Villon in paradiso

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VILLON in Paradiso pelo próprio & autodenominado JACQUES.PASTICHE mestre não se sabe bem em quê mas muito prolíf ico como sempre Lisboa MMXV


era no outrora, um tempo tĂŁo duro como estes, mas apetecĂ­vel agora


nĂŁo era necessĂĄrio usar ironia para ser tido por bom


afluia & vicejava o primaveril


o latim dos pรกssaros defendia a sua glรณria de passagem


os poetas faziam com os versos mรกquinas de guerra


apetecia beber pelo prazer de beber


era um tempo sem nostalgias e com ganas


as mais belas damas estrelavam ovos com feijĂŁo e presunto


gabavam-se feitos de cavaleiros astutos que encornavam reis


as vacas pastavam ao lado das vilas e eram peludas


verdejavam intenções e cresciam àrvores viçosas nos potes velhos e nos cantaros rachados


mesmo com a morte por perto tudo no mundo dava vontade de dançar


irrompiam problemas mas a formusura era muito real


florestas de polĂŠmicas escolĂĄsticas


Villon passava os dias a apanhar cogumelos


depois cozinhava-os com ervas deliciosas


a estalajadeira era uma intriguista dos diabos


tinha um sexo muito peludo em forma de flor-de-lys


Villon aguentava-se bem a atafulhar-se de vinhaรงa


havia a sensação de que até Deus era generoso com os reis cornudos


mas hรก caminhos perigosos


os dias passavam quentes e Villon banhava-se no rio Sena

agua fresca e maravilhosa


Villon fez confidĂŞncias a um abade com ar generoso


que na verdade era um velhaco que lhe queria extorquir dinheiro


o abade arranjou-se bem e provou o pito da estalajadeira


meteu-lhe ideias tontas na cabeรงa


o abade acusou o Villon de alto gamanรงo


tanto pode ser verdade como mentira, dizem as testemunhas presentes


ainda hรก tanta coisa na vida que vale a pena fazer, pensa o nosso Villon


hรก que nรฃo descurar das coisas, mas ao diabo as filosofias


o caso deu pró torto — houve mesmo quem bezerrasse


o sol nascia e os escudos exibiam~se


Villon foi condenado e bem condenado, e confessou-se como quem se autocrucifica alegremente


desculpem, foi uma expressão parva! — grunhiu o pequeno narrador


doiam-lhe as entranhas e jรก se via entre os defuntos


mas continuava com um indomรกvel apetite de viver


nĂŁo, nĂŁo chegou o dia do fatal cadafalso


o carrasco ficou triste e irritado — oh!


e uma alegria de cores fortes entrou no peito do malandro do Villon


o paraíso afinal era para continuar a ser gozado — até...


este livrito foi desenhado, escrito e paginado no dia 3 de Junho ´do ano da graça de 2o15 por Jacques Pastiche que tudo ignora quanto à vida de um tal Villon hips!


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