DELALANDE CAGE
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DELALANDE CAGE
© Pierre Delalande, 2018 © Waf Books, 2018
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DELALANDE CAGE
COMO ME MISTUREI COM UM REMIX D E J O H N C AG E
2 - [401/801] PIERRE DELALANDE
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401
subjectividade intersubjectiva expandindo a múltiplicidade na não-dualidade
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402
no desapego hรก uma visรฃo da linguagem que acolhe os solecismos
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403
ordem — mantém a cozinha arrumada e prova (ou aprova) os desvios ortográficos
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404
limpa linguagem a fingir-se grandiosa
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405
o que relaxa a sintaxe melhora a governabilidade
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406
o que é que vem depois da inutilidade?
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407
livro
onde tudo se faz acontecer depois de tudo ter sido parodiado
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408
as aventuras do amor dispĂľem para dizer maravilhosos disparates
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409
senta-te em ti
depois das paródias e descarta as refutações do ambiente
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410
os aborrecimentos são utilidades que põe a pairar a "arte" como hetero-auto-alteração a diversificar o mundo
14
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411
espaçar o desaparecimento das estruturas e o mais possível as acções
15
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412
manter pendurado
o nada dos opostos
questionando o estudo
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413
(a vida dá-se para que haja posse e a libertação possa ser a convivência tranquila do Agora e das coisas a mais)
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414
multiplicidade das intermitências para aperfeiçoar a incompreensão poética
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415
a espontaneidade de Antifonte é a deambulação das opiniões dando lugar a uma música qualquer
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416
interagem
no interrompido vibrando
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417
"coerência"
da multiplicidade — trans-menipeia a tornar-se montanhosidade —
cartografia de filões abdutivos e interpretativos
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418
os problemas da não-comunicação introduzem o anonimato na complexidade
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419
despejar coisas
é "arte"?
23
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420
os problemas sรณ se resolvem pela trans-menipeia
24
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421
a actividade que centra as coisas no imprevisível dá lucro?
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422
pluralidade dispersando coisas que se dispersam centrando — variações entusiasmadas com o desconhecido a compor
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423
desenhar, executar, dançar, escrever, meditar — a alegria das sensações que vem ter connosco
27
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424
múltiplicidades a fazer perguntas como (não-)actividade
28
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425
diversificar as partes para sentir a pele do kairos
29
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426
mudando-se em si a artephysis é instantânea espontânea reorganizando a cada momento a mudança das leis do imprevisível do interminável do incomeçável
30
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427
tudonada de não-intenções — o oportunismo da natureza realiza-se através de coisas artephysicas
31
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428
auto-negação para diversificar o que pensamos = desprevenir o nosso corpo
32
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429
estamos em excelentes condiçþes para jardinar as estruturas dos pensamentos da artephysis
33
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430
múltiplos modos de interfaces rítmicas no desimpedimento do fazer
34
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431
no auto-imitar o mimetismo muda a pele?
35
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432
mimetismos a nadar nos seus modus operandi, etc.
36
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433
a alegria confusa? o inventรกrio jovial do corpo?
37
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434
a comédia é advinhação libertando os imprevisíveis — comédia da artephysis a ecologizar a acção — afirmação do prazer de viver assumida — ambiente de acções a desfazer o mainstream
38
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435
a arte é a confluência de despropósitos que busca não encontrar a sua unidade
39
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436
é ≠ é = natureza
40
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437
o controle nรฃo serve para aceitar os actos sรณ para acatรก-los provisรณriamente
41
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438
a artephysis imita-se a si como mundo e paixĂŁo
42
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439
discurso de descontroles ramificando as mais brejeiras aparĂŞncias
43
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440
o bom-senso
do activismo possivel
arrasta os modos de operar
44
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441
andamos a tentar
escapar
ao relacionamento das relações mas é cada dia mais difícil
45
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442
há uma Sociedade que quer surgir do espontâneo — ao imitar-se diverge de si mesma
46
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443
transforma-se a pluralidade na atenção ao acaso
47
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444
em qualquer tédio vemos centros pulverizando fragmentações
48
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445
a coexistĂŞncia desiquilibrada da actividade de todas as coisas
49
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446
instruções de dissimilares — desejos eróticos que centram
50
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447
o que faz a totalidade
é a heteronomia
e a co-autoria na relativização do pluralidade
51
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448
nosso é só
o imprevisível
52
dos apegos
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449
serรก melhor sentir-me Deus sendo ateu?
53
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450
o ateísmo de Deus é a máxima garantia da sua divindade
54
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451
o desconhecido, senhores revolucionรกrios, sou eu mesmo antes de ser eu
55
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452
somos todos divinos mas temos medo de o reconhecer e tirar as restantes consequĂŞncias (burlescas?)
