Os cadernos rosa e dourado

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© Gertrude Wittgenstein, 2018 © Basílio Bomtempo, 2018

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ESTUDOS

PERLIMINARES PARA

AS "INVESTIGAÇÔES

SOFÍSTICAS"

popularizados como

OS CADERNOS ROSA & DOURADO Por

GERTRUDE WITTGENSTEIN

BASÍLIO BOMTEMPO - LISBOA 3


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à memória de James Lee Byars

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Era uma vez uma esposa transparente que tem ou ĂŠ uma vaca com cores opacas.

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O branco, que é a melhor parte opaca da minha esposa, tem a sua vaca de estimação que ajuda a completar as cores restantes e ainda por cima é fofa. Isso mostra alguma indeterminação e desde já apetece-me descalçar as chinelas.

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Ser-se parecido favorece a popularidade? Ou ĂŠ uma evidĂŞncia?

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Tendo ou sendo uma vaca agora, a minha esposa pode ter um corpo às manchas peludas que são tidas por admiráveis e recomendáveis. É o que dizem. Ela tem a tal outra vaca amante e momentos para dar e vender. Mesmo a vós pode oferecer minutos de atenção (talvez estejam em saldo!). Até a minha cor, às manchas, como fragmento de esposa, tem uma vaca de papel. Ou um papel de vaca. Que não é de parede. Mas pode ser um poster gigante.

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Tenho medo de perder a minha opacidade. O hábito de negar por negar pode levar a isso. Quero perder esse hábito de dizer não por dizer não ao qual tanto me afeiçoei. Em vez de dizer o não deveria era dizer o sim, o pois, o e, o ainda, que é o que me vai dentro da cabeça.

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Dizer não é muitas vezes a declaração de amor mais apropriada. Pode dar numa estória muito comprida e intensa. Ou insana e malcriada.

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É natural usar as expressão "preparar o preparar" para forjar o "avermelhado verde" ou o "azul amarelado" de forma consistente?

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Prepare-se para habilidades e hostilidades que ainda faltam! Nós ainda não nos preparamos! Para preparar há que preparar e não sermos forçadas a reconhecer isso como intencional, indecente, influente. É melhor dizer que nem sequer se pensou nisso.

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Eles estarão muito ocupados com as nossas cores e com filosofias sérias para depois estarem disponíveis para as bagatelas das coisas, essas que estão na fila cada vez mais atrás das coisas famosas e sérias, tão atrás, tão atrás. Mas hão-de cá chegar.

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À medida que a preparação se prepara, a incerteza das questões estende-se e faz tudo para se vestir melhor. Para que o preparado dê um bom final há que cuidar das raízes do problema ou da roupa que impressiona. Pelo menos podemos regar as raízes ou passar roupas a ferro. Devemos regar bem as coisas que preparam os acontecimentos futuros? Ou é melhor saír assim de repente, um tanto ou quanto desmaseladas?

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Lá fora está a alegria. Cá dentro está a neura. O escritor põe as palavras da neura em escrita de alegria fazendo-as saír. A jubilação de saír de casa ou do pensamento é um dado mas não uma garantia ou uma gramática a declamar. Mesmo que esteja muito ruído lá fora e cá dentro esteja quentinho, há que saír. Não sabemos se a inércia nos vai ganhar.

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Esteja preparado para aprender algo totalmente diferente, como o que tem de acontecer. O novo ĂŠ uma fatalidade fiel. Agazalhe-se bem.

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A psicologia é mais branda e avermelhada do que a sombra dada pelos objectos em redor. Os objectos estão sempre a oferecer-nos as suas sombras inopinadas. Reparamos nas suas matizes, como se essas cores fossem as mesmas. Por exemplo, o meu caderno rosa anda a perder a sua cor própria, desbotadamente. Mas as suas sombras buscam-me. As sombras fazem parte da cor. A cor é o prelúdio do extase.

