Informe Paraguaçu n°01

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Informe Paraguaçu :: Publicação Especial do Projeto Aguás do Paraguaçu, Núcleo Chapada, Instituto de Permacultura da Bahia. Restauração ecológica da microbacia do

:: Edição 1 :: Ano 01 :: Agosto de 2017

córrego Ibicoara: uma estratégia para

No topo de morros

AS ÁRVORES NA PROPRIEDADE

Ao redor das lavouras

Às margens de rios, córregos, nascentes e nos brejos

Protegem a plantação do vento, abrigam bioversidade e mantém o ciclo da água

A Mata Atlântica, o Alto Paraguaçu e a microbacia do córrego Ibicoara | p. 2

Restauração ecológica

O SAF

no Alto Paraguaçu

como técnica de restauração | p. 3

em Mucugê | p. 3

A importância de planejar a propriedade | p. 4


A MATA ATLÂNTICA, O ALTO PARAGUAÇU E A MICROBACIA DO CÓRREGO IBICOARA

A Bacia hidrográfica do Alto Paraguaçu é formada por

diversos afluentes e sua vegetação caracteriza-se por um mosaico de ecossistemas incluindo o cerrado, a caatinga, os campos de altitude e a mata atlântica.

A

microbacia

do

córrego

Ibicoara

possui vegetação expressiva e representativa de remanescentes da Mata Atlântica. Com aproximadamente 700 hectares de fragmentos florestais em diversos estágios de regeneração e forte pressão antrópica, esta é uma área especial para ações de conservação. Sabe-se que a Mata Atlântica brasileira abriga uma rica biodiversidade e sua preservação favorece a manutenção do fluxo hídrico, controla o equilíbrio climático, dentre outros, no entanto, atualmente contamos com apenas 8,5% de sua floresta original.

Com o objetivo de reverter processos de

degradação ambiental nesta microbacia, o projeto Águas do Paraguaçu, realizado pelo Instituto de Permacultura da Bahia, com iniciativa do Ministério Público da Bahia e apoio da Fundação José Silveira, vem atuando junto a agricultores e agricultoras da comunidade Fazenda Ibicoara, em Mucugê/BA, no desenvolvimento de ações de restauração ecológica em 30 hectares abarcando diversas nascentes, áreas de brejo, beiras dos córregos e reservas legais.

O projeto ainda realiza o planejamento participativo

e a regularização ambiental das propriedades envolvidas, contribui para a transição agroecológica ao trabalhar as boas práticas agrícolas e, além disso, trabalha com práticas sociais integrativas como mutirões e cursos.

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RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA NO ALTO PARAGUAÇU BENEFICIA AGRICULTORES EM MUCUGÊ

A restauração ecológica tem o objetivo de res-

tabelecer os processos ecológicos de uma determinada área como, por exemplo, os ciclos biogeoquímicos e hidrológicos, e também é um meio de preservação da biodiversidade e dos meios de subsistência.

No projeto Águas do Paraguaçu as 37 famí-

lias agricultoras envolvidas estão ajudando, direta e indiretamente, a conservar a biodiversidade que ali existe. Além de restaurar suas áreas de preservação permanente e reservas legais utilizando diferentes técnicas de restauração, as famílias estão abertas a repensar a maneira como vê sua propriedade.

Estas técnicas estão previstas no Plano de

Ação da Restauração que é elaborado com a participação da família agricultora. A partir do desenvolvimento das ações do projeto, agricultores e agricultoras aprendem novas técnicas de plantios, são estimulados a ter uma visão sistêmica da propriedade e a adotar boas práticas agrícolas com vistas a melhorar a produção, além de ter sua propriedade regularizada ambientalmente.

O SAF COMO TÉCNICA DE RESTAURAÇÃO

O sistema agroflorestal ou SAF é muito in-

teressante para a agricultura familiar, pois combina diversas espécies de plantas com usos múltiplos e em seu planejamento busca-se imitar o funcionamento

Dentre as técnicas de restauração ecológica

que serão utilizadas no projeto, algumas delas são: proteção e isolamento da área; utilização de material lenhoso no solo para recuperar a parte orgânica; canais ou valas de infiltração para restabelecer a dinâmica da água no solo; linhas ou faixas de vegetação; cercas vivas nos limites de propriedades; adubação verde; abraço verde nas bordas das áreas de reserva legal; plantio de núcleos de diversidade; condução da regeneração; enriquecimento ou adensamento; plantio de frutíferas para atração de dispersores e polinizadores; plantio de espécies arbóreas com es-

da natureza. No plantio do SAF são incluídas espécies alimentícias, madeireiras, medicinais, ornamentais, produtoras de lenha, forragem, fibras, dentre outros.

A combinação destas espécies considera o

tempo e o espaço, ou seja, planta-se espécies com tempo de vida e comportamento diferentes, por exemplo, plantas rasteiras, baixas, altas, as que vivem até 3 meses, 1 ano, 5 anos, até aquelas que vivem mais de 50 anos, chamadas de plantas do futuro. O SAF também inclui o ser humano que trabalha na área, seus anseios e habilidades.

paçamento pré-definido; nucleação com criação de poleiros e sistemas agroflorestais.

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A IMPORTÂNCIA DE PLANEJAR A PROPRIEDADE O agricultor tradicional sempre foi um grande

conhecimento e trazer soluções que agregam o saber

conhecedor de muitos assuntos diferentes, assuntos

tradicional e as inovações científicas, dentro de uma

que tem relação prática com a sua vida cotidiana. É

lógica que respeita as características e limites físicos

comum o agricultor ‘ler’ os sinais da natureza e, a

do ambiente natural, e, principalmente a cultura

partir disso, planejar seu plantio ou sua habitação

local.

de maneira mais integrada. Hoje isso pode ser

considerado como ‘abordagem sistêmica’ ou ‘olhar

calçada no cuidado com as pessoas, com a mãe

holístico’.

terra e na partilha dos excedentes, a permacultura

O

mundo

supervalorização

da

moderno

trouxe

especialização,

uma

formando

Com princípios baseados na ecologia e ética

tem trazido importante contribuição na criação de sociedades humanas sustentáveis.

profissionais competentes em assuntos muito

Ao se planejar uma propriedade, por exemplo,

específicos. Hoje há indícios de que o mundo quer

o zoneamento da área é etapa fundamental. Nele não

e precisa de pessoas com esse olhar integral, que

definidas as principais zonas que são definidas em

consigam enxergar o todo, que percebam que as

função da maior ou menor necessidade de manejo

partes, antes consideradas isoladas, estão, na

aliado às características da propriedade e da família

verdade, conectadas, inter-relacionadas.

agricultora. Na figura acima pode ser observado um

A Permacultura traz esta proposta de

exemplo de zoneamento com existência de áreas de

visão sistêmica ao abarcar diferentes áreas do

produção intensiva e áreas de proteção e preservação.

EQUIPE TÉCNICA - Coord. Geral: Catarina Camargo | Coord. Técnica: Ana Claudia Costa Destefani | Consultoria de Mapeamento: Danielle Vilar | Técnico de Campo: Lourinaldo Mourato | Coord. Administrativo: Leila Aquino

Apoio:

Iniciativa:

Realização:

EXPEDIENTE - Textos: Catarina Camargo e Ana Claudia Costa Destefani | Projeto gráfico: Ravi Santiago | Fotos: IPB

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