Livro comemorativo dos 80 anos de fundação do PEN Clube do Brasil

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PEN Clube do Brasil

80 Anos 1936 – 2016


! PEN Clube do Brasil

80 Anos 1936 – 2016

! L I T E R AT U R A E

LIBERDADE DE EXPRESSÃO


Dir etor ia ( 2014 – 2016 ) Cláudio Aguiar, Presidente Alcmeno Bastos, Ana Arruda Callado e Clair de Mattos, Vice-Presidentes Délio Mattos, Godofredo de Oliveira Neto, Ivan Junqueira (in memoriam), Nelson Mello e Souza, Reynaldo Valinho Álvarez e Victorino Chermont de Miranda, Conselho Curador Dorée Camargo, Francisco de Paula Souza Brasil e Helena Ferreira, Conselho Fiscal T extos : Celso Kelly, Cláudio Aguiar , Cláudio de Souza, Eduardo Portella, Juscelino Kubitschek, Marcos Almir Madeira, Maurício Vicente Ferreira Júnior, Rodrigo Octavio Filho, Sergio Fonta E q u i pe d e Col a b o r a d or es : Coordenação Editorial e Gráfica: Carlos Barbosa (Editora Batel) Desenho de Capa: Cavani Rosas Capa, Projeto Gráfico e Diagramação: Julio Lapenne Revisão: Luiza Lobo e Edmilson Carneiro Leitura final: Solange Trevisan zc Tradução: Gabriel Ojeda e Madalena Oliveira Aguiar Apoio Administrativo: Núbia Nunes (Secretaria do PEN Clube) Henrique Alves (Secretaria da Fundação Miguel de Cervantes) Patrícia Almeida (Secretaria da Fundação Miguel de Cervantes) Paulino Lemes de Sousa Cardoso (Centro de Memória da Academia Brasileira de Letras)

Patrocínio:

Apoio:

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ P453 PEN Clube do Brasil: 80 anos (1936-2016): promovendo a literatura e defendendo a liberdade de expressão / organização PEN Clube do Brasil – 1. ed. – Rio de Janeiro: Batel, 2016. 216 p.: il. ; 30 cm. ISBN 9788599508572 1. PEN Clube do Brasil – História. I. Brasil, PEN Clube. 16-31167

CDD: 367 CDU: 351.752.17 13/03/2016

14/03/2016


! Sumário APRESENTAÇÃO, 7 PEN CLUBE DO BRASIL 80 ANOS, Cláudio Aguiar, 11 Fundação, 12 Liberdade de pensamento como missão fundamental, 19 Os anos difíceis: da ditadura Vargas à Segunda Guerra Mundial, 26 Intermezzo: PEN Clube do Brasil e a tragédia de Stefan Zweig, 31 Ainda os anos difíceis: da ditadura à redemocratização, 44 A sede do PEN Clube do Brasil, 53 Divisão e união dos escritores brasileiros, 57 O fim de uma época e o legado, 59 A fase dos jornalistas, 66 O Presidente Marcos Almir Madeira (1968 – 2003), 74 Um caso especial: Antônio Carlos Villaça e o PEN Clube do Brasil, 90 O PEN Clube do Brasil e os desafios do novo milênio, 92 A volta dos prêmios literários, 109 Os novos meios de comunicação: Boletim, Revista Convivência e a fase digital, 112 TEATRO NO PEN CLUBE DO BRASIL: UM PALCO NAS MÃOS DE EURÍDICE, Sergio Fonta, 115 DOCUMENTO E MEMÓRIA Uma associação de escritores brasileiros, Cláudio de Souza, 133 Saudação a Cláudio de Souza, Acadêmico Rodrigo Octavio Filho, 136 A Casa de Cláudio de Souza, subunidade do Museu Imperial, Maurício Vicente Ferreira Júnior, 139 Congressos do PEN Internacional realizados no Brasil, 145 XXXI Congresso de 1960, 145 Discurso do Presidente do PEN Clube do Brasil, Celso Kelly, 146 Discurso do Presidente da República, Juscelino Kubitschek, 149 XLIV Congresso de 1979, 151 Discursos aos Congressistas do Ministro da Educação, Eduardo Portella, 151 Discurso do Presidente do PEN Clube do Brasil, Marcos Almir Madeira, 156 LVIII Congresso de 1992, 160 PEN CLUB OF BRAZIL 80 YEARS 1936 – 2016 Literature and freedom of speech, 162 ANEXOS Nominata dos Sócios do PEN Clube do Brasil (1936 – 2016), 205 Sócios Fundadores (2 de abril de 1936), 205 Ex-sócios (1936 – 2015), 206 Sócios Estrangeiros (1936 – 2016), 211 Quadro Atual (Membros Titulares 2016), 212 FONTES BIBLIOGRÁFICAS, 215



! Apresentação

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PEN Clube do Brasil, fundado a 2 de abril de 1936, surgiu no cenário das letras e da cultura sob o signo das liberdades de pensamento e de expressão e da proclamação da necessidade do convívio dos escritores comprometidos com tais princípios além dos limites das fronteiras. Esse programa, iniciado em Londres desde 1921, ao ser trazido para o Brasil, representou verdadeiro desafio. O grupo que se reunira para criar o Clube, liderado pelo dramaturgo Cláudio de Souza, era oriundo, em sua maioria, da Academia Brasileira de Letras, embora entre os presentes estivessem outros escritores ligados a entidades de áreas da literatura, da cultura e do poder político, principalmente os sediados no Rio de Janeiro, então a capital da República. No Brasil não se podia ignorar o clima reinante na Europa, onde as forças políticas de vários governos digladiavam-se diante dos caminhos da democracia, do nazismo, do fascismo e do comunismo. Talvez por isso a situação brasileira agravou-se cada vez mais com a vitória da chamada Revolução de 1930, que logo se converteu na ditadura Vargas. A fundação do PEN Clube do Brasil, portanto, surgia num momento marcado por proble-

mas internos de crescente desestabilização política. Do ponto de vista externo, o mundo, de repente, assustara-se (e ainda mais os escritores e os artistas) com alguns gestos de barbárie, a exemplo do fuzilamento do poeta Federico García Lorca, no dia 19 de agosto de 1936, em Viznar, vila granadina de Espanha, a balaços, pelas costas. Dias antes o poeta declarara: “Na Espanha, os mortos são mais vivos que os mortos dos outros países do mundo.” Ou com as ameaças e os perigos descortinados no horizonte do governo russo, animado pelo braço forte de Stalin, que não permitia a livre associação de escritores e artistas e os perseguia em todas as comunidades soviéticas. Ao mesmo tempo, os nazistas da Alemanha, liderados por Hitler, impunham aos escritores duros reveses com as queimas públicas de livros considerados proscritos pelos ideólogos daquele regime totalitário. Enquanto isso, as regras estatutárias do PEN Clube do Brasil recém-fundado estabeleciam que a entidade “fará parte do PEN Internacional, funcionará na cidade do Rio de Janeiro e terá por fim estreitar as relações dos escritores nacionais, defender seus direitos e pô-los em comunicação com os escritores dos outros países”.


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damental editar este livro na esperança de que ele sirva como ponto de reflexão sobre suas ações e omissões. Só assim será possível recordar os feitos com base em alicerces verdadeiros e coerentes aos passos culturais dados pelo País. Esse caminhar, que já venceu longas e difíceis estradas, permitirá, ao mesmo tempo, um olhar diferenciado para as atuais gerações e, possivelmente, ajudará a corrigir rotas e caminhos às novas gerações, evitando, na prática, os erros ou os equívocos do passado. O livro – PEN CLUBE DO BRASIL 80 ANOS (1936-2016) LITERATURA E LIBERDADE DE EXPRESSÃO – contém, ainda, alguns registros fundamentais que apontam para atitudes e responsabilidades assumidas ou não, a exemplo do destemido comportamento da direção da entidade durante os anos difíceis da ditadura Vargas e da Segunda Guerra Mundial. Também, por outro lado, não se pode esquecer as omissões de alguns dirigentes, notadas, sobretudo, durante os anos do Golpe Militar de 1964 e no posterior endurecimento ditatorial vivido a partir de 1968. Nesses períodos, infelizmente, foram quase nulos os esforços do PEN Clube do Brasil em manter acesa a chama da defesa dos princípios norteadores de sua missão primordial: a defesa, a qualquer custo, da liberdade de pensamento e de expressão, quer de seus sócios, quer de cultores da palavra ameaçados dentro e fora do Brasil. Apesar disso, cremos ser possível admitir que a história do PEN Clube do Brasil permite afirmar, neste momento tão significativo, que a exemplaridade oriunda das primeiras décadas do seu passado, logo após a fundação, deve ser revivida no presente e poderá irradiar-se ao futuro. Com isso, a bandeira da esperança jamais será retirada de seu mastro ou ofuscada por dificuldades passageiras. Durante as últimas oito décadas passou pelo quadro social do PEN Clube do Brasil expressiva parcela de escritores brasileiros. Esse talvez seja o maior legado que o Clube tenha a ostentar no âmbito da literatura e da cultura brasileiras. São cerca

Além do mais, o Centro brasileiro passaria a adotar as resoluções Canby e Raymond, aprovadas pelo V Congresso do PEN Internacional, realizado em Bruxelas, nos seguintes termos: 1ª – Defenderá a livre circulação das obras literárias em todos os países, sem embargo de dissensões internacionais. 2ª – Defenderá as obras de arte, batendo-se para que, ainda mesmo em caso de guerra, sejam respeitadas como patrimônio da humanidade. 3ª – Trabalhará pela concórdia entre as nações sem prevenções raciais ou políticas. O fundador, dramaturgo Cláudio de Souza, pertencente aos quadros da Academia Brasileira de Letras (ABL), ostentava em seu currículo obras e exemplos de homem corajoso e também devotado à defesa dos direitos humanos, como fizera, quando iniciou sua carreira, assinando, sob pseudônimo, na imprensa diária, alguns artigos polêmicos em defesa da liberdade da mulher. Por isso, no momento em que ele se dispôs a criar o PEN Clube do Brasil, também assumiu todas as bandeiras de defesa dos direitos humanos consagrados nos princípios da promoção da literatura, da defesa da liberdade de pensamento e de expressão e do livre convívio entre escritores de todos os gêneros e matizes. Eis o norte perseguido pelo Clube brasileiro. Nesse sentido, o PEN Clube do Brasil seguia os mesmos passos adotados pelo PEN Internacional, sediado em Londres, que, durante a Segunda Guerra Mundial e depois do final do conflito, assumiu a defesa da liberdade de pensamento e pugnou pela unidade dos escritores em torno desses postulados, associando-os, inclusive, aos direitos que seriam votados e aprovados pelas Nações Unidas na Declaração dos Direitos Humanos. No momento em que o PEN Clube do Brasil chega aos 80 anos de existência, cremos ser fun-

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de mil escritores, entre vivos e mortos. Por isso, foi necessário dar destaque aos nomes dos sócios do PEN Clube do Brasil em ordem alfabética. Cada um deles contribuiu de alguma maneira para que a entidade existisse e sobrevivesse, inclusive, nos momentos mais difíceis de sua travessia, ora com seus nobres trabalhos como voluntários dentro da entidade, gerindo-a e administrando-a, afirmando, assim, o sentido de pertencimento além da mera filiação protocolar, ora com suas produções literárias, cada uma a seu modo, integrando o rol do inventário da criação literária do Brasil, ultrapassando, portanto, a mera aferição quantitativa. O PEN Clube do Brasil, enfim, sempre estará voltado para os objetivos que lhe foram destinados como missão, quer nos exemplos dignificantes do passado, quer na ação dos atuais dirigentes e sócios, quer nos propósitos daqueles que virão, os que nos substituirão, porque tais finalidades dizem respeito à própria dignidade do ser humano naquilo que lhe é mais caro: o direito de criar, de viver em paz e de falar e escrever em plena liberdade. CLÁUDIO AGUIAR Presidente do PEN Clube do Brasil

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Cláudio de Souza, a meio perfil, com fardão, chapéu e espada da ABL (1924, sua posse na ABL). (Acervo PEN Clube do Brasil).


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80 Anos

Cláudio Aguiar

" “Parece incrível, mas é verdade: o PEN Clube do Brasil é hoje, talvez, um dos mais ricos do mundo. Não, apenas, em bens materiais: principalmente pelo acervo moral e intelectual que lhe é a história. Cláudio de Souza, cujo busto de bronze agora inauguramos, é que lhe perpetuará a lembrança nesta casa, onde foi-lhe o obreiro persistente e otimista.” A C A D Ê M I C O R O D R I G O O C TA V I O F I L H O Discurso na inauguração da sede do PEN Clube do Brasil no Rio de Janeiro, em 23.12.1945

" “O PEN Clube do Brasil é por certo em todo o mundo o de mais segura existência e de melhores possibilidades.” FIDELINO FIGUEIREDO Presidente do PEN Clube de Portugal


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Fundação semanais de convivência com seus amigos escritores que, aliás, já vinham ocorrendo desde 1918. Ainda em 1921, a notícia se difundiu de tal sorte que em várias cidades da Europa outros escritores seguiram o exemplo e fundaram clubes semelhantes. Dessas iniciativas nascia uma espécie de associação mundial de escritores, logo registrada sob a denominação de International PEN, com sede em Londres, órgão responsável pela coordenação dos demais clubes nacionais que iam sendo criados. Depois passaram a ingressar nestes escritores de outros gêneros, tais como, tradutores, dramaturgos, críticos de arte, jornalistas, historiadores, etc. Posteriormente, em 1932, o escritor John Galsworthy,ganhador do Prêmio Nobel de Literatura, foi o primeiro Presidente do PEN Internacional. Entre os demais membros fundadores também se encontravam escritores consagrados, como Joseph Conrad, George Bernard Shaw (Prêmio Nobel de Literatura de 1925), Elizabeth J. Craig, H. G. Wells, entre tantos outros. Vale destacar que coube a Wells, quando presidiu o PEN Internacional, nos primeiros anos da década de 1930, a iniciativa de trazer ao seio da entidade os princípios fundamentais da Declaração Universal dos Direitos Humanos, integrando, ele mesmo, o seleto grupo de escritores responsável pela redação dos quatro pontos da Carta de Princípios que, até hoje, norteiam os passos seguidos pelos centros mundiais. Ei-la:

O PEN Clube do Brasil foi fundado no dia 2 de abril de 1936, na cidade do Rio de Janeiro. A sua origem, porém, não pode ser considerada como fato isolado ou fruto exclusivo da vontade de seu criador, o Acadêmico Cláudio de Souza. Sem ele, é verdade, o Clube dificilmente existiria. No entanto, à sua obstinada determinação de criar o Centro Brasileiro do PEN Clube do Brasil somam-se os resultados positivos até então alcançados pelo PEN Internacional, de Londres, fundado em 1921. A fundação do PEN londrino foi antecedida pelas ações da escritora Catherine Amy Dawson-Scott (1865-1934), que vinha reunindo escritores de diferentes tendências e gerações no Tomorrow Club, sempre nos finais de tarde, na hora do tradicional chá dos ingleses. Ali os escritores discutiam, em clima de sadia convivência, temas ligados à literatura. Um dia Catherine Amy verificou que os encontros assumiam as feições de um típico clube londrino, e teve a ideia de buscar um nome para o batismo. Daí, ela intuiu que das iniciais dos gêneros literários cultuados pelos frequentadores mais assíduos formavam um nome interessante. P de Poetry (Poesia); E de Essay (Ensaio); e N de Novel (romance, novela). Juntas estas letras formavam PEN, que, por coincidência, é a palavra que significa caneta na língua de Shakespeare, símbolo ideal para expressar o sentido maior da atividade de qualquer cultor da palavra escrita. A iniciativa de Catherine Amy lembra, em certo sentido, o exemplo seguido pelo escritor francês Valentin Conrart (1603-1675) que, em sua casa de Paris, também reunia escritores, por volta de 1635. Um dia, ele e os amigos resolveram atuar como se fosse uma Academia. Foi então que Richelieu levou o governo francês a apoiar institucionalmente aquele grupo. Assim nasceu a Academia Francesa. Essa semente, plantada pela escritora Catherine Amy, ganhou corpo e, em função dos encontros

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“ 1. A literatura não conhece fronteiras e deve permanecer patrimônio comum dos povos, a despeito dos conflitos políticos e internacionais. 2. O respeito ao patrimônio cultural da humanidade deve ser preservado, em todas as circunstâncias, do efeito das paixões nacionais ou políticas. 12

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muitos outros, em seus respectivos países, aderiram e tornaram-se membros do PEN Clube do Brasil. Sob a gestão da presidência de Wells, durante a Assembleia de Dubrovnik, em 1933, os escritores ali reunidos, antevendo os perigos da instauração de regimes totalitários na Alemanha de Adolf Hitler e na União Soviética de Stalin, condenaram as ações desencadeadas naqueles países, por se constituírem em claras ameaças aos direitos humanos. No caso da fundação do PEN Clube do Brasil também concorreram outras circunstâncias de real influência, a exemplo dos acontecimentos políticos e sociais vividos no Brasil e no resto do mundo ao longo do período abrangido pela eclosão da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a chamada Revolução de 1930. Após o fim daquele conflito mundial, em grande número de cidades europeias reinava um clima de desânimo provocado pelos terríveis efeitos da guerra. A partir de então, o ideal de liberdade de pensamento nunca mais se apagou no âmago da comunidade PEN. Um dos seus objetivos fundamentais constituiu-se no estímulo a que os diversos escritores se conhecessem e difundissem suas respectivas obras, bem como se envolvessem ativamente na defesa dos direitos humanos, e, de modo particular, na defesa da liberdade de expressão. Passaram a promover socorro a escritores perseguidos, presos, torturados ou exilados. Com essas ações o PEN Internacional mantinha-se vigilante na identificação e difusão de todos os casos de violências ocorridas pelo mundo e, ademais, empenhava-se na resolução das situações problemáticas, inclusive estabelecendo apoio e ajuda mútua aos perseguidos e a seus familiares. Para melhor coordenar esses esforços, a partir da década de 1940, foram criados Comitês, dentre os quais o mais destacado foi, sem dúvida, o Comitê de Escritores Encarcerados. Atualmente existem outros Comitês: de Mulheres Escritoras, de Escritores para a Paz e o de Tradução e Direitos Linguísticos.

3. Os membros da federação PEN utilizarão em todos os momentos a influência de que disponham em favor do bom entendimento e do mútuo respeito entre os povos e se comprometem a fazer todo o possível para erradicar os ódios advindos das diferenças de raça, classe, religião ou nacionalidade, e a propagarem o ideal de uma humanidade unida vivendo sob o signo da paz. 4. O PEN defende o princípio da livre circulação das ideias dentro de cada nação e entre todas as nações e cada membro se compromete a opor-se a toda forma de restrição à liberdade de expressão, tanto no interior de seus países ou comunidades como no plano internacional. O PEN declara-se a favor de uma imprensa livre e afirma sua convicção de que os avanços necessários para que o mundo alcance uma melhor organização política e econômica tornam indispensável a livre crítica das ações governamentais, administrativas e institucionais. E, como a liberdade implica limites voluntariamente assumidos, cada membro se compromete a combater os abusos da imprensa livre, tais como as publicações mendazes e a deliberada falsificação e distorção dos fatos, para fins políticos e pessoais.” Os princípios dessa Carta inspiraram e estimularam, de maneira decisiva, a fundação de outros Centros pelo resto do mundo. Escritores famosos como Anatole France, Paul Valéry, Thomas Mann, Benedetto Croce, Karel Capek, Maurice Maeterlink, Somerset Maugham, Franz Werfel, Martin Nexo, Romain Roland, Gerhardt Hauptmann, Rabindranath Tagore, Gunnar Gunarson, Knut Hamsum, Stefan Zweig, Maximo Gorki, Henrique Lopes de Mendonça, Eugênio de Castro, Azorín, Miguel de Unamuno, Alfonso Reyes, Selma Lagerlof, Marcel Prévost, Colette e

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ou princípios de natureza global, aquele mesmo ânimo esboçado nos pontos fundamentais consolidados da Declaração Universal dos Direitos Humanos. O conteúdo do artigo XIX expressa bem tal sentimento:

Os Comitês se estabeleceram em rede e, mediante ações exercidas nos Centros nacionais, passaram a promover iniciativas de apoio aos escritores. Para tanto, os membros dos Centros se reuniam numa dada cidade a cada ano, em congresso de caráter internacional, ocasião em que discutiam assuntos ligados aos interesses dos escritores e de seus respectivos países. As iniciativas dos Centros nacionais ocorrem durante todo o ano, mediante a realização de conferências, encontros e simpósios de características regionais ou temáticas, abordando, preferencialmente, assuntos vinculados à literatura ou às campanhas contra a censura, a repressão e a violência. O PEN Internacional está credenciado junto à UNESCO como órgão consultor para assuntos ligados à literatura e à cultura em geral, por ser considerado por aquela entidade internacional como organização modelar na defesa dos escritores e da literatura. Ao promover a literatura e defender a liberdade de expressão, o PEN Internacional e os demais Centros Mundiais contribuem de maneira decisiva para a consolidação da cultura e da paz entre os povos. Enquanto o PEN ganhava ampla difusão nos principais países do mundo, no Brasil, após os primeiros anos de institucionalização de alguns princípios da Revolução de 1930, que impôs a chamada República Nova, tornara-se quase unânime a afirmação de que essa ruptura com a República Velha significava um passo importante para a instauração de novos tempos nos destinos do povo brasileiro. Avanço não somente nos aspectos sociais, políticos e econômicos, as promessas de amplas transformações causavam ânimo no seio dos brasileiros, mas, também, nas letras e na cultura os reflexos eram notáveis. É possível que esse sentimento de renovação e de reafirmação da vida republicana tenha concorrido para levar o Acadêmico Cláudio de Souza a fundar o PEN Clube do Brasil. Sentimento que não se conformava apenas com a realidade nacional imediata, mas se ampliava por âncoras

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“Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.” A proteção à liberdade de opinião e de expressão, consagrada universalmente no presente dispositivo, conforme lembrou Alceu de Amoroso Lima, ao mesmo tempo em que garantia a liberdade de pensamento já configurada e assegurada no citado artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, também, era um dos pontos mais capciosamente descumpridos pelas autoridades públicas, sempre em nome da segurança nacional. Quando o PEN Clube do Brasil foi criado, no dia 2 de abril de 1936, a projeção do PEN Internacional fazia-se sentir de maneira manifesta nos continentes europeu, americano, asiático e africano. Em 45 países existiam 54 Centros nacionais, nos quais já consideramos incluído o brasileiro. A disparidade numérica entre países e centros se deve à circunstância de que em alguns países fundaram-se mais de um Centro. Na África do Sul, existiam centros na Cidade do Cabo e em Johannesburgo; no Canadá, nas cidades de Montreal e Toronto; na Espanha, em Barcelona e Madri; nos Estados Unidos de América, em Nova York, São Francisco e Chicago; na Itália, em Milão e Roma; na Suíça, em Genebra e Zurique; e, na antiga República Federativa da Iugoslávia, nas cidades de Belgrado, Ljubljana e Zagreb. 14

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Ata da primeira reunião da Diretoria do PEN Clube do Brasil. Praia do Flamengo. (Acervo PEN Clube do Brasil).

O PEN Clube do Brasil nasceu com algumas diferenciações em relação à estrutura da maioria dos demais centros espalhados pelo mundo. Além da natural definição dos princípios norteadores da entidade, consolidados nos Estatutos constitutivos nos moldes dos instrumentos jurídicos que privilegiam as diretrizes fundamentais, o texto era brevíssimo e claro. Continha apenas dezenove artigos. Os objetivos apareciam definidos no artigo 2º, no qual se declaram alguns pontos básicos: a filiação ao PEN Internacional, a condição de ser uma associação puramente literária com a finalidade precípua de estreitar as relações entre os escritores nacionais, a defesa de seus direitos e o compromisso de pô-los em comunicação com os escritores de outros países. Adotava, ainda, o título de seus congêneres, isto é, a sigla PEN, que indica prosadores, poetas, ensaístas e escritores dramáticos e novelistas. No entanto, previa, já, o acesso de escritores de qualquer gênero literário. Curiosamente, o Clube foi criado sem sede fixa e ficou estabelecido, como regra estatutária, que sua secretaria, contendo seus documentos e livros de registro, funcionaria em casa do sócio eleito para essa função.

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Foi criado, também, o Boletim, órgão informativo das principais atividades institucionais, administrativas e literárias do Centro Brasileiro. O primeiro número circulou em julho e estampava na primeira página a relação dos centros em todo mundo ao lado da notícia da assembleia de fundação do Clube. A seguir, vinham os registros na grande imprensa carioca, com os destaques do Jornal do Commercio, do Correio da Manhã, do Diário de Notícias, de O Globo e das revistas O Malho, Careta e Revista da Semana. O PEN Clube do Brasil surgiu com expressivo número de membros fundadores pertencentes à Academia Brasileira de Letras (ABL). Tal afirmativa tem chamado a atenção, não só pela presença maciça de Acadêmicos como seus fundadores, mas, também, por outras circunstâncias que sinalizam para ajustes e acertos das decisões inaugurais que culminariam na elaboração das regras estatutárias do Clube. Exemplo disso foram as reuniões literárias e culturais do PEN realizadas durante décadas no recinto do auditório da ABL. Além do mais, dos 44 sócios fundadores, 21 pertenciam ao quadro social da Casa de Machado de Assis, incluído, como se verá, o próprio fundador.

Grupo de Acadêmicos da ABL em 16 de abril de 1936. Sentados da esquerda para a direita: Filinto de Almeida, Alberto Faria, Pedro Calmon, Laudelino Freire, Representante do Presidente da República, Gustavo Capanema, Ministro da Educação, Gustavo Barroso e Ramón Cárcano. De pé, da esquerda para a direita: Rodrigo Octavio, Levi Carneiro, Olegário Mariano, Vítor Vianna, Ramiz Galvão, Aloísio de Castro, Múcio Leão, Adelmar Tavares, Cláudio de Souza, Antonio Austregésilo, Alceu Amoroso Lima, Octavio Mangabeira e Fernando Magalhães. (Foto Vieira, Revista da Semana).

Por ordem alfabética, assinaram o termo de fundação: Conde Affonso Celso, Prof. A. Austregésilo, Anagyone Costa, A. Amoroso Lima, A. J. Pereira da Silva, Adelmar Tavares, A. Leão Velloso, Berilo Neves, Cláudio de Souza, Chermont de Britto, Celso Vieira, Christovam Camargo, Castilhos Goycochea, Elmano Cardim, Filinto de Almeida, Fernando Magalhães, Herbert Moses, Harold Daltro, Jarbas de Carvalho, João Luso (Armando Erse), Laudelino Freire, Luiz Edmundo, Maria Eugênia Celso, Miguel Osório de Almeida, Múcio Leão, Oswaldo de Souza e Silva, Oswaldo Orico, Octavio Mangabeira, Olegário Mariano, Orris Soares, Osório Dutra, Pedro Calmon, Peregrino Júnior, M. Paulo Filho, Rodrigo Octavio Filho, Rodrigo Octavio, Raul Pedroza, Ramiz Galvão (Barão), Rodolfo Garcia, Roquette Pinto, Raul de Azevedo, Rosalina Coelho Lisboa Muller, Victor Vianna e Viriato Correia. Depois de alguns dias, mais sete Acadêmicos da ABL, que viviam fora do Rio de Janeiro ou no estrangeiro, em missões diplomáticas, filiaram-se ao PEN Clube do Brasil. São eles: Affonso Taunay, Magalhães de Azeredo, Luis Guimarães Filho, Guilherme de Almeida, Paulo Setúbal, Ribeiro Couto e Xavier Marques.

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Sócios fundadores do PEN Clube do Brasil. Rio de Janeiro, 1936. Os fundadores (da direita para a esquerda). Sentados: João Luso, Cláudio de Souza, Laudelino Freire, Maria Eugênia Celso, Embaixador Alfonso Reyes, Rosalina Coelho Lisoba Miller, Conde Affonso Celso, Filinto de Almeida, Miguel Osório de Almeida. De pé (da direita para a esquerda): Pedro Calmon, Múcio Leão, Oswaldo Orico, Castilhos Goycochea, Herbert Moser, Osório Dutra, Rodolfo Garcia, Rodrigo Octavio, Raul Azevedo, Cristovam Camargo, Haroldo Daltro, Elmano Cardim, Oswaldo Souza e Silva, Berilo Neves, Rodrigo Octavio Filho, Peregrino Junior, Raul Pedrosa, Angyone Costa e Olegário Mariano. (Boletim nº 1). (Acervo PEN Clube do Brasil).

Merece especial referência a presença de duas mulheres entre os fundadores: as escritoras Maria Eugênia Celso e Rosalina Coelho Lisboa Muller. De certo modo, isso confirma o caráter avançado do Clube, quando se sabe que, por aquela época, outras entidades literárias e culturais resistiam a admitir mulheres em seus quadros sociais. A propósito, em relação ao PEN Clube do Brasil, o ingresso de mulheres, na verdade, não deve ser entendido, apenas, como algo simbólico. Cláudio de Souza, desde cedo, ainda quando vivia em São Paulo, participou ativamente de campanhas em defesa da presença da mulher em todos os âmbitos das atividades humanas, quando, então, usou, inclusive, o pseudônimo de Ana Rita Malheiros.

Cláudio de Souza com fardão da ABL. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Cláudio Justiniano de Souza, mais conhecido apenas como Cláudio de Souza, nasceu em São Roque (SP) em 20 de outubro de 1876 e faleceu no Rio de Janeiro em 28 de junho de 1954. Oriundo de tradicional família paulista, era filho de Cláudio Justiniano de Souza e de Antônia Barboza de Souza e neto do coronel Cláudio Joaquim Justiniano de Souza, que fora deputado imperial. Era casado com D. Luiza Leite de Souza, filha do senador Luiz de Souza Leite e Deolinda Arantes de Souza Leite, Barões do Socorro. A ela dedicou a maior parte de seus livros. Sua irmã, Virgilina de Souza Salles, é considerada a pioneira do jornalismo feminino no Brasil, por ter criado, em 1914, a revista Luta Moderna, mais tarde denominada Revista Feminina, totalmente voltada às mulheres. Formado em Medicina, doutorou-se pela Faculdade do Rio de Janeiro, à qual viera transferido da Faculdade da Bahia. Foi professor de terapêutica na Escola de Farmácia de São Paulo. Fundou a Liga de Profilaxia Moral e Sanitária de São Paulo e o Dispensário Cláudio de Souza, voltado para a cura gratuita de sifilíticos e alcoólatras. Publicou inúmeros trabalhos científicos, entre os quais se destaca Os nevropatas e degenerados, (1908), laureado com distinção pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. No entanto, a literatura foi a sua verdadeira vocação, manifestada desde cedo quando, aos 14 anos, publicou um conto no Diário Popular, de São Paulo. Continuou a escrever para a imprensa paulista e carioca durante os tempos de faculdade, com o pseudônimo de Cláudio Júnior. É autor de extensa obra literária, composta de ensaios, romances, crônicas, conferências, relatos de viagens e peças teatrais. Publicou seu primeiro livro, de temática social, intitulado Pela mulher, em 1898. Somente quinze anos depois, em 1913, voltaria à literatura, com o romance Pater!, que lhe conferiu certo prestígio, publicando, a partir de então, de maneira quase ininterrupta, até 1952, ano de seu último romance, A luta de gerações, cerca de 82 obras literárias, sem contar alguns inéditos. Foi no teatro, entretanto, que Cláudio de Souza obteve, de fato, a consagração e alcançou os maiores êxitos. Considerado pelos críticos renovador do teatro nacional, que, após a morte de Artur Azevedo, se encontrava no marasmo de ideias e envolto na mediocridade técnica, atingiu, com a peça Flores de sombra, de 1916, o auge de sua carreira teatral.

Cláudio de Souza com fardão da ABL, Rio de Janeiro, 20 de outubro de 1940. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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de sua importante biblioteca, acervo documental, assim como elevada quantidade de bens móveis (mobiliário, alfaias, louças e pratarias, joias e tapetes, piano, objetos decorativos e quadros de artistas renomados). A primeira Diretoria foi assim constituída: Presidente – Cláudio de Souza; Secretário Geral – Múcio Leão; Secretário – Raul Pedroza; Tesoureiro – Vitor Vianna; Diretores: Conde Afonso Celso, Barão Ramiz Galvão e Paulo Filho. No PEN Clube do Brasil foram instituídos jantares mensais, realizados de março a novembro, curiosamente previstos em cláusula estatutária. Sócios e amigos convidados, ao redor de mesa e de bom cardápio, conviviam amistosa e cordialmente, firmando, assim, uma tradição que perdura até hoje. Aos dois primeiros jantares, sob a presidência de honra de personalidades ilustres, como o Conde Affonso Celso, o Barão Ramiz Galvão e o Ministro Rodrigo Octavio, também esteve presente, na qualidade de convidado especial, o Embaixador do México no Brasil, escritor Alfonso Reyes, sócio honorário do PEN Clube de Buenos Aires.

Intelectual reconhecido tanto em território nacional quanto no estrangeiro, foi membro da Academia Brasileira de Letras (que presidiu por duas vezes – em 1938 e 1946), da Academia Paulista de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), da Academia Amazonense, da Academia José de Alencar (de Curitiba), do Sindicato Médico Brasileiro e do Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura; foi sócio correspondente da Academia de Ciências de Lisboa, da Academia Nacional de Artes e Letras de Cuba e do Instituto Argentino de Cultura. Foi ainda membro do setor de cooperação intelectual da Liga das Nações (mais tarde Nações Unidas) e do International Institute of American Ideals. Em 1936, fundou o PEN Clube do Brasil, seção brasileira do PEN Internacional, que dirigiu como presidente, sem interrupção, até 1954. Dedicou, ao longo de sua gestão, especial atenção à entidade, conforme prova seu testamento, no qual legou ao PEN Clube do Brasil vários imóveis destinados à instalação da sede social e constituição de receitas necessárias ao seu funcionamento, além

Liberdade de pensamento como missão fundamental após firmarem amizades com escritores brasileiros, anos mais tarde, aqui fixaram residência. A delegação brasileira ao XIV Congresso, liderada por Cláudio de Souza, juntou-se à expressiva cifra de 50 delegações de países espalhados por quatro continentes. Ainda que o Centro Brasileiro fosse o mais novo Clube fundado no mundo, a sua presença no Congresso foi destacada. Primeiro, porque, ocorrendo a abertura do Congresso no dia 7 de setembro, o presidente do PEN argentino, escritor e deputado argentino Carlos Ibarguren, antes de iniciar os trabalhos, fez uma saudação especial ao Brasil, lembrando, entre outras coisas, a nossa data nacional de Independência.

Em setembro de 1936, seis meses após a fundação do PEN Clube do Brasil, ocorreu, em Buenos Aires, o XIV Congresso do PEN Internacional. Dezenas de escritores de todo o mundo compareceram à capital portenha. Boa parte das delegações passou pelo Brasil, fazendo escalas no Rio de Janeiro e/ou em São Paulo. As delegações eram integradas por nomes ilustres da atualidade literária mundial: Duhamel, Stefan Zweig, Emil Ludwig, Jules Romains, Supervielle, Giuseppe Ungaretti, Sanín Cano, José Ortega y Gasset, Crémieux, Jacques Maritain, Mario Puccini, etc. Alguns deles, como Zweig e Ungaretti, depois de participarem do congresso, retornaram ao Brasil e,

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A seguir, afirmou que as obras de Goethe também foram proscritas e queimadas. Lembrou, ainda, que essas violências contra a liberdade de expressão não atingiam apenas os judeus, mas todos os intelectuais que não seguiam a cartilha de Hitler. E concluiu: “Quase todos os artistas alemães apreciados no mundo inteiro, que não se filiarem ao nazismo, estão exilados ou encarcerados”. Muitos outros escritores se pronunciaram sobre as reais ameaças contra a liberdade de expressão, a exemplo do escritor húngaro Antonio Rado e do búlgaro Minkoff, que denunciaram idênticas perseguições praticadas em seus países contra escritores e artistas. No Congresso argentino, um dos temas mais debatidos e aplaudidos pelos presentes foi a proposta do PEN Clube do Brasil, feita por Cláudio de Souza, no sentido de que se criasse um plano de assistência ao escritor. Ele argumentou que, pelo “sistema corporativo, todas as classes têm a assistência assegurada por leis especiais, retirando-se para isso um tanto do salário, e um tanto do patrão. Só o escritor – o pensamento, o prestígio, a glória e o verdadeiro condutor da nacionalidade – está condenado à invalidez e à velhice ou à morte na miséria, na mendicância”. O projeto encontrou receptividade nos mais diferentes meios, inclusive entre os delegados italianos Marinetti, Ungaretti e Puccini, os quais afirmaram ter a Itália criado um sistema de amparo assistencial ao escritor. A proposta de Cláudio de Souza foi levada à consideração do PEN Internacional, que prometeu discuti-la com os demais centros e fazer as recomendações pertinentes. Vale deixar uma palavra sobre a repercussão de dois fatos debatidos com sobrado entusiasmo pelos escritores presentes ao Congresso argentino. O primeiro referiu-se à abstrusa afirmação de Marinetti, que defendeu o postulado de que “a guerra é a saúde dos povos”. Os congressistas protestaram contra a posição do escritor italiano e exigiram que ele a retirasse da agenda. O segundo episódio, ocorreu por ocasião do pronunciamento do escritor alemão Emil Ludwig, que denunciou as

Em resposta a essa gentil referência, o presidente Cláudio de Souza agradeceu-lhe com as seguintes palavras: “Recebemos, pois, sem vanglória, mas com o senso de nossos esforços, as palavras que ao Brasil dirige esta augusta assembleia, onde se reúnem as forças pensantes de cinquenta e tantos países do mundo para trabalhar pelo mesmo programa nacional brasileiro, o do sentimento acima da força, o do pensamento acima do instinto, o da moral acima do interesse, o que tudo se resume em bem servir à arte nas suas formas soberanas e inelutáveis de elevação e exaltação da alma. Agradecendo-vos a eloquência e fraternal saudação, os delegados do PEN Clube do Brasil fazem votos para que, com o trabalho sucessivo desses congressos, possamos um dia comemorar não a data da Independência de um país, mas a de todos os países, quando o pensamento e o coração voltarem a ter a soberania cultural e moral da sociedade humana, hoje em colapso nas mãos da força e da brutalidade.” A explícita alusão à força e à brutalidade como atos nocivos à soberania cultural e moral da humanidade, feita por Cláudio de Souza, refletia bem o clima de repulsa dos escritores de todo o mundo às atitudes dos nazistas, que, logo após assumirem o poder na Alemanha, em 1933, determinaram a queima de livros em praças públicas de Berlim e de outras cidades. Era a sinalização de que o pior ainda estava por vir. E que poucos poderiam sequer imaginar: a pura e simples eliminação de mais de seis milhões de seres humanos. Foi por isso que o escritor alemão Emil Ludwig, em sua conferência no mesmo Congresso, após aludir a esse triste acontecimento e dizer que seus livros também foram queimados em praça pública de Berlim, acrescentou: “Sinto-me, entretanto, orgulhoso de ver que minhas obras foram queimadas junto com as de Heine e Spinoza, dois gênios da raça”.

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atrocidades cometidas pelos nazistas e, a certa altura, citou Jesus como um ilustre judeu. Então, um professor universitário presente ao Congresso tomou a palavra e disse não admitir ser Jesus Cristo qualificado como judeu e alegou, com estranhas provas, ser o Messias um autêntico ariano.

Cláudio de Souza. City Hotel, Buenos Aires. 1936. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Essas ideias e opiniões repercutiram no Rio de Janeiro. Logo após o retorno da delegação brasileira, certos grupos radicais, sobretudo integralistas e comunistas, interessados em desqualificar as ações do PEN Clube do Brasil, afirmaram que a direção do Centro Brasileiro, presente ao Congresso argentino, havia politizado o encontro. Por isso, numa das sessões da Academia Brasileira de Letras o Conde Affonso Celso fez menção à participação dos delegados brasileiros nos debates do Congresso e destacou o ânimo e a determinação dos que integravam os quadros do PEN em trazer os escritores à pacífica convivência. A propósito, o presidente Cláudio de Souza, também membro da ABL, declarou: “As portas do PEN Clube do Brasil continuam, pois, abertas a todos escritores. Nenhuma inimizade pessoal ou literária aqui vige. Sentamo-nos à mesa como irmãos, irmãos uns dos outros e irmãos dos milhares de escritores que em outras mesas e em todos os continentes do mundo comungam o mesmo ideal.”

Cláudio de Souza discursa na Academia Brasileira de Letras (ABL) em homenagem ao escritor alemão Emil Ludwig. Na mesa, Acadêmicos e pessoas não identificadas. 30 de setembro de 1936. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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da Itália, escritor Marinetti, por ele insistir em impor aos congressistas e à agenda do evento o tema da guerra como sendo “a saúde dos povos”. Essa mesma ideia fora rechaçada no Congresso do ano anterior em Buenos Aires. Argumentou Romains que o PEN, sendo uma associação de escritores a serviço da paz e da convivência, não podia aceitar como presidente de uma delegação quem entendia a guerra como a saúde dos povos. A rejeição à participação do delegado italiano foi unânime e se pronunciaram abertamente escritores como Gabriela Mistral, James Joyce, Canby, Hellens, Pierard, Ventura, Calderón, Ferraro, Cláudio de Souza e outros delegados. Mesmo assim, Marinetti não aceitou a impugnação e solicitou à mesa adiamento da aprovação da medida, porque ele iria pedir, por telégrafo, instruções a Roma. Com efeito, no dia seguinte, chegaram as instruções: Marinetti demitiu-se da delegação italiana e passou a direção ao escritor Corrado Govoni. Ainda no que diz respeito ao tema da liberdade de pensamento, o Congresso de Paris aprovou moção de protesto contra a proibição de entrada em Oslo do escritor pacifista alemão Carl von Ossietzky para receber o Prêmio Nobel de 1935 e outro voto de protesto contra as medidas de restrições à liberdade de pensamento adotadas pelo governo de Hitler. O presidente Cláudio de Souza voltou a apresentar no Congresso de Paris seu projeto de assistência aos escritores nos mesmos termos propostos no ano anterior em Buenos Aires. As diretrizes foram redigidas pelos escritores Miguel Osório de Almeida, membro da ABL, e Raul Pedroza, Secretário do Centro Brasileiro do PEN Clube. Entusiasmados com a acolhida do projeto de assistência previdenciária aos escritores, a delegação brasileira, por iniciativa de Cláudio de Souza, encaminhou solicitação às demais entidades literárias e culturais brasileiras – Academia Brasileira de Letras, Associação Brasileira de Imprensa, Sociedade de Autores Teatrais, etc. – no sentido de que elas credenciassem membros para discutirem juntamente com os do PEN Clube do Brasil as bases do anteprojeto a ser encaminhado, sob regime

Na mensagem de primeiro aniversário do PEN Clube do Brasil, em amplo editorial publicado no Boletim de 1937, o presidente Cláudio de Souza exaltou a atitude do governo francês, que acabara de doar ao PEN Clube de Paris os fundos necessários para instalação e manutenção naquela capital da Casa do PEN, destinada a hospedar gratuitamente escritores que visitassem a França. Disse alimentar a esperança de que atitudes como aquelas fossem tomadas por outros governos. Era um claro aceno para o governo brasileiro, que, em verdade, apesar dos apelos, nunca se preocupou com o destino do PEN Clube do Brasil. Ao mesmo tempo, como se suspeitasse dos dias difíceis que se avizinhavam, lembrou, ainda, o dirigente do PEN brasileiro que não se podia esperar grandes frutos de potências guerreiras, porque “a paz virá do espírito. Só ele, pela educação sentimental, pela elevação do homem acima dos instintos, poderá defunestar o ambiente que cada vez mais se obscurece, levando um dos maiores generais modernos a pedir que se provocasse, imediatamente, a guerra das potências, pois, sendo ela inevitável, cada dia trazia uma descoberta a mais de novos meios de sacrificar maior número de vidas humanas”. Naqueles dias, o articulista do Correio da Manhã, ao exaltar a gestão do PEN Clube do Brasil, o qual, com tão poucos recursos conseguia levar os escritores à convivência, mediante tertúlias e jantares mensais, sugeriu, a título de experiência, já que “as finanças do país estão definitivamente arrasadas”, ser, então, “o caso de se trocarem os estadistas graves e sisudos do governo pelos literatos e boêmios do PEN Clube”. A realização do XV Congresso Internacional ocorreu em Paris, em 1937. A sessão de abertura, no teatro Ateneu, foi presidida pelo Ministro da Instrução Pública da França e pelo presidente do PEN, escritor Jules Romains. Um acontecimento de grande repercussão internacional ocorreu em seguida, quando o presidente, ao fazer a apresentação dos 46 países presentes, nominando os respectivos delegados,impugnou a participação do representante

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Folheto “Assistência aos Escritores” por Cláudio de Souza. (Acervo PEN Clube do Brasil).

de urgência, ao Congresso Nacional. A ABL indicou os Acadêmicos João Neves da Fontoura, Pedro Calmon e Fernando Magalhães; a ABI o seu presidente Herbert Moses e os jornalistas Elmano Cardim e Pinheiro de Lemos; a SBAT o seu presidente Paulo de Magalhães e a teatróloga Geysa Bôscoli. Reunidos na sede da ABI, chegaram, enfim, à redação final do projeto. A seguir, Cláudio de Souza organizou a comissão que, sob sua direção, levaria o projeto ao conhecimento do Presidente Getúlio Vargas. Integraram a comissão os seguintes escritores membros do PEN Clube do Brasil: Anna Amélia Carneiro de Mendonça, Adelmar Tavares, Múcio Leão, Oswaldo Orico, M. Paulo Filho e Raul de Azevedo. O Presidente da República recebeu a comissão do PEN Clube do Brasil no Palácio do Catete com especial distinção, e pediu que a proposta fosse encaminhada ao Parlamento. O anteprojeto de assistência previdenciária dos escritores brasileiros foi, sem demora, proposto ao Parlamento pelos deputados Levy Carneiro, Pedro Calmon e Fernando Magalhães. Tudo tramitava dentro da normalidade quando o País, no dia 10 de novembro, foi surpreendido pela proclamação do Estado Novo e o consequente fechamento do Congresso Nacional. O golpe foi anunciado pelo Presidente Vargas. Segundo suas palavras, era a única medida eficaz para impedir o andamento de um “complô comunista” que ameaçava tomar conta do país. Essa alegada conspiração apoiava-se na existência de um plano destinado a destituir o governo, chamado Plano Cohen, que logo depois seria desmascarado como uma fraude. Getúlio Vargas, em seu pronunciamento, afirmou que: “Entre a existência nacional e a situação de caos, de irresponsabilidade e desordem em que nos encontrávamos, não podia haver meio termo ou contemporização. Quando as competições políticas ameaçam degenerar em guerra civil, é sinal de que o regime constitucional perdeu o seu valor prático, subsistindo, apenas, como abstração.”

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ria no sentido de que “o PEN não poderá tomar parte direta ou indiretamente em qualquer manifestação política, ou estranha a seus fins” (art. IX). Apesar disso, as discórdias geraram certos ataques, aos quais a direção resolveu responder mediante a divulgação de nota publicada no Boletim nº 4, do mês de novembro de 1937, embora o fizesse dizendo que não responderia:

Com a instauração do Estado Novo desapareceram a Constituição de 1934, o Congresso Nacional e a possibilidade da aprovação da lei de assistência previdenciária para os escritores brasileiros. Apesar desses fracassos, Cláudio de Souza não esmoreceu e partiu para novas iniciativas. No final de 1937, ele teve a ideia de dar ao PEN Clube do Brasil mais uma edificante atividade: a edição de livros. O Clube passou a editar livros. Os associados recebiam exemplares gratuitamente. Em longo artigo, publicado no Jornal do Brasil, o Acadêmico Conde Affonso Celso informava que o PEN Clube do Brasil, a partir de então, passava a publicar obras literárias em virtude de oportuna iniciativa de Cláudio de Souza. Em poucos meses foram publicados os seguintes livros: Mara, de Martins Capistrano; Pandemônio, de Christovam de Camargo; Castigo de envelhecer, de Joaquim Thomaz; Os amores não correspondidos, de Cláudio de Souza; O Diabo em férias, de Berilo Neves; O Café, de Basílio de Magalhães; Vocabulário de crendices amazônicas, de Oswaldo Orico; História Social do Brasil, vol. I, de Pedro Calmon; Nada, de Ernani Fornari; Sinthèse de l’art brésilien, de Raul Pedroza; O publicista da Regência, de Félix Pacheco; Tratado elementar de fisiologia, de Miguel Osório de Almeida; Fábulas de meu jardim, de Duhamel, traduzido por João Luso; Os animais, nossos irmãos, de João Luso; Paulo Eiró e Carlos Gomes, de Mário Vilalba. Diante de tantas iniciativas, o PEN Clube do Brasil encontrava grande receptividade entre os intelectuais brasileiros, mas, ao mesmo tempo, outras vozes destoantes começavam a divulgar críticas à entidade, principalmente por motivos políticos. Eram vozes que se arrimavam, na maioria dos casos, em aspectos ideológicos, manifestados por setores mais radicais, quer do lado dos comunistas, quer do lado dos integralistas, estes adictos aos princípios do fascismo ou do nazismo. Devido a essas divergências reinantes no meio da intelectualidade brasileira, foi consignada regra estatutá-

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“Convém que o PEN responda a esses ataques? Não, porque seu fim é congraçar e não afugentar, amar e não ferir, ainda mesmo ferido. Quando for necessário retificar qualquer erro, fá-lo-emos com urbanidade e sem rancor, mas deixaremos sem resposta o que nos parecer excedente dos limites da boa fé.” Mesmo diante do impasse político provocado pela instauração do Estado Novo, o Presidente do PEN Clube do Brasil voltou, em 1938, a insistir na criação do sistema de assistência previdenciária para os escritores brasileiros. A comissão nomeada no ano anterior continuou a trabalhar na reformulação da proposta que seria apresentada ao governo. Dessa feita, o projeto visava criar o Instituto de Assistência e Pensões a Escritores e Jornalistas. Houve um avanço positivo, porque o projeto foi oficialmente apreciado pelo atuário fiscal, professor Abrahão Izeckson, que, conforme parecer publicado no Diário Oficial de 12 de abril, assim concluiu: “Apresentando estas sugestões, queremos pôr em relevo que o amparo por parte do Governo às pessoas que se dedicam ao culto das letras é, além de um ato de justiça, uma obrigação da coletividade para com seus operários intelectuais.” A tramitação do projeto, depois dessa apreciação favorável, deveria ir ao Ministério da Fazenda, de onde, por fim, seria encaminhado ao Presidente da República. 24

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mada pelos escritores Múcio Leão, Haroldo Daltro e Austregésilo de Athayde, decidiu não conceder o prêmio nem a menção honrosa a nenhuma das obras inscritas no certame literário. Novamente o PEN Clube do Brasil, sob a liderança obstinada de Cláudio de Souza, voltou a mobilizar as direções da Academia Brasileira de Letras (ABL), da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT) para convencerem e sensibilizarem as autoridades governamentais na aprovação do Instituto de Assistência e Pensões a Escritores e Jornalistas. Todas as autoridades com quem a comissão de escritores teve audiência se mostraram solícitas e atenciosas em relação ao pleito. No entanto, nada de concreto acontecia em relação à criação do Instituto de Aposentaria e Pensões a Escritores e Jornalistas. O Centro Paulista do PEN Clube, então criado, prestou merecida homenagem ao presidente Cláudio de Souza ao colocar seu busto e os de Amadeu Amaral e Guilherme de Almeida na galeria de paulistas ilustres. Na ocasião, o sócio Mario Vilalba proferiu a saudação ao presidente do PEN Clube do Brasil, destacando, a certa altura, alguns aspectos de sua obra literária:

O XVI Congresso Internacional do PEN foi realizado em Praga. Mais uma vez o Centro Brasileiro esteve presente ao encontro, representado pelo sócio Tavares Bastos. Isso porque Cláudio de Souza, na mesma época, além de presidir o PEN Clube do Brasil, também presidia a Academia Brasileira de Letras, e foi convidado a participar, em Paris, das solenidades do centenário da Société des Gens de Lettres. As conferências do PEN Clube do Brasil, quase todas realizadas no salão da Academia Brasileira de Letras, alcançaram grande sucesso. À última conferência do ano compareceram representantes dos seguintes países: Argentina, Uruguai, Venezuela, Bolívia, Colômbia, Cuba, São Domingos, Peru, Paraguai e Portugal. Segundo registro publicado pelo Jornal do Commercio, o presidente Cláudio de Souza abriu os trabalhos com as seguintes palavras: “Onze nações americanas se acham reunidas por seus representantes acreditados nesta sala, dando-nos ainda a honra de sua presença o Sr. Embaixador de Portugal, que é também uma voz americana, a voz do Brasil na Europa, por nossas afinidades. Essas nações aqui se reúnem, não para um congresso de utilidades materiais, dos quais muitas vezes resulta a guerra, mas para uma hora de arte, de pensamento e de beleza. Essa é a mais nobre das diplomacias e das missões de inteligência que está realizando o PEN Clube do Brasil.”

“Cláudio de Souza, o prosador, fica bem entre os poetas, embora não haja notícia, no mundo literário, de que o autor de As mulheres fatais tenha algum dia tentado alcançar o Parnaso, galgando os degraus de um soneto... Seria realmente um caso singular, em se tratando de uma vocação literária tão acentuada como a sua! Mas, se Cláudio de Souza jamais perpetrou versos, bons ou maus, mesmo na fase incerta dos primeiros sonhos, um largo sopro de poesia anima incontestavelmente a sua vultosa produção no teatro, no romance, na novela, no conto, no ensaio, nas impressões de viagens, em discursos e conferências.”

A criação do Prêmio Literário do PEN Clube, em fins de 1938, foi, sem dúvida, um dos mais importantes acontecimentos da entidade. Com a dotação de dois contos de reis feita pelo presidente Cláudio de Souza, a Diretoria, a seguir, baixou as normas regulamentares, informando que o prêmio seria destinado a romance e novela inéditos. No ano seguinte, a Comissão Julgadora, for-

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Os anos difíceis: da ditadura Vargas à Segunda Guerra Mundial Ferdinand Bruckner, Hermon Ould, secretário-geral do PEN Clube de Londres, que fora recentemente condecorado pelo governo francês com a Légion d’honneur, Bemjamin Crémieux e tantos outros. A sessão inaugural ocorreu no Hall of Music, com a surpreendente presença de 2.500 convidados. As reuniões de trabalho seguintes se deram no Palácio de Exposições de Nova York. Diante da tensão vivida por todos em virtude da eclosão do conflito bélico da Segunda Guerra Mundial, as palavras iniciais do presidente Jules Romains sinalizaram para uma clara mudança de perspectiva de visão adotada pelos Centros PEN do mundo:

Se no Brasil o peso da ditadura Vargas se fazia sentir em todos os campos da atividade nacional, crescia no resto do mundo a possibilidade de tempos escuros para a liberdade de pensamento e de expressão, sobretudo para os cultores da palavra escrita. Em 1939, sob as tensões do segundo conflito mundial, foram programados dois Congressos do PEN Internacional: um extraordinário, a realizar-se em maio, na cidade de Nova York e, outro, em caráter ordinário, em Estocolmo, na Suécia, marcado para setembro, na mesma época da programação adotada nos anos anteriores. Devido ao atraso da chegada de informações sobre os critérios e as datas de realização do congresso extraordinário de Nova York, não pôde o PEN Clube do Brasil providenciar a ida de sua delegação. Apesar disso, a Diretoria do Centro Brasileiro, levando em consideração a importância do evento e os graves prejuízos decorrentes da ausência naquele momento, entrou em contato com o embaixador, Dr. Jorge da Costa Leite, cônsul do Brasil em Nova York, e solicitou sua autorização para que o jornalista e escritor Victor de Carvalho, do Correio da Manhã, pudesse representar o PEN Clube do Brasil junto ao Congresso do PEN Internacional. Ainda que Victor de Carvalho não tenha podido tomar parte dos debates e firmar resoluções adotadas pelo Congresso, por não ser filiado ao Centro Brasileiro, sua presença como jornalista credenciado permitiu divulgar no Brasil o andamento de todas as fases do evento. Ao extraordinário Congresso de Nova York compareceram destacadas figuras da literatura universal, a exemplo de Jules Romains, presidente do PEN Internacional, Thomas Mann, André Maurois, Pearl S. Buck, que recebera o Prêmio Nobel de Literatura em 1938, Lin Yutang, Johan Bojer, Sinclair Lewis, presidente do PEN Clube do Nova York, e sua esposa Dorothy Thompson,

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“Por termos sido até agora moderados e prudentes, não abdicamos do direito de mudar de atitude. Temos feito esforços incríveis e quase paradoxais para não nos vermos envolvidos de ideologias. Não queríamos, também, emitir pronunciamentos sobre o governo interno de qualquer país, até mesmo quando nos era impossível deixar de ver o perigo mortal para o espírito e para a consciência e para o futuro da civilização. Contivemo-nos tanto quanto pudemos.” Essas palavras de Jules Romains provocaram intensos e construtivos debates. Em verdade, havia, entre os congressistas, pelo menos duas correntes: os moderados e os radicais. Estes queriam o confronto dentro e fora de seus países. Os moderados, ao contrário, entendiam que os Centros PEN do mundo não deveriam combater diretamente os países ou as correntes ideológicas que defendiam a guerra e a imposição de governos ditatoriais. Argumentavam que, se por ocasião da composição de seus quadros sociais, com a filiação de seus sócios, não pediam contas de comportamentos ou de credos políticos, 26

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ideológicos, religiosos, filosóficos, literários etc., como poderiam manifestar recusa àquelas liberdades de pensamento e impor a seus sócios limites, restrições ou adesões irrestritas a certos princípios doutrinários? O PEN Clube do Brasil, apesar dessas discussões e agitações iniciais, ocorridas dentro do congresso, mas que, de fato, refletiam a realidade internacional daquele momento, aprovou integralmente a resolução final assinada pelos congressistas reunidos em Nova York, assim sumariada: “Os escritores presentes a este Congresso, convocados pelo Centro norte-americano do PEN Internacional, chamam a atenção de seus leitores e de todos os que neles têm confiança, para os perigos que neste momento correm a civilização, a paz, a liberdade e a dignidade do espírito humano. Cada um de nós se esforçará por despertar a consciência dos que vivem dentro das barreiras das regiões da força, reavivando em seus espíritos a noção dos altos ideais humanos. [...] Nós nos esforçaremos, também, por todos os meios a nosso alcance, em consolidar a coalizão pacífica de todos os povos que se quiserem empenhar em deter a marcha da violência e da agressão. Cada um de nós abafará suas preferências doutrinárias ou políticas para apenas auxiliar o governo do seu país a defender a paz e a civilização.” Diante dessa posição, alguns escritores brasileiros situados na ala mais radical passaram a criticar a posição assumida pelo PEN na seguinte nota divulgada por ele no início do ano de 1940:

Cláudio de Souza à esquerda do Embaixador do Japão, Dr. Itaro Ishii na Academia Brasileira de Letras, em 4 de setembro de 1941 (Acervo ABL).

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nistério do Trabalho, apesar de afirmar que contava com o apoio do Presidente Getúlio Vargas. Ao completar o sexto ano de fundação o PEN Clube do Brasil, em seu Boletim de Abril de 1943, apresentou detalhado conteúdo, em claro tom de relatório das atividades do ano anterior, fato que levou o editor a colocar no alto da página o termo “relatório”, em vez de Boletim. A isso aduziu, também, o resumo das comemorações dos 21 anos de fundação do PEN de Londres, nas quais se pronunciaram ilustres membros daquele Centro, a exemplo dos escritores Herbert Read, Stephania Zahorska, Wilhelm Ketlhan, Dr. George Bell (bispo de Chichester), J. Kodicek, Batista y Roca, Olaf Stapledon e outros. Entre os inúmeros tópicos, merece destaque, em primeiro lugar, o editorial, como sempre voltado para as mais expressivas realizações da entidade: o esforço de cumprir a missão dos Centros PEN e a persistência em manter tal norte como se fora a mão firme a segurar o timão do barco em alto mar. Nesse sentido, insistia o articulista do Boletim, os sócios do PEN Clube do Brasil não deveriam dedicar-se a querelas partidárias ou ideológicas da política, sobretudo no recinto do Clube, sob pena de alimentar a prevenção ou a antipatia, criando o clima da discórdia e das cisões injustificáveis:

“Os que nos acusam de não tomarmos posição combatente nos choques políticos e sociais do momento desconhecem o programa de todos os PEN, que têm por lema a conciliação, a paz, a amizade, o mútuo respeito e todas as demais expressões de afetuosa fraternidade entre os homens de cultura. O PEN não surgiu da guerra ou para a guerra: nasceu como flor espiritual de ternura no coração de uma mulher ao fim das calamidades da Grande Guerra para reconciliar vencedores e vencidos num hino reconfortante de paz. Não surgiu para combater, mas para convencer. Não surgiu para odiar, e até mesmo nos momentos em que seja agredido, insultado, vilipendiado, ou caluniado pela ignorância, pela inveja, pelo despeito ou pela obstinada malevolência, deve responder com a serenidade de Antígona a seu algoz: – ‘Não vos posso malquerer por mais que me insulteis, porque meu coração foi feito para amar e não para odiar”. A direção do PEN Clube do Brasil concluía a nota aos críticos com a observação de que em sua sede sempre haveria “um lugar para todos vós em nossa mesa quando quiserdes partir conosco o pão da Eucaristia para a nutrição de vossas almas na boa vontade e na boa fé”. Afirmava, ainda, para que não pairasse qualquer dúvida sobre a posição da entidade, que o Centro Brasileiro seguia a orientação esposada pelo PEN Internacional, aliás, afinada aos mesmos princípios adotados pela resolução do Congresso de Nova York. Entre as várias informações ligadas às atividades do PEN Clube do Brasil, duas chamavam a atenção dos sócios: a persistência do presidente Cláudio de Souza em resolver o problema da assistência previdenciária para o escritor brasileiro junto ao governo federal e a continuidade do programa ou serviço de distribuição gratuita de livros. Em relação ao projeto de criação do instituto de pensão para os escritores, iniciado há quatro anos, a direção do PEN Clube do Brasil continuava aguardando a solução dos órgãos técnicos do Mi-

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“Nunca pretendemos impor a unanimidade. Desejamos, ao contrário, que se façam ouvir todas as opiniões para de seu cotejo aferirmos os pesos e as medidas exatas de nossa conduta. Não logramos obter nenhum interesse pessoal. Concorremos com as nossas contribuições materiais e espirituais em benefício, apenas, da nossa classe.” Depois de comparar as ações nacionais com as levadas a cabo pelos demais Centros integrantes do PEN Internacional, naqueles momentos, unidas e irmanadas nos princípios que combatiam a tirania contra a livre manifestação do pensamento e a produção literária e cultural da humanidade, arrematava: 28

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“Estamos integrados numa suprema missão. Num apostolado. Numa obra de altruísmo puro, de humanidade integral. Defendemos o direito de pensar, o direito espiritual de criar sem impor, de possuir sem saquear, de viver com liberdade sem matar outros povos com a escravidão. Resta-nos a certeza da sublimidade de nossa fé, para compensar-nos de todos os esforços que lhe dediquemos. E assim pensam todos os nossos sócios, que, com a solidariedade que muito lhes agradecemos, nos acompanharam e auxiliaram durante o exercício findo.”

De pé: João Luso (Sócio Correspondente), Acadêmicos Rodolfo Garcia, Adelmar Tavares, Múcio Leão, Cassiano Ricardo, Viriato Correia, Ataulfo de Paiva, Clementino Fraga, Olegário Mariano e Levi Carneiro. Sentados: Luís Edmundo, Pedro Calmon, Almirante Octavio Figueiredo de Medeiros – Subchefe da Casa Militar da Presidência da República, Rodrigo Octavio Filho, Miguel Osório de Almeida, Cláudio de Souza e José Carlos de Macedo Soares. Posse de Rodrigo Octavio Filho. 19 de junho de 1945. (Acervo PEN Clube do Brasil).

O PEN Clube do Brasil realizou diversas conferências públicas acompanhadas de um recital de poesia. Uma das conferências mais concorridas foi a realizada em homenagem a Winston Churchill, Primeiro-ministro da Inglaterra, no Salão Nobre da Academia Brasileira de Letras. Abrindo os trabalhos, o presidente Cláudio de Souza teceu vibrantes comentários a respeito da trajetória humana e política do líder inglês, por ocasião da passagem de seu aniversário. O poeta Abgar Renault, em seguida, leu alguns poemas ingleses com temática atinente à guerra. A conferência principal esteve a cargo do Acadêmico Oswaldo Orico, abordando as nobres e corajosas ações de Churchill, sem esquecer, naturalmente, algumas passagens pitorescas e até anedóticas da vida do dirigente inglês.

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Cláudio de Souza não perdia ocasião de sensibilizar pessoas ou empresas a doarem valores destinados à edificação da sede do PEN Clube do Brasil. Assim, em 1942, apareceu registrado no Boletim nº 11, doação de Cr$ 2.000,00 pela diretoria da Sul-América, uma das companhias de seguros mais importantes do mundo. Além disso, o Sr. Ávila Raposo, prestigioso corretor de imóveis do Rio de Janeiro, ofertou a doação de Cr$ 1.000,00. Outras doações, devidamente registradas na contabilidade do Clube foram realizadas, porém, esses doadores exigiram absoluto anonimato. Cláudio de Souza, sempre predisposto a ajudar pessoas e entidades, na mesma época, liderou em favor dos familiares dos mortos nos torpedeamentos de navios brasileiros doação de valores e bens. Sobre o lamentável episódio da guerra, Souza, na condição de Presidente do PEN Clube do Brasil, não se limitou a enviar ao Presidente da República mensagem de condolências, exprimindo sua “profunda revolta contra covardíssimo atentado aos nossos navios em águas territoriais, com assassinato de patrícios indefesos, entre os quais mulheres e crianças...” Aderiu, de imediato, à campanha de coleta de fundos para as famílias das vítimas do torpedeamento e, pessoalmente, doou o valor de Cr$ 1.000,00 e mobilizou vários membros do quadro social do PEN Clube do Brasil, os quais, espontaneamente, cotizaram o montante de mais Cr$ 1.200,00. Por essa época, surgiu no seio do PEN Clube do Brasil a ideia da jurisdição da entidade, referida de maneira restritiva no estatuto inaugural. O artigo primeiro mencionava ser o PEN Clube do Rio de Janeiro, quando o artigo 18º o designava como sendo PEN Clube do Brasil. O equívoco era claro e carecia de correção. Afinal, a pretensão dos fundadores indiscutivelmente era a de que o Clube fosse brasileiro e não carioca. Noutras palavras: nacional e não regional. Aprovada a emenda estatutária, o Centro passou a ser, então, PEN Clube do Brasil, mantida a menção de que assim fora fundado a 2 de abril de

Outro momento de grande significado foi a conferência proferida pelo sócio estrangeiro Léopold Stern, filiado ao PEN Clube de Paris, sobre a felicidade do amor, aliás, título ligado ao de sua principal obra, La psychologie de l’amour. O conferencista concluiu suas palavras com essas assertivas: “Para atingir a resignação é indispensável possuir temperamento adequado. O ambicioso, por exemplo, nunca chegará a essa região serena, porque sempre está a querer mais – e, por isso, o máximo que venha a alcançar não lhe daria a felicidade. É um condenado a correr sempre atrás de novas aquisições. Para ele não há ponto de chegada; será sempre o eterno insatisfeito” (Boletim nº 7, de 1943). Léopold Stern foi um dos muitos escritores europeus exilados no Brasil logo após a eclosão da Segunda Guerra Mundial. Devido a esse motivo, durante os primeiros anos do conflito bélico também foram acolhidos no Centro Brasileiro outros escritores estrangeiros, a exemplo de Alfred Agache, E. Feder, Michel Camenka, Max Fischer, todos filiados ao PEN Clube de Paris; a poetisa Gabriela Mistral, do PEN Clube do Chile; Paulo Frischauer, do PEN Clube de Londres; e, como já mencionado, o escritor austríaco Stefan Zweig. Todos eles encontraram no convívio com os membros do PEN Clube do Brasil o apoio, a solidariedade e o estímulo necessários à difícil adaptação aos costumes da terra. A propósito desse acolhimento, afirmou Stern em suas memórias que, ao decidir-se a vir para o Brasil, chegou aqui com a impressão de haver perdido tudo o que mais caro lhe dera a vida, porém, desde sua chegada, “ao sentir o carinhoso acolhimento de seus confrades do PEN Clube do Brasil, dessa grande família universal, de seus outros confrades e do público em geral, viu renascer-lhe a esperança e a confiança, dois elementos indispensáveis a toda vida humana”.

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veis. Dois exemplares da ata serão enviados a esta associação que, se a aprovar, declarará filiado o novo centro e comunicará sua filiação ao PEN Internacional.”

1936. Estava, pois, corrigido o equívoco. No entanto, os fundadores foram mais além. Ao considerarem uma entidade brasileira ou nacional, previram, no artigo 2º, a possibilidade de criação de outros Centros PEN em cidades do Brasil, filiados ao Centro nacional. Em parágrafo único desse artigo estabeleceram as condições:

Vale observar que somente a Bahia, então, tentou criar um novo Centro, porém ele nunca conseguiu estruturar-se. Anos mais tarde, nos meados da década de 1960, São Paulo chegou a organizar um Centro. Funcionou durante algum tempo, inclusive com a edição de uma revista, porém, por falta de regularidade em suas iniciativas culturais e literárias, desapareceu.

“Para a constituição de centros estaduais, quinze escritores, no mínimo, farão em três vias uma ata declarando seu desejo de fundar o novo centro, aceitando estes estatutos com as modificações locais imprescindí-

Intermezzo PEN Clube do Brasil e a tragédia de Stefan Zweig que o levou ao suicídio juntamente com a mulher. Esse lamentável gesto de duplo suicídio, ainda hoje, suscita enormes especulações e, quer queiramos ou não, incorporou-se à memória de muitos sócios que com ele conviveram e, de certo modo, à história do próprio PEN Clube do Brasil. Os primeiros sinais de perseguição a escritores pelos nazistas surgiram precisamente em Salzburg, onde Stefan Zweig residia com a família. Por isso, não seria ocioso afirmar que esse motivo concorreu para a mudança do escritor daquela cidade e, mais tarde, para o Brasil por volta de 1940. A rigor, seu drama existencial começou bem antes, ou seja, a 10 de maio de 1933, quando ele se sentiu pessoalmente ameaçado pelas primeiras queimas de livros de autores considerados decadentes, indignos ou contrários ao espírito alemão em várias cidades. As primeiras fogueiras foram acesas em Salzburgo. A seguir, em Berlim também incineraram mais de 20.000 livros, em praça pública, sob o incentivo

Por que dar destaque ao nome do escritor austríaco Stefan Zweig, tomando-o como símbolo da resistência à perseguição nazista juntamente com outros escritores do mundo em livro que tem por finalidade precípua contar a trajetória do PEN Clube do Brasil ao longo dos últimos 80 anos? A resposta nos parece simples. Em primeiro lugar, porque Stefan Zweig, como ocorreu a dezenas de outros escritores estrangeiros refugiados no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), filiou-se ao quadro social do Centro Brasileiro. Depois, o escritor austríaco, valendo-se de sua condição de judeu, militou aberta e corajosamente em favor da liberdade de pensamento e da democracia nos mais diferentes países, defendendo, assim, os pilares fundamentais da associação mundial de escritores filiados aos Centros PEN. Finalmente, porque, ele, forçado pelas circunstâncias adversas daquele momento histórico, radicou-se com ânimo definitivo no Brasil, chegando, em 1942, ao desespero existencial

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e os olhares eufóricos das autoridades nazistas. Eram livros de autores judeus, comunistas e liberais, todos rotulados de decadentes. Os estudantes, os intelectuais, os servidores públicos e privados, enfim, a população, previamente convocada, presenciou aqueles autênticos “autos de fé”. Entre as obras jogadas na fogueira, em sua maioria recolhidas de bibliotecas públicas, figuravam livros de Freud, Werfel, Einstein, Marx, dos irmãos Heinrich e Thomas Mann, Alfred Döblin, Erich Maria Remarque, Bertold Brecht, Stefan Zweig e outros.

