Nº3 Ano 3 Anual 2017 www.petfarmacia.ufc.br Distribuição Gratuita
REVISTA
PET
UFC - FARMÁCIA
CENTRO DE ESTUDOS EM ATENÇÃO FARMACÊUTICA: 10 anos cuidando melhor dos usuários de medicamentos!
ENTREVISTA:
DESTAQUE:
FARMÁCIA UFC:
O Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos contribuindo para alavancar a indústria farmacêutica.
Centro de Estudos em Atenção Farmacêutica Programa Stewardship: nova ferramenta na otimização da terapia antimicrobiana.
Conhecendo o serviço de Atenção Farmacêutica disponível na UFC.
REVISTA
PET UFC - FARMÁCIA www.petfarmacia.ufc.br
A revista PET/UFC Farmácia foi idealizada, organizada e projetada pelos integrantes do Programa de Educação Tutorial (PET) do curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará (UFC). A primeira edição foi lançada no dia 12 de Março de 2015, na V Jornada da Farmácia da UFC. Tutora/Editora chefe Profa. Dra. Nádia Accioly Pinto Nogueira Co-Tutora Profa. Dra. Maria Goretti Rodrigues de Queiroz Layout Bianca Rodrigues Farias Vasconcelos Marília Gomes Caminha Fotografia Pedro Benício Ribeiro da Silva
Corpo editorial Aline Albuquerque Almeida Ana Cláudia Moura Mariano Anyelle Barroso Saldanha Bianca Rodrigues Farias Vasconcelos Carla Thays Laurindo Pontes Fernando Henrique de Castro Pedroza Glacyana Pinheiro da Silva Isabel Bento de Carvalho Jéssica Sales Araújo Marília Gomes Caminha Pedro Benício Ribeiro da Silva Thaynara Carvalho de Freitas Colaboradores
Tratamento de imagem Bianca Rodrigues Farias Vasconcelos Marília Gomes Caminha Revisão Ortográfica Pedro Benício Ribeiro da Silva Vicente de Souza Lima Neto
Profa. Dra. Adriana Rolim Campos Barros Alef Pereira da Silva Dr. Afonso Celso Soares Campos Profa. Dra. Aparecida Tiemi Nagao-Dias Camila de Araújo Holanda Carlos Venicio Jatai Gadelha Filho Cecília Lopes Semedo Claudiane Carvalho Bessa Edson Virginio da Rocha Filho Dra. Eugenie Desirèe Rabelo Néri Dra. Elizama Shirley Silveira Dr. Felipe Moreira de Paiva
NOSSAS PUBLICAÇÕES REVISTA
PET UFC - FARMÁCIA www.petfarmacia.ufc.br
Gabriella Bruno Ribeiro Dr. Henry Pablo Lopes Campos Reis Jamille de Oliveira Gomes Dra. Jéssica Castro Fonseca João Victor Aves Cordeiro Jucilene França Veras Dra. Larissa Queiroz Rocha Letícia Maria Cavalcante Oliveira Lorena Karla Estevam da Silva Lucas Mateus da Paz Dra. Malena Gadelha Cavalcante Profa. Dra. Maria Elisabete Amaral de Moraes Maria Jamili Sousa Silva Mariana Tajra de Castello Branco Profa. Dra. Marta Maria de França Fonteles Matheus Brandão dos Santos Lopes Paulo Roberto da Silva Oliveira Junior Pedro Benício Ribeiro Pedro Igor de Oliveira Rafaela Nascimento Boris Urllan Brito Pereira Rufino Yuri Freitas e Silva Pereira
FALE CONOSCO Website: http://www.petfarmacia.ufc.br E-mail: petfarmaciaufc@gmail.com Fone: (85) 98824 3756 Facebook: Pet/UFC-Farmácia Endereço: Prédio Didático do Curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará (UFC) – Rua Capitão Francisco Pedro esquina com Rua Álvaro
EDITORIAL
Em todo o mundo o modelo de prática farmacêutica tem se transformado, consideravelmente, nas últimas décadas, direcionando-se para um caminho o qual nunca deveria ter deixado de percorrer: o olhar voltado para seu maior foco social e ético - o paciente... o cliente... a pessoa! Sim, existe uma necessidade social, as necessidades de saúde relacionadas à pessoa, à família e à comunidade que precisam ser atendidas! No processo saúde-doença, essas necessidades envolvem: manter a saúde e minimizar o risco de adoecimento, controlar um sintoma, obter diagnóstico oportuno, correto e precoce, bem como, recuperar a saúde, manter a doença controlada, e obter a cura da doença. Ainda, tal necessidade é demandada, principalmente, dos alarmantes índices de uso irracional de medicamentos, e seus desfechos negativos na população, acarretando gastos para toda sociedade, impactos econômicos significativos e, sobretudo, comprometendo a qualidade de vida das pessoas. Com esse olhar, surge o Centro de Estudo em Atenção Farmacêutica (CEATENF), ligado ao Grupo de Prevenção ao Uso Indevido de Medicamentos (GPUIM), do Departamento de Farmácia (DEFA), da Universidade Federal do Ceará. O CEATENF desenvolve ações de ensino, pesquisa e extensão com a missão de atuar como centro de referência e contra-referência
estadual para o desenvolvimento das atividades de planejamento, estruturação, assessoria, treinamento e investigação na área de Atenção Farmacêutica /Farmácia Clínica, funcionando como núcleo colaborador e representante do GPUIM/DEFA para as instituições e pesquisadores em geral. Dentre os seus objetivos, destacam-se o de sensibilizar e divulgar o cuidado farmacêutico junto aos profissionais de saúde e à comunidade; realizar ações de capacitação e educação permanente, no contexto assistencial e clínico, em diferentes níveis de atenção à saúde e, o de fornecer o suporte técnico para docentes e discentes envolvidos nessa área. E hoje é tempo de celebrar!!! O CEATENF completa seus 10 anos neste ano de 2017, com importantes conquistas, desafios e perspectivas, num constante aprendizado!
Tem contri-
buído na formação clínica do acadêmico do curso de Farmácia, e do aluno de pós-graduação aluno de pós-graduação lato sensu e stricto sensu, além de colaborar na capacitação continuada e permanente de farmacêuticos, criando cenários de prática, em diferentes locais de atenção à saúde, para a inserção do farmacêutico no processo de cuidado, numa extensão inovadora, e incrementado pesquisa de qualidade e robusta, no serviço, fortalecendo a tríade universidade – serviço-comunidade. Com parcerias, a inserção regional, nacional e internacional pode ser contemplada. Mas, a principal e prioritária inserção que o CEATENF pretende ter é na mudança de vida das pessoas, colaborando com iniciativas e estratégias que viabilizem o cuidado farmacêutico para uma vida mais saudável, com plena ciência de que os cuidados farmacêuticos constituem direito da sociedade e dever do farmacêutico! Assim, vamos comemorar e dar vida longa ao CEATENF!!! Parabéns!!!
Profa. Dra. Marta Maria de França Fonteles
SUMÁRIO FALA AÍ, TUTOR! ESPAÇO PET
06 07
Quem somos Depoimentos Atividades Desenvolvidas pelo PET/UFC Farmácia
DESTAQUES
26
Biotecnologia: A visão de estudantes sobre a graduação e o Futuro Profissional Engenharia de cristais aplicada a sólidos farmacêuticos Centro de Estudos em Atenção Farmacêutica Programa Stewardship: nova ferramenta na otimização da terapia antimicrobiana PROFISSÃO FARMACÊUTICA
39
O papel do farmacêutico no Serviço de Assistência Especializada em HIV/AIDS: um cuidado muito além dos medicamentos O Farmacêutico na Farmácia Industrial O Farmacêutico nas Análises Clínicas ENTREVISTAS
O Farmacêutico e a Segurança do Paciente
58
Biotérios: utilizando animais em investigação e docência Profissional Farmacêutica com ênfase em plantas medicinais O Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos contribuindo para alavancar a indústria farmacêutica
MATÉRIA DE CAPA
72
Centro de Estudos em Atenção Farmacêutica: 10 anos cuidando melhor dos usuários de medicamentos!
FARMÁCIA UFC
80
Conhecendo o serviço de Atenção Farmacêutica disponível na UFC
VI JOFAR/UFC Trabalhos apresentados
90
Vivência de um pesquisador na temática da Hanseníase no Brasil Encontro Regional dos Estudantes de Farmácia XVI
Fala aí, tutor!
Com muita alegria chegamos a terceira edição da nossa revista PET/UFC Farmácia. Nesta edição, as nossas homenagens são para o CEATENF, o Centro de Estudo
em Atenção Farmacêutica da Universidade Federal do Ceará, fundado pela Profa. Dra. Marta Maria de França Fonteles, sua coordenadora desde o início. Neste ano de 2017, estamos
comemorando seus 10 anos de atividades de ensino, pesquisa e extensão.
Nossa revista é fruto do trabalho dedicado dos petianos e da colaboração de professores, alunos e profissionais farmacêuticos, entre outros. Agradecemos muito a imensa colaboração de todos, que com seus conhecimentos e habilidades, e principalmente, por acreditarem, tornaram possível a publicação da 3ª edição da Revista PET/ UFC-Farmácia.
Trabalhos como este, desafiam os alunos, complementam sua formação acadêmica e contribuem para seu crescimento pessoal. Parabéns ao CEATENF pelos 10 anos “cuidando melhor dos usuários de medicamentos”. Parabéns aos petianos do PET/UFC -Farmácia, pelo excelente trabalho! Obrigada a nossa muito querida Universidade Federal do Ceará.
6
ESPAÇO PET
Quem somos?
Nádia Accioly (Tutora PET/UFC Farmácia UFC)
Goretti Queiroz (Co-tutora PET/UFC Farmácia UFC)
Aline Albuquerque
Ana Cláudia Mariano
Anyelle Saldanha
Bianca Vasconcelos
Carla Thays Laurindo
Glacyana Pinheiro
Isabel Castro
Fernando Pedroza
Jéssica Sales
Marília Caminha
Thaynara Freitas
Pedro Benício
7
ESPAÇO PET
Confira aqui, o que as pessoas dizem sobre as atividades realizadas pelo PET/UFC Farmácia. III CURSO PRÉ-SAÚDE “O Pré-Saúde foi um evento muito importante e bastante enriquecedor pra mim. Além de termos contato com vários estudantes de outros cursos da saúde, pudemos conhecer um pouquinho de cada profissão por meio das atividades propostas e das palestras realizadas. No Pré-Saúde foi trabalhado bastante com os ingressantes a questão da multidisciplinaridade que é essencial e que deve ser foco à qualquer profissional da saúde. Devemos trabalhar juntos por uma só causa: a saúde do paciente. As atividades que nos foram propostas foram Lorena Karla Estevam da Silva, muito criativas, divertidas, e nos proporcionaram aluna do 2° semestre do curso de Farmácia da UFC muito conhecimento também, além disso, ainda permitiram uma maior proximidade entre os estudantes, já favorecendo a criação de vínculos dentro da Universidade. Algumas das atividades foram mais marcantes pra mim, como a realizada pelo curso de Enfermagem em que foram abordados temas relacionados a DST’s e sexualidade de uma maneira muito dinâmica, criativa e divertida e com a galera da medicina que eu aprendi, logo no início, a verificar a pressão arterial do paciente. O evento foi incrível, organizado e demonstrou um cuidado e atenção pelos novatos que me fez sentir muito bem-vinda e me deixou ainda mais maravilhada pela área da saúde. Por fim, agradeço muito aos organizadores do evento e desejo que vocês possam também contribuir com a formação acadêmica e pessoal dos próximos calouros para que eles tenham as experiências inovadoras que o PréSaúde me possibilitou ter.”
8
ESPAÇO PET
III CURSO PRÉ-SAÚDE “O Pré-Saúde foi importante para a integração dos novos alunos com os colegas, bem como o meio acadêmico, sendo o primeiro contato do calouro com
a faculdade. Também foi importante pela sua temática, a era a multidisciplinaridade. Teve o foco de mostrar a importância de cada profissional da saúde e de que uma equipe de profissionais é o mais indicado para tratar pessoas.”
- Letícia Maria Cavalcante Oliveira, aluna do 2° semestre do curso de Farmácia da UFC
SOBREMESA ACADÊMICA “O Sobremesa Acadêmica é um projeto com uma dimensão muito útil. Ele me ajudou bastante na descoberta de novas realidades, em vários âmbitos da vida profissional e da ciência. Os temas são muito interessantes e de grande valia e, especialmente no último ciclo, os palestrantes eram bem capacitados. Sendo assim, o maior fruto que eu posso tirar do projeto é a
curiosidade e o interesse por me aprofundar nos temas abordados. Entretanto, penso que o projeto ainda é um pouco incipiente, considerando organização, divulgação e "atratividade". Pode ser melhor, e eu ficaria grato em ajudar.”
- Pedro Igor de Oliveira, aluno do 7º semestre do curso de Farmácia da UFC
9
ESPAÇO PET
LÍNGUAS ESTRANGEIRAS PARA TODOS “Foi de imensa importância para a imersão no idioma. Estava com uma viagem marcada para a argentina e precisava urgente aprender o máximo de espanhol antes da viagem, daí surgiu esse projeto no PET/UFC Farmácia, não pensava que
iria me ajudar tanto, mas ajudou, seria ótimo se houvesse uma continuação do projeto.”
- Carlos Venicio Jatai Gadelha Filho, aluno do 7º Semestre do curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará.
LÍNGUAS ESTRANGEIRAS PARA TODOS “Ao meu ver o projeto Línguas Estrangeiras para Todos foi uma boa oportunidade de aprender/aperfeiçoar outras línguas. No meu caso foi o inglês, onde acabei por relembrar o pouco do que eu já sabia e aprendi a expressar, ler e escrever melhor. Foi uma boa iniciativa tomada pelo PET/UFC Farmácia. Espero que haja mais iniciativas como esta, pois enriquece o nosso conhecimento e é algo que irmos precisar algum dia, durante o nosso curso ou como profissionais.”
- Cecília Lopes Semedo, aluna do 9º Semestre do curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará.
10
ESPAÇO PET
BIOLOGIA MOLECULAR NAS ESCOLAS: UM NOVO CONCEITO DE APRENDIZAGEM “Participei como facilitador de várias edições do Curso 'Biologia Molecular nas Escolas' e tenho que admitir que foram experiências muito interessantes. Não só
por permitir que eu aprofundasse um conhecimento específico, mas porque me aproximou das pessoas, dos alunos, e pra mim esse é o maior dos aprendizados.”
- Pedro Benício Ribeiro, aluno do 7º Semestre do curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará.
RECEPÇÃO DE CALOUROS – SEMANA ZERO "A semana zero particularmente foi uma experiência maravilhosa para mim que sou "bixo", lá pude entender o quanto sou importante para toda a universidade, conhecer mais sobre todo o curso e meu papel como estudante de uma universidade pública, além de conhecer pessoas que me ajudariam enormemente, co-
mo os petianos, eles são chave importantíssima para a inclusão dos novatos à universidade. Serei eternamente grato por tudo que eles fizeram por mim e pelo que eu tenho certeza que eles estarão dispostos a fazer para minha vida acadêmica."
- Matheus Brandão dos Santos Lopes, aluno do 1º Semestre do curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará.
11
ESPAÇO PET
NATAL SOLIDÁRIO 2015 "O Natal Solidário promovido pelo PET/UFC Farmácia é um ótimo projeto, baseado em pilares e princípios ímpares, que nos estimulam a fazer parte. Quando participei pela primeira vez em 2015, o projeto abriu os meus olhos para a necessidade do público-alvo da iniciativa daquele ano: os idosos em casas de repouso. Hoje faço parte de um projeto de Extensão com idosos neste tipo de instituição, e
a razão principal em aceitar participar dele foi a minha experiência no Natal Solidário. Com entrega e benevolência, os membros do PET procuraram fazer o melhor possível para os idosos, levando alegria e disponibilidade aos que precisam de tão pouco. Lembro que não se tratou de alimentar idosos, entregar presentes ou bater ponto na casa de repouso, mas de cuidar de ser humanos. Foi uma das manhãs mais proveitosas da minha vida. Agradeço ao PET pela oportunidade e ponto positivo pela abertura a outros interessados em participar."
- Pedro Igor de Oliveira Pereira, aluno do 7º Semestre do curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará.
BIOLOGIA MOLECULAR NAS ESCOLAS: UM NOVO CONCEITO DE APRENDIZAGEM “Participar do Projeto Biologia Molecular nas Escolas foi uma experiência mui-
to interessante e agradável, tendo em vista que a área de docência me desperta interesse. Conseguir simplificar e tornar um conteúdo interessante para quem não conhece e fazer todos entenderem é maravilhoso e estimulante, além de perceber o interesse por parte das pessoas que assistem às aulas.”
- Yuri Freitas e Silva Pereira, aluno do 7º Semestre do curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará. 12
ESPAÇO PET
BIOLOGIA MOLECULAR NAS ESCOLAS: UM NOVO CONCEITO DE APRENDIZAGEM “A parceria entre a escola e projeto de extensão são sempre bem vindos, além da aproximação dos alunos, desperta a curiosidade do aluno para algo além da escola, vejo como algo positivo e espero que continue ocorrendo projetos como este. O projeto obteve uma ótima participação dos alunos e que foi importante para orientação deles ao seu futuro acadêmico. É importante trazer sempre novas ideias de projetos e estamos de portas abertas para recebê-los.”
- Jucilene França Veras, diretora da EEM Felix de Azevedo
BIOLOGIA MOLECULAR NAS ESCOLAS: UM NOVO CONCEITO DE APRENDIZAGEM “Aprendi muito no curso. Assuntos que vi só agora no 3º ano, foi bom para tirar nossas dúvidas e também para inclusão dos alunos que não tem outra atividade durante a tarde. Seria ótimo se houvesse outros projetos com ensino em matemática, química, português e inglês.”
- Paulo Roberto da Silva Oliveira Junior, aluno do 3º ano do Ensino Médio da Escola Félix Azevedo.
13
ESPAÇO PET
SOBREMESA ACADÊMICA “A Sobremesa Acadêmica é uma atividade ímpar desenvolvida pelo PET. Lembro que, quando entrei na faculdade, participei de algumas edições da atividade e achei muito interessante. Como estudante de Farmácia, sei que o curso é bastante puxado e nos deixa praticamente sem tempo para debater sobre temas importantes para a graduação. Dessa forma, a atividade desenvolvida pelo PET consegue proporcionar isso ao aluno, um espaço, com um profissional capacitado, que sirva de expositor e mediador para um determinado assunto. Enquanto membro do Programa, em conjunto com os demais integrantes, tentamos adaptar a atividade para que se tornasse mais atrativa para os estudantes, justamente por reconhecer a importância dela para os alunos. É uma atividade que demanda trabalho e esforço para organizar, mas que se a pessoa souber aproveitar, torna-se uma atividade excelente!”
- Mariana Tajra de Castello Branco, aluna do 8º semestre do curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará
VI JOFAR “Eu lembro que a VI Jornada de Farmácia ocorreu na minha primeira semana de
aula do primeiro semestre. Este evento me ajudou a conhecer melhor o curso de Farmácia, trazendo para nós um pouco de cada área da profissão. Foi com esse evento que eu tive certeza que eu estava no curso certo. Isso foi o que mais me marcou na JOFAR.”
- Alef Pereira da Silva, aluno do 2° semestre do curso de Farmácia da UFC 14
ESPAÇO PET
PROJETO DE ACOMPANHAMENTO DO DISCENTE RECÉM INGRESSO “Sobre o projeto PADRIN, eu acho muito importante, principalmente pelo fato de que para nós, novatos, é tudo muito novo na universidade. Não sabemos o que esperar das disciplinas e que livros adotar, e quando descobrimos sobre os livros, todos eles já foram alugados. Fiquei muito agradecido pela preocupação e interesse em ajudar, que a minha madrinha Bianca demonstrou ao procurar seus "afilhados", oferecendo materiais de estudo e disponibilidade de tempo para sanar dúvidas das disciplinas, afim de que tivéssemos um primeiro semestre sem traumas. Alguns dos meus colegas de turma até ficaram com "ciúmes" pois seus padrinhos não haviam entrado em contato com eles. Diante disso, sou a favor desse projeto e espero que ele cresça, corrigindo suas falhas, e possa ajudar novatos como eu.”
Edson Virginio da Rocha Filho, aluno do 1º Semestre do curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará. -
BIOLOGIA MOLECULAR NAS ESCOLAS: UM NOVO CONCEITO DE APRENDIZAGEM “As aulas foram bastante dinâmicas e foi bom, porque nós vimos assuntos que caem bastante no ENEM, que é a principal forma de ingressar na universidade pública. Se fosse possível seria interessante projetos com ensino em química.”
- Rafaela Nascimento Boris, aluna do 3º ano do Ensino Médio da Escola Félix Azevedo.
15
ESPAÇO PET
SOBREMESA ACADÊMICA e PROJETO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS PARA TODOS “Cheguei a participar do Sobremesa Acadêmica em duas oportunidades e pude notar que os assuntos escolhidos para as palestras e/ou debates eram de suma importância para enriquecimento do conhecimento de mundo de todos nós, além do horário ser perfeitamente conveniente para nós, estudantes, que muitas vezes temos apenas o horário de almoço livre para atividades complementares. Também cheguei a participar do Projeto de Línguas Estrangeiras para Todos, aprendendo o alemão. O curso dado serve como ótima base para quem se interessa em aprende de fato o idioma, tendo em vista que o bom ensino do básico dá um ótimo direcionamento ao aprendizado mais aprofundado.”
Lucas Mateus da Paz, aluno do 7º Semestre do curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará. -
VI JOFAR “Como um dos palestrantes da VI JOFAR, tive a oportunidade de mostrar um pouco do trabalho que exerço a frente da minha empresa, Escola Cervejeira, como sommelier de cer-
vejas. Os organizadores incentivaram a participação dos ouvintes, tornando o momento uma incrível troca de experiências.”
