmentação e instabilidade empreende várias incursões ao território desta taifa, conseguindo colocar a linha de fronteira na bacia do Mondego. Na Crónica dos Godos estão registadas as conquistas dos castelos de Lamego (1057), Viseu (1058) seguida dos de Seia, S. Martinho dos Mouros, Travanca de Tavares e Penalva do Castelo, vindo a tomar o castelo de Coimbra em 1104. (P.M.H., Scrip, p. 10) Simultaneamente a este processo de reconquista, registou-se ou um outro processo de reorganização territorial. As antigas civitas de Afonso III deram lugar às terras, unidades mais pequenas e consequentemente de mais fáceis de controlar e governar. Vemos assim surgir, na antiga civitas de Viseu, a Terra de Viseu, a de Zurara (Mangualde), Senhorim (Nelas), Besteiros (Tondela), Penafiel de Covas (S. Pedro do Sul), Lafões (S. Pedro do Sul, Vouzela e Oliveira de Frades).
1.3. – Sinais da presença islâmica São sinais da presença islâmica a toponímia e as diversas lenda que alimentam o imaginário popular. Oliveira Marques (1993, p. 138-9) refere, sem precisar, a existência de vestígios de fixação tribal árabe no distrito de Viseu. Já em relação à colonização berbere o mesmo autor indica a existência de testemunhos desta colonização no concelho de Penalva do Castelo, mais uma vez sem indicar quais. As diversas fortificações islâmicas deixaram a sua marca na toponímia: 1. qala’a, substituindo no radical cal- ou cat-, como contracção de qal’a t (MARQUES, 1993, p. 192); Topónimo 3
Concelho
Tipologia
Alcafache
Mangualde
Freguesia
Alcameiras
Fornos de Algodres
Região
Catuxeira
Mangualde
Casas
2. hisin, que ficou também abonada por alguma toponímia em isna, asn- e seus derivados (Marques, 1993, p. 193).
3
Nos D.M.P., D.P., vol. III, doc. 355, surge grafado Kalafaz, num documento de doação feita pelo presbítero Mendo à Sé de Coi mbra das igrejas de Santar e M oreira (c. Nelas) e da “pres úria” de Kal afaz com reser va do us ufruto. ____________________________________________________________________________________________________________ I – Enqu adram ento Geográfico e Histórico
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Castelologia de entre Dão e Mondego (séculos IX a XIII): Do castelo d a reconquista à Torr e Senhorial Pedro Pina Nóbrega
Topónimo Corga da Asna 4
Nelas
Concelho
Tipologia
Aguiar da Beira
Região
Nelas
Sede de Concelho
3. Certas fortificações deviam-se menos ao trabalho do homem. Eram as penas ou penhas, redutos no alto de montes escarpados, de difícil acesso, onde as construções de qualquer tipo se limitava a completar a obra da natureza. Outras reduziam-se a torres de vigilância (burj) ou atalaias (al-tali’a), cujo objectivo consistia em vigiar o espaço em redor e assinalar a presença do inimigo. (Marques, 1993, p. 196)
Topónimo
Concelho
Tipologia
Castelo de Penalva
Penalva do Castelo
Sede de Freguesia
Fraga da Pena5
Fornos de Algodres
Monte
Pena
Fornos de Algodres
Vértice Geodésico
Pena Verde
Aguiar da Beira
Sede de Freguesia
Peninha
Aguiar da Beira
Região
4. Pequenas fortificações havia ainda, misto de mosteiro e de fortaleza, conhecidas como arrábidas (al-rabita) ou rebates, conventos fortificados de pequenas dimensões para a defesa da fronteira, tanto terrestre quanto marítima. Aí residiam comunidades de voluntários que em nome e ao serviço de Deus, se aplicavam à defesa da fronteira. (Marques, 1993, p. 197). A palavra mesquita, local de culto islâmico, também deixou as suas marcas na toponímia do EntreDão-e-Mondego, registando-se seus derivados no concelho de Mangualde (Mesquitela, sede de freguesia). Maria Luísa Azevedo no seu trabalho regista os seguintes topónimos moçárabes na nossa região de estudo. 1. Topónimos com aglutinação de a(l) (Azevedo, 1994, pp. 46-72: Topónimo
Concelho
Tipologia
Alagoa
Carregal do Sal
Casas
Alagoas
Mangualde
Região
Alagoas
Mangualde
Região
Alagoas
Carregal do Sal
Casas
Alagoas
Fornos de Algodres
Região
Avinhó
Mangualde
Povoação
Quinta da Alameda
Nelas
Casas
2. Topónimos formados a partir da conservação de antigos ditongos (Azevedo, 1994, pp. 828):
4
Nas Inquirições de 1258 aparec e grafada c omo As nelas (P.M.N., Inq., p. 811). Neste sítio localiza-se um habitat pré-histórico, onde até ao momento não se encontrou nenhum vestígio de oc upação medieval (Valera, 2000) ____________________________________________________________________________________________________________ 5
I – Enqu adram ento Geográfico e Histórico
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Topónimo Ferreira
Concelho Fornos de Algodres
Tipologia Casas
3. Topónimos com palatalização de –LL-nos diminutivos em –ELLA(S) e –ELLOS (> -elhas(s) e –elhos, respectivamente (Azevedo, 1994, pp. 122-6): Topónimo Alvarelhos
Concelho Carregal do Sal
Tipologia Povoação
4. Topónimos com conservação de –L- (Azevedo, 1994, pp. 126-134):
Topónimo
Concelho
Tipologia
Moledo
Mangualde
Povoação
Moledo
Nelas
Casas
5. Topónimos com conservação do –N- (Azevedo, 1994, pp. 134-176): Topónimo
Concelho
Tipologia
Quinta do Avenal 189
Mangualde
Casas
Janela 169
Aguiar da Beira
Vértice Geodésico
Outeiro da Janela 189
Mangualde
Vértice Geodésico
Demochinho 210
Carregal do Sal
Casas
Monsenhor Pinheiro Marques na sua monografia sobre Algodres(1938, p. 298) refere um manuscrito que estava em posse do Pe. Pinto Ferreira, então capelão do Santuário da Lapa. Segundo este manuscrito, passando Almansor com as suas hostes por Aguiar da Beira, e tendo destruído o convento do Sismiro, marchando para o Sul, pelo vale do Dão iam assolando, incendiando e matando quanto encontravam no seu caminho. Ao presenciarem tantas calamidades, muitos capitães cristãos se reuniram e procuraram fazer-lhe frente numa planície que ainda hoje tem o nome de «Campo dos Desbarate», na povoação do Souto de Aguiar; mas os cristãos foram vencidos, sendo mortos alguns dos principais cavaleiros com muitos soldados de pé. Continuando os mouros a sua marcha para Sul, reuniu-se um maior número de cristãos e caíram de improviso e de noite sobre eles, infligindo-lhes uma grande derrota, em que morreu grande número de sarracenos. O lugar em que se feriu este combate ficou conhecido pelo nome de Matança.
