Apresentação Nosso projeto de Alimentação, Nutrição e Permacultura para o ano de 2016 teve como base o resgate da verdadeira alimentação saudável, livre de alimentos ultraprocessados, chamada “Comida de Verdade” – aquela comida que nossos avós reconheceriam como comida. Para tal, convidamos os avós de nossas crianças para participar de nossas oficinas, contando histórias de suas vidas e preparando receitas de família, receitas que passaram de geração em geração, receitas de comida de verdade. Os alunos do Período Integral, nas Oficinas de Culinária e Permacultura, Clube de Costura Canta e Conta Estórias e Artesanato, foram inspirados no primeiro semestre pelo livro Mel na boca , de André Neves, que fala sobre a bela relação entre o avô e o neto. No segundo semestre, nossa inspiração veio com a poetisa e escritora Cora Coralina. Foi assim que criamos o Caderno de Receitas – Histórias para adoçar a alma. Cada receita tem uma história para contar. São doces lembranças, temperadas com as delícias das infâncias de cada um dos avós participantes. As brincadeiras, as comidas preferidas, os amores, as fotografias e tudo mais partilhados nos encontros. Criamos então um caderno com retalhos e linhas coloridos e um link eletrônico com os registros dessas memórias arrematadas com as poesias de Cora Coralina. O socializar neste Caderno de Receitas dessas histórias carregadas de lembranças e afeto vem fazer um elo com o projeto anual do Período Integral, que tem como lema o Desapego – no sentido de dar asas, de libertar, de deixar fluir. Foi um prazer e uma grande alegria ter os avós participando desses encontros e contribuindo para a criação deste caderno. Um grande abraço, 2 Dos professores: Suzete , Laza, Marcela, Carminha, Julia, Patrícia e Fabrícia
Nossos agradecimentos às crianças e avós participantes do projeto • Ana de Almeida Voidovic e sua avó Miriam Rocha de Almeida e seu avô Luiz Heleno de Almeida – pag 46
• Antonio Brasil e sua avó Maria Thereza Galvão - pag 07 • Arthur De Martino Pires e sua avó Silvia Aparecida Gubiotti De Martino e seu avô Nelson De Martino Filho e seu avô Nelson De Martino Filho – pag 57 • Arthur de Martino Pires e sua avó Vera Lúcia Congo Pires e seu avô Antônio Pires – pag 66 • Joaquim da Silva Jacobs e sua avó Maria Lúcia da Silva – pag 15 • Julia de Sousa Lessa e sua avó Heloísa Lessa – pag 75 • Letícia Mallet Paula e sua avó Maria Cecília Madureira Mallet – pag 84 • Lis Ferreira Sondermann Urano e seu avô Antônio Claudio Sondermann Frega – pag 23 • Luana Santana e sua avós Vera Antoun, Catharina Elizabeth Campos e seu avô Otávio de Souza Dantas – pag 93
• Manuela Guilherme de Azeredo e sua avó Helenice Barbosa – pag 30 • Maria Isabela Fonseca da Silva e sua avó Kátia Rotondaro – pag 37 • Martim Neves Leão de Moura e sua avó Elisangela Campello – pag 104 • Pedro Lousada Tinoco e sua avó Janete Rubinstein – pag 112 • Rafaela Alves Marques e sua avó Denise de Freitas Alves – pag 120 • Tomás Augusto Velloso Wanderley e Otávio Augusto Velloso Wanderley e sua avó Cruz Rosich Soares Velloso e seu avô Renato Cesar de Almeida Velloso – pag 131 • Vinícius Penafiel de Oliveira e sua avó Claudia Tavares de Campos – pag 139 • Vitória de Moura Fiqueiredo e sua sua avó Acácia Fiqueiredo da Silva – pag 149
3
4
5
6
7
Vovó Teca chegou cedo carregando uma bolsa cheia de surpresas e muita história para contar para o Antônio e seus amigos
8
Vovó Teca guarda até hoje muitas lembranças de sua infância. Fotografias, roupas, objetos que são cuidadosamente guardados em seu atelier.
9
Ela nos contou que morava em Santa Teresa, no mesmo bairro do CEAT, escola do Antônio. Ela tinha um cachorrinho que adorava e trouxe até uma foto junto com o ele e sua irmã mais velha. 10
A surpresa foi a vovó ter nas mãos o vestido que usava em uma das fotos quando tinha somente um ano de idade. Mais nova que o Antônio!
11
Quanto chegou a hora de preparar a receita todos já estavam com água na boca só de ver aquelas belas bananas. “O que será que ela vai preparar? Uma panqueca que não leva farinha?!” Sim!!! E para surpresa de todos ficou uma delícia.
12
Queremos mais!!! Esta visita deixou o Antônio muito feliz e orgulhoso de sua querida vovó. Volte sempre vovó Teca!
13
Panquequinha de banana
Uma receita de misteriosa da vovó Teca
Ingredientes: 2 bananas d’água 1 ovo inteiro Manteiga ou óleo para untar a frigideira Mel ou canela a gosto Modo de preparar: Colocar as bananas picadas e o ovo inteiro no liquidificador. Bater bem. Aquecer a frigideira untada com óleo. Colocar um porção da massa com ajuda de uma concha ou colher grande. Esperar assar de um lado e depois virar com ajuda de uma espátula para assar do outro lado Servir com mel ou canela em pó. OBS.: se a banana tiver muita água pode ser que fique mais difícil para fazer a panqueca, então coloque um pouquinho de aveia ou amido de milho e bata novamente no liquidificador.