Urllan Brito Pereira Rufino, aluno do 7º Semestre do curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará. -
16
ESPAÇO PET
Atividades Desenvolvidas pelo PET/UFC Farmácia “Ensino”
Sobremesa Acadêmica
A atividade visa a melhoria do ensino de graduação, por meio de palestras, filmes e oficinas abor-
dando assuntos atuais pertinentes a área das Ciências da Saúde e imprescindíveis para a formação do profissional da saúde. Os ciclos de palestra e temas com ênfase em saúde ocorrem quinzenalmente às terças-feiras no Bloco Didático do Curso de Farmácia, com duração de 1 hora e 15 minutos.
Curso Pré-Saúde Evento anual organizado pelos PETs dos cursos de Farmácia, Enfermagem, Medicina e Odontologia e Centro Acadêmico Sonia Gusman do curso de Fisioterapia da UFC, desde o ano de 2014, atualmente em sua 4ª edição. Os alunos recém -ingressos nos cursos da área da saúde da UFC são o público-alvo. O Pré-saúde tem como objetivos apresentar uma abordagem multidisciplinar desses cursos e promover a integração entre profissionais, graduandos e recém-ingressos das áreas da saúde. No evento são ministradas palestras e realizadas oficinas sobre temas relacionais à saúde.
Aula de Biossegurança Aula ministrada para os alunos do curso de Farmácia do primeiro semestre. Tem como objetivo orientá-los sobre a importância da Biossegurança, transmitir conhecimentos sobre ricos e perigos em laboratórios e sobre o uso de equipamentos de proteção individual e coletiva
17
ESPAÇO PET
Atividades Desenvolvidas pelo PET/UFC Farmácia “Pesquisa”
Avaliação do conhecimento, aceitação e uso de medicamentos genéricos
Consiste em um projeto de pesquisa com objetivo de avaliar o entendimento sobre medicamentos genéricos, sua aceitação, frequência do consumo, bem como analisar os fatores que influenciam essas variáveis, como: condições socioeconômicas, prescrição médica, divulgação em meios de comunicação, entre outros, dos pacientes atendidos na Farmácia Ambulatorial do HUWC e entre os estudantes universitários dos primeiros semestres dos cursos de Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Medicina e Odontologia da UFC.
Participação em laboratório de pesquisas
Nessa atividade, os integrantes do grupo têm participação em laboratórios de pesquisa, sob a orientação do responsável pelo laboratório, o que proporciona
ao petiano a oportunidade de conhecer diferentes atividades realizadas em laboratórios da UFC, além de permitir sua colaboração em pesquisas relevantes para ciência e para a comunidade. A atividade é realizada durante todo o período em que o aluno é vinculado ao PET.
18
ESPAÇO PET
Atividades Desenvolvidas pelo PET/UFC Farmácia “Extensão”
Biologia Molecular nas Escolas: um novo conceito de aprendizagem
O PET/UFC-Farmácia desenvolve esse projeto de extensão desde o ano de 2012, com o objetivo de contribuir para a formação de alunos de nono ano do Ensino Fundamental e do primeiro ano do Ensino Médio sobre Biologia Molecular. A cada ano são contempladas 3 a 4 escolas, públicas e particulares, localizadas no município de Fortaleza-CE. O
curso tem uma carga horária total de 10 horas, com aulas teóricas e práticas, além de dinâmicas.
Natal Solidário Contribuindo para a construção de uma vida mais justa o PET realiza anualmente o Na-
tal Solidário, em instituição carente, de crianças e idosos. Na festa de Natal, que conta também com o apoio de estudantes do curso de Farmácia da UFC, são oferecidos lanches, realizados atividades lúdicas e momentos interativos e
Creche Aprisco, Fortaleza - CE, 2016.
distribuídos presentes os moradores da instituição.
19
ESPAÇO PET
Atividades Desenvolvidas pelo PET/UFC Farmácia “Outras Atividades”
Jornal Tarja Preta Publicação bimestral de autoria dos petianos, contendo dicas de saúde, filmes, livros, notícias e entrevistas que mantém os graduandos informados sobre os acontecimentos mais relevantes na profissão
farmacêutica,
mundo
científico,
universidade,
além de incentivar a participação em atividades culturais. O jornal disponibiliza espaços destinados a divulgação de congressos e eventos, a opinião de alunos sobre o curso de Farmácia e a UFC e a
apresentação de atividades realizadas pelo PET/UFCFarmácia.
Jornada da Farmácia da UFC
A Jornada da Farmácia da Universidade Federal do Ceará – JOFAR UFC é um evento anual, atualmente em sua sétima edição, promovido pelo PET/UFC Farmácia,
VII JOFAR, 2017 Minicurso de primeiros socorros
voltado para os alunos do curso de Farmácia, em que há compartilhamento de ideias, discussão de temas atuais e relevantes para o curso, assim como informações importantes para a formação acadêmica. Durante a jornada são realizadas mesas redondas, conferências, minicursos e oficinas
VII JOFAR, 2017 Minicurso de Coleta de Sangue
20
ESPAÇO PET
Atividades Desenvolvidas pelo PET/UFC Farmácia “Outras Atividades”
Programa de acompanhamento discente aos recém-ingressos (PADRIN)
O projeto PADRIN tem por objetivo ajudar o aluno do primeiro semestre a adaptar-se ao ambiente universitário através do fornecimento de materiais para estudo, dicas e esclarecimento de dúvidas sobre as disciplinas, curso, funcionamento da universidade, dentre outros. Para isso, cada petiano fica responsável por orientar e ajudar um pequeno grupo de alunos recémingressos no curso de Farmácia.
Revista A Revista PET/UFC Farmácia foi lançada em 2015, com a finalidade de inovar a comunicação na comunidade acadêmica do curso de Farmácia e da UFC. A revista tem como corpo editorial integrantes do PET/UFC Farmácia e apresenta matérias e entrevistas sobre o Curso de Farmácia da UFC e a profissão farmacêutica.
Feira das Profissões O PET Farmácia participa de diversas feiras das profissões em escolas e faculdades, apresentando para estudantes do ensino fundamental e médio o que os alunos do curso de farmácia estudam e as diversas áreas de atuação do profissional farmacêutico. 21
ESPAÇO PET
Conhecendo nossos projetos:
Jornada da Farmácia da UFC
O PET/UFC Farmácia promove anualmente a Jornada da Farmácia da UFC, trazendo a proposta de ser um evento acadêmico inovador, tendo como objetivo ampliar o conhecimento no âmbito farmacêutico. O evento conta com mesas redondas, palestra, conferências e minicursos, com temas que abordem a profissão farmacêutica, bem como o curso de graduação em Farmácia e assuntos relacionados à saúde. A primeira JOFAR UFC ocorreu em 2011. No ano de 2014 a organização do evento trouxe novidades como a apresentação de trabalhos científicos e visita técnica monitorada. Os temas da Jornada são pensados pelos integrantes do grupo PET/UFC Farmácia e visam a atualização do profissional em formação e a ampliação dos co-
nhecimentos por meio das atividades realizadas durante o evento. Confira a Linha do Tempo e o que vem acontecendo durante as Jornadas, desde sua primeira edição, em 2011:
- I Jornada da Farmácia da UFC (2011)
O Evento ocorreu nos dias 18 e 19 de agosto de 2011 e
trouxe como tema: “Construindo e compartilhando o conhecimento”. Foram apresentadas as palestras "O profissional farmacêutico e as suas diversas áreas de atuação" e "A realidade do mercado farmacêutico no Ceará". Os alunos também puderam participar de oficinas de dança fotografia e teatro.
22
ESPAÇO PET - II Jornada da Farmácia da UFC (2012)
O Evento ocorreu nos dias 9, 10 e 11 de maio de 2012 e contou com palestras, mesas redondas, oficinas e minicursos. Na programação estavam as conferências “Residência em Farmácia Hospitalar e suas implicações ao serviço de saúde”, “A pesquisa e a pós-graduação no curso de Farmácia”, entre outras. Teve a participação de docentes, alunos de pós-graduação e profissionais renomados como ministrantes.
- III Jornada da Farmácia da UFC (2013)
O Evento ocorreu nos dias 8, 9 e 10 de maio de 2013. Os participantes puderam prestigiar, entre outras atividades, a conferência “Fiocruz: Polo Industrial e Tecnológico da Saúde” e a mesa redonda “Empreendedorismo na Profissão Farmacêutica”. Foram oferecidos oito minicursos durante a Jornada.
- IV Jornada da Farmácia da UFC (2014)
O Evento ocorreu nos dias 9, 10 e 11 de abril de 2014 e contou com novidades como a visita técnica à Iso-
farma Indústria Farmacêutica e Apresentação e Premiação de Trabalhos Científicos. Os organizadores também promoveram o “Simbora IV JOFAR” através do site Facebook, onde foi realizado o sorteio de uma inscrição do evento para os participantes que compartilhassem
uma das três fotos/memes oficiais publicadas na página do
PET/UFC-Farmácia.
23
ESPAÇO PET - V Jornada da Farmácia da UFC (2015)
O Evento ocorreu nos dias 11, 12 e 13 de março de 2015. Os alunos participantes puderam realizar, alem de mini-cursos e oficinas, visitas técnicas a Isofarma Indústria Farmacêutica e a Pardal Sorvetes. Na Jornada foram apresentados 9 Trabalhos Científicos e realizada a cerimônia de premiação do Melhor Trabalho Apresentado. Como destaque, tivemos o lançamento da primeira edição da Revista PET/UFCFarmácia, em comemoração aos 99 anos de Criação da Faculdade de Farmácia e Odontologia da Universidade Federal do Ceará.
- VI Jornada da Farmácia da UFC (2016)
O Evento ocorreu nos dias 6, 7 e 8 de abril
de 2016 e contou com novidades como a visita técnica ao LACEN. Foram apresentados Trabalhos Científicos e conferido prêmio ao Melhor Trabalho Apresentado. Foi também divulgada a 2ª edição da Revista PET/UFC-Farmácia, em homenagem aos 100 anos da Faculdade de Farmácia e Odontologia da Universidade Federal do Ceará.
- VII Jornada da Farmácia da UFC (2017)
A VII JOFAR ocorreu nos dias 10, 11 e 12 de maio de 2017 e contou com diversas atividades, dentre elas muitas novidades como a visita técnica ao HEMOCE e a MEAC, e os minicursos de práticas integrativas para o manejo da dor e prevenção ao suicídio. Tivemos
24
ESPAÇO PET ainda apresentação de 9 Trabalhos Científicos e premiação do Melhor Trabalho Apresentado, além das palestras e mesas redondas e da homenagem aos 10 anos do CEATENF. A JOFAR UFC é realizada Auditório do Bloco Didático do Curso de Farmácia, recebe apóio da UFC, de diversos profissionais da área da saúde e dos nossos professores. Tem como publico alvo alunos dos Cursos de Farmácia do Ceará. É um evento gratuito e recebe, como doação, alimentos que são destinados a instituições carentes.
25
DESTAQUE
BIOTECNOLOGIA: A visão de estudantes sobre a graduação e o Futuro Profissional POR
Pedro Benício
“Biotecnologia é, acima de tudo, um curso para quem quer ser cientista”
O
Graduandos do curso de Biotecnologia da Universidade Federal do Ceará (UFC)
mos com alunos do curso de Biotecnolobiotecnologista é um profissional
multifacetado
e
bastante
importante para o progresso científico da sociedade. Suas habilidades se estendem desde a produção de artigos de limpeza e controle de qualidade de alimentos até a manipulação genética de organismos, assim como, seu cultivo em larga escala, o que vem proporcionando avanços marcantes na ciência.
gia da Universidade Federal do Ceará para captar a visão deles sobre a graduação e futuro profissional. Inicialmente, indagamos o que levou os alunos a escolherem esse curso
no vestibular. Por ser um curso da área das ciências, determinadas matérias como química, física e biologia são muito marcantes na grade curricular e para quem gosta é uma ótima oportunidade.
Tendo em vista a importância des-
Foi isso que levou João Victor, graduan-
sa profissão e sua relação com a farmá-
do do 2° semestre a optar por essa pro-
cia, nós do PET/UFC Farmácia conversa-
fissão: “Sempre gostei muito de ciência, 26
DESTAQUE física, química e biologia e a biotecnolo-
de educação no sentido de informação”
gia é o curso que mais se aproxima des-
e diz mais, “atualmente temos que ouvir,
se perfil”.
por parte de algumas pessoas, por falta de informação e acessibilidade a divulgação científica, coisas altamente equivocadas
a
respeito
da
biotecnologia.
Por
exemplo, a transgenia vegetal é um assunto que gera muita polêmica e aversão, mesmo que nós, que convivemos e trabaJoão Victor 4º semestre
Mila Holanda 6º semestre
lhamos com isso expliquemos ainda vemos resistência e intolerância”. E completa “ao mesmo tempo em que nos recusa-
Para Mila Holanda, graduanda do 6° semestre, “Biotecnologia é, acima de tudo, um curso para quem quer ser cientista”. Ao ser indagada sobre o motivo da escolha, falou que não gostava de biologia, queria mesmo era química e indús-
tria, mas ao entrar se deparou com um “conhecimento muito mais amplo e completo e a chance de ser um profissional qualificado”, o que a fez se identificar com o curso.
mos a utilizar alimentos transgênicos, nos beneficiamos com a insulina recombinante, por exemplo,”. Para Claudiane Carvalho, graduanda do 6° semestre, “É muito importante se ter a biotecnologia e a ciência como um todo na sociedade, pois nós estudamos e trabalhamos pra trazer um retorno positivo para a população. As pessoas em geral têm um pouco de medo da ciência, se observamos bem o vilão é sempre o cientista maluco. Nós aqui na biotecnologia temos trabalhado
A segunda pergunta consistia em
para mudar essa ideia pré-formada. Mui-
saber como os alunos avaliavam a impor-
tos de nossos projetos de extensão são
tância da biotecnologia, como ciência, na
aplicados nas comunidades, nas escolas,
sociedade. Segundo Maria Jamili, gradu-
difundindo nossas atividades e conheci-
anda do 4° semestre, “A biotecnologia é
mento”.
uma ciência importante e ela atinge o modo de vida das pessoas, só não é reconhecida como tal. A sociedade usufrui dos serviços, mas não os atribui à biotecnologia”. Sobre essa problemática, Mila Holanda acredita que “o problema da ciência aqui no Brasil é decorrente da falta
Maria Jamili 4º semestre
Claudiane Carvalho 6º semestre 27
DESTAQUE Após isso, mudamos o foco para o
preocupante que afeta essa profissão: a
curso e perguntamos para os alunos qual
falta de regulamentação. Acontece da se-
era o nível de satisfação destes com a
guinte forma, o profissional é reconheci-
estrutura do curso, tanto física quanto
do, porém, por não ter sua profissão re-
curricular. Para Symon Simons, graduando
gulamentada, não tem suas atribuições
do 4° semestre, “O nosso grande proble-
definidas
ma é estrutura. Primeiro, estamos inseri-
conselhos federais nem regionais e com
dos em um departamento que era usado
isso podem se tornar invisíveis aos em-
inicialmente para a pós-graduação. Não
pregadores.
oficialmente,
não
apresentam
temos, por exemplo, estrutura laboratorial que atenda as nossas necessidades, às vezes falta materiais, em outras desenvolvemos as práticas de forma mais simples, pulando passos. Com essa última greve nós reivindicamos um bloco para nosso departamento e acredito que vamos conseguir resolver isso”. Já Gabriella Bruno, graduanda também do 4°, apresenta uma
Symon Simons 4º semestre
Gabriella Bruno 4º semestre
visão mais otimista da situação. “Acredito que mesmo sujeito a essas condições nosso curso é muito bom, os alunos têm um ótimo nível, temos ideias brilhantes e por conta disso acho que merecemos um lugar nosso. Nós temos muito a oferecer tanto para a academia como para a sociedade”. O curso de Biotecnologia da UFC
“Nós temos muito a oferecer tanto para a academia como para a sociedade”.
foi criado em 2009 e a primeira turma
Segundo Symon “muitas vezes ve-
entrou em 2010, ou seja, em comparação
mos outros profissionais ocupando vagas
a outros cursos, ele é muito novo e tal-
que se adéquam ao nosso currículo. Vejo
vez esse seja o motivo de ainda não ter
que existe certa confusão sobre quais
um bloco didático específico para tal.
são as atribuições do biotecnologista e
Em seguida, perguntamos aos alunos quais eram suas perspectivas para o mercado de trabalho. Ao ouvir as respostas nos deparamos com um problema
isso decorre, principalmente, da falta de regulamentação e por isso nem mesmo os empregadores sabem que aquela função compete a um biotecnologista”. Alunos e profissionais têm lutado pela regu28
DESTAQUE lamentação e a LiNAbiotec (Liga Nacional dos Acadêmicos em Biotecnologia) vem realizando esse trabalho de divulgação da Biotecnologia em eventos de cunho científico e debatendo assuntos relevantes sobre a regulamentação da profissão. Gabriella, que faz parte dessa Liga, comenta sobre essas atividades: “Nós desenvolvemos um trabalho de re-
tificação de editais, onde analisamos editais que apresentam vagas com perfil de biotecnologista mas que não se destinam aos mesmos, contatamos a empresa ofertante e apresentamos o profissional e suas atribuições, solicitando, no fim, a retificação do edital”. Esse trabalho contribui para o reconhecimento profissional e é de extrema importân-
cia, o que resulta em resultados positivos, segundo ela, no ano de 2016 foram retificados 3 editais, dois de concursos públicos (FIOCRUZ e IFCE) e um de estágio (FIOCRUZ). Na última pergunta, pedimos para os alunos classificarem o curso com notas de 1 a 5. As notas variaram entre 4
e 4,5, para Claudiane, sua nota é 4,5 “pois não estamos no ideal porém estamos mudando e melhorando gradualmente e com apoio dos alunos e professores creio que conseguiremos a excelência”.
29
DESTAQUE DESTAQUE
Engenharia de cristais aplicada a sólidos farmacêuticos POR
Anyelle Saldanha
Dra. Jéssica Castro Fonseca é graduada em Farmácia e Mestre em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal do Ceará e Doutoranda em Ciências Farmacêuticas na UFC. Tem como área de atuação a Garantia da Qualidade.
"Daí sua grande importância, pois a união de conhecimentos de diferentes áreas possibilita uma vasta compreensão do material a ser estudado e um entendimento do destino que deve se tomar com este material"
O
de duas alunas da graduação em farmágrupo de pesquisa em Enge-
cia, com bolsas de iniciação científica,
nharia de cristais aplicada a só-
cada uma com seu próprio projeto de
lidos farmacêuticos, coordenado pelo Professor Doutor Alejandro Pedro Ayala consiste
em
uma
equipe
multiprofissional
composta por químicos, físicos e farmacêuticos de diferentes programas de pósgraduação da Universidade Federal do Ceará (UFC) (Ciências Farmacêuticas, Física e Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Medicamentos) e parceria com outras universidades do Brasil e do exterior. O grupo é composto, até o presente momento, por cinco farmacêuticos (sendo quatro
doutorandas
e
um
mestrando),
três físicos (dois doutorandos e um mestrando) e uma química (doutoranda), além
pesquisa. As pesquisas realizadas pelo grupo buscam a otimização dos fármacos no estado sólido, como a promoção do aumento da solubilidade de fármacos com baixa solubilidade, melhorando sua biodis-
ponibilidade no organismo; a caracterização físico-química de novos fármacos ou de estrutura cristalina de difícil obtenção; a obtenção de informações sobre fármacos já conhecidos; a elucidação de novos polimorfos ainda não completamente estudados na literatura. O grupo também presta serviços a indústrias farmacêuticas, realizando a diferenciação de matéria30
DESTAQUE prima por difração de raios-X de pó
em seguida o estudo por cocristais com
(técnica
para
potenciais de solubilidade melhoradas ou
elucidar estruturas polimorfas), caracteri-
algumas outras características farmacêuti-
zação térmica com o uso de
cas.
extremamente
importante
calorime-
tria exploratória (DSC) e termogravimetria (TGA). Além disso, o grupo fornece informações importantes para a complementação da farmacopeia brasileira, no que consiste à algumas monografias, cuja ca-
racterização ou diferenciação se encontre incompleta ou inconforme.
Cada um dos pesquisadores trabalha com materiais diferentes visando objetivos complementares, como o estudo das técnicas de formação de cocristal, o estudo das soluções-sólidas, a implementação da química verde no desenvolvimento de novas formas cristalinas, pes-
A pesquisa em engenharia de cris-
quisa de polimorfos, otimização de IFAs
tais (caracterização de estrutura cristali-
(Ingredientes
Farmaceuticamente
Ativos)
na, pesquisa de polimorfismo, formação
com baixa solubilidade aquosa, entre ou-
de co-cristais*, entre outras) vem sendo
tros.
desenvolvida em conjunto com diversas técnicas de caracterização realizadas no Departamento de Física da UFC em cola-
boração com a University of Limerick na Irlanda, sob coordenação do Professor Doutor Michael J. Zaworotko, e com o Instituto de Física de São Carlos, sob coordenação do Professor Doutor Javier Ellena, além dos Departamentos de Farmácia e Química da UFC, que colaboram com
algumas
técnicas
complementares
para o desenvolvimento da pesquisa. A
matéria-prima
é
primeiramente
avaliada
de acordo com os parâmetros vibracionais (infravermelho e Raman), térmicos
“Estudantes de pósgraduação realizaram intercâmbios para a University of Limerick e outras universidades, que colaboram com o grupo de Engenharia de Cristais, visando o aprendizado de novas técnicas e compreensão de equipamentos.”
(DSC e TGA) e de difração (raios-X de pó). Após o estudo inicial, é realizada a busca por polimorfos em diversas condições ambientais e de solventes, dando-se * Cocristal farmacêutico se refere a um produto que possui um Ingrediente Farmaceuticamente Ativo (IFA) e outro componente chamado coformador, que interagem entre si através de ligações de hidrogênio, resultando em uma nova estrutura cristalina com propriedades diferentes do material de origem.
31
DESTAQUE Estudantes de pós-graduação reali-
mento do fármaco como forma de carac-
zaram intercâmbios para a University of
terização, sendo uma técnica não afetada
Limerick e outras universidades, que cola-
pela mudança na estrutura cristalina do
boram com o grupo de Engenharia de
fármaco, não diferenciando polimorfos.
Cristais, visando o aprendizado de novas técnicas e compreensão de equipamentos.
A área de atuação do grupo se refere à inovação de medicamentos, com novas estruturas que apresentam melho-
Uma das áreas de atuação do gru-
res propriedades farmacêuticas, além de
po que denota grande importância é a
novos medicamentos com potencial para
caracterização
polimorfismos
outras ações no organismo, o qual é pes-
(incluindo aqui os solvatos e hidratos) e
quisado em conjunto com o Departamen-
seu impacto no desempenho do fármaco.
to de
de
alguns
Um exemplo interessante se refere à perda de eficácia de alguns medicamentos contendo carbamazepina. Estudos do FDA indicaram que comprimidos de carbamazepina poderiam perder até um terço da sua eficácia, se conservados em condi-
ções úmidas.
Isto ocorre devido à forma-
ção de um dihidrato, resultando em uma má dissolução e absorção. Como o dihidrato também tem sido detectado após armazenamento sob condições ambientes, sugere-se
que
o
armazenamento
com
sachês de sílica gel pode ser necessário para evitar a deterioração física dos comprimidos de carbamazepina. Esse fármaco
apresenta o fenômeno de polimorfismo, com diversas estruturas cristalinas já elucidadas através da técnica de difração de raios-X. A partir desta informação, é debatida a importância dessa técnica como
Fisiologia e Farmacologia. Como se pode perceber, é um labo-
ratório que trabalha em colaborações nacionais e internacionais, diferenciado por ser um grupo multiprofissional inerente à vasta gama de atuação dos diversos pesquisadores. Daí sua grande importância, pois a união de conhecimentos de diferentes áreas possibilita uma vasta compreensão do material a ser estudado e um entendimento do destino que deve se tomar com este material. É possível, portanto, entender o papel do farmacêutico no
desenvolvimento
de
medicamentos,
que prossegue na cadeia dos estudos pré -clínicos, clínicos, desenvolvimento farma-
cotécnico da forma farmacêutica e seus posteriores estudos, no qual o profissional atua em cada uma das etapas de forma extremamente ativa na indústria
forma de caracterização a ser incluída na farmacopeia brasileira, pois esta bibliografia dá atenção essencialmente ao dosea32
DESTAQUE
CENTRO DE ESTUDOS EM ATENÇÃO FARMACÊUTICA PROGRAMA STEWARDSHIP: NOVA FERRAMENTA NA OTIMIZAÇÃO DA TERAPIA ANTIMICROBIANA POR
Isabel de Castro
Dr. Henry Pablo Lopes Campos Reis é farmacêutico, mestre e doutor em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal do Ceará. Especialistas em Farmácia Hospitalar pela Universidade de Brasília/Ministério da Saúde/Sociedade Brasileira Farmácia Hospitalar, realizou Curso de Extensão em Gestão Clínica pela Harvard University/USA e é técnico administrativo de nível superior da UFC e Responsável Técnico no Centro de Estudos em Atenção Farmacêutica (CEATENF)/UFC.
A
apresenta Staphylococcus aureus resisten-
descoberta dos antimicrobianos
te à meticilina, com mais de 60% com
foi um grande marco na saúde
este perfil, como também, Bacilos Gram-
mundial, diminuindo, consideravelmente, o
negativo resistentes a todos os antibióti-
número de mortes. Contudo, seu uso in-
cos, não havendo mais opções de trata-
discriminado deu início ao processo de
mento. Sabe-se que um dos facilitadores
multirresistência
considerada
desse processo é o uso irracional de an-
atualmente como uma pandemia mundial.
timicrobianos (ATM), não apenas em hos-
A multirresistência tem gerado impactos
pitais, mas também na comunidade. Neste
negativos no manejo dos pacientes com
sentido, urge a aplicação de estratégias
infecção, uma vez que acontece de forma
mais eficientes de controle e racionaliza-
mais rápida e disseminada que a desco-
ção dos ATM, uma vez que os modelos
berta de novos fármacos, repercutindo
atualmente aplicados não têm mostrado
em outro grande problema hoje enfrenta-
resultados animadores.
microbiana,
do pelos profissionais de saúde, gestores e até mesmo a população em geral: o esgotamento
terapêutico
antimicrobiano.
Como exemplo, a maioria das instituições
Surge,
assim,
o
Programa
Stewardship, um novo modelo de processo de trabalho interdisciplinar para otimizar a terapia antimicrobiana, a partir de 33
DESTAQUE estratégias que podem ser aplicadas de
entendimento, até legal, que seu papel é
forma única ou combinadas, que atuam
de provedor de Serviços Clínicos, voltado
sinergicamente em prol de melhorar o pa-
para sanar os problemas individuais rela-
drão de utilização de ATM, e por conse-
cionados à farmacoterapia.
qüência, minimizar o impacto e proliferação de cepas multirressitentes que pode
PET:
ser traduzido como “Programa de gestão
O que é o Programa Stewardship e
clínica de controle de antimicrobianos” e
quais os seus objetivos?
tem sido estimulado por órgãos internaci-
onais de referência, como a Organização Mundial da Saúde, a sua implantação nas
Henry Pablo: O Programa Stewardship de
instituições de saúde em todo o mundo.
Antimicrobianos
Neste Programa, o farmacêutico muda do seu papel de provedor logístico dos antimicrobianos e correlatos relacionados ao controle de infecção e toma à frente em parceria com o infectologista a condução do plano terapêutico para to-
mada da melhor escolha do ATM de acordo com as peculiaridades de cada usuário/paciente e faz todo o gerenciamento clínico e até mesmo econômico do processo de cuidado em cada situação enfrentada. Esse processo de ampliação clínica do papel do farmacêutico no Brasil vem
(PSA)
foi
pioneiramente
descrito por Dale Gerding, em 2001, definindo esse termo, que compreende ações estratégicas que, de forma interdisciplinar, associadas ou isoladas, geram uma racionalização dinamizada no uso de antimicrobianos, seja na seleção, indicação, do-
se, duração ou via de administração, aprimorando o manejo da terapia antimicrobiana de forma individualizada, de acordo com o perfil de cada paciente. O PSA tem como maior objetivo a otimização da terapia antimicrobiana, e em segundo plano, busca reduzir danos devido à resistência microbiana e minimizar os custos nesse cenário.
tomando força de forma recente. Diante
da Resolução do Conselho Federal de
PET:
Farmácia de número 492/ 26 de novem-
Quais os impactos do programa
bro de 2008, o Farmacêutico passou a
dentro do ambiente hospitalar?
ter um maior desempenho legitimado na parte clínica e nas comissões hospitalares. Este profissional passou a ser indis-
Henry Pablo: Segundo a OMS, as infec-
pensável no processo que envolve o Uso
ções causam 25% das mortes em todo o
Racional de Medicamentos, mas teve o
mundo e cerca de 40% nos países me34
DESTAQUE nos desenvolvidos como o Brasil; calcula-
área, estima-se que, no Brasil, 3% a 15%
se, assim, que cerca de 50% dessas
dos pacientes desenvolvem algum tipo de
prescrições sejam inadequadas e mais de
infecção hospitalar. Os indicadores são
50% do orçamento para medicamentos é
preocupantes, podemos citar que na Eu-
gasto com antimicrobianos. Dessa forma,
ropa há um gasto de 9 bilhões de euros
os impactos com a implantação do PSA
por ano, e 4 a 5 bilhões nos Estados
se alicerçam em três diferentes eixos: a)
Unidos, relacionados ao custeio das resis-
Clínicos (atingindo melhores resultados no
tências bacterianas.
tratamento proposto, com minimização da
morbimortalidade, redução da toxicidade, eventos adversos e resistência disseminada, ainda havendo o incremento das taxas
de
cura
clínica),
b)
Humanístico-
organizacional (através de uma abordagem operacional fincada na interdisciplinaridade em prol da melhoria no cuidado com garantia da qualidade assistencial) e, c)
Econômico
(aplicando
estratégias
e
processos de racionalização que repercutem em minimização de custos diretos e indiretos relacionados ao uso de ATM). PET:
Dessa forma, no âmbito hospitalar, o farmacêutico tem o papel que vai muito além da padronização dos ATM, avaliação das prescrições e logística da provisão do antimicrobiano, proposições básicas para o uso racional, mas quando se fala em PSA, o farmacêutico toma um protagonismo maior, pois lidera, com o infectologista, as ações de racionalização de forma mais dinâmica, e aplicação das estraté-
gias do Programa que sejam convenientes para cada paciente. Neste sentido, o cuidado
farmacêutico
aos
infectados
se
presta de forma mais eficiente, quando Qual papel o profissional farmacêutico exerce dentro do programa?
há uma análise personalizada de cada caso, em relação à melhor escolha do antimicrobiano,
baseado
na
efetividade,
segurança, comodidade e custos. Henry Pablo: A promoção do uso racional
Todo o trabalho é norteado por
de medicamentos é intrínseca ao farma-
protocolos clínicos e diretrizes terapêuti-
cêutico, e sua responsabilização com o
cas, onde há atuação direta do farma-
acompanhamento farmacoterapêutico indi-
cêutico desde sua definição, aplicação e
vidualizado é uma das suas principais
monitorização dos resultados a partir das
atribuições, o que foi legitimado recente-
metas propostas. Em sendo um método
mente pela Resolução 585/2013 do Con-
de gestão, há, imprescindivelmente, a ava-
selho Federal de Farmácia. Para entender
liação sistemática e contínua dos resulta-
a
dos encontrados, discussão integrada en-
importância
do
farmacêutico
nessa
35
DESTAQUE tre os atores do processo, onde nesse
pia antimicrobiana de acordo com o sta-
momento há necessidade que todo time
tus clínico do paciente atendido.
Stewardship esteja bem articulado (alta gestão institucional, corpo médico, Comissão de Controle de Infecção Hospitalar
PET:
Quais os desafios encontrados na realização deste programa?
(CCIH), Serviços de Farmácia e Microbiologia, área de Tecnologia e Informação, entre outros) e, assim, são propostas ações para melhoria dos resultados definidos
Henry Pablo: Os desafios na implantação
colegiadamente.
farmacêutico,
dessa importante ferramenta de gestão
nesse método, a elaboração de relatórios
terapêutica não são poucos. Vão desde
de gestão com o perfil de utilização dos
limitados recursos financeiros, estruturais
ATM, painel da adesão dos prescritores
e humanos, até mesmo a cultura organi-
às estratégias do programa e até mesmo
zacional da instituição para uma prática
a avaliação farmacoeconômica, com mo-
interdisciplinar, que requer maturidade de
delagem apropriada para entender o real
todos os profissionais envolvidos para o
impacto na minimização dos custos, para
pleno entendimento dos seus reais papéis
a instituição e para sociedade.
operacionais e limites éticos na promoção
Cabe
ao
das estratégias Stewardship, evitando assim, conflitos e ruídos interpessoais. Uma Na farmácia comunitária, ele atua
das dificuldades mais marcantes na efeti-
diretamente na prevenção do uso inade-
vação do modelo Stewardship é ter dis-
quado de antimicrobianos fora do eixo
ponibilização de profissionais capacitados
hospitalar, com orientação farmacêutica
com a visão de gestão clínica e estratégi-
na dispensação ao usuário/cliente, com a
ca do uso de ATM para a implantação
preocupação de avaliar a prescrição e es-
desse Programa. Em especial, se verifica
colha individualizada do antibiótico, refor-
uma barreira adicional nesse ponto quan-
çando a importância da correta adesão
to ao farmacêutico que está no mercado,
ao regime posológico, forma de adminis-
ainda distante de um profissional com a
tração/armazenamento (especialmente as
expertise clínica requerida para o Progra-
formas líquidas), analisando possíveis inte-
ma, que necessita de uma sólida forma-
rações medicamentosas e, em caso de
ção e competência voltada para o conhe-
lapsos e/ou equívocos na prescrição, fa-
cimento de farmacoterapia antimicrobiana,
zer
prescritor
habilidades de raciocínio sistemático de
(quando possível), para discutir o caso e
avaliação dos casos e atitude proativa na
promover uma seleção otimizada da tera-
sugestão das estratégias convenientes e
uma
articulação
com
o
36
DESTAQUE eficientes diante de cada situação enfren-
PET: Quais as perspectivas futuras na
saúde com a implantação do Ste-
tada.
wardship nos hospitais?
Outros complicadores que são enfrentados de forma geral são os laboratórios de microbiologia obsoletos, com pouca automatização dos resultados e recursos humanos aquém do necessário para respostas rápidas que o PSA demanda; padrão de uso de antimicrobianos institucional ainda alicerçado no empirismo e práticas tradicionalistas distante da medicina baseada em evidências; utilização de antimicrobianos de baixa qualidade, muitas vezes decorrentes de processos de aquisição que são limitados pelo menor preço específico; ou em casos de hospitais públicos ainda se vivencia o problema de acesso, com freqüentes rupturas de
estoques e em uma perspectiva mundial, a falta de incentivos à pesquisa e desenvolvimento pelas companhias farmacêuti-
Henry Pablo: O Programa Stewardship é uma ferramenta de racionalização do uso de ATM que já está sendo utilizado mundialmente, especialmente nos países de-
senvolvidos, há mais de duas décadas, com extensa literatura, evidenciando seus impactos positivos. O que se vislumbra é cada vez mais o número de hospitais com o PSA implantado e incrementado a cada ano. Sabe-se que aplicado de forma correta, com estrutura adequada e processos bem definidos, o Stewardship funciona de forma eficaz na redução do uso desnecessário de antimicrobianos e, dessa forma, diminui a resistência bacteriana e os custos do tratamento hospitalar. O Ceará é um dos pioneiros na im-
cas, de novos antimicrobianos. Além desse cenário, no âmbito comunitário, verifica-se o grande número de farmácias e drogarias que ainda é algo preocupante, cerca de quase 100.000 estabelecimentos
farmacêuticos,
número
quatro vezes maior que a OMS preconiza, o que pode ser fator facilitador da dispensação de ATM, fora dos padrões ético -legais, especialmente em Farmácias onde não há atuação efetiva do farmacêutico.
plantação desta ferramenta de gestão clínica, onde tivemos a oportunidade de estruturar a primeira área formalizada, institucionalmente, com o PSA, em nível nacional, em uma Operadora de Planos de
Saúde em Fortaleza, há 10 anos, quando pouco se sabia desse modelo no Brasil. Este
trabalho
resultou
em
importantes
melhorias no modelo de auditoria de antimicrobianos até então realizada, com execução interdisciplinar do Stewardship nos oito principais hospitais privados da cidade. Foram obtidos resultados impac37
DESTAQUE tantes com a redução no tempo de tera-
Hospitalares), uma parceria entre o CEA-
pia antimicrobiana durante a internação,
TENF (Centro de Estudos em Atenção Far-
ampliação gradativa da adesão às estra-
macêutica), Serviço de Farmácia/CCIH e
tégias como: descalonamento (regressão
Direção do Hospital das Clínicas que tem
no espectro antimicrobiano após laudo do
se mostrado bastante promissora e já te-
antibiograma),
oral
ve repercussão em nível nacional. Para
(mudança do ATM intravenoso para o
dinamizar esta ação é fundamental a rea-
oral), e redução de custos médio de qua-
lização de congressos, simpósios e cursos
se R$1.500,00/ano.
sobre o tema, maior investimento em pes-
terapia
sequencial
quisa e desenvolvimento de antimicrobianos, entendimento da importância para um adequado quadro de recursos humanos capacitados para esse fim e sua aplicação mais ampla, em nível público e privado, hospitalar e comunitário
Atualmente, o Programa tem difundido sua implantação mais acelerada no eixo Sul e Sudeste, em especial nos hospitais de São Paulo, ainda muito incipiente nas demais regiões do país. No âmbito do setor público de saúde, ainda é desa-
“O PSA tem como maior objetivo a otimização da terapia antimicrobiana, e em segundo plano, busca reduzir danos devido à resistência microbiana e minimizar os custos nesse cenário”.
fiadora a implantação do PSA diante do
cenário
de
escassez
que
enfrentamos,
mas de forma alguma isto é limitante para que sejam iniciadas ações em direção à realização do Stewardship nesse setor. Um exemplo que muito nos orgulha é a implantação em 2017, no nosso Hospital Universitário
Walter
Cantídio
da
UFC/
EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços 38
PROFISSÃO FARMACÊUTICA
O papel do farmacêutico no Serviço de Assistência Especializada em HIV/ AIDS: um cuidado muito além dos medicamentos POR
Jéssica Sales
Dra. Malena Gadelha Cavalcante é graduada em Farmácia pela Universidade Federal do Ceará, Especialista em Gestão de Assistência Farmacêutica pela Universidade Federal de Santa Catarina, Mestre em Ciência Médicas pela UFC e Doutoranda em Ciências Médicas na UFC. É docente do curso de Farmácia e Nutrição da Faculdade Maurício de Nassau, suplente da diretoria do Sindicato dos Farmacêuticos do Estado do Ceará e farmacêutica do SAE Anastácio Magalhães.
" Percebo cada vez mais que o usuário não está pautado entre processos de saúde-doença, e que se recria e se reinventa para além de um vírus ou de uma doença.” PET:
Quais as atribuições do farma-
social com o objetivo central de promo-
cêutico na atenção a indivíduos
ver o cuidado integral à saúde para que
portadores de HIV?
os mesmos possam viver e conviver com qualidade de vida. O dinamismo de no-
vos fármacos e a complexidade do trataMalena Cavalcante: O farmacêutico deve
mento medicamentoso e não medica-
fornecer
atualizados, aprimo-
mentoso evidência a importância do far-
rando, dessa forma, com habilidade e
macêutico em proporcionar acesso, infor-
orientação, a atenção às pessoas viven-
mação, escuta qualificada e uso racional
do com HIV/aids (PVHA). Busca conciliar
dos medicamentos que compõem este
as ações de assistência, promoção, pre-
seguimento.
subsídios
venção, direitos humanos e participação 39
PROFISSÃO FARMACÊUTICA ATRIBUIÇÕES: Ciclo
da
Estabelecimento Assistência
Farmacêutica,
gestão técnica, desde a seleção, programação, planejamento e aquisição, ao armazenamento, distribuição e dispensação e uso de medicamentos. Incluindo a supervisão e controle de estoque de medicamentos provenientes do Ministério da Saúde e Governo Estadual; Gestão clínica, realizar a Consulta clínica farmacêutica ou atendimento farmacêutico individual ao paciente em tratamento com antirretrovirais e infecções oportunistas,
enfatizando
aspectos
relevantes
quanto ao uso desses medicamentos, reações adversas, uso racional e adesão; Confecção de mapas (controle de estoque e boletim epidemiológicos) realizados
no Sistema de Controle Logístico de Medicamentos
(SICLOM)
para
dispensação
e
controle logístico de medicamentos antirre-
de
vínculos
com a PVHA; Trabalhar
de
formar
multi/
interprofissional, junto a outros membros do Serviço Especializado e Atenção Primária a Saúde; Referenciar e contra referenciar as PVHA aos demais serviços da rede de acordo com a sua necessidade;
Participar de Grupos de Adesão, promovendo assistência farmacêutica para
os
usuários
virgens
de
terapia
(trabalhando a importância do uso do medicamento com foco na importância da adesão), para os usuários iniciantes no uso de antirretrovirais e para os usuários com problemas de adesão; Estimular os usuários com boa adesão para serem multiplicadores em prevenção e em adesão medicamentosa e não medicamentosa.
trovirais; Confecção de mapas mensais provenientes do governo do Estado para dispen-
PET: Qual o fluxo que a pessoa diag-
nosticada
sação e controle logístico de medicamentos de infecções oportunistas; Proporcionar suporte técnico referente
às questões específicas da Assistência Farmacêutica para outras Unidades de Saúde, município e Estado, quando assim for soli-
com
HIV/aids
segue
desde o momento do diagnóstico até o início do acompanhamento e consultas periódicas? De que forma atua a
equipe inter/multiprofissional nesse processo?
citado; Participar da equipe de aconselhamento pré-teste, pós-teste e entrega de resultados de exames; Realizar a testagem rápida;
Malena Cavalcante: Após a realização do teste, seja fluido oral, rápido, ELISA ou Western blot, com dois resultados
40
PROFISSÃO FARMACÊUTICA reagentes para HIV o usuário deverá ser
panhar inicialmente mês a mês e/ou de
acolhido. Após este momento serão ofer-
acordo com a necessidade e demanda
tados serviços de acompanhamento es-
apresentada pelos usuários. A imunização
pecializados. Porém, a atenção primária-
e testes tuberculínicos são conduzidas
pode e deve acolher, além de realizar o
sob o olhar atento da enfermagem. A
manejo clínico na própria Unidade Básica
equipe deve sempre atuar de forma in-
de Saúde (UBS), ademais a Equipe de
ter/multiprofissional, pois a linha de cui-
Saúde da Família (ESF) será essencial pa-
dado é desempenhada integralmente às
ra outras atividades relacionadas ao cui-
PVHA, e decorre pulsante e viva entre
dado integral realizado pela equipe multi-
atenção primária, secundária e terciária.
disciplinar. Lembrando que o Serviço de Atendimento Especializado (SAE), nestes casos, realizará um serviço de matriciamento. Após a escolha do serviço, ocorrerá agendamento da primeira consulta. Na primeira consulta deverá ser solicita-
PET:
Quais os principais desafios para o farmacêutico que atua nessa área?
do exames como: CD4, carga viral, bioquímicos, entre outros. A média de tempo entre o diagnóstico, consulta e tratamento são 90 dias. Após realização de exames será ofertada a terapia antirretroviral, seguida da primeira consulta clínica do farmacêutico que ocorrerá mensalmente. Após avaliação e confirmação de carga viral indetectável e boa adesão, as consultas serão realizadas a cada
Malena Cavalcante: Realizar uma constru-
ção de uma aliança estratégica além de mantê-la pulsátil entre as equipes de saúde e os usuários, objetivando com isso, promover a melhora da qualidade de vida e fortalecer o impacto favorável do acesso universal ao tratamento antirretroviral.
dois meses para o acompanhamento far-
Quebrar paradigmas e rupturas de
macoterapêutico. O atendimento médico
estereótipos nas práticas do cuidado as
ocorrerá a cada três meses e após o
PVHA, principalmente dentro da atenção
controle da carga viral as consultas se-
primária com o objetivo de ampliar aces-
rão agendadas para cada seis meses.
so no acompanhamento e no tratamento.
Avaliação odontológica ocorrerá pelo me-
Esforço
para
diminuir
as
causas
nos uma vez ao ano, assim como o
subjacentes da falta de adesão, realizan-
acompanhamento ginecológicos nos ca-
do intervenções clínicas individualizadas
sos que se aplicam. O serviço social, a
com base em parâmetros específicos de
enfermagem e a psicologia devem acom-
cada usuário. O fator chave para o su41
PROFISSÃO FARMACÊUTICA cesso do tratamento do HIV é o grau
ência, capacidade de acolher e satisfa-
elevado de adesão ao tratamento antirre-
ção com o trabalho. O profissional deve
troviral. Adesão requer quebra de estigma
sempre buscar a motivação do usuário
social, aceitação, diálogo, especificidades
pelo atendimento, incentivar o autocuida-
entre
do, a autonomia e a responsabilização
grupos
heterogêneos,
vínculo
e
transpiração profissional.
consciente do seu tratamento.
Ficar atento com a medicalização da
O farmacêutico apresenta uma opor-
vida. Sempre ter cautela na perspectiva
tunidade singular no contato com o usu-
totalizadora e exacerbada em medicalizar.
ário, na qualidade de dispensador ao orientar o usuário sobre os medicamentos e suas interações e de interventor quando identifica precocemente os efeitos adversos, podendo atuar diretamente com equipe para traçar a melhor linha de cuidado.
PET:
Há correlação entre um bom relacionamento profissional paciente e a adesão ao tratamento? Você já vivenciou isso de alguma forma?
Malena Cavalcante: Há uma relação dire-
“O fator chave para o sucesso do tratamento do HIV é o grau elevado de adesão ao tratamento antirretroviral. Adesão requer quebra de estigma social, aceitação, diálogo, especificidades entre grupos heterogêneos, vínculo e transpiração profissional.”
ta entre o relacionamento interpessoal do paciente-profissional e adesão. A comunicação e clareza que o profissional dedica ao usuário afeta ou não positivamente. O relacionamento entre ambos deve
apresentar
flexibilidade,
empatia,
sensibilidade, respeito, boa vontade, paci-
Sim, vivencio isso no meu cotidiano. A estratégia de estabelecer vínculos, escuta qualificada e traçar um plano de cuidado individual vem apresentando muitos resultados positivos tanto qualitativos como quantitativos. 42
PROFISSÃO FARMACÊUTICA Em nosso serviço, apenas 7,8% dos usuários apresentam problemas com adesão. Dentre estes 33,3% estão em acompanhamento paralelo no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-AD). A fala expressada por muitos usuários sobre sua condição sorológica é renovadora, poderia citar uma destas como: “ O vírus me deu a vida, pois hoje me sinto cuidada e com saúde.” PET:
Como é a aceitação dos demais profissionais em relação ao farmacêutico integrado à equipe de cuidado?
Malena Cavalcante: Acrescentou inegável valor aos meus conhecimentos, ampliou meu olhar, principalmente no incentivo ao exercício da cidadania no âmbito da saúde. Oportunizou-me valorar ainda mais a percepção do sujeito e suas diversas faces enquanto ser humano, podendo reconhecê-lo
como
um
processo
vivo
em
construção, afetado coletivamente, inclusive por nós farmacêuticos ou por uma equipe de saúde. Percebo cada vez mais que o usuário não está pautado entre processos de saúde-doença, e que se re-
Malena Cavalcante: Os demais profissionais enxergam o farmacêutico como parte essencial da equipe, principalmente no
que se refere a adesão, reações adversas a medicamentos e interações. A nossa colaboração promove relações e inte-
cria e se reinventa para além de um vírus ou de uma doença. Através do serviço da prática clínica pude romper as barreiras logísticas e proporcionar um olhar
voltado ao cuidado, promover qualidade de vida e bem-estar às PVHA
rações nas quais os profissionais partilham conhecimentos e habilidades entre si, com o objetivo de proporcionar melhor atenção ao paciente. Demonstra não só a melhor qualidade no uso do medicamento, mas tem revelado melhores resultados
terapêuticos
e
proporcionado
maior qualidade de vida para este usuário.
PET: Como você descreveria a experi-
ência
adquirida
no
Serviço
de
Atenção Especializada (SAE)?
43
PROFISSÃO FARMACÊUTICA
O Farmacêutico na Farmácia Industrial POR
Pedro Ribeiro e Isabel de Castro
Dr. Felipe Moreira de Paiva é farmacêutico pela Universidade Federal do Ceará e mestrando no Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas da UFC. Tem experiência na área de farmácia industrial, trabalhou nas empresas multinacionais MSD Saúde Animal (Merck Sharp and Dohme) e Fresenius Kabi.
”O requisito essencial para quem trabalha na farmácia industrial, assim como para muitas outras áreas da farmácia, é a liderança" PET:
Como e porquê você começou a
nunca havia estagiado fora da faculdade
atuar na área da indústria farma-
e começar estagiando em uma empresa
cêutica?
multinacional seria uma ótima oportunidade para mim. Isso aconteceu durante
Felipe Moreira: A minha história na far-
o meu sétimo semestre, no ano de 2012.
mácia industrial aconteceu por “acaso”. Eu nunca pensei em atuar na área industrial. Na verdade, ainda no início do curso de farmácia, eu não sabia da existência da área. Comecei a atuar na área quando uma grande amiga terminou o
PET:
Quais
conhecimentos
profissio-
nais você acredita serem indispensáveis para quem deseja seguir essa carreira?
contrato de estágio em uma empresa multinacional e me comunicou da vaga.
Felipe Moreira: Bom, primeiramente preci-
A partir deste momento, surgiu a oportu-
so dizer que a indústria farmacêutica é
nidade e
o
interesse aumentou,
pois 44
PROFISSÃO FARMACÊUTICA um mundo enorme. É preciso conheci-
inovar no ambiente de trabalho), a tole-
mento em várias áreas da farmácia, a
rância (importante para saber lidar com
depender exatamente de que tipo de tra-
diferentes tipos de pessoas), saber traba-
balho você vai desenvolver. Entretanto,
lhar sob pressão (extremamente impor-
há algumas disciplinas que considero bá-
tante, pois o ritmo da indústria é muito
sicas para a formação do farmacêutico
corrido), entre outros.
que pretende trabalhar na indústria: química geral, analítica, inorgânica, orgânica e fisíco-química, microbiologia, controle
de qualidade de medicamentos, garantia
PET: Você recomenda algum curso pa-
ra quem deseja seguir essa área?
da qualidade de medicamentos, produção de medicamentos e processos de validação industrial. Algumas disciplinas podem
Felipe Moreira: Não há nenhum curso es-
ser acrescentadas para complementar a
pecífico, uma vez que, infelizmente, os
formação, mas acredito que estas cita-
cursos na área da farmácia industrial
das são essenciais para quem buscar
são quase inexistentes no Ceará. Podem
trabalhar na indústria farmacêutica.
ser feitos cursos gerais que algumas universidades e instituições de ensino superior ofertam, como, por exemplo, ferra-
PET:
Em relação a requisitos pessoais,
mentas de gestão da qualidade, proces-
qual o perfil de um bom farma-
sos de validação industrial, ferramentas
cêutico industrial?
diversas, como o microsoft office, entre outros. Existem, também, alguns cursos que podem ser realizados online, que
Felipe Moreira: O requisito essencial para
sindicados e outros grupos oferecem via
quem trabalha na farmácia industrial, as-
internet. Aproveito para frisar, também, a
sim como para muitas outras áreas da
importância de outros idiomas para for-
farmácia, é a liderança. O farmacêutico,
mação profissional, principalmente o in-
muitas vezes, nos diversos ambientes que
glês e o espanhol, uma vez que há mui-
trabalha, deve exercer o papel de líder,
tas indústrias farmacêuticas multinacio-
de gestor, uma vez que é provável que
nais no Brasil, principalmente na região
precise comandar uma equipe inteira. As-
Sul/Sudeste.
sim, é necessário desenvolver bem essa característica para lidar com o mercado de trabalho. Outras características essenciais são a proatividade (importante para 45
PROFISSÃO FARMACÊUTICA PET:
Como é o dia a dia de trabalho do farmacêutico dentro da in-
PET: Em sua opinião, é essencial ter
experiência para atuar na área ou
dústria?
também existe lugar para os profissionais recém-formados?
Felipe Moreira: Pode-se dizer que o dia a dia do farmacêutico dentro do ambiente
Felipe
Moreira:
industrial é bem dinâmico. Diariamente
área é essencial para uma boa atuação.
você precisa realizar atividades de rotina,
Entretanto, ressalto que há espaço para
como revisão de procedimentos, envio de
todos no ambiente industrial. A indústria
relatórios, checagem de aparelhos, a de-
te proporciona um crescimento enorme e
pender da sua função. Além disso, é ne-
é necessário que você comece na base
cessário lidar com desafios que aconte-
para alcançar cargos mais elevados. Em-
cem no dia a dia e, acredite, eles não
presas sérias, que estão no mercado há
são poucos! Sempre há um caso atípico
anos, proporcionam o que chamam de
a ser solucionado, e isso, infelizmente, a
“planos de cargos e carreiras”, onde o
gente não aprende na faculdade. É só o
profissional pode ir crescendo na empre-
dia a dia que vai nos mostrar essa reali-
sa
dade e como reagir diante dela. É neces-
anos de experiência. Assim, é completa-
sário entender que nós farmacêuticos es-
mente possível que um farmacêutico re-
tamos no ambiente da indústria principal-
cém-formado possa atuar na área. Aqui
mente para solucionar problemas. Somos
ressalto, porém, a importância do estágio
nós que detemos o conhecimento técni-
extra-curricular. Se você faz um estágio
co para lidar com as mais variadas situ-
extra-curricular na área, ainda durante a
ações, aliado, logicamente, a outras ca-
faculdade, as suas chances de entrar no
racterísticas pessoais. Aqui ressalto, tam-
mercado da indústria farmacêutica são
bém, a importância de outros profissio-
aumentadas em muitas vezes se compa-
nais, como engenheiros, químicos, admi-
rado, por exemplo, a um farmacêutico
nistradores, entre outros, para o desem-
recém-formado que nunca teve experiên-
penho excelente das funções diárias, pois
cia na indústria. Esse foi o meu caso e
sempre é necessária uma equipe multi-
acredito que o estágio foi essencial para
disciplinar para complemento do ambien-
a minha contratação.
dependendo
Sim, a experiência na
das
suas
aptidões
e
te de trabalho.
46
PROFISSÃO FARMACÊUTICA PET: Você recomendaria essa área para
futuros
profissionais
farmacêuti-
cos? Por quê?
Sim, recomendaria com toda certeza. A área da farmácia industrial, para o profissional que gosta, é uma ótima área! A
agrotóxicos, químicos, entre outras. Então, sim, é uma área que recomendo as pessoas que querem se especializar nela.
PET: Qual a contribuição da sua experi-
ência na indústria farmacêutica pa-
ra sua vida profissional?
gente aprende muito, cresce bastante,
não só profissionalmente falando, mas também pessoalmente. A área industrial
Felipe Moreira: A contribuição é extrema-
é o futuro, ainda mais levando em consi-
mente positiva, tanto no meu crescimen-
deração que cada vez mais temos indus-
to profissional como pessoal, como dito
trias farmacêuticas nacionais especializa-
anteriormente. Trabalhar na indústria me
das. Para se ter uma noção, foi criada,
fez expandir os meus horizontes quanto
no ano de 2016, a primeira residência
ao universo farmacêutico, pois na indús-
em indústria farmacêutica por uma Uni-
tria temos contato com a legislação vi-
versidade da Região Centro-Oeste, junta-
gente, com outras empresas, hospitais,
mente com uma indústria nacional, para
com os pacientes, entre outros, o que
especialização e qualificação de profissi-
nos deixa a clara importância do nosso
onais farmacêuticos que desejam ingres-
papel social como farmacêutico industrial.
sar na área. E isso é só um dos fatores
Assim, a indústria é recomendada a to-
que demonstram que a indústria farma-
dos que buscam conhecimentos novos,
cêutica é uma área promissora. Além dis-
crescimento e satisfação pessoal e pro-
so, muitas indústrias multinacionais, co-
fissional
mo já citei anteriormente, estão em solo brasileiro, o que aumenta as oportunidades para pessoas que gostariam de tra-
Gostaria,
por
ao
fim,
de
grupo
agradecer
balhar fora do país. Conheço casos de
imensamente
PET/UFC-
pessoas que começaram em indústrias
Farmácia, em especial a querida profes-
farmacêuticas aqui no Ceará e hoje es-
sora Dra. Nádia Accioly, pela oportunida-
tão ganhando o mundo. Além disso, a
de de explanar um pouco acerca da rea-
área industrial não se restringe a indús-
lidade da indústria para os futuros far-
tria de medicamentos, podendo o farma-
macêuticos. Fui um petiano e sei que to-
cêutico, também, atuar em indústrias de
do o aprendizado adquirido no PET foi
alimentos, materiais médicos e correlatos,
essencial para minha formação. Espero 47
PROFISSÃO FARMACÊUTICA que o grupo continue realizando as suas atividades com a excelência de sempre e com a excelência de sempre e que continue crescendo e inovando cada vez mais.
Fonte: http://rs2.com.br/rs2-implanta-8s-na-fresenius-kabi
48
PROFISSÃO FARMACÊUTICA
O Farmacêutico nas Análises Clínicas POR
Thaynara Freitas
Dra. Larissa Queiroz Rocha, 2º Tenente – Adjunto de Laboratório do Hospital Geral de Fortaleza do Exército – HgeF, é Mestre em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal do Ceará.
portagem que falava das primeiras muPET:
Por que as Análises Clínicas?
lheres que ingressaram na carreira das forças armadas, fiquei encantada com o que li e desde então sempre tive curiosi-
Larissa Rocha: Devido ao leque de áreas em que o Farmacêutico Bioquímico pode atuar, associado aos interesses e aptidões pessoais. Foi no laboratório clínico que me senti mais confortável e apta para trabalhar.
dade sobre as formas de ingresso. Ao cursar a faculdade tive a oportunidade de fazer o estágio curricular de análises clínicas no HGeF, e aquilo pra mim foi uma experiência sensacional. Estagiar em um lugar onde se tem o contato direto com os analistas clínicos, que não existem técnicos na área interna e aprender que os profissionais fazem muito mais
PET:
que liberar resultados foi enriquecedor e Por que o Exército?
bastante gratificante. Nesse período eu juntei a admiração pelas forças armadas com a possibilidade de aplicação da minha área de formação.
Larissa Rocha: Porque o diferente sempre me encantou. Aos 13 anos vi a uma re49
ENTREVISTA PROFISSÃO FARMACÊUTICA PET: Há quanto tempo você trabalha no
Larissa Rocha: A fase de treinamento de-
HGeF? Quais foram às experiências
nomina-se de EAS (Estágio de Adaptação
mais exitosas já alcançadas?
ao Serviço) que engloba 12 meses, sendo dividido em duas etapas. A 1ª Fase (45 dias), que é aquela de instrução téc-
Larissa
Rocha:
Certamente
nico-militar para adaptação ao convoca-
passar pela 1ª fase do Estágio de Adap-
do para a vida militar e a 2ª Fase de
tação ao Serviço. Foram os 45 dias mais
aplicação de conhecimentos técnicos ba-
intensos de toda a minha vida em que
seados na especialidade de convocação
tudo era novidade, saber utilizar uma
na
bússola e desmontar uma pistola e atirar
ocorre anualmente por um período máxi-
nunca
O
mo de 8 anos. Como experiência mar-
mais difícil foi o acampamento de três
cante definitivamente o acampamento foi
dias na serra de Maranguape, que para
o que mais surpreendeu.
passou
Três
pela
anos.
minha
cabeça.
Organização
Militar.
A
renovação
chegar até lá tivemos que ir a pé. Nos alimentávamos de rações especiais e tínhamos apenas 5 minutos por dia para banho sendo este “suficiente” para a re-
PET: Quais as atribuições de um analis-
ta clínico no HGeF?
tirada de toda a poeira e lama que cobria o nosso corpo. A dormida era curta e sem conforto, usávamos apenas um
Larissa Rocha: Todas as atribuições ne-
saco de dormir, tinham muitos insetos e
cessárias para um analista clínico do
o receio de que pudesse passar uma co-
meio civil junto com as atribuições de
bra ou outro animal na nossa tenda era
todos os oficiais militares de qualquer
enorme. Depois disso a gente passa a
Organização Militar.
valorizar cada minuto que a gente tem no conforto da nossa residência e amizade e carinho de familiares. PET: Qual sua titulação atual no HGeF? PET:
Como foi e quanto tempo durou sua fase de treinamento antes de ser efetivada no HGeF? Relate-nos
Você exerce as funções desse car-
go, além das de um analista clínico?
suas experiências mais marcantes.
Larissa
Rocha:
Hoje
sou
2º
Tenente 50
PROFISSÃO FARMACÊUTICA (OFT), Adjunto de Laboratório. Temos vá-
PET: Quais desafios você tem enfrenta-
rias missões tanto no meio civil quanto
do no HGeF?
militar. Participamos de campanhas de orientação da população, representação em eventos civis e militares, como por exemplo, em shoppings, praças, desfile de 7 de Setembro. Participamos de comissões diversas como controle de infecção hospitalar, fiscalização de contratos,
exames
de
contracheque,
sindicâncias
dentre outras atividades. *OFT – Oficial Farmacêutico Temporário.
Larissa Rocha: Hoje no LAC contamos com apenas seis profissionais farmacêuticos bioquímicos, sendo um na chefia e cinco na área técnica, quando na realidade precisaríamos de pelo menos sete na bancada para atender uma demanda de quase 25 mil exames por mês. Entramos em uma fase de implantação de novos equipamentos e novas metodologias, tudo para melhor atender os usuários do laboratório.
PET: Conte-nos sobre a sua jornada de
trabalho no HGeF.
Que conselhos você daria para quem PET:
tem
interesse
em
trabalhar
no
HGeF como um farmacêutico especializado em análises clínicas?
Larissa Rocha: Não existe horário regulamentado para militares, nós somos militares 24 horas por dia e temos que estar sempre prontos para quaisquer ocor-
Larissa Rocha: Construir um bom currícu-
rências. Profissionais da saúde trabalham
lo é o primeiro passo, aliado a experiên-
uma jornada mínima de 30 horas sema-
cia profissional na área de formação.
nais, os analistas clínicos pegam mais
Sempre estar atento às publicações rela-
uma escala de plantão de 12 horas uma
cionadas ao Serviço Militar de cada regi-
vez por semana mais uma de 24 horas
ão do Brasil. O Ceará pertence a 10ª
uma vez ao mês aos finais de semana.
Região Militar e está vinculado ao Comando Militar do Nordeste. Normalmente é lançado um edital uma vez por ano
51
PROFISSÃO FARMACÊUTICA onde o candidato pode concorrer vagas nas três forças, Marinha, Exército ou Aeronáutica
52
PROFISSÃO FARMACÊUTICA
O Farmacêutico e a Segurança do Paciente POR
Eugenie Néri
Dra. Eugenie Desirèe Rabelo Néri, Farmacêutica Hospitalar do Setor de Vigilância em Saúde e Segurança do Paciente da Maternidade Escola Assis Chateaubriand da Universidade Federal do Ceará, é farmacêutica e mestre em Ciências Farmacêuticas pela UFC, especialista em Gestão Hospitalar pela Escola Nacional de Saúde Pública e doutoranda em Ciências Farmacêuticas pela UFC.
"Dos desafios globais, propostos pela Organização Mundial da Saúde, aos desafios cotidianos de realizar as mudanças para enfrentar: os riscos, o farmacêutico atua de forma estratégica, em parceria com os demais profissionais da saúde." Cuidar, tratar e assistir são ações
elevados aos pacientes e aos profissio-
praticadas pelo farmacêutico e por mi-
nais que, na busca do alívio da dor, do
lhares de abnegados profissionais de sa-
diagnóstico dos males, e da cura das
úde em todo o mundo. O cuidado dis-
doenças, gerou, involuntariamente algum
pensado, porém, guarda em si, riscos
grau de dano.
muitas vezes associados ao uso de tecnologias. Estes riscos necessitam de mapeamento e de ações que os previna ou os contingencie evitando que atinjam os pacientes.
Hipócrates em seus aforismos já
bradava “primum non nocere”, lembrando a todos os profissionais a necessidade de considerar em suas decisões os riscos impelidos aos pacientes, incorporan-
Em idos remotos, no princípio da
do à prática do cuidado, o princípio da
prática da assistência à saúde, o escas-
não maleficência, marcando com seu tra-
so conhecimento, associado ao espírito
balho, o fim das práticas ancoradas no
investigativo,
misticismo, introduzindo a ciência basea-
certamente
impôs
riscos
53
PROFISSÃO FARMACÊUTICA da na observação clínica. Todas essas
paciente.
ideias apontavam para o caminho certo. Galeno, considerado pai da farmácia, dedicado discípulo de Hipócrates, aprimorou técnicas e também apontou caminhos rumo à assistência mais segura e baseada em evidências. Seguiram-se a estes outros importantes homens e mulheres que produziram ciência e informa-
ção, construindo o que hoje chamamos de evidências. Os riscos sempre fizeram parte da assistência à saúde, porém a forma como lidamos com estes tem modificado ao longo dos anos, principalmente nas últimas duas décadas, pois o mundo tem olhado para os danos decorrentes da assistência à saúde vislumbrando a pos-
sibilidade de evitá-los, requerendo dos profissionais
que
promovam
mudanças
nas práticas e que estas resultem em vidas salvas.
