DANIEL SANTIAGO em 2 tempos

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CONCEPÇÃO E REALIZAÇÃO DO PROJETO

Sem Título Produções

ORGANIZAÇÃO DO CATÁLOGO

Joana D’Arc Lima

REVISÃO DE TEXTO

Francisco Lima Tavares TRADUÇÃO

Francisco Lima Tavares e Luma Torres TEXTOS

Itamar Morgado, Joana D’Arc Lima e Laura Souza PRODUÇÃO EXECUTIVA

Carol Chaves Madureira • Simone Luizines • Taciana da Fonte Neves FOTÓGRAFO

Flávio Lamenha TRATAMENTO DE IMAGEM

Pedro Alb Xavier

PROJETO GRÁFICO DO CATÁLOGO

Pedro Alb Xavier

CURADORIA DA EXPOSIÇÃO

Joana D’Arc Lima

CONCEPÇÃO DO HAPPENING

Daniel Santiago

PROJETO GRÁFICO DA EXPOSIÇÃO

Gustavo Albuquerque

DESIGN TÊXTIL DA INSTALAÇÃO

Carlito Person EXPOGRAFIA

Beth Da Mata MONTAGEM

Sem Título Produções PROJETO DE ACESSIBILIDADE DA EXPOSIÇÃO

Com Assessoria Comunicacional REALIZAÇÃO AUDIOVISUAL

Aogue - Ideias Colaborativas ISBN

AGRADECIMENTOS

978-85-5829-016-6 1ª Edição • Ano Edição: 2017

Realização

Incentivo

Apoio

Ana Lira • Beth da Mata • Cecília Urioste • Edvaldo Xavier • Jamily Alves • Java Araújo • Juany Diegues • Laudeci Luizines • Leonardo Siqueira • Márcio Henrique Wanderley • Margarete Santos • Nara Vila Nova • Tânia Oliveira • Thaysa Cordeiro • Vi Brasil


O BRASIL É O MEU ABISMO Registro de Performance realizada no Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães 1982

FOTOGRAFIA. DANIEL SANTIAGO COM SOLDA OXIGÊNIO NO ATELIÊ DE ESCULTURA DO 4° FESTIVAL DE INVERNO DE OURO PRETO/MG Câmara Minolta 16, filme P&B. 100 ASA Gevaert Década de 1970 Foto João Batista Queiroz

MARCA DO HAPPENING “UM SONHO DE EZRA POUND” Carlito Person Linólio 2017

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ILUSTRAÇÃO PARA O HAPPENING “UM SONHO DE EZRA POUND” Carlito Person Linólio 2017

DANIEL SANTIAGO EM 2 TEMPOS

Joana D’Arc Lima · Curadora

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aniel Santiago é um artista de destaque na historiografia das artes visuais no Brasil por sua produção possuir fortes referências ao modus operandi e às maneiras de apresentação e representação vinculadas à arte conceitual. Sua vasta obra é marcada por uma singularidade estética, imaginativa e usos de poéticas, cujo potencial de leveza, ludicidade, humor, crítica e referências literárias se fazem a todo tempo presentes. Os modos de materialização de suas inquietantes ideias passam pelo desenho, escultura, pintura e xilogravura, pela produção de livros de artista, criação de cartazes, filmes, arte postal. A ação, o happening, a performance, o teatro objeto, a música objeto - esta última inventada pelo artista – tem sido o modo preferido pelo qual seus projetos vêm sendo realizados. 03


UM SONHO DE EZRA POUND Registro do Happening realizado no MAMAM, Recife 2017 Foto Gabi Saegesser Outro traço importante é a inserção recorrente dos espectadores nas práticas artísticas, sendo estes a plateia, participantes, audiência ou criadores. O “outro” é sempre convidado a realizar junto. Daniel Santiago divide autorias dos seus trabalhos com muitos artistas brasileiros, exemplos dessas formações estão presentes em sua trajetória. Citemos, em caráter ilustrativo, a Equipe Bruscky & Santiago, a permanente troca com o Grupo Totem, as experimentações, mais recentes, desenvolvidas com os artistas Márcio Almeida, Tom Zé e, particularmente nessa exposição, a parceria com o artista Carlito Person. Nesse sentido, Daniel Santiago produz, faz e refaz redes de produção e de experimentação artística, instaura ações coletivas, formas de cooperação e lugares de aprendizados. É solidário e generoso, um artista/ educador, que caminha na contramão de uma lógica neoliberal do individualismo e do mercado.

