Edição 4 revista litere se

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Edição 04 - Julho/Agosto 2017


Editora Chefe Perla de Castro Conselho Editorial Lisi de Castro Pietro Peres Hedjan C.S. Projeto Gráfico Perla de Castro Revisora Beatriz de Castro Colunistas Danie Ferreira Diego Guerra Elisângela M. Elves Boteri Jhefferson Passos Luanna Mello Raquel Rasinhas

Revista Litere-seded oh it

sportsman. Week to time in john. Son elegance use weddings

separate. Ask too matter formed county wicket oppose talent.

Olá amigo leitor/escritor, Estamos chegando em mais uma edição da Revista Litere-se. Todas as edições para nossa equipe são muito especiais. Porém, esta nossa quarta edição traz um conteúdo diferenciado. Trazemos para você um pouco sobre nossa Feira Literária Multicultural, a MULTI que aconteceu nos dias 13,14 e 15 de julho na cidade de Queimados no Rio de Janeiro. Além de ser o primeiro evento físico realizado pela Revista e Editora Litere-se, este evento foi também a primeira feira literária da cidade de Queimados. Assim como nossa revista, o evento carregou a mesma essência, que é disseminar a literatura brasileira. Para nós foi uma honra realizar tal feito. Esperamos que gostem de conhecer um pouco mais sobre a MULTI e os participantes desta primeira edição. Ah, e é claro que também as colunas fixas de cada edição estão aqui presentes. Fique à vontade e aprecie sem moderação!

Perla de Castro Editora chefe

Contato: contato@perladecastro.com perladecastro@revistaliterese.com www.revistaliterese.com Contato: contato@revistaliterese.com


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Revista Litere-se

Novidade! Em maio de 2017 a Litere-se além de revista, passou a ser também editora!!! A Revista Litere-se nasceu em outubro de 2016 e desde o seu início carrega o intuito de ser a mão amiga para o escritor brasileiro. Desde a nossa primeira edição publicamos textos litários de escritores de todo canto do país, além de artigos informativos sobre literatura geral e principalmente brasileira, divulgamos lançamentos de livros através de entrevistas e perfis de escritor. Nosso foco é e sempre foi ajudar desde o escritor iniciante até o profissional. Com tempo a Litere-se foi ganhando proporção. Em nossas seleções de textos para as edições, começamos a receber textos também de escritores de outros países, como Portugal e Angola. Isso nos deu ânimo para ir além. Começamos então a realizar concursos literários gratuitos. O FIM VEM DAS ESTRELAS foi nosso primeiro concurso que terá seu livro em versão e-book e física lançados no mês de agosto. Com o sucesso do nosso primeiro concurso, resolvemos fazer um segundo. Desta vez desafiamos nossos leitores/escritores a produzirem microcontos de até 6 linhas.

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Para nossa surpresa, recebemos no

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total 1003 inscrições. E embora nosso edital fosse direcionado apenas para escritores brasileiros, outra vez fomos surpeendidos...Recebemos textos de brasileiros que estão morando no exterior. E como se não bastasse, esses brasileiros divulgaram para amigos estrangeiros e acabamos recebendo inscrições em inglês, espanhol e italiano. A Litere-se está rompendo fronteiras mais rápido do que esperávamos e isso nos deixa imensamente felizes.


Novidades!

Ser apenas uma revista online não bastava. Foi aí que surgiu a Editora Litere-se. Foi tudo muito rápido e está sendo uma experiência fantástica. A Litere-se tem participado de eventos e o mais bacana de tudo, realizamos nosso próprio evento, a MULTI que foi a primeira feira literária multicultural da cidade de Queimados no Rio de Janeiro. Esta nossa quarta edição é mais que especial. Trouxemos para você as colunas de sempre e mais conteúdo especial sobre nossa primeira feira literária. Você vai poder conhecer um pouco sobre a iniciativa MULTI . E fiquem de olho, ainda este ano estaremos aprontando mais surpresas. Até nosso aniversário de 1 ano em outubro, lançaremos muita novidade incrível! Esteja preparado para apreciar sem moderação. Veja agora um pouco dos primeiros lançamentos da Editora Litere-se. Alguns aconteceram nos meses de junho e julho. E mostraremos também o que vem de lançamento por aí!

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Editora Litere-se

30 de junho Lançamento: Quem eu sou?

Palavra da escritora! Olá, sou Elisângela Medeiros, tenho 39 anos, Casada, Mãe, Bióloga, Professora, Escritora, Contadora de Histórias e Colunista da Revista Litere-se (Coluna Leiturando), onde dou dicas de incentivo a leitura na primeira infância. Amo tudo que faço e dou sempre o melhor de mim. Adoro estar em família, viajar, fazer novos amigos e preservar como tesouro os antigos. Falante toda vida, adoro contar e ouvir histórias, inclusive as de terror, que se for verídica melhor ainda, mas morro de medo na hora de dormir. Comecei a escrever depois do nascimento dos meus filhos, que amavam as histórias que eu inventava e pediam sempre bis. 6

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Lançamentos

O livro infantil Quem eu sou? da escritora Elisângela Medeiros foi o primeiro lançamento da Editora Litere-se. A noite de lançamento bombou e foi super especial com a presença da criançada, amigos, familiares e leitores de todas as idades. O lançamento aconteceu no dia 30 de junho de 2017 na Casa de Cultura da cidade de Nova Iguaçu no Rio de Janeiro.

O livro encontra-se em venda na lojinha da Editora Litere-se no site www.editoraliterese.com e para quem é do Rio de Janeiro, também é possível encontrar o livro na Yan Livros.

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14 de julho

Lançamento: 365 dias de micropoesias

Sobre a escritora:

Luanna Mello viveu em Tocantinópolis interior do Tocantins boa parte de sua infância. A jovem de 22 anos começou a escrever ainda criança, motivada pela sua querida professora Luzia Borges Reis, mas só em 2014 seus textos ganharam vida e novas formas, falam de amor, esperança, perdas, rancor e sonhos, levando você a um mergulho profundo para dentro da alma humana. Estudante de Comunicação Social, a jovem atualmente mora no litoral norte se São Paulo, Ubatuba. A autora teve participação em antologias nacionais no início do ano de 2016. Antologia Mosaicos – Sonetos e Poesias, pela editora Illuminare, com os poemas, A salvação do Ateu, Doce Infância e A escolha do Passarinho; e o Prêmio Poesia Livre 2016 – Antologia Poética, com o poema a escolha do passarinho. Autora dos livros, Coração Pirata, A vida em Micropoesia, 365 Dias de Micropoesias e Porto Poético em parceria com as autoras Perla de Castro e Lisi de Castro pela editora Litere-se. Também é colunista da revista Litere-se com sua coluna, O lado agridoce da Poesia.

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Lançamentos

365 Dias de micropoesias da escritora Luanna Mello, lançado pela Literese teve seu lançamento oficial durante a MULTI que foi nossa feira literária na cidade de Queimados no Rio de Janeiro. O lançamento foi um sucesso, teve uma galera super animada e ansiosa pela presença da escritora tocantinense, além de contar com um recital de poesias lindo feito pela escritora.

O livro encontra-se na lojinha da Editora Litere-se no site www.editoraliterese.com M A R C H 2 0 11   U N I V E R S A L M A G A Z I N E

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14 de julho

Lançamento: A libertação das letras

Sobre a escritora: Maria João Torres é Licenciada em Ensino de Educação Visual e Tecnológica e Mestre em Design e Marketing pela Universidade do Minho. É Docente do 1º CEB, tendo lecionado no Instituto Politécnico de Bragança, no período de 2001 a 2009. É autora de vários artigos científicos em revistas e atas de encontros nacionais e internacionais. Publicou o seu primeiro livro “Crescer com histórias” em 2016.