56
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453
auto-expressão como anti-expressão
57
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454
homens em moksha no tĂŠdio da espontaneidade a fazer o acolhimento do absoluto mascarado de nirvana
58
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455
das revoluções já sabemos o que nos espera — o quê? micro contra-revoluções sucessivas?
59
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456
dispersando-nos amamos pluriversos
oferecendo-se à atenção
e à tradução
60
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457
ele anda a velhar a comédia permanente — é a sociedade transmtir o prazer de dar mais
61
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458
a jardinagem erótica e a ordem geométrica são boas para começar
62
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459
o anagrama ĂŠ um jardim em que floresce a ordem
agora
e a desordem antes e depois
63
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460
seria mais correcto pedir explicações ao acaso do que acalentar ressentimentos por amores ou por políticos?
64
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461
tudo sob a arte atrai as moscas a comeรงar pelas velhas pinturas dos museus onde se acumula a merda destas
65
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462
o sublime como uma rasteira faz-me tropeรงar no banal
66
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463
cresรงo obliquamente nas barbas felpudas da ubiquidade
67
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464
as parábolas exageram nas palavras o tédio da natureza
68
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465
os homens desaguando nos mitos que nos questionam sacodem quer a desordem quer a perfeição
69
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466
anonimato = velocidade das ideias
70
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467
ele tornou-se na inércia da percepção do mundo
71
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468
as situações arranjam fins para as possibilidades
72
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469
erros de receptividade prenhe
73
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470
apoderam-se de mim antes do meu corpo delinear
74
a mínima estratégia
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471
o desconhecido arrasta multiplicidades e o nada-intermĂŠdio
75
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472
temos o imprevisível da tentação em lugar das tentativas
76
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473
indigificamos Apollo
porquĂŞ?
77
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474
o engenho é algo que facilita a transcomunicação
78
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475
desfrutamos de excelentes emoções na impávida privacidade
79
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476
demasiados exílios para tão poucas heteronomias — diferentende-as
80
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477
um governo livre de legislar tudo a comunicar depois é um Yeshua?
81
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478
o coexistente contradiz-se
poĂŠticamente
82
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479
um governo que se protege nos anagramas serรก justo?
83
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480
desenhei cartas telegráficas com as nove emoções permanentes
84
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481
protolinguas a flamejar um todotudo refractรกrio
85
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482
possuem-nos talvezes
nesta confusão
que luta com a paciência
86
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483
a perfeição convida para alegres enredos as emoções originais
87
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484
trabalho
(sem ideias) a possibilidade de mais dĂşvidas
88
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485
expus emergĂŞncias
nas divergencias
89
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486
abotoo a futura debilidade num glorioso agora
90
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487
evitas o lugar do trabalho de onde deriva o nada
91
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488
perguntamos para aprimorar enganos
92
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489
o centrado inclui muitas perguntas porque tudo é Negação?
93
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490
ele andava vestido
de entrelaรงante Interior
94
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491
o seu meio ambiente ĂŠ o aborrecimento do anonimato que destrutura?
95
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492
a comédia das respostas é a glória do punidor
96
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493
a novidade é um strip-tease invertido aqui
sempre
97
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494
comi o meu protagonista para acabar com certa dúvida quanto à intriga
98
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495
o acaso no estudo visto pelas frestas parece misterioso
99
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496
expus os passos exagerados
dos deuses em livros
e na maravilha de os invocarmos
100
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497
aprendi que a filosofia nos empurra para práticas que estão a tornar-se em modos de dar à sociedade a impredictabilidade que esta precisa
101
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498
os modos pessoais sĂŁo o que temos de mais conservador
102
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499
não encontrei nas normas sociais nenhuma recomendação «descritiva» que fizesse sentido
103
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500
tentei dissimular-me
na tranquilidade
do saber que brota criativo
104
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501
a quiescência
é dádiva —
a tal-qualidade é o óbvio
105
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502
o que eu não quero fazer por eles vai-se fazendo
através da tranquilização
106
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503
devíamos ter um sítio para auto-imitar a anarquia e outro sítio para passear a creatividade
107
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504
há um nada a resguardar o que sobra
108
às intuições
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505
o erro
tem uma taxa de sucesso que entra pela auto-expressĂŁo adentro
109
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506
há influências de questões que nos fazem todos
loucos-sábios
110
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507
gastamo-nos em sucessos surpreendentes
111
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508
mesmo antes de saberes qualquer coisa de novo ou de macaqueares mimetismos do vazio livra-te de deitar o espirito fora do maravilhoso
112
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509
o inesperado
tem o hรกbito de desconfiar dele
113
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510
a glória como acaso
transgénico
114
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511
o jardineiro interior insinua idĂŠias de guerra!
115
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512
para Diógenes o exílio é o vivermos juntos?