Aloísio Magalhães, um happening intitulado Um sonho de Ezra Pound. O artista convida o público para dormir e sonhar com Ezra Pound em um espetáculo-exposição que ocorre como espetáculo na abertura da mostra. O chamado para dormir e sonhar em camas devidamente arrumadas, com roupas ilustradas pelo artista Carlito Person é o mote, o que daí pode acontecer é o inusitado e o que foge ao controle do artista e da própria instituição. Simultaneamente, um segundo ato acontece no último andar do Mamam. Selecionamos diversos trabalhos e registros retirados do seu acervo/arquivo. São 24 imagens, entre elas algumas que narram registros de performances realizadas em diversas temporalidades; outras, apresentam exercícios pictóricos, desenhos e gravuras feitos a partir da segunda metade dos anos 1960; há ainda fotografias pessoais que documentam encontros com “outros” artistas. Essas imagens suportam uma força performática e ficcional deixando escapar do documento a sua ficcionalidade.

Essa exposição intitulada Daniel Santiago em Dois Tempos apresenta como primeiro ato, no piso térreo do Museu de Arte Moderna 04


Particularmente, escolhi quatro projetos/ proposições de trabalhos que foram apresentados e recusados em instâncias legitimadoras das artes visuais. Respectivamente, três para a 29º Bienal Internacional de São Paulo e um no 15º Salão da Bahia, alguns já realizados e outros ainda no compasso de espera. Para além do gesto da recusa que esses projetos carregam em sua biografia, expô-los nos permite, por um lado, refletir sobre os mecanismos os quais regulam o que é incluído ou excluído no campo artístico, e por outro, observar a forma de apresentação e a construção narratológica (verbal e visual) que singulariza as propostas e poéticas criadas pelo artista. Por último, marca essa exposição a exibição de seis filmesregistros e uma coleção de livros e peças gráficas criadas pelo artista quando de sua passagem como “design gráfico” no Departamento de Programação Visual da Fundação de Cultura da Prefeitura da Cidade do Recife.

passado parte da trajetória artística de Daniel Santiago, ainda pouco conhecida no Brasil, e que me parece importante para o entendimento do lugar do artista, de sua produção e poética no campo das artes, assim como desencadear reflexões sobre a produção da arte conceitual feita em Pernambuco. A ideia, também, é provocar deslocamentos temporais entre uma ação inédita, idealizada por Santiago no agora e aproximar suas referências, pontuar questões de sua formação e apresentar parte de sua trajetória poética, política, estética, visitando outros trabalhos na dispersão do seu arquivo e das temporalidades. ◊

Trazer à luz tais imagens, todas no formato lambe-lambe, é uma tentativa de arrancar do 05


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DANIEL SANTIAGO IN 2 TIMES

Joana D’Arc Lima · Curator

FEIJÃO FRADINHO, CAMARÃO, QUIABO, AMENDOIM TORRADO... Xilogravura 1969 Premiada no Salão de Artes PLASTICAS DE PE

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aniel Santiago is a renowned artist in the history of visual arts in Brazil for his deep connections with the modus operandi, the ways of presentation and representation attached to conceptual art. His work is marked by a singular aesthetic and imagination, its poetic language can create softness, humor, critic and references to literature.

The materialization of his many ideas passes through drawing, sculpting, painting and xylography, creating artist books, posters and mail art. The action, the “happening”, performance, object theatre, the object music – this last one created by the artist – has been the preferential way for his projects. Another important fact is the recurring insertion of viewers in artistic practices, being the audience, participants, or creators. The "other" is always invited to perform together. Daniel Santiago share its work authorships with many Brazilian artists. We will mention as example the Bruscky & Santiago team, the permanent exchange with the Totem Group, his latest experiments developed with Márcio Almeida, Tom Zé and particularly at this exposition, the partnership with the artist Carlito. Daniel Santiago produces, makes, and remakes networks of production and artistic experimentation, establishes collective actions, forms of cooperation and places of learning. He is supportive and generous, an artist/ educator who walks on the wrong side of a neoliberal logic of individualism and market. This exposition, called Daniel Santiago em Dois Tempos (Daniel Santiago in Two Moments), presents as its first act on the ground floor at Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães, this “happening” called Um sonho de Ezra Pound (An Ezra Pound’s dream). He invites the public to sleep and dream with Ezra Pound in an exhibition-spectacle as a presentation at the opening. The invitation to sleep and dream on tidy beds, using clothes illustrated by Carlito Person, is the real thing, what happens next is unusual and out of control from the artist or the institution itself. Simultaneously, a second act takes place on Mamam’s top floor. We have selected several works from his collection/archive. There are 24 images, among them there are records of performances 07


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UM SONHO DE EZRA POUND Registro da Exposição Daniel Santiago em 2 Tempos realizada no MAMAM, Recife 2017 exhibition displays six films-documents and a collection of books and graphic pieces created by the artist when he was a graphic designer from the Visual Programming Department of Fundação de Cultura da Prefeitura da Cidade do Recife.

held in various temporalities; others feature pictorial exercises, drawings and engravings made from the second half of the 1960’s; There are also personal photos documenting encounters with other artists. These images support a performative and fictional force that makes the document reveal its fictionality.