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Lançamentos

O e-book infanto juvenil, A libertação das letras da escritora portuguesa Maria João Torres, foi o primeiro lançamento internacional da Editora Litere-se. O e-book está disponível gratuitamente para download no site da editora e a partir de 15 de agosto estará gratuito na Amazon. Aguardem novidades nas nossas redes sociais. A Litere-se tem muito orgulho dessa parceria com a escritora e em breve traremos novos lançamentos dela.

Sinopse: Estrela é uma jovem adolescente que adora ler. Contudo, algo inusitado acontece quando, ao ler um livro, as letras saem das páginas e tentam comunicar com ela. Incrédula, Estrela ainda pensa que está a ter pesadelos, que que aquilo que observa não é real, mas a persistência das letras faz com que perceba que, afinal, elas só lhe estão a pedir ajuda. Sentem-se prisioneiras e ambicionam a liberdade. Será que Estrela as consegue ajudar? E por que razão se sentirão aprisionadas as letras?

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15 de julho

Lançamento: Devaneios em flores

Lisi de Castro, nascida no Rio de Janeiro no dia 3/10/1970. Viveu em várias casas e cidades diferentes, a vida cheia de mudanças com a família sempre embalou seus escritos. Seus escritos são puros movimentos de vida ao vento. Mãe de dois filhos, casada, professora, palestrante, poetisa, Colunista e Editora assistente na Revista Litere-se e diretora de marketing da Editora Litere-se.

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Devaneios em Flores foi o primeiro livro lançado pela escritora Lisi de Castro. Um livro cheio de emoção e sentimentos à flor da pele. Lisi de Castro é uma escritora bem abrangente nos gêneros e estilos literários. Escolheu para iniciar suas publicações, este livro recheado de vivências maravilhosas onde cada um nós consegue se reconhecer em alguma parte.

O livro encontra-se na lojinha da Editora Litere-se no site www.editoraliterese.com

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Próximos lançamentos Setembro

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Lançamentos

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ESdEi C t oTrIaO N L i tNeAr M e -Es e

Outubro

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La çN a mNeAnM t oEs SEC Tn IO

Novembro

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A História da Estória Por Raquel Rasinhas

Livros que viraram Filmes Quem nunca foi ao cinema assistir aquele filme inspirado no seu livro favorito? Às vezes ficam felizes, outras decepcionados, chocados, irados, todos os tipos de sentimentos surgem dependo de como o filme se desenvolve e se segue o livro com fidelidade. Agora, já pararam para pensar como isso começou? Quem começou? Será que fez sucesso ou foi um completo fracasso? Nessa edição de A História da Estória vamos entrar no mundo da sétima arte um pouco e entender a explosão de livros que viraram filmes. Existem muitas controvérsias sobre qual foi o primeiro livro adaptado para o cinema, mas levando em conta que Léon Bouly inventou o cinematógrafo em 1892, a patente foi perdida e registrada novamente em 1895, dessa vez por Auguste e Louis Lumière e esses aperfeiçoaram o aparelho e produziram filmes curtos exibidos ao grande público, por isso atribui-se a eles a invenção do cinema. Alguns dizem ser Sherlock Holmes de Sir Arthur Conan Doyle, outros afirmam ser Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll, porém o primeiro de que se tem registro é Trilby e o Pequeno Billee, em 1896 escrito pelo francês Gerald du Maurier. O curta, de apenas 22 segundos, recria uma cena do livro muito famoso na época. Acredito que não se pode falar de livros que viraram filmes sem falar da Disney. Sim, afinal todos nós crescemos assistindo as princesas sendo salvas por seus príncipes e vivendo felizes para sempre.

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Sabemos que essas lindas obras nasceram de livros e contos antigos, adaptados para o publico infantil da época. Até hoje a Disney investe nesses clássicos, adaptando e modificando alguns pontos, já que grande parte das obras originais não tem finais tão felizes como vemos hoje nas telonas. Romeu e Julieta, de Willian Shakespeare, teve tantas versões diferentes, mas sem nunca corromper sua essência e sua mensagem. Uma dessas versões Leonardo DiCaprio é Romeu é essa seria a versão mais “pop” da obra atemporal. Orgulho e Preconceito de Jane Austen, O conde de Monte cristo e Os três mosqueteiros de Alexandre Dumas, Drácula de Bram Stoker, os livros de Stephen King (são muitos e em sua maioria os de terror e suspense), dentre tantos outros clássicos da literatura que deram muito certo em suas adaptações para cinema trazendo ainda mais prestígio e fama para os autores. Mas é claro que nem tudo são flores. Também existem filmes baseados em obras literárias que foram a grande decepção dos leitores. Mas o que torna a adaptação ruim? Furos no roteiro, cortes de cenas importantes no momento de passar para a versão cinematográfica, atores que não tem nada haver com o personagem (tanto física como psicologicamente), mudanças em falas e ações, todos esses são fatores decisivos para que o amante do livro passe a odiar a versão para o cinema. Um exemplo de fracasso é o filme baseado no livro “A bússola de Ouro” do autor Phillip Pullman, que não aprovou a versão das telonas e “Perci Jackson” e o ladrão de raios, cujo autor Rick Riordan chegou ao ponto de pedir as pessoas para


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não assistirem. A saga Crepúsculo, amada por uns e odiada por outros teve muitas criticas negativas por conta de alterações feitas no roteiro de forma que não coincidiram com os fatos narrados nos livros e efeitos especiais desnecessários. As adaptações ruins não se limitam aos filmes estrangeiros, em terras tupiniquins também existem aqueles filmes que não agradaram ou não fizeram jus a obra na qual foram inspirados. Capitães de areia, um tesouro da nossa literatura escrito por Jorge amado não foi exatamente amado por todos que o viram. Alguns críticos acharam que a diretora e neta de Jorge Amado, Cecília Amado, não soube tratar os problemas retratados no livro da forma correta. Enquanto no livro, Jorge Amado fala sobre a questão dos menores abandonados, no filme acontece a romantização da marginalidade. Outros elogiam a coragem da diretora em pegar um livro ambientado na década de 30 e transportá-lo para a década de 50 e fazer diversas alterações para que o mesmo não per desse o sentido. Todos nós sabemos qual é o lado bom de uma adaptação de sucesso. O autor se torna muito mais conhecido, ganhando uma visibilidade muito maior de seu trabalho. Os personagens ganham um rosto, uma voz, o que os aproxima muito mais do publico e fãs da obra literária e aqueles que ainda não são, mas acabam se interessando em conhecer por conta do filme. Demos boas risadas ao assistir “O auto da compadecida”, obra do escritor Ariano Suassuna nos anos 1950 que chegou aos cinemas em 1999 e foi um grande sucesso de críticas. “Entrevista com o Vampiro” de Anne Rice que tráz Brad Pitt como o vampiro Louis, até hoje é considerado um dos melhores filmes de vampiros da história. O livro faz parte das Crônicas vampirescas, de onde outro livro, “A rainha dos condenados”, também se tornou um filme estrelado pela cantora e atriz Aaliyah que faleceu antes da estreia do filme.

O silêncio dos inocentes, O senhor dos anéis, O menino do pijama listrado, Harry Potter, Jogos vorazes. A lista continua a se estender com títulos incríveis que se tornaram filmes ainda mais incríveis, arrastando milhares de fãs para os cinemas e conquistando outros milhares. Quando o livro não vira um filme ele pode se tornar uma série, algo que vem acontecendo muito. Entre eles estão Game of thrones de George R. R. Martin, a série Vikings baseada nas Crônicas saxônica, livros escritos por Bernard Cornwell, e outros livros que trazem as batalhas e a criação da Inglaterra, inclusive relatos reais da época. Thirteen reasons why, do autor Jay Asher se tornou série no Netflix e agregou ainda mais seguidores do que já tinha. Orange is the new Black da autora Piper Kerman é umas das obras pioneiras em virar série pelo Netflix e faz grande sucesso até hoje, tanto como série quanto como o livro, que foi baseado em fatos reais. Chegamos ao final de mais uma jornada, hoje pela sétima arte se mesclando com a literatura. Espero ter ajudado a sanar as dúvidas sobre essa febre que vem inundando os cinemas do Brasil e do mundo a alguns anos e inspirados futuros escritores e sonhar mais alto e se arriscar em seus sonhos. Nos vemos na próxima edição de Litere-se.