14
15
Joaquim convidou sua vó Lúcia para conversar com os amigos sobre sua infância
16
Vovó Lúcia quando criança ficava na casa de sua avó para seus pais trabalharem, ela era filha única. Morava no estado do Rio, e em sua casa tinha um canavial, horta e até criavam porcos!
17
Quando matavam um porco para comer, aproveitavam todas as partes: com o sangue faziam chouriço, com a banha faziam torresmos e gordura para cozinhar. A carne, preparavam e guardavam na gordura de porco para conservar e comer aos poucos nas refeiçþes.
A avó da vovó Lucia, tataravó do Joaquim, era a parteira da sua comunidade. “Ajudava a colocar as crianças no mundo!”
Uma doce lembrança da vó Lúcia são os bolinhos de chuva. Hoje vó Lucia faz bolinhos para o Joaquim e toda família adora, inclusive o pai de Joaquim que é belga.
20
Você sabia que na Bélgica também se comem bolinhos de chuva?
21
Bolinho de chuva Uma delícia do interior do Brasil à Bélgica, na Europa Ingredientes: 2 copos de farinha de trigo 1 copo de açúcar 2 ovos Leite na quantidade adequada 1 colher de sopa de fermento em pó 1 pitada de sal 1 banana d’água cortada em cubinhos 1 colher de manteiga ou óleo de soja ½ copo de açúcar Canela a gosto Óleo pra fritar
Modo de preparar Colocar numa tigela a farinha e o açúcar e misturar bem. Bater os ovos inteiros, juntar na tigela com o fermento e o óleo ou margarina. Aos poucos, adicionar o leite, misturando até formar um mingau bem grosso. Juntar as bananas. Colocar para fritar em colheradas em óleo bem quente. Quando estiver douradinho, retirar do óleo e colocar sobre papel toalha para absorver a gordura. Fazer uma mistura de açúcar e canela e colocar sobre os bolinhos ainda quentes.
22
23
Vovô Antônio Cláudio trouxe um tempero para dar um gosto especial “no melhor macarrão do mundo!”segundo a Lis.
24
O orĂŠgano seco mas ainda no ramo proporciona um aroma especial na sua receita, um macarrĂŁo chamado Farfalle que em italiano quer dizer borboleta. Aqui no Brasil tambĂŠm chamamos de gravatinha ou lacinho.
25
O macarrão “borboleta” nos fez lembrar da canção
Borboletinha, está na cozinha, fazendo chocolate para a madrinha. Poti poti, perna de pau, olhinho de vidro e nariz de pica-pau. Pau pau! 26
Quando era criança vovô adorava a pizza da sua avó. Um cheirinho que fazia todos ficarem em volta da mesa para saborear.
27
A criançada fez perguntas para o vovô sobre sua infância e descobriram que seu apelido era Tuninho. Foi aí que todos resolveram contar seus apelidos Tim Tim, Lulu, Anita, Johnny Boy, Manu, Bagunca, Bebela, Lisoca, Tomate, Vini, e Zetinha e muitos outros apelidos doces feito mel colocado pelos amigos e família.
28
Pasta Leggero Um macarrão rápido do vovô Antônio Claudio Ingredientes:
Macarrão grano duro tipo Farfalle
1 kg de tomate maduro
1 dente de alho grande
Azeite
Sal a gosto
Orégano Modo de preparar:
• Colocar a água para ferver em uma caçarola funda e grande. • Picar os tomates e cortar o alho em rodelinhas finas. • Quando a água estiver fervendo colocar a massa para cozinhar, mas esta terá que ser cozida uns 2 minutos a menos que o tempo determinado na embalagem.
• Escorrer a água do macarrão e reservar aproximadamente uma xícara desta água do cozimento. • Colocar na panela a água de cozimento reservada e duas colheres de sopa de azeite. Deixar ferver. • Juntar os tomates picados, o azeite e colocar o sal a gosto. • Quando começar a cozinhar, juntar o macarrão e o alho picado. Misturar e deixar cozinhar os minutos que faltavam para a massa ficar pronta. • Servir imediatamente.
OBS.: Se desejar, colocar um pouco de queijo ralado sobre o macarrão no prato.
29
30
A Manuela convidou a vovรณ Nice, que estava ansiosa pelo encontro
31
Vovó Nice lembrou que gostava de subir numa mangueira que tinha na casa de sua avó. Pegava mangas no pé e chupava. O caldo escorria pelos braços e lambuzava sua boca. Que doce lembrança!!!
Nas brincadeiras de boneca fingia que fazia comidinhas com folhas picadinhas e Ă s vezes brincava com comida de verdade. As folhinhas, oferecia Ă s suas bonecas, mas a comidinha de verdade... ela comia tudo!
No dia do encontro com a vovรณ Nice tivemos uma surpresa: Era aniversรกrio da Manu! Preparamos juntos um bolo de laranja coberto de uvas e fios de mel. O bolo nos deixou com a doce lembranรงa do mel na boca. Comemos tudo!
34
Manuela, no pé de ouvido da vovó, revelou que estava muito feliz.
Bolo de laranja da vovó Nice Uma surpresa de aniversário
Ingredientes: 3 ovos 2 xícaras de chá de açúcar (mal cheias) ½ copo de óleo (100ml) 3 xícaras de farinha de trigo 1 copo pequeno de suco de laranja 1 colher de sopa de fermento em pó 1 cacho de uvas Mel de abelha a gosto Modo de preparar: Colocar na batedeira os ovos inteiros, o açúcar e o óleo. Bater bem. Juntar a farinha de trigo e o fermento, alternando com o suco de laranja. Colocar a massa em uma forma untada e polvilhada com farinha de trigo. Levar para assar em forno pré-aquecido na temperatura de 160°C. Depois que assar, deixar esfriar e desenformar. Enfeitar com uvas partidas ao meio e, por último, colocar um fio de mel sobre as uvas.