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II Inventรกrio IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII 12
Castelologia de entre Dão e Mondego (séculos IX a XIII): Do castelo d a reconquista à Torr e Senhorial Pedro Pina Nóbrega
2.1 – Castelo de Forninhos C.N.S.: Não atribuído. Coord. UTM: 29TPF23608240 Altitude: 649 m. C.M.P.: Série M888, f. 180, edição 3, IGE, 1998. Localização: Castelo, Forninhos, Aguiar da Beira.
▲
Figura 1: Localização do Castelo de Forninhos Descrição: Jorge Adolfo Marques (2001, p. 115) refere que este castelo é exemplo de fortificação roqueira, desta feita com u ma povoação abandonada na sua base, do lado sudeste. Nesta área encontramse ainda os vestígios de uma igreja – cujo orago era, certamente, S. Pedro – e vários fragmentos de sarcófagos do cemitério altomedieval que a envolvia.
Figuras 2 e 3: Ruínas de antigas habitações e fragmento de sarcófago (Guerra, s.d.) Este castelo está situado num cabeço granítico, aproveitando as condições mais favoráveis de defesa. Os espaços existentes entre os vários penedos foram preenchidos com muralha, que apresenta entre 1,5 e 2 metros de largura. Os blocos utilizados são relativamente pequenos e mal afeiçoados.
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Figuras 4 e 5: Vestígios da muralha por entre os penedos (Guerra, s.d) As cerâmicas de uso doméstico recolhidas à superfície do solo no interior do castelo e no povoado são predominantemente de cores cinzenta, negra e castanha e as decorações apresentam meandros e incisões oblíquas, no bojo. Bibliografia: Almeida, 1945 p. 152; Gomes, s.d.; Guerra, s.d.; Lemos, 2001, pp. 196-8; Marques, 2001, p. 115; Vaz, 1997, p. 23.
2.2. – Castelo do Carapito C.N.S.: 7006 Coord.: 29TPF3115014520. C.M.P.: Série M888, f. 169, edição 3, IGE, 1998. Altitude: 742 m. Localização: Vale do Castelo, Carapito, Aguiar da Beira.
▲
Figura 6: Localização do Castelo do Carapito Descrição: Segundo Jorge Adolfo Marques (2001, pp. 115-6) É a meia encosta desta serra [do Pisco] que se localiza a fortificação roqueira do Vale do Castelo. Também aqui, para além das ruínas do castelo, encontramos do lado ocidental os vestígios de uma pequena povoação e igreja. O castelo encontrava-se sobre um afloramento granítico de configuração ovalada. O troço de muralha, que se mantém ainda bem conservado, prolonga-se de noroeste a sudoeste, precisamente a zona mais vulnerável. A muralha apresenta cerca de 2 metros de largura e foi elaborada com blocos paralelipipédicos de pequeno ____________________________________________________________________________________________________________ II - Inventário
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volume. Do outro lado sul há também um pequeno troço de muralha que fechou o espaço existente entre dois penedos de grande dimensão. Na base de dados “Endovelico” do I.P.A. consta a seguinte informação: À cota mais alta, e dentro do perímetro amuralhado são visíveis 2 ou 3 alicerces de edificações, umas já destruídas, todas assentes na rocha. Foi igualmente identificada estruturas pertencentes a uma capela, tendo-se registado neste espaço uma ara de época romana. (IPA, Endovelico) Bibliografia: Marques, 2001, pp. 115-6; IPA.
2.3 – Castelo de Algodres C.N.S.: Não atribuído. Coord.: 29TPF25008006 (V.G. S. João) Altitude: 702 m. C.M.P.: Série M888, f. 191, edição 4, IGE, 1989. Localização: Algodres, Algodres, Fornos de Algodres
Figura 7: Localização do Algodres Descrição: Almeida (1945, p. 232-3) refere a existência de restos duma fortificação medieval. Segundo o mesmo autor o castelo foi restaurado por D. Sancho I em 1200 por este se encontrar despovoado. Quanto aos vestígios materiais, Almeida diz que esta fortaleza, embora muito arruinada, só foi inteiramente demolida nos meados do século XIX para ser utilizada a cantaria em vários edifícios e obras particulares. Pinheiro Marques (1938, p. 284) diz, por sua vez, que existe a tradição de que o houve [castelo] e de que, com a pedra das ruínas dele se construiu a Igreja da Misericórdia e, com efeito, ainda hoje se dá aquela designação a uma casa situada junto deste templo. Bibliografia: Almeida, 1945, p. 232-3; Marques, 1938, p 284.
2.4. – Castelo de Muxagata C.N.S.: Não atribuído. Coord.: 29TPF2978002120 (Igreja Paroquial) Altitude: 405 m. C.M.P.: Série M888, f. 180, edição 3, IGE, 1998 e f. 191, edição 4, IGE, 1989. ____________________________________________________________________________________________________________ II - Inventário
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Localização: Castelo, Muxagata, Aguiar da Beira
Figura 8: Localização da Muxagata Descrição: João de Almeida (1945, p. 234-5) refere que No sítio chamado o Castelo, que se levanta no meio da povoação, sobranceiro à Ribeira, existem ainda claros vestígios de uma fortificação que, pela sua natureza e posição, tudo leva a crer teria sido um poderoso castro luso-romano. Segundo o mesmo autor a sua cantaria foi empregada em construções, bem visível em casas antigas, muros de suporte e de vedação de propriedades. Bibliografia: Almeida, 1945, p. 234-5.
2.5. – Castelo de Queiriz C.N.S.: Não atribuído. Coord.: 29TPF3242010130 Altitude: 734 m. C.M.P.: Série M888, f. 180, edição 3, IGE, 1998. Localização: Monte do Castelo, Aldeia Nov a, Trancoso. Apesar de ser referenciado por Jorge Adolfo Marques (2001, p. 116) e por António Valera (1993, p.35) como pertencente à f reguesia de Queiriz do concelho de Fornos de Algodres, ele, de f acto, por se encontrar na encosta sudoeste do Monte do Castelo pertence à freguesia e concelho ref eridos. Na figura 9 pode-se ver o limite do concelho que passa pelo cume do Monte onde se situa o v értice geodésico.
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Figura 9: Localização do Castelo de Queiriz
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Castelologia de entre Dão e Mondego (séculos IX a XIII): Do castelo d a reconquista à Torr e Senhorial Pedro Pina Nóbrega
Descrição: Segundo António Valera (1993, pp. 35-6) Localiza-se num esporão, no topo da vertente ocidental da ribeira da Muxagata, precisamente na zona onde esta deixa de ser fortemente encaixada, para se abrir num amplo vale. O sítio arqueológico encontra-se a cerca de 500m para SE do marco geodésico que tem o topónimo de Castelo, provavelmente um topónimo deslocado já que no local não existem quaisquer vestígios. Trata-se de um povoado que apresenta a Oeste um troço de muralha relativamente preservado, encaixado entre dois afloramentos graníticos. No topo do cabeço existem vestígios, bastante arruinados, de uma estrutura circular. Os materiais recolhidos, fragmentos de cerâmica a torno e alguns possivelmente manuais (embora o elevado grau de erosão que apresentam torne difícil a classificação), são de alguma forma inconclusivos para se poder avançar uma cronologia. Contudo, a forte presença de cerâmica a torno, juntamente com a estrutura da muralha (a fazer lembrar o opus recticulatum romano), parecem apontar para uma cronologia tardia, possivelmente romana ou, com maior probabilidade, medieval, podendo eventualmente tratar-se de uma atalaia, talvez subsidiária do castelo de Celorico, que de ali se avista. (Valera, 1993, pp. 35-6)
Figura 10: Restos da Muralha do Castelo de Queiriz (Valera, 1993, p. 36) Jorge Adolfo Marques (2001, p.116) nada adianta mais sobre o espólio e os elementos arquitectónicos observados. João de Almeida (1945, pp. 237-8) diz que a serra se chama de Almansor e refere também a existência de uma estrada romana no sopé da referida serra. Por estes dados pensamos estar talvez perante um povoado de altura já ocupado na época romana, talvez como posto de controlo, e cujo povoamento se manteve, ou foi retomado, na Idade Média. Bibliografia: Almeida, 1945, pp. 237-8; Lemos, 2001, pp. 198-200; Marques, 2001, p. 116; Valera, 1993, pp. 35-6.
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2.6. – Castelo de Penalva C.N.S.: 13658 (necrópole medieval) Coord.: 29TPF1425002420 Altitude: 469 m. C.M.P.: Série M888, f. 179, edição 2, IGE, 1986. Localização: Castelo de Penalva, Castelo de Penalva, Penalva do Castelo.
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Figura 11: Localização do Castelo de Penalva Descrição: Segundo Marques (2001, p. 120-1) o castelo de Penalva encontrava-se sobre um morro granítico, bastante proeminente, na encosta do rio dão. Também neste local se aproveitaram as condições naturais de defesa, reforçadas nos pontos mais frágeis com muralhas de que são testemunhos indirectos os rebaixamentos feitos nos afloramentos para suporte de blocos. A configuração do local é (...) em forma de cela de cavalo, com uma ligeira depressão entre as duas pequenas elevações. É nesta zona mais baixa, do lado norte, que encontramos um pequeno troço de muralha construído com pedra de pequeno volume e mal afeiçoada. Nos rochedos que constituem este morro são també m visíveis entalhes escavados que se destinavam a suportar postes de madeira ou funcionavam como degraus nas zonas mais íngremes.
Figura 12: Troço de muralha do Castelo de Penalva (Marques, 1997, p. 43)
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A cerâmica, de uso doméstico, recolhida à superfície do solo apresenta maioritariamente pastas escuras – cinzenta, negra, castanha –com decorações em meandro, brunido e incisa, e asas em fita com incisões verticais. Fortuitamente foi encontrado parte de um cabo de faca, em osso, com 95 mm de comprimento, 22 mm de largura na extremidade mais estreita e 34 mm na extremidade mais larga. A gramática decorativa é constituída por seis fiadas de círculos, com orifício central, dispostos transversalmente ao cabo. A separar estas fiadas de círculos tem seis fiadas de linhas incisas. As duas primeiras, a partir da extremidade mais larga do cabo, são constituídas por três linhas e as restantes quatro por duas linhas. O tipo de material e a decoração tem paralelos num cabo de faca (TORRES, 1982: p. 92) e em várias torres de roca e cossoiros encontrados em Mértola em horizontes estratigráficos atribuídos ao século XII-X II (MACÍAS, 1996: pp. 89-91). Os vestígios arqueológicos deste período não se circunscrevem à área do castelo. No adro da igreja paroquial de S. Pedro, a poucos metros de distância do castelo, subsistem cinco túmulos rupestres, antropomórficos. No sopé do monte, sobre o rio Dão, existe um aponte cuja fundação será medieval, que daria acesso a Castelo de Penalva para quem vinha da margem direita do Dão. Foi um dos castelos conquistados por Fernando Magno em 1058.
Figuras 13 e 14: Morro do Castelo de Penalva v isto do lado Sul (Marques, 1997, p. 43) e ponte sobre o Dão v ista do morro do Castelo Bibliografia: Durand, 1982, pp. 88 e 91; Marques, 1997, pp. 41-45; Marques, 2000a, pp. 109-110; Marques, 2000c, p. 189; Marques, 2001, pp. 120-1; Pedro et alli, 1994, p. 51; Silva, 1986, p. 108; Vaz, 1997, pp. 71-2.
2.7. – Castelo de Tavares C.N.S.: 1636 e 4350 Coord.: 29TPE1807099170 Altitude: 766 m. C.M.P.: Série M888, f. 190, edição 2, IGE, 1990. Localização: Monte do Bom Sucesso, Chãs de Tavares, Mangualde.