Exposing such images, all wheatpaste posters, is an attempt to bring from the past part of Daniel Santiago’s artistic trajectory, still obscure in Brazil, and that looks to me so important for the understanding on the place of the artist, its production, and poetics in the arts field. Also, to provoke reflections on the production of conceptual art made in Pernambuco. The idea is to cause a temporal displacement of an unprecedent action, conceived by Santiago at the present moment and bring his references, indicating issues from his formation and presenting part of his poetic, politic and aesthetic trajectory, visiting other works in the dispersion of his files and temporalities. ◊

I chose particularly four projects/propositions that have been submitted and rejected in legitimating instances of visual arts. Respectively, three from the 29th Bienal Internacional de São Paulo and one in the 15th Salão da Bahia, some already completed and others still in the process. Beyond the refusal that these projects carry, exposing them allows us to, on the one hand, reflect about the mechanisms which regulate what is included or excluded in the artistic field, and on the other hand, observe the form of presentation and the narrative construction (as well as visual and verbal constructions) that highlights poetic proposals created by the artist. Finally, this 09


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A ARTE RESISTÊNCIA DE DANIEL SANTIAGO

Itamar Morgado

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trajetória artística de Daniel Santiago remonta ao final da década de 1960, UM SONHO DE em meio às excepcionalidades EZRA POUND da ditadura militar, tempos Registro do marcados pela intolerância política Happening e por severas restrições à liberdade de expressão. realizado no MAMAM, Recife Apesar do cenário desfavorável a experimentações, Santiago 2017 enveredou por caminhos estéticos que confluíram para o exercício de uma arte questionadora e independente, postada criticamente em relação ao momento político, e capaz de ocupar os espaços urbanos de um território “mapeado e vigiado”, pelos agentes do poder, conforme atesta a curadora do MAC/USP Cristina Freire. Valendo-se de linguagens alternativas como performances, happenings, instalações e intervenções urbanas, Santiago contrariava os padrões estéticos dominantes e transgredia a lógica da expografia formal, em detrimento do circuito comercial das artes. Mais do que isso, ao deslocar o foco de suas ações para pontos adensados de afluência pública, estabeleceu relações de cumplicidade com a dinâmica da cidade, interferindo na rotina de seus habitantes anônimos, alçados momentaneamente à condição de partícipes da obra. A rejeição a espaços expositivos convencionais naquele contexto era uma prática em si contestadora, identificada com a análise do crítico de arte Paulo Herkenhoff sobre Caos e Efeito, − exposição de que Santiago participou com a performance Godot esperando Samuel Beckett, em 2011−, que institui como ponto de partida “o anti-cubo branco: a estética do comércio informal, o improviso, delinquências estéticas e conceituais que oscilam entre classificação e caos”. Com raras exceções, as poéticas de artistas dessa geração vingaram sob a sombra do aparelho repressor do Estado que, a pretexto de coibir ameaças à estabilidade do regime, decretou em 1968 o Ato Institucional nº 5, legislação autoritária que vigeu por 10 anos e “legitimou” a aplicação de medidas coercitivas extremas contra os opositores do regime. 11


SONETO MISTURADO Poesia Visual 2011

GODDOT ESPERANDO SAMUEL BECKETT Registro de Performance na Galeria Janete Costa quando da ocasião da exposição Demasiadamente Simples, do artista plástico Joelson Gomes 2014 Foto Yanna Stella Cavalcanti

Foi nesse clima inóspito que ocorreu a detenção de Daniel Santiago, em 1976, pela Polícia Federal, por ter participado da organização da II Exposição Internacional de Arte Postal, fechada liminarmente pelos militares sob a vaga acusação de expor “material subversivo”.

Insere-se nesse contexto a sua adesão ao movimento internacional de Arte Postal, nascido do propósito de se criar um ramal de circulação de obras à margem dos espaços institucionais, rede que assumiu papel político importante na América Latina e em países do Leste Europeu, como via alternativa de expressão para artistas submetidos às práticas censórias vigentes em regimes ditatoriais.

As intempéries não chegaram a abater o ânimo libertário do artista, que fez das parcerias e compartilhamentos plataforma para ampliar seu potencial estético e relacional e lastreou a estratégia de enfrentamento ao controle exercido pelo governo sobre o conteúdo das produções artísticas.

Santiago desenvolveu ações artísticas multidisciplinares abrangendo pintura, instalações, performances, videoarte, videoperformances, poesia visual, arte postal, e uma gama de trabalhos 12


AS NOIVAS DE DOM GATÃO Registro de Performance realizada no Pátio de são Pedro, Recife, com a participação do poeta Jomard Muniz de Britto 2007

experimentais, nem sempre percebidos como arte pelo senso estético comum.

de exposições, bobinas de filmes super8, registro de performances em DVDs e postagens em mídias digitais (videoarte), foco de seu interesse a partir de 2005.