116
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513
mudar o pensamento para táticas de estética é pretencioso
117
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514
ele anda a tornar-se
quase silêncio
na loucura da Utopia e não sabe bem porquê
118
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515
como um louco que se acha deus nós achamo-nos na floresta que se arruída e avançamos pela escuridão?
119
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516
circunstâncias são o que nos faz mais humanos
120
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517
preferimos os gracejos da sabedoria com cogumelos alucinogĂŠnios
121
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518
o mundo nunca poderรก escrever a sua atribulada histรณria
122
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519
o Estado sugeriu que nos livrassemos dos desempregos com palavras de ordem revolucionรกrias
123
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520
acabam por descrevê-lo
exactamente como
não é e isso fá-lo sorrir
124
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521
o inconsciente anda muito carente de anĂşncios obsoletos
125
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522
depois da comédia as respostas com números são inquestionáveis?
126
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523
ao lerem-no acabam por achรก-lo
um poltrรฃo
127
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524
aditamentos?
fortes!
128
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525
trapalhices romanescas a fazer chantagem permanente Ă verdade
129
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526
enquanto as memórias
deformam o passado
a vida tapa os subconjuntos da libertação (que também está no apego) — estes tornam evidentes os seus entrelaçantes temas
130
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527
os diários disfarçam
a falta de Utopia
vibrando de complexidade na devoção erótica
131
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528
o mal-estar de um presente que nĂŁo se pode agarrar
132
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529
sabemos que qualquer ordem mantĂŠm conflitos subjacentes
133
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530
a idéia mais comum
pode brilhar
graças a quase nada
134
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531
a obscura natureza da physis renĂşncia a si mesma
135
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532
sou constelações que chegaram com um simples toque — é o que dizem as decoradoras!
136
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533
acolhimento do acaso: entusiasmo hibridizante
137
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534
obras desengatando pluralizando mudando abruptas o eu de base
138
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535
isolamento e acolhimento do ambiente (que agradรกvel!)
139
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536
propensão para o desconhecido através do enredo a escapar ritmicamente?
140
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537
centrar é activar a sobreposição de séries trabalhando o não-si
141
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538
eu sou o fundo de todos os mĂşltiplos que interagem
142
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539
homeoestática prenhe relacionante (a auto-libertação pela arte)
143
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540
um princípio é uma ficção impura — uma ficção é antecedida por algo sem ínicio
144
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541
qualquer deus é oprimido pela responsabilidade de fazer qualquer coisa em troca de um sacrifício porreiro
145
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542
a musa deve saír da estante e jardinar revoluções
146
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543
condensamentos
para apetĂŞncias aventureiras
147
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544
ideias sujas surgem no prazer do banho
148
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545
a morte é a ambientalidade do deus fugindo-se a si mesmo
149
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546
é na propensão para o desconhecido que nos acham os outros
150
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547
o esquecimento é o neto predileto da fraternidade
151
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548
o remoto Homem-Natura ĂŠ a medida de todos os jardins
152
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549
educação = permanente emotividade
153
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550
clara e expansiva é a natureza da imagem
154
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551
todas as emoções libertam tudo e com arte é mais imediato e concreto
155
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552
renúncia ao emprego? usa as colisões para transformar pela interiorização
156
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553
inconsciente pluralizando a história que também se re-escreve amorosa
157
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554
cada obra de arte nova é um grau múltiplo-zero de resposta às emoções?
158
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555
movemo-nos na histรณria como excesso movemo-nos a escutar o mundo simulando simplicidades
159
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556
o pavรฃo zero
de todos os fenรณmenos
160
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557
erros de receptividade
no nada-intermĂŠdio
161
DELALANDE CAGE
558
o imprevisível das derrotas e dos falhanços como algo inquestionável
162
DELALANDE CAGE
559
múltiplos a polir o informe o primitivo
o clássico
o maneirista
o barroco
o rococó
163
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560
arte como mudança de clima de influência
164
DELALANDE CAGE
561
ele era romantico a percorrer o ciclo natural das parecenças e provocações
165
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562
a disciplicência da arte precisa dos estilos como se fossem estações
166
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563
a primeira intimidade
é instantânea?