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Prosa Poética Por Diego Guerra O sol e o poeta

O sol que clareia o trabalho não faz greve, Julga-se o mais sábio do universo. Líder de um planeta ao inverso, Orador da política breve.

O soberano iluminador Não deixa faltar ao poeta o calor. Não puxa uma palha, esquenta os ferros, trabalha E a ninguém atrapalha.

O poeta, curioso de si próprio, Vive no questionamento enquanto sóbrio. O sol, que tem uma galáxia à sua margem, Não faz greve de sua imagem.

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TOMORROW

O lado agridoce da poesia Por Luanna Mello Cinzas de amor Tentando se encontrar Imaginei você entrando Vejo em seus olhos

De mãos dadas comigo

A dor que esconde aí dentro. Vejo sua face

Me levando no altar. Era pra você ser testemunha

As marcas de uma vida cansada. Olho pra você

Da minha felicidade. Era pra ser o dia mais bonito

E enxergo meu reflexo De anos atrás.

Se você não o tivesse destruído. Meu sonho colorido,

Perdido,

Hoje não tem cor.

Sozinho,

E o mar carrega pra longe

Tentando sem encontrar.

As cinzas do meu amor.

E toda vez que você vai embora fica aquela saudade gostosa, uma vontade louca de dividir novamente o meu travesseiro contigo. (micropoesia)

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“Bolinhos de sangue” Provavelmente, você já tenha lido ou ouvido falar sobre Hannibal, Dexter ou Norman Bates. Seus filmes, seriados e livros. Todos esses não passam de ficção, inspirações de casos ou fatos reais que aconteceram em alguma época. Mas que geraram algum tipo de medo nas pessoas. E na vida real? Quem são esses assassinos em série que provocam tanto medo quanto um livro ou filme de terror? E a “Saponificadora de Correggio”, como ficou conhecida, é uma dessas realidades macabras. Leonarda Cianciulli nascida filha de um suposto estupro em 14 de novembro de 1893, Montella, Itália, teve uma infância conturbada com a mãe cheia de ódio. Também tentou suicídio duas vezes durante sua adolescência. Leonarda era uma pessoa supersticiosa e um terremoto, em 1930, destruiu sua casa aumentando sua cisma. Nessa época, ela vivia com Rafaelle Passardi, um atendente de registros civis, com que se casou em 1917 para poder sair da casa dos pais que não aprovaram esse casamento, que acabou sendo preso em 1927 por fraude. E sua superstição a levou a procurar uma vidente, que revelou uma sinistra previsão: perderia todos os seus filhos antes da sua própria morte.

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Mas não parou por aí sua cisma e foi buscar ajuda de uma cigana que revelou algo ainda mais sombrio para seu destino: na mão direita, a cigana leu a sua prisão e na esquerda um manicômio. E as previsões vieram a se cumprir! A italiana engravidou 17 vezes! Três por abortos espontâneos e os outros foram morrendo ao poucos antes da adolescência. Restaram apenas quatro e disposta a mudar a sua má sorte chegou a procurar cartomantes, mas todas revelavam o mesmo destino: não importava quantos filhos tivesse, nenhum sobreviveria por muito tempo. Foi daí que os assassinatos começaram. E entre 1939 e 1940, matou três mulheres e ficou marcada como uma das assassinas em série mais macabras da história do país por transformar seus corpos em sabão. Faustina Setti, foi a primeira vítima. Com uma promessa falsa de conseguir um bom marido, Leonarda lhe deu vinho com sonífero e a matou com uma única machadada. Depois a esquartejou em nove partes. “Eu joguei os pedaços em uma panela, acrescentei sete quilos de soda cáustica, que eu tinha comprado para fazer sabão, e misturei tudo até que os pedaços se dissolvessem em uma pasta escura, que coloquei em vários baldes e despejei em um tanque séptico próximo”, disse a assassina em depoimento. E ela continua: “Quanto ao sangue na bacia, esperei coagular, sequei no forno,desidratei e misturei com farinha, açúcar, chocolate,leite e ovos, e também um pouco de margarina, formando uma massa. Fiz muitos bolos que servi às mulheres que iam me visitar, e Giuseppe(filho de Leonarda) e eu também os comemos.” Leonarda só voltaria a matar dez meses depois. Sua segunda vítima, morta em 5 de setembro de 1940, foi Francesca Clementina Soavi. E dois meses depois, em 30 de novembro de 1940, foi Virginia Cacioppo. Ambas acabaram na panela. Leonarda acabou descoberta por causa da irmã da sua terceira vítima que avisou a policia do desaparecimento e acabou presa junto com o filho, A assassina foi julgada e condenada a 3 anos num hospital psiquiátrico e 30 anos em regime fechado. Após receber o veredicto e de que seu filho fora inocentado das acusações, Leonarda é possuída por uma felicidade assombrosa, e apesar da sua idade, parecia uma garota, pulando feito uma mola e gritando: “Deus seja louvado! Bendito seja Deus! Viva a Lei! Povo de Reggio, me perdoem e eu perdoo.” E se joga nos braços do filho. Giuseppe chora. O que poucos sabem é que a razão de Leonarda ter assassinado três mulheres, foi para que pudesse fazer um ritual que quebraria de vez a suposta maldição que a sua mãe havia lhe rogado. A Saponificadora acreditava que só assim garantiria a sobrevivência dos seus filhos. “Eu não matei por ódio ou ganância, mas apenas pelo amor de mãe.” Leonarda Cianciulli. M A R C H 2 0 11   U N I V E R S A L M A G A Z I N E

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Ela nunca cumpriu sua pena em regime fechado, permanecendo até sua morte, em 15 de Outubro de 1970, no hospital psiquiátrico de Aversa, aos 78 anos.

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M úsica e Poesia para as cr ianças Por Elisângela MedeirosSource: Uptatie mod tin voluptat praesse quisit utpat nisci eraessequam dolenim do ex eu feugait

Algumas pessoas me perguntam sobre como introduzir poesia na vida das crianças? Então, respondo que poesia tem que ser leve, gostosa de sentir na alma e no coração, e porque não divertida? E, se essa poesia, for apresentada em forma de música, que delícia seria, ou melhor será! Você pode encontrar essa mistura gostosa e vibrante em um livro ou em dois discos/cds com o mesmo nome: A Arca de Noé, do Poeta Vinicius de Moraes. A Arca de Noé é um livro encantador e dos mais conhecidos de Vinicius de Moraes, cheio de rimas, poesia e informação. As crianças leem, ouvem as poesias musicadas e aprendem de forma lúdica, sendo porta de entrada para o mundo da música, poesia e lite-ratura. O livro é formado por 32 poemas, o primeiro recebe o nome do livro e a maioria dos outros poemas trata dos animais. Muitos se tornaram populares como: A Casa, O pato, O peru, com ritmo e letras inteligentes e bem-humoradas. Vinícius de Moraes, o famoso poetinha, escrevia poesia para seus filhos Suzane e Pedro de Moraes, poesias essas que ficaram guardadas por anos.

Em suas idas e vindas à Itália encontrou Chico Buarque, que o apresentou a Toquinho, um dos seus maiores parceiros musicais.

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Em 1970, o conjunto de poemas infantis são reunidos. Vinicius e Toquinho lançam o disco de L’Arca Canzone per Bambini, na Itália. No mesmo ano, é lançado no Brasil o Livro A Arca de Noé, criando um laço eterno entre as crianças. Em 1980, é lançado o disco A arca de Noé 1, com 14 músicas e, em 1981, A Arca de Noé 2, com 13 músicas, interpretado pelos cantores Chico Buarque, Toquinho, Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Fagner, Clara Nunes, Tom Jobim entre outros cantores e musicados por Toquinho. A Arca de Noé, livro, teve reedição em 1993, publicado pela Companhia das Letrinhas, com Ilustrações assinadas por Nelson Cruz.

Dicas para pais e professores

A Arca de Noé livro e discos/cds podem ser utilizados em leituras coletivas, temas de projetos escolares, recitais, saraus de poesia, coreografias e tudo aquilo que sua imaginação permitir. As crianças de hoje são muito visuais e conectadas, que tal baixar um vídeo da internet, escolha uma das músicas da Arca de Noé? Leia e cante com elas. Hoje apresento dois poemas de Vinicius de Moraes: A Casa e O Vento de Vinicius. Aproveito para dar dicas de como trabalhar com os pequeninos.


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A Casa é uma das poesias mais conhecidas de Vinicius de Moraes. Quem visitou, em pensamento, depois de ler ou escutar essa poesia? Um exercício interessante é pedir para a criança refletir sobre a música e depois desenhar ou descrever como seria essa casa. Boa hora para usar a imaginação e a criatividade.

A casa

Vinicius de Moraes Era uma casa Muito engraçada Não tinha teto Não tinha nada Ninguém podia Entrar nela, não Porque na casa Não tinha chão Ninguém podia Dormir na rede Porque na casa Não tinha parede

O Vento é uma ótima dica para introduzir os conceitos de ar, vento, energia eólica e todos os temas relacionados, ressaltando que o ar tem peso sim, contradizendo o verso 3. Que tal a criança construir o seu próprio cata-vento?

O vento

Vinicius de Moraes Estou vivo mas não tenho corpo Por isso é que não tenho forma Peso eu também não tenho Não tenho cor Quando sou fraco Me chamo brisa E se assobio Isso é comum Quando sou forte Me chamo vento Quando sou cheiro Me chamo pum!

Ninguém podia Fazer pipi Porque penico Não tinha ali Mas era feita Com muito esmero

Espero que tenha viajado nas poesias de Vinicius, e mesmo sendo adulto relembre a criança que mora em você. Incentive a leitura. Conte uma história. Um abraço!

Na Rua dos Bobos Número Zero

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Lady M acbeth Por Elves Boteriie mod tin voluptat praesse quisit utpat nisci eraessequam dolenim do ex eu feugait “A sublimidade de Macbeth e de Lady Macbeth é irresistível; trata-se de personalidades convincentes e valorosas, além de profundamente apaixonadas. Aliás, com incomparável ironia, Shakespeare apresenta-os como o casal mais feliz de toda sua obra dramática” (Bloom, 2000, p.634). Lady Macbeth é uma personagem (assim como outras personagens femininas de Shekspeare) que nos mostra como razão e emoção, amor e poder são inseparáveis. Uma personagem que não nega sua racionalidade e nem instinto, fazendo com que ela se torne transgressora. Na obra, Lady Macbeth guia Macbeth em seus atos para que assim alcance seus desejos e quiseres. Os papéis dos dois personagens na peça aparecem como uma balança: No início da peça temos Lady Macbeth como uma mulher forte e determinada a fazer Macbeth se tornar rei, enquanto temos Macbeth, por assim dizer, como uma “criança”, tendo como exemplo, os vários momentos em que ela o insulta, o encoraja, dizendo que ele é um sujeito sem coragem e que não tem valor. Estes aspectos são notáveis quando eles vão cometer o assassinato de Duncan. Macbeth hesita, pois, teme a falha e ela o indaga: “Nós, falharmos? Ponha sua coragem no limite e não falharemos! ”. Ao aceitar, Macbeth começa a introduzi em sua mente estes desejos de Lady Macbeth e a partir deste ponto, há uma modificação, ela perde esta parte de si, que agora está no marido e começa a se enfraquecer chegando à morte, enquanto Macbeth se torna a figura forte. Os tormentos de Macbeth se realizam em Lady Macbeth, que se enche de remorso, e ele se torna o imponente. Vamos a uma descrição de Lady Macbeth na peça para que possamos deixar mais claro os pontos comentados a cima: A primeira aparição de Lady Macbeth ocorre quando ela recebe uma carta de Macbeth relatando o seu encontro com as Irmãs Sinistras (as Três Bruxas), que previram que ele se tornaria rei. Mas Lady Macbeth percebe que isto não ocorrerá sem derramamento de sangue e teme que o bom caráter do marido ponha tudo a perder – “Mas temo tua natureza, que é tão cheia do leite da bondade humana” (Ato I, Cena V). Prevendo o que irá acontecer, pede aos espíritos malignos que a destituam de sua feminilidade para executar o regicídio. “Venham espíritos Que instilam os pensamentos assassinos, dessexuai-me, Cumulem-me da cabeça aos pés Com a mais horrível crueldade! (...) Possuam os meus seios e faça amargo o meu leite (...)”. (Ato I, Cena V). Na sequência, ao encontrar-se com Macbeth, é ela que decide pelo assassinato de Duncan quando informada que o rei irá visita-los - “Oh, nunca verá o sol amanhã!” - e aconselha a 28

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Macbeth como ocultar suas intenções: “Assemelhe-se à flor inocente, sob a qual se oculta a serpente” (Ato I, Cena V). Seus esforços concentram-se em convencer Macbeth a agir quando ele hesita sobre o que estão prestes a fazer, mesmo que precise agir com ofensas – “Você deveria ser homem muito mais” (Ato I, Cena VII) - e renegue sua própria feminilidade. Já amamentei e sei quão suave é amar o nenê que me suga: Mesmo ele estando a sorrir para mim, arrebataria o seio de suas gengivas desdentadas e faria saltarem-lhe os miolos, se assim o tivesse jurado fazer, como você jurou em relação àquilo. (Ato I, Cena VII). Macbeth ainda teme que a tentativa de assassinato falhe (como já citado) Lady Macbeth encarrega-se de drogar as bebidas dos guardas do rei e avisar Macbeth de que estava pronto para o assassinato. Mostra-se confiante ao extremo depois de realizar esse ato: “Aquilo que os fez bêbados, me fez audaz, aquilo que os extinguiu, a mim incendiou!” (Ato I, Cena VII). Quando Macbeth sai para executar o crime, Lady Macbeth divaga preocupada se alguma coisa saiu errado. Macbeth retorna com as mãos sujas de sangue, horrorizado pelo ato que praticou. Mas sua mulher o contradiz: “Tais coisas não podem ser pensadas dessa maneira. Isso nos levará à loucura”, como que antecipando o que lhe ocorreria mais tarde. Ao saber que ele não havia deixado as adagas no lugar do crime, Lady Macbeth resolve agir: “Que fraca determinação! Dê-me as adagas. (...) Se ainda corre o sangue, cobrirei com ele as faces dos criados, para que a culpa deles seja visível” (Ato I, Cena VII). Contudo, quando retorna, ela demonstra medo: “Minhas mãos estão da cor das suas, mas envergonho-me de portar um coração tão branco”. Mas este medo não a impede de criticar mais uma vez os temores do marido quando batem no portão do castelo: “Sua firmeza parece que o abandonou” (Ato I, Cena VII). O casal recolhe-se a seus aposentos e Lady Macbeth só reaparece quando Macduff descobre o cadáver de Duncan e manda soar o alarme. Mais tarde, antes de encontrar-se novamente com o marido, se expressa num monólogo amargo: “É melhor ser aquilo que destruímos, (...) que pela destruição viver uma dúbia felicidade” (Ato III, Cena II). Mas em seguida volta a recriminar Macbeth por ficar se remoendo em culpa: “O que está feito, está feito” (Ato III, Cena IV). E quando ele comenta sobre a ameaça que Banquo e seu filho representam para suas pretensões, ela sugere implicitamente o assassinato deles. No banquete da coroação, Macbeth fica perturbado pela visão do fantasma de Banquo, somente percebido por ele. Lady Macbeth contorna a situação embaraçosa e tenta chamá-lo à razão: “Você é um homem? (...) Isso é o retrato do seu próprio medo. (...) Envergonhe-se!”; como Macbeth insiste em suas visões, ela dispara: “O quê, tão pouco homem na loucura? (...) Mas que vergonha!” (Ato III, Cena IV). Lady Macbeth desaparece de cena e só retorna no quinto ato, num monólogo interior, alheia ao mundo, comenta fatos relacionados com o dia do assassinato do rei, recriminando Macbeth, ao mesmo tempo em que não consegue se livrar do sangue imaginário do morto em suas mãos: Fora, maldita mancha! Fora, digo eu! (...) Aqui ainda tem cheiro de sangue; todos os perfumes da Arábia não adocicariam esta pequena mão. Oh, Oh, Oh! (...) Pra cama, pra cama; estão batendo no portão. Vamos, vamos, vamos, vamos, dê-me sua mão; o que foi feito não pode ser desfeito. Pra cama, pra cama, pra cama! (Ato V, Cena I), que faz menção ao seu suicídio.

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Lady Macbeth atingiu o que seus desejos almejavam, mas, enquanto ela subia, também “descia”. Há uma mudança brusca em sua personalidade, ela se transforma de uma mulher segura e destemida em uma mulher corroída pelo remorso de seus atos. Certas tendências que vimos primeiro em Macbeth foram assimiladas por ela. O que podemos ressaltar com a fala de Freud em seu texto “Alguns Tipos de Caráter Encontrados no Trabalho Psicanalítico”: “Assim, o que ele temia em seus tormentos de consciência, se realiza nela; ela se torna toda remorso e ele, todo desafio. Juntos esgotam as possibilidades de reação ao crime, como duas partes desunidas de uma individualidade psíquica, sendo possível que ambos tenham sido copiados de um protótipo único (Freud, 1986, p.366)”. Lady Macbeth é uma mulher que sabe o que quer e age em prol de seus desejos, ela tem o controle sobre sua vida, não necessitado da decisão de homens para fazer ou não fazer alguma coisa, seu destino esta em suas próprias mãos, isto é o que a torna transgressora.

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Resenha: Trilogia Bill Hodges – Stephen

King

Por Danie Ferreira Título: Achados e Perdidos (Trilogia Bill Hodges #2) Título Original: Finders Keepers Autor: Stephen King Editora: Suma de Letras Páginas: 400 Lançamento: 2016 “ - Acorde gênio”! Assim King começa a história de Morris Bellamy. O gênio é John Rothstein, um autor de livros consagrado que abandonou o mundo literário mas não largou o gosto pela escrita. Ele escrevia histórias em moleskines afim de quem sabe lançar seus maiores best-sellers. Bellamy é seu maior fã. Inconformado com o fim que o autor deu a seu livro favorito e ao personagem o qual ele se identificava, ele invade a casa do escritor rouba seus cadernos com produções inéditas a qual Rothstein estava se dedicando nesses anos todos em sua casa afastada antes de matá-lo. Morris esconde os cadernos pouco antes de ser preso por outro crime. Décadas depois, Peter Saubers, um garoto de treze anos é quem encontra o tesouro enterrado. Quando Morris é solto da prisão, depois de cumprir uma pena de trinta e cinco anos, toda a família Saubers fica em perigo. Cabe ao ex-detetive Bill Hodges e a seus ajudantes, Holly e Jerome, protegê-los de um assassino perigoso e vingativo. Achados e Perdidos é o segundo livro da Trilogia policial onde Stephen King da vida a um detetive aposentado chamado Bill Hodges. Diferente de seu primeiro livro “Mr. Mercedes” onde King apresenta o detetive e o vilão principal da trilogia, Achados e Perdidos da mais enfoque a uma história diferente onde se intercalam situações e personagens para fundir toda a Trilogia. Porque afinal Morry Bellamy mata seu escritor favorito? Ele poderia apenas pegar os cadernos, fazer algumas perguntas do tipo: “Porque você fez aquilo? Porque o livro não acabou de outro jeito...mas, tão enraivecido e sem aceitar o final que o escritor deu a seu personagem favorito ele simplesmente achou que Rothstein não merecia viver, assim como achou que seus manuscritos inéditos valeriam muito dinheiro e ainda achou uma grande quantia em dinheiro no cofre do escritor. Mas Bellamy apesar de achar que ganharia muito dinheiro com as obras inédias de seu ídolo também as queria só para ele, então resolve enterrar os cadernos juntamente com o dinheiro, mas o que ele não sabia é que seria condenado por outro crime e ficaria preso por 35 anos longe de seus tesouros. 35 anos depois quando consegue enfim sua liberdade a primeira coisa que tem em sua mente é desenterrar a caixa com os M A R C H 2 0 11   U N I V E R S A L M A G A Z I N E

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com os cadernos e o dinheiro mas chegando ao local alguém tinha achado seu tesouro... um garoto de 13 anos que agora morava em sua antiga casa chamado Peter Sauber que usa o dinheiro para ajudar sua família e quando o dinheiro acaba, o garoto tem a ideia de vender alguns dos manuscritos os quais ele também pegou alguma espécie de afeição para algum sebo literário e é ai senhoras e senhores que tudo começa a dar errado para o garoto. Mas...para a surpresa de todos, a irmã mais nova de Peter é amiga da irmã mais nova de Jerome e que juntas procuram o detetive Bill Hodges para ajudar Peter e resolver mais um caso. Apesar da história ser uma delícia de ler e envolvente, senti falta daquela pitada de terror, mas ok, ok, é um romance policial mas é King poxa! Mas, King como sempre em qualquer que seja o estilo da escrita surpreende seu leitor com aquele gostinho de quero mais e de nos causar aquela ansiedade para sabermos o que vem a seguir no desenrolar da trama. Achei a escrita rápida, envolvente e cativante. Li os 2 primeiros livros em menos de uma semana e não via a hora de ler o terceiro o qual falaremos depois, aguardem! O livro foi lançado em 2015 nos Estados Unidos intitulado “Finders Keepers”, uma expressão que conhecemos bem como “Achado não é roubado” o que faz todo sentido para o livro assim como a capa da edição americana que tem uma árvore com uma caixa enroscada nos galhos. Aí fica minha crítica para a capa da edição brasileira que não faz jus algum ao livro dando um nome que acharam que venderia mais que o nome original e uma arte de capa totalmente aleatória. Ah, essas edições nacionais!! O nome “Achados e Perdidos” não faz nenhum sentido a história e você jamais entenderia do que se trata se não lesse. Mas que bom que somos todos Stephen King fãs certo?! E como já era de se esperar, o livro se tornou um best-seller se tornando um dos mais vendidos do New York Times, até ai nenhuma novidade já que estamos falando de Stephen King. “Ultimo Turno, terceiro e ultimo livro que encerra a trilogia foi lançado no fim de 2016. Dessa vez fizeram algo parecido com o nome original que é “End of Watch”. King como sempre se destaca porque diferente dos demais escritores ele sempre consegue inovar com suas histórias e seus livros. Por exemplo, apostando em nada mais nada menos que uma trilogia policial. Mal posso esperar para o nosso próximo encontro onde vou contar a vocês um pouco do último livro que encerra essa trilogia maravilhosa. Até lá e boa leitura!

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Novos projetos!!! Confira na próxima edição!