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As sombras parece que estão por baixo dos objectos como uma gradação ligeiramente ou profundamente escura. Mas a sombra, ou a ténebra, precedem-nos e sempre estiveram biblicamente por cima do abismo. O abismo já era uma cor escura, densa, titubeante e alta. O que nos antecede é mais a ténebra do abismo do que qualquer coisa ou o nada.

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Pedi que nos mostrassem um rosa dourado ou um dourado arrosado. NĂŁo sabia como iamos reagir. Era uma cor mais esquisita que os mil castanhos de Rembrant ou Carvaggio. NĂŁo era ouro sobre azul. Era uma cor que solicitava, que me piscava o olho. Como o rosa do vestido e o ouro do anel.

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Nรณs sentimos que sentimos ou que fingimos sentir. Mas se eles sentirem que nรณs sentimos sem hesitar, apontamnos uma amostra de cor ou uma arma para conferir o que sentimos ou se o sentimos. Podemos sentir em conjunto? Podemos oferecer bolos de alegria em fatias a estranhos?

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Alguém se senta nas cores numa boa posição para produzir outras cores pois esta é uma série que começa com vermelho e termina com o rosa ou o dourado ou um tipo de verde metálico que talvez até esteja na moda um dia. Feito só para nós duas! Isto constitui uma transição contínua entre um dia e outro. Entre muitos dias e outros muitos dias. Dias que fazem dias. Dias que entram uns nos outros. Olá, acabamos de descobrir um dia, este dia! Perder um dia por outro dia é normal. Quem é que fabrica os dias? Quem é que põe a memória nos dias com a cor dos dias que se empina na memória. Um dia é menos um dia é menos um dia e é, apesar de tudo, um dia.

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Vejo sempre a mesma sombra no dia errado e acastanhado. Os que se sentem rodeados de castanho reparam na infinidade de castanhos à sua maneira, uns mais amarelos, outros mais escuros, outros mais vermelhos, outros esbranquiçados, outros acastanhados. Às vezes estás à espera de outras cores como o verde, o rosa, o azul, o dourado e elas andam a passear longe. Outras vezes o ar está avermelhado. Podemos ir brincar com o avermelhado na rua?

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Estamos enganadas, não só na realidade como na imaginação. A imaginação desimagina-se e desimagina-nos. Toda a humanidade, com raras exceções, diz o que diz, assim mesmo, com a incerteza garantida de quem não acerta no alvo.

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O que era vermelho-verde-cor-de-cego tinha uma bengala, era desfocado e tinha remeniscências de ter visto, nem que fosse noutra encarnação. Ela usava a bengala como uma preleção. Quando tudo pesa, quando a vida pesa mesmo não tendo mais quilos, é necessária uma bengala, como uma base matemática, dura, certeira. Nem que seja para apoiar o ressentimento acumulado e os sinais de multiplicar. O ressentimento dourado. O ressentimento ao cubo, algo anafado.

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Como esposa tenho esta tarefa que é misturar uma vaca com uma estória de amor sem ter que ser esquartejada pelos leitores mais àvidos ou algum talhante competente. Pensei em falar em bifes, queijo, natas, matadouros, touradas. Vou continuar a misturar-me com diferentes aspectos do amor e da cor. Cor é amor. Talvez vos queira seduzir agora.

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Peço aos leitores e leitoras que não se tornem cinzentos rapidamente. Peço que experimentem vestidos cor de rosa ou dourados, algo obscenos, justos, e boca de sino, tipo anos 70. Peço que usem chapéus exagerados. Peço que tenham uma varinha mágica na mão.

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A nota do tradutor sobrepôs-se à ironia do autor. A nota do tradutor invadiu o texto até ficar maravilhosamente infectado, esverdeado. O tradutor também escreveu "esverdecente", mas não sabia o que fazer com o seu ranho. Estava a tossir verde. Estava presumivelmente doente. O seu verde sem amarelo derivava para "azulado", que tanto pode dar no cerúleo, no bebé ou no indigo. Um azul convulso, tossido, sem ovações ou claques. Havia também daltónicos que confundiam o esverdeado com o rosa. Mas isso é entrar noutro caderno, num caderno maroto para escortinhar o que significa significar. Quanto à nota do tradutor? Vi-me livre dela!