36
37
Doces lembranรงas da vovรณ Katia para sua neta Maria Isabela
38
Vovรณ Katia nos contou que gostava muito de brincar de pique-esconde, de roda, no escorrega. Adorava piqueniques!
39
Sua mĂŁe fazia comidas gostosas. Ela fazia um doce portuguĂŞs, feito com macarrĂŁo cabelo de anjo, chamado Aletria. 40
Na conversa descobrimos coisas muito legais: - Portugal é perto da Espanha. Fica na Europa! “Porque este macarrão tem o nome de cabelo de anjo?” - Por que é amarelinho. - Por que é enroladinho. - Por que é fininho.
41
Para agradecer a visita da vovó Katia, a sua neta Maria Isabela e seus amigos deram de presente uma mudinha de alecrim, e com uma voz como estivessem com o mel na boca, cantaram suavemente a canção...
“Alecrim, alecrim dourado que nasceu do campo sem ser semeado. Foi meu amor, que me disse assim que a flor do campo é o alecrim...”
42
Aletria
Uma receita portuguesa feita com cabelo de anjo
Ingredientes: 1 litro de leite 2 xícaras de chá de açúcar 250 g de aletria (macarrão cabelo de anjo) 3 gemas batidas Raspas de casca de limão (opcional) Canela em pó Modo de preparar: Colocar leite para ferver com o açúcar. Acrescentar o macarrão deixando cozinhar em fogo médio até amolecer. Retirar do fogo. Passar as gemas por uma peneira, dissolvendo com um pouco de leite, adicioná-las ao macarrão. Juntar as raspas de limão, se quiser. Misturar bem, servir em compoteira e polvilhar com canela.
43
44
“Cora Coralina, quem é você ?
... Sou mais doceira e cozinheira a mais nobre de toas as Artes objetiva, concreta, jamais abstrata a que está ligada à vida e à saúde humana...”
45
46
Finalmente chegou o dia da Ana receber sua avĂł Miriam e o vovĂ´ Luiz Heleno.
47
Vovó Miriam, quando criança, morava em uma casa que ficava numa rua como se fosse uma vila em Madureira. Era filha única, mas tinha muitos amigos na sua rua e aproveitava para brincar com eles. Naquela época, não tinha televisão em sua casa, nem computador, nem celular, e as crianças se divertiam na rua, brincando de pique, andando de patins. 48
Vรณ Miriam adorava brincar de professora, ela tinha um quadro-negro na sua casa e imitava sua professora dando aulas para seus amigos e bonecas. 49
Uma de suas travessuras era subir em uma goiabeira que tinha na sua casa, ficar lá em cima um tempão, comer as goiabas e olhar tudo que se passava lá embaixo. Até que, num certo dia, ela caiu e se machucou sério. Ficou uma lição, pois embora seja muito bom subir em árvore, todo cuidado é pouco.
50
AlĂŠm da goiabeira, na sua casa tinha pitangueira, mangueira, figueira e atĂŠ uma horta cheia de temperos fresquinhos para temperar a comida.
51
Vovô Heleno lembrou que na sua infância brincava na estação de trem onde seu pai trabalhava e nas férias ia para a fazenda do seu avô, onde gostava de tomar banho de cachoeira e ficar olhando os bois. Que delícia de infâncias!
52
A Ana pediu para vรณ Miriam preparar seu prato preferido. Prato que vรณ Miriam faz com todo o seu amor para sua netinha querida, que adora cebola e temperos frescos.
53
“Minha escola primária, fostes meu ponto de partida, dei voltas ao mundo. Criei meus mundos. Minha escola primária. Minha memória reverencia minha velha Mestra. Nas minhas festivas noites de autógrafos, minhas colunas de jornais e livros, está sempre presente minha escola primária...” Cora Coralina
54
Espaguete da vó Miriam com muita cebola e temperos frescos Muito bom, né Ana?! Ingredientes: 1 pacote de Espaguete nº 5 1 cebola grande 1 dente grande de alho 3 colheres de sopa cheias salsa picada 2 colheres de sopa cheias de manjericão fresco 2 colheres de sopa cheias de azeite 1 embalagem de molho de tomate com manjericão ou molho fresco de tomates e temperos Sal a gosto Modo de preparar: Colocar numa panela grande a água para ferver. Adicionar um colher rasa de sal e colocar o espaguete, misturando para não grudar um nos outros. Picar os temperos. Refogar o alho e a cebola no azeite. Juntar o molho de tomate ou tomates e temperos frescos e por último a salsa e o manjericão picados, e o sal a gosto. Escorrer o macarrão ainda “al dente” e cobrir com o molho. Servir assim que ficar pronto.
55
56
Diretamente de São Paulo, vovó Silvia e vovô ... Vieram contar um pouco de suas infâncias para o Arthur e seus amigos
57
Vovó Silvia vivia, quando pequena, em Vila Maria; e vovô ...., em Vila Guilherme. Ambos moravam em casa, mas na casa da vovó o espaço era grande: tinha horta, criavam galinhas, tinha até um poço de onde tiravam água para regar o jardim.
58
“...Convive com meu povo pobre. Compreende e procure ser compreendido Come com ele o pão da fraternidade e bebe a água pura da esperança. Aguarda tempos novos para todos.” Cora Coralina
59
Na horta, plantavam cenoura, tomate, alface e muitas outras hortaliças que faziam parte da alimentação da família. Tudo fresquinho e muito bem cuidado. Aos domingos, gostavam de fazer o almoço em família e aproveitavam para ficarem ao redor da mesa colocando a conversa em dia. Ô coisa boa!
