3 minute read

Prelúdio

Next Article
Bibliografia

Bibliografia

Prelúdio

O interesse pela cenografia apresentado neste trabalho dá-se anteriormente ao interesse pela arquitetura. Dá-se, especialmente, pelo fascínio pessoal pelos shows de música vistos na televisão, o que deu início a uma coleção de registros audiovisuais, composta por artistas como Caetano Veloso, Maria Bethânia, Marisa Monte, Madonna, Kylie Minogue, Michael Jackson, Britney Spears, para citar alguns. Este interesse também se expandiu para o campo da moda, com o encantamento pelos desfiles. O ponto de partida para o trabalho foi o estudo da História da Cenografia. Apesar de o nome derivar do grego skenographie, onde skené é cena, e graphie é desenho. A cenografia nasce, segundo Del Nero (2008), antes dos gregos. Ela é a luz que entra na oca durante o ritual religioso, que toca fumaça do fumo, que banha o traje do ritual.

Advertisement

Os meios e serviços teatrais são anteriores ao teatro ocidental. Muitas vezes, não compreendemos como é possível chamar de “cenografia’ um trabalho realizado com os meios cenográficos para dramatizar um evento, uma vitrine. Entretanto, temos que nos lembrar que a cenografia servia a propósitos que não eram os teatrais milhares de anos antes do teatro. Servia aos curandeiros, aos xamãs, nos confins da Sibéria. E os propósitos apenas não eram os de dar environment a um texto, mas a uma situação (DEL NERO, 2008 p. 12).

Nesta busca pela História da Cenografia, toma-se a consciência que o assunto já foi amplamente discutido em livros e trabalhos acadêmicos, e que não seria interessante realizar uma cronologia sobre a cenografia. A extensa bibliografia de fácil acesso inclui “Cenografia”, de Anne Mantovani (1989), “História mundial do teatro”, de Margot Berthold (2014), “Cenografia: uma breve visita”, de Cyro Del Nero (2008), e a dissertação “A linguagem cenográfica”, de Nelson José Urssi (2006). Esta monografia se organiza com objetivo de criar debates entre Cenografia e Arquitetura. Portanto, a construção de uma linha cronológica não é o compromisso dela, mas as entradas históricas ocorrerão como instrumento localizador e direcionador, a fim de estabelecer as relações necessárias entre as duas temáticas. Para gerar o diálogo proposto, uma estratégia foi escolhida: delimitar três pontos - neste trabalho livremente chamados de “Atos” - com a apresentação de um exemplar de Arquitetura, e um de Cenografia, capazes de estabelecer a interlocução pretendida. O primeiro ato, A terra que se constrói, pretende discorrer sobre a construção da paisagem em duas obras: o espaço cenográfico criado para o desfile da Dior Primavera/Verão 2016, e do Pavilhão de Osaka, do arquiteto Paulo Mendes da Rocha. Uma questão inicial é posta: “o que é paisagem?”. A partir disso, busca-se na Geografia, na Arte e na Arquitetura um direcionamento para entender o que seria paisagem. De onde se vê é o segundo ato do texto. Nele, a análise será feita a partir do ponto de vista do corpo, a partir do aprofundamento na construção dos níveis de olhar, e do espaço a partir dele. Para tanto, serão analisados o Teatro Oficina e o desfile de alta costura da Dior de 2015 primavera/verão. Uma investigação sobre o corpo no lugar teatral, na arquitetura e na arte guia este debate. O terceiro e último ato, de título Luz que molda o espaço, tem como ponto de partida a luz. O estudo inicia traçando o uso da luz na Arquitetura, no Teatro e na Cenografia de shows, para, por fim, debater sobre a cenografia do show do cantor norte-americano Kanye West, e do projeto Louvre Abu Dhabi, do arquiteto Jean Nouvel.

Porfim,ecomoobjetivodestaconstruçãoteórica,sãoapresentadas as interlocuções entre os campos propostos com o resultado obtido através do Projeto de Arquitetura desenvolvido: a Fábrica de Possibilidades Cenográficas. As peças gráficas finalizadas decorrem deste processo, e de um percurso investigativo, do qual se verifica o raciocínio feito para a realização do trabalho a seguir apresentado.

This article is from: