Informe de Verão 2016

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Informe de Verão Boletim Informativo Trimestral | Nº 8 - Ano 5

DESTAQUE 03 Projeto Águas do Paraguaçu realiza atividades em Mucugê NOTÍCIA 04 Projeto Águas do Paraguaçu está no mapa de experiências socioambientais da Bahia ENTREVISTA 05 Carla Nascimento fala sobre o Projeto Policultura no Semiárido

PERMACULTURANDO 08 Rede de Culturas em Rio de Contas NOTÍCIAS 09 IPB recebe prêmio da ONU práticas de conviência com o semiárido ONDE ESTAMOS 10 Mater Luna: Rede co-laborativa


ÍNDICE

Informe de Verão ano 5 | número 8

DESTAQUE 03 Projeto Águas do Paraguaçu realiza atividades em Mucugê NOTÍCIA 04 Projeto Águas do Paraguaçu está no mapa de experiências socioambientais da Bahia ENTREVISTA 05 Carla Nascimento fala sobre o Projeto Policultura no Semiárido PERMACULTURANDO 08 Rede de Culturas em Rio de Contas NOTÍCIAS 09 IPB recebe prêmio da ONU práticas de conviência com o semiárido ONDE ESTAMOS 10 Mater Luna: Rede co-laborativa | APOIADORES INSTITUCIONAIS ASSOCIADO Em 2016 o IPB completou 24 anos de vida e os associados fazem parte dessa conquista, pois garantem a continuidade das ações voltadas para a sustentabilidade e a melhoria da qualidade de vida de muitas comunidades localizadas na Bahia com as quais trabalhamos. Contribua com o valor da anuidade R$120,00 fazendo o depósito na Agência: 4279-X Conta Poupança: 24.170-9

| Expediente | Projeto e Editoração: Ravi Santiago Leila Aquino e acervo IPB | Textos: Carolina Modesto, Catarina Camargo, Maura Pezzato, Paloma Reis, Ravi Santiago | Redes Sociais www.facebook.com/PermaculturaBahia www.permacultura-bahia.org.br


DESTAQUE

Projeto Águas do Paraguaçu realiza atividades em Mucugê No dia 26 de novembro de 2016 o Projeto Águas do Paraguaçu cumpriu mais uma etapa de trabalho na comunidade Fazenda Ibicoara, localizada no município de Mucugê - Bahia, com realização da Oficina de Restauração Ecológica e Mutirão de Plantio. Durante todo o processo as ações foram registradas por Leila Aquino e André Souza e depois farão parte do DVD de atividades do projeto. Da língua indígena “água grande”, o Paraguaçu, as águas do rio Paraguaçu nascem na Chapada Diamantina percorrem 600 km de extensão é o maior rio genuinamente baiano e responde pelo abastecimento de água de vários municípios. Atualmente a bacia apresenta processos de degradação ambiental como perda da vegetação nativa, contaminação e assoreamento dos cursos d´água e necessita de medidas urgentes para sua reabilitação e conservação. Com objetivo principal de reverter processos de degradação ambiental em áreas prioritárias para conservação de Mata Atlântica é que nasce o Projeto Águas do Paraguaçu. O projeto é uma realização do Instituto de Permacultura da Bahia IPB, com a iniciativa do Ministério Público da Bahia – MPBA e o apoio da Fundação José Silveira – FJS de acordo com o Termo de Cooperação Técnica firmado entre as partes. 3


Projeto Águas do Paraguaçu está no mapa de experiências socioambientais da Bahia Projeto Águas do Paraguaçu realizado pelo Instituto de Permacultura da Bahia - IPB, com a iniciativa do Ministério Público da Bahia – MPBA e o apoio da Fundação José Silveira – FJS integra um banco de dados sobre projetos socioambientais voltados para a sustentabilidade, nos Territórios de Identidade da Bahia. O projeto vem beneficiando agricultoras e agricultores familiares na comunidade Fazenda Ibicoara em Mucugê por meio da restauração ecológica de áreas incluindo as áreas protegidas dos imóveis, que são as áreas de preservação permanente e as áreas de reserva legal. O Mapeamento de Experiências Socioambientais dos Territórios de Identidade (http://www.meioambiente.ba.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=253) é uma inciativa do governo do estado da Bahia através dos convênios com a Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS e a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB.

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DESTAQUE ENTREVISTA

Luiz Quirino e Carla Nascimento na 5ª Festa da Policultura, Cafarnaum-BA, 2005.

Entrevista com Carla Nascimento

Comunidade de Sergipanas | Foto: Luis Quirino

Carla é agricultora, culinarista e mora em Umbururas-BA. Foi Agente Comunitária Rural no Projeto o em 2011 alcançou 750 famílias em 65 comunidades rurais. Capacitou agricultores familiares do sertão da Bahia para desenvolver sua própria agricultura de forma mais sustentável e em harmonia com o meio ambiente e contou com o apoio de diversos parceiros como Marsha Hanzi, FNMA, CAR, SEDES, BOM BRASIL, entre outros. IPB | prática vitoriosa no combate à fome e à pobreza no Brasil, o PROJETO POLICULTURA gerou inúmeros processos de aprendizagem. O que mudou em você depois? CARLA | A maior mudança que teve em minha vida foi valorizar a minha região. Eu estudava e pensava em ir embora para terminar meus estudos, procurar outro lugar para trabalhar porque aqui só tem coisa de roça e as coisas de roça não tem valor e eu preciso me formar. Depois do projeto eu abri minha cabeça e observei que aqui mesmo dá pra viver e conseguir o que quero, dá pra realizar meus sonhos nessa terrinha sofrida, mas que é muito valorosa para mim hoje. (risos) Eu aprendi a valorizar mesmo. Hoje não tenho mais vontade de sair pra fora. Tenho vontade de crescer aqui. É tanto que a gente faz parte da associação que foi criada na época do projeto. A Associação dos Policultores fez 11 anos dia 19 de novembro de 2016 e ainda estamos com a 11ª Festa baseada naquela do Policultura. Eu estou nessa associação desde aquela época. Além da produção do gergelim, a gente trabalha o desenvolvimento das pessoas também incentivando elas a continuarem no seu local de origem. Lá fora a gente sabe que tem muitas coisas boas, mas a gente sabe que pode ser mais difícil, porque a gente está acostumado a trabalhar com as coisas que tem aqui né. E a gente sabe que não adianta sair pra trabalhar em outros locais e deixar nossa terra abandonada sendo que um dia a gente vai voltar e o que a gente vai achar se a gente não tiver aqui fazendo ela crescer? Então pra gente mudar o cenário da região só depende da gente. Eu não saio daqui mais, porque eu vejo que aqui é o meu lugar e que eu tenho muito a contribuir para esse lugar. 5


IPB | Regionalizar a produção e o consumo é uma estratégia de promover justiça social e ambiental. Para quem você comercializa hoje em dia o Gergelim? CARLA | A produção caiu bastante porque a chuva vem diminuindo em nossa região, então a gente não está vendendo tanto quanto antes. A gente tem um mercado interno que é o NIR KAPLAN que já tem 3 a 4 anos que ele está comprando a produção da nossa Associação e a gente sempre procura trabalhar com nossos compradores e até com os agricultores essa questão da valorização dos nossos produtos que não tem agrotóxicos é um produto que é produzido pelos agricultores da agricultura familiar, então procura agregar valor assim. E para que as pessoas de fora conheça e saiba que a gente está produzindo da forma correta e que a gente quer que os agricultores se sintam incentivados a continuarem plantando. A relação que a gente tem com o Nir é muito boa, a gente tem uma relação de plena se já tem. A gente procura produzir da melhor maneira possível. até o momento da venda. Até o momento a gente ainda não teve nenhuma reclamação. O preço tá bom e ele valoriza muito essa questão da agricultura familiar e os agricultores se sentem feliz com isso. IPB | As mulheres do campo têm atuação estratégica para garantir a segurança alimentar e nutricional, pois são produtoras de alimentos. Qual a importância da mulher no fortalecimento da Agricultura Familiar? CARLA | É um fato bem importante. As mulheres ela tem um cuidado maior, consegui administrar algumas coisas que talvez para os homens passem despercebidas. Em relação a hortinha de casa ela olh perceber como tá a produção, o que dá pra produzir ali junto com o coentro, pode colocar a cebola, cenoura, pode colocar até o próprio feijão como eu tenho visto em muitas hortas, as mulheres vão lá bem ousadas e vêm que funciona. A mulher tem um papel muito importante e as mulheres daqui da região tem muita mulher corajosa que trabalha essa questão. Tem mulher aqui que produz no seu quintal e vê que a família não da conta de consumir ela já colhi e leva pra feira e sai de casa em casa explicando que foi bem cuidado que não tem veneno, a mulher tem essa coragem. IPB | O modelo de produção do agronegócio coloca em risco a qualidade do sistema alimentar brasileiro. Como podemos estimular as pessoas consumirem alimentos saudáveis? CARLA | Hoje em dia a gente sabe que o remédio para os nossos problemas é a alimentação. É uma coisa que a gente coloca com as nossas mãos na boca. Muitas das doenças que está tendo no nosso país e na nossa região é causada por má alimentação que a gente tem. Uma das coisas que eu procuro passar na Associação onde a gente trabalha com pessoas, nas escolas e até com a própria família é a importância da gente se alimentar da melhor maneira possível. E a gente tem começar pela escolha dos alimentos para ter segurança que a gente vai tá comendo coisa saudável. Porque quando você produz, você sabe como foi produzido. A gente tem uma barraquinha na feira nessa barraca a gente procura trazer os nossos produtos de casa, quando a gente consegue produzir tomate e alguém diz “ah, eu não quero porque é pequeno”.