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Apareceram muitas pessoas, cada uma com as suas cores. Umas eram cores puras, outras misturadas. Eu gosto de misturar cores para saborear o momento, diz-me a grila falante. Ou de sobrepor cores. As cores puras são mais perfeitas e chamam logo a atenção. Depois pode-se jogar com as cores, como se fossem jogos de linguagem práticamente inúteis que só estão disponíveis a certo momento na prateleira do supermercado. Algum chamam a isso pintura, mas nem sempre tem que ser arte.

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Os conceitos das cores são cegos. E as cores não vêem as cores. Não sei o que é que as pessoas devem fazer com as cores. Somos apenas gente normal à espera de desvios. Tão cedo não se pensa nisso, é melhor ignorar. E a idade vai aumentando e aumentando. A partir da norma tropeçamos no desvio que é assim como a cegueira, um defeito breve que veio ficar para sempre. O crescer é tão desviante!

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O dourado é uma cor que pode levar a extremos: Deus, luxo, luxúria, perfídia, devoção, frivolidade. O prateado é parecido, mas não lhe chega sequer aos calcanhares.

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Rosa e dourado não são "cores primárias" nem sequer secundárias. São cores imprescindíveis e perfeitas. São as duas cores perfeitas cá para nós, só comparáveis ao transparente que é o zero das cores. Ninguém fala da cor transparente, mas alguns pintores usam cores semitransparentes. Dão velaturas para a coisa vibrar mais.

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Entro em vossa casa com barras de ouro na mĂŁo. Vou ter convosco como se vocĂŞs fossem um banco. Preferem ficar com barras de ouro ou com barras vermelhas, azuis, amarelas? TambĂŠm tenho barras negras e barras brancas. Tenho pressa. Decidam-se!

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Sentir o dourado é dar-se conta de que uma cor emana mais luz. É a cor de Apolo ou do deus dos cristãos. É a cor do divino e do perfeito. Por isso mete medo, porque o divino é assustador e a perfeição hipnótica. Quem usa roupa e adereços dourados quer sentir-se mais deus ou deusa. O meu caderno, a minha intimidade, ora é rosa, ora é dourada. Não sou deusa nenhuma.

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Palavras que me saem sem glรณria como aquelas que escrevi em pequena: "eternidade vaca". Jรก as queimei.

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Tenho feito de tudo um pouco para que os meus jogos de linguagem nĂŁo sejam jogos de linguagem. Um jogo de linguagem ĂŠ uma armadilha: informe-se num posto de turismo perto de si ou na esquadra da polĂ­cia.

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Mulher, esposa, vaca. Uma esposa com pedra. Uma vaca violenta. Uma mulher possĂ­velmente lenta. Um corpo que se faz mais leve quando rebenta. Uma estĂłria escura com sexo na praia. O amor ora de vestido ora de minisaia.

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Podia dizer: estou numa relação. Isso é como pintar um fundo ou dar só a primeira-de-mão. Tenho o sorriso espectável de quem avançou antes com as patas e deu ao rabo com competência. A arte de ser vaca não é de desprezar nem de espezinhar. Quem é esposa ousa quer o conformismo (latente) quer o inominável (que nos rói). Há que ter um dedo anelar que indique relações, que aponte defeitos, que semeie confusões. Há que decorar a vida com cores leves, e estar atenta às possibilidades da estória de amor durar mais ou demais.

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Estava a comparar duas jarras para perceber entre as duas esposas (que talvez sejamos) qual delas é mais esposa e qual é a mais vaca. É diferente de comparar dois números, porque a diferença é dada logo contando pelos dedos. Talvez uma de nós seja apenas vaca e outra a relutante esposa. Ou ambas sejamos, com candura, vacas e esposas. Ou coisa nenhuma. Ser uma esposa como esposa é um pleonasmo a considerar.