No caminhar histórico, muitos cientistas contribuíram para a formação de um vasto arsenal de evidências, que nos permite escolher, com menor grau de incerteza, o melhor caminho a seguir na práxis farmacêutica e assim, contribuir, nos mais variados campos de atuação profissional, para a segurança do paciente. A Farmácia, que em seus múltiplos encontros clínicos permite o exercício de uma arte voltada ao cuidar, tem na prática da assistência segura, seu alicerce, possibilitando, com o protagonismo do farmacêutico, a provisão de informações que permitem o manejo dos medicamentos com maior grau de segurança; a indicação do momento certo de introduzir ou suspender o uso de um fármaco; a orientação sobre composição, excipientes, interações,
incompatibilidades,
diluição,
O novo olhar sobre os riscos tem
velocidade de infusão e a análise de
sido dirigido à necessidade de entender
amostras biológicas, provendo informa-
como
ções que apoiam decisões.
os
eventos
adversos
ocorrem,
quais condições são pressupostos do aumento ou diminuição do risco, quais bar-
reiras podem ser introduzidas no processo assistencial para impedir que um dano seja causado e quais comportamentos podem contribuir para a segurança do paciente. A compreensão dos riscos possibilita a busca de mecanismos para
Dos desafios globais, propostos pe-
la Organização Mundial da Saúde, aos desafios cotidianos de realizar as mudanças para enfrentar os riscos, o farmacêutico atua de forma estratégica, em parceria com os demais profissionais da saúde.
sua eliminação ou controle, aumentando
Como parte do processo evolutivo,
as chances de êxito na assistência ao
no Brasil, foi instituído por meio da Por54
PROFISSÃO FARMACÊUTICA taria No 529, de 01/04/13, o Programa
segurança do paciente, cuja atuação do
Nacional de Segurança do Paciente, esta-
farmacêutico é vista como orgânica, pos-
belecendo metas a serem cumpridas em
to que este profissional possui o dever
todos os estabelecimentos de saúde. No
de contribuir para a boa prescrição, por
cumprimento das metas de segurança do
meio do fornecimento de informações
paciente, a participação ativa do farma-
baseadas em evidências; para a educa-
cêutico é vislumbrada em todas as me-
ção
tas.
meio da participação na elaboração de Na identificação segura do paciente
em prescrições, amostras biológicas, laudos, nos medicamentos manipulados e dispensados, na identificação de alergia e na rastreabilidade do medicamento, da sua aquisição até seu uso pelo paciente, a ação do farmacêutico pode ser sentida. Quando a comunicação segura é abordada,
o
farmacêutico
desempenha
papel fundamental junto a equipe, elucidando dúvidas, fornecendo informações e participando ativamente de capacitações e atualizações do corpo técnico do estabelecimento
de
saúde,
estimulando
a
adequada comunicação entre os membros da equipe, principalmente nos pontos de transição do cuidado, além de estimular a comunicação dos riscos, para
dos
prescritores,
por
protocolos clínicos e; para a formação
de novos profissionais. Ainda nessa meta, cabe ao farmacêutico a condução da análise de prescrições, identificando os riscos existentes, interagindo com o prescritor, dirimindo dúvidas e propondo alternativas terapêuticas, integrando a força tarefa do cuidado seguro. O farmacêutico realiza ainda, o aviamento
e
dispensação
dos
fármacos,
provendo a devida orientação para o preparo e uso, com a qual a enfermagem, o familiar, o cuidador ou o próprio paciente, continuará o processo assistencial. Esta meta requer ainda do farmacêutico, o monitoramento de reações adversas a medicamentos e de queixas técnicas
relacionadas
aos
fármacos,
por
meio da prática da farmacovigilância.
que formas de prevenção possam ser planejadas.
permanente
No campo da cirurgia segura, o
Estes riscos, principalmente
farmacêutico participa aplicando as boas
os associados ao uso de medicamentos
práticas de seleção e aquisição de medi-
potencialmente
camentos e produtos para a saúde, con-
perigosos,
recebem
o
olhar atento do farmacêutico. Melhorar a segurança na prescrição, no uso e na administração dos medicamentos é outra importante meta de
tribuindo para a cirurgia livre de danos, em virtude da aquisição de produtos que atendem ça.
aos
requisitos
de
seguran-
Realiza também o acompanhamento 55
PROFISSÃO FARMACÊUTICA “Na identificação segura do paciente em prescrições, amostras biológicas, laudos, nos medicamentos manipulados e dispensados, na identificação de alergia e na rastreabilidade do medicamento, da sua aquisição até seu uso pelo paciente, a ação do farmacêutico pode ser sentida.”
turna por uma assistência à saúde mais segura. A prática dessa meta é vivenciada pelo farmacêutico no momento anterior e posterior à manipulação dos fármacos, realização de análises de amostras biológicas; na realização do processo de dispensação
dos
medicamentos;
antes,
durante e depois do contato com cada paciente; e integra as práticas de educa-
ção em saúde dirigidas aos pacientes, familiares, cuidadores e demais profissionais da saúde. Orientar sobre a escolha do produto correto para a higienização das mãos, analisando cada condição em que esta
do manejo destas tecnologias, identifi-
ação é requerida e avaliar a qualidade
cando, notificando e acompanhando, na
técnica de produtos, sua diluição, estabi-
etapa de pós-comercialização dos medi-
lidade, toxicidade e compatibilidade, são
camentos, produtos para a saúde e sa-
algumas das muitas tarefas realizada por
neantes, as suas falhas, praticando a fár-
farmacêuticos e que contribuem para o
maco e tecnovigilância. No centro cirúrgi-
cuidado mais seguro em estabelecimen-
co, o farmacêutico também contribui rea-
tos de saúde.
lizando a provisão do antibiótico certo ao paciente certo, conforme protocolo institucional, e no despertar da atenção do demais profissionais para a importância de um manejo judicioso dos medica-
mentos potencialmente perigos. A meta de realizar e difundir as
Quando relatamos a participação do farmacêutico na redução de quedas e lesão por pressão, lembramos que nas atividades clínicas e de dispensação, os pacientes
que
utilizam
medicamentos,
que podem causar torpor, sonolência e redução/perda dos reflexos motores po-
boas práticas de higiene das mãos para
dem
ser
identificados,
prevenir infecções, é abraçada pelo far-
adoção
macêutico, por meio da adoção da lava-
quedas. Já no campo da prevenção de
gem de mãos e da aplicação da técnica
lesões, os farmacêuticos podem manipu-
correta, do produto correto e dos mo-
lar produtos que contribuem para a per-
mentos corretos, integrando a busca diu-
manente saúde da pele, além da avalia-
de
medidas
favorecendo preventivas
a
para
56
PROFISSÃO FARMACÊUTICA ção e seleção de coberturas adequadas,
profissional que tem por missão atuar
contribuindo para a prevenção de lesões.
preventivamente sobre as causas e edu-
No desenvolvimento das múltiplas tarefas no campo da segurança do paciente, as atividades de identificação e notificação
de
eventos
ou
quase
erros
constituem também, parte importante da práxis farmacêutica, contribuindo com os órgãos reguladores para a permanente vigilância e prevenção de danos. Nesta colaboração, o farmacêutico participa do núcleo de segurança do paciente, da comissão de prevenção de infecções, da comissão de avaliação de tecnologias, da comissão de farmácia e terapêutica, da comissão de suporte nutricional, entre outras, atuando em pontos distintos das metas de segurança do paciente propos-
tas pelo Ministério da Saúde.
car para práticas seguras, contribuindo para a articulação, integração e contínua melhoria dos processos de cuidado multiprofissional; aprimorando o uso das tecnologias na assistência aos pacientes; realizando a disseminação da cultura de segurança aos demais profissionais da
saúde, pacientes e familiares; promovendo ações, articulando e integrando os processos de gestão de riscos, instituindo mecanismos para identificar e avaliar a existência de não conformidades nos processos de trabalho e uso de insumos e equipamentos, com impacto sobre a segurança do pacientes, propondo barreiras, ações preventivas e corretivas, bem como o cumprimento das boas práticas de assistência em saúde e as boas práticas da assistência farmacêutica.
“No campo da cirurgia segura, o farmacêutico participa aplicando as boas práticas de seleção e aquisição de medicamentos e produtos para a saúde, contribuindo para a cirurgia livre de danos, em virtude da aquisição de produtos que atendem aos requisitos de segurança.” O
farmacêutico
é,
portanto,
Diante do exposto, ratifica-se a importante
participação
do
farmacêutico,
como parte estratégica da complexa engrenagem do processo de assistência segura à saúde
um 57
ENTREVISTA ENTREVISTA
Biotérios: utilizando animais em investigação e docência POR
Ana Cláudia Mariano
Profa. Dra. Adriana Rolim Campos Barros é docente da Universidade de Fortaleza. Graduada em Farmácia pela Universidade Federal do Ceará, possui mestrado, doutorado e pós-doutorado em Farmacologia pela UFC. Tem como área de atuação a Farmacologia Foto: Ares Soares
“O Núcleo de Pesquisa em Biologia Experimental (Nubex) é um complexo voltado para experimentação com animais de pequeno e médio porte, envolve um biotério de produção, laboratórios de pesquisa voltados para estudos de biologia molecular” PET:
O que é um biotério?
(Nubex)
da
Universidade
de
Fortaleza
(Unifor) fornece ratos e camundongos com qualidade genética e sanitária, seAdriana Rolim: O biotério é o local onde
guindo os preceitos éticos para garantir
são criados e/ou mantidos animais vivos
o bem-estar dos animais. Para solicitar
de qualquer espécie, para que posterior-
os animais, todos os projetos (pesquisa
mente sejam utilizados em experimentos
ou docência) devem ter aprovação da
científicos.
Comissão de Ética no Uso de Animais.
PET:
Como funciona um biotério?
PET:
Quais tipos de animais compõem o biotério e qual a finalidade destas criações?
Adriana Rolim: O biotério de produção do
Núcleo
de
Biologia
Experimental 58
ENTREVISTA ENTREVISTA Adriana Rolim: O tipo de animal depende
Adriana Rolim: Os animais podem ser uti-
do tipo de pesquisa que é realizada na
lizados para diferentes finalidades, tais
instituição. No caso da Unifor, as espé-
como o desenvolvimento de vacinas, de
cies são ratos Wistar e camundongos
medicamentos, de rações, de técnica ci-
(Swiss, Balb/c,Balb/c nude C57BL/6 e
rúrgica, etc.
APOE knockout. Estas espécies atendem aos diferentes tipos de pesquisa realizadas na Unifor e em outras instituições.
PET:
PET:
Como surgiu o interesse em trabalhar com animais?
Como é realizado o tratamento dos animais?
Adriana Rolim: Meu interesse em trabalhar com a pesquisa utilizando animais de laboratório é anterior ao meu ingres-
Adriana Rolim: No Nubex, a infraestrutura
so no curso de Farmácia. Na verdade,
é adequada para a produção e a manu-
este foi um motivador para a escolha do
tenção de animais sanitariamente defini-
curso.
dos ou Specified Pathogen Free (SPF). Os procedimentos estabelecidos têm como objetivo a garantia do padrão de qualidade dos animais, impedindo a entrada
PET:
Fale um pouco sobre o biotério da UNIFOR
de patógenos indesejáveis. Na produção, os materiais são esterilizados ou desinfetados. Nas salas para manutenção de
Adriana Rolim: O Núcleo de Pesquisa em
animais, são utilizados microisoladores,
Biologia Experimental (Nubex) é um com-
permitindo um melhor controle sanitá-
plexo voltado para experimentação com
rio.
As variáveis ambientais (temperatura,
animais de pequeno e médio porte, en-
umidade relativa e trocas de ar) são
volve um biotério de produção, laborató-
controladas e monitoradas continuamen-
rios de pesquisa voltados para estudos
te, bem como é realizado o controle de
de biologia molecular e do desenvolvi-
poluentes, odores e contaminantes.
mento, bioquímicos e farmacológicos com animais (ensaios não clínicos, cultura de células e embriões, gaiolas metabólicas,
PET:
Quais tipos de estudos são reali-
microscopia, entre outros), salas de cirur-
zados com os animais de bioté-
gia experimental voltadas para animais
rio?
de médio porte (caprinos, ovinos, suínos 59
ENTREVISTA ENTREVISTA e bovinos pequenos), além de salas de quarentena e baias de contenção de animais de médio porte e sala de aula
60
ENTREVISTA
Profissional Farmacêutica com ênfase em plantas medicinais POR
Ana Cláudia Mariano
Dra. Elizama Shirley Silveira é farmacêutica e mestre em ciências farmacêuticas pela Universidade Federal do Ceará. É doutoranda em ciências farmacêuticas pela UFC, trabalha no Centro de Estudos Farmacêuticos e Cosméticos da UFC e tem como área de atuação a fitoterapia e tecnologia farmacêutica.
“É importante ressaltar que é um mito dizer que “se é natural não faz mal”. As plantas medicinais e os medicamentos fitoterápicos podem causar diversas reações como intoxicações, enjoos, edemas e até a morte, como qualquer outro medicamento”. PET:
O que são plantas medicinais?
Elizama Shirley: O fitoterápico é o produto final da industrialização empregandose exclusivamente derivados de droga vegetal (extrato e tintura, por exemplo)
Elizama
Shirley:
As
plantas
medicinais
são aquelas capazes de aliviar ou curar enfermidades e são usadas tradicionalmente como remédio em uma população.
oriundos de plantas medicinais. Então, a principal diferença entre plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos é que
estes passam por processos de industrialização, enquanto aquelas ainda não sofreram nenhum tipo de beneficiamento. É
PET:
Qual a diferença entre fitoterápicos e plantas medicinais?
importante enfatizar que medicamentos fitoterápicos
industrializados
só
devem
ser comercializados depois de registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). 61
ENTREVISTA PET: O que são as farmácias vivas? E
quais os modelos existentes?
acordo com as Boas Praticas de Preparação de Fitoterápicos (BPPF).
Elizama Shirley: Farmácias Vivas é um projeto que promove a assistência social
PET:
Quais os principais cuidados com o uso de plantas medicinais?
farmacêutica à comunidade baseado no uso científico de plantas medicinais e de
Elizama Shirley: É importante ressaltar
acordo com recomendações da Organi-
que é um mito dizer que “se é natural
zação Mundial da Saúde (OMS).. Foi ide-
não faz mal”. As plantas medicinais e os
alizado há mais de três décadas pelo
medicamentos fitoterápicos podem causar
Professor Dr. Francisco Jose de Abreu
diversas reações como intoxicações, en-
Matos da Universidade Federal do Ceará
joos, edemas e até a morte, como qual-
(UFC). De acordo com a Regulamentação
quer
Estadual, as unidades Farmácias Vivas
plantas medicinais, faça-o em uma far-
podem ser organizadas de acordo com
mácia ou um herbário, com embalagem
os três modelos:
que traga o nome científico da planta e
medicamentos
à
base
de
plantas
FARMÁCIA VIVA I. Destina-se a realizar o cultivo e garantir a comunidade acesso às plantas medicinais “in natura” com a instalação de hortas em unidades de Farmácias Vivas comunitárias e unidades do Sistema Único de Saúde (SUS).
outro
medicamento.
Ao
adquirir
que seja beneficiada de forma adequada. Os produtos comercializados na rua ou expostas ao ar livre podem não conter o princípio ativo desejado ou fazer mal a saúde por estarem contaminadas com microorganismos ou fungos. Se for coletar plantas medicinais “in natura”, nunca
FARMÁCIA VIVA II. Neste modelo, a planta
colete próximo de locais que possam ter
medicinal passa por beneficiamento pri-
recebido agrotóxicos, lixo ou locais poluí-
mário o que resulta na produção de
dos e procure conhecer a parte correta
plantas medicinais secas (droga vegetal),
a ser utilizada da planta, assim como a
que são destinadas ao provimento das
forma adequada de uso. Entre os cuida-
unidades de saúde do SUS.
dos que se deve ter: evitar o uso de
FARMÁCIA VIVA III. Este modelo se destina à preparação de “fitoterápicos padronizados” para o provimento das unidades do SUS, preparados em áreas especificas para
as
operações
farmacêuticas,
plantas medicinais murchas, mofadas ou antigas; não armazenar por um longo período, pois podem perder os seus efeitos; evitar misturas de plantas medicinais.
de 62
ENTREVISTA PET:
Quais os benefícios do uso de
ção do fármaco, devido a compostos da
planta
planta que causam indução ou inibição
medicinal
e
fitoterápico
para a saúde da população?
das enzimas responsáveis pelo metabolismo. Como resultado, pode-se observar a exacerbação dos efeitos farmacológicos
Elizama Shirley: As vantagens decorrentes
e o surgimento de efeitos adversos nor-
do uso de plantas medicinais e fitoterá-
malmente não manifestados quando o
picos são frequentemente mais aponta-
fármaco
das do que as desvantagens e referem-
Sabendo disso, é imprescindível relatar
se, principalmente, à acessibilidade, à fá-
ao médico o uso de plantas medicinais
cil manipulação (possibilidade de prepa-
e\ou medicamentos fitoterápicos.
é
administrado
isoladamente.
ração caseira), à eficácia e efeitos colaterais reduzidos, além do estímulo a hábitos saudáveis de vida. Vale lembrar que a inclusão da fitoterapia pode resultar
PET:
Onde e com quem a população pode encontrar informações se-
não só em benefícios para a saúde, mas
guras sobre o uso correto de
também economicamente, visto que o
plantas medicinais?
custo pode ser drasticamente reduzido quando comparado a tratamentos com Elizama Shirley: Em Fortaleza, o Núcleo
medicamentos sintéticos.
de Fitoterápicos (NUFITO) presta apoio técnico-científico e faz capacitação de PET:
Em relação às plantas medici-
pessoal para promover a fitoterapia, for-
nais,
entre
necendo mudas para mais de 50 núcleos
elas? E com medicamentos sin-
de Farmácias Vivas distribuídos pelo es-
téticos?
tado do Ceará, onde se pode conseguir
existem
interações
informações
sobre
o
uso
correto
de
plantas medicinais. A UFC promove fre-
Elizama Shirley: Nos dois casos a respos-
quentemente feiras no Horto de Plantas
ta é sim. Exceto para combinações já co-
Medicinais Abreu Matos (Campus do Pici)
nhecidas de plantas medicinais, a indica-
com o intuito de promover a divulgação
ção é evitar a mistura entre elas, pois
do conhecimento científico e o uso raci-
os efeitos podem ser imprevisíveis. Intera-
onal e seguro das plantas medicinais,
ções entre fármacos e plantas existem e
com possibilidade de visita ao horto para
já foram relatadas na literatura, sendo a
conhecer as espécies cultivadas ali, suas
mais comum a alteração da metaboliza-
propriedades, aromas, formas e indica63
ENTREVISTA ções terapêuticas. No caso de dúvida, a
população está habituada, pois aprendeu
orientação
profissional
a usá-los com seus avós e pais. Essa
farmacêutico que está apto a dar infor-
importância é reconhecida inclusive pela
mações sobre o uso correto de plantas
OMS que estimula ações de desenvolvi-
medicinais.
mento de políticas públicas para melhor
é
procurar
um
aproveitamento de recursos naturais, a fim de inseri-las no sistema oficial de saPET:
Quais as principais duvidas que
úde dos seus Estados-membro.
as pessoas têm sobre as plantas
medicinais? PET:
O SUS dos municípios distribuem fitoterápicos para a população?
Elizama Shirley: Tudo em relação ao uso
Quais
de plantas medicinais pode gerar dúvi-
distribuídos?
atualmente
estão
sendo
das: a indicação farmacológica, que parte da planta usar, como preparar e\ou como utilizar. Além disso, existe muita
Elizama Shirley: Sim. Atualmente 12 medi-
confusão em relação ao conceito de
camentos fitoterápicos são oferecidos pe-
plantas medicinais, droga vegetal e medi-
la rede pública e, de acordo com o Pro-
camentos fitoterápicos.
grama Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ), os fitoterápicos mais utilizados são a Mi-
PET:
públicos produzirem medicamen-
kania glomerata (Guaco), a Maytenus ilicifolia (Espinheira-santa) e a Glycine max
tos a partir de plantas medici-
(Soja – isoflavona), indicados como coad-
nais?
juvantes
Qual a importância dos órgãos
no
tratamento
de
problemas
respiratórios, gastrite e úlcera e sintomas do climatério, respectivamente. Os outros
Elizama Shirley: A produção de fitoterápi-
ofertados são: Aloe vera (Babosa), Cyna-
cos proporciona estímulo ao meio produ-
ra scolymus (Alcachofra), Harpagophythum procumbens (Garra-do-diabo), Mentha x piperita (Hortelã), Plantago ovata (Plantago), Rhamnus purshiana (Cáscara-sagrada), Salix alba (Salgueiro), Schinus terebinthifolius (Aroeira-da-praia) e Uncaria tomentosa (Unha-de-gato). Aqui
tivo, científico e cultural do país, além de gerar um melhor aproveitamento dos recursos naturais. Os benefícios do uso de fitoterápicos já citados podem ser ampliados e estendidos, visto que são medicamentos de baixo custo e que parte da
64
ENTREVISTA no Ceará, o NUFITO distribui 16 tipos de medicamentos fitoterápicos para hospitais e unidades da rede estadual de saúde.
PET:
Fale um pouco sobre a trajetória do Prof. Dr. Francisco Jose de Abreu Matos no estudo das plantas medicinais e sua contribuição para a fitoterapia atual.