60
Já na caso do vovô, não tinha muito espaço, mas tinha muitos vasos com plantas. Na sua infância adorava jogar bola. Ele lembrou que usavam um “matinho” chamado mentruz ou mastruz que era bem perfumado, e com ele faziam curativos e colocavam em cima de pancadas com manchas roxas – resultado das brincadeiras de moleques. Logo, logo ficava bom!
VovĂł e vovĂ´ ainda moram em casa e gostam de fazer compostagem com os restos de alimentos, que depois que se transformam em adubo aproveitado para alimentar suas plantinhas.
Vó Silvia trouxe uma receita de família, um bolo de laranja que o Arthur e seus amigos amaram. Não sobrou migalha para contar história! Uma maravilha, delicioso!
63
64
Bolo de Laranja com raspinhas de casca de laranja Ingredientes: 5 ovos 200 ml de óleo 2 xícaras de açúcar 2 xícaras de farinha 1 colher de fermento 1 laranja pera grande 1 colher de sobremesa cheia de raspas de laranja 1 pitada de sal Modo de preparar: Retirar aproximadamente meio copo do suco da laranja e reservar. Bater no liquidificador os ovos, o óleo, o açúcar e depois juntar a farinha de trigo, o fermento , as raspas de laranja e a pitada de sal. Untar e polvilhar uma forma média de furo central Levar para assar em forno pré-aquecido 200' Depois de assado, cobrir com a calda da laranja. Calda de laranja 60 g açúcar 120 ml suco de laranja coado. Levar ao fogo até abrir fervura.
65
66
VovĂł Vera veio de SĂŁo Paulo especialmente para preparar gostosuras para o seu neto Arthur
67
Vó Vera veio de avião de São Paulo, pois é um transporte rápido. No tempo dos avós da vó Vera, que vieram de navio da Itália para o Brasil, a viagem demorava muitos dias.
68
Os avรณs da vovรณ Vera se casaram ainda adolescentes, ele com 18 anos e ela com 14. Tiveram 14 filhos! 69
O pai da vó Vera era italiano, ele serviu na guerra da Abissínia. Já a família de sua mãe teve que morar num porão durante a Revolução de 1924 na Itália. Nesse período, era muito difícil conseguir comida. Tinham que guardar, estocar e vó Vera chamou atenção dos amigos do Arthur para o fato de que não havia geladeira nem luz elétrica. O pão era feito em casa e não na padaria, como os dias de hoje. 70
A vovó do Arthur se casou, e seu marido tinha uma padaria. Por causa disso, ela aprendeu a fazer pães deliciosos. Hoje em dia, o pão da padaria é feito em máquinas e em fornos especiais.
71
O pão que a vó Vera gosta de fazer para sua família e amigos é artesanal, feito com um ingrediente especial: o amor! Vó Vera diz que qualquer comida que se prepara tem que ser com amor. Ô tempero bom!
72
Pão – Paz “O Pão chega pela manhã em nossa casa. Traz um resto de madrugada. Cheiro de forno aquecido, de lêvedo e de lenha queimada. Traz as mãos rudes do trabalhador e a Paz dos campos cheios. Vem numa veste pobre de papel. Por que não o receber numa toalha de linho puro e com as mãos juntas em prece de gratidão?”
73
Pão Vegano da vovó Vera. O que é vegano?
É uma receita que só leva ingredientes vegetais, isto é, nenhum que venha de animais, sem ovos e leite Ingredientes: 1 envelope de fermento seco 1 colher de sopa de açúcar 1 colher de chá cheia de sal ¼ de xícara de óleo de girassol ou de milho 300ml de água morna ½ Kg de farinha de trigo (é bom ter um pouco mais) Modo de preparo: Misturar os ingredientes secos. Fazer uma cova no meio da massa e colocar os ingredientes líquidos. Misturar bem até ficar uma massa homogênea desgrudando das mãos. Sovar e deixar descansar um pouco. Separar uma bolinha de massa e colocar num copo de água. Quando esta bolinha subir é porque a massa já está boa para ser enrolada em forma de pães. Fazer os pães em forma de bolinhas e deixar descansar mais um pouco. Levar para assar em forno pré-aquecido. Quando estiverem dourados, retirar e servir.
74
75
Vovรณ Heloisa fez o parto de sua neta Julia e de seu amigo Joรฃo
76
Vovó Helô é filha de Therezinha, a fundadora do CEAT. A mãe da Therezinha, avó da Helô e tataravó da Julia, morava em São Paulo, numa fazenda. As mulheres naquele tempo não trabalhavam fora de casa, mas trabalhavam muito em casa! Cozinhavam para a família, lavavam e passavam as roupas, cuidavam dos filhos - um trabalho muito importante!
77
Mas as gerações seguintes da vovó da Helô foram estimuladas a buscar profissões e trabalho fora de casa. Embora a Helô quisesse aprender a cozinhar, sua avó não a ensinou, mas certamente ensinou muitas outras coisas... 78
Vovó Helô é enfermeira e faz algo diferente na sua profissão. Conforme sua avó dizia que “ser igual a todo mundo é fácil, o desafio é fazer diferente” - ela acompanha partos feitos em casa. Até hoje, já ajudou a nascer 797 bebês e entre eles sua neta Julia e seu amigo de turma, o João, que orgulhosos fizeram questão de contar para os amigos. Partos na banheira, dentro da água!
Helô trouxe uma receita de família que estava num livro antigo de páginas amareladas – o pão de minuto. Naquele tempo, as famílias tinham o hábito de fazer algo diferente para o lanche, como bolos, biscoitos e este pãozinho que veio à lembrança da Helô.