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Projeto Policultura no Semiárido - 2009 8ª Festa da Policultura, Umburanas, Bahia.


Ai a gente já começou a tratar essa questão dizendo que o tomate é pequeno, mas ele não tem veneno. É um alimento que foi produzido na nossa terra. Foi usado apenas adubo orgânico que a gente mesmo faz. Comendo esse tomate tenho certeza que você vai está se alimentando melhor. É melhor ao invés de estar comprando pão com queijo e mortadela substituir pelo o aipim e a batata doce. A gente procura incentivar a pessoas a observar que a maioria dos alimentos que vem de fora com agrotóxico e a melhor forma da gente estar exercitando isso é produzindo o que a gente come.

“a gente procura trabalhar com nossos compradores e com os agricultores essa questão da valorização dos nossos produtos que não tem agrotóxicos é um produto da agricultura familiar” Carla Nascimento, Associação de Policultores de Uburanas

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PERMACULTURANDO

Rede de Culturas em Rio de Contas

I Encontro do Grupo de Culturas em Rede, Teatro São Carlos, Rio de Contas-Bahia.

por Maura Pezzato Um dia, um belo dia de inverno na Chapada Diamantina, um grupo de amigas/os se encontram para conversar sobre alguns editais do Ministério da Cultura, com foco na atuação de redes com o tema cultura. Prato cheio para as ideias e pensamentos criativos e diversos deste grupo, alimento vivo para nutrir e brotar os sonhos. Naqueles dias sonhamos com uma rede de culturas em Rio de Contas, rede não existente formalmente, porém viva nas ações e conexões visíveis e invisíveis Escrevemos um projeto, enviamos e continuamos nossas atividades diárias. Os dias, os meses foram passando e depois de uma gestação saudável chegou a grande notícia, o projeto Culturas em Rede Rio de Contas foi aprovado no Edital de Seleção Pública 03/2015, Cultura de Redes - Premiação a Redes Culturais do Brasil - Categoria local. Rede composta por diversos parceiros, como o Instituto de Permacultura da Bahia, Sítio Sá Fulô, Espaço Imaginário, OASIS, Núcleo de Permacultura da Bahia, entre outros. No início uma das

para supri-las coletivamente, iniciamos o projeto com reuniões de planejamento em maio/16. Observamos que a diversidade é um ponto forte da rede e que os organismos desta rede interagem através de troca de saberes, serviços, produtos, habilidades. E antes de qualquer movimento, a rede é composta de afetos e eles são, em si, o entrelaçar dos nós. Sentimos que podemos experimentar algo junto, a intenção é co-construir caminhos possíveis de diálogos, trocas, relações! Semanalmente, a Feira Livre da cidade, diariamente o espaço cultural “Espaço Imaginário”, e eventualmente, o Parque Sá Fulô, são espaços que fortalecem os afetos, a articulação e a experiência do campo de criação da Rede. 8