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Figura 15: Localização do Castelo de Tavares Descrição: Como refere Jorge Adolfo Marques (2001, p. 120) na zona oriental do território de Zurara encontrava-se o castelo de Tavares. Apenas sabemos da sua existência a partir da referência documental ao “... illo castro nomine thalavares...” contida na carta de foral outorgada a Tavares pelo conde D. Enrique e D. Teresa, em 1112 (LEGES, pp. 359-360). Este autor localiza este castelo em Torre de Tavares, contudo pensamos que ele se localizaria no cimo do Monte do Bom Sucesso. Este local teve ocupação desde, pelo menos, a Idade do Bronze até ao período romano. Leite de Vasconcellos (1917, p. 116) refere a existência de oitenta a cem casas rectangulares que formam ruas. José Coelho (1941, p. 395-7) identificou uma sepultura lusitano-romana no alto do monte poderá indiciar uma ocupação ininterrupta desde a Idade do Bronze até à Idade Média. Hoje ainda são visíveis algumas estruturas defensivas em desmoronamento, compostas por pedras de pequenas dimensões e mal afeiçoadas.
Figura 16: Vestígios e estruturas defensivas j á desmoronadas no Castro do Bom Sucesso ____________________________________________________________________________________________________________ II - Inventário
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Bibliografia: Almeida, 1945, p. 534-5; Cardoso, 1751, p. 625; Coelho, 1941, p. 395-7; Gomes, 2003, p. 31-3; Gomes e Carvalho, 1992, p. 19-22; Marques, 1996; Marques, 2001, p. 120; Nóbrega, 2004a; Nóbrega, 2004b; Silva, 1945, p. 32.
2.8. – Castelo de Travanca C.N.S.: 1534 (referente a vestígios romanos) Coord.: 29TPE1602099600 Altitude: 520 m. C.M.P.: Série M888, f. 190, edição 2, IGE, 1990. Localização: Travanca, Travanca de Tavares, Mangualde.
Figura 17: Localização de Travanca de Tavares (note-se a proximidade com o Monte do Bom Sucesso, onde se localizaria o castelo de Tavares) Descrição: Até ao momento desconhece-se a localização deste castelo. Ele apenas é referido na Crónica do Godos, como tendo sido tomado por Fernando Magno em 1097 juntamente com os castelos de Seia, Castelo de Penalva e S. Martinho dos Mouros (P.M.H., Scrip, p. 10). Travanca localiza-se no sopé do monte do Bom Sucesso onde se situa o Castelo de Tavares. Seria pouco provável a existência de dois castelos muito próximo e em cotas diferentes. Por outro lado o castro de Tavares não é referido nesta crónica. Será o castelo de Travanca o Castelo de Tavares? Terá existido no tempo de Fernão Magno um castelo em Travanca que depois foi transferido para o castro romanizado no alto do monte do Bom Sucesso, estando este na altura desabitado? Um estudo mais atento da documentação medieval poderia esclarecer estas dúvidas. De notar que em Travanca de Tavares foram identificados diversos vestígios romanos e medievais (Gomes e Carvalho, 1992, 139-41). Bibliografia: P.M.H., Scrip., p. 10.
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2.9. – Castelo de Azurara C.N.S.: 4371 Coord.: 29TPE0637596700 Altitude: 629 m. C.M.P.: Série M888, f. 190, edição 2, IGE, 1990. Localização: Monte da Sr.ª do Castelo, Mangualde, Mangualde
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Figura 18: Localização do Castelo de Azurara Descrição: Jorge Adolfo Marques (2001, p. 120) refere que O castelo de Zurara localizava-se no ponto mais elevado do monte de Nossa Senhora do Castelo, de onde se tem um campo de visão privilegiado sobre toda a região envolvente. Hoje, os vestígios dessa importante fortificação medieval são praticamente inexistentes. No ponto mais elevado subsiste uma estrutura de planta quadrangular, onde foram incorporadas algumas pedras almofadadas que poderiam pertencer ao castelo. Desconhecemos, porém o significado dessa estrutura. Na base do monte de Nossa Senhora do Castelo, do lado norte, situava-se o mosteiro de S. Julião, como nos diz o documento da sua doação à Sé de Coimbra, de 1113 (D.P., 93). Aqui encontra-se uma das maiores necrópoles de sepulturas rupestres do território português, com mais de quatro dezenas de enterramentos (Pinto, 1983). Na encosta oeste foi identificada por nós, após um incêndio no Verão de 2003, uma calçada que poderia ter servido de acesso ao castelo, ou mesmo ao castro romanizado (Nóbrega, 2004a e b).
Figuras 19 e 20: Calçada de acesso ao monte recentemente identificada e restos do castelo num muro atrás da ermida ____________________________________________________________________________________________________________ II - Inventário
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Bibliografia: Almeida, 1866, p. 269-71; Almeida, 1945, p. 532-4; Alves, 1960, pp. 85-97; Alves, 1989, p. 14-5; Castanheira, p. 6, 11-2 e 48; Gomes e Carvalho, 1992, p. 84-5; Nóbrega, 2004a; Nóbrega, 2004b; Silva, 1942, p. 93-105; Silva, 945, p. 27 e 45-58.
2.10. – Castelo de Senhorim C.N.S.: 5518 Coord.: 250 m. Altitude: 29TNE9970086725 C.M.P.: Série M888, f. 200, edição 2, IGE, 1992. Localização: Torre, Senhorim, Nelas.
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Figura 21: Localização do Castelo de Senhorim Descrição: Leite de Vasconcellos (1917: 112) refere que Ao pé de Senhorim, concelho de Nelas, na marge m do rio Santo, há um sítio denominado O Castelo, onde entre campos avulta um outeiro que se chama A Torre (propriamente A Torre do Castelo), escarpado ao Norte, ao Nascente e ao Poente, e continuando ao Sul insensivelmente pelos campos. Em frente, do lado do Norte, fica-lhe uma montanha, também escarpada e separada dele pelo rio, ou antes riacho. Este outeiro foi um castro, como se deduz do nome e da posição, e sobretudo dos alicerces da muralha que lhe restam ao Norte, alicerces bem feitos com pedras lisas, assentes horizontalmente umas nas outras (...). No chão encontrámos vários fragmentos de loiça antiga. Jorge Adolfo Marques (2001, p. 121), por sua vez, diz que o castelo que encabeçava a Terra de Senhorim se posicionava sobre um curso de água, neste caso o rio do Castelo, um afluente do Mondego. O local constitui um pequeno esporão num meandro do rio. Na encosta nordeste e este encontram-se blocos de grande dimensão, com formato paralelepípedo, muito bem aparelhados e alguns deles almofadados. Estão tombados do lado mais vulnerável da fortificação, onde era necessário um reforço da defesa contra potenciais incursões inimigas. Também aqui as cerâmicas recolhidas à superfície do solo são, no que diz respeito à tipologia e cronologia, semelhantes às encontradas nos castelos já referidos.