167
DELALANDE CAGE
564
ele acha o interessante
surgindo da
desatenção e também o feedback vindo para fazer variações
168
DELALANDE CAGE
565
gerações de atenção repetida a perguntas vindas do acaso
169
DELALANDE CAGE
566
fiz indisciplinas — deram em bibliotecas
170
DELALANDE CAGE
567
gosto de pedidos
perdidos
171
DELALANDE CAGE
568
livros debruรงados no strip-tease da pseudonomia
172
DELALANDE CAGE
569
sou uma comédia
que é uma causa
a livrar-se de acordos constrangedores
173
DELALANDE CAGE
570
a impossibilidade explora assuntos meticulosamente
174
DELALANDE CAGE
571
estou numa autobiografia em estado de emergência — no fundo é um diário de emoções
sem factos
que se parece com aforismos
175
DELALANDE CAGE
572
abotoo a disciplicência
com insistência
176
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573
a fama é o melhor ódio quando menos dá jeito
177
DELALANDE CAGE
574
qualquer frase
é posse mas falta-lhe e o tacto
178
o cheiro
DELALANDE CAGE
575
andam a Shakespecular sobre um mim que estรก noutro lado
179
DELALANDE CAGE
576
gosto de cogumelos em guerra
180
DELALANDE CAGE
577
ver os sons ĂŠ a maravilhosa aventura do pateta
181
DELALANDE CAGE
578
tenho um Japão bonsai que me faz mais político sem eu dar por isso
182
DELALANDE CAGE
579
estou cheio
como a vida mas Ă s vezes apetecia-me
estar mais vazio
como a
morte
183
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580
quanto maior a educação maior a misindeterminacy
184
DELALANDE CAGE
581
não vale a pena tapar a falta de estrutura rítmica da des-meditação porque acabamos sempre por nos sentirmos libertos
185
DELALANDE CAGE
582
a matemรกtica numa frase pode ser uma convidada excentrica
186
DELALANDE CAGE
583
expus a Histรณria da Utopia enternecendo-se de complexidade num parque ecolรณgico
187
DELALANDE CAGE
584
modos de editar
a generosidade disponĂvel
188
DELALANDE CAGE
585
muitas ideias de ordem e desordem intoxicando-se a si ao mudarem a organização e a desorganização
189
DELALANDE CAGE
586
muitos filĂľes narrativos atraindo a alegria (com algumas tristezas intercalares)
190
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587
actividade da generosidade = parecido com arte
191
DELALANDE CAGE
588
sem príncipio meio ou fim (tudo debate diversificando-se no social e no poder ser remontado segundo múltiplas sequências)
192
DELALANDE CAGE
589
saber trabalhar a desordem com o desimpedimento e alguma interpenetração
193
DELALANDE CAGE
590
cartografia do espontâneo a empregar sons eróticos
194
DELALANDE CAGE
591
entre a nadificação de Eckhart e o metamórfico… o quê?
195
DELALANDE CAGE
592
causa-efeito na multideterminação indeterminante de opostos
196
DELALANDE CAGE
593
não-totalidades a condensar expansões e a expandir condensamentos
197
DELALANDE CAGE
594
apetência
a mudar constelações
198
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595
como remover certos hรกbitos se nรฃo levarmos o prazer na mente espontanea?
199
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596
a diferença é a contra-educação permanente
200
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597
o liberto
indisciplina-se
201
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598
põe na vida as influências da melhor multiplicidade
202
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599
usos de acasos a deitarem-se no creativo
203
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600
a preplexidade acumula-se na possibilidade de levar pessoas auto-libertarem-se sempre mesmo quando nĂŁo o sabem
204
a
DELALANDE CAGE
601
livros
sonhos
filmes
a revolucionar tรกticas e o amor
205
DELALANDE CAGE
602
confia na suspeita como se fosse a aceitação de uma falsa evidencia
206
DELALANDE CAGE
603
para transformar a disciplina sê discípulo do espaço
207
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604
processos a passarem
pelas coisas
e pelo corpo com plantas
208
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605
o feedback das coisas é a resposta omnipresente da ambientalidade
209
DELALANDE CAGE
606
pelo dissimulacro barroco ainda consegues desfrutar algumas partes do Estado
210
DELALANDE CAGE
607
o rococó é propício à experimentação clandestina
211
DELALANDE CAGE
608
partilha os teus pluriversos!
212
DELALANDE CAGE
609
preparação pulsional para outros amores neste amor
213
DELALANDE CAGE
610
a possibilidade de interiorização dos outros gera heteronomia e paixão
214
DELALANDE CAGE
611
para ser ajudado na educação há que escoar as influências na imobilidade
215
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612
uma obra de arte é a não-não-mente a atrair a multiplicidade
216
DELALANDE CAGE
613
os mitos questionam-nos através da transcomunicação
217
DELALANDE CAGE
614
a nova desordem que te escapa continua a comunicar as nove emoções permanentes no corpo
218
DELALANDE CAGE
615
cansei-me de (me) “remisturar” entre parenteses aspas
219
e
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616
realizamos porque não participarmos na degradação das profecias
220
DELALANDE CAGE
617
os jogos de linguagem atraiem o eletricamente aleatรณrio
221
DELALANDE CAGE
618
des-indeterminação
esvaziando opostos
222
DELALANDE CAGE
619
ombras do amado
a relacionar ecos
223
DELALANDE CAGE
620
transformar-se
para nĂŁo dar nas vistas
224
DELALANDE CAGE
621
multlicidades a enxergarem exuberâncias de afectos
225
DELALANDE CAGE
622
passam férias nos trópicos das parábolas rasteiras
226
DELALANDE CAGE
623
desigualar os outros pode não ser moderno mas é excelente
227
DELALANDE CAGE
624
um livro com orgĂŁos a entrar em muitos corpos
228
DELALANDE CAGE
625
a "des-indeterminação" extrai-se da melancolia
229
DELALANDE CAGE
626
um clima de alegria
vinda do nada
aparece na vida
230
decapitada
DELALANDE CAGE
627
a arte obcessiva
ama as guilhotinas
231
DELALANDE CAGE
628
um homem que se parece com o desengano mas que é encantador
232
DELALANDE CAGE
629
sou um cigarro fumado pela tranquilidade da nĂŁo-mente
233
DELALANDE CAGE
630
todos as gerações dispõe do experimentar-se em sexo mas nem sempre aproveitam — o assunto é o mesmo o estilo nem por isso
234
DELALANDE CAGE
631
o nariz é o anfiteatro do desconhecido
235
DELALANDE CAGE
632
o crime
é um boi napolitano
236
DELALANDE CAGE
633
a arte é o livre arbítrio a divorciar-se (de quem?) transformando-se na pluralidade de centro, pulverizando
fragmentações
237
DELALANDE CAGE
634
desejo erรณtico de anonimato a enxugar a pรกtria depois de a sujar
238
DELALANDE CAGE
635
as dissonâncias oferecem pipocas às harmonias
239
DELALANDE CAGE
636
sou apenas um jardim sentimental a estudar a desordem
240
DELALANDE CAGE
637
na natureza não existem recuos mesmo quando parece
241
não haver avanços
DELALANDE CAGE
638
aspirar ao fim do tĂşmulo do povo
242
DELALANDE CAGE
639
as emoções libertam
da legislação
243
DELALANDE CAGE
640
a desigualdade da subtileza jurídica não é pastoral
244
DELALANDE CAGE
641
o engenho é um sábio na desordem
245
DELALANDE CAGE
642
a justiça também é infâmia quando esquece que é acaso
246
DELALANDE CAGE
643
a comunidade
é a florestação da alegria
247
DELALANDE CAGE
644
há virtudes
que reclamam fúrias
248
DELALANDE CAGE
645
faรงo propaganda dos afectos sempre
249
DELALANDE CAGE
646
as casas dos afectos
estĂŁo rodeadas
de deuses vegetais selvagens daninhos
250
DELALANDE CAGE
647
é partilhando pluriversos que pluralizamos a história
251
DELALANDE CAGE
648
teve que ser uma verdade equĂvoca para se tornar uma escultura esquiva
252
DELALANDE CAGE
649
possibilidade de nos movermos com o pavĂŁo zero e todos os dons
253
DELALANDE CAGE
650
jardinar o sexo com sons é o maravilhoso
254
DELALANDE CAGE
651
a histรณria sรฃo os anagramas da Musa brincando com elementos abreviados
255
DELALANDE CAGE
652
anagrada-lhes viver para polir o erรณtico
256
DELALANDE CAGE
653
o anagrama não é opressivo mas compressivo
257
DELALANDE CAGE
654
o povo precisa de exemplos em slogans que nĂŁo sejam exemplares
258
DELALANDE CAGE
655
a poesia do controle — os sons beijadamente doces
259
DELALANDE CAGE
656
a ordem Imperfeita com o seu fabuloso e glorioso gostar
260
DELALANDE CAGE
657
a guilhotina é a irmã reluzente da música da mente?
261
DELALANDE CAGE
658
andamos a fingir
que ritmamos ruĂdos
262
DELALANDE CAGE
659
editei a irregularidade das ideias como autobiografia refutadora
263
DELALANDE CAGE
660
o importante
é sair de casa não sei muito bem para quê
264
DELALANDE CAGE
661
perdi a preocupação e tudo se mudou
265
DELALANDE CAGE
662
ser directo
como a indestinação
266
DELALANDE CAGE
663
uso a espontaneidade para corrigir o modo indeterminado como escrevo
267
DELALANDE CAGE
664
um estilo de leitura
determinante
para mudar o comportamento animal
268
DELALANDE CAGE
665
deformações do incerto musicada
musculadas
269
DELALANDE CAGE
666
há pessoas que participam na minha obra a fazerem bicha para serem influências ou sucessores
270
DELALANDE CAGE
667
strip-tease
do sentido das coisas mas ao contrรกrio
271
DELALANDE CAGE
668
o que é que nos safa de sermos variantes da fama e do anonimato enterlaçados?
272
DELALANDE CAGE
669
a experiência propícia
coisas inquestionáveis
que são complementadas
por questões
questionáveis
273
DELALANDE CAGE
670
a aquiescĂŞncia
da anarquia da natureza
274
DELALANDE CAGE
671
eu sou a minha desigualidade reciclada — devo-o a uma desordem que amolgou a simetria
275
DELALANDE CAGE
672
sentia que era um sítio para passear questões mutantes
276
DELALANDE CAGE
673
exercitava-se na desconfianรงa revolucionรกria
277
DELALANDE CAGE
674
a sociedade deriva de perguntas que levam à riqueza
278
DELALANDE CAGE
675
minusculos sentimentos em busca de ensaios
279
DELALANDE CAGE
676
a mudança da natureza como autobiografia é o semear malentendidos
280
DELALANDE CAGE
677
complexidades substituĂdas
281
realizam o Vazio
DELALANDE CAGE
678
a lรณgica transcomunica forรงas desviantes?
282
DELALANDE CAGE
679
o desenraizamento da matemática leva à decomposição ou à perfeição?
283
DELALANDE CAGE
680
o poema atrai imagens de paisagens inadiรกveis
284
DELALANDE CAGE
681
o som engorda as perferĂŞncias
285
DELALANDE CAGE
682
roubar subtilezas para viver à gargalhada
286
DELALANDE CAGE
683
arrumar mundos profanados
287
na claridade
DELALANDE CAGE
684
gosto de micropartĂculas para limpar o satori
288
DELALANDE CAGE
685
o saber decapita estilos
289
DELALANDE CAGE
686
a aparência
de certos números desmoraliza-nos
290
DELALANDE CAGE
687
editei a glória através do rumor
e da calúnia
291
DELALANDE CAGE
688
memรณrias postiรงas a desviarem-se dos jogos de totalitarismo
292
DELALANDE CAGE
689
andei a roubar famas intransmissíveis — será que me ficam bem?
293
DELALANDE CAGE
690
o repartir
a tornar-se furioso da origem?
294
DELALANDE CAGE
691
futuras palavras ruminam a minha heterobiografia
295
DELALANDE CAGE
692
o louvor é parte da transacção que passo a transcrever — (…)
296
DELALANDE CAGE
693
fome de polissemia apocaliptica
297
DELALANDE CAGE
694
quero a indisciplina
como mĂŠtodo
298
DELALANDE CAGE
695
um contra-ambiente
para exagerar a pontuação
299
DELALANDE CAGE
696
perguntas que sĂŁo virgulas
300
DELALANDE CAGE
697
uma relação que prepara separações
301
DELALANDE CAGE
698
a novidade do anonimato é frequente na insónia
302
DELALANDE CAGE
699
o apetite pelo mundo adquire-se a mudar as citações e a aprimorar os equívocos
303
DELALANDE CAGE
700
adjectivos
como elixires da juventude
304
DELALANDE CAGE
701
mentiras como hipรณteses da natureza fluir
melhor
305
DELALANDE CAGE
702
o tĂŠdio
como interface a documentar
306
pelos outros
DELALANDE CAGE
703
o carrascão do rumor chama-se Anunciação
307
DELALANDE CAGE
704
os livros dispersam-nos e fazem desaprender o silĂŞncio
308
DELALANDE CAGE
705
o sexo afeiรงoa os modos de tranquilidade fora do odioso
309
DELALANDE CAGE
706
somos aperitivos para mais creatividade (em vez de cepticismo)
310
DELALANDE CAGE
707
demasiadas autobiografias para engendrar um falso anรณnimato
311
DELALANDE CAGE
708
as minhas leituras
desfazem-me
a memรณria
312
DELALANDE CAGE
709
ir criando programas (jogos) para gerar novas autobiografias
313
DELALANDE CAGE
710
tiro as camisas aos fluxos do pensamento
314
DELALANDE CAGE
711
impuseram-me a fama para satisfazerem a curiosidade por nĂşmeros elementares
315
DELALANDE CAGE
712
a nossa biblioteca serรก composta pelos livros que soubermos adiar escrever
316
DELALANDE CAGE
713
as relações tornaram-se florestas de pensamentos
317
DELALANDE CAGE
714
o pensamento da inconsistência dá visões que atraiem a linguagem
318
DELALANDE CAGE
715
tive que me exilar na matemรกtica para prevaricar em solecismos
319
DELALANDE CAGE
716
procuro calar-me e perco-me no clima propĂcio que relaxa a sintaxe
320
DELALANDE CAGE
717
pensamento manhoso com execução leviana
321
DELALANDE CAGE
718
publicito-me dispersando-me
322
no parecido
DELALANDE CAGE
719
jogos de linguagem a incendiarem divĂŁs
323
DELALANDE CAGE
720
desnudar os deuses