80
A Júlia e seus amigos ficaram curiosos em saber porque este pão tem esse nome... e durante o preparo viram que a massa não precisava de um tempo para crescer como de outros pães, mas como estavam ansiosos para comer, acharam que não era tão rápido assim... Pão de minuto que nada... rsrs
81
Rio Vermelho ... Águas da minha sede... Meus longos anos de ausência Identificados no retorno: Rio Vermelho – Aninha. Meus sapos cantantes... Eróticos, chamando, apelando, Cobrindo suas gias. Seus girinos – pretinhos, pequeninos, Inquietos no tempo do amor. Sinfonia, coral, cantoria. Meu Rio Vermelho Debaixo das janelas tenho um rio Correndo desce quando?... Lavando pedras, levando areias. Desde quando?... Aninha nascia, crescia, sonhava. ... Rio Vermelho, líquido amniótico Onde cresceu da minha poesia, o feto, feita de pedras e cascalhos. Água lustral que batizou de novo meus cabelos brancos. ... Cora Coralina
82
Pão de minuto Ingredientes: 4 xícaras de farinha de trigo 4 colheres de sopa de manteiga 4 colheres de sopa de açúcar 1 colher de sopa de fermento em pó ½ colher de sopa de sal 4 ovos inteiros ½ xícara de leite Modo de preparar: Peneirar os ingredientes secos. Misturar bem a manteiga. Quebrar os ovos no meio da massa, misturando sempre. Juntar, aos poucos, o leite, sem bater e misturar com colher de pau. Com ajuda de duas colheres colocar na assadeira untada um pouco da massa formando pequenos montes. Levar para assar em forno preaquecido. Servir quentinho com manteiga.
84
Para Letícia, o omelete da vovó Cecília é feito com amor
85
Vovó Cecília nos contou fatos interessantes de sua vida: quando pequena morou no Largo do Boticário, no bairro do Cosme Velho, no Rio – local onde faziam muitas filmagens e no qual havia um personagem que sempre aparecia nas filmagens, um cãozinho morador das ruas muito querido chamado Toy.
86
Vovó também morou no mesmo apartamento que hoje, por pura coincidência, mora sua neta Letícia e sua filha Patrícia. Na adolescência, namorava um rapaz que morava num apartamento logo abaixo do seu. Namoro às escondidas... Ele hoje é o avô da Letícia! Ele namorava usando um espelho para ficar olhando para ela pela janela. Assim, não precisava virar a cabeça para olhar pra cima. 87
Cecília disse que não gosta de cozinhar, mas Letícia disse que ela só faz coisa boa na cozinha, que o omelete da vovó é seu prato preferido. Esta receita foi ensinada pela bisavó Ilse. E como disse Letícia, é feito com amor!
88
89
Nas fotos que vó Cecília trouxe, vimos que ela, quando pequena, se parecia muito com a bisavó Ilse. Na foto, a bisa usava um camisolão que antigamente chamavam de mandrião.
90
O Mandri찾o Eu vestia um mandri찾o Recortado e costurado para mim De uma saia velha da minha bisav처 E como aquele mandri찾o me fazia feliz... Cora Coralina
91
Omelete da vovozinha Este omelete conquista corações!!!
Ingredientes: 2 ovos Sal a gosto 1 fatia de queijo minas frescal Azeite Modo de preparar: Bater os ovos e temperar com uma pitada de sal. Levar uma frigideira antiaderente ao fogo e colocar um pouquinho de azeite. Colocar os ovos batidos e deixar espalhar no fundo da frigideira. Colocar o queijo fatiado numa das metades e quando o omelete estiver desgrudando do fundo dobrar a outra metade sobre o queijo. Com uma espátula pressionar o omelete para que fique bem sequinho. Servir assim que ficar pronto.
93
Luana e sua grande famĂlia
94
Para encontrar com a Luana e seus amigos, vieram sua avó Bee que é mãe de sua mãe, o avô Otávio, que é pai de seu pai, e a vó Vera, que é a esposa do vovô Otávio.
95
Vó Bee e Vô Otávio são primos. Quando crianças, eles se encontravam em Petrópolis no sítio de sua avó. A farra era boa, pois a família era grande. Eram 30 primos!
96
“ Acredito nos moços
Exalto sua confiança, generosidade e idealismo Creio nos milagres da ciência e na descoberta de uma profilaxia futura dos erros e violências do presente.”
Cora Coralina
97
Sempre tinha comida boa preparada em fogão à lenha, um cheirinho bom de feijão cozinhando. Não havia geladeira na casa, as bebidas eram geladas mergulhando as garrafas nas águas geladas do rio da serra
98
Vó Vera trouxe para preparar uma receita de tabule de sua avó – que era libanesa. Ela nos contou que sua avó veio para o Brasil com 8 anos, escondida num navio. Sua irmã mais velha havia se casado e estava de mudança para o Brasil. Como a pequena não podia vir sem seus pais, esconderam-na para que ela pudesse vir.
99
O tabule é uma salada muito refrescante e muito nutritiva, e esta receita da tataravó da Luana é famosa e tem passado de geração em geração. 100
A Luana ajudou a preparar a salada, e quando ficou rapidamente pronta, propĂ´s aos amigos cantarem uma musiquinha antes de comer.
Meu tabule, meu tabule Vou comer, vou comer Pra ficar fortinho, pra ficar fortinha E crescer, e crescer. 101
Huuuum!! Maravilhoso!
102
Tabule uma salada refrescante de origem libanesa.