Elizama Shirley: O professor Matos é um cientista mundialmente conhecido e respeitado no que se refere ao estudo de plantas medicinais. Era farmacêutico, doutor em farmacognosia pela Universidade de São Paulo e professor da UFC. É membro da Academia Nacional Cearense de Ciências, da Academia Cearense de Farmacêuticos, da Sociedade Brasileira de Botânica e da Academia Nacional de Farmácia de Paris . Ainda em vida, foi reconhecido por meio de diversos prêmios e escreveu centenas de artigos científicos publicados em periódicos nas áreas de Farmácia, Química de Produtos Naturais e Botânica aplicada, além de publicar vários livros voltados para o estudo químico, farmacológico e agronômico de Plantas Medicinais. Ele começou a construir a base de seu conhecimento junto a comunidades do interior do nordeste brasileiro, coletando informações de espécimes de plantas nativas que foram devidamente identificadas e catalogadas no Herbário Prisco Bezerra da UFC. Embora a extensão do seu legado não seja mensurável, visto que formou vários mestres e doutores e inspirou diversas pessoas dentro e fora da UFC,
podemos destacar a criação do Horto de Plantas Medicinais e do Projeto Farmácia Viva em sua contribuição para a fitoterapia atual. O Horto de Plantas Medicinais Prof. Fco. José de Abreu Matos possui registro de certificação botânica e farmacognóstica de suas plantas e informações científicas que as validam como medicinal tornando-se um banco de germoplasma de valor inestimável para a Universidade e para os Programas Nacionais de Fitoterapia Científicas. Já o projeto Farmácia Viva é um Programa de assistência social farmacêutica que atua junto a comunidade promovendo a utilização correta de plantas medicinais e de seus produtos, um trabalho essencial de saúde pública. A ideia do projeto se expandiu e hoje é copiada por instituições e cidades como forma de permitir melhor acesso a saúde dentro de parâmetros mais humanísticos
Fo nt e: h ttp :/ /4 .b p .b lo g s p o t.co m/ - F f6 T Hz9 hO Y k / T 0 k- LeP fV1 I / AA AA AA AA AFo / Cq O ZfH E n AB U / s1 6 0 0 / fd g.j p g
65
ENTREVISTA
O Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos contribuindo para alavancar a indústria farmacêutica POR
Glacyana Pinheiro
Profa. Dra. Maria Elisabete Amaral de Moraes (MD, PhD) é médica pela Universidade Federal do Ceará, mestre em Farmacologia pela UFC e doutora em Farmacologia Clínica pela Oxford University. Professora titular da UFC e Coordenadora da Unidade de Farmacologia Clínica do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos da UFC.
“Certamente, o potencial técnico e científico inovador do NPDM deverá contribuir para o desenvolvimento de novos medicamentos não somente com moléculas sintéticas, mas, sobretudo a partir de moléculas prospectadas na nossa biodiversidade” PET:
Quais tipos de estudos são realizados?
FAC realiza estudos farmacoclínicos fase 1, 2, 3 e 4 bem como estudos de biodisponibilidade relativa/bioequivalência. A UNIFAC é credenciada junto a Agência
Elisabete Moraes: A Unidade de Farma-
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa/
cologia Clínica (UNIFAC), Centro de Pes-
MS).
quisa situado no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento
de
Medicamentos
(NPDM) da Universidade Federal do Ceará, possui infraestrutura adequada e um quadro de pesquisadores com sólida for-
PET:
Por quais profissionais é composta a equipe responsável pelos testes?
mação acadêmica e experiência para realização de estudos na área da Farmacologia Clínica/Pesquisa Clínica. A UNI66
ENTREVISTA Elisabete Moraes: A UNIFAC é composta
de Lima (Técnico de laboratório), Ronal-
atualmente por uma equipe de pesquisa-
do Soares (Técnico de enfermagem).
dores de sólida formação acadêmica e com experiência para atuar na área da Farmacologia Maria
Clínica/Pesquisa
Elisabete
Amaral
Clínica:
de
Moraes
PET:
Desde
quando
esses
estudos
são feitos?
(Médica, PhD) – Coordenadora Geral, Manoel Odorico de Moraes Filho (Médico, PhD) – Diretor do NPDM, Fernando Antô-
Elisabete Moraes: Os ensaios clínicos
– Res-
seguem princípios éticos e científicos de
ponsável pela Etapa Clínica, Ana Lourdes
experimentação, e são os responsáveis
Almeida e Silva Leite (Enfermeira, MSc) –
pelas bases da avaliação de eficácia e
Gerente da Qualidade, Demetrius Fernan-
segurança de fármacos ou medicamen-
des do Nascimento (Farmacêutico, PhD) –
tos. Idealizada em 1989 pelo professor
Coordenador de Bioequivalência, Andrea
Gilberto de Nucci, a Unidade de Farma-
Pontes Rohleder (Farmacêutica, PhD) –
cologia Clínica Miguel Servet (Unicamp-
Coordenadora de Pesquisa Clínica, Ana
SP), possibilitou uma estreita colaboração
Rosa Pinto Quidute (Médica, PhD) – Médi-
com outros centros de pesquisa, que re-
ca Pesquisadora, Manoel Ricardo Alves
sultou na criação, em 1992, da Unidade
Martins (Médico, PhD) – Médico Pesquisa-
de Farmacologia Clínica da Faculdade de
dor, Márcia Cristina Colares Régis de
Medicina da Universidade Federal do Ce-
Araújo (Médica) – Médica Pesquisadora,
ará (UNIFAC), coordenada pela professora
Francisco
Jamacaru
Maria Elisabete Amaral de Moraes. Essa
(Médico, PhD) – Médico Pesquisador, Re-
última, a primeira a dispor, desde 1998,
nata Amaral de Moraes (Médica, MSc) –
de estrutura física dedicada exclusiva-
Médica Pesquisadora, Ana Célia Caetano
mente para realização de ensaios clíni-
de Souza (Enfermeira, PhD) – Enfermeira
cos.
nio Frota Bezerra (Médico, MSc)
Vagnaldo
Fechine
de ensaios clínicos, Maria Teresa Rocha
– Secretária de Ensaios Clínicos, Fábia Bezerra Lima - Secretária de Ensaios Clínicos, Maria Luiza do Amaral Fontenele –
PET:
O que mudou desde que os Ensaios Clínicos passaram a ser re-
Departamento financeiro, Maria Lucilene
alizados
de Oliveira (Técnica de enfermagem), Rai-
NPDM?
no
novo
prédio
do
mundo das Chagas Marques (Técnico de laboratório), Francisco Evanir Gonçalves Elisabete Moraes: A pesquisa e desenvol67
ENTREVISTA vimento de novos medicamentos envolve
e o Ministério do Desenvolvimento da In-
um estudo multidisciplinar iniciado pela
dústria e Comércio Exterior.
abordagem química, identificação de alvos terapêuticos, passando pelos testes farmacológicos
e
toxicológicos
pré-
Como os estudos são feitos?
PET:
clínicos, técnicas de formulações farmacêuticas, culminando com a avaliação da segurança e eficácia em seres humanos. Uma das principais vantagens do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos é propiciar a integração multidisciplinar entre pesquisadores das diversas áreas com o interesse comum na pesquisa e desenvolvimento, e dessa forma, racionalizar a competência técnica e cientifica, assim como, o tempo necessário para a pesquisa e desenvolvimento de novos fármacos. Certamente, o potencial
técnico
e
científico
inovador
do
NPDM deverá contribuir para o desenvolvimento de novos medicamentos não somente com moléculas sintéticas, mas, sobretudo a partir de moléculas prospectadas na nossa biodiversidade. Nesse sentido, o NPDM foi concebido com objetivo de promover e executar estudos científicos, prestação de serviços, desenvolvimento tecnológico, inovação e capacita-
ção de recursos humanos, para atender a pesquisa pré-clínica e clínica necessária para o desenvolvimento de medicamentos na indústria farmacêutica e em consonância com as políticas e diretrizes definidas pelo Ministério da Saúde, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação,
Elisabete Moraes: Toda e qualquer pes-
quisa que envolva a participação de seres humanos deve seguir os princípios éticos e científicos da experimentação. Todo projeto de pesquisa que se propõe a trabalhar com seres humanos apresenta implicações éticas que necessitam ser discutidas e adequadas para sua execução.
Para que as determinações éticas
previstas sejam cumpridas, é necessário
observar
rigorosamente
as
recomenda-
ções contidas na Resolução Nº 466, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2012 do Conselho Nacional de Saúde. Segundo esta Resolução, vigente em todo o país, a pesquisa envolvendo seres humanos é aquela que “individual ou coletivamente, tenha como participante o ser humano, em sua totalidade ou partes dele, e o envolva de forma direta ou indireta, incluindo o manejo de seus dados, informações ou materiais biológicos”. O objetivo de um ensaio clínico é descobrir ou confirmar os efeitos e/ou identificar as reações adversas ao produto investigado e/ou estudar a farmacocinética dos ingredientes ativos, de forma a determinar sua eficácia e segurança. Além disso, evidências não-clínicas 68
ENTREVISTA e dados sobre qualidade, devem apoiar
aptos a participar de um novo protocolo,
o registro do produto por meio de uma
pois de acordo com as diretrizes da An-
autoridade regulatória, aqui no Brasil é
visa um participante de pesquisa de um
representada pela Agência Nacional de
protocolo de biodisponibilidade relativa/
Vigilância Sanitária (Anvisa).
bioequivalência só poderá fazer um novo
Para um ensaio clínico ser conduzido de acordo com os princípios éticos e científicos a equipe, responsável pela sua realização, deve submeter o protocolo do
estudo depois de seis meses do término do anterior. Além disso, disponibilizamos também inscrições presenciais na própria UNIFAC.
estudo ao Comitê de ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Ceará (UFC) que é credenciado junto ao Comitê Nacional de Ética em Pesquisa/Conselho Nacional de Saúde (CONEP/CNS). Nesta instância o protocolo será devidamente analisado pelos seus membros. Após ser avaliado o CEP emite parecer devidamente motivado, no qual se apresente de
forma clara, objetiva e detalhada, a decisão de seus membros. Uma vez aprovado a pesquisa clínica pode ser iniciada.
PET:
Como os voluntários fazem para
“Toda e qualquer pesquisa que envolva a participação de seres humanos deve seguir os princípios éticos e científicos da experimentação. Todo projeto de pesquisa que se propõe a trabalhar com seres humanos apresenta implicações éticas que necessitam ser discutidas e adequadas para sua execução”.
participar?
Elisabete Moraes: A estratégia de recrutamento vai depender do tipo de ensaio
PET:
Quais os desafios a serem enfren-
tados?
clínico a ser desenvolvido. No caso dos estudos de biodisponibilidade comparativa/bioequivalência, a UNIFAC possui um banco eletrônico com os dados dos participantes da pesquisa. À medida que as pesquisas são realizadas nossa equipe entra em contato com aqueles que estão
Elisabete
Moraes:
Acreditamos
que
o
maior desafio a ser enfrentado é principalmente tornar independente toda a cadeia de Pesquisa e Desenvolvimento de um medicamento. É termos a consciência que a parceria entre Universidade, atra69
ENTREVISTA vés das pesquisas realizadas no NDPM, e
Elisabete Moraes: O Núcleo de Pesqui-
Indústria Farmacêutica é um caminho pa-
sa e Desenvolvimento de Medicamentos –
ra o crescimento da produção nacional
NPDM é o primeiro núcleo de pesquisa
de fármacos e medicamentos. É certificar
no país a promover todas as etapas ne-
que através da pesquisa realizada aqui
cessárias da pesquisa e desenvolvimento
no NPDM, com a colaboração do conhe-
de um novo medicamento que vai desde
cimento técnico e acadêmico de todos
a síntese da nova molécula, passando
os pesquisadores envolvidos em todas as
por todos os estudos pré-clínicos neces-
etapas do processo de desenvolvimento
sários até alcançar a fase da pesquisa
de um medicamento, que somos capazes
clínica. O NPDM foi concebido através da
de inserir no mercado farmacêutico me-
visão pioneira dos professores Manoel
dicamentos
contribuam
Odorico de Moraes Filho e Maria Elisabe-
para melhorar a qualidade e prolongar a
te Amaral de Moraes e da expertise de
expectativa de vida da população.
todos os pesquisadores envolvidos neste
que
realmente
projeto.
Além disso, com essa nova in-
fraestrutura podemos aumentar conside-
“O NPDM foi concebido através da visão pioneira dos professores Manoel Odorico de Moraes Filho e Maria Elisabete Amaral de Moraes e da expertise de todos os pesquisadores envolvidos neste projeto.”
ravelmente o número de pesquisas préclínicas (principalmente após a construção do novo biotério) e pesquisas clínicas, em suas diversas fases, das mais diversas áreas terapêuticas sempre oferecendo boas condições de atendimento e bem estar dos nossos participantes da pesquisa. O Professor Odorico de Moraes em seu discurso solene na inauguração do NPDM lembrou que o Brasil importa 93% de todos os insumos necessários para a fabricação de medicamentos, o
que provoca um déficit aproximado de US$ 10 bilhões por ano. "Temos de diminuir o mais rapidamente possível a dependência
PET:
Quais as expectativas quanto aos benefícios futuros?
externa
do
setor. Por
isso
acreditamos que a estratégia do Governo seja fortalecer os grupos de pesquisa que tenham potencial para ccontribuir para alavancar a indústria farmacêutica", 70
ENTREVISTA avaliou. Para o Prof. Odorico, o NPDM deverá atuar em parceria com o setor produtivo, estimulando a nucleação de indústrias e ajudando a consolidar um polo farmacêutico no Estado
Fonte: http://www.profresiduo.com/news/78/11/nucleo-de-saude-da-ufc-recebe-r-25-5-milhoes
71
CAPA
Centro de Estudos em Atenção Farmacêutica: 10 anos cuidando melhor dos usuários de medicamentos! POR
Thaynara Freitas
Profa. Dra. Marta Maria de França Fonteles, fundadora do Centro de Estudos em Atenção Farmacêutica (CEATENF), é docente da Universidade Federal do Ceará. Mestre e doutora em Farmacologia pela UFC e Pós doutora em Farmácia Clínica pela University of Auckland, New Zealand.
“Com a finalidade de desenvolver a prática da Atenção Farmacêutica no Estado do Ceará, no inicio do segundo semestre de 2007, foi estruturado o Centro de Estudos em Atenção Farmacêutica (CEATENF). Quase simultaneamente, foi cadastrado, junto ao diretório de pesquisa do CNPq, o GRUPAFT (Grupo de Pesquisa em Atenção Farmacêutica), constituído por professores e pesquisadores nacionais e internacionais, alunos de graduação e pós-graduação, além dos técnicos que dão suporte às atividades de investigação.” PET:
O que motivou a criação do
serviços de saúde em relação aos cuida-
CEATENF?
dos farmacêuticos na prestação de assistência ao usuário/paciente, e detecção e resolução dos problemas relacionados
Marta Fonteles: Planejado, inicialmente,
aos medicamentos. Neste sentido, temos
como um projeto de extensão, o Centro
como missão: ‘Atuar como centro de re-
tinha o objetivo de unir o rigor científico
ferência e contra-referência estadual pa-
da
ra o desenvolvimento das atividades de
universidade
às
necessidades
dos
72
CAPA planejamento,
estruturação,
assessoria,
Qual a quantidade de membros
PET:
treinamento e investigação na área de
atual e com quantos começou?
Atenção Farmacêutica, funcionando como núcleo colaborador e representante do Grupo de Prevenção ao Uso Indevido de
Marta Fonteles: No momento da criação
Medicamentos (GPUIM), do Departamento
do CEATENF, em julho de 2007, éramos
de Farmácia, da Universidade Federal do
três (eu, um bolsista de iniciação científi-
Ceará (UFC), para as instituições e pes-
ca – Tiago Amorim, e um aluno voluntá-
quisadores nesse contexto’.
rio – Igor Emerson Sá). Logo depois, foi agregado ao grupo, o farmacêutico responsável técnico pelo CEATENF (Henry
PET:
Quem iniciou o processo de im-
Pablo Lopes Campos Reis), mais uma do-
plantação do CEATENF?
cente (no caso, a profa. Ângela Maria de Souza Ponciano) e alunos da graduação em Farmácia que se tornaram bolsistas
Marta Fonteles: O CEATENF teve sua for-
e, alguns, inclusive, ingressaram na pós-
mação inicial com a Profa. Dra. Marta
graduação, nos cursos de mestrado e
Maria de França Fonteles que o coorde-
doutorado, realizando pesquisas na área
nou
vice-
de Farmácia Clínica e Atenção Farmacêu-
coordenadoria da Profa. Dra. Ângela Ma-
tica. Ressalta-se que alguns se envolve-
ria de Souza Ponciano e o suporte do
ram, também, em residências uni e multi-
farmacêutico
Dr.
profissional em Farmácia, sempre focados
Henry Pablo Lopes Campos Reis. Contou,
no desenvolvimento das atividades clíni-
também, com a colaboração de dois es-
cas e assistenciais que, naquele tempo,
tagiários acadêmicos de Farmácia (Tiago
ainda estavam ‘engatinhando’.
desde
o
início,
tendo
responsável
a
técnico
Amorim e Igor Emerson Sá). Em seguida, foram se agregando ao grupo, novos e importantes colaboradores como as Pro-
fas. Dras. Luzia Izabel Mesquita Moreira e Nirla Rodrigues Romero, maior número de
estagiários
(alunos
da
graduação),
pós-graduandos e, mais recentemente, o Prof. Dr. Paulo Sérgio Dourado Arrais, e os farmacêuticos clínicos Afonso Celso Campos e Mylenne Borges Jácome Mascarenhas.
Atualmente o CEATENF conta com cinco Professores, um Farmacêutico Responsável Técnico, um Farmacêutico Clínico Assistencial, alunos da pós-graduação (mestrandos e doutorandos), bolsistas e voluntários do Curso de graduação em Farmácia da UFC (algumas vezes temos voluntários querem
de
outras
aprender
sobre
instituições a
prática
que da
Atenção Farmacêutica). Ainda, a farmacêutica clínica responsável pelo Laborató73
CAPA rio de Habilidades Clínicas e de Comuni-
rial; Dia mundial do diabetes; Dia Mundial
cação, e que me auxilia na estruturação
da Saúde; Campanha de combate às Ar-
do Laboratório de Pesquisa em Farmácia
boviroses, etc).
Clínica e Translacional, também colabora com algumas atividades do CEATENF.
Além destas atividades estratégicas, são desenvolvidas ações de estruturação para documentação/registro do cuidado
PET:
Quais as principais atividades desenvolvidas?
farmacêutico
em
diferentes
níveis
de
atenção à saúde; elaboração trimestral de boletins técnicos e material técnico
como manuais, folderes, guias de instruMarta Fonteles: Dentre as atividades desenvolvidas
pela
equipe
do
CEATENF,
destaca-se a prestação dos Serviços Clínicos
Farmacêuticos
nas
Unidades
de
Cuidados Farmacêuticos (UCF): Educação em saúde; dispensação; manejo de problemas de saúde autolimitados; revisão da farmacoterapia; rastreamento em saúde e acompanhamento farmacoterapêutico.
mentalização da prática clínica; Programa de Educação Permanente (sessões integrativas para discussões de casos clínicos
e
webmeeting
(Special
do
Programa
SIG
Interest Groups) de Cuidados
Farmacêuticos,
promovido
pela
UFSC,UFCSPA, Ministério da Saúde, com discussões mensais sobre temas clínicos
da área de Serviços Farmacêuticos, unindo os principais grupos do país); reuniões técnicas (comitê dos experts) para a
O
acompanhamento
farmacotera-
certificação da classificação e categoriza-
pêutico de pacientes/clientes-alvo é o
ção
nosso ponto forte.
Por sua vez, o ma-
medicamentos (PRM), e das intervenções
nejo de problemas de saúde autolimita-
farmacêuticas realizadas nas UCF, bem
dos ou autodiagnosticáveis é um desafio
como ações de capacitação para alunos
que
e farmacêuticos da UFC e externos à
estamos
começando
a
enfrentar,
tendo em vista uma maior atuação no
dos
problemas
relacionados
com
Universidade.
contexto dos serviços clínicos em farmácias comunitárias, dentre outros aspectos. Destacam-se, também, as atividades de Educação em Saúde, com participa-
PET:
Quais os principais resultados alcançados?
ção em campanhas específicas, segundo agenda estadual e municipal e até mesmo, em nível nacional (exemplo: Dia D de
Marta Fonteles: Durante esses 10 anos
prevenção e combate à hipertensão arte-
o CEATENF possibilitou a realização do 74
CAPA seu objetivo-chave que é a prestação do
comunitárias, Centros de Saúde Especiali-
Serviço Farmacêutico Clínico à comunida-
zados e Hospitais.
de, por meio do acompanhamento farmacoterapêutico alvo
com
para
HIV+,
usuários/pacientespacientes
asmáticos
(crianças e adultos), hipertensos, diabéticos,
dislipidêmicos,
resolvendo
os
Problemas
detectando/ Relacionados
com Medicamentos (PRM), e propondo Intervenções Farmacêuticas que repercutam em melhorar os resultados clínicos, humanísticos e, até mesmo econômicos, relacionados à farmacoterapia, durante o processo de cuidado farmacêutico.