Mansão da família Zweig, Capuzin, Salzburgo, Áustria,1936. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Um dia sua casa de Kapuzinerberg, em Salzburgo, foi invadida e vasculhada pela polícia política, não mais em busca somente de simples exemplares de seus livros proscritos, mas também de armas. A justificativa policial fora bastante ofensiva e desvairada, em se tratando da casa de um intelectual como Stefan Zweig. Outros motivos já visíveis de reproche e de discriminação exercidos pelas pessoas mais próximas, que sabiam ser ele judeu, eram suficientes para alertá-lo do perigo que começava a correr. Naqueles dias outro sinal de perigo chamou sua atenção: depois de demorada espera de liberação de seu libreto escrito para a ópera A mulher silenciosa, a pedido de Richard Strauss, em poder das autoridades alemães, Stefan tomou conhecimento de que o seu texto, por fim, fora liberado pelo próprio Adolf Hitler, que, então, simpatizava com o trabalho de Strauss. A interferência do ditador na liberação de sua obra, na verdade, o incomodou. Por isso, ele não compareceu à estreia da ópera e, a partir desse dia, registrou na sua memória a imagem da casa de Hitler situada no exato limite da fronteira de Áustria com Alemanha, tão próxima que ele a via a olho nu. Ali, como se fora uma permanente espada em riste contra a razão e a inteligência, vivia o homem que ameaçava não só a sua paz interior, mas também a do mundo inteiro. Por isso, em outubro de 1933, Zweig resolveu abandonar a casa e viajar para o estrangeiro. Mais tarde, ele escreveria com sobrada melancolia em suas memórias O mundo que eu vi: “Quando deixei a minha bela casa, não tive ideia de que isso já era uma espécie de despedida”.

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Essa forçada mudança deixava-o bastante triste e desorientado. Em carta a Romain Rolland não conseguira esconder seu desalento: “Já disse adeus à minha casa, à minha coleção, aos meus livros, que eles fiquem com tudo, não me importo, ao contrário. Serei mais livre depois que toda essa vida vivida não pesar mais sobre os meus ombros. Casa, coleção, tudo isso é para anos tranquilos que vão em passo de caracol – em épocas como a nossa, é preciso ter os ombros livres.” (Cf. Prater, Donald. Stefan Zweig. Biografia, p. 237). As notícias que lhe chegavam a respeito do destino tomado por alguns de seus melhores amigos escritores eram desanimadoras. Thomas Mann, por exemplo, exilado havia tempo em Lugano, tivera sua casa de Munique confiscada com os respectivos bens móveis pelas autoridades do governo do Terceiro Reich. Outros, preocupados com a exasperante ameaça, também tomaram o caminho do exílio. Por todos esses lugares, vale destacar, também ia com Zweig o inarredável sentimento da “agonia da paz”, expressão usada como título da conclusão de suas memórias O mundo que eu vi. Agonia que se agigantou a cada dia, e persistiu intensamente durante o período de 1934 a 1940, em que ele se refugiou na Inglaterra. Foi dali que ele viu a evolução dos desastres da guerra, inclusive culminando com o que ele chamou de “agonia da minha pátria”, quando a Áustria, por fim, foi ocupada política e militarmente pelas forças do Terceiro Reich. Por causa de tudo isso, em 1936, mesmo depois de ter recusado convite para participar de reunião do PEN Clube de Dubrovnik, por entender que os judeus deveriam manter distância de qualquer atitude ou manifestação política, Zweig mudou de ideia e aceitou o convite do PEN Clube da Argentina para participar do XIV Congresso do PEN Internacional, a realizar-se em Buenos Aires. Antes de chegar à cidade portenha, Stefan Zweig, seguindo o roteiro feito por quase todos os delegados europeus do XIV Congresso do PEN, fez escala no Rio de Janeiro. Uma de suas primeiras providências foi procurar a sede do recém-criado PEN Clube do Brasil. Cláudio de Souza assim relatou o encontro:

Stefan Zweig e Cláudio de Souza visitam a Revista Ilustração Brasileira. Rio, 1936. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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“Em agosto de 1936, num dos dias de sol que parecem trazer-nos doirada mensagem com auspiciosos augúrios, bateu à porta da secretaria do PEN Clube brasileiro, recém-chegado, um dos maiores nomes dessa associação universal, Stefan Zweig, de passagem para o XIV Congresso Mundial dos PEN, que se ia realizar em Buenos Aires. A última luz do sol poente enjoiava as águas da baía, aperolando sua vaporação” (Cláudio de Souza, Os últimos dias de Stefan Zweig, Rio de Janeiro, Edição do PEN Clube do Brasil, 1942, p. 7). O encontro foi descontraído e cheio de surpresas. A certa altura, ao contemplar o cenário deslumbrante do Pão de Açúcar, visto do terraço do prédio onde morava Cláudio de Souza, na Praia do Flamengo 172, no triplex do nono ao décimo primeiro andares (hoje, no mesmo local, situa-se a sede social do PEN Clube), Stefan Zweig manifestou o desejo de conhecer o Pão de Açúcar para dali melhor observar a cidade maravilhosa. Dentro de poucos minutos chegaram à estação do bondinho e logo alcançaram o ponto elevado do Pão. Cláudio registrou a visita nos seus mínimos detalhes: “Dentro de poucos minutos estávamos no carro aéreo. Zweig, em silêncio, mirava o panorama grandioso. Compunção religiosa transcendia-lhe da alma de israelita e boiava-lhe no olhar, absorto na contemplação daquela monumental sinagoga, mais suntuosa do que o templo de Salomão. Quando o carro (bondinho) parou, no alto do rochedo soprava rude e impetuoso vento. Nós, os que o acompanhávamos, procuramos abrigo por trás da casa das máquinas. Ele seguiu para frente em largas passadas. Atingiu o ponto mais alto e nele se plantou. Os cabelos revoltos, o rosto flagelado voltou àquela atitude de rapto, de transe místico. (...) Zweig ficara no meio daqueles dois horizontes que se podiam tomar por símbolos das duas consciências: a americana, a nossa, a da paz e a da ternura cristã, o clima convinhável a seu espírito, e a ocidental, da força, que já se preparava para a guerra, para a hecatombe e para o saque, para o desterro e a morte trágica de seu espírito” (Id., ibid., p. 8-9).

Stefan Zweig e Cláudio de Souza visitam a Revista Ilustração Brasileira. Rio, 1936. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Após o Congresso de Buenos Aires, Zweig voltou ao Rio de Janeiro, a convite do Ministro das Relações Exteriores, Embaixador José Carlos de Macedo Soares, a fim de proferir conferência. O tema escolhido foi a “Unidade Espiritual do Mundo” (Unité Spirituelle du Monde) proferida no Instituto Nacional de Música para um grandioso e interessado público. A certa altura, em tom pessimista, advertiu: “Uma grande parte do gênero humano aplica-se neste momento unicamente em buscar meios para semear a morte, meios engenhosos que permitam assassinar o maior número de filhos de nossa mãe comum, a Terra, no mais curto espaço de tempo! Que desilusão para nossas almas, que odiamos o ódio como o mais negregado inimigo de nós mesmos, e que assistimos, desarmados e impotentes, àquela aberração dos sentimentos” (Id., ibid., p.17-18). Essa peroração marcadamente negativa, naqueles dias, ainda encontrava na mente do escritor força suficiente para reagir: “Apesar disso, porém, não devemos entregar-nos a um pessimismo debilitante, que é um elemento destrutivo. A força e o dever da palavra de que dispomos compelem-nos a redobrar nossos trabalhos para consolidar a fé na razão triunfante. E se na noite que nos envolve divisarmos o mais fraco luar de esperança, convém indicá-lo a nossos irmãos para reconforto de seus padecimentos morais. E, por isso, meus senhores e minhas senhoras, eu aqui estou para vos demonstrar, com toda a probidade de minha convicção, que aquelas forças se opõem a outras que unem em vez de dividir. No curso da História, contra as tendências destruidoras se há sempre levantado uma vontade de união moral no mundo” (Id., ibid., p. 17-18). A seguir, Zweig voltou para a Europa, e, então, decidiu exilar-se em Londres. Por essa época escrevia a biografia Maria Stuart, passando a valer-se dos trabalhos da secretária Lotte Altmann, que chegara a Londres como refugiada e fora indicada por Friderike, a mulher de Stefan. Dias depois, viajou à Escócia em companhia da secretária.

Stefan Zweig e sua esposa Friderike. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Esse período, que vai do início de 1938 ao final de 1939, constituiu-se numa fase dolorosa para Stefan Zweig. Na Áustria faleceu sua mãe e, ao mesmo tempo, as relações com a esposa Friderike se deterioraram completamente. Resolveu deixar a Europa para vir morar no Brasil, chegando a fazer formalmente o pedido de naturalização brasileira. Recebeu resposta favorável, porém, naquele momento, preferiu esperar pelo despacho de idêntica solicitação feita às autoridades inglesas. De posse do passaporte britânico cumpriu extensa agenda nos Estados Unidos da América, onde proferiu conferências em cerca de 30 cidades. Enquanto isso, sua angústia se ampliava ao saber que os nazistas promoviam nova queima de livros em praça pública de Salzburgo e que suas obras, outra vez, foram relacionadas e incineradas na fogueira. Triste e sem ânimo retornou a Londres, pouco antes da invasão da Tchecoslováquia pelo Terceiro Reich, ocasião em que foi publicado seu único romance, Coração impaciente, que se tornou fenômeno de vendas. Mais tarde, ao voltar de rápidas viagens pela Suíça e pela França, ocorreu-lhe algo desagradável: ele e a secretária Lotte foram surpreendidos em namoro por Friderike. Esse incidente provocou a separação definitiva do casal. Ao retornar à cidade de Bath, na Inglaterra, casou-se formalmente com a secretária no dia 1º de setembro de 1939.

Stefan Zweig e sua secretária Lotte. 1937. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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cumprir intensa agenda, verdadeiro turbilhão de compromissos, entrevistas, palestras, conferências e reuniões privadas com escritores e artistas de diferentes tendências. Merecem registro as visitas e os contatos mantidos com entidades culturais como a Academia Brasileira de Letras, PEN Clube do Brasil e Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). Além disso, outras personalidades prestaram-lhe significativas homenagens. Foi convidado para jantar com o Presidente Getúlio Vargas, no Palácio do Catete, e com o Ministro das Relações Exteriores no Jóquei Clube. A repercussão de sua presença na cidade foi tão grande que as conferências por ele pronunciadas na Academia Brasileira de Letras e Escola Nacional de Música, em francês, atraíram um público enorme que se postou em longas filas para ter acesso ao auditório com dois mil lugares. Tantas foram as pessoas que chegaram com livros para ele autografar que, em certo momento, sofreu cãibras na mão e teve que descansar. Nos dias que se seguiram fez visitas de caráter privado, de automóvel, pelos rincões mais visitados da cidade e também a Petrópolis. Conheceu as mais belas ilhas da baía da Guanabara a bordo de uma lancha especialmente cedida pelo governo. O calor da acolhida e a alegria das pessoas, a beleza do relevo geográfico, as mutações das cores das águas e do firmamento, faziam do Rio de Janeiro uma extraordinária surpresa para Stefan Zweig. Repetia para todos a sua enorme alegria por ter vindo ao Brasil. Ao escrever para Friderike revelou sua satisfação com as seguintes palavras: “O Brasil é incrível; eu poderia chorar como um bezerro à ideia de ter de partir. Uma coisa é certa, esta não é a última vez que venho aqui” (Donald, p. 268). De todos esses contatos, talvez os mantidos com os membros do PEN Clube do Brasil tenham sido os mais cordiais e amistosos, devido à imediata empatia que se armou entre ele, Cláudio de Souza e outros escritores brasileiros desde 1936. Antes de fixar residência definitiva no Rio de Janeiro, Stefan Zweig, em 1941, viajou aos Estados Unidos a fim de terminar o livro Américo Vespúcio –

A partir de então e nos anos seguintes, por onde ele residiu, não conseguia afastar de si a condição de exilado e o fantasma do conflito bélico europeu. Esse estado de desânimo afetou profundamente a sensibilidade do escritor humanista, expressa, sobretudo, em seus trabalhos de reflexão intelectual. A vã tentativa de fugir da guerra talvez explique as constantes mudanças de lugares por onde viveu, a partir de 1933. Não se radicou com ânimo definitivo em nenhum deles, mas sempre como um exilado. Viveu na Inglaterra, Estados Unidos, Portugal, França, além de viajar com frequência até 1940. Em todos esses países vivera sob o estigma do inconformismo, sem querer aceitar ou compreender a nefasta lógica da guerra que se alastrava pela Europa e, dentro de pouco tempo, para seu desalento, ameaçava chegar a outros continentes. Finalmente, durante sua segunda viagem a Buenos Aires, em 1940, um dia decidiu radicar-se no Brasil. Foi ao Consulado brasileiro e ali recebeu o visto de residência permanente, viajando para o Rio de Janeiro. Independente de sua curiosidade pelo Brasil, a verdade é que ao chegar ao Rio de Janeiro Stefan Zweig recebera duas boas notícias: o convite oficial do Governo Federal para conhecer de perto o país e a enorme aceitação de seus livros entre os leitores brasileiros. Desde 1932, passaram a aparecer expostas em todas livrarias as cuidadas publicações da Editora Guanabara. A chegada de Stefan Zweig ao Rio de Janeiro, a bordo do Alcântara, pela baía da Guanabara, segundo lembrou seu biógrafo Donald Prater, foi digna de um príncipe ou de chefe de Estado em visita oficial. Ao desembarcar, foi recebido com honras destinadas a personalidades ilustres. Saudado pelo Ministro das Relações Exteriores e pelo embaixador da Áustria no Rio de Janeiro, demais autoridades locais, seu editor, Abrahão Koogan, escritores e admiradores. A seguir, hospedaram-no numa suíte de quatro peças do Copacabana Palace. O governo colocou, ainda, à sua disposição um adido do Ministério com carro e motorista. Logo ele passou a

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história de um erro histórico e concluir suas memórias, projeto que vinha sendo adiado havia anos. Para tanto, alugou uma mansão em Ossining (estado de Nova York), onde vivia sua primeira mulher Friderike, que, apesar de separados, o ajudou na condição de amiga a terminar o esboço de suas memórias. De volta ao Brasil, após realizar um périplo pelo Norte e Nordeste, aceitou o encargo de escrever Brasil, país do futuro, o qual foi publicado quase simultaneamente no Brasil e em Portugal, bem como traduzido ao alemão, inglês, espanhol, sueco e francês. Levado pelo entusiasmo de Cláudio de Souza e de outros amigos comuns que, a exemplo deste, tinham casa de veraneio em Petrópolis, Stefan Zweig alugou residência na aprazível cidade serrana, onde passou a viver com sua segunda mulher, Lotte Altmann. A casa de dimensões modestas, porém acolhedoras e de sólida construção, situava-se numa elevação um tanto íngreme da principal entrada da cidade, na Rua Gonçalves Dias, nº 34. Ali ele concluiu as memórias O mundo que eu vi.

Casa de Stefan Zweig em Petrópolis à Rua Gonçalves Dias. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Foto de Zweig dedicada a Abrahão Koogan. Rio, 28 de novembro de 1940. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Tudo parecia correr às mil maravilhas. O convívio de Zweig com escritores e demais amigos se dava de maneira normal, sendo que, com Cláudio de Souza, Léopold Stern, Alfred Agache e outros, por pertencerem, como Zweig, ao quadro social do PEN Clube do Brasil e residirem em Petrópolis, a convivência era mais estreita e permanente. Com Cláudio de Souza, no entanto, os contatos ocorriam quase diariamente. Por essa época, em virtude de insistência de Souza, Stefan Zweig aceitou proferir nova conferência no Rio de Janeiro, no auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Foi um estrondoso sucesso, apesar de o ingresso ao auditório ter sido pago, pois a renda destinou-se a ajudar os exilados, bem como à ABI e ao PEN Clube do Brasil, entidades envolvidas nesse meritório trabalho de apoio aos escritores estrangeiros que, então, buscavam refúgio no Brasil. Stefan Zweig abordou o seguinte tema: Vienne d’autrefois (Viena de outrora), trazendo aos presentes vívidas imagens sobre a Viena de sua mocidade, a Viena das valsas, dos concertos, do clima romântico imortalizado em tantas obras musicais, literárias e dramáticas. Essa mesma preocupação de ajudar os exilados europeus que buscavam refúgio naquele momento da guerra fez com que Zweig, em 1941, quando fora a Nova York coligir material bibliográfico e demais informações para suas memórias (O mundo que eu vi), também ali tratasse do assunto. Nesse sentido, quando ele se reuniu com amigos escritores, a exemplo de Jules Romains, Thomas Mann, Somerset Maugham, Maeterlinck, Conde de Sforza, Siegfried Sassoon, Léopold Stern, André Maurois e outros, para fundarem o centro do PEN Clube americano, a ajuda aos escritores refugiados foi tema principal. Dias antes, Zweig, de Nova York, pedira a Cláudio de Souza que, na qualidade de presidente do Centro Brasileiro, enviasse uma mensagem aos fundadores do Centro norte-americano. O pedido foi atendido e o próprio Stefan Zweig leu a mensagem perante a ilustre assembleia e, logo depois, comunicou a repercussão e os frutos alcançados ao dirigente brasileiro:

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sua obstinada determinação, pois, à abstrusa ideia do luto, com efeito, ampliava os motivos de sua justificativa com a dura frase intercalada – “pessoa que perdeu tudo o que lhe era mais caro na vida” – aposta no seguinte parágrafo:

“Meu caro amigo, sua mensagem foi lida no meio de aclamações calorosas de uma assembleia de mil pessoas. Agradeço a esse Centro por haver comparecido espiritualmente à nossa reunião. Tudo se passou muito bem, e pudemos reunir 5.600 dólares (112:000$000) para fazer vir os últimos escritores exilados” (Op. cit., p. 32-33).

“De luto pela Europa, pela Humanidade, e perdoar-me-ia meu afastamento como a uma pessoa que perdeu tudo o que lhe era mais caro na vida. A felicidade de ter encontrado aqui amigos tão seguros e tão perfeitos como o sois, não me deixa esquecer os outros, e eu não quero esquecê-los. Vós me compreendereis sem dúvida, meu caro amigo. Os entretenimentos íntimos são mais preciosos para mim do que jamais, mas fujo de tudo o que é sociedade, publicidade, divertimento”. (p. 36 e 37).

Já de volta ao Brasil, Zweig, em Petrópolis, fora convidado por Cláudio de Souza para participar do tradicional jantar de confraternização natalina de 1941, promovido pelo PEN Clube do Brasil. A resposta de Zweig foi surpreendente, porque denotava um claro tom de tristeza e de pessimismo frente ao mundo de então. Souza, no entanto, naquele momento, jamais poderia imaginar que o escritor austríaco estivesse tão próximo de levar a cabo o gesto fatal que se avizinhava. Sua resposta, sem dúvida, assumia um clima fúnebre:

Essa profunda amizade mantida entre os dois casais – Cláudio de Souza e Luizinha, Stefan Zweig e Lotte – em Petrópolis, foi mantida até o último dia de vida do casal austríaco. As visitas mútuas entre as duas casas eram constantes. No domingo de Carnaval de 1942, na semana que precedeu à do duplo suicídio de Zweig e sua mulher, eles visitaram Cláudio de Souza pela última vez. O presidente do PEN Clube do Brasil, em nenhum momento, chegou a suspeitar do drama vivido pelo escritor amigo. Enquanto Lotte preferiu ficar conversando com D. Luizinha, os dois subiram para o primeiro andar, onde ficava a biblioteca, e ali Zweig pediu a Cláudio que lhe fizesse o obséquio de lhe traduzir ao vernáculo uma carta que ele escrevera em francês tratando de assunto literário. Talvez tenha sido essa carta o último texto literário escrito por ele. Depois, ao longo de horas e horas de conversação, pois passaram todo o dia reunidos, o que mais impressionara a Cláudio de Souza fora a insistência com que Zweig disse-lhe ter perdido tudo o que conseguira preservar para a velhice. Aos 60 anos sentia-se um ancião desiludido.

“Em relação ao jantar do PEN Clube, digo-vos, com franqueza, que me é impossível, numa época em que todos os meus camaradas e compatriotas sofrem tão terrivelmente na Europa, assistir a qualquer coisa que se passe num quadro alegre e luxuoso; é um caso de consciência. Sinto-me feliz de ter o privilégio de poder viver e trabalhar neste país, que tem a dupla bênção da beleza e da paz. Mas quero evitar – diante de mim mesmo – tudo o que tenha um caráter de alegria, de gozo, de prazer: sem ter perdido nenhum parente, estou de luto” (grifo de Zweig). Ao insistir com tanta ênfase na negativa, na verdade, Zweig parecia dar a seu argumento, desde já, a justificativa do desesperado passo final, a única saída que encontrou dois meses e meio mais tarde. Naquele Natal, porém, nem Cláudio de Souza nem seus amigos mais íntimos notaram

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Cláudio de Souza e D. Luizinha. Casa de Petrópolis. (Acervo PEN Clube do Brasil).

No dia do desenlace fatal, a manhã de 23 de fevereiro de 1942, por ironia do destino, Cláudio de Souza foi o primeiro a tomar conhecimento do duplo suicídio: Stefan Zweig e sua mulher Lotte morreram abraçados sobre a cama de seu quarto de dormir, após terem ingerido forte dose de veneno. Ela estava unida a ele em íntima posição, com a cabeça serenamente pousada contra o peito do marido. Imediatamente Souza telefonou para Léopold Stern, que, mais tarde, em livro, assim relataria o desespero inicial deles vivido naquele dia aziago: “– Stefan Zweig e sua esposa morreram... suicídio... venha. Cláudio de Souza, Presidente do PEN Clube brasileiro, amigo íntimo de Zweig, me chamou por telefone para me dar esta notícia inacreditável. Eu fui de um salto de minha casa para a de Cláudio, que ficava apenas a alguns metros de distância. A velocidade de meus passos não me impedia de sentir a dor do meu coração, e os meus pensamentos somente repetiam: ‘Isso é terrível, terrível!’” Ao chegar, encontrei Souza em conversa com Alfred Agache que, com a voz embargada de emoção, retomou comigo sua história. De passagem por Petrópolis, ele fora abraçar Zweig. Ao subir as escadas que conduzem à casa do escritor, ele encontrou três cavalheiros que desciam. Para evitar uma subida inútil, porque a casa está em uma colina bastante cansativa para escalar, ele perguntou a um deles se Stefan Zweig estava em casa e recebeu como resposta: – O pobre homem! Ele e sua esposa acabam de cometer suicídio. Agache, atordoado, sem forças para fazer qualquer outra pergunta, também veio correndo para a casa de Cláudio de Souza. Por sua vez ele telefonou para a imprensa. Atordoados e doloridos, nós ficamos um certo tempo sem saber tomar qualquer iniciativa. Finalmente, um de nós disse: “Vamos! Devemos ir imediatamente de carro a toda velocidade para cuidar dos restos mortais de Stefan Zweig.” (Léopold Stern, La mort de Stefan Zweig. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1942, p. 10-11.)

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Sobre a escrivaninha do quarto de dormir, não muito longe dos corpos, foi encontrada a declaração escrita por Zweig, em alemão, que Léopold Stern verteu para o francês e, a seguir, Cláudio de Souza traduziu para o português. Ei-la: “Antes de deixar a vida por minha própria vontade, em pleno uso da razão, sinto necessidade de cumprir o último dever, o de agradecer profundamente a este pais magnífico – o Brasil – que me deu tão amável acolhida. Cada dia que aqui passei, mais amei este país. Em nenhum outro além deste poderia alimentar a esperança de refazer a minha vida. Depois que eu vi o país de minha própria língua soçobrar e minha pátria espiritual – a Europa – destruindo-se a si própria, e quando alcanço 60 anos de idade, seriam necessários esforços imensos para reconstruir minha vida, e minha energia está esgotada pelos longos anos de peregrinação como um sem pátria. Assim julgo melhor terminar a tempo uma vida que dediquei exclusivamente ao trabalho espiritual, considerando a liberdade humana e a minha própria como o maior bem da Terra. Deixo um adeus afetuoso a todos os meus amigos. Desejo que eles possam ver a aurora que virá depois desta longa noite. Eu, impaciente demais, vou-me antes disso”. S t e f a n Z w e i g , Petrópolis, 22-02-1942” (apud Cláudio de Souza, Os últimos dias de Stefan Zweig, 1942, p. 767 e 768).

Declaração de Zweig antes de suicidar-se. Petrópolis, 1942. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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A dor e o choro de seus queridos amigos foram profundos. A notícia, de repente, comoveu o mundo. A Petrópolis acorreram amigos, escritores, admiradores, autoridades do governo, inclusive o Presidente da República, Getúlio Vargas. Todos queriam dar o último adeus a Stefan Zweig e à sua mulher Lotte. O derradeiro cuidado dedicado aos mortos – a colocação de flores sobre os corpos antes da caminhada ao campo santo – coube a Cláudio de Souza, por representar, no Brasil, a associação mundial de escritores, o PEN Clube, entidade a que se achava filiado Zweig. Esse momento foi, também, compartido por sua esposa, D. Luizinha, que cuidou do corpo de Lotte, momento recordado por essas comovidas palavras:

Corpos de Zweig e Lotte mortos sobre a cama. (Acervo PEN Clube do Brasil).

“Com flores que naquela manhã de Sol e de luto desabrocharam nos jardins de Petrópolis cobriu completamente minha mulher com suas delicadas mãos o corpo daquela esposa no seu triste caixão; com flores que naquela manhã se cortaram, também, de suas raízes na terra, cobri completamente com minhas mãos grosseiras o corpo daquele que, em pleno viço de seu gênio, o destino ceifou das raízes terrenas”. (Cláudio de Souza. Os últimos dias de Stefan Zweig, 1942, p. 74).

Capa de Os últimos dias de Stefan Zweig, de Cláudio de Souza. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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ou rua nas respectivas cidades. A proposta foi aceita e, mais tarde, outras cidades brasileiras seguiram o exemplo. Na mesma ocasião, Cláudio de Souza organizou uma comitiva de sócios e amigos do PEN Clube do Brasil, a qual foi a Petrópolis depositar flores sobre o túmulo de Stefan Zweig.

Fez mais o PEN Clube do Brasil pela memória de Stefan Zweig: na data do primeiro aniversário de sua morte, o Presidente Cláudio de Souza oficiou aos prefeitos da cidade do Rio de Janeiro (então Distrito Federal), Henrique Dodsworth, e de Petrópolis, Márcio Alves, para que dessem o nome do escritor austríaco a praça

Ainda os anos difíceis: da ditadura à redemocratização Entre as atividades levadas a cabo em 1943 no Centro Brasileiro, as conferências, sem dúvida, chamaram a atenção. Realizadas, como de costume, no auditório da Academia Brasileira de Letras, em primeiro lugar pelos nomes dos ilustres escritores convidados; em segundo, pela importância dos temas abordados. Nomes como os do poeta Pedro Vergara, o da jovem poetisa Stella Leonardos e o do escritor francês Léopold Stern abriram o ciclo de conferências daquele ano. Vergara realizou estudo crítico sobre a moderna poesia do Rio Grande do Sul e Stella Leonardos leu seus mais recentes poemas do livro Rufa ao longe um tambor. Léopold Stern falou sobre a Psychologie de la jalousie. Seguiramse outras conferências, proferidas por Maria da Glória Rangel de Almeida Portugal (Guatemala, terra de sol e de montanhas), Maurício de Medeiros (Psicologia da anedota e do riso) e Acyon Baer Bahia (Psicologia da arte moderna). No entanto, o ciclo das conferências sobre a paz, realizado durante o mês de setembro, talvez por focalizar tema tão atual, reuniu uma verdadeira plêiade de intelectuais. As sessões, com entrada franca para o público, contou com a seguinte programação:

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III –

IV – V–

A simples passagem de olhos sobre o temário desse ciclo de conferências deixa transparecer que o refrão “mundo democrático”, mais do que significar claro apelo ou chamado à necessidade de paz no mundo, também ecoava como grito contra a falta de democracia no Brasil, uma vez que ainda se vivia sob o império da ditadura do Governo Vargas.

I – Hermes Lima, Palavras de abertura; Affonso Arinos de Mello Franco – O pensamento

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político e a reconstrução do mundo democrático; Arthur Ramos – A questão racial e o mundo democrático; Pedro Calmon – Contribuição da América à organização da paz; Prado Kelly – O direito internacional e a paz no mundo democrático; Elmano Cardim – Liberdade de pensamento e de imprensa no mundo democrático; A. Carneiro Leão – Educação para o mundo democrático; Eugênio Gudin – Imperialismo e nacionalismo econômico e suas consequências na organização democrática do mundo; Roquette-Pinto – Contribuição da ciência à reconstrução do mundo democrático; Temístocles Cavalcanti – Administração pública e funcionamento dos serviços públicos no mundo democrático. Presidente Cláudio de Souza – Palavras de encerramento.

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O PEN Clube do Brasil, por iniciativa de seu presidente e a julgar-se pelo fato de pertencerem os conferencistas mencionados ao quadro social, na verdade, estava promovendo corajoso chamado às consciências dos brasileiros. Nas próprias palavras do editorial do Boletim do PEN Clube do Brasil daquele ano sobressaía esse sentimento: “Hoje, cada sócio do PEN sente-se um cidadão do mundo, porque não está limitado a seu horizonte regional nem pela razão nem pelo sentimento. Pela razão reconhece que o homem é um só, independentemente das diferenças físicas que as condições particulares de cada clima possam criar para sua adequação ao meio onde nasceu e viveu. (...). Bater-se por esses postulados é lutar por uma causa de toda a humanidade. Eis por que o sócio do PEN, havendo tomado a defesa deles, tornou-se um cidadão do mundo, e isto sem desinteressar-se dos problemas de sua pátria, porque, estabelecida a unidade espiritual das nações, todas elas se constituem numa, pela força do sentimento e da razão. (...). Brasileiros extremosos – e extremados em todas as situações que possam ferir a nação – é a própria voz do Brasil, na generosidade de suas tradições, que nos leva a prolongar nosso sentimento fraternal a toda a humanidade”.

Da esquerda para a direita: José Carlos de Macedo Soares, Cardeal de São Paulo, pessoa não identificada, D. Aquino Correia, Cláudio de Souza, pessoa não identificada e João Neves da Fontoura. Julho de 1939. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Sentados à mesa da esquerda para a direita: o Cardeal de São Paulo, Cláudio de Souza, Acadêmicos Múcio Leão e Celso Vieira, pessoa não identificada e o Presidente da República, General Eurico Gaspar Dutra.

O interesse de participar de todos os temas ligados à busca da paz terminou por concorrer para que entidades, como a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Academia Brasileira de Letras (ABL), se unissem à direção do PEN Clube do Brasil para manifestarem apoio ao Centro Brasileiro, que, naquela quadra da história literária, cultural e política do Brasil, corajosamente, não silenciava nem mudava o rumo ou a prática de seus princípios defendidos pelos demais Centros PEN do mundo diante de ameaças, veladas ou ostensivas, como começavam a aparecer, de vozes ligadas a interesses totalitários. A posição do PEN Clube do Brasil era clara resposta a essas ameaças. Por isso, quando o Governo brasileiro decidiu aderir aos aliados e participar efetivamente da guerra, autorizando as Forças Armadas a enviar contingentes de tropas ao teatro das operações de guerra na Europa, as mesmas entidades, ao lado do PEN Clube do Brasil, apoiaram publicamente esse importante passo da política externa brasileira. Argumentava o PEN Clube do Brasil em nota que “nenhuma classe mais do que a dos escritores de pensamento livre tem sofrido a execranda perseguição daqueles bárbaros pela queima pública de suas obras, pelo assassinato ou pelo desterro de seus grandes gênios, muitos dos quais procuraram no suicídio a libertação da ignomínia de suas galés. Eis porque nós, os escritores, devemos um reconhecimento extremo aos defensores da liberdade” (Boletim do PEN Clube do Brasil, n° 12, Março de 1944, Ano VIII, p. 8). Essas moções, em verdade, representavam efetivas respostas dirigidas não apenas ao público interno, ou seja, os escritores integrantes do seu quadro social, mas, também, a algumas vozes de grupos contrários ao trabalho desempenhado pelo PEN Clube do Brasil, a exemplo dos adeptos do nazismo, do fascismo, do integralismo e até do comunismo. A direção do Centro Brasileiro tomara conhecimento de que, antes de o Brasil aderir aos aliados, por ser um momento de dubiedade da política externa, a embaixada da Alemanha chegara a manifestar sua insatisfação com a posição assumida pelo PEN Clube do Brasil, claramente contrária à guerra e a favor da democracia. Apesar disso, naqueles dias, a direção do Centro Brasileiro preferiu silenciar e continuar a pugnar pelos mesmos princípios.

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Posse de Roberto Simonsen. 7 de outubro de 1946. (Acervo PEN Clube do Brasil).

O PEN Clube do Brasil não se limitava a manifestar, mediante declarações de solidariedade endereçadas aos ministros militares da Marinha, da Aeronáutica e do Exército. O apoio à campanha militar do Brasil na Segunda Guerra Mundial, como já dito, unia-se ao exemplo adotado pelo PEN Internacional, com sede em Londres, que também realizava mobilizações práticas de apoio aos familiares de militares mortos em campanha. As ações do PEN Internacional se traduziam, ainda, por promoção de campanhas em favor dos órfãos de guerra. E mais do que isso: foram remetidas mensagens visando a sensibilizar os escritores filiados aos 62 Centros então espalhados pelo mundo a seguirem o mesmo caminho. A imprensa londrina noticiou que a Inglaterra deveria acolher “os órfãos de judeus que, aos milhares, são fuzilados na Alemanha e nos países por ela ocupados, pobres crianças que ficam expostas à morte pelo desamparo, pela miséria e pela fome”. Acrescentava o jornal londrino The Times que os dirigentes do PEN, ante o temor de alguns diante da possibilidade de provocar o sentimento de antissemitismo entre o povo inglês, advertiam que, “nós, escritores ingleses, declaramos que essa suposição é um insulto a nosso povo. Quando nos chegam notícias seguidas de pobres crianças que estão sofrendo crueldades incríveis na Europa, morrendo de fome, não podemos deixar de socorrê-las com piedade pelo simples fato de serem filhos de judeus. Não há nenhum inglês, de bom sangue, que se recuse a salvá-las. Se lhes negássemos nosso socorro, faltaríamos a nossos próprios deveres de povo humanitário que se está batendo pela vitória da civilização”. Por essa época, diante da frustrante decepção de ver que as tentativas do PEN Clube do Brasil junto ao Governo Federal no sentido de aprovar o plano de assistência aos escritores brasileiros fracassaram, o presidente Cláudio de Souza voltou a apresentar, junto às autoridades governamentais, novo projeto. O plano de criação do Instituto de Assistência dos Escritores oferecido ao Ministro da Fazenda, Dr. Souza Costa, consistia na instituição de selo mínimo para os livros nacionais, excetuados os de ensino ou paradidáticos e de outro selo de maior valor para a tradução de romances estrangeiros, excluídos os de cultura clássica. Somente o arrecadado com os romances estrangeiros de fancaria – enfatizava a proposta –, pessimamente traduzidos, que assoberbam o mercado de livro, seria suficiente para manter em funcionamento o Instituto.

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Ano IX), relativo ao exercício de 1944, trouxe editorial bastante preciso no que diz respeito às principais atividades do Centro Brasileiro. Após relatar as dificuldades encontradas ao longo dos anos, sobretudo em relação à gestão administrativa, destacou o interesse dos sócios e demais escritores amigos em frequentarem e responderem positivamente às convocações da entidade. Mereceu destaque o constante esforço demonstrado pelo presidente Cláudio de Souza em buscar meios para dar maior solidez patrimonial à entidade, então, traduzidos, na prática, em contribuições sociais e doações. A fim de destacar o positivo esforço, oferecemos rápido demonstrativo da evolução dos saldos registrados na contabilidade, a partir do momento em que o Clube completou um ano, em 1937. No final do exercício desse ano, o saldo foi de Cr$ 4.363,10; em 1938, passou a ser de Cr$ 5.915,30; em 1939, Cr$ 20.105,00; em 1940, Cr$ 56.755,30 (incluído, aqui, o valor de um terreno doado ao PEN Clube do Brasil no valor de Cr$ 25.000,00, em Mauá, interior do Rio de Janeiro1); em 1941, Cr$ 127.131,70; em 1942, Cr$ 201.865,00; em 1943, Cr$ 287.242,80; e, em 1944, Cr$ 310.694,50. Nesse ano ocorreu um fato importante para a vida patrimonial do PEN Clube do Brasil. O presidente Cláudio de Souza, movido pelo desejo de dotar o Centro Brasileiro de sede própria e condigna, há anos vinha trabalhando para criar o que ele chamava de “Casa do Escritor”. Até então a entidade continuava a reunir-se em auditórios emprestados ocasionalmente para seus eventos. Por isso, boa parte de suas reuniões literárias e culturais realizavam-se com maior frequência no auditório da Academia Brasileira de Letras (ABL) e, vez por outra, no da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

Solicitada nova audiência especial ao Presidente da República, Getúlio Vargas, recebeu a diretoria do PEN Clube do Brasil a 4 de agosto no Palácio do Catete e ouviu com atenção e solicitude a leitura da proposta do novo plano. Foi lembrada, na ocasião, a feliz iniciativa do governo paulista, que, atendendo reivindicação dos escritores, em virtude de intervenção do sócio do PEN Clube do Brasil, escritor Cândido Mota Filho, criou o Serviço de Assistência ao Trabalhador Intelectual. Aliás, vale lembrar que o Presidente Getúlio Vargas, ao viajar a São Paulo, fez questão de visitar aquele Serviço de Assistência, louvando a iniciativa. Sabedor dessa visita, o presidente Cláudio de Souza enviou-lhe o seguinte telegrama: “O PEN Clube aplaudindo as belas palavras pronunciadas por V. Exa. no posto de Assistência do Trabalhador Intelectual do DEIP pede permissão para solicitar seu benévolo auxílio no andamento do projeto que teve a honra de apresentar.” Em várias oportunidades o Presidente da República sempre se revelara simpático à ideia, porém, a tramitação do projeto nos vários setores administrativos dos ministérios, encontrava dificuldades, ora técnicas, ora políticas. Ainda neste ano de 1943, foram contabilizadas vitórias importantes para o Centro Brasileiro, a exemplo da continuidade do programa editorial e a doação de Cr$ 3.000,00, feita pela firma imobiliária Mendes Figueiredo & Cia., destinada à construção e reforma da futura sede ou Casa do Escritor, outro sonho defendido com entusiasmo por Cláudio de Souza. Ao lado disso, também ocorreram perdas irreparáveis, como a morte dos sócios fundadores do PEN Clube do Brasil, ministro Rodrigo Octavio e Pereira da Silva. O Boletim do PEN Clube do Brasil (nº 13,

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1 Na década de 1970, em virtude do desinteresse ou abandono por parte da direção do PEN Clube do Brasil em acompanhar a administração e posse de seus bens imóveis, a Justiça deferiu favoravelmente ação de usucapião a particular que se apossara de parte da área e, quase simultaneamente, a outra parte fora desapropriada pela edilidade municipal. Quando o PEN Clube do Brasil tomou conhecimento do ocorrido, mediante carta de terceira pessoa encaminhada à Secretaria do Clube Literário, nada pôde ser feito porque se achavam vencidos os prazos de interposição de ação rescisória. Ainda em 1941 fora adquirido terreno na Ilha de Itacuruçá (Mangaratiba), escriturado no Balancete Contábil do PEN Clube do Brasil, que parece ter tido o mesmo destino (Boletim n° 9, de 1941).

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culados à obra do infeliz escritor, morto, por suicídio, aos 32 anos com um certeiro tiro no coração, Souza aduziu à curiosa circunstância de ter sido Raul Pompeia descendente direto de Joaquim José da Silva Xavier, Tiradentes. Salientou, ainda, o perfil retraído e solitário de Raul, sem amigos, que mereceu de Rodrigo Octavio, em seu livro Minhas memórias dos outros, a afirmação de que “Raul Pompeia desde criança viveu consigo mesmo. Era de poucos, de pouquíssimos amigos”. A conferência de Clementino Fraga tratou do curioso tema da genialidade de certos escritores associada a certas enfermidades. Ao arrematar suas considerações, o conferencista trouxe à colação exemplos de nomes ilustres, vinculandoos aos seguintes casos de graves doenças: loucura – Nietzsche, Maupassant, Donizetti; epilepsia – Mahomet, Julio César, Petrarca, Switt, Richelieu, Paganini, Schiller, Machado de Assis; neuropatas – Voltaire, Diderot, Byron, Zola, os Goncourt; gagos – Moisés, Alcebíades, Esopo, Virgílio, Demóstenes, Aristóteles, Darwin, Malherbe; tuberculosos – Chopin, Castro Alves, Leon Tolstoi, etc. Voltou à tribuna do PEN Clube do Brasil, mais uma vez instalada no salão azul da Academia Brasileira de Letras, o escritor francês Léopold Stern para falar sobre “Paris de ontem e de amanhã”. Nesse dia ocorreu uma inesquecível coincidência: no momento em que se realizava a conferência, Paris era libertada da ocupação nazista pela ação das tropas francesas vindas do interior, sob o comando do general Koening. Num determinado momento, o conferencista, após ser informado do acontecimento, interrompeu sua exposição e anunciou o fato auspicioso. Essa extraordinária notícia encheu de júbilo o ambiente, levando os ouvintes a um passeio pelas ruas, avenidas, praças e margens do Sena sob um clima de desafogo e de plena sensação de liberdade. A quarta conferência consagrada à memória do escritor Visconde de Taunay, proferida pelo sócio do PEN Clube do Brasil, poeta Jorge de Lima, foi antecedida de uma intervenção do presidente Cláudio de Souza para lembrar que os escritores

Consciente de que o Clube não poderia mais continuar a ocupar os auditórios daquelas entidades para realização de seus atos culturais e literários, Cláudio de Souza doou ao PEN Clube do Brasil uma área de aproximadamente 220 m2, localizada no 13° andar do Edifício Sul-Americano (Av. Nilo Peçanha, 26, Centro, Rio de Janeiro). Ali, foram instalados amplo auditório com palco para representações teatrais, escritório administrativo e feita adequação de varanda para contemplação panorâmica daquele antigo bairro do Rio de Janeiro. Ao lado dessas atividades administrativas e patrimoniais, também foram desenvolvidas outras iniciativas, a exemplo de ações relacionadas diretamente com a finalidade precípua do Clube: a convivência entre escritores, a defesa da liberdade de pensamento ou de expressão e a promoção da literatura. A propósito das linhas básicas defendidas pela comunidade dos Centros filiados ao PEN Internacional, vale observar que o Centro Brasileiro continuava a defender, com destacada firmeza, os mesmos ideais confirmados em notas (editoriais) dirigidas a seus sócios: “A ação que intentam os PEN Clubes espalhados por todo o mundo é uma das mais altas, se não a mais alta de quantas até hoje têm empreendido os escritores, procurando agremiar a consciência literária de todos os povos para a formação de defesa dos princípios nobres e dignos da civilização, ou seja, a liberdade de pensamento do homem, e a confraternização dos povos para um regime de paz, de justiça e de humanidade.” (Editorial. Boletim nº 13, Rio de Janeiro, março 1945, IX, p. 1). Naquele ano o PEN Clube do Brasil cumpriu o importante ciclo de oito conferências, as quais abordaram temas atuais e de reconhecido valor literário. A primeira delas foi proferida por Cláudio de Souza, que falou sobre Raul Pompeia, autor do romance O Ateneu. Entre os diversos aspectos vin-

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Solenidade de aniversário dos 40 anos de fundação da Academia Brasileira de Letras (ABL). De pé e de fardão: Cláudio de Souza à direita dos Acadêmicos Luís Carlos, Laudelino Freire e Olegário Mariano. Julho de 1937. (Acervo PEN Clube do Brasil).

poloneses enviavam um urgente apelo a todos os Centros PEN do mundo. Entre outras considerações, disse o dirigente do clube brasileiro: “Ao abrir esta sessão, e antes de entrar em seus assuntos, trago-vos um apelo de nossos irmãos da Polônia, da Polônia imortal, que no meio da sinistra e infame invasão de sanguinários bárbaros conserva-se firme na desgraça, majestosa no extermínio e invencível na mais sublime, mais estoica e mais tétrica de quantas lutas tem travado o homem para defender sua pátria.” (Boletim nº 13, março 1945, p. 5 e 6.) Esse grito de dor fora dirigido ao Centro Brasileiro pelo chefe da Legação brasileira da Polônia no exílio, ministro Thadeu Skowronsky, presente à reunião, o qual, a certa altura, alertava: “Durante trinta dias, crescentes, desesperados pedidos nos chegaram de Varsóvia, clamando por armas, munições, víveres e medicamentos. Os soldados do Exército Subterrâneo Polonês que agora lutam abertamente pedem não só ajuda material, mas também apoio moral. Os seus apelos perdem-se no mais terrífico e mortal silêncio.” (Boletim nº 13, março 1945, p. 5 e 6.) Por isso, Cláudio de Souza, no final de sua breve intervenção, argumentou:

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“Ouvindo esse apelo de uma trincheira que, sentindo-se perdida, pede apenas ao mundo uma palavra de adesão e de protesto, estou certo de que todos os vossos corações se transiram de angústia e de desespero de não lhes poder levar um socorro imediato e eficiente. De longe desconhecemos as dificuldades que devem ter impedido a chegada do auxílio que lhes falta, e não podemos descrer da sinceridade com que esses auxílios teriam sido enviados na mais eficiente escala, se elas não lhes embargassem a estrada.” (Boletim nº 13, março 1945, p. 5 e 6.)

de visão democrática e, para a época, atual. Por isso, o orador, num lance de viva coerência, pareceu pretender unir os dois tempos históricos – o passado e o presente – num curioso argumento que eletrizou o auditório, com esse fecho:

A seguir, o poeta Jorge de Lima falou sobre “A vida e a obra do Visconde de Taunay”, mostrando que, apesar de ter origem na velha e fidalga Provença, o homenageado descendia de homens que, “como os de hoje, combateram em Toulon com o Conde de Beaurepaire ou morreram expatriados. Há decapitações por guilhotina, prisões, há sangue derramado pela liberdade de pensamento, pela dignidade humana, há atos de bravura em prol da independência de pátrias adotivas; e há, na linguagem desses guerreiros idealistas da fidelidade e da honra da pessoa humana, o amor à arte, à ciência, à lealdade aos amigos vitoriosos e decaídos”. (Boletim nº 13, março 1945, p. 5 e 6. ss.) Insistiu, ainda, o poeta orador que a vida exemplar do Visconde de Taunay como “conhecedor dos problemas da pintura, desenhista, compositor de música sacra e profana, romancista, contista, cronista de guerra, guerreiro, memorialista, crítico literário e de arte, teatrólogo, etnólogo, parlamentar, jornalista, homem de ação, professor, observador de seu povo e de sua terra, pioneiro e sertanista, concebia e realizava o humanismo como uma concepção do homem “tout entier”, uma perfeita e íntima entre o espiritual e o temporal”. Por isso, concluía o conferencista, o Visconde de Taunay era o exemplo de um homem

Jorge de Lima foi demoradamente ovacionado e aplaudido. A conferência do mês de setembro, dedicada a Graça Aranha, foi abordada por dois escritores: Luiz Aníbal Falcão e Rodrigo Octavio Filho. O primeiro se deteve em fatos e episódios ainda inéditos da vida do autor de Canaã, a exemplo de sua profética advertência, feita após o final da Primeira Guerra Mundial, no sentido de que os alemães voltariam, mais cedo ou mais tarde, com a prática do “misticismo da violência e da rapacidade”. Já o segundo conferencista preferiu dissertar sobre a visão de Graça Aranha como integrante do grupo da Semana de Arte Moderna, sua destemida ação em favor da renovação de valores no âmbito das letras brasileiras. Nesse sentido, comentou o episódio da renúncia de Graça Aranha à condição de membro da Academia Brasileira, justamente por reivindicar a presença dos jovens naquele Instituto. Esse brado lembrou Rodrigo Octavio Filho, recém-eleito membro da Academia, foi um verdadeiro grito revolucionário. Se hoje (1944) ele ainda vivesse, com certeza estaria pugnando pela presença dos novos escritores no âmbito das entidades literárias, inclusive da Academia, talvez, apostando no aparecimento de outro manifesto, vibrante e renovador.

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“Ele é este mesmo minuto em que nos reunimos neste salão, é este mesmo instante em que se debatem os nossos expedicionários, é a fidelidade portuguesa de nossa história, é a vida condenada de feitos desta semana de rememorações, é a Polônia, é a França, é a guerra, são as retiradas dolorosas e as compensações da vitória do bem.”

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Lima, para figurar na sede do PEN Clube do Brasil, a ser brevemente inaugurada. O quadro do famoso autor de Invenção de Orfeu ficou exposto no espaço principal da sede do PEN Clube do Brasil e, a partir de então, sempre se constituiu numa curiosa novidade para os frequentadores e visitantes, pois a obra apontava para outra fecunda vocação artística do poeta Jorge de Lima: a pintura. Comovido, agradeceu, também, à manifestação de apreço promovida pelo sócio Raul Pedrosa, que pediu à assembleia uma salva de palmas como moção de simpatia e reconhecimento a uma amiga do PEN Clube do Brasil, D. Luizinha, esposa de Cláudio de Souza (o qual esteve ausente daquela reunião), pelos “inestimáveis serviços que vem prestando a esta sociedade ao lado de seu marido”. A programação cultural da entidade manteve o mesmo esquema dos anos anteriores: conferências mensais intercaladas com atos culturais e artísticos. O editorialista do Boletim daquele ano insistiu na busca de “elementos saneadores numa série de conferências e estudos, em sessões públicas, entremeando-as com outra série de reuniões literárias e conquistando com esse programa uma concorrência numerosa e seleta”. Além disso, insistia em afirmar o propósito de não ceder diante de ameaças, acintes ou provocações alimentadas por questiúnculas locais eivadas de matiz ideológico-partidário, uma vez que a entidade preferia seguir seu caminho, pautado, em grande parte, pelos princípios estabelecidos pelo PEN Internacional. Proferiram conferências no PEN Clube do Brasil o Embaixador João Neves da Fontoura abordando a necessidade de reafirmação dos princípios democráticos, com eleições livres; o Embaixador Pedro Leão Velloso discursou sobre os trabalhos da delegação brasileira na Conferência de São Francisco sob a coordenação de Oswaldo Aranha; o escritor Osório Dutra falou sobre a vida e a obra de Paul Valéry, que falecera quando exercia o cargo de presidente do PEN Clube da França; e, por fim, o escritor francês Léopold Stern falou sobre La femme dans la philosophie de Nietzsche.

A última conferência do ano teve como tema o tricentenário do livro Areopagítica, de John Milton. A exemplo do evento anterior, dois conferencistas foram convocados: Cláudio de Souza e Austregésilo de Athayde. A sessão foi coroada de pleno êxito, sobretudo porque à mesa acorreram representantes de entidades literárias, culturais, autoridades e até o Embaixador da Inglaterra, Sir Donald St. Clair Gainer. Após dissertar sobre o nobre sentido da luta levada a cabo por Milton, resumida nas dignas ações de ter a liberdade de saber, de falar e de arguir livremente segundo sua consciência, Souza lamentou que três séculos depois a humanidade ainda estivesse repetindo o mesmo apelo. O jornalista Austregésilo de Athayde, por sua vez, centrou a exposição na fecunda defesa que fez Milton, em Areopagítica (1644), a favor da liberdade de imprensa. Liberdade que se estendia, na prática, à censura e à proibição da palavra escrita também no livro e não apenas no jornal. A observação aproveitava o passado do poeta inglês e o presente do orador, nos quais os efeitos da guerra e da censura no Brasil perduravam. Entre outros argumentos procedentes, disse que a morte dada a um livro, pela ação prévia do censor, afigurava-se-lhe mais criminosa do que a sufocação de um ser vivo, porque a eliminação de uma ideia pode ter mais transcendentes consequências que a de um homem. Esse ponto de vista, defendido com tanta veemência por Milton, lembrava, sem dúvida, o aprendizado que o poeta tivera em Florença, quando fora visitar o sábio Galileu Galilei, com quem manteve inúmeras conversações na prisão. Nos primeiros dias de 1945, os sócios do PEN Clube do Brasil reuniram-se em assembleia geral ordinária para eleger a nova diretoria. Como nos anos anteriores, Cláudio de Souza permaneceu presidente (já que anteriormente fora eleito em caráter perpétuo). Ocorreram pequenas alterações nos demais cargos de direção da entidade. Dois fatos relevantes registrados nessa assembleia: o presidente agradeceu a doação de um “belo quadro” de autoria do sócio titular, poeta Jorge de

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Naquele ano, a concessão do Prêmio Nobel de Literatura à poetisa Gabriela Mistral, filiada ao PEN Clube do Brasil, no momento exercendo o cargo de cônsul do Chile, em Petrópolis, onde residia, foi motivo de muita alegria e júbilo.

A sede do PEN Clube do Brasil No final de 1945, ainda sob o impacto da guerra, realizou-se o tradicional jantar de confraternização natalina. Logo depois, no dia 23 de dezembro, foi inaugurada a sede própria do PEN Clube do Brasil na cobertura do Edifício Sul-Americano, situado na Av. Nilo Peçanha, nº 26, Centro do Rio de Janeiro. Passaram-se nove anos para que a entidade, por fim, pudesse contar com instalações condignas e elegantes para a realização de seus atos literários, culturais e artísticos, inclusive, a encenação de peças teatrais. A concorrida sessão de inauguração da sede social do PEN Clube do Brasil, última do ano, foi aberta pelo Vice-Presidente, jornalista Elmano Cardim, Diretor do Jornal do Commercio. Após as saudações de praxe e a leitura das inúmeras mensagens de congratulações recebidas, Cardim pronunciou um discurso de saudação a Cláudio de Souza e ao PEN Clube do Brasil, destacando, a certa altura, que “não somos uma simples associação de escritores. Somos uma instituição. E quem a fez do ideal que a sonhou à argamassa que a solidificou foi este admirável Presidente, primeiro e único, hoje aqui trazido quase à força para esta homenagem, que encerra uma prova de gratidão de todos nós, mas sobretudo pretende consagrar, pelo seu sentido de justiça, o obreiro sem par de um pensamento magnífico” (Boletim nº 14, de março de 1946).

Aposição do busto de Cláudio de Souza. Dezembro de 1945. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Falaram, ainda, os escritores Rodrigo Octavio Filho (discurso adiante publicado), Maria Eugênia Celso, Léopold Stern e Faustino Nascimento, a quem coube desvelar o busto de bronze de Cláudio de Souza, de autoria do escultor sueco W. Zadig (William Zadig Ferdinand, 1884-1952) com a seguinte inscrição: “Homenagem do PEN Clube do Brasil a Cláudio de Souza, seu fundador, Presidente Perpétuo e Grande Benemérito. Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 1945”.

Busto de Cláudio de Souza criado por W. Zadig. Rio, 21 de dezembro de 1945. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Aposição do busto de Cláudio de Souza. Dezembro de 1945. (Acervo PEN Clube do Brasil).

A seguir, Cláudio de Souza agradeceu a todos os presentes a homenagem e destacou a importância da continuidade do trabalho desinteressado em defesa da literatura e da arte, tarefa fundamental dos Centros PEN do mundo. Concluiu suas palavras afirmando que, apesar das queimas de livros e de obras de artes por parte dos bárbaros e totalitários, “nós passaremos. Passarão aqueles que nutrimos com os nossos frutos. E os filhos daqueles que estes alimentaram com seu sangue. Assim caminharão as gerações. Mas a floresta que criarmos ficará para sempre a dar frutos aos homens de boa vontade e de coração puro, caminho de sonho e de frescura, para alcançar a dignidade de sua existência nas mais altas compreensões de paz entre os homens e de concórdia entre as nações”. (Boletim nº 14, de março de 1946). Na segunda parte da sessão da homenagem foi encenada a comédia Rosas de Espanha, de Cláudio de Souza, dirigida pela atriz Esther Leão. O elenco contou com a participação dos atores: Maria Magyar, Dulce Dias, Daniel Caetano e Paulo Vieira. As atividades literárias e dramáticas ganharam novo significado com a inauguração do auditório do PEN Clube do Brasil na Av. Nilo Peçanha, Centro do Rio. Em julho foi realizado o Festival de Poesia e Teatro com o apoio da Prefeitura do Distrito Federal. Mereceu registro da imprensa a sessão em memória do escritor inglês H. G. Wells, presidente do PEN Internacional. A propósito, Cláudio de Souza afirmou: “O PEN Internacional acaba de perder uma de suas maiores figuras: H. G. Wells. Não limitarei a referência a essa irreparável perda à Inglaterra, porque os gênios se desnacionalizam desde quando transpõem as fronteiras geográficas para beneficiar a inteira humanidade com sua luz e seu calor, purificando ou sazonando os costumes e os frutos do aperfeiçoamento espiritual.” As aproximações do PEN brasileiro com os demais Centros PEN do mundo se ampliavam cada vez mais. Exemplo disso foi a recepção prestada ao escritor português Fidelino Figueiredo, presidente do PEN Clube de Portugal, no final daquele ano. Como eco das atividades do ano de 1946, o editorial do Boletim nº 15 (aparecido em janeiro de 1947), referiu-se claramente às dificuldades enfrentadas durante o longo período da Segunda Guerra Mundial,

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afirmando, entre outras coisas, não ter sido de rosas ou de bonança o caminho percorrido. “Sucederam-se, ao contrário, as borrascas. Na última guerra ventos híspidos e furiosos trapearam-nos as velas, ameaçando abrir-nos e soçobrar-nos o barco, ou levá-lo à cácea até destruí-lo em recifes. Momentos de lassidão, de desânimo desmaiaram muitos ânimos fortes. Venciam os corsários de ferocidade e do saque. Nossos centros eram arrasados nos países que se rendiam. Nossos companheiros, trucidados nos campos de concentração. Mas entre tantos horrores, o PEN Clube, impávido e invencível, não vacilou nem um só instante na defesa da dignidade soberana dos homens de pensamento, em todos os países onde aquartelou suas forças. Temos consciência de haver cumprido nosso dever na fileira. E orgulhamo-nos de pertencer à primeira associação internacional de escritores que na história da literatura mundial se arregimentou, enfim, para a defesa do pensamento livre. Essa prioridade jamais poderá ser negada aos PEN Clubes. Nenhuma associação de homens de letras, nem antes, nem durante as duas últimas grandes guerras, se organizou e se bateu assim ativa e eficientemente, em todo o mundo, por aquele princípio.” O Congresso Internacional realizou-se em Zurique, onde o Centro Brasileiro esteve presente e apresentou várias teses e propostas. No entanto, o que mais repercutiu naquele Congresso foram as informações levadas ao plenário pelo romancista Thomas Mann, no sentido de que muitos escritores alemães refugiados no estrangeiro, por causa da guerra, por fim começavam a retornar à pátria, fato auspicioso a ser registrado. Outro acontecimento digno de nota foi a eleição do escritor Maurice Maeterlinck, àquela altura com 86 anos, para Presidente do PEN Internacional. A programação cultural do Centro Brasileiro prosseguiu com a mesma dinâmica, destacando-se duas recepções públicas destinadas a homenagear os escritores franceses Georges Duhamel e André Maurois, então em visita ao Brasil. Foram, ainda, realizadas reuniões em torno da obra de Miguel de Cervantes, representações teatrais e distribuição gratuita de livros de autores filiados ou não ao PEN Clube do Brasil a bibliotecas, centros de cultura brasileiros e também ao estrangeiro, iniciativa exemplar e dignificante destinada a estimular a criação literária praticada desde a criação do Clube Literário.

Escritor francês André Maurois, à esquerda de Cláudio de Souza, em visita ao PEN Clube do Brasil. (Foto de O Malho, IX, 1950).

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nos quais foram proferidas conferências e palestras por figuras ilustres das letras, da cultura, da diplomacia e de outras áreas afins. Entre elas merecem destaque a conferência do Ministro João Neves da Fontoura e do escritor espanhol Américo Castro, este, então, exercendo o cargo de professor catedrático da Universidade de Princeton (EUA).

Foi intensa a programação cultural do PEN Clube do Brasil durante os anos finais daquela década. O Centro Brasileiro, após completar dez anos de fundação, revelava bastante vitalidade em suas atividades e a justificada euforia lhe prenunciava vida longa. Sob esse salutar clima de convivência, ocorreram inúmeras sessões públicas e jantares,

Divisão e união dos escritores brasileiros PCB. Em sinal de protesto, alguns membros integrantes da comissão de assuntos políticos, tais como, Carlos Drummond de Andrade, Affonso Arinos de Mello Franco, Odylo Costa, filho, e Antonio Candido, renunciaram em conjunto. Estava formalizada a divisão ideológica dentro da associação que nascera. A situação refletia o ambiente reinante entre os escritores. Por um lado, o governo estimulava o combate cerrado aos comunistas e, por outro, estes, a todo custo, diante da evidência da falta de participação na vida política nacional, tentavam consolidar posições dentro das estruturas administrativas de associações de profissionais e outras entidades de classe. No caso específico da ABDE, os escritores não alinhados aos comunistas lutavam para impedir a “partidarização” da entidade. Armado o conflito, o desenlace parecia ter data e local marcados: março de 1949. A chapa que se apresentou à eleição estava encabeçada por Affonso Arinos (Presidente) e José Barreto Filho (Vice-Presidente); Carlos Drummond de Andrade (primeiro Secretário), Otto Maria Carpeaux (segundo Secretário), Jaime Adour da Câmara (Tesoureiro); Hermes Lima, Alceu de Amoroso Lima, Manuel Bandeira, Octavio Tarquínio de Souza e Rodrigo Mello Franco de Andrade (membros do Conselho Fiscal). Os comunistas decidiram não aceitar cargos secundários nesta chapa inscrita. Por isso, apresentaram outra chapa, presidida pelo jurista Homero Pires.

Apesar da positiva euforia por causa da redemocratização, no horizonte do espectro da cultura brasileira, sobretudo entre os escritores mais críticos e interessados nos destinos da vida nacional, anunciavam-se gestos e atitudes de clara divisão política e ideológica. Esses atos desaguavam, sempre, em conflitos insanáveis, a reclamarem cuidado e cautela na condução de uma entidade como o PEN Clube do Brasil. Isso porque sua destinação, aberta a todas as correntes não ofensivas à liberdade de pensamento, ao livre convívio e à paz mundial, não poderia aninhar grupos e correntes interessadas em seus objetivos particulares. Vale lembrar aqui, como exemplo emblemático, o episódio da criação e eleição da primeira diretoria da Associação Brasileira de Escritores (ABDE), que mais tarde, por ironia do destino, seria recriada em reunião na sede do PEN Clube do Brasil, quando foi denominada União Brasileira de Escritores (UBE). A origem da criação da ABDE remonta a 1947. Alguns escritores, por ocasião do II Congresso dos Escritores, realizado em Belo Horizonte, resolveram criar a entidade. O que animou os escritores brasileiros a se organizarem em torno de uma associação nacional foi a regulamentação da lei de direito autoral. De imediato, porém, dentro da associação, o grupo de tendência comunista conseguiu aprovar uma moção contra o fechamento e a cassação dos mandatos dos parlamentares (federais e estaduais) filiados ao

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poderia ser apropriada por grupos ou partidos, “enroscado sobre si mesmo, o eterno cigarrinho seguro às avessas, calado, os olhos fuzilando de indignação – tigre à espreita, podendo, de uma hora para outra, dar o bote...”. E foi o que aconteceu. O romancista desaprovou aqueles gestos violentos com cáustico desabafo. De imediato, as coisas se acalmaram e Drummond comandou a retirada de toda a diretoria, que, no dia seguinte, renunciou em bloco. Em virtude desses fatos tão lamentáveis, a Diretoria do PEN Clube do Brasil, no editorial do Boletim daquele ano, ao fazer o balanço das atividades, recordava a seus associados:

Realizado o pleito na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) foi vitoriosa a chapa liderada por Affonso Arinos. A reunião presidida pelo escritor Álvaro Lins, encarregado de dar posse aos vitoriosos, se transformou num campo de batalha. Tudo começou quando Affonso Arinos iniciou as primeiras palavras de agradecimento. Mais tarde ele explicaria: “Nem pude proferir as palavras usuais de agradecimento. Dalcídio Jurandir, como se tivesse enlouquecido, começou a agitar histericamente os braços, berrando e nos insultando. Aí desabou o mundo em cima da gente.” Os ânimos exaltados, no entanto, não começaram apenas nesse momento. Alguns escritores chegaram à reunião armados e preparados para o pior. Eis o relato feito por Denis de Moraes, biógrafo de Graciliano Ramos:

“Tudo ora se debate na confusão preparada pelas correntes extremistas e subversivas que acirram as rivalidades e as paixões. Ora, nessa turbulência em que muitos perdem a calma ou o juízo, e partidos e associações se degradam, o PEN Clube em seus centros mundiais, sem deixar de defender seus princípios, tem mantido uma atitude de calma ponderada, de bom senso e de operosidade fecunda que acrescem o respeito que vem merecendo dos governos e da sociedade culta dos países onde sua ação se exerce. [...]. Quem não está conosco está apenas consigo; quem está conosco está com todos os homens, na luta invencível do pensamento contra a opressão, da cultura contra a força, da civilização contra a barbárie”.

“Alina Paim, ao notar a arma na cintura de Arinos, ousaria enfrentá-lo a golpes de guarda-chuva. Hermes Lima saltaria sobre a mesa, escapulindo de um bofetão. Humberto Bastos acertaria um pontapé no esquerdista mais próximo. Mas a cena mais chocante seria protagonizada por Dalcídio (Jurandir), que se engalfinharia com Carlos Drummond de Andrade, tentando arrancar-lhe das mãos o livro de atas. Grudados aos dois, Victor Konder e Maurício Vinhas procuravam ajudar Dalcídio, enquanto Rubem Braga reforçava a defesa de Drummond. O livro sobraria para Rubem, que o doaria anos depois à Fundação Casa de Rui Barbosa” (Cf. Moraes, Denis de. O velho Graça – Uma biografia de Graciliano Ramos. José Olympio Editora, 1992, p. 256-257).

Anos mais tarde, quando os ânimos ideológicos diminuíram e relativa tolerância passou a nortear as ações dos intelectuais brasileiros, foi na sede social do PEN Clube do Brasil (Av. Nilo Peçanha, 26, Centro, Rio de Janeiro), onde, aos 27 de agosto de 1958, reuniu-se a assembleia de fundação da nova associação dos escritores brasileiros, sob outra denominação: União Brasileira dos Escritores (UBE).

A confusão não parou por aí. Durou muito tempo e vários escritores partiram para o desforço pessoal. Diante do estranho e absurdo tumulto, Graciliano Ramos, sócio do PEN Clube do Brasil, sempre lúcido e ciente de que a literatura não

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O fim de uma época e o legado O jornal O Globo, do Rio de Janeiro, na edição de 19 de novembro de 1940, noticiou que o dramaturgo Cláudio de Souza, membro da Academia Brasileira de Letras e presidente do PEN Clube do Brasil, mandara construir no Cemitério de São João Batista o seu próprio túmulo em forma de um templo grego.

Cláudio de Souza. Caricatura por Leopoldo. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Charge sobre Clรกudio Souza por Alvarus. Dezembro de 1942. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Apesar disso, outro lado da moeda deve ser citado aqui para mostrar que não somente referências desabonadoras e até insidiosas contra o autor de Flores de Sombra foram divulgadas. Conta-se que, certa feita, numa roda literária, alguém se jactava em criticar Cláudio de Souza. Graciliano Ramos, um dos presentes, com seu habitual e exacerbado sentido crítico, observou que as pessoas costumavam falar mal da obra se Souza sem ter lido nenhum livro dele, arrematando que era preciso conhecer sua obra para depois julgar. Na verdade, a personalidade de Cláudio de Souza não se apresentava pejada de qualquer sentimento fúnebre. De certa vaidade, sim. A construção do túmulo era uma providência meramente prática, porque, com efeito, o que ele pressentia, sobretudo por ser médico, talvez fosse o inevitável avanço de alguma enfermidade que lhe minava a saúde. Tratava-se, portanto, de uma medida preventiva. Foi o que aconteceu quatro anos depois, no dia 28 de junho de 1954, quando faleceu Cláudio de Souza na Clínica São Vicente (Gávea, Rio de Janeiro), assistido por seus mais queridos amigos, a exemplo de Barbosa Lima Sobrinho, Rodrigo Octavio Filho, Celso Kelly, Elmano Cardim e outros. Seis meses depois (29 de janeiro de 1955) também morreria sua esposa, D. Luiza Cláudio de Souza. O escritor Josué Montello, membro do PEN Clube do Brasil e sucessor da Cadeira de Cláudio de Souza na Academia Brasileira de Letras, em crônica publicada no dia seguinte à sua morte, em rápidas palavras, fixou com precisão o perfil de D. Luiza, conhecida na intimidade por D. Luizinha:

A notícia tinha muitos ingredientes para justificar uma matéria jornalística, afinal, Cláudio de Souza, além de imortal, era um homem muito conhecido e respeitado no meio literário e cultural. Essa circunstância, infelizmente, não funcionou para arrefecer a curiosidade do jornal, que de fato, beirava o tom sensacionalista. Muitas foram as interpretações. Alguns leitores tomaram aquela iniciativa como excessiva preocupação com a imagem. Havia na matéria do jornal um claro tom irônico. Primeiro, por ser ele um imortal, ilustre membro da Academia Brasileira de Letras e, depois, por aparecer com frequência como dirigente do PEN Clube do Brasil. Aliás, vale recordar que esse lado crítico e irônico em relação aos membros da ABL sempre existiu em maior ou menor grau. Anos antes, em várias ocasiões o cáustico escritor Agripino Grieco costumava apimentar suas notas de crítica literária, palestras ou conferências com insistentes arremetidas, mais peçonhentas que cômicas, às vezes, sejamos justos, escoradas em sólidos argumentos estéticos e literários. Entre seus alvos preferidos, não perdia a oportunidade de apontar seus petardos contra membros da Academia Brasileira de Letras. Cláudio de Souza, entre tantos outros, era um dos elegidos para assacar os ácidos respingos de suas perorações depreciativas. Não só Grieco preocupou-se com Souza. João Condé, responsável pela coluna “Arquivos Implacáveis”, publicada pela revista O Cruzeiro, meses antes da morte do fundador do PEN Clube do Brasil, divulgou listas de dez escritores distribuídos nas categorias feios, nanicos e bonitos. Cláudio de Souza figurou entre os primeiros feios. Anos antes o mesmo jornalista publicara nota em que um dos romances de Souza aparecia como o pior livro do ano. Só que naquele ano Cláudio de Souza não publicara nenhum livro. Noutra ocasião, afirmara Condé, que um livro do mesmo autor ficara exposto na rua sem que chamasse a atenção de nenhuma pessoa.

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“Pequena, franzina, extremamente delicada, D. Luizinha Cláudio de Souza, admirável companheira do mestre das Flores de Sombra, parecia haver nascido para viver de leve. E, de leve, um tanto recolhida como as flores que inspiraram a Cláudio de Souza a sua melhor comédia, cumpriu D. Luizinha o seu destino de mulher e companheira.” 61

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Cláudio de Souza e D. Luizinha em trajes de gala. ABL, julho de 1938. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Impressiona a quantidade de bens móveis e imóveis doados ao PEN Clube do Brasil pelo fundador, Cláudio de Souza, atitude singular e elogiável. Sabe-se que no Brasil quase todas as associações culturais, sem fins lucrativos, costumam ter vida curta exatamente por falta desse tipo de ajuda. Aliás, não vale no caso de Cláudio de Souza empregar aquele argumento de que ele fez tantas doações ao PEN Clube do Brasil porque não tinha filhos. Em verdade, não os possuía, porém, tinha outros parentes próximos que poderiam se habilitar no inventário. Essa desculpa serve apenas para retirar do gesto do escritor, de certo modo, o caráter da sua generosidade, que foi manifesta e sincera. Suas doações não se restringiram ao Centro Brasileiro, mas, também, à Academia Brasileira de Letras, à Academia Paulista de Letras, à Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, a hospitais, etc. Fez, inclusive, doações de imóveis, em Petrópolis, a empregados domésticos de sua residência, gesto difícil de ser visto nos dias atuais.

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Cláudio de Souza lendo ao lado da menina Clarisse Fonseca. Casa de Petrópolis, 1950.

Assim, pode-se dizer que a longevidade do PEN Clube do Brasil – 80 anos! – é devida, em grande parte, ao gesto do fundador, que o dotou de bens materiais duradouros. Sua generosa e exemplar atitude, infelizmente, jamais foi imitada pelos que vieram depois. Ocorreu, de fato, nesse particular, o contrário, uma vez que, em alguns casos, diga-se de passagem, configuraram-se situações em que sequer os bens (móveis e imóveis) da entidade foram preservados. A principal doação foi a do triplex (9º, 10º e 11º andares) da Praia do Flamengo, imóvel situado em aprazível trecho de onde se descortina uma das mais emblemáticas paisagens da cidade do Rio de Janeiro: o Pão de Açúcar e a baía da Guanabara. Ao ser formalmente aberto o inventário, após a morte da viúva, entre as demais doações feitas, aparecia a recomendação que expressava o desejo do fundador:

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Clรกudio de Souza com esposa e amiga. Rio, 1950. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Detalhe da biblioteca de Cláudio de Souza. Praia do Flamengo. Atual Sede Social do PEN Clube do Brasil. (Acervo PEN Clube do Brasil).

“Lego ao PEN Clube do Brasil, com as cláusulas de inalienabilidade e impenhorabilidade e mediante as condições que, a seguir, se especificam: o apartamento triplex onde, por muitos anos, morei em companhia de meu marido Cláudio de Souza – à Praia do Flamengo número 172, nono, décimo e décimo primeiro andares – com os móveis, alfaias, quadros, tapetes, lustres e pianos.” A primeira condição estabelecida pela legatária era a de que o imóvel acima, doado ao PEN Clube do Brasil, fosse denominado “Casa Internacional Cláudio de Souza”. Esse espaço seria destinado a “receber e homenagear especialmente escritores estrangeiros, escritores e artistas famosos em visita ou de passagem pelo Rio de Janeiro, devendo aí ser realizadas reuniões literárias, a critério do respectivo diretor, ad instar do que ocorre com a “Maison Internationale” de Paris. A denominação de “Casa” atendia bem ao sentido maior da entidade, que era, antes de qualquer coisa, congregar escritores de várias tendências e gerações em torno da convivência e da solidariedade para com os demais cultores da palavra no resto do mundo. Daí figurar o termo “Internacional”. Ocorreu que, talvez por desconhecimento dos termos do legado mencionado, em fins de 2003, a presidência do PEN Clube do Brasil preferiu denominar o espaço principal (auditório) do triplex doado com o nome do ex-presidente falecido, Marcos Almir Madeira. Apesar de o ex-presidente merecer toda e qualquer homenagem, ficou claro que a iniciativa, de certo modo, obscureceu ou retirou o sentido da justa homenagem a Cláudio de Souza, aquele que, efetivamente, dedicou grande parte de sua vida ao Clube e lhe legou generosa quantidade de bens, móveis e imóveis, indispensáveis à sua sobrevivência. Justamente por

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Ele conseguiu por essa época doações e, inclusive, a elas adicionou recursos próprios. Como resultado dessas gestões, foi adquirida ampla faixa de terra em Mauá, interior do Rio de Janeiro, onde ele pretendia construir a Casa de Campo do Escritor. Esse terreno, infelizmente, após sua morte, ficou abandonado por décadas e, por absoluta falta de providências administrativas dos dirigentes do Clube, por volta de 1970, terminou sendo ocupado e registrado em nome de terceiros, ação que caracterizou clara “grilagem”. Alguém, ao ler no Diário Oficial o resumo da sentença judicial que autorizava a posse e o domínio da área ocupada mediante interposição de ação de usucapião, remeteu cópia à direção do Clube. Tudo havia transitado em julgado. Essas doações e legados foram formalizados pela viúva, D. Luiza Leite de Souza, após a morte do marido, porém, em todos os casos, atendendo ao cumprimento da última vontade dele. Ao lado disso, vale lembrar que ele foi, ainda, um grande trabalhador intelectual e realizador de coisas concretas. Ou, como escreveu Raul Pedroza, um dos fundadores do PEN Clube do Brasil: “Seu espírito, exuberante de vida, tem o destino dos semeadores”.

isso, apesar de alguns casos de lamentáveis perdas materiais, o Clube alcançou importante posição no cenário das letras e da cultura brasileiras. Além de outros bens imóveis, doou Cláudio de Souza ao PEN Clube do Brasil, por volta de 1942, o espaço de 220 m2 localizado na cobertura do Edifício Sul-Americano (Avenida Nilo Peçanha, 26, Grupo 1301, Centro, Rio de Janeiro). Foram importantes, também, algumas doações recebidas pelo Clube, às quais se juntaram os valores pessoais doados pelo próprio fundador (além do legado do imóvel). Há que se destacar o esforço pessoal de Souza, uma vez que ele acompanhou pessoalmente a reforma da nova sede. Preocupou-se com todos os detalhes, inclusive a construção de um auditório com recursos para encenação teatral, inicialmente com 152 lugares e mais tarde ampliado para 250. No mesmo local também se realizavam reuniões literárias e culturais vinculadas à missão da entidade. Não pararam por aí as doações de Cláudio de Souza ao PEN Clube do Brasil. Como durante décadas ele sempre esteve lutando junto ao governo federal no sentido de dar ao escritor brasileiro os direitos da previdência social, a fim de que fosse reconhecida a profissão de escritor.

A fase dos jornalistas Apesar desse enorme vazio, o PEN Clube do Brasil prosseguiu com sua destinação, sobretudo porque seu quadro de sócios contava com escritores de grandes qualidades literárias e muitos deles, também, como se dera com Cláudio de Souza, testados no trabalho diuturno à frente de entidades culturais. Além do mais, todos sabem que esse tipo de trabalho esbarra sempre no reconhecimento do relevante e nobre voluntarismo, que oferece como contrapartida apenas o consolo dignificante de que possam sobreviver as entidades literárias, artísticas ou culturais. Afinal, elas precisam existir e atuar

A morte de Cláudio de Souza provocou, sem dúvida, grande lacuna não apenas no âmbito do PEN Clube do Brasil, mas, também, no próprio cenário das letras e da cultura brasileiras. Homem adicto à atividade dramatúrgica, cultor de outros gêneros literários, membro atuante da Academia Brasileira de Letras, que ele a presidiu por duas vezes, e de outras entidades de grande expressão, a exemplo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e da Academia de Ciências de Lisboa, era, em verdade, pessoa dotada de grande capacidade de trabalho, testada em todas as missões assumidas.

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para que as letras, as artes e a cultura em geral não pereçam, principalmente em um país onde as ações de governos ainda não são direcionadas para elas com o respeito e a consideração que merecem. Essa consciência de assunção dos destinos da vida administrativa e social do PEN Clube do Brasil, após a morte de seu fundador, presidente perpétuo e benfeitor, Cláudio de Souza, passou às mãos de outra figura digna e laboriosa, seu primeiro Vice-Presidente, Acadêmico Barbosa Lima Sobrinho. Assim, o Clube iniciou um novo ciclo que poderia ser denominado de fase dos jornalistas ou da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), porque, durante 15 anos, foi presidido por três jornalistas egressos daquela respeitável entidade. Curiosamente, eles – Barbosa Lima Sobrinho, Celso Kelly e Elmano Cardim – também já tinham exercido ou iriam exercer a presidência da ABI, como foi o caso de Celso Kelly.

Acadêmico Barbosa Lima Sobrinho com fardão da Academia Brasileira de Letras. Rio, 1937. (Acervo ABL).

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Barbosa Lima Sobrinho aos 100 anos. (Foto de Pedro Karp Vasquez).

Barbosa Lima Sobrinho (Alexandre José Barbosa Lima Sobrinho), advogado, jornalista, ensaísta, historiador, professor e político, nasceu no Recife, PE, em 22 de janeiro de 1897 e faleceu no Rio de Janeiro, aos 103 anos de idade, no dia 16 de julho de 2000. Sua carreira profissional, no curso da longeva vida, foi uma coleção de cargos e funções sempre coroados de êxito. Colaborou nos jornais Diário de Pernambuco, Jornal Pequeno e, principalmente, Jornal do Recife, onde passou a escrever a crônica dos domingos, de outubro de 1919 a abril de 1921. Colaborou, ainda, nos seguintes periódicos: Revista Americana, Revista de Direito, Jornal do Commercio (do Rio de Janeiro), Correio do Povo, de Porto Alegre, e na Gazeta, de São Paulo. Ao mudar-se para o Rio de Janeiro, continuou a dedicar-se ao jornalismo. Trabalhou no Jornal do Brasil a partir de abril de 1921, a princípio como noticiarista, e depois na condição de redator político. Nesse jornal, a partir de então, passou a escrever um artigo semanal até a data de sua morte. Aos 40 anos de idade foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 28 de abril de 1937. Ali exerceu os cargos de Secretário-Geral em 1952; Presidente em 1953 e 1954; foi Diretor da Revista da Academia em 1955-56; Diretor da Biblioteca de 1957 a 1978 e Tesoureiro de 1978 a 1993. No triênio 1935 a 1937 foi eleito Deputado Federal por Pernambuco, sendo escolhido líder de sua bancada, membro da Comissão de Finanças e relator do Orçamento do Interior e Justiça. Foi nomeado presidente do Instituto do Açúcar e do Álcool, de 1938 a 1945, quando, pela segunda vez, elegeu-se Deputado Federal por Pernambuco, na Assembleia Constituinte de 1946. Em 14 de fevereiro do mesmo ano, foi eleito governador do Estado de Pernambuco, exercendo o mandato até 31 de janeiro de 1951.

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Exerceu inúmeras funções públicas e privadas, a exemplo de sócio benemérito do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), do Instituto dos Advogados do Rio de Janeiro; benemérito da Associação Brasileira de Imprensa e sócio-correspondente do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano e do Instituto de Advogados de São Paulo; sócio efetivo da Sociedade de Geografia; sócio honorário do Instituto Histórico de Goiana (PE); presidente de honra do XIV Congresso Nacional de Estudantes; professor honorário da Faculdade de Filosofia da Universidade do Recife; presidente do PEN Clube do Brasil; membro-correspondente da Academia das Ciências de Lisboa; membro do Instituto de Direito Público e da Fundação Getúlio Vargas, além de ter recebido várias comendas e distinções honoríficas. Ante uma biografia tão ampla de interesses, destacamos a grande preocupação de Barbosa Lima Sobrinho pela imprensa. Preocupação assinalada não apenas por sua permanente colaboração como jornalista e membro ativo da Associação Brasileira de Imprensa, mas, também, como autor de livros importantes sobre a imprensa brasileira, a saber: O problema da imprensa (1923); A ação da imprensa na Primeira Constituinte (1934) e Antologia do Correio Braziliense (1979). Bastariam esses títulos, somados à sua intensa atividade jornalística, para justificar sua presença no corpo social do PEN Clube do Brasil, uma associação destinada, também como a imprensa, a defender a liberdade de expressão e de pensamento. Por isso, já em 1937, em seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras, defendeu a existência dessas associações como instrumentos fundamentais para o exercício da liberdade de pensamento, ao afirmar que, nesses casos, “a norma é o grupo, a associação. Quando não prevalecem as academias, os cenáculos, os institutos, vingam a redação de revistas, a banca dos cafés ou a porta das livrarias. Na França existe ainda o salão literário, participando dos prélios com a energia e a coesão das unidades de combate. Prefere o Brasil os lugares públicos, que favorecem a elevação da voz, a veemência das objurgatórias, a comodidade do vestuário.” Por ter sido eleito Presidente da Academia Brasileira de Letras quando exercia o cargo de Presidente do PEN Clube do Brasil, Barbosa Lima Sobrinho preferiu renunciar ao cargo, sendo, então, eleito para substituí-lo o jornalista Celso Kelly, no dia 12 de janeiro de 1955.

Jornalista Celso Kelly (em pé) preside reunião como Presidente do PEN Clube do Brasil. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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O jornalista Celso Kelly exerceu a presidência do PEN Clube do Brasil por três mandatos (19561961). Foi professor, pedagogo e exerceu cargos públicos, como a diretoria do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e a Secretaria do Departamento de Cultura e posteriormente de Educação do Estado do Rio de Janeiro no governo Chagas Freitas. Ainda que fosse um escritor vinculado à imprensa, inclusive membro da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), que, mais tarde, em 1964, viria a presidir, tentou imprimir ao Centro Brasileiro do PEN Clube a realização de eventos culturais. No decorrer de 1955, o Clube, de fato, conheceu algumas alterações na sua estrutura institucional, a exemplo de aprovação de novo Estatuto e da criação de conselhos, diretorias especializadas e grupos temáticos. Essa reestruturação de encargos espelharia a preocupação da nova presidência em realizar atividades nos mais variados campos da cultura em geral. Uma rápida amostra desses novos encargos ilustra bem o caso. Assim, foram criados as Diretorias Especializadas para os seguintes assuntos: Intercâmbio; Expansão Nacional; Concursos; Social e de Sede; Teatro; Biblioteca; Publicações; Atas e Correspondência; e, Publicidade. Da mesma forma, as Diretorias de Grupos (ligados a temas vinculados a um escritor conhecido) destinavam-se, em tese, a cuidar da realização de atos referentes aos seguintes assuntos: Grupo “Cláudio de Souza” de Estudos Teatrais, a cargo de Maria Wanderley de Menezes; Grupo “Mário de Andrade” de Estudos de Arte, a cargo de Mario Barata; Grupo “Roquete Pinto” de Ciências Sociais, a cargo de Marcos Almir Madeira; Grupo “Ronald de Carvalho” de Estudos Bibliográficos e Literários, a cargo de Bráulio do Nascimento; Grupo “Capistrano de Abreu” de Estudos Históricos, a cargo de Eduardo Tourinho; e, por fim, Grupo “Monteiro Lobato” de Problemas dos Escritores, a cargo de Francisco Martins de Almeida.

Celso Kelly, ao centro, de pé, recepciona no PEN Clube do Brasil Acadêmicos da Academia Maranhense de Letras. Rio, 21 de novembro de 1961. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Em sinal de gratidão, o presidente Celso Kelly resolveu homenagear a memória da viúva de Cláudio de Souza dando-lhe o nome ao Prêmio Literário da entidade, criado em 1938, o qual passou a chamar-se “Prêmio Luiza Cláudio de Souza”. A medida, embora justa, retirava o nome do Clube Literário do certame, objetivo previsto desde a sua criação. Apesar do empenho do presidente Celso Kelly, importa dizer que, no curso de sua longa gestão de sete anos e das posteriores, a vontade do casal Cláudio de Souza em denominar a sede do Flamengo de “Casa Internacional Cláudio de Souza” até os dias atuais não se realizou. Quanto à posse do imóvel, passaram as gestões de Celso Kelly e de Elmano Cardim, num total de dezessete anos para que o Clube pudesse desfrutar de tal imóvel, quando o presidente Marcos Almir Madeira, por fim, em 1971, transferiu a sede social do PEN Clube do Brasil para o triplex da Praia do Flamengo, locando a terceiros o imóvel da Av. Nilo Peçanha, 26, Centro do Rio de Janeiro. Elmano Cardim, presidente do PEN Clube do Brasil de 1961 a 1967, foi, sempre, um homem de imprensa, onde atuou em quase todos os cargos até chegar a diretor e proprietário do Jornal do Commercio. Nasceu em Valença, no Estado do Rio de Janeiro, em 24 de dezembro de 1891, filho de Francisco Eduardo Gomes Cardim e de Adelia Figueiredo Cardim. Faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 19 de fevereiro de 1979. Estudou nos Colégios Pedro II e Alfredo Gomes. Concluiu o curso de Direito na Faculdade do Rio de Janeiro em 1914. Apesar disso, logo cedo iniciou a carreira de jornalista em O Selo e no Diário de Notícias. Integrou-se, em 1909, à equipe do Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro, onde, por algum tempo, redigiu as famosas “Várias” e passou a revisor de provas e daí a diretor e proprietário. Exerceu cumulativamente alguns cargos públicos. Trabalhou no Arquivo Nacional e mais tarde foi indicado escrivão de uma das Varas de Órfãos e Sucessões.

Não se tem registros na Secretaria do Clube sobre o efetivo funcionamento dessa estruturação proposta. A gestão administrativa e social era integrada por um Presidente e dois Vice-Presidentes, um Conselho da Presidência, formado por dez escritores de renome, um Conselho de Curadores com sete membros, um Tesoureiro e um Consultor Jurídico. Celso Kelly, por volta de 1956, propôs à Câmara Municipal do Distrito Federal projeto de lei instituindo o Prêmio Internacional Cidade do Rio de Janeiro e estabelecendo outras providências, formalizado pelo vereador, escritor Raimundo Magalhães Jr., também sócio do PEN Clube do Brasil. O projeto foi aprovado pela Câmara e sancionado pelo Prefeito Francisco Negrão de Lima e convertido na Lei nº 862, de 3 de setembro de 1956. O prêmio, dotado com duzentos mil cruzeiros, foi criado para escritores estrangeiros que tivessem escrito e publicado livro sobre a cidade do Rio de Janeiro. Concorreram apenas quatro obras oriundas da França, Uruguai, Bolívia e Itália. No artigo terceiro da Lei acima mencionada, o PEN Clube do Brasil foi considerado entidade de utilidade pública municipal, figurando, ainda, como órgão consultivo para assuntos culturais ligados aos interesses da cidade do Rio de Janeiro, conforme Decreto nº 13.469, de 1957. Após a morte de D. Luiza Cláudio de Souza, ocorrida em 29 de janeiro de 1955, Celso Kelly tentou tomar posse do triplex da Praia do Flamengo, 172, doado ao PEN Clube do Brasil e formalizado judicialmente pela viúva. A alvissareira notícia da doação foi levada ao plenário do 28º Congresso Internacional dos Centros PEN, realizado em Londres na segunda semana de julho de 1955, com a presença de 37 países e 750 escritores participantes. Na ocasião, o PEN brasileiro foi representado pelos escritores Faustino Nascimento e Carlos da Silva Araújo. A informação da doação do imóvel que seria denominado “Casa Internacional Cláudio de Souza”, levada ao Congresso, repercutiu entusiasticamente no plenário.

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AcadĂŞmico Elmano Cardim. ( Acervo ABL).

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esquadra sublevada na baía de Guanabara, bombardeando as duas cidades marginais – e o grande jornal, quotidianamente, noticiando o que se passava no País e no mundo, sem aludir, sequer, à revolução que o avizinhava. Por quê? Porque lhe não era permitido dizer toda a verdade sobre a situação. Surgia daquela atitude uma norma de ética jornalística: ou a verdade integral – ou o silêncio. Não a esquecestes e tendes sabido observá-la.”

Em 1935 presidiu a delegação de jornalistas que acompanhou o presidente Getúlio Vargas aos países do Prata. Foi eleito sócio honorário do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro em 1937, passando a efetivo em 1970 e a benemérito em 1976. Em 1951 recebeu o Prêmio Maria Moors Cabot de Jornalismo. Integrou a missão cultural no Uruguai em 1943, onde pronunciou conferências na Universidade daquele país. No dia 13 de abril de 1950 foi eleito para a Academia Brasileira de Letras na sucessão de Rodolfo Garcia. Foi, ainda, Presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Entre seus trabalhos publicados merecem destaque: A vida jornalística de Rui Barbosa; Joaquim Nabuco, homem de imprensa; Jornalistas da Independência; Rocha Pombo; Vidas gloriosas; Graça Aranha e o modernismo no Brasil; Na pauta da História. Saudado por ocasião de seu ingresso na Academia pelo Acadêmico Levi Carneiro, como “homem de imprensa”, destacou o orador que “todas as vossas obras, vossas conferências que se não sumiram no pélago daquelas folhas versaram temas que a ela se referem. Estudastes a vida e a obra de Rui Barbosa, de Joaquim Nabuco, de Rio Branco, de Machado de Assis, como jornalistas; do próprio Jornal do Commercio e daquele que foi, para vós, como para mim mesmo, o seu diretor inesquecível – Félix Pacheco; delineastes a tarefa do publicista no mundo moderno; falastes da liberdade de pensamento e da liberdade de imprensa como garantia da paz”. No entanto, em muitas ocasiões, na prática, com o seu jornal Elmano Cardim fizera o contrário. Pois lembrava Carneiro que o Jornal do Commercio criticara, censurara, combatera, corrigira e também silenciara. E justificara o motivo dessa atitude de Cardim:

Diante da absoluta falta de registro que possa caracterizar a posição do PEN Clube do Brasil, então presidido por Elmano Cardim, em virtude das inúmeras prisões e violações à liberdade de expressão exercidas contra jornalistas e escritores logo após o golpe militar de 1964 e nos anos sucessivos, é de perguntar-se: qual o comportamento adotado pelo presidente Cardim? Será que ele preferiu o mesmo silêncio a que se referiu seu confrade, Acadêmico Levi Carneiro? Ou os documentos mostram outro procedimento da entidade que tinha o dever de, pelo menos, fazer coro junto às providências tomadas e a responsabilidade histórica assumida pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI)? É evidente que a documentação faz falta, sobretudo porque sequer da tradição oral de depoimentos de contemporâneos consta qualquer testemunho que negue ou afirme o silêncio ostensivo da gestão de Elmano Cardim. O Arquivo da Secretaria do PEN Clube do Brasil, infelizmente, não dispõe de documentação relativa à gestão de sete anos do jornalista e Acadêmico Elmano Cardim, circunstância que nos impede de trazer à colação maiores informações sobre o sentido de sua programação cultural e literária, bem como seu comportamento em relação à orientação seguida pelo PEN Internacional.

“Nunca a arma do silêncio terá sido usada mais expressivamente que pelo Jornal do Commercio em fins de 1893. A

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O Presidente Marcos Almir Madeira (1968 – 2003) o I Encontro de Educadores em Brasília (1962), na qualidade de Presidente da Associação Brasileira de Educação, que organizou o conclave. Em 1971, atendendo a convite oficial, visitou a França e a Alemanha, hospedado pelos respectivos Ministérios das Relações Exteriores, para realizar conferências e manter contatos com autoridades universitárias e do mundo cultural de ambos os países. Visitou, também, como convidado oficial, o Japão e Israel. Dirigiu, no Estado do Rio de Janeiro, a Casa de Oliveira Vianna e o Arquivo Público, abrindo para a comunidade ambos os departamentos, em especial para grupos universitários, visando a pesquisas in loco. Cumpriu dois mandatos como membro do Conselho Federal de Cultura. Em 1982, nomeado pelo Presidente da República, foi Delegado do Ministério da Educação e Cultura, no Estado do Rio de Janeiro, resumindo sua ação administrativa junto a estudantes, professores e empresários escolares num apelo: “Porta aberta e mãos estendidas. Por um MEC mais público.” Eleito para a Academia Brasileira de Letras em 19 de agosto de 1993, na sucessão de Américo Jacobina Lacombe, foi recebido pelo Acadêmico Abgar Renault em 11 de novembro do mesmo ano. Membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e seu orador; membro titular da Asociación Latino-Americana de Sociología; membro da Academia Brasileira de Arte (Cadeira patronímica de João Ribeiro), onde sucedeu a Múcio Leão; membro da Academia Fluminense de Letras (Cadeira de Castro Menezes); membro do Conselho da Aliança Francesa do Brasil; sócio honorário do Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro; membro correspondente da Academia Portuguesa da História (Lisboa). Recebeu mais de uma dezena de condecorações.

“E Marcos Almir Madeira tornou-se quase sinônimo de PEN Clube, associação que presidiu durante um quarto de século. (…). Tratava-se de um refinado mestre de cerimônias, impecável na condução dos cursos e mesas-redondas que, desde 1978, promovia no seu PEN Clube. Mais do que apenas cordial, adjetivo com que muitos o caracterizavam, Marcos foi, essencialmente, um homem conciliador, pronto a acolher o outro e a ele predispor-se” (Antonio Carlos Secchin, da Academia Brasileira de Letras). Marcos Almir Madeira foi eleito presidente em fins de 1967 e permaneceu no cargo até a morte, ocorrida no dia 19 de outubro de 2003. Cabe acrescentar, portanto, que ele ficou na direção do Clube durante mais de 36 anos e não apenas 25 ou “um quarto de século” como se referiu o Acadêmico Antonio Carlos Secchin. Na verdade, seu mandato durou mais de um terço de século. Nasceu em Niterói (RJ), em 21 de fevereiro de 1916. Graduado em Ciências Jurídicas e Sociais (1939), foi professor universitário, sociólogo e escritor. Dirigiu a Divisão de Divulgação do Estado do Rio de Janeiro (1943-1946) e exerceu, por duas, vezes, a presidência da Associação Brasileira de Educação, de cujo Conselho Diretor participou, como membro vitalício. Em 1948, integrou a Comissão Brasileira, constituída por proposta da UNESCO, para conceituação de “Civismo no Plano Internacional”. Organizou e dirigiu o periódico Leitura de Todos, órgão da Comissão Brasileira da Unesco, editado em cooperação com o Ministério da Educação e Cultura, para a campanha de Educação de Adultos, sob a direção técnica do Professor Lourenço Filho. Integrou, em 1952, a Comissão dos Educadores, a pedido do Ministro da Educação. Presidiu

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Acadêmico Pedro Calmon conversa com Marcos Almir Madeira, tendo ao fundo Gilberto Mendonça Teles. 1980. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Sua estreia se deu com o livro A ironia de Machado de Assis e outros estudos, de 1944. Dentre seus livros publicados, que chegam quase a duas dezenas, destacam-se como os mais relevantes: Homens de marca (1979) e Fronteira sutil entre a sociologia e a literatura (1993). Sua bibliografia abrange temas vinculados à sociologia, à pedagogia, à crítica literária e estudos biográficos. A promoção de atividades do PEN Clube do Brasil durante a longa gestão de Madeira buscou o permanente contato com as representações diplomáticas. Ainda que o ato de conviver possa ser entendido como um dos pilares da finalidade dos Centros PEN do mundo, a missão principal do Clube sempre esteve vinculada à defesa da liberdade de expressão, quer no Brasil, quer no resto do mundo. Essas ações, desde o final da década de 1950, cresceram de maneira substancial devido ao clima instaurado pela chamada “guerra fria” e à proliferação de ditaduras em vários continentes, sobretudo nas Américas Central e do Sul. Por isso, o PEN Internacional centrou suas atividades e concitou os demais Centros a cuidarem, de maneira prioritária, das atividades ligadas a quatro comitês básicos: Paz, Mulheres, Tradução e Direitos Linguísticos e Prisão, ou seja, de Liberdade de Expressão.

Exposição de objetos da Nigéria na Sede do PEN Clube do Brasil. Outubro de 1969. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Na revista Convivência, que Marcos Almir Madeira, no afã de definir sua linha editorial, chamou de “cadernos de ideias e pesquisas”, podem ser pinçados alguns registros que apontam para realização de mesas-redondas, conferências, palestras ou reuniões informais, jantares, etc. Quase sempre, porém, ligavam-se à vida diplomática.

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Jantar do PEN Clube do Brasil em homenagem ao Prêmio Nobel de Literatura, escritor japonês Yasunari Kawabata. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Embaixador da Tailândia visita o PEN Clube do Brasil. Rio, 1967. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Embaixador da Índia, Sr. Patel, Cônsul Cultural da Yugoslávia, Sr. Kojic e a filha de D. Ema Antunes com trajes típicos. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Na sala da Fundação Getúlio Vargas o poeta Waldemar Lopes recebe de Júlio Barata o Prêmio Luiza Cláudio de Souza. Na mesa, à direita de Barata, o adido cultural da França, M. Louis de Ghaoni e, à esquerda do presidente Madeira o professor Arthur César Ferreira Reis. Abril de 1971. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Conferência de Ruben Vela. Da esquerda para direita, Marcos Almir Madeira, Elmano Cardim, Pedro Calmon e Colares Moreira. 1972. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Da esquerda para a direita: Antônio Carlos Villaça, conferencista Bella Josef, presidente Marcos Almir Madeira, João Cabral de Melo Neto e Rafael Spotorno, Cônsul de Espanha. Sede Social do PEN. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Mesa-redonda em torno da obra de Gilberto Freyre, sentado à direita ao lado de sua esposa, D. Magdalena. À esquerda o reitor da UERJ, professor Oscar Tenório. Rio, 4 de junho de 1975. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Além disso, nesse capítulo importante dos veículos de comunicação da entidade, o presidente Madeira preferiu optar por não editar o Boletim, meio informativo de real relevância para a preservação da memória do Clube, sobretudo naquilo que mais se vincula à sua missão primordial: os atos culturais e literários. Tal prática, sadia e fundamental, inaugurada pelo fundador e presidente Cláudio de Souza, foi seguida, em parte, durante pouco tempo da gestão de Celso Kelly, mas não pela de Elmano Cardim, circunstância que ampliou o vazio de registros de informações em cerca de 50 anos, lapso de tempo de mais da metade da existência da entidade. A arqueóloga Maria Beltrão, por ocasião da morte de Marcos Almir Madeira, na condição de vice-presidente, assumiu a presidência do PEN Clube do Brasil por alguns meses. Ela, então, pretendeu levar adiante a iniciativa louvável de reorganizar o Arquivo e a Biblioteca do Clube. Para tanto contratou equipe de especialistas. A conclusão a que chegaram os responsáveis pelo trabalho foi desanimadora. Depois de constatar que a memória da entidade estava praticamente perdida, a arquivista Regina Wanderley, diante da escassez de documentos, argumentou: “Reiterando nossa sugestão no relatório anterior, aconselhamos que se inste junto à família, pelo recolhimento, seja por doação ou compra, do arquivo privado do professor Marcos Almir Madeira, pois assim, talvez, se possa resgatar maiores informações de sua gestão no PEN CLUBE. Seria também recomendável o recolhimento, caso exista, do arquivo do professor Celso Kelly.”

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Conferência do cônsul-geral do Japão, Fumio Hirano, de pé. Março de 1974. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Última visita do poeta Cassiano Ricardo ao Pen Clube do Brasil. Abril de 1965. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Ex-Presidente da República Juscelino Kubitschek no PEN Clube do Brasil. Recepção aos novos Acadêmicos Antonio Houaiss, Francisco de Assis Barbosa e Afrânio Coutinho, eleitos para a ABL. Rio, 1962.

Professora Helena Ferreira fala no Painel sobre Literatura Espanhola. Ao lado, professor Marco Camarinha da Silva. 25 de outubro de 1982. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Como se observa, a especialista sequer mencionou a longa gestão do presidente Elmano Cardim, ocorrida durante o período de 1961 a 1967, talvez por falta absoluta de qualquer documentação no PEN Clube sobre tal gestão. Ao lado disso, vale mencionar uma referência feita pelo próprio Marcos Almir Madeira, em meados de 1986 (cf. revista Convivência nº 8, p. 29), no sentido de que “alguns (documentos) se perderam na mudança”. A mudança mencionada foi a realizada por ele mesmo por volta de 1970 da antiga sede social do PEN Clube do Brasil, na cobertura do Edifício Sul-Americano, situada na Av. Nilo Peçanha, 26, Centro do Rio de Janeiro, para o triplex da Praia do Flamengo, 172. É de perguntar-se: qual o volume dos papeis ou dos documentos perdidos, ou, noutras palavras, extraviados? Abrangiam tais documentos as gestões anteriores de Celso Kelly e Elmano Cardim e, talvez, a do próprio Madeira? Mesmo assim, em alguns números da revista Convivência foram divulgados, genericamente – porque, quase todos, sem datas e sem indicações dos assuntos –, alguns eventos culturais e literários. Importa destacar que grande parte desses eventos foi de natureza social: jantares e encontros com representantes de embaixadas ou de consulados sediados no Rio de Janeiro. Além disso, existem também ilustrações fotográficas, porém, na maioria dos casos, sem indicações de datas, nomes dos fotografados e natureza dos eventos.

Mesa-redonda Centenário de morte de Dostoievsky. Nelson Mello e Souza, Daniel Nunes, Marcos Almir Madeira, A. Facó e Antônio Carlos Villaça. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Marcos Almir Madeira saudando o Embaixador do Peru, Sr. Alberto Ruiz Eldudge, à esquerda. Rio, 1972. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Visita ao PEN Clube do Brasil do Secretário para Assuntos Culturais do MEC, Marcos Vinícios Vilaça, vendo-se da esquerda para a direita, o Cônsul-Geral dos EUA, Vilaça, escritor José Guilherme Merquior, Marcos A. Madeira e o Cônsul-Geral da Alemanha Ocidental, Herbert Weil. 9 de novembro de 1982. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Homenagem a Orígenes Lessa. Da esquerda para direita: Homero Homem, Austregésilo de Athayde, Marcos Almir Madeira, Orígenes Lessa e Reynaldo Valinho Alvarez. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Aposição no auditório do PEN Clube do Brasil do retrato de José Américo de Almeida. Da esquerda para a direita: Austregésilo de Athayde e Sra., Rachel de Queiroz, Marcos Almir Madeira e convidado. Rio de Janeiro, 1980. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Posse do Acadêmico Alberto Venâncio Filho ao lado de Marcos Almir Madeira e Marcílio Marques Moreira. PEN Clube do Brasil, 7 de maio de 1987. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Homenagem ao ministro Francisco Weffort. Da esquerda para direita: Arno Wehling, Francisco Weffort, Marcos Madeira, Nélida Piñon e Acadêmico Eduardo Portella. Rio de Janeiro, 1994. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Carta do Presidente da República José Sarney a Marcos Almir Madeira, Presidente do PEN Clube do Brasil. 10 de julho de 1985. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Posse da escritora Clair de Mattos. Sentados, Marcos Almir Madeira e Geraldo Franรงa de Lima. 9 de maio de 1989. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Posse do poeta Antonio Carlos Secchin no PEN Clube do Brasil. 9 de abril de 1996. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Posse do editor Sérgio Lacerda no PEN Clube do Brasil. Da esquerda para a direita Josué Montello, Sérgio Lacerda, Marcos Almir Madeira e Austregésilo de Athayde. Rio, 30 de abril de 1991. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Dramaturgo Guilherme Figueiredo recebe de Adolfo Azim (Filho) o prêmio que lhe coube em Paris pelo romance 14 Rue de Tilsitt., Sede do PEN Clube do Brasil. Rio, setembro de 1976. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Um caso especial: Antônio Carlos Villaça e o PEN Clube do Brasil Tudo começou quando o escritor e membro titular do PEN Clube do Brasil, Antônio Carlos Villaça, foi autorizado pelo presidente Marcos Almir Madeira a ocupar o nono andar da sede social do PEN Clube do Brasil. Ali ficou Villaça a morar e a receber os amigos ao longo de mais de duas décadas, com aquiescência de alguns sócios mas sem unanimidade nem votação para a tomada da decisão. Houve pressão por uma decisão, uma vez que o Hotel Santa Teresa, onde habitava o ex-monge por décadas, havia solicitado que se retirasse.

Da esquerda para a direita: Antônio Carlos Villaça, Stella Leonardos, Marcos Almir Madeira e Murilo Rubião. Entrega do Prêmio Luiza Cláudio de Souza. Rio, 24 de setembro de 1975. (Acervo do PEN Clube do Brasil).

Em 2005, ao padecer Villaça de enfermidade incurável e já em estado terminal, seus achegados amigos reuniram-se na sede do PEN Clube do Brasil, sob a coordenação do embaixador e poeta Geraldo Holanda Cavalcanti, então presidente do Clube, para decidir quais as medidas a adotar em relação à permanência ou não do escritor nas dependências do Clube. Decidiram, então, que Villaça não poderia mais permanecer ali, porque seu estado de saúde carecia de intensos cuidados. O escritor, bastante enfermo, com dificuldades de locomoção para consultas de urgência em clínicas médicas especializadas, carecia de cuidados permanentes. Enfim: ele corria risco de morte iminente. Então, todos seus queridos amigos resolveram levá-lo para um asilo, onde receberia maiores cuidados. O asilo São Luís, no Rio de Janeiro, foi o escolhido para abrigá-lo, razão por que chegaram seus amigos, inclusive, a cotizar o levantamento de regular quantia para fazer face às despesas de mudança de Villaça para o asilo mencionado. Apesar de alguns percalços, normais e frequentes numa operação tão delicada como essa, o escritor foi, por fim, levado para o asilo São Luiz, onde, lamentavelmente, no dia 28 de maio de 2005, veio a falecer.

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Curioso comentário no verso da foto feito por Madeira: “O flagrante é de 16 de abril de 1974, no PEN, em reunião do aniversário (38º): enquanto Villaça exerce a vocação e Creso Coimbra põe a inveja nos lábios, Homero Senna – o próprio espanto de perfil – esboça um protesto. Não disse, mas pensou...” (Acervo PEN Clube do Brasil).

O jornal Folha de S. Paulo, em edição de 7 de junho, publicou artigo do escritor Carlos Heitor Cony comentando o falecimento do autor de O nariz do morto, dando a seguinte explicação: “Morreu Antônio Carlos Villaça, no sábado, 28 de maio. Apenas uma pequena informação, na seção dos anúncios fúnebres, noticiando o seu falecimento, providência de anônimos que o admiravam. Estava abrigado no asilo São Luís, destinado a idosos sem família e sem recursos, em fase de doença terminal. Durante algum tempo, por iniciativa de Marcos Almir Madeira, ocupava um quarto na sede do PEN Club do Brasil. Com a morte de Madeira, acho que foi despejado e foi parar num asilo.” Impõe-se um breve e necessário reparo a respeito do texto acima. O escritor Antônio Carlos Villaça não foi “despejado” do PEN Clube após a morte do presidente Madeira. Mais de três anos se passaram para que a direção do Clube iniciasse gestões tendentes a dar mais efetiva assistência médica ao autor de O nariz do morto, uma vez que a morte do ex-presidente Madeira se dera a 19 de outubro de 2003. Creio que ao nobre e bem intencionado articulista faltaram informações mais detalhadas sobre a realidade desse episódio. Por isso, ele escreveu “acho” e não o afirmou de maneira categórica. O fato narrado aqui, espelha a verdade e, por si só, explica o alcance do gesto do presidente Marcos Almir Madeira e medidas adotadas, posteriormente, pela direção do Clube literário brasileiro. No entanto, como a veiculação do texto de Cony se deu em jornal de grande circulação nacional e, ainda hoje, provoca reação negativa em relação à imagem do PEN Clube do Brasil e pode trazer injustos respingos sobre a idoneidade de quantos naqueles dias respondiam pela direção do Centro Brasileiro, agora, esclarecemos os fatos para que a entidade, tão admirada e amada por Antônio Carlos Villaça, não apareça como responsável por atitude tão arbitrária e desumana: seu despejo, que nunca existiu. A versão incompleta não pode suplantar a veracidade do fato. Por outro lado, o acolhimento ao escritor necessitado, como ocorreu com Villaça, ainda que exagerado, sobretudo se consideradas as diferenças que devem nortear o sentido do correto uso dos bens públicos e privados, deve ser creditado na conta da proverbial generosidade de Marcos Almir Madeira, um homem predisposto, sempre, a ajudar.

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O PEN Clube do Brasil e os desafios do novo milênio Após a morte do presidente Marcos Almir Madeira, ocorrida em 19 de outubro de 2003, assumiu interinamente a direção do PEN Clube do Brasil a arqueóloga e escritora Maria Beltrão, que não chegou a concluir o mandato de Madeira por ter renunciado ao cargo alguns meses depois. Essa circunstância ensejou a realização de nova eleição para a diretoria, sendo eleito o escritor e embaixador Geraldo Holanda Cavalcanti, que assumiu a presidência do Clube em 2005, com mandato de três anos.

Arqueóloga Maria Beltrão. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Acadêmico Geraldo Holanda Cavalcanti, presidente do PEN Clube do Brasil. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Geraldo Holanda Cavalcanti nasceu no Recife, em 6 de fevereiro de 1929. Fez o curso secundário no Colégio Nóbrega. Diplomou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do Recife, em 1951, após estágio realizado na Academia de Direito Internacional da Haia, no ano anterior. Concluído o curso de Direito mudou-se para o Rio de Janeiro, assumindo a Chefia de Redação do Boletim das Classes Dirigentes do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE). Em 1952, convidado a trabalhar na então Legação do Brasil na capital holandesa, colaborou com o Ministro Plenipotenciário Joaquim de Souza Leão na realização da primeira retrospectiva das obras do pintor Franz Post, apresentada na Mauritshuis (Casa de Maurício), em Haia. Entrou para o serviço diplomático, por concurso direto, em 1954. A partir de então, exerceu os cargos de Segundo e Primeiro Secretário, Cônsul, Ministro de Segunda e Primeira Classes em diversos países. Em 1978, sendo designado Embaixador, serviu junto à UNESCO e suas seguintes chefias de missão diplomática foram exercidas junto ao Governo do México, em 1982, e junto à Comissão das Comunidades Europeias, posteriormente União Europeia, em 1986. Em 1990, requereu sua aposentadoria do serviço diplomático. Durante dois anos, dirigiu a companhia Ericsson Telecomunicações do Brasil, com sede em São Paulo. Em 1993 voltou a atuar na esfera diplomática, agora como Representante Pessoal do Presidente da República, inicialmente do Presidente Itamar Franco, convidado a chefiar a seção brasileira da Comissão de Vizinhança com a Colômbia para tratar da colaboração nas áreas de fronteira, e, no ano seguinte, a delegação do Brasil à

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Conferência Mundial sobre População, realizada no Cairo. Em 1995 foi designado pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso para representá-lo no Grupo de Chefes de Estado e de Governo de Apoio ao Multilateralismo (Grupo Carlsson) e, no ano seguinte, para chefiar a delegação à Conferência das Nações Unidas sobre Assentamentos Humanos (Habitat), em Istambul. Em 1996 foi eleito Secretário Geral da União Latina, organismo internacional que trata da proteção e difusão dos idiomas e das culturas de expressão latina, sediado em Paris. Regressou definitivamente ao Brasil em 2001, passando a dedicar-se exclusivamente à atividade literária. Em 2004 foi eleito Presidente do PEN Clube do Brasil e Vice-Presidente da Fundação Miguel de Cervantes de Apoio à Leitura, membro do Conselho Editorial da Revista Poesia Sempre da Fundação Biblioteca Nacional, e do Conselho Técnico da Confederação Nacional do Comércio, Indústria e Turismo (CNC). Ao longo da carreira recebeu inúmeras condecorações nacionais e internacionais. É autor de extensa obra literária nos campos da poesia, da ficção, do ensaio e da tradução. Geraldo Holanda Cavalcanti é o quinto ocupante da Cadeira nº 29, da Academia Brasileira de Letras. Eleito no dia 2 de junho de 2010, na sucessão do Acadêmico José Mindlin, foi recebido em 18 de outubro de 2010, pelo Acadêmico Eduardo Portella. Em dezembro do mesmo ano elegeu-se Tesoureiro e, em 2011, Secretário-Geral, tendo sido reconduzido em 2012. No ano seguinte foi eleito Membro Correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e, no seguinte, Presidente da Academia Brasileira de Letras. A gestão de Cavalcanti no PEN Clube do Brasil foi marcada por importantes iniciativas, sobretudo as voltadas para a recuperação da estabilidade administrativa e cultural, medidas que concorreram para que a entidade retornasse a viver o protagonismo de ações nos cenários brasileiro e internacional.

Encontro com Escritor – Acadêmica Ana Maria Machado, entre Laura Sandroni e Presidente Geraldo Holanda Cavalcanti. Rio,16 de agosto de 2006. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Encontro com o Escritor Ricardo Cravo Albin. Da esquerda para a direita: Cláudio Aguiar, Fred Goes, Ricardo Cravo Albin e Presidente Geraldo Holanda Cavalcanti. (Acervo PEN do Clube do Brasil).

Encontro com o Escritor Acadêmico Sergio Paulo Rouanet. Da esquerda para a direita: Maria Beltrão, Bella Josef, Sergio Paulo Rouanet e Presidente Geraldo Holanda Cavalcanti. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Encontro com Escritor Nelson Mello e Souza. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Em linhas gerais, a primeira preocupação da Diretoria presidida por Holanda Cavalcanti foi revisar e adaptar o Estatuto do PEN Clube do Brasil à nova realidade, sobretudo atendendo às exigências do Novo Código Civil Brasileiro. A par disso, foram criados o Conselho de Curadores, o Conselho Fiscal, a Comissão de Admissão de Sócios e os demais cargos ligados à Diretoria: Presidente, Vice-Presidentes, Secretário Executivo, Tesoureiro e Secretários para Assuntos Internacionais e de Comunicação e Programas Editoriais. Foram instituídas, ainda, critérios para a expedição de atos normativos e administrativos destinados a melhor gerir e controlar os programas e as atividades do Clube, principalmente visando à organização de documentos e registros da memória. Nessas atividades foram incluídos arquivamentos sonoros dos eventos realizados no PEN Clube do Brasil, mediante a gravação ao vivo das palestras e sua conservação em CDs. Também foi sistematizada a guarda de imagens físicas dos eventos. Merece destaque a restauração e edição do Boletim Informativo, com periodicidade trimestral, voltado para a divulgação de atividades dos sócios, dentro e fora da entidade. A Presidência adotou medidas tendentes a informatizar o registro das atividades administrativas e culturais, inclusive mediante aquisição de equipamentos e mobiliário adequados. No que se refere à programação cultural da gestão de Holanda Cavalcanti o PEN Clube do Brasil realizou intensa atividade cultural durante o triênio (2005/2007), a exemplo de atos ligados a importantes efemérides literárias, a saber: 90 anos de Julio Cortázar; sesquicentenário do nascimento de Rimbaud; bicentenário de Hans Christian Andersen; bicentenário do nascimento de Bocage; centenário de nascimento de Érico Veríssimo; centenário de nascimento de Adalgisa Nery; e tricentenário de nascimento de Antônio José da Silva, o Judeu.

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Realizaram-se ao longo do triênio conferências, palestras, debates e encontros com autores sobre temas da atualidade de interesse para o escritor, conforme proposta feita pelo Presidente em seu discurso de posse, a saber: “Identidade e Globalização”, “Censura e liberdade de expressão” e “Direitos Autorais, de Gutemberg à Internet”. Mesas-redondas sobre temas literários, tais como: “Sociologia da leitura”; “Três visões do Carnaval”. O PEN Clube do Brasil realizou atos fora de sua sede e em articulação institucional com as seguintes entidades: UFRJ, Consulado Geral do Japão, Fundação Biblioteca Nacional, Museu Judaico, Instituto Cervantes, Academia Brasileira de Letras, Centro Cultural do Banco do Brasil, Goethe Institut do Rio de Janeiro, Associação Brasileira de Hispanistas e Real Gabinete Português de Leitura. Desses e outros eventos programados participaram vários sócios do PEN Clube do Brasil, na condição de palestrantes, tais como: Alcmeno Bastos, Alexei Bueno, Ana Arruda Callado, Ana Maria Machado, Antônio Torres, Bella Jozef, Cícero Sandroni, Cláudio Murilo Leal, Ivan Junqueira, Ivo Barroso, Fred Góes, Laura Sandroni, Ledo Ivo, Nélida Piñon, Nelson Mello e Souza, Per Johns, Ricardo Cravo Albin, Sergio Fonta, etc. Em 2008, ao término do mandato de Cavalcanti, foi eleito presidente do PEN Clube do Brasil o escritor Cláudio Murilo Leal para mandato de três anos (2008-2010).

Posse do Acadêmico Marco Maciel. Julho de 2005. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Nascido no Rio de Janeiro (RJ), em 1937, Leal é Doutor em Letras e Mestre em Literatura Brasileira pela UFRJ. Foi Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); da Universidade de Essex, Inglaterra; da Universidade Toulouse-Le-Mirail, França; da Universidade de Brasília. Colaborou com os jornais Correio Braziliense e Jornal de Brasília. Dirigiu o “Colegio Mayor Universitario”, também conhecido como “Casa do Brasil”, em Madrid. Bibliografia: Poemas; Novos Poemas; Fonte; Gesto Solidário; As Doze Horas; A Rosa Prática; A Musa Alienada; Poemas de Amor; Caderno de Proust (Prêmio Nacional de Poesia do Instituto Nacional do Livro, 1981); A Velhice de Ezra Pound; O Poeta Versus Maniqueu; Escrito en la Carne; Reflets; As Quatro Estações; Catarse; As Guerras Púnicas; Treze Bilhetes Suicidas; Módulos (antologia, Sette Letras); Tradutor da Antologia Poética, Carlos Drummond de Andrade, Espanha (1986); e organizador de Toda a Poesia de Machado de Assis, Record (2008).

Barbara Freitag no lançamento de seu livro Capitais Migrantes e Poderes Peregrinos entre o presidente Cláudio Murilo Leal e o Acadêmico Sergio Paulo Rouanet. Sede Social do PEN Clube do Brasil, em 15 de setembro de 2010. (Acervo PEN Clube do Brasil).

A gestão de Murilo Leal foi marcada por numerosa realização de eventos mensais durante todo o triênio, com palestras, lançamentos de livros e encontros com escritores associados ao Clube. Assim, os eventos contaram com a participação dos seguintes sócios: Ivan Junqueira, Maria Alzira Perestrello, Alberto da Costa e Silva, Miriam de Carvalho, Leodegário de Azevedo Filho, Carlos Nejar, Arnaldo Nishier, Stella Leonardos, Antonio Olinto, Emanuel Morais, Domício Proença Filho, Astrid Cabral, Gilberto Mendonça Teles, Evanildo Bechara, Laura Esteves, Eduardo Portella, Helena Parente Cunha, Godofredo de Oliveira Neto, Paulo Roberto Pereira, Cícero Sandroni, Ana Maria Machado, Nelson Mello e Souza, Marita Vinelli, Olívia Gomes Barrada, Reynaldo Valinho Álvares, Antonio Carlos Secchin, entre outros.

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“Encontro com o Escritor” Acadêmico Domício Proença Filho. Apresentado por Salgado Maranhão. Rio, 12 de novembro de 2007. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Conferência de Alcmeno Bastos sobre “Encontros no Rio: Castro Alves, Alencar, Machado... Eugênia Câmara”. À esquerda de Alcmeno, Presidente Cláudio Murilo Leal e professor José Luiz Jobim. Sede Social do PEN, em 14 de abril de 2010. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Projeto Poesia Viva. Da esquerda para a direita: Acadêmico Carlos Nejar, Maria Beltrão e Presidente Cláudio Murilo Leal. Sede Social do PEN, em 18 de junho de 2007. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Palestra de Alexei Bueno sobre os 50 anos da morte de Nikos Kazantzákis. Rio, 26 de outubro de 2007. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Além disso, durante sua gestão, ocorreu o ingresso de quase uma centena de novos sócios, circunstância que implicou realização de dezenas de posses festivas e outras de caráter administrativo. No que diz respeito à gestão administrativa do PEN Clube do Brasil, segundo relatou o próprio presidente Cláudio Murilo Leal, a entidade viveu grave crise financeira: “O registro contábil da inadimplência de muitos associados tem trazido sérias preocupações em relação à imprescindível manutenção das obrigações tributárias, condomínios, etc., do PEN.” (Circular 2/10, de 7 de abril de 2010). A continuidade da elevada taxa de inadimplência durante o triênio levou o presidente Murilo Leal a relatar, em detalhes, a situação crítica da entidade para os sócios, sobretudo no que diz respeito aos encargos decorrentes de dívidas ativas oriundas de décadas passadas (gestão Marcos Almir Madeira), fato que ameaçava comprometer de modo definitivo o acervo mobiliário e imobiliário do PEN Clube do Brasil. Afirmou o presidente Leal: “Em face destes dados sumários sobre a atual situação financeira do PEN, detalhados na contabilidade e à disposição dos associados na sede, reiteramos o apelo para que o pagamento das mensalidades seja efetuado regularmente para que o PEN não se torne uma Instituição inviável.” (Circular 7/10, de 28 de maio de 2010). Diante da impossibilidade de encontrar outra solução para a crise que se abateu sobre a gestão financeira da entidade, o presidente Murilo Leal resolveu alienar bens do acervo mobiliário. Essa providência, infelizmente, não representou significativa receita pecuniária capaz de reduzir ou eliminar a dívida, então, bastante elevada.

Posse de Cláudio Aguiar como Presidente do PEN Clube do Brasil no Salão Nobre do IHGB. Rio, 20 de março de 2011. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Festa de comemoração dos 75 anos de fundação do PEN Clube do Brasil. Conferencista Alberto Dines ao lado do Acadêmico Geraldo Holanda Cavalcanti. Rio, abril de 2011. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Cláudio Aguiar ao lado do romancista Autran Dourado. Encontro com Escritor. Rio, abril de 2011. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Cláudio Aguiar e John Ralston Saul, Presidente do PEN Internacional. Congresso de Belgrado, 13 de setembro de 2011. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Somente a partir de 2011, mediante iniciativa tomada pela nova Diretoria do PEN Clube do Brasil, liderada pelo presidente Cláudio Aguiar, efetivamente, foi possível pagar as dívidas e equilibrar as contas administrativas, reduzir drasticamente a inadimplência e salvaguardar de alienação judicial os bens imóveis gravados pelo órgão judicial por várias penhoras. Para tanto, vale salientar que foi decisivo o apoio oferecido ao PEN Clube do Brasil pela Academia Brasileira de Letras (ABL), então sob a presidência do Acadêmico Marcos Vinicios Vilaça, ocasião em que as duas entidades culturais firmaram acordo de cooperação destinado a resguardar a integridade patrimonial do Clube Literário, além de outras providências pertinentes. Merece especial referência o apoio que o PEN Clube do Brasil vem recebendo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), por intermédio de seu presidente, professor Arno Wehling.

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Acadêmico Marcos Vinicios Vilaça recebe de Cláudio Aguiar diploma de Sócio Benemérito do PEN Clube do Brasil. Jantar de Confraternização no Terraço Panorâmico do IHGB. Rio, 12 de dezembro de 2011. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Acordo de Cooperação PEN Clube do Brasil e Academia Brasileira de Letras (ABL). Cláudio Aguiar e Marcos Vilaça, sentados. Sede da ABL. Rio, 8 de setembro de 2011. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Acordo de Cooperação PEN Clube do Brasil e Academia Brasileira de Letras (ABL). Da esquerda para a direita: Acadêmicos Geraldo Holanda Cavalcanti, Murilo Melo Filho, Domício Proença Filho, Astrônomo Ronaldo Mourão, Acadêmica Ana Maria Machado, Délio Mattos, Cláudio Aguiar, Clair de Mattos, Acadêmico Marcos Vilaça e Ana Arruda Callado. Sede da ABL. Rio, 8 de setembro de 2011. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Acordo de Cooperação PEN Clube do Brasil e Academia Brasileira de Letras (ABL). Acadêmicos Domício Proença Filho e Ana Maria Machado e Presidente Cláudio Aguiar. Sede da ABL. Rio, 8 de setembro de 2011. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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O Museu Imperial de Petrópolis, sob a direção de Dr. Mauricio Vicente Ferreira Júnior, também estabeleceu com o PEN Clube do Brasil acordo de cooperação cultural. Além disso, a nova Diretoria vem promovendo, desde 2011, regulares atividades culturais e literárias, procurando cumprir os encargos que lhe são conferidos por disposições estatutárias. O cumprimento dessas ações resultou na efetiva integração do Centro Brasileiro com a rede mundial de escritores liderada pelo PEN Internacional, cujo objetivo principal é o de fomentar um clima de convivência, de promover a literatura e de defender a liberdade de expressão no Brasil e no mundo. Essa nova fase de direção do PEN Clube do Brasil coincidiu com a necessidade de o Centro Brasileiro integrar-se às novas funções que todos os demais Centros PEN do mundo, há décadas, passaram a adotar. Essas funções relacionam-se diretamente aos seguintes núcleos básicos: paz, mulheres, tradução e direitos linguísticos e liberdade de expressão. Para tanto, todos os centros estruturaram comitês internos com funções direcionadas a esses quatro temas essenciais. Eis, portanto, a missão da grande rede mundial formada pela associação de todos os Centros PEN.

Presidente Cláudio Aguiar fala na Cúpula das Américas diante de outros presidentes de Centros PEN americanos. México, 20 de fevereiro de 2011. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Conferência do Acadêmico Eduardo Portella sobre o Centenário de Nascimento de Jorge Amado. Festa dos 76 anos de fundação do PEN Clube do Brasil. Sede Social do PEN, 2 de abril de 2012. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Encontro com Escritora – Cleonice Berardinelli. Sede social do PEN Clube do Brasil, 28 de maio de 2012. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Acadêmicos Alberto da Costa e Silva e Nélida Piñon. Festa de comemoração dos 79 anos de fundação do PEN Clube do Brasil. 13 de abril de 2015. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Detalhe da plateia. Festa dos 79 anos de fundação do PEN Clube do Brasil. 13 de abril de 2015. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Conferencista Acadêmico Alberto da Costa e Silva ao lado de Cláudio Aguiar e Arno Wehling. Festa de Aniversário do PEN do Brasil. Rio, 13 de abril de 2015. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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A volta dos prêmios literários Ao longo da existência do PEN Clube do Brasil, vale dizer que boa parte dos principais escritores brasileiros foi agraciada com a premiação, a exemplo dos seguintes nomes: Gastão Cruls, Gilberto Amado, Brito Broca, Antonio Callado, Jorge Amado, Antonio Candido, Dalcídio Jurandir, Miécio Tati, João Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, José Condé, Fernando Sabino, Marques Rebelo, Álvaro Lins, Cyro dos Anjos, José Paulo Moreira da Fonseca, Cassiano Ricardo, Augusto Meyer, José Cândido de Carvalho, Dalton Trevisan, Josué Montello, Nelson Werneck Sodré, Rubem Fonseca, Homero Homem, Octávio de Faria, Otto Maria Carpeaux, João Cabral de Melo Neto, Herberto Salles, Eugênio Gomes, Adonias Filho, Nilo Aparecido Pinto, Raymundo Magalhães Jr., Emílio Moura, Macedo Miranda, Autran Dourado, Waldemar Lopes, Fausto Cunha, Alceu Amoroso Lima, Érico Veríssimo, Odylo Costa Filho, Orígenes Lessa, Pedro Nava, Ledo Ivo, Affonso Arinos de Mello Franco, Permínio Asfora, Alphonsus de Guimaraens Filho, Stella Leonardos, Antônio Carlos Villaça, Murilo Rubião, Pedro Calmon, Guilherme Figueiredo, Mauro Mota, J. J. Veiga, Wilson Martins, Mário Quintana, Carlos Nejar, Dinah Silveira de Queiroz, Lygia Fagundes Telles, Alberto da Costa e Silva, Alexandre Eulálio, Maria José de Queiroz, Dante Milano, Josué Guimarães, Gilberto Freyre, Marcus Accioly, Raquel Jardim, José Guilherme Merquior, Afonso Félix de Souza, Barbosa Lima Sobrinho, Mário Pontes, Moacir Scliar, Ivan Junqueira, Denise Emmer, Antonio Torres, Helena Parente Cunha e outros. Em 2011, em virtude de iniciativa tomada pela atual Diretoria do Clube, o certame literário do Centro Brasileiro foi restaurado, mantendo-se a tradição original, iniciada em 1938, ao se mencionar o nome da entidade na denominação, ou seja, “Prêmio Literário Nacional PEN Clube do Brasil”.

Seguindo a tradição de outras entidades culturais e também dos demais Centros do mundo, o PEN Clube do Brasil criou, em 1938, o seu prêmio literário destinado a todos os escritores brasileiros, privilegiando as categorias de poesia, ensaio e narrativa. Após a morte do fundador e presidente Cláudio de Souza, em 1954, a concessão do prêmio, já tradicional, sofreu interrupção e depois alteração, ao ser retomado. Na gestão de Celso Kelly foi retirada da denominação do certame literário a expressão PEN Clube do Brasil e colocada, em destaque, referência ao nome da viúva do fundador, dona Luiza, acrescido do nome do marido, Cláudio de Souza. Então, o certame passou a chamar-se: Prêmio Luiza Cláudio de Souza. Com a eleição de Marcos Almir Madeira, em 1967, para a presidência do Clube, a denominação continuou a mesma, porém, anos mais tarde, novas alterações foram introduzidas. Em alguns anos, o prêmio passou a ser dado com o nome de escritores de outros países, tais como, “Prêmio Yasunari Kawabata”, escritor do Japão; “Prêmio Shmuel Yosef Agnon”, escritor de Israel; “Prêmio Jacques Maritain, escritor da França, etc. Igual alteração aconteceu com nomes de escritores brasileiros, quando o prêmio passou a ser denominado ora de “Prêmio Pontes de Miranda”, ora de “Prêmio Paulo Rónai”, ora de “Prêmio José Américo de Almeida”, em vez de Luiza Cláudio de Souza, como vinha sendo adotado a partir do meado da década de 1950 ou de PEN Clube do Brasil como chamado desde 1938, quando nasceu o certame literário. Apesar da introdução ocasional dessas alterações, a denominação de “Prêmio Luiza Cláudio de Souza” perdurou até o final da década de 1990, quando a premiação deixou de ser concedida e, na prática, ficou extinta.

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Artista Plástico Cavani Rosas, autor do Troféu PEN. São Paulo, 2011. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Em sua nova fase, o prêmio passou a ser oferecido anualmente a escritores brasileiros que tenham publicado no Brasil obra inédita nas categorias Poesia, Ensaio ou Narrativa nos dois anos anteriores ao certame. As editoras também podem inscrever livros de seus autores. Os escritores inscritos concorrem apenas à primeira colocação em cada categoria, sendo-lhes concedido troféu denominado “PEN” (figura ao lado), especialmente concebido e executado pelo escultor Cavani Rosas, além de valor em dinheiro e certificado de participação. A entrega dos prêmios passou a ser feita durante o jantar de confraternização natalina, festa tradicional mantida desde a fundação do PEN Clube do Brasil. Nas recentes edições do Prêmio foram vencedores os seguintes escritores: 2011: Poesia – Iacyr Anderson Freitas; Ensaio – Luzia de Maria; Narrativa – Edgard Telles Ribeiro. 2012: Poesia – Ferreira Gullar; Ensaio – Mary del Priore; Narrativa – Luiz Vilela. 2013: Poesia – Fernando Fortes; Ensaio – Vasco Mariz; Narrativa – Luiza Lobo. 2014: Poesia – Salgado Maranhão; Ensaio – Roberto Pontes; Narrativa – Joel Rufino dos Santos. 2015: Poesia – Izacyl Guimarães Ferreira; Ensaio – Ana Luiza Almeida Ferro; Narrativa – Cyro de Mattos.

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Esboço do Troféu Prêmio PEN por Cavani Rosas. São Paulo, 2011. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Os novos meios de comunicação: Boletim, Revista Convivência e a fase digital Desde a fundação do Clube, em 1936, o presidente Cláudio de Souza criou o Boletim, com circulação anual, cuja finalidade, prevista no estatuto, era a de divulgar informações detalhadas sobre as atividades administrativas, culturais e literárias. A publicação manteve-se com edições regulares durante o período de 1936 até 1954, ano de sua morte. Durante a gestão de Celso Kelly foram publicados alguns números, em novo formato, porém, sem regularidade, ocorrendo, dentro de pouco tempo, a paralisação da sua veiculação. Sobre a gestão de Elmano Cardim, como já visto, lamentavelmente, não se tem nenhuma informação nos registros cadastrais da entidade, sabendo-se, no entanto, que não houve a publicação do mencionado Boletim. O mesmo aconteceu durante as quase quatro décadas de gestão do presidente Marcos Almir Madeira. Felizmente o Boletim foi restaurado durante a gestão de Geraldo Holanda Cavalcanti, que, em periodicidade trimestral, o manteve regular durante seu mandato. A seguir, durante a gestão de Cláudio Murilo Leal, o Boletim deixou de ser editado. A direção atual do PEN Clube do Brasil, a partir de março de 2011, restaurou a publicação do Boletim Informativo, com periodicidade mensal, em formato digital, remetido por correio eletrônico a sócios e amigos do PEN e disponibilizado no Portal de Internet do Clube (http://www.penclubedobrasil.org.br/ boletim1.html). O veículo informativo vem registrando regularmente todas as atividades administrativas, culturais e literárias da entidade e de seus sócios. A revista Convivência, criada em 1973, durante a gestão do presidente Marcos Almir Madeira, circulou até 2000. Ao longo de 27 anos foram editados apenas 11 números. Como se poderá verificar, mesmo sem

Revista Convivência nº 1. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Revista Convivência nº 3. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Revista Convivência nº 4. (Acervo PEN Clube do Brasil).


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Revista Convivência nº 5. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Revista Convivência nº 8. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Revista Convivência nº 11. (Acervo PEN Clube do Brasil).

ter conseguido manter periodicidade regular, o conteúdo das publicações da revista, a julgar pelo sumário de cada número, constitui riquíssimo repositório, uma vez que as colaborações sempre abordaram temas de real interesse e foram assinadas por autores de reconhecida idoneidade intelectual. Em 2011, após mais de dez anos de paralisação da revista Convivência, a atual diretoria do PEN Clube do Brasil restabeleceu a publicação da revista, porém, em formato digital, com periodicidade anual, a qual se acha hospedada no Portal de Internet da entidade (http://www.penclubedobrasil.org.br/revista1) e também no site internacional especializado em publicação online de revistas (http://issuu.com/ penclubedobrasil). O PEN Clube do Brasil também passou a ter Portal de Internet (http://www.penclubedobrasil.org.br), no qual são divulgadas informações institucionais e de interesse cultural da entidade.

Revista Convivência Formato Digital nos 1 a 4. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Ator Procópio Ferreira. Cena de Mulher sem Rosto, de Maria Wanderley. Primiére no PEN Clube, 1960. (Acervo PEN Clube do Brasil).


! Teatro no PEN Clube do Brasil:

Um palco nas mãos de Eurídice S e r g i o Fo n ta

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a mitologia grega, uma das versões sobre a origem da relação de Orfeu com Eurídice é aquela que afirma ter Orfeu ido até o Hades para resgatar do reino dos mortos sua grande paixão, Eurídice. Conseguirá seu intento desde que, até chegar ao mundo dos vivos, jamais olhe para trás, vendo o rosto de seu amor. Quase ao concluir o retorno, Orfeu não resiste, olha para trás a fim de certificar-se de que Eurídice está bem e tudo se esvai: a amada volta a ser um espectro e desaparece. Inspirado pelo mito, mas construindo uma trama completamente diferente, o dramaturgo ucraniano, naturalizado brasileiro, Pedro Bloch (1914-2004), escreveu a peça As mãos de Eurídice, imortalizada pelo ator Rodolfo Mayer (1910-1985) e considerada o primeiro monólogo encenado no Brasil. Esta obra de Bloch é mesmo um assombro em matéria de repercussão. A partir de sua estreia, em 1950, As mãos de Eurídice é encenada mais de 800 mil vezes em todo o mundo, por consagrados atores, inclusive na Broadway. Só Mayer, no Brasil, a interpreta perto de quatro mil vezes por todo o país. Na Inglaterra foi produzida por, nada mais, nada menos, que Sean Connery. E sabem onde As mãos Estreia de As Mãos de Eurídice, de Pedro Bloch. de Eurídice fez sua estreia nacional, a 13 de maio de PEN Clube do Brasil. Em cena o ator Rodolfo Mayer. Rio, 1960. (Acervo PEN Clube do Brasil). 1950? No PEN Clube do Brasil.


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Público na estreia de As Mãos de Eurídice no Teatro do PEN Clube do Brasil. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Cláudio de Souza na estreia de As Mãos de Eurídice no Teatro do PEN Clube do Brasil. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Espectadores na estreia de As Mãos de Eurídice no Teatro do PEN Clube do Brasil. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Além de ser uma instituição que busca agregar correntes literárias e humanas do mundo todo, sem preconceito algum e a favor da liberdade de expressão onde quer que ela esteja, o PEN Clube do Brasil, fundado em 1936 pelo escritor e dramaturgo Cláudio de Souza (1876-1954), dimensionou o teatro como uma de suas plataformas de alcance. No centro da cidade do Rio de Janeiro, no 13º andar do Edifício Sul-Americano, situado na Av. Nilo Peçanha, nº 26, desde a inauguração da sede oficial em 23 de dezembro de 1945, o teatro está presente no PEN Clube do Brasil: após o discurso de saudação do vice-presidente Elmano Cardim (1891-1979), é encenada a comédia Rosas de Espanha, do próprio Cláudio de Souza, dirigida pela ensaiadora (esta era a nomenclatura vigente para designar um diretor) Esther Leão (1892-1971), professora de voz e dicção – com toque lusitano, como era habitual naqueles tempos –, presença respeitada, atriz e mulher elegante. Integram o elenco Maria Magyar, Dulce Dias, Daniel Caetano e Paulo Vieira. Estreava-se, assim, o espaço teatral do PEN. No ano seguinte, em 27 de julho, em comemoração ao 10º aniversário, realiza-se um festival de teatro e poesia, com apoio da Prefeitura do Distrito Federal, embora o fundador do PEN sempre contribuísse, com seu lado mecenas, para viabilizar eventos, não só por ter uma excelente situação financeira particular, mas também por seu desprendimento e amor pelas causas culturais. O Boletim nº 15, de janeiro de 1947, faz referências a outras apresentações teatrais naquele dia, sem, no entanto, nominá-las, a não ser Ordem inversa, peça em um ato de Souza. De qualquer forma, o repertório escolhido ou testado no palco do PEN – como foi o caso de As mãos de Eurídice – não era tímido. Clássicos da dramaturgia internacional e nacional foram levados à cena ali até o final da década de 1940, como, por exemplo, Martins Pena e suas peças Quem casa, quer casa e O irmão das almas, esta última com um elenco significativo, apesar de todos estarem em início de carreira: Nathalia Timberg, ao lado de Jerusa Camões, Luiz Delfino, Jayme Barcellos e Fernando Pamplona, que depois viria a se tornar o conhecido cenógrafo e carnavalesco. Havia um processo seletivo no repertório escolhido e Cláudio de Souza, certamente, ficaria feliz com a dramaturgia apresentada por lá, inclusive após a sua morte.