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Nas Inquirições de 1258 (P.M.H., Inq., p. 813) é referida unam hereditatem forariam Regis de caballaria in loco qui dicitur Castella, et est unum casale. O que poderá indicar que nesta data já o castelo apenas estava presente na toponímia. Bibliografia: Almeida, 1945, p. 543-544; Vasconcellos, 1917, p. 112; Campos e Silva, 1985/6, pp. 8990; Marques, 2001, p. 121.
2.11. – Torre da Muxagata C.N.S.: Não atribuído. Coord.: 29TPF2978002120 (Igreja Paroquial) Altitude: 405 m. C.M.P.: Série M888, f. 180, edição 3, IGE, 1998 e f. 191, edição 4, IGE, 1989. Localização: Muxagata, Muxagata, Fornos de Algodres (ver Fig. 8) Descrição: João de Almeida refere que no alto da serra no sitio chamado Torre, distante 800m/N da Muxagata, existiu outrora uma torre que teria servido de atalaia. Bibliografia: Almeida, 1945, p. 241.
2.12. – Torre de Tavares C.N.S.: 1370 Coord.: 29TPE1807099170 Altitude: 647 m. C.M.P.: Série M888, f. 190, edição 2, IGE, 1990. Localização: Altinho das Mós, Várzea de Tavares, Mangualde
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Figura 22: Localização da Torre de Tavares Descrição: João de Almeida (1945, p. 535) refere a existência de restos de uma torre que, pela sua forma e dimensão, tanto poderia ser uma simples atalaia, como fazer parte de uma pequena fortaleza, ou castelo solarengo dos Tavares. Leite de Vasconcellos (1917, p. 113), num artigo publicado n’O Archeologo Portugues, refere a existência de muitos restos cerâmicos antigos e conta a tradição que existiu lá uma cidade. ____________________________________________________________________________________________________________ II - Inventário
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Nas Inquirições de 1258 é referida Turre de Tavares (P.M.H., Inq., p. 789). Bibliografia: Almeida, 1945, p. 535; Nóbrega, 2004a; Nóbrega, 2004b; Silva, 1945, pp. 62-3; Vasconcellos, 1917, p. 113.
2.13. – Torre de Gandufe C.N.S.: Não atribuído. Coord.: 29TPE0127591515 Altitude: 420 m. C.M.P.: Série M888, f. 200, edição 2, IGE, 1992. Localização: Gandufe, Espinho, Mangualde
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Figura 23: Localização da Torre de Gandufe Descrição: Segundo João Carvalho (1999) o monumento apresenta uma planta centralizada, simples e regular. De Volumes simples e disposição verticalista das massas. Embasamentos marcados. Compõese, actualmente, a torre de 2 alçados incompletos, formando ângulo de 90º entre si. Um deles, orientado a O., ainda com razoável pano de muro, o outro, orientado a N., passando relativamente pouco do cunhal. (...) Torre de planta quadrada, com acentuada verticalidade, poucas fenestrações e robustez da construção. Indiferenciação, neste período, da torre com função militar e habitação. (...) Total ausência de fenestrações ou matacães, na parte dos 2 alçados que restam. Implantação em sítio não elevado. (...) Paredes autoportantes. (...) Pelas marcas interiores dos apoios dos sobrados, aliado à altura das ruínas que subsistem, seria uma torre de 3 pisos. Bernardo Rodrigues do Amaral numa carta que escreveu a Leite de Vasconcellos, em 1920, refere que uma casa que serve de palheira denominada das talhas junto à igreja de Espinho. – Esta casa segundo eu penso foi construída com pedra do Castelo de Gandufe, mas há séculos o seu senhor foi o Gandufão, o 6
marco [miliário] também dali saiu na mesma ocasião.
Devido ao seu estado de degradação não nos é possível esboçar a sua configuração original, mas poderia ser semelhante à Torre de Vascocellos, concelho de Amares, com anexos laterais (Barroca, 1989, p.39), tendo com o tempo ficado reduzida à Torre principal, como aconteceu com a Torre de Outeiro ou de Dornelas, no mesmo concelho (Barroca, 1989, p. 43). A Torre de Gandufe poderá também ser um exemplo daquilo que defende José Custódio Vieira da Silva (2002, nota 23 do cap. II), contestado por Mário Barroca (1998, p. 72 nota 65): é preciso insistir, a fortis domus compõe-se apenas de uma torre isolada, já que em
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Carta n.º 613 do Legado do Dr. Leite de Vasconcellos, Epistolário depositado no Arquivo do Mus eu N acional de Arqueologia. ____________________________________________________________________________________________________________ II - Inventário
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todos os exemplos ainda conservados os anexos habitacionais ligados à torre [...] são manifestamente posteriores. Bibliografia: Carvalho, 1999; Carvalho e Gomes, 1992, p. 64-65; Dias, 1901, p. 46; Nóbrega, 2004a; Nóbrega, 2004b; Silva, 1945, p. 59-63; Vasconcellos, 1915, p. 72-73.
2.14. – A Cerca C.N.S.: Não atribuído. Coord.: 29TPE0213093350 Altitude: 438 m. C.M.P.: Série M888, f. 189, edição 3, IGE, 1999. Localização: A Cerca, Água Levada, Espinho, Mangualde.
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Figura 24: Localização de A Cerca, Água Levada Descrição: Em Setembro de 1893 este sítio foi explorado por Maximiliano Apolinário, ao tempo funcionário do Museu Etnológico. Num bilhete postal enviado a Leite de Vasconcellos, infelizmente sem data, dizia fui hoje atacar a Cêrca de Água Levada – abriram-se duas sanjas que apenas manifestaram a presença de telhas de rebordo e fragmentos de cerâmica um tanto grosseira. – chamou-me a atenção uma extensa facha de pedra, seguindo uma linha irregular ao longo do terreno, a qual se afigurava ter sido uma parede agora destruída. – Fez-se uma pesquisa e encontrou-se a pedra amontoada em desordem de mistura com os fragmentos de cerâmica. É pois posterior à existência ali de habitações romanas revelada pela presença das telhas de rebordo. – Pela pobreza da colheita foi considerada desprezível esta estação, e 7
por isso desprezada.