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Você conhece a MULTI? O projeto de feira literária multicultural MULTI, nasceu do intuito raiz da marca Litere-se, que desde seu início como revista literária digital, sempre visou incentivar a leitura, a escrita, a literatura brasileira e todo tipo de manifestação artística. Com o nascimento da Editora Litere-se, enxergamos a necessidade de fazer além de lançar nossas edições da Revista Litere-se digitalmente. Nós queríamos fazer algo físico que mantivesse nossas raízes de incentivo e apoio. Então nasceu a MULTI. Uma feira literária multicultural, onde em suas edições sempre traremos exposições de livros e artesanatos, palestras de escritores locais e editores, oficinas literárias realizadas pela Equipe Litere-se e artistas locais, oficinas de teatro e artesanato. Além disso, música e gastronomia serão também sempre muito bem-vindos. Nosso intuito é passar de cidade em cidade realizando a MULTI, onde a programação em cada cidade enalteça seus escritores, artesão, atores de teatro, músicos e artistas em geral. A essência da MULTI é propagar o que as cidades têm de melhor em seu cenário cultural. Por sermos uma editora e revista literária, a base do evento será sempre a Literatura representada através de todos os gêneros. A programação sempre trará muitos livros, palestras e presença de escritores locais.

1ª Edição - Queimados/Rio de Janeiro A MULTI foi a primeira feira literária multiculural da cidade de Queimados no Rio de Janeiro. A feira foi realizada pela Revista e Editora Litere-se nos dias 13,14 e 15 de julho deste ano. Para realização da primeira edição do evento, contamos com apoiadores sensacionais como a Luva Editora, site Iluminerds , Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Queimados, a Rádio Novos Rumos, o jornalista Washington Detecta, CNA-Queimados , o curso Achieve Languages e também com o flat Premier Promenade que hospedou e recebeu tão bem membros da equipe Litere-se e a Estacio Queimados que também nos ajudou muito com a divulgação. Foram três dias lindos de evento. Nossa programação contou com a presença de escritores da Baixada Fluminense e Rio, sarau com poetas incríveis, exposição de artesãos locais, contação de história para crianças, palestras, lançamento e vendas de livros magníficos , oficina de desenho e teatro e não podemos esquecer que na abertura da MULTI contamos com a presença do cantor Eduardo Simões. Traremos agora fotos dos escritores, palestrantes e apoiadores que estiveram conosco durante os três dias fazendo esse evento acontecer.

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Marcaram presença na MULTI: Adriana Igrejas Aurélio Simões Andresa Guerra Cláudia Miqueloti Eva Correia Derossi Felipe Saraiça Gusttavo Majory Jonatan Magella Léo Vieira

Oficnia de desenho: Pietro Peres Contação de história: Elisângela Medeiros Oficina de teatro: Raphael Mozer Palestra sobre literatura policial: Ricardo Reys, Ricardo Labuto e Vítor Uchôa. Palestra sobre Cultura Pop Oriental: Polyana Escalante e José Messias. Palestra Iluminerds - O que fizeram com meu gibi no cinema? com Thomás Amorim e Jason.

Lu Ain Zaila

Palestra - Mulherese Influentes da Baixada: Ivone Landim, Lisi de Castro e Maria Pedro.

Lucinei M. Campos

Editoras: Litere-se, Luva, Áquário e Guardião.

Lysa Moura Marco de Moraes Marlon Souza Milton Jr. Nuccia de Cicco

Projetos: Autores e livros Baixada Fluminense com Claudina Oliveira. Artesanato: Feirart’s Queimados Iluminárias com Acácio Pires

Pâmella Marcenal

Cursos: CNA-Queimados e Achieve Languages

Raphael Mozer

Sarau: Lennon Medeiros e Marcio Muniz

Regina Goulart Rodrigo Marques Thiago Kuerques

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Equipe Litere-se presente: Perla de Castro , Lisi de Castro, Pietro Peres, Enio Peres, Beatriz Castro, Elisângela Medeiros, Hedjan C.S. , Jhefferson Passos,] Luanna Mello e Raquel Rasinhas.

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Fotos dos melhores momentos...

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Agradecimento A família Litere-se agradece a cada um que fez parte de alguma forma da nossa primeira edição da feira literária multicultural MULTI. O evento começou a ser organizado em março deste ano e trouxe muita coisa boa. Trouxe experiências incríveis e amigos mais incríveis ainda. Agradeço primeiramente à minha família por ter me apoiado desde o início, vocês me movem, vocês me inspiram a lutar por tudo isso. Agradeço aos amigos da equipe Litere-se que sempre abraçam minhas ideias e projetos e lutam e pensam e fazem acontecer junto! Obrigada ao secretário de cultura da cidade de Queimados, Marcelo Lessa por abraçar o projeto de verdade e por acreditar que daria certo. Obrigada ao novo amigo Kauan Araújo, que também faz parte da secretaria de cultura, a Litere-se agradece o seu esforço em ajudar a fazer tudo acontecer. Agradecemos a toda equipe da secretaria de cultura da cidade por todo apoio durante a organização antes e durante todo o evento. Um muito obrigada à equipe de comunicação de Queimados, em especial Dine Estela que foi um anjo conosco divulgando sempre com muito carinho todo o evento. Obrigada ao novo amigo jornalista Washington Detecta que fez a notícia do evento chegar mais longe através do Jornal Extra. E obrigada também por ter acreditado no projeto. Obrigada aos parceiros que estiveram presentes, Luva Editora com o editor e amigo Vítor Uchôa que acompanhou de perto boa parte da organização, obrigada por toda ajuda e paciência. Obrigada aos amigos nerds do Iluminerds, obrigada Rejane Alves e Daniel Cabral do CNA-Queimados, vocês são especiais demais. Obrigada ao curso Achieve Languages por ter cruzado nosso caminho durante o último de divulgação e tão prontamente toparem fazer parte do evento. Obrigada ao reitor da Estácio Queimados por ter nos recebido tão bem e ajudado na divulgação. Obrigada ao gerente Etinei Jr. do Flat Premier e sua equipe por ter nos atendido super bem e por ter recebido com tanto carinho membros da equipe Litere-se que ficaram hospedados no flat durante o evento. Agradeço a presença de cada editora que veio de longe para fazer parte dessa festa dos livros. Um obrigada de todo coração também aos escritores que vieram durante os três dias, vocês são o motivo maior dessa nossa ação. E eu não poderia deixar de agradecer aos artesãos da Feirart’s Queimados . Durante os três dias de evento foram os primeiros a chegar. Todos sempre com um sorriso cativante aberto, sempre com muito carinho conosco. Vocês são pura luz! Amei conhecer cada um de vocês. Enfim, obrigada todos que de algum modo fizeram parte da MULTI. Espero reencontrar todos em breve e também fazer novas amizades literárias e das artes em novas edições do evento. Ver tanta gente especial junta nesses três dias inesquecíveis, reafirma aqui dentro do peito a vontade de continuar vivendo esse sonho feito de letras que é a Litere-se. Nos aguardem, vem muita novidade ainda esse ano!

Perla de Castro Editora chefe 60

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Agradecimento

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Para refletir... Regúgio - Por Lisi de Castro Nosso mundo está de ponta cabeça. Nosso governo, uma desordem total. O governo é só corrupão. O Brasil não dá sustentação ao próprio povo, os lugares sem água, luz, sem saneamento básico, pessoas vivendo na miséria, milhões desempregados...isso só se alastra pelo país. E ainda recebemos refugiados. Angolanos sendo humilhados, desempregados, alguns até assassinados... Como sustentar o que vem de for a se falta sustentação aqui dentro? Outros países lançam seus refugiados ao mar. Sírios...Haitianos, perdendo suas vidas ao fugir da guerra, da miséria. Culpa dos que prometem refúgio e tudo que encontram é uma mão que os joga além mar. Todos chocados ao verem a cena do menino morto á beira mar, todo choque durou alguns instantes, alguns noticiários., pronto. Passou. Na Alemanha, na Inglaterra...Não adianta, não tem vez. Não tem voz. Não tem respeito. Este mundo tão grande. Por que os governantes não deixam a arrogância de lado? Já pensou um país para os refugiados? De Refúgio poderia ser nomeado. Há tanta terra nesse mundo se os gigantes desses gorvenos perversos se juntassem dando estrutura para um recomeço de vida, seria o passo mais humano. Mas não... Que morram, o problema não é deles, não é? Esse problema é de toda humanidade. Já passou da hora de olharmos por nossos irmãos, não digo pelo cunho religioso não. É do ensinamento que vem de berço, de dentro de cada casa... Um cuidar do outro. Ninguém é tão pobre que não possa doar algo ao outro. Neste curto diálogo venho lhe questionar. O que você faria se a cadeira de um presidente de um país fosse seu lugar? E seu teu país fosse todo organizado, com moradias, saúde, educação, emprego, saneamento, salário adequado, respeito a todos... Você deixaria um refugiado entrar e recomeçar a lutar? Este é um assunto sério. Mas por hora só se fala nos muros do Trump. O asfatador de pessoas dos Estados Unidos... Unidos com quem? ... E aí, Angela Merkel? A pessoas viraram um joguete nas tuas mãos e de seu país. E eu? Eu só queria que tudo melhorasse. Não sou louca nem sonhadora. Mas penso no bem do próximo. Porque se fosse você... O que faria?