Ingredientes: 1 litro de leite 2 xícaras de chá de açúcar 250 g de aletria (macarrão cabelo de anjo) 3 gemas batidas Raspas de casca de limão (opcional) Canela em pó Modo de preparar: Colocar leite para ferver com o açúcar. Acrescentar o macarrão deixando cozinhar em fogo médio até amolecer. Retirar do fogo. Passar as gemas por uma peneira, dissolvendo com um pouco de leite, adicioná-las ao macarrão. Juntar as raspas de limão, se quiser. Misturar bem, servir em compoteira e polvilhar com canela.
103
104
Martim recebeu vovĂł Elisangela, que mora em SĂŁo Paulo, com a maior alegria
105
Sabe qual é a origem do nome da vó Elisangela? Vem da junção do nome da bisavó do Martim, Elisa, com o nome da tataravó Angela (Angelina em italiano).
106
“Eu tinha medo que a minha glória literária fosse atribuída a outra Ana mais bonita do que eu. Então procurei um nome que não tivesse xará” Cora Coralina. 107
Na sua casa, quando pequena, tudo era muito organizado: depois da escola e de fazerem a lição de casa, podiam brincar, mas depois tinham que arrumar seus brinquedos no lugar. Não podiam assistir a televisão na hora das refeições, mas nas sextas-feiras à noite os seus pais faziam um jantar diferente. Nesse dia, comiam um sanduíche especial chamado Tostex, que sua mãe preparava para cada um e depois todos podiam comer assistindo tv. Como não era sempre que isto acontecia, virava um acontecimento na família que ficou gravado em sua memória.
108
Vó Elisangela trouxe a sanduicheira Tostex de sua mãe – que deu nome ao sanduíche – e preparou para o Martim e seus amigos sanduíches iguaizinhos aos de quando era criança. Este dia era uma sexta-feira, não teve tv, mas ninguém sentiu falta, pois o sanduíche estava tão delicioso que deu até vontade de repetir.
109
“Nada
disso pessoal, tá quase na hora do almoço!” 110
Tostex Ingredientes para 1 sanduíche: 2 fatias de pão de forma integral 1 fatia de queijo muçarela 1 fatia de peito de per 1 fatia de tomate orégano a gosto Manteiga Modo de preparar: Arrumar sobre uma fatia de pão, o queijo, o peito de peru, o tomate, uma pitada de orégano. Colocar sobre o recheio outra fatia de pão. Passar em cada lado do sanduíche um pouquinho de manteiga. Colocar na sanduicheira fechar e levar ao fogo com cuidado virando os lados para o fogo e ficar atento para não deixar queimar. Quando estiver levemente douradinho, tirar do fogo. Pode ser servido em metades num prato e/ou guardanapo.
111
112
Pedro recebeu a vovó Janete, que veio de Brasília
113
Nossa conversa com a vovó Janete começou a respeito de seus antepassados: ela é descendente de imigrantes judeus-russos, e nos contou que a vida na Europa, no tempo do seus avós, ficou muito difícil – por isso, tiveram que procurar outros lugares, como as Américas, para viverem. De início, seus avós queriam ir para a Argentina ou Uruguai, mas como a viagem de navio tinha sido muito cansativa, o seu avô resolveu desembarcar no porto do Rio de Janeiro, que ficava na Praça XV, pois encontrou na região cortiços com moradores também de origem judaica.
114
A vida no Brasil não foi fácil. Embora sua avó Sura fosse filha de juiz na Europa, aqui teve que lavar roupa para viver. Seu avô Kolmann, que era bem jovem, começou a trabalhar como ajudante de mascate – um tipo de vendedor que ia de porta em porta oferecendo seus produtos para as pessoas. Não havia lojas e shoppings naquele tempo! Seu avô se tornou um bom comerciante, vendendo tudo de que as pessoas precisavam. 115
Sua avó Sura não se adaptou muito bem ao Brasil. Durante um bom tempo, cozinhava a comida em um fogareiro de uma só boca para toda a família. Ela gostava de preparar uma salada de berinjela, uma receita judaica que passou de geração em geração – e foi assim que a vovó Janete do Pedro aprendeu esse quitute que hoje também prepara para sua família e amigos. 116
Pedro nos contou que adora visitar a sua vovó em Brasília, pois ela tem uma casa muito bacana e nas férias ele encontra seus primos queridos e o cachorro Chico.
Para cada neto, vó Janete plantou um pé de fruta no seu quintal. Tem jabuticabeira, bananeira, amoreira e um pé de tangerina que é do Pedro. Que ideia deliciosa, vovó!!!
117
Barco sem rumo ... “Convive com o meu povo pobre. Compreende e procure ser compreendido. Come com ele o pão da fraternidade e bebe a água pura da esperança Aguarda tempo novos para todos Não subestime nossa ignorância e pobreza. Aceita com humildade o que te oferecemos: Terra generosa e trabalho fácil Reparte com quem te recebe Teu saber milenar, Judeu, meu irmão.”
Cora Coralina
118
Salada de Berinjela Uma receita judaica
Ingredientes: 1 xícara de chá de fígado de galinha temperado, cozido e amassado com um garfo 2 berinjelas assadas inteira, refogadas sem a casca em temperos e azeite 2 ovos cozidos e amassados 1 cebola crua ralada Azeite a gosto Modo de preparar: Misturar todos os ingredientes. Provar o sal. Servir como salada de entrada ou acompanhada de pão sírio.
119
120
Vovรณ Deise ou Denise, Rafaela?
121
Quando Rafaela era bem pequena, chamava sua avó Denise de Deise. E sabe como vovó Denise chama a Rafaela? De B, de Rá... Falando em apelido, o avô da vó Denise a chamava de Pequena, quando ela era criança.