Boca de cena do Teatro do PEN Clube do Brasil. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Capa da peça El Torbellino, de Cláudio de Souza. Versão espanhola de F. Defilippis Novoa (Buenos Aires, 1921). (Acervo PEN Clube do Brasil).

O auditório do PEN Clube do Brasil não era um teatrinho qualquer: tinha uma programação intensa e possuía, inicialmente, 152 lugares. Mas a afluência foi crescendo tanto desde sua criação, que Cláudio de Souza, em 1951, empreende uma reforma radical no espaço: acrescenta-lhe mais 100 poltronas e constrói um palco móvel, que avança pela plateia, dando-lhe maior visibilidade. Concepção e execução do cenógrafo Luciano Trigo. Dois anos depois há uma nova ampliação, reflexo da imensa audiência no teatro do PEN Clube do Brasil, cada vez mais com sessões concorridíssimas, palestras e conferências.

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destacados dos nossos meios sociais, artísticos e intelectuais.”

O palco daquela entidade servia também como balão de ensaio para peças que, dependendo da aceitação do público, poderiam voar para temporadas comerciais em outros teatros do Rio de Janeiro. Foi o que aconteceu com o monólogo de Pedro Bloch: as apresentações se sucederam muito além do imaginado, com casas cheias, que no jargão teatral significa sessões lotadas. O êxito é tão grande que o palco do PEN Clube do Brasil fica pequeno para a apoteose em que se transforma o drama dirigido e interpretado por Rodolfo Mayer, “obrigando” o dramaturgo de tantos outros sucessos, no futuro, como Os inimigos não mandam flores, Dona Xepa e Soraia Posto 2, a levar As mãos de Eurídice para um teatro convencional, onde dá os primeiros passos à sua vitoriosa trajetória mundial. Pedro Bloch não poderia imaginar que apenas uma nota na coluna de Paschoal Carlos Magno, no jornal Correio da Manhã, mudaria o seu destino: nela Paschoal contava que a peça do jovem autor Pedro Bloch era de grande valor e estava sem teatro para ser apresentada. Cláudio de Souza, conhecedor da importância de Paschoal e aliado ao constante incentivo que ele próprio, Souza, dá aos iniciantes de talento, busca o endereço do “jovem autor” na lista telefônica e oferece o palco do PEN Clube do Brasil para sua estreia. Começava ali a carreira triunfal de Pedro Bloch e a consagração definitiva de Rodolfo Mayer. A estreia é um sucesso absoluto, saudada por toda a imprensa. Diz a Folha Carioca, em 19/05/1950:

Depois de sucessivas apresentações no PEN Clube do Brasil, o texto de Bloch, com cenário de Darcy Evangelista, vai para o Teatro Regina (hoje Teatro Dulcina) e estoura as bilheterias. Em 3 de maio de 1952, na reabertura do PEN Clube do Brasil após o verão – os jornais chamavam de a “reabertura da estação do PEN Club” – há uma reapresentação de As mãos de Eurídice, pelo mesmo Mayer, em sessão única, apenas para associados e convidados, com o texto já devidamente premiado pela Academia Brasileira de Letras e aplaudido em temporadas nacionais e internacionais. Embora frequentasse, de vez em quando, o teatro do PEN em fins da década de 1940, é a partir dos anos 1950 que o professor e diretor Luiz Osvaldo Cunha, então um estudante, passa a comparecer com mais assiduidade, motivado por notas na imprensa que informavam os eventos e também por indicações de amigos. Ele conta como era o ambiente da sala: “– Ficava repleta de pessoas interessadas em manifestações artísticas e culturais. Havia muitas palestras sobre os mais diversos assuntos, peças e recitais de poesia. Estes não eram lidos, eram declamados, tudo decorado, com o declamador ou declamadora muito bem trajados. A plateia era variada: intelectuais, estudantes de teatro e de outros setores, amigos de quem participava dos eventos. Era um ambiente de categoria, mas muito natural. Não havia esnobismo. As pessoas se vestiam bem, de acordo com os padrões de cada momento. Muita gente se apresentou lá, entre conhecidos, mais ou menos conhecidos ou desconhecidos, de todas as faixas etárias. Era um lugar muito agradável. Sempre se encontrava gente interessante com quem conversar antes de o evento começar ou nos intervalos. Havia um entrelaçamento de ideias.”

“– Na representação de Rodolfo Mayer foi tal o delírio da assistência no final da peça, que dezenas de pessoas não queriam arredar o pé e pulavam para o palco para aplaudir de perto o autor e seu intérprete. As mãos de Eurídice foi, indiscutivelmente, o ponto mais alto da carreira do artista brasileiro que, sozinho, com um texto na verdade magnífico, teve de enfrentar toda a responsabilidade da representação, toda uma plateia cultíssima, em que se encontravam elementos dos mais

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“– O PEN era frequentado por escritores, estudantes, inclusive embaixadores, pois a vida social no Centro era muito intensa naquele tempo. No teatro do PEN não havia coquetel. Hoje em dia as pessoas vão aos lugares para comer e beber, mas, naquele tempo, as pessoas iam para assistir aos eventos mesmo. O auditório estava sempre lotado.”

Os eventos aconteciam, quase sempre, aos sábados à tarde e terminavam por volta das sete da noite. Um ou outro ia até mais tarde, mas acabavam cedo. Chegava-se lá de elevador, saltava-se no último andar, subindo por uma escada que levava à cobertura. Cunha lembra que a porta de entrada era larga e dupla, de madeira envernizada. À direita do auditório, de frente para a Av. Nilo Peçanha, um terraço, metade coberto e fechado na frente, ligando-se à sala onde, quando havia superlotação, colocavam-se cadeiras extras. Duas saletas, em ambos os lados do palco, serviam de camarim e de coxia. A escritora Marita Vinelli, decana do PEN Clube do Brasil, ao lado da poetisa Stella Leonardos, conheceu Cláudio de Souza, ainda garota – ele era amigo de seu pai, também médico, e chegou a ler seus primeiros poemas, incentivando-a com delicadeza em carta escrita em setembro de 1948: “(...) Crítico, eu nunca fui: mestre ainda menos. Recebi, pois, seu primeiro livro e li-o com amizade, encantando-me com esse pequeno jardim que você mesma plantou na terra virgem de seu coração, e que com tanta propriedade definiu em seu título: No vale verde do meu sonho...”. Ela lembra com carinho a postura cordial do fundador do PEN Clube no Brasil: “–Era muito simpático, agradável, sempre recebia a todos de braços abertos, sempre risonho, um diplomata. Nunca o vi brigar com ninguém.” Marita Vinelli, quando ainda muito jovem, frequentou bastante o teatro do PEN Clube do Brasil, em companhia da avó e recorda-se da presença de muitas personalidades de destaque na cultura nacional daquele tempo, como o romancista e ensaísta Viana Moog e o poeta Raul Machado, além da declamadora Margarida Lopes de Almeida, que arrancava aplausos com seus recitais de poesia. O advogado, escritor e membro do PEN Clube, Francisco de Paula Souza Brasil, embora tivesse apenas quatorze anos, também comparece muitas vezes ao teatro do PEN Clube do Brasil, levado por seu pai:

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Souza Brasil, apesar de não ter assistido à peça As mãos de Eurídice, lembra-se que Cláudio de Souza levou ao teatro do PEN clube do Brasil a peça Resposta às mãos de Eurídice e é verdade: ele a escreve quase três anos após a célebre estreia do monólogo de Pedro Bloch, mas seus originais, pelo menos até agora, ainda não foram encontrados. No volume de conferências literárias As Letras e os Salões, de 1955 – um ano após a morte de Souza –, há a relação das peças escritas por ele e aquela é a última da lista, embora o texto original esteja desaparecido de sua biblioteca particular, na sede do PEN. O enredo de Resposta às mãos de Eurídice é curioso e um tanto pirandelliano, uma vez que Souza conhecia bem o universo dramatúrgico do autor italiano. Na peça As mãos de Eurídice, o personagem Gumercindo Tavares, desgostoso com seu casamento, apaixona-se pela jovem Eurídice, abandona o lar convencional e parte com ela para a Argentina. Com o passar do tempo, depois de cobrir a amante com joias caras, perde toda a sua fortuna nos cassinos de Mar del Plata, culpa Eurídice por sua ruína financeira, volta sozinho para o Brasil e não encontra mais lugar em seu antigo ambiente familiar, já todo modificado. Em Resposta às mãos de Eurídice, também um monólogo em dois atos, Cláudio de Souza inverte a situação: desta vez é Eurídice quem regressa ao Rio à procura de emprego e tentando viver honestamente. Mas não consegue, pois todos a acusam de haver desgraçado a vida de Gumercindo. Decidida, então, a reabilitar-se perante a opinião pública, Eurídice resolve escrever a peça Resposta às mãos de Eurídice e estreá-la no mesmo palco onde Gumercindo estreou a peça de 120

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Bloch, contando sua versão da história. A personagem foi vivida pela estreante Maria Luiza Drummond e sua performance agradou, sob a direção de Maria Wanderley. A peça estreia no PEN Clube do Brasil a 16 de maio de 1953, três anos depois da do texto de Bloch. A programação teatral do PEN era intensa, em especial, nos anos 1940/1950. No período Cláudio de Souza, até sua morte, em 1954, além da já citada As mãos de Eurídice, muitas peças são encenadas no palco da Av. Nilo Peçanha, entre elas Feitiço, de Oduvaldo Viana e A mais forte, de Strindberg, com Henriette Morineau e Margarida Rey, ambas em 1949. Em 1950, é a vez de O mancebo se casou com uma mulher brava, de Alejandro Casona, e Uma boa noite, de Alfred Gehrl, prova pública do Curso Prático de Teatro do Serviço Nacional de Teatro, direção de Esther Leão, com Kleber Macedo e Silvia Orthof, que, posteriormente, deixará seu nome marcado como autora para crianças. Ainda no mesmo ano, o teatro continua a brilhar no PEN Clube do Brasil: em junho o ator Pierre Bertin, membro da Cia. Jean-Louis Barrault, é o autor da conferência “Confidences d’un acteur” e a atriz Simone Valère recita versos franceses e diz um texto de Mauriac; em julho há a apresentação da peça Quebranto, de Coelho Neto, pelo Teatro Universitário, direção de Jerusa Camões, tendo no elenco Nathalia Timberg e Sérgio Britto. Mais tarde ambos serão monstros sagrados e queridos do nosso teatro; em agosto, Lucia Benedetti estreia no gênero dramático com O banquete, peça em um ato extraída de uma página da escritora Dinah Silveira de Queiroz, com Beyla Genauer; em setembro O pedido de casamento, de Tchekhov, e, em novembro, No céu é assim, uma peça do jornalista Celso Kelly, que viria a presidir o PEN Clube de 1956 a 1961. Em 18 de dezembro daquele ano de 1950 o jornal A Noite anuncia que o PEN Clube do Brasil entrará em obras nas férias, para ampliação do auditório.

Cena teatral no PEN. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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pre vitorioso e desprendido de interesses pessoais, vos transfundiu de suas próprias artérias, de seu próprio coração em sangue nutritivo, em calor temperante com a semente da fé e o desejo sincero do sacrifício.”

Em 1951, na reabertura depois da reforma, Pedro Bloch é anunciado como o novo diretor teatral do PEN Clube do Brasil, em substituição a Esther Leão. No dia 12 de maio, paralelo a uma homenagem a Sílvio Romero e uma conferência do advogado, escritor e jornalista Cândido Motta Filho, são encenadas as peças Uma carta na mesa, de Maria Wanderley Menezes, dirigida por ela mesma, e O Regresso, de Péricles Leal, com o Grupo dos Quixotes, oriundo do Curso Prático do SNT, do qual fazem parte Wanda Kosmos e Antonio Patiño. Em julho, dirige, junto com Leblanc Papin, Antígona, de Jean Anouilh, no original. No mesmo mês de julho, no entanto, o nome de Esther Leão volta com elogios de Souza – “... nossa primorosa ensaiadora teatral” – ao dirigir um recital com sonetos de Camões e Bilac, e a comédia Rosas de todo ano, de Julio Dantas, e em novembro A beleza perturba, mais uma peça de Celso Kelly, novamente com Nathalia Timberg. Cláudio de Souza era participante ativo nos eventos culturais, mesmo que eles não acontecessem no PEN. Entre os muitos registros nos arquivos da instituição seu nome está presente, seja em um abaixo-assinado de intelectuais que comemora a visita do escritor português Ferreira de Castro ao Brasil, seja em carta a Paschoal Carlos Magno, para sua coluna no Correio da Manhã, a elogiar a montagem de Massacre, de Emanuel Robles, em tradução de Miroel da Silveira, em 1952, seja para saudar o próprio Paschoal, um ano depois, quando da apresentação de O Noviço, de Martins Pena, no PEN, com o elenco do Teatro do Estudante, após grande êxito no Teatro Duse. Aqui, Cláudio de Souza mergulha em elogios bombásticos:

O ano de 1953 ainda traz diversas encenações, entre elas uma “peça mímica”, A moça visitando uma cidade, interpretada por nada mais, nada menos que Maria Clara Machado. Dois anos antes Maria Clara a representara no Tablado com o título de A moça da cidade. Encerrando o ano, mais duas comédias de Cláudio de Souza: A ordem inversa ao dia de hoje (título um pouco mais longo da peça que comemorou o 10º aniversário do PEN Clube do Brasil, em 1946) e O amor que não existe, ambas sob a direção de Maria Wanderley. Em 1954, ano em que Souza cai doente, nada mais se encontra em seus arquivos, seja em anotações pessoais – ele era de uma organização exemplar com a memória do PEN Clube e de sua obra –, seja nos Boletins da instituição. Mas, mesmo após sua morte, foram inúmeros os espetáculos encenados no teatro do PEN, apoiados por sua viúva, D. Luiza – ou D. Luizinha, como muitos a chamavam – apesar do pouco tempo que ainda lhe restaria de vida: ela morre em 1956. Esses espetáculos, em sua maioria, eram dirigidos por Maria Wanderley, Esther Leão e, mais tarde, algumas vezes, por Luiz Osvaldo Cunha. Neste período, entre as peças apresentadas no PEN estão uma reprise de Um pedido de casamento, de Tchekhov, e O homem da flor na boca, de Luigi Pirandello, autor estudado por Souza no livro Pirandello e seu teatro (1946). Maria Wanderley (1902-1980) merece um destaque especial, pois era uma espécie de fomentadora cultural do PEN Clube do Brasil, além de ser autora premiada: em 1948 ganhou o Prêmio Artur Azevedo, da Academia Brasileira de Letras, por sua peça Madalena e Salomé. No “período PEN”, movimentou a entidade com muitas iniciativas, como o “Grupo de Estudos Teatrais Cláudio de Souza” (1958) e o “Festival do Novo Diretor” (1959). Incentivava os jovens encenadores com montagens de

“– (...) Vossa aparição foi uma alvorada promissora e feliz, não pela abundância de repertório ou pela perduração do elenco, de natureza instável, mas pela presença substancial de fé e de entusiasmo, que seu fundador, Paschoal Carlos Magno, alma vigorosa como os cavaleiros das Cruzadas, combatente sem-

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autores renomados, como Tennessee Williams (Demorado adeus) e Bernard Shaw (Como ele mentiu ao marido dela), além de sempre convocar alunos da Fundação Brasileira de Teatro, comandada pela atriz Dulcina de Moraes, para participar das apresentações. Maria Wanderley, que teve peças de sua autoria montadas pela Cia. Artistas Unidos (Valete de ouro) e pela Cia. Procópio Ferreira (Mulher sem rosto), foi também professora e chegou a dar aulas de prosódia no antigo Conservatório Nacional de Teatro e na Escola Municipal Martins Pena. Embora a cobertura do prédio da Av. Nilo Peçanha esteja desativada desde que a sede do PEN Clube do Brasil se transferiu para a Praia do Flamengo, o teatro sempre foi parte integrante do PEN e da trajetória do médico, escritor e dramaturgo Cláudio de Souza, nascido em São Roque, SP. Como médico foi bastante prestigiado: citado em teses e livros como um especialista no estudo da sífilis e do alcoolismo, funda, em 1906, a Liga da Profilaxia Moral e Sanitária de São Paulo e o Dispensário Cláudio de Souza, que fazia atendimento gratuito a portadores de sífilis e dependentes do álcool. No entanto, apesar de formado em Medicina, é nas Letras e na ribalta que o paulista Cláudio, no início do século XX, marca seu nome nas marquises nacionais.

Capa da peça Flores de Sombra, de Cláudio de Souza. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Cláudio de Souza. Dia da première de Flores de Sombra (23.12.1916). Foto com autógrafo do Autor para sua esposa, D. Luizinha. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Flores de sombra, estreada em 1916, é o seu maior êxito nos palcos, capitaneado pelo protagonismo de Leopoldo Fróes (1882-1932), um ídolo na época, que arregimentava multidões para os teatros. Era um ícone, porém, sabia bem da dimensão de Souza, que escreve, até os anos 1930, mais de 30 peças e 29 livros, ao todo quase oitenta volumes até sua morte. Com Fróes, parceiro constante, tenta organizar em Paris a Cia. Franco-Brasileira de Comédia, que se propunha a montar, em francês, apenas textos brasileiros e viajar pelo mundo

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afora divulgando a dramaturgia nacional. Uma utopia que valia a pena sonhar, mas que não deu certo. O que não impede Cláudio de Souza de se tornar um intelectual respeitadíssimo. Membro da Academia de Ciências de Lisboa e da Academia Paulista de Letras, elege-se para a Academia Brasileira de Letras em 1924, sendo seu presidente em 1938. Ocupa a Cadeira nº 29, que tem Martins Pena como patrono, Artur Azevedo como fundador e, como atual ocupante, o embaixador, poeta, ensaísta e tradutor Geraldo Holanda Cavalcanti, presidente do PEN Clube entre 2004-2007 e presidente da Academia Brasileira de Letras nos anos 2014-2015.

Atores da Comédia Francesa – Gisèle Casadesus ao lado de Bertin. Ao lado de C. Souza o marido de Gisèle. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Quando em 1938 é eleito presidente da Academia Brasileira de Letras, Cláudio de Souza recebe uma entusiasmada saudação do comediógrafo e acadêmico Armando Gonzaga, na época presidente da SBAT (Sociedade Brasileira de Autores), entidade da qual Souza também fazia parte: “Como o velho Martins Pena, no século XIX, coube a Cláudio de Souza, no século XX, o papel de consolidador da cena brasileira. Pertence-lhe a glória de ter marcado o início do movimento que tem sido, queiram ou não, o mais frutuoso do teatro nacional”. Além de Cláudio de Souza e Viriato Corrêa como sócios fundadores, muitos nomes expressivos ligados ao teatro e já falecidos fizeram parte do quadro social do PEN – seja de modo episódico, através de ensaios ou adaptações de textos seus, seja para sempre – como Alvaro Moreyra, Ana Elisa Gregori, Antonio Callado, Bárbara Heliodora, Décio de Almeida Prado, Dias Gomes, Ernani Fornari, Heloísa Maranhão,

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Cláudio de Souza, Gabrielle Dorziat e Vera Vergani e o dramaturgo Dario Niccodemi. (Revista Ilustração Brasileira – Novembro de 1924 – RJ).

João Luso, Joracy Camargo, Jorge Amado, Josué Montello, Maria Clara Machado, Maria Wanderley, Modesto de Abreu, Múcio da Paixão, Oswald de Andrade, Paschoal Carlos Magno, Pedro Bloch e R. Magalhães Jr. No quadro atual encontram-se os nomes de Ana Maria Machado e Arnaldo Niskier – que contribuíram com textos de teatro para a infância e juventude –, Cláudio Aguiar, Clóvis Levi, Doc Comparato, Edla van Steen, José Louzeiro, Maria Helena Kühner, Miriam Halfim, Roberto Athayde, Sábato Magaldi, Sergio Fonta, Stella Leonardos (escreveu a peça Palmares, encenada no Teatro Municipal pelo Teatro Experimental do Negro, em 1944) e Tania Brandão, além das escritoras e acadêmicas Nélida Piñon e Lygia Fagundes Telles, e Rubem Fonseca, que tiveram obras suas adaptadas para o palco. No segmento de sócios estrangeiros, Eugène Ionesco (1909-1994), mestre do teatro do absurdo, e Mario Vargas Llosa, célebre como romancista, mas autor de cinco peças, entre elas A senhorita de Tacna, montada no Brasil, nos anos 1980, pela atriz Tereza Rachel. Ainda que de modo bissexto, durante os anos 2000, o PEN Clube do Brasil, já em seu prédio tradicional (Praia do Flamengo, 172), na sala do 11º andar, retoma sua tradição cênica em quatro leituras dramatizadas com atores e diretores profissionais. A primeira, em 11 de agosto de 2003, é com a peça Paixão na casa morta, adaptação teatral do romance da escritora Clair de Mattos, membro titular do PEN Clube do Brasil, lida sob nossa direção, tendo no elenco Martha Overbeck, Licurgo, Isabel Themudo, Maria Alves, Mayra Capovilla e dois filhos da autora, Delio Aloysio e a atriz Maria Clara Mattos. Na ocasião da leitura e a nosso pedido, Clair de Mattos, junto a seu marido, o advogado Délio Mattos, manda construir um tablado-palco, utilizado até hoje e que melhora bastante a visibilidade dos espectadores, não só nas eventuais leituras, como também nas conferências e palestras do PEN Clube do Brasil. Em 11 de junho de 2007 homenageia-se o fundador do PEN Clube do Brasil, com a leitura de Flores de sombra, direção de Jacqueline Laurence, com Thelma Reston (1939-2012), Sônia Clara, Ângela Rebello, Janaína Prado e Leonardo Franco. Em seguida, em 3 de julho do mesmo ano, para lembrar o décimo aniversário de morte do escritor e acadêmico Antonio Callado, tive a oportunidade de dirigir O colar de coral, peça inédita de sua autoria, com Ivone Hoffman, Tessy Callado, Henri Pagnocelli, Felipe Martins e Myrian Thereza, entre outros. Em 28 de agosto de 2008 é lida a peça Terapia conjugal judaica, de Miriam Halfim, com Isaac Bernat.

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Vitral do Auditório PEN Clube do Brasil. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Na sede do PEN Clube do Brasil encontra-se um belíssimo vitral, encomendado ao artista italiano Cesare Formenti (1874-1944), radicado inicialmente em São Paulo e depois no Rio de Janeiro, que reproduz uma das cenas de Flores de sombra. Em 1918, Formenti abre um ateliê de fabricação de vitrais na cidade carioca e, decerto nesse período, recebe a encomenda do vitral do PEN, eternizando a peça que estreara dois anos antes.

Cena de Flores de Sombra. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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O Teatro Boa Vista, em São Paulo, é o palco escolhido para estrear Flores de sombra, em 1916. No ano seguinte é encenada no Rio de Janeiro e completa quase 300 representações, um estrondoso sucesso naquela temporada. Hoje Flores de sombra seria apontada como um drama exacerbado, cuja trama se passa na fazenda da matriarca de uma família tradicional, que aguarda, com certa inquietação, o retorno do filho, longo tempo afastado, trazendo visitas importantes da cidade grande, inclusive a filha de um ministro, por quem ele é apaixonado. Uma história recheada de amores secretos, temperada por um humor leve e com mordaz crítica ao idioma francês, predominante naquele período, escrita por um autor inteligente, em 1916. Há um século, portanto. Assim deve ser vista hoje. Por volta de 1949, Cláudio de Souza inicia a construção de um mausoléu no Cemitério de São João Batista, no bairro de Botafogo (RJ). Mas, conforme conta Cláudio Aguiar em outra passagem deste livro comemorativo do 80º aniversário do PEN Clube do Brasil, quando a imprensa descobre o fato, não perdoa. Imaginem que prato suculento para os mexericos jornalísticos da época um imortal assumir sua condição terrena e, ainda por cima, erigir um mausoléu para si próprio e de grandes proporções. Leitores ávidos por um linchamento público, ainda mais de um expoente como um presidente do PEN Clube do Brasil e membro da ABL, também engrossam o coro, como hoje algumas vezes as redes sociais, através de internautas levianos, cumprem este infeliz e idiotizado papel de denegrir a imagem de alguém sem a menor base para isso.

Templo grego em granito construído por Cláudio de Souza. Cemitério de São João Batista. Rio, 1954. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Alto-relevo em granito representando a Tragédia e a Comédia no frontal do Templo Grego construído por Cláudio de Souza. Cemitério de São João Batista. Rio de Janeiro, 1954. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Souza, diga-se de passagem, apesar de incensado por grande parte da corte midiática, passou por alguns comentários contundentes durante sua vida intelectual, entre eles os do cáustico e implacável crítico Agripino Grieco. Mas não há como fugir da pergunta quanto ao episódio do mausoléu: o que todos tinham com isso? Era uma iniciativa particular, financiada pelo próprio, feita com a devida discrição, visando descansar em paz quando assim fosse preciso. Não atingia ninguém, não explorava ninguém. Muitas pessoas ou famílias de posse, às vezes até com mais pompa, também o fizeram e não foram atacadas pela maledicência alheia. Alguns preferem ver aquela construção como um ato de vaidade. Nosso olhar, porém, é outro. Fui conhecer o monumento, que fica na aleia principal do Cemitério de São João Batista. Diante do mausoléu onde hoje repousam Cláudio de Souza e sua esposa, D. Luiza, a emoção é forte. O que se vê, na verdade, é uma devotada homenagem ao Teatro, razão de ser de toda a vida do autor de Flores de sombra. Ele mandou construir um verdadeiro anfiteatro, como comprovam as fotos que constam deste volume. Três estátuas, em tamanho natural, representam as Moiras que, segundo a mitologia grega, são as irmãs que tecem o destino dos deuses e dos homens, ou seja, tecem o fio da vida e da morte: Cloto seria a própria fiandeira, Láquesis seria a que insere no fio o nome de quem deve morrer e Átropos cortaria o fio, simbolizando a morte. Na parte superior, ladeiam o monumento as duas máscaras do teatro: do lado esquerdo a tragédia, do lado direito a comédia. Em frente a este diminuto, porém, imponente palco de teatro grego, pequenas e belas arquibancadas circundam o mausoléu. Um diretor teatral mais arrojado e destemido, acompanhado de espectadores providos de igual destemor, quem sabe, um dia, poderia até encenar uma peça ali, em uma temporada vespertina, sintonizada com o Olimpo e a eternidade, abençoada por Dionisos... Cláudio de Souza, na vida e na morte, foi um homem fiel ao teatro, ao seu sentimento, aos seus sonhos, à sua paixão. Ao computar os livros e as peças que escreveu, em tudo e por tudo, percebe-se claramente que ele direcionou seu caminho para a arte do palco. Foi e é um homem de teatro. Este talvez seja o melhor elogio, reconhecimento ou qualquer outro nome, para definir Cláudio de Souza: um homem de teatro. Com direito a aplausos em cena aberta.

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Capa do livro Teatro Ligeiro, de Cláudio de Souza. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Capa de peça A Renúncia, de Cláudio de Souza. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Elenco da peça Flores de Sombra, de Cláudio de Souza, da Companhia Leopoldo Fróes. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Capa da peรงa Le Sieur de Beaumarchais, de Clรกudio de Souza. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Dramaturgo Eugene Ionesco visita o PEN Clube do Brasil sendo saudado pelo presidente Marcos Almir Madeira. 1977. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Sergio Fonta (terceiro da esquerda para direita) e elenco que realizou a leitura dramatizada de peça O colar de coral, de Antonio Callado, na sede social do PEN Clube. Rio, 2009. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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! Documento e Memória Uma associação de escritores brasileiros Cláudio de Souza

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estado dos escritores não é florescente em nenhum país. A humanidade vai repudiando a arte antiga de ficção e de abstração. Quer a realidade com sua angústia, mas com o prazer dos instintos. A carne deseja impor-se, reconquistando na liberdade das paixões inferiores o terreno que lhe havia usurpado o espírito, que a elevara acima de si mesma. Os antigos escritores, educados na escola da cultura, não se têm podido adaptar ao novo gênero de moral, e vão sendo eliminados pelas gerações do músculo como passadistas rançosos. Os que, desajeitados e canhestros, pretenderam submeter-se aos novos modelos tornaram-se deploráveis caricaturas, como velhos que supõem iludir alguém com postiça juventude. Por outro lado, não houve tempo bastante para que se impusesse a nova geração de escri-

tores no caos de mil extravagâncias e aberrações, que ainda não chegaram a centrifugar as impurezas para dar-nos uma escola literária. Há que considerar outro fator: o da dispersão. A vida moderna de esportes, prazeres e mundanismo obriga os escritores a se separarem, distanciando-se uns dos outros. Raramente se veem com tempo para conversar. Nenhuma cristalização se opera pela desagregação. No Brasil há inúmeros centros literários de caráter benigno e um sarampão acadêmico de surto assustador, que das capitais vão passando às pequenas cidades, e já puderam constituir um congresso de academias e de escritores, muitos desconhecidos, em número maior do que o dos mais adiantados países! São, porém, com algumas exceções, centros de moções autoencomiásticas, focos de rivalidades com seu formalismo insincero, e, portanto, estéril.


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Jantar do PEN Clube. Agosto 1936. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Jantar do PEN Clube. Presenรงas de Clรกudio de Souza e Gabriela Mistral. Rio de Janeiro, 1936 . (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Reunião PEN Clube do Brasil – Revista Fon-Fon – 23 de outubro de 1937. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Eis por que foi recebido com simpatia o PEN Clube do Brasil, filiado ao PEN Internacional, com sede em Londres e centros em todas as grandes capitais do mundo. Seu fim é congraçar os escritores, defender-lhes os direitos, dirimir-lhes as divergências e bater-se pelo respeito às obras de pensamento como patrimônio da humanidade. Reúne-se o PEN (iniciais que significam: prosadores/poetas, ensaístas, novelistas) mensalmente, num jantar. Não há discursos nem moções de aplausos. Ninguém elogia para ser elogiado. Ninguém ataca para ser temido. São duas ou três horas de afetuosa companhia. Como se fosse uma família que se reunisse. A ideia é antiga e, portanto, boa. Desde a Grécia. Na França foram famosas as ceias literárias organizadas por Molière e Boileau. Os dîners joyeux, presididos por Piron e Crébillon, tornaram-se efemérides literárias. Nesses jantares, os escritores faziam epigramas, uns aos outros, para educar-se na tolerância, sistema inverso ao da sociedade de elogio mútuo. Quando o epigrama agradava, devia a vítima aceitá-lo e beber em sinal de resignação um copo d’água, pois a água só entrava naqueles ágapes de bom vinho da França como elemento de penitência. Se, porém, a sátira desagradava, o copo d’água era projetado na cabeça do epigramista, para purificar-lhe o gênio. E assim terminavam amigos, juiz e réu realizando o aforismo de Delavigne: Qui dîne avec son juge a gagné son procès. Os três jantares do PEN Clube do Brasil foram reuniões encantadoras em que travaram relações escritores que nunca se haviam aproximado, e desfizeram-se alguns mal-entendidos. O primeiro foi presidido pelo Conde Affonso Celso; o segundo, pelo Barão Ramiz Galvão e pelo Ministro Rodrigo Octavio, sendo hóspede de honra o Embaixador Alfonso Reyes, sócio do PEN Clube do México e mesário do Congresso dos PEN mundiais, realizado em Paris, e o terceiro, pelo ex-Ministro do Exterior, Dr. Octavio Mangabeira. Todos os escritores encontrarão abertas as portas do PEN Clube, como as de sua própria casa, para reuniões, às quais se aplicam os versos de Voltaire, em sua maledicente conclusão: Le dîner fait, on digère, on raison On conte, on rit... Quem digere, conversando e rindo, em fina companhia, acha a vida boa e a sorte benigna. Goza, portanto, durante algumas horas de ilusão da felicidade, suprema anciã da alma.

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Saudação a Cláudio de Souza A c a d ê m i c o R o d r i g o O c ta v i o F i l h o (Estas palavras foram pronunciadas em 23 de dezembro de 1945 por ocasião da inauguração do busto de Cláudio de Souza na Sede Social do PEN Clube do Brasil)

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Cláudio de Souza, cujo busto de bronze agora inauguramos, é que lhe perpetuará a lembrança nesta casa, onde foi-lhe o obreiro persistente e otimista. Vejamos como as coisas se passaram. Recordar não é envelhecer. Se assim fosse, eu, que vivo envolto em recordações, daria aos meus cabelos grisalhos outro sentido, bem diferente dos que eles realmente têm... Recordar é reviver. E é a matéria-prima da saudade. Mas, meus amigos, a saudade ainda é a nossa mais fiel companheira, aquela que sente como nós sentimos, que nos acompanha em todos os caminhos e nunca nos ilude. Nada, porém, de sentimentalismo. Vamos aos fatos, numa pequena olhadela para o passado. Passado próximo, que ainda não completou dez anos. A 2 de abril de 1936, Cláudio de Souza fundava o nosso PEN nos moldes do que havia sido criado em Londres, em 1921, como uma necessidade de congregar e confraternizar, após a primeira grande guerra, os escritores de todo o mundo. E que pretendiam os escritores de então? O mesmo que os de hoje: a paz, a liberdade de pensamento, o respeito pelas obras de arte, a elevação cada vez mais alta do espírito e do coração humano.

e é nossa intenção sincera prestar, neste momento e nesta casa, justa e devida homenagem a Cláudio de Souza, fundador, presidente, animador, corpo e alma do PEN Clube do Brasil, devo, de início – obedecendo à ordem que emana do olhar de todos os presentes – dizer-lhe o seguinte: Cláudio de Souza amigo, você conseguiu realizar esta magnífica obra de confraternização espiritual, irmanando homens de inteligência, brasileiros e estrangeiros. Se você teve forças para realizar aquela outra que anda impressa em mais de setenta volumes, não se iluda: não é, apenas, à sua inteligência, ao seu dinamismo, à sua vocação literária, que você deve o sucesso, enfim, de sua vida. Nós bem sabemos que a seu lado vive a meiga e escultura que o ampara e anima, flor de ternura que o consola nas horas difíceis e com você sorri nas horas alegres: D. Luizinha. Para ela, senhores, as nossas primeiras homenagens. (Vivos aplausos). Parece incrível, mas é verdade: o PEN Clube do Brasil é hoje, talvez, um dos mais ricos do mundo. Não, apenas, em bens materiais: principalmente pelo acervo moral e intelectual que lhe é a história.

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guerra, que embora finda ainda acabrunha nossos espíritos e turva nossas esperanças, o PEN brasileiro, em fila com os demais combateu a estupidez blindada do totalitarismo agressor e proclamou a sua fé na democracia que há de unir os homens e torná-los menos infelizes, num ambiente de igualdade moral e vida melhor. Tateava o Brasil dentro de sua débil neutralidade, em sessão pública, o nosso presidente lançou veemente protesto contra a incrível ação dos totalitários. Mas como o Brasil não estivesse em guerra com os destruidores do mundo, nem mesmo com eles tivesse rompido relações diplomáticas, a Polícia, atendendo ao espernear da Embaixada Alemã, dava ordens no sentido de que não mais proclamássemos, em voz alta, o nosso modo de pensar. Em 4 de julho do ano seguinte, o PEN Clube oferecia um banquete a todos os chefes de missões diplomáticas da América, os quais sentiram, através da palavra de João Neves da Fontoura e Elmano Cardim, como era firme a nossa intenção de combater a política destruidora do eixo, como era alto o teor de nosso espírito democrático. Afinal, o Brasil, obedecendo ao seu destino histórico, entrou em guerra. E nossa associação pregando os seus princípios, estudou os graves problemas do pós-guerra, em memoráveis conferências, em que eruditos e especialistas se manifestaram. Essa série de conferências foi organizada por Hermes Lima. Seu programa de expressão literária tem sido divulgado através de série magnífica de palestras que promovem todos os anos. O teatro e a música também não foram esquecidos. Grande serviço é a distribuição sistemática e gratuita de livros a todo o país, contando-se em alguns milhares os volumes distribuídos. De tudo isso se ocupa Cláudio de Souza. Com interesse e entusiasmo. E o segredo – ele disso não faz mistério – está em que não trabalha por obrigação; trabalha por devoção. Tanto é presidente, como estafeta. Eu mesmo já o peguei em flagrante entregando, pessoalmente, em meu escritório, um convite para uma conferência do PEN Clube.

No Brasil, atenderam ao toque de clarim de Cláudio de Souza 43 escritores, entre os quais desejo lembrar um: Rodrigo Octavio. Proclamado presidente, teve Cláudio de Souza como companheiros de diretoria, Múcio Leão, Secretário Geral; Raul Pedrosa, Secretário, e Tesoureiro o saudoso Vitor Vianna. Como conselheiros, o Conde Affonso Celso, o Barão Ramiz Galvão e M. Paulo Filho. O contingente de acadêmicos foi grande: dos 43 sócios fundadores, 21 dos 25 membros da Academia Brasileira que se encontravam no Rio assinaram a ata de fundação. E sete dos ausentes inscreveram-se como sócios correspondentes. Muitos dos presentes lembrar-se-ão de nosso primeiro jantar realizado nos altos do edifício Ceará. Rodrigo Octavio, que estava presente, contrariando seu natural otimismo, manifestouse cético quanto à duração do PEN. Tinha ainda na memória a lembrança de como fora efêmera a vida de congregações semelhantes, de que fizera parte, durante sua longa e bem vivida existência. É que ele se recordava da Panelinha e do Club Rabellais, cuja história curta evocou em páginas magníficas de Minhas memórias dos outros. Mas Cláudio prometeu que, enquanto tivesse forças, não deixaria morrer a associação que acabava de fundar. Prometeu e cumpriu. E aqui temos a prova de seu devotado e triunfante esforço. Na famosa reunião realizada em setembro de 1936, na cidade de Buenos Aires, na qual se congregaram os PEN de todo o mundo, agremiando para a defesa e proclamação de um ideal comum, os maiores escritores contemporâneos, o PEN Clube do Brasil estava presente. E desde então jamais esmoreceu na realização de seu programa, na defesa de seus princípios. E como o PEN Clube é teimoso, sofreu oposição. Já foi mesmo considerado organização comunista, no tempo em que ser comunista era uma coisa muito feia... Logo após, alguns viam nele um reflexo totalitário... Toda essa fumaça foi, porém, se diluindo e desapareceu. E quando o mundo, perdendo a cabeça, começou a se entredevorar numa

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ros. No ano seguinte a 200.000,00 cruzeiros. Em 44, a 300.000,00 cruzeiros e em 1945 a esse belo saldo se ajunta a propriedade de nossa sede avaliada pela Prefeitura em 500.000,00 cruzeiros, mas cujo valor real, pela valorização do local e melhoramentos efetuados, sobe a muito mais. Não sei, neste acelerado andar, para onde nos quer levar nosso querido e ilustre presidente... Tenho medo de desvendar o mistério ou desencantar o milagre. Mas todos nós desconfiamos, com visos de razão, que Cláudio de Souza, além de pleitear subvenções, promover feira de livros e angariar contribuições, andou fazendo ao PEN Clube dádivas pessoais... Uma pelo menos é certa e merece a nossa gratidão total: a doação desta sede. Hoje com casa própria e dinheiro em banco, podemos viver tranquilos, como bons burgueses progressistas... Deixemos, porém, de sorrir à nossa boa sorte, ou antes, à felicidade de termos um presidente como Cláudio de Souza, para encarar o lado eterno de nossa vida associativa. Tudo o que fez e está fazendo o nosso PEN Clube sob a sua orientação amorosa e paciente, foi reconhecido pelo Conselho Superior do PEN Clube de Londres, quando, após a sua eleição, no Rio, para presidente perpétuo, enviou a Cláudio de Souza o seguinte telegrama: It is a just reward for the devotion you have shown for this Center and for the high ideals of our PEN. Repitamos aqui, como fecho desta homenagem, as palavras cheias de verdade que do estrangeiro foram dirigidas ao nosso presidente. Meu caro Cláudio: os aplausos de seus amigos, aqui presentes, são uma pequena, mas justa homenagem de gratidão pela sua devoção aos altos ideais humanos do PEN Clube.

Trabalhando sozinho, redige ainda o nosso minucioso Boletim, manancial de úteis informações culturais. É, também, o perfeito revisor dos livros publicados pelo PEN, exercendo, ainda, outras funções, como as de guarda-livros, correspondente em várias línguas, datilógrafo e até telefonista... Vai à tarde buscar os escritores estrangeiros que chegam à nossa terra e madruga no aeroporto para abraçar os que partem. Acompanha a alegria de seus consócios e é de uma pontualidade comovedora para os que sofrem ou precisam de uma palavra de consolo. Perdoe-me, Cláudio, essa desalinhavada autópsia de suas atividades, de seu feitio, de seu coração. Mas a verdade é que ainda não terminei o relato do quanto lhe devemos. Meus senhores, falta dizer que Cláudio, sendo tudo o que é, fazendo tudo o que faz, é também mágico de nossas finanças, o feiticeiro de nosso patrimônio! Eu, que sou absolutamente alérgico para assuntos dessa natureza, olho para ele com espanto enorme. Lembremos algumas cifras, ou antes, decifremos o milagre... Em 1936, o total da receita, a partir de junho foi de l.772 cruzeiros. Em 1937, 3.440 cruzeiros, que por mais que fossem esticados, não davam nem para o aluguel de uma saleta... Em 1938 o relatório de nosso presidente consigna solene e vitorioso: “Conseguimos este ano um saldo de 1.522 cruzeiros, com o qual adquirimos seis apólices de sorteio.” Estávamos no marco zero. A caminhada ia começar. Nunca fomos bafejados pelo tal sorteio. É que o amor e o jogo hurlent de se trouver ensemble... Não tivemos sorte, mas o amor aos bons princípios continua. Em 1939 subiu o saldo a 15.000 cruzeiros. Em 40, a 56.755,30; em 1942 a 127.000,00 cruzei-

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A casa de Cláudio de Souza, subunidade do Museu Imperial Maurício Vicente Ferreira Júnior “A Casa de Cláudio de Souza abriu suas portas no dia 14 de janeiro sem bulhas e matinadas.”

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política de aquisição de acervo. Assim, os termos da doação foram meticulosamente construídos por Marques dos Santos e pelo desembargador Faustino Nascimento, que representava a viúva. Discrição e segredo marcaram o período de negociação até que o diretor do Museu Imperial fosse informado das disposições testamentárias de d. Luizinha, que falecera meses após o início das tratativas. Restava convencer o Ministério da Educação quanto à pertinência e viabilidade da nova incorporação, especialmente quando já se sabe que “(...) nos Ministérios, em geral, há o medo dos elefantes brancos, isto é, das doações que sejam onerosas ao governo”. Mais uma vez, coube a Francisco Marques dos Santos a habilidade e o poder de argumentação. Ao ministro da pasta, Dr. Clóvis Carvalho, o diretor do museu apresentou um plano que previa a criação de uma biblioteca de teatro e música brasileiros, incorporando à Casa de Cláudio de Souza a doação feita ao Museu Imperial em 1954 pela Sra. Ítala Gomes Vaz de Carvalho, filha e herdeira do grande maestro e compositor Antônio Carlos Gomes. A coleção, que mereceu a inscrição no Registro Nacional do Brasil do Programa Memória do Mundo da UNESCO, em 2013, é referência nacional para pesquisas de conteúdo biográfico sobre Antônio Carlos Gomes, sobretudo para a pesquisa da História das Artes do século XIX, notadamente

om inspiração na prosa machadiana, Francisco Marques dos Santos discursou na cerimônia de abertura ao público da casa petropolitana que pertenceu ao casal Luiza Leite de Souza e Cláudio Justiniano de Souza. Naquele verão de 1962, o então diretor do Museu Imperial concretizava o desejo de d. Luizinha, que, em 1956 e já viúva do dramaturgo e escritor, manifestou o interesse em doar a edificação e seu acervo móvel à instituição com o objetivo de perpetuar a memória de seu marido. Desde o início, a habilidade de Marques dos Santos foi fundamental para a adoção de uma estratégia que conciliasse o desejo da doadora com os objetivos institucionais do Museu Imperial. Isso porque a instituição avaliou, com base na observância às suas atribuições regimentais, que o imóvel não poderia abrigar uma exposição exclusiva de itens que pertenceram ao escritor. Assim, o plano de utilização da casa deveria ser mais amplo, de forma a oferecer às comunidades petropolitana, estadual e nacional um espaço de natureza literário-cultural. Cabe lembrar que tal desejo já havia sido manifestado pelo próprio Cláudio de Souza. Ao mesmo tempo, a instituição se reservava o direito de selecionar os itens passíveis de incorporação patrimonial por considerar que alguns objetos não se enquadrariam naquilo que hoje chamamos de

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Casa de Cláudio de Souza - Museu Imperial/Ibram/MinC. Fachada principal. Petrópolis / RJ.

Casa de Cláudio de Souza - Museu Imperial/Ibram/MinC. Interior. Petrópolis / RJ. (Fotografia de George Milek).

Casa de Cláudio de Souza - Museu Imperial/Ibram/MinC. Interior, segundo pavimento, suíte do casal. Petrópolis / RJ. (Fotografia de George Milek).

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a da música brasileira e estrangeira. Assim, como muito bem discursou Marques dos Santos: “Havia, estou convencido, certa predestinação nesta dádiva de Cláudio de Souza. Como Carlos Gomes, ele era natural de São Paulo”. Nada mais justo que juntar a bagagem de um no domicílio do outro. Eis o critério que o Museu Imperial adotou, de princípio. Nesta Casa, homenageando o Acadêmico, erigimos um monumento perene à memória de Carlos Gomes, preservando com dignidade a doação de sua filha Ítala. A 23 de junho de 1956, publicava o Diário Oficial o Decreto nº 39.446, de aceitação do legado feito em testamento e de criação da Casa de Cláudio de Souza, anexando-a ao Museu Imperial. Assim, a casa do escritor constituiu-se um espaço cultural, abrigando a Seção de Música e Literatura da instituição com base nos acervos históricos e artísticos nela depositados. Infelizmente, os anos subsequentes registraram inúmeras dificuldades de ordem administrativa que fizeram o Museu Imperial desativar a Seção de Música e Literatura até que, na década de 1970, a administração do museu celebrou convênios com outras instituições para que a Casa de Cláudio de Souza pudesse abrigar outras funções. O primeiro convênio foi celebrado com o Instituto Histórico de Petrópolis, a Universidade Católica de Petrópolis e a Prefeitura de Petrópolis para abrigar o Centro de Estudos da História Fluminense e Petropolitana. Já em 1974, um segundo convênio foi firmado com a Prefeitura de Petrópolis de forma a acolher a Biblioteca Municipal, cujo prédio definitivo encontrava-se em construção. Na mesma década, iniciativas de preservação patrimonial levaram ao reconhecimento da importância histórica, artística e arquitetônica do imóvel, concluindo pelo instrumento do tombamento por parte do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural – INEPAC, nos termos do artigo 5º do Decreto nº 1.904, de 14 de junho de 1978. O imóvel de dois pavimentos foi construído em prazo de terra do quarteirão Vila Imperial

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adquirido por Alfredo Máximo de Souza, em 30 de janeiro de 1891. O prazo seria arrematado por vários proprietários até ser adquirido por Cláudio de Souza ao foreiro Rodolpho Furquin Lohmayer, em 1929. A partir de então, o escritor imprimiu o seu gosto pessoal ao imóvel, transformando-o em um significativo exemplo da arquitetura de estilo eclético, com predominância de elementos decorativos de inspiração francesa, como guirlandas, medalhões, frontões curvilíneos, mascarotes, etc. Entre os destaques encontram-se azulejos em azul e branco do século XVIII, que Cláudio de Souza trouxe de Portugal especialmente para decorar suas residências – a casa do Rio de Janeiro, hoje sede do PEN Clube do Brasil, e a da vilegiatura serrana. Duas marouflages representando figuras alegóricas ocupam quase toda a superfície do teto das duas salas principais. As composições pictóricas conferem à casa uma sofisticação que era marca da personalidade do escritor. Uma bay window, cujo vitral representa cena bucólica de casa e crianças brincando com aves, já foi interpretada como uma referência à infância de Cláudio de Souza por assemelhar-se com sua residência paulista de São Roque. Os pisos são decorados com interessantes parquets de madeiras nobres. No segundo pavimento, o banheiro da suíte do casal é decorado com vitral e azulejos de gosto Art Déco com profusão de cores. No jardim, além dos azulejos portugueses, vê-se um relógio de sol a recepcionar os visitantes. Mas administrar a Casa de Cláudio de Souza continuou sendo um problema para a instituição, que, como solução, celebrou, durante as décadas de 1980 e 1990, convênios para que a casa pudesse abrigar outras instituições petropolitanas, como a Academia Petropolitana de Ciências Neurológicas, a Academia Petropolitana de Letras Jurídicas, a Academia Petropolitana de Educação, a Academia Brasileira de Poesia – Casa de Raul de Leoni, o Centro de Atualização da Mulher Petropolitana, o Instituto Histórico de Petrópolis e o Escritório Técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. 141

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Souza, em máquina a ela presenteada pelo escritor. Hoje, a máquina retornou à casa por doação da Sra. Clarice ao Museu Imperial. Enfim, o emocionado depoimento desta senhora foi registrado em filme produzido pelo Museu Imperial e que foi apresentado durante as celebrações do aniversário de 60 anos do falecimento de Cláudio de Souza, com a participação de comitiva formada por membros do PEN Clube do Brasil. Já a biblioteca petropolitana de Cláudio de Souza, que abriga um total de 660 obras, incluindo livros de sua autoria e de outros escritores consagrados, foi instalada também no segundo pavimento da casa e encontra-se aberta para consulta interna e externa. É especializada em literatura e teatro, mas possui títulos relacionados a outras artes, incluindo obras raras dos séculos XIX e XX. Uma fonte inestimável para a história cultural da primeira metade do século XX, pois reúne os livros utilizados durante a vilegiatura de um grande autor. O projeto de ocupação da Casa de Cláudio de Souza conta com uma sala para exposições temporárias programadas pela equipe do Museu Imperial e por instituições parceiras. Nesse sentido, a instituição tem procurado promover uma programação de natureza literário-cultural própria e em parceria com as entidades abrigadas na casa, como a Academia Petropolitana de Educação, a Academia Petropolitana de Letras, a Academia Brasileira de Poesia – Casa de Raul de Leoni e o Instituto Histórico de Petrópolis. Ao mesmo tempo, outras instituições da cidade têm procurado a Casa de Cláudio de Souza para oferecer atividades e projetos culturais em benefício da comunidade petropolitana, auxiliando, assim, o Museu Imperial no desempenho de suas atribuições regimentais, ao intensificar a sua relação com as manifestações culturais locais. Com a abertura da Casa de Cláudio de Souza ao público, o Museu Imperial honra o compromisso assumido no ato da doação, perpetuando o legado da vida e da obra desse grande escritor.

Com o delicado estado de conservação do imóvel e suas instalações, o Museu Imperial promoveu, durante os anos de 2010 e 2011, uma ampla restauração com aplicação de recursos descentralizados pelo Instituto Brasileiro de Museus do Ministério da Cultura. Uma vez concluída a obra, foi instalada uma exposição de caráter permanente com a recriação de alguns dos cômodos originais da sede da vilegiatura petropolitana do casal, mobiliário, obras de arte e objetos pessoais do escritor, revelando um pouco sobre sua personalidade e seus gostos. A pesquisa teve como base a documentação contida no processo de doação da Casa e bens móveis, artigos e demais escritos de época e contou, ainda, com uma encantadora surpresa. Ao observar a intensa movimentação na Casa de Cláudio de Souza, uma antiga moradora procurou a equipe do museu e se apresentou. Era a Sra. Clarice Fonseca, que morou no imóvel durante anos, quando criança, na condição de filha do caseiro de Cláudio de Souza. Em uma série de entrevistas, os profissionais do museu perceberam que a relação da Sra. Clarice com o escritor foi intensa na medida em que Cláudio de Souza atuou como uma espécie de “tutor intelectual” da menina Clarice, assumindo papel fundamental na sua educação e formação para o mundo. Assim, o projeto de ocupação da Casa de Cláudio de Souza contou com a “assessoria” apaixonada da saudosa Clarice adulta e da devotada Clarice menina, cujas memórias foram fundamentais para a recriação dos espaços museológicos e o resgate da aura identificadora do gosto do escritor. Especial atenção mereceu a descrição que ela fez do espaço dedicado aos saraus literários organizados por Cláudio de Souza e para os quais concorreram grandes nomes da literatura nacional e internacional. Na sala principal, o escritor instalou uma área elevada, à guisa de palco, adornada pela linda bay window, o cenário perfeito para as tertúlias, os saraus e as sessões de leitura de peças teatrais. Registre-se ainda a menção aos exercícios de datilografia, cobrados à exaustão por Cláudio de

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Casa de Cláudio de Souza - Museu Imperial/Ibram/MinC. Interior, marouflage com cenas alegóricas. Petrópolis / RJ. (Fotografia de George Milek).

Casa de Cláudio de Souza - Museu Imperial/Ibram/MinC. Interior, salão. Petrópolis / RJ.

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Programa do XXXI Congresso Internacional do PEN. Rio, julho de 1960. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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Congressos do PEN Internacional realizados no Brasil Ao longo de sua existência o PEN Clube do Brasil realizou três congressos mundiais, sempre na cidade do Rio de Janeiro. O primeiro ocorreu em 1960; o segundo em 1979 e o terceiro em 1992.

XXXI Congresso de 1960 Realizado durante o período de 24 a 31 de julho, contou com a presença de cerca de 300 delegados de 48 países, onde existiam Centros PEN. Estiveram presentes o presidente do PEN Internacional, Alberto Moravia, e vários escritores famosos, a exemplo de Graham Greene, Yasunari Kawabata, Salvador de Madariaga, Roger Caillois, entre outros. Compareceram, ainda, delegados da UNESCO, do Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura (IBECC) e delegações brasileiras oriundas de Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Bahia e Pernambuco.

Anais do XXXI Congresso do PEN Internacional. Rio, julho de 1960. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Souvenir do XXXI Congresso do PEN Internacional. Rio de Janeiro, julho de 1960. (Acervo PEN Clube do Brasil).

O tema fundamental do XXXI Congresso versou sobre “Apreciações mútuas das culturas do Oriente e Ocidente. Literaturas nacionais e literaturas universais”. As sessões principais ocorreram no auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), e em locais diferentes, a exemplo da Academia Brasileira de Letras, Casa de Rui Barbosa, etc. Os congressistas realizaram inúmeras visitas guiadas a museus, livrarias, embaixadas, centros culturais, Teatro Municipal, Palácio Guanabara, onde foram recepcionados pelo Governador do Estado, Embaixador Sette Câmara.

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No dia 30 do mesmo mês, os participantes do Congresso viajaram a Brasília, onde foram recepcionados pelo Presidente Juscelino Kubitschek, no Palácio da Alvorada. No dia seguinte retornaram ao Rio de Janeiro, onde o Congresso foi encerrado.

No dia 28 de julho os delegados convidados viajaram a São Paulo, onde o PEN Clube do Brasil promoveu vários atos de recepção no Museu de Arte Moderna, no Jockey Clube e visita à cidade, sobretudo ao parque industrial paulista.

DISCURSO DO PRESIDENTE DO PEN CLUBE DO BRASIL, DR. CELSO KELLY, NA SESSÃO INAUGURAL DO XXXI CONGRESSO INTERNACIONAL DOS PEN CLUBES EM 24 DE JULHO DE 1960 difusão da inteligência. Essa convergência pretende, apenas, dentro das variedades que sobrevivem, um denunciador comum de entendimento. O Brasil já é em si uma convergência. O Ocidente desembarcou em nossas terras há somente quatro séculos e meio. A partir desse tempo se vem tentando uma das mais arrojadas aventuras do espírito humano: uma réplica do Ocidente no Novo Mundo – as Américas reconstruídas à feição da Europa, ambiciosa e convicta de sua hegemonia intelectual. Na transplantação, lenta e caprichosa, o que se perdeu de energia, de autenticidade, de boas intenções... Ficou, porém, do Ocidente a nova estrutura, através das línguas, religião, ideias políticas, artes, ciência, técnica, indústria. Mas o Brasil, como os outros países da América, preexistiram cultural e socialmente no Descobrimento. Perdidos os documentos literários, restam as obras de arte que Aztecas e Mayas deixaram no México e Iucatã e as que os Incas espalharam pelo planalto andino. Sobrevivem os cerâmicos da Amazônia. Assim tantos outros. Culturas primitivas? Que sentido emprestar a esse adjetivo, que se revitaliza no século XX, quando a fadiga das formas escolarizadas justificou o apelo para a criação livre? “Os processos mentais do homem – adverte mestre Franz Boas – são sempre os mesmos em todas as partes, sem distinção de raça ou cultura, prescindindo das crenças e dos costumes, por absurdo que pareça”. A arte negra entrou nos ateliês e galerias da Europa, como o japonismo teria constituído uma das novidades nos meios artísticos de Paris. Dentre as correntes renovadoras, uma se intitula, bem ou mal, primitivismo moderno...

Bem-vindos ilustres confrades a esta terra! Dentre as virtudes dos PEN Clubes, esta é a das mais agradáveis: a de conviver, em grande assembleia, uma vez em cada ano. Ao mesmo tempo, a de conhecer uma paisagem nova e penetrar-lhe nos seus segredos. A mirada sobre a paisagem não revela apenas acidentes físicos: vai mais longe, atinge-lhe a condição humana. Paisagem viva na sedimentação histórica e na inquietação contemporânea. Privilegiados na maneira de sentir homens, cenários e fatos, os escritores de hoje são como os descobridores dos séculos XV e XVI: revelam ao mundo outros mundos. Se as ambições de nosso século pretendem a humanidade unida, através do conhecimento de suas culturas, só poderão encontrar caminho no intercâmbio das literaturas. Desse intercâmbio, resultarão o conhecimento e a simpatia – simpatia e conhecimento que confraternizam de fato. A Federação dos PEN Clubes, corresponde, no quadro das entidades auspiciadas pela Unesco, à associação mundial dos escritores. Tal como ocorre na Unesco, o pensamento dos PEN Clubes volve-se para o projeto das relações culturais de Ocidente e Oriente. Ao invés de insistir na caracterização antagônica de seus estilos de vida, vale colher, numa e noutra seara, os bons frutos. Não aprofundar mais as diferenças: aumentar as afinidades e fazer das influências recíprocas a esperança de novos e crescentes encontros da sensibilidade, qualquer que seja a vinculação geográfica ou racial. Não existe mais nenhuma literatura isenta de contribuições estranhas. A teia universal se está tecendo nos livros, no teatro, no cinema, na televisão, nos poderosos veículos de

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Jornalista Celso Kelly. (Acervo ABI).

No louvor das culturas pré-colombianas, ninguém excede ao historiador argentino Nadal Mora, para quem “a majestosa Pirâmide do Sol, em Teotihuacan, não cede, em sentimento estético, às mais grandiosas do Egito faraônico; e o tempo dos Guerreiros, em Chichen-Itzá, tem uma pureza de contornos que bem poderia ser chamado, sem temor, de formosura clássica”... Justificam-se os apaixonantes estudos de arqueologia continental. Ciência, lenda e fantasia formulam roteiros e explicações: celtas, fenícios, gregos, escandinavos, hebraicos, chineses, bárbaros e outros teriam, dias remotos, tocado as terras índias da América. Pelo menos três migrações: a dos que vieram da Ásia, pelo então istmo de Bhering; a dos australianos, chegados pelo extremo meridional; a dos melanésios, ao longo da costa californiana e da Colômbia. Sabe-se das relações entre polinésios e incas. Enfim, milênios de culturas primitivas, originárias da Ásia e doutras partes, antes que nos adviesse o Ocidente. Milênios, em oposição aos 450 anos de desenvolvimento da cultura ocidental nas Américas.

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No momento atual, as nações são caracterizadas, não pelas metrópoles, mas por suas populações rurais. Nas metrópoles, há um pouco de tudo. A mesma técnica pula de meridiano em meridiano, desconhecendo fronteiras. O arranha-céu norte-americano oferece versões audaciosas em cidades remotas do Oriente. A esse respeito – especialmente no capítulo da arquitetura, da ciência e da indústria mecanizada – o Ocidente não existe mais como uma continuidade geográfica: é, além dos seus domínios naturais, um grande arquipélago, não de ilhas, mas de cidades ou bairros, vivendo a sua imitação ou experiência... Onde fica o resíduo de cada povo? Nas suas populações rurais, nas artes populares, na literatura oral, nos romances do “interior”, em tudo quanto permita a sobrevivência dos processos ingênuos e livres da criação. Nossas populações rurais, com personagens típicos, hábitos enraizados, sentimentos irreformáveis, não se confundem com as saborosas aldeias de Portugal ou da Itália, nem com os sítios interioranos da Ásia e da África. Pouco importa o que são: são assim mesmo, na sua condição individual e coletiva. Aquilo que as circunstâncias, ao longo de séculos e milênios, jogaram aqui – deixou resíduos, frutificou, sobreviveu. É o Brasil sertanejo, caboclo, afirmativo, pioneiro, generoso, hospitaleiro e tolerante. Nas cidades, está o Brasil cosmopolita, progressista, técnico, universalizado. Numas e noutras, a lição do Ocidente – a bela e clara lição do Ocidente – e a presença residual do Oriente remoto. Não me estendi a falar do Brasil por jactância, mas apenas para tentar definir-lhe o caráter. E poder, então, perguntar, justificando este Congresso: – Não é o país adequado ao grande debate das culturas, no empenho de aproximar o Oriente e o Ocidente? Agradeço tantas presenças ilustres e amigas. O convívio é honra e estímulo para nós. Do Congresso resultará um grande depoimento histórico e cultural. Agradeço a prestimosa oração do Ministro Pedro Paulo Penido, em nome do governo da República, é a colaboração dos Poderes Públicos a esta iniciativa. Agradeço, na pessoa do Governador Sette Câmara, o concurso do Estado da Guanabara.

E essa cultura ocidental, em que condições nos veio? Através de Portugal, naquele áureo momento em que suas caravelas cortavam os mares do mundo. Nunca nenhum povo isolado teve condições mais generosas. Como o Cristo, de braços abertos, a abarcar o universo, o velho, crente e piedoso Portugal do século XVI estendeu sua vocação missionária ao leste e ao oeste – num sentido, chegando até os extremos da Ásia; noutro, penetrando as terras do Brasil. Dava-nos, então, a condição de coirmãos de Goa, Macau e Timor. Brasil e Ásia nos roteiros comuns. O mesmo Portugal nos mesclaria com os africanos. O mapa do Brasil ia adquirindo coloridos diversos – prenúncio de terra farta, a que todos podiam aportar... Era comum que, nas fazendas da colônia ou do Império, os brasileiros tomassem chá do Ceilão em lindas porcelanas da China, trazidas pela Companhia das Índias, servidas por mucamas da África... Tais vinculações não se apagaram. Nenhum dos contingentes que serviu a terra com suas forças físicas e o seu coração foi negado. O colonizador português assimilou em vez de combater. Mesclou, em vez de discriminar. Incorporou, em vez de oprimir. Desse complexo de circunstância, emergia a Nação brasileira sem complexos ou preconceitos, norteada por sentimentos nobres e humanitários. A tolerância, a hospitalidade, a paz são inatas em nossa gente. A liberdade vive em nós como integrante da condição humana. Não herdamos ódios. Aqui se confraternizam, no casamento e no amor, raças antagônicas nos países de origem. O ardor dos trópicos faz esquecer as mágoas. Temos lutado por transformações substanciais, mas as lutas foram sempre de ideias e atitudes: nunca degeneraram em morte ou extermínio. Não saberei dizer a fonte exata dessas virtudes, que alguns poderão julgar defeitos. É nesse clima que, através da Europa, magnífica na sua força espiritual, o Ocidente está desenvolvendo a experiência de sua aclimatação. Nação aberta ao mundo, continua o Brasil a receber esplêndidos contingentes humanos, sobretudo europeus e asiáticos: japoneses, israelitas e árabes vêm-se radicando entre nós. Ocidente e Oriente, as duas fontes inspiradoras da civilização brasileira.

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júbilo imenso por poder confessar, agradecendo, que as forças vivas da Nação acolheram com entusiasmo este Congresso. Não é o PEN Clube que recebe os seus congêneres: é a Nação que recebe, desvanecida, a visita de tão destacadas e generosas personalidades estrangeiras nas letras. É a Nação que, perante o mundo, reafirma apreço pela literatura e pelos homens de espírito, e confia nos grandes ideais da liberdade e compreensão, que vem animando, há mais de trinta anos, os membros dos PEN Clubes do mundo.

Agradeço a satisfação de estar nesta casa – a Associação Brasileira de Imprensa – e a seu venerando presidente, Herbert Moses, confundido o presidente e a instituição na mais intransigente defesa da liberdade de opinião. Agradeço o acolhimento dado à imprensa, fiel às grandes causas. Agradeço a solidariedade dos escritores brasileiros, quer os companheiros do Clube, quer os das entidades literárias. Agradeço o comparecimento de todos. E não agradeço só por gratidão. É também porque vai dentro de mim um

DISCURSO PRONUNCIADO PELO EXMO. SR. PRESIDENTE DA REPÚBLICA, DR. JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA, NO ALMOÇO OFERECIDO AOS CONGRESSISTAS NO PALÁCIO DA ALVORADA, EM BRASÍLIA, NO DIA 30 DE JULHO DE 1960 um pensar como quer e dizer o que pensa. Cremos em que o destino deste país se há de cumprir sem se mutilar o homem e é esta a convicção que vem orientando o governo brasileiro. Sabemos nós, homens públicos, que muitas coisas poderiam ser aparentemente facilitadas se se contivessem alguns excessos; mas reputamos um grande perigo tentar estabelecer a média entre o que é excessivo e o que não o é. Achamos que coisa alguma nesse mundo vale o preço da liberdade. O conceito de liberdade entre nós perdeu o conteúdo romântico de que se reveste para adquirir um valor humano bem mais forte. Sabemos que o poder explosivo das vozes obrigadas a permanecer nos subterrâneos, bem como o duelo entre a ordem e a desordem, entre a afirmação e a negação, melhor é que se verifiquem na plenitude da liberdade. Nenhuma obra de grande duração e fecunda em seus resultados pode originar-se da repressão à criatura a quem o próprio Criador concedeu o direito de regá-lo e de negar-se a si mesmo. Esta liberdade impõe-nos a necessidade de intervirmos constantemente para a proteção das diretivas do que julgamos útil ou indispensável à condução da coisa pública. Eu próprio, que vos falo, tenho exercido sem desfalecimento e continuamente o meu direito de discutir e

Não vos convidei para este encontro na intenção de aproveitar-me deste ensejo para fazer um discurso a tão excepcional auditório. Já ouvistes, durante a reunião do PEN Clube, palavras de alta significação, de especialistas e mestres na arte de traduzir e formular as coisas mais difíceis. Nem viestes até esta nova cidade, construída para ser a Capital do Brasil, a fim de vos submeterdes a uma alocução que poderia não estar à altura da exigência de vossos espíritos. Mas confesso-vos que me seria quase impossível resistir a falar-vos não apenas da satisfação que causa a vossa presença aqui, no Brasil, mas também da necessidade de ressaltar o que verificastes pessoalmente, vale dizer, que estamos num país livre, onde não se fazem quaisquer restrições à manifestação do pensamento e o debate não encontra limitações. Se nos empenhamos numa luta séria e árdua em prol do desenvolvimento de um país prodigiosamente dotado de riquezas por explorar, não menor é o nosso esforço para que sob este céu vicejem sempre as liberdades humanas. Aspiramos a ser uma grande nação, a erradicar do nosso território a injustiça social, a fazer com que sejam menos pobres os pobres, mais iguais os desiguais; mas queremos que tudo isto se verifique sem as restrições a cada

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Presidente da República, Juscelino Kubitschek, 1960. (Foto: José Góes).

defender ideias e princípios que esposo. Exerço esse direito de maneira incessante e, depois de uma existência de administrador e de político já extensa, adquiri uma experiência que me faltava: a de saber que as palavras são realmente sementes e que elas fazem nascer flores e frutos quando os jogamos em terra propícia. A liberdade está enraizada profundamente na alma do nosso povo, e talvez por isso é que esse povo seja tão suscetível à justiça e ao amor pela verdade. Detestamos as tiranias, sejam elas quais forem; somos sem esforço contra preconceitos radicais e um pouco contra toda espécie de preconceitos. As mentiras que o vento da demagogia procura soprar na alma nacional não medram; antes, desfazem-se sem que seja

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necessária a violência. O Brasil orgulha-se de ser um país humano e deseja conservar-se para sempre assim. Não estou proclamando novidades: recordo-vos o que já sabeis. Representais muitos países e o que neles há de mais alto e nobre; tendes um grande e terrível poder: podeis atuar nas zonas mais invioladas do território humano. Peço-vos, no reconhecimento de vosso poder, que vos concentreis numa tarefa que mais se impõe a todos os seres dotados de razão nesta hora convulsiva do mundo – a tarefa de lutar em favor da convivência pacífica de todos os povos, de todas as raças e crenças e de todas as ideias. Nossa força precisa ser aplicada em demonstrar que são em extremo perigosos o avanço tecnológico e o desenvolvimento material quando em desequilíbrio com o moral e o político. Temos de convencer os homens de que a técnica deve servi-los, e não escravizá-los. Vós sois bem mais capazes do que eu para desenvolver esta luta e dar-lhe a forma correta. Muitos aqui presentes o tendes feito de maneira constante, mas isso não basta. Toda a inteligência humana deve, neste momento, mobilizar-se para proclamar, unanimemente, que não há nenhum direito a destruir os frutos da cultura, as realizações prodigiosas que nos dotou o espírito inventivo da nossa espécie por maiores que sejam as divergências das doutrinas, das ideologias que nesta época se defrontam. Este é um país que merece ser compreendido, pois oferece aspectos capazes de suscitar a esperança. Alguns de vós, aqui presentes, eu conheço muito bem, pois me destes momentos de intimidade, através dos livros que escrevestes. Sei, porém, que todos os que vos reunis em torno desta mesa representais valores dos mais altos na vida literária e cultural de nosso tempo. É com o maior respeito que, saudando-vos, proclamo a minha crença na força do espírito.

XLIV Congresso de 1979 O Congresso, realizado no Rio de Janeiro de 15 a 21 de julho, no Hotel Glória, transcorreu sob o impacto de clima político que prenunciava a chamada “abertura política”, ou seja, o fim da ditadura militar e a volta do regime democrático. Foi presidido pelo presidente do PEN Internacional, o escritor Mario Vargas Llosa. A seguir, os dois discursos pronunciados pelo Ministro da Educação, Eduardo Portella, o primeiro em nome do Exmo. Sr. Presidente da República, General João Figueiredo, que, embora presente, preferiu ceder a palavra de saudação a seu Ministro, e o segundo, na condição de Ministro filiado ao PEN Clube do Brasil. DISCURSOS AOS CONGRESSISTAS DO MINISTRO DA EDUCAÇÃO, EDUARDO PORTELLA “Excelentíssimo Senhor Presidente da República, General João Figueiredo; Excelentíssimo Senhor Governador do Estado, Dr. Antonio de Pádua Chagas Freitas; Excelentíssimo Senhor Chefe do Gabinete Militar, Ministro-General Danilo Venturini; Excelentíssimo Senhor Ministro-Secretário da Comunicação Social, Dr. Said Farhat; Excelentíssimo Senhor Presidente do PEN Internacional, Escritor Mario Vargas Llosa; Excelentíssimo Senhor Presidente do PEN Clube do Brasil, Professor Marcos Almir Madeira. Minhas Senhoras, Senhores, Colegas: O Presidente João Figueiredo quis que um membro do seu Governo, o mais modesto, porém o mais comprometido com a condição de escritor, desse, em seu nome, as boas-vindas brasileiras aos participantes do 44º Congresso Mundial de Escritores, promovido pelo laborioso PEN Clube do Brasil.

