© Pedro Proença 2017
Este livro contém na íntegra aquele que foi impresso por ocasião da Exposição ECCENTRIC DRAWING, organizada por Peter Weiermair, em 1998, no Kunstverein de Frankfurt. This book contains in its entirety the one printed at the ECCENTRIC DRAWING exhibition, organized by Peter Weiermair, in 1998, at the Frankfurt’s Kunstverein.
Posfácio Os desenhos reproduzidos neste livro são logo considerados pelos entendidos em história de arte como algo associável às gravuras em cobre que se integravam nos livros barrocos. Proença inspirou-se nos desenhos barrocos desse tipo de páginas, as vinhetas, que levavam a verdadeiras orgias gráficas e que reflectiam o espírito emblemático da época. Os emblemas combinados por Proença podem ser interpretados como formações de distintos signos com diversas origens históricas e culturais. São, como ele próprio confessa, títulos de volumes de uma biblioteca secreta repleta de livros fictícios. Proença é um autor e um artista visual e simultanemente um retórico que atribui importância ao excêntrico, ao grotesco, à ironia e ao travestismo. Em 1593 surgiu em Roma a “Iconologia de Cesare Ripa”, um livro referência, com 1250 tipos de personificações. De acordo com Ripa, um conceito abstracto deve ser representado por uma figura humana, se possível, com o auxílio de um ou mais objectos, como atributos. Do ponto de vista da clareza Ripa é considerado confuso e mau. Proença reinventa o discurso pictórico com a sua biblioteca secreta e concebe um reportório retórico extravagante a partir da sobreabundância dos signos culturais ao seu dispor, assim como alegorias e embelmas, distorcendo o jogo outrora sensível de alta artificialidade com incursões no absurdo e no surreal. Sem deixar de estar atento ao surrealismo e à arte fantástica, a sua poética artistica contrasta com elas. As ambivalências, assim como o que está em boa parte indeterminado nesta extraordinária mistura, criam relações borbulhantes entre signos da história e da contemporâneadade, ao mesmo tempo que alguns elementos infantis exerceum forte papel, o que torna possíveis conexões com a Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll. A exposição e o livro não teriam sido possíveis sem o apoio do Instituto de Arte Contemporânea, sediado em Lisboa. Pere Weiermair
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