De maneira espontânea e na partilha das singularidades de cada participante desses coletivos, algo maior pode ser construído e co-criado por todos. São os nós que se entrelaçam na composição da Rede. Até o momento, três encontros foram feitos, o Encontro I para Reconhecer a REDE, o Encontro II para Criar os Sonhos Coletivos e o Encontro III para aprofundar nos Sonhos, detalhando-os para torná-los realizáveis. A proposta é que em fevereiro/17 façamos um Encontro para Celebrar as ações dos grupos criados em um espaço público em Rio de Conta, com apresentações culturais, troca de produtos e ou serviços, além de muita diversão, música e alegria! Até lá os grupos se fortalecem, tornando sonhos possíveis e o primeiro deles já tem data marcada. Será o mutirão de limpeza do rio Brumado, no local chamado Cachoeirinha, muito utilizado para banho pelos rio-contenses no passado. A proposta é que o local volte a ser utilizado e que seja cuidado pelos cidadãos, no intuito de preservar essa grande beleza natural.

NOTÍCIA IPB recebe prêmio da ONU por práticas de conviência com o semiárido Há 24 anos o Instituto de Permacultura da Bahia IPB atua como gerador de processos de aprendizagem e transformação social por onde passa. É com esse compromisso que realizamos nosso trabalho. Nesse ano de 2016 a Organização das Nações Unidas concedeu ao IPB o reconhecimento internacional do Programa Dryland Champions pelas ações que foram desenvolvidas no Projeto Águas do Jacuípe que uniu ações de recuperação da caatinga como a implantação de Sistemas Agroflorestais (SAFs) em matas ciliares, de Quintais Agroflorestais e o Enriquecimento de Capoeira e também incluiu o desenvolvimento de tecnologias sociais de uso inteligente da água como por exemplo, a cisterna de produção, a barragem subterrânea e o tanque de pedra. O evento aconteceu dia 17 de junho no Ministério do Meio Ambiente em Brasília-DF, teve como parceiros a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba -CODEVASF e contou com a presença de Ricardo Soavinski, Secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do MMA e Francisco Campello da Comissão Nacional de Combate à Desertificação. A premiação foi entregue a 23 iniciativas incluindo pessoas, organizações governamentais e empresas pelo manejo sustentável de terras, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das populações e as condições dos ecossistemas afetados pela desertificação e a seca.

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ONDE ESTAMOS

Mater Luna: Rede co-laborativa por Carolina Modesto e Paloma Reis As Redes de Colaboração Solidária tem se apresentado como uma importante estratégia de organização econômica, política e cultural, na perspectiva de construirmos coletivamente, a superação da sociedade capitalista, gestando, a solidariedade e a justiça, o que implica na defesa de uma radical e histórica transformação do mundo que hoje desumaniza, nega as liberdades, nega o direito a vida e mata o sonho. O termo rede não é novo e são muitos os atores sociais populares que tem utilizado este conceito, porém, o desafio ainda é uma compreensão desta noção de forma complexa, superando toda forma de mecanicismos. Assim vem sendo gestado o Mater Luna desde 2013, inicialmente como espaço terapêutico numa sociedade entre oito pessoas. Atualmente é um espaço de apoio à profissionais humanizados que prestam serviços à comunidade com foco em um modo de vida consciente, de corresponsabilidade existencial. Trata-se de um empreendedorismo não convencional de gestão compartilhada, lúdica, criativa e colaborativa em rede. Neste ano de 2016 o Instituto de Permacultura da Bahia com muita gratidão é acolhido pelo Mater Luna que agora abriga a sede institucional. Os co-laboradores dessa rede são Studio de Pilates, Cacau Culinarista Afetiva, Eduardo Sá – Terapeuta transpessoal, Escola de Reiki – Denise Nunes, Hiagno – Fisioterapia e Medicina Chinesa, o Instituto de Permacultura da Bahia, Mariângela Neves – Psicoterapeuta, Maternar (Geo) – Assistência à mulher e ao Parto Humanizado. A Casa está aberta!

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