Leite de Vasconcellos visitou o local em 31 de Dezembro de 1894 tirando as seguintes notas: Por todo o terreno ha muito pedregulho sôlto, e a elevação tem vestígios de muros. (...) Vi infinitos fragmentos de telhas de rebôrdo e achei um pêso de barro. Alicerces de casas não achei, embora concerteza os houvesse, como se mostra das pedras sôltas e das tégulas. [referindo-se agora à figura que apresenta e nós reproduzimos na Fig. 25]. Em A está uma pedra, e nesse ponto termina o muro. O espaço contido a dentro do muro é levemente elevado, e a elevação representará entulho resultante das ruínas das casas. O 7
Carta n.º 15885 Legado Dr. J osé Leite de Vasconcellos, Epistolário depositado no Arquivo do Mus eu Naci onal de Arqueologia. ____________________________________________________________________________________________________________ II - Inventário
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nome de «Cêrca» provém do muro (A-B). E m C a elevação é menor. As tégulas ou telhas de rebordo tanto aparecem na Cêrca, como nos campos e m roda, que ficam pouco mais ou menos 0 m, 50 a baixo do muro. (Vasconcellos, 1917, pp.135-136)
Figura 25: Desenho da Cerca publicado por J. L. de Vasconcellos (1917) O mesmo investigador refere vários objectos achados na Cerca: fragmento de bilha, dormente de uma mó e uma pedra cilíndrica com cerca de 1m de altura e um sulco transversal. Actualmente já nada se conserva, pois neste local foi construída uma unidade fabril que alterou substancialmente a topografia do local tornando-o menos elevado.
Figura 26: Aspecto actual de A Cerca, Água Levada, vendo-se a plataforma onde se implantaria o sitio arqueológico Pelo relato de Maximiliano Apolinário parece estarmos perante um sitio que foi ocupado em época romana e que posteriormente já em época medieval viu implantado uma estrutura defensiva. Que função terá tido esta estrutura defensiva? Pelo pouco destaque que tem a paisagem, pela sua configuração e pelo parco espólio podemos estar perante um recinto de guardar gado na época medieval. 10 – Carvalho e Gomes, s.d.; Carvalho e Gomes, 1992, p. 61; Vasconcellos, 1917, p.135-6; Vaz, 1993-1994, p.76; Vaz, 1993-1994: 81; Vaz, 1997: 40-41. ____________________________________________________________________________________________________________ II - Inventário
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2.15. – A Cerca C.N.S.: Não atribuído. Coord.: 29TPE1208093075 Altitude: 531 m. C.M.P.: Série M888, f. 190, edição 2, IGE, 1990. Localização: A Cerca, Santiago de Cassurrães, Mangualde.
▲A
▲B ▲C
Figura 27: Localização da Cerca(A), Castelo Mendo(B) e Alagoas(C) Segundo Luís Filipe Gomes e António Luís Tavares (1985, pp. 215-217) num dos pontos mais alto da serra das Bochinhas encontra-se um marco geodésico. É neste morro e nos que o circunda que surgem os inúmeros vestígios de antigas estruturas: restos de casas – de forma circular e rectangular - , imensos montículos de pequenas pedras e restos de muros (muralhas ?). Quanto a um eventual espólio, nada conseguimos encontrar. É de ter em conta o facto de se tratar de uma zona desabitada, onde o terreno não é removido e se encontra coberto por vegetação rasteira. Todo e qualquer espólio estará por isso debaixo da terra. A nossa descoberta mais relevante é, sem dúvida, uma cabeça humana talhada na esquina superior de uma rocha. Talvez se trate da representação de uma divindade indígena ou até de alguma personagem importante que se pretendesse louvar ou recordar. Paralelos para esta escultura são as cabeças do castro de Yecla de Yeltes, em Salamanca e ainda a do castro de Genso, na margem direita do rio Lima, freguesia de Calheiros, concelho de Ponte de Lima. Pela descrição feita pelo autor citado podemos estar perante recintos de guarda de gado, contudo nada nos permite inferir uma cronologia ou uma funcionalidade precisas para a realidade observada. Segundo Gutiérrez Gonzalez (2002, p. 23) igual ideia sustentan las estructuras de Yecla de Yeltes, en un territorio claramente ganadero y con insculturas rupestres de animales, que pueden relacionarse con las prácticas ganaderas propria de los espacios montañosos y penillanuras periféricas de la meseta. Bibliografia: Gomes e Tavares, 1985, pp. 215-7; Gomes, 1987, pp. 240-44; Gomes e Carvalho, 1992, p.128. ____________________________________________________________________________________________________________ II - Inventário
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2.16. – Castelo Mendo C.N.S.: Não atribuído Coord.: 29TPE1150092120 Altitude: 660 m. C.M.P.: Série M888, f. 190, edição 2, IGE, 1990. Localização: Castelo Mendo, Póvoa de Cervães, Mangualde. (ver Fig. 27) Segundo Luís Filipe Gomes e António Luís Tavares (1985, pp. 222-3) sensivelmente a meio da zona montanhosa que separa Santiago de Cassurrães da povoação de Póvoa de Cervães, surgem-nos, lado a lado, dois morros designados por Alagoas (468m de altitude) e Castelo Mendo (474m). A mbos apresentam vestígios de antigas estruturas: imensos montes de pequenas pedras; restos de casas e até prováveis muralhas. O topónimo Castelo Mendo; a sua posição geográfica (descortinando-se tudo o que se passa em redor); o próprio meio ambiente (existência de água testemunhada não só pelos pequenos cursos mas também pelo topónimo Alagoas; terrenos propícios para a cultura de cereais e para a pastorícia; óptimo local de defesa) e os vestígios que nos surgem à superfície, constituem sinais evidentes de estarmos perante um castro. Uns 800/1000 metros a nordestes ergue-se a serra das Bochinhas onde existe um outro castro, de maiores proporções, designado por A Cerca. Provavelmente existiria apenas um. Mais tarde, e por qualquer motivo, alguns dos seus habitante ter-se-ão estabelecido noutro morro e dado origem a um segundo castro. De facto poderá existir alguma relação com A Cerca, que se localiza a uma cota mais elevada. Terão sido ambos recintos para guarda de gado? Como referimos para A Cerca nada nos permite inferir uma cronologia ou uma funcionalidade precisas para a realidade observada. Bibliografia: Gomes, 1985, pp. 222-3; Gomes & Carvalho, 1992, p. 114.
