RAUL CÓRDULA fundaj

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RAUL CÓRDULA 26 de setembro de 1990 11 de outubro de 1990


A simbologia de Raul Córdula

Amélia Couto

Apenas três sinais compõem o alfabeto visual de Raul Córdula: o triângulo, o quadrado e o círculo. Porém é dessa tríade que sua arte vive e se renova numa elaboração contínua. A vertente criativa que trabalha a arte não se limita ao território da estética, antes é preciso procurá-la na geo­metria do próprio ser, na simbologia arcaica e, por vezes, oculta. Esta abordagem sugere histórias vivenciadas por ele pois alguns de seus sinais evoluíram de experiências como as paisagens aéreas dos anos 60 ou o triângulo equilátero adotado mais recentemente, resultados das perspectivas dos panoramas e estradas vistas em andanças pelo interior do Brasil. Nesta exposição realizada na Galeria Vicente do Rego Monteiro da Fundação Joaquim Nabuco, quando comemora 30 anos de atividades artísticas, podemos ver um conjunto de suas indagações sobre o espaço, a cor, a composição e a textura dentro de uma nítida ordenação de forças, tensões e disciplina. O triângulo equilátero tem importância definitiva pois centraliza a maioria das composições e ordena o ritmo ternário de algumas outras onde o quadrado é o tema. À parte o óbvio sentido reli­gioso do triângulo ele também atua como símbolo vivencial, por exemplo, em obras como “caverna na montanha” onde um triângulo com vértice para baixo está inscrito em outro de posição oposta. A caverna na montanha é o coração no corpo, a caverna é o coração da montanha, lugar onde se guar­dam segredos (secretos), tesouros e objetos sagrados. O coração é a arca dos sentimentos onde tem abrigo o precioso sentido da vida. O quadrado tradicionalmente simboliza a terra, mas é também um símbolo de limite. A cruz grega, a cruz do verbo, a tríplice muralha, estas e outras manifestações do quadrado e da cruz traçam limites que se opõem ao sentido absoluto do círculo. Alguns quadros des­ta mostra contêm um círculo com um ponto no centro inscritos em quadrados e triângulos numa alu­são direta ao homem contendo o universo e contido por ele. Este trabalho não se enquadra numa classificação de geometrismo ou construtivismo. Sua vontade geométrica é flagrantemas isto não atende a uma questão apenas estilística. O que Raul pa­rece propor é que seus quadros sejam instrumentos de contemplação da ordem do universo que está sugerida no próprio ritmo do seu trabalho, na contínua compulsão de repetir formas, cores, signos e tantos outros elementos. Na verdade, não sendo uma repetição mecânica, estes elementos nunca se repetem pois os movimentos da vida (a ação) fazem com que a mesma pintura seja sempre, e a qual­quer momento, diferente. Cabe dizer que ele pinta sempre o mesmo quadro no sentido de que o artis­ta realiza a mesma obra a vida toda, ou melhor, a obra de toda a vida de um artista é uma só. Os an­tigos a chamavam de Grande Obra, e seu objetivo é a contemplação.


A Fundação Joaquim Nabuco, através do seu Instituto de Assuntos Culturais, convida Vossa Exelência e família para a abertura da exposição de pinturas de Raul Córdula, em comemoração aos seus 30 anos de vida artística, na Galeria Vicente do Rego Monteiro, à Rua Henrique Días, 609 - Derby, às 19:00 horas do dia 26 de setembro de 1990.


Rua Henrique Días, 609 - Derby de 2ª a 6ª feira das 14:30 às 20:00 horas

apoio

Floração

jardinagem e paisagismo

realização

projeto gráfico atual: Pedro Alb Xavier

Galeria Vicente do Rego Monteiro


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