A efemeridade dessas intervenções e a indiferença do mercado das artes à época de sua realização levaram à formação de acervo pessoal, composto por fotografias, cartas, postais, colagens, escritas caligráficas, poemas visuais, publicações de anúncios e artigos em jornais e revistas, cartazes, livros de artista, faxes, telexes, telegramas, vídeos, gravuras, desenhos, em suporte físico e arquivos armazenados em pastas digitais, em permanente expansão.

Raro entre artistas cujos trabalhos escoam regularmente pelas vias comerciais, o fenômeno de acumulação de obras em poder de seus autores adquire foros de universalidade quando observamos a sua ocorrência em condições políticas semelhantes, independentemente da cartografia desses arquivos. Com isso, foram preservados um sem número de documentos historicamente relevantes, mantidos

Integram ainda a coleção do artista catálogos 13


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PROPINA DISCRETA: A MÃE DE TODAS AS BOMBAS Desenho eletrônico, Corel Draw 2017

OBJETOS Desenho, Lápis de cor 1967

CARTAZ EXPOSIÇÃO DE LIVRO DE ARTISTA Fusein 1984

completa sem abranger a produção desses artistas “marginais” integrados a sistemas alternativos de circulação, historicamente excluídos das coleções museológicas, mas que, foram cruciais naqueles anos difíceis.

inéditos ou em condições de baixa circulação em poder dos seus autores. A distorção vem sendo corrigida pela revisão de critérios proposta pela historiografia contemporânea que rejeita a versão hegemônica excludente e empreende uma operação de resgate da verdade oculta em documentos dessa época, para além de sua utilidade meramente indicial e classificatória.

O crescente interesse nesses acervos pela crítica internacional tem provocado a valorização dessas obras no mercado de arte, inserindo-as, ironicamente, no mesmo circuito comercial que fora alvo de suas contestações no passado, e responsáveis por sua classificação marginal.

Disso resulta que, aos olhos da crítica moderna, nenhuma abordagem histórica sobre a arte do último quartel do século XX estará 15


FOTOGRAFIA Câmara Minolta 16, filme P&B. 100 ASA Gevaert Década de 1970 Foto João Batista Queiroz

descrito por Zanna Gilbert, pesquisadora de arte latino-americana e curadora do MoMA/ NYC, como de “difícil categorização, como se fosse uma borboleta, ora aqui, ora ali [...].

Isso leva a questionamentos, com base nos fundamentos genéticos do processo de criação artística, sobre os rumos contraditórios que podem assumir os objetos de arte diante de novos contextos, que alteram, por vezes, suas propostas originais.

É provável que as alternâncias da carreira de Santiago, que passou por períodos de menor evidência na primeira década deste século para ressurgir com vigor nos últimos anos, tenham se refletido na estrutura dessas narrativas.

Paradoxalmente, contrariando as expectativas geradas pelo contexto político sombrio em que se desenvolveu, o resumo da obra de Santiago revela a leveza com que estabelece relações estéticas e afetivas com o mundo, fruto da singularidade de seu temperamento artístico

Cabe ao leitor, valendo-se também do compasso natural das borboletas, acompanhar as errâncias dessa trajetória. ◊ 16


VERZUIMDE BRAZIL Projeto de Performance de Daniel Santiago, recusado pela 29ยบ. Bienal Internacional de Sรฃo Paulo 2010

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DANIEL SANTIAGO’S RESISTANCE ART

Itamar Morgado

SONETO SÓ PRÁ VÊ Poesia Visual 1982

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aniel Santiago’s artistic path comes from the end of the 1960s, in the centre of exceptional circumstances from military dictatorship, an era marked by political intolerance and harsh restrictions on freedom of speech. Despite the unfavourable scenario to experiments, Santiago slipped into aesthetic paths which converged to the practice of a questioner and independent art. This was critically situated in relation to the political moment, and capable of occupying the urban spaces of a territory “mapped and oversaw” by the power agents, as attested by the MAC/USP curator, Cristina Freire. Utilizing alternatives like performances, happenings, installations and urban interventions, Santiago contradicted prevailing aesthetic standards and transgressed the formal expography logics, in opposition to the arts commercial circuit. Furthermore, by changing the focus of his actions to public affluence denser points, he established complicity relationships with city dynamics, interfering in its nameless habitants’ routines, momentarily taken as artwork participants. Conventional expositive spaces refusal in that context was a controversial practice per se, identified on art critics Paulo Herkenhoff analysis about Chaos and Effect, - exhibition where Santiago participated with ‘Godot esperando Samuel Beckett’ performance, in 2011 -, which determines as starting point “the white anti-cube: informal trade aesthetic, the improvisation, aesthetic and conceptual delinquencies that oscillate between classification and chaos”. Except for rare examples, the artist’s poetics from that generation developed under the cover of repressive state apparatuses shadow which, under the pretext of inhibiting threats to the system, decreed in 1968 the Institutional Act nº 5, an authoritarian legislation that was maintained in force for 10 years and “legitimated” extreme coercive measures utilization against regime’s opponents. It was throughout this inhospitable climate, that Daniel Santiago’s detention occurred. In 1976, via Federal Police, for having been into the II International Postal Art Exhibition organization, which had been closed by military order beneath a vague accusation of exposing “subversive material”. 19