122
Vovó Denise passou sua infância numa casa em Bento Ribeiro. Essa casa tinha um quintal grande onde ela brincava à vontade. Uma de suas travessuras nesse quintal era subir no muro, mas quando seu avô chegava, saía correndo.
123
Vó Denise lembra muito bem da comida gostosa que sua avó fazia: um arroz papa com carne assada. Até hoje ela tenta fazer igual, mas não consegue. Quem sabe sua avó tinha um tempero mágico chamado amor, que fazia daquele arroz algo tão especial ?
124
Ela também lembrou do nhoque feito pela sua outra avó, a Déia. Elas o preparavam juntas. Vó Denise fazia cobrinhas com a massa e, às escondidas, comia a massa ainda crua.
125
Hoje, a vovó da Rafaela quis recordar essa doce lembrança e trouxe a receita da vó Déia para prepararmos. Uma delícia!
126
AlguĂŠm, por acaso, comeu a massa crua, hein Rafaela?... ;-)
127
128
“Eu sou aquela mulher a quem o tempo muito ensinou. Ensinou a amar a vida Não desistir da luta...” Cora Coralina
129
Nhoque da vó da vó Ingredientes: 6 batatas médias 250g de farinha de trigo 1 ovo Sal a gosto Modo de preparar: Colocar para cozinhar as batatas descascadas até que estejam macias, mas que não estejam desmanchando. Escorrer a água e amassar com ajuda de um espremedor ou com garfo. Numa vasilha, junte o purê de batata com a farinha de trigo, o ovo e sal. Trabalhar a massa com as mãos até que consiga ter formato de uma bola. Numa superfície polvilhada com farinha de trigo, modelar em forma de cobrinhas e cortar em pequenos pedaços de 1,5 cm . Colocar água para ferver numa panela grande e adicionar um pouco de sal. Com a água fervendo colocar os pedaços de nhoque para cozinhar. Quando eles subirem para a superfície estão bons para serem retirados. Prove a consistência, caso ainda estejam muito moles, adicionar mais farinha de trigo. Molho de tomate Ingredientes: 3 tomates sem pele e semente ½ cebola 2 copos de água
Modo de preparar: Bater todos os ingredientes no liquidificador. Colocar numa panela e temperar com sal e deixar apurar. Temperar a gosto e cobrir o nhoque. Colocar queijo ralado por cima.
130
131
Tomás e Otávio com Vovó Cruz e vovô Renato – momento de ternura
132
Vovó Cruz e vovô Renato vieram ao encontro de seus netos amados, Tomás e Otávio, para contar um pouco das histórias de suas vidas e preparar uma receita de família chamada True Spongecake, um bolo tradicional americano. 133
Vó Cruz tem o mesmo nome de sua querida avó espanhola - uma mulher de visão, corajosa e muito habilidosa, que viveu momentos difíceis e deu a volta por cima. Casou cedo com um engenheiro que decidiu que morariam em Porto Rico, na América Central. Como as moradias de lá eram de madeira, havia um grande risco de incêndios, o esposo da tataravó Cruz resolveu criar o Corpo de Bombeiros do local. Ele morreu em consequência de um trágico acidente, deixando a viúva com 5 filhos.
134
Assim, a tataravó do Tomás e Otávio, decidiu partir para os Estados Unidos. Lá criou seus filhos transformando sua casa em pensão para estudantes universitários e vendendo bolos. 135
Nesta história ficou uma curiosidade... Como vovó Cruz veio nascer no Brasil? Sua tia, que vivia nos Estados Unidos, conheceu um comandante brasileiro e se casou com ele, vindo morar no Brasil. Foi assim que trouxe os outros irmãos, constituindo um núcleo dessa família brasileira.
136
A vovó da vó Cruz fazia bolos deliciosos e ensinou muita coisa para sua neta, como trabalhos manuais e delícias na cozinha.
“Recria tua vida, sempre, sempre Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.” Cora Coralina 137
True Spongecake
Receita de um bolo tão macio que parece uma esponja Ingredientes: 1 xícara de farinha de trigo ¼ de colher de chá de sal 1 colher de sobremesa de casca de limão ralada 5 ovos 1 xícara de açúcar 1 e ½ colher de suco de limão 1 colher de chá de essência de baunilha
Recheio: 2 caixas de morango 2 caixas de creme de leite 1 colher de sopa de açúcar
Modo de preparar: Peneirar a farinha de trigo e o sal juntos. Bater as claras em neve até ficarem bem firmes e adicionar o açúcar, o suco de limão e as raspas de limão. Adicionar as gemas uma a uma e a essência de baunilha. Juntar a farinha de trigo. Colocar para assar em forma untada e polvilhada em forno pré-aquecido. Depois que assar, desenformar e dividir o bolo ao meio para poder recheá-lo.
Modo de preparar: Higienizar os morangos, separar uns inteiros para enfeitar e picar o restante. Juntar o creme de leite e o açúcar. Rechear com o creme e com o restante cobrir o bolo e enfeitar com morangos inteiros.
138
139
A vovó do Vinícius, a Claudia, trouxe uma receita que vem lá de Minas Gerais, terra do leite e do queijo, terra do pão de queijo!
140
A tataravó do Vinícius, dona Antonia, era mineira de Ouro Preto. Naquela época, não existia carro, nem trem. Quem transportavam as mercadorias eram os tropeiros que viajavam a cavalo.
141
O Tomás, amigo do Vinícius, lembrou de uma comida chamada “feijão tropeiro”. Sim! Esta comida tem este nome pois os tropeiros precisavam se alimentar de uma comida forte, que lhes desse bastante energia e nada melhor que feijão, farinha e carne de porco.
142
A vovó do Vinícius lembra que a casa de sua avó Antonia era animada com muitas festas. Dona Antonia gostava de cozinhar e preparava, junto com sua equipe de trabalhos na cozinha, muitos quitutes para a família saborear.