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Inscrições para o concurso Veias da Baixada abrem dia 1º de setembro de 2017 e vão até dia 15 de novembro. Acesse nosso site para conferir o edital! www.editoraliterese.com concursos@editoraliterese.com

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Mulher do futuro Por Thiago Kuerques Era nosso primeiro encontro e eu só conseguia tentar não olhar hipnoticamente para aquele par volumoso que ela exibia escapando da camiseta larga. Não seus seios, maravilhosos e que tremiam graciosos quando ela apresentava a mania de falar gesticulando efusivamente com os braços, mas as tatuagens, em par, localizadas ao lado do tronco, mais abaixo das axilas. Duas aspas. Quem tem aspas debaixo das axilas? Puta que pariu! Um parágrafo inteiro observando isso podendo emparelhar inverdades e pós-verdades como se fossem cobras e flautas. - Aí eu simplesmente achei que fosse um gato de rua e nem imaginava que era um filhote de onça – abriu os braços e acertou acidentalmente o rapaz que futuramente seria candidato a vereador, depois secretário de cultura, perderia a eleição para prefeito de Nova Iguaçu e depois viria a ser vitorioso e corrupto confesso anos mais tarde. Perdi o fio da conversa e me vi obrigado a sorrir consentindo a forma espirituosa que eu apostava que havia naquela história e também pelo jeito estabanado dela não fingir nervosismo. Faria isso mil vezes. Carina ficaria irritada outras mil vezes. Sabia que a gente iria casar em pouco mais de três anos numa cerimônia que demoraria mais três para me livrar das dívidas e menos de duas semanas para convencê-la de que a Tia Renata não havia falado mal dela diante dos convidados antes da cerimônia com o cerimonialista Toledo. Até me surpreendi com o gosto rebuscado dela por bebidas, sobretudo pelos destilados, e ainda mais por aceitar e achar charmoso eu ter cara de intelectual e ter predileção por cervejas baratas. Eu falava pouco. E não era ela que falava demais. Brigaríamos por isso após o aniversário de setenta anos da minha sogra. Carina me cobrava mais ação com Fernando e com a Maria, nossos filhos, e eu só queria que dias chatos como aqueles acabassem rápido. Você ainda está aí? Perguntou Carina em nosso primeiro encontro. Claro que eu estava. E era muito mais que ela. Poderia abrir um glossário com as palavras novas que inventaríamos nos próximos tempos, início de namoro, lua de mel de juventude. A carinha de adolescente dela e a minha já exageradamente avançada pelos anos que ainda não vivi poderia assustar os presentes. Aposto que Nabokov sorriria sentado naquela última cadeira, de costas para o vidro do bar mal arquitetado no calçadão de Nilópolis, esquina das ruas Getúlio Vargas com a Estrada Mirandela. Mas Carina tinha vinte e cinco. Eu não mais que vinte e sete. Lá na frente eu pareceria mais velho e ela ainda mais nova. Tanto que ela brincava e me chamava de pai na fila do cinema de Guadalupe ou de tio na porta da igreja, no casamento de um amigo nosso na Gávea. Fato que me tirava do sério na hora – e por essa expressão, ao pé da letra, eu saía do sério e caía na gargalhada. Em quase todos os momentos futuros acabaríamos caindo na gargalhada. O garçom fez cara de paisagem indisfarçável quando Carina pediu carne com abobrinha. Foi mais pelo jeito que ela falou – ele se sentiu ridiculamente seduzido – que pela abobrinha. Eu que me senti ridículo afrontando o professor da Carina na UFRJ quando percebi as intenções dele um ano antes da formatura dela. Nessa mesma noite transamos violentamente. Ela sem falar uma palavra. E eu dando ordens, pela primeira vez não me controlando para gozar. Foi isso que ela adorou. 64

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O jeito que ela sorria de canto de boca entortando os lábios fechados ao limite para a esquerda faria pra sempre. A última vez seria no Albert Schweitzer, em Realengo, numa tarde chuvosa e bem esquisita para os padrões do bairro. Não foi esse sorriso que me conquistou. Nem sei o que seria. Quando vi já estava ali com o futuro nas mãos, como se soubesse cada linha de um livro com narrativa interessante. Ao invés de comprar a flor de um irritante vendedor que visitava as mesas daquele restaurante com cara de birosca – se comprasse perderia todos os pontos comigo, detesto flores, dizia – ele pediu sorvete de sobremesa. Ganhou todos os pontos comigo. - Do que ri em silêncio? - É provável que esse seja um primeiro encontro como nos romances. - O senhor vidente sabe se me fará gozar hoje? - Hoje e sempre. Ela riu com minha convicção. Todos da mesa ao lado soltaram risadas escancaradas, mas era coincidência. Numa tarde chuvosa em Realengo, Carina voltou a lembrar do primeiro encontro. Com sorriso de canto de boca entortando os lábios fechados ao limite para a esquerda. - Você disse “hoje e sempre”. - Não era para acreditar em mim. - Sei que não. Sou feito do mesmo material que você. O garçom afastou-se e foi logo em seguida que respondi que a faria gozar hoje e sempre. Carina comentou que sabia que não, mas não daria importância para aquilo quando eu brochasse dois anos depois, quando ela ficasse com menos apetite sexual pelos remédios que tomou por um período, por ambos terem engordado após o nascimento de Fernando e nem pela chegada intensa – que paradoxo! – da velhice. Mas eu, como sempre, estava completamente distraído prevendo o futuro e deixei de ouvir o que Carina dizia.

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Fênix Por Johan Henryque Das cinzas Precisei ressurgir Entre fogo e poder Aprendi a evoluir Todo o passado Já não pertence a razão Foi hora de curar Velhas dores do coração O sol paira no horizonte Sou capaz de enxergar Todo esse tempo Que deixei passar Para o alto Onde ninguém Limites possa estabelecer Toda essa história As estrelas ajudaram a escrever.