AUGUSTO DOS ANJOS Fotoperformance por Daniel Santiago 2008

BANANAS COM GARRAFA Guache 1967

All these misfortunes didn’t throw down the artist libertarian mood, who used associations and shares as platforms to extend his aesthetic and relational potential and intensified the confrontation strategy to government control over artistic productions content.

art market indifference at the time of their realization led to a personal collection, composed by photographs, letters, postcards, collages, calligraphic writing, visual poems, newspaper and magazine articles and advertising, posters, artist’s books, faxes, telexes, telegrams, videos, engravings, drawings, on physical support along with files stored in digital folders, in constant expansion.

Inserts in this context his adhesion to the Postal Art international movement, born from the purpose of creating a circulation branch for works outside institutional spaces, a network which had assumed an important political role in Latin America and Eastern European countries, being an alternative way of expression for artists who were submitted to censorship practices in dictatorial systems.

Moreover, integrate the artist’s collection exhibition catalogues, super-8 film reels, performance records on DVDs and digital media posts (video art), his interest focus from 2005. Rare among artists whose productions are regularly leaked out through commercial ways, the accumulation of works in their authors custody phenomenon acquires universality forums when we observe its occurrence in similar political conditions, regardless of these files cartography.

Santiago established multidisciplinary artistic actions, embracing painting, installations, performances, video art, video performances, visual poetry, postal art, and a gamut of experimental works, infrequently perceived as art by common aesthetics sense.

Therefore, unnumbered historically relevant documents were preserved, kept private or in low

These interventions ephemerality and the 20


PAPOULAS Aquarela Retocada 1967

AS BOTAS Desenho. Esferografia 1964

circulation conditions in their authors possession.

This raises questions, based on the genetic process of artistic creation, on the contradictory paths which art objects can take in face of new contexts, that sometimes alter their original proposals.

The distortion has been corrected through criteria revision purposed by contemporary historiography which rejects the hegemonic excluding version and undertakes a rescue operation of the truth hidden in documents of that time, beyond its merely indicial and classificatory utility.

Paradoxically, contradicting the generated expectations by the dark political context in which it developed, the summary of Santiago’s work reveals the lightness with which he establishes aesthetic and affective relations with the world, outcome of the singularity of his artistic personality described by Zanna Gilbert, Latin-American art researcher and MoMA/NYC curator, as “difficult to cathegorize, as he were a butterfly, sometimes here, sometimes there […].

Consequently, in the modern critics’ eyes, no historical approach to the art of the twentieth century last quarter will be complete without covering the production of these “marginal” artists integrated with alternative circulation systems, historically excluded from museum collections, but which were crucial in those tough years.

It is probable that Santiago’s career shifts, which had lesser evidence periods in this century first decade to reappear vigorously in recent years, had been reflected in these narrative structures.

The growing interest in such collections by international critics has caused these works appreciation in the art market, inserting them, ironically, in the same commercial circuit that had been their contestations’ object in the past, and responsible for their marginal classification.

It is up to the reader, taking advantage of butterflies’ natural cadence, to follow the unpredictability of this trajectory. ◊ 21


BREVES APONTAMENTOS DE UMA TRAJETÓRIA ARTÍSTICA: DANIEL SANTIAGO EM SUAS POÉTICAS E AÇÕES COLETIVAS

Laura Souza

A

ntes de possuir formação artística acadêmica, Daniel Lima Santiago (Garanhuns, PE, 1939) serviu na Aeronáutica dos 18 aos 26 anos, foi designer gráfico em Salvador e professor na Escola Nacional de Desenho de Curitiba na década de 1960. Posteriormente, formou-se na Escola de Belas Artes da UFPE (anos 1970) e, já nos anos 1980, concluiu o curso de jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco. Permeando tantos caminhos de profissionalização e atuação, a sua liberdade poética desvela um olhar cuidadoso sobre o cotidiano, as pessoas e o mundo da arte em variadas formas de criação. Ao longo da sua arte-vida, Daniel Santiago sempre deu, e continua a dar, largo espaço à partilha do processo criativo com outros artistas (profissionais ou não) e convida visitantes, alunos, transeuntes e curiosos a participarem dos seus jogos com as linguagens. Os trabalhos como desenhista e pintor em ruas e praças (também com cavalete) sempre estiveram ao lado das experimentações que envolvem a poesia visual, a performance, a arte-correio, a arte-postal, a arte classificada, os cartazes, os livros-objetos, a docência, etc. Práticas inventivas que fizeram o artista ser reconhecido em distintos cenários da arte contemporânea nacional. Muitas de 22