143
VovĂł Claudia nos contou que sua avĂł Antonia teve 7 filhas e estas lhe deram 7 netas. Havia uma lenda que a filha mais velha deveria ser a madrinha da mais nova para nĂŁo virar bruxa!
144
Vovó Claudia preparou rapidinho a receita do pão de queijo, deixou no forno e teve que sair para trabalhar. Que pena que não saboreou a receita conosco!
145
Mandamos uma mensagem com a foto do VinĂcius, seus amigos e professores curtindo o pĂŁozinho de queijo quentinho. DelĂcia!
146
“...Ô de casa...” Meu avô era o primeiro a levantar, abrir a janela: “Ô de fora... Tome chegada”. O chefe do comboio se adiantava: De passagem para o comércio levando cargas, a patroa perrengue, mofina, pedia um encosto até “demenhã”. Mais, um fecho para os “alimais”. Meu avô abria a porta, franqueava casa. Cora Coralina
147
Pão de queijo
Receita da vó da vó do Vinícius Ingredientes: Queijo minas curado – ½ Kg Polvilho doce – ½ Kg Ovos – 5 unidades Óleo de soja – ¼ de copo Água morna – ¼ de copo Manteiga – 2 colheres de sopa Leite – ½ copo Modo de preparar: Misturar e ferver o óleo, a água, a margarina e o leite. Escaldar o polvilho. Esperar o polvilho amornar e misturar o queijo minas curado ralado. Fazer um buraco no meio da massa e colocar os 3 ovos. Ir misturando e acrescentando os 2 ovos restantes aos poucos, com um pouco de leite frio até dar pondo de enrolar. Amassar por meia hora na mão ( ou 15 minutos na batedeira) Provar o sal, que vai depender da salga do queijo. Colocar no forno médio pré-aquecido por aproximadamente 20 minutos. Depois de assado, desligar o forno e esperar 5 minutos.
148
149
Finalmente chegou o dia em que a Vitรณria teve seu sonho realizado
150
Sim! Sua avó-mãe Acácia veio ao seu encontro em nossa aula. Mas por que avó-mãe? Vitória foi um presente na vida da Acácia, pois depois que seu pai faleceu, ela passou a ser criada pela avó.
151
Acácia nos contou que amava o mingau de aveia feito pela sua avó, e hoje prepara para sua neta com todos os ingredientes que sua avó colocava: leite, aveia, açúcar e muito amor.
152
Acácia morou por um tempo em Bangu, com sua avó. Naquela época, o bairro era considerado zona rural, com muito espaço para brincar, árvores frutíferas e outras vantagens que a cidade não tinha.
153
A avó da Acácia tinha a mesma aptidão que Cora Coralina, doceira; Sabia preparar um doce de laranja como ninguém! Este doce é feito da casca de uma laranja especial chamada laranja da terra. Você já provou um doce de laranja da terra bem feito? Esta laranja não serve para suco, pois é meio amarga. Sua polpa – parte branca da casca – é que é aproveitada. Tem que ficar de molho para perder o seu amargor, e só assim este doce fica gostoso.
Outra curiosidade sobre a avó-mãe da Vitória, é que ela trabalha na recepção de nossa escola. Ela recebe as pessoas e encaminha para os locais que precisam ir, atende aos telefonemas e anota os recados. Ela desempenha um lugar importante na escola pois a recepção é a porta de entrada de nossa querida escola, o CEAT.
“Minhas mãos doceiras... Jamais ociosas Fecundas. Imensas e ocupadas Mãos laboriosas Abertas sempre para dar, ajudar, unir e abençoar.” Cora Coralina
155
Mingau de aveia
Ingredientes: ½ litro de leite 1 Colher de sopa de Açúcar 2 Colheres de sopa de Aveia flocos finos Canela em pó a gosto Modo de preparar: Misturar ao leite o açúcar e a aveia. Levar para cozinhar mexendo sempre. Servir com canela em pó
156
“Quando escrevo, escrevo por um impulso interior que me vem do insondável que cada um de nós traz consigo. Mas uma coisa eu digo a você: ontem nós falamos nas pessoas que ainda estão voltadas ao passado. (...) E eu digo a você: não há ninguém que não faça sua volta ao passado ao escrever... Nós todos fazemos. Nós todos pertencemos ao passado. Todos nós. Queira ou não queira. É de uma forma instintiva. Nós todos estamos ligados muito mais aos nossos avós do que aos nossos pais.” (fala de Cora Coralina ao Jornal de Brasília em & de outubro de 1984.)
157
Clube de Costura Canta e Conta Estรณrias 158
Clube de Costura Canta e Conta Estórias – Confecção do caderno de Receitas 159
Livros que nos inspiraram
CENTRO EDUCACIONAL ANÍSIO TEIXEIRA Este caderno foi confeccionado com a participação das seguintes turmas e professoras: Turma Andorinha – Professora Fabricia Alves Turma Bem Te Vi – Professora Patrícia Mallet Turma Colibri – Professora Julia Trani Turma Do Ré Mi – Professora Maria do Carmo Professores de: Culinária : Suzete Marcolan Permacultura: Marcio Lazaroni (Laza) Clube de Costura: Marcela Carvalho Artesanato: Maria do Carmo Ribeiro (Carminha) Atendentes: Assilene Bruno e Elizete dos Santos Auxiliar de Coordenação: Juliana Rocha Coordenação do Período Integral: Yvana Tomsic Direção: Emília Fernandes Agradecimentos aos NED e-mail: periodointegralceat@gmail.com site: ceat@ceat.org.br
161