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Onde estamos? Por Pedro Lucca Onde estamos? Talvez devêssemos tentar nos localizar, sabe? Isso ajudaria a encontrar nossas fontes. Porque, apesar de tudo, precisamos de um endereço para sermos identificáveis, apenas para receber nossa tão esperada ajuda, aguardando os afáveis carinhos da providência. Essa realidade não é irrefutável, óbvio que precisamos de ajuda, mas só a receberemos se soubéssemos da nossa legítima localidade. Desse modo, entraremos em um processo complexo, nem precisando de GPS na maioria de vezes, só necessitando de uma corrente retilínea de imaginação, talvez até um mapa pontilhado para indicar a rota para nossa holística residência. Isso mesmo! Juntos habitamos uma única casa – não tenha dúvida disso – Mesmo que você ande por todos os lugares do planeta, você ainda estará nela. Sim, amigão, quem diria que nem no muro do quintal você tocou, no máximo achou uma parte escurecida da varanda. Todas as palavras desse texto devem estar fazendo pouco sentido dentro da sua cabeça, assim imagino. Pelo menos, ainda visualizo o sentido rudimentar disso tudo. Essas linhas antecedem uma única perguntinha. Ao pensar nela, escrevo como se sentisse minha voz embargada, um frio estranhíssimo me preenche toda espinha. Sinto dentro do meu corpo a vertigem das múltiplas interrogações: Dúvida. Sim! Esse é o mais cruel que todos os sentimentos humanos, ultrapassando a paixão, o ódio, jogando para trás a dor. Esse sentimento é ainda mais cruel que... Droga! Essa dúvida é realmente maligna. Além de maligna, alcança os patamares desumanos. É óbvio que ela seria desumana, afinal. É apenas um sentimento frívolo, não se cobre com a mesma carne, não respira os mesmos ares. É uma sensação acorrentada na essência do existir. Há uma palavra que categoriza perfeitamente a dúvida, chama-se caos. Ela é caótica, desordenada. Perfeito! Mas como disse anteriormente, tudo antecede uma única pergunta: Onde estamos? Sei bem, essa pergunta já foi feita uns milhares de vezes. Os homens mais geniais do mundo, alguns considerados até divinos em seus discursos, tentaram resolver essa equação de maneira brilhante. Eu não sou genial, quem dirá divino! Apenas um homem que tentará responder essa pergunta de maneira humana. Ou seja, estando sujeita cruéis falhas, linhas tortas, erros de ortografia, imprecisões imaginativas e científicas, e muitas outras mesquinharias que preencheriam centenas de páginas sem chegar a lugar nenhum. Começo pedindo licença aos homens geniais, respeitando e traçando passagem àqueles que se consideram divinos. Lentamente, eles abrem sua gigantesca fila para que me aproxime do palanque em passos curtos. Vejo-me diante de uma plateia apinhada. Essa multidão é você leitor, você se tornou cada espectador que aguarda ansioso o meu humilde discurso. Sem mais tardar, começo respondendo essa pergunta repleta de complexidade.

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Há quilômetros da loucura, onde nenhum ouvido apurou, nenhuma luz tocou ou nenhum som envolveu. Encontramos o infinito, abrindo sua imensidão de brilhos, cores e festejos. Aqui estamos, rumamos por suas reticências, escutando esferas ruidosas que seguem acompanhadas por espelhos refletores de uma magia tenaz. Sim, ignorantes, como eu, chamam isso de mágica, pois faltam argumentos plausíveis. Dessa luz acalorada, surgem espetáculos números, equações que já foram contabilizadas pelas nossas ciências, mas grande maioria delas ainda está perdida, velejando para longe das mentes supérfluas, sem nenhuma intenção de ser encontrada. Os números e fórmulas dançam em sincronia, todas essas cores que um dia formaram o infinito desaparecem, migrando para o ermo mais distante. Dessa maneira, nossa razão é reaberta, eclodindo em uma escuridão devastadora, tudo se resfriando em melancolia. Ainda assim, coisas complexas deixam um caminho trilhado. Como aqueles fiozinhos esquisitos que emaranham sem nenhuma solução contundente. Sim, sim! Até pode parecer um grande espaguete cósmico. Está vendo aquele ali? É, esse mesmo. Um fiozinho bem solitário, parecendo um fio de cabelo que o garçom deixou cair no macarrão. Bem solitário, distante, mais cinzento que os tantos. Todas parecem estar vibrando numa mesma sintonia, como se estivessem cantarolando. Mas o fiozinho lá longe tá quieto, como se fosse mudo. É o único que não se importa em cantar. Reservado, quieto. Paciente como o monge que aguarda num templo distante. Ele espera algo que nunca chegará. Em passos lentos, aproximamos calmamente dele. Em um supetão, ele agarra nossos corpos, tragando nossa essência. O oceano escuro se polvilha com pontinhos brilhantes e longínquos. Todas essas ondulações são lambidas por uma névoa arroxeada. Os traços em tom pastel substituem o emaranhado de fios. Pedaços de matéria estão voando em todo o canto, capturando nossa atenção por suas luzes e os sons bizarríssimos que berram no silêncio que os engalo prontamente. O barulho parece alimentar aquele grande tapete vivo, talvez seja por isso o fio se tornou tão silencioso. As cortinas se névoa se abrem, revelando globos sólidos de co-loração suspeitas, eles parecem eclodir em energias estranhas. Os espirais vagam de um canto ao outro, pulsando numa iluminação agradável. Dentro deles, encontramos dezenas de planetas, arsenais de riquezas e surpresas abrasantes. Milhares deles tomam forma. Apenas o escuro mirabolante os acode, gerando o mais tenaz fascínio em nossas cabeças. Chegamos perto daquilo que esperava nossa presença. Encontra-se um vórtice ondulante, repleto de curvas, borbulhando em cores distantes. Dentro deles, braços interplanetários o sustentam, como se o titã Atlas resguardasse em seu núcleo. As cores tomam forma de um rosto, estrelas cintilantes compõe sua barba. O titã encara. O titã berra. Atrás de tudo isso, por trás das grandes cortinas, o infinito está rindo. Para o Tudo aquilo é um tufão de poeira procurando um local de destaque no azulejo branco, tudo não passa de uma formiguinha berrando para um gigante. Destaca-se uma veia no braço tensionado do vórtice. Na verdade, ela só chama nossa atenção. Parece até um filete de antena da televisão. Está boiando no nada centesimal, feito um pedacinho expurgado do universo. Nossas mãos se aproximam por pena, tocamos e salvaguardamos aqueles que consideramos deslocados, distantes. Devemos ser educados, corajosos o bastante para mostrar nossa solidariedade. Irritado, aquele redemoinho psicodélico pega nossa existência, injetando na veia do músculo.

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Trafegamos pela veia, chegamos aqui. Tudo já está fazendo mais sentido para você, essas informações se encontram em livros de ciências empoeirados nas prateleiras, até mesmo perdidos pelos cantos inóspitos do quarto. Como seu livro, aqui é um lugarzinho abandonado, fedorento, medonho. Para o resto do cosmo, ele é realmente desprezível. Por aqui os cometas vão e voltam procurando algum amparo, quiçá se suicidando num ritualístico seppuku. Encontra-se o vácuo, planetas, círculos, luzes e sóis. Aqui, tudo parece palpável, aceitável. Bem distante, mas bem distante mesmo, todo o universo encara com um sorrisinho debochado, pelos lábios semicerrados eles emitem uma só palavra: “Fracassados”. Somos fracassados? Talvez, é até bem possível. Mas esse silêncio é uma forma de aceitação. Com todo esse distanciamento, é factual que nossa realidade seja nossa maior vitória. Depois de cruzar todas essas rotas pelas estradas comiscas, chegando até o pedágio onde os planetas vibram tímidos. Precisaremos descansar em uma poltrona. Mas onde? Vejo que chegamos perto da coisa mais lógica possível. Afinal, ela apenas se resume em um giro de planetas ao redor de uma estrela alaranjada. Toda ilógica se baseia em coisinhas que acontecem na planetinha azul no canto. Tão firme, tão sólido, tão lógico, ele podia ser até aquela moeda de cinco centavos que você esquece no bolso. Porém, sua moeda de cinco centavos não segura o maior trunfo dessa galáxia, uma constelação de vida e beleza, habitando cada poro dessa rocha flutuante. Além disso, acho que esse lugarejo não passa da maior piada do infinito. Ainda pergunto se não estamos na maior piada do universo. Pasmem! Essa resposta é não. Não somos a maior piada de tudo isso. Somos simplesmente nossa maior piada. Após cruzar todo tipo de ilógica: Formulações matemáticas, rios e marés coloridos de magia, tráfego constante de fios universais, cruzando galáxias até o ponto mais inútil do nosso cosmo. Tudo isso foi feito, apenas para chegar uma única pergunta. Onde estamos? E nossa resposta chega com nossa temida vergonha. Nós estamos aqui.

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