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III Anรกlise de Dados IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII 30
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3.1. – Localização Verificamos pelo Anexo 1 que as fortificações identificadas se localizam na zona oriental do nosso território de estudo, correspondente aos actuais concelhos de Aguiar da Beira, Fornos de Algodres, Penalva do Castelo, Mangualde e Nelas (neste caso na extremidade oriental). Se compararmos este mapa com o mapa publicado por Jorge Adolfo Marques (2001, Est. I) verificamos que a linha de fortificações situa-se na zona mais montanhosa em direcção ao Caramulo. Contudo, não era esta a linha de fronteira do Mondego, esta situar-se-ia mais a Sul, ao longo das faldas das serras da Estrela e da Lousã (Riley, 1991, p. 151 e 159), constituída pelos castelos de Linhares, Gouveia, Seia, Santa Ovaia, Coja, Arganil, Santa Comba Dão e Penacova. A maioria dos casos localiza-se sobranceira a linhas de água e junto de antigas vias romanas, cuja utilização terá sido prolongada por toda a Idade Média, e talvez, até aos nosso s dias. Teriam um controle privilegiado sobre as vias de comunicação e sobre os férteis campos agricultados. Alguns destes castelos localizam-se sobre vestígios de antigos castros romanizados. As torre s e a s cercas de gado localizavam-se em locais mais baixos, mas com algum destaque na paisagem, sendo nas torres este destaque dado, também ou apenas, pela sua própria verticalidade.
3.2. – Funcionalidade São parcos dados que dispomos sobre os sítios estudados não nos permitindo determinar com toda a certeza uma funcionalidade para cada um. Esta área carece de um estudo exaustivo da sua castelologia com intervenções arqueológicas em cada um dos sítios, que permitissem uma melhor caracterização destes. 3.2.1. Recintos para Guarda de Gado Segundo Carlos Ferreira de Almeida (1989, p. 52) Os recintos defensivos, caracterizados por nos apresentarem um perí metro mais ou menos extenso, feito por um muro geralmente espesso, com três ou quatro metros de largura, em torno de cimo de monte ou rechã altaneira, são bastante frequentes na Península Ibérica e de há muito estão razoavelmente estudados em algumas áreas da Europa Ocidental. Apesar da sua frequência, de entre as diferentes classes de obras defensivas medievais este é o género mais desconhecido entre nós, onde nunca foi estudado. Estes recintos serviam sobretudo para guardar gados e bens em tempo de invasões e de crise. Sem torres e com uma simples barreira impeditiva, eles têm evidentes características de simples defesa passiva. Desenvolveram-se sobretudo na Alta Idade Média e, ao que parece, logo após as invasões bárbaras. Dos sítios estudados atribuímos a três esta funcionalidade: A Cerca de Água Levada, A Cerca de Santiago de Cassurrães e Castelo Mendo. Contudo, e mais uma vez, referimos que nada nos permite inferir uma cronologia ou uma funcionalidade precisas para as realidades observadas. 3.2.2. Castelos Grande maioria dos sítios identificados integra-se neste tipo de monumentos, contudo como já dissemos, os ca stelos desta época eram muito incipientes comparados com os ca stelos da Baixa Idade Média. A configuração interna destes castelos é difícil de definir pelas várias alterações e destruições que foram sofrendo ao longo dos tempos. ____________________________________________________________________________________________________________ III – An álise dos Dados
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Contudo, com base nos dados disponíveis para o Castelo de Queiriz, o de Forninhos, o de Carapito e o de Castelo de Penalva, podemos esboçar, tendo presente os dados referentes a outras regiões (Almeida, 1974), a configuração genérica dos nosso s castelos. Assim, aproveitavam os afloramentos naturais graníticos preenchendo os espaços vazios com panos de muralha, de blocos pequenos e mal afeiçoados. A muralhas tinham entre um a dois metros de largura, não servindo para guardar uma povoação, mas sim uma pequena guarnição militar e os bens essenciais, teriam mais uma função defensiva e de protecção passiva do que de protecção activa. 3.2.3. Torres Segundo Dominique Barthélemy (1990, pp. 397-398) A partir dos meados do século X elevam-se torres ou torreões, quer no centro de conjuntos residenciais anteriores, quer em sítios novos, de que por vezes constituem o elemento único ou principal. Mas em qualquer dos casos não são zonas habitadas em permanência. Mário Barroca (1989, p. 19) refere que as Torres são implantadas sistematicamente em zonas de vale, onde a componente agrícola predomina, mas escolhendo, nessas terras baixas e férteis, pequenas elevações para nelas se apoiarem, as Torres senhoriais do século XIII reflectem u ma dupla opção: por um lado uma implantação rural, normalmente arredada dos grandes centros urbanos e na orla de pequenos núcleos de povoamento rural, conscientemente pautada pelas Honras e pela necessidade crescente de Senhor se aproximar dos seus domínios, mas, por outro lado, uma escolha criteriosa que, apesar de tudo, não ignora a necessidade de se preservarem condições mínimas de defesa. (...). Agora, nas Torres a componente civil sobrepôs-se à militar e a opção recaiu sobre zonas de vale, no coração das mancha de solo mais produtivo e junto das populações. Para além de se garantirem novas condições de habitabilidade, o principal interesse que agora se joga é o de garantir um controle mais eficaz dos direitos senhoriais, a necessidade de se sublinhar a legitimidade da posse do espaço honrado. Sobre os vários espaços que compunham a Torre José C. Vieira da Silva (2002, p. 47) afirma conterem habitualmente duas ou três salas sobrepostas – um celeiro fechado no rés-do-chão, um primeiro andar com u ma sala onde se rasga a única porta de acesso ao edifício (colocada muitos metros acima do solo), capela câmaras. Na área do nosso estudo dispomos de três torres, conservando-se apenas os vestígios arquitectónicos de uma, a Torre de Gandufe. A Torre da Muxagata e a Torre de Tavares pela sua implantação em cotas elevadas e com bom domínio da paisagem poderiam ter servido de atalaia, auxiliando castelos principais como o de Tavares e o de Queiriz. Já a Torre de Gandufe teria sido uma torre senhorial situada num vale fértil e junto de pequenos casais que perpetuaram o povoamento romano aí verificado.