No contexto dos nossos registros de atividades do ano de 2016, podemos citar alguns indicadores de resultados, a saber: 1) Nº de pacientes totais acompanhados: 480; 2) Nº de PRM detectados, prevenidos, resolvidos: 678; 3) Nº de Intervenções
Farmacêuticas
Realizadas:
774. Em relação ao eixo do ensino, foram capacitados 67 alunos do Curso de Farmácia da UFC e 32 Farmacêuticos. Foram elaborados três (3) Boletins técnico-informativos com temas sobre epide-
Particularmente, para pacientes hi-
mias das arboviroses, gestão clínica de
pertensos e/ou diabéticos, acrescenta-se
antimicrobianos e, indicadores de estrutu-
a avaliação do risco cardiovascular. Nes-
ra, processo e resultado da Atenção Far-
te cenário, buscaram-se estratégias espe-
macêutica. Dentro do Programa de Edu-
cíficas para cada demanda farmacológica
cação Permanente, o CEATENF realizou
através de um plano individualizado de
14 sessões integrativas, com discussões
monitorização. Assim, foi possível atingir
clínicas, e
as metas propostas neste modelo de
aos encontros e discussões do Programa
atuação que é melhorar a qualidade de
SIG de Cuidados Farmacêuticos). Ressalta
vida
dos
assistidos
-se que, em 2016, continuamos com du-
pelo
serviço
farmacêutica
as Unidades de Cuidados Farmacêuticos
prestado, por meio da provisão de um
‘atuando a pleno vapor’, a UCF da UAPS
melhor controle dos níveis pressóricos e
Dr. Anastácio Magalhães, da regional III
redução do risco cardiovascular nos hi-
do SUS, e a UCF da Farmácia Universitá-
pertensos atendidos. Tais ações são via-
ria/UFC,
bilizadas com o monitoramento contínuo
mente, a linha de cuidado referente à
e sistemático dos pacientes-usuários, in-
hipertensão e diabetes.
usuários/pacientes de
atenção
12
webmeetings (referentes
ambas
focalizando,
principal-
clusive com ligações telefônicas para evitar absenteísmos nas consultas, além de atividades de educação em saúde, feita em conjunto com a equipe multiprofissio-
PET:
Quais os principais avanços desde a criação?
nal das unidades básicas, nas farmácias 75
CAPA Marta Fonteles: O CEATENF tem toda a
mos de referência e contra referência de
sua parte administrativa e organizacional
pacientes/clientes-alvo.
sediada no prédio do Curso de Farmácia,
inicial se deu em unidades de saúde no
funcionado como um dos núcleos do
entorno do Campus de Saúde da UFC, e
GPUIM. Dá suporte às Unidades de Cui-
em locais onde a equipe conseguiu a
dados Farmacêuticos (UCF) existentes em
aprovação de projetos de pesquisa em
diferentes pontos de atenção à saúde, e
editais, para suporte adequado.
realiza atividades de promoção à saúde, contemplando as necessidades de saúde do individuo, família e comunidade. Assim, este é o local onde a equipe técnica e comitê gestor se reúnem periodicamente, para resolver questões gerenciais/ técnicas
e
dar
encaminhamento
às
ações. Nesse contexto técnico e administrativo, avançamos com a entrada de novos membros, incluindo farmacêuticos clínicos e professores. Anualmente fazemos o nosso planejamento estratégico, com atividades a serem executadas a curto, médio e longo prazo. Também, avaliamos, nessa oportunidade, todo o nosso
A
estruturação
A UCF é parte estruturante do serviço prestado no local específico e funci-
ona como cenário de prática para ensino,
treinamentos
e
investigações/
pesquisas. O foco das UCF na Unidade de Atenção Primária em Saúde (UAPS) Dr. Anastácio Magalhães e na Farmácia Universitária, da Farmácia-Escola da UFC, é o paciente/cliente com hipertensão arterial sistêmica. Mais recentemente, pacientes hipertensos e/ou diabéticos tam-
bém têm sido acompanhados na UAPS referida. Por sua vez, no Centro de Especia-
andamento, com apreciação das nossas
lidades
potencialidades e fragilidades, de forma
(CEMJA), o foco foi nas pessoas vivendo
a avançarmos na disseminação das fun-
com HIV/AIDS. Outro paciente-alvo, após
ções clínicas e assistenciais na área de
a criação inicial das UCF, do CEATENF,
Farmácia.
foi o que apresentava, como doença de
Na luz desse cenário, a transformação da atividade acadêmica para o suporte na solução dos problemas locais de saúde, O CEATENF passou por várias fases, as quais repercutiram com consequentes avanços. A primeira foi a Implantação de Unidades de Cuidados Farmacêuticos (UCF) em diferentes locais de atenção à saúde, estabelecendo mecanis-
Médicas
José
de
Alencar
base, a asma leve e moderada. Para tan-
to, realizamos atividades no Centro de Atenção à Criança e no ambulatório do Hospital de Messejana Dr Carlos Alberto Studart Gomes (Unidade de atenção terciária). Estes cenários de prática fomentaram o estabelecimento do binômio Universidade-Serviço, mas não foram efetivadas como UCF de fato, uma vez que 76
CAPA após as pesquisas serem concluídas, elas não continuaram efetivamente, por não terem sido incorporadas na rotina do serviço com suporte do CEATENF. O CEATENF também, conforme sua missão, tem colaborado com a estruturação e desenvolvimento do Serviço de Atenção Farmacêutica ao paciente com Doença de Chagas, coordenado pela Profa. Dra.
“Assim, de uma maneira geral, o CEATENF tem permitido manter um cenário de prática real na área de Atenção Farmacêutica, servindo como ponto de apoio para o ensino, pesquisa e extensão no Ceará”.
Maria de Fátima Oliveira, localizado aqui no nosso Curso de Farmácia da UFC. Os últimos anos foram caracteriza-
PET: Quais os impactos do CEATENF na
vida da comunidade?
dos pela consolidação e ampliação das atividades dos Serviços já prestados nas UCF da UAPS-Anastácio Magalhães e Far-
Marta Fonteles: Os impactos mais impor-
mácia Universitária, com aumento do nú-
tantes com a implantação do CEATENF
mero
acadêmicos e
se concebem na simbiose da tríade ensi-
mais um farmacêutico. Além disso, novas
no-pesquisa-extensão da Academia. Fo-
parcerias foram realizadas com iniciativas
ram compartilhados os métodos e proje-
públicas (Secretaria Municipal e Estadual
tos com os Serviços de Saúde e comuni-
de Saúde) e privadas (Rede de Farmá-
dade, em prol da resolução dos proble-
cias) para capacitação do seu time de
mas relacionados com os medicamentos
farmacêuticos e implantação do Cuidado
que envolvem aspectos relacionados à
Farmacêutico nas suas Farmácias. Parti-
indicação/necessidade
cularmente, desde o final de 2015, foram
conveniência do tratamento farmacológi-
iniciadas as atividades no Laboratório de
co e não farmacológico para o paciente/
Habilidades Clinicas e de Comunicação
cliente, bem como questões de efetivida-
do Curso de Farmácia (Lab. HabClinCom).
de e segurança da farmacoterapia (por
Este laboratório representa um avanço
exemplo: falhas de adesão ao tratamen-
para o ensino e treinamento de ativida-
to, gestão de medicamentos potencial-
des clínicas relacionadas ao contexto da
mente perigosos, manuseio de formas
Farmácia, e funciona como apoio para o
farmacêuticas especiais, manejo das inte-
CEATENF.
rações medicamentosas, necessidade de
de
colaboradores
e
aspectos
de
entendimento da prescrição, etc). Representa, então, uma nova perspectiva para atuação do farmacêutico, focada nas ne77
CAPA cessidades
específicas
biopsicossociais
prática para o desenvolvimento de ativi-
de cada indivíduo, através do acompa-
dades
nhamento farmacoterapêutico para paci-
maior participação de futuros farmacêuti-
entes/clientes-alvo. Para tanto, o CEA-
cos no processo de cuidado à saúde.
TENF tem capacitado recursos humanos
Nesse sentido, tivemos a aprovação de
para atuarem de forma a se inserirem
projetos em parceria com o Hospital Uni-
no processo de cuidado das pessoas,
versitário Walter Cantídio: um para Acom-
família e comunidade, no que concerne
panhamento Farmacoterapêutico (AFT) de
às necessidades de saúde.
pacientes ambulatoriais com artrite reu-
Tais impactos podem ser evidenciados, por exemplo, através da estruturação de Unidades de Cuidados Farmacêuticos em diferentes pontos de atenção à saúde, onde o CEATENF viabiliza a prestação de serviços clínicos realizados por farmacêuticos. Particularmente, ressalta-se que no cuidado farmacêutico ao paciente hipertenso e/ou diabético, estamos, in-
clusive, fazendo uma avaliação dos pacientes egressos aos nossos serviços clínicos prestados, nas UCF já existentes, de modo a analisar como está a qualidade de vida deles após terem finalizado o
da
Farmácia
Clínica,
instigando
matoide, e outro projeto para gestão clínica de antimicrobianos, com a implantação do Programa Stewardship, que visa otimizar a terapia antimicrobiana, controlando a resistência e custos. Vislumbrase, então, a possibilidade de estruturação de uma UCF nos ambulatórios especializados do HUWC, atuação efetiva do CEATENF junto com a CCIH (Comissão de Controle de Infecção Hospitalar) e articulação para novas interações, como é o caso, de parcerias promissoras junto com a Maternidade Escola Assis Chateaubriand (UFC).
seu acompanhamento farmacoterapêutico
No contexto do ensino, o CEATENF
e seguido o plano de cuidado estabeleci-
tem dado apoio na capacitação e treina-
do.
mento de farmacêuticos, na temática do cuidado farmacêutico e farmácia clínica em geral, contribuindo para a harmonização e padronização de métodos para o
PET:
Quais as perspectivas para o futuro?
processo do ensino-aprendizagem e habilidades clínicas. Com esse fim, está sendo viabilizada a constituição do Fórum Cearense de Educadores em Farmácia
Marta
Fonteles:
Como
perspectivas,
a
Clínica.
ideia é estruturarmos mais cenários de 78
CAPA Além disso, estamos iniciando a es-
etc. Existe uma grande expectativa na re-
truturação da Liga Acadêmica de Farmá-
alização desse evento e pretendemos fa-
cia Clínica e Terapêutica da UFC, que
zer uma mesa redonda ou roda de con-
proporcionará aos nossos alunos uma maior vivência com as atividades clínicas, tendo a colaboração do CEATENF.
versa com alguns de nossos egressos, valorizando nossas memórias e iniciativas, trilhando caminhos na área da Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica
PET:
O que se tem planejado para comemorar os 10 anos?
Marta Fonteles: As ações de celebração dos 10 anos de experiência do CEATENF ainda estão sendo organizadas. Diante
“O acompanhamento far-
macoterapêutico de pacientes/clientes-alvo é o nosso ponto forte”.
mão, pretende-se ter um ‘Momento CEATENF’, em alguns eventos que teremos, aqui em Fortaleza, ao longo deste ano de
2017,
(Encontro
como Regional
por dos
exemplo,
EREF
Estudantes
de
Farmácia), ENFARUNI (Encontro Nacional de
Farmácias
Universitárias)
e
JOFAR
(Jornada da Farmácia UFC). A ideia é fazermos um vídeo falando do CEATENF. Ainda, está prevista uma comemoração oficial através de evento específico, possivelmente no começo de Dezembro, com
palestras, mesas redondas e, também, lançamento de um livro onde constará, dentre outras coisas, os nossos boletins que, com adequações, serão estendidos de forma a serem apresentados como capítulos, bem como material de documentação e registro feitos pelo CEATENF,
79
FARMÁCIA UFC
FARMÁCIA UFC
Conhecendo o serviço de Atenção Farmacêutica disponível na UFC POR
Carla Thays
Dr. Afonso Celso Soares Campos é farmacêutico pela Universidade Federal do Ceará, Técnico administrativo de nível superior da UFC, mestre em Ciências Farmacêuticas pela UFC e tem como área de atuação a Farmácia clínica.
“Farmacêuticos e estudantes auxiliando a população quanto ao uso correto de medicamentos e instruindo para uma terapia eficaz.”
A
uma sala reservada para a prática de atenção farmacêutica é carac-
atenção farmacêutica. Esse serviço é ofe-
terizada como um conjunto de
recido por farmacêuticos e acadêmicos
práticas de assistência, desempenhadas
do curso de farmácia, membros do Cen-
pelo
tro de Estudos de Atenção Farmacêutica
farmacêutico,
algumas
vezes
em
conjunto com outros profissionais de saúde, em prol da qualidade de vida do paciente. Objetiva aumentar a efetividade do tratamento medicamentoso, detectar Problemas Relacionados a Medicamentos (PRMs), prevenir problemas de saúde, entre outros.
(CEATENF). Os atendimentos acontecem todos os dias nos turnos da manhã e da tarde,
e o público alvo é constituído por hipertensos, diabéticos, pacientes poli medicados e/ou com problemas de adesão, bem como qualquer pessoa que procure
Na sede da Farmácia Universitária
o serviço. As visitas têm duração variável
da Universidade Federal do Ceará, locali-
conforme a interação entre o paciente e
zada no bairro Rodolfo Teófilo, existe
o farmacêutico, as dúvidas apresentadas, 80
FARMÁCIA UFC
FARMÁCIA UFC
além das intervenções propostas, durando
interesse efetua-se o agendamento. Na
em média 30 a 50 minutos.
Além disso,
data marcada, acontece a primeira con-
o comparecimento às consultas pode ser
sulta e inicia-se o acompanhamento far-
mensal, ou a cada dois meses, depen-
macoterapêutico daquele paciente.
dendo do grau de adesão do usuário à terapia proposta. De acordo com os dados disponibilizados pelo farmacêutico Afonso Celso no ano de 2016, entre os meses de feve-
reiro a dezembro, foram realizados 113 atendimentos, tendo uma média de aproximadamente 11 consultas mensais, e as mulheres são as que mais procuram o serviço. Cada usuário possui uma ficha individual, em que ficam cadastrados: dados pessoais, medicamento utilizado, relatos do paciente e tudo o que for relevante
para proporcionar um tratamento eficaz. No decorrer dos atendimentos é verificado a pressão arterial, adesão da terapia, problemas relacionados a medicamentos (PRMs), além da prática de ouvir e sanar possíveis dúvidas relacionados aos medicamentos e como utilizá-los. A logística dos atendimentos consis-
“Como
farmacêutico,
esse
serviço
te nos seguintes passos: captação, agen-
proporciona um sentimento de realização
damento, primeiro atendimento e acom-
profissional, pois congrega toda a forma-
panhamento farmacoterapêutico. A capta-
ção profissional em prol do bem-estar do
ção consiste no comparecimento de um
paciente,
estagiário no ambulatório de cardiologia
acerca de sua terapêutica, patologia e
do Hospital Universitário Walter Cantídio,
hábitos nutricionais e de vida, etc. O pro-
explicando
estão
fissional nota rapidamente o impacto que
aguardando consultas médicas, como o
pequenas informações podem ter sobre a
serviço funciona, e caso o usuário tenha
vida de seus pacientes”, relata Afonso
aos
pacientes
que
por
meio
do
esclarecimento
81
FARMÁCIA UFC
FARMÁCIA UFC
Vivência de um pesquisador na temática da Hanseníase no Brasil POR
Marília Gomes
Profa. Dra. Aparecida Tiemi Nagao-Dias é Professora titular do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Ceará. Graduada em Ciências Biológicas modalidade médica pela Universidade Federal de São Paulo, possui mestrado e doutorado em Imunologia e Microbiologia pela UNIFESP e Pós Doutorado em Imunologia Aplicada pela Universidade de Gotemburgo, Suécia. Tem experiência na área de Imunologia, com ênfase em Imunologia Aplicada.
“É sempre assim. Quando eu estou para desistir ou por terminar um projeto, algo surge. Um vento novo. Uma nova ideia. Um novo desejo.” PET:
Como você vê o controle da han-
preconceito gerado em familiares e cole-
seníase no Brasil?
gas, mudanças políticas a nível local e nacional, estratégias de ação equivocadas, profissionais pouco capacitados. Co-
Aparecida Dias: Em 2015, o coeficiente
mo exemplo, cito a taxa de detecção ge-
de detecção geral da hanseníase no Bra-
ral da doença em Alagoas em 2015, que
sil foi de 10,4 casos por 100 mil habitan-
foi de 10,56 casos por 100 mil habitan-
tes
considerado
tes. Poderíamos pensar que em tal Esta-
alto. Embora essas taxas tenham decres-
do, a doença deveria estar controlada.
cido 33,4% do ano 2000 para o ano
Entretanto, dois municípios participantes
2015, infelizmente, isto não significa que
do projeto, Rio Largo e Santana do Ipa-
houve redução na frequência do apareci-
nema, AL, são considerados municípios
mento da doença, mas
de elevada endemicidade. Em 2015, eles
(www.sage.saude.gov.br),
que houve sub-
notificação desta. Mas, o que leva à sub-
apresentaram
notificação? O não diagnóstico da doen-
geral
ça. Os motivos são vários, desde desor-
100.000 habitantes, respectivamente. No
ganização dos serviços de saúde, desca-
mesmo ano, em menores de 15 anos de
so dos profissionais de saúde, medo do
idade, os coeficientes de detecção foram
de
coeficientes
19,82
e
39,79
de
detecção
casos
por
82
FARMÁCIA UFC
FARMÁCIA UFC
de 13,77 e 32,81 casos por 100.000 jovens, respectivamente. Ambos municípios são considerados hiperêndemicos no caso de detecção da doença em jovens abaixo de 15 anos de idade (Tabela 1). Geralmente, o tempo da incubação até a manifestação da doença pode levar de 2 a 7 anos, mas isto significa que a transmissão está ativa na comunidade durante esse tempo. A principal via de transmissão é através de perdigotos expelidos na fala, tosse, espirro de um indivíduo não tratado com a forma multibacilar da doença para seus contatos próximos que residem dentro ou próximo do domicílio do caso índice. Tabela 1: Indicadores epidemiológicos de hanseníase no Brasil (Ministério da Saúde, 2016*) Parâmetro
Coeficiente de detecção na população geral
Coeficiente de detecção em menores de 15 anos de idade
Hiperendêmico
Acima de 40 por 100 mil habitantes
Acima de 10 por 100 mil habitantes
Muito alto
20 a 39 por 100 mil hab.
5 a 9,9 por 100 mil hab.
Alto
10 a 19,9 por 100 mil hab.
2,5 a 4,9 por 100 mil hab.
Médio
2 a 9,9 por 100 mil hab.
0,50 a 2,49 por 100 mil hab.
Baixo
< 2 por 100 mil hab.
<0,50 por 100 mil hab.
Obs.* Ministério da Saúde. CGHDE/DEVIT/SVS-MS, 31/05/2016
projeto teve como objetivo o seguimento PET: O que é o seu projeto? Quando
foi iniciado? Onde é realizado?
de contatos intra e peridomiciliares abaixo de 15 anos de idade durante 3 anos. Até o momento foram avaliadas 155 crianças, tendo sido coletadas amostras de
“Detecção preco-
sangue, saliva e swab nasal. Estão sendo
ce de casos de hanseníase entre jovens
analisados os níveis séricos dos isotipos
abaixo de 15 anos de idade residentes
IgG, IgM e IgA anti-antígenoglicofenólico
em municípios de Alagoas e Itaitinga, CE
(PGL-1) e de anticorpos salivares dos iso-
através do auxílio de marcadores imuno-
tipos IgM e IgA, além da detecção de
lógicos e moleculares” é financiado pelo
material molecular de M. leprae, por meio
Conselho
Desenvolvimento
da técnica de reação em cadeia de poli-
Científico e Tecnológico (CNPq) e está
merase (PCR), em amostras de swab na-
sendo desenvolvido em parceria com a
sal e de sangue.
Universidade Federal de Alagoas, na pes-
do pelo CNPq
soa da enfermeira Profa. Dra. Clódis Ma-
SCTIE, processo 403461/2012-0). A meta
ria Tavares. Ele foi iniciado em 2013 e
do projeto é verificar se algum dos parâ-
irá finalizar no final do próximo ano.O
metros
Nacional
de
O projeto foi financia(edital MCTI/CNPq/MS-
moleculares
e/ou
imunológicos 83
FARMÁCIA UFC
FARMÁCIA UFC
indicam que o indivíduo irá desenvolver hanseníase. Ainda não temos resultados
PET: Quais as principais dificuldades que
ainda são encontradas no diagnós-
consolidados.
tico e manejo terapêutico da Hanseníase?
PET: Qual
a principal contribuição do
projeto para a população benefici-
Aparecida Dias: O diagnóstico é essenci-
ada?
almente clínico, necessitando sempre de profissionais capacitados (enfermeiros e médicos). Outra dificuldade está relacio-
Aparecida Dias: A principal contribuição
nada com o diagnóstico laboratorial. O
para aquela população é a possibilidade
fato do Mycobacterium leprae não ser
da detecção precoce da hanseníase.
Em
cultivável, torna o diagnóstico mais com-
nossa visita à cidade, a impressão que
plexo. Dessa forma, há necessidade de se
tínhamos era que caso fizéssemos uma
encontrar micobactérias em raspado de
busca ativa, encontraríamos um número
lesões corado pelo método de ZiehlNeel-
alto de crianças com suspeita. Isto ocor-
sen.
re, infelizmente, pois a doença é negli-
nas formas clínicas disseminadas, mas
genciada por vários aspectos.
podem estar ausentes ou não serem de-
Primeiro, o próprio indivíduo sofre discriminação na família e no ambiente que frequenta. Segundo, o profissional habilitado é o dermatologista, no entanto, está havendo um desinteresse crescente do profissional pela área por motivos óbvios. Terceiro, na questão política, o serviço de saúde está totalmente vinculado à gestão do momento. Se o prefeito eleito for contra a coordenação de saúde, toda a equipe é reciclada e os serviços específicos são deixados de lado até a gestão seguinte.
As
micobactérias
estão
presentes
tectadas nas formas clínicas localizadas, onde há poucas lesões.