MONUMENTO XIPÓFAGO Registro de Performance, realizada no Festival de Inverno de Garanhuns, com o jornalista Celso Marconi 2006 Foto Manuel Chaves

ILUSTRAÇÕES PARA O HAPPENING “UM SONHO DE EZRA POUND” Carlito Person Xilogravura 2017

suas obras, caracterizadas pela teatralização de situações, foram repetidas em diferentes décadas e com novos colaboradores (Ver Discurso Político – Tom Zé, no YouTube).

leitor é convidado para um passeio pela Rua dos Navegantes (Recife/PE) que se tornaria um “objeto” de arte a ser vivenciado. O observador precisa virar um personagem: o navegante. A rua/objeto de arte é percebida como “Composição aberta de apelos sutis a todos os sentidos” onde é preciso andar “e não estar sentindo dor alguma, nem cansaço, nem fome, nem medo, nem sapato apertado. Saudade pode”.

Tantas dinâmicas criadoras passaram a ser mais conhecidas quando ainda era aluno da Escola de Belas Artes e formou, com Paulo Bruscky, a Equipe Bruscky & Santiago. Juntos, no ano de 1970, os dois organizaram a ação “Exponáutica Expogente” que aconteceu na praia de Boa Viagem, no Recife, surpreendendo os banhistas com um roteiro de atividades na areia no mar e nos arrecifes. Não demorou muito para que a arte correio/postal ganhasse, também, destaque na expansão de seus trabalhos, travando contatos e trocas com artistas do mundo todo. Um exemplo é o postal/poema/performance “RU-AO-BJETO” realizado pela primeira vez em 1974. Nele, o

O caráter vivencial atribuído às ideias artísticas trouxe à tona o interesse de toda uma geração pelo momento poético compartilhado e não, exclusivamente, pelo objeto de arte duradouro. Assim, Daniel Santiago dividiu sua trajetória, também, com Sílvio Hansen, Marconi Notaro, Unhandeijara Lisboa, Ypiranga Filho, Leonhard Frank Duch e muitos outros artistas, pesquisadores, pensadores, etc. na contínua 23


“Duelo” (Feito para a Cadeira de Cinema, do Curso de Jornalismo da UNICAP) escrito, produzido e dirigido por Daniel Santiago onde aparece Paulo Bruscky como ator coadjuvante. Os eventos colaborativos passaram a contar cada vez mais com número maior de artistas, surgindo a mostra “Artdoor” (1981) com obras em outdoors espalhadas por várias ruas do Recife. Em parceria poética com Jomard Muniz de Britto, Daniel Santiago apresenta pela primeira vez a performance com cartaz “O Brasil é o meu abismo” (1982) que se repetiu em diferentes anos e localidades.

formulação de redes poéticas. Tendo em vista o propósito da colaboração e das articulações culturais, a I Mostra Internacional de Arte Correio foi produzida pela Equipe Bruscky & Santiago em 1976. O uso de um órgão público para a reverberação de ações artísticas pouco compreendidas resultou na detenção temporária dos organizadores do evento durante a Ditadura Militar (1964 – 1985). Os anos 1970 ainda contaram com o Festival de Inverno da Universidade Católica (a partir de 1978) e com performances coletivas em teatros e nas pontes do centro do Recife, como “Con(c)(s)(?)erto Sensonial ”, “Arte em Pé”, “Arte Expocorponte” , “Arte Aerobís”, Arteaeronimbo ou Artemcágado,

Nas décadas seguintes, algumas performances urbanas foram produzidas ao lado do Grupo Totem, como “Palmas para a Rua da Palma”, “Seis Cenários à procura de um Personagem

A virada para os anos 80 traz a experimentação com vídeos, principalmente, a partir do trabalho 24


ASSALTO À MÃO LIVRE Projeto de Performance de Daniel Santiago, recusado pela 29º. Bienal Internacional de São Paulo 2010

O NINHO DA DEMOCRACIA Grafite, Galeria Janete Costa 2012 Foto Hassan Santos

Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM) com a instalação “Eflúvios Artificiais de Mulheres Abstratas”. Em parceria com Beth da Matta e o Grupo PIA, o artista contou com a participação de amigos como Rodrigo Braga, Bruno Vilela, Gil Vicente, Killian Glasner e outros que, em fotografias, criaram a visualidade de famosas personagens da literatura clássica. Daniel Santiago ficou com o papel de criar os cheiros dessas mulheres a partir de essências disponibilizadas aos visitantes da instalação. No mesmo ano, a performance “Godot esperando Samuel Beckett” foi executada nas ruas de Fortaleza com o apoio do BNB Cultural. No Itaú Cultural (SP), o encontro com a artista e curadora Clarissa Diniz resultou na efetivação de “A Democracia Chupando Melancia”.

de Pirandello” e “Core-O-grafia-H”. Muitas de suas realizações ocorreram em paralelo ao seu trabalho como formador de arte-educadores e como designer gráfico pela Secretaria de Cultura da Cidade do Recife, funções que exerceu até o ano de 2010. Neste momento, Daniel Santiago intensifica a investigação com mídias digitais e o uso da internet como plataforma de exibição. Assim, seus vídeos feitos com webcam podem ser vistos no YouTube e são chamados, pelo próprio artista, como poemas eletrônicos intitulados, por exemplo, “Coreografia da Molécula do Carbono”, “Buraco Negro”, “O movimento do Plasma no Interior da Magnetosfera” ou “Janela Discreta”. Após alguns anos participando de mostras coletivas de arte correio e outras propostas, Daniel Santiago, em 2011, ocupou o térreo do 25


DISCURSO POLITICO Ópera objeto representada na bienal de Sorocaba, sob a direção de Hércules Soares e Héros Valério com música de Tom Zé 2015 digitalizando e compartilhando fotografias e registros de seus trabalhos antigos e recentes como quem desenvolve um diário poético e virtual aberto a todos. Em 2017, o público pôde dar continuidade à sua participação na obra do artista por meio da exposição “Daniel Santiago em dois tempos”, com curadoria de Joana D’Arc de Sousa Lima, sendo todos convidados a passar uma noite na instalação “Um sonho de Ezra Pound”. Aos 78 anos, Daniel Santiago mostra que seu impulso criador/lúdico/crítico continua ativo e alimentado pelos encontros e diálogos generosos com várias gerações de artistas, pesquisadores e públicos que atravessam sua história e, por isso mesmo, parte da história da arte contemporânea no Brasil. ◊

A primeira exposição individual do artista aconteceu em 2012, ocupando todas as salas do MAMAM com curadoria de Cristiana Tejo e Zanna Gilbert. A mostra, intitulada “Daniel Santiago – de que é que eu tenho medo?”, contou com apoio do museu e suporte de pesquisa do Grupo PIA em um processo de levantamento das obras e dos contextos que se desdobraram em diversos suportes e distintas temáticas que relacionaram desenhos, literatura, a cidade, performances, videoarte, design gráfico, fotografias, gravuras, cartazes, instalações, jornais, cartas, carimbos, postais e depoimentos. Nos últimos cinco anos, Daniel Santiago publicou livros-objetos como “Tabela Poética dos Números Íntimos”, “Discurso Político” e “Cafunés em Potencial”. Sua interação nas redes sociais é constante, inclusive 26


NOTES ON AN ARTISTIC TRAJECTORY: DANIEL BRIEF SANTIAGO IN HIS POETICS AND COLLECTIVE ACTIONS

Laura Souza

B

efore possessing an academic artistic education, Daniel Lima Santiago (Garanhuns, PE, 1939) attended to Aeronautics from 18 to 26 years, was a graphic designer in Salvador and a professor at Curitiba National School of Design in the 1960s. Afterwards, he graduated in Fine Arts School of UFPE (1970s) and, by the 1980s, he finished a Journalism course at the Catholic University of Pernambuco. Spreading throughout so many professionalization and acting paths, his poetic freedom reveals a careful look at the everyday life, the people and the art world in various creation forms. During his art-life, Daniel has always given - and continues to give - wide space to the sharing of his creative process with other artists (professional or not) and invites visitors, students, passersby and curious to participate in his language games. His works as illustrator and painter in streets and parks (also with easel) have always been side by side to the experiments which involve visual poetry, performance, mail art, postal art, classified art, posters, object books, teaching, etc. Inventive practices that made the artist well-known in different scenarios of the contemporary national art. Many of his works, characterized by situations dramatization, were recreated in different decades and with new collaborators (see Discurso Político – Tom Zé, on YouTube). All these creative dynamics became better known when he was still a School of Fine Arts student and formed, with Paulo Bruscky, the Bruscky & Santiago Team. Together, in the year of 1970, these two organized the action “Exponáutica Expogente” that happened in Boa Viagem beach, in Recife, surprising people bathing with a script of activities, in the sand, in the sea and in the reefs. It didn’t take long to the mail/postal art gain prominence in the expansion of his work, making contacts and exchanges with artists from all over the world. An example is the postal/poem/performance “RU-AOBJETO”, first performed in 1974. In it, the reader is invited to a walk on the Rua dos Navegantes (Recife/PE), which would become an “art object” to be experienced. The observer must turn into a character: the navigator. The street/object of art is perceived as “Open composition of subtle appeals 27


A DEMOCRACIA CHUPANDO MELANCIA Projeto de Performance de Daniel Santiago, Clarissa Diniz e Fred Nascimento, recusado pela 29º. Bienal Internacional de São Paulo 2010 during the Military Dictatorship (1964 - 1985). The 1970s also featured Catholic University Winter Festival (from 1978) and collective performances in theatres and bridges in Recife centre, such as “Con(c)(s)(?)erto Sensonial ”, “Arte em Pé”, “Arte Expocorponte” , “Arte Aerobís”, Arteaeronimbo or Artemcágado.

to all the senses” where we must walk “without feeling any pain, neither tiredness, nor hunger, nor fear, nor tight shoe. You can feel missing”. The experiential aspect attributed to the artistic ideas surfaced a whole generation interest for the shared poetic moment and not only for the lasting art object. Thus, Daniel Santiago shared his trajectory with Sílvio Hansen, Marconi Notaro, Unhandeijara Lisboa, Ypiranga Filho, Leonhard Frank Duch and many other artists, researchers, thinkers, etc. in poetic networks continuous formulation. Aiming at the purpose of collaboration and cultural articulation the First International Mail Art Exhibition was produced by Bruscky & Santiago Team in 1976. The use of a public agency for little understood artistic actions reverberation resulted in the event organizers temporary arrest

The turn to the 80’s brings video experimentations, mainly starting with the work “Duelo” (made for the Film class from UNICAP Journalism course), written, produced and directed by Daniel Santiago, in which Paulo Bruscky appears as a supporting actor. The collaborative events began to count progressively with more artists, arising the exhibition “Artdoor” (1981) with billboard works spread across several streets of Recife. In poetic partnership with Jomard 28


A DEMOCRACIA CHUPANDO MELANCIA Registro de Performance realizada no Itaú Cultural, com a atriz Clarissa Diniz e com o artista plástico Lourival Cuquinha 2011 example, “Coreografia da Molécula do Carbono”, “Buraco Negro”, “O movimento do Plasma no Interior da Magnetosfera” or “Janela Discreta”.

Muniz de Britto, Daniel Santiago presents the performance for the first time with the poster “O Brasil é o meu abismo” (1982) that was repeated in different years and localities.

After a few years participating in collective postal art exhibitions and other proposals, Daniel Santiago, in 2011, occupied the ground floor of the Museum of Modern Art Aloísio Magalhães (MAMAM) with the installation “Eflúvios Artificiais de Mulheres Abstratas”. In association with Beth da Matta and PIA Group, the artist had some friends’ participation such as Rodrigo Braga, Bruno Vilela, Gil Vicente, Killian Glasner and others, who, in photographs, created the visuality of famous characters from classical literature. Daniel Santiago had the role of creating these women scents from essences made available to visitors of the art installation. In the same year, the “Godot esperando Samuel Beckett”

In the following decades, some urban performances were produced alongside Totem Group, as “Palmas para a Rua da Palma”, “Seis Cenários à procura de um Personagem de Pirandello” and “Core-O-grafia-H”. Many of his achievements occurred in parallel to his work as an art educators tutor and as a graphic designer for the Culture Department of Recife City, which he held until 2010. At this moment, Daniel Santiago intensifies the investigation with digital media and the internet use as an exhibition platform. This way, his webcam videos can be watched on YouTube and are called by the artist himself as electronic poems, titled, for 29


CIRCUITO ABERTO DE PERFORMANCE EM REDE Projeto de Performance de Daniel Santiago, recusado no 15ยบ. Salรฃo Nacional da Bahia 2008

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UM SONHO DE EZRA POUND Registro da esposição Daniel Santiago em 2 tempos realizado no MAMAM, Recife 2017

CIRCUITO ABERTO DE PERFORMANCE EM REDE Registro da performance em rede proposta por Daniel Santiago realizada, Recife 2008

performance was executed in Fortaleza streets with BNB Cultural support. At Itaú Cultural (SP), the meeting with the artist and curator Clarissa Diniz resulted in the implementation of “A Democracia Chupando Melancia”.

has published object books as “Tabela Poética dos Números Íntimos”, “Discurso Político” and “Cafunés em Potencial”. His interaction in social networks is constant, including scanning and sharing photographs and records of his old and recent works as someone who develops a poetic and virtual diary opened to everybody. In 2017, the public could continue their participation in the artist’s work through the exhibition "Daniel Santiago in two times", curated by Joana D'Arc de Sousa Lima, in which all the audience was invited to spend a night at the installation "Ezra Pound’s dream". At age 78, Daniel Santiago shows that his creative/playful/critical impulse remains active and nurtured by the generous encounters and dialogues with several generations of artists, researchers and audiences which go through his history and, therefore, part of contemporary art history in Brazil. ◊

The artist first solo exhibition happened in 2012, occupying all MAMAM rooms, curated by Cristiana Tejo and Zanna Gilbert. The show, titled “Daniel Santiago – what am I afraid of?”, had the museum encouragement and a research support of the PIA Group in a process of surveying the works and the contexts that unfolded in various bases and different themes that related drawings, literature, the city, performances, video art, graphic design, photographs, prints, posters, installations, newspapers, letters, stamps, postcards and speeches. In the last five years, Daniel Santiago 31


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