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Ministro da Educação Eduardo Portella ao lado de Marcos Almir Madeira. XLIV Congresso do PEN. Rio, 15 de julho de 1979. (Acervo PEN Clube do Brasil).

E acrescentasse que o seu Governo tem a perfeita consciência de que nenhum projeto governamental se desenvolve e se transcende caso não for, de uma só vez, um conjunto de decisões executivas e um programa cultural aberto e criativo. Tão aberto que consiga ser a encarnação do nosso pluralismo social, e tão criativo que as próprias ações administrativas se ergam em atos de cultura. A nova democracia brasileira pensa o desenvolvimento como um todo coeso, formado solidariamente pelas camadas econômica, política e cultural. E de tal modo que, ao se verificar em qualquer desses elementos uma queda ou perda de presença, o rendimento do conjunto se vê imediatamente afetado. Por isso seremos extremamente atentos a tudo o que aqui se disser. Há momentos na história da humanidade – e este é um deles – em que a inteligência está fortemente convocada a formular soluções e indicar rumos, no encalço interminável da verdade do homem. O instrumento de que se serve é a palavra, é a linguagem, na sua dimensão radical. Já se pode compreender o papel vanguardista do escritor, usuário maior da expressão verbal. Até porque o escrever se projeta como um verbo ao mesmo tempo intransitivo e transitivo. Como signo intransitivo, guarda ele os mínimos movimentos da realidade e se apresenta como um ser autônomo. Como prática transitiva, ele aponta, indica, revela. E é da conjunção desses dois tempos que emerge a verdade sem limites, sem preconceitos: livre. A política educacional que estamos conduzindo vem a ser uma pedagogia da qualidade ancorada no porto seguro da nova democracia, da democracia que não confunde o gesto com a mímica, nem a ação libertária com a retórica da liberdade. Estamos voltados para a construção, e a construção é um desempenho cotidiano, difícil, arriscado, mas extremamente comprometedor. Por isso precisamos da cooperação de todos e de cada um. O povo brasileiro sabe que não pouparemos esforços nesse sentido. E fazemos votos para que, no nosso próximo encontro, em qualquer de nossas geografias, possamos dizer aos confrades do PEN Clube que cumprimos a nossa missão, e que talvez tenhamos trazido uma pequena contribuição ao aperfeiçoamento humano. O Brasil, pelo seu Governo, na pessoa do Presidente João Figueiredo, os recebe com satisfação. Estejam em casa.

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s s s Na sequência dos trabalhos do Congresso, o escritor Eduardo Portella, na condição de Ministro da Educação, proferiu o seguinte discurso, desta vez, de improviso: Srs. Presidentes do PEN Clube, Srs. Congressistas, Senhoras e Senhores: Na verdade, eu não pretendo fazer um discurso. Gostaria de contribuir para que este Congresso consiga transformar-se num encontro tão extremamente agradável quanto toda convivência bem-sucedida. E, por isso mesmo, desejaria também que as previsões do meu querido amigo Mario Vargas Llosa, em relação ao possível aborrecimento de algumas reuniões, não se cumpram no Brasil. Nesta oportunidade, pretenderia apenas comentar alguns temas do PEN Clube, temas nossos também, que pertencem à condição de escritor e, mais do que isso, temas que desafiam a própria condição humana.

Presidente General João Figueiredo chega ao recinto do XLIV Congresso do PEN Clube do Brasil. Rio, 15 de julho de 1979. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Presidente General João Figueiredo entre participantes do XLIV Congresso do PEN Clube do Brasil. Rio, 15 de julho de 1979. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Estou convencido de que o escritor se distingue, ou não se distingue, pelo exercício da liberdade. Este se processa no nível do comportamento humano e no nível, também, da elaboração da linguagem. Por isso, o escritor é alguém que está chamado a exercer de forma radical a liberdade. Ora, exercer de forma radical a liberdade significa optar por uma postura que seja totalmente antissectária. O sectário é aquele que não é capaz de ver, que apenas consegue ver-se. Os sectários, sem que o saibam, vivem enclausurados dentro de um palácio de espelhos. O escritor é exatamente o contrário do sectário. Sua grande conquista consiste no direito de crítica, que as recaídas autoritárias contemporâneas, tão frequentes na América Latina, às vezes, insistem em perturbar. Mas sem dúvida me parece que essas recaídas, por serem inevitavelmente datadas, costumam restituir ao escritor a sua liberdade, ou seja, a sua possibilidade de exercer radicalmente a crítica. E quando se fala radicalmente, usa-se a palavra no seu sentido etimológico: radical é aquele que toma as coisas pela raiz. Por outro lado, o escritor é aquele que exercita, que vivencia, que assume a liberdade de expressão como a possível forma de existência. Isto significa que o exercício da liberdade por parte do escritor constitui uma prática intimamente vinculada à linguagem. Ou seja, o lugar do escritor é a linguagem. E se a linguagem funda a dimensão do escritor, ela se manifesta como uma instância ainda mais radical. E justo porque a linguagem não é

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Mario Vargas Llosa, presidente do PEN Internacional, à direita. XLIV Congresso do PEN Clube do Brasil. Rio, 15 de julho de 1979. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Marcos Almir Madeira ao lado do Presidente Figueiredo. XLIV Congresso do PEN Clube do Brasil. Rio, 15 de julho de 1979. (Acervo PEN Clube do Brasil).

Escritor Antonio Carlos Villaça, primeiro à direita. XLIV Congresso do PEN Clube do Brasil. Rio, 15 de julho de 1979. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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essa estranha luta de classes que se instalou dentro da crítica é uma questão sem maior relevância. Pois importa reconhecer que um escritor se afirma quando dispõe da realidade e é capaz de manifestar essa realidade, ao invés de apenas reproduzi-la. A verdadeira dimensão do escritor reside na capacidade de deixar a realidade ser em toda sua plenitude. Nós sabemos que a realidade é o real e mais todo aquele conjunto de coisas que formam o contorno do real. E que, às vezes, por uma deficiência de perspectiva crítica, pensamos que se localizam no exterior do real, quando, na verdade, estão dentro do próprio real. Para que o escritor se imponha, ou seja, para que ele manifeste a realidade em toda sua plenitude, parece-nos que ele deve estar sensível ou manter-se atento diante do caráter transideológico da realidade. A realidade não cabe no espaço de nenhuma ideologia particular, isto porque as ideologias deformam a realidade na medida em que se ligam a ela apenas nos limites de uma relação predicativa. Só a arte, só as criações globais são capazes de revelar-nos a estrutura aberta da realidade. A arte, a reflexão, a religião, o mito são criações abertas. É de posse, portanto, dessa compreensão nada sectária e transideológica da realidade que o escritor pode ser e deve ser um servidor da paz, no sentido em que o PEN Clube tanto prega e por que tanto luta. E a paz não é, senão, o que eu chamaria a conquista da convivência. A única conquista possível ou a única forma de conquista que deve ser louvada e aplaudida é exatamente a conquista da convivência. Porque ela é aquela que se funda no respeito ao outro, que não pode viver sem o outro, que sabe que o outro faz parte de nós mesmos e que nós não somos capazes de articular ou de organizar a nossa peripécia existencial sem a cumplicidade do outro. Aqueles que se isolam porque simplesmente pensam que o sujeito pode viver só apenas se candidatam ao suicídio. A um suicídio talvez mais grave do que o suicídio real, concreto, aquele suicídio que se pratica sem saber, na omissão, no alheamento. Assim, por todas essas razões, o Brasil se sente muito feliz por ter abrigado

apenas um instrumento de que nos servimos para a comunicação, como, às vezes, costumam pensar os gramáticos. A linguagem não tem apenas a função de veículo transmissor de informações. A linguagem é particularmente o espaço do acontecimento humano. Neste sentido, o escritor é, portanto, alguém que, embora extremamente vulnerável, extremamente frágil diante de um conjunto de valores que caracterizam nosso tempo, repentinamente, ressurge forte dentro da sua fragilidade, porque pode exercer a linguagem radicalmente. Ora, este exercício da linguagem é e deve ser um ato de liberdade que envolve o homem e o seu fazer. Mas nós precisamos entender que a liberdade não é uma coisa pronta, não é uma conquista acabada, não é algo que se incorpora definitivamente a nós. A liberdade é uma conquista diária, permanente, cotidiana, difícil, áspera, mas extremamente compensadora. Nós precisamos, portanto, nos unir. E devemos, em função dessa necessidade, prestigiar o PEN Clube, que já realiza esta tarefa com muito esforço, congregando, no empenho do projeto, grandes escritores e escritores mais ou menos grandes. Temos muita dificuldade em empreender esta distinção e, como disse muito bem Mario Vargas Llosa, só conseguimos construir uma comunidade realmente coesa e produtiva se formos capazes de compor uma espécie de pluralismo criador. Essas diferentes pessoas, por menores que pareçam à crítica, podem, repentinamente, desempenhar um papel extremamente importante e profícuo. E, para ilustrar essa possibilidade, gostaríamos de lembrar a existência de exemplos na História da Literatura Universal. Pois há casos de grandes escritores que foram influenciados por escritores menores. T. S. Eliot publicou um trabalho famoso sobre isso e, provavelmente, a história do Simbolismo francês indique a influência que Edgar Allan Poe exerceu em relação a alguns autores, sobretudo Baudelaire, que é, sem dúvida, um poeta bem superior a Poe. Da forma que pensamos esse conceito, essa classificação sobre grandes e pequenos escritores,

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o XLIV Congresso do PEN Clube e por ter recebido aqui personalidades tão ilustres. Seus princípios, seus propósitos pertencem a nós também e, onde estivermos, no governo ou fora dele, na oposição ou fora dela, nós devemos, cotidianamente, lutar por eles. DISCURSO DO PRESIDENTE DO PEN CLUBE DO BRASIL, MARCOS ALMIR MADEIRA Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Senhores Ministros, Senhores Embaixadores e Acadêmicos, colega Presidente do PEN Internacional, Senhores Congressistas, minhas Senhoras e meus Senhores: O PEN Internacional, como diria um daqueles sociólogos norte-americanos do começo do século, é uma “agência” de interação. E tanto mais válido é esse empenho na convivência intelectual extensiva quanto é certo que ela não se esgota ou não se banaliza nas ligações inspiradas por uma temática particularista. O PEN é a conjunção do nacional e do supranacional. Está na sua história o compromisso de universalidade; e o artigo 1º dos Estatutos, incorporando a Carta de princípios de Copenhagen, aprovada em 1950, resume essa filosofia em termos claros: “A literatura, pensamento nacional em sua origem, não conhece fronteiras: deve ter curso corrente entre as nações, a despeito dos acontecimentos políticos ou internacionais supervenientes”.

Presidente Marcos Almir Madeira. XLIV Congresso do PEN Clube do Brasil. Rio de Janeiro, 15 de julho de 1979. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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tal, por força daquilo que vem a ser a imunidade permanente, a explicar o, às vezes, misterioso poder da simpatia entre os homens: as criações do espírito na literatura, nas outras artes, na filosofia, nas ciências. Seja como for, existe uma soberania que, num dado momento, a força bruta não transige, não agride: é a soberania da inteligência trabalhada pela cultura. Não será outro o argumento com que ainda um pouco, perplexos, conseguimos explicar que houvesse generais nazistas e servindo ao nazismo, mas, afinal, guarnecidos com a necessária força de espírito para descumprir, no auge da guerra, a ordem do Führer, negando-se a destruir uma arca da cultura europeia: Paris. Nesse plano de preservação cultural, ainda mesmo o nazismo abriu um hiato de amenidades e humanismo nos seus expedientes de violência intrínseca. O episódio veio dizer-nos que a própria beligerância irracional estanca diante das imunidades do espírito e as respeita. Por excelente coincidência, veio de um eminente confrade francês, André Chanson, quando Presidente do PEN Clube da França, o belo apelo por uma Cruz Vermelha do Espírito, que lutaria para salvar da devastação da guerra as bibliotecas e as grandes obras de arte. Eis a evocação do PEN Internacional, na voz e na ação dos seus propulsores. A essa altura, eu me animaria a uma paráfrase: se a guerra nasce no espírito dos homens, há de ser como homens de espírito que se terá de inventar, de conceber a paz, tramando a concórdia, tecendo a união, dilatando e multiplicando as fontes, os quadros, os pretextos de convívio essencial. Também o espírito possui os seus materiais e ingredientes. O mundo os estará utilizando para os arranjos e a composição da paz, quando buscar a aproximação dos povos hesitantes ou mesmo desavindos, fazendo com que se conheçam e se deem a ver uns aos outros, nos valores que transcendem e preexistem à ideia de Estado ou de governo: em seu folclore, sua literatura, sua música, história, artes, culinárias, ciências, sistemas de ensino, teatro, igreja, técnicas de trabalho, tipos de recreação,

Nenhuma época, tal a nossa, será mais propícia ao apelo à convivência intelectual como fator de paz. É evidente que não se trata de insistir na política cultural embebida nos tratados clássicos ou nos expedientes puramente formais do intercâmbio. O problema da política cultural é um problema de ativação dos contatos diretos com indivíduos, instituições ou núcleos significativos e, subsidiariamente, com governos. A difusão das culturas perfará assim uma política à medida que o processo de permuta ou as técnicas de informação e da notícia façam resultar a paz não apenas dos “entendimentos” e da sutileza das “combinações”, mas, substancialmente, do conhecimento dos traços ou complexos culturais, das dominantes espirituais de cada grupo nacional e do seu tônus social. Ninguém preza o que não conhece – e a admiração é sempre mais velha que o amor: precede-o. O desígnio da UNESCO, buscando a abertura das fronteiras espirituais, para que os povos se deem a ver em seus valores imateriais, é mais objetivista em sua formulação do que ação dos “práticos” e “técnicos” das relações internacionais. Os bens da paz resumem-se, afinal, no bem de conviver. Viver em paz é conviver abertamente. Paz contraída é política de músculos retesados, convívio a medo, relações dormentes – não é paz. E ela tem sido quase sempre isso, precisamente porque se afasta, no tempo e no espaço, das fontes naturais do entendimento e do convívio. Esse entendimento (ideal) descende do conhecimento (real). O que o mundo tem no geral presenciado é a paz unida nas chancelarias; o que o nosso momento universal está impondo é a paz vivida, deduzidas das confrontações culturais em regime de parceria na procura da nota intelectual mais típica, entre grupos os mais diversificados do ponto de vista da etnia, da estrutura política e dos standards ou modelos econômicos. Em meio a essas diversidades excitantes – e conflitantes tantas vezes – uma corporação internacional como o PEN procura a unidade fundamen-

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Antes de sermos a soma de gêneros literários que a junção das iniciais engenhosamente destacou na sigla do batismo – P, de poesia, E de ensaio, N de novela –, antes disso e acima disso, dessa fusão graciosamente didática, embora perfaça uma sigla... somos, por definição e origem um povo universal de afirmação política. Tome-se o vocábulo política como significativo da decisão de sustentar e difundir princípios ou normas de vida social, sem cuja preservação sucumbem ou se mediocrizam as criações culturais – a começar pela literatura – desprovidas, que ficam, do estímulo para criar, descobrir, redescobrir. E precisamente a poesia, o ensaio, a ficção, afinal atrofiados, murcham, definham, secam. Somos e queremos ser expressão de uma fidelidade a certas ideias políticas, na medida em que elas assegurem e façam florir a política cultural, nascida da liberdade, no interesse da paz. Esse o sentido e a mensagem do grêmio. Mas a paz que ele busca – uma paz substanciosa, fundada no conhecimento e na difusão de modelos culturais – pressupõe o desembaraçado exercício do direito à informação, sem cuja garantia não terão sentido os projetos de permuta, de intercâmbio, de convivência intelectual. Nos esquemas da política cultural globalista, a busca da fraternidade é, de algum modo, a busca da informação. Da conjugação desses valores fez o PEN Clube um de seus fundamentos, vivo no desdobramento da sua produção e nítido na própria definição estatutária. Mas pensar no acesso à informação será pensar na conquista vital que esse direito envolve: a liberdade de ver sem susto, de cotejar sem medo, de pesquisar em segurança. Nenhuma liberdade se faz mais essencial à obra dessa concórdia que se busque nas matrizes da cultura. Ser informado, tanto quanto informar é, hoje, mais do que nunca, um direito humano, que integra a nova tábua de valores morais e jurídicos acolhidos pela Carta das Nações Unidas. E nunca foi outra a doutrina de nossa corporação. Se a paz deve vir do conhecimento, a informação há de ser o seu sistema nervoso. E todos os centros nacionais do PEN mundial esmeram-se nos compro-

estilos de vida... e mostrarão, uns aos outros, caprichos da sua natureza, da sua geografia, da sua flora, da sua fauna. Do conhecimento vivo e direto desses valores, da compreensão dessas realidades espirituais, humanas, sociais, físicas, econômicas – cujo interesse a literatura aguça e amplia –, do conhecimento desse universo de ideias e de coisas, de gente, de gostos, dessa carga de subjetividade e objetividade, de bens materiais e imateriais, é que virá a paz assimilada e não apenas assinada... legislada; paz não apenas embebida na técnica jurídica dos tratados, mas filtrada pela inteligência que se debruçou sobre as diversidades das culturas. Paz em profundidade, fruto e flor da convivência humana. Mais do que pela convenção escrita, e talvez antes de certos tratados, a França já era uma unidade cultural e um espírito entre nós, quando se confundiu e se misturou com as crianças brasileiras na hora de cantar em grupo. Não era a França do tratado, mas da “roda”. O menino que um dia viria falar neste Congresso brincou muitas vezes à custa de versos e ritmos franceses: “Eu sou pobre, pobre, pobre”... (Je suis pauvre, pauvre, pauvre...). Ou, então, aquela saborosa corruptela: “Sigo a ponte, de avião” (Sur le Pont, d’Avignon...). Essa França ficou, teria de ficar, guardando pelo tempo adentro, todas as imunidades que vinham de uma convivência. Não me importo de repetir que esses materiais do espírito estruturam a paz – promovem-na. Em torno deles não deflagram divergências homicidas. A literatura, por exemplo, é ingrediente da unificação. Não terá sido à toa que Joaquim Nabuco escolheu para divisa da Academia aquele dito venerando: Litteraram vincitur pax – ou diretamente: “Na paz das Letras se vence”. Essa filosofia está na vida real do PEN Clube, inspira-o com a força de uma ideia mater desde o seu primeiro dia, em Londres, naquele produtivo abril de 1921. E, desde que foi um apelo pela paz, teria de ser, por lógica social e política, um propósito irrenunciável de coexistência, de interação, de convivência, precisamente.

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o animal convivente – um ser permutante, independente mais do que nunca. Um soldado brasileiro no cais ou no aeroporto, a embarcar para Suez com as suas armas e as suas boinas, é mais um que se despede, sem saber o conceito privatista – estrito e estreito – da soberania clássica. Tanto quanto a caravana de técnicos da UNESCO, que, em 1947, se instala no norte fluminense numa roça de Itaperuna, fazendo acampar ali, num ou dois distritos, sanitaristas, assistentes sociais, professores primários, psicólogos, técnicos agrícolas, músicos, estatísticos, etc., numa tentativa de reestruturação ou mesmo de organização da comunidade. Eis o primado do universal sobre o nacional; eis como se reduz a faixa da soberania clássica, também condicionada, no espaço social e político, à lei da relatividade... E opera-se a redução à medida que a convivência internacional ganha mais altos níveis de objetividade na prática do open door. Ou à proporção que a salvaguarda das garantias e dos direitos humanos impõe maior tento e eficácia. Não são esses direitos temas vagos de países que se possa segregar em seu direito público, como Proust no seu quarto forrado de cortiça; são direitos universais, cujo foro está hoje em toda parte, universais precisamente porque humanos; e por isso mesmo que o são, internacionalizou-se a sua proteção específica. Dentre eles, o do livre acesso aos fatos como às ideias, o de conhecer para concluir, o de concluir para comparar densamente e dar sentido novo à prerrogativa capital: o direito de opinião, que é, em si mesmo, o direito de conhecer. Sem o seu suporte – a igualdade nas oportunidades e nos meios de informação – acaba fenecendo a vida em liberdade plena. Não se pense, a essa altura, em termos políticos tradicionais; o problema é de política da cultura, de preparação da opinião intelectual pela abertura dos canais de informação e não pelo monopólio dos seus instrumentos ou forma de expansão, sob o regime de propaganda estatizada e dirigida. Os expedientes que possibilitam a prospecção e a posse da informação intelectual necessária são,

missos de sustentar e defender a filosofia política de que resulte uma política cultural afirmativa – aquela que me coube a sorte de definir e resumir: por uma coexistência larga e descontraída, acima da classe, da cor e da crença; acima da política ou apesar dela. Esse o espírito da Casa. Não é, apenas, um ponto de encontro de intelectuais tranquilos, a discretearem de letras. Se é exato que nunca foi vista como um sindicato nem como tal proceder, fazendo-se patrona de interesse de classe ou de categoria de trabalho, outra verdade é que a sua lida não se esgota na atitude literária contemplativa, espécie de beatitude intelectual. Entre a mansidão acadêmica (o suave, o fino desligamento, a literatura que se basta), não tem o PEN opção alguma a fazer: não é uma coisa nem outra. O essencial, contudo, é ressalvar uma realidade: haverá sempre um PEN Clube afirmativo, se não querelante ou postulante, defensivo, por certo, quanto aos princípios que o esmaltam desde a fundação. Sua história é clara. Três anos após a Primeira Guerra Mundial, grupos expressivos de intelectuais ingleses, sob as recordações pungentes da hecatombe, pregavam a urgência da união dos homens de letras. Seria a organização da inteligência culta ferida, havia pouco, pelos assaltos da força bruta. E agremiaram-se no Clube, o qual desejou, desde a primeira hora, se tornar mundial. Talvez convenha insistir que o clima social e as tendências políticas bafejam, em quase toda parte, a posição do PEN Clube: é esta hora, que vivemos, a mais ecumênica da história. O mundo desses dias é uma mesa-redonda – mundo apesar de tudo aproximativo e comunicativo. Ninguém se basta. Ninguém pode isolar-se. Acabou a empáfia na torre, o isolamento de marfim... A dinâmica dos contatos aí está, favorecida, cada dia, pelos motores aéreos. A distância é uma abstração – desmoralizou-se. A geografia política revogou a geografia física e será esse o traço mais fascinante de nossa civilização, a cujo senso de comunidade já não resistem as formas ortodoxas da soberania e os frêmitos de ciúme do nacionalismo insular. Estamos vivendo aristotelicamente: o homem moderno é em profundidade

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a posição antipluralista, a conflitar com a prática das largas aberturas que a própria revisão do conceito de soberania aí está a favorecer e a impor urbi et orbi. E quem aponta para a linha antipluralista está mostrando a negação e a anulação do esforço de intercâmbio, de permuta, de trocas espirituais, de convívio das inteligências servidas pela informação livre e extensiva. Seja como for e apesar das exceções aqui e ali (à esquerda e à direita), o certo é que o clima da hora não justifica pessimismos entranhados. Bem compreendido o espírito da época, uma conclusão virá fácil: o PEN Internacional vive o seu melhor momento para realizar a obra de fraternidade, de aproximação, de compreensão, de conjunção de pendores, buscando, pelos caminhos da cultura e da liberdade, os bens da paz.

evidentemente, políticos em seu alcance ou político-morais em suas conotações cristãs de democracia. Nada, em verdade, mais cristão que o resguardo das franquias e necessidades da inteligência do homem como expressão superior de zelo fraterno pela sua dignidade e sensibilidade. Mas essa atitude de fidelidade e respeito às criaturas não resulta de determinada fixação em uma certa linha ou intenção classicamente política, a não ser no ponto em que essa filosofia do intercâmbio e da convivência intelectual se oponha à ação anticristã dos regimes totalitários, não só discriminativos por definição, como infensos ao pluralismo na exteriorização do gosto, da imaginação, do talento. Essa tentativa de nivelação das cabeças e a tendência à estandardização do processo de construção intelectual perfazem, afinal de contas,

LVIII Congresso de 1992 A delegação brasileira (integrada pelo Comitê de Coordenação) foi dirigida pelo escritor Marcos Almir Madeira, Presidente do PEN Clube do Brasil. O tema principal do Congresso, em tom indagativo, versou sobre O escritor perante a natureza: uma abordagem romântica? No decorrer das sessões plenárias foram discutidos diversos tópicos correlatos ao tema principal, tais como: a influência da geografia na literatura; preconceitos geográficos na literatura; geografia e as linguagens ecumênicas; o papel do escritor no diálogo norte-sul; a América do Sul vista pelos escritores europeus antes do século XX.

O terceiro Congresso ocorreu no Rio de Janeiro durante o período de 29 de novembro a 4 de dezembro, nas dependências do Copacabana Palace. Presidiu o Congresso o romancista húngaro György Konrad, presidente do PEN Internacional. Cerca de 150 escritores estrangeiros, filiados a 49 Centros PEN, compareceram ao Congresso. Foram convidados de honra os escritores: Vaclav Havel, Nadiene Gardiner (Prêmio Nobel), Gabriel García Márquez (Prêmio Nobel), Mario Vargas Llosa, Marguerite Duras, Naguib Mahfuz (Prêmio Nobel) e Harold Pinter.

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Programa do LVIII Congresso do Internacional. Rio, 29 de novembro de 1992. (Acervo PEN Clube do Brasil).

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PEN Club of Brazil

80 Years 1936 – 2016

L I T E R AT U R E A N D F R E E D O M O F S P E E C H

PRESENTATION The PEN Club of Brazil, founded on April 2, 1936, appeared in the cultural and literary scene under the banner of freedom of thought and expression and the declaration of the necessity of regular association among writers committed to such principles beyond the limits set by borders. This program which started in London in 1921 faced real challenges when it was brought to Brazil. The group that had gathered to create the Club, led by playwright Cláudio de Souza, was mostly composed of individuals from the Brazilian Academy of Letters, although among those present were other writers associated to literary organization, cultural and political powers, who were mainly based in Rio de Janeiro, then the capital of the Republic. In Brazil one could not ignore the prevailing climate in Europe, where the political forces of various governments quarreled before the paths of democracy, nazism, fascism and communism. Maybe because of that the Brazilian situation increasingly worsened with the victory of the so called 1930’s Revolution, which soon became the Vargas’ dictatorship. The foundation of the PEN Club thus came at a time marked by internal problems of growing political instability. From an external point of view, the world suddenly was frightened (and even more writers and artists) with some barbaric acts, such as the shooting of poet Federico García Lorca, shot in his back on August 19th, 1936, in Viznar, a Granadian village of Spain. Some days before, the poet had declared: “In Spain, the dead are more alive than the dead of other countries in the world.” There were also the threats and dangers unveiled on the horizon of the Russian government, encouraged by the strong arm of Stalin, who did not allow writers and artists to freely associate and were persecuted in all Soviet communities. At the same time, the Nazis of Germany, led by Hitler, imposed harsh

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blows to writers with public burnings of books considered banned by ideologists of that totalitarian regime. Meanwhile, the statutory rules of the newly founded PEN Club of Brazil established that the organization “will be a part of the PEN International, will operate from the city of Rio de Janeiro and will have the purpose of strengthening relations of national writers, defending their rights and placing them in contact with writers of other countries.” Moreover, the Brazilian Center would adopt the Canby and Raymond resolutions, approved by the V Congress of the PEN International, held in Brussels, as follows: 1st – Will defend the free flow of literary works in all countries, notwithstanding international divisions. 2nd – Will defend artworks, striving so that, even in case of war, it be respected as world heritage. 3rd – Will work for peace amongst nations without racial or political prejudices. The founder, playwright Cláudio de Souza, member of the Brazilian Academy of Letters (ABL), boasted in his resume works and examples of a courageous man, a man devoted to the defense of human rights, as he did when he began his career, by signing under pseudonym, in the daily press, some controversial articles in defense of women rights. So when he set out to create the PEN Club, he also assumed the flag of the defense of all human rights enshrined in the principles of promoting literature, the defense of freedom of thought and expression and the free interaction between writers of all genres and hues. This is the course pursued by the Brazilian Club.

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In that regard, the PEN Club of Brazil followed the footsteps left by the PEN International, based in London, when during World War II and after the war ended, they defended the freedom of thought and fought for the unity of writers in harmony with those postulates, even associating them with the rights that would be voted on and approved by the United Nations Declaration of Human Rights. Now that the PEN Club of Brazil turns 80 years old, we believe it is crucial to publish this book in hopes that it will serve as a period to reflect on its actions and omissions. Only then will it be possible to remember the deeds based on real foundations, consistent with the cultural steps taken by the country. This journey, which has conquered long and difficult paths, will, at the same time, give current generations a different perspective and possibly, help future generations correct their path, avoiding, in practice, the mistakes or missteps of the past. The book – PEN CLUB OF BRAZIL 80 YEARS (1936-2016) LITERATURE AND FREEDOM OF SPEECH – also contains some key records related to attitudes and responsibilities assumed or not, like the fearless behavior of the organizations direction during the difficult years of Vargas dictatorship and World War II. Also, on the other hand, one cannot forget the omissions of some directors, noted, especially during the years of the 1964 military coup and subsequent hardening of the dictatorship which began in 1968. Unfortunately, during that period of time, PEN Club of Brazil fell short to keep alive the flame of defense of the guiding principles of their primary mission: to defend, at all costs, freedom of thought and speech, both of its members, and curators of the word threatened in and out of Brazil.

Nevertheless, we believe it is possible to admit that the history of PEN Club allows us to affirm, at this significant moment, that the example coming from the initial decades of its past, soon after the foundation, should be revived in the present and may radiate to the future. With this, the banner of hope will never be removed from its mast or overshadowed by temporary difficulties. During the past eight decades a significant amount of Brazilian writers have passed through PEN Club of Brazil’s Membership Board. This is perhaps the greatest legacy the Club has to flaunt in literature and Brazilian culture. There are about a thousand writers, including those alive and ones that have passed away. Each of them contributed in some way to this organizations existence and survival, even in the most difficult moments of its journey, sometimes with their noble work as volunteers within the organization, managing and administrating it, demonstrating their participation beyond mere membership, sometimes with their literary productions, each in their own way contributing to the hall of literary work in Brazil, thus, proving to be more than just a number. Lastly, the PEN Club of Brazil, will always be focused on the objectives of its intended mission, whether in the worthy examples from the past, whether in the actions of current directors and members, whether in the purposes of those who will come later to replace us, because such purposes concern the dignity of every human being in what is most dear to him: the right to create, to live in peace and to speak and write in complete freedom. CLÁUDIO AGUIAR, President of PEN Club of Brazil

PEN CLUB OF BRAZIL 80 YEARS Cláudio Aguiar “It seems incredible, but true: the PEN Club of Brazil is now perhaps one of the richest in the world. Not only in material goods: primarily because of the moral and intellectual collection that is its history. Cláudio de Souza, whose bronze bust we are now inaugurating, will perpetuate its memory in this house, where he was a persistent and optimistic worker”. (Academic Rodrigo Octavio Filho. Speech at the inauguration of the PEN Club of Brazil headquarters in Rio de Janeiro, on 12/23/1945). “The PEN Club of Brazil is certainly throughout the entire world, the one with the most secure existence and greater possibilities“. (Fidelino Figueiredo, President of the PEN Club of Portugal).

FOUNDATION The PEN Club of Brazil was founded on April 2, 1936 in the city of Rio de Janeiro. Its origins, however, cannot be considered as an isolated event or exclusively the result of the will of its creator, the Academic Cláudio de Souza. Without him, it is true, the Club most likely would not exist. However, to his dogged determination to create the Brazilian Center of the PEN Club we also add the positive results obtained, so far, by the PEN International, of London, founded in 1921. The foundation of the London PEN was preceded by the actions of writer Catherine Amy Dawson-Scott (1865-1934), who was bringing together writers of different generations and trends in the Tomorrow

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Club, always in the late afternoon, at the traditional English tea time. There the writers discussed, in a hearty and familiar atmosphere, topics related to literature. One day Catherine Amy noticed that the meetings resembled a typical London club, and had the idea of seeking a name for it. Hence, she sensed that from the initials of the literary genres acclaimed by its most regular visitors formed an interesting name. P from Poetry (poetry); E from Essay (essay); and N from Novel (novel, romance). Together these letters spelled PEN, which, coincidentally, is the word for pen in the language of Shakespeare, ideal symbol to express the greatest meaning of the activity of any promoter of the written word.

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Catherine Amy’s initiative reminds us, somewhat of the example followed by French writer Valentin Conrart (1603-1675) who, at his home in Paris, also met writers, around 1635. One day, he and his friends decided to act like an academy. Then Richelieu persuaded the French government to institutionally support the group. Thus was born the French Academy. That seed, planted by writer Catherine Amy, started taking form, due to the weekly meetings with her friends who were also writers. These meetings were already taking place since 1918. Still in 1921, the news spread in such a way that in several cities in Europe other writers followed the example and founded similar clubs. From these initiatives was born a kind of worldwide association of writers, then registered under the name of PEN International, headquartered in London, responsible for coordinating other national clubs that were being created. Then writers from other genres started to join these clubs, such as translators, playwrights, art critics, journalists, historians, etc. Later, in 1932, the writer John Galsworthy, winner of the Nobel Prize for Literature, was the first President of the PEN International. Among the other founding members were also established writers such as Joseph Conrad, George Bernard Shaw (Nobel Prize for Literature, 1925), Elizabeth J. Craig, H. G. Wells, among many others. It is noteworthy to mention it was Wells that, when presiding the PEN International in the early 1930s, took the initiative to bring to the heart of the organization the fundamental principles of the Universal Declaration of Human Rights, integrating he himself, the select group of writers responsible for drafting the four key points of the Charter of Principles that, to this day, guide the steps taken by centers around the world. They are the following:

Franz Werfel, Martin Nexo, Romain Roland, Gerhardt Hauptmann, Rabindranath Tagore, Gunnar Gunarson, Knut Hamsum, Stefan Zweig, Maximo Gorki, Henrique Lopes de Mendonça, Eugênio de Castro, Azorín, Miguel de Unamuno, Alfonso Reyes, Selma Lagerlof, Marcel Prevost, Colette and many others, in their respective countries, joined and became members of the PEN Club. Under the presidency of Wells, during the Dubrovnik Assembly in 1933, the assembled writers, foreseeing the dangers of the establishment of a totalitarian regime in Adolf Hitler’s Germany and in Stalin’s Soviet Union, condemned the actions initiated in those countries, as those represented clear threats to human rights. In the case of the foundation of the PEN Club of Brazil there were other circumstances that also had a strong influence, like the political and social events experienced in Brazil and the rest of the world when the outbreak of World War I (1914-1918) occurred and the so called Revolution of 1930. After the end of that global conflict a dismal cloud caused by the terrible effects of war hung over many European cities. Since then, the ideal of freedom of thought has never been extinguished in the heart of the PEN community. One of its key objectives consisted in motivating the various writers to get to know each other and to advertise their respective works, as well as to be actively involved in defending human rights and, in particular, in defending freedom of expression. It began promoting aid to writers that were persecuted, imprisoned, tortured or exiled. With these initiatives the PEN International maintained vigilance in identifying and spreading all cases of violence that had occurred throughout the world and, moreover, engaged in the resolution of problematic situations, including establishing support and help to the persecuted writers and their families. To better coordinate these efforts, starting in the 1940s, committees were created, the most outstanding was undoubtedly the Imprisoned Writers Committee. Currently there are other Committees: Women Writers, Writers for Peace and Translation and Linguistic Rights. Committees were established as networks and, through actions taken by the national centers, began promoting campaigns to support writers. With this in mind, members of the centers met in a given city every year, in international congresses where they spoke about subjects that interested writers and their respective countries. The initiatives of the national centers take place throughout the entire year by hosting conferences, meetings and symposiums of regional or thematic character, addressing preferably subjects related to literature or campaigns against censorship, repression and violence. PEN International is accredited with UNESCO as a consultant body for issues related to literature and culture in general, being considered by that international organization as a model in the defense of writers and literature. By promoting literature and defending freedom of expression, the PEN International and the other World Centers contribute decisively to the consolidation of culture and peace among peoples. While the PEN gained wide dissemination in the major countries of the world, in Brazil, after the first years of institutionalization of some principles of the 1930’s Revolution, which established the so-called New Republic, the statement that this break with the Old Republic meant an important step towards the establishment of a new era in the Brazilian people’s destinies became almost unanimous. This progress was noted not only in the social, political and economic aspects, the promises of dramatic changes caused enthusiasm within Brazilians, but also the repercussions in literature and culture were remarkable. It is possible that this sense of renewal and reaffirmation

“ 1. Literature knows no borders and must remain common property of the people, despite political and international conflicts. 2. Respect for humanities’ cultural heritage must be preserved, in all circumstances, from the effects of national or political passions. 3. Members of the PEN federation will use at all times their influence in favor of good understanding and mutual respect among people and commit to do everything possible to eradicate the hatred arising from race, class, religion or national differences and to propagate the ideal notion of a united world living under the banner of peace. 4. The PEN upholds the principle of freedom of ideas within each nation and among all nations and each member undertakes to oppose any form of restriction on freedom of expression, both within their countries or communities and internationally. PEN declares itself in favor of free press and states its belief that the advances necessary for the world to reach a better political and economic organization make it essential to have freedom to criticize the actions taken by governments, administrations and institutions. And since freedom implies voluntarily placed limits, each member commits to fight against abuses by the press such as the mendacious publications and deliberate falsification and distortion of facts for political and personal purposes.” The principles of this Charter inspired and encouraged, in a decisive way, the foundation of other centers in other parts of the world. Famous writers like Anatole France, Paul Valery, Thomas Mann, Benedetto Croce, Karel Capek, Maurice Maeterlink, Somerset Maugham,

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of republican life contributed to bringing the Academic Cláudio de Souza to institute the PEN Club of Brazil. This feeling of not being content with the immediate national reality, but being broaden by anchors or principles of global nature, that same enthusiasm outlined in the key points consolidated in the Universal Declaration of Human Rights. The content of Article XIX expressed this feeling well:

fact has drawn attention not only by the massive presence of Scholars as founders, but also by other circumstances that signaled adjustments and corrections of the inaugural decisions that culminated in the writing of the statutory rules of the Club. One example was the literary and cultural meetings of the PEN held for decades in the ABL auditorium room. Additionally, of the 44 founding members, 21 were also members of the Machado de Assis house, including, as it will be seen, the founder himself. In alphabetical order, the following signed the constitutional term: Conde Affonso Celso, Prof. A. Austregésilo, Anagyone Costa, A. Amoroso Lima, A. J. Pereira da Silva, Adelmar Tavares, A. Leão Velloso, Berilo Neves, Cláudio de Souza, Chermont de Britto, Celso Vieira, Christovam Camargo, Castilhos Goycochea, Elmano Cardim, Filinto de Almeida, Fernando Magalhães, Herbert Moses, Harold Daltro, Jarbas de Carvalho, João Luso (Armando Erse), Laudelino Freire, Luiz Edmundo, Maria Eugênia Celso, Miguel Osório de Almeida, Múcio Leão, Oswaldo de Souza e Silva, Oswaldo Orico, Octavio Mangabeira, Olegário Mariano, Orris Soares, Osório Dutra, Pedro Calmon, Peregrino Júnior, M. Paulo Filho, Rodrigo Octavio Filho, Rodrigo Octavio, Raul Pedroza, Ramiz Galvão (Barão), Rodolfo Garcia, Roquette Pinto, Raul de Azevedo, Rosalina Coelho Lisboa Muller, Vitor Vianna e Viriato Correia. After a few days, another seven ABL Academics living outside of Rio de Janeiro or abroad on diplomatic missions became affiliated with the PEN Club. These were: Affonso Taunay, Magalhães de Azeredo, Luis Guimarães Filho, Guilherme de Almeida, Paulo Setúbal, Ribeiro Couto and Xavier Marques. The presence of two women among the founders deserves special note: writers Maria Eugênia Celso and Rosalina Coelho Lisboa Muller. In a way, this confirms the progressive character of the club, when notably, at that time, other literary and cultural organizations resisted admitting women as their members. As a matter of fact, with respect to the PEN club, the admission of women should not be understood as merely symbolic. Cláudio de Souza, early on, even while living in São Paulo, actively participated in campaigns in defense of the presence of women in all spheres of human activities, time when he even used the pseudonym Ana Rita Malheiros. Cláudio Justiniano de Souza, better known only as Cláudio de Souza, was born in São Roque (SP) on October 20, 1876 and died in Rio de Janeiro on June 28, 1954. Originally from a traditional São Paulo family, he was the son of Cláudio Justiniano de Souza and Antonia Barboza de Souza and grandson of Colonel Cláudio Joaquim Justiniano de Souza, who was head council representative. He was married to Ms. Luiza Leite de Souza, the daughter of senator Luiz de Souza Leite and Deolinda Arantes de Souza Leite, the Socorro Barons. He dedicated most of his books to her. His sister, Virgilina de Souza Salles, is considered the pioneer of women’s journalism in Brazil, for creating, in 1914, the magazine Luta Moderna (Modern Struggle), later called Revista Feminina (Feminine Magazine), devoted entirely to women. Majoring in medicine, he graduated from the Rio de Janeiro University, where he was transferred to from the Bahia University. He was a professor in therapeutics at the Pharmaceutical School of São Paulo. He founded the League of Moral Prophylaxis and Health of São Paulo and the Cláudio de Souza Clinic, primarily for the free treatment of syphilis and alcoholism. He has published numerous scientific papers, among which stands out Os nevropatas e degenerados (The neurotics and deteriorated),

“Everyone has the right to freedom of opinion and expression; this right includes the freedom of, without interference, holding opinions and seeking, receiving and imparting information and ideas through any media and regardless of borders.” The protection of freedom of opinion and expression, universally adopted in this instrument, as remembered by Alceu Amoroso Lima, although guaranteed in the established and secured freedom of thought Article of the Universal Declaration of Human Rights mentioned above, was also one of the points captiously breached by public authorities, all in the name of national security. When the PEN Club of Brazil was established on April 2, 1936, the growth of the International PEN was felt in the European, American, Asian and African continents. In 45 countries there were 54 national centers, including the Brazilian center. The numerical disparity between countries and centers is due to the fact that in some countries more than one center was established. In South Africa there were centers in Cape Town and Johannesburg; in Canada in the cities of Montreal and Toronto; in Spain in Barcelona and Madrid; in the United States of America in New York, San Francisco and Chicago; in Italy in Milan and Rome; in Switzerland in Geneva and Zurich; and in Yugoslavia in the cities of Belgrade, Ljubljana and Zagreb. The PEN Club of Brazil was established with some differences regarding its structure when compared to most of the other centers around the world. Aside from the obvious definition of the guiding principles of the organization, consolidated within the statutes of constitution and in line with the legal instruments that emphasize the fundamental guidelines, the text was very short and clear. It contained only nineteen articles. The objectives appeared as defined in Article II, which states a few basic points: the affiliation to the PEN International, the condition of being a purely literary association with the primary purpose of strengthening relations between national writers, the defense of their rights and commitment to put them in communication with writers from other countries. It adopted also the title of other subsidiaries, that is, the PEN acronym, indicating prose writers, poets, essayists and novelists and dramatic writers. However, it already anticipated the adhesion of writers of any genre. Interestingly, the Club was created with no fixed headquarters and it was established as a statutory rule that its registry’s office, containing its documents and record books, would operate at the house of the partner elected for that function. Additionally, the Bulletin, an informative journal of the primary institutional, administrative and literary activities of the Brazilian Center, was created. Its first number circulated in July and stamped on the first page a list of centers around the world, next to the news of the Club’s constitutional assembly. Then it was published in the great Rio press, with highlights to Jornal do Commercio (Commerce Journal), Correio da Manhã (Morning Post), Diário de Notícias (Daily News), O Globo (The Globe) and the magazines O Malho (The Mallet), Careta (Grimace) and Revista da Semana (Weekly Magazine). The PEN Club started with a significant number of founding members belonging to the Brazilian Academy of Letters (ABL). This

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(1908), lauded by the Faculty of Medicine of Rio de Janeiro. However, literature was his true vocation which manifested itself at an early age when, at age 14, he published a short story in the Diário Popular (The Popular Newspaper), of São Paulo. He continued to write for the São Paulo and Rio de Janeiro press during his college days, under the pseudonym Cláudio Junior. He is the author of extensive literary work composed of essays, novels, chronicles, conferences, stories of travel and plays. He published his first book, of a social theme, entitled Pela mulher (For the woman), in 1898. Only fifteen years later, in 1913, he would return to literature, with the novel Pater! (Pater!), which gave him certain prestige, publishing, from that moment on, almost uninterruptedly, until 1952, the year of his last novel, A luta de gerações (The struggle of generations), about 82 literary works, not to mention some unpublished. It was in the theater, however, that Cláudio de Souza obtained, in fact, acclamation and achieved greater success. He was considered by critics an innovator of the national theater, which, after the death of Arthur Azevedo, was in the doldrums of ideas and wrapped in technical mediocrity, so he reached, with the play Flores de sombra (Shadow flowers), of 1916, the climax of his theatrical career. This intellectual man recognized both in his country and abroad, he was a member of the Brazilian Academy of Letters (which he presided twice – in 1938 and 1946), the São Paulo Academy of Letters, the Historical and Geographical Brazilian Institute (IHGB), the Amazonian Academy, the José de Alencar Academy (Curitiba), the Brazilian Medical Association and the Brazilian Institute of Education, Science and Culture; He was a corresponding member of the Academy

of Sciences of Lisbon, the National Academy of Arts and Letters of Cuba and the Argentinean Institute of Culture. He was also a member of the intellectual cooperation sector of the League of Nations (later United Nations) and the International Institute of American Ideals. In 1936, he founded the PEN Club of Brazil, Brazilian branch of PEN International, of which he was President, without interruption, until 1954. He dedicated, during his management, special attention to the organization evidenced by his will in which he bequeathed to PEN Club of Brazil various properties for the headquarters installation and establishment of revenue needed for its operation, as well as its important library, collection of documents, as well as a large amount of personal property (furniture, tools, crockery and silverware, jewelry and carpets, a piano, decorative objects and paintings by renowned artists). The first Board of Directors was constituted as follows: President – Cláudio de Souza; General Secretary – Múcio Leão; Secretary – Raul Pedroza; Treasurer – Vitor Vianna; Directors: Conde Affonso Celso, Barão Ramiz Galvão and Paulo Filho. At the PEN Club, monthly dinners were instituted, taking place from March to November, interestingly stipulated in the statutes. Members and guests gathered around the table and a good menu, while they interacted with one another in a friendly and cordial manner, establishing a tradition that continues until this day. Present at the first two dinners, under the honorable chairmanship of distinguished personalities such as Conde Affonso Celso, the Barão Ramiz Galvão and the Minister Rodrigo Octavio, there was, as special guest, the Ambassador of Mexico in Brazil, writer Alfonso Reyes, an honorary member of the PEN Club of Buenos Aires.

FREEDOM OF THOUGHT AS A FUNDAMENTAL MISSION In September 1936, six months after the foundation of the PEN Club of Brazil, the XIV International Congress of the PEN took place in Buenos Aires. Dozens of writers from around the world traveled to that capital. Many of the delegations passed through Brazil, stopping at Rio de Janeiro and / or São Paulo. The delegations were made up of illustrious names in today’s literature world: Duhamel, Stefan Zweig, Emil Ludwig, Jules Romains, Supervielle, Giuseppe Ungaretti, Sanin Cano, José Ortega y Gasset, Crémieux, Jacques Maritain, Mario Puccini, etc. Some, like Zweig and Ungaretti, after attending the congress, returned to Brazil and after establishing friendship with Brazilian writers, years later, took up residence here. The Brazilian delegation to the XIV Congress, led by Cláudio de Souza, joined the 50 delegations from countries spanning four continents. Although the Brazilian Center was the youngest club founded in the world, its presence in the Congress was a highlight. First, because, as the Congress opening took place on September 7th, the President of the Argentinian PEN, Argentine writer and congressman Carlos Ibarguren, before starting the service, gave a special greeting to Brazil, noting, among other things, our national Independence day. In response to this kind reference, President Cláudio de Souza thanked him with the following words:

the same Brazilian cause, the one of feeling above strength, thought above instinct, moral above interest, it is all summed up to properly serve art in its sovereign and ineluctable ways of lifting and exalting the soul. Expressing gratitude for the eloquence and fraternal greetings, the delegates of the PEN Club of Brazil hope that, with the sequential efforts of these congresses, we can one day celebrate not the date of independence of one country, but of all countries, when the mind and heart have once again the cultural sovereignty and morality of human society, now collapsing in the hands of force and brutality”. The explicit reference to force and brutality as harmful acts against the cultural and moral sovereignty of mankind, made by Cláudio de Souza, reflected the repulsion writers around the world felt towards the Nazi attitude who, soon after taking power in Germany in 1933, ordered the burning of books in public squares of Berlin and other cities. It was a sign that the worst was yet to come. And few could ever imagine: the pure and simple elimination of more than six million people. That’s why the German writer Emil Ludwig, in his speech at the same congress, after alluding to this sad event and saying that his books were also burned in public square in Berlin, added: “I am, however, proud to see that my books were burned along with those of Spinoza and Heine, two geniuses of literature. “ Then he said that Goethe’s works were also banned and burned. He also recalled that such violence against freedom of expression did

“We receive therefore with no pretension, but in acknowledging our efforts, the words that this honorable assembly directs to Brazil, where the thinking forces of over fifty countries meet to work for

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not reach only the Jews but all intellectuals who did not follow Hitler’s playbook. He concluded: “Nearly all German artists appreciated all over the world that did not affiliate with Nazism, have been exiled or imprisoned.” Many other writers spoke about the real threats to freedom of expression, such as the Hungarian writer Antonio Rado and Bulgarian Minkoff, who denounced identical persecution in their countries against writers and artists. In the Argentinean Congress, one of the most discussed and applauded topics was the PEN Club of Brazil’s proposal, made by Cláudio de Souza, to create a writer’s assistance plan. He argued that in the “corporate system, all classes have assistance, guaranteed by special laws, reserving for that purpose an amount from the person’s salary, and another amount from the employer. Only the writer – the thought, the prestige, the glory and the real conductor of nationality – is doomed to disability and old age or death in misery, in begging.” The project found receptivity in the most varied means, including among Italian delegates Marinetti, Ungaretti and Puccini, who claimed that Italy created a writer welfare support system. The proposal of Cláudio de Souza was brought to the attention of the International PEN, which promised to discuss it with other centers and make the relevant recommendations. The repercussion of two facts, enthusiastically mentioned at the congress by writers present at the Argentinean congress, is noteworthy. The first referred to the abstruse statement of Marinetti, who defended the postulate that “war is the health of the people.” The attendees protested against the position of the Italian writer and demanded that he withdraw it from the agenda. The second episode occurred during the statements of German writer Emil Ludwig, who denounced the atrocities committed by the Nazis and, at one point, quoted Jesus as an illustrious Jew. Then, a university professor present at the Congress took the floor and said that Jesus Christ should not be qualified as a Jew and claimed, with strange evidence, that the Messiah was an authentic Aryan. These ideas and opinions echoed in Rio de Janeiro. Soon after the return of the Brazilian delegation, certain radical groups, especially fundamentalists and communists, keen to discredit the PEN Club’s actions, said that the direction of the Brazilian Center, present at the Argentinean Congress had politicized the meeting. So in one of the sessions of the Brazilian Academy of Letters Conde Affonso Celso mentioned the participation of the Brazilian delegates in Congressional debates and highlighted the courage and determination of those belonging to the PEN membership in bringing writers together in peace. Moreover, president Cláudio de Souza, a member of the ABL, said:

It was a clear note to the Brazilian government, which in fact, despite appeals, never worried about the fate of PEN Club of Brazil. At the same time, as if he suspected the difficult days that lay ahead, the leader of the Brazilian PEN also recalled that one could not expect great fruits from warring powers, because “peace will come of the spirit. Only this, through sentimental education, the elevation of man above instincts, can lighten the environment that becomes increasingly dark, leading one of the greatest modern day generals to request the immediate start of a war between powers, being it inevitable, each day he discovered new methods of sacrificing a higher number of human lives.” In those days, the writer of the Correio da Manhã (Morning Post), to exalt the management of the PEN Club of Brazil, which, with little resources was able to bring together writers through gatherings and monthly dinners, suggested, as an experiment, since “the country’s finances are definitely depleted,” to exchange the serious and dour statesmen of the government with the writers and bohemians of the PEN Club.” The XV International Congress was held in Paris in 1937. The opening session, at the Athenaeum Theatre, was presided by the French Minister of Education and by the President of the PEN, writer Jules Romains. An event of great international repercussion occurred next, when the president, while introducing the 46 countries represented, naming their respective delegates, refused the participation of Italy’s representative, writer Marinetti, for he insisted on imposing on the attendees and the event’s agenda the subject of war as “the health of the people.” This same idea was rejected in the prior year’s Congress in Buenos Aires. Romains argued that the PEN was an association of writers in the service of peace and coexistence therefore could not accept as president of a delegation someone who understood war as the health of people. The rejection of the participation of the Italian delegate was unanimous and writers like Gabriela Mistral, James Joyce, Canby, Hellens, Pierard, Ventura, Calderón, Ferraro, Cláudio de Souza and other delegates openly spoke about it. Nevertheless, Marinetti did not accept the refusal and asked the board to postpone approval of the measure in order to inquire instructions from Rome via telegraph. Indeed, instructions arrived the next day: Marinetti resigned from the Italian delegation and turned over the presidency to writer Corrado Govoni. Still in regards to the issue of freedom of thought, the Paris Congress approved a motion in protest against the refusal of entry in Oslo of German pacifist writer Carl von Ossietzky to receive the Nobel Prize in 1935 and another protest against the freedom of thought which were restrictive measures adopted by Hitler’s government. Once again President Cláudio de Souza presented his writer assistance project based on the same terms proposed the previous year in Buenos Aires, only this time in Paris. The guidelines were drafted by writers Miguel Osório de Almeida, a member of the ABL, and Raul Pedroza, Secretary of the Brazilian Center of the PEN Club. Thrilled with the receptiveness of the writers pension assistance project, the Brazilian delegation, by Cláudio de Souza’s initiative, submitted request to other Brazilian literary and cultural organizations – Brazilian Academy of Letters, Brazilian Press Association, Society of Playwrights, etc. – in the sense that they selected members to discuss together with the PEN Club of Brazil the basis of the project to be presented to the National Congress as an urgent matter. ABL selected the Academic João Neves da Fontoura, Pedro Calmon and Fernando Magalhães; ABI selected its president Herbert Moses and journalists Elmano Cardim and Pinheiro de Lemos; the SBAT its president Paulo de Magalhães and playwright Geysa Bôscoli.

“The doors of the PEN Club of Brazil continue open to all writers. No personal or literary enmity prevails here. We sat down at the table as brothers, brothers of one another and brothers of thousands of writers who at other tables on every continent of the world share the same ideal.” In a message in connection with PEN Club of Brazil’s first anniversary, published in a broad editorial in the 1937 Boletim (Bulletin), President Cláudio de Souza praised the attitude of the French government, which had just donated to the PEN Club of Paris the funds needed for the installation and maintenance of the PEN House at the capital, to host free of charge writers who visited France. He said he hoped that attitudes like those would be adopted by other governments.

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Gathered at the headquarters of the ABI, they finally arrived at the final draft of the project. Then Cláudio de Souza organized the committee that, under his direction, would present the project to President Getúlio Vargas. The following writers, members of the PEN, made up the committee: Anna Amelia Carneiro de Mendonça, Adelmar Tavares, Múcio Leão, Oswaldo Orico, M. Paulo Filho and Raul de Azevedo. The President of the Republic received the PEN Club committee at the Catete Palace with special distinction, and asked that the proposal be forwarded to Parliament. The Brazilian writers’ pension assistance project was without hesitation sent to Parliament by congressmen Levy Carneiro, Pedro Calmon and Fernando Magalhães. Everything was running as it normally did, when the country, on November 10th, was surprised by the proclamation of the New State and the consequent shutdown of the National Congress. The coup was announced by President Vargas. In his words, it was the only effective measure to prevent the progress of a “communist conspiracy” that threatened to take over the country. This alleged conspiracy was supported by the existence of a plan to overthrow the government, called Plan Cohen, who soon after would be unmasked as a fraud. Getúlio Vargas, in his speech, stated that:

With so many initiatives, the PEN Club found great receptivity among Brazilian intellectuals, but at the same time, other discordant voices were beginning to criticize the organization, mainly for political reasons. These were voices that derived, in most cases, from ideological aspects, manifested by more radical sectors either by the communists or the fundamentalists, adherents of the principles of fascism or Nazism. Because of these differences prevailing among Brazilian intellectuals, a statutory rule was established stating that “the PEN may not take part directly or indirectly in any political demonstration or any manifestation foreign to its purpose” (art. IX). Nevertheless, disagreements led to certain attacks, to which those taking the lead decided to respond with a note published in the Boletim (Bulletin) No. 4, from the month of November 1937, saying it would not respond to the attacks:

“Between national existence and the chaotic situation, of irresponsibility and the disorder we found ourselves in, there could be no middle ground or compromise. When political competition threatens to degenerate into civil war, it is a sign that the constitutional regime has lost its practical value, being only an abstraction.”

Even facing the political impasse caused by the New State, the PEN Club’s President, in 1938, once more insisted on the creation of the Brazilian writers’ pension assistance system. The same committee appointed the previous year continued working in the reformulation of the proposal which would be presented to the government. This time, the project aimed to create the Support and Pension Institute for Writers and Journalists. There was a positive development because the project was appreciated by the fiscal registrar, Professor Abrahão Izeckson who, in opinion published in the Diário Oficial (Daily Newspaper) of April 12, concluded as follows:

“Is it worth it for the PEN to respond to these attacks? No, because its goal is to unite not to separate, to love and not to hurt, even when hurt. When it is necessary to rectify any error, we will do so with courtesy and without resentment, but we will leave unanswered what we feel exceeds the limits of good faith.”

With the implementation of the New State, the 1934 Constitution, the National Congress and the possibility of approval of the law granting Brazilian writers a pension program disappeared. Despite these failures, Cláudio de Souza did not give up and started developing new initiatives. At the end of 1937 he had the idea of introducing at the PEN Club of Brazil an uplifting activity: book publishing. The club started issuing books. Members received free copies. In a long article published at the Jornal do Brasil (Brazil’s Newspaper), the Academic Conde Affonso Celso reported that the PEN Club from that moment on began publishing literary works due to an opportune initiative of Cláudio de Souza. In a few months the following books were published: Mara (Mara), Martins Capistrano; Pandemônio (Pandemonium), Christovam de Camargo; Castigo de envelhecer (The punishment of growing old), Joaquim Thomaz; Os amores não correspondidos (Unanswered loves), Cláudio de Souza; O diabo em férias (The devil on vacation), Berilo Neves; O Café (Coffee), Basílio de Magalhães; Vocabulário de crendices amazônicas (Vocabulary of amazonian beliefs), Oswaldo Orico; História social do Brasil (Social history of Brazil), vol. I, Pedro Calmon; Nada (Nothing), Ernani Fornari; Synthèse de Part Breslien, Raul Pedroza; O publicista da regência (The regency publicist), Félix Pacheco; Tratado elementar de fisiologia (Elementary treaty of physiology), Miguel Osório de Almeida; Fábulas de meu jardim (Fables of my garden), Duhamel, translated by João Luso; Os animais, nossos irmãos (The animals, our brothers), João Luso; Paulo Eiró e Carlos Gomes (Paulo Eiró and Carlos Gomes), Mário Vilalba.

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“Presenting these suggestions, we want to emphasize that support offered by the government to people who dedicate themselves to promoting literature is not only an act of justice but a collective obligation to these intellectual workers.” After this favorable evaluation, the project had to go to the Ministry of Finance, and from there, it would finally be forwarded to the President. The XVI PEN International Congress was held in Prague. Once again the Brazilian Center attended the meeting, represented by one of its members, Tavares Bastos. This was the case because Cláudio de Souza was the President of the PEN Club of Brazil and also presided over the Brazilian Academy of Letters, and was invited to participate, in Paris, of the centennial ceremonies of Société des Gens de Lettres. The PEN conferences, in their majority held in the hall of the Brazilian Academy of Letters, achieved great success. Representatives of the following countries attended the last conference of the year: Argentina, Uruguay, Venezuela, Bolivia, Colombia, Cuba, Santo Domingo, Peru, Paraguay and Portugal. According to records published by the Jornal do Commercio (Commerce Journal), President Cláudio de Souza opened the services with the following words:

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“Eleven American nations are gathered together in this room through their accredited representatives, and in addition, giving us the honor of his presence, the Ambassador of Portugal, who is also an american voice, the voice of Brazil in Europe, due to our affinities. These nations gather here, not to meet with materialistic values in mind, which often leads to war, but for an hour of art, thought and beauty. This is the noblest of the diplomacies and missions of intelligence that the PEN Club is performing”.

on the approval of the Support and Pensions Institute for Writers and Journalists. All authorities with whom the writing committee had hearings with proved concerned and caring in connection with this plight. However, nothing concrete happened in relation to the creation of the Support and Pensions Institute for Writers and Journalists. The PEN Club Center in São Paulo, by then created, paid tribute to President Cláudio de Souza by placing his bust, and those of Amadeu Amaral and Guilherme de Almeida in the gallery of illustrious people from São Paulo. At that time, one of the members, Mario Vilalba pronounced the greetings to the president of the PEN Club, noting at one point, some aspects of his literary work:

The creation of the PEN Club Literary Prize by the end of 1938 was undoubtedly one of the most important events of the organization. With two tales of kings made by President Cláudio de Souza, the Board of Directors then changed the regulations, stating that the award would be aimed at unpublished romances and novels. The following year, the Judging Committee, formed by writers Múcio Leão, Haroldo Daltro and Austregésilo de Athayde, decided not to grant the prize or honorable mention to any of the works entered in the literary event. Again the PEN Club of Brazil, under the tenacious leadership of Cláudio de Souza, mobilized the Brazilian Academy of Letters (ABL), the Brazilian Press Association (ABI) and the Brazilian Society of Playwrights (SBAT) to convince and sensitize government officials

“Cláudio de Souza, the prose writer, fits well among poets, although there is no news in the literary world, that the author of Mulheres fatais (Fatal women) has ever tried to reach the Parnassus, climbing the steps of a sonnet ... It would be a onetime event, that a literary work would ever be as intense as his! But if Cláudio de Souza never perpetrated verses, good or bad, even in the unsure stages of new ideas, a wide breath of poetry undeniably encourages his production in theater, in romance, in novels, in short stories, essays, memories of travels, speeches and conferences.”

THE DIFFICULT YEARS: FROM DICTATORSHIP TO WAR If in Brazil the weight of the Vargas dictatorship was felt in all areas of national activity, around the world the possibility of dark days for freedom of thought and expression, especially for promoters of the written word, increased. In 1939, under the tension of the Second World War, two PEN International Congresses were scheduled: one extraordinary, to be held in May in New York City and another, ordinary, in Stockholm, Sweden, scheduled when it was usually held in September. Because information regarding requirements and dates for the New York congress arrived late, the PEN Club of Brazil was unable to make arrangements to send its delegation. Nevertheless, the Board of Directors of the Brazilian Center, taking into consideration the importance of the event and the serious damage their absence at that time could have caused, contacted ambassador, Jorge da Costa Leite, consul of Brazil in New York, and asked for his authorization to send the journalist and writer Victor de Carvalho, from the Correio da Manhã (Morning Post), to represent the PEN Club of Brazil at the PEN International Congress. Although Victor de Carvalho was unable to take part of the discussions and sign resolutions adopted by the Congress since he was not affiliated with the Brazilian Center, his presence as an accredited journalist allowed him to report to Brazil the progress of all phases of the event. Prominent figures of world literature were present at the New York congress, like Jules Romains, president of the PEN International, Thomas Mann, Andre Maurois, Pearl S. Buck, who received the Nobel Prize for Literature in 1938, Lin Yutang, Johan Bojer, Sinclér Lewis, president of the PEN Club of New York, and his wife Dorothy Thompson, Ferdinand Bruckener, Hermon Ould, secretary general of the PEN Club of London, who had been recently honored by the French government with the Legion d’honneur, Benjamin Cremieux,

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and many others. The inaugural session took place in the Hall of Music, with the surprising presence of 2,500 guests. The following workshops took place in the New York Exhibition Palace. Due to the tension experienced worldwide because of the outbreak of the armed conflict of the Second World War, the opening words of President Jules Romains signaled a clear change of perspective adopted by the PEN centers all around the world: “Because we have so far been moderate and prudent, we do not abdicate the right to change this attitude. We have made incredible and almost paradoxical efforts not to see ourselves involved in ideologies. Also, we did not want to issue statements on the internal governance of any country, even when it was impossible not to see the mortal danger to the spirit and to the conscience and to the future of civilization. We restrained ourselves as much as we could.” These words of Jules Romains provoked intense and constructive discussions. In fact, there were, among attendees at least two streams: the moderates and the radicals. The radicals wanted confrontation in and out of their countries. The moderates on the contrary, understood that PEN Centers throughout the world should not directly fight countries or ideological waves that defended the war and the imposition of dictatorial governments. They argued that, when its framework for membership was being built, with affiliation of its partners, they did not call into question behavior or politics, creed, ideology, religion, philosophy, literary, or other beliefs. Then how could they manifest refusal to freedom of thinking and impose on their members limits, restrictions or unrestricted adherence to certain doctrinal principles?

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The PEN Club of Brazil, despite these initial discussions and agitations that took place within the Congress, but that, in fact, reflected the international reality of that moment, fully approved the final resolution signed by the assembled attendees in New York, summarized as follows:

year, which led the publisher to put on top of the page the term “report” rather than Bulletin. It also included the summary of the celebrations of 21 years of the London PEN foundation, in which distinguished members of that center spoke, like the writers Herbert Read, Stephania Zahorska, Wilhelm Ketlhan, Dr. George Bell (Bishop of Chichester), J. Kodicek, Batista y Roca, Olaf Stapledon and others. Among many topics, it is worth highlighting, in first place, the editorial, as always focused on the most significant achievements of the organization: the effort to fulfill the mission of the PEN Centers and persistence in maintaining that direction as if it were a steady hand holding the boat’s rudder at sea. Accordingly, the writer of the Bulletin insisted that PEN members should not engage in partisan or ideological squabbles of politics, especially on Club grounds, risking the growth of avoidance or dislike, creating an atmosphere of discord and unjustifiable division:

“The writers present at this Congress, convened by the US Center of the PEN International, call the attention of their readers and of all that trust in them, the dangers that currently face civilization, peace, freedom and dignity of the human spirit. Each of us will endeavor to raise awareness of those living within the borders of the force, reviving in their spirits the notion of superior human ideals. (...) We will also strive, by all available means, to consolidate the peaceful coalition of all the people who want to strive to stop the march of violence and aggression. Each of us will stifle their doctrinal or political preferences to only assist the government of one’s country in defending peace and civilization.” Confronted with this opinion, some more radical Brazilians writers started criticizing the position assumed by the PEN in the following note published in the early part of 1940:

“We never intend to impose unanimity. We wish, on the contrary, that all opinions be heard so that from their analysis we could assess the weight and accurate measurement of our conduct. We do not strive to obtain any personal interest. We present our spiritual and material contributions to benefit only our class”.

“Those who accuse us of not taking a combatant position in the political and social controversies of the moment are unaware of the program of all PENs, whose slogan is conciliation, peace, friendship, mutual respect and all other expressions of loving brotherhood between men of culture. The PEN did not emerge from the war or for war: it was born as a spiritual flower of tenderness in the heart of a woman from calamities at the end of the Great War to reconcile winners and losers in a comforting anthem of peace. It did not come to fight but to convince. It did not come to hate, and even at times when it is beaten, insulted, reviled, or slandered by ignorance, envy, by spite or by stubborn malevolence, it should answer with the serenity of Antigone to her tormentor: – ‘I cannot dislike you even when you insult me, because my heart was made to love and not to hate”.

After comparing national actions with those undertaken by other members of the International PEN centers, in those moments, united in the principles that fought tyranny opposed to free expression of thought and literary and cultural production of humanity, he concluded: “We are united in a supreme mission. An apostolate. A work of pure altruism, of complete humanity. We defend the right to think, the spiritual right to create, without imposing, to possess without plunder, to live freely without killing other people with slavery. We can rest assured that the excellence of our faith compensates all efforts we devote to it. And likewise think all our members, who, with the solidarity that we are very grateful for, have accompanied us and helped us during the last year.”

The PEN Club of Brazil concluded the note to critics by noting that at its headquarters there would always be “a place for all of you at our table whenever you wish to share with us the Eucharistic bread for your souls’ nutrition in goodwill and good faith”. It also claimed to avoid any doubts about the organizations position, that the Brazilian Center followed the orientation adopted by the PEN International, also in tune with the same principles adopted in the resolution of the New York Congress. Among the information regarding PEN’s activities, two subjects drew the attention of its members: the persistence of President Cláudio de Souza in solving the problem of pension assistance for the Brazilian writer with the federal government and the continuity of the program or service of free distribution of books. Regarding the project of the pension institute for writers, started four years ago, PEN continued waiting for the resolution of the Ministry of Labor’s responsible bodies, despite claims that it had the support of President Getúlio Vargas. Upon completing six years after its foundation, the PEN Club of Brazil, in its April 1943 Bulletin, presented detailed information, in a report format, of the activities of the previous

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The PEN Club of Brazil held a series of public conferences accompanied by a poetry recital. One of the busiest conferences was held in honor of Winston Churchill, Prime Minister of England, at the Noble Hall of the Brazilian Academy of Letters. Opening the meeting, President Cláudio de Souza offered vibrant comments about the human and political trajectory of the English leader, on the occasion of his birthday. The poet Abgar Renault, then read some English poems with war as its theme. The main lecture was giving by Academic Oswaldo Orico, addressing the noble and courageous actions of Churchill, not forgetting, of course, some picturesque and even anecdotal moments of the life of the English leader. Another moment of great significance was the lecture by the foreign member Léopold Stern, affiliated to the PEN Club of Paris, on the happiness of love, title attached to his greatest work, La psychologie de l’amour. The speaker concluded his words with these assertions:

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“To achieve resignation it is essential to have proper temperament. The ambitious, for example, will never come to this serene region, because he always wants more – and, therefore, the most that he achieves would not make him happy. He is doomed to always run after new acquisitions. For him there is no finish line; he will always be eternally dissatisfied” (Bulletin No 7, 1943).

to the President of the Republic a condolence message, expressing his “deep indignation against the extremely coward attack on our ships in territorial waters, in which defenseless citizens, including women and children, were murdered ... “ He joined immediately, the fund gathering campaign for the families of the victims of the torpedo attacks and personally donated the value of Cr$ 1,000.00 and mobilized several members of the Board of the PEN Club, where they spontaneously gathered the amount of over Cr$ 1,200.00. It was at that time that, at the heart of the PEN Club, the organization’s jurisdiction was called into question. At the inaugural statutes its jurisdiction was referred to as a restrictive one. The first article called it the PEN Club of Rio de Janeiro, when Article XVIII designated it as PEN Club of Brazil. The mistake was obvious and needed correction. After all, the intention of the founders undoubtedly was that the club was a Brazilian entity and not a Rio de Janeiro entity. In other words: national and not regional. The constitutional amendment was approved, and the Center became the PEN Club of Brazil, sustaining that it had been founded with that name on April 2, 1936. The mistake was therefore corrected. However, the founders went further. In considering themselves a Brazilian or national entity, they anticipated, on the 2nd Article, the possibility of creating other PEN centers in other cities in Brazil, affiliated to the national center. In a single paragraph of this article they established the following conditions:

Léopold Stern was one of many European writers exiled in Brazil shortly after the outbreak of World War II. Due to this reason, during the first years of the armed conflict other foreign writers were also welcomed at the Brazilian Center, such as Alfred Agache, E. Feder, Michel Camenka, Max Fischer, all affiliated with the PEN Club of Paris; the poet Gabriela Mistral, from Chile’s PEN Club; Paul Frischauer, from the London PEN Club; and, as already mentioned, the Austrian writer Stefan Zweig. They all found in the association with members of the PEN Club of Brazil the support, solidarity and encouragement necessary for the difficult adjustment to the customs of the land. About this warm welcome, Stern said in his memoirs that, when deciding to come to Brazil, he arrived here with the impression of having lost everything he held most dear in his life, however, since his arrival, “as he felt the loving care of his colleagues of the PEN Club, this great universal family, of his other fellow writers and the public in general, he felt renewed hope and confidence, two indispensable elements to every human life.” Cláudio de Souza did not miss an opportunity to sensitize people and companies to donate amounts to be allocated to the building of the headquarters of the PEN Club of Brazil. Thus, in 1942, it was recorded in Bulletin No. 11, a donation of Cr$ 2,000.00 by the board of Sul-America, one of the largest insurance companies in the world. In addition, Mr. Ávila Raposo, prestigious realtor from Rio de Janeiro, donated Cr$ 1,000.00. Other donations, properly recorded in the books of the club, were made, however, these donors demanded absolute anonymity. Cláudio de Souza, always predisposed to help people and organizations, during that time, gathered monetary and asset donations to benefit the family members of those killed in the torpedo attacks of Brazilian ships. In regards to this unfortunate episode of the war, Souza, as President of the PEN Club of Brazil, did not merely send

“For the creation of state centers, at least fifteen writers will prepare three copies of the minutes stating their desire to establish the new center, accepting these statutes with the necessary local modifications. Two copies of the minutes will be sent to this association which, upon approval, will declare the new center as an affiliate and report their affiliation to the PEN International.” It is noteworthy that only Bahia tried to create a new center at that time, but it was never able to structure itself. Years later, in the mid1960s, São Paulo organized a Center. It worked for a while, it even issued a magazine, however, for lack of regularity in their cultural and literary initiatives, it ceased to exist.