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A forma das proposições tem uma vaca e uma estória de amor em várias linguas, ou refere-se constantemente a ela. Tautologias avacalhadas. Ou palhaçada poliglota. O jovial jogo da tradução a espernear em cada língua. Um jogo atarantado consigo a fingir que é para outros parecidos.

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Todos os jogos são o mesmo: o difícil e adjectivado jogo da vida. O jogo da vida consiste em ser o mais possível leve. Ser mais leve do que si. Ser mais leve do que os outros. Não se deixar devastar pela inércia ou desventrar pela sorte. Eu tenho tudo para ser mais leve do que mim mesma! Sou uma x à procura de ser uma y?

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Imagino que sendo uma x já sou uma y. Adiantei-me na voracidade de implantar uma personalidade. Em primeiro lugar, ser esposa é uma relação externa e a proposição é toda ela baseada no que chamam temporal. O temporal é um temporal. Clima dificultoso no qual caímos incertamente. De qualquer modo convém fechar já as janelas.

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Estando condenada narrativamente a ser ou ter uma esposa como vaca desenvolvo relações internas que escapam aos dados iniciais. Fugas para a frente. Fugas para o lado. Fugas para todos os lados. A proposição inicial, sobre a qual as outras se iriam empilhando deveria ter sido "isto é uma estória de amor amigável que pode azedar".

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Tudo ĂŠ intemporal mesmo que a nossa mala esteja perdida no tempo Ă espera de quem a venha pegar.

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Numa fotografia passo por uma esposa incondicional ou uma vaca assinalável. Assinei um pedaço de papel com letras e muito branco de fundo e fiquei nesta forma de esposa sentada na minha condição contratual e social, muito fotogénica. Posso ostentar sem vergonha o meu lado bovino, pesem embora as pretensões intelectuais e a arquitectura do Raul Lino. Escrevo para garantir a abundância das letras e a graça da literatura. Tarefas joviais!

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Uma vaca que consente em ser esposa obtĂŠm a sua leveza dourada numa estĂłria de amor cor de rosa.

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Fez, como céu, um céu mais claro do que o que havia na vista da janela, pois ela possui papel branco, lápis de cor e um grande talento para representar. Ela fez um céu que não sendo perfeito tornava o céu da janela mais sensível e sensato.

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O azul é mais escuro, como uma esposa que pretende não ter nem ser uma vaca. O branco é cada vez mais claro como Goethe queria antes de morrer? O branco livrou-se das sombras, mas não se vai aguentar muito tempo branco. Alguém vai desligar as luzes não tarda nada.

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Pela estória de amor adentro acusou na paleta manchada uma cor muito clara saída do tubo de chumbo. Tentou fazer como esposa um aforismo ou uma pincelada. Depois decompôs e fez-se à estrada.

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A gente declara que poucas pessoas têm uma vaca às manchas como estória de amor. É preciso vislumbrar no amor um branco impuro e manchas sumptuosamente negras. Então passo a ser uma esposa proprietária de outra esposa, assim como a maioria das pessoas usa o texto errado ou usa braceletes. Se uma esposa tem uma vaca como epíteto, ou ujm canibal na gaveta, qual é o problema? Um dia não vou ser esposa nem vaca. Pode ser já?

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Ela aprendeu a estória de amor para lhe dar o uso correcto? Ela aprendeu o uso correcto para que as estórias de amor nos dêem vontade de amar? Ela construiu uma esposa em si que tem uma vaca e um uso ideal do que se acha ordinário. Uma história de amor às cores e às pintas que até pode dar leite. Houve um outrora dourado e um agora rosa, um beijo perfeito e uma esposa com o que esta pode ter de melhor. Ser melhor é um malefício?

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Moral: hรก vacas que em vez de leite dรฃo estรณrias de amor.

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Os Cadernos Rosa e Dourado foram escritos & paginados no dia 13 de Fevereiro de MMXVIII para a editora BasĂ­lio Bomtempo e nesse mesmo dia espalharam-se digitalmente

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