nas frases
324
DELALANDE CAGE
721
a tranquilidade das respostas finta
325
as perguntas
DELALANDE CAGE
722
a alegria de mudar de "arte" por capricho
326
DELALANDE CAGE
723
uma obstinada inclinação pelo arbitrário para fazer o luto
do sucesso
327
DELALANDE CAGE
724
aprimorar a desconfianรงa caprichosamente
328
DELALANDE CAGE
725
eu gosto de misturas
que metam a inutilidade
ao barulho
329
DELALANDE CAGE
726
expus conflitos eróticos inexistentes uma pergunta
que agrava excepções
330
DELALANDE CAGE
727
não ter juízo é a minha autobiografia
331
DELALANDE CAGE
728
a volta ao mundo
a arrumar quartos
(perspectiva de um sopeiro)
332
DELALANDE CAGE
729
o Estado sugeriu que nos livrassemos dos poemas e os substituĂssemos por decretos ou planos de reformas
333
ou de reversĂľes
DELALANDE CAGE
730
o eu constitui-se atravĂŠs de musicas divergentes
334
DELALANDE CAGE
731
ando a tentar vestir
o mundo
com os objetos da histรณria
335
DELALANDE CAGE
732
a leveza confunde-se com a autoproteção da terra
336
DELALANDE CAGE
733
o amor avassalador
põe titúlos ao mundo
337
DELALANDE CAGE
734
dão pulos em parenteses até ficarem travessões
338
DELALANDE CAGE
735
o se calhar é um ambiente de des-indeterminação (misindeterminacy)
339
DELALANDE CAGE
736
somos a mesma múltiplicidade a fingir várias pessoas a cada vez
340
numa
DELALANDE CAGE
737
a novidade
do anonimato
procura um museu
341
à mão
DELALANDE CAGE
738
os fundamentos das matemáticas andam a enganar a ciência
342
DELALANDE CAGE
739
imperfeição
vai aperfeiçoando a pergunta que morde a comédia
343
DELALANDE CAGE
740
pontuação perguiçosa
a cavalgar a poesia
344
DELALANDE CAGE
741
a nossa paciĂŞncia encontra enredos na obscuridade da natureza
345
DELALANDE CAGE
742
o estudo despediu
a sua fome
346
DELALANDE CAGE
743
a renĂşncia aborta escritos na sombra
347
DELALANDE CAGE
744
a harmonia
é menos um conteúdo e mais um comício
348
DELALANDE CAGE
745
há regras que desaparecem no silêncio dos usos
349
DELALANDE CAGE
746
estou a usar a telepatia como forma de desmaterializar a glรณria
350
DELALANDE CAGE
747
a ética é uma inexorável comédia no vortex da arte
351
DELALANDE CAGE
748
os mapas
evadiram-se do territรณrio
352
DELALANDE CAGE
749
a grandeza
a esbracejar sistemas
e a libertar o impuro nada
353
DELALANDE CAGE
750
a arte é surpreendida pela arrogância das mudanças
354
DELALANDE CAGE
751
desfazer o desejo
é Yeshua
refazer com o desejo
somos nós
355
DELALANDE CAGE
752
os nossos ouvidos estão agora num processo com o acaso em que qualquer tédio é muito mais interessante do que a beleza na natureza
356
DELALANDE CAGE
753
tive que inventar climas de influência, de parecença de disciplicência a ser ritmica ruídos de combinatórias e outros para que a minha presença desaparecesse
de mim mesmo
357
DELALANDE CAGE
754
antes de comeรงar qualquer coisa mudo todas as minhas possibilidades simultanemente
358
DELALANDE CAGE
755
ofereço-se-me à desatenção: desengatando falando lavando a minha mente com sabão e carinho
359
DELALANDE CAGE
756
movo-me com uma alma sem enigmas
360
DELALANDE CAGE
757
não me posso salvar porque me sinto sempre a salvo no meio das turbulências
361
DELALANDE CAGE
758
ao beber
sinto rodopiar a cabeรงa
na unidade
de que desconfio mas nรฃo faz mal
362
DELALANDE CAGE
759
a exuberância
é uma alegria equívoca a caír num longo caminho
363
DELALANDE CAGE
760
o enredo no estilo
é a melhor mentira
numa autobiografia
364
DELALANDE CAGE
761
não há nada como um estilo a passar por desordem com uma multiplicidade de ritmos a corroê-la
365
DELALANDE CAGE
762
a moda
é a assombrosa falsificação da obsolescência e é para já
366
DELALANDE CAGE
763
investir
no impuro desperdĂcio de tempo e de jeito
367
DELALANDE CAGE
764
a fotografia é uma forma de oprimir a consciência do eu com uma exactidão plana
368
DELALANDE CAGE
765
devoção por dizer
o que não vês nem sentes