Intermezzo PEN CLUB OF BRAZIL AND THE TRAGEDY OF STEFAN ZWEIG Why highlight the name of Austrian writer Stefan Zweig, considering him a symbol of resistance to the Nazi persecution along with other world writers in a book whose main purpose is to tell the history of the PEN Club of Brazil over the past 80 years? The answer is simple. First, because Stefan Zweig, as well as dozens of other foreign writers that were refugees in Brazil during the Second World War (1939-1945), joined the membership of the Brazilian Center. Then, the Austrian writer, taking advantage of his Jewish background, campaigned openly and courageously in favor of freedom of thought and democracy in different countries, defending thus the fundamental pillars of the global association of writers affiliated to the PEN Centers. Finally, because, forced by the adverse circumstances of that historical moment, he settled definitely in Brazil, and in 1942, reached a climax of existential despair that led him to suicide with his wife. This unfortunate double suicide act still raises huge speculation

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nowadays and, whether we like it or not, it is engraved in the memory of many members who knew him and, in a way, in the history of the PEN Club of Brazil itself. The first signs of the Nazi persecution to writers arose precisely in Salzburg, where Stefan Zweig lived with his family. So it would not be unrealistic to state that it was one of the reasons why the writer moved away from that city, and later on to Brazil, around 1940. In fact, his existential drama started long before that, precisely, on May 10, 1933 when he felt personally threatened by the first burning of books by authors considered decadent, unworthy or contrary to the German spirit in several cities. The first fires were lit in Salzburg. Then, in Berlin more than 20,000 books were also incinerated in the public square, under the encouragement and the euphoric eyes of the Nazi authorities. They were books of Jewish, communists and liberal authors, all labeled decadent. Students, intellectuals, public and private workers, in sum,

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the general population, was previously called to witness those authentic “acts of faith.” Among the works thrown at the fire pit, mostly gathered from public libraries, appeared books from Freud, Werfel, Einstein, Marx, the brothers Heinrich and Thomas Mann, Alfred Doblin, Erich Maria Remarque, Bertold Brecht, Stefan Zweig and others. One day his house in Kapuzinerberg in Salzburg, was raided and searched by the political police, no longer looking for simple copies of his proscribed books, but for weapons. Police justification was quite offensive and irrational when it comes to the house of an intellectual as Stefan Zweig. Other noticeable signs of reproach and discrimination exercised by people close to him, who knew he was Jewish, were sufficient to warn him of the danger he began to face. In those days another danger sign caught his eye: after long waiting for the release of his libretto for the opera A mulher silenciosa (The silent woman), at the request of Richard Strauss, held by the German authorities, Stefan learned that his text was finally released by Adolf Hitler himself, who then sympathized with Strauss work. The interference of the dictator in the release of his work actually bothered him. So he did not attend the premiere of the opera and, from that day on, he imprinted in his memory the image of Hitler’s house located at the very edge of the border of Austria with Germany, so close that he saw it with the naked eye. There, as if it were a permanent sword in hand against reason and intelligence, lived the man who threatened not only his inner peace, but also that of the entire world. So in October 1933, Zweig decided to leave home and travel abroad. Later, he would write with excessive melancholy in his memoirs O mundo que eu vi (The world I saw): “When I left my beautiful home, I had no idea that this was already a sort of farewell.” This forced move made him very sad and disoriented. In a letter to Romain Rolland he could not hide his dismay:

invitation to attend the meeting of the PEN Club of Dubrovnik, on the understanding that Jews should stay away from any political attitude or manifestation, Zweig changed his mind and accepted the PEN Club of Argentina’s invitation to participate in the XIV Congress of the PEN International, to be held in Buenos Aires. Before arriving in Buenos Aires, Stefan Zweig, following the itinerary of almost all European delegates of the XIV PEN Congress, made a stopover in Rio de Janeiro. One of his first measures was to look for the headquarters of the newly established PEN Club of Brazil. Cláudio de Souza reported the meeting as follows: “In August 1936, in one of those sunny days that seem to bring us gilded message with auspicious omens, knocked on the office door of the Brazilian PEN Club, recently arrived, one of the biggest names of this universal association, Stefan Zweig, in transit for the XIV World Congress of the PEN, which was held in Buenos Aires. The last rays of sun glittered the bay waters, making its evaporation glow” (Cláudio de Souza, Os últimos dias de Stefan Zweig [Stefan Zweig’s last days], Rio de Janeiro, PEN Club of Brazil’s Edition, 1942, p. 7). The meeting was relaxed and full of surprises. At one point, when contemplating the stunning scenery of Sugarloaf, seen from the terrace of the building where Cláudio de Souza lived at Praia do Flamengo 172 in the triplex from ninth to eleventh floors (same place where the main office of the PEN Club is located today), Stefan Zweig expressed the desire to visit the Sugarloaf to better observe that wonderful city from there. Within a few minutes they reached the cable car station and soon reached the highest point of the Sugarloaf. Cláudio registered the visit in detail: “Within a few minutes we were in the air tram. Zweig, silently gazed at the grand panorama. Religious compunction transcended him from the Israeli soul and floated in his eyes, absorbed in the contemplation of that monumental synagogue, more sumptuous than the temple of Solomon. When the cable car (tram) stopped on the high cliff a rough and mighty wind blew. We, the ones that accompanied him, sought shelter behind the engine room. He went forward in strides. He reached the highest point and stood there. His hair disheveled, his face revealed he felt raptured, like in a mystic trance. (...) Zweig had been in the middle of those two horizons that could be considered symbols of two notions: the american, ours, of peace and christian tenderness, the atmosphere consistent with this spirit, and the western, of the strength which was preparing for war, for the carnage and for the ravage, for the banishment and the tragic death of its spirit” (Cláudio de Souza, Os últimos dias de Stefan Zweig [Stefan Zweig’s last days], 1942, p. 8-9).

“I said goodbye to my house, to my collection, to my books, they can keep it, I do not mind, on the contrary. I will be freer after this whole life lived does not weigh on my shoulders anymore. Home, collection, all of that is for the quiet years that go by in a snail’s pace – in times like ours, one needs to have weight-free shoulders.” (Cf. Prater, Donald. Stefan Zweig. Biografia [Stefan Zweig. Biography], p. 237). The news he received about the fate of some of his closest writer friends were disheartening. Thomas Mann, for example, who had long exiled in Lugano, had his home in Munich with his personal assets confiscated by the Third Reich government officials. Others, concerned about the exasperating threat, also took the road of exile. Throughout all those places, it is worth noting, Zweig carried with him the unwavering sense of “Peace agony”, an expression used as the title of the conclusion of his memoirs O mundo que eu vi (The world I saw). This agony increased every day, and persisted strongly during the period of 1934 to 1940, when he took refuge in England. It was there that he saw the evolution of the war disasters, culminating in what he called the “agony of my country,” when Austria was finally politically and militarily occupied by the forces of the Third Reich. Because of this, in 1936, even after he had turned down the

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After the Buenos Aires Congress, Zweig returned to Rio de Janeiro at the invitation of the Minister of Foreign Affairs, Ambassador José Carlos de Macedo Soares, to utter conference. The theme was the “World’s Spiritual Unity” (Unité Spirituelle du Monde) presented at the National Institute of Music for a grand and interested audience. At one point in pessimistic tone, he warned:

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“A large part of mankind at this moment strives only to find means to sow death, ingenious means to murder the largest number possible of children of our common mother, the Earth, in the shortest amount of time! What a let down for our souls, we hate hatred as the most wretched enemy of ourselves, and we watch, unarmed and helpless that aberration of feelings”. (Cláudio de Souza, Os últimos dias de Stefan Zweig [Stefan Zweig’s last days], 1942, p.17-18).

In all those countries he lived under the nonconformity, not wanting to accept or understand the pernicious logic of war which was raging through Europe and, in a short time, to his dismay, threatened to also reach other continents. Finally, during his second trip to Buenos Aires in 1940, he decided to settle down in Brazil. He went to the Brazilian Consulate and there he received his permanent resident visa, during a trip to Rio de Janeiro. Aside from his interest in Brazil, the truth is that when he arrived in Rio de Janeiro he received two good news: the official invitation of the Federal Government to get to know the country and the enormous acceptance of his books among Brazilian readers. Since 1932, his books began to appear in all bookstores published by Editora Guanabara. The arrival of Stefan Zweig to Rio de Janeiro aboard the Alcântara, at the Guanabara Bay, as recalled his biographer Donald Prater, was worthy of a prince or head of state on official visits. Upon landing, he was received with honor meant to distinguished personalities. He was greeted by the Minister of Foreign Affairs and the Ambassador of Austria in Rio de Janeiro, other local authorities, his publisher, Abraham Koogan, writers and admirers. Next, he stayed at a master suite of the Copacabana Palace. The government also made available an attaché of the Ministry with a car and driver. Then he began to fulfill an intense agenda of appointments, interviews, lectures, conferences and private meetings with writers and artists from different trends. The visits and contacts established with cultural entities such as the Brazilian Academy of Letters, PEN Club of Brazil and Brazilian Historical and Geographical Institute (IHGB) are noteworthy. In addition, other personalities paid him significant tribute. He was invited to dinner with President Getúlio Vargas, at the Presidential Palace and, with the Minister of Foreign Affairs at the Jockey Club. The impact of his presence in the city was so great that the lectures he pronounced at the Brazilian Academy of Letters and the National School of Music, in French, attracted a huge audience who stood in long lines to gain access to the auditorium with two thousand seats. So many people came with books for him to autograph that, at one point he suffered cramps in his hand and had to stop to rest. In the following days he made private visits, by car, to the most visited corners of the city and also to Petrópolis. He visited Guanabara Bay’s most beautiful islands on board of a boat specially assigned by the government. The warm welcome, joyful people, beautiful landscape, and color changes in the water and in the sky made Rio de Janeiro an extraordinary surprise for Stefan Zweig. He repeatedly would tell everyone about his great joy in coming to Brazil. When writing to Friderike he revealed his satisfaction with the following words: “Brazil is amazing; I could cry like a calf to the idea of having to leave. One thing is certain; this is not the last time I come here” (Donald, p. 268). Amongst all these contacts, perhaps the ones maintained with the members of the PEN Club of Brazil were the most cordial and friendly, due to the immediate affinity between him, Cláudio de Souza and other Brazilian writers since 1936. Before securing permanent residence in Rio de Janeiro, Stefan Zweig, in 1941, traveled to the United States in order to complete the book Américo Vespúcio – História de um erro histórico (Amerigo Vespucci – Story of a historical mistake) (and to complete his memoirs, a project that had been postponed for years. To this end, he rented a mansion in Ossining (New York State), where his first wife Friderike lived, who, although separated, helped him finish the draft of his memoirs, as a friend.

This notably negative deliberation, in those days, still found in the writer’s mind enough strength to react: “Despite this, however, we should not give in to a debilitating pessimism, which is a destructive element. The power and duty of the words at our disposal compels us to double our work to strengthen our faith in the triumph of rationality. And if in the night that surrounds us we catch sight of a weak moonlight of hope, we should point it out to our brothers to comfort their moral weakness. And, therefore, ladies and gentlemen, I’m here to show you, honestly, my conviction that to these forces oppose others that unite rather than divide. In the course of history, a force for moral union in the world has always stood up against the destructive tendencies” (Cláudio de Souza, Os últimos dias de Stefan Zweig [Stefan Zweig’s last days], 1942, p. 17-18). Then Zweig returned to Europe, and decided to go into exile in London. During that time he wrote the biography Maria Studart (Maria Studart), and started to avail himself of the work of his secretary Lotte Altmann, who came to London as a refugee and was referred by Friderike, Stefan’s wife. Days later, he traveled to Scotland accompanied by his secretary. This period, from early 1938 to late 1939, was a troublesome time for Stefan Zweig. In Austria, his mother died and, at the same time, his relationship with his wife Friderike deteriorated completely. He decided to leave Europe to come and live in Brazil, even formally petitioning for Brazilian naturalization. He received a favorable response, but at that time he preferred to wait for the response to the same petition sent to the British authorities. In possession of a British passport he fulfilled extensive agenda in the United States, where he gave lectures in about 30 cities. Meanwhile, his anguish widened when he learned that the Nazis promoted a new book burning at the public square of Salzburg and his works, once again, were enlisted and burned at the stake. Sad and disappointed he returned to London, shortly before the invasion of Czechoslovakia by the Third Reich, when he published his only novel, Coração impaciente (Impatient heart), which became a best seller. Later, when he returned from short trips to Switzerland and France, he found himself in an uncomfortable situation: he and his secretary Lotte were caught dating by Friderike. This incident caused the final separation of the couple. Upon returning to the city of Bath in England, he formally married his secretary on September 1, 1939. Since then and in subsequent years, wherever he resided, he could not do away with the exile status and the ghost of European military conflict. This state of discouragement profoundly affected the sensitivity of the humanist writer, expressed, above all, in his works of intellectual reflection. A vain attempt to escape the war may explain his constant moving since 1933. He did not settle definitely in any of those places, but always as an exile. He lived in England, United States, Portugal, France, and traveled frequently until 1940.

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Back in Brazil, after taking a tour of the North and Northeast, he accepted the assignment to write Brasil, país do futuro (Brazil, country of the future), which was published almost simultaneously in Brazil and Portugal, as well as translated into German, English, Spanish, Swedish and French. Influenced by Cláudio de Souza’s enthusiasm, as well as other mutual friends who, like him, had a summer home in Petrópolis, Stefan Zweig rented a house in that pleasant mountain town and moved there with his second wife, Lotte Altmann. The house, with modest rooms, but cozy and with a solid construction, was situated on a steep hill by the main entrance of the city, at Gonçalves Dias Street, No. 34. There he finished his memoirs O mundo que eu vi (The world I saw). Everything seemed to be going smoothly. Zweig’s relationship with writers and other friends was normal, and, with Cláudio de Souza, Léopold Stern, Alfred Agache and others, since they belonged, as Zweig, to the membership of the PEN Club and resided in Petrópolis, his relationship was closer and constant. With Cláudio de Souza, however, the contacts occurred almost daily. By that time, due to the persistence of Souza, Stefan Zweig accepted an invitation to utter new conference in Rio de Janeiro, in the auditorium of the Brazilian Press Association (ABI). It was a tremendous success, even though the entrance to the auditorium was paid because the income was intended to help the exiles as well as the ABI and the PEN Club of Brazil, entities involved in this valuable work of supporting foreign writers who at that time, sought refuge in Brazil. Stefan Zweig approached the following topic: Vienne d’autrefois (Viena de outrora [Vienna from the past]), bringing to the audience vivid images of the Vienna of his youth, the Vienna of the waltzes, of the concerts, of the romantic mood immortalized in so many musical, literary and dramatic works. The same concern with helping European exiles who sought refuge in time of war, caused Zweig in 1941, when he went to New York to collect bibliographic material and other information for his memoirs (O mundo que eu vi [The world I saw]), to also discuss this matter over there. Accordingly, when he met with writer friends, like Jules Romains, Thomas Mann, Somerset Maugham, Maeterlinck, Conde de Sforza, Siegfried Sassoon, Léopold Stern, André Maurois and others to found the American PEN Club Center, the aid to refugee writers was the main theme. Days earlier, Zweig, from New York, had asked Cláudio de Souza, as president of the Brazilian Center, to send a message to the founders of the American Center. The request was granted and Stefan Zweig himself read the message before that illustrious assembly and, soon after, informed the Brazilian Club’s president of the outcome and results obtained:

that time. Souza, however, at that moment, could not even imagine that the Austrian writer was so close to carrying out the fatal gesture that was approaching. His answer undoubtedly assumed a morbid tone: “Regarding the PEN Club dinner, I tell you, frankly, that it is impossible for me, at a time when all my comrades and compatriots suffer so terribly in Europe, attend any event in a cheerful and luxurious environment; It is a question of conscience. I am happy to have the privilege to live and work in this country, which has the double blessing of beauty and peace. But I want to avoid exposing myself to anything that has a character of happiness, joy, pleasure: without having lost any relatives, I am in mourning” (Zweig handwriting). By insisting so emphatically in the negativity, in reality, Zweig seemed to try to explain in his argument, since then, the reason for the desperate final step, the only solution that he found two and a half months later. That Christmas, however, not Cláudio de Souza nor his closest friends noticed his obstinate determination, because added to the obscure idea of mourning, in fact, he reinforced the grounds for his justification with the harsh phrase inserted – “person who has lost everything he held most dear in his life” – as noted in the next paragraph: “Mourning for Europe, for humanity, and forgive my distance as you would a person who has lost everything he held most dear in his life. The happiness of finding friends here as reliable and as perfect as you are does not let me forget the others, and I do not want to forget them. No doubt you understand me, my dear friend. The intimate gatherings are more precious to me than ever, but I avoid everything related to society, publicity, and fun”. (p. 36 and 37). This strong friendship maintained between the two couples – Cláudio de Souza and Luizinha, Stefan Zweig and Lotte – in Petrópolis, was kept until the last day of the lives of the Austrian couple. The mutual visits between the two houses were constant. On Sunday of Carnival, 1942, the week leading up to the double suicide, Zweig and his wife, visited Cláudio de Souza for the last time. The President of the PEN Club not once came to suspect the drama lived by his writer friend. While Lotte chose to stay talking to D. Luizinha, the two men went up to the first floor where the library was, and there Zweig asked Cláudio to do him the favor of translating to portuguese a letter he had written in French dealing with literary subject. Perhaps this letter was the last literary text written by him. Then after hours and hours of conversation, since they spent the whole day together, what most impressed Cláudio de Souza was the persistence with which Zweig said he had lost everything he managed to preserve for old age. At 60 he was a disillusioned old man. On the day of the fatal outcome, the morning of February 23, 1942, ironically, Cláudio de Souza was the first one to take notice of the double suicide: Stefan Zweig and his wife Lotte died in each other’s arms on the bed in his bedroom, after ingesting a strong dosage of poison. She was next to him in an intimate position with her head serenely lying against her husband’s chest. Immediately Souza called Léopold Stern, who later in the book, reported their initial despair lived on that awful day as follows:

“My dear friend, your message was read amidst warm cheers of an assembly of a thousand people. I thank that Center for having attended spiritually our meeting. Everything went very well, and we were able to gather $5,600 dollars (112: 000$000) to bring the last exiled writers” (Op. cit., p. 32-33). Back in Brazil, in Petrópolis, Zweig was invited by Cláudio de Souza to join the traditional Christmas celebration dinner of 1941, sponsored by the PEN Club. Zweig’s response was surprising because it revealed a clear tone of sadness and pessimism in view of the world situation at

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“– Stefan Zweig and his wife died ... Suicide ... come. Cláudio de Souza, President of the Brazilian PEN Club, a close friend of Zweig, called me over the phone to give me these unbelievable news. I ran from my house to Cláudio’s, which was only a few meters away. The speed of my steps did not prevent me from feeling the pain of my heart, and my thoughts only repeated: ‘That’s terrible, terrible!’ Upon arriving, I found Souza talking to Alfred Agache who, choked with emotion, told me his story. Passing through Petrópolis, he went to give Zweig a hug. On his way up to the writer’s house, he found three gentlemen coming down. To avoid the unnecessary climb, since the house was on a steep hill, he asked one of them if Stefan Zweig was at home and received the reply: – The poor man! He and his wife have just committed suicide. Agache, stunned, unable to ask any other question, also ran to Cláudio de Souza’s house, who, in turn, called the press. Stunned and hurt, for a while we did not know what to do. Finally, one of us said, “Come on! We must go immediately at full speed to take care of the remains of Stefan Zweig.” (Léopold Stern, La mort de Stefan Zweig [The death of Stefan Zweig], Rio de Janeiro. Brazilian Civilization, 1942, p. 10-11.)

exclusively to spiritual work, considering human freedom and my own as the greatest good on the Earth. I leave an affectionate goodbye to all my friends. I wish they can see the dawn that will come after this long night. As of myself, impatient as I am, I go before that.” Stefan Zweig, Petrópolis, 02/22/1942”. (apud Cláudio de Souza, Os últimos dias de Stefan Zweig [Stefan Zweig’s last days], 1942, p. 767 e 768). The pain and weep of his dear friends were deep. The news suddenly touched the world. To Petrópolis rushed friends, writers, fans, government officials, including the President, Getúlio Vargas. Everyone wanted to give the last farewell to Stefan Zweig and his wife Lotte. The ultimate care dedicated to the dead – placing flowers on the bodies before walking to the holy ground – was in charge of Cláudio de Souza, as representative, in Brazil, of the worldwide association of writers, the PEN Club, an organization to which Zweig was affiliated. This moment was also shared by his wife, D. Luizinha, who took care of Lotte’s body, moment remembered in the following touching words:

On the desk in the bedroom, not far from the bodies, Zweig’s statement was found, written in German, which Léopold Stern translated into French and then, Cláudio de Souza translated into Portuguese. Here it is:

“With flowers, which, in that morning of sun and grief, blossomed in the Petrópolis gardens, my wife completely covered, with her delicate hands, the body of that wife in her sad coffin; with flowers, that were also cut from its ground roots that morning, I completely covered with my coarse hands the body of the one who, with a sound mind, destiny took from his earthly roots”. (Cláudio de Souza. Os últimos dias de Stefan Zweig [Stefan Zweig’s last days], 1942, p. 74).

“– Before leaving life on my own accord, with a sound mind, I feel the need to fulfill a last duty, to thank deeply this magnificent country – Brazil – which has given me such a warm welcome. Every day I spent here, I loved this country more. Nowhere else could I nurture the hope to restart my life. After I saw my own country capsize and my spiritual homeland – Europe – destroying up itself, and as I reach 60 years old, it would require huge efforts to rebuild my life, and my energy is depleted due to long years of wandering as a foreigner. I judge best to finish in time a life dedicated

PEN Club of Brazil did more in memory of Stefan Zweig: on the date of the first anniversary of his death, the President Cláudio de Souza requested the mayors of the city of Rio de Janeiro (then Federal District), Henrique Dodsworth, and Petrópolis, Márcio Alves, to give the name of the Austrian writer to a square or street in their cities. The proposal was accepted and, later, other Brazilian cities followed their examples. At the same time, Cláudio de Souza organized a delegation of members and friends of the PEN Club to go to Petrópolis and lay flowers on the grave of Stefan Zweig.

STILL THE DIFFICULT YEARS: FROM DICTATORSHIP TO RE-DEMOCRATIZATION Amongst the activities promoted by the Brazilian Center in 1943, undoubtedly, the conferences were the focal point. Held as usual in the auditorium of the Brazilian Academy of Letters, they caught people’s attention first by the names of illustrious guest writers; second, by the importance of the topics covered. Names like the poet Pedro Vergara, the young poet Stella Leonardos and the French writer Léopold Stern opened the lecture series that year. Vergara made critical study of modern poetry of Rio Grande

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do Sul and Stella Leonardos read her latest poems from the book Rufa ao longe um tambor (A drum ruffles at a distance). Léopold Stern talked about Psychologie de la jalousie. Other conferences followed, given by Maria da Gloria Rangel de Almeida Portugal (Guatemala, terra de sol e de montanhas [Guatemala, land of sun and mountains]), Maurício de Medeiros (Psicologia da anedota e do riso [Psychology of anecdote and laughter]) and Acyon Baer Bahia (Psicologia da Arte Moderna [Psychology of Modern Art]).

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However, the cycle of conferences on peace, held during the month of September, maybe because it focused on such a current theme, brought together a real pleiad of intellectuals. The sessions, with free admission to the public, included the following schedule:

The interest in participating in all issues related to the search for peace influenced other entities such as the Brazilian Press Association (ABI) and the Brazilian Academy of Letters (ABL), to join the direction of the PEN Club and express their support to the Brazilian Center, which in that moment of the literary, cultural and political history of Brazil, boldly, refused to silence or change the course or practice of its principles defended by the other PEN Centers worldwide, because of direct or indirect threats, which began to appear, from voices linked to totalitarian interests. The position of the PEN Club was a clear answer to those threats. So when the Brazilian government decided to join the allies and effectively participate in the war, authorizing the military to send contingents of troops to the theater of war operations in Europe, the same entities, together with the PEN Club, have publicly supported this important step of Brazilian foreign policy. The PEN Club argued in a statement that “no class other than the freethinking writers have suffered such extreme persecution of those barbarians by the public burning of their works, the murder or the banishment of their great geniuses, many of whom sought in suicide release from the shame of their condemnation. This is why we, the writers, owe an extreme recognition to the defenders of freedom” (Boletim [Bulletin] of the PEN Club of Brazil, No. 12, March of 1944, Year VIII, p. 8). These appeals, in fact, represented effective responses directed not only to the internal public, that is, writers that were members of the Club, but also some voices of groups that were against the work performed by the PEN Club of Brazil, such as supporters of nazism, fascism, fundamentalism and even communism. The direction of the Brazilian Center had learned that, before Brazil joined the Allies, being it a time of uncertainty of foreign policy, the German embassy expressed its dissatisfaction with the position assumed by the PEN Club, clearly contrary to war and for democracy. Nevertheless, in those days, the direction of the Brazilian Center chose not to respond and continue to strive for the same principles. The PEN Club was not limited to manifest their solidarity through statements addressed to the military ministers of the Navy, Air Force and Army. The support for the military campaign in Brazil during World War II, as previously mentioned, followed the example adopted by the PEN International, based in London, which held practical demonstrations of support to the families of soldiers killed in campaign. PEN International’s initiatives also included promoting campaigns in favor of war orphans. Additionally, it sent messages to raise awareness among writers at all the 62 affiliated centers, around the world to follow their example. The London press reported that England should host “the orphans of Jews who, by the thousands, were shot in Germany and the countries occupied by it, poor children who are exposed to death by abandonment, misery and hunger.” The London newspaper Times added that the PEN leaders, faced with the fear of some at the possibility of causing the feeling of anti-Semitism among the English people, warned, “We, English writers declare that this assumption is an insult to our people. When we hear the news of poor children who are suffering incredible cruelties in Europe, starving, we cannot refuse to help them with compassion for the simple fact that they are children of Jews. There is no English, of good blood, which would reject saving them. If we denied them our help, we would be failing on our own duties of humanitarian people who are sacrificing themselves for the victory of civilization”.

I – Hermes Lima, Palavras de abertura (Opening remarks); Affonso Arinos de Mello Franco – O pensamento político e a reconstrução do mundo democrático (Political thought and the reconstruction of the democratic world); Arthur Ramos – A questão racial e o mundo democrático (The racial issue and the democratic world); II – Pedro Calmon – Contribuição da América à organização da paz; (America’s contribution to peace organization) Prado Kelly – O direito internacional e a paz no mundo democrático (International law and peace in the democratic world); III – Elmano Cardim – Liberdade de pensamento e de imprensa no mundo democrático (Freedom of thought and of press in the democratic world); A. Carneiro Leão – Educação para o mundo democrático (Education for a democratic world); IV – Eugênio Gudin – Imperialismo e nacionalismo econômico e suas consequências na organização democrática do mundo (Imperialism and economic nationalism and its consequences on the democratic organization of the world); V – Roquete Pinto – Contribuição da ciência à reconstrução do mundo democrático (Contribution of science to the reconstruction of the democratic world); Temístocles Cavalcanti – Administração pública e funcionamento dos serviços públicos no mundo democrático (Public administration and functioning of public services in the democratic world). Presidente Cláudio de Souza – Palavras de encerramento (Closing Remarks). A slight glance on the themes of this conference series reveals that the main idea of a “democratic world”, rather than meaning just a clear appeal or shout to the need for peace in the world, also echoed as an outcry against the lack of democracy in Brazil, since it still lived under the evident dictatorship of the Vargas’ government. The PEN Club of Brazil, on its President’s initiative and judging by the fact that the speakers belong to the Club’s membership board, was actually promoting courageous call to the consciences of Brazilians. In the words of the editorial of the PEN Club’s Bulletin that year, this feeling stood out: “Today, each member of the PEN feels like a citizen of the world, because they are not limited to their regional perspective not by reason or by feeling. By reason they recognize that all men are one, regardless of the physical differences that the particular conditions of each climate can create for their suitability to the environment where they were born and lived. (...). To fight for these assertions is to fight for a universal cause. Therefore, the members of the PEN, having taken their defense, become a citizen of the world, and this without losing sight of the problems of their own country, because when the spiritual unity of all nations is established, all of them constitute one, by the power of feeling and reason. (...). Brazilians, passionate – and extremists in all situations that may affect their country – represent the voice of Brazil, in the tradition of their generosity, which motivate us to extend our fraternal feelings to all human kind”.

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By that time, the Pen Club of Brazil’s frustration and disappointment due to all the failed attempts to have the federal government approve the writer assistance plan, led the president Cláudio de Souza to present a new project to the government authorities. The plan of creation of the Writers Assistence Institute offered to the Minister of Finance, Dr. Souza Costa, consisted of the institution of a minimum stamp for national books, except for teaching or textbooks and other higher-value stamp for the translation of foreign novels, excluding classical culture ones. Even only the amount raised from sloppy foreign novels – emphasized the proposal – badly translated, which embarrass the book market, would be enough to keep the Institute running. A new special hearing with President Getúlio Vargas was requested, and he received the PEN Club’s Board on August 4th, at the Presidential Palace and listened carefully and promptly to the reading of the new proposal plan. At that time, praise was given to the successful initiative of São Paulo’s government, which, in view of writer’s claims, and with the intervention of a member of the PEN Club of Brazil, writer Cândido Mota Filho, created the Intellectual Worker Assistance Service. Furthermore, it is worth mentioning that President Getúlio Vargas, while traveling to São Paulo, insisted in visiting that assistance service, applauding the initiative. Aware of that visit, President Cláudio de Souza sent him the following telegram: “The PEN Club, applauding the beautiful words spoken by Your Excellency at the DEIP Intellectual Worker Assistance, asks for permission to request your precious assistance in the progress of the project that it had the honor of presenting.” On several occasions the President always had proved sympathetic to the idea, however, the project’s progress in various administrative sectors of the ministries, faced challenges, sometimes technical, sometimes political. Still during the year of 1943, important victories were recorded for the Brazilian center, such as the continuity of the publishing program and a donation of Cr$ 3,000.00, made by the real estate firm Figueiredo Mendes & Co., for the construction and refurbishment of the future headquarters or Writer’s House, another dream defended with enthusiasm by Cláudio de Souza. Beside this, there were also irreparable losses, as the deaths of the founding members of the PEN Club, Minister Rodrigo Octavio and Pereira da Silva. The Boletim (Bulletin) of the PEN Club of Brazil (No. 13 Year IX), for the year 1944, included a fairly accurate editorial in regards to the core activities of the Brazilian Center. After reporting the difficulties encountered over the years, especially related to administrative management, it highlighted the interest of members and other writer friends in attending and positively responding to the entity’s requests. It also highlighted the constant effort of the President Cláudio de Souza to seek ways to give greater capital strength to the entity, through social contributions and donations. In order to highlight this positive effort, we provide quick demonstration of the evolution of the balances recorded in the accounts, from the time when the club completed one year, that is, in 1937. At year-end this year, the balance was Cr$ 4363.10; in 1938,

it increased to Cr$ 5,915.30; in 1939, Cr$ 20,105.00; in 1940, Cr$ 56,755.30 (including here the value of the land donated to the PEN Club in the amount of Cr$ 25,000.00 in Mauá, interior of Rio de Janeiro1); in 1941, Cr$ 127,131.70; in 1942, Cr$ 201,865.00; in 1943, Cr$ 287,242.80; and in 1944, Cr$ 310,694.50. That same year, an important factor contributed to improve the assets of the PEN Club. The president Cláudio de Souza, moved by the desire to gift the Brazilian Center with proper and decent headquarters, had been working for years to create what he called the “Writer’s House.” Until that time, the entity continued to meet in auditoriums borrowed occasionally for their events. Many of its literary and cultural meetings were held more frequently in the auditorium of the Brazilian Academy of Letters (ABL) and, occasionally, in the Brazilian Press Association (ABI). Aware that the Club could no longer continue to occupy the halls of those entities to perform their cultural and literary acts, Cláudio de Souza donated to the PEN Club an area of approximately 220 m2, located on the 13th floor of the Edifício Sul-Americano (Av. Nilo Peçanha, 26, Centro, Rio de Janeiro). In that space, a large auditorium with a stage for theatrical performances was built, as well as an administrative office and the balcony was remodeled for panoramic contemplation of that old neighborhood of Rio de Janeiro. In addition to these administrative and financial activities, other initiatives were also developed, such as actions directly related to the main purpose of the club: the interaction amongst writers, the defense of freedom of thought and expression and the promotion of literature. In regards to the basic values supported by the community of centers affiliated to the PEN International, it is worth noting that the Brazilian Center continued to defend, with outstanding resolution, the same ideals confirmed on the notes (editorial) addressed to its members: “The initiative proposed by the PEN Clubs worldwide is one of the most noble if not the noblest of so many that writers have undertaken so far, striving to unite the literary consciousness of all people to promote the defense of the noble principles and worth of civilization, namely the freedom of thought of individuals, and the gathering of all nations in a regime of peace, justice and humanity.” (Editorial. Boletim [Bulletin] No. 13, Rio de Janeiro, March 1945, IX, p. 1). That year the PEN Club fulfilled the important cycle of eight conferences, which addressed current issues, of recognized literary value. The first was given by Cláudio de Souza, who spoke about Raul Pompeia, author of the novel O Ateneu (The Athenaeum). Among the various aspects related to the unfortunate writer’s work, dead by suicide, at age 32, with a shot straight through the heart, Souza mentioned the curious fact that Raul Pompeia was a direct descendant of Joaquim José da Silva Xavier, Tiradentes. He stressed also the withdrawn and solitary profile of Raul, who had no friends, so much that Rodrigo Octavio, in his book Minhas memórias dos outros (My memories of others), wrote that “Raul Pompeia as a child lived with himself. He had few, very few friends.”

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1 In the 1970s, due to the direction of the PEN Club’s neglect or abandonment of the administration of their property, the court favorably granted an adverse possession action for an individual who had taken possession of part of the area and, almost simultaneously, the other part was expropriated by the local city council. When the PEN Club became aware of the fact, through a third-party letter sent to the Club Secretary’s office, nothing could be done because the deadlines for bringing an action for rescission were overdue. The same situation happened in 1941 with a land acquired at Itacuruçá Island (Mangaratiba), as written in the Accounting Bulletin of the PEN Club of Brazil (Bulletin No. 9, for the year 1941).

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The Clementino Fraga conference dealt with the interesting theme of intellectuality of certain writers associated with certain diseases. To cast off his remarks the speaker highlighted examples of illustrious names, linking them to the following cases of serious illness: insanity – Nietzsche, Maupassant, Donizetti; epilepsy – Mahomet, Julio César, Petrarca, Switt. Richelieu, Paganini, Schiller, Machado de Assis; neuropathies – Voltaire, Diderot, Byron, Zola, the Goncourt; stutterers – Moses, Alcibiades, Aesop, Virgil, Demosthenes, Aristotle, Darwin, Malherbe; tuberculosis – Chopin, Castro Alves, Leo Tolstoy, etc. The French writer Léopold Stern returned to the podium of the PEN Club, once again installed in the Blue Hall of the Brazilian Academy of Letters, to talk about “Paris of yesterday and tomorrow”. That day there was an unforgettable coincidence: during the conference, Paris was liberated from Nazi occupation by the action of the French troops coming from the country side, under the command of General Koenig. At one point, the lecturer, after being informed of the event, interrupted his presentation and announced the auspicious event. This extraordinary news filled with joy the environment, taking the audience on a ride through the streets, avenues, squares and banks of the Seine in a climate of affluence and full sense of freedom. The fourth conference devoted to the memory of the writer Visconde de Taunay, given by the member of the PEN Club, poet Jorge de Lima, was preceded by President Cláudio de Souza’s speech reminding that Polish writers sent an urgent appeal to all PEN Centres worldwide. Among other considerations, the leader of the Brazilian club said:

but probably seized.” (Boletim [Bulletin] No. 13, March 1945, p. 5 and 6). Then the poet Jorge de Lima spoke about “The life and work of Visconde de Taunay,” showing that, despite originating from old and noble Provence, the honored figure descended from men that “as the ones of today, fought in Toulon with the Count of Beaurepaire or died expatriated. There are beheading by guillotine, prisons, there is blood shed for freedom of thought, for human dignity, there are bravery acts for the independence of adoptive homelands; and there are, in the language of these idealistic warriors of fidelity and honor of the human being, the love of art, science, and loyalty to the winners and fallen friends.” (Boletim [Bulletin] No. 13, March 1945, p. 5 and 6). Furthermore, the poet insisted, that the exemplary life of Visconde de Taunay as “expert of the problems of painting, designer, composer of sacred and secular music, novelist, short story writer, chronicler of war, warrior, memoirist, literary and art critic, playwright, ethnologist, parliamentarian, journalist, man of action, teacher, observer of his people and his land, pioneer and frontiersman, conceived and performed humanism as a conception of man “tout entier”, a perfect and intimate fusion between the spiritual and the physical”. Therefore, concluded the speaker, Visconde de Taunay was the example of a man with a democratic vision and whose presence was the most vibrant and palpable. And with bright coherence, the speaker managed to unite two historical times – past and present – in an interesting moment that electrified the audience, with this closure:

“While opening this session, and before hearing the speeches, I bring you an appeal from our brothers in Poland, the immortal Poland, which, amidst the sinister and infamous invasion of bloodthirsty barbarians remains firm through the disgrace, majestic through the extermination and invincible through the most sublime, most stoic and most dreadful of all fights men have battled to defend their homeland.” (Boletim [Bulletin] No. 13, March 1945, p. 5 and 6).

“It is this very minute that we gather in this hall, it is this very instant in which our expeditionaries fight, it is the Portuguese loyalty of our history, it is a life full of accomplishments of this week’s recollections, it is Poland, it is France, it is war, it is the painful withdrawals and the compensations of the victory of good.” Jorge de Lima was applauded at length. The month of September’s conference dedicated to Graça Aranha, was held by two writers: Luiz Aníbal Falcão and Rodrigo Octavio Filho. The first speaker concentrated in yet unpublished facts and episodes from the life of the author of Chanaan, like a prophetic warning, made after the end of the First World War, in the sense that the Germans would return sooner or later, with the practice of the “mysticism of violence and rapacity.” The second speaker preferred to speak about Graça Aranha’s view as a member of the Modern Art Week group, his fearless actions in favor of the renewal of values within Brazilian literature. Accordingly, he mentioned the episode of Aranha’s renunciation of membership in the Brazilian Academy, rightfully claiming the presence of young people at the Institute. This outcry, as recalled Rodrigo Octavio Filho, newly elected member of the Academy, was a true revolutionary call. If today (1944) he still lived, surely he would be fighting for the presence of new writers within the literary entities, including the Academy, perhaps betting on the emergence of another vibrant and refreshing demonstration. The last conference of the year had as its theme the tercentenary of the book Aeropagítica (Areopagitica), from John Milton. As in the previous event, two speakers were called: Cláudio de Souza and Austregésilo de Athayde.

This wail was addressed to the Brazilian Center by the head of the Poland’s diplomatic mission in Brazil, in exile, Minister Thadeu Skowronsky, present at the meeting, which, at one point warned: “For thirty days, growing, desperate pleas arrived from Warsaw, calling for weapons, ammunition, food and medicine. The Polish Underground Army soldiers now fighting openly ask not only for material help, but also moral support. Their calls get lost in the most terrifying and deadly silence.” (Boletim [Bulletin] No. 13, March 1945, p. 5 and 6). Therefore, Cláudio de Souza at the end of his brief speech, argued: “Hearing that call from a trench, which, feeling lost, just asks the world for a word of support and protest, I am sure your hearts ache with anguish and despair for not being able to provide them with immediate and effective aid. From a distance, we are unaware of the difficulties that may have prevented the arrival of the help they need, and we cannot doubt the sincerity with which such aid might have been sent in the most efficient scale,

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The session was crowned with complete success, especially since it counted with the presence of representatives of academic and cultural institutions, authorities and the Ambassador of England, Sir Donald St. Clair Gainer. After speaking about the noble sense of the struggle carried out by Milton, summarized in the worthy efforts to secure the freedoms of learning, speaking and freely expressing his opinion, according to his conscience, Souza regreted that, three centuries later, mankind still repeated the same appeal. The journalist Austregésilo de Athayde, in turn, focused his speech in the successful defense that Milton made in Aeropagítica (Areopagitica) (1644), in favor of freedom of press. This freedom should be extended in practice to censorship and to the prohibition of the written word in books and not just on paper. The observation was appropriate not only for the past of the English poet but also for the speaker’s present, in which the effects of war and censorship in Brazil still remained. Amongst other feasible arguments, he said that the death given to a book, by the previous action of the censor, seemed more criminal to him than the suffocation of a human being, because the elimination of an idea may have more transcendent consequences than that of a man. This view, advocated so strongly by Milton, undoubtedly, reflected the instruction that the poet received in Florence, while visiting the scholar Galileo Galilei, with whom he maintained numerous conversations in prison. In early 1945, the members of the PEN Club of Brazil met in ordinary general meeting to elect a new board. As in previous years, Cláudio de Souza remained president (as he previously had been elected in perpetuity). There were minor changes in other management positions of the entity. Two relevant events were the highlights of this Assembly: the President thanked for the donation of a “beautiful picture” painted by the member, poet Jorge de Lima, to be displayed at the headquarters of the PEN Club, soon to be inaugurated. The picture of the famous author of

Invenção de Orfeu (Orpheus invention) was exhibited in the main room of the headquarters of the PEN Club and, since then, has always constituted an interesting attraction for regulars and visitors, since the work indicated another successful artistic vocation of the poet Jorge Lima: painting. Touched, he also thanked for the manifestation of appreciation promoted by member Raul Pedrosa, who asked the House to give a round of applause as a demonstration of sympathy and recognition to a friend of the PEN Club, D. Luizinha, Cláudio de Souza’s wife (which was absent from that meeting), for the “invaluable services she has provided to the association alongside her husband.” The cultural program of the entity kept the same scheme of previous years: monthly conferences interspersed with cultural and artistic acts. The editorialist of the Bulletin of that year emphasized the pursuit of “healing elements in a series of conferences and studies in public sessions, interspersing them with another series of literary meetings, attracting with this program a numerous and select audience”. Moreover, it insisted on reaffirming the goal of not giving in to threats, mischiefs or insults fed by worthless ideological and political discussions, since the entity would rather follow their path, guided largely by the principles established by the PEN International. The following speeches were held at the PEN Club: the Ambassador João Neves da Fontoura addressed the need for reaffirmation of democratic principles, with free elections; The Ambassador Pedro Leão Velloso spoke about the work of the Brazilian delegation at the San Francisco Conference coordinated by Oswaldo Aranha; the writer Osório Dutra spoke about the life and work of Paul Valéry, who died when he held the position of president of the PEN Club of France; and, finally, the French writer Léopold Stern talked about La femme dans la Philosophy de Nietzsche. That year, the Nobel Prize for Literature was awarded to the poet Gabriela Mistral, affiliated to the PEN Club of Brazil, at that moment occupying the position of consul of Chile in Petrópolis, where she lived, causing much joy and happiness.

PEN CLUB’S HEADQUARTERS Towards the end of 1945, still under the effects of war, the traditional Christmas dinner was held. Soon after, on December 23, the headquarters of the PEN Club of Brazil were inaugurated at the penthouse of the Edifício Sul-Americano, located at Av. Nilo Peçanha, No. 26, Centro, Rio de Janeiro. It took nine years for the organization to finally count with decent and elegant facilities to carry out its literary, cultural and artistic endeavors, including plays. Many wanted to attend the end of the year inauguration ceremony of the PEN Club of Brazil’s headquarters. It was kicked off by VicePresident and journalist Elmano Cardim, Director of the Jornal do Commercio. After the usual greetings and reading the numerous congratulatory messages received, Cardim delivered a speech praising Cláudio de Souza and the PEN Club, wherein he stated “we are not just an association of writers. We are an institution. And the individual who transformed this dream to the concrete reality it became, was this brave President, the one and only, brought here today almost by force to be paid homage, with a token of gratitude from all of us, but above all it is intended here to honor this man, for his sense of justice, the unmatched builder of a magnificent ideal” (Boletim [Bulletin] No. 14, March 1946).

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Additional speeches were made by Rodrigo Octavio Filho (speech published hereinafter), Maria Eugenia Celso, Léopold Stern and Faustino Nascimento, who was chosen to unveil the bronze bust of Cláudio de Souza, built by Swedish sculptor W. Zadig (William Zadig Ferdinand, 1884-1952) with the following inscription: “Homenagem do PEN Clube do Brasil a Cláudio de Souza, seu fundador, Presidente Perpétuo e Grande Benemérito. Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 1945” [“Homage of the PEN Club of Brazil to Cláudio de Souza, founder, Perpetual President and Great Benefactor. Rio de Janeiro, December 21, 1945”]. Then Cláudio de Souza thanked all those present for the praise and highlighted the importance of continuing the selfless work in defense of literature and art, the fundamental task of PEN centers worldwide. He concluded by saying that despite the burning of books and works of art by the barbaric and totalitarian men, “we shall pass. So will those who we have nurtured with our fruits. And the children of those they fed with their blood. These generations will also pass. But the forest we built will forever bear fruit to men of good will and pure heart, in a path full of fresh dreams to achieve the dignity of their existence with a higher understanding of peace among men and harmony between nations”. (Boletim [Bulletin] No. 14, March 1946).

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In the second part of the tribute session, the comedy Rosas de Espanha (Roses of Spain), by Cláudio de Souza, directed by actress Esther Leão was presented. The cast included the participation of actors and actresses: Maria Magyar, Dulce Dias, Daniel Caetano and Paulo Vieira. Literary and dramatic activities gained new ground with the opening of the PEN Club’s auditorium at Av. Nilo Peçanha, Centro, in Rio. In July, the Poetry and Theatre Festival was held there with the support of the Federal District’s City Hall. The session in memory of writer H. G. Wells, President of the PEN International, deserved a press release. In that regard, Cláudio de Souza said:

did not waver even for a moment in defending the sovereign dignity of men of thought, in all countries where it safeguarded its forces. We are convinced that we have fulfilled our duty in our rank files. And we are proud to belong to the first international association of writers in the history of world literature, which regimented itself in the defense of freedom of thought. This achievement can never be denied to the PEN Club. No other association of literary men, either before or during the last two world wars, was organized or fought so actively and efficiently around the world, for that principle. The International Congress was held in Zurich, where members of the Brazilian Center were present and introduced various thesis and proposals. However, the highlight of the Congress was the information brought to all present by the novelist Thomas Mann, in the sense that many German writers who were refugees abroad, because of the war, had finally began to return to their homeland, a positive fact to make a note of. Another noteworthy event was the election of the writer Maurice Maeterlink, by then 86 years old, as President of the International PEN. The cultural program of the Brazilian Center continued along the same lines, especially highlighted were two public receptions designed to honor the French writers Georges Duhamel and André Maurois, who at that time were visiting Brazil. Additionally, meetings were held on Miguel de Cervantes’ work, theatrical performances and the free distribution of books from authors affiliated or not to the PEN Club, to libraries, culture centers in Brazil and abroad, exemplary and dignified initiatives to stimulate literary works practiced since the initial days of the Literary Club. During the final years of that decade the cultural program of the PEN Club was intense. The Brazilian Center, after completing ten years, showed plenty of vitality in its activities and the justified euphoria foreshadowed a long life. In this healthy and friendly atmosphere, there were numerous public sessions and dinners, in which conferences and lectures were made by distinguished figures in the fields of literature, culture, diplomacy and others. Among those, it is worth mentioning the discourses of Minister João Neves da Fontoura and Spanish writer Américo Castro, then occupying the position of professor at Princeton University (USA).

“The PEN International just lost one of its greatest figures: H. G. Wells. I will not limit myself to say this was an irreparable loss to England, because geniuses separate themselves from their nationality when they cross borders to benefit all of humanity with their light and zeal, purifying or seasoning customs and the fruits of spiritual development.” Relations between the Brazilian PEN and other PEN centers throughout the world were strengthening more and more. One example was the reception given later that year to the Portuguese writer Fidelino Figueiredo, president of the PEN Club of Portugal. As a recap of the activities of 1946, the editorial of the Bulletin No. 15 (which was published in January 1947), clearly referring to the difficulties faced during the long period of the Second World War, stated, among other things, that is has not been an easy or calm path. “On the contrary it was a stormy one. During the last war furious and heavy winds tossed our sails, threatening to rip us apart and capsize our boat, or drift it to destroy it on the reefs. Moments of lethargy and discouragement fainted many strong spirits. The pirates of ferocity and plunder were winning. Our centers were devastated in countries that surrendered. Our fellow brothers slaughtered in concentration camps. But among so many horrors, the PEN Club, fearless and invincible,

DIVISION AND UNION OF BRAZILIAN WRITERS Despite the positive euphoria due to the return of democracy, on the horizon of the Brazilian cultures spectrum, especially among the most critic oriented writers and the ones interested in the destiny of the nation, gestures and attitudes of clear political and ideological division surfaced. These acts always culminated in irremediable conflicts, demanding care and caution for an organization such as the PEN Club of Brazil. That’s because its purpose, open to all forms of thinking not offensive to freedom of thought, free interaction and world peace, could not nestle groups interested in their own goals. It is worth remembering here as a prime example, the occasion when the first board of the Brazilian Association of Writers (ABDE) was founded and elected, who later, by twist of fate, would be recreated in a meeting at the headquarters of the PEN Club of Brazil, when it was called Brazilian Union of Writers (UBE). The idea for the creation of ABDE dates back to 1947. Some writers on the occasion of the II Congress of Writers held in Belo Horizonte, decided to create the organization. What motivated Brazilian writers to organize around a national association was the regulation of copyright laws. Immediately, however, within the organization itself, the group with

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communist tendencies managed to pass a motion against the closure and revocation of the mandates of parliamentarians (federal and state) affiliated to the PCB. In protest, some political committee members such as Carlos Drummond de Andrade, Affonso Arinos, Odylo Costa, son, and Antonio Candido, resigned in unison. The ideological division rose within the organization that had just been created. The situation clearly reflected the atmosphere prevailing among writers. On one hand, the government encouraged the strict opposition to the Communists and on the other, these, at all costs, given the evident lack of participation in the national political life, tried to consolidate positions within the administrative structures of professional associations and other class entities. In the specific case of ABDE, the writers that did not side with the communists were struggling to prevent the “politicization” of the organization. The conflict was inevitable, but the outcome seemed to have a set time and place: March 1949. The board presented for the election was led by Affonso Arinos (President) and José Barreto Filho (VicePresident); Carlos Drummond de Andrade (first Secretary), Otto Maria Carpeaux (as Secretary), Jaime Adour da Câmara (Treasurer);

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Hermes Lima, Alceu Amoroso Lima, Manuel Bandeira, Octavio Tarquínio de Souza and Rodrigo Mello Franco de Andrade (Fiscal Committee Members). The Communists decided not to accept secondary positions in this board. Therefore, they decided to present another board, headed by lawyer Homero Pires. The elections were held in the Brazilian Press Association headquarters (ABI) and the board led by Affonso Arinos won. The meeting, presided by writer Álvaro Lins, in charge of inducting the victors, became a battlefield. It all started when Affonso Arinos began speaking offering words of gratitude. Later he explained: “I was not even able to utter the usual words of gratitude. Dalcídio Jurandir, began waving his arms hysterically, screaming and insulting us, as if he had gone crazy. Then the world collapsed on top of us.” The flared tempers, however, did not start at that moment. Some writers were already prepared when they came to the meeting armed and prepared for the worst. Here is the account given by Denis de Moraes, biographer of Graciliano Ramos:

The chaos did not stop there. It lasted a long time and several writers started to retaliate. Before the strange and absurd turmoil, Graciliano Ramos, a member of the PEN Club, always rational and aware that literature could not be appropriated by groups or parties, “curled up on himself, the eternal cigarette held up in reverse, quiet, the eyes glaring of indignation – a tiger lurking to strike at any moment...”. And that is what happened. The novelist disapproved of those violent gestures with caustic outburst. Immediately, things calmed down and Drummond led the retreat of the entire board, which, on the very next day, resigned as a group. Perhaps because of these unfortunate facts, the PEN Club’s Board, on that year’s Bulletin, while reevaluating their activities, reminded its members: “Nowadays, reigns the dispute over the disorder created by extremist and subversive forces that fuel rivalries and passions. In such a turmoil in which many lose their temper or judgment, and parties and associations degrade, the PEN Club with its worldwide centers, while defending its principles, has maintained a balanced and calm attitude, common sense and productive industriousness, which increases the respect it deserves from governments and cultured society in the countries where its actions are felt. (...). Who is not with us is just with themselves; who is with us is with all men, in the invincible fight of reason against oppression, of culture against force, of civilization against barbarism”.

“Alina Paim, noting the gun on Arinos’ waistband, dared confronting him with an umbrella. Hermes Lima jumped on the table, to avoid being slapped. Humberto Bastos kicked the nearest leftist. But the most shocking scene was Dalcídio (Jurandir), who wrestled with Carlos Drummond de Andrade, trying to grab the meeting minute archives out of his hands. Glued to the two of them, Victor Konder and Maurício Vinhas, tried helping Dalcídio while Rubem Braga helped Drummond. The book was left to Rubem, who years later would donate it to the Foundation Casa de Rui Barbosa” (Cf. Moraes, Denis O velho Graça – Uma biografia de Graciliano Ramos [The old Graça – A biography from Graciliano Ramos]. José Olympio Publisher, 1992, p. 256-257).

Years later, when ideological passions subsided and relative tolerance began to guide the actions of Brazilian intellectuals, it was at the headquarters of the PEN Club of Brazil (Av. Nilo Peçanha, 26, Centro, Rio de Janeiro), where, on August 27th, 1958, the founding assembly of the new association of Brazilian writers, under another name: Brazilian Union of writers (UBE) met.

THE END OF AN ERA AND THE LEGACY The newspaper O Globo (The Globe) of Rio de Janeiro reported, on November 19th, 1940, that the playwright Cláudio de Souza, a Brazilian Academy of Letters member and the president of the PEN Club of Brazil, had built in São João Batista Cemetery his own grave within the tomb of classical aesthetic rigors. The news had many ingredients to justify a news story, after all, Cláudio de Souza, besides being an immortal figure, was also a wellknown and respected man in the literary and cultural field. This circumstance, unfortunately, did not work to cool off the newspaper’s curiosity, which actually bordered on a sensationalistic tone. There were many interpretations. Some readers took that initiative as an excessive concern with his image. The article in the newspaper had a clear ironic tone. First, because he is an immortal, a distinguished member of the Brazilian Academy of Letters, and also because he appeared frequently as head of the PEN Club of Brazil. Incidentally, it is worth remembering that this critical and ironic tone in relation to ABL members always existed to a greater or lesser degree. Years before, on several occasions the caustic writer Agripino Grieco used to spice up his literary writings, lectures or conferences with persistent attacks, more venomous than comical, sometimes, let’s be fair, based on solid aesthetic and literary arguments. Among his

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favorite targets were members of the Brazilian Academy of Letters, who he did not miss the opportunity to throw his firecrackers at. Cláudio de Souza, among others, was one of the chosen victims of these acid sprinkled derogatory perorations. Grieco was not the only one concerned with Souza. João Condé, responsible for the column “Relentless files”, published by the magazine O Cruzeiro [The Cruzeiro], months before the death of the founder of the PEN Club, released a list of ten writers placed in categories of ugly, midgets and beautiful. Cláudio de Souza was among the first in the ugly category. Years before the same journalist had published a note that one of Souza’s novels appeared to be the worst book of the year. The only thing is that year Cláudio de Souza did not publish any books. On another occasion, Condé said that a book by the same author had been left out on the street without grabbing anyone’s attention. Nevertheless, the other side of the coin should be cited here to show that not only derogatory or even insidious references against the Flores de Sombra (Shadow Flowers) author were released. It was said that, on one occasion, within a certain literary group, one individual boasted because he criticized Cláudio de Souza. Graciliano Ramos, one of those present, with his usual exacerbated critical sense, noted

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that people used to speak poorly of Souza’s work without having read any of his books, stating that it was necessary to know his work before judging it. In fact, Cláudio de Souza’s personality did not appear fraught with any mournful feeling, vanity, yes. The construction of the tomb was a purely practical measure because, in effect, what he sensed, especially being a doctor, was probably the inevitable advance of a disease that undermined his health. It was thus a preventive measure. It happened four years later, on June 28, 1954, when Cláudio de Souza died in the São Vicente Clinic (Gávea, Rio de Janeiro), in the presence of his dearest friends, like Barbosa Lima Sobrinho, Rodrigo Octavio Filho, Celso Kelly, Elmano Cardim and others. Six months later (January 29, 1955) his wife, D. Luiza Cláudio de Souza, also died. The writer Joshua Montello, PEN Club member and successor to Cláudio de Souza’s position in the Brazilian Academy of Letters in a chronicle published the day after her death, in quick words, laid with precision D. Luiza’s profile, known in private by D. Luizinha:

do Flamengo, 172, 9th, 10th and 11th floors – with furniture, tools, paintings, carpets, chandeliers and pianos.” The name “House” caters well to the larger sense of the organization, which was, above all, to bring together writers of different generations and trends around the fellowship and solidarity with other curators from around the world. Hence the word “International”. The first condition laid down by the legatee was that the property above, given to the PEN Club of Brazil, should be named “International House of Cláudio de Souza.” This space was designated to “receive and honor primarily foreign writers, famous writers and artists visiting or passing through Rio de Janeiro, it should also hold literary meetings at the discretion of its director, similar to what happens with the “Maison Internationale” in Paris. Perhaps due to the ignorance of the terms of the inventory mentioned, in late 2003, the president of the PEN Club of Brazil chose to name the main room (auditorium) of the three-floor property donated, in memory of the late president, Marcos Almir Madeira. Although the former president deserves all and any honor, it became clear that the initiative, somehow obscured or removed the sense of tribute deserved by Cláudio de Souza, who effectively devoted much of his life to the club and who bequeathed generous amount of assets, movable and immovable, indispensable to its survival. Rightfully so, despite some cases of unfortunate material losses, the club reached an important position in the Brazilian letters and culture scene. Besides other real estate properties, Cláudio de Souza donated to the PEN Club of Brazil, around 1942, the space of 220 m2 located on the roof of the Edifício Sul-Americano (Avenida Nilo Peçanha, 26, Group 1301, Centro, Rio de Janeiro). Equally important, were some donations received by the Club, which included personal property donated by the founder himself (beyond real estate donation). It is necessary to highlight the personal efforts of Souza, since he personally accompanied the renovation of the new headquarters. He was concerned with every detail, including the construction of an auditorium with resources for theatrical staging, initially with 152 seats and later expanded to 250. In the same place literary and cultural meetings were held which were directly linked to the organizations mission. Cláudio de Souza’s donations to the PEN Club of Brazil did not stop there. For decades he was always striving to obtain from the federal government support so that retired writers could receive assistance in recognition of writing as a profession. He managed to gather donations and even added his own resources, so as a result of these efforts, a wide piece of land in Mauá, in the interior of Rio de Janeiro, was purchased, where he intended to build the Writer’s Cottage. This land, unfortunately, after his death, was abandoned for decades and, for lack of administrative measures by club leaders, ended up being occupied and registered to third parties around 1970, action that characterized clear “land grabbing”. Someone read a summary of the courts decision in the Diário Oficial and forwarded a copy to the Club directors. The decision authorized the possession and occupation of the property by the interposition of the adverse possession action. The judgment had become final. These donations and inheritance were formalized by the widow, Dona Luiza Leite de Souza, after her husband’s death, however, in all cases, she followed through with her late husband’s wishes. Beside this, it is worth remembering that he was also a smart worker and builder of concrete ideas. Or, as Raul Pedroza, one of the founders of the PEN Club of Brazil wrote: “His spirit that was full of life is destined to be like that of sowers”.

“Small, slim, extremely delicate, D. Luiza Cláudio de Souza, admirable companion of the master of Flores de Sombra (Shadow Flowers), seemed born to live lightly. And somewhat shy like the flowers that inspired Cláudio de Souza’s best comedy, D. Luizinha completed her destiny of being a woman and companion.” The amount of assets donated to the PEN Club of Brazil by its founder, Cláudio de Souza, was very impressive, a unique and commendable attitude. It is known that in Brazil almost all non-profit cultural organizations, usually have a short life span precisely due to the lack of this kind of financial support. It is not valid in Cláudio de Souza’s case to employ the argument that he made many donations to the PEN Club because he did not have any children. It is a fact that they did not have children, however, they had other close relatives who could have reaped the benefits of said assets. That excuse is just to minimize the writer’s gesture, and the character of his generosity, which was open and sincere. His donations were not restricted to the Brazilian Center, but also to the Brazilian Academy of Letters, the Academy of Letters of São Paulo, the Santa Casa de Misericórdia of Rio de Janeiro, hospitals, etc. He even made real estate donations, in Petrópolis, to domestic employees who worked at his home, a gesture not often seen nowadays. Thus, it can be said that the longevity of the PEN Club of Brazil – 80 years! – is due in large part to the gesture of the founder who has endowed it with durable material assets. His generous and exemplary attitude, unfortunately, was never imitated by those who came later. In fact, in this regard, the opposite has happened, since, unfortunately, in some situations not even the organizations assets have been preserved. The largest donation made was that of three floors (9th, 10th and 11th floors...) of the property at the Praia do Flamengo, located in a pleasant area from where a person can catch sight of one of the most emblematic landscapes of the city of Rio de Janeiro: the Sugar Loaf and Guanabara Bay. Once the inventory was opened, after the death of his widow, among other donations, the following instructions were made: “To the PEN Club of Brazil I leave, under the provisions of non-transfer and non-seizure and under the conditions that follow, specifically: the three-floor apartment where, for many years, I lived in the company of my husband Cláudio de Souza – at Praia

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THE JOURNALISTS’ PHASE Cláudio de Souza’s death undoubtedly left a large void not only within the PEN Club of Brazil, but also in the Brazilian culture and literary world. He was a man devoted to the dramaturgical activity, cultivator of other literary genres, active member of the Brazilian Academy of Letters, which he presided twice, and of other important entities, such as the Historical and Geographical Brazilian Institute (IHGB) and the Academy of Sciences of Lisbon; he was, in fact, an individual with great capacity for work, tested in all responsibilities he took on. Despite this huge void, the PEN Club continued heading towards its cause, especially because its board of members included writers of great literary qualities and many of them, too, as Cláudio de Souza, were tested in the hard work of presiding cultural organizations. Moreover, everyone knows that this kind of work involves the important and noble volunteerism, offering only in return the comfort that literary, artistic and cultural organizations will continue to exist. After all, they need to exist and to work so that literature, arts and culture in general may not perish, especially in a country where government actions are not aimed at giving them the respect and consideration they deserve. The task of caring for the administrative and social life of the PEN Club of Brazil, after the death of its founder, perpetual president and benefactor, Cláudio de Souza, was now in the hands of another worthy and industrious figure, his first Vice-President, Academic Barbosa Lima Sobrinho. So the Club started a new phase that could be called the journalist’s phase or the Brazilian Press Association (ABI)’s phase, because for 15 years, it was presided by three journalists belonging to that noble organization. Interestingly – Barbosa Lima Sobrinho, Celso Kelly and Elmano Cardim – had also served or would serve in the ABI presidency, as was the case with Celso Kelly. Barbosa Lima Sobrinho (Alexandre José B.L.S.), lawyer, journalist, essayist, historian, teacher and politician, was born in Recife, PE, on January 22, 1897 and died in Rio de Janeiro, at 103 years of age, on July 16, 2000. His professional career, in the course of a long-lived life, was a collection of successful undertakings and responsibilities. He collaborated with newspapers such as Diário de Pernambuco (Pernambuco’s Daily), Jornal Pequeno (Petit Journal) and primarily Jornal do Recife (Recife’s Journal), where he started to write the Sunday’s chronicle, from October 1919 to April 1921. He also worked at the following journals: Revista Americana (American Magazine), Revista de Direito (Law Magazine), Jornal do Commercio (Commerce Journal) (from Rio de Janeiro), Correio do Povo (People’s Post) of Porto Alegre, and Gazeta (Gazette), of São Paulo. When he moved to Rio de Janeiro, he continued to devote himself to journalism. He worked in the Jornal do Brasil (Brazil’s Journal) from April 1921, first as a news writer, and then as the political editor. In this paper, from then on, he began to write a weekly article until his death on July 16, 2000. By the time he was 40 years old he was elected a member of the Brazilian Academy of Letters. That took place on April 28, 1937. There he held the positions of Secretary General in 1952; President in 1953 and 1954; He was Academy Journal Director from 1955–56; Library Director from 1957–1978 and Treasurer from 1978–1993. In the period from 1935–1937 he was elected congressman

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for the state of Pernambuco, being chosen leader of his bench, Commissioner of Finance and Interior and Justice Budget rapporteur. He was named president of the Sugar and Alcohol Institute, from 1938 to 1945, when, for the second time, he was elected congressman for Pernambuco, in the Constituent Assembly of 1946. On February 14th of the same year, he was elected governor of Pernambuco, exercising his mandate until January 31, 1951. He occupied numerous public and private positions, for example, meritorious member of the Historical and Geographical Brazilian Institute (IHGB), of the Institute of Lawyers of Rio de Janeiro; meritorious member of the Brazilian Press and correspondent member of the Archaeological, Historical and Geographical Institute of Pernambuco and the Institute of Lawyers of São Paulo; member of the Geographical Society; honorary member of the Historical Institute of Goiana (PE); honorary president of the XIV National Student Congress; Honorary Professor of Philosophy for the University of Recife Faculty; President of the PEN Club of Brazil; correspondent member of the Academy of Sciences; member of the Public Law Institute and the Getúlio Vargas Foundation, other than having received several commendations and honors. Amongst so much he was able to accomplish, highlighted was the concern Barbosa Lima Sobrinho had for the press. His concern was evident not only by his ongoing collaboration as an active journalist and member of the Brazilian Press Association, but also as the author of important books on Brazilian press, namely: O problema da imprensa (The problem of the press) (1923); A ação da imprensa na Primeira Constituinte (The action of the press in the First Constituent Assembly) (1934) and Antologia do Correio Braziliense (Anthology of the Brasília Post) (1979). These works, added to his intense journalistic activity would be enough to justify his presence in the social membership of the PEN Club of Brazil, an association designed to defend freedom of expression and thought, just as the press. So, in 1937, in his inaugural speech at the Brazilian Academy of Letters, he defended the existence of these associations as fundamental to the exercise of freedom of thought, stating that in such cases, “the standard is the group, the association. When the academies, literary groups and institutes are not successful, magazines, the coffee shops or book stores succeed. In France there is the literary hall, participating in discussions with the energy and cohesion of combatant units. Brazil prefers public places, favoring the loud voices, the vehemence of criticism and the convenience of informal clothing.” As he was elected President of the Brazilian Academy of Letters while holding the position of President of the PEN Club, Barbosa Lima Sobrinho chose to resign, and then journalist Celso Kelly was elected to replace him, on January 12, 1955. Journalist Celso Kelly was president of the PEN Club for three terms (from 1956 to 1961). He was a teacher, educator and held public offices, such as director of the Municipal Theater of Rio de Janeiro and of the Department of Culture’s Administrative Office, and later he was the Head of Education of Rio de Janeiro during the term of Chagas Freitas. Although he was a writer linked to the press, including being a member of the Brazilian Press Association (ABI), which later he presided, in 1964, he also tried to bring cultural events to the PEN Club Brazilian Center.