3.3. – Espólios Em apenas três caso s, Forninhos, Queiriz e Castelo de Penalva, foi recolhido espólio do período medieval, que se encontra apenas sumariamente publicado, dispondo apenas de representações gráficas para algumas peças de Castelo de Penalva.
____________________________________________________________________________________________________________ III – An álise dos Dados
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A cerâmica encontrada, toda ela fruto de recolhas de superfície, apresenta pastas redutoras com decoração em meandro, brunido, dedadas, sulcos e incisão e asas em fita.
Figura 28: Cerâmica encontrada em Castelo de Penalva (Marques, 2000c, p. 110) Em Castelo de Penalva foram encontrados cossoiros e um cabo de faca em osso, cuja decoração é composta por seis fiadas de círculos, separadas por duas fiadas de linhas incisas.
Figura 29: Cabo de faca encontrado em Castelo de Penalva (Marques, 2000c) ____________________________________________________________________________________________________________ III – An álise dos Dados
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IV Considerações finais IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII
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Do exposto atrás surgem-nos algumas considerações que gostaríamos expor aqui: 1. Terão existido, de facto, recintos de guarda de gado? Esta é uma dúvida que já ficou patente na parte II ao falarmos dos diversos sítios que identificámos como recintos de guarda de gado. Em nenhum deles foram encontrado vestígios que nos permitissem fazer com certeza tal afirmação. Além disso, apenas A Cerca de Água Levada foi explorada mas na transição do século XIX para o XX, não existindo nesta altura o rigor de registo que hoje existe. Contudo, uma consulta mais demorada da documentação produzida por Maximiliano Apolinário e por José Leite de Vasconcellos a quando da sua estadia na Beira Alta, depositada no Arquivo do Museu Nacional de Arqueologia, podia nos solucionar muitas dúvidas com base nos possíveis registos de campo destes dois investigadores. Poderemos estar, simplesmente, perante um castro romanizado como o já afirmámos em trabalhos anteriores (Nóbrega, 2003). 2. Terão existido redes de defesa de terras, encabeçadas por castelo auxiliado por atalaias? A proximidade visual de alguns sítios leva-nos a colocar esta questão. Por exemplo do Castelo de Azurara vislumbra-se A Cerca de Água Levada, mas não todo o vasto território que este sítio dominava. Do Castelo de Tavares tem-se contacto visual com Travanca, que vigiaria o território que se estende para Sandiães e a Corvaceira. Também a Torre de Tavares podia ter servido de atalaia daquele castelo, vigiando todo o território da Várzea de Tavares e de Abrunhos-a-Velha, cruzamento de vias para a Serra da Estrela e para a “Terra de Algodres”. Entre os sítios identificados na zona mais nordeste da nossa área de estudo também
se
poderiam estabelecer relações de hierarquia, assumindo
um papel
preponderante o Castelo de Queiriz e o Castelo de Forninhos. A elaboração de perfil altimétricos e uma visita a estes locais ajudariam-nos a esclarecer estas possíveis relações. Também a consulta da documentação medieval nos poderia dar uma ideia da hierarquização dos diversos castelos, principalmente as Inquirições de D. Afonso III, pois referem quais os castelos que recebiam homens de outros castelos em anuduva e hoste8. 3. Continuidade ou ruptura do povoamento? Alguns dos sítios identificados, como o Castelo de Azurara, o de Tavares, a Cerca de Água Levada, Travanca de Tavares, apresentam vestígios de ocupações anteriores o que poderá evidenciar, à primeira vista, uma continuidade do povoamento desde a época romana ou desde a Idade do Bronze. Contudo, só um intervenção arqueológica cidade nos poderá fornecer dados sobre esta possível continuidade. Por outro lado, estes sítios situam-se todos no actual concelho de Mangualde, terão os outro sítios sido edificados de raiz? Estaremos aqui perante duas realidades distintas de implantação: uma aproveitando povoados já existentes e outra aproveitando locais estratégicos de altura? Estaremos perante duas regiões que assumiram uma importância maior em épocas cronológicas distintas: uma ainda na Idade do Bronze e período romano e outra já na Idade Média? 8
Impostos referentes ao s erviç o militar e à reparação de c astelos . ____________________________________________________________________________________________________________ IV – Consider ações Finais
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Os e studos arqueológicos na região estão ainda muito atrasados, relativamente a sítios do período romano e medieval, apesar de dispomos levantamentos arqueológicos para Mangualde (Gomes e Carvalho, 19929 e Fornos de Algodres (Valera, 1993) e de uma síntese sobre o período romano (Vaz, 1997) e um trabalho sobre as sepulturas escavadas na rocha (Marques, 2000a). Por isso, todas a s conclusões que possamos tirar destas relações são muito frágeis. 4. Que cronologia empregar? (...) é bastante difícil datar com rigor a edificação de um castelo a partir da documentação escrita, salvo alguns casos excepcionas, pois as cartas de foral, não obstante a sua evidente articulação com o “incastellamento” medieval beirão, nem sempre são um indicador seguro a este respeito. De facto, uma coisa é a recuperação de um sítio previamente fortificado, outra é a fundação de raiz de um determinado castelo. Este apuramento só será possível através de escavações arqueológicas (...). (Riley, 1991, pp. 149-150) Mais uma vez a falta de intervenções arqueológicas ou de referências documentais a dificultarem quem se aventura pela arqueologia medieval desta região. Os únicos elementos datantes que possuímos são os documentos medievais, mas estes apenas nos permitem dizer que numa determinada data existia determinado castelo. Não existem dados concretos sobre a fundação dos sítios identificados. Alguns são referidos em documentos medievais dos inícios da nacionalidade, outros apenas em forais tardios e outros apenas na Inquirições de D. Afonso III.
São muitas as interrogações que este trabalho nos deixa, na certeza que só um estudo mais aprofundado da documentação medieval, a que ainda resta!, e intervenções arqueológicas nos diversos sítios nos poderiam fornecer mais alguns dados que dessem respostas a e stas e muitas outras interrogações.
____________________________________________________________________________________________________________ IV – Consider ações Finais
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Referências Bibliográficas IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII
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Anexo IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII IIIIIII
Castelologia de entre Dão e Mondego (séculos IX a XIII): Do castelo d a reconquista à Torr e Senhorial Pedro Pin a Nóbrega
Anexo I: Entre Dão-e-Mondego com a localização das fortificações e topónimos moçárabes. (Base Cartográfica: Marques, 2000a, anexo I)
___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Anexo
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