ou por sentir
o que nunca verás
369
DELALANDE CAGE
766
a esperança é comediante e na maior parte das vezes acaba em risadas
370
DELALANDE CAGE
767
a sombra do generosidade
371
é a luz da época
DELALANDE CAGE
768
os pinturas entregam-se na desordem surfando a cor
372
DELALANDE CAGE
769
as pessoas intensificam o erótico fazendo variações — mas para isso há que conhecer os seus monótonos modelos
373
DELALANDE CAGE
770
qualquer coisa é madrasta bastarda mas tem que descobrir o cabrão do enteado
374
DELALANDE CAGE
771
o exílio é um modo de sublimar a lingua materna num espaço para o qual nos tentamos inadaptar
375
DELALANDE CAGE
772
usar a maldade do mundo como matéria do estudo das coisas é pouco
e triste
376
DELALANDE CAGE
773
a heteronomia
atrai a posteridade mas devagar
377
DELALANDE CAGE
774
orgulho-me de nĂŁo ser parecido com um autor mas invejo-lhe as moscas e nalguns casos os royalties
378
DELALANDE CAGE
775
pseudonomias a prestações a mudar muita coisa noutros anonimatos
379
DELALANDE CAGE
776
distinções
críticas
a recapitular
confusões
380
DELALANDE CAGE
777
começar um romance exige que tudo se torne uma balburdia e de que a solução final a que uma intriga conduz acabe numa vigorosa elipse
381
DELALANDE CAGE
778
o estudo
ao fim de algum tempo
acaba por rolar no chĂŁo
382
DELALANDE CAGE
779
corto pรกginas de um livro para arrefecer a cabeรงa
383
DELALANDE CAGE
780
hรก escritas
que abortam de excesso de simplicidade
384
DELALANDE CAGE
781
monto para nĂŁo andar
em frases burras muito depressa
385
DELALANDE CAGE
782
a comunicabilidade
impraticรกvel
torna algumas pessoas
386
subtis
DELALANDE CAGE
783
re-escrevo notas para ampliar um livro que nĂŁo se conjunta
nem acaba
387
DELALANDE CAGE
784
criar um público para não-comunicar
directamente
mas por interposto processo
388
DELALANDE CAGE
785
os museus dão a garantia errada quanto aos prazeres da inexperiência
389
DELALANDE CAGE
786
faz caminhadas para te sujares de maravilhas
390
DELALANDE CAGE
787
as utilidades (a tecnologia) ajudam-nos a rifar o divino
391
DELALANDE CAGE
788
a maior parte das questĂľes gostaria de se livrar dos seus autores e em ultima anĂĄlise da linguagem
392
DELALANDE CAGE
789
hรก respostas a mais para as grandes perguntas que ainda nรฃo foram feitas
393
DELALANDE CAGE
790
roubara os pontos de partida para que jรก nรฃo se pudesse regressar a eles
394
DELALANDE CAGE
791
sentia as excepções
como formas caricatas
& indispensáveis da banalidade
395
DELALANDE CAGE
792
considerava os adjectivos como a parte animal da linguagem a tal
que abre o apetite e encontra presas
396
DELALANDE CAGE
793
sentia os que arredam os adjectivos como criaturas deficitárias
convencidas
de que o mundo está destituído de qualidades flutuantes
397
DELALANDE CAGE
794
à falta de citações falsas tinha que dar ao litro para integrar algumas autenticas
398
DELALANDE CAGE
795
acatava os falhanรงos como oportunidades de outras coisas sobretudo clandestinas
399
DELALANDE CAGE
796
em vez de um mundo preferĂvel um mundo emocionado?
400
DELALANDE CAGE
797
especificidades curriculares com mรก-fama
401
do erรณtico nos arredores
DELALANDE CAGE
798
tem um sistema para ler livros na ordem errada embora seja um sistema pouco meticuloso
402
DELALANDE CAGE
799
escreve a autobiografia do ponto de vista de um derrotado pela moral e pelos factos e ao fazĂŞ-lo
aumenta-se
assim como Ă s suas vontades
403
DELALANDE CAGE
800
o místico é o que aldraba deus com a experiência de outro deus que inventou no fundo si mesmo
404
DELALANDE CAGE
801
preferia a prolixidade a qualquer síntese – assim talvez se livrasse da posteridade e dos epígonos
405
DELALANDE CAGE
406
DELALANDE CAGE
Como me misturei com um remix de John Cage 2 foi acabado no dia 10 de Fe vereiro do ano de 2018 e dado à www logo que possível pelos Waf Books
407
DELALANDE CAGE
408