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During 1955, the Club indeed experienced some changes in its structure, such as the approval of new statutes and the creation of councils, specialty boards and thematic groups. This restructuring would mirror the concern of the new presidency to conduct activities in various fields of culture in general. A quick example of these new positions illustrates this situation. The Specialized Boards included the following subjects: Cultural Exchange; National Expansion; Contests; Social and Headquarters; Theater; Library; Publications; Minutes and Correspondence; and Advertising. Similarly, the Group Directors (linked to topics related to wellknown writers) were designed, in theory, to care for the following subjects: the “Cláudio de Souza” Group of Theatre Studies, directed by Maria Wanderley de Menezes; the “Andrade” Group of Art Studies, headed by Mario Barata; the “Roquette Pinto” Group of Social Sciences, directed by Marcos Almir Madeira; the “Ronald de Carvalho” Group of Bibliographic and Literary Studies, in care of Bráulio do Nascimento; the “Capistrano de Abreu” Group of Historical Studies, headed by Eduardo Tourinho; and finally, the “Monteiro Lobato” Group of Writers Challenges, headed by Francisco Martins de Almeida. The Club Secretary’s Office does not contain any records on the accomplishments of this proposed structure. The administrative and social management board was made up of a President and two VicePresidents, a Presidency Council, made up of ten renowned writers, a Board of Trustees with seven members, a Treasurer and a General Counsel. Around 1956, Celso Kelly proposed to the City Council of the Federal District a bill instituting the City of Rio de Janeiro International Prize and establishing other measures, formalized by city councilor, writer Raimundo Magalhães Jr., also a member of PEN. The project was approved by the House and signed into law by Mayor Francisco Negrão de Lima and established into Law No 862 of September 3, 1956. The prize, of two hundred thousand cruzeiros, was created for foreign writers who had written and published a book about the city of Rio de Janeiro. Only four books competed originating from France, Uruguay, Bolivia and Italy. In the third article of the aforementioned Law, the PEN Club of Brazil was considered an organization of public municipal use, appearing also as a consultative body for cultural issues related to the interests of the city of Rio de Janeiro, according to Decree No. 13469 of 1957. After the death of D. Luiza Cláudio de Souza, on January 29, 1955, Celso Kelly tried to take possession of the three-floor property, at Praia do Flamengo, 172, donated to the PEN Club of Brazil and formalized in court by Souza’s widow. The favorable news of the donation was brought to the plenary session of the 28th Congress of the PEN International, held in London in the second week of July 1955, attended by 37 countries and 750 writers. On that occasion, the Brazilian PEN was represented by writers Faustino Nascimento and Carlos da Silva Araújo. The information of the property donated, that would be called “International House Cláudio de Souza”, brought before Congress, reflected enthusiastically on the floor. As a sign of gratitude, president Celso Kelly decided to honor the memory of Cláudio de Souza’s widow naming the Literary Award, created in 1938, after her. It came to be called “Luiza Cláudio de Souza Award.” This step, although fair, withdrew the name of the Literary Club from the event, which was the goal when created. Despite president Celso Kelly’s commitment, it must be said that in the course of his long tenure of seven years and of his successors,

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the desire of the Cláudio de Souza couple in naming the Flamengo property “The International House of Cláudio de Souza” until the present day was not achieved. As for the ownership of the property, it was only after the terms of Celso Kelly and Elmano Cardim, a total of seventeen years, that the Club could enjoy said property, when President Marcos Almir Madeira, finally, in 1971, transferred the registered office of the PEN Club to the three-floor property located at Praia do Flamengo, leasing to third parties the property of Av. Nilo Peçanha, 26, Centro, Rio de Janeiro. Elmano Cardim, president of the PEN Club from 1961 to 1967, was always a man devoted to the press, where he worked in almost every position until he became director and owner of the Jornal do Commercio (Commerce Journal). He was born in Valença in the state of Rio de Janeiro, on December 24, 1891, son of Francisco Eduardo Gomes Cardim and Adelia Figueiredo Cardim. He died in the city of Rio de Janeiro on February 19, 1979. He studied in the Colleges Pedro II and Alfredo Gomes. He graduated in Law at the Rio de Janeiro University in 1914. Nevertheless, he had an early start to his journalism career at O Selo (The Seal) and the Diário de Notícias (Daily News). In 1909 he joined, the Jornal do Commercio (Commerce Journal) team, of Rio de Janeiro where, for some time, he wrote the famous “Várias” and went on to proofreader, director and later owner. Additionally he held public office. He worked at the National Archives and later he was appointed clerk of one of the Orphan and Probate Courts. In 1935 he led the delegation of journalists who accompanied President Getúlio Vargas to the River Plate countries. In 1937 he was elected honorary member of the Brazilian Historical and Geographical Institute, becoming effective in 1970 and emeritus in 1976. In 1951 he received the Maria Moors Cabot Prize of Journalism. He introduced the cultural mission in Uruguay in 1943, where he delivered lectures at that countries University. On April 13, 1950 he was elected to the Brazilian Academy of Letters in succession of Rodolfo Garcia. He was also President of the Brazilian Press Association (ABI). Among his published works worth mentioning are: A vida jornalística de Rui Barbosa (The journalistic life of Rui Barbosa); Joaquim Nabuco, homem de imprensa (Joaquim Nabuco, a press man); Jornalistas da Independência (Independence journalists); Rocha Pombo (Rocha Pombo); Vidas gloriosas (Glorious lives); Graça Aranha e o modernismo Brasil (Graça Aranha and Brazil’s modernism); Na pauta da História (On the agenda of history). Applauded at the time of his entry into the Academy by academic Levi Carneiro, as “the press man,” the speaker said “all your works, your lectures that have not gone away in the abyss of those papers, dealt with themes that refer to the press. You discussed the life and work of Rui Barbosa, Joaquim Nabuco, Rio Branco, Machado de Assis, as journalists; of Jornal do Commercio (Commerce Journal) itself and of the one who was for you, as for myself, its unforgettable director – Felix Pacheco; you outlined the publicist’s job in the modern world; You spoke of freedom of thought and freedom of the press as a guarantee of peace.” However, on many occasions, in practice, Elmano Cardim had to do otherwise on his newspaper. For, as Carneiro reminded, the Jornal do Commercio (Commerce Journal) criticized, reproached, opposed, corrected and also silenced. He justified the reason for this attitude by Cardim:

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“The weapon of silence has never been used more expressively than by the Jornal do Commercio (Commerce Journal) at the end of 1893. The squadron rose at Guanabara Bay, bombarding the two marginal cities – and the great newspaper, daily reporting what was happening in the country and in the world, without even referring to the looming revolution. Why? Because it was not allowed to state the entire truth regarding the situation. A standard for journalistic ethics emerged from that attitude: either the whole truth – or silence. You have not forgotten it, and you have been able to live by it.”

of 1964 and later years, one could ask: what was the position adopted by President Cardim? Did he prefer the silence mentioned by his colleague, academic Levi Carneiro? Or do documents show a different attitude from the organization that had a duty to at least correspond to the actions taken and to the historical responsibility assumed by the Brazilian Press Association (ABI)? Clearly, there is a lack of documentation, especially since even the tradition of oral statements from contemporaries contains no testimony to deny or affirm the conspicuous silence of Elmano Cardim’s management. The Archive of the Secretary’s Office of the PEN Club of Brazil, unfortunately, does not contain documentation related to the seven year term of journalist and Academic Elmano Cardim, a circumstance that prevents us from bringing more information about the scope of his cultural and literary programs, as well as his attitude towards the approach taken by the PEN International.

In face of the lack of records to show what was the PEN Club of Brazil’s position, then presided by Elmano Cardim, in light of all the innumerous prison sentences and violations of freedom of expression against journalists and writers right after the military coup

THE PRESIDENT MARCOS ALMIR MADEIRA (1968 – 2003) “And Marcos Almir Madeira became almost synonymous with the PEN Club, an association that he presided for a quarter century. (...). He was a fine master of ceremonies, impeccable in presiding over courses and panel discussions which, since 1978, he promoted at the PEN Club. More than just friendly, adjective that many used to describe Marcos, he was essentially a conciliatory man, ready to welcome others and to serve them” (Antônio Carlos Secchin, from the Brazilian Academy of Letters).

In 1982, he was appointed by the President as Chief of the Ministry of Education and Culture in the State of Rio de Janeiro, summarizing its administrative action with students, teachers and school entrepreneurs in an appeal: “Door open and outstretched hands. For a more public MEC.” He was elected to the Brazilian Academy of Letters on August 19, 1993, in succession of Américo Jacobina Lacombe, he was received by the Academic Abgar Renault on November 11 of that year. He was an effective member of the Brazilian Historical and Geographical Institute (IHGB) and its speaker; a member of the Latin American Association of Sociology; a Brazilian Art Academy member (John Ribeiro’s position), where he succeeded Múcio Leão; a member of the Rio de Janeiro Academy of Letters (Menezes de Castro’s position); member of the Board of the French Alliance of Brazil; honorary member of the Union of Writers of Rio de Janeiro; corresponding member of the Portuguese Academy of History (Lisbon). He received more than ten awards. His debut took place with the book A ironia de Machado de Assis e outros estudos (Machado de Assis’ irony and other studies) in 1944. Among his published books, nearly twenty, stand out as the most relevant: Homens de marca (Brand men) (1979) and Fronteira sutil entre a sociologia e a literatura (Subtle border between sociology and literature) (1993). His bibliography covers topics related to sociology, pedagogy, literary critics and biographical studies. The promotion of activities of the PEN Club of Brazil during the long Madeira’s management sought permanent contact with the diplomatic representations. Although the act of gathering can be understood as one of the pillars of the purpose of the world’s PEN centers, the Club’s main mission has always been linked to the defense of freedom of expression, whether in Brazil or elsewhere in the world. These actions, since the late 1950s, have grown substantially due to the climate created by the “cold war” and the proliferation of dictatorships in various continents, especially in Central and South America. Therefore, the PEN International focused their activities and called upon the other centers to care, on a priority basis, for the activities related to four basic committees: Peace, Women, Translation and Linguistic Rights and Prison, i.e. Freedom of Expression. In the magazine Convivência (Fellowship), which Marcos Almir Madeira, in the need to define his own editorial line, called “Collections of ideas and research” some records were found related to conducting roundtables, conferences, lectures and informal meetings, dinners, etc. Almost always, however, linked to the diplomatic life.

Marcos Almir Madeira was elected president at the end of 1967 and remained in office until his death, which occurred on October 19, 2003. It should be added, then, that he was the Club’s president for more than 36 years and not just 25 or “a quarter century” as noted the academic Antônio Carlos Secchin. In fact, his term lasted more than a third of a century. He was born in Niterói (RJ), on February 21, 1916. He graduated in Law and Social Sciences (1939), he was an university professor, sociologist and writer. He directed the state Publishing Division of Rio de Janeiro (1943-1946) and served two terms as the president of the Brazilian Association of Education, in whose Board of Directors he participated as a life member. In 1948, he joined the Brazilian Committee, constituted by a proposal of UNESCO for conceptualizing “Civility in the International Plan”. He organized and directed the periodical Leitura de Todos (Reading for All), branch of the Brazilian Commission of UNESCO, published in cooperation with the Ministry of Education and Culture, for the Adult Education campaign, under the technical direction of Professor Lourenço Filho. In 1952 he joined the Commission of Educators at the request of the Minister of Education. He presided the first meeting of Educators in Brasília (1962), as President of the Brazilian Association of Education, which organized the meeting. In 1971, in response to an official invitation, he visited France and Germany, hosted by the respective Ministries of Foreign Affairs, to hold conferences and maintain contacts with university authorities and the cultural world of both countries. He also visited as an official guest, Japan and Israel. He directed in the state of Rio de Janeiro, the House Oliveira Vianna and the Public Archives, opening both departments to the community, especially for university groups, aimed at on-site research. He served two terms as a member of the Federal Council of Culture.

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Moreover, in this important chapter of the entity’s communication tactics, president Madeira preferred not to edit the Bulletin, informative method of real relevance for preserving the memory of the club, especially on what is linked to its primary mission: cultural and literary acts. This healthy and vital practice, inaugurated by the founder and president Cláudio de Souza, was followed, in part, for a short time by Celso Kelly, but not by Elmano Cardim, a circumstance which increased the void of information records about 50 years, a time lapse of more than half of the existence of the entity. The archaeologist Maria Beltrão, on the death of Marcos Almir Madeira, as his vice-president, became president of PEN Club for a few months. She then tried to carry on the commendable initiative to reorganize the Archive and the Club’s Library. For that she hired a team of experts. The conclusion reached by those responsible for the work was disheartening. After noting that the memory of the organization was practically lost, the archivist Regina Wanderley faced with the shortage of documents, argued:

the file of professor Celso Kelly, if available.” As noted, the expert did not even mention the long administration of President Elmano Cardim, which occurred during the period of 1961-1967, perhaps for lack of any documentation at the PEN Club regarding his tenure. Also, a reference made by Marcos Almir Madeira is worth mentioning, in mid-1986 (see magazine Convivência [Fellowship] No. 8, p. 29), he said “some were lost in the move.” The mentioned move was carried out by him around 1970 from the former head office of the PEN Club, the penthouse of the Edifício Sul-Americano, located at Av. Nilo Peçanha, 26, Centro, Rio de Janeiro, to the three-floor property at Praia do Flamengo, 172. One might wonder: what was the volume of papers or documents lost, or, in other words, misplaced? Did such documents cover the previous administrations of Celso Kelly and Elmano Cardim and perhaps of Madeira himself ? Still, in some issues of the magazine Convivência (Fellowship), some cultural and literary events were recorded, yet, almost all with no dates and no indications of topics. It is worth mentioning that many of these events were of a social nature: dinners and meetings with representatives of embassies or consulates based in Rio de Janeiro. Furthermore, there are also photographs, but in most cases with no indications of dates, names and nature of the events.

“To reiterate our suggestion in the previous report, we advise you to urge the family, to collect, either by donation or purchase, the private archive of Professor Marcos Almir Madeira, because then perhaps we could obtain more information on the management of the PEN CLUB. We also recommend you collect

A SPECIAL CASE: ANTÔNIO CARLOS VILLAÇA AND THE PEN CLUB It all started when the writer and member of the PEN Club, Antônio Carlos Villaça, was authorized by President Marcos Almir Madeira to occupy the ninth floor of the head office of the PEN Club. Villaça was allowed to live there and receive his friends for more than two decades, with the consent of some members but without any voting or unanimity regarding this decision. There was pressure for a decision to be made once the Hotel Santa Teresa, where the former monk lived for decades, asked him to leave. In 2005, when Villaça was stricken with an incurable disease and already terminally ill, his close friends gathered at the headquarters of the PEN Club, coordinated by the ambassador and poet Geraldo Holanda Cavalcanti, then president of the Club, to decide what measures to adopt regarding the permanence or not of the writer in the club’s premises. They decided that Villaça could no longer stay there because his health lacked intense and permanent care. The writer, quite ill, with limited mobility, unable to go to emergency consultations in specialized medical clinics, needed permanent care. In sum: he was in danger of imminent death. Then all his dear friends decided to take him to a home, where he would receive greater care. The São Luís asylum, in Rio de Janeiro, was chosen to house him, reason why his friends came together, to gather the necessary amount to cover Villaça’s moving expenses to said asylum. Despite some setbacks, normal and frequent in such a delicate operation like this, the writer was finally taken to the São Luís asylum, where, unfortunately, on May 28, 2005, he died. The newspaper Folha de S. Paulo (S. Paulo’s paper), edition of June 7, published an article of writer Carlos Heitor Cony commenting on the death of the author of O nariz do morto (The deceased’s nose), giving the following explanation:

anonymous initiative of those who admired him. He was housed in the São Luís asylum for the elderly without family and without resources, terminally ill. For a while, at the initiative of Marcos Almir Madeira, he occupied a room in the headquarters of the PEN Club of Brazil. With the death of Madeira, I think he was dumped and ended up in an asylum”. The text above needs a brief and necessary correction. The writer Antônio Carlos Villaça was not “dumped” from the PEN Club after the death of president Madeira. More than three years had passed when the direction of the Club initiated efforts in order to give more effective medical care to the author of Nariz do morto (Deceased’s nose), since the death of former President Madeira happened on October 19, 2003. I believe that the noble and well-intentioned writer lacked detailed information about the reality of this situation. That is why he wrote “I think” and did not say it categorically. The fact narrated here, reflects the truth and, by itself, explains the scope of the gesture of President Marcos Almir Madeira and measures taken subsequently by the direction of the Brazilian literary club. However, as Cony’s text was published at a large national newspaper and until today has a negative impact on the image of the PEN Club of Brazil and can bring unfair questioning on the suitability of those who in those days directed the Brazilian Center, now, we clarified the facts so that the organization, so admired and loved by Antônio Carlos Villaça, does not appear to be responsible for such an arbitrary and inhuman attitude: his eviction, which never took place. The incomplete version cannot supplant the truth of the fact. On the contrary, the shelter provided to a needy writer, as in Villaça’s case, although beyond the expectations, especially considering the principles that should guide the correct use of public and private property, must be attributed to the proverbial generosity of Marcos Almir Madeira a man always predisposed to help.

“Antônio Carlos Villaça died on Saturday, May 28. Just a little note in the funeral announcements section, reporting his death, an

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THE PEN AND THE CHALLENGES OF THE NEW MILLENNIUM After the death of President Marcos Almir Madeira, which occurred on October 19, 2003, the archaeologist and writer Maria Beltrão temporarily assumed the direction of the PEN Club, but failed to complete the term of Madeira and resigned from office a few months later. This circumstance resulted in a new election of the board, being elected the writer and Ambassador Geraldo Holanda Cavalcanti, who took over the presidency of the club in 2005, with a three-year term. Geraldo Holanda Cavalcanti was born in Recife, on February 6, 1929. He completed his high school education at the Colégio Nóbrega. He graduated in Law and Social Sciences from the Recife University of Law, in 1951, after internship at Hague International Law Academy the previous year. After he completed law school he moved to Rio de Janeiro, to work as the Head of the Writing Department of the Directors Class Bulletin of the Brazilian Institute of Public Opinion and Statistics (IBOPE). In 1952, he was invited to work in the then called Legation of Brazil in the Dutch capital, collaborated with Plenipotentiary Minister Joaquim de Souza Leão in carrying out the first retrospective of the works of the painter Franz Post, presented in Mauritshuis (Mauritius house) at Hague. He began his diplomatic service in 1954. Since then, he has held the positions of Second and First Secretary, Consul and Minister of Second and First Classes in several countries. In 1978, being appointed Ambassador, he served with UNESCO and its following diplomatic mission managers were exercised with the Government of Mexico in 1982 and by the European Commission and the European Union later in 1986. In 1990, he applied for retirement from the diplomatic service. For two years, he directed the Ericsson Brazil’s telecommunications company, headquartered in São Paulo. In 1993 he returned to the diplomatic sphere, now as Representative of the President’s Staff, initially president Franco invited him to head the Brazilian section of the Neighborhood Commission with Colombia to address cooperation in the border areas, and the following year the delegation of Brazil to the World Conference on Population held in Cairo. In 1995 he was appointed by President Fernando Henrique Cardoso to represent him in the Group of Heads of State and Multilateralism Government Support (Carlsson Group), and the following year to head the delegation to the World Conference on Habitat in Istanbul. In 1996 he was elected General Secretary of the Latin Union, an international organization which deals with the protection and dissemination of the languages and cultures of Latin expression, based in Paris. He returned to Brazil indefinitely in 2001, to devote himself exclusively to literary activity. In 2004 he was elected President of the PEN Club of Brazil and Vice President of the Miguel de Cervantes Foundation to Support Reading, member of the Editorial board of the Poetry Always magazine from the National Library Foundation and of the Technical Council of the National Confederation of Commerce, Industry and Tourism (CNC). Throughout his career he has received numerous national and international awards. He is the author of extensive literary work in the fields of poetry, fiction, rehearsal and translation. Geraldo Cavalcanti Holanda was the fifth occupant of chair No. 29, of the Brazilian Academy of Letters. Elected on June 2,

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2010, in succession to the academic José Mindlin, he was received on October 18, 2010, by the academic Eduardo Portella. In December of the same year he was elected Treasurer, and in 2011, General Secretary, and he was re-elected in 2012. The following year he was elected Corresponding Member of the Academy of Sciences of Lisbon and next year, President of the Brazilian Academy of Letters. Cavalcanti’s management in the PEN Club of Brazil was marked by important initiatives, especially those aimed at restructuring in order to bring administrative and cultural stability, measures that contributed to the organizations return to the active participation in the Brazilian and international scene. In sum, the first concern of the Executive Board presided by Holanda Cavalcanti was to review and adapt the Statute of the PEN Club of Brazil to the new reality, particularly in view of the requirements of the New Civil Code. Therefore, the following departments were created: the Board of Trustees, Fiscal Committee, Membership Admission Committee and other positions related to the Board such as President, Vice-Presidents, Executive Secretary, Treasurer and Secretaries for International Affairs and Communications and Editorial Programs. Additionally, standards for the issuance of regulatory and administrative actions were instituted, designed to better manage and control the programs and activities of the club, mainly targeting the organization of documents and record keeping. These activities included keeping sound records of the events held at the PEN Club by the live recording of lectures and preserving them on CDs. The careful systematized preservation of physical images of the events was also implemented. Noteworthy was the restoration and editing of the informative Bulletin on a quarterly basis, with the purpose of reporting the activities of the members, inside and outside the organization. The Presidency took measures to computerize the record of administrative and cultural activities, including through the acquisition of appropriate equipment and furniture. In regards to the Holanda Cavalcanti’s management of the cultural program, the PEN Club held intense cultural activity during the three-year period (2005/2007), such acts linked to important literary anniversaries, namely, 90 years of Julio Cortázar; sesquicentennial of the birth of Rimbaud; Bicentennial of Hans Christian Andersen; Bicentennial of the birth of Bocage; centenary of the birth of Érico Veríssimo; centenary of the birth of Adalgisa Nery; and tercentenary of the birth of Antônio José da Silva, the Jew. During those three years, the club held conferences, lectures, debates and meetings with writers on issues of interest to writers, as proposed by the President in his inaugural address, namely: “Identity and Globalization”, “Censorship and freedom of expression “ and Author’s right, from Gutenberg to the Internet”. Panel discussions on literary themes, such as “Sociology of reading”; “Three visions of Carnival” were also held. The PEN Club held events outside of its headquarters in partnership with the following entities: UFRJ, Consulate General of Japan, National Library Foundation, Jewish Museum, Cervantes Institute, Brazilian Academy of Letters, Cultural Center of the Bank of Brazil, Goethe Institute of Rio de Janeiro, Brazilian Association of Hispanics and Royal Portuguese Hall of Reading.

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Several PEN members attended these and other events as speakers such as: Alcmeno Bastos, Alexei Bueno, Ana Arruda Callado, Ana Maria Machado, Antônio Torres, Bella Jozef, Cícero Sandroni, Cláudio Murilo Leal, Ivan Junqueira, Ivo Barroso, Fred Garcia, Laura Sandroni, Ledo Ivo, Nélida Piñon, Nelson Mello e Souza, Per Johns, Ricardo Cravo Albin, Sergio Fonta, etc. In 2008, at the end of Cavalcanti’s term, the writer Cláudio Murilo Leal was elected president of the PEN Club for a threeyear term (2008-2010). Leal was born in Rio de Janeiro (RJ) in 1937, he is a Doctor of Letters and Master in Brazilian Literature through UFRJ. He was a Professor of the Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ); of the University of Essex, England; of the ToulouseLe-Mirail University, France; and of the University of Brasilia. He collaborated with the newspaper Brasília Post and Brasília News. He directed the “Colégio Mayor Universitário” (“Major University College”) also known as “Casa do Brasil” (“Brazil’s House”) in Madrid. Bibliography: Poemas (Poems); Novos poemas (New poems); Fonte (Fountain); Gesto solidário (Solidarity gesture); As doze horas (Twelve hours); A rosa prática (The practical rose); A musa alienada (The alienated muse); Poemas de amor (Love poems); Caderno de Proust (Proust book) (National Poetry Prize of the National Book Institute, 1981); A velhice de Ezra Pound (The old age of Ezra Pound); O poeta versus maniqueu (The poet versus manichaean); Escrito en la carne; Reflets; The four seasons; Catarse (Catharsis); As guerras púnicas (The punic wars); Treze bilhetes suicidas (Thirteen suicide notes); Módulos (Module) (anthology, Sette Letras); Translator of the poetic anthology, Carlos Drummond de Andrade, Spain (1986); and organizer of Toda a poesia de Machado de Assis (All poetry of Machado de Assis), Record (2008). Murilo Leal’s management was marked by numerous monthly events throughout the three-year period, with lectures, book releases and meetings with writers associated with the club. These events had the participation of the following members: Ivan Junqueira, Maria Alzira Perestrello, Alberto da Costa e Silva, Carvalho Miriam, Leodegário de Azevedo Filho, Carlos Nejar, Arnaldo Nishier, Stella Leonardos, Antônio Olinto, Emanuel Morais, Domício Proença Filho, Astrid Cabral, Gilberto Mendonça Teles, Evanildo Bechara, Laura Esteves, Eduardo Portella, Helena Parente Cunha, Godofredo de Oliveira Neto, Paulo Roberto Pereira, Cícero Sandroni, Ana Maria Machado, Nelson Mello e Souza, Marita Vinelli, Olívia Gomes Barrada, Reynaldo Valinho Alvares, Antônio Carlos Secchin, among others. In addition, during his tenure, nearly a hundred new members joined the Club, a fact which led to the celebration of dozens of ceremonies and other events of administrative character. In regards to the administrative management of the PEN Club, as reported by the president Cláudio Murilo Leal, the organization experienced serious financial crisis:

The continued high rate of default during the three-year term of President Murilo Leal led him to report in detail the plight of the organization to its members, particularly in regards to charges on outstanding debts arising from past decades (management of Marcos Almir Madeira), a fact that threatened to compromise definitively the moveable and immovable assets of the PEN Club. President Leal said: “Aware of this summaries data about the current financial situation of the PEN, detailed in accounting, and available to the members at the headquarters, we reiterate that the payment of the fees should be made regularly so that the PEN does not become an unfeasible institution.” (Circular 7/10, May 28th, 2010). Faced with the impossibility of finding another solution to the crisis that hit the financial management of the organization, president Murilo Leal decided to dispose of property from its furniture collection. This measure, unfortunately, did not represent significant cash income able to reduce or eliminate the debt, then quite high. Only since 2011, through the initiative taken by the new Board of the PEN Club of Brazil, led by President Cláudio Aguiar, indeed, it was possible to balance the administrative accounts, drastically reducing delinquency and to safeguard of judicial disposal the assets recorded by the competent bodies for various liens. In order to do so, it is noteworthy that the support offered to the PEN Club by the Brazilian Academy of Letters (ABL), then under the chairmanship of academic Marcos Vinícius Vilaça, was crucial, since the two cultural entities signed a cooperation agreement designed to safeguard the integrity of assets of the Literary Club, and other relevant measures. Equally important, was the support the PEN Club has received from the Historical and Geographical Brazilian Institute (IHGB), through its president, Professor Arno Wehling. The Imperial Museum of Petropolis, through its director, Dr. Mauricio Vicente Ferreira Júnior also established a cultural cooperation agreement with the PEN Club. In addition, since 2011, the new Board has been promoting regular cultural and literary activities, seeking to fulfill the tasks conferred upon it by statutory provisions. The fulfillment of these actions resulted in the effective integration of the Brazilian Center with the worldwide network of writers led by the International PEN, whose main objective is to foster a climate of interaction, promoting literature and defending freedom of expression in Brazil and the world. This new phase of the direction of the PEN Club coincided with the need to integrate in the Brazilian Center the new functions that all other PEN Centers in the world, for decades, have adopted. These functions relate directly to the following basic sections: peace, women, translation and language rights and freedom of expression. To this end, all centers have structured internal committees with functions directed to these four main themes. Hence, this is the mission of the great worldwide network formed by the association of all PEN Centers.

“The accounting registered the default of many associates which has brought serious concerns about the essential maintenance of tax obligations, condominiums, etc., of the PEN.” (Circular 2/10, April 7h, 2010).

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THE RETURN OF LITERARY AWARDS Following the tradition of other cultural organizations and also of other world centers, the PEN Club of Brazil created, in 1938, its literary prize for all Brazilian writers, focusing on the categories of poetry, essay and narrative. After the death of founder and president Cláudio de Souza in 1954, the award of the prize, then traditional, suffered interruption and then alteration, when it was resumed. During Celso Kelly’s management the name PEN Club of Brazil was removed from the literary contest and replaced with a reference highlighting the name of the widow of the founder, Mrs. Luiza, plus her husband’s name, Cláudio de Souza. Then, the award was referred to as: The Luiza Cláudio de Souza Award. With Marcos Almir Madeira’s election in 1967 to the presidency of the club, the name remained the same, however, years later, new changes were introduced. In some years, the award was given with the name of writers from other countries, such as, “The Yasunari Kawabata Award”, Japanese writer; “The Shmuel Yosef Agnon Award”, Israeli writer; “The Jacques Maritain Award, French writer, etc. The same change took place with names of Brazilian writers, when the prize was sometimes named, “The Pontes de Miranda Award”, sometimes “The Paulo Rónai Award”, sometimes “The José Américo de Almeida Award,” instead of Luiza Cláudio de Souza as it had been adopted since the mid-1950s or PEN Club of Brazil as it was called since 1938, when the literary prize was created. Despite the occasional introduction of these changes, the name “Luiza Cláudio de Souza Award” lasted until the end of the 1990s, when the award was no longer granted and, in practice, became extinct. Throughout the existence of the PEN Club, it is worth mentioning that most of the major Brazilian writers were presented with the award, as exemplified by the following list: Gastão Cruls, Gilberto Amado, Brito Broca, Antonio Callado, Jorge Amado, Antonio Candido, Dalcídio Jurandir, Miécio Tati, João Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, José Condé, Fernando Sabino, Marques Rebelo, Álvaro Lins, Cyro dos Anjos, José Paulo Moreira da Fonseca, Cassiano Ricardo, Augusto Meyer, José Cândido de Carvalho, Dalton Trevisan, Josué Montello, Nelson Werneck Sodré, Rubem

Fonseca, Homero Homem, Octávio de Faria, Otto Maria Carpeaux, João Cabral de Melo Neto, Herberto Salles, Eugênio Gomes, Adonias Filho, Nilo Aparecido Pinto, Raymundo Magalhães Jr., Emílio Moura, Macedo Miranda, Autran Dourado, Waldemar Lopes, Fausto Cunha, Alceu Amoroso Lima, Érico Veríssimo, Odylo Costa Filho, Orígenes Lessa, Pedro Nava, Ledo Ivo, Affonso Arinos de Mello Franco, Permínio Asfora, Alphonsus de Guimaraens Filho, Stella Leonardos, Antônio Carlos Villaça, Murilo Rubião, Pedro Calmon, Guilherme Figueiredo, Mauro Mota, J. J. Veiga, Wilson Martins, Mário Quintana, Carlos Nejar, Dinah Silveira de Queiroz, Lygia Fagundes Telles, Alberto da Costa e Silva, Alexandre Eulálio, Maria José de Queiroz, Dante Milano, Josué Guimarães, Gilberto Freyre, Marcus Accioly, Raquel Jardim, José Guilherme Merquior, Afonso Félix de Souza, Barbosa Lima Sobrinho, Mário Pontes, Moacir Scliar, Ivan Junqueira, Denise Emmer, Antonio Torres, Helena Parente Cunha and others. In 2011, as a result of initiative taken by the current Board of the Club, the literary event of the Brazilian Center was restored, keeping the original tradition, which began in 1938, when mentioning the Club’s name, “The PEN Club of Brazil Literary National Award.” In its new phase, the prize was offered annually to Brazilian writers who have published in Brazil unpublished work in the categories Poetry, Essay or Narrative in the two years prior to the event. Publishers can also enter books of their authors. Registered writers may win first place in each category, being granted a trophy called “PEN” (fig. Opposite), specially designed and built by sculptor Cavani Rosas, plus a cash prize and certificate of participation. The awards are presented during the Christmas dinner, traditional festival held since the establishment of the PEN Club of Brazil. In recent editions of the Prize the winners were the following: 2011: Poetry – Iacyr Anderson Freitas; Essay – Luzia de Maria; Narrative – Edgard Telles Ribeiro. 2012: Poetry – Ferreira Gullar; Essay – Mary del Priore; Narrative – Luiz Vilela. 2013: Poetry – Fernando Fortes; Essay – Vasco Mariz; Narrative – Luiza Lobo. 2014: Poetry – Salgado Maranhão; Essay – Roberto Pontes; Narrative – Joel Rufino dos Santos. 2015: Poetry – Izacyl Guimarães Ferreira; Essay – Ana Luiza Almeida Ferro; Narrative – Cyro de Mattos.

NEW MEANS OF COMMUNICATION: BULLETIN, CONVIVÊNCIA (FELLOWSHIP) MAGAZINE AND THE DIGITAL ERA Since the establishment of the Club in 1936, President Cláudio de Souza created the Bulletin, with annual circulation with the purpose, laid out in the statute, of reporting detailed information on the administrative, cultural and literary activities of the Club. The publication was published regularly during the period from 1936 until 1954, the year of his death. During Celso Kelly’s management, some numbers were published, in a new format, but without regularity, until within a short time, the Bulletin stopped being published. In regards to Elmano Cardim’s management, as we have seen, unfortunately, there is no information on the records of the organization, it is known, however, that there was no publication of the mentioned Bulletin. The same happened during the nearly four decades of management of President Marcos Almir Madeira.

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Fortunately, the Bulletin was restored during the administration of Geraldo Holanda Cavalcanti, who, on a quarterly basis, regularly published it during his tenure. Then, during the administration of Cláudio Murilo Leal, the Bulletin stopped being edited. The current Board of the PEN Club, since March 2011, restored the publication of the Bulletin, on a monthly basis, in digital format, sent by e-mail to members and friends of the PEN Club and made available on the Pen Club’s Internet website (http: //www.penclubedobrasil. org.br/boletim1.html). The informative vehicle has recorded regularly all administrative, cultural and literary activities of the entity and its members. The Convivência (Fellowship) magazine, created in 1973, during the administration of President Marcos Almir Madeira,

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circulated until 2000. Over the course of 27 years only eleven (11) numbers were issued. As noticed, even without regular publication, the contents of the magazine, judging by the summary of each number, is rich repository since the collaborations always discussed issues of real interest and were signed by recognized authors of intellectual integrity. In 2011, after more than ten years without publishing the Convivência (Fellowship) magazine, the current board of the PEN

Club restored its publication, but in digital format on an annual basis, which can be found on the organization’s internet website (http:// www.penclubedobrasil.org.br/revista) and also on the international website specialized in magazine online publishing (http://issuu.com/ penclubedobrasil). The PEN Club of Brazil, now, also has its own website (http:// www.penclubedobrasil.org.br), in which information of institutional and cultural interest of the organization is published.

THEATER AT PEN: A STAGE IN EURYDICE’S HANDS Sergio Fonta In Greek mythology one of the versions of the origin of the relationship between Orpheus and Eurydice is the one which claims that Orpheus traveled to Hades to rescue from the kingdom of the dead his great passion, Eurydice. He would achieve his goal if, until he would reach the world of the living, he would not look back, to see his beloved one’s face. Almost at the very end of his journey he could no longer resist it and he looked back to make sure Eurydice was fine and it all faded: his love returned to the underworld and disappeared. Inspired by the myth, but plotting something very different, the Ukrainian playwright, naturalized Brazilian, Pedro Bloch (1914-2004), wrote the play As mãos de Eurídice (Eurydice’s hands), immortalized by the actor Rodolfo Mayer (1910-1985) and considered the first monologue played in Brazil. Bloch’s work is definitely amazing when considering the effects it had. From its opening in 1950, As mãos de Eurídice (Eurydice’s hands) was played more than 800 times throughout the entire world, by established actors, even on Broadway. Mayer alone was able to play it close to four thousand times in Brazil. In England it was produced by no other than Sean Connery. Do you know where As mãos de Eurídice (Eurydice’s hands) had its national premier on May 13, 1950? At the PEN Club of Brazil. Aside from being an institution that seeks to add works of literature and art from the entire world, without any prejudice and in favor of freedom of speech wherever it may be, the PEN Club of Brazil, founded in 1936 by playwright Cláudio de Souza (1876-1954), used theater as one of its platforms. In the center of Rio de Janeiro, on the 13th floor of the Edifício Sul-Americano, located at Avenida Nilo Peçanha, 26, since the inauguration of the official headquarters on December 23, 1945, theater has been present at the PEN Club: after the introductory discourse given by vice-president Elmano Cardim (1891-1979), the comedy Rosas de Espanha (Roses of Spain) was played, from the very own Cláudio de Souza, directed by Esther Leão (1892-1971), professor of voice and diction – with a hint of Lusitanian, as it was customary during that time – respected, actress and elegant woman. The cast included Maria Magyar, Dulce Dias, Daniel Caetano and Paulo Vieira. This was the opening night at the PEN Club’s theater. The following year, on July 27, in celebration of the 10th anniversary, a theater and poetry festival was held, with the support of the Federal District City Hall, although the founders of PEN always contributed, with its patronage, in order to make these events possible, not because it was in a good financial situation, but because of its love for culture. Bulletin No. 15, of January 15, 1947, makes reference to other events involving theater on that very day, without naming any, besides Ordem inversa (Reverse order), which had one act from Souza. Either way the repertoire chosen or rehearsed at the PEN – as

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it was the case with As mãos de Eurídice (Eurydice’s hands) – was not shy. Classic international and national playwrights were brought in until the end of the 1940s. For example, Martins Pena and his plays, Quem casa quer casa (One who marries wants a home) and O irmão das almas (Soul brother), the latter with a notable cast, although all were at the start of their career: Nathalia Timberg, next to Jerusa Camões, Luiz Delfino, Jayme Barcellos and Fernando Pamplona who went on to become known as a set and carnival designer. There was a process in the selection of the repertoire that was chosen and Cláudio de Souza, certainly would be proud of the plays that were presented even after his death. The PEN Club’s auditorium was not any theater: it had an intense program and initially there were 152 seats. But it continued to grow and in 1951, Cláudio de Souza initiated a radical remodeling of the venue. 100 seats were added, and also a moving stage was built which moved around the audience giving them more visibility. The concept and execution was done by set designer Luciano Trigo. Two years later there was a new expansion which proved that the PEN Theater was growing more and more with its different gatherings, talks and meetings. The stage at this venue also served as a trampoline for these plays in that, depending on the audience reaction, they could move on to other theaters in Rio de Janeiro. This is what took place with Pedro Bloch’s monologue. It went better than was anticipated, with packed houses, which in the jargon of theater means the venues are full. The success was so great that the PEN stage was dwarfed by the magnitude assumed by the drama directed and interpreted by Rodolfo Mayer, “forcing” the playwright, with many future successful plays, such as, “Os inimigos não mandam flores” (Enemies do not send flowers), “Dona Xepa and Soraia Posto 2” (Madam Xepa and Soraia Posto 2), to take his play “As mãos de Eurídice” (Eurydice’s hands) to a conventional theater, taking his first steps to a successful worldwide journey. Pedro Bloch could never have imagined that just one note in Paschoal Carlos Magno’s column, in the journal Correio da Manhã (Morning Mail) would alter his destiny: in it Paschoal mentions that the play by this young author, Pedro Bloch, was great and had not found a venue to be played. Cláudio de Souza, aware of Paschoal’s importance and allied to the constant motivation that he himself, Souza, would give to those individuals starting off, searched for this young author’s address in the white pages and offered the PEN stage for the premier. That is where Pedro Bloch’s triumphant career took off and the definite establishment of Rodolfo Mayer took place. The premier was a total success, praised by all of the press. The Folha Carioca (Carioca paper) stated in 05/19/1950:

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“During Rodolfo Mayer’s performance, the audiences’ delirium in the last piece was so much that dozens of people did not want to leave and they jumped on the stage to personally congratulate the author and his interpreter. The “Eurydice’s Hand” was, undeniably, the highlight of this Brazilian artist’s career whom alone, and with a fantastic text, had to face all the responsibility of this presentation, an educated audience, where there were well known individuals, artists and intellectuals”.

virgin soil of your heart which you so aptly named: No vale verde do meu sonho… (In the green valley of my dreams…)”. She remembers dearly the cordial demeanor of the founder of the PEN Club of Brazil: He was very friendly, nice, he welcomed everyone with opened arms, always smiling, a diplomat. I never saw him argue with anyone. While Marita Vinelli was still young she frequented the Pen Club theater along with her grandfather and remembers there were many well known individuals from the national culture scene of that time such as the novelist and essayist Viana Moog and the poet Raul Machado and Margarida Lopes de Almeida who would receive applauses every time she would recite poems. The attorney, writer and member of the PEN Club, Francisco de Paula Souza Brasil, although he was only fourteen years old, would also frequent the PEN Theater on many occasions along with his father:

After successive performances at the PEN, Bloch’s play, with Darcy Evangelista’s set, goes on to the Theater Regina (today Theater Dulcina) and it is a box office hit. On May 3, 1952, at the PEN’s reopening, after summer – the newspapers were calling it the “season reopening of the PEN Club” – there was a showing of “As mãos de Euridice (Eurydice’s hands)”, by Mayer himself, one showing, only for associates and individuals who were invited, with the text already awarded by the Brazilian Academy of Letters and lauded internationally and nationally. Although he would frequent the PEN Theater towards the end of the 1940s, it is in the beginning of the 1950s, that professor and director Luiz Osvaldo Cunha, then a student, would start frequenting the theater regularly, motivated by articles printed in the press announcing these events and also from friend’s recommendations. He tells what the atmosphere was like at the theater:

“Writers, students and even ambassadors would visit the PEN. The social life in downtown was very intense. At the PEN Theater there were no cocktails. Nowadays people frequent places in order to eat and drink but, at that time, people would go to see the events themselves. The auditorium was always full.” Souza Brasil, although not present at the play As mãos de Eurídice (Eurydice’s hands), remembers that Cláudio de Souza took to the PEN theater the play Resposta às mãos de Euridíce (Response to Eurydice’s hands) and it was true: he wrote it almost three years after Pedro Bloch’s stellar monologue, but his originals, at least until now, have not yet been found. Although this work is not in his personal library, at the PEN headquarters, in the volume of literary conferences As Letras e os salões (The letters and the halls) of 1955 – one year after Souza’s death – there appears a list of works written by him and that one is listed as his last. The plot in the Resposta às mãos de Euridíce (Response to Eurydice’s hands) is curious and a bit pirandellian, as Souza was familiar with the Italian playwright. In As mãos de Eurídice (Eurydice’s Hands), the character Gumercindo Tavares, unhappy with his marriage, fell in love with the young Eurydice, abandoned the conventional home and left with her to Argentina. After some time and after wasting money in expensive jewelry for his lover, he loses all of his fortune in the Mar del Plata casinos, he blames Eurydice for his financial ruin, returns to Brazil alone and does not find any place for himself in his previous home, everything had changed. In Resposta às mãos de Euridíce (Response to Eurydice’s hands), also a monologue with two acts, Cláudio de Souza inverses the situation: This time it is Eurydice who returns to Rio searching for employment and trying to live honestly. But she was unable to do this because everyone accused her of destroying Gumercindo’s life. Decided to change the public opinion, Eurydice decides to write a play, Resposta às mãos de Euridíce (Response to Eurydice’s hands), and to premier on the same stage Gumercindo premiered Bloch’s play, telling her side of the story. The character was played by Maria Luiza Drummond and everyone was pleased with her performance. The director was Maria Wanderley. The play premiered at PEN on May 16, 1953, three years after Bloch’s. The theatrical program at PEN was intense especially during the 1940s and 1950s. During the period of time of Cláudio de Souza, up

“It was packed with people interested in culture and the arts. There were many conversations regarding a variety of topics, plays and poetry recitals. These were not read, they were recited, memorized and both men and women dressed well. The audience was varied: intellectuals, theater students and other subjects and friends that participated of the event. It was classy but much laid back. There was no snobbery. People dressed well, according to the norms for that moment. Many people would show up. Some were known others were not, from all social classes. It was a very pleasant place. You would always find interesting people who you could speak to before the shows and during the intermission. There was an exchange of ideas”. These events would take place, almost always, Saturdays in the afternoon and they would finish around seven o’clock at night. Once in a while it would go on later than that but, they would finish early. You would get in the elevator, you would get off on the last floor, taking stairs that would take you to a canopy. It was a double door, wide and made of varnished wood. At the right side of the auditorium, in front of the Avenida Nilo Peçanha, there was a terrace. Half of it was covered and it was closed off at the front. This terrace was connected to the hall and when there was an excess of people chairs were placed there. Two rooms that were located on the sides of the stage were used as a dressing room and seating. The writer Marita Vinelli, dean of the PEN Club, next to the poet Stella Leonardos, met Cláudio de Souza, while still a child – he was friends with her father, also a doctor, and read her first poems, motivating her through a letter on September 1948: “I was never a critic and a teacher much less. I received your first book and I read it. I enjoyed this small garden which you planted in the

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until his death in 1954, aside from the previously stated As mãos de Eurídice (Eurydice’s Hands), many plays were presented at the stage located at Avenida Nilo Peçanha. Amongst them were Feitiço (Spell), written by Oduvaldo Viana and A mais forte (The strongest), written by Strindberg, with Henriette Morineau and Margarida Rey, both in 1949. In 1950, it was time for O mancebo se casou com uma mulher brava (The young man married an angry woman), from Alejandro Casona, and Uma boa noite (A good night), written by Alfred Gehrl. This was a public rehearsal of the Practical Course of Theater of the National Service of Theaters, directed by Esther Leão, with Kleber Macedo and Silvia Orthof whom, afterwards, was able to make a name for herself as a children’s author. That same year the theater at the PEN continued to shine. In June, actor Pierre Bertin, member of Jean-Louis Barrault, and author of the “Confidences dún acteur” and actress Simone Valère recites verses in French and reads text from Mauriac. In July there is the play Quebranto (Broken), written by Coelho Neto, at the Teatro Universitário (University Theater), directed by Jerusa Camões, the cast being Nathalia Timberg and Sérgio Britto. Later on they went on to become sacred and loved at our theater. In August, Lucia Benedetti has her debut in the drama O banquete (The banquet), a play in one act taken from one page of the writer Dinah Silveira de Queiroz, with Beyla Genauer. In September O pedido de casamento (The marriage proposal), written by Tchekhov, and in November, No céu é assim (It is like this in heaven), a work from journalist Celso Kelly, who would preside the PEN Club from 1956-1961. On December 18, 1950 the newspaper A Noite (The Night) announced that the PEN Club would remodel during the holidays with the intent of expanding the auditorium. In 1951 once the remodeling was completed and the theater was reopened, Pedro Bloch was announced as the new director of the PEN Theater, substituting Esther Leão. On May 12, parallel with Sílvio Romero’s homage and a conference of attorney, writer and journalist Cândido Motta Filho, two plays premiered: Uma carta na mesa (A letter on the table), written by Maria Wanderley Menezes, also the director, and O retorno (The return), written by Péricles Leal, with the Quixotes group, from the SNT Practical Course, to which Wanda Kosmos and Antonio Patiño belong. In July, he directs, together with Leblanc Papin, Antígona (Antigone), of Jean Anouilh, in its original form. On the same month of July, however, Souza praises Esther Leão – “…our exquisite theatrical essayist”- while directing a sonnet recital written by Camões and Bilac, and the comedy Rosas de todo ano (Roses from all years), written by Julio Dantas, and in November A beleza perturba (Beauty disturbs), one more work by Celso Kelly, once again with Nathalia Timberg. Cláudio de Souza was an active participant at these cultural events even if they did not take place at the PEN. His name appears in many records in this institution. For example, a document which he and other individuals signed commemorating the visit of the Portuguese writer Ferreira de Castro to Brazil, a letter to Paschoal Carlos Magno, for his column in the Correio da Manhã (Morning Mail), to praise the planning and execution of the Massacre (Massacre), written by Emanuel Robles, translated by Miroel da Silveira, in 1952, even to send greetings to Paschoal, one year later during the presentation of O noviço (The novice), written by Martins Pena, at the PEN, with the cast of the Teatro do Estudante (Student’s Theatre) after having great success at the Teatro Duse (Theatre Duse).

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Cláudio de Souza offers bombastic praise: “… Your appearance was full of promise and joy. Not because of the abundance that lies within your repertoire or because of the long lasting and stable cast, but because of the presence full of faith and enthusiasm, that its founder, Paschoal Carlos Magno, a vigorous soul like those of the cavalry during the Crusades, always victorious combatant and with no personal interest, transferred to you from his own arteries, from his own heart, with the seed of faith and the sincere desire of sacrifice”. 1953 brought us a few more plays, amongst them a “mimic play”, A moça visitando uma cidade (The young girl visiting a city). To close out the year there were two more comedies by Cláudio de Souza, A ordem inversa ao dia de hoje (Today’s reversed order) (This is the longer title of the play that celebrated PEN’s 10th anniversary, in 1946) and O amor que não existe (The love that does not exist), both directed by Maria Wanderley. In 1954 Souza became ill, nothing else is found in his files, whether it be in personal notes – he was exemplary when it came to organization regarding the PEN Club and his own works – or in the institutions bulletins. Even after his death there were many plays at the PEN Theater which were supported by his widow, D. Luiza or D. Luizinha as many would call her, although there was very little time left for her to live: she died in 1956. The majority of these plays were directed by Maria Wanderley, Esther Leão and later, at times, by Luiz Osvaldo Cunha. During this period of time, between the plays presented at PEN there is a rerun Um pedido de casamento (Marriage proposal), written by Tchekhov, and O homem da flor na boca (The man with the flower in his mouth), written by Luigi Pirandello, author studied by Souza in the book Pirandello e seu teatro (Pirandello and his theater) (1946). Maria Wanderley (1902-1980) deserves special merit. She was a force in cultivating culture at the PEN, aside from being an awarded author. In 1948 she won the Artur Azevedo Award, from the Brazilian Academy of Letters, for her work, Madalena e Salomé (Madalena and Salomé). During the “PEN period”, she helped this entity grow by taking such initiatives as “Cláudio de Souza Theater Study Group” (1958) and “New Director Festival” (1959). She would motivate the younger actors with montages of renowned authors such as, Tennessee Williams (Demorado adeus [Long goodbye]) and Bernard Shaw (Como ele mentiu ao marido dela [How he lied to her husband]). She would always invite students from the Brazilian Theater Foundation, directed by the actress, Dulcina de Moraes, to participate in the presentations. Maria Wanderley, which had plays performed by the United Artist Company (Valete de ouro [Gold jack]) and by the Procópio Ferreira Company (Mulher sem rosto [Woman without a face]), was also a professor and gave prosody classes at the old National Conservation Theater and at the Municipal Martins Pena School. Although the penthouse at Avenida Nilo Peçanha was deactivated ever since the PEN Club of Brazil headquarters moved to Praia do Flamengo, the theater was always an integral part of PEN and it was also part of the trajectory of the doctor, writer and playwright, Cláudio de Souza, born in São Roque, SP. As a doctor he was very much honored. He was cited in thesis and books as a specialist of studies related to syphilis and alcoholism, he founded in 1906, the Institute of Moral and Sanitary Prophylaxis and Cláudio de Souza Dispensary, which treated individual suffering from syphilis and alcoholism free of charge. But, although he studied medicine, it was in writing and on the stage that Cláudio, at the beginning of the XX century, made a name for himself at the national marquees.

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Flores de sombra [Shadow Flowers], debuted in 1916, is his greatest work on the stage, leaded by the protagonist Léopoldo Fróes (1882-1932), an idol at the time, that would steer the masses to the theater. He was an icon, but he knew Souza well, who wrote until 1930, more than 30 plays and 29 books, totaling 80 volumes at the time of his death. With Fróes, a constant partner, he tried organizing in Paris the French-Brazilian Comedy Company, which proposed to gather, in French, only Brazilian texts and travel throughout the world promoting the national playwright. This was a utopia which was well worth dreaming about, but it did not succeed. In spite of this, Cláudio de Souza became a much respected intellectual. He was a member of the Science Academy of Lisbon and of the Academy of Letters of São Paulo; he was elected to the Brazilian Academy of Letters in 1924 and became president in 1938. He occupied chair number 29, that Martins Pena occupies as patron, Artur Azevedo as founder and as a standing member the ambassador, poet, essayist and translator Geraldo Holanda Cavalcanti, president of the PEN Club from 2004-2007 and president of the Brazilian Academy of Letter from 2014-2015. When Cláudio de Souza was elected president of the Brazilian Academy of Letters, in 1938, he received an enthusiastic greeting from comedy writer and academic Armando Gonzaga, then president of SBAT (Brazilian Society of Authors), an organization which Souza was also a part of: “Just as the old man Martins Pena in the nineteenth century, it fell upon Cláudio de Souza in the twentieth century, to take on the role of consolidator of the Brazilian scene. To him the glory belongs of having marked the beginning of the movement that has become, whether they like it or not, the most fruitful of the national theater”. In addition to Cláudio de Souza and Viriato Corrêa as founding members, many other well-known individuals, including some that have passed away are associated with the theater and were members of the PEN – be it sporadically through rehearsals or text adaptations or permanently – such as Alvaro Moreyra, Ana Elisa Gregori, Antonio Callado, Barbara Heliodora, Décio de Almeida Prado, Dias Gomes, Ernani Fornari, Heloísa Maranhão, João Luso, Joracy Camargo, Jorge Amado, Joshua Montello, Maria Clara Machado, Maria Wanderley, Abreu Modesto, Múcio da Paixão, Oswald de Andrade, Paschoal Carlos Magno, Pedro Bloch and R. Magalhães Jr. Currently you could find the names of Ana Maria Machado and Arnaldo Niskier – who contributed with writings for the children and teens – Cláudio Aguiar, Clovis Levi, Doc Comparato, Edla van Steen, José Louzeiro, Maria Helena Kühner, Miriam Halfim, Roberto Athayde, Sabato Magaldi, Sergio Fonta, Stella Leonardos (wrote the play Palmares [Palmares], performed at the Experimental Black Municipal Theater, in 1944) and Tania Brandão, in addition to writers and academic Nelida Piñon and Lygia Fagundes Telles, and Rubem Fonseca, who had their works adapted for the theater. As foreign members we had, Eugène Ionesco (1909-1994), a master of the theatre of the absurd, and Mario Vargas Llosa, famous novelist, author of five works, amongst them A senhorita de Tacna (Mademoiselle of Tacna), performed in Brazil, during the 1980s, by actress, Tereza Rachel. During the 2000s, the PEN Club of Brazil, at that time in its traditional building (Praia do Flamengo, 172), on the 11th floor room, resumed its tradition of theater in four dramatized readings with actors and professional directors. The first, on August 11, 2003, with the play Paixão na casa morta (Passion in the dead house), the theatrical adaptation of novelist Clair de Mattos, member of the PEN,

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performed under our direction, and performed by Martha Overbeck, Licurgo, Isabel Themudo, Maria Alves, Mayra Capovilla and two sons of the author, Delio Aloysio and actress Maria Clara Mattos as the cast. When the reading took place and at our request, Clair and her husband, lawyer Délio Mattos, asked that a stage be built. Until today this stage is used. It greatly improved audience visibility, not only during recitals but also during the PEN Club’s conferences and discourses. On June 11, 2007 homage was paid to the founder of the PEN, with reading of Flores de sombra (Shadow Flowers), directed by Jacqueline Laurence, with Thelma Reston (1939-2012), Sonia Clara, Angela Rebello, Janaína Prado and Leonardo Franco. Then, on July 3rd of that year, to mark the tenth anniversary of the death of writer and scholar Antonio Callado, I had the opportunity to direct the O colar de coral (The coral necklace), an unprecedented work, which included Ivone Hoffman, Tessy Callado, Henri Pagnocelli, Felipe Martins and Myrian Thereza, among others. On August 28, 2008 the work Terapia conjugal judaica (Jewish marital therapy) was read, by Miriam Halfim, with Isaac Bernart. At the PEN Club headquarters there is a beautiful stained glass, requested from Italian artist Cesare Formenti (1874-1944), initially living in São Paulo and later in Rio de Janeiro, which reproduces one of the scenes from Flores de sombra (Shadow flowers). In 1918, Formenti opened a workshop to manufacture stained glass windows in Rio de Janeiro and it was certainly at that time when PEN sent the request for the stained glass, immortalizing the play that debuted two years earlier. In 1916, the Boa Vista Theatre in São Paulo was chosen to debut Flores de sombra (Shadow flowers). The following year it was presented in Rio de Janeiro and it was shown almost 300 times. It was a resounding success that season. Today Flores de sombra (Shadow flowers) would be considered an exasperated drama, whose plot takes place on the farm of a matriarch of a traditional family, who awaits with a certain uneasiness, her son’s return, who had been away a long time, bringing important visitors from the city, including the daughter of a minister, for whom he is in love with. A story filled with secret loves, tempered by a light comedy and scathing criticism of the French language, predominant at that time, written by an intelligent writer, in 1916. One century has passed. And today, this play should continue to be viewed as such. By 1949, Cláudio de Souza begins construction of a mausoleum in the cemetery São João Batista, in Botafogo (RJ). But as Cláudio Aguiar relates in a passage of this book commemorating the 80th anniversary of PEN, when the press discovers this fact they did not forgive. Imagine the juicy dish for the journalist to gossip about at that time, an immortal accepts his earthly condition and erects a mausoleum of grand proportions for him. Readers were desirous for a public lynching, even more of an exponent such as the president of the PEN Club and member of the ABL (Brazilian Academy of Letters), and yell it for all to hear, as some nowadays do through social media, through lightweight internet users, who fulfill this sad role of denigrating the image of another individual without basis. Let it be said that Souza though incensed by much of the media, went through some scathing comments during his intellectual life, amongst them those by caustic and unforgiving critic Agripino Grieco. But there is no escaping the issue regarding the mausoleum: what did everyone have to do with it? It was a private matter, financed by him, made with discretion, seeking to rest in peace when the time came. It did not concern anyone, it did not exploit anyone. Many

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individuals or wealthy families, sometimes even with more pomp, also did this and were not condemned by others. Some prefer to see that structure as an act of vanity. However our point of view is different. I went to see this monument, which is on the main path of the cemetery São João Batista. In front of the mausoleum where today lie Cláudio de Souza and his wife, D. Luiza, emotions run strong. What we see, in fact, is homage to the theater, the very purpose of the life of the author of Flores de sombra (Shadow flowers). He built a real amphitheater, as evidenced by the photos contained in this book. Three life sized statues, representing the Moirai who, according to Greek mythology, are the sisters who weave the fate of gods and men, that is, they weave the thread of life and death: Clotho was the spinner, Lachesis was the one who would put the name of the person, who was going to die, in the thread, and Atropos would cut

the thread, symbolizing death. At the top of the structure there were two masks: the left side for tragedy, the right for comedy. In front of this small, but impressive stage of Greek theater, small and beautiful bleachers surrounded the mausoleum. Who knows, maybe one day this bold and fearless director, along with an audience who shares the same fearlessness, could debut a play there, in the company of Olympus and eternity and blessed by Dionysus... Cláudio de Souza, in both life and death, was a faithful man to the theater. He lived it and dreamt with it. It was his passion. When considering the books and plays he wrote it is clear he took the path of arts and theater. He was and is a man of the theater. This is perhaps the best compliment and recognition, to define Cláudio de Souza as a man devoted to theater, with the right to be lauded on the open stage.

DOCUMENT AND MEMORIES AN ASSOCIATION OF BRAZILIAN WRITERS Cláudio de Souza The state of writers is not thriving in any country. Humanity is repudiating the ancient art of fiction and non-fiction. They want reality with its anguish, but with the benefits of instincts. The flesh wants to impose itself, regaining in the freedom of lesser passions, the ground that was conquered by the spirit, which elevated above itself. Ancient writers, educated in the school of culture, have been unable to adapt to the new genre of morals, and are eliminated by the generations of muscle and viewed as lovers of the past. Those who, clumsy and awkwardly, intend to submit themselves to the new standards have become deplorable caricatures, like the elderly trying to deceive someone with false youth. On the other hand there was not enough time to impose on the younger generation of writers the chaos of a thousand extravagances and aberrations that have been unable to centrifuge the impurities to give us a literary school. We have to consider another factor: dispersion. The modern day life of sports, pleasures and the mundane obligates writers to separate, to distance themselves from one another. Rarely do they have time to talk. Crystallization does not come from disintegration. In Brazil there are countless literacy centers of benign character and a feverish academic outbreak, which is spreading from the capitals to smaller cities, and there might already be a conglomeration of academics and writers, many unknown, numbering more than those in more advanced countries! They are, however, with some exceptions, places of self-praise, centers for rivalries with its insincere formalities and therefore sterile. That is why the PEN Club of Brazil was well received, affiliated to the PEN International, based in London and centers in all major capitals of the world. Its purpose is to harmonize writers, defend their rights, reduce the differences and respect works built with the intellect as world heritage. There are no speeches or motions for applause. No one praises to be praised. No one attacks in order to be feared. There are two or

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three hours of friendly association. Like a family that comes together. The idea is ancient and therefore good. It comes from Greece. In France there were famous literary meals organized by Moliere and Boileau. The joyeux diners ( joyful dinners), chaired by Piron and Crébillon became customary literary events. At these dinners, the writers would read epigrams to each other, to educate themselves on tolerance. This was a different system than the one where you would mutually praise one another. When the epigram pleased, the victim should accept it and drink a glass of water signaling resignation, because water would only enter those banquets of good French wine as a punishing element. If, however, the satire displeased, the glass of water was poured on the head of the one reciting the epigram to purify his genius. And so ended as friends, judge and defendant performing the aphorism Delavigne: Qui dine avec son juge a gagné son process (The one who dines with the judge has won the case). The three dinners celebrated at the PEN Club of Brazil were lovely meetings where writers established friendships that they never had and some misunderstandings were corrected. The first was presided over by Conde Affonso Celso; the second, by Barão Ramiz Galvão and by the Minister Rodrigo Octavio, being guest of honor Ambassador Alfonso Reyes, a member of the PEN Club of Mexico and board member of the Congress of all PENs worldwide, held in Paris, and the third by former Foreign Minister Dr. Octavio Mangabeira. All writers will find open doors at the PEN Club, as if it were their own home, for meetings, to which we can apply the verses of Voltaire, in his slanderous conclusion: Le dîner fait, on digère, on raison On conte, on rit… He who eats while conversing and laughing with good company finds life to be good and luck benign. He enjoys for a few hours the illusion of happiness, the supreme desire of the soul.

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GREETINGS TO CLÁUDIO DE SOUZA Academic Rodrigo Octavio Filho (These words were spoken on December 23, 1945 at the inauguration of Cláudio de Souza’s bust at the PEN Club of Brazil) “If it is our sincere desire to provide at this time and at this venue, just and due homage to Cláudio de Souza, founder, president, enthusiast, body and soul of the PEN Club of Brazil, first, I must – in obedience to the look of all those present – say the following: Cláudio de Souza, my friend, you accomplished this magnificent gathering of spiritual fellowship, making men of intelligence, Brazilians and foreigners, brothers. You had the strength to write more than 70 works. Do not fool yourself; it is not just because of your intelligence or your dynamic character, or your abilities to which you owe your success in life. We know well that next to you there is a meek person that helps and encourages you, a flower that gives you comfort in difficult moments and along with you she smiles in happy moments too: D. Luizinha. For her, gentlemen, our first honors (Loud applause). It seems incredible, but true: the PEN Club of Brazil is now perhaps one of the richest in the world. Not only in material goods: mainly because of the moral and intellectual collection that is its history. Cláudio de Souza, whose bronze bust we are now inaugurating, will perpetuate its memory in this house, where he was a persistent and optimistic worker. Let’s see how it happened. To remember is not to grow old. If so, I, who live wrapped up in memories, would give a new meaning to my gray head, a very different meaning from the one it currently has. Remembering is to relive. And it is at the core of nostalgia. But, my friends, the longing is still our most faithful companion, the one who knows how we feel, who accompanies us in all our ways and never deceives us. But let us not get sentimental. Let’s go on with the facts through a small glimpse of the past, the recent past, no more than ten years ago. On April 2, 1936, Cláudio de Souza founded our PEN using as a model what had been created in London in 1921 as a need to gather and socialize writers from around the world after World War I. What did writers want? The same as today: peace, freedom of thought, appreciation for works of art, a higher elevation of the spirit and of the human heart. In Brazil, 43 writers answered Cláudio de Souza’s call. Amongst them I would like to remember one: Rodrigo Octavio. As appointed president, Cláudio de Souza had the following individuals as members of the board, Múcio Leão, General Secretary; Raul Pedrosa, Secretary, and Treasurer the deceased Vitor Vianna. Counselors, Conde Affonso Celso, Barão Ramiz Galvão and M. Paulo Filho. The contingency of academics was great: of the 43 founding members, 21 of 25 members of the Brazilian Academy present in Rio signed the founding charter. And seven of the missing signed up as corresponding members. Many of those present will remember our first dinner held at the Ceará Building. Rodrigo Octavio, who was present, contrary to his natural optimism, expressed his skepticism regarding the duration of the PEN. Had still remembered what happened to similar organizations, which he was part of, throughout his long and good life. He remembered Panelinha (Little pan) and Club Rabellais (Rabellais Club), whose short story appeared in the pages of Minhas memórias dos outros (My memories of others). But Cláudio promised that while he had the strength, he would not allow the association he

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had just founded to die. He promised that and fulfilled it. And here we have the proof of his devotion and effort. In the famous meeting held on September of 1936 in the city of Buenos Aires, where PENs worldwide gathered, uniting the greatest contemporary writers in the defense and declaration of a common ideal, the PEN Club of Brazil was present. And since then it never faltered in carrying out its program, in defense of its principles. And as the PEN Club is stubborn, there was opposition. It has even been considered a communist organization, at a time when being a communist was a very ugly thing... Soon after, some saw it as totalitarian... All this smoke was however diluted and soon disappeared. And when the world, losing its head, entered a war, that dampened our spirits and dimmed our hope, the Brazilian PEN, in line with everyone else fought the armored stupidity of totalitarianism and proclaimed its faith in democracy that serves to unite people and make them less unhappy in an environment of moral equality. There was Brazil with its weak neutral stance while our president launched vehement protests against the incredible actions of totalitarians. But as Brazil was not at war with the destroyers of the world, not even having broken diplomatic relations with them, the police, influenced by the German Embassy, gave orders that we should not state our opinion out loud. On July 4th of the following year, the PEN Club offered a banquet to all heads of diplomatic missions in the Americas, whom on that occasion felt through the words of João Neves da Fontoura and Elmano Cardim, our intentions of combating the axis political destroyers and the strength of our democratic spirit. In the end, Brazil, following its destiny, went to war. Our association preached its principles through memorable conferences where scholars and specialists spoke about the serious problems brought on from after wars. This series of conferences was organized by Hermes Lima. Its literary expression program has been publicized through a magnificent series of lectures that were yearly held. Theater and music were not forgotten. The systematic distribution of free books throughout the country is a great service. Thousands of books have been distributed. With great enthusiasm and interest, Cláudio de Souza cares for all of that. The secret, which he does not hide, is that he does not feel forced to do this. Whether it is working as president or an office boy he works with great devotion. I already caught him red-handed entering my office to deliver an invitation for a PEN Club conference. He still types our newsletter which is a source of useful cultural information. He is also the perfect proofreader for publications published by PEN. He performs other functions, such as custodian of books, correspondent using different languages, typist and even answers the telephone ... He will go in the afternoon to pick up foreign writers who arrive in our country and he is up early in the morning to drop of those that are leaving. He rejoices with his friends and is always on time to help those who suffer or need a word of comfort. Cláudio forgive my dissecting of all your activities, your accomplishments and your heart. But the truth is I have not finished stating how much we owe you.

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Gentlemen, all there is to say about Cláudio, is that aside from everything he is, doing everything he does, he is also a magician with our finances and a sorcerer with our possessions! I am absolutely allergic to such matters, so I look up to him with absolute admiration. Let us review some numbers, or rather decipher the miracle ... In 1936, the total June revenue was l,772 cruzeiros. In 1937, it was 3,440 cruzeiros. Even if we tried stretching that it would not be enough to rent a small room ... In 1938 our president’s report was solemn and triumphant: “This year we have a balance of 1,522 cruzeiros, with which we acquired six raffle policies.”We were at zero. The journey was about to start. We were never aided by this so called raffle. Love and games hurlent de se trouver ensemble… We were never lucky but the love for good principles continues. In 1939 the balance rose up to 15,000 cruzeiros. In 1940, it went up to 56,755.30; in 1942 to 127,000.00 cruzeiros. The following year it went up to 200,000.00 cruzeiros. In 1944, it went up to 300,000.00 cruzeiros and in 1945 to this fine balance we could add the property where our branch is located, estimated at the property appraisers office at 500,000.00 cruzeiros, but the actual value, calculating appreciation and remodeling, raises that amount considerably.

I do not know, at this speed, where is it that our president wants to take us… I am afraid of unraveling the mystery or to spoil this miracle. All of us have our suspicions, and with good reasons that Cláudio de Souza, aside from arranging book fairs, and pleading for contributions and subsidies, made personal contributions to the PEN Club. One of these is tangible; it is the donation of this branch. For this we are grateful. Today we are in our own home with funds in the bank. We could live in peace as progressive bourgeois. Let us stop smiling because of our good fortune, our joy of having a president like Cláudio de Souza, to face the eternal side of our association. Everything that our PEN Club is accomplishing under his loving and patient lead was recognized by the High Council at the London PEN Club, when after his election, in Rio, as perpetual president, they sent him the following telegram: It is a just reward for the devotion you have shown for this Center for the high ideals of our PEN. Let’s repeat here, to conclude this homage, the true words that were directed to our president from abroad. My dear Cláudio: the applause of your friends, present here, are a small but fitting tribute of our gratitude for your devotion to the high humane ideals of the PEN Club.