Quanto ao ma-
nejo terapêutico, embora seja uma doença curável, em torno de 30% dos pacientes podem apresentar reações de hipersensibilidade, durante ou após o tratamento. Tais reações são geralmente tratadas com prednisolona ou com talidomida. A talidomida possui uma potente ati-
vidade anti-inflamatória, no entanto, ela é importante causa de teratogenia. Quando as reações de hipersensibilidade ocorrem após 5 anos do aparecimento da doença, deixa uma enorme dúvida, pois, como podemos nos assegurar se se trata de uma reação de hipersensibilidade ou de uma recidiva? 84
FARMÁCIA UFC
FARMÁCIA UFC
edital pela Funcap, dois pelo CNPq, sen-
“A principal contribuição para aquela população é a possibilidade da detecção precoce da hanseníase”
do este último de grande aporte. Sempre me coloquei um pouco à margem da hanseníase, pois nesta patologia há alguns grupos de pesquisa no Brasil que se sentem meio que “donos da doença”, como se ninguém pudesse pensar diferente ou atuar sem ter a “benção” destes. Sempre fui uma pesquisadora indepen-
PET: Qual foi sua maior motivação pa-
ra trabalhar nessa área?
dente, de forma que eu não conseguia aceitar certas normas. Por exemplo, há pessoas que não concordam com o estudo de anticorpos na saliva, há outros
Aparecida Dias: Na verdade, eu nunca havia pensado em trabalhar com hanseníase. Em 2003, uma colega, a dermatologista Thereza Lúcia Prata de Almeida, fez a provocação de eu me envolver nessa área. Como eu não tinha ainda uma linha de pesquisa definida, decidi dar os primeiros passos, estabelecendo o método para dosagem de anticorpos no soro e na saliva. Isto foi relativamente fácil, pois o antígeno utilizado no teste era doado pelo Dr. John Spencer. A partir da validação dos testes em pacientes, comecei a
que não concordam com estudos sobre IgG no soro. Como eu tenho minhas razões e estou aberta ao que a realidade mostra, não me preocupo com o que pensam e, sempre fico na espera de encontrar algumas pessoas que acreditem em meus resultados e que o aceitem. Por exemplo, no ano passado incluímos no estudo a análise do isotipo IgA, cujos resultados estão quase sendo publicados. Estamos aguardando pelo parecer final, após os ajustes solicitados pelos revisores.
realizar minhas primeiras orientações. Na mesma época, passei a ministrar pales-
tras e aulas, entre outras atividades, para diferentes públicos, por meios de meus projetos de extensão. O interessante era que eu sempre fui apaixonada pela temática da tuberculose (TB), mas, na realidade, nenhum de meus projetos de pesquisa em TB vingaram, e os da hanseníase vagarosamente caminharam. Consegui um 85
FARMÁCIA UFC FARMÁCIA UFC PET: De que forma a sua vivência no
ças infecciosas para agentes de saúde. O
en-
bem mais precioso de um posto de saú-
grandecimento profissional, acadê-
de é o agente de saúde. Ele conhece a
mico e pessoal?
comunidade e tem que lidar com a arro-
projeto
contribuiu
para
seu
gância dos profissionais de saúde. No final do curso, era impossível não ficar Aparecida Dias: Gostaria antes de tudo
emocionada com o ganho de experiência
dizer que tudo começou como extensão.
que eles e eu tínhamos tido.
Dando palestras sobre o assunto (acho
que já atingi mais de 1500 pessoas com essa atividade) pude me dar conta de que poucos têm ideia da gravidade da doença. Quanto aos profissionais de saúde, poucos eram aqueles sensibilizados.
No projeto atual, a visita a Santana do Ipanema me fez descobrir o quanto esta doença me preocupa, me deixa sensibilizada, e me abre um enorme desejo de usar todo o meu potencial para ajudálos, mas, não somos Deus, e não estamos brincando de Deus. Nos detalhes, não
é
fácil.
Temos
que
administrar
“ciúmes” de colegas do projeto, imaturidade dos alunos envolvidos, problemas
técnicos (que não são poucos), falta de dinheiro e tantos outros pequenos desafios. Aí nasce a tentação de desistir, mas, hoje,
respondendo
a
estas
perguntas,
uma nova vela se acende. É sempre assim. Quando eu estou para desistir ou por terminar um projeto, algo surge. Um vento novo. Uma nova ideia. Um novo desejo. Muito Obrigada
Sempre procurei envolver alunos da Graduação em minhas atividades. A maioria deles, felizmente, sentiu-se sensibilizado pela experiência. Não sei medir o alcance daquilo que eu falo, mas nem por isso acho
pouco importante. Acho que
eu
amadureci muito, quando ministrei o curso de aperfeiçoamento técnico em doen86
FARMÁCIA UFC
FARMÁCIA UFC
XVI Encontro Regional dos Estudantes de Farmácia POR
Jamille de Oliveira
Jamille de Oliveira Gomes é aluna do 7º semestre do curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará e Secretária da Executiva Regional dos Estudantes de Farmácia.
O EREF, Encontro Regional dos Estudantes de Farmácia, é um dos princi-
Federal do Ceará, no Centro de Convivência.
pais eventos do MEF, sendo um espaço de ampla discussão, formação acadêmica e política e de deliberação. Neste evento a partir do intercâmbio de conhecimentos e realidades, com a agregação de estudantes de todo o Norte-Nordeste, pode-se discutir e elaborar propostas e posicionamentos
acerca
dos
cuidados
em saúde e a atuação do profissional farmacêutico, bem como diversas outras questões inerentes aos estudantes de farmácia.
A cerimônia de abertura do EREF ocorreu na quarta-feira dia 12 de abril,
A 16ª Edição ocorreu no período
no auditório do Centro de Ciências do
entre 12 a 16 de abril de 2017, sendo a
campus do pici. A solenidade teve a pre-
primeira realizada em Fortaleza - CE, e
sença dos seguintes representantes: Bru-
teve como escola sede a Universidade
na F. Teixeira (Comissão organizadora), 87
FARMÁCIA UFC FARMÁCIA UFC Fernando CA Neto (Articulação Nacional
patologia, o respeitar, acolher e entender
da ENEFAR), Profa. Dra. Zirlane CB Coelho
as reais necessidades do indivíduo. De
(Coordenadora do curso de Farmácia da
uma forma ideal, baseia-se em uma inte-
UFC), Prof. Dr. Manuel AA Furtado (Pró-
ração entre os profissionais de saúde e
Reitor de Assuntos Estudantis da UFC),
a comunidade, afim de promover, cuidar
Dra.
do
e restabelecer a saúde, não se prenden-
Conselho Regional de Farmácia-CE), Prof.
do ao conceito onde esse estado se res-
Dr. Paulo SD Arraes (Associação Brasileira
tringe à ausência de doença, mas a um
de Educação Farmacêutica - ABEF), Dal-
modelo
mare ABO Sá (Federação Nacional dos
“biopsicossocial”, que apesar de ser difícil
Farmacêuticos e Diretor de Juventude do
de
Conselho Nacional de Saúde), Andreza
quando se refere ao tema em estudo.
Emília
PM
Barros
(presidente
ser
onde
visa-se
atingido,
deve
um ser
bem-estar uma
meta
Fernandes (Executiva Regional dos Estudantes de Farmácia Nordeste 2). Diante disto, durante o evento foram abordados temas como: “Controle Faz-se necessário o conhecimento
social para manutenção e implementação
da importância de uma equipe multipro-
de cuidados em saúde na atenção pri-
fissional em saúde e do seu desempenho
mária”, “Educação e formação em saúde
funcional, visando a necessidade que a
voltada aos cuidados multiprofissionais” e
população tem, cada vez mais, desse
“Experiências exitosas e a importância da
serviço. O cuidado em saúde, além do
equipe multiprofissional no cuidado à sa-
que o modelo biomédico preconiza, vi-
úde", onde os palestrantes fizeram uma
sando o bem-estar social e interpessoal
abordagem esplanada e discursiva sobre
do indivíduo. Além das tecnologias embu-
os temas.
tidas nesse processo, as relações pessoais e afetivas influenciam de forma importante no processo saúde/doença. Des-
Ocorreram
também
mini-cursos
sa forma, a ampliação do cuidado multi-
abordando diversos temas relacionados
profissional e a participação efetiva da
aos cuidados em saúde e o profissional
sociedade nos atenção à saúde se mos-
farmacêutico: " Cuidados farmacêuticos
tra de forma a fortalecer esse processo.
na atenção básica e na pesquisa clínica", " Interpretação de exames laboratoriais", "Consultórios farmacêuticos: da teoria à
O cuidado em saúde tem como
prática", entre outros.
sua base, além do simples tratar de uma 88
FARMÁCIA UFC
FARMÁCIA UFC
O evento contou com um público de aproximadamente 400 estudantes de graduação e pós-graduação. A comissão organizadora elaborou uma programação voltada para as perspectivas de atuação farmacêutica
nas mais
diversas
áreas,
além de acrescentar espaços voltados para o mundo acadêmico
Fonte: https://www.facebook.com/erefor2017/photos/ a.1753900471545790.1073741828.1748577475411423/1857416357860867/? type=3&theater
89
VI JOFAR/UFC
Trabalhos Apresentados Nos dias 6,7 e 8 de abril de 2016 ocorreu a VI Jornada da Farmácia da Universidade Federal do Ceará (VI JOFAR/UFC), no bloco didático do curso de Farmácia da UFC. Foram apresentados cinco trabalhos científicos. O trabalho intitulado Papel do sildenafil no modelo de convulsão com pilocarpina e análise dos níveis de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) em diferentes regiões do sistema nervoso central de camundongos, de autoria dos alunos João Victor Souza Oliveira, Denia Alves Albuquerque, Michele Albuquerque Jales de Carvalho e Emiliano Ricardo Vasconcelos Rios, orientado pela Profa. Dra. Marta Maria de França Fonteles, recebeu o prêmio de melhor trabalho. Receberam menção honrosa os trabalhos: Avaliação da melhor fruta -banana e morango- para ser utilizada a fim de se obter a maior extração de DNA aplicando o mesmo método, utilizando apenas um exemplar, de Mariana Tarja Castello Branco, e Avaliação microbiológica de duas emulsões produzidas em um laboratório escola localizado no município de Sobral-Ceará, de Thais Rodrigues Mendes Carneiro.
90
VI JOFAR/UFC VI JOFAR/UFC PAPEL DO SILDENAFIL NO MODELO DE CONVULSÃO COM PILOCARPINA E ANÁLISE DOS NÍVEIS DE SUBSTÂNCIAS REATIVAS AO ÁCIDO TIOBARBITÚRICO (TBARS) EM DIFERENTES REGIÕES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL DE CAMUNDONGOS. JOÃO VICTOR SOUZA OLIVEIRA, DENIA ALVES ALBUQUERQUE DE SOUZA, MICHELE ALBUQUERQUE JALES DE CARVALHO, EMILIANO RICARDO VASCONCELOS RIOS, MARTA MARIA DE FRANÇA FONTELES (orientador) INTRODUÇÃO: O estresse oxidativo (EO) é resultado de um desequilíbrio entre as
defesas antioxidantes e a produção de espécies reativas de oxigênio (EROs) no organismo. O aumento da excitabilidade neuronal, característico da convulsão, pode levar a injúria e morte celular, resultado da formação excessiva de radicais livres. Um dos danos causados diretamente pelas EROs é a peroxidação lipídica que forma produtos secundários como o Malonildialdeído (MDA), usado como marcador biológico indicativo de EO e dano celular. Sua sensibilidade ao ácido tiobarbitúrico permite sua identificação através de reação colorimétrica (formação de coloração roseada).
OBJETIVO: O objetivo deste trabalho foi determinar os
níveis de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) em diferentes regiões do sistema nervoso central (córtex pré-frontal, hipocampo e corpo estriado) de camundongos adultos pré-tratados com Sildenafil e submetidos ao modelo de convulsão induzida por pilocarpina, bem como avaliar o papel do Sildenafil no EO.
METODOLOGIA: Os animais foram pré-tratados com Sildenafil nas concen-
trações de 2,5; 5; 10; 20 e 30mg/kg, durante 7 dias. RESULTADOS E DISCUSSÃO: No modelo de convulsão usado houve aumento dos níveis de MDA, no hipocampo, nos grupos pré-tratados com as doses de 10 ou 20mg/kg; porém, no corpo estriado, houve redução dos níveis de MDA nos grupos tratados com as doses de 2,5 ou 20mg/kg, demonstrando características neuroprotetoras do Sildenafil. CONCLUSÃO: Em conclusão, nossos achados demonstraram, inicialmente,
que o Sildenafil contribuiu para o EO, mas também pode apresentar ações de neuroproteção. Nesse sentido, mais estudos devem ser feitos para melhor compreensão das ações desse medicamento no sistema nervoso central.
91
VI JOFAR/UFC PROJETO ATENÇÃO FARMACEUTICA NA PROMOÇÃO DA SAUDE: PROMOVENDO SAÚDE NA COMUNIDADE. ANTONIO ERIALDO VIANA DE FREITAS, ÉRINA MARY SANTOS BELÉM, BRUNO LUIS DE SOUSA, CÍCERO ALEXANDRE FREITAS, ALYNE MARA RODRIGUES DE CARVALHO (orientador) INTRODUÇÃO: As deficiências atuais do sistema de saúde deixam a população carente de serviços e de informações. Nesse contexto, projetos de extensão possibilitam a parceria entre a academia e a comunidade favorecendo a troca de sabe-
res e conhecimento, estimulando a participação da comunidade enquanto sujeitos e não como meros espectadores. OBJETIVO: O projeto Atenção Farmacêutica na Promoção da Saúde é uma iniciativa dos alunos do sexto semestre do curso de Farmácia da Faculdade Mauricio de Nassau que tem como objetivo orientar a comunidade sobre temas na área de saúde, assim como verificar a presença de alguns fatores de risco para as doenças crônicas mais prevalentes na população (como hipertensão, diabetes, obesidade e suas complicações), ao mesmo mostrar a importância do profissional farmacêutico. METODOLOGIA: O projeto vai a alguns municípios do Ceará realizar ações para comunidade. Baturité e Capistrano foram
os municípios já atendidos. As ações acontecem sempre pela manhã, em um local público (praças ou prédios públicos) para o fácil acesso da população e em dias de realização de feiras naquele município. Para a realização da ação contamos com a presença de 30 acadêmicos de Farmácia bem como professores farmacêuticos orientando e dando o suporte necessário. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os serviços prestados pelos acadêmicos são: medida do índice glicêmico, aferição da pressão arterial, cálculo do IMC, circunferência abdominal e dobras cutâneas. Também são realizadas análises dos medicamentos utilizados, orientações sobre o uso racional e possíveis interações existentes, dicas de cuidados com o armazenamento
dos
medicamentos
e
retirada
de
dúvidas
por
parte
da
comunidade.
CONCLUSÃO: Pode-se concluir que este projeto é de fundamental importância para a comunidade e também possui uma relevância para a formação acadêmica dos alunos de farmácia, pois a melhora da qualidade de vida da comunidade contribui para a formação de profissionais mais solidários.
92
VI JOFAR/UFC
AVALIAÇÃO DO PERFIL DOS DOADORES DE ÓRGÃOS PEDIÁTRICOS EM MORTE ENCEFÁLICA NO ESTADO DO CEARÁ. REBECA DE SENA MAGALHÃES, NATÁLIA MATIAS BLHUM, SILVIA FERNANDES RIBEIRO DA SILVA (orientador) INTRODUÇÃO: O transplante renal pediátrico é o melhor tratamento para crianças urêmicas. O transplante de órgãos pode ser feito com órgãos provenientes de doadores parentes ou doadores falecidos. O potencial doador falecido é
aquele cuja causa do óbito foi por morte encefálica, no qual é necessária compatibilidade de tipo sanguíneo e de sistema imunológico entre o doador e o receptor. Entre 2013 e 2014 o Ceará realizou 8,3 transplantes pediátricos por milhão de população. OBJETIVO: Este estudo tem como objetivo avaliar o perfil dos doadores de órgãos pediátricos em morte encefálica no Estado do Ceará no período de janeiro de 2010 a dezembro de 2014, com a finalidade de analisar
a
causa
afim
de
haver
uma
intervenção
para
diminuir
este
índice.
METODOLOGIA: Tratou-se de um retrospectivo baseado em dados secundários, realizado através da busca ativa no prontuário dos doadores falecidos efetiva-
dos de Janeiro de 2010 a Dezembro de 2014. As variáveis analisadas foram: sexo, idade, grupo sanguíneo, faixa etária e causa da morte encefálica. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Dos 122 doadores analisados, 35 são do gênero feminino e 87 do gênero masculino. A maior prevalência de morte encefálica está na faixa etária de 13 a 18 anos, com 87 doadores dentre os quais 76 foram a óbito por Traumatismo Craniano Encefálico, que pode ter ocorrido por acidente de transito, violência, ou acidente doméstico. CONCLUSÃO: Os doadores pediátricos do Ceará são em sua maioria homens, adolescentes, com morte encefálica por traumatismo craniano encefálico.
93
VI JOFAR/UFC AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE DUAS EMULSÕES PRODUZIDAS EM UMA LABORATÓRIO ESCOLA LOCALIZADO NO MUNICÍPIO DE SOBRAL–CEARÁ. THAIS RODRIGUES MENDES CARNEIRO, THALLES YURI LOIOLA VASCONCELOS, DÉBORA PATRÍCIA FEITOSA MEDEIROS, ARISTÍDES ÁVILO DO NASCIMENTO (orientador) INTRODUÇÃO: Qualquer que seja a finalidade que se destine uma emulsão, esta deve se manter estável durante um prazo determinado1. Os testes de
estabilidade fornecem informações sobre como as características do produto variam com o tempo sob a influência de alguns fatores ambientais. Esses testes auxiliam a definir o prazo de validade dos produtos farmacêuticos e cosméticos2. O objetivo da avaliação microbiológica emulsões é avaliar o número de micro-organismos viáveis e certificar a ausência de micro-organismos patogênicos. OBJETIVO: Realizar a contagem de micro-organismos aeróbios mesófilos e de fungos e leveduras de emulsões produzidas em uma Farmácia Escola. METODOLOGIA: Foi produzido um lote de cada creme, e cada lote foi divididos em duas partes. A metade de foi armazenada em estufa a 40 +/- 2ºC. A outra metade foi armazenada em temperatura ambiente a 25 +/- 2ºC. As análises foram realizadas no 1º dia (T0), no 30º (T1) dia e no 60º dia (T2). Para a realização do teste foi semeado na superfície de cada meio de cultura (ágar caseína soja e ágar Batata) 0,2 mL da amostra. Para o cálculo das colônias,
considerou-se
as
placas
com
intervalo
de
25
a
250
colônias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Todas as amostras analisadas estiveram dentro dos limites estabelecidos pela RDC nº 481/1999, apenas uma amostra da emulsão não-iônica não se apresentou dentro dos limites estabelecidos. A principal razão dessa elevada média de micro-organismos foi o local inadequado em que o teste foi realizado, pois não foi realizado em fluxo laminar.
CONCLUSÃO: As emulsões estudadas neste trabalho foram consideradas aceitáveis em relação aos parâmetros microbiológicos, pois estiveram dentro dos limites estabelecidos pela RDC nº 481, de 23 de setembro de 1999. Deve-se salientar a importância da realização de outros testes tais como os testes para identificação de micro-organismos patógenos, pois são necessários para avaliar a qualidade microbiológica do produto cosmético.
94 XX 14
VI JOFAR/UFC VI JOFAR/UFC AVALIAÇÃO DA MELHOR FRUTA -BANANA E MORANGO- PARA SER UTILIZADA A FIM DE SE OBTER A MAIOR EXTRAÇÃO DE DNA APLICANDO O MESMO MÉTODO, UTILIZANDO APENAS UM EXEMPLAR. MARIANA TAJRA DE CASTELLO BRANCO, JÉSSICA SALES, MATHEUS RODRIGUES, NADIA ACCIOLY PINTO NOGUEIRA (orientador) INTRODUÇÃO: A biologia molecular é composta por fortes ligações com a genética e a bioquímica e tem como principal campo de estudo as interações bioquímicas celulares envolvidas na duplicação do material genético e na síntese proteica. Devido à sua enorme importância, o Programa de Educação Tutorial/UFC – Farmácia
desenvolve o projeto Biologia Molecular nas escolas: um novo conceito de aprendizagem, com aulas ministradas para alunos do 9º do ensino fundamental e do 1º do ensino médio de escolas públicas e particulares na cidade de Fortaleza. Para que o conteúdo seja mais lúdico, além de aulas teóricas, ministradas por graduandos e pós-graduandos do curso de Farmácia, é ofertada também uma aula prática onde é possível, sem o auxílio de microscópio, observar a molécula de DNA. OBJETIVO: Comparar, entre as duas frutas escolhidas, qual é capaz de proporcionar uma
maior
quantidade
de
DNA
utilizando
um
único
exemplar.
METODOLOGIA: O método utilizado foi o mesmo para todas as espécies. Esmagou-
se a espécie dentro de sacolas de plástico até que ficassem de forma homogênea. Em seguida, preparou-se a solução extratora, composta por detergente líquido neutro, sal de cozinha e água. Depois, o homogenato foi colocado em contato com a solução extratora, onde misturou-se até que fosse formada uma mistura uniforme. Tudo foi passado por um filtro. Ao filtrado foi adicionado álcool etílico gelado, a 10o C, lentamente, formando duas fases, onde a superior representava a fase alcoólica e a inferior a fase aquosa. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Após a realização dos testes, tanto o morango como a banana foram capazes de propiciar quantidades relevantes de amostras de DNA. Por o DNA não se dissolver no álcool, nessa temperatura e nessa concentração, as amostras da molécula puderam ser observadas na interface entre as fases alcoólica e aquosa. A fruta que gerou uma quantidade maior de DNA foi a banana, sendo essa a fruta utilizada nos experimentos atuais. CONCLUSÃO: A prática realizada ajuda a melhorar o entendimento dos alunos com relação ao estudo do DNA. Sendo assim, é uma atividade que auxilia o projeto Biologia Molecular nas escolas, devendo, portanto, continuar a ser aplicada. É importante que a técnica seja constantemente estudada, podendo assim ser aprimorada, garantido um auxílio cada vez mais significativo ao projeto desenvolvido.
95