CLÁUDIO DE SOUZA’S HOUSE SUB-UNIT OF THE IMPERIAL MUSEUM Maurício Vicente Ferreira Júnior “The House of Cláudio de Souza opened its doors on January 14, without noise or commotion.” Inspired on Machado’s prose, Francisco Marques dos Santos spoke at the opening ceremony of the house located in Petropolis that belonged to the couple Luiza Leite de Souza and Cláudio Justiniano de Souza. In the summer of 1962, the director of the Imperial Museum concretized the desire of D. Luizinha who, in 1956, already a widow of the playwright and writer, expressed interest in donating the building and its movable assets to the institution in order to perpetuate the memory of her husband. From the beginning, the ability of Marques dos Santos was instrumental in the adoption of a strategy to reconcile the desire of the donor with the institutional objectives of the Imperial Museum. This is because the institution evaluated, based on compliance with its regimental duties, that the property could not house an exclusive exhibition of items that belonged to the writer. Thus, the plan of the use of the house should be broader in order to offer the communities of Petrópolis, both state and national a literary-cultural space. As a reminder, this desire had been expressed by Cláudio de Souza himself. At the same time, the institution has reserved the right to select the items subject to asset merger on the grounds that some objects would not fit into what we now call the collection of acquisition policy. Thus, the terms of the donation were thoroughly drawn up by Marques dos Santos and by Judge Faustino Nascimento representing the widow. Discretion and confidentiality marked the trading period until the director of the Imperial Museum was informed of testamentary dispositions of D. Luizinha, who had died months after the start of negotiations. All that was needed was to convince the Ministry of Education of the relevance and viability of the new incorporation, especially when we know that “(...) in the Ministries, in general, there is the fear

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of the white elephant in the room, that is, donations that are costly for the government to maintain”. Once again it was up to Francisco Marques dos Santos to use his ability and power of argument. The director of the museum presented a plan to the minister, Dr. Clóvis Carvalho, which foresaw the creation of a theater and Brazilian music library, incorporating Cláudio de Souza’s house to the donation made to the Imperial Museum in 1954 by Mrs. Ítala Gomes Vaz de Carvalho, daughter and heir of the great conductor and composer Antonio Carlos Gomes. The collection, which deserved registration in Brazil’s National Register of UNESCO’s Program of World Memories, in 2013, is a national reference for research of biographical content on Antonio Carlos Gomes but above all to the research of the History of Art of the nineteenth century, notably Brazilian and foreign music. So, as it was well addressed by Marques dos Santos: There was, I believe, predestination on this donation by Cláudio de Souza. As Carlos Gomes, he too was born in São Paulo. There is nothing more just to place one man’s baggage in another man’s home. Here is the criterion that the Imperial Museum adopted in the beginning. In this House, honoring the Academic, we erected a lasting monument to the memory of Carlos Gomes, preserving with dignity the donation of his daughter Ítala. On June 23, 1956, the Official Gazette published Decree No. 39446, of acceptance of the request made in his will and the creation of the Cláudio de Souza’s House, adding it to the Imperial Museum. Thus, the writer’s house was established as a cultural space housing the Music and Literature sections of the institution based on historical and artistic collections deposited in it. Unfortunately, subsequent years recorded numerous administrative

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difficulties that made the Imperial Museum disable the Music and Literature sections until, in the 1970s, the museum’s administration entered into agreements with other institutions so that the house of Cláudio de Souza could host other functions. The first agreement was signed with the Historical Institute of Petrópolis, the Catholic University of Petrópolis and the City Hall of Petrópolis to house the Center for Studies of Petrópolis and Rio de Janeiro’s history. In 1974, a second agreement was signed with the Petrópolis City Hall in order to host the Municipal Library, whose permanent building was under construction. In the same decade, heritage preservation initiatives led to the recognition of the historical, artistic and architectural importance of the property, completing the registration of the instrument by the State Institute of Cultural Heritage – INEPAC pursuant to Article 5 of Decree No. 1904 of June 14, 1978. The building of two floors was built on land on the same block of the Vila Imperial acquired by Alfredo Máximo de Souza on January 30, 1891. The property was acquired by several owners until it was purchased by Cláudio de Souza from Rodolpho Furquin Lohmayer in 1929. From then on, the writer placed his personal taste on the property, turning it into a significant example of the eclectic style of architecture, with a predominance of French-inspired decorative elements such as garlands, medallions, curvy pediments, masks, etc. Among the highlights are blue and white tiles of the eighteenth century, which Cláudio de Souza brought from Portugal especially to decorate his homes – the home of Rio de Janeiro, now headquarters of the PEN Club of Brazil, and the mountain home. Two drawings representing allegorical figures occupy almost the entire ceiling of the two main rooms. The pictorial compositions give the house a sophistication that was a trademark of the writer’s personality. A bay window, whose stained glass is a bucolic scene of a home and children playing with birds, has been interpreted as a reference to Cláudio de Souza’s childhood as it resembles his São Paulo residence of São Roque. The floors are decorated with interesting parquet of noble hardwood. On the second floor, the couple’s suite bathroom is decorated with stained glass and Art Deco tiles with a mix of colors. In the garden, besides the Portuguese tiles, we can see a sundial to welcome visitors. Managing Cláudio de Souza’s House, however, continued to be a problem for the institution which, as a solution, celebrated during the 1980 and 1990 agreements so that the house could host other institutions like the Academy of Neurological Sciences of Petrópolis, The Academy of Legal Letters of Petrópolis, The Academy of Education of Petrópolis, The Brazilian Poetry Academy – Raul Leoni’s House, The Women’s Update Center of Petrópolis, The Historical Institute of Petrópolis and The Technical Office of the Historical and Artistic Heritage Institute – IPHAN. With the delicate state of conservation of the property and its facilities, the Imperial Museum promoted during the years 2010 and 2011, an extensive restoration with application of decentralized funds by the Brazilian Institute of Museums of the Ministry of Culture. Once the work was concluded, a permanent exhibition was installed with the re-creation of some of the original rooms of the couple’s Petrópolis mountain home, furniture, works of art and personal belongings of the

writer, revealing a little about his personality and tastes. The research was based on the documentation contained in the donation process of the House and movable property, articles and other writings of that time and also counted with a lovely surprise. By observing the intense movement in Cláudio de Souza’s House, a former resident sought the museum staff and introduced herself. It was Mrs. Clarice Fonseca, who lived in the property for years as a child, as the daughter of Cláudio de Souza’s house-sitter. In a series of interviews, museum professionals realize that the relationship of Ms. Clarice with the writer was intense in that Cláudio de Souza served as an “intellectual mentor” of Clarice as a girl, assuming a key role in her education and training her for the world. Thus, the project to recreate Cláudio de Souza’s house was assisted by the passionate and nostalgic adult and devoted young girl Clarice, whose memories were instrumental in recreating the museum spaces and the salvaging of the distinctive aura of the writer’s taste. Special attention deserved the description she made of the space devoted to literary soirees organized by Cláudio de Souza and for which big names in national and international literature competed for. In the main room, the writer installed a raised area, the stage and perspective, adorned by the beautiful bay window, the perfect setting for gatherings, the soirees and lecture of plays. She even remembered to mention the typing exercises, required by Cláudio de Souza, on the machine given to her as a gift by the writer. Today, the machine returned to the house in the form of a gift by Mrs. Clarice to the Imperial Museum. Finally, the emotional testimony of this lady was recorded on film produced by the Imperial Museum and was presented during the 60th anniversary celebrations of Cláudio de Souza’s death, with the participation of a delegation formed by members of the PEN Club of Brazil. Cláudio de Souza’s Petrópolis library, which houses a total of 660 works, including his own books and books of other established writers, was also installed on the second floor of the house and is open to internal and external consultation. It is specialized in literature and theater, but has titles related to other arts, including rare works of the nineteenth and twentieth centuries. An invaluable source for cultural history of the first half of the twentieth century, as it unites books used during the spare time of a great author. The Cláudio de Souza’s house project has a room for temporary exhibitions programmed by the Imperial Museum staff and partner institutions. In this regard, the institution has sought to promote its own program of literary and cultural nature and in partnership with the organizations housed in this structure, such as the Academy of Education of Petrópolis, The Academy of Arts of Petrópolis, The Brazilian Academy of Poetry – Raul Leoni’s House and The Historical Institute of Petrópolis. At the same time, other city institutions have sought Cláudio de Souza’s House to offer activities and cultural projects for the benefit of the Petrópolis community, helping thus the Imperial Museum in performing its regimental duties, to intensify its relationship with local cultural events. With the opening of Cláudio de Souza’s House to the public, the Imperial Museum honors the commitment made in the donation agreement, perpetuating the legacy of the life and work of this great writer.

PEN INTERNATIONAL CONGRESSES HELD IN BRAZIL Throughout its history the PEN Club of Brazil has held three worldwide congresses, always in Rio de Janeiro. The first took place in 1960; the second in 1979 and the third in 1992.

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XXXI CONGRESS IN 1960 The first took place from July 24-31. It had 300 delegates from 48 countries where PEN Centers were established. Present were Alberto Moravia, president of the PEN International, and several famous writers such as Graham Greene, Yasunari Kawabata, Salvador de Madariaga, Roger Caillois, amongst others. Also present were delegates from UNESCO, the Brazilian Education, Science and Culture Institute (IBECC) and other Brazilian delegations from Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Bahia and Pernambuco. The main theme of the XXXI Congress was, “Mutual appreciation of the East and West cultures. National and International literature”. The main sessions took place in the Brazilian Press Association (ABI) auditorium, and at different locations, for example, at the Brazilian Academy of Letters, at the Casa de Rui Barbosa, etc. The attendees took part of an endless amount of tours through museums, libraries, embassies, cultural centers, Teatro Municipal (Municipality Theatre), Palácio da Guanabara (Guanabara Palace), where they were greeted by the Governor of the State, Ambassador Sette Camara. On July 28th the delegates traveled to São Paulo where the PEN Club of Brazil scheduled several reception events at the Museum of Modern Art, at the Jockey Club and a city tour, above all to the São Paulo Industrial Park. On the 30th of the same month, those participating at the congress traveled to Brasília, where they were greeted by the president, Juscelino Kubitschek, at the Alvorada Palace. The following day they returned to Rio de Janeiro where the congress came to an end.

Brazil is in itself a convergence. The West landed on our country only four and a half centuries ago. From that time on it has set off on one of the boldest adventures of the human spirit: a replica of the West in the New World – the Americas built in the image of Europe, ambitious and convinced of its intellect. In this slow and capricious migration, energy, authenticity and good intentions were lost... however what stayed, this new structure from the West, through language, religion, political views, arts, science, technology, industry. But Brazil like other countries in the Americas, pre-existed culturally and socially before this discovery. Lost are the literary documents, while works of art were left by the Aztecs and Mayas in Mexico and in the Yucatan and the Incas spread throughout the Andean highlands. Ceramic art survived in the Amazon, as well as many others. Primitive cultures? What sense is it to use this adjective, which had been revitalized in the twentieth century, when the fatigue of schooling justified the call for free creation? “The mental processes of man – warns educator Franz Boas – is always the same everywhere, without distinction of race or culture, ignoring beliefs and customs, absurd as it may seem.” The black art entered the ateliers and galleries of Europe, as Japanese art would have been one of the novelties in artistic circles in Paris. Among the renewing streams, one is called, rightly or wrongly, modern primitivism... As far as praise to pre-Columbian culture goes, no one exceeds the Argentinean and historian, Nadal Mora, for whom “the majestic Pyramids of the Sun, at Teotihuacan, does not yield, in an esthetic way, the most grandiose of the Egyptian era; and the times of the warriors, at ChichenItzá, has a purity in shape that it could be called, without hesitation, classical in shape”… The passionate continental archeological studies are justified. Science, legends and fantasy form signs and explanations: Celts, Phoenicians, Greeks, Scandinavians, Hebrews, Chinese, Barbarians and others from long ago, arrived in the land of the Native Americans. There were at least three migrations: two that came from Asia through the Bering isthmus; then the Australians, arriving through the southern end; the Melanesians along the Californian and Colombian coast. The relationship between the Polynesians and Incas is well known. Therefore, there were thousands of years of primitive cultures, from Asia and other parts, before the West came. These were thousands of years, versus 450 years of development of the Western American culture. And under what conditions did this Western culture come to us? Through Portugal when at that golden moment its ships were sailing the world’s oceans. Never did a single people have more generous conditions. As the Christ, with open arms to embrace the world, the old, believer and pious Portugal of the sixteenth century extended its missionary work to the east and west – in a sense, reaching the corners of Asia; in another, penetrating the land of Brazil. This gave us, then the feeling we were brothers with Goa, Macau and Timor. Brazil and Asia were in the same itinerary. Portugal mixed us with Africans. Brazil was receiving a variety of people – abundant land to which everyone could contribute... It was common that in colonial or imperial farms, Brazilians would drink Ceilão [now known as Sri Lanka] tea in beautiful Chinese porcelain, brought by the Indian fleet, served by African slaves... This link has not disappeared. None of these factors that served the land with its strength and heart was rejected. The Portuguese colonizers assimilated instead of fighting. They blended instead

DISCOURSE BY THE PEN CLUB OF BRAZIL’S PRESIDENT, DR. CELSO KELLY, AT THE INAUGURATION SESSION OF THE XXXI PEN CLUB INTERNATIONAL CONGRESS ON JULY 24TH 1960 Welcome distinguished guests to this land! Among the virtues of the PEN Club, this is the most pleasant: to share once a year in these large events. At the same time, we experience a new view and discover new secrets. Taking a glance at this new view not only reveals physical accidents, it goes farther, it reaches the human condition, and it is a living landscape in its historical sedimentation and contemporary restlessness. Writers are privileged, they are like the explorers of the XV and XVI century, in that they witness men, events and facts, and they reveal worlds to the world. If the ambition of our century wants to see humanity united, through knowledge of cultures, they will only find their way through the sharing of literature. From this exchange there will result knowledge and sympathy – a fraternization of knowledge and sympathy. The PEN Club Federation, the worldwide association of writers, is amongst the entities sponsored by UNESCO. Just like UNESCO, PEN Club’s idea is focused on cultural relations of the East and West. Instead of insisting on antagonistic characterization of their lifestyles it is best to focus on their good traits. Not to deepen the differences but to increase the affinities and to make the exchange of experiences the hope of new and growing opportunities, regardless of geographical or racial ties. There is no more literature exempt from strange contributions. The international web is growing in books, theater, movies, television and in the strong avenues where intelligence is being diffused. This convergence, wants to reach, within its varieties, a common ground.

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of discriminating. Adopted instead of oppressing. Within these circumstances the Brazilian nation emerged without prejudice and difficulties and guided by noble and humanitarian feelings. Tolerance, hospitality and peace are in our people’s hearts. Here, antagonistic races from their countries of origin dwell together in love. The heat of the tropics makes one forget his sorrows. We have fought for substantial change, but the struggle was always regarding ideas and attitudes: never did it reach death or annihilation. I cannot tell you the origin of these virtues that some may judge as defects. It is in this environment that, throughout Europe, with its magnificent strength, the West is experiencing its own acclimatization. A nation opened to the world, Brazil continues to receive splendid humans, especially European and Asian: Japanese, Israelis and Arabics come to live among us. The two sources that have been an inspiration for the Brazilian civilization have been the East and West. Currently nations are characterized, not by their cities, but for their rural populations. In the cities, there is a bit of everything. The same technique jumps from meridian to meridian, ignoring borders. The American skyscraper offers bold versions in remote cities of the East. In this regard – especially in the fields of architecture, science and machine industry – the West no longer exists as a geographical continuity: it is beyond its borders, a large archipelago, not islands, but in cities or neighborhoods, experiencing its life ... What is left over from cultures? In their rural populations, in the popular arts, oral literature, novels, in all that allow the survival of the free and naive process of creation. Our rural populations, with its typical characters, ingrained habits, never changing feelings, cannot be compared to the exquisite villages of Portugal or Italy, or with the hidden sites of Asia and Africa. It matters very little: it is what it is, in their individual and collective condition. What the circumstances, for centuries and millennia, have thrown here – left seeds, grew and survived. It is the backcountry of Brazil, countrymen, miscegenated, affirmative, pioneer, generous, hospitable and tolerant. In the cities, there is the cosmopolitan Brazil, progressive, technical, universalized. In some of them, the lesson from the West – the beautiful and clear lesson of the West – the residual presence of the remote East. I did not speak of Brazil to boast, but simply to try to define its character. Now I could ask this Congress: – Is it not the right country to try and bring the East and West closer? I appreciate your illustrious and amicable presence. This meeting is an honor and motivation for us. Throughout this congress there will be great historical and cultural discussions. I appreciate the kind prayer by Minister Pedro Paulo Penido, in the name of the Republic, and the help of public authorities with this event. I give thanks on behalf of Governor Sette Camara, for the State of Guanabara’s contest. I appreciate the presence of the Brazilian Press Association, and its president Herbert Moses, in the most unyielding defense of freedom of opinion. I thank the manner in which the press welcomed us, loyal to great causes. I thank the solidarity of the Brazilian writers, fellow Club members and other literary entities. I appreciate the presence of all of you. I thank you not just out of appreciation. I say it because there is great excitement in me when I say that this Nation has welcomed this congress. It is not PEN Club that has welcomed its kin: it is the Nation that has welcomed you before so many prominent and generous foreigners. It is the Nation that before the world reaffirms its appreciation for literature and the spirit of men, and trusts in the great ideals of liberty and understanding, which we, members of PEN Clubs around the world, have been promoting for more than thirty years.

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DISCOURSE GIVEN BY THE PRESIDENT OF THE REPUBLIC, DR. JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA, AT THE LUNCHEON OFFERED TO ALL GUESTS AT THE ALVORADA PALACE, IN BRASÍLIA, ON JULY 30th, 1960 I did not invite you here to take advantage of this opportunity before this exceptional audience to give a discourse. Throughout PEN Club meetings you have heard significant words given on behalf of specialist and teachers in the art of translating difficult subjects to easy ones. Neither did you come to this new city which was built to be the capital of Brazil to subject yourselves to utterances that are not up to par with what you are accustomed to. But I must confess that it would be almost impossible to resist the temptation of speaking to you not just because you are here, in Brazil, but also because of the need to confirm what you have already witnessed yourselves. We are in a free country where there are no restrictions to the manifestation of thought and where debate knows no limits. If we launch ourselves into an arduous struggle regarding the development of a country gifted with riches yet to be explored, then no less is our effort to preserve human freedom under this sky. We aspire to be a great nation. To eradicate social injustices, help the poor to be less poor and help reduce social inequality, but of course we want all of this without restrictions on what a person desires to think or say. We believe that the destiny of this country can be reached without mutilating man and it is this conviction that governs Brazil. We know that many things can apparently be facilitated if we would hold back on excesses, but we run a huge risk when we try to establish the line between what is excessive and what isn’t. We believe that nothing in the world can buy you freedom. The concept of freedom we have lost the romanticism that adorns it to acquire a much stronger human value. We know the power of the explosive voices forced to remain in silence and we feel that the struggle between peace and chaos, and between affirmation and denial, will be better resolved in the totality of freedom. No work of long duration and successful in its results can originate from repression of the creature to whom the Creator granted the gift to make it grow and to deny oneself. This freedom imposes on us a need to intervene in order to protect what we judge useful or not. I myself have exercised without let up my right to argue and defend ideas and principles that I hold dear. I exercise this right relentlessly and after having an extensive political career I obtained one experience which was missing: words are truly seeds that grown into flowers and fruits when thrown in the appropriate soil. Freedom is deeply rooted in the hearts of our people and perhaps this is why this nation is so susceptible to justice and a love for the truth. We detest tyranny. Regardless where they come from, without any effort we are against radical prejudices and a little against all types of prejudice. The lies blown by the provocateurs towards the soul of this nation does not scare us, in reality they dissipate without any use of violence. Brazil prides itself on being a humane country and our desire is to preserve it as such. I am not stating anything new; I am simply reminding you of what you already know. You represent many countries and what they have as most noble and grand; you have a great power: you are capable of acting in the untouched areas of the human territory. I ask that, in recognition of your power, you concentrate in a task which is given to all human beings that have the power of reasoning at this time in the world – the task to fight in favor of the peaceful interaction amongst all people, races, beliefs and ideas.

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In our strength we need to show that it is extremely dangerous when technological advances and material development is not in balance with morals and politics. We have to convince man that technology is here to help us and not to enslave us. You are much more capable of waging this fight and shape its course. Many of you have constantly done this. But this is not enough. All human intelligence should, at this moment, mobilize itself to say, unanimously, that there is no right to destroy the fruitage of culture, our achievements which we

were given through the innate inventive spirit, as large as the difference between doctrines may be, of the ideology we confront at this time. This is a country that deserves to be understood because it offers ways of offering hope. I know some of you who are present here, because you gave me moments of familiarity, through the books you wrote. I know that all of you who are present here represent the highest values in the literary and cultural world in which we live. It is with much respect that I greet you and voice my belief in the strength of the spirit.

XLIV CONGRESS OF 1979 The congress held in Rio de Janeiro from July 15-21 at the Hotel Gloria, took place under the impact of the political climate which foreshadowed the so called “open politics”, the end of the military dictatorship and the return to democracy. It was presided by the PEN International president and writer, Mario Vargas Llosa. The following are two speeches given by the Minister of Education, Eduardo Portella, the first on behalf of the President of the Republic, General João Figueiredo, who although present, preferred to allow the Minister to give the initial discourse, and the second, as a member of the PEN Club.

and he presents himself as an autonomous being. As a transitive action, he indicates, shows and reveals. And it is from the conjunction of these two times that the truth, without limits or prejudice rises: free. The political education we are bringing is a quality teaching anchored in the secure port of democracy, a democracy that does not confuse a gesture with mimicking, or libertarian action with freedom rhetoric. We are geared towards construction and construction takes daily efforts. It is difficult, risky, but extremely compromising. This is why we need the help of every single one of you. The Brazilian people know we will not hold back in this sense. We hope that, the next time we meet, where ever it may be, we can say to our fellow PEN Club members that we accomplished our mission and that perhaps we have given a small contribution to human improvement. Brazil, through its government, in person for President João Figueiredo, welcomes you with great satisfaction. Feel at home.

SPEECHES TO ALL THE ATTENDEES OF THE MINISTER OF EDUCATION, EDUARDO PORTELLA Your Excellency Mr. President of the Republic, General João Figueiredo; Your Excellency Mr. State Governor, Dr. Antonio de Pádua Chagas Freitas; Your Excellency Mr. Chief of the Military Cabinet, Minister-General Danilo Venturini; Your Excellency Mr. Minister-Secretary of Social Communication, Dr. Said Farhat; Your Excellency Mr. President of the PEN Club International, Writer Mario Vargas Llosa; Your Excellency Mr. President of the PEN Club Brazil, Professor Marcos Almir Madeira. Ladies, Gentlemen and Colleagues: President João Figueiredo wanted a member of his government, the most modest, yet the busiest as a writer, in his name, to give all of you a Brazilian welcome to the 44th World Writers Congress, sponsored by the hardworking PEN Club of Brazil. He would like to add that the government knows very well that no project is developed and transcends if it is not because of a combination of executive decisions and an open and creative cultural program. So open that it becomes the binding force behind our social pluralism, and so creative that the very own administrative actions stand in cultural acts. The new Brazilian democracy thinks in terms of development as a cohesive whole, in solidarity through the economic, political and cultural layers, in such a way that, when you observe in any of those elements a loss or setback, the efficiency of the whole is immediately affected. That is why we will pay close attention to everything that will be said here. There are moments in human history, and this is one of them, in that intelligence is expected to come up with solutions and show us the way in the infinite path of human truth. The tools used are words. It is language in its radical state. Now it is possible to comprehend the pioneer role of the writer, major user of the verbal expression. This is because writing projects itself as a verb, intransitive and transitive. As an intransitive signal, he guards the most minimal movements of reality

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s s s In the next presentation at the Congress, the writer Eduardo Portella, as Minister of Education, gave the following discourse, on this occasion, improvised: PEN Club Presidents, Attendees, Ladies and Gentlemen: The truth is I do not intend to give a speech. I would like to contribute in such a way that this Congress could become a meeting as pleasant as any successful fellowship. This is why I hope that the predictions made by my dear friend, Mario Vargas Llosa, regarding the possible boredom of some meetings, may not take place in Brazil. I would like to take this opportunity to speak of a few PEN Club issues, that are ours too, as they relate to the writers condition, and even more than that, issues that challenge the human condition. I am convinced that a writer is distinguished or not, by his exercise of freedom. It is processed on the level of human behavior and the elaboration of language. This is why a writer receives a calling to exercise freedom in a radical manner. To radically exercise ones freedom is to adopt a stand that is totally anti-sectarian. A sectarian is an individual who is unable to see but can only see himself. Without knowing it, a sectarian is one who lives in a palace which is full of mirrors. A writer is the complete opposite of a sectarian. His greatest achievement is the right to critique, which the relapse of contemporary authorities so frequent in Latin America, at times, tries to disrupt. Without a doubt, however, it seems these relapses, being inevitably dated, give the writer freedom, in other words, the opportunity to radically exercise his critique. And when using the term radically, it is used in the etymological sense: a radical is one who grabs something from its very roots.

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On the opposite end, a writer is one who exercises, lives, and takes on the freedom of expression as his way of living. This means that the exercise of freedom in the part of a writer is closely linked with language. In other words, language is the writer’s home. And if language forms the basis of a writer then it manifest itself as something even more radical. Language is not just an instrument we use to communicate as grammarians believe. It is not limited to the transmission of information. It is particularly the dimension of human experience. In this sense a writer is someone that, although extremely vulnerable, extremely fragile in the face of an agglomeration of values that characterize our times, suddenly, rises within this frailty, because he can radically exercise language. Thus, this exercise of language is an act of freedom that involves man and his actions. But we have to understand that freedom is not something permanent, it is not just one act of conquest, and it is not something that indefinitely sticks to us. Freedom is a permanent, daily, constant, rough struggle, yet extremely rewarding. Therefore we have to unite. And because of this need, we have to honor the PEN Club who carries out this endeavor with great effort, uniting, through this project, grand and somewhat grand writers. We have a great challenge in making this distinction and like Mario Vargas Llosa states it so well, we can only develop a cohesive and productive community if we are capable of composing a pluralistic creator. These different individuals, as small as they may seem to some critics, can suddenly play an extremely important role. To illustrate this we do well in remembering examples of the History of Universal Literature. There are examples of grand writers who were influenced by lesser writers. T.S. Eliot published a great work regarding this and, probably, the history of French Symbolism will show the influence Edgar Allan Poe had on some authors, above all Baudelaire, who is without a doubt a superior poet than Poe. The manner in which this concept was thought of, this classifying grand and lesser writers, this fight of classes created by critics, is a matter of little importance. What matters is when a writer affirms himself with the truth and is capable of manifesting this reality instead of simply reproducing it. The true dimension of a writer is when he is capable of presenting reality in its entirety. We know reality to be what is real and the group of things that shape what is real. And at times because of a deficiency of a critic’s perspective, we believe we can locate what we are searching for outside the boundaries of reality, when in fact, what we are searching for is inside those boundaries. In order for a writer to present the reality in its entirety, he should be sensitive to the transcendence of reality. Reality doesn’t fit within any particular ideology, this is because ideology deforms the reality in the sense that it bonds to it within the limits of a predicative relationship. Only art, only global works are capable of revealing to us the open structure of reality. Art, reflection, religion, and myth are opened works. And having this non-sectarian and transcendent understanding of reality is when a writer can be and should be a minister of peace and this is what the PEN Club preaches and fights for. And peace is nothing but what I would call the achievement of this union. The only achievement that should be lauded and praised is this union itself. It is founded on respect for others, knowledge that one cannot live without the other, knowledge that we are one, and that we are not capable of articulating or organizing our coincidental existence without the complicity of the other. Those that isolate themselves believing that the individual can live alone are nominating themselves for suicide. A suicide that is even more serious than the real one, the suicide

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that one practices without knowing, in omission, in alienation. For all these reasons, Brazil is very happy to welcome the forty-fourth PEN Club Congress and for having such illustrious individuals present. Your principles and purposes are also ours regardless of where we may be, in government or not, in the opposition or not. Principles and purposes we should constantly fight for. SPEECH BY WRITER MARCOS ALMIR MADEIRA, PRESIDENT OF PEN CLUBE OF BRAZIL Mr. President, Ministers, Ambassadors and Academics, and fellow Colleague President of PEN International, Attendees, Ladies and Gentlemen: As one of the North American sociologists, from the beginning of the century would say, PEN International is an “agency” of interaction. So much more valid is this effort in an extensive intellectual interaction, as it is true that it will not tire out nor is it simply based on connections inspired by a particularistic theme. PEN Club is the unity of national and supranational. The compromising of universality is in its history and the 1st article of the Statutes, adding to the Letter of principles of Copenhagen, approved in 1950, states in clear terms: “Literature, national thinking at its origin, does not know boundaries: it should continue to be a flowing current within nations, despite upcoming political or international events. At no other time like ours will it be more appropriate to appeal to the intellectual community as a factor for peace. It is evident it is not the moment to insist in a political culture embedded in classic treaties or in records that are pure formalities of exchange. The problem with the political culture is one of initiating direct contact with individuals, institutions or significant nucleus and consequently, with the government. The dissemination of cultures will establish a policy while the process of change or the avenues of information and news result in peace not only of “knowledge” and of subtle “matches”, but, substantially, of knowledge of cultural complexities of each national group and of its social tone. No one appreciates what they don’t know. Admiration is older than love: it precedes it. UNESCOs plan, looking for an opening within spiritual boundaries, so nations can display their immaterial values, is more objective than the action of “practitioners” and “technicians” of international relations. The fruitage of peace is summed up, at the end, in how good and pleasant is the interaction. Living in peace is living openly together. Contracted peace is a policy of flexed muscle, living in fear, dormant relations, it is not peace. And that is what it has been most of the time, precisely because it flees, in time and space, of the natural sources of understanding and fellowship. This (ideal) understanding comes from (real) knowledge. What the world has witnessed is peace within the chancelleries; what our universal moment is imposing is vivid peace, deduced from cultural confrontations in a partnership in search of the most typical intellectual mark, in the most diversified groups from the ethnicities point of view, of political structure and of the standards of economic models. Amidst this exciting diversity – and at times conflicting – an international corporation like the PEN seeks fundamental unity, through the force of that which becomes permanent immunity, to explain the, at times, mysterious power of human sympathy: the creation of the spirit in literature, art, philosophy and science. Be it

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what may, there is a sovereignty, which at a certain time, brutal force cannot breakdown nor does it attack: it is the intellectual sovereignty exercised through culture. There is no other argument, with which still a bit perplexed, one could explain why there were Nazi generals, serving Nazism, but at the end with the strength and spirit to disobey, at the peak of the war, the Fuhrers orders, refusing to destroy an arch of European culture: Paris. In this plan of cultural preservation even Nazism, with its intrinsic violence, opened a gap to amenities and humanism. It taught us that irrational belligerence is stunted in the face of immunity of the spirit and therefore respects it. It was a Frenchman, a comrade, André Chanson, while president of the France PEN Club, who made a beautiful appeal for a red cross of the spirit, which would fight to save libraries and great works of arts from the war. This is the plea of the PEN International, in the voice and action of its enthusiasts. At this stage I would add a paraphrase: If war is born in the spirit of man, it has to be men with spirit who will develop peace, working together, evolving union, multiplying the sources, the frames and the motives to achieve the essential interaction. The spirit too has its own ingredients. The world will use it to compose peace, when searching for the oneness of people, when searching for the unity of people and nations at odds, helping them to get to know one another, aiding them to see one another’s transcending values that pre-exist the idea of government and state: in its folklore, literature, music, history, arts, culinary, science, teaching methods, theater, church, work methods, recreation, lifestyle… and they will show one another, the beauty of their nature, geography, flora and fauna. From the direct knowledge of these values, from the comprehension of these spiritual, human, social, physical, and economical realities – whose interest literature deepens – the knowledge of this universe of ideas and things, of people, preferences, subjectivity and objectivity, material and non material possessions, is where assimilated peace, and not simply signed or legislated, will come from; peace not embedded in the technicalities of a treaty, but filtered through intelligence which was addressed on top of cultural diversity. Profound peace, the fruit and budding flower of human interaction. For reasons greater than a written document and perhaps before certain treaties, France was already culturally united and was one spirit with us, when it mixed and mingled with the Brazilian children at the time of singing children group songs. This was not the France of treaties, but the France that sang swirling songs. The child that one day would come to speak before this Congress played and sang on many occasions with French verses and rhythms: “I am poor, poor, poor”… (Je suis pauvre, pauvre, pauvre…). Or that other pleasant children song: “Through the bridge, in an airplane” (Sur le Pont, d’ Avignon…). That France stayed; it had to stay, holding on to all of the immunity that came along with this interaction. I do not mind saying it twice, the spirit provides structure for peace, it promotes peace. In its presence no homicidal differences are triggered. Literature, for example, is the ingredient for unity. It is not by chance that Joaquim Nabuco chose the following saying for the academy: Litteraram vincitur pax – or directly: “With the peace of Words one conquers”. The PEN Club lives this philosophy. It has promoted this idea mater since its first day, in London, on that productive April of 1921. And, since it was a plea for peace, it had to be, for social and political reasons, precisely an undeniable purpose of coexistence, interaction and fellowship.

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Before becoming the union of literary genre whose initials have cleverly highlighted – P, poem, E, essay, N, novel –before and above this gracious fusion of didactic, although represented with initials…we are by definition and origin an universal people of political affirmation. By political I mean the decision to sustain and disseminate principles or social life norms, without which the cultural creation would be mediocre or collapse – starting with literature – diminishing the desire to create, discover, and rediscover. And precisely poetry, essay, fiction, without stimulus they would weaken, wither, and die. We are and want to be an expression of fidelity to certain political views, as long as they guarantee and help flourish a political culture, born of freedom, in the interest of peace. This is the desire of this society. But the peace it searches for – a substantial one, based on knowledge and the propagation of cultural models – assumes the exercise of the right to information, without which the exchange and intellectual interaction would not be possible. In the framework of the global political culture, the search for fraternity is in a certain way, the search for information. The combination of these values formed a foundation for the PEN Club, witnessed in its works and recorded in its statutes. Thinking of the access to information is to think of the vital conquest this right involves: the freedom to see without fear, to collate without being afraid, to research in peace. No other freedom is most essential to this organization’s work then research; it is in the very nature of culture. To be informed, as much as to inform is, today, more than ever, a human right, which incorporates the new moral and judicial values expressed in the letter from the United Nations. There was never any other doctrine that this organization follows. If peace is to come from knowledge, information has to be its nervous system. All of the worldwide PEN Club centers give great effort in abiding by their promises to sustain and defend the political philosophy that results in an affirmative political culture – the one which I had the privilege to define and highlight: by a lengthy and peaceful coexistence, above classes, above color and belief, above politics or in spite of it. This is the spirit of this house. This is not merely a place where intellectuals meet to speak of literature. This has never been viewed as a syndicate making it the boss of classes or workers, and another fact is it does not limit itself to the contemplative literature, a type of intellectual beauty. Amongst the meekness of academics (the soft, the subtle separation, literature in itself ) PEN has no other option: it is not one thing or another. It is essential to highlight a reality: There will always be an affirmative PEN Club, if not a defiant voice, a defensive one, of the principles that have been with it since its foundation. Its story is clear. Three years after World War I, groups of intellectual English men, with the sour memory of the hecatombs, preached the urgency of the unity of lettered men. It would become an organization of the hurt intellect because of brutal assaults. And they joined in the club, which desired, right from the start, to spread worldwide. Perhaps it would be appropriate to insist that the social climate and political tendencies propagate, almost everywhere, the position of the PEN Club: this time, in which we live, is the most universal one. The world these days is a round table – a world so close and communicative in which no one is enough. No one can isolate himself. Isolating oneself was over. The dynamics of personal contact is being favored every day by motorized planes. Distance is abstract, it was demoralized. The political geography revoked the physical geography and this has been the most fascinating aspect

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of our civilization in that our sense of community is no longer held back by sovereignty and the jealousy of nationalism. We are living in Aristotelianism: at the end the modern man is a coexisting animal – an individual who shares, independently, more than ever. A Brazilian soldier at the port or at an airport, traveling to Suez with his weapons and beret, one who is offering his goodbyes, without knowing the concept of privatist – strict and uptight – classic sovereignty. In the meantime a caravan of UNESCO technicians, that arrived in the northern part of Rio de Janeiro in 1947, in the countryside of Itaperuna, camping there, in one or two districts, sanitarians, social workers, elementary teachers, psychiatrist, farm workers, musicians, statisticians, etc. in an effort to restructure or even organize the community. This is the universal above the national; it reduces the classic sovereignty, conditioned, in the social and political platform, to the law of relativity. This is carried out while the international interaction garners higher levels of objectivity by implementing an open door mentality. At the same proportion of the protection of these guarantees and human rights, higher efforts and efficiency are imposed. These rights are not some vague theme of countries that can segregate itself from the public right, like Proust in his corked lined room; they are universal rights, whose forum is everywhere, they are universal because it is human; and this is why its protection became international. Amongst them are, free access to facts as ideas, to have knowledge to come to a conclusion, to conclude to compare, and to give a new meaning to the capital prerogative: the right to have an opinion, which in itself, is the right to have knowledge. Without support – equality in opportunities and access to information – life will finally wither in plain freedom.

At this stage we are not thinking about traditional politics; the problem lies in the political culture, the preparation of intellectual opinion through the flow of channels of information and not the monopoly of its instruments or manner of expansion, under the regime of state run propaganda. The expediency that makes prospection and the possession of information possible is, evidently, politicians or moral politicians in their Christian democracy. There is nothing more Christian than to guard the needs for human intelligence as a larger display of fraternal zeal for his sensibility and dignity. But this attitude of fidelity and respect to humans is not the result of a determined fixation down a political path, unless this philosophy of exchange and of intellectual interaction opposes the anti-Christian totalitarian regimes, by definition they are not discriminated against, as if defenseless to pluralism externalization of preferences, of the imagination, of talent. This attempt of leveling of thoughts and the tendency to standardize the process of intellectual construction constitute, in the end, an anti-pluralist position, in conflict with the greater openings that the revision of the concept of sovereignty favors and is ready to impose urbi et orbi. And whoever points to the thought of anti-pluralism is denying and annulling the efforts of this exchange, a spiritual share, a combination of intelligence served by free and extensive information. Be it what may and in spite of exceptions from here and there (from the left and from the right), the truth is these times do not justify pessimism. If one understands the spirit of these times, a conclusion will easily come: PEN International is living its greatest time to realize the goal of fraternity, of closeness, of understanding, of conjunction meshing, searching, through the path of culture and freedom, the fruitage of peace.

LVIII CONGRESS OF 1992 The third Congress took place in Rio de Janeiro from November 29th to December 4th, at the Copacabana Palace. The Hungarian Novelist Gyorgy Konrad, president of PEN International, chaired the Congress. Close to 150 foreign writers, affiliated to 49 PEN Centers were in attendance at the Congress. The guests of honor were: Vaclav Havel, Nadiene Gardiner (Nobel Prize), Gabriel Garcia Márquez (Nobel Prize), Mario Vargas Llosa, Margarida Duras, Naguib Mahfuz (Nobel Prize) and Harold Pinter. The Brazilian delegation (composed by the Coordination Committee) was led by the writer Marcos Almir Madeira, President of the PEN Club of Brazil.

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The main theme of the Congress was, in an inquiring tone, O escritor perante a natureza: uma abordagem romântica? (The writer before nature: a romantic approach?) During the different sessions a variety of subject were discussed that related to the main theme, such as: geographies influence in literature; geographical prejudices in literature; geography and ecumenical languages; the role of the writer in the north and south dialogue; European writers’ point of view of South America before the XX century.

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! Anexos NOMINATA DE SÓCIOS DO PEN CLUBE DO BRASIL (1936 – 2016)

SÓCIOS FUNDADORES (2 de abril de 1936) A. AMOROSO LIMA A. AUSTREGÉSILO A. J. PEREIRA DA SILVA ADELMAR TAVARES AFFONSO CELSO, Conde ANAGYONE COSTA BERILO NEVES CASTILHOS GOYCOCHEA CELSO VIEIRA CHERMONT DE BRITO CHRISTOVÃO CAMARGO CLÁUDIO DE SOUZA ELMANO CARDIM FERNANDO MAGALHÃES FILINTO DE ALMEIDA HAROLD DALTRO HERBERT MOSES JARBAS DE CARVALHO JOÃO LUSO (Armando Erse) LAUDELINO FREIRE LEÃO VELLOSO

LUIZ EDMUNDO MARIA EUGÊNIA CELSO MIGUEL OSÓRIO DE ALMEIDA MÚCIO LEÃO OCTAVIO MANGABEIRA OLEGÁRIO MARIANO ORRIS SOARES OSÓRIO DUTRA OSWALDO DE SOUZA E SILVA OSWALDO ORICO PAULO FILHO PEDRO CALMON PEREGRINO JÚNIOR RAMIZ GALVÃO, Barão RAUL DE AZEVEDO RAUL PEDROZA RODOLFO GARCIA RODRIGO OCTAVIO RODRIGO OCTAVIO FILHO ROQUETTE PINTO ROSALINA COELHO LISBOA MULLER VITOR VIANNA VIRIATO CORREIA


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EX-SÓCIOS (1936 – 2015)

ANA ELISA GREGORI ANDRÉ CARRAZONI ANGÉLICA MARIA DOS SANTOS SOARES ANÍBAL FREIRE ANIBAL MACHADO ANTENOR NASCENTES ANTONIETA DE BARROS ANTONIO AUGUSTO XAVIER ANTÔNIO CALLADO ANTÔNIO CARLOS VILLAÇA ANTONIO CARNEIRO LEÃO ANTONIO CARVALHO NETO ANTÔNIO GARCIA MIRANDA NETO ANTÔNIO GOMES DA COSTA ANTÔNIO HOUAISS ANTONIO OLINTO ANTÔNIO PEREIRA PAIM ANTONIO RANGEL DE SOUZA ANTONIO TAVARES PINHÃO ANTÔNIO TORRES AQUINO FURTADO ARISTEU SEIXAS ARMINDO BRANCO MENDES CADAXA ARNALDO BRANDÃO ARNALDO DAMASCENO VIEIRA ARNALDO S. THIAGO ARTHUR CESAR FERREIRA REIS ARTHUR DA TÁVOLA ARTUR DE ALMEIDA TORRES ARY GUERRA DE MURAT QUINTELLA ASCENDINO LEITE ASSIS BRASIL ASTRÉA DUTRA DOS SANTOS ASTOLPHO DUTRA ATAULFO DE PAIVA ATILIO MILANO ATTÍLA C. PINHEIRO AUGUSTO CESAR VEIGA AUGUSTO DE LIMA JUNIOR AUGUSTO FRAGOSO AUGUSTO FREDERICO SCHMIDT AUGUSTO GALVÃO AUGUSTO LINHARES AUGUSTO MAURÍCIO DE QUEIROZ FERREIRA AUGUSTO TEIXEIRA COIMBRA AURELIANO LEITE AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA AURÉLIO LYRA TAVARES AUSTREGÉSILO DE ATHAYDE AUTRAN DOURADO

Aqui são incluídos os nomes dos escritores mortos que pertenceram ao PEN Clube, bem como os nomes de alguns escritores vivos que desistiram de continuar filiados ao clube. A. TENORIO D’ALBUQUERQUE ABGAR RENAULT ABRAHÃO KOOGAN ACIOLE NETO ADA MACAGGI B. LOBO ADALZIRA BITTENCOURT ADMAR CRUZ ADOLFO CASAIS MONTEIRO ADONAI DE MEDEIROS ADONIAS AGUIAR FILHO AFFONSO ARINOS DE MELLO FRANCO AFFONSO TAUNAY AFONSO ROMANO DE SANT’ANNA AFONSO DE CARVALHO AFONSO FÉLIX DE SOUZA AFONSO PENNA JUNIOR AFONSO SCHMIDT AFRÂNIO COUTINHO AFRÂNIO DO AMARAL AGENOR RODRIGUES VALE ALDA PEREIRA PINTO ALDÍLIO TOSTES MALTA ALDO PRADO ALEXANDRE BARBOSA LIMA SOBRINHO ALEXANDRE BRIGOLE ALEXANDRE RODRIGUES ALFREDO TOMÉ ALIRIO BARRETO BOSSLE ALMEIDA FARIA ALOYSIO ALEXANDRE SOARES ALOYSIO NAPOLEÃO ALPHONSUS GUIMARÃES FILHO ALTAMIR DE MOURA ALTINO ARANTES ÁLVARO DA SILVA COSTA ÁLVARO DE PAULA FARIA ALVARO MOREYRA ÁLVARO PACHECO ALVARUS OLIVEIRA AMÉLIA SPARANO AMÉRICO DE OLIVEIRA COSTA AMÉRICO JACOBINA LACOMBE ANA AMÉLIA C. DE MENDONÇA

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BÁRBARA HELIODORA CARNEIRO DE MENDONÇA BARBOSA LIMA SOBRINHO BASÍLIO DE MAGALHÃES BEATRIZ DOS REIS CARVALHO BEATRIZ REYNAL BELKISS MARIA BUENO BELLA JOSEF BENEDICTO COSTA BENEDICTO SILVA BENEDITO VALLADARES C. MAGALHÃES DE AZEREDO CAIO TÁCITO DE SÁ VIANNA DE VASCONCELLOS CANDIDO JUCÁ FILHO CANDIDO MELLO LEITÃO CÂNDIDO JOSÉ MENDES DE ALMEIDA CANDIDO MOTA CANDIDO MOTA FILHO CARLOS CHAGAS FILHO CARLOS DA COSTA PEREIRA CARLOS DA SILVA ARAUJO CARLOS DA VEIGA LIMA CARLOS DEVINELLI THOMAZ PEREIRA CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE CARLOS GOMES DE OLIVEIRA CARLOS HENRIQUE ROCHA LIMA CARLOS MENEZES CARLOS RIBEIRO CARLOS XAVIER PAES BARRETO CARNEIRO GIFFONI CARVALHO NETTO CASSIANO RICARDO CELIA GOES URRUTIGAREY CELSO CUNHA CELSO KELLY CELSO MUNIZ GUEDES CID DE MOREIRA CARCAL CIRO DOS ANJOS CIRO VIEIRA DA CUNHA CLÁUDIO VEIGA CLEIBER ANDRADE CLEMENTINO FRAGA CLEMENTINO FRAGA FILHO CLODOMIR VIANNA MOOG CLÓVIS BRIGAGÃO CLOVIS RAMALHETE COMOR. A. MARIO GUASTINI CONCEIÇÃO G. SOTTO CONSUELO BELLONI CORINA REBUÁ D’ALMEIDA VITOR

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DANILO DA CUNHA NUNES DANTON JOBIM DARCY RIBEIRO DARIO DE ALMEIDA MAGALHÃES DE PLÁCIDO E SILVA DÉCIO DE ALMEIDA PRADO DIAS GOMES DIDI NASCIMENTO FONSECA DILERMANDO COX DINAH SILVEIRA DE QUEIROZ DIRCEU QUINTANILHA DJACIR MENEZES DJALMA ULRICH DOC COMPARATO DURVAL LOBO DYLMA CUNHA DE OLIVEIRA EDGAR PROENÇA EDGARD LIGER BELAIR EDILBERTO COUTINHO EDITH MENDES DA GAMA ABREU EDMO RODRIGUES LUTTERBACH EDUARDO TOURINHO EDMUNDO DA LUZ PINTO EDUARDO SALOMÃO ELISA LISPECTOR ELIZABETH FELER PEDROSO ELÓRA POSSÓLO ELYSIO CONDÉ EMANUEL DE MORAES EMI BULHÕES DE CARVALHO DA FONSECA ENÉAS DE MOURA ERNANI FORNARI ERNANI IRAJÁ ERNESTA VON WEBER EUGÊNIO GOMES EUSTORGIO WANDERLEY EVALDO CABRAL DE MELLO EVANDRO LINS E SILVA FÁBIO FREIXIEIRO FAGUNDES MENEZES FARIS ANTONIO MICHAELIS FAUSTINO NASCIMENTO FAUSTO CUNHA FAYGA OSTROWER FELIX GUIZARD FILHO FENANDINA MARQUES FERNANDO BASTOS DE ÁVILA FERNANDO EFIM LEVISKI FERNANDO GASPARIAN FERNANDO NOBRE

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FERNANDO SEGISMUNDO FLORA POSSÓLO CHAOÚL FORTUNATO AZULAY FRANCHINI NETO FRANCISCA DE BASTO CORDEIRO FRANCISCO DA SILVEIRA BUENO FRANCISCO DE ASSIS BARBOSA FRANCISCO DE OLIVEIRA MAIA FRANCISCO DE PAULA SOUZA FRANCISCO DE SOUZA BRASIL FRANCISCO IGLESIAS FRANCISCO MANUEL DE MELLO FRANCO FRANCISCO MARCELO CABRAL FRANCISCO MARTINS DOS SANTOS FRANCISCO OLIVEIRA E SILVA FRANCISCO REZEK FRANKLIN DE OLIVEIRA FREDERICO REYS COUTINHO FROTA JUNIOR GEIR CAMPOS GENESINO BRAGA GERALDO DE CAMARGO VIDIGAL GERALDO EULÁLIO DO NASCIMENTO E SILVA GERALDO FRANÇA DE LIMA GERSON DE MACEDO SOARES GIBSON MAUL DE ANDRADE GILBERTO AMADO GILBERTO FREYRE GILBERTO MENDONÇA TELES GILDA ROCHA DE MELLO E SOUZA GLADSTONE CHAVES DE MELLO GRACILIANO RAMOS GUILHERME DE ALMEIDA GUILHERME DE FIGUEIREDO GUILHERME SCHUBERT GUSTAVO CAPANEMA HAROLDO DE CASTRO LOBO HAROLDO VALLADÃO HEBERTO SALLES HEITOR FRAGUER FRÓES HEITOR LYRA HEITOR PEREIRA HELINA G. VIANA HÉLIO BELTRÃO HELIO CHAVES HELIO DE MOURA HÉLIO LEÔNCIO MARTINS HÉLIO SILVA HELOÍSA BUARQUE DE HOLANDA HELOISA DOS REIS MARANHÃO

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HELOISA LENTZ ALMEIDA HELOÍSA MARANHÃO HELONIA CERES HENRIQUE ORCIUOLI HENRIQUE PAULO BAHIANA HENRIQUE SILVA FONTES HERBERTO SALLES HERMAN LIMA HERMES LIMA HERMES VIEIRA HESÍODO FACÓ HILDA GUISARD HILDEBRANDO SIQUEIRA HILDETH FAVILLA NEUHAUSSER HOMERO HOMEM HOMERO SENNA HORACIO CARTIER HUMBERTO GOTUZZO HUMBERTO PEREGRINO ILDEFONSO FALCÃO ÍSIS LOURDES FIGUEROA DA COSTA IVAN BICHARA SOBREIRO IVAN JUNQUEIRA IVAN LINS IVAN VASCONCELOS IVOLINO DE VASCONCELOS IVONE SIMOENS DA SILVA J. C. MATOS PEIXOTO J. F. DE BARROS PIMENTEL JARBAS DE CARVALHO JARBAS LORETTI JARBAS MARANHÃO JAYME ADOUR DA CAMARA JAYME DE BARROS JEHOVAH DE ARRUDA CÂMARA JENNY PIMENTEL DE BORBA JESUS BELO GALVÃO JOÃO BATISTA DE MELLO E SOUZA JOÃO BATISTA PEREZ GARCIA MORENO JOÃO CABRAL DE MELO NETO JOÃO DE SCANTIBURGO JOÃO FAGUNDES DE MENEZES JOÃO GUILHERME DE ARAGÃO JOÃO LEDO JOÃO MARINHO JOÃO NEVES DA FONTOURA JOÃO PAULO DE MEDEYROS JOÃO PINHEIRO FILHO JOÃO PIRES DO RIO JOÃO UBALDO RIBEIRO

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JOAQUIM INOJOSA JOAQUIM THOMAZ JONAS CORREIA JORACY CAMARGO JORGE AMADO JORGE CALMON JORGE DE LIMA JORGE MAIA JORGE OLIVEIRA MAIA JOSÉ ALBERTO GUEIROS JOSÉ CAETANO ALVES NEVES JOSÉ CÂNDIDO DE ALMEIDA JOSÉ CÂNDIDO DE CARVALHO JOSÉ CAÓ JOSÉ CARLOS DE MACEDO SOARES JOSÉ DE PRADO KELLY JOSÉ DE SÁ NUNES JOSÉ EDUARDO DO PRADO KELLY JOSÉ FRANCISCO ARAUJO LIMA JOSÉ GUILHERME MERQUIOR JOSÉ HONÓRIO RODRIGUES JOSÉ J. VEIGA JOSÉ LEITE LOPES JOSÉ LINO GRUNEWALD JOSÉ LINS DO REGO JOSÉ LOUZEIRO JOSÉ MARIA DELGADO TUBINO JOSÉ MARIA NEVES JOSÉ MARIA REIS PERDIGÃO JOSÉ MARIA DE TOLEDO CAMARGO JOSÉ MARTINS D’ALVAREZ JOSÉ FERRER JOSÉ MINDLIN JOSÉ OLYMPIO PEREIRA JOSÉ OSWALDO DE MEIRA PENNA JOSÉ PAULO MOREIRA DA FONSECA JOSÉ PEDRO LEITE CORDEIRO JOSÉ PIRES DO RIO JOSÉ SALCEDO BASTARDO JOSÉ SOARES BRANDÃO FILHO JOSÉ SOARES MACIEL JOSÉ SOARES MACIEL FILHO JOSÉ TELLES BARBOSA JOSÉ VIEIRA JOSUÉ DE CASTRO JOSUÉ MONTELLO JUDITH GROSMMANN JULIO BARATA JULIO CESAR MELLO SOUSA (Malba Tahan) JULIO NOGUEIRA

KEISA AIDA LAGO BURNETT LAZINHA LUIZ CARLOS CALDAS BRITO LEÃO PADILHA LEÃO VASCONCELLOS LÊDO IVO LÉLIA COELHO FROTA LEODEGÁRIO DE AZEVEDO FILHO LEONARDO PINTO LEONCIO CORREIA LEONIDIO RIBEIRO LEOPOLDO PERES LEOPOLDO TEIXEIRA LEITE FILHO LEVY CARNEIRO LIGIA MARIA PONDÉ VASSALO LISETTE VILLAR DE LUCENA TACLA LUCAS MOREIRA NEVES LÚCIA HELENA LUÍS FELIPE BAETA NEVES FLORES LUÍS FELIPE CASTRO MENDES LUIS GUIMARÃES FILHO LUÍS PAULO HORTA LUÍS PAULO MACEDO CARVALHO LUÍS VIANA FILHO LUIZ ANÍBAL FALCÃO LUIZ DA COSTA LIMA LUIZ EDMUNDO LUIZ FELIPE VIEIRA SOUTO LUIZ OTAVIO LUIZ PADRO RIBEIRO LUIZ SILVA E ALBUQUERQUE LYA LUFT LYGIA FAGUNDES TELLES MANOEL ABREU MANOEL ANTÔNIO DE CASTRO MANOEL DIÉGUES JUNIOR MÁRCIO TAVARES D’AMARAL MARCO AURÉLIO CHAUDON MARCOS ALMIR MADEIRA MARCOS BARBOSA MARCOS CARNEIRO DE MENDONÇA MARCOS KONDER MARCOS SANTARRITA MARGARIDA FINKEL MARIA ALICE BARROSO MARIA ALZIRA PONTES DE MIRANDA PERESTRELLO MARIA CARVALHAES MARIA CECÍLIA RIBAS CARNEIRO MARIA CLARA MACHADO

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MARIA CONSUELO CUNHA CAMPOS MARIA DA GLÓRIA V. CALHEIRO MARIA DE LOURDES COIMBRA MARIA DEZONNE PACHECO FERNANDES MARIA IZABEL MURRAY MARIA JOSÉ ARANHA DE RESENDE MARIA JOSÉ DE QUEIROZ MARIA JOSÉ M. CARNEIRO MARIA JULIETA DRUMMOND DE ANDRADE MARIA SOUZA CAMPOS ARTIGAZ MARIA STELLA DE NOVAES MARIA THEREZA DE ANDRADE CUNHA MARIA THEREZA ROSAURO DE ALMEIDA MARIA WANDERLEY MENEZES MARIA YEDA LEITE LINHARES MARIAZINHA CONGÍLIO MARILU LINS FLYGARE MÁRIO BARATA MÁRIO CAMARINHA DA SILVA MÁRIO CURTIS GIORDANI MÁRIO DA SILVA BRITO MÁRIO GIBSON BARBOSA MARIO MARTINS MARIO PENNA DA ROCHA MARIO R. MARTINS MARIO SAMPAIO FERRAZ MARIO VIEIRA DA COSTA MÁRIO VIEIRA DE MELLO MARIO VILALVA MARLY DE OLIVEIRA MARTINS CAPISTRANO MARTINS NAPOLEÃO MARY CAMARGO MAURICIO DE MEDEIROS MAURINA PEREIRA CARNEIRO MAURITÔNIO MEIRA MAXIMIANO AUGUSTO MEIRA PENA MERCEDES DANTAS MIETTA SANTIAGO MIGUEL REALE MIGUEL SALAZAR MENDES DE MORAES MIGUEL SEABRA FAGUNDES MIRIDAN BRITTO KNOX FALCI MOACYR FÉLIX MOACYR SCLIAR MODESTO DE ABREU MOZART MONTEIRO MURILLO DE ARAUJO MURILLO MENDES

MURILO FONTES NAPOLEÃO MENDES DE ALMEIDA NELSON CUPERTINO NELSON TABAJARA NENÊ MACAGGI NEWTON BELEZA NEWTON SUCUPIRA NIETA SANTIAGO NILO DE FREITAS BRUZZI NÍSIA NÓBREGA NOBRE DE MELO NORALDINO LIMA NUTO SANT’ANA OCTAVIO AYRES OCTÁVIO DE FARIA OCTAVIO DOMINGUES OCTÁVIO MELLO ALVARENGA ODILON BRAGA ODYLO COSTA FILHO OLAVO DANTAS OLGA SAVARY OLIVEIRA E SILVA ORÍGENES LESSA ORVACIO SANTA MARIA OSCAR DIAS CORRÊA OSWALD DE ANDRADE OSWALDO DE ANDRADE OSWALDO RODRIGUES CABRAL OTHON COSTA OTHON DA GAMA LOBO D’EÇA OTTO LARA RESENDE OTTO PRAZERES PASCHOAL CARLOS MAGNO PAULA BARROS PAULO AMADOR PAULO CARVALHO PAULO GUSTAVO (E. M. VIANNA) PAULO HENRIQUE PAULO MAGALHÃES PAULO MERCADANTE PAULO PARDAL PAULO RONAI PAULO SCHUARTZ PAULO SETUBAL PEDRO BLOCH PEDRO NAVA PEDRO PAULO MOREIRA PEDRO VERGARA PÉRICLES DE MORAES PERMÍNIO ASFORA

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PETRARCA MARANHÃO PLYNIO DOYLE POMPILIA LOPES DOS SANTOS PORTO DA SILVEIRA POVINA CAVALCANTI RACHEL DE QUEIROZ RACHEL JARDIM RAIMUNDO MARANHÃO AIRES RAMIRO SARAIVA GUERREIRO RAPHAEL PINHEIRO RAUL BOPP RAUL BRIQUET RAUL DO RÊGO LIMA RAUL JOBIM BITTENCOURT RAUL MACHADO RAUL PEDERNEIRAS RAYMUNDO FAORO RAYMUNDO MAGALHÃES RAYMUNDO MAGALHÃES JUNIOR RAYMUNDO MONIZ ARAGÃO REINALDO RIBAS SILVEIRA RENARD PEREZ RENATO ALMEIDA RENATO JOBIM RENATO MENDONÇA RENATO SÉRGIO FAUSTO JOBIM RENATO SOUZA LOPES RIBEIRO COUTO ROBERTO ASSUMPÇÃO ROBERTO ATHAYDE ROBERTO DA MATTA ROBERTO MOREIRA RONALDO CUNHA LIMA RONALDO DO VALLE SIMÕES RONALDO PEREIRA LIMA LINS RONALDO ROGÉRIO DE FREITAS MOURÃO SALDANHA COELHO SALOMÃO KAISER SAMUEL MALAMUD SEBASTIÃO ALMEIDA OLIVEIRA SEBASTIÃO NORONHA SELMA RODRIGUES CALASANS SERAFIM SILVA NETO SERETH NEU SERGIO BUARQUE DE HOLANDA SÉRGIO CORRÊA DA COSTA SÉRGIO VIOTTI SILVESTRE GONÇALVES DA SILVA SÍLVIO CASTRO SÍLVIO DE OLIVEIRA

SILVIO ELIA SÔNIA COUTINHO SÔNIA SALOMÃO KHEDE SUSANNA DE CAMPOS SYLVIO AUGUSTO DE BASTOS MEIRA SYLVIO MOREAUX TANCREDO DE ARAUJO MORAES TAVARES BASTOS TETRÁ DE TEFFÉ THEMIS ALVES RIBEIRO AMARAL THEMISTOCLES B. CAVALCANTI THEODERICK GASPAR DE ALMEIDA THOMAS LEONARDOS TITO LIVIO FERREIRA UMBERTO PEREGRINO VALDEMAR CAVALCANTI VALDEMAR LOPES VALFREDO MARTINS VALOIS SOUTO VENÂNCIO IGREJAS VENTURELI SOBRINHO VERA LÚCIA BOTTREL TOSTES VICENTE TAPAJÓS VINÍCIUS DA VEIGA VIRGÍLIO MORETZSHON MOREIRA VIVALDI MOREIRA WILSON CHOERI WILSON MARTINS WIRA SELANSKI XAVIER MARQUES YEDA OCTAVIANO DE SOUZA ZEDAR PERFEITO DA SILVA ZÉLIA GATAI ZEVI GHIVELDER ZORA SELJAN SÓCIOS ESTRANGEIROS (1936 – 2016) Aqui são incluídos todos os Sócios Estrangeiros (mortos e vivos). AIDA COLLARES MOREIRA ALFRED AGACHE ALFREDO MÁRIO GUASTINI ALFREDO PEREZ ALENCART ALIÉS A MUCHAILI MÉREB ANDRÉE SYMBOLISTE ANIELLO ANGELO AVELLA

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BENJAMIN ALBAGLI DAILY LUIZ WAMBIER DAVID HUNT DOM CARLOS TASSO DE SAXE-COBURGO E BRAGANÇA E. FEDER ELDINO BRANCANTE ELIZABETH HANLY DANFORTH ELMO ELTON SANTOS ZAMPROGNO ERNESTO SÁBATO EUGENE IONESCO FERNANDO NAMORA FRANCHINI NETO GABRIELA MISTRAL GEMA BENEDIKT HÉLÈNE CARRÈRE D’ ENCAUSSE HUGO BELARD IRENE HAMERLINCK ISABEL ALLENDE JACQUES FELIX MARIE ANNE EBSTEIN JACQUES PERROY JEAN ROCHE LÉOPOLD STERN LÉOPOLD SÉDAR SENGHOR LUCIANA STEGAGNO PICCHIO LUÍS FILIPE CASTRO MENDES MARCELA MORTARA MARIO BOUCHARDET MÁRIO VARGAS LLOSA MAX FISHER MAX HENRIQUEZ UREÑA MICHEL KAMENKA MYRTHARISTIDES DE TOLEDA PIZA OLYNTHO SANMARTIN PAULO FRISCHAUER PEDRO RACHE RIAD MALUF RICARDO JOPPERT RICHARD SANDERS RUBÉN VELA SALCEDO BASTARDO SALVADOR DE MOYA SPENCER VAMPRÉ STEFAN ZWEIG SYLVIE DEBS WALTER FERNANDO PIAZZA WALTER SPALDING WIELY KEELER YARA NATHAN

QUADRO ATUAL (MEMBROS TITULARES 2016) ADRIANO ESPÍNOLA AFFONSO ARINOS DE MELLO FRANCO AFONSO HENRIQUES NETO ALBERTO DA COSTA E SILVA ALBERTO MUSSA ALBERTO VENÂNCIO FILHO ALCMENO BASTOS ALEILTON SANTANA DA FONSECA ALEXEI BUENO ALFREDO BOSI ALMIR GUIARONI AMÉLIA ALVES AMÉLIA LACOMBE ANA ARRUDA CALLADO ANA LUIZA ALMEIDA FERRO ANA MARIA MACHADO ANA MARIA MOOG RODRIGUES ÂNGELA DUTRA DE MENEZES ANGELA MARIA DE BRITO GOMES ANGÉLICA MARIA DOS SANTOS SOARES ANÍBAL F. ALVES BRAGANÇA ANNA BELLA GEIGER ANNA MARIA DE SAXE COBURGO E BRAGANÇA ANTÔNIO CARLOS SECCHIN ANTÔNIO CANDIDO DE MELLO E SOUZA ANTÔNIO CELSO ALVES PEREIRA ANTÔNIO FANTINATO NETO ARISTÓTELES DRUMMOND ARNALDO NISKIER ARNO WEHLING ARTHUR JOSÉ POERNER ASTRID CABRAL BARBARA FREITAG CANDIDO MENDES DE ALMEIDA CARLOS AUGUSTO LACERDA CARLOS HEITOR CONY CARLOS LEAL CARLOS NEJAR CARMEN MORENO CECÍLIA COSTA CELINA PORTOCARRERO CÉLIO BORJA CELSO LAFER CÍCERO SANDRONI CLAIR DE MATTOS CLAIRE LERON CLÁUDIO AGUIAR

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s , ) 4 % 2 !4 5 2 ! % , ) " % 2 $ ! $ % $ % % 8 0 2 % 3 3 Ä / s

CLÁUDIO MURILO LEAL CLEONICE BERARDINELLI CLÓVIS LEVY DA SILVA CRISTINA LACERDA SIMÕES LOPES CYRO DE MATTOS DALAL ACHCAR DALMA BRAUNE PORTUGAL DO NASCIMENTO DARIO TAVARES DELIA CAMBEIRO PRAÇA DÉLIO ALOISIO DE MATTOS SANTOS DENISE EMMER DEONÍSIO DA SILVA DIRCE DE ASSIS CAVALCANTI DOMÍCIO PROENÇA FILHO DORÉE CAMARGO EDDA FARJAT EDGARD TELLES RIBEIRO EDIR MEIRELLES EDIVALDO BOAVENTURA EDLA VAN STEEN EDMILSON CAMINHA EDUARDO COUTINHO EDUARDO PORTELLA EDUARDO SILVA ELIANA BUENO RIBEIRO VIANNA SANTOS ELISA FLORES ELIZABETH MARINHEIRO EMMANUEL CARNEIRO LEÃO ESTER KOSOVSKI EUNICE KHOURY PACELLI EVANILDO BECHARA EVARISTO DE MORAES FILHO FABIO DE SOUSA COUTINHO FÁBIO LUCAS FERNANDO GABEIRA FERNANDO WHITAKER DA CUNHA FLÁVIO LOUREIRO CHAVES FLORA SIMONETTI COELHO FRANCI DARIGO FRANCISCO CARUSO FRANCISCO DE PAULA SOUZA BRASIL FRANCISCO WEFFORT FRED GÓES GERALDO HOLANDA CAVALCANTI GETÚLIO MARCOS PEREIRA NEVES GILDA SOUZA CAMPOS GODOFREDO DE OLIVEIRA NETO GUIOMAR DE GRAMMONT

HELENA FERREIRA HELENA PARENTE CUNHA HELOISA LUSTOSA IGOR FAGUNDES IRENE RODRIGO OCTÁVIO MOUTINHO ISABEL CORSETTI ISABEL LUSTOSA IVES GANDRA DA SILVA MARTINS IVO BARROSO IVO PITANGUY JAIME ROTSTEIN JÔ SOARES JOÃO CLEMENTE BAENA SOARES JOÃO HERMES PEREIRA DE ARAÚJO JOÃO RICARDO MODERNO JORGE ALBERTO COSTA E SILVA JORGE KARL DE SÁ EARP JÓRIO DAUSTER JOSÉ ARTHUR RIOS JOSÉ CORIOLANDO BERALDO JOSÉ LUÍS JOBIM JOSÉ MARIA FILARDO BASSALO JOSÉ MURILO DE CARVALHO JOSÉ PAULO CAVALCANTI FILHO JOSÉ ROBERTO WHITAKER PENTEADO JOSÉ SARNEY JUÇARA VALVERDE KATHRIN HOLZERMAYR ROSENFIEL LAURA ESTEVES LAURA SANDRONI LAURO MACHADO COELHO LEDA MIRANDA HÜHNE LINA TÂMEGA PEIXOTO LÚCIA GARCIA DA FONSECA LUCIANA VILLAS BOAS LUCILA NOGUEIRA LUITGARDE OLIVEIRA CAVALCANTI BARROS LUIZ CLÁUDIO PEREIRA CARDOSO LUIZ DE MIRANDA LUIZ FELIPE SEIXAS CORRÊA LUÍZA LOBO LUZIA DE MARIA MARCELO MORAES CAETANO MARCELO PINTO CARVALHEIRA, Dom MARCIA AGRAU MARCIA BARROCA MARCIA LEITE MARCÍLIO MARQUES MOREIRA MÁRCIO CATUNDA MÁRCIO GONÇALVES BENTES DE SOUZA

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MARCO LUCCHESI MARCO MACIEL MARCOS VINÍCIOS VILAÇA MARCUS VINICIUS QUIROGA MARIA ARAIR PINTO PAIVA MARIA CLARA L. BINGEMER MARIA CRISTINA LINS DO REGO VERAS MARIA DA CONCEIÇÃO DE MORAES COUTINHO BELTRÃO MARIA DO CARMO ALVES DE CAMPOS MARIA HELENA KÜHNER MARIA LEDA DE MORAIS CHINI MARIA LÚCIA GOMES POGGI ARAGÃO MARIA LUÍZA PENNA MOREIRA MARIA RITA RODRIGO OCTAVIO MOUTINHO MARIA THEREZA NORONHA MÁRIO HÉLIO GOMES DE LIMA MÁRIO MOREYRA MÁRIO PONTES MARITA VINELLI MARTINHO DA VILA MARY DEL PRIORE MAURO SALLES MERVAL PEREIRA MESSODY BENOLIEL MIGUEL SANCHES NETO MIRIAM HALFIM MIRIAN DE CARVALHO MOZART CARVALHO MUNIZ SODRÉ DE ARAÚJO CABRAL MURILO MELLO FILHO NEIDE ARCHANJO NÉLIDA PIÑON NELSON MELLO E SOUZA NÍSIA TRINDADE LIMA NÍZIA MARIA SOUZA VILLAÇA OLÍVIA GOMES BARRADAS OSWALDO LINO SOARES PAULINO VERGETTI NETO PAULO CÉSAR MARTINEZ Y ALONSO PAULO COELHO PAULO EVARISTO ARNS, Dom PAULO ROBERTO PEREIRA PAULO ROCCO PEDRO LYRA PER JOHNS PÉRICLES PRADE RAQUEL NAVEIRA REGINA BILAC PINTO

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REGINA CÉLIA COLÔNIA-WILLNER REGINA LYRA RENATO SIMÕES REYNALDO VALINHO ÁLVAREZ RICARDO CRAVO ALBIN RICARDO STAVOLA CAVALIERI RICARDO VELEZ RODRIGUEZ ROBERTO AMARAL ROBERTO PONTES ROBERTO SCHWARTZ RONALDO WERNECK ROSA D’AGUIAR ROSALVO DO VALLE ROSISKA DARCY DE OLIVEIRA RUBEM FONSECA SÁBATO MAGALDI SALGADO MARANHÃO SALVADOR MONTEIRO SEBASTIÃO LACERDA SELMA GAERTNER DA COSTA ÁVILA SERGIO FONTA SÉRGIO GERÔNIMO SÉRGIO MACHADO SERGIO PAULO ROUANET SILVIANO SANTIAGO SILVIO RIBEIRO DE CASTRO SOLANGE BERARD LAGES CHALITA SONIA SALES STELLA LEONARDOS SUZANA VARGAS SYLVIO BACK TÂNIA BRANDÃO TANIA ZAGURY TANUSSI CARDOSO TARCÍSIO PADILHA TELÊNIA DE SENNA HILL TERESA CRISTINA MEIRELES DE OLIVEIRA THEREZA CHRISTINA ROCQUE DA MOTTA UBIRATAN BORGES MACEDO VAMIREH CHACON VASCO MARIZ VERA ABAD VERA MARIA DE AZAMBUJA HARVEY VICTORINO COUTINHO CHERMONT DE MIRANDA VILMA GUIMARÃES ROSA REEVES YVONNE RÊGO DE MIRANDA WALDIR RIBEIRO DO VAL WILSON FIGUEIREDO

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! FONTES BIBLIOGRÁFICAS

LIVROS

JORNAIS E REVISTAS

MONTELLO, Josué. Discurso de Posse na Academia Brasileira de Letras. Discurso de Viriato Correia recebendo Josué Montello. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação, MEC, 1956.

A Batalha A Noite Aspectos Careta Correio da Manhã Diários Associados Diário de Notícias Ilustração Brasileira Jornal do Brasil Jornal do Commercio Meio-Dia O Globo Revista da Semana Valquírias Vida Literária

____Josué Montello. Coleção Melhores Crônicas. São Paulo: ABL/Global, 2009. MORAES, Denis. O velho Graça – Uma biografia de Graciliano Ramos. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1992. PRATER, Donald. Stefan Zweig – Biografia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991. STERN, Léopold. La mort de Stefan Zweig. Rio de Janeiro. Editora Civilização Brasileira S. A. – Distribuidores, 1942. SOUZA, Cláudio. Os últimos dias de Stefan Zweig. Rio de Janeiro: PEN Clube do Brasil, 1942. ____ Conferências Literárias. (Org. Josué Montello). Rio de Janeiro: PEN Clube do Brasil, 1956. ZWEIG, Stefan. O mundo que eu vi (Minhas memórias). Rio de Janeiro: Editora Guanabara. Waissman Koogan Ltda., 1944. ____ Brasil, País do Futuro. Rio de Janeiro: Editora Guanabara. Waissman Koogan Ltda.

DIVERSAS Arquivo da Associação Brasileira de Imprensa – ABI. Boletim (1936 a 1953). Rio de Janeiro. PEN Clube do Brasil (volumes encadernados). Academia Brasileira de Letras – Centro de Memória – Arquivo Múcio Leão. Estatutos. PEN Clube do Brasil. Rio de Janeiro. Os Estatutos e os respectivos Regimentos Internos foram reformados em 1936, 1942, 2005 e 2012.


! Este livro foi impresso na Cidade de SĂŁo SebastiĂŁo do Rio de Janeiro em abril de 2016. Fonte de miolo: Bulmer MT Regular, corpo 13,5 / 16. Papel de miolo: Avena 80 g/m2.

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